celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia … · mestrado em organizaÇÕes e...

149
MESTRADO EM ORGANIZAÇÕES E DESENVOLVIMENTO CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE COMPETITIVIDADE DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS: ESTUDO DE CASO DA REDE HIPERFARMA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CURITIBA 2011

Upload: vuongkiet

Post on 03-Dec-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

MESTRADO EM ORGANIZAÇÕES E DESENVOLVIMENTO

CELSO LUIZ KLOEPPEL

A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE COMPETITIVIDADE DAS

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS: ESTUDO DE CASO DA REDE

HIPERFARMA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CURITIBA

2011

Page 2: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

CELSO LUIZ KLOEPPEL

A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE COMPETITIVIDADE DAS

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS: ESTUDO DE CASO DA REDE

HIPERFARMA

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre, do Programa de Mestrado Acadêmico em Organizações e Desenvolvimento, FAE Centro Universitário.

Orientador: Prof. Dr. Antoninho Caron

CURITIBA

JUNHO 2011

Page 3: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das
Page 4: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

Dedico este trabalho à minha esposa, Maristela, e ao meu filho, Arthur, pela paciência e compreensão que tiveram comigo. Dedico, também, à minha mãe e irmãos, e ao Celso Kloeppel (in memoriam) que além de ter sido um excelente pai, foi meu melhor amigo.

Page 5: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

Agradecimentos

Eis que me deparo com esse momento, um momento feliz, que parece fácil,

mas na realidade requer muita da minha atenção, para lembrar de todas as

pessoas e instituições que me auxiliaram nessa empreitada. Sei que não

conseguirei fazer isso, afinal foram muitas colaborações. Assim sendo, desde

já agradeço a todos, mesmo àqueles que não forem mencionados nas linhas

a seguir.

Primeiramente, agradeço a Deus, pois sem Ele nada é possível.

Agradeço à FAE – Centro Universitário, que por meio do Programa de

Mestrado em Organizações e Desenvolvimento, coordenado pelo estimado

Prof. Dr. José Henrique de Faria, possibilitou que eu realizasse este sonho,

que por muitos anos e por muitos motivos, teve de ser adiado.

Ao meu orientador, professor e amigo, Antoninho Caron, que me incentivou a

fazer esse mestrado (ainda quando ocupava o posto de coordenador); que

me transmitiu seus conhecimentos com muita sabedoria; que supriu minha

necessidade com materiais da sua invejável biblioteca particular; e que

dedicou muito do seu tempo lendo os conteúdos que lhe entregava, para

depois indicar-me quais eram os caminhos a serem seguidos, faltam-me

palavras para expressar minha gratidão, por isso limito-me a dizer: muito

obrigado.

À toda a Diretoria da Asfacur, José Ivanil Braga, Joel Basílio, Natália Kampa

Berger, Lúcia Cristina Karasawa, Francisco Marinho e Klaus Funada,

agradeço por terem concordado com a realização desta pesquisa e pelas

contribuições dadas. Peço licença a vocês, mas quero fazer um

agradecimento especial ao Presidente Robert Kock que foi quem, com toda

boa vontade, me recebeu pela primeira vez e abriu as portas da Rede

Hiperfarma.

A todos os colaboradores da ASFCACUR, especialmente à Nilzete Grechaki e

à Janaina Cristina Cauduro, meu muito obrigado pela prestatividade e

Page 6: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

colaboração. E a vocês, associados, agradeço pela participação na pesquisa

e pelas valiosas informações prestadas.

A todos os professores do programa de mestrado, aliás, grandes mestres,

obrigado por incentivar-me a continuar e por compartilhar seus

conhecimentos e experiências, tão importantes, não só para a realização

deste trabalho, mas também para meu desenvolvimento pessoal e

profissional.

Aos membros da banca examinadora, Dra. Sieglinde Kindl da Cunha, Dr.

Lafaiete Santos Neves e Dr. Décio Estevão do Nascimento, pelas sugestões,

orientações e correções feitas neste trabalho.

À Mariana Fressato e à Mônica Isabel Gonçalves, por todo apoio e

orientação, dados desde antes do início deste mestrado. A você Mariana, um

agradecimento especial por ter feito a revisão deste trabalho. Também quero

agradecer aos meus colegas de turma, que compartilharam comigo seus

conhecimentos e experiências, além de compartilharem momentos alegres e

divertidos.

À Rosi, minha mãe, aos meus irmãos (Ana Júlia e Paulo) e aos amigos do

SEBRAE/PR, por todo apoio e incentivo que me deram.

Por último, mas não menos importante, à Maristela (minha amada esposa) e

ao Arthur (meu amado filho), que juntos comigo trilharam esse caminho, e que

muitas vezes, e com muita paciência, abdicaram da minha companhia e

atenção (mesmo quando eu estava por perto), meu muito obrigado.

Page 7: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

RESUMO

KLOEPPEL, Celso Luiz. A cooperação como estratégia de competitividade das

pequenas e médias empresas: estudo de caso da Rede Hiperfarma . 149p. Dissertação

(Mestrado em Organizações e Desenvolvimento) - FAE Centro Universitário. Curitiba, 2011.

Este trabalho dedica-se a fazer um estudo de caso da Rede Hiperfarma. A Rede Hiperfarma

é uma rede de cooperação empresarial, formada principalmente por farmácias de Curitiba e

região metropolitana. Também participam da rede farmácias de outras localidades do

Estado do Paraná e de Santa Catarina. O estudo de caso objetiva identificar e analisar os

fatores internos da rede que estão contribuindo para que os objetivos pretendidos sejam

alcançados, bem como os que estão dificultando o atingimento dos objetivos. A pesquisa foi

realizada por meio de reuniões e entrevistas com os dirigentes Associação das Farmácias e

Drogarias de Curitiba e Região Metropolitana - ASFACUR (entidade que gestiona a Rede

Hiperfarma) e questionários aplicados aos associados da rede, durante os meses de março

e abril de 2011. A pesquisa possibilitou identificar que o papel e a postura dos dirigentes da

rede são fatores essenciais para o sucesso do empreendimento. No caso da Hiperfarma, os

associados reconhecem a qualificação/competência, o dinamismo, a seriedade e o

comprometimento da diretoria da Asfacur, como principais fatores que contribuem para que

os objetivos da rede sejam atingidos. Por outro lado, os entrevistados destacaram como

principais fatores que dificultam o desenvolvimento da rede, o baixo grau de

comprometimento e os baixos níveis de participação, integração e dedicação de parte

significativa dos próprios associados.

Palavras-chave : rede de cooperação empresarial; estratégia; cooperação; competitividade.

.

Page 8: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

ABSTRACT

KLOPPEL, Celso Luiz. Cooperation as strategy of competitiveness for smal l and

medium-sized enterprises : a case study carried out on Rede Hiperfarma. 149p.

Dissertation (master’s in Organization and Development) – FAE Centro Universitário.

Curitiba, 2011.

This study aims at conducting a case study carried out on Rede Hiperfarma. Rede

Hiperfarma is a business cooperation network, made up mainly of drugstores in Curitiba-Pr-

Brazil and its metropolitan region. Other drugstores spread out in the states of Paraná and

Santa Catarina also make up the chain. The case study aims at indentifying and analyzing

the internal factors of the network that both contribute to, or hinder, the achievement of the

company’s goals. This survey was carried on upon some meetings and interviews with the

managing executives of ASFACUR, an association of pharmacies and drugstores in Curitiba,

which manages Hiperfarma chain. Besides, some questionnaires were applied to a number

of Hiperfarma’s associates from March to April of 2011. The survey helped in identifying how

much the role and postures of managing executives are essential to the success of the

business. Concerning Hiperfarma, its associates recognize the qualification/competence,

dynamism, seriousness and commitment of ASFACUR’s managing executives as the main

aspects that contribute to the achievement of the chain’s targets. On the other hand, those

who were interviewed have pointed out the low levels of commitment, participation,

integration and dedication found in a significant part of their own associates as the main

aspects that make it difficult the development of the chain.

Keywords: business cooperation network; strategy; cooperation; competitiveness.

Page 9: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 - EXEMPLO DE OUTRAS FORÇAS MACROAMBIENTAIS .......................................... 54

QUADRO 02 - FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO .......................................................................... 60

QUADRO 03 - DISTRIBUIÇÃO DAS FARMÁCIAS POR MUNICÍPIO ................................................. 67

QUADRO 04 - DISTRIBUIÇÃO DOS PESQUISADOS POR FAIXA ETÁRIA ...................................... 73

QUADRO 05 - CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES E BENEFÍCIOS SEGUNDO O GRAU

DE IMPORTÂNCIA ...................................................................................................... 74

QUADRO 06 - VISÃO DOS ENTREVISTADOS SOBRE A PARTICIPAÇÃO DOS ASSOCIADOS

NAS ASSEMBLEIAS E REUNIÕES ............................................................................ 81

QUADRO 07 - QUALIDADE DAS NEGOCIÇÕES FEITAS PELA DA DIRETORIA DA ASFACUR .... 88

Page 10: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 - EVOLUÇÃO DOS INVESTIMENTOS EM MARKETING FEITOS PELA REDEFORT

NO PERÍODO 2002 A 2008 ........................................................................................... 43

FIGURA 02 - EVOLUÇÃO NAS VENDAS DA REDEMAC NO PERÍODO 2002 A 2008 ..................... 46

FIGURA 03 - ELEMENTOS DO CRITÉRIO ESTRUTURA .................................................................. 49

Page 11: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................... 13

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................................... 17

1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 18

1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................................... 18

1.3.2 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 18

1.4 IMPORTÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES ................................................................................. 18

2 REVISÃO TEÓRICA ........................................................................................................... 20

2.1 ESTRATÉGIA BASEADA NA COOPERAÇÃO EMPRESARIAL ........................................ 20

2.1.1 A Visão Tradicional de Negócio ....................................................................................... 20

2.1.2 A Visão Atual de Negócio ................................................................................................. 21

2.1.3 Os Atores e seus Papéis .................................................................................................. 22

2.1.4 Formação de Alianças Empresariais como Estratégia d e Competitividade das

Organizações ..................................................................................................................... 23

2.1.4.1 Estratégia Empresarial: Conceitos e fatores determinantes ............................................... 24

2.1.4.2 Cooperação e Alianças Estratégicas .................................................................................. 26

2.2 REDES DE COOPERAÇÃO EMPRESARIAL – CONCEITOS, OBJETIVOS,

CARACTERÍSTICAS, TIPOLOGIA, O CAPITAL SOCIAL E O CAPITAL RELACIONAL ... 31

2.2.1 Introdução .......................................................................................................................... 32

2.2.2 Conceitos ........................................................................................................................... 32

2.2.3 Características e Objetivo ................................................................................................ 33

2.2.4 Tipologia das Redes de Cooperação .............................................................................. 34

2.2.5 Capital Social e Capital Relacional .................................................................................. 36

2.3 REDES DE EMPRESAS DE PEQUENO PORTE: ATUAÇÃO, ORGANIZAÇÃO,

PLANEJAMENTO E GESTÃO ............................................................................................ 39

2.3.1 Formas de Atuação ........................................................................................................... 40

2.3.1.1 Compras em Conjunto ........................................................................................................ 40

2.3.1.2 Outras Negociações em Conjunto ...................................................................................... 41

2.3.1.3 Campanhas de Marketing de Grande Abrangência ............................................................ 42

2.3.1.4 Utilização da mesma marca (identidade) por todos os participantes da Rede ................... 43

2.3.1.5 Padronização de ambientes, fachadas, material impresso, produtos/serviços e

métodos/procedimentos ...................................................................................................... 44

2.3.1.6 Criação do cartão de crédito da marca própria (Cartão Fidelidade) ................................... 44

2.3.1.7 Comercialização de produtos da marca própria ................................................................. 45

2.3.2 Organização das Atividades ............................................................................................ 46

2.3.3 O Planejamento Estratégico em Redes de Cooperação E mpresarial ......................... 50

Page 12: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

2.3.4 Processo de Gestão da Rede de Cooperação Interorgan izacional ............................. 56

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................................... 61

3.1 APRESENTAÇÃO DAS CATEGORIAS DE ANÁLISE - CONSTRUCTOS ........................ 61

3.2 METODOLOGIA PARA DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA E DOS OBJETIVOS

DO TRABALHO E PARA ESCOLHA DOS MÉTODOS DE LEVANTAMENTO E ANÁLISE

DE DADOS .......................................................................................................................... 62

3.3 APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASOS SIMILARES .............................................. 64

4 ESTUDO DE CASO DA REDE HIPERFARMA .................................................................. 65

4.1 APRESENTAÇÃO DA REDE HIPERFARMA ..................................................................... 65

4.2 A VISÃO DA DIRETORIA DA ASFACUR ........................................................................... 71

4.3 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS LEVANTADOS NA PESQUISA – A VISÃO DOS

ASSOCIADOS ..................................................................................................................... 73

4.4 PESQUISA INTERNA FEITA PELA DIRETORIA DA ASFACUR ....................................... 87

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 89

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 95

ANEXO 01 - MODELO DE ESTATUTO SOCIAL .............................................................................. 101

ANEXO 02 - MODELO DE REGIMENTO INTERNO DE ASSOCIAÇÃ O .......................................... 110

ANEXO 03 - MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA RE DE DATAWORK ................ 115

ANEXO 04 - ESTUDO DE CASO DA REDE MACSUL ..................................................................... 128

ANEXO 05 - ESTUDO DE CASO SOBRE A EXPERIÊNCIA DO CO NSÓRCIO DE VALORIZAÇÃO

DA BATATA TÍPICA DE BOLOGNA ............................................................................... 132

APÊNDICE 01 - ROTEIRO DE ENTREVISTAS ................................................................................. 136

APÊNDICE 02 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA COM ASSOCIAD OS DA ASFACUR ................ 138

APÊNDICE 03 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA COM ASSOCIAD OS DA ASFACUR – PESQUISA

INTERNA DA DIRETORIA ............................................................................................... 145

Page 13: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

13

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho contempla o papel das redes de cooperação empresarial, no

contexto atual de uma economia globalizada, na qual as pequenas empresas

enfrentam a concorrência de grandes redes corporativas.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

As microempresas e as empresas de pequeno porte1 sempre enfrentaram e

continuam enfrentando, dificuldades para competir em mercados onde atuam

grandes organizações. Essa situação ocorre porque as grandes empresas dispõem

de recursos financeiros, humanos e tecnológicos que as pequenas não possuem, ou

possuem em menor quantidade/qualidade.

Tamascia (2011), se referindo à situação das farmácias de pequeno porte,

afirma que: “o modelo concorrencial adotado por parte das grandes corporações é

insano e extremamente predador, em algumas praças é praticamente impossível

acirrar a competição no setor”.

Além disso, as grandes empresas têm forte influência junto aos órgãos

governamentais, exercendo importante papel na definição de políticas públicas2 e na

formulação de leis que regulamentam as atividades empresariais, influência essa

que facilita a obtenção de privilégios em relação aos seus concorrentes de menor

porte. Essa situação torna-se mais significativa ainda, quando essas empresas se

unem em torno de objetivos comuns.

1 Classificação das microempresas e empresas de pequeno porte, pelo critério de número de funcionários,

adotada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Disponível em: <www.sebrae.com.br>:

a) Microempresa: no caso das atividades industriais e de construção civil, são as empresas com até 19 funcionários, e no caso de comércio e serviços, com até 9 funcionários;

b) Empresa de Pequeno Porte ou Pequena Empresa: no caso das atividades industriais e de construção civil, são as empresas com no mínimo 20 e no máximo 99 funcionários, por sua vez, no caso de comércio e serviços, com no mínimo 10 e no máximo 49 funcionários.

2 Entende-se políticas públicas como “o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas áreas. Expressa a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no espaço público” (GUARESCHI et al., 2004, p.180).

Page 14: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

14

Não bastasse os aspectos citados acima – que explicam as dificuldades

enfrentadas pelas microempresas e as empresas de pequeno porte, no âmbito da

concorrência local – atualmente existem mais dois elementos que contribuem para

aumentar, ainda mais, a fragilidade competitiva dos pequenos empreendimentos: a

globalização e o acelerado desenvolvimento tecnológico que vem ocorrendo nas

últimas décadas.

“A globalização é um fenômeno que tem provocado grandes transformações

na sociedade, nos negócios e na interação entre os indivíduos e o mundo” (COSTA;

ALMEIDA, 2002, p.53). Ela surgiu da necessidade de procura de novos mercados e

da busca pela redução de custos, que, segundo Robbins (2000, p.6), são as suas

“principais forças motrizes”.

Embora tenha trazido um conjunto de benefícios, a globalização trouxe

também um ônus para as empresas que não se enquadram na categoria de

transnacionais. Essas empresas, em geral de pequeno porte, sentem grande

dificuldade para competir com organizações que dispõem de tecnologia moderna e

possuem capacidade produtiva e estrutura organizacional capazes de atender às

demandas globais.

Nas palavras de Costa e Almeida (2002, p.59),

a concorrência tornou-se mais acirrada com a entrada de multinacionais com capital, força da marca e preços reduzidos, com grandes investimentos em P&D, qualidade de seus produtos e serviços, facilidades de distribuição, deixando as pequenas empresas em defasagem.

A globalização gera “aumento da competição para quase todo tipo de

organização” (ROBBINS, 2000, p.6). As fronteiras nacionais não mais definem os

limites de atuação das empresas.

Por seu lado, segundo Levitt (1998, p.197), “uma poderosa força impulsiona o

mundo na direção de uma convergência para a uniformização, e essa força é a

tecnologia”, que exige de todas as empresas, a atualização permanente da sua

capacidade tecnológica. A internet, por exemplo, “é um meio de comunicação que

pode revolucionar a forma de comercialização de qualquer tipo de empresa”

(COSTA; ALMEIDA, 2002, p.53). Essa atualização que, via de regra, implica em

novos investimentos, torna-se inviável para as microempresas e empresas de

pequeno porte, que em geral não dispõem de recursos financeiros suficientes e,

além disso, têm dificuldades para acessar os créditos disponíveis no mercado.

Page 15: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

15

Muito embora, como salienta Robbins (2000, p.5), “as mudanças

tecnológicas no modo como as informações são geradas, armazenadas, utilizadas e

compartilhadas as tornaram mais acessíveis”.

As inovações tecnológicas, segundo Caron (1997, p.1), “provocam uma

redução das distâncias geográficas, ressaltam as desigualdades, evidenciam a

interdependência, induzem a reorganização da sociedade para um novo tempo de

desenvolvimento”.

Especificamente sobre o setor de farmácias, outros dois aspectos devem ser

considerados no tocante à competição por uma fatia de mercado: a participação das

grandes redes no mercado; e o processo de fusões/aquisições por parte de grandes

grupos econômicos. Para ter uma ideia da participação das grandes redes no

mercado de farmácias, destaca-se o caso de Curitiba que, em 2008, tinha

aproximadamente 800 farmácias, das quais 250 (31%) pertenciam às grandes redes

que atuavam (e continuam atuando) na cidade (PARANÁ-ONLINE, 2011).

O que comprova a força das grandes redes é o crescimento da sua

participação no mercado. Segundo Tamascia (2010), em 2006, as farmácias

independentes eram responsáveis por 58% do faturamento do setor no Brasil,

enquanto que as médias e grandes redes somavam 40%. Contudo, em 2010, as

farmácias independentes passaram a responder por 49% do faturamento (queda de

nove pontos percentuais), enquanto que as médias e grandes redes aumentaram

para 47% a sua participação no mercado.3 Dois fatores contribuíram

significativamente para essa mudança de cenário: poder de negociação junto aos

fornecedores, o que possibilita conceder descontos superiores aos praticados pelas

pequenas farmácias; grande visibilidade no mercado, em decorrência das

campanhas de marketing e da quantidade de lojas da rede.

Com relação ao processo de fusões/aquisições, o Portal Farmacêutico (2010)

destaca que as fusões entre redes de farmácias devem continuar em 2011,

seguindo o exemplo do que já vem ocorrendo no setor. Para exemplificar, o portal

traz o caso do banco BTG Pactual4, que em 2009 comprou a Rede Farmais (com

3 O restante do mercado está sob controle do chamado canal alimentar (supermercados) (TAMASCIA, 2010). 4 O BTG Patual é um dos principais Bancos de Investimentos e Gestor de Recursos dos mercados emergentes.

Tem mais de 27 anos de história. Possui escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Londres, Nova York e Hong Kong (PORTAL BTG PACTUAL, 2011).

Page 16: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

16

mais de 400 farmácias), o Grupo Rosário Distrital (com 80 farmácias) e mais 32 lojas

da Farmácia dos Pobres (PORTAL FARMACÊUTICO, 2011). Consolidando, assim,

uma rede própria de farmácias com grande poder de penetração no mercado e com

elevado poder de barganha junto aos fornecedores.

Para complementar este assunto, cabe destacar que a Associação Brasileira

de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), possui atualmente 25 redes de

farmácias próprias associadas, e tem parceria com 20 grandes fornecedores, os

quais são qualificados pela associação como “sócios-colaboradores” (Abrafarma,

2011). Essas parcerias garantem descontos e condições especiais aos participantes

da associação.

Considerando os efeitos da globalização e do avanço tecnológico, aliados ao

poder de penetração no mercado das redes de farmácia, e à tendência de fusões e

aquisições de farmácias por parte de grandes corporações, fica claro que cabe às

farmácias independentes encontrarem soluções estratégicas para superarem os

desafios de competitividade que se apresentam atualmente.

Dentre as alternativas existentes, estão as alianças estratégicas empresariais.

As alianças, as parcerias, a cooperação empresarial são desafios e oportunidades que se apresentam para as empresas modernas, não mais apenas como uma alternativa eventual, mas como condição fundamental e indispensável para a sobrevivência e o crescimento (CARON, 1997, p.69).

As alianças estratégicas

Envolvem a cooperação entre duas ou mais entidades. Representam um meio de as instituições manterem suas estratégias individuais, apesar dos recursos limitados em algumas áreas, e fortalecerem-se ao encontrar organizações com as quais possam cooperar (NOLETO, 2006, p.35).

Nesse cenário, tudo indica que a farmácia que continuar atuando

isoladamente, terá cada vez mais dificuldades para manter-se no mercado.

Baseado neste contexto, esse trabalho aborda a importância da formação de

redes de cooperação empresarial e procura fazer uma análise dos efeitos dos

fatores internos no funcionamento de uma rede de empresas independentes.

Os fatores internos de uma rede de cooperação empresarial, que se pretende

analisar são: as ações praticadas e os benefícios oferecidos aos participantes da

rede; as práticas de gestão adotadas pelos gestores da rede; o comprometimento

Page 17: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

17

das pessoas que participam da rede e as relações interpessoais existentes entre

elas. A escolha desses fatores deve-se ao fato de que eles possibilitam analisar a

importância do papel e da postura dos gestores, bem como a importância da

participação e do comprometimento dos participantes de uma rede associativa.

Para possibilitar a realização da análise pretendida, foi escolhida, para

realização de um estudo de caso, a Rede Hiperfarma (Rede de Farmácias e

Drogarias independentes, que atuam principalmente em Curitiba e Região

Metropolitana). Esta rede é gerida por uma associação denominada Associação de

Farmácias e Drogarias de Curitiba e Região Metropolitana (Asfacur).

Assim sendo, a primeira parte deste trabalho visa orientar o leitor sobre o

contexto no qual o projeto foi elaborado, apresentar os objetivos, o problema de

pesquisa, a importância e as contribuições que a pesquisa pode proporcionar.

A segunda seção constitui-se em uma revisão teórica, na qual foi apresentado

como a formação de redes de cooperação empresarial pode ser uma estratégia para

aumentar a competitividade das pequenas empresas. Nessa seção, também foram

abordados os conceitos, objetivos, tipologias e a importância das redes de

cooperação empresarial. O último capítulo da revisão teórica trata da gestão e da

operacionalização de redes de empresas. Em seguida, são apresentados os

procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa e na elaboração do trabalho

(terceira seção).

A quarta seção do documento diz respeito ao estudo de caso da Rede

Hiperfarma. Nela é feita uma apresentação desta rede, bem como é feita a tabulação

e a análise das informações obtidas em reuniões, pesquisas e entrevistas.

Por fim, são apresentadas as considerações finais.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Considerando os fatores mencionados na contextualização, o presente estudo

tem como questão de pesquisa o seguinte problema: que fatores internos concorrem

para que os objetivos da Rede Hiperfarma sejam atingidos?

Conforme já mencionado na contextualização, os fatores internos a serem

analisados neste estudo de caso são: as ações praticadas e os benefícios

Page 18: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

18

oferecidos pela Asfacur para seus associados; as práticas de gestão adotadas; o

comprometimento dos associados e as relações interpessoais entre os participantes

da rede.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Caracterizar os fatores internos que contribuem e os que dificultam o

atingimento dos objetivos da Rede Hiperfarma (conforme disposto na seção 4 -

Estudo de Caso da Rede Hiperfarma).

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Identificar os objetivos da Rede Hiperfarma;

b) Identificar os fatores internos que têm contribuído para o atingimento

dos objetivos da Rede Hiperfarma;

c) Identificar os fatores internos que dificultam o atingimento dos

objetivos.

1.4 IMPORTÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES

Os resultados obtidos com a pesquisa são importantes porque possibilitam,

por meio do estudo realizado, obter uma visão ampla do funcionamento prático e

das relações interpessoais que ocorrem na Rede Hiperfarma. Essa visão, por sua

vez, contribui para que os gestores da Asfacur possam implementar medidas que

potencializem os aspectos favoráveis e que reduzam ou eliminem as situações que

dificultam o atingimento dos objetivos pretendidos com a rede.

O estudo poderá ser útil, também, para os gestores de outras redes de

cooperação, que poderão traçar um paralelo com os fatos que ocorrem em suas

respectivas redes, encontrando assim caminhos para a solução dos seus próprios

problemas.

Poderão servir-se também deste estudo, os consultores e outros profissionais

que atuam no campo do associativismo, não somente empresarial, pois alguns dos

Page 19: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

19

aspectos identificados e abordado ocorrem também em outros tipos de organizações

associativas.

No campo teórico, esse estudo poderá ser utilizado para a formulação de

novos estudos a cerca do assunto, servindo de base para a compreensão de como o

processo associativo se desenvolve entre as empresas, quais são as dificuldades

encontradas para fortalecer o associativismo empresarial, bem como, o que precisa

ser feito nesse sentido.

Além disso, o resultado do estudo pode contribuir para a reformulação e a

formulação de políticas públicas, que estimulem a formação e o fortalecimento das

redes de cooperação empresarial; bem como pode subsidiar instituições de apoio e

fomento empresarial, no momento de definir suas estratégias de apoio e parcerias

com as empresas.

Page 20: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

20

2 REVISÃO TEÓRICA

Para subsidiar a elaboração do estudo de caso da Rede Hiperfarma, foi

necessário, antes de tudo, fazer uma coleta de informações a respeito de gestão, de

estratégia e de associativismo empresarial. Essas informações foram obtidas por

meio de pesquisas bibliográficas e pesquisas em meios eletrônicos, tendo como

referência materiais produzidos por autores reconhecidos.

Nessa parte da dissertação é apresentado esse conjunto de informações

obtidas.

2.1 ESTRATÉGIA BASEADA NA COOPERAÇÃO EMPRESARIAL

Este capítulo começa com uma reflexão sobre a visão tradicional e a visão

atual dos empresários, no que diz respeito aos seus inter-relacionamentos com

clientes, fornecedores e concorrentes. É sabido que existem outros atores que

contracenam com as empresas no “jogo dos negócios” (governos, ONGs, sociedade

em geral). Contudo, foram selecionados para abordagem neste capítulo, apenas os

três (clientes, fornecedores e concorrentes) por serem essenciais para a análise

proposta.

Em seguida, são apresentados os conceitos e determinantes da estratégia

empresarial. Nessa parte, também são apresentadas algumas formas de alianças

que podem se constituir em estratégias de melhoria de competitividade das

empresas. Essas alianças podem ocorrer entre empresas concorrentes e entre

clientes e fornecedores.

Mas como a cooperação e as alianças empresariais podem se tornar

instrumentos estratégicos para o desenvolvimento das empresas? Responder a essa

pergunta é o objetivo principal deste capítulo.

2.1.1 A Visão Tradicional de Negócio

Historicamente os negócios são vistos como um embate, no qual a

sobrevivência de uns, pressupõe a derrocada de outros. “Negócio é Guerra”

Page 21: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

21

(NALEBUFF; BRANDENBURGER, 1996, p.13). Esta forma de pensar e de agir

empresarialmente transforma as relações de mercado em uma “guerra de

sobrevivência”, na qual todos os demais agentes que interagem com uma

organização são vistos e tratados como inimigos. Assim sendo, estratégias são

formuladas com objetivo principal de “derrotar” os inimigos, cada qual pelo viés que

for possível e mais eficaz.

Segundo Nalefuff e Brandenburger (1996, p.13), na visão tradicional dos

negócios, os concorrentes devem ser “rechaçados”. Para alguém ser bem-sucedido,

os outros têm de fracassar. Os fornecedores devem ser “derrubados”, porque

tradicionalmente os empresários veem os fornecedores como inimigos. Os clientes

devem ser “presos”. Dentre os possíveis mecanismos para prender o cliente, está a

“guerra de preços”, a qual tem sido muito utilizada pelas empresas. A competição

baseada no preço, invariavelmente, implica em renuncia do lucro.

Outro autor que destaca o relacionamento da empresa com seus clientes, na

visão tradicional de negócio, é Robbins (2000). Segundo ele, “os consumidores

adquirem aquilo que as empresas decidem fornecer-lhes” (ROBBINS, 2000, p.5), ou

seja; as empresas oferecem aos seus clientes aquilo que elas querem, da forma

como querem, sem se preocupar em identificar as expectativas dos clientes.

2.1.2 A Visão Atual de Negócio

As mudanças ocorridas no mundo nas últimas décadas têm “forçado" os

empresários, os estudiosos do pensamento estratégico e a sociedade como um

todo, a mudarem a forma como veem as relações empresariais. Essa nova visão

pressupõe que o desenvolvimento de uma empresa não depende do

enfraquecimento de outras, pelo contrário, em muitos casos, depende do

desenvolvimento das outras empresas, inclusive dos concorrentes.

Nas palavras do banqueiro Bernard Baruch5: “Você não precisa apagar a luz

dos outros para que a sua brilhe” (BARUCH apud NALEBUFF; BRANDENBURGER,

1996, p.13).

5 Bernard Baruk foi financista, banqueiro e conselheiro do governo norte americano, que graças à sua visão

financeira fez fortuna antes dos 30 anos de idade. É de sua autoria a expressão “Guerra Fria”, cunhada para expressar a tensão entre Estados Unidos e União Soviética.

Page 22: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

22

Assim sendo, “Negócio é cooperação quando o objetivo é criar um bolo e

concorrência quando chega a hora de dividi-lo” (NALEBUFF; BRANDENBURGER,

1996, p.14). Portanto, o negócio é guerra e paz simultaneamente, ou seja: “Você

tem que competir e cooperar ao mesmo tempo” (NOORDA6 apud NALEBUFF;

BRANDENBURGER, 1996, p.14). Segundo essa visão de negócio, os atores que

interagem com a organização têm papéis importantes no seu desenvolvimento.

Muitas vezes, inclusive, esses atores exercem muitos papéis simultaneamente.

Outro aspecto que diferencia as duas visões de negócio (tradicional e atual), é

o que diz respeito ao relacionamento comercial com os clientes. Nessa nova visão,

segundo Robbins (2000, p. 5), “as necessidades do cliente conduzem os negócios”;

ou seja: a empresa deve “perguntar” aos clientes quais são suas expectativas e

necessidades e, a partir disso, desenvolver seus produtos e serviços.

2.1.3 Os Atores e seus Papéis

Para aprofundar um pouco mais a reflexão sobre os atores que participam do

“jogo dos negócios” será apresentada a concepção de Nalebuff e Brandenburger

(1996). Segundo esses autores, existe um conjunto de quatro atores que se

relacionam com a organização: fregueses (clientes); fornecedores; concorrentes e

complementadores.

Os três primeiros (clientes, fornecedores e concorrentes) dispensam

apresentação, porém, antes de iniciar a análise dos papéis dos atores, é necessário

que entender quem vem a ser o quarto ator: complementador (NALEBUFF;

BRANDENBURGER, 1996).

Complementador é o agente que fornece ou propicia qualquer tipo de produto

ou serviço que complemente o negócio de uma empresa, ou do qual a empresa

dependa para desenvolver seu negócio. Portanto, “Complemento de um produto ou

serviço é qualquer outro produto ou serviço que torne o primeiro mais atraente”

(NALEBUFF; BRANDENBURGER, 1996, p.22). Por exemplo; a Microsoft

(desenvolvedora de softwares) e a Intel (fabricante de microprocessadores) são

empresas complementares, pois o desenvolvimento de softwares mais velozes e

6 Ray Noorda, fundador da companhia NOVELL de software de rede. Noorda é o criador da palavra co-opetição,

que expressa a importância de se competir e cooperar simultaneamente.

Page 23: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

23

“poderosos,” não só propicia como também exige a fabricação de hardwares

compatíveis;

A seguir serão analisados os papéis desempenhados por esses quatro atores,

nas suas relações com as organizações que fazem parte dos seus respectivos

universos de atuação e também o inter-relacionamento entre estes atores. É

importante destacar que a análise será feita de maneira global, ou seja: não serão

analisados individualmente os papéis de cada ator, tendo em vista que o objetivo é

destacar as inter-relações que podem propiciar cooperações e alianças entre

organizações e pessoas.

Na visão de Nalebuff e Brandenburger (1996, p.32), o primeiro aspecto que

merece destaque é o fato de que estes atores exercem múltiplos papéis nas

relações de negócio, ou seja: um cliente pode ser também um fornecedor, um

concorrente pode ser também um complementador, um complementador pode ser

um cliente. Exemplo: A Delta Airlines e a American Airlines são concorrentes quando

disputam passageiros, pistas de aterrissagem e portões de embarque, mas são

complementadoras quando encomendam aeronaves da Boeing. O fato de ambas

serem clientes da fabricante de aviões faz com que essa tenha interesse e

necessidade de desenvolver aeronaves cada vez melhores e, além disso, faz com

que os custos do desenvolvimento de novos modelos de aeronaves sejam divididos

entre seus clientes;

Assim sendo, é melhor encontrar alternativas em que ambos (concorrentes)

possam ganhar, essa é a situação chamada: ganha-ganha (NALEBUFF;

BRANDENBURGER, 1996, p.51).

2.1.4 Formação de Alianças Empresariais como Estrat égia de Competitividade das Organizações

Anteriormente foi citado que existem aspectos do relacionamento entre os

atores que participam das relações de negócio, os quais motivam a formação de

alianças estratégicas. A etapa seguinte será analisar como podem ser formadas as

alianças e que benefícios elas podem trazer para as empresas envolvidas. É

importante salientar que o foco desta análise concentra-se nas alianças estratégicas

entre empresas privadas, com fins lucrativos.

Page 24: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

24

Antes de iniciar a análise das alianças será feita uma revisão teórica dos

conceitos de estratégia e seus fatores determinantes, bem como, serão abordados

alguns aspectos inerentes à escolha das estratégias por parte das empresas. Mais

adiante, será possível verificar que estes aspectos têm papel importante na escolha

dos parceiros estratégicos e na forma como as relações entre eles são

concretizadas.

2.1.4.1 Estratégia Empresarial: Conceitos e fatores determinantes

Para Mintzberg (2006, p.29), estratégia “é o padrão ou plano que integra as

principais metas, políticas e sequências de ação da organização em um todo coeso”.

Ele afirma que as estratégias “podem ser vistas como declarações prévias para

orientar a ação ou como resultados posteriores de um comportamento real”

(MINTZBERG, 2006, p.30).

Para Hofer e Schendel (1978, p.13), por sua vez, estratégia é "a principal

ligação entre fins e objectivos e políticas funcionais de vários sectores da empresa e

planos operacionais que guiam as actividades diárias".

Destes dois conceitos é possível extrair três elementos que fazem parte da

essência da estratégia:

a) Política empresarial: nesse aspecto a estratégia assume o status de

algo que faz parte da empresa como um todo, assim sendo, a alta

direção da organização tem papel fundamental na sua formulação e no

acompanhamento do atingimento dos objetivos estratégicos;

b) Objetivos e metas: os objetivos podem ser definidos para curto, médio

e longo prazo e, dependendo da sua abrangência e impacto no

desenvolvimento do negócio, podem ser operacionais, táticos ou

estratégicos. Os objetivos estratégicos, segundo Mintzberg (2006,

p.29) são “aqueles que afetam a direção geral e a viabilidade da

entidade”, estes objetivos em geral são de longo prazo;

c) Organização como um todo: as decisões estratégicas, via de regra,

tomadas pela alta direção da empresa, afetam direta ou indiretamente

todos os setores da organização. Assim sendo, é fundamental que haja

integração, cooperação e sinergia interdepartamental para que os

Page 25: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

25

objetivos estratégicos sejam atingidos. Além disso, como destacado

nos conceitos acima, esse processo deve contemplar o dia-a-dia da

organização.

Também merece ser mencionado o conceito formulado por Nicolau, no qual a

estratégia “pode ser entendida como a relação existente entre a empresa e o meio

envolvente [...]” (NICOLAU, 2001, p.13). Neste conceito, a autora aborda um

componente muito importante no processo de formulação da estratégia empresarial:

meio envolvente.

O meio envolvente (ou meio ambiente organizacional) é o contexto em que a

empresa existe e realiza suas atividades. Ele influencia a maneira como a empresa

se comporta e, também, é influenciado pelas ações praticadas pela empresa. Assim

sendo, as estratégias adotadas pelas empresas são definidas com base nas suas

relações com o meio envolvente (no passado e no presente) e visam definir como

serão essas relações no futuro (NICOLAU, 2001).

Para cada tipo de ator7 que compõe o meio envolvente de uma empresa,

caberão estratégias diferenciadas de inter-relação e para cada estratégia, haverão

objetivos específicos a serem atingidos.

Outros dois conceitos de estratégia relevantes, por complementarem os

anteriores, são os de Thiertart e Porter. Para Thiertart8 (1984 apud NICOLAU, 2001,

p.05), estratégia “é o conjunto de decisões e ações relativas à escolha dos meios e à

articulação dos recursos com vista a atingir um objetivo”. Observa-se por esse

conceito, que também fazem parte da formulação da estratégia, a definição das

ações a serem executadas pelos diversos departamentos da empresa, bem como

quais são os meios e recursos (financeiros, humanos, tecnológicos) que serão

necessários. O papel dos responsáveis pela formulação da estratégia, nos diversos

níveis hierárquicos da organização, é definir, organizar e assegurar que as ações

sejam executadas conforme planejado e que os recursos estejam disponíveis e

sejam utilizados com o devido propósito.

7 Os atores que compõem o meio envolvente de uma organização são: clientes, fornecedores, concorrentes,

complementadores, órgãos públicos, organizações não governamentais sem fins lucrativos, o meio ambiente propriamente dito e a sociedade em geral, que direta ou indiretamente possuam algum tipo de relação com a organização.

8 THIETART, R. A. La Stratégie d’entreprise . 1984.

Page 26: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

26

Porter, por sua vez, enfatiza o caráter competitivo da estratégia. Para ele

“Uma estratégia competitiva efetiva assume uma ação ofensiva ou defensiva de

modo a criar uma posição defensável contra as cinco forças competitivas”

(PORTER, 1986, p.45)9.

Já, para Noleto (2006, p.35), a estratégia é “a arte de planejar operações de

guerra; arte de combinar a união de forças; arte de dirigir um conjunto de

disposições”.

Juntando todos esses conceitos, é possível concluir que a estratégia

competitiva requer o estabelecimento de objetivos, que visam manter ou conquistar

uma posição no mercado, a partir das relações com o meio ambiente e que para

atingir esses objetivos é necessário que seja definido, pela alta direção da empresa,

um conjunto de ações, meios e recursos, que serão coordenados, executados e

utilizados pelos diversos níveis hierárquicos, por meio de um processo de inter-

relacionamento.

Portanto, a formulação da estratégia competitiva da empresa envolve um

conjunto de fatores internos e externos à organização.

Dentre as possíveis alternativas estratégicas destacam-se: a busca de

parcerias; a troca de cooperação e a formação de alianças empresariais. É esse

assunto que será tratado na parte seguinte deste capítulo.

2.1.4.2 Cooperação e Alianças Estratégicas

É importante salientar que existem inúmeras formas, motivos e meios, para

duas ou mais empresas constituírem alianças estratégicas. Naturalmente, não se

pretende esgotar este tema, mas sim, apresentar de forma genérica as razões que

fazem com que a cooperação empresarial se torne cada vez mais necessária.

Também faz parte do escopo deste capítulo identificar alguns tipos de estratégias

que podem ser adotadas a partir da cooperação entre empresas.

Antes de entrar no conteúdo proposto no capítulo, é importante aprofundar o

entendimento sobre cooperação e aliança. Para Dumke; Anazco e Paul (2011), para

haver cooperação um indivíduo deve interagir com o outro, portanto cooperar 9 Para maiores informações sobre as cinco forças competitivas, ver: 3.4.3 O planejamento estratégico em redes

de cooperação empresarial.

Page 27: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

27

“envolve o ato de colaborar e interligar-se a este mediante uma espécie de círculo

vicioso, um promovendo o outro, em relação a um objetivo compartilhado [...]"

(DUMKE; ANAZCO; PAUL, 2011, p.49).

Segundo Caron (1997, p. 84), a

cooperação é um instrumento que as empresas, independentes do seu tamanho, têm à disposição para expansão, renovação, conquista de novos mercados, participação com sucesso da competição nacional e internacional, adaptação a mudanças rápidas e constantes.

Para Kotler, Jatusripitak e Maesincee (1997, p.340), aliança é uma “forma

conveniente de [a empresa] penetrar em novos mercados; de obter habilidades,

tecnologia ou produtos, e de dividir custos fixos e recursos”. Para eles, são formas

de alianças: acordos cooperativos; acordos de fornecimento; acordos de

licenciamento e franquia entre outros (KOTLER; JATUSRIPITAK; MAENSINCEE,

1997, p.341).

Aliança, segundo Noleto (2006, p.35), é a “união, pacto, mistura,

aproximação, pacto de amizade e cooperação entre estados, povos ou soberanos

[...]”. As alianças estratégicas, por sua vez, “envolvem a cooperação entre duas ou

mais entidades” (NOLETO, 2006, p.35).

Segundo Linch (1994), a aliança estratégica deve conseguir satisfazer três

critérios, caso contrário ela pode não ser estratégica, nem bem sucedida. Esses

critérios são: obter metas estratégicas; reduzir riscos e aumentar as compensações

da empresa; alavancar recursos preciosos.

Para começar, será feita uma reflexão a respeito dos efeitos das mudanças

tecnológicas – ocorridas a partir da década de 1970 – e a respeito do impacto da

globalização, em ambos os casos, sobre os processos de gestão, produção e

comercialização de produtos e serviços.

A globalização e as novas tecnologias de informação, que compreendem as

tecnologias nas áreas de computação (informática) e das telecomunicações,

promoveram profundas mudanças organizacionais desde o modo de produção e

comercialização dos produtos e serviços, até a forma de gestão das empresas.

Essas mudanças intensificaram o “[...] processo de interdependência e o

Page 28: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

28

aprofundamento da integração econômica entre as empresas e as nações [...]”

(CARON, 1997, p.69). Na visão de Nakano10 (1994 apud CARON, 1997, p.69):

A revolução tecnológica/organizacional e a globalização são duas forças motoras que estruturam as transformações e definem as tendências marcantes no novo cenário de desenvolvimento econômico das nações nas próximas décadas. Essas forças exercerão pressão sobre as estruturas produtivas e organizacionais e sem respeitar as fronteiras nacionais irão determinar quais empresas e organizações que irão sobreviver com a intensificação da competição global.

Por sua vez, Castells (2005, p.39) afirma que:

Uma revolução tecnológica concentrada nas tecnologias de informação começou a remodelar a base material da sociedade em ritmo acelerado. Economias por todo o mundo passaram a manter interdependência global apresentando uma nova forma de relação entre a economia, o Estado e a sociedade em um sistema de geometria variável.

Analisando as palavras de Caron (1997), Nakano (1994) e Castells (2005),

pode-se verificar que tanto a globalização como o desenvolvimento tecnológico nas

áreas de telecomunicações, intensificam o inter-relacionamento e a

interdependência entre as empresas. Assim sendo, pode-se concluir que a formação

de parcerias e alianças empresariais – as quais intensificam as relações e

favorecem a interdependência construtiva – passa a ser, no novo cenário mundial,

condição básica de sobrevivência e crescimento das organizações.

Alguns dos elementos, que segundo Costa Campi11 (1989 apud CARON,

1997, p.70), exigem das empresas a formação de alianças são: “Los elevados

gastos com investigacion y desarrollo, la constante inovación de processos y de

productos, y la creciente importancia del capital humano”. Desta forma, as

organizações têm buscado a cooperação estratégica com objetivo de reduzir custos,

aumentar sua competitividade, “aumentar a flexibilidade, a capacidade inovadora, o

desenvolvimento conjunto de projetos de pesquisa, a produção e a gestão

mantendo-se a autonomia das empresas envolvidas no processo” (CARON, 1997,

p.70).

Para Amato Neto (2005, p.17); “As redes estratégicas interorganizacionais

constituem-se, portanto, em uma alternativa quanto à forma de organizar a produção

10 NAKANO, Y. Globalização, competitividade e novas regras do comércio mundial. Revista de Economia

Política , v.14, n.4, out./dez. 1994. 11 COSTA CAMPI, Maria Tereza. La cooperación entre empresas, nueva estratégia competitiva. Economia

Industrial. Ministério de Industria y Energia , Espana, mar./abr. 1989.

Page 29: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

29

de bens e/ou serviços e podem ser utilizadas pelas empresas na busca de melhoria

de sua posição competitiva”. O autor destaca a fragilidade das pequenas e médias

empresas, que, segundo ele, têm dificuldade de competir com as grandes

organizações. Essa fragilidade decorre da incapacidade de dominar e gerir todas as

etapas da cadeia de valor, portanto, a solução passa a ser a formação de redes de

cooperação, que proporcionam o surgimento de “organizações virtuais”12, que

possibilitam que os membros participantes da rede reduzam seus custos e dividam

os riscos dos seus negócios, da mesma forma que possibilitam que eles

compartilhem recursos, instalações e competências.

Analisando por outro ângulo, observa-se que além dos aspectos acima

mencionados, existem outros fatores que motivam ou exigem que as pessoas

busquem a cooperação de outras pessoas por meio da formação de alianças. Na

visão de Le Cardinal et al. (1997, apud, DO NASCIMENTO; LABIAK JUNIOR, 2011),

as pessoas buscam a cooperação de outros, pelos seguintes motivos: necessidade;

segurança; facilidade e/ou prazer.

No tocante à necessidade, esses autores apontam alguns possíveis fatores

que tornam necessária a prática cooperativa:

a) O projeto exige a participação de mais de uma pessoa (necessidade

quantitativa);

b) A pessoa não detém todo o conhecimento ou competência necessários

para tocar o projeto sozinho (necessidade qualitativa);

c) Existe um aspecto legal ou contratual que obrigue a participação de

mais de um ator no projeto (necessidade legal);

d) A pessoa depende do fornecimento de materiais ou informações, ou

depende da energia (participação) de outra pessoa para executar o

projeto;

e) A pessoa necessita a presença de outra pessoa (necessidade

psicológica).

12 Organização virtual é uma forma de cooperação entre empresas, que “através das novas tecnologias da

telemática (a internet, por exemplo), têm os seguintes objetivos: 1) alavancar a competitividade dos parceiros desta rede; 2) possibilitar a exploração de novas oportunidades de mercado em âmbito global” (AMATO NETO, 2005, p.18).

Page 30: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

30

Com relação às parcerias formadas por questão de segurança, Le Cardinal et

al. (1997, apud, DO NASCIMENTO; LABIAK JUNIOR, 2011), afirmam que a pessoa

busca a cooperação de outra pessoa com o propósito de diminuir o risco de

insucesso do projeto, muito embora, ela saiba que poderia executar o projeto

sozinha.

Com relação ao terceiro fator, a facilidade, segundo Le Cardinal et al. (1997

apud DO NASCIMENTO; LABIAK JUNIOR, 2011), alguns tipos de projetos podem

perfeitamente serem executados individualmente, porém, a pessoa tem consciência

de que buscando a cooperação de outros atores, a execução do projeto será mais

fácil.

Por fim, existem as situações em que é mais agradável interagir com outras

pessoas, do que agir sozinho. Projetos executados de forma cooperativa, por esse

motivo, são projetos onde a cooperação se dá por prazer, e não por nenhum dos

outros motivos citados anteriormente (LE CARDINAL et al., 1997 apud DO

NASCIMENTO; LABIAK JUNIOR, 2011).

Também é importante considerar que o aproveitamento de competências

coletivas, instaladas em complexos geograficamente concentrados (clusters),

favorece a formação de alianças estratégicas que proporcionam vantagens

competitivas, que isoladamente as empresas não teriam (AMATO NETO, 2005,

p.41). Nesse sentido, fatores tais como a disponibilidade de mão-de-obra qualificada

e o acesso às matérias-primas, aumentam a competitividade das empresas e geram

retornos crescentes. Ainda sobre os clusters, Porter13 (2005 apud AMATO NETO,

2005, p.42) afirma que

é possível identificar uma rede de relacionamentos entre companhias e outras entidades importantes à competição, concentradas geograficamente e atuando em um campo específico. Esta rede inclui fornecedores especializados de matérias-primas, equipamentos e serviços, bem como infraestrutura adequada e acesso a canais de distribuição e aos consumidores.

Além do que, em vários clusters estão presentes órgãos do governo,

universidades, serviços de capacitação e qualificação de mão-de-obra, entidades de

classes entre outros.

13 PORTER, M. E. Clusters and the new economics os competitions, Harvard Business Review , p.77-90,

Nov./Dec. 1998.

Page 31: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

31

Outra estratégia que vêm sendo adotada, especialmente por grandes

corporações do setor automobilístico, é a formação de redes de fornecimento. Nas

palavras de Vershore e Balestrin (2008, p.92), baseados em Todeva, a formação de

uma rede de fornecimento ocorre na situação

em que um grupo de empresas subcontratadas é coordenado para a execução de atividades complementares de uma empresa líder. O modelo de redes de fornecimento apresenta um relacionamento colaborativo entre a empresa central e suas parceiras. Estabelecem-se entre ambas relações de autonomia e interdependência, com os agentes negociando seus possíveis benefícios na tentativa de maximizar os ganhos que a parceria pode render.

Para Quinn e Hilmer14 (2001 apud BALESTRIN; VERSHORE, 2008, p. 92), os

principais benefícios que a rede de fornecimento pode gerar são:

a) aumento do retorno sobre os recursos utilizados pelas empresas (tanto

a fornecedora como a recebedora do produto/serviço), pela

concentração de investimentos e esforços no que a empresa faz de

melhor (uso das competências individuais);

b) a competência bem utilizada cria barreiras contra o ingresso de novos

concorrentes no mercado. Isso se aplica no caso do fornecedor e do

recebedor do produto ou serviço;

c) a empresa líder (recebedora) se beneficia dos investimentos feitos pelo

fornecedor, incorporando inovações e conhecimentos oriundos deste;

d) em mercado de rápida mutação as redes de fornecimentos reduzem os

riscos do negócio, diminuem o ciclo produtivo e os investimentos e

ainda facilitam a satisfação das exigências dos clientes.

Como foi apresentado no início deste capítulo, o objetivo neste momento foi

mostrar que muitas vezes é necessário e outras vezes é possível formar alianças (de

diversas formas), as quais podem contribuir para melhorar a competitividade das

empresas.

2.2 REDES DE COOPERAÇÃO EMPRESARIAL – CONCEITOS, OBJETIVOS, CARACTERÍSTICAS, TIPOLOGIA, O CAPITAL SOCIAL E O CAPITAL RELACIONAL15

14 QUINN, James Brian; HILMER Frederick G. Essência competitiva e terceirização estratégica. In: MINTEZBEG,

Henry; QUINN, James B. O processo da estratégia . Porto Alegre: Bookman, 2001.

Page 32: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

32

2.2.1 Introdução

Conforme citado na contextualização, o desafio de competitividade das

microempresas e empresas de pequeno porte (MPEs) requer que elas encontrem

soluções estratégicas para se manterem no mercado e até mesmo para se

desenvolverem. Essas soluções começam por promover mudanças internas para

corrigir problemas organizacionais e para adequar a empresa às novas exigências

de mercado.

Contudo, essas soluções, em geral, implicam em investimentos, para os quais

nem sempre as MPEs estão preparadas. Sendo assim, as empresas, em especial

as de pequeno porte, tem buscado, na concretização de parcerias, alternativas para

aumentar seu poder de competitividade no mercado onde atuam.

Dentre as diversas formas de parcerias, uma vem se destacando nas últimas

décadas: a formação de Redes de Cooperação Empresarial.

As Redes de Cooperação Empresarial, cujas definições e possíveis

classificações serão apresentadas no transcorrer desta dissertação, em geral,

objetivam fortalecer os seus participantes por meio da realização de ações em

conjunto e do compartilhamento dos ônus decorrentes das ações executadas.

2.2.2 Conceitos

Para facilitar a compreensão do conceito de rede de cooperação empresarial

e por serem estas, pertencentes a uma das categorias de redes, inicialmente serão

apresentados conceitos genéricos de redes e de redes de cooperação, para em

seguida serem apresentados alguns conceitos específicos.

Para Wellman e Berkowitz16 (1988 apud BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008,

p.76), as redes são “arranjos relacionais estruturados de transações entre membros

de um sistema social”.

Segundo Casas (2001, p.7), as redes (na ótica do conhecimento) são:

“processos de comunicação que implicam num balanço entre as similaridades e

15 Extraído do artigo “As Redes de Cooperação Empresarial e o Desenvolvimento Local” (KLOEPPEL et al.,

2009). 16 WELLMAN, Barry; BERKOWITZ, Steven. Social structures : a network approach. Cambridge: Cambridge

University, 1988.

Page 33: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

33

diferenças [...] é através desses processos de comunicação social que se dá a

formação e transformação do conhecimento”.

Oliver e Ebers17 (1998, apud BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008, p.77), por

sua vez, definem Rede Empresarial como sendo a “União de empresas com objetivo

de obter soluções coletivas”.

As redes de cooperação são “formas híbridas de regulação das atividades

econômicas, que alcançam um ponto intermediário de equilíbrio entre as

propriedades de mercado e da hierarquia” (WILLIAMSON18, 1985 apud THESING,

2005, p.5).

Para Porter, as redes de cooperação são “um método organizacional de

atividade econômica que utiliza a coordenação e/ou cooperação interfirmas”

(PORTER19, 1998 apud THESING, 2005, p.5).

Especificamente sobre redes de cooperação empresarial, foram destacados

os conceitos a seguir:

a) Balestrin e Verschoore (2008, p.79): “Organizações compostas por um

grupo de empresas formalmente relacionadas, com objetivos comuns,

prazo de existência ilimitado e escopo múltiplo de atuação”.

b) Casson e Cox20 (1997 apud BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008, p.78):

“conjunto de relações de troca entre agentes econômicos”.

Além destes conceitos, João Amato Neto, Michele Pikman e Nelson Russo

Ferreira (1998, p.2) definem redes de empresas como sendo “formas especiais de

‘alianças estratégicas’ entre empresas/organizações”.

2.2.3 Características e Objetivo

Aglutinando-se os elementos apresentados nos conceitos formulados por

Balestrin e Verschoore (2008); Casson e Cox (1997); Amato Neto et al. (1998),

17 OLIVER, Amalya L.; EBERS, Mark. Networking network studies: an analysis of conceptual configurations in the

study of inter-organizational relationship. Organization Studies, v.19, n. 4, p. 549-583, 1998. 18 WILLIAMSON, O. E. The economic Institutions of Capitalism . New York: Free Press, 1985. 19 PORTER, M. E. Clusters and the new economics os competitions, Harvard Business Review , p. 77-90,

Nov./Dec. 1998. 20 CASSON, Mark; COX, Howard. An economic model of inter-firm networks . In: Ebers Mark. The formation of

inter-organization networks. Oxford. Oxford University, 1997.

Page 34: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

34

percebe-se que as redes de cooperação têm como característica o fato de serem

formadas por membros (pessoas físicas e jurídicas) que se unem e que por meio

dos processos de comunicação e dos arranjos relacionais, promovem relações de

troca e cooperação mútuas que regulam as atividades econômicas do grupo. Da

mesma forma, é possível constatar que as redes buscam (objetivo) obter soluções

coletivas com vista ao aumento da competitividade.

Os elementos que compõe as características e os objetivos das redes de

cooperação empresarial formam, segundo Vale21 (2007, p.19), o que ela chama de

capital relacional, que é “um novo tipo de ativo, de natureza relacional” presente nas

redes sociais. Esse conceito será abordado mais detalhadamente na continuidade

deste trabalho.

2.2.4 Tipologia das Redes de Cooperação

Diversos autores apresentaram propostas de tipologia para as redes de

cooperação. Nesta parte são apresentadas algumas destas propostas, iniciando

pela de Grandori e Soda22 (1995 apud AMATO NETO; PIKMAN; FERREIRA, 1998).

Eles desenvolveram uma tipologia baseada nos seguintes critérios: tipo de

mecanismos de coordenação utilizados na rede; grau de centralização da rede e

grau de formalização da rede.

A partir destes elementos, Grandori e Soda23 (1995 apud AMATO NETO;

PIKMAN; FERREIRA, 1998, p.19) identificam três tipos de redes: Redes Sociais,

Redes Burocráticas e Redes Proprietárias.

As redes sociais (social networks) têm como principal característica a

informalidade nas relações interempresariais, ou seja: elas não utilizam nenhum tipo

de acordo ou contrato formal, portanto, as “relações sociais é que suportam e

regulam as trocas econômicas” (SACOMENO NETO et al. 2005, p.5). Estas redes

“estão direcionadas para o intercâmbio da chamada “mercadoria social” (prestígio,

21 Gláucia Maria Vasconcelos Vale é autora e professora da PUC Minas, tem mestrado pela Universidade de

Paris I – Panthéon/Sorbonne e doutorado pela UFLA. Possui livros e artigos publicados, no Brasil e no exterior.

22 GRANDORI Anna; SODA Giuseppe. Inter-firm Network: Antecedents, Mechanisms ans Forms. Organization Studies , 1995.

23 GRANDORI Anna; SODA Giuseppe. Inter-firm Network: Antecedents, Mechanisms ans Forms. Organization Studies , 1995.

Page 35: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

35

status, mobilidade profissional, etc.)” (NETO; PIKMAN; FERREIRA, 1998, p.2). Esse

tipo de rede subdivide-se em: Redes sociais simétricas e assimétricas.

Redes sociais simétricas são aquelas onde não existe um poder

centralizado, ou seja, os participantes têm a mesma capacidade de influência nas

questões relativas ao grupo.

“São arranjos inter-organizacionais empregados em projetos de caráter mais

exploratório, cujas informações são de alto potencial, porém de valor econômico

desconhecido. São típicos os exemplos dos Polos e Distritos de alta tecnologia,

onde há, via-de-regra, uma intensa troca de informações e de conhecimentos

entre as partes, sendo sua coordenação realizada através de mecanismos

informais” (NETO; PIKMAN; FERREIRA, 1998, p.2).

Por outro lado, as redes sociais assimétricas, também chamadas de

centralizadas, caracterizam-se pela presença de um agente central, que tem por

função primordial coordenar os contratos formais de fornecimento de produtos e/ou

serviços entre as empresa/organizações que participam da rede. É importante

salientar que os contratos existentes neste tipo de rede são somente com objetivo

de fornecimento de produtos e serviços, portanto, as relações entre os participantes

não são formalizadas em contrato. “Frequentemente, essas redes são coordenadas

verticalmente ou apresentam interdependência transacional entre firmas”

(SACOMENO NETO et al., 2005, p.5). Destacam-se dois setores da economia onde

este tipo de arranjo é praticado: construção civil e indústria automobilística.

Outro tipo de rede, as redes burocráticas , caracteriza-se “pela existência de

um contrato formal, que se destina a regular não somente as especificações de

fornecimento (de produtos e serviços), como também a própria organização da rede

e as condições de relacionamento entre seus membros” (NETO; PIKMAN;

FERREIRA, 1998, p.3). Estas também se dividem em simétricas e assimétricas.

São exemplos de redes burocráticas simétricas as associações comerciais,

os cartéis, as federações, e os consórcios. Neste último caso, estão presentes os

mecanismos de coordenação e de divisão do trabalho entre empresas/organizações,

assim como os sistemas de controles para o monitoramento dos desempenhos e

participações dos diversos membros deste consórcio.

Por outro lado, as redes burocráticas assimétricas

Page 36: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

36

[...] estão relacionadas às redes de agências, aos acordos de licenciamentos e aos contratos de franquias (“franchising”). As redes de agências podem ser ilustradas como, por exemplo, aquelas destinadas à comercialização de produtos e serviços padronizados, tais como as apólices de seguro. Já o licenciamento tende a envolver algumas cláusulas de natureza organizacional, como é o caso dos serviços de assistência técnica prestados por uma rede de concessionárias de automóveis. Por fim os contratos de franchising, que podem ser considerados a categoria mais completa de rede burocrática, dado que através dela são estabelecidos conjuntos de procedimentos formalizados, de resultados padronizados, de sistemas de contabilidade e de treinamento de pessoal padronizados. Neste sentido é que se entende que os contratos de franchising ultrapassam os limites de um mero acordo comercial, pelo fato de que ao franqueado são impostos todos aqueles padrões citados anteriormente (NETO; PIKMAN; FERREIRA, 1998, p.3).

Finalmente, as redes proprietárias, segundo Grandori e Soda24 (1995 apud

AMATO NETO; PIKMAN; FERREIRA, 1998), são aquelas em que existem contratos

formais, porém estes contratos são de propriedade entre acionistas de empresas.

Podem ser classificadas também em simétricas e assimétricas. O caso mais

conhecido das redes de propriedade simétrica são as joint ventures, geralmente

empregadas na regulação das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D),

inovação tecnológica e de sistemas de produção de alto conteúdo tecnológico. Já as

redes proprietárias assimétricas são comumente encontradas nas associações do

tipo capital ventures, que relacionam o investidor de um lado e a empresa parceira

de outro, e são encontradas em maior frequência nos setores de tecnologia de

ponta, onde se estabelecem os mecanismos de decisão conjunta e até mesmo de

transferência de tecnologia gerencial.

2.2.5 Capital Social e Capital Relacional

As redes de cooperação são dotadas de um conjunto de recursos tangíveis e

intangíveis, denominados capitais. Dentre estes recursos, dois são de grande

importância para a análise das relações humanas que ocorrem dentro das redes:

Capital Social e Capital Relacional.

A seguir são apresentados os conceitos de Capital Social na visão de alguns

autores:

24 GRANDORI Anna; SODA Giuseppe. Inter-firm Network: Antecedents, Mechanisms ans Forms. Organization

Studies , 1995.

Page 37: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

37

a) para Costa e Costa (2005, p.4): “ativo intangível gerado a partir de

relações mantidas entre membros pertencentes a uma determinada

comunidade ou região”;

b) para Coleman25 (1988 apud COSTA; COSTA, 2005, p.6): “[...] a

habilidade de as pessoas trabalharem juntas em grupos e

organizações para atingir objetivos comuns”;

c) para Putnam (2000, p. 177): “[...], diz respeito às características da

organização social, como confiança, normas e sistemas [de

participação cívica], que contribuem para aumentar a eficiência da

sociedade, facilitando as ações coordenadas”.

Resumidamente, o Capital Social é o fruto das relações interpessoais que

ocorrem em um determinado grupo que forma uma rede formal ou informal, física ou

virtual. O Capital Social decorre das relações internas do grupo/rede e depende,

além de outros fatores, do grau de confiança existente entre as pessoas.

Para melhor compreensão do capital social e sua influência no fortalecimento

da rede de cooperação, a seguir será apresentada a visão de Tonini e Macke (2007)

obtida a partir de um estudo de caso realizado pelas autoras.

O estudo de caso foi realizado junto à Associação dos produtores de vinhos

finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). Segundo as autoras, “Pesquisas

demonstram que o desenvolvimento das comunidades está diretamente ligado aos

níveis de capital social e confiança existente entre seus membros [...]” (TONINI;

MACKE, 2007, p.99).

“A confiança promove a cooperação. Quanto mais elevado o nível de

confiança numa comunidade, maior a probabilidade de haver cooperação. E a

própria cooperação gera confiança” (PUTNAM, 2000, p.180).

“[...] a confiança pode ser encarada como condição sine qua non para o

desenvolvimento de uma comunidade como um todo, baseada na cooperação e no

bem-estar coletivo” (TONINI; MACKE, 2007, p.101).

25 COLEMAN, James S. Social capital in the creation of human capital. American Journal of Sociology, 94

(supplement), p.95-120.

Page 38: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

38

A confiança a qual as autoras se referem é considerada como confiança

indireta, que “ocorre nos relacionamentos impessoais e pode ser fortalecida a partir

de normas, das quais a principal é a reciprocidade” (TONINI; MACKE, 2007, p.102).

Esse tipo de confiança difere daquela que surge das relações íntimas entre as

pessoas.

As autoras destacam também a importância da honestidade e da estabilidade

do grupo na construção da confiança. Para tanto, se baseiam em Fukuyama (1996,

p.41): “confiança é a expectativa que nasce no seio de uma comunidade de

comportamento estável, honesto e cooperativo, baseado em normas compartilhadas

pelos membros dessa comunidade”.

Segundo Putnam (2000, p.180) “A confiança é um componente básico do

capital social”. O próprio Putnam “chamou de comunidades cívicas aquelas com

maior capital social” (TONINI; MACKE, 2007, p.103).

A pesquisa realizada pelas autoras possibilitou-lhes identificar que a

confiança, no caso da Aprovale, foi gerada pela

necessidade de fortalecer a associação, bem como propiciar benefícios econômicos para a coletividade, fatores principais apontados pelos respondentes [da pesquisa] sobre a participação na associação (TONINI; MACKE 2007, p.107).

Com base nas constatações as autoras formularam as suas conclusões das

quais se destacam:

[...] motivados pela necessidade e a interdependência, a confiança entre os associados foi crescendo e tornando-se recíproca. A confiança entre os membros da Aprovale é total, o que pode ser considerado um fator chave para o sucesso das vinícolas que participam da associação (TONINI; MACKE, 2007, p.109).

A presença de capital social foi identificada principalmente pelas relações dos respondentes com amigos e parentes, pois as ligações existentes entre os associados estão relacionadas às questões profissionais e econômicas, ou seja, aos benefícios para a Aprovale e o grupo (TONINI; MACKE, 2007, p.109).

“[...] a consistência do grupo, a definição de objetivos comuns e a

necessidade de união para alcançá-los” (TONINI; MACKE, 2007, p.109); é o que

realmente fortalece a Aprovale.

Por outro lado, expandindo o conceito de Capital Social, encontra-se o

conceito de Capital Relacional, apresentado por Vale (2007, p.19),

Page 39: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

39

O capital relacional representa o conjunto de recursos enraizados (embedded) em redes sociais e de usufruto de seus detentores. Tais Recursos lhes garantem acesso a informações e a outros bens valiosos e geram oportunidades diferenciadas, condicionando a natureza dos empreendimentos que são capazes de implementar. Atores sociais, com conexões que lhes permitam transpor distâncias sociais e estabelecer pontes com outros atores e redes (grupos sociais) distintos, gozarão de condições mais privilegiadas. O capital relacional, em um dado território, é representado pelo conjunto de recursos presentes nas redes – resultantes dos laços, conexões e relacionamentos, nos âmbitos local e externo – de seus empreendedores e empresas.

Da mesma forma que o Capital Social, o Capital Relacional também decorre

das relações interpessoais, o que os diferencia, é que o primeiro expressa,

exclusivamente, as relações internas, enquanto que o segundo expressa também as

conexões externas do grupo, que geram oportunidades diferenciadas e outros

benefícios.

Vale (2007) realizou uma pesquisa junto ao setor moveleiro de Ubá (MG), em

2005/2006. Com base nessa pesquisa a autora conseguiu

demonstrar a importância e a utilidade da proposição sobre capital relacional para o tratamento e a compreensão de questões associadas ao desenvolvimento e à competitividade. Ao longo do processo de transformação e desenvolvimento da aglomeração produtiva de Ubá, foi possível verificar como as redes locais se adensaram; como surgiram e se multiplicaram as conexões externas; a importância das relações pessoais condicionando e afetando a criação das redes empresariais e as repercussões destas nas redes pessoais; a capacidade de inovação e o papel da ação empreendedora rompendo o status quo e afetando a configuração das redes locais; a interação entre estes processos na formação do capital relacional local. (VALE, 2007, p.171).

Assim sendo, segundo Vale (2007, p.20) o capital relacional “em interação

com outros tipos de recursos produtivos presentes, condicionam a evolução do

próprio território e a pujança competitiva de suas empresas”, ou seja: a melhoria da

competitividade das empresas que fazem parte de uma rede de cooperação, pode

ser obtida com o aumento do nível de capital relacional existente entre os membros

da rede, e esses e o meio ambiente.

2.3 REDES DE EMPRESAS DE PEQUENO PORTE: ATUAÇÃO, ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E GESTÃO

Como demonstram pesquisas realizadas pelo Sebrae, em 2007, embora a

taxa de permanência das MPEs no Brasil, após dois anos de atividade, tenha

aumentado de 51% em 2002, para 78% em 2005 (SEBRAE, 2011), isso significa

que neste último ano a taxa de mortalidade era de 22%.

Page 40: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

40

Os principais fatores que determinaram a mortalidade das empresas no

Estado do Paraná, segundo relatório de pesquisa do Instituto Vox Populi de agosto

2007 (INSTITUTO VOX POPULI, 2006), foram: Falta de conhecimentos gerenciais

(50%); falta de capital de giro (38%); desconhecimento do mercado (25%); falta de

clientes (25%); concorrência muito forte (25%); recessão econômica (25%);

inadimplência (25%); carga tributária elevada (25%).

Assim sendo, para reduzir a taxa de mortalidade das empresas de pequeno

porte são necessárias ações que reduzam, ou eliminem, os efeitos dos seus fatores

determinantes. Nesse sentido, as redes de cooperação empresarial podem exercer

papel importante, pelo menos em relação a alguns destes fatores.

2.3.1 Formas de Atuação

Cada rede de cooperação empresarial tem seu propósito específico, portanto,

é constituída para executar um conjunto de ações específicas para atingir esses

propósitos. No entanto, é possível destacar alguns tipos de ações que são

praticadas por grande parte das redes de empresas, especialmente as que se

consolidam na forma de associações empresariais e centrais de negócios.

Essas ações, de forma geral, visam contribuir para o fortalecimento das

empresas que participam da rede e, por consequência, da própria rede.

2.3.1.1 Compras em Conjunto

Quantidade significativa de redes de cooperação empresarial oferece aos

membros dos seus grupos a possibilidade de participarem de processos de compras

em conjunto. O processo de compra conjunta consiste na formação de grandes lotes

de pedidos, a partir das necessidades específicas de cada membro do grupo.

Agindo dessa maneira, os gestores da rede (normalmente membros da diretoria

executiva e funcionários da entidade que representa formalmente o grupo) objetivam

reduzir os custos de aquisição de produtos (inclusive para revenda) e serviços, e

aumentar os prazos para pagamentos das compras. Nas palavras de Dumke,

Anazko e Paul (2011, p.199), as compras em conjunto visam “facilitar e aprimorar o

desempenho dos componentes da rede”.

Page 41: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

41

Essa prática aumenta o poder de competitividade das empresas do grupo, na

medida em que possibilita que seus produtos e serviços sejam ofertados a preços

compatíveis com os do mercado (concorrência de grande porte), possibilitando obter

margens de lucro mais satisfatórias.

A seguir são apresentados alguns exemplos de benefícios obtidos por

empresas participantes do Programa Centrais de Negócios (SEBRAE/MG, 2011):

a) Rede Farmasul (farmácias de manipulação): aumento médio de 30% no

faturamento das empresas do grupo, entre 2007 e 2009;

b) Rede Coração do Valle (produtores de morango): a compra de insumos

gerou economia de 27% nos custos de produção;

c) Rede Tece Bem (indústrias têxteis): em alguns itens o grupo conseguiu

desconto de 36% com a compra coletiva;

d) Rede Construir (materiais de construção): as sacolas plásticas compradas

individualmente (por empresa) custavam até R$ 80,00 o milheiro. Para os

participantes do grupo, o custo é de R$ 32,00. Com atitudes como esta

uma das empresas teve aumento de 200% no seu faturamento, em quatro

anos.

2.3.1.2 Outras Negociações em Conjunto

Além das compras propriamente ditas, a rede pode realizar negociações

coletivas visando obter vantagens competitivas e benefícios para seus participantes

(SEBRAE, 2011). São comuns negociações para reduzir tarifas bancárias e de

cartões de crédito/débito, para reduzir custos de treinamentos e participações em

eventos (feiras), e, também, para obter benefícios e reduzir custos de contratos de

manutenção e suporte técnico (principalmente informática). A Redemac26 é um

exemplo de rede de cooperação empresarial que conseguiu, por meio do processo

de negociação coletiva, reduzir os custos de prêmios de seguros, na ordem de 10%

a 60%, custos de aquisição de material de expediente, na ordem de 10% a 55%, e

os custos de financiamentos de vendas (entre 10% e 63%). 26 A Redemac é uma rede de lojas de materiais de construção, constituída em 2000, que atua no Estado do Rio

Grande do Sul. Em 2009 esta rede possuía 70 lojas associadas, localizadas em 51municípios, e totalizando 1180 colaboradores. Os dados referentes às reduções de custos são apresentados nas palestras de divulgação da rede, a qual faz parte do programa de Central de Negócios do Sebrae.

Page 42: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

42

A seguir são apresentados alguns exemplos de benefícios obtidos por

empresas participantes do Programa Centrais de Negócios (SEBRAE/MG, 2011):

a) Rede Farmasul (farmácias de manipulação): o convênio firmado com uma

transportadora gerou economia de 20% para os associados;

b) Tece Bem (indústrias têxteis): a contratação de assessoria de medicina e

segurança no trabalho trouxe melhoria da qualidade, comodidade e queda

das despesas para o grupo. Além disso, a compra de um espirômetro27

para uso do grupo, reduziu o custo do serviço de espirometria de R$

120,00 para R$10,00.

2.3.1.3 Campanhas de Marketing de Grande Abrangência

Na visão de Mattos, Beltrand e Berté (2002, p.34), as pequenas empresas, de

forma geral, dispõem de poucos recursos para aplicação em campanhas de

marketing (inclusive campanhas publicitárias) que tenham grande abrangência

(penetração no mercado), e/ou que gerem grande impacto comercial. Essas

campanhas, normalmente, requerem a disponibilização de grandes somas de

recursos financeiros. Assim sendo, a pequena empresa se limita a promover

campanhas de marketing modestas, as quais nem sempre são suficientes para

aumentar sua participação no mercado e, por consequência, aumentar suas vendas.

Para reverter esse quadro, as pequenas empresas podem compartilhar os custos de

campanhas de marketing de maior impacto mercadológico, através da sua rede de

cooperação (SEBRAE, 2011).

Segundo Woitchunas (2010, p.19), “ao integrar uma Rede de Cooperação a

empresa registra os seguintes ganhos em escala: acúmulo de capital social;

marketing compartilhado [...] e redução de custos”. Exemplo disso, é a Rede Tece

Bem, da região de Guaranésia (MG), formada por empresas do setor de tecelagem

que participam do Programa Centrais de Negócios (SEBRAE/MG, 2011). Outro

exemplo é a Rede Forte de Francisco Beltrão (PR) que também faz suas promoções

e tabloides em conjunto.

27 Segundo o dicionário Michaellis, espirômetro é o instrumento com que se mede a quantidade de ar inspirada

ou expirada em cada respiração;

Page 43: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

43

Para se ter uma ideia da capacidade de investimentos em marketing, que

uma rede de negócios de porte considerável pode ter, a seguir é apresentado o caso

da RedeFort.

Conforme demonstrado na figura 1, a Redefort aumentou consideravelmente

seus investimentos anuais em marketing, passando de 120 mil reais por ano em

2002, para 802 mil reais em 2.008.

FIGURA 01 - EVOLUÇÃO DOS INVESTIMENTOS EM MARKETING FEITOS PELA REDEFORT NO PERÍODO 2002 A 2008

MARKETING ANUAL - R$ MIL

120

264345

587656

796 802

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

FONTE: Sebrae (2011)

2.3.1.4 Utilização da mesma marca (identidade) por todos os participantes da Rede

Embora não seja uma regra geral, algumas redes de cooperação empresarial

optam por adotar uma “marca única”, que deve ser utilizada por todas as empresas

participantes do grupo. Essa prática faz com que cada empresário tenha que “abrir

mão” da sua própria marca (normalmente utilizada como nome de fantasia da

empresa). Muito embora isso acarrete na despersonalização de cada empresa, por

outro lado, facilita a consolidação da marca no mercado.

Segundo Dumke, Anazko e Paul (2011, p.103), o fortalecimento da marca da

rede “é um decorrente lógico do bom desempenho da CN28 e tem a ver com a

publicidade que a marca do grupo ostenta em seu mercado. Uma marca forte,

sedimentada é sinônimo de confiabilidade, variedade, qualidade e bons preços”.

28 Dumke, Anazko e Paul se referem em seu livro à Central de Negócios (CN) que, segundo eles, é uma forma

de rede de negócios.

Page 44: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

44

A seguir são apresentados alguns exemplos de uso da marca própria,

praticados por empresas participantes do Programa Centrais de Negócios

(SEBRAE/MG, 2011):

a) “Toque Brasil”. Essa foi a marca (identidade) que um grupo de

fabricantes de lingeries do sul de Minas Gerais passou a utilizar após

formarem sua Central de Negócios;

b) Em Guanhães, quatorze proprietários de supermercado se uniram e

formaram uma associação, batizada de Rede ViaReal;

c) Também no sul de Minas Gerais, surgiu a Rede Construai, formada por

proprietários do ramo de comércio de materiais de construção

2.3.1.5 Padronização de ambientes, fachadas, material impresso,

produtos/serviços e métodos/procedimentos

Muitas redes estabelecem diversos padrões que devem ser seguidos pelos

membros do grupo. O que é padronizado depende das características específicas de

cada rede, sendo que são muito comuns as padronizações dos pontos comerciais e

suas fachadas; dos materiais impressos utilizados; de uniformes dos colaboradores;

de métodos e procedimentos de trabalho/produção e de produtos e serviços.

Padronizações de ambientes, fachadas, impressos e dos produtos e serviços

ofertados visam, principalmente, consolidar a imagem da rede no mercado

(SEBRAE, 2011). Por sua vez, a criação de padrões de trabalho (métodos e

procedimentos, inclusive de produção) visa racionalizar e reduzir os custos dos

processos, além de contribuir para a consolidação da imagem da rede.

Exemplo disso é o da Rede Sergifarma (Associação Sergipana de

Farmácias) que, segundo Dumke, Anazko e Paul (2011, p. 217), padronizou o layout

externo das lojas e o uniforme dos funcionários.

2.3.1.6 Criação do cartão de crédito da marca própria (Cartão Fidelidade)

Normalmente as administradoras exigem um volume mínimo de vendas a

prazo, para que a empresa possa disponibilizar aos clientes o cartão de crédito com

sua marca. Essa exigência impossibilita que muitas pequenas empresas tenham seu

próprio cartão. Através da rede de cooperação, somando o volume de vendas dos

Page 45: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

45

participantes, é possível cumprir a exigência da administradora de cartões e,

portanto, criar o cartão de crédito com a marca da rede. O cartão de crédito próprio,

além dos benefícios que todo cartão oferece (tanto para o cliente, como para o

comerciante/prestador do serviço), também serve como instrumento de marketing –

na medida em que a marca está sempre visível ao consumidor – e como instrumento

de estímulo ao consumo – na medida em que o pagamento da fatura mensal,

normalmente exige que o cliente se dirija ao próprio estabelecimento fornecedor do

cartão.

Um exemplo de utilização do cartão de crédito próprio é o da Redemac, rede

de materiais de construção que atua no Rio Grande do Sul e faz parte do Programa

Central de Negócios (SEBRAE, 2011).

2.3.1.7 Comercialização de produtos da marca própria

Dependendo do ramo de atuação, a rede de cooperação pode optar por

comercializar produtos com a sua marca. Contudo, para as pequenas empresas, a

formação da marca própria é uma das dificuldades enfrentadas (MATTOS;

BELTRAND; BERTÉ, 2002, p.34).

A venda de produtos da marca própria traz pelo menos dois grandes

benefícios para a rede e seus participantes. Por um lado, serve como instrumento de

marketing – na medida em que o nome da rede está sendo divulgado nas

embalagens dos produtos. Por outro, essa prática possibilita a obtenção de

margens de lucro maiores do que na venda dos outros produtos, tendo em vista que

ela reduz o número de empresas que compõem a cadeia de

produção/comercialização desses produtos (SEBRAE, 2011).

A seguir são apresentados alguns exemplos praticados por empresas

participantes do Programa Centrais de Negócios (SEBRAE/MG, 2011):

a) A Rede Farmasul (de Varginha/MG) lançou um kit de produtos de beleza

exclusivo, elaborado com as famosas águas termais da região. A marca

“Águas de Minas” é própria da rede;

b) O grupo de empresas da Rede Tece Bem já produz e comercializa

alguns produtos próprios; tais como: pano de chão e pano de prato.

É possível verificar pela figura 2, que a prática de ações coletivas contribui

para o aumento do faturamento das empresas.

Page 46: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

46

FIGURA 02 - EVOLUÇÃO NAS VENDAS DA REDEMAC NO PERÍODO 2002 A 2008

Volume anual de vendas

2.154.829,206.415.273,37

12.959.059,7416.541.531,15

24.043.077,75

100.262.985,39

51.869.321,01

0,00

20.000.000,00

40.000.000,00

60.000.000,00

80.000.000,00

100.000.000,00

120.000.000,00

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

FONTE: Sebrae (2011)

2.3.2 Organização das Atividades

Como em qualquer tipo de organização, seja empresarial ou não, com fins

lucrativos ou não, é necessário que se estabeleçam regras de funcionamento, as

quais irão nortear o comportamento e as atitudes das pessoas envolvidas, bem

como, especificar os objetivos e as ações que se pretende praticar. As regras podem

ser definidas e mantidas de maneira informal, ou podem ser formalizadas em

instrumentos específicos para esse fim. De forma geral, pode-se dizer que a

informalidade deste processo cabe para “organizações” temporárias (com

expectativa de curto-prazo de duração) e que envolvam poucas pessoas e/ou

pessoas que estejam muito próximas sob o aspecto relacional. Contudo, para

organizações associativas entre empresas, cujo propósito seja praticar ações de

interesse comum, num contexto de interesses particulares e cujo número de

participantes, em certos casos, não pode ser muito reduzido, sob pena de que a

organização não atinja os objetivos propostos, torna-se necessário que as regras

sejam formalizadas.

No caso das redes de cooperação empresarial, mais especificamente redes

de negócios, dois instrumentos são necessários e fundamentais para o processo de

gestão: Estatuto Social e Regimento Interno.

O Estatuto Social é o instrumento que especifica, dentre outras coisas: a

denominação social (natureza jurídica da entidade); os objetivos sociais; o prazo de

Page 47: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

47

duração da entidade; a estrutura organizacional (organograma) e o local da sede da

entidade. Além disso, o estatuto especifica a quem se destina a respectiva entidade

e também pode definir os direitos e deveres dos associados. Para ampliar a

compreensão deste assunto, no anexo 1 é apresentado um modelo de estatuto e a

seguir é apresentada a definição de Estatuto Social

Designa a posição que um indivíduo ou grupo ocupa num dado sistema social. Esta posição determina direitos, deveres e expectativas de acção recíprocas, e circunscreve a natureza e a extensão das relações que um indivíduo pode estabelecer com indivíduos do mesmo estatuto e de estatutos diferentes. O funcionamento das sociedades e dos grupos depende, em grande medida, da existência de modelos de comportamento bem definidos e de relações sociais estruturadas entre os indivíduos e os grupos. Deste modo, a um dado estatuto social tende a corresponder um conjunto relativamente fixo de comportamentos que se pode esperar de um indivíduo em determinada situação e da sociedade relativamente a ele. Estas expectativas de comportamento são, em geral, designadas por papel. O papel representa o aspecto dinâmico de um estatuto (INFOPEDIA, 2011).

Por sua vez, o Regimento Interno “é um conjunto de regras estabelecidas por

um grupo para regulamentar o seu funcionamento. Podendo ser usado em diversas

atividades, nos mais variados campos, seja do Poder Público, seja na iniciativa

privada” (REGIMENTO INTERNO, 2011). O Regimento Interno é um instrumento

que complementa o Estatuto Social e, ambos, fazem parte do processo de

organização da rede de cooperação empresarial29. No anexo 2 é apresentado um

modelo de Regimento Interno aplicável a uma entidade associativa.

Também fazem parte do processo de organização interna de uma rede de

cooperação empresarial, o sistema de normas e procedimentos administrativos e

operacionais e o Código de Ética.

O Código de Ética “aborda as questões éticas e morais da interação entre os

participantes da rede através da explicitação do comportamento esperado de cada

empresa” (ANTUNES; BALESTRIN; VERSCHOORE, 2010, p.24).

Contudo, há que se destacar que a organização da entidade associativa não

se resume na elaboração e aplicação dos instrumentos acima apresentados. Outro

aspecto relevante neste processo é a definição da Estrutura Organizacional

(organograma).

29 É importante destacar que não existe obrigatoriedade de uso dos dois instrumentos.

Page 48: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

48

Muito embora parte desta estrutura já seja definida e apresentada no Estatuto

Social (vide modelo de estatuto no anexo 1), é comum (e de certa forma

recomendável) que o Estatuto Social não limite as possibilidades de escolha do

organograma interno mais adequado às necessidades e conveniências operacionais

e estratégicas da rede de cooperação. Segundo Antunes, Balestrin e Verschoore

(2010, p.71), “A estrutura para a gestão é um dos principais fatores responsáveis

para que a rede de cooperação consiga alcançar os resultados desejados”, pois ela

facilita o processo de envolvimento e geração de resultados às empresas

associadas.

Existem muitas alternativas de Estrutura Organizacional que podem ser

adotadas pelas redes de cooperação empresarial. Cabe aos participantes da rede

definirem qual é a melhor composição para sua respectiva entidade.

Independentemente do formato e da composição (áreas, setores,

departamentos) que a estrutura organizacional venha a possuir, ela deve ser capaz

de garantir o funcionamento da administração da rede. Nesse sentido, Antunes,

Balestrin e Verschoore (2010, p.72) destacam dois aspectos importantes que devem

ser considerados na definição da estrutura organizacional: facilidades/instalações e

financiabilidade da rede.

No aspecto “facilidades/instalações” a estrutura organizacional deve

contemplar os elementos que fazem parte da funcionalidade da rede: escritório

(sede); os funcionários e gestores; os recursos que estarão disponíveis (site da rede,

acesso a internet, sistema de gestão interna, intranet), bem como se haverá ou não

centros de coleta e distribuição de mercadorias. Por outro lado, a “financiabilidade”

diz respeito à capacidade de geração de recursos para a rede, a qual também deve

ser contemplada na definição da estrutura.

Assim sendo, esses autores apresentam um esquema que possibilita

visualizar os componentes que devem ser levados em conta na definição da

estrutura organizacional (vide figura 3) (ANTUNES; BALESTRIN; VERSCHOORE;

2010, p.72).

Page 49: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

49

FIGURA 03 - ELEMENTOS DO CRITÉRIO ESTRUTURA

FONTE: Antunes, Balestrin e Verschoore (2010, p.72), adaptado de Bortolaso (2009)30.

A seguir é apresentada a estrutura funcional de uma rede de cooperação

empresarial, que se tornou ‘case’ de sucesso no Rio Grande do Sul.

Trata-se da Rede de Materiais de Construção (MACSUL), fundada em 2004,

na cidade de Pelotas, com a participação de 11 empresas. Atualmente a rede é

composta por 20 empresas localizadas em diversas cidades gaúchas (MACSUL,

2011).

A estrutura organizacional da MACSUL (2011)

se compõe de quatro equipes: marketing, expansão, inovação e negociação, sendo, cada uma delas, formada por um grupo de associados da rede com responsabilidades nas respectivas áreas. Assim: à equipe de expansão, cabe a prospecção de novos associados ‘comprometidos com os objetivos da rede’; à equipe de marketing, são afetas as tarefas de ‘lançar a rede e planejar ações de marketing compartilhado’; a equipe de inovação dedica-se à pesquisa de ‘novas ferramentas de gestão, treinamento, tecnologias e troca de informações’; a equipe de negociação, por fim, se preocupa em ‘buscar parcerias lucrativas para ambos os lados (fornecedor e associado), com maior volume de compras e propostas mais atrativas (DUMKE; ANAZCO; PAUL, 2011, p.16-17).

Analisando a estrutura organizacional da MACSUL, pode-se identificar

claramente os dois componentes propostos por Antunes, Balestrin e Verschoore 30 BORTOLASO, I. V. Proposta de Construção de um Modelo de Referência para a Avaliação de Redes de

Cooperação Empresariais. Dissertação (Mestrado) – UNISINOS, São Leopoldo, 2009.

Estrutura da rede

Financiabilidade da rede

Facilidades/ Instalações

Arrecadação de recursos de terceiros

Ações que gerem renda à rede

Priorização de fornecedores

parceiros

Jóias e mensalidades

Escritório

Centro de Distribuição

Funcionários e gestores

Recursos (site, intranet, área

restrita)

Page 50: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

50

(2010). O componente “financiabilidade” faz parte das ações das equipes de

expansão, marketing e negociação; enquanto que o componente

“facilidades/instalações” é contemplado pela equipe de inovação, pela central de

recebimento de produtos promocionais e pela composição do quadro de

colaboradores.

2.3.3 O Planejamento Estratégico em Redes de Cooper ação Empresarial

Este capítulo aborda os aspectos da elaboração do planejamento estratégico

em redes de cooperação empresarial. Segundo Woitchunas et al. (2010), o

planejamento é importante porque auxilia na tomada de decisões mais acertadas e

com menor grau de risco.

De forma geral, pode-se dizer que existem duas formas de planejamento:

informal e formal. O planejamento informal, segundo Steiner e Miner (1981, p.100),

Geralmente, é obra de uma só pessoa. Pode ou não resultar num conjunto de planos por escrito - mas, muitas vezes, não resulta. Geralmente tem um horizonte temporal relativamente curto e um tempo de reação relativamente curto. Baseia-se na experiência passada, no "palpite", no julgamento e na reflexão de um administrador.

O planejamento formal, por sua vez, consiste em:

estabelecer com antecedência as ações a serem executadas, estimar os recursos a serem empregados e definir as correspondentes atribuições de responsabilidade em relação a um período futuro determinado, para que sejam alcançados satisfatoriamente os objetivos porventura fixados para uma empresa e suas diversas unidades (SANVICENTE; SANTOS, 1979, p.16).

Na visão de Castor e Suga31 (1988 apud WOITCHUNAS, 2010, p.73), o

planejamento formal é o "conjunto de processos, compostos por técnicas e métodos

de análise, escolha de objetivos e previsão de futuro em uma dada organização com

avaliações periódicas".

Considerando as definições acima apresentadas, pode-se concluir que o

planejamento formal seja o mais indicado para as redes de cooperação empresarial.

Aprofundando mais a análise, percebe-se que existem outras formas de

classificação de planejamento, sendo a mais clássica aquela que separa o

planejamento em estratégico, tático e operacional. Contudo, como o objetivo deste

31 CASTOR, B.Y.J.; SUGA, N. Planejamento e ação planejada: o difícil binômio. Revista Brasileira de

Administração Pública, Rio de janeiro, 1988.

Page 51: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

51

subitem é analisar o papel do planejamento estratégico no processo de gestão das

redes de cooperação empresarial, é nele que serão concentradas as atenções.

Inicialmente, serão analisadas algumas definições de planejamento

estratégico.

Segundo Steiner e Miner (1981, p.32):

O planejamento estratégico proporciona uma estrutura unificada através da qual os gestores podem tratar os principais problemas da empresa, identificar mais facilmente novas oportunidades, avaliar as forças que podem ser potencializadas e as fraquezas que devem ser corrigidas.

Para Oliveira (1992, p.62), o “Planejamento Estratégico é um processo

gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido pela

empresa, com vistas a obter um nível de otimização na relação da empresa com o

seu ambiente”. Esse autor complementa sua visão destacando que o planejamento

estratégico:

[...] relaciona-se com objetivos de longo prazo, e com maneiras e ações para como alcançá-los. [...] é, normalmente, de responsabilidade dos níveis mais altos da empresa e diz respeito tanto á formulação de objetivos quanto à seleção das estratégias empresariais a serem seguidas para a consecução destes objetivos, levando em conta as condições externas e internas à empresa e sua evolução esperada (Oliveira, 1992, p.62).

Pelas definições apresentadas é possível identificar algumas características

do planejamento estratégico:

a) os objetivos e as ações devem ser estratégicos e de longo prazo;

b) é de responsabilidade dos gestores (alta administração) da empresa;

c) requer análise do ambiente interno e externo.

Os objetivos estratégicos, segundo Mintzberg (2006, p.29), são “aqueles que

afetam a direção geral e a viabilidade da entidade”. Em geral esses objetivos e as

ações que devem ser praticadas para atingi-los são de longo prazo de duração, uma

vez que objetivam a sustentabilidade da organização. Pelo mesmo motivo

(sustentabilidade da entidade) a definição destes objetivos em geral é feita pela alta

administração da organização, em que pese, atualmente seja comum a participação

de colaboradores de diversos níveis hierárquicos na elaboração do planejamento

estratégico.

Outra característica do planejamento estratégico, conforme destacado

anteriormente, diz respeito à necessidade de análise do ambiente interno e externo

Page 52: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

52

à organização. Segundo Wright; Kroll e Parnell (2000), a avaliação das

oportunidades e ameaças do ambiente externo, assim como a avaliação dos pontos

fortes e fracos da empresa (ambiente interno) são essenciais para a formulação de

estratégias

Tendo em vista o grau de importância da análise ambiental para a definição

da estratégia a ser adotada (e por consequência elaboração do planejamento

estratégico), a seguir é feita uma análise mais detalhada deste assunto.

Inicialmente é importante entender o que vem a ser ambiente interno e

externo. Como o próprio nome diz; ambiente interno é o que diz respeito aos

aspectos internos da organização. Dentre eles, estão os recursos disponíveis

(humanos, tecnológicos, físicos), as atitudes praticadas, as políticas adotadas pela

empresa, os sistemas de informações, a marca da empresa (WRIGHT; KROLL;

PARNELL, 2000).

Em cada organização, seja uma empresa ou uma rede de cooperação

empresarial, os aspectos internos possuem particularidades que os definem como

pontos fortes ou pontos fracos da respectiva organização. O processo de análise do

ambiente interno de uma empresa objetiva identificar os pontos fortes e fracos e

atribuir-lhes o devido tratamento.

Assim sendo, segundo Oliveira (1992, p.63-64), o planejamento estratégico

de uma organização, objetiva:

Conhecer e melhor utilizar seus pontos fortes”, os quais se constituem em fatores de diferenciação da organização, fatores esses que lhe conferem vantagens operacionais em relação às outras organizações do mesmo ambiente empresarial. [...] Conhecer e eliminar ou adequar seus pontos fracos” (situação inadequada), os quais lhe conferem desvantagens operacionais.

Como pode ser verificado nas observações de Oliveira (1992), os aspectos

internos da organização são variáveis controláveis, ou seja: a própria organização

possui grande poder para manipulá-los, conforme sua necessidade e conveniência.

Por outro lado, o ambiente externo diz respeito a tudo aquilo que esteja fora da

empresa. Esse ambiente, segundo Wright, Kroll e Parnell (2000, p.48), divide-se em:

macroambiente e setor em que a empresa opera.

O macroambiente é o ambiente que influencia a organização através de

forças político-legais, forças econômicas, forças tecnológicas e forças sociais. Todas

Page 53: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

53

essas forças podem agir de maneira favorável ou desfavorável à organização,

constituindo-se em oportunidades ou ameaças que o ambiente apresenta.

As forças político-legais são aquelas que decorrem de ações praticadas pelas

esferas governamentais, tais como: política de importação/exportação; políticas

ambientais; legislações tributária e trabalhista; legislação antitruste; acordos e

relações diplomáticas entre países; código de defesa do consumidor, exemplo:

quando o governo de determinado país impõe leis que limitam significativamente a

importação de determinado produto, ele está protegendo as empresas daquele

setor, o que gera a oportunidade para que essas empresas explorem o mercado

interno, sem a concorrência de empresas de outros países.

As forças econômicas são aquelas relacionadas com fatores econômicos

locais e internacionais. Alguns dos principais fatores econômicos que impulsionam

ou restringem a economia e, por consequência, favorecem ou desfavorecem o

desenvolvimento das organizações, são: Produto Interno Bruto; taxas de juros e de

inflação; valor do dólar. Exemplo: para uma empresa que depende da importação de

matérias-primas, quanto menos valorizado estiver o dólar (em relação à moeda

local) melhor, pois desta forma o custo da aquisição destas matérias-primas será

menor (em valor nominal da moeda local). Assim sendo, a empresa poderá reduzir

seus custos de produção e por consequência diminuir o preço de venda do produto -

situação que gera uma oportunidade para ampliar seus negócios - e/ou aumentar

suas margens de lucro.

As mudanças tecnológicas incluem melhorias e inovações científicas que

oferecem oportunidades ou ameaças para as empresas. Se por um lado, o setor

industrial, os bancos e o comércio varejista se beneficiaram com os avanços

tecnológicos nas áreas de computação e telecomunicações – realizando suas

tarefas com maior agilidade, a custos mais baixos e aumentando a satisfação dos

seus clientes – por outro lado,

a substituição dos tubos a vácuo pelos transistores, das locomotivas a vapor pelos motores elétricos ou a diesel, das canetas-tinteiro pelas do tipo ballpoint, dos aviões a propulsão pelos jatos, e da máquina de escrever pelos processadores de texto de computadores (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000, p.54),

Page 54: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

54

constituiu-se numa ameaça que exigiu significativa adaptação das empresas que

produziam/comercializavam os produtos que foram substituídos. Sem contar com o

fato de que muitas dessas empresas deixaram de existir.

As forças sociais, por sua vez, segundo Wright, Kroll e Parnell (2000, p.55):

Incluem tradições, valores, tendências sociais e expectativas que uma sociedade tem em relação às empresas. As tradições, por exemplo, afetam práticas sociais que duram décadas ou até mesmo séculos. Por exemplo, a comemoração do Natal em muitos países do Hemisfério Ocidental oferece significativas oportunidades financeiras para empresas de cartões, para vendedores de brinquedos, para empresas processadoras de peru, para plantadores de árvores, para empresas que vendem por mala direta e outras empresas relacionadas.

Para maior compreensão deste assunto, ver o quadro 1.

QUADRO 01 - EXEMPLO DE OUTRAS FORÇAS MACROAMBIENTAIS Forças político-

econômicas Forças sociais Forças econômicas Formas tecnológicas

Leis tributárias Atitudes em relação à inovação de produção, estilos de vida, carreiras e ativismo dos consumidores

Fornecimento de dinheiro

Gastos em pesquisas e desenvolvimento (do governo e do setor)

Regulamentações de comércio internacional

Preocupação com a qualidade de vida Política monetária

Enfoque em gastos com pesquisas e desenvolvimento

Regulamentações de empréstimos a consumidores

Expectativas de vida Taxa de desemprego Taxa de introdução de novos produtos

Leis de proteção ambiental

Expectativas em relação ao local de trabalho Custos com energia Automação

Sanção de regulamentações antitruste

Mudança na presença de mulheres na força de trabalho

Renda pessoal disponível Robótica

Leis de contratação, demissão, promoção e pagamento

Taxas de nascimento Estágio do ciclo econômico

Controles de preços/salários Alterações populacionais

FONTE: Wright, Kroll e Parnell (2000, p.58)

Também faz parte do ambiente externo, o ambiente onde a empresa atua.

Esse ambiente diz respeito às relações da organização com seus fornecedores,

clientes e concorrentes. Esses “atores” exercem um conjunto de cinco forças sobre a

organização. A seguir são listadas essas cinco forças, segundo Porter (1986), as

quais são explicadas por Wright, Kroll e Parnell (2000, p.60):

a) Ameaça de novos concorrentes que ingressam no setor: quanto maior

for a possibilidade de “entrada” de novos concorrentes, maior será a

ameaça para as empresas que atuam naquele setor. A existência de

legislação restritiva; o elevado valor de investimento inicial, a exigência

Page 55: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

55

de tecnologia de ponta e a dificuldade para sair do mercado, caso o

projeto não seja bem sucedido (p.ex.: por força contratual); são alguns

fatores que limitam o ingresso de novas empresas em determinado

segmento de mercado, o que por consequência reduz a ameaça para

as empresas pré-existentes;

b) Intensidade da rivalidade entre os concorrentes: num mercado onde os

concorrentes agem com base na “visão tradicional de negócio” (vide

subitem 3.1.2), a ameaça torna-se frequente e intensa, pois cada

empresa se preocupa acintosamente em eliminar seus concorrentes.

Por outro lado, a prática concorrencial com base na “visão atual de

negócio” (vide subitem 3.1.3), reduz a ameaça imposta pela

concorrência;

c) Ameaças de produtos ou serviços substitutos: quanto menor a

possibilidade de surgirem produtos ou serviços substitutos aos que já

existem, menor será a ameaça para as empresas que atuam naquele

segmento de mercado;

d) Poder de barganha dos compradores: segmentos de mercado no qual

o cliente dispõe de grande variedade de oferta, ou dispõe de

produtos/serviços substitutos, em geral, são altamente competitivos, o

que confere elevado poder de barganha aos compradores. Da mesma

forma, isso ocorre (elevado poder de barganha) quando o consumidor

“enxerga” o produto/serviço como sendo supérfluo, ou quando o cliente

representa parte significativa do volume de vendas da empresa, ou,

ainda, trata-se de uma empresa de grande porte;

e) Poder de barganha dos fornecedores: Nos segmentos onde existem

poucos fornecedores e/ou, os principais fornecedores são empresas de

grande porte, normalmente, o poder de barganha “está nas mãos”

desses fornecedores, o que também se constitui em ameaça para a

empresa compradora.

Seguindo o raciocínio de Oliveira (1992, p.64), na elaboração do

planejamento estratégico é fundamental que se conheçam as oportunidades e as

ameaças externas. É importante destacar que o ambiente externo é incontrolável

pela empresa, ou seja: não cabe a ela definir como esse ambiente deve se

Page 56: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

56

comportar; contudo, cabe à empresa aproveitar da melhor forma possível as

oportunidades, bem como reduzir ou neutralizar os efeitos das ameaças, mediante

ações planejadas.

O conjunto das análises feitas no ambiente interno e no externo à

organização é conhecido como “análise SWOT” 32, cuja sigla corresponde à

(WRIGTH; KROLL; PANELL, 2000):

a) Strenghts: Pontos fortes da empresa;

b) Weaknesses: Pontos fracos da empresa;

c) Opportunities: Oportunidades que se apresentam no ambiente externo;

d) Threats: Ameaças provenientes do ambiente externo.

Para ilustrar este conteúdo, no anexo 3 é apresentado o planejamento

estratégico realizado pela Rede Datawork, para o período 2010 - 2012.

2.3.4 Processo de Gestão da Rede de Cooperação Inte rorganizacional

Nos subitens anteriores (3.4.2 e 3.4.3), foram vistos alguns elementos que

fazem parte do processo de gestão da rede de cooperação: Estatuto Social;

Regimento Interno; Organograma; Sistema de Normas e Procedimentos e

Planejamento Estratégico. Contudo, pode-se dizer que esses elementos, na

realidade, servem para auxiliar e nortear a gestão propriamente dita, pois esta

abrange um conjunto maior e mais abrangente de ferramentas, atitudes,

comportamentos e ações, os quais serão abordados neste subitem.

O primeiro aspecto que merece destaque é o fato de que o processo de

gestão de uma rede de cooperação empresarial é semelhante ao de uma empresa

independente. Contudo, é bom lembrar que as redes de cooperação

interorganizacionais possuem particularidades – que às diferenciam das

32 “A Análise SWOT é uma ferramenta de gestão muito utilizada pelas empresas como parte do plano de

marketing ou do plano de negócios. O termo SWOT vem do inglês e representa as iniciais das palavras Strength (força), Weakness (fraqueza), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). A idéia central da análise SWOT é avaliar os pontos fortes, os pontos fracos, as oportunidades e as ameaças da organização e do mercado onde ela está atuando. Sua importância no apoio à formulação de estratégias deriva de sua capacidade de promover um confronto entre as variáveis externas e internas, facilitando a geração de alternativas de escolhas estratégicas, bem como de possíveis linhas de ação” (TULESKI, 2011).

Page 57: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

57

organizações independentes – que fazem com que o seu processo de gestão seja

um tanto diferente do que é praticado naquelas organizações.

Essa diferença diz respeito a alguns fatores presentes nas redes de

cooperação que, segundo Antunes, Balestrin e Verschoore (2010, p.21), são

“essenciais para tratar os temas diretamente ligados à cooperação entre empresas

que constituem a rede”. Esses fatores são: a necessidade de coordenação de

membros interdependentes; a necessidade de realização de controles das práticas

compartilhadas entre os membros do grupo e a exigência de avaliação de resultados

coletivos.

Resumidamente: a gestão de redes cooperativas envolve os mesmos fatores

que a gestão de uma empresa independente, com o agravante de que nelas o

gestor deve se preocupar, também, com a conciliação dos interesses individuais de

cada participante do grupo, os quais possuem direitos iguais e objetivos coletivos

comuns, porém, não necessariamente, objetivos pessoais iguais.

Esse tipo de situação pode gerar conflitos de interesse. Segundo Morgan

(1996, p. 160),

o conflito sempre estará presente nas organizações. O conflito pode ser pessoal, interpessoal ou entre grupos rivais e coalizões. Pode ser construído dentro das estruturas organizacionais, nos papéis, nas atitudes e nos estereótipos, ou surgir em função de recursos escassos. Pode ser explícito ou implícito. Qualquer que seja a razão e qualquer que seja a forma que assuma, a sua origem reside em algum tipo de divergência de interesses percebidos ou reais.

Desta forma, a “administração de conflitos” também faz parte da gestão das

redes de cooperação e ela será conduzida de acordo com a governança do

processo.

Segundo o dicionário Oxford (2011), governança é “a ação ou forma de

governar”, o que corresponde a gerir todos os fatores inerentes ao processo,

incluindo, a gestão de pessoas e de seus interesses.

Nesse sentido, Dumke, Anazco e Paul (2011, p.82) destacam dois

componentes da governança de redes de cooperação: endomarketing e

benchmarking.

Segundo esses autores, o processo de endomarketing corresponde ao “rol de

estratégias destinadas a avaliar, mensurar e melhorar as ações internas da

Page 58: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

58

organização – administrativa, financeira, de recursos humanos, de produção, etc.”

(DUMKE; ANAZCO; PAUL, 2011, p. 82).

Especificamente sob o aspecto dos recursos humanos, fazem parte do

endomarketing, segundo Dumke, Anazko e Paul (2011):

a) O conhecimento das características, das habilidades e dos interesses

das pessoas;

b) O alinhamento do pensamento individual, com os objetivos coletivos;

c) A aplicação de estratégias adequadas aos objetivos coletivos;

d) A aplicação de estratégias adequadas de capacitação e treinamento;

e) A adequação da comunicação interna.

Por outro lado, o benchmarking “busca avaliar os aspectos externos (ou do

entorno) onde se localiza o negócio, utilizando essa avaliação como parâmetro para

estruturar ou reformular suas estratégias competitivas” (DUMKE; ANAZCO; PAUL,

2011, p.82).

O benchmarking nada mais é do que aprender com os erros e acertos dos

outros; trazendo para “dentro de casa” – e ajustando às próprias necessidades e

características – aquilo que há de melhor “lá fora”, ou desenvolvendo estratégias de

competitividade, a partir de melhorias daquilo que está sendo praticado com

deficiência.

Para Antunes, Balestrin e Verschoore (2010, p.25-26), também fazem parte

do processo de gestão das redes de cooperação:

a) O envolvimento dos participantes (associados) no processo de

planejamento33, o qual visa fortalecer a união do grupo e criar uma

identidade coletiva, o que facilita a definição de objetivos comuns

(coletivos). Esse envolvimento pressupõe que seja adotada a postura de

descentralização da tomada de decisões, por parte dos gestores do

grupo;

33 Entenda-se que o processo de planejamento consiste na elaboração do Planejamento Estratégico

propriamente dito (nesse caso, participativo) , na elaboração de Planos de Ações, que consistem no desdobramento do planejamento, em metas intermediárias e na elaboração de cronogramas.

Page 59: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

59

b) A constituição de equipes formadas pelos associados – “Equipes de

Implementação Estratégica” – as quais ficarão com a responsabilidade

sobre o atingimento de um ou mais objetivos estratégicos. A formação

dos grupos pressupõe que seja adotada uma postura de

descentralização da execução das ações, parte dos gestores do grupo.

Estas equipes também são denominadas de Comissões ou Grupos de

Trabalho;

c) O estabelecimento de indicadores de avaliação de resultado. Os

indicadores são instrumentos que possibilitam a verificação do

atingimento (ou não) dos objetivos propostos;

d) A realização de assembleias. As assembleias são reuniões para as quais

são “convidados” todos os membros do grupo. Seu objetivo é deliberar

sobre aspectos de grande importância e/ou de grande impacto

econômico/financeiro. Também cabem às assembleias, dentre outras, a

tarefa de avaliar os resultados obtidos com o processo de gestão,

aprovar as contas contábeis e de resultado de cada exercício social e

eleger os membros da diretoria e conselhos previstos em estatuto;

e) O estabelecimento de mecanismo de integração dos associados. Esses

mecanismos buscam fortalecer as relações entre as pessoas,

desenvolvendo o Capital Social/Relacional (vide tópico 3.2), o que

contribui para a formação de uma identidade coletiva. Os instrumentos de

integração podem ser exclusivamente entre os associados, ou entre os

funcionários das empresas associadas, ou entre ambos. Alguns

possíveis exemplos são: encontros de confraternização (festividades);

palestras e treinamentos. Também é possível (e recomendável) que os

familiares dos associados e dos seus funcionários também participem de

atividades integrativas.

Enfim, o processo de gestão de uma rede de cooperação empresarial, guarda

particularidades que têm haver com o seu caráter associativo.

A seguir é apresentado (quadro 2) um conjunto de possíveis fatores críticos

de sucesso, segundo a visão de Dumke, Anazco e Paul (2011, p.29). Esses

indicadores podem auxiliar na avaliação do desempenho do processo de gestão de

Page 60: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

60

uma rede de cooperação empresarial. Quanto mais indicadores de sucesso a rede

empresarial obtiver num determinado período de tempo, maior terá sido a eficácia

das estratégias adotadas, o que, por sua vez, valida suas práticas de gestão.

QUADRO 02 - FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO

Indicadores de sucesso Correlações

Aumento de lucro dos associados

Os resultados otimizados naturalmente propiciam a fidelidade dos associados e o comprometimento com a governança da CN.

Reconhecimento na mídia (jornais, televisão, revistas, congressos

O reconhecimento de uma rede ou CN cria confiabilidade no mercado, atrai clientes e pressupõe desempenho atrativo e vantajoso para os clientes.

Crescimento do número de associados

O aumento do número de associados identifica o bom desempenho de rede, o que, por sua vez, atrai mais clientes e potenciais novos associados.

Aumento da satisfação dos clientes atendidos pelas empresas associadas

Para se alcançarem resultados atrativos, a satisfação dos clientes é peça-chave, pois é a partir dela que eles se tornam fiéis e espraiam o desempenho da rede.

Maior facilidade de acesso a fornecedores

Sem dúvida, quanto maior o volume de associados, maior o poder de compra e, consequentemente, de barganha junto aos fornecedores.

Aumento na variedade de produtos ofertados

Compras conjuntas ou centralizadas permitem a ampliação da variedade de itens à disposição dos clientes, o que torna a rede mais atrativa.

Ganho de competitividade frente aos concorrentes que não fazem parte da rede ou CN

Não há termo de comparação entre organizações que atuam isoladas e aquelas que compõem uma rede interorganizacional. O conjunto produz naturalmente ganho de competividade.

Maior facilidade de acesso a linhas de crédito

As instituições financeiras almejam, sempre, o lucro maximizado, o que torna atrativa a conquista de “redes de clientes”, em relação às operações isoladas com estes.

Melhores condições de negociação com os fornecedores

O poder de barganha surge novamente neste item, já que o conjunto, através de sua governança, tem força adicional e multiplicada quando da negociação de preços com fornecedores.

Fortalecimento da marca da rede

Os esforços de marketing, quando implementados por organizações individuais, demandam maiores custos e deixam de ter poder de impacto condizente com o almejado. Já o conjunto permite a pulverização de custos e o maior volume de canais estratégicos para fortalecer a marca comum, tornando-a sólida e confiável.

Maior capacitação gerencial dos associados – maior aprendizagem

A troca de experiências é uma das grandes vantagens da operação em rede, pois permite o crescimento gerencial dos gestores e seu aperfeiçoamento constante.

Aumento do volume de compras utilizando-se a rede

Se os custos de compras são mais atrativos (devido ao volume conjunto), o aumento desses volumes naturalmente se torna maior, com resultados mais atrativos para o grupo.

FONTE: LAGEMANN34 (2004 apud DUMKE; ANAZCO; PAUL, 2011, p.29)

34 LAGEMANN, Letícia. Fatores que influenciam a performance de redes de p equenas empresas .

Dissertação (Mestrado) – UFRGS, Porto Alegre, 2004.

Page 61: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

61

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos que foram adotados

na elaboração desta pesquisa. Antes disso, cabe salientar que a intenção de

escolha da Rede Hiperfarma, como objeto deste estudo de caso, surgiu com a

constatação, no início da década, de que as farmácias de Curitiba e região

metropolitana, que até alguns anos antes vinham atuando de forma independente,

estavam se unindo para fazer frente às grandes redes próprias – redes de farmácias

pertencentes a um empresário, ou grupo de empresários – que estavam se

destacando no mercado.

3.1 APRESENTAÇÃO DAS CATEGORIAS DE ANÁLISE - CONSTRUCTOS

O estudo de caso da Rede Hiperfarma está centrado em alguns aspectos

internos, que dizem respeito ao processo de gestão e à operacionalização da rede.

Também foram analisados aspectos comportamentais relacionados aos

participantes do grupo. Todos os aspectos analisados foram abordados na revisão

teórica deste documento, a qual foi construída a partir de pesquisas bibliográficas

em materiais impresso e em conteúdos disponíveis em meios eletrônicos.

O estudo pretende identificar se os associados da Asfacur reconhecem a

importância de participar da rede, como forma de fazer frente aos impactos da

globalização e às mudanças no “modus operandi” do setor de farmácias.

Complementando esse aspecto, será verificado se a Rede Hiperfarma, da forma

como vem sendo gerida (atuação da Diretoria), é reconhecida como um

empreendimento bem sucedido ou não, e se as ações praticadas pela Asfacur e os

benefícios gerados aos associados, estão em consonância com as expectativas

destes.

Além disso, a análise busca identificar em qual tipologia, segundo a proposta

de Grandori e Soda (1993), a Rede Hiperfarma se enquadra, e ainda, se os objetivos

da rede estão em consonância com a definição de objetivos de uma rede de

cooperação empresarial, conforme a visão de Balestrin e Verschoore (2008); Casson

e Cox (1997); Amato Neto et al.(1998).

Page 62: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

62

No que tange aos processos de organização e planejamento, o estudo de

caso visa identificar se a Asfacur possui os instrumentos recomendados pelos

autores pesquisados.

Por último, o estudo de caso pretende analisar os aspectos comportamentais

relacionados os associados da Asfacur, ou, em outras palavras, os participantes da

Rede Hiperfarma. Nesse sentido, os objetivos são: identificar se os participantes da

associação estão de acordo (satisfeitos) com o grau de comprometimento e a

participação dos seus pares nas decisões e ações; descobrir se as pessoas

realmente consideram importante que os membros participem ativamente das

tomadas de decisões, e descobrir se os associados consideram o relacionamento

pessoal um fator determinante no sucesso da rede.

3.2 METODOLOGIA PARA DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA E DOS OBJETIVOS DO TRABALHO E PARA ESCOLHA DOS MÉTODOS DE LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

A definição do problema de pesquisa e dos objetivos (geral e específicos),

bem como a definição dos métodos de levantamento de dados e de análise dos

dados coletados, seguiram as recomendações de Richardson (1999) e de Godoy

(2007).

Para atingir os objetivos propostos pelo projeto, foi necessária a obtenção de

um conjunto de informações sobre a Rede Hiperfarma e sobre a Asfacur. Essas

informações foram obtidas por meio de reuniões com membros da Diretoria e com

funcionários da associação e por meio de entrevistas realizadas com quatro dos sete

Diretores da entidade (vide roteiro no apêndice 01). As reuniões e entrevistas foram

feitas durante os meses de março e abril de 2011

Também foi feita uma pesquisa com os associados da rede (vide roteiro no

apêndice 02). O questionário da pesquisa contém questões fechadas (para escolha

de uma alternativa ou de mais de uma alternativa) e abertas (espaços para

comentários, sugestões e críticas). Ele foi enviado por meio eletrônico para 79

Page 63: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

63

pessoas35 e a taxa de retorno foi de 47% (37 questionários preenchidos). Essa

pesquisa foi realizada em março deste mesmo ano.

Além disso, também foi utilizada como fonte de informação, uma publicação

interna da Rede Hiperfarma (SEELING, 2008) a qual aborda o histórico da

constituição da rede.

As informações buscadas para a análise consistem em:

a) Aspectos históricos da formação da Rede Hiperfarma;

b) Instrumentos de organização e recursos tecnológicos utilizados;

c) Práticas de planejamentos e gestão;

d) Grau de comprometimento dos associados;

e) Grau de relacionamento, interação e integração entre os participantes

da rede.

Para complementar a análise, foi utilizada uma pesquisa que havia sido

realizada pela diretoria da Asfacur, em dezembro de 2010 (vide roteiro no apêndice

3). Essa pesquisa foi utilizada somente em caráter comparativo com a pesquisa

realizada por ocasião deste projeto, com objetivo de identificar as concordâncias e

eventuais discrepâncias nas respostas.

As informações coletadas da publicação interna (SEELING, 2008) e nas

reuniões e entrevistas, geraram informações qualitativas que foram organizadas de

forma descritiva e apresentadas nos subitens 4.1 Apresentação da rede Hiperfarma

e 4.2 A visão da diretoria da Asfacur.

As informações apresentadas no subitem 4.1, tem caráter informativo, mas

também foram analisadas dentro do contexto dos objetivos deste trabalho. Essas

informações foram utilizadas para subsidiar a formulação da pesquisa com os

associados.

Por sua vez, o conteúdo do subitem 4.2, A visão da diretoria da Asfacur,

objetiva conhecer a opinião da Diretoria a respeito de alguns dos aspectos

35 Esse número não coincide com o total de associados, tendo em vista que, por opção da Diretoria da

associação, os associados com menos de três meses de filiação foram excluídos do processo, uma vez que ainda não teriam conhecimento suficiente de todos os aspectos questionados na pesquisa.

Page 64: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

64

questionados na pesquisa com os associados, e fazer um contraponto que

possibilite identificar eventuais diferenças com as opiniões daqueles.

As pesquisas realizadas com os associados da Asfacur geraram dados

quantitativos e qualitativos que foram apresentados de forma descritiva e na forma

de quadros.

Os dados quantitativos foram analisados a partir da quantidade de respostas

obtidas em cada item das questões formuladas, com objetivo de identificar a opinião

da maioria dos associados com base na frequência de respostas.

Por sua vez, os dados extraídos das perguntas abertas, os quais deram

origem a comentários, sugestões e críticas, também foram analisados com base na

frequência com que as citações foram apresentadas pelos entrevistado e

pesquisados.

3.3 APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASOS SIMILARES

Para subsidiar a confecção dos questionários das pesquisas e entrevistas,

bem como; para orientar a análise dos dados obtidos e a elaboração das

considerações finais, foram utilizados, juntamente com os elementos já citados

(referencial teórico, pesquisas, entrevistas), alguns estudos de casos feitos

anteriormente. Esses estudos são apresentados nos anexos 4 e 5.

Importante destacar que os “cases” apresentados foram reproduzidos integral

e fielmente, conforme são encontrados nas suas respectivas fontes de origem.

Embora os estudos selecionados não sejam especificamente de redes de

cooperação entre farmácias, eles foram escolhidos por abordarem aspectos da

gestão de redes de cooperação, os quais também fazem parte do escopo da análise

da Rede Hiperfarma. Para facilitar a identificação desses aspectos (em cada estudo

de caso) eles foram destacados de cada “história” e apresentados antes da

descrição dos seus respectivos conteúdos propriamente ditos.

Page 65: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

65

4 ESTUDO DE CASO DA REDE HIPERFARMA

Este capítulo trata especificamente do estudo de caso proposto na introdução

desta dissertação.

Seu conteúdo inicia-se com a apresentação e análise do funcionamento da

Rede Hiperfarma. Em seguida é feito o relato e a análise das informações obtidas

com as entrevistas e a pesquisa realizada. Por fim, é apresentada uma síntese da

pesquisa realizada internamente pela Diretoria da Asfacur.

4.1 APRESENTAÇÃO DA REDE HIPERFARMA

Conforme relatado no livro “Hiperfarma: A Força da União” (SEELING, 2008),

os primeiros passos para a formação da Rede Hiperfarma foram dados no final de

1997, em uma reunião que ocorreu no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

(SENAC), em Curitiba.

Da primeira reunião, participaram apenas quatro proprietários de farmácias

(embora muitos tenham sido convidados) e um consultor, que tinha a tarefa de fazer

uma palestra sobre associativismo, na expectativa de sensibilizar os participantes

sobre a importância de se unirem em uma rede de farmácias.

Interessados no associativismo, essas quatro pessoas se encarregaram de

convidar outras mais para uma segunda reunião, que aconteceu dias depois. Essa

reunião contava com 10 participantes.

A partir daí as reuniões foram se sucedendo e a quantidade de participantes

aumentando (chegando a 90 pessoas) até que ficou definido que seria criada a

Associação das Farmácias Autônomas de Curitiba/PR (Asfacur) e Região

Metropolitana, em 13/8/1998, sendo que essa associação passaria a ser a entidade

que administraria a Rede Hiperfarma.

Participaram da fundação da Asfacur quarenta e nove pessoas,

representando quarenta e nove farmácias. Dos fundadores apenas oito ainda fazem

parte da rede.

Page 66: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

66

A Rede Hiperfarma constitui-se em uma ação associativa composta por

farmácias independentes, ou seja: cada farmácia é de propriedade de um dono ou

de um grupo de pessoas (sócios). Para fortalecer o espírito associativo, a rede utiliza

o seguinte slogan: Hiperfarma – A Força da União.

Os objetivos da Rede Hiperfarma, segundo a Diretoria de Asfacur, são:

a) Promover o fortalecimento e a competitividade das empresas

associadas, por meio de serviços e ferramentas que contribuam para

que elas prosperem no mercado de farmácias de varejo;

b) Promover a integração entre os associados da rede, fortalecendo o

espírito associativo;

c) Conquistar o reconhecimento da sociedade, a fidelização dos clientes e

a credibilidade dos fornecedores.

A Asfacur possui sede na cidade de Curitiba/PR, onde são centralizadas

todas as ações e tomadas de decisões relativas ao grupo. Para apresentação e

análise de propostas, bem como para tomada de decisões que impliquem na

aprovação dos associados (conforme previsto no estatuto da associação), são

realizadas assembleias gerais todas as últimas terças-feiras de cada mês. Cada

associado, independentemente da quantidade de lojas que possui, tem direito a um

voto nas assembleias e reuniões.

Além do Estatuto Social, a Asfacur é regida por um Regimento Interno e por

um Código de Ética, o qual especifica os aspectos relacionados ao comportamento

dos associados. Assim sendo, observa-se que na Rede Hiperfarma são utilizados os

instrumentos de organização das atividades conforme apresentado no subitem 2.3.2.

Ao associar-se na Asfacur, o empresário deve pagar uma taxa de ingresso

denominada de “Joia”. Além disso, mensalmente é cobrado dos associados o valor

referente ao rateio das despesas administrativas e operacionais da sede e o valor

referente à taxa de marketing.

Na sede da Asfacur estão instalados e em funcionamento, todos os

departamentos que compõe a estrutura administrativa da associação (conforme

apresentado a seguir), bem como existem salas para reuniões e um auditório para

eventos e treinamentos.

Page 67: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

67

Atualmente fazem parte da rede 81 associados, totalizando 102

estabelecimentos (lojas), uma vez que alguns associados são proprietários de mais

de uma farmácia. Observa-se que houve um significativo aumento no número de

associados (em comparação com o início da rede), o que de acordo com os Fatores

Críticos de Sucesso apresentados por Dumke, Anazco e Paul (2011) é um aspecto

favorável ao fortalecimento da Asfacur.

A maioria das farmácias está estabelecida na cidade de Curitiba/PR. Contudo,

também fazem parte da rede, farmácias de outras localidades do Estado do Paraná

e de Santa Catarina, conforme pode ser observado no quadro 3.

QUADRO 03 - DISTRIBUIÇÃO DAS FARMÁCIAS POR MUNICÍPIO

Cidade Quantidade de Farmácias

Curitiba – PR 52

São José dos Pinhais – PR 6

Colombo – PR 6

Pinhais - PR 5

Itapema/Meia Praia - SC 4

Araucária – PR 3

Ponta Grossa – PR 3

Fazenda Rio Grande - PR 2

Guaratuba – PR 2

Antonina – PR 1

Bombinha – SC 1

Campina Grande do Sul - PR 1

Campo Largo – PR 1

Castro – PR 1

Cianorte – PR 1

Ibaiti – PR 1

Itapoá – SC 1

Itaiópolis – SC 1

Jaguariaiva – PR 1

Lapa – PR 1

Mafra – SC 1

Morretes – PR 1

Paranaguá – PR 1

Pontal do Paraná – PR 1

Quitandiha – PR 1

Rio Negro – PR 1

Tijucas do Sul – PR 1

União da Vitória – PR 1 FONTE: Autor (2011)

Page 68: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

68

A estrutura organizacional da Asfacur está assim distribuída:

a) Diretor Presidente

b) Diretoria Financeira

c) Diretoria de Negociações

d) Diretoria de Marketing

e) Diretoria de Ética e Disciplina

f) Diretoria de Relações Sociais

g) Diretoria Administrativa

h) Conselho Fiscal

Além disso, a estrutura administrativa da associação está assim distribuída:

a) Gerente Administrativo e Financeiro

b) Coordenador de RH

c) Coordenador de Marketing

d) Assistente de Marketing

e) Coordenador T.I.

f) Assistente Administrativo (Setor de Convênios)

g) Consultor de Vendas (Setor de Convênios)

h) Consultor de Lojas

i) Recepcionista

j) Coordenador Comercial

k) Auxiliar Administrativo

l) Serviços Gerais

As principais atividades exercidas pela Asfacur, bem como os benefícios

oferecidos aos associados, são os seguintes:

a) A associação promove durante o ano diversos treinamentos e palestra

aos associados e seus funcionários. Esses eventos tratam dos

Page 69: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

69

aspectos de gestão do negócio (planejamento, finanças) e dos

aspectos operacionais da farmácia (técnicas de vendas, atendimento

ao cliente). Também organiza evento comemorativo do seu aniversário

e eventos de confraternização, com intuito de estreitar o

relacionamento dos associados;

b) São feitas parcerias com fornecedores de medicamentos, artigos de

perfumaria e outros produtos. Nessas parcerias, a associação negocia

descontos especiais nas compras feitas pelos associados e, além

disso, negocia um “repasse” de recursos financeiros que é feito pelos

fornecedores para a Asfacur, com o propósito de utilização em ações

de marketing. Em troca disso, os participantes da rede se

comprometem a adquirir os produtos dos parceiros, de acordo com um

volume de compras previamente combinado;

c) A Asfacur investe sistematicamente em ações de marketing. Para as

campanhas publicitárias são utilizados diversos tipos de mídia (rádio,

televisão, tabloides). Além disso, são realizadas promoções em datas

especiais (dia das mães) e promoções de produtos específicos

(fraldas). Todas as promoções são divulgadas na mídia e são

fortalecidas com tabloides. A página da Hiperfarma na internet também

é utilizada como instrumento de marketing e propaganda

(www.hiperfarma.com.br).

d) A rede oferece aos seus clientes a comodidade do serviço de

televendas e entrega em domicílio, aumentando a possibilidade de

venda dos produtos;

e) São formalizados convênios com empresas e instituições, nos quais os

funcionários efetuam suas compras com descontos utilizando o Cartão

Hiperconv. Os convênios trazem benefícios para as

empresas/instituições conveniadas e aumentam a fidelização dos

clientes;

f) A Asfacur atua como representante dos seus associados em

negociação de tarifas nas operações com cartão de débito e crédito;

g) Todas as lojas da Rede Hiperfarma seguem um padrão interno e de

fachada, o que contribui para aumentar a visibilidade da marca no

Page 70: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

70

mercado. Além disso, os proprietários e colaboradores devem utilizar

os uniformes adotados pela rede;

h) A associação disponibiliza dois sistemas de informações gerenciais aos

seus associados. Esses sistemas possibilitam que o associado faça a

gestão da sua empresa, bem como realize intercambio automatizado

com a sede da Asfacur, o qual também é realizado por meio da intranet

disponibilizada (Hiper.Net);

i) A rede possui o cartão fidelidade (Viver Bem) que é distribuído

gratuitamente aos clientes. Esse cartão garante descontos especiais

nas compras. Também são feitas promoções especiais para quem

possui o cartão;

j) A Asfacur oferece orientação e assessoria administrativa e jurídica aos

seus associados, e participa de feiras e eventos do setor farmacêutico.

Observa-se que a estrutura organizacional adotada pela Rede Hiperfarma,

aliada aos recursos disponibilizados aos seus associados, atendem aos quesitos

propostos por Antunes, Balestrin e Verschoore (2010), para o funcionamento da

administração da rede, ou seja: facilidades/instalações e financiabilidade. No tocante

à facilidades/instalações, a Rede Hiperfarma dispõe de vários recursos de gestão,

sua estrutura organizacional atende as necessidades para o cumprimento das

funções administrativas essenciais e, além disso, a sede dispõe de infraestrutura

adequada às suas necessidades.

Com relação à financiabilidade, que segundo Antunes, Balestrin e Verschoore

(2010), significa a capacidade de geração de recursos para operacionalização da

rede, destaca-se que os associados pagam uma taxa (joia) ao ingressarem na

associação, pagam mensalmente o valor referente ao rateio das despesas

administrativas da sede e, também mensalmente, a taxa de marketing. Além disso, a

Asfacur recebe dos fornecedores parceiros, um repasse financeiro calculado sobre

as compras feitas pelos seus associados. Parte desse repasse é mantida na

associação e a outra parte é distribuída aos associados de acordo com suas

respectivas compras. Todas essas fontes de arrecadação são suficientes para

garantir a operacionalização da associação, segundo a própria Diretoria.

Por outro lado, como pode ser observado acima, as principais ações

praticadas pela Asfacur estão em consonância com as práticas descritas no capítulo

Page 71: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

71

2.4.1 (Formas de Atuação), o qual retrata as principais ações praticadas por redes

de cooperação empresarial. Também pode ser observado que as ações e

benefícios, aliados à estrutura física e organizacional e às práticas de gestão, estão

em consonância com os objetivos da rede, pois, de forma geral, elas contribuem

para:

d) Aumentar a competitividade das lojas associadas;

e) Melhorar a gestão das lojas associadas;

f) Aumentar a fidelização dos clientes;

g) Dar maior visibilidade à marca Hiperfarma;

h) Melhorar o relacionamento e aumentar a credibilidade junto aos

fornecedores (parceiros);

i) Intensificar o relacionamento entre os associados;

j) Fortalecer o espírito associativista.

4.2 A VISÃO DA DIRETORIA DA ASFACUR

Foram feitas cinco entrevistas com membros da Diretoria da Asfacur (vide

roteiro no apêndice 01) e duas reuniões com essas pessoas (além de funcionários).

Os objetivos destas entrevistas e reuniões foram: conhecer mais detalhadamente o

funcionamento operacional da Asfacur e ter subsídios para poder comparar as

respostas dadas pelos associados, com a opinião dos diretores da associação.

Participaram destas entrevistas quatro dos sete diretores da Asfacur.

A seguir é apresentada uma síntese das informações colhidas nas entrevistas

e reuniões. É importante destacar que não houveram discrepâncias nas respostas

dadas pelos entrevistados, fato que comprova a coesão existente entre os membros

da Diretoria.

Segundo os entrevistados, a Asfacur possui Estatuto Social, Regimento

Interno, Código de Ética e Sistema de Normas e Procedimentos e esses

documentos são entregues a cada associado no momento da filiação.

Quanto ao cumprimento das disposições de cada instrumento citado acima,

os entrevistados afirmaram que, de forma geral, os associados observam essas

disposições. Casos isolados de descumprimento das disposições são tratados pela

Page 72: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

72

Comissão de Ética, através do um mecanismo interno denominado Processo

Administrativo Disciplinar - PAD.

Até o ano de 2008 era feito, anualmente, o Planejamento Estratégico para o

exercício seguinte. Esse planejamento era amplo (contemplava diversas áreas da

organização) e participativo (contava com a presença dos associados interessados).

Atualmente é feito um planejamento resumido, contemplando somente alguns

projetos para o ano seguinte e contando com a participação de apenas alguns

associados (além da Diretoria) previamente selecionados.

Na última terça-feira de cada mês é realizada uma Assembleia Geral

Ordinária. Segundo os entrevistados, a participação nas assembleias é satisfatória,

tendo em vista que: são debatidos e aprovados assuntos de interesse dos

associados; além disso, existe uma norma interna que estabelece a frequência

mínima nessas assembleias durante o ano.

Além das assembleias, são promovidos, durante o ano, eventos de

confraternização e treinamentos para os associados e seus colaboradores. Nos

eventos de confraternização a participação dos associados é satisfatória, contudo,

nos treinamentos, a quantidade de participantes normalmente fica abaixo do

esperado.

A Diretoria considera que a infraestrutura da associação é adequada às suas

necessidades, que os sistemas de gestão disponibilizados aos associados também

são adequados.

Com relação ao quadro de associados, a Asfacur já traçou um plano de

expansão para atingir o número de 150 lojas associadas até o final de 2011

(atualmente são 102 lojas).

Como aspectos positivos dos associados, os entrevistados destacaram que:

são comprometidos com a causa da rede; grande parte participa e contribui com

suas opiniões e críticas (muito embora alguns prefiram se omitir na hora de dar

opinião); demonstram vontade de fazer e ver as coisas acontecerem e, além disso,

demonstram confiança na Diretoria da associação.

Por outro lado, como aspecto negativo, os entrevistados destacam que ainda

existem associados que agem de maneira individualista. Além disso, lamentam que

Page 73: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

73

os associados não aproveitem adequadamente a infraestrutura e os recursos que

Asfacur coloca à sua disposição.

4.3 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS LEVANTADOS NA PESQUISA – A VISÃO DOS ASSOCIADOS

A primeira constatação feita é que a maioria das pessoas que participam da

rede (55%) está na faixa etária de até 40 anos. O quadro 4 apresenta a distribuição

dos pesquisados por faixa etária.

QUADRO 04 - DISTRIBUIÇÃO DOS PESQUISADOS POR FAIXA ETÁRIA Faixa etária Quantidade Perc.

Menos de 30 anos0 3 7,9%

Entre 30 e 40 anos 18 47,4%

Entre 40 e 50 anos 4 10,5%

Entre 50 e 60 anos 9 23,7%

Acima de 60 anos 4 10,5%

FONTE: Autor (2011)

Observação: Um dos pesquisados assinalou duas opções de faixas etárias (uma para cada sócio da empresa), por esse motivo o total de respostas nesse quesito foi de 38.

Com relação ao grau de importância da rede para o desenvolvimento da

empresa, 100% dos pesquisados afirmaram que é importante ou muito importante, o

que demonstra que essas pessoas estão conscientes de que a participação na Rede

Hiperfarma é essencial para o fortalecimento das suas empresas. Isso pode ser

observado no comentário feito por um dos pesquisados: “Acredito que na conjuntura

atual é fundamental ter uma rede para dar suporte na negociação e no marketing,

com toda a estrutura que a rede possa nos auxiliar”.

A constatação acima vem ao encontro da visão de Caron (1997) de que as

mudanças provocadas pela globalização e pelo avanço tecnológico intensificaram o

“processo de interdependência e o aprofundamento da integração econômica entre

as empresas e as nações”.

Essa importância também pode ser constatada no reconhecimento sobre o

ganho de competitividade obtido com a participação na rede.

Segundo 36 pessoas (97%), participar da rede traz ganhos de competitividade

para a empresa. Um dos pesquisados complementou sua resposta com o seguinte

comentário: “Participando da rede...consigo competir com as grandes redes e

oferecer o melhor”.

Page 74: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

74

Apenas uma pessoa manifestou opinião contrária sobre esse aspecto, o que

surpreende, tendo em vista que, conforme mencionado anteriormente, todos os

entrevistados afirmaram que é importante participar da Rede Hiperfarma.

Objetivando identificar o que a maioria dos associados considera que é mais

importante, foi solicitado que cada pessoa escolhesse, dentre um conjunto de treze

opções, cinco ações ou benefícios obtidos com a participação na rede, que, na sua

opinião, são as mais relevantes para a empresa.

Como pode ser observado no quadro 5, os associados da Asfacur consideram

mais importantes as ações e benefícios que afetam diretamente o aspecto comercial

da empresa, ou seja: que implicam em aumento de vendas e, por consequência,

aumento do faturamento.

QUADRO 05 - CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES E BENEFÍCIOS SEGUNDO O GRAU DE IMPORTÂNCIA

Ação/Benefício Quantidade

Participação em campanhas de marketing 27

Negociações em conjunto 27

Visibilidade no mercado 26

Convênios com empresas e instituições 21

Oportunidade de compartilhar conhecimentos 14

Disponibilidade de informações gerenciais 14

Participação em campanhas publicitárias 13

Poder qualificar-se a um custo mais acessível 13

Poder qualificar seus colaboradores a custo mais acessível 12

Ter tarifas reduzidas nas operações com cartão de débito e crédito 12

Apresentação padronizada das lojas e fachadas 11

Cartão Hiperfarma 5

Serviços de televenda e entrega em domicílio 0

FONTE: Autor (2011)

Observação: Dois entrevistados assinalaram mais do que as cinco opções solicitadas no questionário. Por esse motivo, o total de respostas (195) excedeu a quantidade esperada para o número de questionários respondidos (185). Contudo, optou-se por acatar as respostas excedentes, tendo em vista que refletem o grau de importância que essas pessoas atribuem às ações e benefícios oferecidos pela Asfacur.

Contudo, chama a atenção que duas ações/benefícios, embora tenham

influência direta nas vendas da farmácia, tiveram as menores pontuações dentro do

conjunto: Cartão Hiperfarma e Serviços de Televendas e Entrega em Domicílio.

Por outro lado, também chama a atenção que as ações/benefícios ligados à

área do conhecimento e desenvolvimento profissional (ex.: possibilidade que

Page 75: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

75

qualificar-se) estão entre os que são considerados pouco importantes para os

associados.

Também foi perguntado aos associados, qual é o seu grau de satisfação

quanto aos serviços prestados pela Asfacur? O resultado foi o seguinte:

a) Não satisfaz as expectativas – 0

b) Satisfaz parcialmente as expectativas – 13

c) Satisfaz plenamente as expectativas – 22

d) Supera as expectativas - 2

Nesse aspecto, observa-se que, embora a maioria (65%) dos associados

considere que os serviços prestados pela Asfacur satisfazem plenamente ou

superam suas expectativas, existe um contingente significativo (35%) de pessoas

que anseiam por melhorias nos serviços prestados.

Ainda sobre a visão dos associados no tocante à Asfacur, foi perguntado se

eles consideram a Rede Hiperfarma um empreendimento bem sucedido. A maioria,

89%, responderam que sim, enquanto que 5,5% responderam que consideram

parcialmente bem sucedido e 5,5% responderam que não.

Como pode ser observado, os associados consideram que a Rede Hiperfarma

é um empreendimento bem sucedido e que tem papel importante na competitividade

das suas respectivas empresas, da mesma forma, fica claro que os associados

aprovam a forma de gestão da rede.

Complementando essa pergunta, foi solicitado aos associados que

apontassem os pontos fortes e fracos da Asfacur, bem como apresentassem suas

sugestões para melhoria. Os relatos obtidos são apresentados a seguir:

a) Pontos Fortes da Asfacur

a.1) “As parcerias comerciais”;

a.2) “Engajamento da diretoria em tornar a Rede Hiperfarma cada

vez mais conhecida e reconhecida no mercado”;

a.3) “Através da rede você está mais apto a enfrentar a concorrência,

por meio de cursos, negociação de descontos, os tabloides,

convênios, mídia na TV, entre outros”;

Page 76: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

76

a.4) “Penso que a Rede Hiperfarma, sede em Curitiba, concentra o

maior número de associados. Como ela é associada a

FEBRAFAR36, fortalece todas as negociações”;

a.5) “A consolidação de ações de marketing e agora mais uma ação

que é o cartão fidelidade”;

a.6) “Imagem de rede forte; organização da sede administrativa,

convênios, negociações e marketing”;

a.7) “Convênio; marketing e negociações”;

a.8) “A Asfacur atua em beneficio dos associados; é uma rede

estruturada e organizada; as qualificações oferecidas em gestão

nos possibilitam estar acompanhando a mudança de mercado”;

a.9) “Atendimento diferenciado: geralmente, o proprietário esta na

loja o tempo todo; o proprietário na maioria das vezes é

farmacêutico; a farmácia é de bairro, ou seja, atende a

comunidade da região e conhece melhor seus clientes”;

a.10) “Maior qualificação da equipe gestora”;

a.11) “Negociação, informação, controle, treinamento”;

a.12) “Democracia; campanhas de marketing; padronização;

convênios e estrutura”;

a.13) “Negociação com fornecedores”;

a.14) “Visão de mercado sempre à frente”;

a.15) “O comprometimento da maioria dos associados, as

negociações da diretoria e o número de farmácias associadas,

melhoram a visibilidade”;

a.16) “Organização e planejamento; colaboradores motivados;

associados motivados; necessidade de adequação ao mercado

competitivo”;

a.17) “Formação de pessoal, negociações, projetos, divulgação

através da mídia”;

a.18) “Treinamentos e estratégias de mercado”;

a.19) “Marketing nas promoções; compras em associação, reduzindo

os custos; maiores prazos de pagamento e visual da empresa”;

36 Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica.

Page 77: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

77

a.20) “A profissionalização e a união da rede é esse o ponto forte da

rede”;

a.21) “Pelos conhecimentos, novas ideias, comprometimento com os

associados, pra mim está ótimo”;

a.22) “Profissionalização dos departamentos que compõe a sede e

ações planejadas, estruturadas e bem executadas”;

a.23) “Busca por novas estratégias que nos diferenciem da

concorrência e esforço por parte dos associados em

desenvolver as ações propostas”;

a.24) “Orientação e cursos oferecidos aos associados”;

a.25) “Dinamismo de seus diretores, buscam sempre novas

oportunidades e inovações no setor, oferecendo oportunidades

de negócios para seus associados . Digamos que são três

pontos fortes: dinamismo, inovação e oportunidade”;

a.26) “Um grupo forte, pessoas qualificadas e grandes negociações

feitas. Fácil acesso a Sede para resolver problemas e tirar

dúvidas”;

a.27) “Buscam estar sempre atualizados com as tendências de

mercado, legislação e a concorrência”;

a.28) “A seriedade da associação trabalhando para o crescimento dos

associados”;

a.29) “A firmeza de todos os diretores em se esforçar para cumprir

metas, a ajuda da Febrafar em orientar as redes e atualizar o

que esta acontecendo no mercado farmacêutico brasileiro, as

parcerias em vários ramos para a farmácias, o

acompanhamento da concorrência mostrando a população que

é uma rede consolidada no mercado farmacêutico, com uma

sede que impõe respeito àqueles que a procuram”;

a.30) “Convênios e mídia”.

Analisando os pontos fortes relatados acima, é possível perceber que na

visão dos associados, três aspectos se destacam como os mais positivos da Rede

Hiperfarma. Essa conclusão é baseada na frequência com que esses aspectos

foram citados.

Page 78: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

78

Em primeiro lugar se destaca a atuação da associação na área de marketing.

Aspectos relativos às estratégias de marketing, tais como: a formação de parcerias

comerciais e a realização de publicidades e propagandas adequadas, são os mais

citados pelos associados. Em seguida, aparece como importante o processo de

negociações de descontos junto aos fornecedores. Os associados consideram que

esse processo vem sendo executado de maneira satisfatória. Também foi bastante

citada a postura (comprometimento, engajamento, dinamismo e seriedade) da

Diretoria, bem como sua qualificação.

Assim sendo, é possível concluir que esses três aspectos internos, na opinião

dos associados, são os que mais contribuem para que a Rede Hiperfarma seja um

empreendimento bem sucedido e atinja seus objetivos.

b) Pontos Fracos da Asfacur

b.1) “Talvez a falta de comprometimento de alguns associados em

aceitar as normas decididas em assembleia”;

b.2) “Alguns associados não aplicarem as ações”;

b.3) “Individualidade de alguns associados; falta de

comprometimento de alguns associados; falta de comunicação

entre os associados e a sede administrativa; falta de

investimentos em propaganda e marketing; desenvolver mais as

lojas da rede”.

b.4) “Transparência”;

b.5) “Dificuldade de tomar decisões”;

b.6) “A falta de central de compras ou cooperativa; não conseguimos

mostrar o potencial que a rede tem por comprar individual; a

falta de visibilidade no mercado”;

b.7) “Outras redes estão com preços muito agressivos, o que

está atrapalhando”;

b.8) “Se apegar a pequenos detalhes”;

b.9) “Negociação errada de alguns produtos inseridos no tabloide,

obrigando o associado a comprar tal produto com baixo, ou

baixíssimo giro na região”;

b.10) “A desunião de alguns associados...”;

Page 79: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

79

b.11) “Falta de comprometimento de alguns associados e falta de

entrosamento entre associados”;

b.12) “Falta inovação na área de marketing”;

b.13) “Maior engajamento dos associados no cumprimento dos

objetivos propostos”;

b.14) “Ação mais efetiva para conquista de mercado”;

b.15) “Não vemos pontos negativos”;

b.16) “Precisamos ousar mais, aparecer, o nome HIPERFARMA tem

que estar mais presente, sermos confundidos com preço baixo”;.

b.17) “Às vezes a falta de participação do associado, causando assim

pouco envolvimento de alguns associados, em assuntos

importantes e assim enfraquecendo a rede”;

b.18) “No momento não consigo indicar nenhum”;

b.19) “Pensamento diferente dos associados”;

b.20) “A formação de grupinhos, que muitas vezes nas reuniões, por

saberem já do assunto tratado, devido a privilégios que contam

na associação, ficam com conversas paralelas o que em minha

opinião atrapalha o bom andamento da mesma”;

b.21) “No meu caso, por estar em Guaratuba, não consigo utilizar de

todos os serviços da associação, como participar e enviar

funcionários para treinamentos”;

b.22) “A forma que alguns associados tem em acompanhar as

determinações proferidas pela associação, a ausência do “

cooperativismo “ propriamente dito de alguns associados que

estão adiantados ou atrasados em forma de administrar seu

negocio, e os “ atrasados” , acabam influenciando na imagem de

forma negativa, e tem dificuldades em entender o que é

associativismo”;

b.23) “Baixa lucratividade nos produtos que estão na mídia (deveria

melhorar a compra pensando em uma boa margem de

lucratividade, não apenas ‘queimar’ os produtos”.

Analisando a frequência dos comentários feitos pelos pesquisados, fica claro

que o principal aspecto negativo da Rede Hiperfarma é o que diz respeito aos

associados. A falta de participação e comprometimento, a desunião dos associados,

Page 80: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

80

o individualismo e a falta de comunicação, aparecem na maior parte dos

comentários apresentados. Essa situação interfere no fortalecimento do espírito

associativo, o que por sua vez dificulta a consolidação da rede e o atingimento dos

seus objetivos.

Dentre os demais pontos fracos citados (os quais aparecem com pouca

frequência) cabe destacar dois deles: a ocorrência de negociações inadequadas

para compra de alguns produtos e a falta de inovação nas estratégias de marketing.

Por outro lado, no que diz respeito à forma como a Diretoria da Asfacur se

relaciona com seus associados, foram feitas duas perguntas: grau de satisfação

sobre os meios utilizados para apresentação de sugestões, debates e aprovação de

propostas e grau de satisfação quanto às assembleias e reuniões.

Em ambos os casos os associados manifestaram opinião favorável, tendo em

vista que 89% consideram satisfatórios os métodos utilizados para apresentação de

sugestões, debates e aprovação de propostas, enquanto que 95% consideram que

as assembleias são produtivas e atingem os resultados esperados.

Muito embora a maioria das pessoas tenha se manifestado positivamente em

relação às duas perguntas, é importante destacar alguns comentários feitos por

associados que responderam à pesquisa:

a) “É preciso achar uma fórmula para que os associados participem

efetivamente das discussões sobre propostas, pois a maioria não

opina, mas sai da reunião descontente”;

b) “É satisfatório [método para apresentação de propostas e debates],

porém, em algumas ocasiões vê-se uma tendência de defesa de

interesses dos associados mais antigos. Deve-se respeitá-los, mas não

obedecê-los”;

c) “Para quem realmente participa (as assembleias) são muito

produtivas”;

d) “São produtivas [as assembleias], porém poderíamos conseguir

resultados melhores”.

Page 81: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

81

A Diretoria, sua postura e o seu desempenho, tem sido o principal fator de

êxito da rede. Em contrapartida, a postura e o comprometimento de parte

(significativa) dos associados, têm dificultado sua consolidação e desenvolvimento.

A pesquisa objetivou, também, saber qual é a opinião das pessoas

pesquisadas no que diz respeito à participação dos associados nas ações

promovidas pela Asfacur. Nesse sentido, foi perguntado se a pessoa considera

importante que os associados participem das reuniões e assembleias da associação.

O resultado foi que 97% (36 pessoas) afirmaram que sim.

Também foi perguntada qual a opinião da pessoa sobre a intensidade da

participação dos associados nas assembleias e reuniões. Conforme disposto no

quadro 6, observa-se que existe um equilíbrio entre duas das alternativas

apresentadas. De um lado, 43,3% dos pesquisados acreditam que a quantidade de

participantes é satisfatória, porém deveria ser maior. Do outro lado, 54,1% acreditam

que a maioria ou totalidade das pessoas costuma participar das assembleias e

reuniões.

É importante destacar que, segundo a Diretoria da Asfacur, existe uma norma

interna que determina que o associado pode, durante o ano civil, ter no máximo três

ausências consecutivas ou cinco alternadas, nas assembleias e reuniões. Essa

norma garante uma maior participação das pessoas, porém não garante maior

interesse em estar participando, tão pouco, garante que as pessoas de fato

contribuam com suas opiniões, sugestões e críticas. Além disso, essa norma não se

aplica aos treinamentos e palestras, o que explica a opinião da Diretoria de que a

frequência neste tipo de evento, normalmente é abaixo das expectativas.

QUADRO 06 - VISÃO DOS ENTREVISTADOS SOBRE A PARTICIPAÇÃO DOS ASSOCIADOS NAS ASSEMBLEIAS E REUNIÕES

Descrição Quantidade Perc.

O número de participantes é pequeno e se restringe quase sempre às mesmas pessoas.

1 2,7%

O número de participantes é pequeno e não se restringe às mesmas pessoas.

0 0

O número de participantes á satisfatório, porém deveria ser maior. 16 43,2%

A maioria ou totalidade dos associados costuma participar das assembleias e reuniões.

20 54,1%

FONTE: Autor (2011)

Page 82: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

82

Em que pese que a participação dos associados seja considerada

relativamente boa, no tocante ao comprometimento com a rede, as opiniões são

diferentes, pois, 86% das pessoas consideram o comprometimento regular ou bom,

enquanto que apenas 14% consideram ótimo. Nenhum pesquisado respondeu que

considera baixo ou excelente. O ideal neste quesito seria que a maioria dos

pesquisados apontassem o grau de comprometimento, como sendo ótimo ou

excelente.

Para ilustrar essa questão, são apresentados alguns comentários feitos pelas

pessoas pesquisadas:

a) “Os que se comprometem são sempre os mesmos”;

b) “Nós associados poderíamos nos comprometer de uma maneira mais

constante”;

c) “Acho que ainda existem alguns casos que o associado não vê os

outros como verdadeiros parceiros, existe certa resistência em acatar

decisões e compartilhar sucessos”;

d) “O primeiro pensamento sempre é individualista, dificilmente alguém

pensa primeiro no grupo”;

e) “Todos deveriam se esforçar mais, para sermos mais competitivos”.

Ainda na ceara do comportamento pessoal, foi perguntado aos pesquisados

como eles “enxergam” o grau de relacionamento pessoal dos associados da Asfacur

e se eles consideram importante que haja um relacionamento pessoal.

No tocante à primeira pergunta, é visível que o grau de relacionamento não é

percebido como um ponto forte dos associados, pois a maioria dos pesquisados

considera-o regular (16%) ou bom (65%), enquanto que apenas 11% consideram-no

ótimo e ninguém o considera excelente. Sendo que, ainda por cima, 8% consideram

que o grau de relacionamento é baixo.

Por outro lado, com relação à opinião sobre a importância de haver um

relacionamento pessoal, 81% dos pesquisados considera que é importante que o

relacionamento pessoal seja elevado e 19% não considera isso importante.

Os principais comentários feitos sobre esse assunto foram:

Page 83: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

83

a) “Não, acho que não precisa ser elevado, sendo bom já é suficiente”;

b) “Sim, a troca de experiências é valida, porque às vezes um associado

tem um problema e o outro pode ter passado pelo mesmo (problema) e

assim, pode ajudar a resolver”;

c) “Porque sem a união de seus associados o princípio básico do

associativismo é quebrado, sendo assim, não surte os efeitos

desejados...”;

d) “Porque o sucesso da rede depende de todos. Não posso participar de

uma associação e não colaborar, não participar...”;

e) “Desenvolvemos ações que nos beneficiam mutuamente. O sucesso do

grupo depende do esforço de cada um. É como um trabalho de equipe.

Precisamos estar entrosados e focados para que o sucesso seja

alcançado”;

f) “Um associado pode ajudar os outros nas suas dificuldades”.

O que se observa deste conjunto de fatores relacionados à postura dos

associados, é que, embora a participação nos eventos seja considerada satisfatória

(por pouco mais da metade dos associados), existe um contingente significativo que

acredita que a participação e o comprometimento deveriam ser maiores.

Tendo em vista que a maioria das pessoas considera fundamental que haja

um relacionamento e um entrosamento entre os associados, e que acha que é

fundamental que exista o comprometimento das pessoas, coisas que não estão de

fato acontecendo, ao que tudo indica, esses aspectos estão dificultando o

atingimento dos objetivos da rede.

Outro aspecto que foi questionado na pesquisa, diz respeito à globalização. O

objetivo desta questão é identificar a percepção dos entrevistados a respeito deste

fenômeno, que como já foi abordado na contextualização, vem sendo responsável

por grandes transformações nas esferas políticas, econômicas e sociais das nações.

Primeiramente, foi perguntado se a globalização influencia o desenvolvimento

e a competitividade da empresa. Trinta e três pessoas (89,2%) acreditam que sim,

enquanto que 13,5% (quatro pessoas) acham que a globalização não interfere em

suas empresas.

Page 84: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

84

Em seguida, foi perguntado se a influência é “positiva” ou “negativa”. Tendo

em vista que a pergunta admitia a escolha das duas opções, obteve-se 38

respostas, sendo que 30 (79%) foram de que a influência é “positiva” e somente 8

(21%) foram de que a influência é “negativa”.

Além disso, também foi perguntado qual é a importância de participar da

Asfacur, em virtude das influências da globalização. Nesse sentido, 88% acreditam

que participar da Asfacur favorece muito a empresa, enquanto que 12% creem que

favorece pouco. Nenhum dos pesquisados respondeu que não favorece nada.

Quatro pessoas não responderam essa questão.

Em virtude do que foi apresentado acima, pode-se perceber que os

associados da Asfacur estão bem conscientes dos impactos da globalização nas

suas respectivas empresas, bem como, de que a participação na Rede Hiperfarma é

essencial para o aumento da competitividade da empresa.

A seguir são apresentados os comentários feitos pelos pesquisados, tanto

sobre a influência “positiva”, como pela “negativa”.

a) Comentários dos participantes que consideram que a influência é

“positiva”:

a.1) “Acredito que seja o fato de ser vistos por todos”;

a.2) “Na globalização você tem que aceitar as mudanças mais

rapidamente, ou o seu concorrente pode fazer primeiro e dar um

passo a frente. Assim você se torna uma pessoa mais atenta,

isto é positivo”;

a.3) “As novidades vêm mais rápido, deste modo a resposta como

associação é mais rápida. Ao contrario do que se eu fosse

independente, esperaria mais para procurar ajuda para me

ajustar ao mercado”;

a.4) “Rapidez de informação”;

a.5) “Maior poder de compra; maiores oportunidades de negócios;

maior facilidade de adquirir produtos”;

a.6) “A rapidez com que você tem as informações”;

a.7) “A propaganda nos meios de comunicação leva o nome

Hiperfarma e seus produtos para que atinja o maior número de

pessoas possível”;

Page 85: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

85

a.8) “As mudanças são muito rápidas, a informação mais precisa,

temos que estar constantemente “ligados” nas mudanças de

mercado”;

a.9) “Aumenta o leque de opções”;

a.10) “O acesso a informações e as estratégias de mercado”;

a.11) “Modernização e desenvolvimento”;

a.12) “Pois o comportamento do mercado tornou-se mais dinâmico e

muitas coisas feitas em outras praças acabam refletindo no

mercado local, tanto positivamente como negativamente”;

a.13) “Concorrência”.

b) Comentários dos participantes que consideram que a influência é

“negativa”:

b.1) ‘’Aumento do poder das grandes corporações. A indústria

procura as grandes empresas em detrimento das menores para

negociação. A preferência dos clientes por grandes lojas das

grandes corporações, que sugerem melhor atendimento e

melhores preços”;

b.2) “Cada vez fica mais difícil tratar o cliente como único, mais difícil

ganhar o cliente pelo atendimento... Cada vez a procura por

preço está sendo decisiva”;

b.3) “Aumenta a competição e a empresa tem que ‘abrir mão’ de uma

parte dos lucros”;

b.4) “Temos que nos adequar muito rapidamente aos anseios do

mercado, pois se você não se adequar rápido perde seu

espaço”;

b.5) “Concorrentes cada vez maiores, mais fortes e mais bem

estruturados, entrada de capital estrangeiro, vendas pela

internet, benefícios dados pelas indústrias (cupons – cartão de

desconto) os quais não temos acesso”.

Em uma das questões apresentadas na pesquisa, constavam cinco

afirmativas e foi solicitado que o pesquisado assinalasse aquelas com as quais

concorda. O resultado foi o seguinte:

Page 86: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

86

a) Na visão de vinte e oito pesquisados (76%), a forma de elaboração do

Planejamento Estratégico da Rede Hiperfarma é satisfatória e privilegia

a participação dos associados;

b) Uma pessoa afirmou que desconhece a forma como o Planejamento

Estratégico é elaborado, porque não é convidada para participar;

c) Dezessete pessoas (46%) são da opinião de que as ações praticadas

correspondem ao que foi planejado;

d) Treze pessoas (35%) consideram a Rede Hiperfarma uma rede

inovadora, ou seja: normalmente está à frente da concorrência no que

diz respeito a ofertar novos produtos e serviços aos consumidores,

bem como a utilizar novas práticas de gestão interna;

e) Vinte e oito pessoas (76%) acreditam que o modelo de gestão adotado

pela diretoria da Asfacur é eficaz, no que diz respeito a formar

parcerias que tragam benefícios aos associados.

O que se pode observar nesse conjunto de afirmações, é que mais uma vez a

forma de gestão (o que inclui o desempenho da Diretoria) foi destacada como

satisfatória pelos pesquisados. Por outro lado, chama a atenção que a maioria dos

entrevistados (65%) não consideram a Rede Hiperfarma uma rede inovadora.

Por fim, foi solicitado aos associados que apresentassem suas sugestões de

melhorias e apresentassem suas críticas gerais a respeito da Asfacur. As

contribuições recebidas foram:

a) “Criar eventos mais frequentes em horários alternativos para trazer os

associados para a sede administrativa e desta forma interagir mais,

visitar esporadicamente algumas lojas (mensalmente) e verificar in loco

como anda a relação do associado junto à Asfacur”;

b) “Ouvir mais os associados”;

c) “Perceber a desigualdade entre as lojas da rede; não colocar todos

num mesmo patamar, pois existem dificuldades diferentes”;

d) “[...] acho que poderia se feita uma maior interação entre os

associados, para troca de experiências”;

e) “Buscar mais a expansão”;

Page 87: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

87

f) “Reuniões com grupos pequenos de associados”;

g) “Trabalhar muito a educação dos empresários em procurar o mesmo

norte, insistindo sempre na união, mesmo que as ideias não sejam

sempre compatíveis, porém mostrar os objetivos da rede, que somente

planos traçados e cumpridos farão que a rede se estabeleça mais

dentro do mercado farmacêutico”;

h) “Precisamos mais participação não só presença”;

i) “Melhorar os preços de compra”.

4.4 PESQUISA INTERNA FEITA PELA DIRETORIA DA ASFACUR

Conforme mencionado anteriormente, a Diretoria da Asfacur fez uma

pesquisa de satisfação com seus associados (vide apêndice 03). Essa pesquisa foi

realizada em dezembro de 2010.

Tendo em vista que algumas questões abordadas nesta pesquisa são úteis

para análise pretendida nessa dissertação, a seguir é apresentada uma síntese do

que foi identificado nas respostas recebidas. Cabe salientar que essa pesquisa foi

incluída neste documentos, apenas com o propósito de se fazer uma comparação

com o resultado obtido na pesquisa feita por ocasião deste projeto, a fim de

identificar as eventuais concordâncias e discrepâncias entre as duas pesquisas.

Segundo essa pesquisa, os associados aprovam o trabalho desenvolvido pela

Diretoria da Asfacur. Isso é constatado pelo fato de que 43,6% afirmam que

consideram esse trabalho “muito bom” e 45,5% consideram “bom”, perfazendo

89,1% do total.

O primeiro aspecto que corrobora esta afirmativa, diz respeito ao grau de

satisfação em relação à performance da Diretoria nos processos de negociações

com os parceiros.

Conforme pode ser observado no quadro 7 a seguir, de forma geral, os

associados da Asfacur estão satisfeitos com as negociações que são feitas pela

Diretoria.

Page 88: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

88

QUADRO 07 - QUALIDADE DAS NEGOCIÇÕES FEITAS PELA DA DIRETORIA DA ASFACUR

Avaliação Medicamentos de marca

Medicamentos genéricos

Medicamentos similares

Produtos de perfumaria

Muito boa 20,0% 52,7% 30,9% 12,7%

Boa 54,5% 45,5% 54,5% 52,7%

Razoável 16,4% 1,8% 14,6% 25,5%

Ruim 9,1% 0% 0% 9,1%

FONTE: Autor (2011)

Outros aspectos que também evidenciam a satisfação com relação ao

trabalho da Diretoria, são os que dizem respeito ao material de marketing e aos

treinamentos ofertados. Segundo 36,4% dos associados, o material de marketing é

“muito bom” e para 49,1% ele é “bom”.

Por sua vez, os treinamentos ofertados aos associados são considerados

“muito bons” para 20% dos pesquisados e “bom” para 60%.

Conforme pode ser observado pelos resultados acima expostos, o grau de

satisfação dos associados em relação ao desempenho da Diretoria, em dezembro

de 2010, é o mesmo identificado na pesquisa realizada por ocasião deste projeto

(março/2011).

Page 89: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

89

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tomando por base a tipologia proposta por Grandori e Soda (1995 apud

AMATO NETO; PIKMAN; FERREIRA, 1998, p.19) e tendo em vista a forma de

organização da Rede Hiperfarma, conclui-se que esta rede é do tipo burocrática

simétrica.

Por sua vez, considerando que de forma geral o objetivo das redes de

cooperação empresarial, na visão de Balestrin e Verschoore (2008); Casson e Cox

(1997); Amato Neto, et. al.(1998), é obter soluções coletivas com vista ao aumento

da competitividade, é possível concluir os objetivos da Rede Hiperfarma estão em

consonância com o que é apresentado por esses autores.

Fazendo uma comparação entre a Rede Hiperfarma e as redes apresentadas

nos estudos de casos incluídos neste documento - Rede Macsul (anexo 4) e

Consórcio de Valorização da Batata Típica de Bologna (anexo 5), observa-se que a

Hiperfarma vem praticando ações que também são praticadas por essas duas redes,

as quais são consideradas exemplos de sucesso. Para exemplificar, a seguir são

listadas algumas das principais características e ações em comum:

a) Criação de marca própria da rede para uso de todos os associados

(Hiperfarma);

b) Constituição de entidade privada (Asfacur);

c) Uso de modelo participativo na tomada de decisões (assembleias e

reuniões);

d) Realização de negociações coletivas (compras em conjunto);

e) Marketing coletivo;

f) Qualificação do quadro de associados;

g) Existência de instrumento de organização da rede (estatuto, regimento

interno, código de ética);

h) Existência de uma estrutura organizacional (organograma) bem

definida.

Page 90: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

90

Da mesma forma que ocorreu no caso destas duas redes, também no caso

da Hiperfarma os associados obtiveram benefícios com sua participação na rede. Os

principais benefícios em ambas as situações são:

a) Maior visibilidade e credibilidade no mercado;

b) Valorização da marca (identidade) da rede;

c) Redução de custos nas compras;

d) Troca de informações e experiências;

e) Qualificação dos associados.

Com relação à estrutura organizacional e os recursos disponibilizados aos

associados, observa-se que atendem aos quesitos propostos por Antunes, Balestrin

e Verschoore (2010) no tocante ao processo de administração da rede

(facilidades/instalações e financiabilidade).

Os benefícios que a Rede Hiperfarma proporciona aos seus associados,

estão em consonância com os “fatores críticos do sucesso” de redes de cooperação

empresarial (vide subitem 2.4.4), segundo Lagemann (2004, apud DUMKE;

ANAZCO; PAUL, 2011).

Dentre os indicadores de sucesso apresentados por Lagemann (2004, apud

DUMKE; ANAZCO; PAUL, 2011), os que podem ser percebidos claramente no

estudo de caso, são:

a) Reconhecimento na mídia;

b) Crescimento no número de associados;

c) Maior facilidade de acesso a fornecedores;

d) Ganho de competitividade frente aos concorrentes;

e) Melhores condições de negociação com fornecedores;

f) Fortalecimento da marca;

g) Maior capacitação gerencial dos associados;

h) Aumento no volume de compras.

Isso explica porque essa rede é vista pelos seus associados como um

empreendimento bem sucedido e que tem papel importante no desenvolvimento das

Page 91: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

91

farmácias. Muito embora, para menos da metade dos associados (35%) a Rede

Hiperfarma é considerada inovadora.

Contribuem para essa visão, vários fatores, sendo que os mais destacados

pelos associados são a postura e o papel exercido pela Diretoria da Asfacur. Para os

entrevistados, a Diretoria possui um nível de qualificação elevado, o que contribui

para a qualidade do processo de gestão da associação. Além disso, o dinamismo, a

seriedade e o comprometimento da Diretoria para com os associados, também são

fatores reconhecidos como importantes para a entidade.

Percebe-se nas descrições dos pontos fortes da rede, que a Diretoria da

associação tem o respaldo dos associados, o que lhe confere um grau de

responsabilidade elevado no êxito do empreendimento.

Por outro lado, os resultados obtidos com as ações praticadas, os quais

refletem o desempenho da Diretoria, também são considerados pontos fortes da

rede.

De forma geral, os associados reconhecem que as ações mais importantes

para o aumento da competitividade das suas respectivas empresas, ou seja: as

ações que afetam diretamente o aspecto comercial da farmácia (parcerias

comerciais e marketing) são muito bem conduzidas pela Diretoria da Asfacur. Isso

pode ser constatado, também, no resultado da pesquisa feita pela própria Diretoria

(vide subitem 4.2.3), o qual deixa claro que tanto as negociações comerciais, como

as ações de marketing, estão sendo conduzidas de forma satisfatória.

Outro aspecto considerado positivo na visão da maioria dos associados (76%)

é a forma adotada para elaboração do Planejamento Estratégico. O planejamento é

feito anualmente, mas com uma visão de curto prazo (somente para o ano seguinte),

abrangendo apenas alguns projetos selecionados e contando com a participação de

apenas alguns associados previamente selecionados e convidados. Essa forma de

planejamento se enquadra na categoria de “planejamento informal” segundo Steiner

e Miner (1991), conforme apresentado na revisão teórica.

Assim sendo, conclui-se que o nível de qualificação, a forma de gestão e a

postura da Diretoria da Asfacur, são os principais pontos fortes da Rede Hiperfarma.

Contudo, também existem aspectos internos que dificultam o atingimento dos

objetivos da Rede Hiperfarma. Nesse sentido, os associados apontaram vários

Page 92: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

92

aspectos, sendo que o que se destacou pela intensidade das manifestações, foi o

grau de comprometimento e de participação dos associados da rede.

Conforme a pesquisa demonstra, a grande maioria dos pesquisados é da

opinião de que a participação dos associados nos eventos promovidos

(assembleias, reuniões, treinamentos e outros) é muito importante para o êxito da

rede.

Essa participação não vem ocorrendo de maneira adequada na opinião de

45,9% dos pesquisados. No que diz respeito à presença nos eventos, em especial

nos treinamentos, para os quais não existe uma norma que defina a frequência

mínima anual (como existe no caso das assembleias e reuniões) os associados

destacam que ela não vem sendo praticada conforme deveria ser, inclusive

destacam que algumas pessoas participam dos eventos somente para evitar as

punições decorrentes da eventual ausência.

Além disso, os entrevistados destacam que muitas pessoas participam dos

eventos, porém não contribuem efetivamente com suas opiniões e sugestões. Em

alguns casos, inclusive, essas pessoas tem dificuldade para acatar as decisões

tomadas (em grupo) e/ou criticam as decisões depois que elas foram colocadas em

prática. Essa situação demonstra a falta de comprometimento destes associados.

Outro aspecto relevante é o grau de relacionamento dos associados.

Segundo a pesquisa, o grau (intensidade) de relacionamento está bem aquém do

que deveria ser, ou seja: as pessoas deveriam se relacionar mais; trocar mais

experiências e se ajudarem mutuamente. Essa situação também contribui para

dificultar o atingimento dos objetivos pretendidos pela rede.

Destaca-se que, na visão dos diretores, a participação dos associados nos

eventos (exceto treinamentos) é satisfatória. Da mesma forma, o grau de

comprometimento também o é. Percebe-se nesse aspecto, uma divergência entre a

opinião da Diretoria e a dos associados.

Cabe comentar que outros fatores, tais como: a infraestrutura da associação;

os sistemas de gestão disponibilizados; a estrutura organizacional (organograma); a

composição da equipe administrativa da entidade; e o teor do estatuto, do regimento

interno e das normas e procedimentos, não foram citados por parte significativa dos

Page 93: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

93

entrevistados, nem como aspectos positivos (pontos fortes) nem negativos (pontos

fracos), a ponto de merecer destaque nessa análise.

Passando do ambiente interno para o ambiente externo à empresa, observa-

se que os associados da Asfacur percebem a influência da globalização nas suas

empresas, assim como, estão conscientes de que participar da Rede Hiperfarma é

uma forma recomendável de fazer frente a essa situação.

Analisando os comentários feitos pelos associados, percebe-se que a

globalização, muito embora faça parte do ambiente externo, afeta a dinâmica interna

da Rede Hiperfarma, pois exige maior rapidez e agilidade na tomada de decisões,

bem como, na implementação das mudanças planejadas. Além disso, ela gera

novas oportunidades de negócios, as quais devem ser avaliadas e aproveitadas com

a maior rapidez e agilidade possível.

Por outro lado, os pesquisados destacam que a globalização traz consigo um

componente de risco para as farmácias, componente esse representado pelo

aumento da concorrência no mercado.

Assim sendo, respondendo à pergunta que compõe o problema de pesquisa,

bem como aos objetivos deste projeto, conclui-se que os fatores internos que estão

contribuindo para o sucesso da Rede Hiperfarma são: a postura e a qualificação da

Diretoria da Asfacur; e o modelo de gestão adotado. Com relação à postura da

Diretoria, destacam-se a seriedade, o seu comprometimento com a causa da rede e

a forma de se relacionar com os associados (participativa). No que diz respeito ao

modelo de gestão, os aspectos mais relevantes são: a escolha das ações

estratégicas (que fazem parte do conjunto de ações praticadas), a organização da

associação e o planejamento da rede.

Por outro lado, fica claro que o principal fator interno que está dificultando o

atingimento dos objetivos da rede está relacionado à postura dos próprios

associados. Nesse sentido, destacam-se: o baixo grau de comprometimento e de

participação efetiva de alguns associados, tanto no momento da tomada de

decisões, como na execução das medidas implementadas. Também destaca-se que:

o grau de relacionamento entre os associados está abaixo do esperado pela maioria

dos participantes da rede, e isso se reflete na baixa intensidade de troca de

experiências interpessoais. Em virtude disso, é recomendável que seja feita uma

Page 94: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

94

análise mais profunda das causas do baixo grau de comprometimento e de

participação dos associados, visando estabelecer ações que possam contribuir para

reverter esse quadro.

Em que pese os impactos causados pela postura dos associados (conforme

visto acima), de forma geral a Rede Hiperfarma vem conseguindo cumprir o seu

propósito, bem como, vem conseguindo atingir seus objetivos propostos.

Outro aspecto que merece destaque é o fato que de os entrevistados

demonstram ter consciência da importância da Rede Hiperfarma como instrumento

de fortalecimento e de aumento do poder de competitividade das empresas, sejam

elas microempresas, empresas de pequeno porte ou grandes empresas.

Para finalizar, salienta-se que a maior parte das informações utilizadas na

realização deste estudo de caso, foram obtidas por meio de questionários aplicados

aos associados da Asfacur. A escolha deste método de pesquisa se justifica pelo

interesse em obter-se a opinião da quantidade máxima possível de participantes da

rede. Contudo, esse método traz consigo limitações decorrentes da falta do contato

pessoal entre o pesquisador e as pessoas pesquisadas.

Page 95: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

95

REFERÊNCIAS

ABELL, D. F. Duplo planejamento. MSM Management , São Paulo, 1995.

ABRAFARMA. Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias. Disponível em: <www.abrafar.com.br>. Consultado em: 13 mai 2011.

ALBAGLI, Sarita; MACIEL, M. Lucia. Capital social e empreendedorismo local . Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/redesist/NTF2/NT%20SaritaMLucia.PDF>. Acesso em:12 jul. 2010

ANTONIO, Nelson dos Santos. A escola dos recursos. Lisboa: INDEG/ISCTE, 2001.

______. Estratégia organizacional: sua evolução nos últimos 50 anos. Lisboa: INDEG/ISCTE, 2002.

ANTUNES, Junico; BALESTRIN, Alsones; VERSCHORE, Jorge (Orgs.). Práticas de gestão de redes de cooperação . São Leopoldo: Unisinos, 2010.

BALESTRIN, Alsones; VERSCHOORE, Jorge. Redes de cooperação empresarial : estratégias de gestão na nova economia. Porto Alegre: Bookman, 2008.

CARON, Antoninho. Estratégia de cooperação empresarial internacional : um estudo de caso sobre as estratégias das empresas industriais de Curitiba e Região Metropolitana. 253p. 1997. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Econômico) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1997.

______. Inovações Tecnológicas nas pequenas e médias empres as industriais em tempos de globalização : o caso do Paraná. 391p. 2003. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

CASAROTTO FILHO, Nelson; PIRES, Luis Henrique. Redes de pequenas e médias empresas e desenvolvimento local : estratégias para a conquista da competitividade global com base na experiência italiana. São Paulo: Atlas, 1999.

CASAS, Rosalba. El enfoque de redes y flujos de conocimento em el analisis de las relaciones entre ciência, tecnologia y sociedade. Kairos , v.5, n.8, p.1-17, 2001. Disponível em: <http://www.revistakairos.org/k8-d07.htm>. Acesso em: 14 mar. 2011.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede . São Paulo: Paz e Terra, 2005.

CEZARINO, L. O; CAMPOMAR, M. C. Vantagem competitiva para micro, pequenas e médias empresas: clusters e APLs. In: ENCONTRO DE ESTUDOS SOBRE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS – EGEPE, 4., 2005. Anais eletrônicos... 2005. Disponível em: <http://www.egepe.com.br/geral/arquivos/edicoesAnteriores/IVEGEPE2005/PE/PE6/[112].pdf. Acesso em: 20 fev. 2011.

STA, Achyles Barcelos da; COSTA, Beatriz Morem da. Cooperação e capital social em arranjos produtivos locais . Disponível em: <www.anpec.org.br/encontro2005/artigos/A05A113.pdf>. Acesso em: 17 mai. 2010.

COSTA, Benny Kramer; ALMEIDA, Martinho I. Ribeiro de: Estratégias : perspectivas e aplicações. São Paulo: Atlas, 2002.

Page 96: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

96

DINIZ, Clélio C.; CROCCO, Marco; SANTOS Fabiana. Conhecimento, inovação e desenvolvimento regional/local In: DINIZ, Clelio Campolia; SANTOS, Fabiana; CROCCO, Marco. Economia regional e urbana : contribuições teóricas recentes. Belo Horizonte: UFMG, 2006. p.3-49.

DINIZ, Clélio Campolina. Globalização, escalas territoriais e política tecno lógica regionalizada no Brasil . CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, 2006.

DO NASCIMENTO, Décio Estevão; LABIAK JUNIOR, Silvestre. Ambientes de Cooperação e Inovação. Curitiba: Aymará, 2011 (no prelo).

DOWBOR, Ladislau; IANNI, Octavio; RESEDE, Paulo-Edgar A. (Orgs). Desafios da globalização . 4.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

DUMKE, Edimir; ANAZCO, Juan Koffler; PAUL, Nilmar. Central de negócios : um caminho para a sustentabilidade de seus negócios. Rio de Janeiro: Elsewer; São Paulo: Sebrae, 2010.

FARIA, José Henrique de (Coord). Análise crítica das teorias e práticas organizacion ais . São Paulo: Atlas, 2007.

______. Gestão participativa : relações de poder e de trabalho nas organizações. São Paulo: Atlas, 2009.

FERRAZ, João Carlos; KUPFER, David; HAGUENAUER, Lia. Made In Brazil : desafios da competitividade para a indústria. Rio de Janeiro: Campus, 1995.

FRANCO, Augusto de Além da renda : a pobreza brasileira como insuficiência do desenvolvimento. Brasília: Millenium, 2000.

FUKUYAMA, F. Confiança : as virtudes sociais e a criação da prosperidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.

FURNIVAL, A. C. M. Redes para cooperação internacional: uma janela de oportunidade para os países recém industrializados?. Perspectivas Em Ciência da Informação , Belo Horizonte, v.3, n.2, p. 115-123, jul./dez.1998.

GUARESCHI, N. et al. Problematizando as práticas psicológicas no modo de entender a violência. In: STREY, M. N. al. (Orgs.). Violência, gênero e políticas públicas . Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.

GODOI, Christiane Kleinubing; BANDEIRA-DE-MELLO, Rodrigo; SILVA, Anielson, Barbosa da. Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais : paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva, 2007.

HALL, Richard H. Organizações : estruturas, processos e resultados. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004.

HOFER, C. W.; SCHENDEL, D. Strategy formulation : analytical concepts. West Publishing Company, 1978.

HUNT, Tara. O Poder das redes sociais . São Paulo: Gente, 2010.

INFOPÉDIA. Definição de estatuto social . Disponível em: <http://www.infopedia.pt/$estatuto-social>. Acesso em: 2 fev. 2011.

INSTITUTO VOX POPULI. Fatores condicionantes e taxa de mortalidade das MP E PARANÁ – 2005. Relatório de Pesquisa. Disponível em:

Page 97: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

97

<http://201.2.114.147/bds/BDS.nsf/C40532F88453A43B8325734C0065FD99/$File/NT0003607A.pdf>. Acesso em: 12 mai. 2011.

KLOEPPEL, Celso L.; BASSAN, Roberto; NEVES, Lafaiete S.; PONCHIROLLI, Osmar. As redes de cooperação empresarial e o desenvolvimento local. In: SEMINÁRIO SOBRE SUSTENTABILIDADE. 4., Curitiba, 2009. Anais eletrônicos... Curitiba, 2009.

KOTLER, Philip; JATUSRIPITAK, Somkid; MAESINCEE, Suvit. O marketing das nações : uma abordagem estratégica para construir as riquezas nacionais. São Paulo: Futura, 1997.

MATTOS, José F.; BELTRAND, Marcello V.; BERTÉ, Roberto S. Cooperar para competir : o novo desafio da competitividade. Porto Alegre: MCB/SEBRAE, 2002.

LEVITT, Theodore. A Globalização dos Mercados. In: MONTGOMERY, Cynthia et al. Estratégia : a busca da vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1998, p 197-216.

LINCH, Robert Porter. Alianças de negócios : uma arma secreta e oculta para vantagens competitivas. São Paulo: McGraw-Hil, 1994.

MACSUL REDE DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Portal da MACSUL - Rede de Materiais de Construção . Disponível em: <http://www.macsulrede.com.br/empresa> Acesso em: 5 fev. 2011.

MILANI, Calos (Coord.). Capital social, participação política e desenvolvim ento local : atores da sociedade civil e políticas de desenvolvimento local na Bahia. Salvador, 2008.

MINTZBERG, H. et al. O processo da estratégia : conceitos, contexto e casos selecionados. Porto Alegre: Bookmann, 2006.

MONTGOMERY, Cynthia; et. al. Estratégia : a busca da vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

MORAES, Leonardo B. de. A força dos valores sócio-culturais nos arranjos pr odutivos locais (APLs ): um novo olhar sobre a espiral do conhecimento. Disponível em:<http://www.rp-bahia.com.br/biblioteca/pdf/LeonardoBarbosaDeMoraes.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2011.

MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996.

NAKANO, Y. Globalização, competitividade e novas regras do comércio mundial. Revista de Economia Política , v.14, n.4, out./dez. 1994.

NALEBUFF, Barry J.; BRANDENBURGR, Adam M. Co-opetição : um conceito revolucionário que combina competição com cooperação – a estratégia da teoria do jogo que está mudando o jogo dos negócios. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.

NETO, João A. Redes de cooperação produtiva e clusters regionais : oportunidades para pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas, 2008.

______. Redes entre organizações : domínio do conhecimento e da eficácia operacional. São Paulo: Atlas, 2005.

NETO, João A.; PIKMAM, Michele; FERREIRA, Nelson R. Barreiras e oportunidades para a difusão de redes de empresas e das organizações virtuais no Brasil. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF INDUSTRIAL ENGINEERING, 4./ ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (ENEGEP), 18., 1998, Niterói. Anais... Niterói: UFF/ ABEPRO, 1998.

NEVES, Lafaiete Santos; KLEINMAYER, Luiz Augusto M.; TOCACH, Regis. A transição do desenvolvimento ao desenvolvimento sustentável. Disponível em:

Page 98: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

98

<http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/IIseminario/pdf_reflexoes/reflexoes_14.pdf. Acesso em: 15 mar. 2011.

NICOLAU I. O conceito de estratégia . Lisboa: INDEG/ISCTE, 2001a.

______. O Conceito de Meio Envolvente . Lisboa: INDEG/ISCTE, 2001b.

______. Perspectivas de análise estratégica : escolha e determinismo na construção de vantagens competitivas. Lisboa: INDEG/ISCTE, 2001c.

NOLETO, Marlova J. Parcerias e alianças estratégicas : uma abordagem prática. São Paulo: Global, 2006.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de, Estratégia empresarial : uma abordagem empreendedora. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1992.

ORGIS, Guido. Concorrentes aprendem a cooperar. Jornal Gazeta do Povo , Curitiba, 10 maio 2009, Caderno de Economia, p.1.

PADIAL, Rafael Bayouth. Aprendizagem em redes de cooperação : estudo de caso envolvendo farmácias e drogarias na cidade de Maringá – PR. 130 p. 2009. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Positivo, Curitiba, 2009.

POCKET OXFORD ENGLISH DICTIONARY, 9 th edition, 2011, Disponível em: <http://www.freedownloadscenter.com/Palm_Pilot/Utilities/Pocket_Oxford_English_Dictionary.html>. Acesso em: 8 mai. 2011.

PORTAL BTG PACTUAL. Arquivo eletrônico. Disponível em: <www.btgpactual.com/home/Institucional.aspx>. Consultado em: 10 mai. 2011.

PORTAL DE CONTABILIDADE. Definição de estatuto social . Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/obrigacoes/estatutocontratosocial.htm>. Acesso em: 2 fev. 2011.

PORTAL FARMACÊUTICO. Fusões entre redes de drogarias devem continuar em 2011. Arquivo eletrônico. Disponível em: <http://pfarma.com.br/noticia-setor-farmaceutico/varejo-farmaceutico/423-fusao-varejo-rede-drogarias.html>. Consultado em: 10 mai. 2011.

PORTAL PARANÁ-ONLINE. Farmácias brigam por espaço em Curitiba. Arquivo eletrônico. Disponível em: <http://www.parana-online.com.br/editoria/economia/news/206637/?noticia>. Consultado em: 10 mai. 2011.

PORTER, Michael E. Competição – aglomerações : estratégias competitivas essenciais. Rio de janeiro: Campus, 1999.

______ Estratégia competitiva : técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986.

______. Vantagem competitiva : criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

PUTNAM, Robert D. Comunidade e democracia : a experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro: FGV, 2000.

REDE FORTE. Portal da Rede Forte . Disponível em: <http://redeforte.com/site/>. Acesso em: 2 maio 2010.

Page 99: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

99

REDE HIPERFARMA. Portal da Rede Hiperfarma . Disponível em: <www.redehiperfarma.com.br>. Acesso em: 5 mar. 2010.

REDEMAC. Portal da Redemac . Disponível em:< http://www.redemac.com.br/>. Acesso em: 2 maio 2010.

REGIMENTO INTERNO. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Regimento_interno>. Acesso em: 14 fev. 2011.

RICHARDSON, Robert Jarry. Pesquisa social : métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.

ROBBINS, Stephen P. Administração mudanças e perspectivas . São Paulo: Saraiva, 2000.

ROXO, Patrícia Ferreira. Redes de cooperação: mais oportunidades a partir das relações interfirmas. Caderno FAPA , n.2, 2005. Disponível em: <www.fapa.com.br/caderno/fapa>. Acesso em:12 jul. 2010.

SACOMANO NETO, M. et al. Redes de micro pequenas e médias empresas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS, 1., 2005, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto, 2005. CD-ROM.

SANVICENTE, Antonio Zorato; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na administração de empresas : planejamento e controle. São Paulo: Atlas, 1979.

SEBRAE. Programa Central de Negócios. Documentos internos (não publicado). Pesquisado em: 20 mar. 2011.

SEBRAE/MG. Centrais de Negócios 2009. Disponível em: <biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/48F5F57832DFB60C8325766B005D29EC/$File/NT00042C6E.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2011.

______. Taxa de mortalidade das pequenas empresas cai no Br asil . Disponível em: www.sebrae.com.br. Acesso em: 25 mai. 2011.

SEELING, Marília. Hiperfarma : a força da união. Curitiba, 2008.

SILVA, Simão Pereira da; VASCONCELOS, Maria Celeste Reis Lobo de; JÚDICE, Valéria Maria Martins. Desafios para a cooperação entre pequenas e médias empresas e universidades: um estudo de caso em Minas Gerais. Revista Multidisciplinar , n.3, jun., 2007. Disponível em: <http://www.uniesp.edu.br/revista/revista3/publi-art2.php?codigo=4>. Acesso em: 20 fev.2011.

STEINER, George A.; MINER, John B. Política e estratégia administrativa. Rio de Janeiro: Universidade de São Paulo, 1981.

TAMASCIA, Edison. Mar de Oportunidades ou Oceano de Problemas?, 2011. Arquivo eletrônico. Disponível em: <http://www.febrafar.com.br>. Consultado em: 21 mai. 2011. ______. Varejo independente tem que se profissionalizar par a reverter concentração de mercado, 2010. Disponível em: <http://www.febrafar.com.br>. Consultado em: 21 mai. 2011.

THESING, Nelson José. Redes de cooperação: novas formas de pensar e agir. In: CONGRESSO NACIONAL DE REDES DE COOPERAÇÃO. 2005. Anais... Porto Alegre, 2005.

TULESKI, Yumi Mori. Análise SWOT . Disponível em: <www.cedet.com.br>. Acesso em: 27 fev. 2011.

Page 100: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

100

TONINI, Hernanda; MACKE Janaina. Confiança e capital social para o desenvolvimento de comunidades rurais, o caso da Aprovale. Revista de Gestão Social e Ambiental , v.1, n.3, p.99-111, set./dec. 2007.

UNIÃO DOS MOVIMENTOS DE MORADIA SÃO PAULO. Modelo de regimento interno da associação . Disponível em: <www.sp.unmp.org.br/index.php?option=com_docman...>. Acesso em: 4 fev. 2011.

VALE, Gláucia Maria Vasconcelos. Territórios vitoriosos : o papel das redes organizacionais. Rio de Janeiro: Garamond, 2007.

VASCONCELLOS FILHO, Paulo de; PAGNONCELLI, Dernizo. Construindo estratégias para vencer no século XXI . Rio de janeiro: Campus, 2001.

VINHAS, Ana Paula Lemos Centeno; BECKER, Grace Vieira. Rede de Cooperação Interorganizacional: o caso da Rede Macsul, Revista Análise , v.17, n.1, p.167-184, jan./jul. 2006. Porto Alegre: PUC-RS, 2006. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/face/article/viewFile/289/238>. Acesso em: 30 mai. 2011.

WOITCHUNAS, Lucinéia Felipin (Org.). Planejamento estratégico em redes de cooperação e empreendimentos associados . Ijuí: Unijuí, 2010.

WRIGHT, Peter; KROLL, Mark J.; PARNELL, John. Administração estratégica : conceitos. São Paulo: Atlas, 2000.

Page 101: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

101

ANEXO 01 - MODELO DE ESTATUTO SOCIAL

Page 102: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

102

ESTATUTO SOCIAL DA ASSOCIAÇÃO DO NÚCLEO DE SUPERMER CADOS DO MÉDIO VALE 37

CAPÍTULO I

DA DENOMINAÇÃO, SEDE, OBJETIVOS E DURAÇÃO

Art. 1 º - Sob a denominação de Associação do Núcleo de Supermercados do Médio Vale - REDE EXEMPLO, fica constituída uma associação civil, sem fins econômicos, que se regerá pelo presente estatuto e pela legislação específica.

Art. 2º - A sede da associação será a Avenida Getúlio Vargas, nº, cidade, DF.

Art. 3º - São órgãos de administração a Assembleia Geral, a Diretoria e o Conselho Fiscal.

Art. 4º - A Associação terá como finalidade:

a) Estabelecer parcerias com fornecedores diretos através de uma Central de Compras; b) Padronização das lojas participantes através da bandeira Rede EXEMPLO;

c) Desenvolver estratégias de marketing comum a todos os associados; d) Promover a defesa dos interesses dos seus associados em todas as instâncias

constitucionais na esfera judicial e extrajudicial, podendo para tanto ajuizar demandas em nome de seus associados.

Art. 5º - A duração da sociedade é por tempo indeterminado.

CAPÍTULO II

DOS ASSOCIADOS

Art. 6º - A Associação é constituída de número ilimitado de associados.

Art. 72 - São considerados associados todos aqueles que, sem impedimentos legais, forem admitidos como tais, mediante o preenchimento de formulário próprio, e que sejam aprovados pela Diretoria da Associação, conforme regimento interno, e mantenham em dia as suas contribuições mensais estipuladas pela assembleia geral e que mantenham fiel obediência a estes estatutos, deliberações da sociedade e regimento interno.

Art. 8º - Ficam criadas 2 (duas) categorias de associados, a saber: Associados Fundadores e Associados Convidados.

37 Fonte: DUMKE; ANAZCO e PAUL, 2011, pp. 64 – 75.

Page 103: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

103

Art. 9º - Os associados fundadores e associados convidados serão sempre pessoas jurídicas legalmente constituídas.

Art. 10 - Pertencerá à classe de associado fundador a empresa que tenha contribuído para a criação e instituição da Associação tendo-se feito representar na Assembleia Geral de Constituição.

Art. 11 - Pertencerá à classe de associado convidado todos aqueles que obtiverem aprovação de todos os membros da Associação em votação aberta e devidamente registrada em ata. Sendo que o mesmo só poderá concorrer a cargos efetivos do Conselho Fiscal e da Diretoria, após estar filiado à Associação por um período mínimo de 12 (doze) meses.

§ ÚNICO: Somente serão admitidos associados convidados se a empresa estiver regularmente estabelecida há mais de 2 (dois) anos, tendo no mínimo dois check outs instalados em pleno funcionamento.

Art. 12 - Todos os associados terão direito a voto na Assembleia.

Art. 13 - Os associados com direito a voto poderão votar por procuração, passada individual ou coletivamente a um dos demais associados com direito a voto.

Art. 14 - Os membros da sociedade não respondem subsidiariamente pelas obrigações sociais.

Art. 15 - É de responsabilidade dos membros associados: a) Zelar pela boa reputação e imagem da Rede EXEMPLO; b) Pagar em dia todos os compromissos; c) Consultar a ficha cadastral de cada participante da Associação, junto ao Serasa, a

cada 120 (cento e vinte) dias; d) Participar em pelo menos 50% das reuniões, bem como cumprir com as decisões

tomadas nas mesmas.

CAPÍTULO III

DA DIRETORIA

Art. 16 - A Associação será dirigi da por uma diretoria eleita em assembleia geral, para um período de 1 (um) ano, podendo ser reeleita.

Art. 17 - A Diretoria será composta dos seguintes cargos diretores: Presidente, Vice-Presidente, Primeiro Tesoureiro, Segundo Tesoureiro, Primeiro Secretário e Segundo Secretário.

Art. 18 - Compete à Diretoria, coletivamente: a) Exercer administração da Associação; b) Tomar medidas necessárias à realização dos objetivos da Associação;

Page 104: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

104

c) Convocar, pelo Presidente, as Assembleias Gerais Ordinárias e Extraordinárias.

Art. 19 - Ao Presidente da Associação, cabe: a) Representar a Associação em juízo ou fora dele; b) Convocar e presidir as reuniões da Diretoria das Assembleias Gerais e

Extraordinárias; c) Solucionar os casos de urgência, submetendo-se a posterior aprovação da Diretoria; d) Coordenar, orientar e supervisionar as atividades de cada um dos membros da

Diretoria; e) Exercer o voto de desempate nas questões polêmicas afetas aos trabalhos da

Diretoria; f) Assinar, juntamente com o Tesoureiro, cheques, ordens de pagamento e quaisquer

outros documentos que representem obrigações financeiras da Associação; g) Assinar a correspondência da Associação; h) Representar a Associação perante os meios de comunicação, podendo indicar outros

associados para tal; i) Assinar com o Secretário a ata das sessões. j) Tomar medidas ou praticar atos executivos dos direitos e de interesse patrimonial da

Associação, controlando e exigindo o cumprimento deste Estatuto, Regimento e deliberações dos órgãos da Administração;

k) Apresentar, anualmente, à Assembleia Geral Ordinária uma exposição das atividades da Associação;

1) Fixar as datas das reuniões ordinárias e extraordinárias da Diretoria.

Art. 20 - Ao Vice-Presidente da Associação cabe substituir, eventualmente, o Presidente e exercer normalmente as funções que lhe sejam atribuídas pelo Presidente.

Art. 21 - Ao Primeiro Tesoureiro da Associação cabe: a) Arrecadar as joias, mensalidades, contribuições e demais rendas da Associação,

assinando os respectivos recibos; b) Assinar com o Presidente os cheques e demais documentos relativos à movimentação

de valores; c) Organizar o balanço anual e os investimentos financeiros e patrimoniais da

Associação; d) Pagar as despesas autorizadas; e) Prestar esclarecimentos sobre assuntos financeiros à Diretoria e ao Conselho Fiscal,

quando for solicitado. Art. 22 - Ao Segundo Tesoureiro da Associação cabe, além de substituir, eventualmente, o Primeiro Tesoureiro, encarregar-se das atribuições de Diretor da Sede, podendo ser-lhe nesta circunstância atribuídas as tarefas da arrecadação, pagamento de pequenas despesas da Associação e exercer normalmente as funções que lhe sejam atribuídas pelo Presidente.

Art. 23 - Ao Secretário da Associação cabe:

a) Atender os expedientes e ter sob sua guarda, devidamente organizado, o arquivo da Associação;

b) Redigir ou fazer redigir a correspondência e assinar aquela que não for de alçada do Presidente;

Page 105: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

105

c) Lavrar ou fazer as Atas das reuniões da Diretoria e das Assembleias Gerais ordinárias e extraordinárias;

d) Superintender os demais serviços da Secretaria; e) Exercer normalmente as funções que lhe sejam atribuídas pelo Presidente.

Art. 24 - Caberá ao Presidente, isoladamente ou em conjunto com o Primeiro Tesoureiro, representar a sociedade, ativa, passiva, judicial e extrajudicialmente.

Art. 25 - Nenhum membro da Diretoria será remunerado para o desempenho de suas funções e respectivas atribuições.

CAPÍTULO IV

DO CONSELHO FISCAL

Art. 26 - O Conselho Fiscal compor-se-á de 3 (três) membros efetivos, cada um dos quais com um suplente, associado, e eleito bi anualmente pela assembleia geral da Associação.

Art. 27 - Os membros do Conselho Fiscal e seus suplentes exercerão os seus cargos até a segunda assembleia geral ordinária, que se realizará após a rua eleição, e poderão ser reeleitos.

Art. 28 - O Conselho Fiscal tem as atribuições e os poderes que são conferidos por lei. Além disso, terá as seguintes atribuições:

a) Examinar os balancetes apresentados pela Tesouraria; b) Examinar sempre que achar necessário a escrituração social, devendo, inclusive,

emitir parecer a respeito.

Art. 29 - Os membros do Conselho Fiscal, associados ou não, desempenharão as suas funções e atribuições, sem remuneração.

CAPÍTULO V

DA ASSEMBLEIA GERAL

Art. 30 - A Assembleia Geral é o órgão soberano da Associação, compõe-se de todos os associados em pleno gozo de seus direitos e tem por sua finalidade deliberar e resolver, dentro da lei e dos dispositivos estatutários, todos os assuntos concernentes às atividades e aos fins da Associação.

Art. 31 - As Assembleias Gerais serão ordinárias, com reunião no período compreendido entre 01 de fevereiro a 15 de março de cada ano, para eleger a Diretoria, quando for o caso, aprovar as suas contas e eleger os membros do Conselho Fiscal.

Art. 32 - As Assembleias Gerais serão extraordinárias sempre que os interesses da

Page 106: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

106

Associação exigirem o pronunciamento dos associados e para os fins previstos por lei, reforma do estatuto, eleição de nova Diretoria, por renúncia de algum membro da diretoria em exercício, inclusão de associado, exclusão de associado e se ocorrerem motivos graves e/ou urgentes que a justifiquem. Art. 33 - As Assembleias Gerais serão dirigidas pelo Presidente da Associação, que convidará um ou dois associados presentes para servir de secretário(s) na composição da mesa que dirigirá os trabalhos da Assembleia. Art. 34 - Os associados que, convocados, não tiverem comparecido às Assembleias Gerais ficam considerados como tendo aprovado tudo o que nelas tiver sido deliberado. § ÚNICO: As deliberações em Assembleia Geral serão aprovadas com a presença de 2/3 (dois terços) dos membros presentes.

CAPÍTULO VI

DO PATRIMÔNIO

Art. 35 - O patrimônio social será constituído das contribuições dos seus associados, doações, subvenções e legados. Art. 36 - A alienação, hipoteca, penhor ou venda ou troca dos bens patrimoniais da Associação somente poderá ser decidida por aprovação da maioria absoluta da Assembleia Geral extraordinária, convocada especificamente para tal fim.

CAPÍTULO VII

DO EXERCÍCIO SOCIAL Art. 37 - O exercício social terá a duração de um ano, terminando em 31 de dezembro de cada ano.

Art. 38 - No fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração contábil da Associação, um balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício e uma demonstração das origens e aplicações de recursos.

CAPÍTULO VIII

DA LÍQUIDAÇÃO

Art. 39 - A Associação poderá ser dissolvida na forma da legislação em vigor ou por aprovação de 2/3 (dois terços) dos associados quites com as obrigações estatutárias e financeiras, especialmente convocados para deliberar a respeito, com antecedência mínima

Page 107: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

107

de 15 (quinze) dias.

Art. 40 - A Associação também poderá ser extinta por determinação legal.

Art. 41 - No caso de extinção, competirá à Assembleia Geral extraordinária estabelecer o modo de liquidação e nomear o liquidante e o Conselho Fiscal que devam funcionar durante o período da liquidação.

Art. 42 - Extinta a sociedade, seus bens serão doados a uma instituição congênere.

CAPÍTULO IX

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 43 - Os participantes da Rede EXEMPLO permitirão aos seus sócios utilizar a marca REDE EXEMPLO em uma loja e nas filiais participantes da Rede EXEMPLO, pelo período em que estiver associado, de forma padronizada, as quais deverão conter, obrigatoriamente, todas as características visuais presentes no Regimento Interno. Art. 44 - A contar da data de desligamento da empresa associada da Associação, a mesma terá até, no máximo, 30 (trinta) dias para descaracterizar a fachada de seu supermercado, retirando a marca Rede EXEMPLO e quaisquer indícios que se relacionem com a bandeira Rede EXEMPLO, como também deverá cessar imediatamente o uso de material publicitário em quaisquer tipos de mídia, tais como: folhetos, panfletos, catálogos, enfim quaisquer tipos de publicidades em geral que utilizem a marca Rede EXEMPLO, sob pena de pagar multa diária de R$500,00 (quinhentos reais). Art. 45 - As empresas associadas deverão também conter, de forma visível ao consumidor, identificação como associado às ACI's, através do Certificado de Associado. Art. 46 - As empresas associadas, mesmo depois de desligadas da Associação, se comprometem a não usar e/ou solicitar registro de nenhuma marca, nome ou quaisquer direitos de propriedade intelectual idênticos ou semelhantes aos da Rede EXEMPLO, incluindo a utilização das cores da bandeira da Rede EXEMPLO. Art. 47 - As associadas se comprometem, reciprocamente, a comunicar sobre o conhecimento de eventual existência de quaisquer reproduções e/ou imitações não autorizadas da marca e/ou direitos de propriedade intelectual requeridos pela Associação. Art. 48 - A Associação poderá solicitar a alteração ou vetar, no todo ou em parte, qualquer anúncio ou publicidade proposta pela (s) associada (s) que viole, direta ou indiretamente, os princípios e disposições do Código de Proteção ao Consumidor e demais disposições legais vigentes ou ainda que ponha em risco a boa imagem da marca Rede EXEMPLO ou qualquer outro direito de propriedade intelectual da Associação. Art. 49 - Cada associada responderá individualmente e integralmente pela veiculação de publicidade abusiva ou enganosa, como também pelas lesões que causar ao consumidor decorrente de produtos e/ou serviços prestados e/ou comercializados com a marca Rede

Page 108: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

108

EXEMPLO.

Art. 50 - A marca Rede EXEMPLO será objeto de uso exclusivo dos associados da Rede EXEMPLO, e não poderá ser cedida, sublicenciada ou transferida, no todo ou em parte, por qualquer das associadas, sem o prévio e expresso consentimento escrito da Associação em Assembleia Geral Ordinária.

Art. 51 - A admissão de novas empresas associadas só será efetuada - apreciação de todos os participantes através de Assembleia Extraordinária, as quais deverão adquirir um Título de Associado à Rede EXEMPLO, através de pagamento de royalty, cujo valor será fixado em 30 (trinta) salários-mínimos, com base no salário-mínimo vigente da época, e será utilizado em benefício da Associação.

Art. 52 - O não cumprimento de quaisquer das determinações constantes neste Regimento ou Estatuto implicará o imediato afastamento do associado.

Art. 53 - Qualquer outra atitude de um dos associados que venha a denegrir a imagem do grupo será motivo de afastamento (período para apreciação da Assembleia).

§ ÚNICO: A exclusão de algum associado será efetuada após a apreciação de todos os participantes, através de Assembleia Extraordinária e aprovação de pelo menos 2/3 (dois terços) dos associados.

Art. 54 - Quando a saída do associado causar prejuízo ao cumprimento de qualquer tipo de contrato ou negociação em andamento, o requerente somente poderá se afastar após a quitação do referido compromisso.

Art. 55 - Ao associado que se desligar da Associação não será, em hipótese alguma, ressarcido das despesas dos investimentos realizados, bem como das mensalidades pagas.

Art. 56 - A proposta de alteração ou reforma do estatuto deverá ser apresentada à Assembleia Geral por 2/3 (dois terços) dos associados presentes em Assembleia Geral, ativos e em dia com suas obrigações estatutárias e financeiras.

Art. 57 - Os casos omissos serão resolvidos por maioria dos associados e à luz dos Estatutos e Regimentos.

Art. 58 - Fica eleito o Foro desta Comarca para qualquer ação fundada nestes estatutos. Art. 59 - O presente Estatuto vigorará a partir de sua aprovação. Art. 60 - São associados fundadores: (citar o nome das empresas e o CGC). Art. 62 - A Primeira Diretoria é composta dos seguintes membros:

Presidente: nome, nacionalidade, estado civil, profissão, CIC, Cl, endereço completo. Vice-Presidente: nome, nacionalidade, estado civil, profissão, ClC, Cl, endereço

Page 109: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

109

completo. Primeiro Tesoureiro: nome, nacionalidade, estado civil, profissão CIC, Cl, endereço completo. Segundo Tesoureiro: nome, nacionalidade, estado civil, profissão ClC, Cl, endereço completo. Secretária: nome, nacionalidade, estado civil, profissão, ClC, Cl, endereço completo. Segunda Secretária: nome, nacionalidade, estado civil, profissão CIC, Cl, endereço completo.

Art. 63 - O primeiro Conselho Fiscal é composto pelos seguintes membros:

Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, ClC, Cl, endereço completo. Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, ClC, Cl, endereço completo. Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, ClC, Cl, endereço completo.

Art. 64 – O presente Estatuto deverá ser registrado no competente Cartório desta Comarca na forma da lei, em 3 (três) vias de igual forma e teor. Art. 65 – As alterações no presente Estatuto somente poderão ser efetuadas em Assembleia Extraordinária com participação de, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos associados. § ÚNICO: Os casos omissos neste Estatuto serão decididos em Assembleia Extraordinária, com participação de, no mínimo 2/3 (dois terços) dos associados. Cidade/UF, dia/mês/ano. ASSINATURAS

Page 110: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

110

ANEXO 02 - MODELO DE REGIMENTO INTERNO DE ASSOCIAÇÃ O

Page 111: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

111

DA ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA ASSOCIAÇÃO 38 Art. 1°. Para o cumprimento do conjunto de diretrizes e princípios previstos nos Estatutos Sociais e demais documentos da entidade, ficam estabelecidos as seguintes regras de organização e funcionamento, aplicáveis ao conjunto de associados: Art. 2°. São instâncias consultivas e deliberativas da ASSOCIAÇÃO:

I. A assembleia geral; II. A Coordenação Geral o Executiva III. O conselho fiscal; IV. As coordenadorias temáticas. V. Grupos de Origem

Parágrafo primeiro : As instâncias de deliberativas são a Assembleia Geral e a Coordenação Geral ou Executiva Parágrafo segundo : As instâncias de caráter consultivo são Conselho Fiscal e Coordenadorias Temáticas e grupos de origem; Art. 3º. A Assembleia será coordenada pelo Coordenador Geral ou Presidente, por alguém indicado pela Coordenação da Entidade. Art. 4º. Os trabalhos nas Assembleias obedecerão à seguinte ordem:

I. Aprovação e discussão da Pauta do dia, II. As decisões serão tomadas pela maioria simples dos membros presentes, exceto

para os casos em que haja previsão diversa nos Estatutos; Parágrafo único: Poderão ocorrer votações simbólicas ou nominais, abertas ou secretas, critério dos presentes. Art. 5º. Para o exercício de suas competências estatutárias, a Assembleia poderá:

I. Requisitar informações a qualquer Associado; II. Determinar a continuidade, suspensão ou a conclusão de estudos ou atividades

de interesse da entidade; III. Analisar recursos e pedidos de reconsideração; IV. Peticionar aos órgãos públicos ou privados;

Art. 6º A Coordenação sempre que reunida deliberará sobre questões previamente estabelecidas Art. 7º. O Conselho fiscal reunir-se-á ordinariamente ou extraordinariamente, conforme determinação dos estatutos ou critério de seus integrantes e suas atividades poderão ser registradas em livro próprio. Art. 8º. Para o exercício de suas funções o conselho fiscal poderá:

I. Requerer a qualquer tempo à apresentação dos relatórios, balancetes, extratos e ou contratos bancários e demais documentos financeiros necessários à elaboração de seu relatório de análise das contas;

38 www.sp.unmp.org.br/index.php?option=com_docman.

Page 112: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

112

II. Requerer a participação do diretor executivo, do tesoureiro ou de qualquer outro integrante da diretoria para obter esclarecimentos acerca de omissões, obscuridades ou contradições dos documentos financeiros da associação.

Das coordenadorias temáticas

Art. 9º. As Coordenadorias temáticas poderão ser criadas por iniciativa de qualquer associado mediante a aprovação da Coordenação ou Diretoria da Entidade e terão por objetivo, desenvolver ações e elaborar estudos sobre temas previamente determinados.

Dos Grupos de Origem Art.10º. Grupos de Origem é conjunto das famílias que se reúnem nos bairros, nas favelas, nas áreas, no mínimo com 10 famílias, para dar encaminhamento às ações da Entidade no local de Moradia.

Dos Associados Art.11º Os Associados, além de se submeterem a este regimento deverão ter ciência de seus direitos e deveres conforme Estatuto.

Da participação nos projetos Art. 12º. Os projetos são frutos da luta de todo Associado Art. 13º. São considerados beneficiários dos projetos os associados:

I. Que estejam rigorosamente em dia com suas obrigações estatutárias e regimentais;

II. Que possuam renda familiar até três salários mínimos III. Que participem da luta pela moradia IV. Que more em moradias precárias, favelas, cortiços, bairros populares, aluguel,

empréstimo, ou qualquer outra condição subumana de habitação. V. Que não tenha outra moradia em todo território nacional

VI. Que estejam em consonância com as regras estabelecidas pelo Fundo Nacional de HIS;

Parágrafo único – A Coordenação ou Diretoria fará aprovar regulamento específico de cada projeto conforme determinação do órgão operador, assegurando critérios de transparência, impessoalidade e igualdades entre os beneficiários.

Dos critérios de seleção para projetos habitacionai s

Art. 14º. A seleção de demanda para a composição de um projeto habitacional conquistado pela Associação deverá ser feita em uma Assembleia Geral. Art. 15º. Os critérios para a seleção de demanda são os seguintes

I. Tempo e assiduidade da participação nas assembleias, reuniões e demais atividades da Associação;

II. Precariedade da situação habitacional, em especial áreas de risco e conflito fundiário;

Page 113: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

113

III. Menor renda familiar. Art 16º. Em caso de empate serão utilizados os seguintes critérios:

I. Idade do(a) titular; II. Titular mulher chefe de família.

Dos procedimentos disciplinares

Art. 17º. Na hipótese de descumprimentos das obrigações sociais e financeiras definidas nos estatutos, por decisão da Assembleia, da Coordenação ou Diretoria, serão iniciados procedimentos disciplinares com o objetivo de apurar o fato determinado e aplicar a sanção adequada. Art. 18º. Os procedimentos disciplinares serão conduzidos por comissões criadas especificadamente para apurar a ocorrência de qualquer das infrações mencionadas no art. 2039; Art. 19º. De acordo com a gravidade da infração cometida, poderá o associado vir a sofrer as seguintes sanções: Parágrafo primeiro. Advertência; Aplicável às infrações consideradas leves, assim

consideradas, sem prejuízo de outros que se possa verificar: I – ausências e ou atrasos reiterados e injustificados em atividades da associação; II – brigas, desentendimentos, falta de urbanidade para com os demais associados; III - OUTRAS INFRAÇÕES A CRITÉRIO DA ASSOCIAÇÃO. Parágrafo segundo. Suspensão da condição de associado; Aplicável às infrações de

natureza grave, assim consideradas, sem prejuízo de outros que se possa verificar: I. Reincidência em advertência; II. OUTRAS INFRAÇÕES A CRITÉRIO DA ASSOCIAÇÃO. Parágrafo terceiro. Exclusão da condição de associado; Aplicável às infrações

consideradas graves, assim consideradas, sem prejuízo de outros que se possa verificar:

I. Reincidência em suspensão; II. Tentativa ou participação individual ou em conluio destinado a lesar os interesses da

associação ou dos demais associados; III. Descumprimento das cláusulas estatutárias ou legais; IV. OUTRAS INFRAÇÕES A CRITÉRIO DA ASSOCIAÇÃO.

Art. 20º. Após a abertura de procedimento disciplinar, deverá ocorrer comunicação escrita ao associado envolvido, onde conste a infração que lhe é atribuída, o prazo – nunca inferior a 03 dias - e o local onde deverá apresentar sua defesa; Parágrafo primeiro A recusa ao recebimento, a não apresentação de defesa, a apresentação de defesa genérica ou relativa a fato diverso do contido na comunicação, implica em confissão e nos efeitos da revelia; Parágrafo segundo. As decisões serão materializadas em pareceres, que poderão determinar a aplicação ou não da sanção, sua natureza, bem como o prazo de sua vigência.

Page 114: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

114

Parágrafo terceiro. As sanções de advertência e suspensão poderão ser aplicadas liminarmente pelo Presidente, cabendo recurso de sua decisão - cujo efeito será meramente devolutivo - à diretoria ou à primeira assembleia geral subsequente. Parágrafo quarto A sanção de exclusão poderá ser aplicada pela diretoria, cabendo recurso de sua decisão - cujo efeito será meramente devolutivo - à primeira assembleia geral subsequente.

Do processo eleitoral

Art. 21º. A Eleição para a diretoria será convocada pelo Coor denador Geral ou Presidente ou seu substituto legal, nos termos do E statuto, antes do término do mandato da diretoria;

Art. 22º. A convocação será realizada através de edital e afi xada na sede da

entidade e nos pontos onde haja afluência de associ ados. Art. 23º. Concluída a apuração ou processo de votação, a cri tério da

Assembleia poderá dar posse à nova Diretoria. Art. 24º. Concluído o processo eleitoral, os resultados deve rão ser registrados

no livro da Entidade ou em Atas para subsequente re gistro. Art. 25º. O prazo para apresentação de recurso será até 24 ho ras após o

encerramento da apuração.

Disposições gerais

Art. 26º. Os casos omissos, controversos e as dúvidas surgidas na aplicação deste Regimento, serão solucionados por deliberação da diretoria, em qualquer de suas reuniões, por maioria dos membros presentes, “ad referendum” da primeira Assembleia Geral subsequente.

_______________________, de 2008.

Coordenador Geral Coordenador Secretário

Page 115: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

115

ANEXO 03 - MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA RE DE DATAWORK

Page 116: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

116

MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA REDE DATAWORK 40

A Rede Datawork é um conjunto de empresas que nasceu pelo fomento do

Programa Redes de Cooperação/Sedai/Unijuí e da ambição de jovens empresários

em atender de forma mais completa seus clientes, garantindo a satisfação de rodos.

Atualmente com 20 empresas do ramo de ensino e de qualificação profissional nas

regiões Noroeste, Missões e Celeiro do Estado do RS, já projeta a expansão para

outras cidades gaúchas, visando a totalizar 50 empresas associadas da Asecliv - RS

até dezembro de 2012.

A Rede Datawork é a marca comercial da Associação de Escolas e Cursos

Livres do Rio Grande do Sul- Asecliv-RS. Tem sua sede em Augusto Pestana-RS e

conta com o apoio e o suporte de Instituições sólidas como a Unijuí e o Programa

Redes de Cooperação, mantido pela Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos

Internacionais do governo do Rio Grande do Sul - Sedai.

Comprometida com a qualidade de seus serviços e com a preparação de

profissionais para o mercado de trabalho, a Rede Datawork tem como objetivo

formar pessoas capacitadas para vencer rodos os desafios e preparadas para

contribuir com o desenvolvimento do meio em que vivem.

Atuando com responsabilidade, destaca-se pela diferenciação no aten-

dimento de cada aluno, oferecendo toda a estrutura e acompanhamento antes,

durante e após a conclusão dos estudos.

40 Woitchunas et al. (2010, p.283-308).

Page 117: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

117

Page 118: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

118

Page 119: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

119

Page 120: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

120

Page 121: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

121

Page 122: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

122

Page 123: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

123

Page 124: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

124

Page 125: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

125

Page 126: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

126

Page 127: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

127

Page 128: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

128

ANEXO 04 - ESTUDO DE CASO DA REDE MACSUL

Page 129: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

129

ESTUDO DE CASO DA REDE MACSUL 41

Aspectos relevantes :

a) Estrutura Funcional;

b) Barreiras e dificuldades encontradas na operacionalização da rede;

c) Premissas do planejamento estratégico da rede;

d) Ganhos obtidos pelos associados.

A MACSUL (nome fantasia) é uma rede de empresas de varejo que comercializam

materiais de construção, fundada em 2004 e localizada na cidade de Pelotas (RS), sendo

seus associados componentes da Associação dos Lojistas de Materiais de Construção

(ALMAC).

As ações da referida associação são orientadas por um regimento interno e um

código de ética, sendo sua tipificação como rede horizontal composta por 16 lojas de

pequeno porte, atuantes no referido segmento e distribuídas por 13 municípios da região sul

do estado.

Sua estrutura organizacional se compõe de quatro equipes: marketing, expansão,

inovação e negociação, sendo, cada uma delas, formada por um grupo de associados da

rede com responsabilidades nas respectivas áreas. Assim: à equipe de expansão, cabe a

prospecção de novos associados "comprometidos com os objetivos da rede"; à equipe de

marketing, são afetas as tarefas de "lançar a rede e planejar ações de marketing

compartilhado"; a equipe de inovação dedica-se à pesquisa de "novas ferramentas de

gestão, treinamento, tecnologias e troca de informações"; a equipe de negociação, por fim,

se preocupa em "buscar parcerias lucrativas para ambos os lados (fornecedor e associado),

com maior volume de compras e propostas mais atrativas”.

A MACSUL tem um consultor da rede, a quem coube desenvolver o plano

estratégico com base nos resultados alcançados na fase de sensibilização daqueles que

seriam os futuros componentes da rede. Para o desenvolvimento das ações de marketing, a

rede contratou uma agência de publicidade a quem coube a criação da marca, da

logomarca da rede e da fachada padrão das lojas (identidade visual da rede).

Hoje já com sede própria - onde "são recebidos produtos promocionais da rede, tais

como sacolas plásticas, uniformes, brindes etc." -, a MACSUL conta com a colaboração de

uma estagiária, uma gerente executiva e um consultor do Programa Redes de Cooperação

que presta assessoria gratuita disponibilizada pela UCPEL e SEDAI.

O registro de dificuldades aponta, como principal barreira, a distância entre os

41 Dumke, Anazco e PauL (2011, p.16-19).

Page 130: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

130

municípios (deslocamento médio de 1OO km), uma vez que a rede promove reuniões

semanais na Universidade Católica de Pelotas (UCPEL), demandando investimentos

expressivos dos associados com o deslocamento, hospedagem (em certos casos) e

alimentação, o que "acaba por provocar desistências de alguns empresários, principalmente

daqueles que não apresentam muita convicção nos resultados do trabalho em rede".

Outra dificuldade apontada pelas autoras deste estudo de caso se refere "à coesão

entre os integrantes do grupo de empresários e à união dos mesmos em torno de objetivos

comuns e compartilhados". Nesse sentido, a solução primeira foi a definição de apenas um

associado por município. Ainda nesse aspecto, a padronização de fachadas também se

mostrou de difícil adesão, sob o argumento de que alguns associados já possuíam

identidade em suas lojas - o que, segundo Vinhas e Becker (2011), não procederia, já que o

nome da rede acaba sendo mais forte do que os nomes das lojas individualmente.

As premissas constantes do plano estratégico da MACSUL, tornadas obrigatórias

para os associados e meio de garantia do sucesso da rede, são as seguintes:

� Espírito coletivo.

� Comprometimento (espírito associativo; participação ativa em reuniões,

comissões de compra e grupos de trabalho; saúde financeira das empresas

associadas estável; atendimento às decisões tomadas em assembleia;

fidelidade e transparência com os parceiros, associados e colaboradores;

qualidade de atendimento; respeita aos padrões de aplicação da marca;

padronização da fachada).

� Pontualidade com suas obrigações.

� Transparência e credibilidade no mercado.

� Fidelidade com fornecedores parceiros.

� Qualidade na sua empresa.

� Ética profissional.

� Responsabilidade social.

� Manutenção da união do grupo.

Os ganhos obtidos pelos associados da rede em tela, contabilizados desde a sua

fundação e apontados neste estudo de caso, foram os seguintes:

ο Credibilidade no mercado, legitimando as ações empresariais e redi-

mensionando a relevância da empresa em seu ambiente comercial.

ο Conquista de novos relacionamentos empresariais com universidades e

agências estatais.

ο “Criação e valorização da marca através do marketing compartilhado".

ο Redução dos custos com compras conjuntas.

ο Cursos de capacitação gerencial e qualificação profissional.

Page 131: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

131

ο Novas vagas de empregos.

ο Assessoria e consultaria em diversas áreas, ampliando a prática gestora dos

associados.

ο Planejamento estratégico e gestão compartilhada.

ο Troca de informações e experiências.

ο Incremento à motivação e confiança no negócio.

ο Acesso facilitado de crédito em instituições financeiras.

ο Ampliação de parcerias (fornecedores) e consequente otimização dos preços

negociados.

ο Pulverização das verbas de propaganda.

ο Integração das famílias dos associados.

ο Escritório central da rede, adequado às necessidades funcionais dos

associados.

ο Expansão do quadro de associados.

Exemplos como o ora relatado há em profusão, em todo o país, apenas

diferenciando-se em dificuldades, ganhos e vantagens, conforme sejam as redes que se

queiram analisar. Mas, em comum, há o principal ponto positivo que sustenta este

formato negocial: a união de forças e seus consequentes benefícios - princípio histórico,

milenar, que caracteriza as sociedades organizadas.

Page 132: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

132

ANEXO 05 - ESTUDO DE CASO SOBRE A EXPERIÊNCIA DO CO NSÓRCIO DE VALORIZAÇÃO DA BATATA TÍPICA DE BOLOGNA

Page 133: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

133

ESTUDO DE CASO SOBRE A EXPERIÊNCIA DO CONSÓRCIO DE VALORIZAÇÃO DA BATATA TÍPICA DE BOLOGNA 42

Aspectos relevantes :

a) Estabelecimento de normas disciplinares;

b) Criação de marca de uso geral;

c) Constituição de entidade privada com estrutura organizacional definida;

d) Modelo participativo de tomada de decisões;

e) Auto-seleção: cada agricultor faz a própria seleção dos produtos que poderão ser

comercializados com a marca do consórcio, levando em conta critérios pré-

estabelecidos;

f) Padronização de medidas dos produtos, padronização de embalagens e uso do

selo da marca;

g) Bolsa da Batata: define o preço de venda, acompanha variações de mercado,

organiza as ações de marketing e garante a comercialização dos produtos;

Criação do consórcio para a gestão da marca

Em 8 de maio de 1992, desenvolveu-se na região da Emilia Romagna, mais

precisamente na cidade de Bologna, uma nova forma de organização para valorização do

produto, que veio consolidar a afirmação crescente do mercado da batata. Surgiu, nesse

período, o consórcio para a gestão da marca "Batata Típica de Bologna". Formado pelo

agrupamento de quatro cooperativas de agricultores (aproximadamente 450 agricultores),

11 operadores comerciais privados (juntando outros 350 agricultores) e duas associações

de produtores, o consórcio destas instituições formalizou as normas disciplinares que regem

o funcionamento do órgão, mas especialmente as especificações técnicas e características

que o produto deve ter.

A primeira decisão foi a criação da marca "Batata Típica de Bologna" que garante

ao adquirente a origem do produto e a observância às normas de qualidade impostas pelo

regulamento.

A introdução de normas disciplinares de produção, de cultivo, de conservação e

seleção, conforme métodos tradicionais, são a salvaguarda para manter os aspectos

nutricionais, culinários e orgânicos da batata.

A organização é uma entidade privada cujas decisões são unânimes, atendendo

aos interesses de todos (não decisões personalistas). Sua estrutura administrativa é

42 Casarotto e Pires (1999, p.113-116).

Page 134: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

134

composta por uma secretaria técnica, administração e uma agência de propaganda e

marketing

O objetivo principal do consórcio foi o de valorização do produto, assegurar a

origem e tradição do mesmo, acompanhar seu desenvolvimento genético, mantendo as

características qualitativas bem definidas e o alargamento ou expansão de seu mercado.

O controle e aplicação das normas são executados por inúmeros técnicos

altamente qualificados, colocados nos centros de trabalho para orientação técnica e nos

postos de entrega pelo produtor para acompanhar e desenvolver a análise dos produtos.

Esses técnicos têm a função de observar a modalidade de trabalho e orientar na seleção do

produto, especialmente para que se assegurem os princípios da higiene e seus conteúdos

nutritivos.

Além da garantia do mercado para seus produtos, da assistência técnica, os

agricultores que apresentarem a produção contendo todas as características e os índices

estabelecidos pelas normas que regem o consórcio e a valorização da marca terão

assegurados um ganho real que varia de 30 a 35 % superior ao produto comum. Do total da

produção desses associados, alcançam índices desejados apenas 50% dos produtores (a

tipificação tem diâmetro padrão que varia de 4,5 em a 7,5 cm).

Organização do agricultor

O processo de organização e valorização do produto tem origem no agricultor

que se auto-seleciona. Para ingressar nesse sistema é necessário ter em mente a

obediência às normas impostas pela organização. Isto é perfeitamente compreendido pelo

produtor, que vê neste processo a oportunidade de garantia de toda a cadeia produtiva,

desde o início da cultura até a comercialização do produto. São pequenos agrupamentos de

produtores, organizados em cooperativas, associações e ligados a operadores comerciais

para valorizar o produto "a batata de Bologna".

Outra peculiaridade é que o agricultor não necessariamente está vinculado a uma

só organização cooperativa da batata. Ele pode estar participando também da cooperativa

de fruticultura, ou do leite etc.

Avanços Tecnológicos praticados pelo Consórcio

Além da estrutura do Consórcio da Batata Típica de Bologna, foi criado com a

participação dos sócios e financiado pelo Poder Público de Bologna (Município), o

Observatório Econômico e a Bolsa da Batata. O Observatório Econômico emite boletins

com informações de todo o acompanhamento para determinar a composição química,

Page 135: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

135

conservação, seleção e orientações para armazenamento dos produtos; observa as

variações de mercado e preços, desenvolve pesquisas e orientações, exercendo um papel

fundamental para a garantia e valorização do produto e do mercado da Batata Típica de

Bologna.

Graças à orientação, acompanhamento e estudos realizados pelo Observatório

Econômico, a batata hoje passa por uma seleção para consumo diferenciado, separada em

batata típica para cozinhar, fritar e para purê. A embalagem é feita em sacos de: rede: 1,5 -

2,0 - 2,5 kg; pacote polietileno: 2,5 kg; rede de confecção manual: 2,5 - 5,0 - 10 Kg; rede de

confecção manual: 10 e 25 Kg. É etiquetada e carimbada com o selo da marca "Batata

Típica de Bologna".

Junto ao Observatório Econômico, estava (em 1999), em processo de estruturação,

um Centro de Pesquisas Biotecnológicas, cujo objetivo é identificar a quantidade de nitrato,

grau de produtos químicos e massa desejada, visando chegar a um tipo de produto com

nutrientes especiais, que além de melhorar a qualidade do produto para o consumo

tradicional, será destinada à industrialização com o objetivo de agregar valores.

Já a Bolsa da Batata é uma experiência nova na Itália, que funciona na forma de

um acordo interinstitucional (não oficial) para determinar o preço de venda do produto,

acompanhar as variações do mercado e garantir a comercialização da batata.

Todo o trabalho de marketing e divulgação de produto quanto às qualidades, à

origem genética e às vantagens do consumo e do insumo são da Bolsa da Batata.

A Bolsa da Batata executa a inter-relação com as cooperativas, associações,

comerciantes privados, estruturas econômicas dos governos Municipal e Nacional e mantém

aberto um canal com o comércio e as relações econômicas internacionais, mais

precisamente com a União Européia, visando regular o mercado e expandi-lo.

Page 136: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

136

APÊNDICE 01 - ROTEIRO DE ENTREVISTAS

Page 137: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

137

ROTEIRO DE ENTREVISTAS

1. A Asfacur tem Estatuto Social, Regimento Interno, Código de Ética e Sistema de

Normas e Procedimentos?

2. De forma geral, os associados respeitam e seguem o que está previsto nesses

instrumentos?

3. É feito Planejamento Estratégico? Como ele é feito (é participativo)?

4. O planejamento é revisado e atualizado? Com que frequência?

5. São promovidas reuniões periódicas com os associados? Com que frequência?

6. São promovidos eventos de confraternização com associados, funcionários e

familiares? Com que frequência?

7. São promovidos treinamentos, palestras e outros eventos de qualificação dos

associados e seus funcionários? Com que frequência?

8. As pessoas participam das atividades promovidas pela Asfacur (assembleias, reuniões,

eventos de confraternização e treinamentos)?

9. No que diz respeito aos associados (comportamento, participação e comprometimento),

quais são os aspectos positivos a serem destacados?

10. E os negativos (dificuldades e comportamentos)?

11. A infraestrutura da Asfacur é adequada às suas necessidades? Por quê?

12. O número de associados é adequado aos propósitos da rede?

13. Os associados utilizam adequadamente os recursos disponibilizados pela Asfacur

(softwares, hardwares, instalações)?

Page 138: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

138

APÊNDICE 02 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA COM ASSOCIAD OS DA ASFACUR

Page 139: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

139

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA COM ASSOCIADOS DA ASFACUR

Prezado Associado,

Considerando a importância da micro, pequena e média empresa para o

desenvolvimento da sociedade brasileira,

Considerando a importância do associativismo, da formação de alianças e da

cooperação empresarial, para o processo de competição e sucesso destas empresas e

Considerando a importância de ampliarmos nosso conhecimento sobre a Rede

Hiperfarma e seus associados.

Gostaríamos de saber sua opinião sobre alguns aspectos relacionados à Asfacur e à

sua empresa. Para tanto, solicitamos a gentileza de responder a pesquisa a seguir.

Essa pesquisa é rápida e pode ser devolvida por e-mail ou em papel impresso,

conforme sua preferência.

Dados Preliminares

Data de início de atividade da empresa: ______________________ Data de ingresso na Asfacur: ___________________________ Sua faixa etária é de: ( ) até 30 anos ( ) de 30 até 40 anos ( ) de 40 até 50 anos ( ) de 50 até 60 anos ( ) acima de 60 anos

Questionário

1. Que grau de importância a Asfacur têm para o desenvolvimento da sua empresa?

(assinale com um X)

( ) não é importante ( ) é pouco importante

( ) é importante ( ) é muito importante

2. Você acredita que participar da rede Asfacur traz ganhos de competitividade para sua

empresa.

( ) Sim ( ) Não

Page 140: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

140

Se desejar, utilize este espaço para comentar sua r esposta:

3. Dentre as ações e benefícios listados a seguir, que a Asfacur oferece para seus

associados, selecione cinco itens que você considera mais importantes para o

desenvolvimento do seu negócio. (assinale com um X)

( ) Poder qualificar-se (treinamento) a um custo mais acessível.

( ) Participação em campanhas de marketing mais “agressivas” (promoções, sorteios).

( ) Apresentação padronizada das lojas e fachadas.

( ) Ter a oportunidade de compartilhar conhecimentos e experiências com os demais

associados.

( ) Compras conjuntas, que possibilitam redução nos custos e aumento nos prazos de

pagamento.

( ) Poder oferecer aos clientes o cartão Hiperfarma.

( ) Os serviços de televendas e entrega em domicílio.

( ) Poder qualificar (treinamento) seus colaboradores a um custo mais acessível.

( ) Ter um conjunto de informações (informatizadas) que auxiliam na gestão da sua

empresa.

( ) Participação em campanhas publicitárias de grande abrangência e alto custo.

( ) Convênios com empresas e instituições.

( ) Ter tarifas reduzidas nas operações com cartão de crédito e débito.

( ) Ter maior visibilidade no mercado, devido ao uso da marca HIPERFARMA.

4. De forma geral, os serviços prestados pela Asfacur atendem suas expectativas? (assinale

com um X a opção desejada)

( ) não satisfaz minhas expectativas

( ) satisfaz parcialmente minhas expectativas

( ) satisfaz plenamente minhas expectativas

( ) supera as minhas expectativas

5. Os meios utilizados para apresentação de sugestões, debate de questões de interesse

geral, e aprovação de propostas (exemplo: assembleias, reuniões periódicas) são

satisfatórios?

( ) sim ( ) não

Page 141: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

141

Se desejar, utilize este espaço para comentar sua r esposta:

6. Você considera importante a participação dos associados nas assembleias e reuniões

promovidas pela Asfacur?

( ) sim ( ) não

7. Como você define a participação dos associados nas assembleias e reuniões promovidas

pela Asfacur?

( ) o número de participantes é pequeno e se restringe quase sempre às mesmas pessoas.

( ) o número de participantes é pequeno e não se restringe às mesmas pessoas.

( ) o número de participantes á satisfatório, porém deveria ser maior.

( ) a maioria ou totalidade dos associados costuma participar das assembleias e reuniões.

8. Como você qualifica as assembleias e reuniões promovidas pela Asfacur? ( ) normalmente são produtivas e atingem os resultados esperados.

( ) normalmente são improdutivas e não atingem os resultados esperados.

Se desejar, utilize este espaço para comentar sua r esposta:

9. Como você qualifica o grau de comprometimento dos associados com a causa e os

objetivos da Asfacur?

( ) baixo ( ) regular ( ) bom ( ) ótimo ( ) excelente

Se desejar, utilize este espaço para comentar sua r esposta:

Por que?

Page 142: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

142

10. De forma geral, o grau de relacionamento pessoal entre os associados (o que inclui

confiança mútua, participação em atividades extra-profissionais) pode ser considerado?

( ) baixo ( ) regular ( ) bom ( ) ótimo ( ) excelente

11. Você considera relevante que o grau de relacionamento pessoal entre os associados

seja elevado?

( ) sim ( ) não

12. De forma geral, você considera a Rede Hiperfarma um empreendimento bem sucedido?

( ) não ( ) parcialmente ( ) sim

13. Independentemente da resposta dada para a pergunta anterior, que aspectos da Asfacur

(pontos fortes) estão contribuindo positivamente para a consolidação e o

desenvolvimento da Rede Hiperfarma?

14. Por outro lado, que aspectos da Asfacur (pontos fracos) estão impedindo ou dificultando

um melhor desempenho da Rede Hiperfarma?

15. Se desejar, cite o que você acha que a Diretoria da Asfacur deve fazer para fortalecer a

associação e os seus associados.

Por que?

Page 143: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

143

16.Em sua opinião, a globalização influencia o desenvolvimento e o poder de

competitividade da sua empresa?

( ) sim ( ) não

17. Se sua resposta para a pergunta anterior foi “sim”, assinale qual das duas alternativas, a

seguir, expressa o tipo de influência que a globalização exerce (Atenção: se você julgar

adequado, pode assinalar as duas alternativas).

( ) Influência positiva, ou seja: a globalização, em geral, favorece o desenvolvimento e

aumenta o poder de competitividade da minha empresa.

( ) Influência negativa , ou seja: a globalização, em geral, dificulta o desenvolvimento e

reduz o poder de competitividade da minha empresa.

18. Considerando sua resposta para a pergunta anterior, assinale uma das alternativas a

seguir:

( ) O fato de participar da Asfacur não favorece em nada minha capacidade de usufruir os

benefícios da globalização, ou, por outro lado, minha capacidade de fazer frente aos

riscos que a globalização representa para minha empresa.

( ) O fato de participar da Asfacur favorece pouco minha capacidade de usufruir os

benefícios da globalização, ou, por outro lado, minha capacidade de fazer frente aos

riscos que a globalização representa para minha empresa.

( ) O fato de participar da Asfacur favorece muito minha capacidade de usufruir os

benefícios da globalização, ou, por outro lado, minha capacidade de fazer frente aos

riscos que a globalização representa para minha empresa.

Nesse caso, cite quais são os principais aspectos da globalização que contribuem positivamente?

Nesse caso, cite quais são os principais aspectos da globalização que contribuem negativamente?

Page 144: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

144

19. Analise as alternativas a seguir e assinale aquela (s) que você considera verdadeira (s):

( ) A forma de elaboração do Planejamento Estratégico da Rede Hiperfarma é satisfatória

e privilegia a participação dos associados.

( ) Desconheço a forma de elaboração do Planejamento Estratégico, porque não sou

convidado para participar.

( ) As ações praticadas correspondem ao que foi planejado.

( ) Considero a Rede Hiperfarma uma rede inovadora, ou seja: normalmente está à frente

da concorrência, no que diz respeito a ofertar novos produtos e serviços aos

consumidores, bem como a utilizar novas práticas de gestão interna.

( ) O modelo de gestão adotado pela diretoria da Asfacur, tem-se demonstrado eficaz no

que diz respeito a formar parcerias que tragam benefícios aos associados.

20. Caso deseje, utilize o espaço a seguir para fazer outros comentários, críticas e

sugestões:

Muito obrigado pela participação e sucesso

Page 145: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

145

APÊNDICE 03 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA COM ASSOCIAD OS DA ASFACUR – PESQUISA INTERNA DA DIRETORIA

Page 146: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

146

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA COM ASSOCIADOS DA ASFACUR – PESQUISA

INTERNA DA DIRETORIA

1. Enumere, por ordem de importância, os motivos que levaram você a se associar à rede

(dê nota 01 para a argumentação de menor importância e aumente

até chegar na nota 10, na argumentação de maior importância).

Conseguir comprar com melhores condições comerciais

Conseguir aumentar as vendas da sua loja

Receber treinamento

Oferecer treinamento para seus colaboradores

Melhorar o Layout da loja

Estreitar o relacionamento com seus pares

Ter acesso às informações de mercado

Dar mais visibilidade à sua empresa junto aos consumidores

Dar mais visibilidade à sua empresa junto aos fornecedores

Para evitar que o seu concorrente ingressasse na rede em seu lugar

2. Em sua opinião, as negociações da rede em relação aos medicamentos de marca são

(escolha apenas uma alternativa):

Muito boa

Boa

Razoável

Ruim

3. Em sua opinião, as negociações da rede em relação aos medicamentos genéricos são

(escolha apenas uma alternativa):

Muito boa

Boa

Razoável

Ruim

Page 147: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

147

4. Em sua opinião, as negociações da rede em relação aos medicamentos similares são

(escolha apenas uma alternativa):

Muito boa

Boa

Razoável

Ruim

5. Em sua opinião, as negociações da rede em relação aos produtos de perfumaria são

(escolha apenas uma alternativa):

Muito boa

Boa

Razoável

Ruim

6. Em sua opinião, o trabalho desenvolvido pela Diretoria da rede é (escolha apenas uma

alternativa):

Muito bom

Bom

Razoável

Ruim

7. Em sua opinião, você é (escolha apenas uma alternativa):

Bastante empreendedor

Empreendedor

Pouco empreendedor

Não são empreendedor

8 . Em sua opinião, e de modo geral, seus pares são (escolha apenas uma alternativa):

Bastante empreendedores

Empreendedores

Pouco empreendedores

Não são empreendedores

Page 148: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

148

9. Em sua opinião, o material de marketing da rede é (escolha apenas uma

alternativa)

Muito bom

Bom

Razoável

Ruim

10. Em sua opinião, o jornal de ofertas da rede é (escolha apenas uma alternativa):

Muito importante

Importante

Pouco Importante

Não é importante

11. Em sua opinião, os treinamentos oferecidos para proprietários pela rede são

(escolha apenas uma alternativa):

Muito bons

Bons

Razoáveis

Ruins

12. Em sua opinião, os treinamentos oferecidos para funcionários pela rede são:

(escolha apenas uma alternativa):

Muito bons

Bons

Razoáveis

Ruins

13. Em sua opinião, a Febrafar é uma entidade (escolha apenas uma alternativa)

Muito importante

Importante

Pouco Importante

Sem Importância

Page 149: CELSO LUIZ KLOEPPEL A COOPERAÇÃO COMO ESTRATÉGIA … · mestrado em organizaÇÕes e desenvolvimento celso luiz kloeppel a cooperaÇÃo como estratÉgia de competitividade das

149

14. Enumere, por ordem de importância, as ações que você mais valoriza na rede

(Dê nota 01 para a argumentação de menor importância e aumente até chegar na nota

10, para a argumentação de maior importância):

Convivência com seus pares

Melhoria nas condições comerciais de compra

Aumento das vendas de sua loja

Melhoria no processo gerencial da sua loja

Implantação de uma nova técnica de precificação (PEC)

Melhoria no layout da loja e, por consequência, mais visibilidade da sua

empresa

Maior acesso às informações do mercado

Participação em eventos e feiras de negócio

Diminuição dos custos operacionais

Melhoria do sistema operacional da loja