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ESPELHO DE CORREÇÃO DA 1ª RODADA CEI-MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS MATERIAL ÚNICO Questões Totalmente Inéditas. ACESSÍVEL Computador, Tablet, Smartphone. 30 QUESTÕES OBJETIVAS Por rodada. 1 PEÇA PRÁTICA Por rodada. 20/01/2016 A 19/04/2016 DURAÇÃO IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. CEI-MAGIS- TRATURA E MP ESTADUAIS 1ª ED. 2016 ESPELHO DE CORREÇÃO DA 1ª RODADA 2 QUESTÕES DISSERTATIVAS Por rodada. CEI-MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS

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ESPELHO DE CORREÇÃO DA 1ª RODADA

CEI-MAGISTRATURA EMINISTÉRIO PÚBLICO

ESTADUAIS

MATERIAL ÚNICOQuestões Totalmente Inéditas.

ACESSÍVELComputador, Tablet, Smartphone.

30 QUESTÕES OBJETIVASPor rodada.

1 PEÇA PRÁTICAPor rodada.

20/01/2016 A 19/04/2016DURAÇÃO

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.

CEI-MAGIS-TRATURA

E MP ESTADUAIS

1ª ED.2016

ESPELHO DE CORREÇÃO DA 1ª RODADA

2 QUESTÕES DISSERTATIVASPor rodada.

CEI-MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO

ESTADUAIS

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ESPELHO DE CORREÇÃO DA 1ª RODADA

CEI-MAGISTRATURA EMINISTÉRIO PÚBLICO

ESTADUAIS

PROFESSORES

JOÃO PAULO LORDELO - Coordenador do Curso, Professor de Direito Processual Civil, Direito do Consumidor, Direito Ambienal e Humanística.

Procurador da República (aprovado em 1° lugar no 27°CPR). Ex-Defensor Público Federal. Aprovado em diversos concursos e seleções: Técnico Administrativo da Universidade Federal da Bahia, Técnico Administrativo do Ministério Público do Estado da Bahia, Técnico Administrativo e Analista Judicial do Tribunal Regional Eleitoral do Estado da Bahia, Procurador do Estado de Pernambuco, Defensor Público Federal (7ª colocação final, tendo obtido a 1ª colocação na primeira fase), Mestrado em Processo Civil na Universidade Federal da Bahia (1ª colocação), Juiz de Direito do Estado da Bahia (1ª colocação na primeira fase), Procurador da República (1ª colocação na classificação geral). É graduado e mestre em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia e especialista em Direito do Estado. Editor do website: http://www.joaolordelo.com.

E-mail: [email protected]

BRUNO DOS ANJOS - Professor de Direito Eleitoral e Direito Empresarial.

Procurador do Estado de Rondônia. Aprovado (37º lugar) para Juiz de Direito do Estado do Ceará; Aprovado (75º lugar) para Juiz de Direito do Estado do Espirito Santo; Ex – Analista Judiciário do Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia; Nomeado para Analista Judiciário no Tribunal Regional Federal da 1ª Região; Ex – Técnico Judiciário do Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia; Nomeado para Técnico Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região; Pós Graduado em Direito Eleitoral e Processo Eleitoral pela FARO em parceria com o TRE/RO; Pós Graduado em Direito Processual Civil pela Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes – LFG.

E-mail: [email protected]

DOUGLAS DELLAZARI - Professor de Direito Constitucional e Execução Penal.

Aprovado em diversos concursos públicos, dentre eles Promotor de Justiça do MP-PR, Procurador Federal da AGU, Delegado de Polícia Civil do PR, Analista do TRE-SC, Analista do MPU-SC, Analista do TRF4, Analista do TJSC, Técnico Judiciário do TJSC. Graduação em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina.

E-mail: [email protected]

MARCELO SANTOS CORREA - Professor de Direito Penal e Processo Penal.

Procurador da República em Imperatriz/MA, aprovado em 27º lugar no 27º CPR. Ex-Juiz Federal do TRF5 (aprovado em 4º lugar no XII Concurso). Ex-Juiz Federal do TRF4 (aprovado em 4º lugar no XV concurso). Ex-Advogado da União. Aprovado em diversos outros concursos, entre eles: Procurador do Estado do Pará (4º lugar), Procurador do Estado do Tocantins, Analista do TRF1.

E-mail: [email protected]

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KHERSON MACIEL GOMES SOARES - Professor de Direito Civil e Direito Administrativo.

Procurador do Estado de Rondônia, lotado na Procuradoria do Contencioso Geral, em Porto Velho/RO. Graduado em Direito pela Universidade de Fortaleza (Unifor). Pós graduando em Direito Constitucional. Aprovado nos Concursos Públicos de Juiz de Direito do Estado do Rio Grande do Norte; Analista Processual do MPU; Procurador do Município do Euzébio/CE.

E-mail: [email protected]

FERNANDO CARDOSO FREITAS - Professor de Direito Tributário e Direito da Criança e do Adolescente.

Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (aprovado em 2º lugar), Ex Juiz Substituto do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Ex Juiz Substituto do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, duas vezes aprovado até a etapa da prova oral do concurso de Juiz Substituto do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, aprovado até a etapa da prova oral do Ministério Público do Estado do Espírito Santo, ex técnico judiciário do TRT 17ª Região, ex analista judiciário do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, aprovado no concurso para Auditor do Estado do Espírito Santo – Especialidade Direito, aprovado no concurso de técnico judiciário do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Espírito Santo. Graduado pela Universidade de Vila Velha. Pós-Graduação em Direito Público.

E-mail: [email protected]

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QUESTÕES DISSERTATIVAS

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: JOÃO PAULO LORDELOE-mail: [email protected]

DIREITO AMBIENTAL

1. Discorra acerca do poder de polícia e o licenciamento ambiental, tocando necessariamente nos seguintes pontos:

- Conceito e critérios definidores da competência ambiental adotados no Brasil;

- Peculiaridades e espécies de licença ambiental;

- Competência para o poder de polícia ambiental.

MÁXIMO DE LINHAS: 20.

COMENTÁRIO

Caros amigos, os temas do poder de polícia e do licenciamento ambiental são extremamente relevantes para os concursos da Magistratura e Ministério Público, exigindo atenção dos candidatos.

Fiz, de propósito, algo que certamente os deixou muito irritados comigo: coloquei uma questão que cobra muita informação em pouco espaço de linhas. É uma tarefa ingrata apertar a letra nas provas subjetivas, mas vocês precisam treinar isso, pois acontece com frequência!

Uma dica importante é tentar, ao menos, tangenciar todos os pontos exigidos na questão, indicando os dispositivos legais aplicáveis (especialmente em questões do CESPE, em que os corretores se utilizam de um gabarito-espelho fixo).

Vejamos o espelho, com uma resposta ideal para a questão da forma mais reduzida possível (perceba que até eu mesmo extrapolei o limite de linhas, o que, obviamente, NUNCA deve ser feito em provas subjetivas):

ESPELHO:

Entende-se por poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando

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direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, com fundamento no interesse público.

Com efeito, na linha do art. 23, VI, da Constituição da República (CRFB/88) - que dispõe ser competência comum dos entes políticos “proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas” -, tanto os municípios quanto os Estados, a União e o Distrito Federal possuem o dever constitucional de exercer o poder de polícia ambiental. A mesma conclusão pode ser extraída do art. 17, §3º, da Lei Complementar n. 140/2011, que acrescenta que, na hipótese de haver mais de um auto de infração sobre um mesmo fato, prevalecerá aquele lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento.

Entende-se por licença ambiental o ato administrativo pelo qual o órgão ambiental estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem obedecidas pelo empreendedor. A respeito da sua natureza, prevalece, na doutrina e na jurisprudência, a peculiaridade do seu caráter autorizativo, ou seja, precário, ante o não reconhecimento do direito subjetivo à degradação ambiental.

Conforme disposto na Resolução n. 237/1997 do CONAMA, em regra, as licenças ambientais são de três espécies: licença prévia (concedida preliminarmente, apenas aprovando o projeto, com condicionantes e requisitos básicos), licença de instalação (autoriza a instalação do empreendimento, com condicionantes) e licença de operação (permite o início das atividades, com condicionantes).

No que concerne à sua competência, a disciplina da Lei Complementar n. 140/2011 se utilizou de dois principais critérios: o da dimensão do impacto (v.g., no art. 9º, XIV, que reconhece aos municípios a competência para licenciar empreendimentos que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local) e o da dominialidade do bem público afetável (v. g., art. 7º, XIV, que atribui à União a competência para licenciar empreendimentos localizados no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva; em terras indígenas; em unidades de conservação instituídas pela União; em 2 (dois) ou mais Estados etc.).

MELHOR RESPOSTA

ALESSANDRA BUENO DE CASTRO

Estabelece a Constituição Federal, em seu art. 225, caput, que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. O exercício desse poder-dever se dá através do poder de polícia e trata-se de competência material, em regra, concorrente entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que a exercerão em cooperação (convênios e consórcios públicos) ou isoladamente por meio de seus órgãos pertencentes ao SISNAMA. Já a competência legislativa é, em regra, comum. Diferentemente do que ocorre no Direito Administrativo, em que ele é discricionário, de acordo com a doutrina majoritária, o poder de polícia ambiental é vinculado.

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Vale registrar que a competência para a fiscalização não se confunde com a do licenciamento. Enquanto a primeira é concorrente, como supracitado, a segunda é distribuída de acordo com dois critérios: a) extensão do dano ou degradação ambiental e b) a dominialidade do bem (Lei Complementar n. 140/2011 e Resoluções do CONAMA). Em caso de omissão do órgão competente ou de má-atuação, o ente de maior abrangência territorial irá atuar supletivamente, substituindo-o (a União nos Estados e o Estado nos Municípios). Poderá ainda haver a atuação subsidiária, em cooperação e não substituição, mediante provocação do órgão responsável.

O licenciamento ambiental é o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. Constitui importante instrumento de Política Nacional do Meio Ambiente e possui três fases: licença prévia, licença de instalação e licença de operação. Possui natureza de autorização sui generis, pois embora vinculada, não confere direito adquirido ao empreendedor licenciado.

HUMANÍSTICA

2. Discorra sobre as fontes do direito, abordando os seguintes pontos:

- Diferença entre sistema jurídico e tradição jurídica.

- Diferenças entre os conceitos de precedente, jurisprudência e súmulas.

MÁXIMO DE LINHAS: 20.

COMENTÁRIO

Caros amigos, especialmente no concurso da Magistratura, a cobrança de “Fontes gerais do Direito e Humanística” tem assustado muita gente. Não se preocupe. O primeiro passo é ter uma boa bibliografia. Quando prestei concurso para Juiz de Direito do Estado da Bahia, tive dificuldade em achar boas obras para concurso nessa temática. Após muito pesquisar, cheguei a alguns autores que julgo os melhores.

Confiram a postagem do meu blog sobre isso: www.joaolordelo.com/#!Recomendação-bibliografia-de-Formação-Humanística-para-a-magistratura-TJ-TRF-TRT/c193z/5641ebc50cf2f51f3233ec7d

A questão que fiz toca nos seguintes temas: “Fontes do direito” e “Jurisprudência e súmula vinculante”. São temas que tendem a cair nos próximos concursos, em razão da grande reforma nas fontes do direito inaugurada pelo novo Código de Processo Civil, que ampliou claramente os precedentes obrigatórios. Vejamos o espelho:

ESPELHO:

Como ressalta Ricardo Maurício Freire Soares, a expressão “fontes do direito” revela-se polissêmica, dando

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espaço a duas distintas acepções: material e formal.

De um lado, embora haja divergências a seu respeito, entende-se majoritariamente que as fontes materiais consistem nos elementos econômicos, políticos e ideológicos que interferem na produção, interpretação e aplicação da norma jurídica. Já as fontes formais consistem nos modos de manifestação da norma jurídica.

A esse respeito, cada sistema jurídico - entendido como um conjunto de normas jurídicas interdependentes, reunidas segundo um princípio unificador – possui suas próprias fontes do direito. Como revelam John Merryman e Rogelio Perez-Perdomo, cada país apresenta seu(s) próprio(s) sistema(s) jurídicos. Por sua vez, as tradições jurídicas consistem em formas mas genéricas de agrupamento do sistema jurídico geral de cada país, a partir de características unificadoras, sendo as mais conhecidas o “civil law” (mais antiga) e o “common law”, mais nova.

Existe uma recíproca aproximação entre as tradições de “civil law” e de “common law” no mundo contemporâneo. De um lado, a tradição do “common law” cada vez mais trabalha com o direito legislado, fenômeno denominado por alguns como “statutorification do common law”. De outro, a tradição de “civil law” cada vez mais se preocupa assegurar os princípios da liberdade e da igualdade de todos por meio dos precedentes judiciais.

A esse respeito, entende-se por precedente, em sentido amplo, a decisão judicial tomada à luz de um caso concreto, cujo elemento normativo pode servir como diretriz para o julgamento posterior de casos análogos. Em um sentido mais restrito, o precedente judicial se confunde com a “ratio decidendi”, também denominada “holding” para os norte-americanos, consistente nos fundamentos jurídicos que sustentam a decisão, ou seja, a “essência da tese jurídica suficiente para decidir o caso concreto” (Cruz e Tucci)

A jurisprudência, por sua vez, assume um papel de substantivo coletivo, consistindo na reiterada aplicação do entendimento firmado em um precedente pelos tribunais.

Por fim, as súmulas consistem em enunciados normativos (texto) da “ratio decidendi” (norma geral) de uma jurisprudência dominante, que é a reiteração de um precedente.

MELHORES RESPOSTAS

FRANCE GRACETTE BERG RODRIGUES DE OLIVEIRA

As fontes do Direito são o lugar do seu nascedouro ou a sua matéria prima. Nesse diapasão, as fontes do Direito podem ser materiais ou formais. As fontes materiais referem-se ao órgão competente para sua elaboração. As fontes formais dizem respeito ao modo pelo qual o Direito se manifesta. As fontes formais podem ser imediatas ou mediatas. As fontes imediatas são as normas legais. Já as fontes mediatas são os costumes, os princípios gerais do direito, a jurisprudência e a doutrina, conforme teoria tradicional. O sistema jurídico é o conjunto de normas jurídicas interdependentes, reunidas segundo um princípio unificador, cuja finalidade é disciplinar a convivência social. Por sua vez, a tradição jurídica pode ser romano-germânica (civil

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law), em que prevalecem as codificações legislativas, isto é, na qual a principal fonte do Direito é a lei, ou, anglo-saxônica (common law), em que preponderam as decisões judiciais. O Brasil tem tradição jurídica civil law, contudo, passa a valorizar, cada vez mais, a súmula, principalmente a vinculante, a jurisprudência e o precedente como fontes do Direito, em especial, com a EC 45/04 e o NCPC, aproximando-se do common law. O precedente é um pronunciamento judicial relativo a um caso concreto. Na aplicação e superação dos precedentes, utilizam-se as técnicas do distinguishing, overruling, e sinaling. A jurisprudência é a reiteração de julgados em um determinado sentido por um tribunal. A súmula é o enunciado, emanado de um tribunal, que expressa o seu entendimento sobre um determinado tema jurídico controvertido. Em regra, a súmula não tem caráter obrigatório, mas, persuasivo, exceto a súmula vinculante, elaborada pelo STF, sobre matéria constitucional, cuja observância será compulsória para os demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, consoante art. 103-A da CRFB/88. O precedente, a jurisprudência e as súmulas são vetores de orientação, ademais, visam resguardar a segurança jurídica e a isonomia, evitando decisões surpresas e distintas em casos semelhantes.

ANDRÉ CARVALHO

Sistema jurídico é o conjunto de normas jurídicas interdependentes e harmônicas entre si, reunidas segundo um princípio unificador que dê unidade e coerência ao ordenamento jurídico. Já a tradição jurídica pode ser compreendida como a forma de se conceber o direito, sedimentada ao longo dos tempos, através do desenvolvimento de instituições, valores e conceitos jurídicos próprios. A tradição é, portanto, maior que os sistemas jurídicos que a compõe, de maneira que ela fundamentada a forma de se criar o direito em um Estado. Segundo a melhor doutrina, são duas as tradições jurídicas mais difundidas no mundo contemporâneo: a tradição do Civil Law e a do Commom Law.

Considerando que as fontes do direito são as formas pelas quais o direito é criado e se manifesta, a depender da tradição jurídica adotada pelo Estado, a fonte formal imediata adotada em seu sistema jurídico será a lei ou os costumes. Pela tradição do Civil Law, os sistemas jurídicos são caracterizados pela positivação excessiva de normas, sua codificação em Códigos harmônicos e coerentes entre si, sendo a lei sua fonte primária. Por outro lado, no Commom Law, onde o direito escrito cede espaço para os costumes, desponta a jurisprudência e a sistemática do precedente como as grandes fontes do direito.

O precedente é a decisão judicial tomada à luz de um caso concreto, cujo núcleo essencial pode servir como diretriz para o julgamento posterior em casos análogos. É composto das circunstâncias de fato que embasam a controvérsia, bem como da tese jurídica assentada na motivação do provimento decisório (ratio decidendi). Já a jurisprudência é a reiterada aplicação de um precedente que, caso vire o entendimento dominante, poderá dar ensejo à criação de uma súmula pelo órgão jurisdicional. Assim sendo, a súmula nada mais é do que o texto da jurisprudência dominante, que poderá ou não vincular os demais órgãos jurisdicionais e administrativos, a depender do procedimento adotado e do órgão encarregado de sua criação.

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PEÇA PRÁTICA

ORIENTAÇÃO: responder em no máximo 210 linhas. Não se identifique no corpo da resposta, procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: JOÃO PAULO LORDELOE-mail: [email protected]

DIREITO PENAL

1. No dia 06 de maio de 2015, por volta das 11:30, GUGA foi preso em flagrante tendo em vista, junto com os menores PAULO e ÉRICO, ter assaltado, naquele dia, agência das lotéricas na cidade de Baixa do Jebe-Jebe/BA.

Com efeito, no dia 06 de maio de 2015, por volta das 08:50, PAULO e ÉRICO armados, respectivamente, com revólveres calibres 32, marca Rossi e 38, da marca Taurus, desmuniciados, entraram pela porta da frente da agência lotérica.

Ato contínuo, o menor PAULO rendeu o vigilante da agência, LAMENHA, e tomou a sua arma, um revólver calibre 38, da marca Taurus, municiado, tendo o obrigado a ficar sentado sob a mira das armas, enquanto o menor ÉRICO se dirigiu ao caixa pedindo dinheiro, que não foi entregue de imediato, fazendo com que ele pulasse o balcão e pegasse determinada quantia, cobrando a existência de um cofre, obrigando o gerente da agência, QUEIROGA, de forma violenta, a abri-lo.

Ao verificar que só havia moedas no cofre da mencionada agência, ÉRICO exigiu do retrocitado gerente a entrega de dinheiro com grave ameaça lhe apontando a arma engatilhada.

Logo após, empreenderam fuga do recinto em um veículo VW PUNTO, de cor cinza, conduzido por GUGA.

Após informações de populares de que havia tido um roubo na agência da lotérica e que os assaltantes fugiriam da agência em um veículo VW PUNTO, cor cinza, placa não anotada, em direção ao Município de Gaiolândia/BA, policiais militares empreenderam perseguição ao veículo, o interceptando próximo ao povoado de Mirolândia, na zona Rural.

Em seu interior se encontravam PAULO, ÉRICO e GUGA, que conduzia o veículo.

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ESTADUAIS

Antes da ordem de parada do veículo, concretizada apenas após disparo para o alto efetuado pelos policiais, foi visualizado por estes o arremesso de alguns objetos pelo lado direito do carro.

Destarte, os menores foram apreendidos e o denunciado preso, de acordo com Auto de Prisão em Flagrante e Interrogatório e Auto de Exibição e Apreensão e Termos de Declarações.

Foram localizados diversos objetos arremessados para fora do carro no momento da perseguição policial, a exemplo de uma bolsa preta com fechamento por cordão contendo dois revólveres calibre 38, marca Taurus, nove cartuchos intactos, a quantia de R$ 575,00 (quinhentos e setenta e cinco reais), celulares das marcas Nokia, Samsung e LG. Também foi apreendido o veículo VW PUNTO, cor cinza.

Ademais, foi encontrada no bolso de ÉRICO, certa quantidade de droga, supostamente maconha, de acordo com Auto de Exibição e Apreensão.

Em sede policial, o menor PAULO informou que tinha uma arma calibre 32 que teria sido dispersada por eles na margem da rodovia, porém, não encontrada pelos policiais.

Interrogado, GUGA exerceu o direito constitucional ao silêncio.

Em depoimento de PAULO em sede policial, restou consignado que GUGA criou um planejamento para realização e êxito da prática delituosa e estava aguardando os outros infratores ao final da empreitada, em uma esquina próximo à agência lotérica, observando a movimentação da polícia.

Por sua vez, em depoimento em sede policial, ERICO confirmou o depoimento de PAULO.

Uma das armas foi reconhecida pelo vigilante da agência dos Correios, LAMENHA, no momento de autuação da prisão em flagrante como de propriedade da Empresa Nenhuma Segurança Ltda.

De acordo como os autos da prisão em flagrante, consta decisão do MM Juiz plantonista, convertendo, de ofício, a prisão em flagrante em preventiva, com fundamento na garantia da ordem pública.

PAULO e ÉRICO foram reconhecidos na Delegacia de Polícia pelos funcionários da lotérica.

O Ministério Público da Comarca de Baixa do Jebe-Jebe/BA denunciou GUGA como incurso nas penas dos seguintes delitos: a) no art. 157, § 2º, incisos I e II, CP (roubo majorado pelo uso de arma e concurso de mais de duas pessoas), por duas vezes, em concurso material, eis que também foram subtraídos bens de um dos funcionários da agência; b) art. 288, caput e parágrafo único, CP (associação criminosa majorada pelo uso de arma e participação de adolescente) e c) art. 244-B da Lei nº 8.069/90 (corrupção de menores), c/c art. 69 do CP (concurso material).

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ESTADUAIS

Os funcionários da lotérica, LAMENHA e QUEIROGA, ouvidos em sede judicial, repetiram o depoimento já prestado na polícia. Os policiais envolvidos na operação também foram ouvidos como testemunhas de acusação, tendo confirmado os depoimentos em sede policial. PAULO e ÉRICO não foram ouvidos nem denunciados, mas seu depoimento na Vara da Infância e da Juventude foi importado aos autos do processo de GUGA, no mesmo sentido dos depoimentos em sede policial.

Em seu interrogatório, GUGA disse que já conhecia de vista PAULO e ÉRICO e que apenas havia dado uma carona a eles, sem saber que estavam fugindo. Afirmou, ainda, que só soube que PAULO e ÉRICO estavam envolvidos em algo quando eles assim disseram no carro, que GUGA parou após o disparo da polícia. Informou que não sofreu qualquer tipo de ameaça por parte de PAULO e ÉRICO.

Em alegações finais, o Ministério Público pleiteou pela condenação.

Já o réu, que se encontra preso desde a data do fato, alegou: a) a incompetência material da Justiça Estadual, por se tratar de fato relativo a agência das lotéricas, com interesse direto da ECT e da CAIXA; b) nulidade da prova emprestada, consistente na importação dos depoimentos de PAULO e ÉRICO, por ausência de contraditório real; c) a sua absolvição ou, subsidiariamente, o reconhecimento do delito na forma tentada, eis que não obteve a posse mansa e pacífica.

Requisitada a folha de antecedentes, consta que GUGA já havia sido definitivamente condenado pela prática de uso de documento falso, na data de 18/01/2005.

Na qualidade de juiz do caso, elabore a sentença penal adequada.

COMENTÁRIO

Meus caros, em concursos da magistratura, a sentença penal é, talvez, o grande desafio. É o ponto que exige mais treino, com uma boa bibliografia. Aprender a fazer sentença penal não é algo fácil. Exige total domínio da dosimetria e da técnica de redação de sentença. Além disso, exige um excelente domínio no tempo.

Diante de todas essas dificuldades, elaborei o material de apoio que vocês receberão em anexo (um roteiro de sentença penal). Deu um trabalho gigantesco para fazer, mas acho que ajudará vocês!

Quanto à bibliografia, sem dúvida alguma, indico a obra “Sentença Penal Condenatória”, de Ricardo Augusto Schmitt (Ed. Juspodivm). É leitura obrigatória! Muito completo e fácil de ler, eu aprendi a fazer sentença penal com esse livro. Depois de ler, comece a baixar provas nos sites e treine muito, muito mesmo. Cronometre seu tempo e comece a pegar os “macetes” da dosimetria (que não precisa ser muito bem feita matematicamente, mas não pode deixar de observar todas as circunstâncias judiciais/legais).

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Por fim, valem duas informações relevantes:

1 - a forma de correção das sentenças penais depende muito da banca. Em concursos do CESPE, por exemplo, costuma-se cobrar do candidato uma resposta que corresponda exatamente ao espelho. Isso é muito ruim, pois há diversas questões que não são pacíficas na jurisprudência (como os casos concretos de concurso formal/crime único/continuidade delitiva). Infelizmente, o CESPE costuma cobrar, em espelhos/gabaritos de sentença, temas ainda não pacíficos e extremamente dúbios no caso concreto. Já as bancas organizadas por tribunais são muito mais tranquilas nesse ponto, aceitando capitulações típicas diversas das esperadas, desde que bem fundamentadas.

2 – E emendatio libelli costuma ser a parte mais complicada (e que mais reprova) em sentenças penais. Saber, por exemplo, se os fatos configuram o crime de desobediência ou de resistência, pode custar muitos pontos. Diante disso, recomendo que baixem sempre provas antigas, treinando e descobrindo “o que pensa a banca”. A capitulação adequada dos fatos é algo que vocês precisam fazer bem!

MODELO PADRÃO DE SENTENÇA PENAL:

Quando for fazer sua sentença, recomendo usarem esse “esqueleto”:

1. RELATÓRIO (SE A QUESTÃO NÃO DISPENSOU, VOCÊ É OBRIGADO A FAZER!). Se for muita coisa, seja sucinto, resuma o relatório.

2. Preliminares/prejudiciais

2.1 Processo (competência, nulidades processuais etc. – nulidade de perícia, cerceamento de defesa etc.).

2.2 Ação (inépcia e condições da ação).

2.3 Extinção da punibilidade (PARA ALGUNS, DEVE VIR LOGO APÓS A COMPETÊNCIA).

3. Mérito (crime por crime)

3.1 Autoria/materialidade (crime por crime inclusive narrando circunstâncias legais)

3.2 Teses da defesa – (pode vir depois da adequação típica, a depender da tese)

3.3 Adequação típica da denúncia (emendatio – atenção: em alguns casos, a emendatio fica melhor logo no início, antes da autoria/materialidade, sobretudo quando há muitos delitos e réus)

3.4 Causas de aumento/diminuição

4. Dispositivo

4.1 Dosimetria (INDIVIDUALIZADA POR RÉU)

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4.1.1 Circunstâncias judiciais (1/8 sobre intervalo) – feita uma só para todos os crimes

4.1.2 Atenuantes/agravantes (1/6 sobre intervalo ou pena base, o que for maior)

4.1.3 Causas de diminuição/aumento (incidência cumulativa)

4.1.4 Regime inicial de cumprimento da pena

4.1.5 Substituição por multa (preferencial) ou restritiva de direitos

4.1.6 Sursis

4.1.7 Efeitos não automáticos da condenação

4.1.8 Direito de recorrer em liberdade/prisão preventiva

4.2 Condenação às custas

4.3 Certificado o trânsito em julgado:

4.3.1 Lance-se o nome do réu no rol do culpados

4.3.2 Expeça-se ofício ao TRE

4.3.3 Expeça-se ofício ao órgão estadual de controle dos antecedentes

4.3.4 Expeça-se guia de execução

4.4 Devolução do valor da fiança, no caso de absolvição

P. R. I. C

Local, data

Juiz Substituto.

ESPELHO:

A sentença em questão foi baseada em um caso real. Vejamos a resposta aos principais pontos:

1. RELATÓRIO

Não deveria ser dispensado, pois o enunciado não disse nada a respeito.

2. PRELIMINARES

2.1 Incompetência material da Justiça Estadual - Não merece prosperar. Segundo entendimento do STJ, “o delito de roubo cometido contra casa lotérica, pessoa jurídica de direito privado permissionária de serviço público, atingido apenas o seu patrimônio, não tem o condão de atrair a competência da Justiça Federal para o processo e julgamento da respectiva ação penal, por não lesar bens, serviços ou interesse da União” (STJ - CC 40771 SP 2003/0204765-5 - Data de publicação: 09/05/2005).

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2.2 Nulidade da prova emprestada – “De acordo com entendimento do STJ, o contraditório e a ampla defesa relativos à prova emprestada devem ser realizados nos autos em que seja essa prova juntada, e não naqueles onde originariamente produzida” (STJ, 6T, HC 225464/SP, DJ 23/11/2015). No caso em tratativa, os réus tiveram a oportunidade de se manifestar sobre a prova emprestada, tendo ocorrido, pois, o contraditório diferido. Ademais, como também reconhece o STJ, “se ao proferir a sentença o Juízo utilizar de outras provas, produzidas sob o crivo do contraditório, para embasar a condenação, inexiste qualquer prejuízo ao réu, apto a justificar a anulação da decisão decorrente da prova emprestada” (STJ, 6T, RHC 29571/PR, DJ 29/10/2015).

3. MÉRITO

3.1 ROUBO MAJORADO PELO USO DE ARMA E PELO CONCURSO DE MAIS DE DUAS PESSOAS (ART. 157, § 2º, I E II DO CP) – Materialidade e autoria comprovados pelos elementos de prova e provas produzidas, em especial: a) auto de prisão em flagrante; b) depoimento das testemunhas, c) prova emprestada.

Convém atentar, todavia:

a) Não se trata de roubo na modalidade tentada, mas sim consumada, eis que, pela teoria da amotio, adotada pelo STF e STJ, dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente de deslocamento ou posse mansa e pacífica. Confira-se:

STJ, REsp 1524450/RJ, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, DJe 29/10/2015

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. RITO PREVISTO NO ART. 543-C DO CPC. DIREITO PENAL. FURTO. MOMENTO DA CONSUMAÇÃO. LEADING CASE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 102.490/SP. ADOÇÃO DA TEORIA DA APPREHENSIO (OU AMOTIO). PRESCINDIBILIDADE DA POSSE MANSA E PACÍFICA. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

1. Recurso especial processado sob o rito do art. 543-C, § 2º, do CPC e da Resolução n. 8/2008 do STJ.

2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, superando a controvérsia em torno do tema, consolidou a adoção da teoria da apprehensio (ou amotio), segundo a qual se considera consumado o delito de furto quando, cessada a clandestinidade, o agente detenha a posse de fato sobre o bem, ainda que seja possível à vitima retomá-lo, por ato seu ou de terceiro, em virtude de perseguição imediata. Desde então, o tema encontra-se pacificado na jurisprudência dos Tribunais Superiores.

3. Delimitada a tese jurídica para os fins do art. 543-C do CPC, nos seguintes termos: Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

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4. Recurso especial provido para restabelecer a sentença que condenou o recorrido pela prática do delito de furto consumado.

Registre-se que a arma utilizada estava em condições de pronto municiamento (encontrados cartuchos com o réu), sendo clara a configuração do roubo e da causa de aumento. A propósito, decidiu recentemente o STJ:

PENAL. RECURSO ESPECIAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. EMPREGO DE ARMA DE FOGO DESMUNICIADA. APREENSÃO DO ARMAMENTO. CAPACIDADE LESIVA ATESTADA POR EXAME PERICIAL. ART. 157, § 2°, I, DO CÓDIGO PENAL. INCIDÊNCIA.

1. Apreendido o armamento utilizado na empreitada criminosa e atestada a sua capacidade lesiva através de exame técnico pericial, incide a causa especial de aumento do art. 157, § 2°, I, do Código Penal, ainda que desmuniciado quando do seu emprego.

2. Mesmo sem munição, a arma pode ser empregada, como in casu, como instrumento contundente apto a produzir lesões graves, o que imporia a manutenção da causa especial de aumento.

3. Recurso especial a que se dá provimento para restabelecer a incidência do art. 157, § 2°, I, do Código Penal.

(STJ, 5T, REsp 1489166/RJ, DJe 02/02/2016)

b) A ofensa a dois patrimônios distintos (dinheiro da agência lotérica e arma da empresa de segurança), impõe-se a condenação pelo crime de roubo, por duas vezes, em concurso? – Esse ponto do espelho é o mais crítico, havendo aqui duas opções.

O MP denunciou o réu por dois crimes de roubo, em concurso material.

A jurisprudência clássica do STJ entende que “ocorre concurso formal quando o agente, mediante uma só ação, pratica crimes de roubo contra vítimas diferentes, ainda que da mesma família, eis que caracterizada a violação a patrimônios distintos. Precedentes. (...) (HC 207.543/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 17/04/2012)”.

Recentemente, o STJ, sem contrariar o entendimento anterior, decidiu que o roubo seria único, se o agende subtrai bens diversos guardados por uma mesma pessoa, embora tais bens possuam proprietários distintos:

DIREITO PENAL. HIPÓTESE DE CONFIGURAÇÃO DE CRIME UNICO DE ROUBO. No delito de roubo, se a intenção do agente é direcionada à subtração de um único patrimônio, estará configurado apenas um crime, ainda que, no modus operandi, seja utilizada violência ou grave ameaça contra mais de uma pessoa para a consecução do resultado pretendido. Realmente, há precedente da Sexta Turma do STJ no sentido de que “Se num único contexto duas pessoas têm seu patrimônio ameaçado, sendo que uma delas foi efetivamente roubada, configura-

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se concurso formal de crimes em sua forma homogênea” (HC 100.848-MS, DJe 12/5/2008). Entretanto, trata-se de situação distinta do caso aqui analisado, visto que, da simples leitura de trecho da ementa do acórdão mencionado, observa-se que a configuração do concurso de crimes decorreu não da existência de ameaça a mais de uma vítima, mas sim da intenção do agente direcionada à subtração de mais de um patrimônio. Em suma, como o roubo é um crime contra o patrimônio, deve-se concluir que, se a intenção do agente é direcionada a subtração de um único patrimônio, estará configurado apenas um crime, ainda que, no modus operandi, seja utilizada violência ou grave ameaça contra mais de uma pessoa. AgRg no REsp 1.490.894-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/2/2015, DJe 23/2/2015 (Informativo 556).

Para fins da nossa prova, todavia, é preciso questionar o seguinte: o que foi comprovado? Comprovou-se que o réu subtraiu bens da lotérica (dinheiro do caixa, guardado pelo gerente) e bem da empresa de segurança (arma apreendida e reconhecida pelo segurança, pessoa distinta do gerente). Aqui, o espelho é mais flexível:

OPÇÃO 1: se houve a tomada da arma do vigilante com o fim exclusivo de desarmá-lo, não há o “animus” de apropriação” (“animus furandi” ou “animus rem sibi habendi”). Logo, a subtração da arma deve ser absorvida. É uma linha que conta com precedentes em tribunais.

OPÇÃO 2: o fato de a subtração da arma ter sido um meio para assegurar a prática do roubo dos valores da agência não retia o “animus” de apropriação dos agentes, sobretudo porque: a) a arma foi encontrada depois com o réu, tendo havido a inversão da posse; b) a subtração de arma é algo extremamente vantajoso para o réu, sendo um bem valioso e que possibilita, inclusive, a realização de outros roubos, não havendo elementos que indiquem que ele a jogaria fora. Cuida-se de bem de relevante interesse àqueles que realizam o crime de roubo.

Nessa situação, o caso seria de concurso formal, por se tratar de bens distintos subtraídos de pessoas distintas.

APELAÇÃO CRIMINAL. ARTIGO 157, §2º, INCISOS I E II, E ARTIGO 288, PARÁGRAFO UNICO, C/C ARIGOS 29 E 69, TODOS DO CÓDIGO PENAL. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.VALIDADE DOS RECONHECIMENTOS FEITOS A RESPEITO DAS PESSOAS DOS RÉUS EM DOIS MOMENTOS DA PERSECUÇÃO PENAL. QUALIFICADORAS E CONCURSO FORMAL CONFIGURADOS. DOSIMETRIA DA PENA MANTIDA. APELAÇÕES IMPROVIDAS.

1. Segundo constou dos autos, no dia 07/03/2005 cinco indivíduos, alguns deles portando arma de fogo, adentraram em uma das agências da Caixa Econômica Federal, situada nesta Capital, subjugando os vigilantes da instituição e tomando-lhes as armas e mediante divisão de tarefas, enquanto alguns vigiavam as pessoas rendidas, outros se dirigiram aos caixas e ao andar superior da agência, subtraindo o numerário em espécie e cheques disponíveis, bem como a fita de vídeo do sistema interno de segurança e o aparelho celular de um dos

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vigilantes. Posteriormente, no dia 04/04/2005, três desses indivíduos, ora apelantes, foram presos em flagrante quando tentavam realizar novo roubo contra outra agência da Caixa Econômica Federal, situada também nesta Capital, ocasião em que foram reconhecidos como autores do roubo do dia 07/03/2005, ora apreciado...

13. O acréscimo decorrente do concurso formal não merece reforma. Os réus foram denunciados e condenados por terem subtraído, mediante grave ameaça consistente no emprego de arma de fogo e em concurso de pessoas, coisa alheia móvel consistentes em dinheiro (em espécie e cheques) e uma fita de vídeo VHS pertencentes à Caixa Econômica Federal; três revólveres calibre 38 municiados com 17 cápsulas intactas pertencentes aos vigilantes; e um aparelho celular de nº 11-9275-5165, pertencente a um dos vigilantes. Conforme remansoso entendimento nesse sentido dos Tribunais Superiores, configura-se o concurso formal, quando o agente, mediante uma só ação, pratica crimes de roubo contra vítimas diferentes, uma vez que se trata se patrimônios distintos, como foi o caso. Assim, correta a aplicação da majorante, que, aplicada no mínimo, é irreparável à míngua de recurso do Ministério Público Federal (TRF 3ª Região, ACR 0003519-69.2005.4.03.6181, Rel. Des.Fed. Johonsom di Salvo, j. 24/11/2009, DJe 13/01/2010).

c) na dosimetria, deve ser respeitada a Súmula 443 do STJ: “O aumento da terceira fase a aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes”.

3.2 PONTO IMORTANTE - EMENDATIO LIBELLI PARA A EXTORSÃO - O agende deve responder por extorsão (por exigir do agente a abertura do cofre)? É um questionamento muito oportuno. A grande diferença do roubo para a extorsão reside na prescindibilidade da conduta da vítima (no roubo). Ou seja, na extorsão, o agente depende da conduta (imprescindível) da vítima para obter o proveito patrimonial. Em muitos casos, é muito difícil observar, concretamente, se houve roubo ou extorsão, quem dirá em sentenças penais.

Nos tribunais, a situação narrada tem sido comumente capitulada pelos juízes como roubo (apenas um roubo em relação ao patrimônio da agência/lotérica), pelo fato de ser extremamente comum o arrombamento de cofres (dos correios, lotéricas e, até mesmo, de bancos), o que revelar ser prescindível (ou seja, dispensável) a conduta da vítima (além de o patrimônio ser de uma só vítima – no caixa e no cofre). Essa realidade é bastante comum, por exemplo, em relação a assalto às agências dos Correios, vislumbrando-se a subtração dos valores do cofre como uma mesma linha de desdobramento dos valores da agência.

PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO CONTRA A EBCT. ART. 157, CAPUT E § 2º, I, II e V, CP. RESISTÊNCIA. ART. 329, CP. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA NÃO CONFIGURADA. ROUBO CONSUMADO.

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DOSIMETRIA. SUMULA 443 DO STJ. CIRCUNSTÂNCIAS DESFAVORÁVEIS. REINCIDÊNCIA. GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO. RECURSO DA DEFESA NÃO PROVIDO. RECURSO DA APELAÇÃO PROVIDO EM PARTE.

1. Analisando o conjunto probatório constante dos autos, não há dúvidas em relação à autoria de BRUNO, HELDER e WAGNER, a qual foi confirmada de forma harmônica pelos próprios três. Logo, não merece guarida o pleito de absolvição dos corréus BRUNO e WAGNER, sob o fundamento de que estes não teriam sido reconhecidos pelas testemunhas, pois os dois acusados foram presos em flagrante e confirmaram a participação no assalto a agência dos Correios, sendo que suas confissões estão amparadas pelas demais provas orais colhidas nos autos, em observância ao artigo 197 do Código de Processo Penal.

2. A versão defensiva de que os acusados teriam desistido voluntariamente da prática do delito não se coaduna com as provas dos autos, pois todas as testemunhas - e não apenas os policiais militares - foram uníssonas ao afirmarem que os acusados aguardavam a abertura do cofre quando os policiais militares chegaram. Apenas os próprios acusados sustentaram que haviam desistido do roubo e iriam embora, porque o cofre não abriu.

3. Ainda que os valores contidos no cofre não tenham sido subtraídos por circunstâncias alheias à vontade dos agentes, parte do dinheiro dos guichês de atendimento sofreu efetivamente inversão da posse, pois os policiais militares encontraram o montante de R$ 3.600,00 (três mil e seiscentos reais) no bolso da calça de HELDER.

[...]

7. As circunstâncias dos fatos apurados nos autos mostram-se bastante graves e sem dúvida fogem ao usual em crimes semelhantes, pois, além de o delito ter sido praticado em detrimento de serviço público da União, várias pessoas estavam no local dos fatos e foram vítimas da ameaça feita através de armas de fogo. Demais disso, a testemunha Paulo foi ameaçada de morte, caso não conseguisse abrir o cofre.

8. O roubo foi realizado por três agentes, com a utilização de três armas de fogo, sendo duas de numeração raspada e a terceira retirada da posse do vigilante da agência dos Correios, todas aptas à realização de disparos, como atestou o laudo pericial. As armas de fogo foram utilizadas pelos agentes, a fim de restringir a liberdade de diversas vítimas e coagir os funcionários dos Correios a retirarem dinheiro dos caixas e tentarem abrir o cofre da agência. Tais circunstâncias justificam que o aumento da pena, na terceira fase de fixação, seja exasperado para 1/2 (metade).

9. A substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos não se mostra suficiente no caso concreto, nos termos do artigo 44, inciso III, do Código Penal, sendo certo,

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ademais, que, tendo em vista o quantum da condenação e a espécie de delito, não estão preenchidos os requisitos objetivos do inciso I do mesmo artigo 44 do Código Penal. Pelos mesmos motivos, não se aplica o artigo 77 do Código Penal.

10. Sentença reformada para exasperar a pena-base e a causa de aumento especial do roubo impostas aos três corréus apelantes, bem como para aplicar a agravante da reincidência ao corréu HELDER (TRF3, AP 0004504-91.2014.4.03.6126/SP, DJ 23/11/2015)

A situação, portanto, tem recebido dos tribunais um tratamento diferente daquele comumente dado aos assaltos seguidos de exigência de senha de cartão de crédito. Isso porque, no caso de exigência de senha de cartão de crédito, sem dúvida alguma, a conduta da vítima é imprescindível, o que configura a extorsão. Confira:

“ficam configurados os crimes de roubo e extorsão, em concurso material, se o agente, após subtrair bens da vítima, mediante emprego de violência ou grave ameaça, a constrange a entregar o cartão bancário e a respectiva senha, para sacar dinheiro de sua conta corrente (HC 127.320⁄SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, julgado em 7⁄5⁄2015, DJe 15⁄5⁄2015). Precedentes: HC 185.815⁄SP, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (Desembargadora Convocada do TJ⁄SE), Sexta Turma, julgado em 4⁄2⁄2014, DJe 24⁄2⁄2014; AgRg no REsp 1219381⁄DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, julgado em 7⁄5⁄2013, DJe 14⁄5⁄2013”.

3.3 ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA MAJORADA (ART. 288, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO, DO CP) – Absolvição. A associação criminosa é delito que exige provas quanto ao ânimo associativo. No caso, não existem provas de que os réus se associaram para cometer crimes (no plural). Ausente o ânimo associativo, permanente e estável, para a prática de crimes, impõe-se a absolvição.

3.4 CORRUPÇÃO DE MENORES (ART. 244-B DA LEI N 8.069/90) – Configurada a materialidade e a autoria pelos elementos de prova e provas produzidas no processo judicial. Isso porquê o réu efetivamente praticou infração penal em conjunto com menores de 18 (dezoito) anos, sendo dispensável a prova da efetiva corrupção, por se tratar de crime formal.

Segundo entendimento do STJ, “para a configuração do crime de corrupção de menores, atual artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente, não se faz necessária a prova da efetiva corrupção do menor, uma vez que se trata de delito formal, cujo bem jurídico tutelado pela norma visa, sobretudo, a impedir que o maior imputável induza ou facilite a inserção ou a manutenção do menor na esfera criminal” (STJ, S3, REsp 1127954 / DFDJe 01/02/2012).

4. DISPOSITIVO

“Ante o exposto, rejeito as preliminares suscitadas e julgo parcialmente procedente o pedido formulado na denúncia, para: 1) absolver o réu GUGA da prática do delito previsto no art. 288, caput e parágrafo único, do Código Penal (CP); 2) condenar o réu GUGA como incurso nas penas

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do art. 157, § 2º, II do CP, por duas vezes, em concurso formal (art. 70 do CP); e art. 244-B da Lei n 8.069/90, c/c art. 69 do CP (concurso material)”.

5. DOSIMETRIA

Observar:

5.1 PRIMEIRA FASE – Maus antecedentes do réu, que já foi definitivamente condenado pela prática de uso de documento falso, em 18/01/2005, conforme folha de antecedentes criminais.

5.2 SEGUNDA FASE – Aplicar a agravante prevista no art. 62, I do CP, pois o réu organizou a cooperação no crime.

5.3 TERCEIRA FASE - Causa de aumento do art. 157, § 2º, I do CP, pelo emprego de arma, bem como existe causa de aumento do art. 157, § 2º, II do CP, pelo concurso de duas ou mais pessoas. Mas atente: Súmula 443 do STJ: “O aumento da terceira fase a aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes”.

6. DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE – Convém negá-lo, tendo em vista a gravidade em concreto do crime, cometido com o emprego arma de fogo, o que deve ser somado aos maus antecedentes do acusado. Invocar a garantia da ordem pública (art. 312, caput, CP). Ausência de medidas cautelares substitutivas à prisão com mesma adequação.

Nesse ponto, há uma discordância gigantesca na doutrina (a respeito dos casos em que a garantia da ordem pública pode ser invocada para fins de custódia cautelar). A prática, contudo, revela que, nos tribunais estaduais, o cometimento de crimes patrimoniais com emprego de arma de fogo é constantemente invocado por juízes (e mantido nos tribunais) como circunstância concreta que serve de fundamento para a segregação cautelar. Confira:

HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE ROUBO COM EMPREGO DE ARMA E CONCURSO DE PESSOAS. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PUBLICA. PERICULOSIDADE. REITERAÇÃO DELITIVA. EMPREGO DE ARMA DE FOGO MUNICIADA.

O modus operandi e as circunstâncias do crime demonstram o risco para a ordem pública com a colocação do paciente em liberdade, em razão de sua real periculosidade, externada na reiteração delitiva, no concurso de pessoas e no reforço à intimidação com a arma de fogo para assegurar a subtração patrimonial da vítima.

Insuficiente e inadequada é a aplicação de medida cautelar menos severa que a prisão preventiva para prevenir-se a prática de novas infrações penais. Habeas corpus denegado (TJ-DF, 2T, HC 20150020326830HBC, DJ 21/01/2016)

HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA. NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DA CONSTRIÇÃO CAUTELAR. GARANTIA

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DA ORDEM PUBLICA E DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL E CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. ORDEM DE HABEAS CORPUS DENEGADA. Havendo prova da materialidade e indícios de autoria delitiva, afiguram-se presentes os requisitos autorizadores da segregação cautelar, como forma de garantir a ordem pública e a aplicação da lei penal, bem como para a conveniência da instrução criminal, na medida em que o crime em exame é grave - tendo sido cometido em concurso de pessoas e com emprego de arma de fogo, contra mais de uma vítima - e o paciente, embora seja primário, responde a outros dois processos por crimes de roubo, sendo ainda investigado por outro delito também de roubo. HABEAS CORPUS DENEGADO (TJRS - Habeas Corpus Nº 70062477930, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: André Luiz Planella Villarinho, Julgado em 26/11/2014).

MELHOR RESPOSTA

ANDRÉ CARVALHO

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADODA BAHIA.

... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BAIXA JEBE-JEBE/BA

Vistos etc.

I- RELATÓRIO

O Mistério Público do Estado da Bahia, por intermédio de seu (sua) Presentante, no exercício de suas atribuições legais, com base no incluso inquérito policial n. ... (fls. ...), ofereceu denúncia em face de GUGA, nacionalidade, estado civil, natural de ..., nascido na data de ..., filho de ... e ..., residente e domiciliado na Rua ..., dando-o como incurso nas sanções previstas no art. 157, §2º, I e II, do Código Penal, por duas vezes, em concurso material; art. 288, “caput” e p. único, também do CP; e art. 244-B, da Lei 8.069/90, c/c art. 69 do CP.

Segundo a exordial, no dia 05 de maio de 2015, por volta das 08:50 horas, o denunciado, juntamente com os menores Paulo e Erico, teria subtraído, mediante violência e grave ameaça, valores e bens pertencentes a uma agência de Casa Lotérica e à Empresa Nenhuma Segurança Ltda.

Segundo a acusação, na data dos fatos, os menores, armados, anunciaram o crime, subtraíram bens e valores e empreenderam fuga com a ajuda do denunciado, que os aguardava em um carro estacionado próximo ao local.

O denunciado, preso em flagrante delito, teve sua prisão convertida em preventiva, com fundamento na garantia da ordem pública.

Recebida denúncia a data ... (fl. ...), o Réu, devidamente citado (fl. ...), e, por intermédio de seu Defensor, apresentou Resposta Escrita as fls. ....

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Na fase de instrução processual, fora designada audiência una, promovida a inquirição das testemunhas arroladas pelas partes (fls. ...) e, por fim, realizado o interrogatório do réu (fls. ...). No que tange aos menores infratores, seus depoimentos prestados na Vara da Infância e Juventude foram trazidos para os autos deste processo.

Em sede de diligência, nos termos do art. 402 do Código de Processo Penal, nada requereram as partes.

Em alegações finais (fls. ...), pugnou o Ministério Público pela condenação do réu nos exatos termos da denúncia. Já a defesa, preliminarmente, alegou a incompetência deste juízo e requereu nulidade do feito por ofensa ao contraditório. No mérito, requereu a absolvição do denunciado por ausência de provas e, subsidiariamente, a desclassificação do crime de roubo consumado para tentado.

É o relatório. Decido.

II - FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de ação penal pública incondicionada com vista a apurar a prática dos crimes imputados ao denunciado GUGA, já qualificado nos autos, e previstos no art. 157, §2º, I e II, do CP, por duas vezes, em concurso material; art. 288, “caput” e p. único, também do CP; e art. 244-B, da Lei 8.069/90, c/c art. 69 do CP. Antes de examinar o mérito, passo a análise das preliminares suscitadas pela defesa.

2.1- PRELIMINARES

Inicialmente, pugnou a defesa pelo reconhecimento da incompetência deste juízo para análise e julgamento do feito, alegando ser a Justiça Federal a competente para apreciar o caso, por se tratar de fato relativo a agência das lotéricas, com interesse direto da ECT e da CAIXA.

A pretensão, contudo, não merece acolhida. A competência da Justiça Federal, listada nos arts. 108 e 109, ambos da CRFB/88, é taxativa, de modo que apenas nas referidas hipóteses os processos serão por ela julgados. Assim, não havendo interesse da União, competente será a Justiça Estadual para apreciação do feito.

No caso em comento, o crime fora cometido em face da empresa de segurança “Nenhuma Segurança Ltda”, empresa privada, e de uma agência da Casa Lotérica, pessoa jurídica de direito privado permissionária de serviço público. Não há que se falar, portanto, em prejuízo a bens, serviços e interesse da União ou suas entidades, visto que os serviços são por ela prestados por sua conta e risco.

Assim sendo, competente a Justiça Estadual para análise do feito, afasto, pois, a preliminar alegada.

Ademais, também em sede preliminar, a defesa alega ainda a nulidade da prova emprestada, consistente na importação dos depoimentos prestados pelos menores, Paulo e Érico, na Vara da Infância e Juventude para este processo. Segundo o defensor, tal fato teria violado o direito ao contraditório do réu, situação esta que trouxe prejuízos para sua defesa.

Entretanto, mais uma vez não merece prosperar o argumento defensivo. Conforme melhor doutrina e

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entendimento jurisprudencial dominante, uma vez oportunizado o contraditório diferido, ou seja, dado à parte a possibilidade de se insurgir e de refutar o meio de prova produzido em outro processo, referida prova coligida responde aos anseios de celeridade e eficiência processual, vez que permite a dispensa de produção de prova já existente e atende ao principio da busca pela verdade real.

Conforme consta dos autos, os depoimentos dos coautores foram trazidos para este processo no momento processual oportuno, qual seja, na instrução processual, concedendo-se a defesa a possibilidade de questioná-lo e refutá-los.

Assim sendo, não há que se falar em nulidade da prova documental produzida, visto não ter havido qualquer prejuízo à defesa do acusado ou ofensa ao princípio do contraditório. Destarte, resta afastada referida preliminar.

2.2 - MÉRITO

2.2.1 - DO ROUBO

O Presentante do Ministério Público denunciou o réu como incurso no art. 157, §2º, I e II, por duas vezes, em concurso material, uma vez que foram subtraídos patrimônio de duas vítimas, quais sejam, da Casa Lotérica e da Empresa “Nenhuma Segurança LTDA”. Compulsando os autos, tem-se que as provas coligidas são suficientes para o decreto condenatório.

A materialidade delitiva restou provada através do Auto de Exibição e Apreensão de fls. ..., documento este que atesta que os bens subtraídos, quais sejam, o dinheiro da agência e a arma da empresa, foram recuperados e apreendidos após a prisão em flagrante do denunciado e seus comparsas.

Em que pese a alegação de inocência feita pelo réu, tese postulada por sua defesa, as provas produzidas durante a instrução processual são suficientes e capazes de garantir certeza acerca de sua autoria.

O auto de prisão em flagrante delito, os depoimentos prestados, em sede policial e confirmados judicialmente, pelos funcionários da Casa Lotérica (fls. ... e ...) e pelos policiais militares responsáveis pelo prisão em flagrante (fls. ...), bem como a confissão dos menores que praticaram o crime em concurso com o réu, são uníssonos e provam a responsabilidade penal do réu.

Ademais, o argumento defensivo, consistente na alegação de que o réu apenas teria dado uma carona aos menores por conhecê-los de vista, está em desconformidade com as demais provas cotejadas no processo. Segundo os depoimentos prestados pelos policiais militares responsáveis pela prisão em flagrante do réu, houve verdadeira perseguição policial na tentativa de capturar os agentes, sendo necessária ordem de parada mediante tiro ao alto para que o denunciado, motorista do veículo, parasse o carro.

Desta feita, não merece acolhida o argumento de que o denunciado apenas tomou conhecimento do fato criminoso posteriormente à prática do crime. Se o réu realmente estivesse de boa-fé e não tivesse participação alguma no evento, uma vez ciente do ato infracional praticado pelos menores e tão logo quando avistou a viatura policial em seu encalço, teria parado o carro.

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Também não merece acolhida a tese defensiva subsidiária no sentido de que teria havido o crime de roubo tentado. Isto porque os Tribunais Superiores já assentaram o entendimento de que para a consumação deste delito aplica-se a teoria da “amotio”, sendo dispensável a posse mansa e pacífica dobem. Segundo o entendimento jurisprudencial consolidado, a simples inversão da posse, mesmo que seguida de perseguição imediata e recuperação da coisa roubada, já consuma o deleito.

Considerando que o acusado, através de uma mesma ação, num mesmo contexto fático, subtraiu objetos de duas vítimas distintas, lesando dois patrimônios diferenciados, há de se ter a configuração do concurso formal de infrações e não material, como pleiteou a acusação. Assim sendo, a pena definitiva fixada deverá ser aumentada em um sexto.

Mais do que isso, os fatos narrados e provados demonstram que o réu, mais do que simplesmente auxiliar na fuga dos menores que com ele praticou o crime, dirigiu e coordenou a atividade destes últimos, sendo o verdadeiro autor intelectual da trama criminosa. Prova disso são os depoimentos prestados na Vara da Infância e Juventude pelos dois menores, Paulo e Érico, e que foram trazidos documentalmente para autos deste processo. Assim sendo, configurada está a circunstância legal prevista no art. 62, I, do CP, de maneira que a pena base deverá ser elevada na proporção de um sexto.

Ademais, em razão do concurso de agentes, reconheço a majorante disposta no art. 157, §1º, II, do CP, para, na terceira fase da dosimetria, aumentar a pena em um terço.

De mais a mais, a utilização da arma municiada que fora roubada do vigilante na empreitada será analisada e sopesada (aumentando a pena em um oitavo sobre a diferença das penas máximas e mínimas comidas ao delito) não como causa de aumento prevista no inciso I, §1º, do art. 157, do CP, mas sim como circunstância desfavorável do crime, tendo em vista a maior danosidade e periculosidade do meio empregado na prática criminosa.

Logo, em tendo o órgão acusatório se desincumbido de seu ônus de provar a materialidade, autoria e circunstância do crime, afasto a tese absolutória e desclassificatória apresentada pela defesa, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pleito ministerial e condeno o réu, GUGA, já qualificado, como incurso no art. 157, §2º, I e II, e art. 62, I, c/c art. 70, primeira parte, ambos do CP.

DA EMENDATIO LIBELLI

Nos termos do art. 383, do CPP, é permitido ao juiz, sem modificar a descrição fática do crime, atribuir –lhe definição jurídica diversa, ainda que, em que consequência do seu ato, tenha de aplicar a pena mais grave.

Segundo a exordial acusatória e demais provas coligidas nos autos deste processo, durante a prática criminosa e visando subtrair mais valores do que aqueles disponíveis nos dois caixas da Casa Lotérica, o coautor Érico, mediante grave ameaça, exigiu que o gerente do estabelecimento abrisse o cofre do local.

Assim agindo, portanto, evidenciado restou a configuração do crime de extorsão, previsto no art. 158, do CP. Em verdade, o cofre da referida agência da Casa Lotérica somente foi aberto e saqueado porque

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o gerente, ameaçado com uma arma de fogo, foi obrigado a digitar sua senha. Desta feita, percebe-se claramente que sem a ação da vítima, valor algum que estava dentro do cofre teria sido subtraído. Logo, em que pese ter o Presentante do Ministério Público denunciado o réu tão somente como incurso no crime de roubo, parte dos fatos narrados na denúncia também se amoldam ao crime supracitado.

Assim sendo, uma vez evidenciado o concurso material dos crimes de roubo e extorsão praticados pelo réu, em concurso de agentes e com o emprego de arma de fogo, CONDENO-O como incurso no art. 158, 1º, do CP. Aplico a mesma razão adotada no crime de roubo, majorando em um terço a pena definitiva em razão do concurso de agentes e elevando em um oitavo a pena base em razão da circunstância do crime ser desfavorável.

2.2.2- DA CORRUPÇÃO DE MENORES

Compulsando os autos, conforme fundamentação anteriormente explicitada, restou provado que o réu, em concurso com os menores Paulo e Érico, praticou os crimes de roubo e extorsão. Assim sendo, evidenciada está a pratica do crime de corrupção de menores pelo denunciado, em concurso material com os delitos supracitados, de forma que julgo PROCEDENTE o pleito acusatório, condenando o réu GUGA, como incurso nas sanções dispostas no art. 244-B, da Lei 8.069/90.

Por fim, cumpre salientar que, em que pese seja a corrupção de menores crime formal que dispensa a prova da efetiva corrupção, o porte de drogas (Auto de Exibição e Apreensão de fls. ...) pelo menor Érico prova o exaurimento do delito. Em razão disso, a circunstância do crime, prevista no art. 59, do CP, deve ser desfavoravelmente analisada na dosimetria da pena base.

2.2.3 - DA ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA

Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial consolidado, a associação criminosa é delito formal por excelência, sendo dispensada a prática efetiva de crimes pelo grupo. Ocorre que, para sua configuração, a prova de alguns requisitos é indispensável. São eles: concurso necessário de 3 ou mais agentes; estabilidade e permanência da associação; e, por fim, a finalidade específica dos agentes voltada a prática de crimes dolosos.

Desta feita, ante a falta de provas acerca do requisito da estabilidade e permanência da associação, julgo IMPROCEDENTE o pleito ministerial neste ponto, e ABSOLVO o réu deste crime.

III- DISPOSITIVO

Ante o exposto, rejeito as preliminares alegadas e julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado na denúncia, para CONDENAR o réu Guga, já qualificado, como incurso nas penas previstas no art. 157, §2º, I e I, por duas vezes, na forma do art. 70, primeira parte; c/c art. 158, §1º, na forma do art. 69, “caput”, todos do CP, e art. 244-B, da Lei 8.069/90, e o ABSOLVO do crime previsto no art. 288, p. único, do CP.

Passo a dosar-lhe a pena aplicada, de maneira individual e fundamentada, nos estritos termos do art. 68 do CP.

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A culpabilidade do agente é normal às espécies, nada tendo a se valorar. O réu apresenta maus antecedentes, conforme consta da folha de antecedentes criminais juntada aos autos (fls. ...), visto possuir uma condenação criminal com trânsito em julgado em seu desfavor na data de 18 de janeiro de 2005. Ausentes elementos relativos à conduta social, personalidade do agente, motivos e comportamento da vítima, deixo de valorá-las. Considero desfavorável a circunstância dos crimes, tendo em vista sua execução ter sido perpetrada mediante uso de arma de fogo e tendo em vista o exaurimento do crime de corrupção de menores. Assim sendo, fixo as penas da seguinte forma:

A - Crime de roubo

Ante a existência de duas circunstância judiciais desfavoráveis, fixo a pena base em 5 (cinco) e 6 (seis) meses de reclusão e ao pagamento de 97 (noventa e sete) dias multa, cada um no equivalente a um trigésimo do maior salário mínimo vigente ao tempo do crime, nos termos do art. 60, “caput”,do CP, por não possuir elementos nos autos que permita avaliar a real situação econômica do acusado.

Concorrendo a circunstância agravante prevista no art. 62, I, do CP, agravo a pena em 11 (onze) meses de reclusão, passando a dosá-la em 6 (seis) anos e 5 (cinco) meses de reclusão e 113 (cento e treze) dias multas.

Ausentes quaisquer minorantes. Tendo em vista a incidência da majorante prevista no §2º, II, do art. 157, do CP, aumento a pena em um terço e fixo-a em 8 (oito) anos, 6 (seis) meses e 20 dias de reclusão e 150 (cento e cinquenta) dias multa. Tendo em vista a prática de dois crimes de roubo em concurso formal próprio, nos termos do art. 70, “caput”, primeira parte, aumento a pena no patamar de um sexto, definindo-a em 9 (nove) anos,11 (onze) meses e 23 (vinte e três) dias e 175 (cento e setenta e cinco) dias multa, cada um no equivalente a um trigésimo do maior salário mínimo vigente ao tempo do crime, nos termos do art. 60, “caput”,do CP.

B - Crime de extorsão

Ante a similitude típico normativa e fática dos crimes de extorsão e roubo praticado pelo réu, doso a pena base, intermediária e definitiva no mesmo patamar, qual seja, 8 (oito) anos, 6 (seis) meses e 20 (vinte) dias de reclusão e 150 (cento e cinquenta) dias multa, cada um no equivalente a um trigésimo do maior salário mínimo vigente ao tempo do crime, nos termos do art. 60, “caput”,do CP, por não possuir elementos nos autos que permita avaliar a real situação econômica do acusado.

C - Crime de corrupção de menores:

Em havendo duas circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo a pena base em 1 (um) ano e 9 (nove) meses, oportunidade em que a torno definitiva, tendo em vista inexistirem atenuantes, agravantes, causas de aumento ou de diminuição.

Aplicável ao caso a regra prevista no art. 69, do CP, à vista de terem sido praticados os crimes de roubo, extorsão e corrupção de menores em concurso material, aplico a regra do cúmulo material das penas e condeno definitivamente o réu a pena de 20 (vinte) anos, 3 (três) meses e 13 (treze) dias e 325 (trezentos

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e vinte e cinco) dias multa, cada uma no patamar de um trigésimo do maior salário mínimo vigente à época dos fatos.

Nos termos do art. 33, §2º, “a”, do CP, fixo o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade fechado.

Praticados crimes mediante violência e grave ameaça à vítima e tendo sido aplicada pena superior a 4 (quatro) anos de reclusão, incabível se apresenta a substituição da pena privativa de liberdade aplicada por restritiva de direitos, conforme dispõe o art. 44, do CP. Nos termos do art. 77, do CP, e pelas mesmas razões expostas, inaplicável a suspensão condicional da pena.

Por se mostrarem insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão preventiva, nego ao réu o direito de recorrer em liberdade, no forma do art. 387, §1º, do CPP, como meio de garantir a ordem pública, pelas mesmas razões e fundamentos expostos na decisão que decretou sua prisão preventiva.

Deixo de fixar o valor mínimo para reparação dos danos causados pelos crimes, tendo em vista a recuperação dos bens subtraídos e condeno o réu ao pagamento das custas processuais, em proporção.

Certificado o trânsito em julgado, lance-se o nome do réu no rol dos culpados, expeça-se guia de execução e recolhimento, oficie-se o órgão estadual de cadastro dos dados criminais e o Tribunal Regional Eleitoral, para fins doa art. 15, III, da CRFB/88, encaminhando-lhe cópia desta decisão.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Baixa Jebe-Jebe, data ....

Juiz (a) de Direito Substituto.

FRANCE GRACETTE BERG RODRIGUES DE OLIVEIRA

II – FUNDAMENTAÇÃO:

Trata-se de ação penal pública incondicionada, oferecida pelo Ministério Público do Estado da Bahia em face de GUGA, visando a sua condenação pela prática dos crimes de roubo majorado pelo uso de arma e pelo concurso de mais de duas pessoas (art. 157, § 2º, I e II do CP), por duas vezes; pela associação criminosa majorada pelo uso de arma e participação de adolescente (art. 288, caput e parágrafo único, do CP), bem como corrupção de menores, todos os delitos em concurso material (art. 244-B da Lei n 8.069/90 c/c art. 69 do CP).

Inicialmente, passa-se à análise das preliminares sustentadas pela defesa:

A alegação de incompetência material da Justiça Estadual não merece guarida, pois se cuida de crime patrimonial perpetrado contra pessoa jurídica de direito privado permissionária de serviço público e seu empregado, logo, não resta configurada a competência da Justiça Federal, pois inexiste dano direto a

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bens, serviços ou interesses da União e suas entidades, consoante exigência do art. 109 da CRFB/88.

Da mesma forma, deve ser rechaçada a tese da nulidade da prova emprestada, consistente na importação dos depoimentos de PAULO e ÉRICO, por ausência de contraditório real. A despeito da inexistência de previsão legal expressa, o STF admite a prova emprestada, desde que a parte contra qual esta seja utilizada tenha participado, em efetivo contraditório, do processo originário. Não obstante, a prova emprestada tem natureza documental e nada impede o seu uso como argumento de reforço (obter dictum) para o julgamento da causa.

Ultrapassadas as preliminares, presentes as condições da ação e os pressupostos processuais, passa-se ao exame do mérito:

1) ROUBO MAJORADO PELO USO DE ARMA E PELO CONCURSO DE MAIS DE DUAS PESSOAS (ART. 157, § 2º, I E II DO CP):

A autoria e materialidade do crime de roubo foram devidamente comprovadas, de acordo com Auto de Prisão em Flagrante e Interrogatório e Auto de Exibição e Apreensão e Termos de Declarações.

A coautoria restou demonstrada pelo planejamento do delito, vigília da empreitada e da movimentação policial, bem como pela condução de veículo automotor na fuga.

A materialidade do roubo evidencia-se pela subtração, mediante grave ameaça, de coisas alheias, de propriedade da lotérica e de seus funcionários, consubstanciadas no revólver calibre 38, da marca Taurus, municiado e no dinheiro.

Diante da ofensa a dois patrimônios distintos (agência lotérica e seu funcionário), impõe-se a condenação pelo crime de roubo, por duas vezes, em concurso formal, na forma do art. 70 do CP.

Ademais, há majorante decorrente do uso de arma no roubo. Apreendeu-se o revólver calibre 38, da marca Taurus, mas, não foi localizado o revólver calibre 32, da marca Rossi. Não obstante, a jurisprudência firmou-se no sentido de que são desnecessárias a apreensão e a perícia da arma para incidência da causa de aumento do art. 157, § 2º, I do CP, desde que provada por outros meios.

In casu, o uso da arma foi corroborado pelos depoimentos dos funcionários da lotérica e dos policiais, que confirmaram os depoimentos dos menores infratores. Apesar de os menores usarem, inicialmente, arma desmuniciada, a arma tomada do vigilante estava municiada, logo, tinha potencialidade lesiva.

Destarte, existe, também, causa de aumento em virtude do concurso de mais de duas pessoas. PAULO e ÉRICO, apesar de penalmente inimputáveis, podem ser computados para fins de incidência da majorante insculpida no art. 157, § 2º, II do CP, conforme julgados do STF e STJ.

O roubo foi consumado, tendo em vista a inversão da posse do bem, mediante emprego de grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada, segundo teoria da amotio ou apprehensio adotada pelos STF e STJ.

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2) ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA MAJORADA PELO USO DE ARMA E PARTICIPAÇÃO DE ADOLESCENTE (ART. 288, CAPUT E PARÁGRAFO UNICO, DO CP):

A associação criminosa, majorada pelo uso de arma e participação de adolescente, disposta no art. 288, caput e parágrafo único, do CP, não restou evidenciada, uma vez que não foi demonstrado o ânimo associativo, permanente e estável, para a prática de crimes. Provou-se o mero concurso de pessoas entre o réu e os menores infratores.

3) CORRUPÇÃO DE MENORES (ART. 244-B DA LEI N 8.069/90):

Neste diapasão, vislumbra-se a existência do delito consumado de corrupção de menores, previsto no art. 244-B da Lei n 8.069/90, em razão da prática de infração penal com menores de 18 (dezoito) anos, sendo dispensável a prova da efetiva corrupção, por se tratar de crime formal.

III – DISPOSITIVO:

Ante o exposto, julga-se parcialmente procedente a pretensão punitiva descrita na denúncia para: 1) absolver o réu GUGA da prática do delito previsto no art. 288, caput e parágrafo único, do CP; 2) condenar o réu pela prática do crime insculpido no art. 157, § 2º, II do CP, por duas vezes, em concurso formal, na forma do art. 70 do CP; e 3) condenar o réu pela prática do crime disposto no art. 244-B da Lei n 8.069/90 c/c art. 69 do CP.

Passa-se à dosimetria da pena dos crimes de roubo majorado pelo uso de arma e pelo concurso de mais de duas pessoas (art. 157, § 2º, I e II do CP), e, de corrupção de menores (art. 244-B da Lei n 8.069/90), nos termos do art. 68 do CP:

A) ROUBO MAJORADO PELO USO DE ARMA E PELO CONCURSO DE MAIS DE DUAS PESSOAS (ART. 157, § 2º, I E II DO CP):

Na primeira fase da fixação da pena, nos termos do art. 59 do CP, a culpabilidade desse crime é de média reprovabilidade social, razão pela qual deve ser considerada negativa esta circunstância. O réu possui maus antecedentes, pois consta que GUGA já foi definitivamente condenado pela prática de uso de documento falso, em 18/01/2005, conforme folha de antecedentes criminais. Não há nos autos elementos aptos a verificar sua conduta social e personalidade. O motivo, circunstâncias, e consequências do crime, bem como o comportamento da vítima são normais à espécie delituosa. Deste modo, a pena-base deve ser cominada acima do mínimo legal em reclusão de 5 (cinco) anos e 180 (cento e oitenta) dias multa.

Na segunda fase de fixação da pena, há agravante prevista no art. 62, I do CP, pois o réu organizou a cooperação no crime. Entretanto, não existe atenuante. Portanto, agrava-se a pena em 1/6 sobre o intervalo da pena em abstrato. Desta forma, fixa-se a pena intermediária ou provisória em reclusão em 6 (seis) anos e 216 (duzentos e dezesseis) dias multa.

Na terceira fase de fixação da pena, há causa de aumento do art. 157, § 2º, I do CP, pelo emprego de arma, bem como existe causa de aumento do art. 157, § 2º, II do CP, pelo concurso de duas ou mais

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pessoas. Não há causa de diminuição. Portanto, fixa-se a pena definitiva de reclusão em 9 (nove) anos e 252 (duzentos e cinquenta e dois) dias multa, considerando o princípio da incidência isolada.

Considerando a prática de dois crimes de roubo, duplamente majorados, contra dois patrimônios distintos, aplica-se o concurso formal. Deste modo, procede-se ao aumento de 1/6, elevando a pena definitiva para 10 (dez) anos e 6 (seis) meses e 378 (trezentos e setenta e oito) dias multa.

Fixa-se o valor do dia multa em 1/30 do salário mínimo da data do fato.

Fixa-se o regime inicial fechado de cumprimento de pena, tendo em vista o art. 33, § 2º, alínea “a” do CP.

Deixa-se de conceder o direito de recorrer em liberdade ao réu, mantendo a prisão preventiva para fins de garantia da ordem pública, uma vez que os requisitos do art. 312 do CPP permanecem inalterados.

Deixa-se de substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, já que a pena aplicada é superior a 4 (quatro) anos, de acordo com art. 44 do CP.

Deixa-se de aplicar a suspensão condicional da pena, já que superior a 2 (dois) anos, nos termos do art. 77 do CP.

B) CORRUPÇÃO DE MENORES (ART. 244-B DA LEI N 8.069/90):

Na primeira fase da fixação da pena, nos termos do art. 59 do CP, a culpabilidade desse crime é de média reprovabilidade social, razão pela qual deve ser considerada negativa esta circunstância. O réu possui maus antecedentes, pois consta que GUGA já foi definitivamente condenado pela prática de uso de documento falso, em 18/01/2005, conforme folha de antecedentes criminais. Não há nos autos elementos aptos a verificar sua conduta social e personalidade. A motivação deve ser considerada neutra. Nada a considerar sobre o comportamento da vítima, que não influiu sobre a prática do delito. As circunstâncias e consequências do crime foram normais para a espécie delituosa. Deste modo, a pena-base deve ser cominada acima do mínimo legal em reclusão de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses.

Na segunda fase de fixação da pena, não existem atenuantes, nem agravantes. Desta forma, mantém-se a pena intermediária ou provisória em reclusão de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses.

Na terceira fase de fixação da pena, não há causa de aumento, nem de diminuição. Portanto, fixa-se a pena definitiva em reclusão de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses.

Levando em conta o concurso material de crimes, devem ser aplicadas cumulativamente as penas.

Fixa-se o regime aberto para o cumprimento da pena, tendo em vista o art. 33, § 2º, alínea “c” do CP.

Deixa-se de substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, em razão dos maus antecedentes.

Deixa-se de aplicar a suspensão condicional da pena, já que superior a 2 (dois) anos, nos termos do art. 77 do CP.

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Deixa-se de fixar o valor mínimo de indenização a vítima, malgrado previsão do art. 387, IV, do CPP, por não ser possível aferir a existência de qualquer dano, tendo em vista que os objetos do crime foram apreendidos e restituídos.

Condena-se o réu ao pagamento das custas processuais, conforme determinação constante do art. 804 do CPP, ressalvada a aplicação do art. 12 da Lei n. 1.060/50.

Após o trânsito em julgado, expeça-se a guia de execução definitiva.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Local, data.

Juiz de Direito Substituto

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