cena rios

271
i UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS POTENCIAIS NA CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS E NA FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIAS EM UMA ORGANIZAÇÃO: PROPOSIÇÃO DE UM MÉTODO UM ESTUDO DE CASO ANTÔNIO LUIS AULICINO ORIENTADOR: PROF. DR. DJALMA DE PINHO REBOUÇAS DE OLIVEIRA São Paulo Outubro / 2002

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  • i

    UNIVERSIDADE DE SO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO E CONTABILIDADE

    DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAO

    IDENTIFICAO DE PROBLEMAS POTENCIAIS NA CONSTRUO DE CENRIOS E NA FORMULAO DE ESTRATGIAS EM UMA ORGANIZAO:

    PROPOSIO DE UM MTODO UM ESTUDO DE CASO

    ANTNIO LUIS AULICINO

    ORIENTADOR: PROF. DR. DJALMA DE PINHO REBOUAS DE OLIVEIRA

    So Paulo

    Outubro / 2002

  • ii

    Reitor da Universidade So Paulo

    Prof. Dr. Adolpho Jos Melfi

    Diretora da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade

    Profa. Dra. Maria Tereza Leme Freury

    Chefe do Departamento de Administrao

    Prof. Dr. Eduardo Pinheiro Gondim de Vasconcellos

  • iii

    UNIVERSIDADE DE SO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO E CONTABILIDADE

    DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAO

    IDENTIFICAO DE PROBLEMAS POTENCIAIS NA CONSTRUO DE CENRIOS E NA FORMULAO DE ESTRATGIAS EM UMA ORGANIZAO:

    PROPOSIO DE UM MTODO UM ESTUDO DE CASO

    ANTNIO LUIS AULICINO

    ORIENTADOR: PROF. DR. DJALMA DE PINHO REBOUAS DE OLIVEIRA

    Dissertao apresentada ao Departamento de

    Administrao da Faculdade de Economia, Administrao

    e Contabilidade da Universidade de So Paulo como

    requisito parcial para obteno do ttulo de Mestre em

    Administrao.

    So Paulo

    Outubro / 2002

  • iv

    FICHA CATALOGRFICA

    Aulicino, Antnio Luis Identificao de problemas potenciais na construo de cenrios e na formulao de estratgias em uma organiza- o : proposio de um mtodo um estudo de caso / Ant- nio Luis Aucilino-- So Paulo : FEA/USP, 2002. 257 p.

    Dissertao - Mestrado Bibliografia 1. Administrao geral 2. Construo de cenrios 3. Formulao de estratgias 4. Anlise de problemas potenciais I. Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da USP.

    CDD 658

  • i

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo ao meu orientador Prof. Dr. Djalma de Pinho Rebouas de Oliveira o estmulo para

    o desenvolvimento de um assunto que no Brasil comea a ser estudado, com resultados

    prticos ainda recentes e com pouca literatura brasileira no que concerne construo de

    cenrios. Obrigado pela disposio e pacincia com que me orientou e apoiou ao longo desse

    estudo.

    Ao Prof. Dr. Almir Ferreira de Sousa, companheiro de muito tempo do IBEF Instituto

    Brasileiro de Executivos Financeiros, agradeo o incentivo para que eu voltasse ao meio

    acadmico, aps a experincia vivida no meio empresarial, e colaborasse com a universidade

    brasileira, no caso a Universidade de So Paulo.

    Ao Prof. Dr. Eduardo Marques, agradeo o apoio irrestrito dado a esta pesquisa no

    esclarecimento de mtodos de construo de cenrio, bem como nas contribuies

    apresentadas por ocasio do exame de qualificao.

    Ao Prof. Dr. Edison Fernandes Polo agradeo as contribuies feitas por ocasio do exame de

    qualificao.

    Agradeo a Sra. Maira Cerqueira Leite Klein Guimares a valiosa contribuio em revisar, de

    maneira minuciosa e competente, a redao da dissertao.

    Aos amigos Francisco Ferraroli e Walter Cirillo, um agradecimento especial por terem

    dedicado momentos preciosos de seu tempo para troca de idias, alm do apoio e incentivo no

    desenvolvimento deste estudo.

    Aos professores das disciplinas que cursei, agradeo a contribuio feita de maneira direta e

    indireta para esta pesquisa. So eles: Prof. Dr. Ademir Antnio Ferreira, Prof Dra. Adriana

    Noronha, Prof. Dr. Antnio Carlos Aidar Sauaia, Prof. Dr. Antnio Csar Amaru Maximiano,

    Prof. Dr. Eduardo Pinheiro Gondim Vasconcellos, Prof. Dr. Isak Kruglianskas, Prof. Dr.

    Martinho Isnard Ribeiro de Almeida, Prof. Dr. Oswaldo Scaico, e Prof. Dr. Slvio Santos.

    Aos meus filhos Patrcia e Roberto, incentivos minha vida, agradeo a compreenso e o

    carinho que me deram durante esse perodo de pesquisa.

    Agradeo a Luci o apoio constante, principalmente nos momentos de cansao, o carinho, a

    compreenso e a dedicao que me foram proporcionados durante essa pesquisa.

  • ii

    RESUMO

    A sociedade sofre mudanas constantes em razo das transformaes econmicas e polticas e

    do avano tecnolgico. Com isso, as organizaes tm de ser geis para enfrentar situaes

    adversas ou aproveitar oportunidades.

    Nesse contexto de mudanas constantes surgem novos padres de competio e, para

    enfrent-los, as organizaes necessitam de instrumentos que possibilitem identificar sua

    situao atual e futura: a anlise da situao estratgica, que permite organizao identificar

    os pontos fortes e fracos e as oportunidades e as ameaas; a construo de cenrios, que na

    anlise ambiental procura reduzir as incertezas; a formulao de estratgias, que possibilita

    contemplar as aes para a organizao se tornar competitiva.

    Este estudo prope um mtodo que possibilita verificar o que pode sair de errado na

    construo de cenrios e na formulao de estratgias e tambm identificar as conseqncias

    adversas que os problemas potenciais detectados podem trazer para a organizao. Dessa

    maneira, as estratgias so reformuladas considerando problemas potenciais identificados no

    processo, de forma a minimizar as conseqncias adversas e atingir os fins propostos.

    Para confrontar a viso terica do problema o mtodo proposto com os dados da realidade

    apresentado estudo de caso desenvolvido em uma empresa de qumica de especialidades.

  • iii

    ABSTRACT

    The society is constantly changing by virtue of economic and political transformations and of

    the technology improvement. Therefore, organizations have to be faster in overcoming

    adversities or seizing opportunities.

    In such constantly changing context, new competition standards arise and, in order to face

    them, organizations need tools that identify its present and future situation: the analysis of the

    strategic situation that allows the organization to identify strengths and weaknesses,

    opportunities and threats; the construction of scenarios that attempt to reduce uncertainties in

    environmental analysis; and the formulation of strategies that allow to contemplate the actions

    for the organization to become competitive.

    This study proposes a method makes possible to verify what can go wrong in the construction

    of scenarios and in the formulation of strategies, trying to identify the adverse consequences

    that the potential problems identified may cause to the organization. Thus, the strategies are

    reformulated, considering potential problems identified in the process so as to minimize the

    adverse consequences and achieve the goals proposed.

    To compare the theoretical vision of the problem the proposed method with facts, a case

    study developed in a specialty chemical company is presented.

  • iv

    SUMRIO

    1 O PROBLEMA DE PESQUISA................................................................. 1

    1.1 Introduo....................................................................................................... 1

    1.2 Formulao da Situao-Problema................................................................. 1

    1.3 Objetivos do Estudo....................................................................................... 2

    1.4 Justificativa da Escolha do Tema................................................................... 2

    1.5 Questes da Pesquisa...................................................................................... 3

    1.6 Pressupostos................................................................................................... 4

    1.7 Delimitaes do Estudo.................................................................................. 5

    2 FUNDAMENTAO TERICA............................................................... 6

    2.1 Anlise da Situao Estratgica e Abordagens.......................................... 9

    2.1.1 Abordagem BETHLEM (1999)...................................................................... 10

    2.1.2 Abordagem HAX e MAJLUF (1996)............................................................ 15

    2.1.3 Abordagem de OLIVEIRA (2001)................................................................. 26

    2.1.4 Abordagem de WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000)............................... 32

    2.1.5 Anlise Comparativa das Abordagens Selecionadas de Anlise da Situao

    Estratgica...................................................................................................... 37

    2.2 Cenrios, Histrico e os Mtodos................................................................ 43

    2.2.1 Lgica Intuitiva GBN.................................................................................. 47

    2.2.2 Future Mapping.............................................................................................. 52

    2.2.3 Anlise do Impacto das Tendncias............................................................... 55

    2.2.4 BASICS Battelle Scenario Inputs to Corporate Strategy.......................... 58

    2.2.5 INTERAX - Interative Cross-Impact Simulation.......................................... 62

    2.2.6 Anlise Prospectiva........................................................................................ 65

    2.2.7 Anlise Comparativa dos Mtodos Selecionados.......................................... 92

    2.2.8 Os Mtodos de Construo de Cenrios e a Integrao com a Anlise da

    Situao Estratgica e a Anlise de Problema Potencial................................ 96

    2.3 Anlise de Problema Potencial - KEPNER e TREGOE (1977:67-83)..... 100

    2.4 Formulao de Estratgia............................................................................ 106

    2.4.1 Anlise Comparativa das Abordagens de Formulao de Estratgias........... 107

    2.4.2 ANSOFF (1977 e 1993)................................................................................. 118

  • v

    2.4.3 BETHLEM (1999)......................................................................................... 125

    2.4.4 HAX e MAJLUF (1996)................................................................................ 135

    2.4.5 OLIVEIRA (2001)......................................................................................... 149

    2.4.6 WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000)....................................................... 157

    2.4.7 Consideraes sobre Abordagens de Formulao de Estratgias.................. 163

    3 METODOLOGIA DE PESQUISA............................................................. 167

    3.1 Mtodos adotados nas Cincias Sociais......................................................... 167

    3.2 Delineamento de pesquisa.............................................................................. 170

    3.3 Modelo de Pesquisa........................................................................................ 177

    3.3.1 Abordagem de Anlise da Situao Estratgia............................................... 178

    3.3.2 Interligao de Cenrios e Anlise de Problemas Potenciais......................... 180

    3.3.3 Formulao de Estratgias.............................................................................. 184

    3.3.4 Proposio do Mtodo.................................................................................... 185

    3.3.5 Roteiro de Aplicao da Pesquisa Estudo de Caso........................................ 187

    4 ESTUDO DE CASO DA EMPRESA QUMICA DE

    ESPECIALIDADES..................................................................................... 190

    4.1 A EMPRESA...................................................................................................... 190

    4.2 Unidade Estratgico de Negcio UEN Ac............................................... 207

    4.2.1 Anlise da Situao Estratgica..................................................................... 209

    4.2.2 Construo de Cenrios.................................................................................. 216

    4.2.3 Anlise de Problemas Potenciais.................................................................... 222

    4.2.4 Formulao de Estratgias e Programa de Ao............................................ 223

    4.3 Concluso do Estudo de Caso........................................................................ 226

    5 CONCLUSES E RECOMENDAES.................................................. 230

    5.1 Concluses...................................................................................................... 230

    5.2 Recomendaes.............................................................................................. 233

    6 REFERNCIA BIBLIOGRFICA............................................................ 234

    Anexo A Simulao do Mtodo de Anlise Prospectiva no

    Desenvolvimento da ALCA......................................................................... 238

    Anexo B Roteiro da Entrevista................................................................. 247

  • vi

    GLOSSRIO................................................................................................ 251

  • vii

    FIGURAS

    Figura 1: Esquema da delimitao do estudo......................................................................... 5

    Figura 2: Elementos fundamentais da definio da estratgia corporativa............................ 15

    Figura 3: Os elementos fundamentais da definio de uma estratgia de negcios............... 19

    Figura 4: As cinco foras de PORTER.................................................................................. 20

    Figura 5: Esquema da cadeia de valor de PORTER............................................................... 22

    Figura 6: Cadeia de valor de PORTER, definindo as estratgias funcionais........................ 24

    Figura 7: Os elementos fundamentais da definio de estratgia funcional.......................... 25

    Figura 8: Modelo do diagnstico estratgico - postura estratgica de OLIVEIRA............... 31

    Figura 9: Esquema da abordagem WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000: 48) adaptado... 36

    Figura 10: O mtodo do Future Mapping................................................................................. 53

    Figura 11: Anlise do impacto das tendncias........................................................................ 55

    Figura 12: O mtodo BASICS.................................................................................................. 60

    Figura 13: Anlise prospectiva mtodo cenrios GODET............................................... 66

    Figura 14: Esquema da matriz de anlise estrutural................................................................. 68

    Figura 15: Plano de motricidade e dependncia..................................................................... 73

    Figura 16: Etapas do mtodo Smic Prob-Expert...................................................................... 85

    Figura 17: O princpio de Smic Prob-Expert............................................................................ 87

    Figura 18: Os resultados do mtodo Smic Prob-Expert........................................................... 87

    Figura 19: Enfoque integrado anlise prospectiva e planejamento estratgico..................... 89

    Figura 20: Esquema da anlise de problema potencial............................................................ 101

    Figura 21: Descrio do processo de estratgia corporativa de The Concepts of Corporate

    Strategy por ANDREWS. (1980) apud EVERED (1983:62)................................. 115

    Figura 22: Modelo Estmulo Organismo Comportamento Conseqncia E.O.C.C.............. 127

    Figura 23: Interao e valores.................................................................................................. 128

    Figura 24: Modelo genrico..................................................................................................... 130

    Figura 25: Roteiro da determinao de estratgias.................................................................. 133

    Figura 26: Roteiro de determinao de estratgias.................................................................. 134

    Figura 27: A estrutura bsica para explicar a lucratividade de um negcio............................ 136

    Figura 28: A viso baseada nos recursos elementos da vantagem competitiva.................... 138

    Figura 29: A misso do negcio: a integrao de fator e produto / mercado e motricidade sob o aspecto da estratgia...................................................................................... 141

  • viii

    Figura 30: Processo de planejamento estratgico formal......................................................... 147

    Figura 31: Avaliao da estratgia........................................................................................... 155

    Figura 32: Diferenas conceituais entre ANSOFF e ANDREWS........................................... 163

    Figura 33: Esquema de como interagem as seis barreiras de estratgias................................. 165

    Figura 34: Modelo de pesquisa................................................................................................ 177

    Figura 35: Abordagens da anlise da situao estratgica....................................................... 178

    Figura 36: Integrao de cenrios com a abordagem anlise de problemas potenciais......... 180

    Figura 37: Formulao de estratgias...................................................................................... 184

    Figura 38: Esquema do mtodo .............................................................................................. 186

    Figura 39: Estrutura organizacional da EMPRESA.................................................................... 190

    Figura 40: Modelo paralelo do processo de inovao tecnolgica.......................................... 196

    Figura 41: O processo de inovao de produto........................................................................ 197

    Figura 42: Organograma da UEN Ac na Amrica do Sul Brasil....................................... 208

    Figura 43: Hipteses e as respectivas configuraes............................................................... 240

    Figura 44: Esquema da hiptese, configuraes possveis e algumas combinaes de

    configuraes.......................................................................................................... 241

    Figura 45: Hipteses, respectivas configuraes e os possveis cenrios................................ 244

  • ix

    QUADROS

    Quadro 1: Estrutura para anlise S.W.O.T................................................................... 35

    Quadro 2: Quadro comparativo das abordagens de anlise da situao estratgica.... 41

    Quadro 3: As categorias segundo HUSS e HONTON e os respectivos mtodos........ 45

    Quadro 4: Matriz de Anlise Estrutural varivel x varivel...................................... 74

    Quadro 5: Estratgia dos atores Matriz Atores x Atores........................................... 78

    Quadro 6: Comparativo das etapas das abordagens de construo de cenrios........... 95

    Quadro 7: Comparao de conceito de estratgia e processo de formulao de

    estratgia...................................................................................................... 108

    Quadro 8: Componentes do vetor de crescimento........................................................ 119

    Quadro 9: Necessidades de estratgia de organizaes diferentes............................... 120

    Quadro 10: Posturas estratgicas da organizao........................................................... 153

    Quadro 11: Comparao dos delineamentos de pesquisa em que os dados so

    fornecidos por pessoas................................................................................ 173

    Quadro 12: Situaes relevantes para diferentes delineamentos de pesquisa................ 174

    Quadro 13: Informaes financeiras da EMPRESA de 1998 a 2001................................ 202

    Quadro 14: Ficha de crtica qualidade de um produto fabricado pela UEN-Ac.......... 212

    Quadro 15: Hipteses formuladas dos fatores de maior influncia para o futuro da

    ALCA.......................................................................................................... 238

    Quadro 16: Ordem decrescente da probabilidade de ocorrncia dos cenrios............... 245

  • x

    GRFICOS

    Grfico 1: Plano de motricidade x dependncia........................................................... 75

    Grfico 2: Margem lquida da EMPRESA e dos concorrentes........................................ 204

    Grfico 3: Taxa de retorno sobre o ativo total da EMPRESA e dos concorrentes........... 204

    Grfico 4: Retorno sobre o patrimnio lquido da EMPRESA e dos concorrentes......... 204

    Grfico 5: Endividamento geral da EMPRESA e dos concorrentes................................ 204

    Grfico 6: Exigvel a longo prazo patrimnio lquido da EMPRESA e dos

    concorrentes................................................................................................ 204

    Grfico 7: ndice de endividamento total menos caixa/banco e aplicao financeira

    dividido pelo patrimnio lquido da EMPRESA............................................ 206

    Grfico 8: PIB - Cenrio Business Class...................................................................... 220

    Grfico 9: PIB Cenrio Prism.................................................................................. 220

    Grfico 10 Probabilidade de ocorrer os cenrios.......................................................... 245

  • 1

    1 O PROBLEMA DE PESQUISA

    1.1 Introduo

    Este estudo tem por objetivo sugerir um mtodo apropriado para analisar problemas

    potenciais, considerando-se a anlise da situao estratgica no contexto de cenrios futuros.

    A utilizao de mtodo permite fornecer subsdios ao tomador de deciso para que ele possa

    agir na minimizao ou eliminao dos problemas potenciais, garantindo organizao sua

    perenidade.

    1.2 Formulao da Situao-Problema

    A sociedade sofre mudanas constantes e tem de adaptar-se evoluo tecnolgica, s

    transformaes sociais e polticas e s mudanas econmicas, que ocorrem hoje de maneira

    muito rpida. Alm disso, o avano tecnolgico permite aos meios de comunicao informar

    em tempo real os acontecimentos em todo o mundo, fazendo com que as pessoas nas

    organizaes tomem conhecimento de muitos fatos e tenham de absorv-los e adaptar-se na

    mesma velocidade desses fatos.

    As organizaes no sculo XXI tm de ser competentes para administrar da melhor maneira

    seus negcios diante das turbulncias impostas pelo ambiente no contexto da globalizao da

    economia com novos padres de competio, dos efeitos da tecnologia sobre a

    competitividade, das interferncias polticas nacionais e internacionais, das influncias

    culturais e de vrios fatores ambientais que interferem no seu dia-a-dia.

    As organizaes com melhor gesto apresentam vantagem competitiva destacada, pois

    conseguem adaptar seus recursos internos s situaes proporcionadas pelo ambiente.

    A prospeco do futuro permite s organizaes adaptar seus recursos para enfrentar possveis

    adversidades ou tirar proveito de oportunidades.

    Os instrumentos que se destacam na identificao da situao da organizao no contexto

    atual e futuro so as anlises internas, que identificam seus pontos fortes e fracos, e as

    anlises externas, ambientais, que identificam as oportunidades e ameaas no ambiente.

  • 2

    Para identificar a situao da organizao no contexto futuro h outra ferramenta, a

    construo de cenrios, pela qual as organizaes procuram reduzir as incertezas do futuro

    tanto quanto possvel e fazer com que as decises tomadas levem ao futuro desejado. Esses

    instrumentos procuram auxiliar as organizaes a se tornarem mais competitivas.

    Nesse contexto de mudanas constantes no ambiente da organizao a construo de cenrios

    uma maneira de reduzir as incertezas. A identificao de problemas potenciais em

    decorrncia das anlises internas e ambientais permite organizao antever as conseqncias

    adversas que esses problemas podem trazer e formular estratgias para eliminar ou minimizar

    esses efeitos.

    1.3 Objetivos do Estudo

    O objetivo geral recomendar um mtodo que possibilite identificar problemas potenciais na

    organizao pela anlise de sua situao estratgica interna e ambiental -, por intermdio da

    construo de cenrios, da formulao de estratgias e de estudo de caso.

    Com essa contribuio pretende-se, tambm, atingir os objetivos especficos:

    minimizar, na organizao, conseqncias adversas provocadas pela ocorrncia de

    problemas futuros por meio da formulao de estratgias; e

    atenuar os efeitos negativos em uma organizao, na ocorrncia de problemas potenciais

    que no podem ser minimizados ou evitados.

    1.4 Justificativa da Escolha do Tema

    O estudo justifica-se pelo fato de que a teoria existente no aponta mtodo que possibilite

    identificar problemas potenciais quando da elaborao do planejamento estratgico, na anlise

    interna e ambiental da organizao e nos cenrios futuros, a fim de reduzir os efeitos das

    conseqncias adversas por meio da formulao de estratgias.

  • 3

    A experincia revela que, medida que os problemas potenciais so identificados com

    antecedncia e se formulam aes preventivas, as organizaes mantm a vantagem

    competitiva, atendendo aos anseios dos acionistas/proprietrios. Ao contrrio, observa-se que

    as organizaes que no se preocupam com o futuro, no elaboram o planejamento estratgico

    interligado com a construo de cenrios e no identificam problemas potenciais sofrem com

    prejuzos e com a perda de competitividade. Como exemplo dessa ltima categoria de

    organizaes pode-se citar as de abastecimento de energia eltrica no Brasil, no decorrer do

    ano 2001, que no avaliaram problemas com antecedncia, no investiram com antecedncia

    para minimizar esses problemas e encontraram dificuldades para manter o abastecimento

    normal. Assim, com as quedas de energia em vrias regies, essas organizaes causaram e

    tm causado prejuzos a si mesmas e ao pas.

    Outros exemplos poderiam ser citados para mostrar o quanto necessrio antecipar o

    conhecimento de problemas potenciais e estabelecer aes de preveno e/ou proteo para

    minimizar conseqncias adversas.

    1.5 Questes da Pesquisa

    As questes que o estudo procura responder so as seguintes:

    Como identificar problemas potenciais na construo de cenrios em uma organizao?

    Como formular estratgias aps a identificao de problemas potenciais na construo de cenrios?

    Como minimizar, no presente, as conseqncias adversas numa organizao provocadas por problemas futuros?

    Como atenuar os efeitos negativos provocados por problemas potenciais que no podem ser evitados?

  • 4

    1.6 Pressupostos

    Os pressupostos neste estudo so:

    Considerar as abordagens existentes de anlise da situao estratgica da organizao: a ambiental, considerando as oportunidades e ameaas que o ambiente proporciona, e

    interna, considerando os seus pontos fortes e fracos para enfrentar o ambiente. Este estudo

    procura concentrar a abordagem de quatro autores que utilizam essa anlise na elaborao

    de planejamento estratgico.

    Considerar as abordagens de construo de cenrios, que so teis para visualizar a situao da organizao no futuro.

    Considerar a abordagem de anlise de problemas potenciais para detectar, na construo de cenrios e na formulao de estratgias da organizao, possveis problemas e as suas

    conseqncias adversas.

    Considerar as abordagens de formulao de estratgias, definindo-se como estratgia os diversos meios encadeados para atingir os fins definidos.

    Considerar que a proposio do mtodo se restringir interligao de abordagens existentes e apresentadas nesta pesquisa sobre anlise da situao estratgica, de

    construo de cenrios, de anlise de problemas potenciais e de formulao de estratgia.

    Outros instrumentos inseridos no estudo sero utilizados para entendimento do estudo de caso.

  • 5

    1.7 Delimitaes do Estudo

    A delimitao do estudo considera a anlise da situao estratgica da organizao, interna e

    externamente, pela identificao dos pontos fracos e fortes e das oportunidades e ameaas,

    respectivamente. Na anlise ambiental (externa) a utilizao de construo de cenrios visa

    analisar a organizao numa situao futura para aproveitar as oportunidades e neutralizar as

    ameaas, preparando os recursos da organizao para enfatizar os pontos fortes e anular os

    pontos fracos. No contexto da construo de cenrio, a anlise de problemas potenciais

    possibilita identificar e verificar a probabilidade de ocorrncia do problema e a sua gravidade.

    A partir dos resultados das anlises, da construo de cenrios e dos problemas potenciais

    identificados possvel formular as estratgias que conferem organizao segurana para

    enfrentar o futuro. A figura 1 mostra a delimitao deste estudo.

    Figura 1: Esquema da delimitao do estudo

    ANLISE DE PROBLEMA POTENCIAL

    ANLISE AMBIENTAL

    OPORTUNIDADES AMEAAS

    ANLISE INTERNA

    P. FRACOS P. FORTES

    CONSTRUO DE CENRIOS

    ANLISE DA SITUAO ESTRATGICA

    FORMULAO DE ESTRATGIAS

  • 6

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    Na anlise de situao estratgica da organizao, quando da elaborao do planejamento

    estratgico torna-se importante a anlise interna e ambiental, na qual se identificam os pontos

    fortes e fracos e as oportunidades e ameaas, respectivamente.

    Sero apresentadas quatro abordagens de anlise da situao estratgica, a de BETHLEM

    (1999), a de HAX e MAJLUF (1996), a de OLIVEIRA (2001) e a de WRIGHT, KROLL e

    PARNELL (2000), selecionadas por serem recentes e considerarem a interligao do

    planejamento estratgico com a construo de cenrios, interligao muito marcante nas

    abordagens do final dos anos 90 e incio do sculo XXI. Essas abordagens propiciam a anlise

    de problemas em potencial, quando da anlise interna e ambiental.

    Existem autores dos Estados Unidos e do Reino Unido que chamam a anlise da situao

    estratgia de anlise S.W.O.T. Conforme pesquisa de HILL e WESTBROOK (1997:51)

    realizada no Reino Unido em organizaes de manufatura, preciso cautela na elaborao da

    anlise S.W.O.T. As pessoas precisam ser envolvidas e devem estar motivadas no momento da

    anlise, pois as possibilidades de fracasso so significativas.

    Nas organizaes pesquisadas por HILL e WESTBROOK, a anlise S.W.O.T. no auxiliou na

    reviso de estratgias porque:

    As listas de pontos fracos e fortes, oportunidades e ameaas eram extensas. As listas no eram priorizadas ou no tinham peso sobre os fatores identificados. As palavras e frases eram ambguas e no claras. No havia soluo de conflitos. No havia obrigao de comprovar com dados ou anlises as exposies e opinies

    fornecidas pelos entrevistados.

    A anlise requerida estava em um nvel simples, pois no havia aprofundamento do assunto.

    No havia a ligao com a fase de implantao. HILL e WESTBROOK concluem ento que, se no houver comprometimento e no for

    levado a srio o processo, a fase de anlise no fornecer subsdios para formulao ou

    reviso das estratgias.

  • 7

    As construes de cenrios visam a integrar cenrios ao processo de planejamento e, como

    resultado, detectar os problemas potenciais. Nesse sentido a anlise prospectiva, uma das

    abordagens de construo de cenrios que ser analisada neste estudo, no pretende eliminar a

    incerteza em relao ao futuro, mas tem o objetivo de reduzi-la e fazer com que a organizao

    tome decises que a levem ao cenrio futuro desejado, conforme GODET (2001a:18).

    Neste estudo, seis abordagens sero descritas, analisadas e comparadas. Elas podem ser

    classificadas, conforme HUSS e HONTON (1987:21), dentro das trs principais categorias:

    a) Lgica Intuitiva: em vez de descrever a prpria Lgica Intuitiva, como descrita por

    WACK, P. (1985) e praticada por SRI International e Royal Dutch/Shell, ser descrito o

    mtodo Lgica Intuitiva da Global Business Network (GBN), organizao norte-

    americana criada por Peter Schwartz em 1987 e Future Mapping, desenvolvido por

    Northeas Consulting Resouces, Inc., MASON (1994);

    b) Anlise do Impacto das Tendncias, praticada por The Futures Group, BOROUSH e

    THOMAS (1992);

    c) Anlise de Impacto Cruzado: praticada pelo Center for Futures Research (INTERAX) e

    Battelle Scenrio Inputs to Corporate Strategic (BASICS), comeou do esforo conjunto

    entre Genebra, Frankfurt, Columbus e Nothwest Laboratories of Battelle Memorial

    Institute, HUSS e HONTON (1987). A Anlise Prospectiva, de Michel GODET (2001b)

    ser includa nessa categoria por utilizar a anlise do Impacto Cruzado e deve ser

    considerada uma abordagem completa uma vez que se integra com o planejamento

    estratgico, propiciando a formulao de estratgias.

    O acervo nas bibliotecas e livrarias brasileiras sobre o assunto construo de cenrios

    limitado. Dessa maneira, neste estudo procura-se detalhar essas abordagens para auxiliar

    outros pesquisadores que desejam estudar o assunto.

    A contribuio da anlise de problema potencial no planejamento de uma organizao torna-

    se importante para antecipar a soluo, removendo as causas para que no ocorram

    problemas, ou minimizando os efeitos, se os problemas ocorrerem. KEPNER e TREGOE

    (1971:179).

  • 8

    A formulao de estratgias ser baseada em dois dos primeiros autores que segundo HOFER

    e SCHENDEL (1978:16) trataram explcita e exclusivamente o conceito de estratgia:

    ANDREWS (1965 e 1971) e ANSOFF (1965). Neste estudo haver detalhamento das

    abordagens desses autores, dos respectivos crticos e de outros autores de abordagens mais

    recentes. Com isso, ser possvel mostrar as diferenas entre as abordagens e o distanciamento

    que houve no decorrer do tempo entre elas. Tambm ser possvel mostrar que a formulao

    de estratgias depende da anlise da situao estratgica da organizao, das circunstncias

    por ela encontrada, dos cenrios construdos e, acima de tudo, do executivo principal da

    organizao.

    Sero discutidos trs pontos principais: a) amplitude do conceito de estratgia; b) os

    componentes da estratgia; e c) o grau de abrangncia do processo de formulao de

    estratgias. Em seguida sero analisados esses trs principais pontos com as quatro

    abordagens, j citadas, de BETHLEM (1999), HAX e MAJLUF (1996), OLIVEIRA (2001) e

    WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000).

    O mtodo de pesquisa comparativo ser utilizado no captulo 2 - Fundamentao Terica,

    medida que as abordagens dos diversos conceitos forem apresentadas. Dessa maneira, sero

    verificadas as semelhanas e diferenas entre as quatro abordagens de anlise de situao

    estratgica, os seis mtodos de construo de cenrios e as diversas abordagens de formulao

    de estratgias. Os resultados se integraro com a abordagem anlise de problemas potenciais

    e, a partir disso, ser sugerido mtodo apropriado para que a alta administrao da

    organizao seja capaz de detectar, por meio de sinalizador, possveis problemas potenciais de

    origem interna ou ambiental que podem prejudicar a perenidade da organizao.

  • 9

    2.1 Anlise da Situao Estratgica e Abordagens

    A anlise da situao estratgica, tambm chamada por alguns autores de diagnstico

    estratgico, uma das fases do planejamento estratgico em que se procura analisar os

    aspectos internos e aspectos externos, sendo ferramenta til para entender a situao global da

    organizao. Essa abordagem procura equilibrar os pontos fortes - as vantagens estruturais

    controlveis pela organizao - e fracos - as desvantagens estruturais controlveis pela

    organizao - com as oportunidades, que so foras ambientais incontrolveis pela

    organizao e favorecem a sua ao estratgica, e com as ameaas/riscos, que so foras

    ambientais incontrolveis pela organizao e bices para sua ao estratgica.

    Conforme ANSOFF e MCDONNELL (1993:55), o diagnstico estratgico um enfoque das

    mudanas a serem feitas na estratgia e nas potencialidades internas da organizao para

    garantir xito em seu ambiente futuro.

    A seguir sero expostas quatro abordagens de Anlise da Situao Estratgica j citadas: a de

    BETHLEM (1999), a de HAX e MAJLUF (1996), a de OLIVEIRA (2001) e a de WRIGHT,

    KROLL e PARNELL (2000).

  • 10

    2.1.1 Abordagem BETHLEM (1999)

    BETHLEM (1999:31-34) considera o passo inicial no planejamento estratgico o

    estabelecimento preliminar dos objetivos, que algumas organizaes denominam de misso,

    propsitos, definio de negcios, etc., e as estratgias que a organizao ou grupo desejam

    seguir.

    O autor divide o planejamento estratgico em trs estgios, que chama de Primeiro, Segundo

    e Terceiro Exerccio. O primeiro exerccio consiste de atividades intelectuais e

    comportamentais, com o objetivo de atingir o nvel de conhecimento adequado do contedo

    desse planejamento (conceitos, definies, tcnicas, prioridades) por todos os que

    participaram da elaborao do planejamento estratgico e desenvolver nvel ideal de

    confiana entre os participantes. Nessa fase a organizao poder recorrer a um consultor

    externo como facilitador do processo.

    Se nessa fase no h consenso em relao a idias, definies e conceitos, ou no so

    possveis a linguagem comum e a interao entre as pessoas que participam do planejamento,

    ou ainda se verifica qualquer situao irreconcilivel, o processo paralisado e s continuar

    se as causas forem eliminadas.

    A segunda fase, chamada de Segundo Exerccio, objetiva a elaborao do Planejamento

    Estratgico. Define-se a situao atual da organizao (o que , o que faz, onde e como est) e

    o que a organizao ser no futuro (o ela quer ser, o que quer fazer, como quer estar e onde

    quer estar). Essas definies podem ser feitas para perodos de tempo variados e usando a

    escada de meios-fins - BETHLEM (1999:94-96).

    O Segundo Exerccio inclui:

    Avaliao da situao interna: dos recursos, carncias, foras (pontos fortes) e fraquezas (pontos fracos) da organizao;

    Avaliao da situao externa organizao, anlise das caractersticas do ambiente e do mercado, oportunidades, obstculos e ameaas, inovaes e mudanas previsveis, se

    possvel resumidas pela elaborao de cenrios, e avaliao da posio competitiva,

    vantagens e desvantagens da organizao em fase de competio e das inovaes.

  • 11

    A - Avaliao da Situao Interna de Recursos

    Segundo BETHLEM (1999:306), antes de tomar decises estratgicas a administrao de

    topo deve conhecer bem no s o ambiente da organizao em que atua, como tambm as

    caractersticas dos recursos necessrios e disponveis para seguir as diversas alternativas

    estratgicas.

    A organizao deve ser analisada como um todo para que seja possvel:

    determinar a estratgia compatvel com os recursos de que dispe; quantificar os hiatos existentes entre disponibilidade atual de certos recursos e a

    disponibilidade que deveria existir;

    estabelecer a base para o plano de obteno de recursos, escalas de prioridade etc.; revisar constantemente os recursos disponveis e a estratgia escolhida, em razo das

    mudanas constantes que sofrem os recursos e o ambiente.

    Na anlise dos recursos da organizao a principal preocupao deve ser determinar as

    vantagens competitivas ou comparativas que a organizao tem sobre seus concorrentes. O

    resultado ser a medida de sua capacidade competitiva expressa em termos de fora (pontos

    fortes), mas tambm expressa as desvantagens em termos de fraqueza (pontos fracos).

    A partir dessas vantagens e da anlise do ambiente, BETHLEM (1999:306) determina:

    as oportunidades mais atraentes; as oportunidades que tm maior probabilidade de ser bem aproveitadas; e as ameaas ao sucesso da organizao, contra as quais ela tem de se defender. Os principais recursos que devem ser analisados um a um so enumerados a seguir:

    Recursos Humanos: As preocupaes principais devem ser o clima na organizao e a atitude do pessoal,

    para que seja possvel a implementao das estratgias. Ao cuidar da implementao,

    importante verificar se h pessoal em nmero suficiente e com a qualificao

    necessria.

    Conhecer o mercado de trabalho em relao quantidade, qualidade e especialidade

    do pessoal existente e em relao forma como as pessoas so atradas.

    Apresentar alta atratividade em face dos valores do pessoal considerado. Para isso, a

    organizao precisa de polticas de pessoal atualizadas e atraentes, boa imagem no

  • 12

    mercado e servio de recrutamento que trate os candidatos de forma educada e

    agradvel.

    Produo: a anlise deve ser feita nos itens: terreno, solo, local;

    instalaes;

    equipamento;

    processo e sua anlise;

    tecnologia;

    logstica; e

    qualidade.

    Financeiros: anlise dos ndices financeiros e comparao com outras organizaes que apresentam

    alguma similaridade; e

    anlise do sistema de planejamento e controle financeiro e do sistema de registro e

    anlise contbil da organizao.

    Marketing: anlise enfocada na interao da organizao com o mercado; e

    anlise do funcionamento da rea, isto , do desempenho da estrutura do pessoal que

    tem capacidade de efetuar as implementaes da estratgia de marketing da

    organizao.

    B - Avaliao Ambiental (Situao Externa)

    BETHLEM (1999:147) conceitua como ambiente externo aquele que constitudo por todos

    os fatores do meio ambiente que possam ter influncia na atuao da organizao. Considera

    que o ambiente de negcios no qual as organizaes operam constitudo de vrios fatores ou

    variveis, tais como:

    variveis polticas;

    variveis econmicas;

    variveis sociais;

    variveis tecnolgicas; e

    stakeholders:

  • 13

    o autor define como stakeholder algum que arrisca parte ou todo um valor ou bem de

    sua propriedade, apostando no resultado da atuao de uma organizao e, ao fazer

    essa aposta, vai provocar reflexos nos resultados da organizao;

    considera os stakeholders externos, que so os clientes/compradores/consumidores,

    fornecedores, governo, grupos de interesses especiais, sindicato de trabalhadores,

    instituies financeiras e os competidores; e

    ressalta como stakeholder a mdia, j que a veiculao favorvel ou desfavorvel de

    um acontecimento pode representar milhes de reais de lucro ou de prejuzo para uma

    organizao e s vezes custa muito pouco evitar a veiculao desfavorvel ou obter a

    favorvel. As organizaes tendem a tratar com grande cuidado suas relaes com a

    imprensa e com os formadores de opinio e cada vez mais dedicam tempo e esforo

    comunicao com seus stakeholders e seus pblicos.

    ambiente internacional. Na anlise ambiental, BETHLEM (1999:164) comenta sobre a previso do futuro. A ambio

    de prever o futuro, de saber o que vai acontecer antes que acontea deve ser to antiga quanto

    inteligncia do Homo sapiens.

    BETHLEM (1999:175-181) fornece algumas tcnicas de previso, classificando-as em:

    mtodos qualitativos (Delphi, pesquisa de mercado, consenso de grupo, previso visionria e

    analogia histrica), anlise e projeo de srie temporal (mdia mvel, amortecimento

    exponencial, Box-Jekins, X-11 e projees de tendncias) e mtodos causais (modelo de

    regresso, modelo economtrico, aplicaes tpicas, modelo de input-output, modelo

    econmico de input-output, ndice de difuso, indicador lder, anlise do ciclo de vida).

    No item relativo a anlise ambiental BETHLEM (1999:183) refere-se tambm aos cenrios,

    definindo-os como textos escritos nos quais se apresentam seqncias hipotticas de situaes

    complexas, construdas com o propsito de concentrar a ateno nos processos causais e

    pontos de deciso e facilitar a deciso na situao de incerteza e ignorncia parcial em que se

    encontram os tomadores de deciso.

    O autor lista alguns roteiros para elaborar cenrios, tais como os roteiros de Linneman e

    Klein, Mercer, da General Electric e de Peter Schwartz. Este ltimo procura detalhar o roteiro

    que ser apresentado mais adiante no item CENRIOS, como Lgica Intuitiva.

  • 14

    BETHLEM (1999:220-248) refere-se avaliao do ramo de negcio, aplicando o checklist

    do Prof. W.J. Abernathy e o enfoque das cinco foras de PORTER, como tambm se refere

    anlise de competidores e modelos de portflio.

    BETHLEM (1999:32) sugere que as avaliaes podem ser facilitadas pelo uso de modelos

    (cenrios, Porter, BCG, etc.), mas esses modelos no devem substituir a viso estratgica

    criativa do empresrio.

    Nessa fase so estabelecidos os objetivos (misso) e estratgias da organizao e podem ser

    estabelecidos planos operacionais, oramentos, listagens de recursos necessrios a ser

    alocados ou obtidos. Se for o caso, podem ser planejadas modificaes nos processos,

    mtodos, sistemas, organizao e estrutura da organizao.

    Ainda nessa fase pode ocorrer a segunda paralisao como conseqncia de problema interno

    que deve ser resolvido, pois nessa fase que se verifica a necessidade de alterar sistemas,

    adequar estruturalmente a organizao, ou se identifica outro problema que exige a adaptao

    interna da organizao para implementar estratgia. s vezes a organizao est bem

    internamente, mas na avaliao externa verifica-se a necessidade de averiguar a verdadeira

    situao de mercado e para isso paralisa-se o processo.

    Caso no haja necessidade de paralisar o processo ou a segunda paralisao tenha sido

    ultrapassada, inicia-se o Terceiro Exerccio. uma atividade que ocorre na vida real da

    organizao, interferindo no seu estado atual, e paralela s atividades do dia-a-dia, alterando

    a rotina gradativamente, com a implementao das estratgias.

    Essa terceira fase consiste em executar e implantar as aes necessrias ao funcionamento do

    Plano Estratgico, do sistema de monitorao e de reviso e do processo estratgico. Nesse

    processo h constantes feedbacks que podem alterar o funcionamento, havendo necessidade

    de retorno segunda fase (Segundo Exerccio).

  • 15

    2.1.2 Abordagem HAX e MAJLUF (1996)

    Os autores distinguem trs perspectivas bsicas em um processo de planejamento estratgico

    formal: corporativa, de negcio e funcional. Eles explicam em cada perspectiva a anlise da

    situao estratgica (interna e ambiental) da organizao. Neste estudo ser seguida a ordem:

    corporativa, de negcio e funcional - para facilitar a compreenso lgica desta abordagem.

    A - Nvel Corporativo

    Ao nvel corporativo da organizao so atribudas as tarefas que no podem ser delegadas

    aos nveis mais baixos na organizao, porque as tarefas necessitam ter a abrangncia maior

    possvel envolvendo toda a organizao para ser corretamente dirigida.

    Figura 2: Elementos fundamentais da definio da estratgia corporativa Fonte: HAX e MAJLUF (1996:190)

    Nesse nvel, os autores fazem a anlise macro da situao estratgica (ambiental e interna).

    a) Anlise Ambiental Corporativa

    Os autores, HAX e MAJLUF (1996:194-199), consideram trs diferentes elementos,

    conforme figura 2, que so: a viso geral econmica, setor primrio da indstria e situao

    geogrfica e tendncias tecnolgicas, de recursos humanos, polticas, sociais e legais.

    Foco Central da Estratgia Corporativa

    A Organizao

    Anlise Interna Corporativa

    Misso da Organizao. Segmentao de Negcios. Estratgia Horizontal. Integrao Vertical. Filosofia Corporativa.

    Definio de Pontos Fortes e Fracos.

    Anlise do Ambiente Corporativa

    Perspectiva Econmica. Anlise crtica da situao geogrfica e setores industriais. Tecnologia, recursos humanos, poltica, social e tendncias legais. ESTES FATORES SO DESCRITOS EM TRS CENRIOS: PESSIMISTA, MAIS PROVVEL E OTIMISTA.

    Identificao de Oportunidades e Ameaas

    Postura Estratgica da Organizao

  • 16

    Viso geral econmica, que permite verificar as condies e tendncias existentes que caracterizam as atividades econmicas em todas as principais localizaes geogrficas

    relevantes para a organizao. Procura-se segment-la em regies, pases, ou qualquer

    outra unidade que ser tratada homogeneamente em termos econmicos, selecionando-se

    os fatores que permitiro a avaliao econmica (tais como PIB, taxa de inflao,

    desemprego, taxa de juros, etc.) e estabelecendo valores numricos para medir a

    performance histrica do passado e a perspectiva para o futuro.

    Pela anlise do setor primrio da indstria, tenta-se diagnosticar as condies do passado e do futuro da indstria relacionada ao portflio de negcios da corporao, o que exige

    que a organizao defina esses negcios, sugira indicadores para monitorar sua evoluo

    (tais como mercado total, taxa de crescimento do mercado, total de vendas da companhia,

    participao de mercado, etc.) e quantifique a performance do passado e a projeo do

    futuro para esses indicadores.

    A situao geogrfica o ambiente dentro de diferentes regies geogrficas no qual a

    organizao opera. Os fatores econmicos, polticos e sociais que afetam um pas so

    diferentes daqueles que afetam outro pas. A segmentao geogrfica levaria

    identificao de unidades que funcionam similarmente em relao a esses fatores

    externos.

    A anlise dos fatores bsicos externos consiste em descrever os impactos favorveis e no favorveis para a organizao, relativos s tendncias tecnolgicas, ao suprimento das

    necessidades de recursos humanos e aos fatores polticos, sociais e legais. Esses fatores

    externos so incontrolveis pela organizao, mas so crticos para definir a atratividade

    do ambiente no qual ela opera. Assim, a organizao necessita defini-los, entender seu

    passado to bem quanto os procedimentos no futuro e extrair deles as oportunidades e

    ameaas apresentadas.

    HAX e MAJLUF (1996:199-202), ao detalharem os fatores, procuram descrev-los em trs

    cenrios: pessimista, mais provvel e otimista. O resultado final da Anlise Ambiental a

    identificao das oportunidades e ameaas, das questes crticas que afetam a organizao. O

    grande desafio determinar como estas questes vo afetar os vrios administradores e

    entidades organizacionais da organizao. Na elaborao da postura estratgica da

  • 17

    organizao sero identificadas as unidades organizacionais responsveis pelos programas de

    aes para aproveitamento das oportunidades e neutralizao das ameaas.

    b) Anlise Interna Corporativa

    A anlise interna corporativa em uma organizao captura as aes e decises-chave para

    ganhar posio competitiva que esteja alinhada com os desafios gerados pelo ambiente

    externo e estimulada ao desenvolvimento de vantagem corporativa sustentvel.

    Essa vantagem transfervel para as vrias unidades de negcios da organizao e aumenta

    seus recursos e capacidades.

    Os componentes da anlise interna so: misso da organizao, segmentao de negcios,

    estratgia horizontal, integrao vertical e filosofia corporativa.

    Misso da organizao: ela determina o domnio competitivo e o caminho para competir. Conceitualmente, a misso da organizao engloba a misso dos negcios. Ela define a

    abrangncia da organizao os produtos e servios gerados, os mercados e a situao

    geogrfica em que opera tanto quanto a competncia nica que determina as

    capacidades.

    Entretanto, h duas diferenas importantes que contrastam a misso da organizao com a

    misso do negcio. Uma delas a misso em nvel de organizao, que muito ampla,

    porque necessita cercar todas as capacidades e atividades crticas da corporao, enquanto

    no nvel de negcios procura ser muito mais especfica para definir a abrangncia de

    negcio e o caminho selecionado para competir. A outra diferena refere-se s decises. A

    misso da organizao define todo o portflio de negcios, seleciona os negcios em que

    organizao entrar ou dos quais sair, como aloca os recursos tangveis e intangveis a

    eles.

    Alm disso, a misso da organizao envolve duas decises essenciais da estratgia

    corporativa: selecionar os negcios da organizao e integrar as estratgias de negcios

    para criar valor econmico adicional. Cometer erros nestas duas decises pode ser

    doloroso, uma vez que dos interesses que esto em jogo so de fato muito altos.

    Segmentao de negcios: seleo do planejamento e dos focos organizacionais. A segmentao de negcios define as perspectivas ou dimenses que sero usadas para

  • 18

    agrupar as atividades (abrangncia do negcio, seus produtos e servios, o mercado

    servido e a localizao geogrfica em que opera) de forma que sejam administradas mais

    efetivamente.

    Estratgia horizontal: a procura de ligaes sinrgicas entre as unidades de negcios.

    Integrao vertical: definio dos limites de fronteira da organizao.

    Filosofia corporativa: definio do relacionamento entre a organizao e seus stakeholders ( um termo que designa todos que recebem direta ou indiretamente os

    benefcios ou sustentam os custos advindos da ao da organizao: acionistas,

    empregados, administradores, clientes, fornecedores, credores, comunidades, governo e

    assim por diante).

    Depois de analisar os cinco componentes da corporao, HAX e MAJLUF (1996:261)

    propem resumir os pontos fortes e fracos da organizao. H um relacionamento intrnseco

    dos cinco componentes. A misso da organizao e a segmentao de negcios servem para

    definir as reas de formulao e implementao de estratgias; as integraes horizontal e

    vertical proporcionam a ligao necessria as entidades de negcios; a filosofia corporativa

    permeia o conjunto de valores que dirigiro a gesto dos negcios, que no so considerados

    como atividades independentes ou autnomas, mas integradas num todo coerente, que a

    corporao, constituda pelos cinco componentes j citados.

    HAX e MAJLUF (1996:261) concluem que, aps a anlise interna corporativa, a alta

    administrao da organizao pode refletir sobre a natureza das competncias existentes e

    requeridas e sobre os esforos que sero requisitados para preservar a vantagem competitiva

    no futuro.

    Aps as anlises ambiental e interna corporativa definida a postura estratgica da

    organizao, que representa o conjunto de requerimentos desenvolvidos no nvel corporativo

    para guiar a formulao das estratgias corporativas, de negcio e funcionais.

  • 19

    B - Nvel de Negcios

    Figura 3: Os elementos fundamentais da definio de uma estratgia de negcios Fonte: HAX e MAJLUF (1996:48)

    a) Anlise Ambiental de Negcios:

    HAX e MAJLUF (1996:82) procuram utilizar uma abordagem que examina cada um dos

    fatores do modelo das cinco foras de PORTER, para avaliar globalmente a atratividade do

    setor da indstria e finalmente identificar as oportunidades e ameaas.

    A figura 4 mostra as foras que dirigem a concorrncia no setor da indstria, conforme

    PORTER (1985) apud HAX e MAJLUF (1996:68).

    Anlise do Ambiente do Negcio

    (Performance passada e projees futuras) Identificao dos fatores externos que contribuem para a atratividade da indstria. Posio global da atratividade da indstria.

    Identificao de Oportunidades e Ameaas

    A Misso do Negcio

    Definio do escopo do negcio: produtos, mercados e localizao.

    Identificao de competncias essenciais.

    Anlise Interna do Negcio

    (Performance passada e projees futuras) Identificao dos fatores crticos internos para atingir a vantagem competitiva. Situao global da posio competitiva.

    Definio de Pontos Fortes e Fracos bsicos

    Formulao da Estratgia de Negcio

  • 20

    Figura 4: As cinco foras de PORTER Fonte: HAX e MAJLUF (1996:68) - simplificada

    HAX e MAJLUF (1996:82-90), baseando-se no esquema das cinco foras de PORTER, em

    que os Entrantes Potenciais geram a Barreira de Entrada e a Barreira de Sada, e considerando

    a ao do governo, criam sete categorias para avaliar a atratividade do setor da indstria, tanto

    para o presente quanto para o futuro, e o grau de atratividade (alta/mdia no-atratividade,

    neutra, e alta/mdia atratividade):

    Barreiras de entrada - economia de escala, diferenciao do produto, identificao de marca, custo de mudana, acesso ao canal de distribuio, capital necessrio, acesso

    ltima tecnologia, acesso a matria-prima, produo governamental, etc.

    Barreiras de sada - especializao dos ativos/equipamentos, custo de sada, inter-relacionamento estratgico, barreiras emocionais, restries governamentais e sociais, etc.

    Rivalidade entre concorrentes - nmero de competidores balanceado igualmente, relativo crescimento da indstria, custo fixo e de estocagem, caractersticas do produto,

    capacidade de crescimento, diversidade dos competidores, interesse estratgico.

    Poder de negociao dos compradores - nmero de compradores importantes, disponibilidade de produtos substitutos, custo de mudana do comprador, ameaa do

    ENTRANTES POTENCIAIS

    CONCORRENTES NA INDSTRIA Rivalidade entre as Empresas Existentes

    FORNECEDORES

    Poder de negociao dos fornecedores.

    COMPRADORES

    Poder de negociao dos compradores.

    SUBSTITUTOS

    Ameaa de produtos ou servios substitutos.

    Ameaa de novos entrantes.

  • 21

    comprador de integrao para trs, ameaa do setor da indstria de integrao para frente,

    contribuio para qualidade ou servio dos produtos do comprador, etc.

    Poder de negociao dos fornecedores - nmero significativo de fornecedores, disponibilidade de substitutos para os produtos dos fornecedores, diferenciao ou custo

    de mudana de produtos de fornecedores, ameaa de fornecedores de integrao para

    frente, ameaa do setor da indstria de integrao para trs, contribuio do fornecedor

    para qualidade e servio, etc.

    Disponibilidade dos substitutos - disponibilidade de produtos, custo de mudana de usurio, a rentabilidade e agressividade do produtor substituto, preo/valor do substituto.

    Aes do Governo - proteo da indstria, legislao da indstria, consistncia das polticas, movimentao de capital entre pases, taxas alfandegrias, cmbio, capital

    estrangeiro, assistncia proporcionada aos competidores.

    Alm de avaliarem essas sete categorias, HAX e MAJLUF (1996:83-89) avaliam globalmente

    o setor da indstria.

    Pela anlise detalhada tanto do presente como do futuro e com os graus conferidos a cada

    categoria relacionada indstria possvel identificar as oportunidades-chave, isto , os

    fatores favorveis que afetam o setor da indstria e as ameaas-chave s quais a indstria est

    sujeita. Dessa maneira so identificadas e listadas todas as oportunidades e ameaas.

    Outro critrio utilizado por HAX e MAJLUF (1996:91-90) para anlise ambiental baseado

    nos fatores crticos externos, tanto para o presente quanto para o futuro, e o grau de

    atratividade (alta/mdia no-atratividade, neutra, e alta/mdia atratividade). As categorias,

    assim denominadas pelos autores, so cinco: fatores de mercado, de competitividade,

    econmicos e governamentais, tecnolgicos e sociais.

    Os autores fazem o resumo dos fatores crticos identificando o grau de atratividade

    (alta/mdia no-atratividade, neutra, e alta/mdia atratividade) que mais afetou cada um dos

    fatores, tanto para o presente quanto para o futuro.

    Alm dessas categorias, os autores tambm avaliam globalmente a atratividade do setor da

    indstria, mas os graus de atratividade aplicados so baixa, mdia e alta. Da mesma forma

    procuram identificar as oportunidades-chave e ameaas-chave. HAX e MAJLUF (1996:104-

    115) propem a anlise financeira dos concorrentes, por meio de documentos disponveis.

  • 22

    b) Anlise Interna de Negcio

    HAX e MAJLUF (1996:118-119) consideram como assunto principal desse item o exame

    sistemtico dos caminhos disponveis para o negcio atingir a vantagem competitiva

    sustentvel e, como no possvel olhar para a atividade de negcio como um todo, torna-se

    necessrio separar em componentes a unidade de negcio, de preferncia em tarefas, que so

    conduzidas para adicionar valor. Essas tarefas incluem desenvolvimento e design de produto,

    produo, distribuio, marketing, vendas, servios e as muitas formas de suporte requerido

    para a lisura da operao de um negcio. Os autores adotam a cadeia de valor para realizar

    suas proposies, j que as implicaes para atingir as vantagens competitivas foram

    amplamente exploradas por PORTER.

    Figura 5: Esquema da cadeia de valor de PORTER Fonte: HAX e MAJLUF (1996:119)

    As atividades primrias so cinco e as quatro atividades restantes so chamadas de atividades

    de suporte, conforme figura 5. As atividades primrias esto envolvidas no movimento fsico

    de matrias-primas e produtos acabados, na produo de bens e servios e no marketing,

    vendas e servios subseqentes sada dos negcios da organizao. As atividades suportes

    tm como papel principal proporcionar suporte no somente para as atividades primrias

    como para cada uma das outras atividades.

    As atividades de suporte so compostas da infra-estrutura gerencial da organizao que

    inclui todos processos e sistemas para assegurar a coordenao prpria e finanas

    administrao de recursos humanos, desenvolvimento tecnolgico e procurement.

    ADMINISTRAO DE RECURSOS HUMANOS

    DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA

    PROCUREMENT (compra de matria- primas, suprimentos, outros itens consumveis e ativos em geral)

    LOGSTICA INTERNA

    OPERAES LOGSTICA EXTERNA

    MARKETING E VENDAS

    SERVIO

    MARGEM

    MARGEM

    ATIVIDADES SUPORTE

    ATIVIDADES PRIMRIAS

    INFRA-ESTRUTURA DA ORGANIZAO

  • 23

    HAX e MAJLUF (1996:129) consideram que a cadeia de valor guia para diagnosticar os

    pontos fortes e fracos e identificar as capacidades para serem mobilizadas de modo a atingir a

    vantagem competitiva. Entretanto, as categorias so definidas de forma geral, no incorporam

    pormenores que facilitam a seleo dos principais fatores crticos de sucesso que identificam

    os pontos fortes e fracos da unidade de negcio estratgico.

    O enfoque para conduzir a anlise interna no nvel de negcios deve ser geral, considerando o

    conjunto, assim como ocorre na avaliao da posio do negcio realizada pela alta

    administrao na anlise ambiental. Como primeira etapa, necessrio identificar as

    habilidades centrais competitivas que so o alicerce para determinar a posio do negcio na

    respectiva indstria. Em seguida, os membros da administrao devem concordar com o

    diagnstico da situao corrente e definir, em conjunto, o estado desejado da posio

    competitiva futura do negcio.

    O grau de competitividade em relao aos concorrentes definido pelos pontos fortes e fracos

    (alto/mdio ponto fraco, igual ao competidor, mdio/alto ponto forte). Deve ser considerado

    tanto o presente quanto o futuro. As categorias a analisar so sete: infra-estrutura gerencial,

    finanas, administrao de recursos humanos, tecnologia, procurement, manufacturing,

    marketing e vendas. Aps o resumo da anlise efetuada, acrescenta-se a avaliao global,

    como nas anlises anteriores.

    Os autores recomendam, no resumo, a comparao dos dados do negcio analisado com as

    informaes obtidas dos principais concorrentes, cruzando essas informaes com os fatores

    crticos de sucesso para identificar o nvel em que o negcio analisado est: muito mais forte

    que o concorrente, mais forte que o concorrente, igual ao concorrente, mais fraco que o

    concorrente, muito mais fraco que o concorrente. Aps essas anlises identificam-se os pontos

    fortes e os pontos fracos do setor da indstria que est sendo analisada.

    Finalmente, HAX e MAJLUF (1996:142,147, 148 e 152) procuram cruzar as atratividades do

    setor da indstria com as foras do negcio, formulando a estratgia do negcio e os

    programas de aes gerais para cada oportunidade e ameaa e para cada ponto forte e ponto

    fraco identificado nas anlises. Desenvolve-se ento a lista de aes especficas para suportar

    cada uma das aes gerais, alinhadas com a formulao estratgica corporativa.

  • 24

    C - Nvel Funcional

    HAX e MAJLUF (1996:325-327) relatam que o guia para identificar os focos relevantes de

    anlises no desenvolvimento de estratgia funcional o caminho de valor. A figura 6 mostra o

    agrupamento das atividades da organizao num caminho que gera seis principais reas para

    anlise estratgica funcional: Estratgia de Finanas, Estratgia de Recursos Humanos,

    Estratgia de Tecnologia, Estratgia de Procurement, Estratgia de Manufacturing e

    Marketing.

    Figura 6: Cadeia de valor de PORTER, definindo as estratgias funcionais Fonte: HAX e MAJLUF (1996:326)

    Os elementos bsicos para definio da estratgia funcional, segundo HAX e MAJLUF

    (1996:327), esto retratados na figura 7. A tarefa central requerida no desenvolvimento da

    estratgia funcional bem semelhante quela requerida para o nvel de negcio.

    Na definio das estratgias funcionais, pela Anlise Interna Funcional verificam-se os pontos

    fortes e fracos para cada categoria de deciso e a respectiva poltica descrita, e pela Anlise

    Externa Funcional verificam-se as ameaas e oportunidades dos Fatores Crticos Externos,

    vistos no nvel de negcios.

    HAX e MAJLUF, neste nvel, procuram detalhar somente as reas funcionais: Recursos

    Humanos, Tecnologia e Manufacturing.

    INFRA-ESTRUTURA DA ORGANIZAO

    ADMINISTRAO DE RECURSOS HUMANOS

    DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA

    PROCUREMENT

    LOGSTICA INTERNA

    OPERAES LOGSTICA EXTERNA

    MARKETING E VENDAS

    SERVIO

    MARGEM

    MARGEM

    Funes Centrais Administrativas

    Estratgia Financeira

    Estratgia de Recursos Humanos

    Estratgia de Tecnologia

    Estratgia Procurement

    Estratgia de Manufacturing

    Estratgia de Marketing

  • 25

    Figura 7: Os elementos fundamentais da definio de estratgia funcional Fonte: HAX e MAJLUF (1996:328)

    Em sua abordagem HAX e MAJLUF procuram analisar a organizao em trs nveis:

    corporativo, de negcios e funcional, e para cada um realizada a anlise interna e externa.

    No nvel corporativo, diagnostica-se a postura estratgica da organizao, aps a anlise

    interna e ambiental. Na anlise externa corporativa, a partir dos fatores bsicos projetam-se os

    cenrios, classificando-os em: pessimista, mais provvel e otimista para cada um dos fatores

    bsicos. Em seguida identificam-se as oportunidades e ameaas. As estratgias nos demais

    nveis de negcio e funcional alinham-se no nvel corporativo.

    Anlise do Ambiente Funcional

    Indstria e anlises competitivas. Inteligncia funcional

    Identificao de Oportunidades e Ameaas

    Anlise Interna Funcional

    Competncias funcionais distintivas para todas categorias estratgicas de deciso

    Definio de Pontos Fortes e Fracos bsicos.

    Formulao da Estratgia Funcional

    Misso do negcio. Programas de aes gerais e especficas.

    Estratgia de Negcio

    Necessidades Funcionais

    Estratgia Corporativa

    Misso da empresa. Implementaes estratgicas.

    Necessidades Funcionais

  • 26

    2.1.3 Abordagem de OLIVEIRA (2001)

    A abordagem de diagnstico estratgico desenvolvida por OLIVEIRA (2001:80-108)

    considerada como primeira fase do processo de planejamento estratgico, em que procura

    responder pergunta bsica: qual a real situao da organizao quanto aos seus aspectos

    internos e externos?. Oliveira considera que esse diagnstico, ou essa auditoria ou essa

    anlise deve ser efetuada da forma mais real possvel, pois qualquer tomada de posio errada

    nessa fase prejudicar todo o resto do processo de desenvolvimento e implementao do

    planejamento estratgico.

    OLIVEIRA (2001:256290) mostra a necessidade do envolvimento da alta administrao na

    elaborao do planejamento estratgico, como tambm procura destacar a necessidade da

    participao da mdia administrao - que torna possvel a operacionalizao das decises

    estratgicas, interligando-as ao dia-a-dia da organizao, e propicia maior credibilidade ao

    processo de elaborao do planejamento estratgico dessa forma a baixa administrao

    participa na execuo operacional das decises estratgicas.

    O autor apresenta algumas premissas bsicas:

    deve-se considerar o ambiente no qual est inserida a organizao e suas variveis relevantes;

    o ambiente proporcionar organizao oportunidades que devero ser usufrudas e ameaas que devero ser evitadas;

    para enfrentar a situao ambiental, a organizao dever ter pleno conhecimento de seus pontos fortes e fracos; e

    os processos de anlise interna e externa devero ser interligados, contnuos e sistmicos. Sugere o autor que o executivo pode utilizar a tcnica de cenrio para estabelecer a situao

    futura da organizao e a situao projetiva e prospectiva do diagnstico estratgico realizado.

    Os principais aspectos que proporcionam o delineamento estratgico a ser desenvolvido e

    implementado pela organizao so a viso da organizao, anlise externa e interna e a

    anlise dos concorrentes.

  • 27

    A - Viso da Organizao

    Segundo OLIVEIRA (2001:82), a viso conceituada como os limites que os proprietrios e

    principais executivos da organizao conseguem enxergar dentro de um perodo de tempo

    mais longo e uma abordagem mais ampla e, nesse contexto, a viso proporciona o grande

    delineamento do planejamento estratgico a ser desenvolvido e implementado pela

    organizao.

    B - Anlise Externa e Interna da Organizao

    No processo de anlise externa e interna, segundo OLIVEIRA (2001:83), so considerados os

    seguintes componentes:

    Pontos fortes: so as variveis internas e controlveis que propiciam condio favorvel para a organizao em relao ao seu ambiente;

    Pontos fracos: so as variveis internas e controlveis que provocam situao desfavorvel para a organizao, em relao ao seu ambiente;

    Oportunidades: so as variveis externas e no controlveis pela organizao, que podem criar condies favorveis a ela, desde que tenha condies e/ou interesse de usufru-las;

    Ameaas: so as variveis externas e no controlveis pela organizao que podem criar condies desfavorveis a ela.

    Os pontos fortes e fracos compem a anlise interna da organizao, enquanto as

    oportunidades e ameaas compem sua anlise externa.

    a) Anlise Externa da Organizao

    A anlise externa tem por finalidade estudar a relao existente entre a organizao e seu

    ambiente em termos de oportunidades e ameaas, bem como a sua atual posio produto-

    mercado e a prospectiva quanto sua posio desejada no futuro do produto-mercado.

    OLIVEIRA (2001:85-94) considera necessrio interligar os fatores externos e internos

    organizao, pois evidente essa ao de interligao e influncia entre todos os fatores. Mas,

    sob o ponto de vista prtico, recomenda fazer a interligao aps concretizar a anlise isolada

    dos fatores externos e internos.

    Considera tambm que o impacto de uma oportunidade ou ameaa pode ser muito forte para

    as expectativas de uma organizao. Portanto, a oportunidade devidamente usufruda pode

  • 28

    proporcionar aumento dos lucros da organizao, enquanto a ameaa no administrada pode

    acarretar diminuio nos lucros previstos, ou mesmo prejuzos para a organizao.

    OLIVEIRA (2001:90) procura ressaltar como complemento ao estudo dos tipos de

    oportunidades e ameaas ambientais os tipos de riscos que a organizao enfrenta na sua

    relao com o ambiente. Segundo ZACCARELLI (1980:35) apud OLIVEIRA (2001:90)

    considera trs tipos de riscos:

    Riscos referentes compatibilidade atual entre a organizao e o seu ambiente. Riscos referentes evoluo futura do ambiente empresarial. Riscos referentes evoluo do poder da organizao para alterar o ambiente empresarial. As oportunidades devem ser enumeradas e cada uma deve ser testada em termos de

    contribuio para a organizao, que procura escolher as melhores para a formao de uma

    carteira de projetos para que a organizao possa diversificar os negcios.

    A anlise ambiental bastante importante nesse processo, que longo, trabalhoso e deve ser

    realizado com bastante rigor. OLIVEIRA (2001:91-94) relaciona uma srie de aspectos que

    devem ser analisados cuidadosamente, tais como: processo de integrao vertical e horizontal,

    tecnolgico, governamental, subsistema financeiro, sindical, comunidade, consumidores,

    mercado, do setor da indstria, concorrentes, fornecedores e outros que forem necessrios.

    b) Anlise Interna

    Na anlise interna OLIVEIRA (2001:94-106) procura verificar os pontos fortes, fracos e

    neutros da organizao. Para efeito de comparao, nessa anlise deve-se considerar as outras

    organizaes do mesmo setor de atuao, sejam elas concorrentes diretas ou apenas

    concorrentes potenciais.

    Alguns fatores a serem considerados na anlise interna so:

    funes a serem analisadas (marketing, finanas, produo, recursos humanos e outras que forem necessrias);

    aspectos organizacionais; abrangncia do processo; nvel de controle; critrios de avaliao;

  • 29

    obteno das informaes. A integrao dos vrios fatores considerados na anlise interna e externa da organizao deve

    ser feita dentro do princpio do enfoque sistmico.

    c) Anlise dos Concorrentes

    Segundo OLIVEIRA (2001:108), importante conhecer o plano estratgico de cada um dos

    concorrentes da forma mais detalhada possvel. No decorrer da anlise verifica-se o nvel de

    conhecimento que se tem de cada concorrente. Quanto menor o nvel de conhecimento, maior

    o risco estratgico perante as estratgias desse concorrente e vice-versa, quanto maior o nvel

    de conhecimento, menor o risco estratgico.

    O autor considera que os fatores externos e internos tm de ser os mesmos utilizados na

    anlise da organizao, possibilitando a anlise comparativa.

    d) Cenrios

    OLIVEIRA (2001:125-126) considera que a elaborao dos cenrios estratgicos a

    culminao de um processo que deve envolver todos os executivos-chave da organizao que

    normalmente so envolvidos no planejamento estratgico.

    A elaborao dos cenrios pode ter como fundamentao:

    o pensamento estratgico com a idealizao de situaes futuras possveis que no necessariamente tenham alguma interligao com o presente e o passado;

    o estabelecimento de base de dados scio-econmicos e de infra-estrutura; uma abordagem sistemtica e multidisciplinar; e uma metodologia estruturada especialmente desenvolvida. Com referncia s formas bsicas de desenvolvimento de cenrios, o executivo pode

    considerar duas situaes principais: a abordagem projetiva e a abordagem prospectiva.

  • 30

    A abordagem projetiva caracteriza-se por:

    restringir-se a variveis quantitativas, objetivas e conhecidas; explicar o futuro pelo passado; considerar o futuro nico e certo; e utilizar modelos deterministas e quantitativos. A abordagem prospectiva caracteriza-se por:

    viso global; variaes qualitativas, quantificveis ou no, subjetivas ou no, conhecidas ou no; ocorrncia de futuro mltiplo e incerto; considerao do futuro como determinante da ao presente; e uma anlise intencional, em que o executivo pode utilizar variveis de opinio

    (julgamento, pareceres, probabilidades subjetivas, etc) analisadas por mtodo do tipo da

    anlise estrutural, Delphi, impactos cruzados etc.

    Segundo Oliveira, os cenrios podem ser analisados nas situaes de mais provvel, de

    otimista e de pessimista.

    Existem diferentes tcnicas de desenvolvimento de cenrios estratgicos (deduo, induo,

    lgica intuitiva, anlise de tendncia de impacto, anlise do impacto integrativo, Delphi).

    Finalmente, OLIVEIRA (2001:130) procura fazer a interligao entre a anlise interna e a

    externa e identificar a predominncia de pontos fortes ou fracos e de oportunidades ou

    ameaas, pelo critrio elaborado por KEPNER eTREGOE (1978:20), que prioriza e seleciona.

    Aps essa etapa, estabelece-se a postura estratgica, limitada sempre por trs aspectos:

    misso da organizao; relao positiva ou negativa entre as oportunidades e ameaas que a organizao enfrenta

    no momento especfico da escolha; e

    relao positiva ou negativa entre os pontos fortes e fracos que ela apresenta para fazer frente s oportunidades e ameaas do ambiente. Nessa situao deve-se tambm

    especificar os recursos de que a organizao dispe para tirar proveito das oportunidades

    oferecidas pelo ambiente.

  • 31

    A figura 8 mostra de maneira esquemtica o processo desde a anlise interna e ambiental at o

    estabelecimento da postura estratgica, passando pela construo de cenrios.

    Figura 8: Modelo diagnstico estratgico - postura estratgica de OLIVEIRA Fonte: OLIVEIRA (2001:76) - adaptado

    O processo inicia-se a partir de VISO

    Anlise ambiental para detectar as OPORTUNIDADES E AMEAAS

    Considerando a realidade da organizao e de seus

    CONCORRENTES com seus

    PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

    Dentro do horizonte estabelecido para MISSO

    PROPSITOS

    CENRIOS

    POSTURA ESTRATGICA

  • 32

    2.1.4 Abordagem WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000)

    Nessa abordagem o processo inicia-se com a anlise do ambiente externo, considerando a

    previso de mudanas e tendncias futuras do ambiente. Em seguida analisa-se o ambiente

    interno (recursos da organizao, misso organizacional e objetivos) e posteriormente

    elaboram-se as estratgias de nvel empresarial, as estratgias de negcios e as estratgias

    funcionais para a implementao.

    WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000:24) ressalta a responsabilidade da alta administrao

    pelas decises estratgicas, que foram geradas pelas idias, criatividade, informaes e

    anlises de vrias pessoas. Dentre essas pessoas encontram-se a mdia administrao,

    supervisores e empregados, que devem, tambm, estar comprometidos.

    A - Anlise do Ambiente Externo

    Para WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000:48-78) existem trs nveis de anlise: a do

    macro-ambiente da organizao, a setorial e a do conjunto dos players.

    a) Anlise do Macro-ambiente

    So quatro as foras que afetam as organizaes:

    Foras poltico-legais: incluem os resultados de eleies, legislao e sentenas judiciais, como tambm decises governamentais.

    Foras econmicas: Produto Interno Bruto, taxas de juros, taxas de inflao, cmbio.

    Foras tecnolgicas: Melhorias e inovaes cientficas.

    Foras sociais: Tradies, valores, tendncias sociais e expectativas que uma sociedade tem em relao s organizaes.

    Scanning do ambiente: a coleta e anlise de informaes sobre tendncias ambientais relevantes. Genericamente, o scanning uma atividade para deteco de tendncias atuais

    e futuras por meio de tcnicas diversas.

  • 33

    b) Anlise Setorial

    WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000:59-70) abordam as cinco foras competitivas bsicas

    do setor de PORTER citadas por HAX e MAJLUF, conforme a subseo 2.1.2 - assunto

    NVEL DE NEGCIO.

    c) Conjunto de Players

    WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000:71) procuram definir player como um conjunto de

    organizaes cooperativas e concorrentes e explicitam quatro suposies implcitas nas cinco

    foras de PORTER:

    As organizaes tendem a competir em setores com parmetros distintos.

    Em um setor, as fronteiras e identidades de cada uma das cinco foras so relativamente ntidas.

    A vitria de determinada fora setorial pode resultar em perda para outra (por exemplo: organizao que ganha custa de suas rivais; organizao compradora que se beneficia

    em detrimento de seus fornecedores).

    Cada fora pode se desenvolver independentemente de outras foras (por exemplo: organizaes existentes desenvolvem-se independentemente dos compradores que

    atendem).

    Embora um exame das cinco foras de PORTER simplifique o entendimento do desempenho

    das organizaes de um setor, as suposies anteriormente descritas no se aplicam a muitos

    dos setores atuais altamente complexos. A presso para o aumento da eficincia e para

    inovao no decorrer das duas ltimas dcadas aumentou de tal forma que a anlise de um

    setor no revela plenamente o que determina o desempenho de uma organizao. s vezes

    pode ser vantajoso abandonar as suposies do modelo de cinco foras e examinar o

    desempenho da organizao no contexto dos players, que no esto confinados a um nico

    setor.

    WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000:71-73) citam alguns conjuntos de players:

  • 34

    Trocas com players cooperativos: refere-se s relaes mutuamente benficas que se desenvolvem entre organizaes de diferentes setores, embora essas trocas no sejam

    sempre bvias;

    Trocas com players concorrentes: refere-se ao exame das interaes entre concorrentes que tambm pode ser instrutivo;

    Existncia de cooperao e competio: embora as trocas entre organizaes que se apiam mutuamente sejam cooperativas medida que elas interagem para criar valor, a

    relao se torna competitiva na diviso dos frutos;

    Natureza mutante das trocas e dos papis: a natureza das trocas e dos papis dos competidores ou colaboradores pode mudar ao longo do tempo; e

    Processo de desenvolvimento mtuo: a conceituao de conjunto de players pode ajudar a lanar luz sobre o processo de desenvolvimento mtuo por meio do comportamento

    cooperativo ou competitivo das organizaes.

    Previso do Ambiente - WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000:70-78): O scanning e as

    anlises macro-ambientais do setor so insuficientes se apenas permitirem a revelao das

    condies atuais. Para serem verdadeiramente significativas, essas anlises devem levar

    previso de mudanas e tendncias futuras. Nenhuma forma de previso totalmente

    garantida, mas existem vrias tcnicas que podem ser teis, tais como anlise de sries

    temporais, previses por julgamento, cenrios mltiplos e a tcnica Delphi.

    d) Ambiente Interno

    WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000:85) consideram que o propsito de uma organizao

    pode ser conceitualizado no contexto da anlise S.W.O.T. (Strenghts - pontos fortes e

    Weakenesses - pontos fracos da organizao em relao a seus concorrentes, Opportunities -

    oportunidades e Threats - ameaas do ambiente externo), por meio da qual j so tratadas as

    oportunidades e ameaas, no ambiente externo, e os recursos da organizao que

    compreendem seus pontos fortes e fracos, no ambiente interno. Posteriormente examina-se a

    misso da organizao - sua razo de existir - e os objetivos gerais e especficos.

    Anlise S.W.O.T.

  • 35

    As fontes de possveis oportunidades e ameaas no ambiente externo foram tratadas por

    WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000:86) conforme foram apresentadas anteriormente. Para

    a obteno dos pontos fortes e fracos, os autores propem a observao dos itens conforme o

    Quadro 1 a seguir:

    Quadro 1: Estrutura para anlise S.W.O.T.

    Fonte: WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000:86)

    Segundo WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000:87), os pontos fortes e fracos de uma

    organizao constituem seus recursos, que incluem:

    os recursos humanos: experincia, capacidades, conhecimentos, habilidades e julgamento de todos os funcionrios da organizao;

    os recursos organizacionais: os sistemas e processos da organizao, inclusive suas estratgias, estrutura, cultura, administrao de compras/materiais, produo/operaes,

    base financeira, pesquisa e desenvolvimentos, marketing, sistemas de informao e

    sistemas de controle;

    os recursos fsicos: instalaes e equipamentos, localizao geogrfica, acesso a matrias-primas, rede de distribuio e tecnologia.

    Os trs recursos devem ser trabalhados em conjunto para que proporcionem organizao a

    vantagem competitiva sustentada.

    Fontes de possveis oportunidades e ameaas do ambiente externo Foras econmicas Foras poltico-legais Foras sociais Foras tecnolgicas

    Foras setoriais

    Possveis pontos fortes e fracos da organizao

    Acesso a matrias-primas Distribuio Administrao Compras Propaganda Economias de escala Produo de escala Controle de qualidade Conselho de administrao Scanning ambiental Participao de mercado Pesquisa e desenvolvimento Marcas Recursos financeiros Estrutura organizacional Vendas Administrao de canais Previses Instalaes fsicas/equipamentos Controle estratgico Reputao da organizao Lobbies junto ao governo Diferenciao de produtos/servios Formulao de estratgia Sistema de informaes computadorizado Recursos humanos Qualidade dos produtos/servios Implementao de estratgias Sistema de controle Relaes de trabalho Promoo Tecnologia Custos Liderana Lealdade do cliente Localizao Relaes pblicas Administrao de estoque Tomadas de decises

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    Aps a anlise S.W.O.T. estabelece-se a misso, a razo de ser da organizao, que muitas

    vezes definida de maneira formal, por escrito, e identifica o alcance das operaes da

    organizao e o que ela pode oferecer para seus vrios stakeholders.

    A misso apresentada pelos autores no nvel empresarial e no nvel de unidade de negcio, e

    posteriormente so definidos os objetivos gerais e especficos da organizao.

    Em seguida, WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000:87) formulam as estratgias em nvel

    empresari