ALENCAR

UM IDOLOMUlTO

FAMOSOCarneiro, la de tras, joga para Carlito,

que se enfia entre os zagueiros do Bahiae tenta ir ate a linha de fundo. Bloquea-do, larga a bola para Nenen, mais atras.Este Iimpa a jogada, driblando Flavio, doBahia, e langa para Alencar, na alturada intermediaria adversaria. Alencar do-minou a bola e partiu para cima de Vi-cente, passou POI' ele e ia entrando combola e tudo. Aparece Henricao. t dribla-do. Alencar chuta rasteir'o no canto direitode Nadinho, goleiro do time baiano. E egal.

Em 1958, logo depo is que deixou 0America, do Ceara mesmo, Alencar foicontratado pelo Ceara Sporting. Ele tinhacomegado no proprio clube, mas comonao conseguia uma boa chance, resolveutentar um time menor, onde pudesse en-trar com mais facilidade no time titular.

- No Ceara, muita gente e Alencar,porque existe muita familia com este so-hrenome. Mas, comigo, 0 negocio foidiferente. Pra comego de conversa, me

chama Joaci Freitas Dutra, e nunca tivenenhum parente com Alencar no nome.o negocio foi 0 seguinte: quando eu co-mecei nos infantis, juvenis, do Ceara, ti-nha um grande centro-avante, que jogavaaO lade do Baba, aquele baixinho que<.lepois foi Dara 0 Flarnengo, do Rio, quehavia se transferido para 0 Vito ria, deSalvador, mas deixara um grande nomeem Porangabugu. Ai, passaram a me cha-maI' de Alencarzinho. E ficou. Quando vol-tei do America, tiraram 0 zinho e fiqueisendo 0 Alencar mesmo.

Entre fins de 57 e 58, Alencar disputo'utodas as partidas pelo Ceara e fez muitosgols. Muitos e muitos. Foi numas partidasamistosas feitas em Salvador, contra 0Bahia, loiranga, Vitoria e Galicia, que aca·bou se transferindo para 0 futebol baia·no. Estragalhou todas as defesas dos ti-mes adversarios. Inclusive a do Bahia,considerada a melhor do Norte/Nordestenaquela epoca: Nadinho; Leone, Henrique(o Henricao), Vicente e Florisvaldo.

- 0 Vitoria entrou na briga pelo meupasse, mas 0 Bahia foi quem acabou mecontratando. Estreei no Bahia, num jogocontra 0 Palmeiras, na Fonte Nova, emSalvador, no inicio de 59. Julinho estavachegando dci Italia e 0 Palmeiras estavaarmando aquele supertime, que depoisvenceu 0 Campeonato Paulista daqueleano. Um jogao, seu mogo. Ai, logo decara, 0 Julinho pegou uma bola pelo alto,t, fazendo embaixada de cabega, passouPOl' uns tres da nossa defesa, e deu 0passe para outro companheiro fazer 0gol. 0 Palmeiras ganhou de 2 aLE 0gol do Bahia quem mar~ou fui eu. Entao,passaram a me dar a maior for~a, prin-cipalmente seu Osorio Villas Boas, queHa 0 presidente do time.

A passagem de Alencar pela Bahia aca-bou sendo curta tambem como acontece-ra no Ceara. Entusiasmados pela conquis-ta da primeira Ta~a Brasil pelo time daBahia, onde Alencar era a figura maisimportante do ataque, os diretores do

Em 58, entre os companheiros do Ceara. Em pe, da esquerda para adireita: Claudio, Claudinho, Damasceno, William, Alexandre e Harry-Carey.Agachados, na mesma ordem: Zezinho Ibiapino, Alencar, Dica, Ananias eCarneiro.

Palmeiras acabaram comprando 0 seu pas·se por 3 milh6es antigos e logo Alencarconseguia uma vaga no time titular. Che·gou a ser [dolo, tambem, da torcida deParque Antartica, fazendo gols impossf·veis, que decidiram varios jogos dificeis.

Alencar, no Palmeiras, jogou ao ladode outro ex-companheiro do Bahia, Vi-cente, quarto zagueiro, que fora vendidoao time paulista pouco 'depois da suatransferencia para la. Tambem quandochegou oara 0 Bahia, outro ~x-companhei-ro, Carneiro, lateral-esquerdo, tambem 08companhara. Mas por pouco tempo .

. - Carneiro, outro idolo do Ceara Spor-ting, veio oara 0 Bahia e jogou cerca deum ana em Salvador. Ele acompanhou 0time, como titular, a excursao que fize·mos, em 60, a Europa, Asia e Africa.Oepois, voltou a Fortaleza e ficou no Cea·ra ate 0 ana passado, se nao me engano.

Do Palmeiras, Alencar passou pela Fer-roviaria, de Araraquara; Botafogo, de Ri-beirao Preto; Bangu, do Rio; Juventus, de

Sao Paulo, e terminou sua carreira noBahia, em 70. Ai, esteve no Vit6ria epassou a treinar times. 0 primeiro foi 0Leoncio, onde chegou, ooucas vezes, a;ogar tambem. Oaf, esteve no Ipiran'ga,quando conseguiu formar um excelentetime e agora treina a Sele~ao de SantoAntonio de Jesus, cidade do ReconcavoBaiano, no Campeonato Intermunicipal.

- Eu vou falar uma coisa: eu sei que(l Ceara esta muito bem servido, em ter-mos de tecnico, Dois Ivonisio Mosca e umexcelente treinador, inclusive ele me aju·dou muito quando comecei, mas 0 rneugrande sonho era treinar 0 Ceara ..

Aos 31 anos de idade, treinador porprofissa{), Alencar ainda e urn persona-gem bem vivo na fantasia deuma torcida.Em qualquer sele~ao de todos as tem-pos, que se pedir, em Fortaleza,do Ceara,certamente que Alencar estara entre osquatro atacantes. E, para isso, bastou jo-gar pouces anos no Ceara. E, e claro, fa·zer muitos gols. Gals incriveis.

A ultima p.artida de Alexandre foi noMaracana, em 64, contra 0 Flamengo,pela Ta~a Brasil. 0 primeiro jogo foi emFortaleza. 0 Flamengo ganhou de 2 a 1,quando Nelsinho, meia·esquerda do ru-bra-negro carioca, num choque com Lu·cena, do Ceara, quebrou a perna e ficouinutilizado para 0 futebol. No Rio, 0 timeesteve mal e acabou levando uma go·leada.

- Mas nao foi por causa da goleadaque eu deixei 0 time, nao. Naquele tern·po, perder de goleada no Rio, para o.Mengo, nao era vergonha. Tinhamos urntime' todo de casa, born, mas, since ramen·te, sem muita experiencia em jogos in-terestaduais. 0 problema foi outro. Nomeio da partida, 0 lateral William memostrou 0 nosso tunel e vi aquele tec·nico Samuel Lopes, la, sentado, comoo' novo treinador da equipe. Fiquei louco.

£ que antes Samuel tinha passado duas

ALEXANDRE

NAALMA.o CiRITODE TORCEDOR

vezes pelo Ceara, onde criara varios ca·sos com os melhores jogadores do clube,prata de casa. Queria for~ar a entradados cariocas que tinha trazido para refor-~ar a elencQ. Alexandre. como Capitiio,nao aceitou esse tipo de imposi~ao eacab.ou brigando com 0 treinador. E elefoi embora:

- Por isso, quando vi 0 homem nobanco do Ceara, contra 0 Mengo, perdi acabe~a. Abandonei 0 futebol e nunca maisjoguei em time algum. Primeiro, porquesou torcedor doente do Ceara, desdecriancinha. Oepois, porque me desgostei.Foi interessante: nas escadas do tunel,cisse pro presidente Elias Bacha que naojogaria mais 'no time e nao joguei. Tinhasomente 28 anos e sabia que agUentariapor mais uns quatro.

Ele era urn zagueiro-central muito que-rido pela torcida. E formou num dos me·Ihores trios finais do Nordeste em todos

os tempos: Harry-Carey, William e Ale·. xandre. Oepois que desistiu de jogar, fi·

cou algum tempo fora do futebol, vol·tando mais tarde para dirigir os juvenisdo Ceara. Nao deu certo. A explica~ao:

- Sou muito Ceara pra conseguir sertecnico. Quando chego no c1ube, come~o;] falar coisas de torcedor e isso preju-dica 0 trabalho. Gosto muito do meu alvi·negro e, como jogador, adorava a fidelida-de da nossa torcida. Hoje, como torcedor,tenho 0 mesmo comportamento.

Alexandre nasceu em Aracati, no interiordo Ceara, em 26 de dezembro de 1935.Foi para Fortaleza com 6 anos de idade,para estudar no Colegio Castelo Branco.F. nunca mai~ deixou a Capital. Em 48, jaandava frequentando os treinos em Po-rangabu~u, vibrando com as jogadas sen-sacionais do ponta-esquerda Mitotonio.

- Oai, quando menos esperava, esta-va nos infantis, correndo por aqueles

eampinhos do suburbio e interior, defen·dendo 0 Ceara. Fui criado no clube. E laaprendi a amar as nossas cores.lembra que na primeira vez que call(ouuma chuteira, dada pelo ex·jogador 28,o numero era 40. E ele cal~ava ainda 38.Reclamou e 28 nao conversou: "Quemsabe jogar, joga com qualquer numero",Alexandre ficou Quieto e foi para 0 cam·~o. Em 54, Ivonisio Mosca, ·na epoca Oi·retor do clube, escalou-o para uma par-tida amistosa.

- Foi em Natal, contra 0 ABC. Perde-mos de 2 a 1, mas s6 entrei no segundotempo, quando conseguimos diminuir 0placar. 0 primeiro tempo tinha termina·do em 2 a 0 para 0 ABC. Ai, me firmei enunca mais sai do time.

Na sua epoca de jogador, Alexandrerecebeu propostas para ir jogar pelo San-tos, Bahia, Fluminense, do Rio, Nautico,Santa Cruz e Sport Clube do Reci·fe, mas nunca deixou Porangabu~u. Hoje,casado e pai de 5 filhos, e representantecomercial, em Fortaleza, de algumas em-presas de outros Estados e mora bematnls do campo do Ceara, que ele, cari-IIhosamente, chama de ninho de cobras.

Alexandre gosta de destacar dois no-mes, para ele os melhores dirigentes queja passaram pelo clube:

- Nunca deixo de falar neles: e 0doutor Motta Pontes e 0 ex·presidenteElias Bacha. I

£ tem um orgulho: todos oS seus filhostorcem pelo Ceara. Como ele sempre de·sejou.

William, Harry·C;Jrey e Alexandre:Seie~ao Cearense de 59.

DOZE'ANQSDE LIDERANc;AA TV CEARA e a (mica emissora nordestina acobrir regi6es de quatro Estados daFedera9ao. Sua lideran9a, at raves de 12anos de atividades, e absolutamenteincontestavel. Sua imagem e seu sompermanecem os melhores. E vocepode esperar porque 0 melhor esta vindo ai,a cores, para que voce continue Iigado no 2.

Ive.ar'canal 2

JoAo· FURTADO

o PRESIDENTEDO ESTADIO

31

Quando 0 Ceara foi suspenso pela Fe-dera~ao Cearense de Futebol, em 1944,por causa de uma divergencia de filo-sofia esportiva, 0 presidente do clube eraJoao Batista Furtado, que, sem sarda.passou a administra·lo realmente comourn c1ube, criando outras atividades es-portivas: pingue-pongue, pedestrianismo eciclismo.

- Demos 0 que podemos chamar deuma vida social ao Ceara.

Nessa mesma epoca, tratou de com·prar urn terreno em Porangabu~u, para aconstru~ao do estadio. Mas, para isso,precisava de algum dinheiro (s6 0 ter·reno custou 250 cruzeiros), 0 que, certa-

mente, nao existia no time. Ai, resolveupedir a ajuda de Meton de Alencar Pinto,urn ex-jogador do clube que pertencia auma das me/hores famHias de Fortaleza.Ele emprestou 0 dinheiro e Joao Furtadocomprou a area.

- Em fun~ao desse emprestimo -ccmta Joao. Furtado -, partimos para afunda~ao de uma sociedade, a Associa~aoEsportiva Amigos do Ceara, que ate hojee dirigida por mim, atua e e a responsavelpela area do estadio do clube.

A Associa~ao Esportiva Amigos do Cea-ra existe ate hoje para a manuten~aodo campo e para impedir que,Oem qual·quer epoca e pretexto qualquer, urn pre-

sidente possa se desfazer do estadio parapagar uma °divida. 0 estadio, oficialmente,nao pertence ao clube (e da Associa~ao),mas ele tern todos os direitos assegura·dos para a sua explora~ao.

- E, gra~as a Deus, todos os presi,dentes que passaram pelo Ceara semprelespeitaram esse acordo e nunca tivemosproblemas. Afinal, somos todos torcedo-res do Ceara. A Associa~ao, por sua vez,aiudou todas as diretorias que passarampor Porangabu~u. Estamos, nos da Asso·cia~ao, oara ajudar 0 clube. Nao importaquem estiver a sua frente. 0 importante-- e 0 que esta sempre acima de tudo -e 0 nosso Ceara.

Joao Furtado se recorda que, quandoera presidente, muita gente se queixavade que ele mandava muito no clube, masele tem uma boa explic'Wao para isso:

- Quem gasta, tem que mandar. E eugastava, entao, tinha que, realmente, man·dar.

Hoje, acha que 0 futebol mudou bastan-te e nao ha necessidade de 0 presidentefazer gastos pessoais com 0 clube. Oiztambem que e bem mais facil dirigi·loagora, porque, "hoje, ha divisces de ta-refas, porem, no meu tempo, 0 presidenteera 0 tesoureiro, diretor de futebol e ateroupeiro e massagista, quando faltava al·guem. Enfim, era 0 homem dos sete ins-

trumentos" .- Uma coisa tem que se fazer jus-

ti~a: ja no meu tempo, 0 Ceara era amaior torcida de Fortaleza, mas 0 nossomais ferrenho adversario nao era 0 For·taleza, mas, sim, 0 Maguari. Esse erafogo ...

Para ele, Zuza foi 0 melhor jogador dedefesa que ja viu correndo em campocom a camisa do Ceara. enquanto achaQue 0 ponta·esquerda Mitotonio foi· 0 ata·cante mais perigoso que passou por Po-rangabuc;u.

- Em 48, quando deixei a presidencia,deixei definitivamente de ocupar cargosnas diretorias do clube. Fico na Associa-

~ao, observando, apoiando, mas nada decargo diretivo.

Joao Furtado e dentista e hi! apenasQuatro anos esta aposentado, vivendo dosseus rendimentos imobiliarios. Tem 62anos de idade e gosta de lembrar que"tor~o pelo Ceara desde meus cinco ani·I1hos". Em 1939, entrou para a diretoria,como Oiretor de Futebol, ficando ate 43,quando assumiu a presidencia.

- Quando o Ceara joga pelo Campeo·nato Nacional, contra esses times todosdo Rio e de Sao Paulo, prefiro ficar emcasa, ouvindo 0 radio e, a noite, vejo 0tape. Tenho medo de ter alguma coisa,uma emo~ao forte, nQ.Presidente Vargas.

OSPRESIDENTES

De 1914 a 1920 - Gilberto Gurgel;Felinto de Moraesj Virgilio Brfgido Filho.1921 - Alufsio Barroso1922 - Silvio Gentil de Lima1923 - Cel. Joaquim Magalhaes e Carlos

de Alencar Pinto1924 - Henrique Ellery1925 - Felinto de Moraes

De 1926 a 1928 - Bolivar PurcellDe 1928 a 1929 - Meton Pinto

1930 ..,....Carlos de Alencar Pinto1931 - Carlos de Alencar Pinto

De 1932 a 1933 - Clovis de AlencarMatos1934 - Felinto de Moraes1935 - Walter Barroso

De 1936 a 1937 - Joao Batista Furtado1938 ~ Oliveira Paula e Joaquim Lima

De 1939 a 1940 - Cel. Oscar JansenBarroso1941 - Antonio Tiburcio da Frota Filho1942 - Ananias Frota

De 1943 a 1946 - Joao Batista Furtado1947 - Jose Bastos Mitoso1948 - Tarcfsio Soriano Aderaldo1949 - Humberto Ellery

De 1950 a 1951 - Antonio Viana Ro·drigues1952 - Jose Maria Catunda1953 - Edgardo Ellery

De 1954 a 1955 - Humberto ElleryDe 1950 a 1960 - Elias Bacha e Afonso

£sulode OliveiraDe 1961 a 1963 - Jose Jaime Guima·

raes Peixoto1964 - Jose Elias Bacha1965 - Jose Elias Bacha1966 - Cel. Edmar Uchoa·

De 1967 a 1968 - Dep.. Paulo Bene·vides

De 1969 a 1972 - Jose Lino da SilveiraFilho.

o "TIMAO" do .radio cearense contere, emcima do lance, todas as jogadas.

E como se voce estivesse presente, vendoe sentindo cada instante da peleja.

Com 0 "TIMAO" voce pode dizer que viuo jogo, sem medo de errar.

r----------"'I, "

_, OS COBRAS DO II "TIMAO" II Halmalo Silva - I, Wilson Machado - Tom II Barros - Alberto II Damasceno - Jurandir I

Mitoso - Colombo Sa-I Guilherme Pinho II-Francisco Taylor - . I

Ribamar LimaI .- Aderson Maia II Il ~ J

PESQUISANuma sele~ao hipotetica do Ceara de

todos os tempos - para a qualopinaram tecnicos, dirigentes, jornalistas

e torcedores de Fortaleza -,Alexandre, zagueiro-central, foi 0

mais votado. Dos novos,apenas 0 meio·de-campo atual, Edmar

e Joaozinho, ficou entre ostitulares. Nos reservas tambem

Helio, 0 goleiro, ClIrlindo e os irmaosDa Costa (Jorge e 0 ponta-esquerda

Da Costa). Mitotonio, umapresen~a obrigat6ria em todos os

selecionados cearenses atraves dos anos,nao ficou de fora, alem do

ponta·de·lan~a Alencar, que jogoutambem pelo Bahia, Palmeiras, Bangu,

entre outros times brasileiros.Pipiu, baiano, quase ganha

de Gildo, pernambucano: os dois,certamente, foram os maiores goleadores

que ja aparilceram nos camposcearenses. E outros craques, comoBenicio; Hermenegildo, Damasceno,Charuto e· Harry-Carey, goleiro.

-o CEARA DETODOS OS.CRAQUES

Vit6rio/Ex·jogador e tecnico do Ceara:. Ze Onofre; William, Alexandre, Cantua-

rio, . Damasceno e Carneiro; Catao, Ze#I,breu,Humberto Ribeiro. Hermenegildo eMitotOnio.

Benicio/Ex·jogador:Harry·Carey; Willillm, Alexandre, Damas·

ceno e Carneiro; Edmar e Joaozinho; Car·lito, Alencar, Gildo e Guilherme.

Alfredo Sampaio/Radio Uirapuru:Pintado; Camilo, Alexandre, Damaseeno

e Carneiro; Claudinho e Zuza; Alenear,Pipiu, Alfredinho e Mitotonio.

Dagoberto Menezes/Tor-eedor:Helio; Reizinho, Alexandre, Benicia e

Carlindo; Edmar e Charuto; Nado, Alencar,Gildo e Guilherme.

Carmen Maria de S.ouza/Torcedora:Helio; Paulo Tavares, Alexandre, Da

masceno e Carlindo; Joaoxinho e EdmarCarlito, Alencar, Jorge Costa e Da Costa

Haroldo Moura/O Povo:Harry-Carey; William e Alexandre; Man-

gaba, Damasceno e Carneiro; Carlito, IvanCarioca, Gildo e Da Costa.

Jose Alberto/Radio Assun~ao:Harry-Carey; William, Alexandre, Damas-

e,eno e Carlindo; Joaozinho e Edmar; Car·lito. Alencar, Gilda e Da Costa.

Joao Furtado/Ex·Presidente do Ceara:Ze Onofre; Camilo e Motor; Mangaba,

Zuza e Paulo Tavares; Joao Brega, Biinha.Pipiu, Hermenegildo e Mitotonio.

Jose Ribeiro/Torcedor:Aloisio; William e Alexandre; Charuto

Damasceno e Carneiro; Carlito, AlencarPipiu, Edmar e Mitotonio.

11.lbertoDamasceno/Correio do Ceara:Aloisio; William, Alexandre, Damasceno

e Carneiro; Charuto e Hermenegildoj Car-lito, Pipiu,' Cesar e Mitotonio.

Cid Carvalho/Radio Uirapuru:Aloisio; Valdemar, Alexandre, Jurandir

e Damasceno; Charuto e Cesar Moraes;Carlito, Alencar, Gildo e MitotOnio.

Giwan Oias/Radio Dragao do Mar:Harry-Carey; William, Alexandre, Da-

. masceno e Carlinho; Edmar e Sira; Car-lito, Alencar, Gildo e Mitotonio.

Marcos Nunes/Correspondente do Placar:Helio; William, Alexandre, Damasceno e

.Carneiro; Edmar e Joaozinho; Carlito, Sa-muel, Gildo e Da Costa.

Harry-CareyWilliamAlexandreDamascenoCarneiroEdmarJoaozinhoCarlitoAlencarGildoMitotonio

HelioCamiloMotorBenicioCarlindoCharutoHermenegildoMauroJorge CostaPipiuDa Costa

- -, William, Alexandre e Carneiro:os lnelhores na hist6ria do Cearj.

Julio Salles/Radio Uirapuru:Aloisio; William, Alexandre, Damasceno

e Carneiro; Edmar e Bira; Carlito, Charu-to, Gildo e Mitotonio.

Veras/Ex-jogador do Fortaleza:Harry-Carey; Paulo Tavares, Alexandre,

Be.nicio e Carlinho; Porunga e Charuto;Zezinho, Ibiapino, Alencar, Pipiu e Mi·totonio.

Guilherme/Ex-jogaaor do Ceara:Harry-Carey; William, Alexandre, Benicio

e Carneiro; Edmar e Joaozinho; Carlito,Alencar, Pipiu e Mitotonio.

Carlos Alberto Farias/Cerreio do Ceara:Pintado; Valdemar e Alexandre; Purun-

ga, Damasceno e Baba; Carlito, Pipiu,Alfredinho, Hermenegildo e Mitotonio.

Paulino Rocha/Radio tI:ssun~ao:Harry-Carey; Camilo e Alexandre; Torres,

Zuza e Baba; Mauro, Pipiu, Alfredinho eMitotonio.

Ivonlsio Mosca/Tecnico do Ceara:Helio; Sa Filho, Alexandre, Mauro Ca·

Iixto e Carneiroj Edmar e Zuza; Mauro,Pipiu, Alencar e Mitotonio.

Edgar Cos.ta/O Povo:Ze Onofre; Sa Filho e Motor; Purunga,

Mauro Calixto e Baba; CarUto, Alencar,Gildo, HermenegUdo e MitotO.nlO.

Jurandir Mitoso/Ceara Radio Clube:Harry-Carey; William, Alexandre, Damas·

ceno e Carneiro; Edmar e Joaozinho; Car-lito; Zezinho, ,biapino, Gildo e Da Costa.

LUll MARQUES

o PRESIDENTEDO CEARA

'. 0 Engenheiro Jose Lino da Silveira Fi·'Iho assumiu a presidencia do Ceara em70, tentando dar um titulo para 0 clube,que estava ha alguns anos sem conseguira melhor colocagao no campeonato cea·rense, No seu primeiro ana de mandato,o time melhorou muito, mas ainda naodeu para ganhar 0 titulo. No ana seguinte,trouxe outro engenheiro para a diretoria,o Dr. Luiz Gonzaga Nogueira Marques, ti·tular da cadeira de Resistencia dos Ma-teriais, da Escola de Engenharia da Uni·versidade do Ceara,

Com a chegada de Dr. Luiz Marques,como Diretor de Futebol, 0 Ceara conse·guiu ganhar 0 campeonato, Na campanhado bi, passou a ocupar a Vice·Presiden·cia Administrativa, cargo que substituieventualmente 0 Presidente, em caso dedemissao .e licenga. Por isso, no infciode setembro de 72, quando 0 Dr. Jose Linoprecisou ausentar-se de Fortaleza, por mo·tivos comerciais, pois a sua construtoratinha ganho uma concorrencia importan-te em outro Estado, 0 Dr. Luiz Marquesi:ssumiu e 0 Ceara fez uma campanhaexcelente no Nacional.

- Nunca precisei interferir no futebol,

pois temos Ivonfsio Mosca, que, apesarde ser um funcionario, e ex-dirigente doclube, e, acima de tudo, um torcedor doalvinegro. Dizem, inclusive, que ele e 0dona do nosso futebol, mas nao e nadadisso nao: e que ele e muito dedicado epassa a dia entre as jogadores, orientan-do, dando conselhos.

o Dr. Luiz e um velho esportista, tendojogado de 54 a 60 em todas as sele~oesde basquetebol que se forma ram no Cea-ra. Chegou a ser considerado, quandodisputava pelo Nautico Atletico Cearense,a melhor jogador do Estado e um dosmais importantes do basquete nordestino.Depois, formou-se e passou a dedicar-seas suas empresas de engenharia e a ca-deira que ocupava na Universidade.

- Como jogador de basquete, tenhoum titulo inedito: sou tetracampeao, poisem 54 e 55 venci pelo Nautico, deooisme transferi para 0 Clube Ubano, ondefui bicampeao em 57 e 58.

Ate a chegada do Dr. Luiz, a Ceara sededicava mais ao futebol do que aos es-portes amadores. Agora, com pouco tem-po no clube, ja providenciou a cria~ao doDepartamento de Futebol de Salao, em

Nas quadras.o bom jogador de basquete.

fun.cionamento hi! algum tempo.- Em 73, a Ceara, pela primeira vez

na sua hist6ria, disputara a campeonatocearense de basquete. Estamos pensan-do em chamar alguns rapazes da cidadee oferecer condi~oes para que possamjogar pelo nosso clube.

o basquete recebera 0 apoio que me-rece, comO" costuma lembrar 0 Dr. Luiz,pois "nao podemos ficar restritos ao timede futebol". Tambem a escolinha do Car·lito vem recebendo uma boa ajuda finan·

ceira do clube, atraves do seu Presidente:- Enquanto for a Presidente, tratarei

de dar todas as condi~oes passive is paraque Carlita possa desenvolver 0 seu tra·balho a frente da escolinha. Carlita e' umrapaz esfor~ado e umprofundo conhece·dor de futebol.

Aos 35 anos de idade, a Dr. Luiz, ca·sado com dona Maria Lucia Pinho Mar:ques, pai' de Andrea, 8 anos, Adriana, 5"nos, e Luiz Filho, 11 meses, quando al·EUem Ihe pergunta se ficou surpreso com<" campanha do seu c1ube no Nacionalde 72, diz que nao e vai logo explicando:

- Fizemos um trabalho de base e ja('speravamos bons resultados, apesar determos jogado quase todas as partidas emcasa. Em parte, isso beneficiou nossotime, mas ~a tambem a outro lado damoeda: sempre disseram que 0 Cearajoga melhor fora. Par mim, acho que tan·to faz jogar fora como em casa, . ,

- Outra coisa que eu que ria dizer eraque as arbitragens, de um modo geral,nesse Nacional, foram boas, ninguem veioao Ceara com ma inten~ao. A gente naopode se queixar - lembra a Dr. LuizMarques.

A ATUAL DIRETORIA

Presidente: Jose Lino da Silveira Filho.Vice·Pres idente·Fin anceiro·Adm in i$trativo:Luiz Gonzaga Nogueira Marques.Vice·Presidente do Departamento de Fute·bol: Afonso £sulo de Oliveira.Vice·Presidente do Departamento Social:Thasio de Albuquerque Pompeu.Vice·Presidente do Departamento de Pa-trimonio: Jose Jaime Guimaraes Peixoto.

Supervisor e Tecnico: Ivonfsio Mosca deCarvalho.Medicos: Fernando Fa~anha e Tomas deLima.Dentista: Oscar Carioca.Preparador Fisico: Major Antonio Maga-Ihaes.Massagista: Juberval Jose do Nascimento.Enfermeiro: Manoel de Souza.

SOMOS GRATOSManifestamos nestaoportunidade as nossasalegrias a torcidaAlvinegra e aosdesportistas do nossoPais, pelo apoio que nosde ram durante acampanha no CampeonatoNacional.A Torcida Alvinegra e atodos que fazemesportes em nossoPais, os nossosagradecimentos, cornvotos de FELIZNATAL E OTIMO 1973.

CEARA SPORTING CLUBALVI-NEGRO DE PORANGABUCU

I

FORTALEZA-CEARA

IVONrSIO MOSCA

A maiorrecompensa,os bra~os do pava.

C-E-A-R-A!

Em, 1949, Ivonlsio Mosca era apenasu'm aluno da Universidade do Ceara,cursando 0 terceiro anD da Escola de Fi-losofia, ond~ fazia a cadeira de Letras;quando entrou para 0 quadro de socios doCeara e resolveu passar seu tempo cui-dando de observar a prepara~ao do timeem Porangabu~u. Ai, chegou a faltar 30dias seguidos as aulas.

- Depois de um mes, apareci na es·cola e 0 meu irmao, Elfsio Mosca, atual-mente professor em Curitiba, no Parana,que era 0 diretor do curso, me chamouf perguntou: "Voce sabe quantos diasfaltou?". Respondi que sabia. Ele ficouaborrecido e disse que eu teria de es-colher: ou os estudos ou 0 futebol. Naoperdi tempo, falei que preferia continuarem Porangabu~u. E fiquei.

No ana seguinte, ja era 0 secretarioda diretoria e, em 50 e 51, ja era 0Diretor de Futebol, conquistando 0 cam-peonato cearense dp, 51. 0 futebol sem-pre foi uma velha mania na vida de Ivo-nfsio. Quando ainda era garoto, compravaum time inteiro de camisas e armava 0time. Armava e depois ficava assistindo

aos jogos, ·orfentando. Nunca jogou.- Preferia ficar observando, mostran-

do 0 caminho de uma vito ria.Assim, alimentava um velho sonho: ser

tecnico. Mas no Ceara, ate 58, quandolargou 0 futebol por sete anos (ate 65),nao teve muita oportunidade de orientaro time. Achavam que 0 seu lugar era mes-mo na diretoria e, como diretor, conse-guiu 0 vice-campeonato profissional de52 e 0 bi de 57 e 58, alem do tri de ju-venis: 56, 57 e 58.

- Sal porque estava meio desgostosocom 6 futebol. Tinha revelado muita gen-te boa, entre eles, 0 Baba, que mais tardefoi para 0 Flamengo, do Rio, 0 Alencar,do Palmeiras, e 0 que foi para 0 Vitoria,de Salvador, alem de Alexandre" 0 nossomelhor zagueiro central de todos os tem-pos. Mas achava que nao compensava,havia ingratidoes. Mas nao vou falar dis-so, nao...

Foi na sua primeira fase no Ceara queganhou 0 apelido de Rei Zulu, porque tra-balhava com tempo integral. Mas naogostava muito da brincadeira e ninguem,na sua frente, ousou chama-Io pelo ape-

lido.- So aceitei voltar aD futebol em 65,

como ,tecnico profissional, ganhando,quando 0 Deputado Armando Aguiar, Pre·sidente do Nacional, um time' pequeno eque estava amea~adode ser rebaixado,me convidou para ir trabalhar aD seu ladoe tentar evitar a degola.

No Nacional, Ivonlsio venceu partidasimposslveis, passando a ser chamado pelacronica cearense de Milagreiro, principal·mente depois que, no ultimo jogo para aclassifica~ao ou nao do seu time, ganhoudo Ceara, por 2 a 1. Foi considerado 0melhor tecnico naquele ano, pelos mesomos cronistas, mas, em setembro, deixouo Nacional, depois de um desentendimen·to com 0 novo presidente, Jose Ribamarda Silva.

AI, voltou para 0 Ceara, pela segundavez, ficando de setembro de 65 atejulho do outro ano. Conseguiu 0 vice·campeonato do Nordestao, depois de ga·nhar as tres ultimas partidas, jogandofora do Presidente Vargas: 4 a 3, contrao Nautico, no Estactio dos Aflitos, no Re·cife, 4 a 3, no Sport Clube do Recife,

-.na Ilha do Retiro, e 2 a I, contra 0 Bahia,na Fonte Nova.

- No inicio de 67, 0 Ferroviario -:.ou 0 Ferrim, como 13 conhecido pelos tor·cedores cearenses - me ·contratou. Co·mecei 0 campeonato arrumando 0 time eClcabei indo disputar a final com 0 For·taleza.

Na semana da decisao, a diretoria con·tratou 0 preparador fisico, Capitao Farias,que discordou fundamentalmente dos seusmetodos de trabalho. Ivonfsio nao gostoue foi dispensado na vespera do jogo de·cisivo, onde 0 Ferroviario era 0 favorito.

. 0 Fortaleza ganhou 0 campeonato e adiretoriado Ferrim foi afastada pelo Con·selho Deliberativo. •

- Dai, me chamaram novamente eaceitei voltar a trabalhaF pelo Ferrim.Em 68, depois de 17 anos sem conse·guir 0 titulo de campeao cearense, 0Ferroviario foi campeao~dirigido por mim.Foi uma emo~ao incrivel. Tao grande que,cansado e esgotado, fui obrigado. a pas·sar 0 ana de 69 afastado do futebol,

.fazendo tratamentos medicos.Em 70, 0 Guarani, de Sobral, 0 con·

tratou. 0 time era lanterna do campeo·nato. No mesmo ano, conseguiu 0 vice·campeonato, s6nao ganhando, segundo'o proprio Ivonisio, porque "nao tinha ca·misa".

- Time do interior, sabe como 13, ne?Chega la, luta, ganha jogos, mas, na deci· .sao, na capital, perde para a torcida, paraa camisa adversaria.

o Ceara 0 trouxe, em 71, novamentepara Porangabu~u, pela terceira vez. Ago·ra, como. Supervisor e com plenos pode·res no Departamento de Futebol, contra·tando para treinador Marinho e, mais tar·de, Gerson dos Santos. Ganhou 0 campeo·pato cearense, que 0 clube nao venciahfl sete anos, e participou pela primeiravez do Campeonato National.

- Em janeiro de 72, assumi tanibema dire~ao tecnica do time. Como tecnico

. e supervisor, trouxe 0 bi para Poranga·bu~u. E estou muitocontente no Ceara,clube que sempre amei.

A campanha no Campeonato Nacionalde .72 serviu para que Ivonisio passassea ser mais querido ainda pela sua torci·da. E e comum, em Fortaleza, os locutores

esportivos, os torcedores, comentaristas,definirem 0 Ceara assim: Antes e Depoisde IvonIsio Mosca, como costuma afir·mar 0 colunista do Correio do Ceara, AI·berto Damasceno:

- Ivonisio pode ser uma figura con·trovertida, ta certo, isso e verdade, masnenhum torcedor e capaz de negar, porexemplo, que se trata do melhor treina·dor do Ceara.

No fim, uma defini~ao de Ivonisio, amesma que semanas atras deu ao Correiodo Ceara:

- 0 Ceara e uma maquina engrenada,com todas as pe~as funcionando ajusta·dinhas como manda 0 figurino: uma dire·toria unida e sem vaidade, que da tudoo que e necessario, com presen~a fisica,moral e financeira em todos os momentos.Um quadro de funcionarios dedicado, umtime que vai para 0 campo satisfeito, semproblemas e querendo ganhar os jogospara mostrar 0 seu valor. E, ah~m detudo, e que considero tambem como vital,uma torcida maravilhosa, em quem pode·mos contar nas horas boas e mas, quecarrega 0 time nas costas.

A TORCIDA

CEARAATE

.MORRER

;rJ"'

A paixio alvinegra

Paulino Rocha e uma figura tao identi-ficada com a torcida do Ceara que ..con-seguiu criar, atraves da sua coluna diariano jornal Tribuna do Ceara, 0 dia do tor·cedor alvinegro. A campanha foi fe·ita nojornal e na Radio Assun~ao, onde e co-mentarista.

- Pode dizer: a torcida do Ceara naoe mole. Nao sei se existe alguma peloresto do Brasil tao forte quanto a doVOYD,como e conhecido 0 clube, por sero mais antigo filiado. a Federa~ao Cea-

·rense.o diado torcedor do Ceara e 30 de

julho. E a oficializa~ao veio em 70, quan-do foi construido um monumento na en-trada do Estadio Carlos de Alencar Pinto,com um garoto vestindo 0 uniforme doclube e segurando uma bandeira.

- Ceara, pia, pia, pia, Ceara, pia, pia,pia.

Basta 0 ataque do Ceara entrar na area

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adversaria para que a charanga comece<: funcionar. Ela batuca sem parar, to·cando tudo: da marcha ao xaxado. Dosamba ao rock. £ fogo a torcida do Ceara.

A charanga nao tem um lugar certodurante 0 jogo nas arquibancadas. 0 quee certo e que ela esta sempre atras dogol, no Presidente Vargas, onde 0 timeesta atacando.

- Vai, Da Costa, dribla esse amarelosem gra~a.

- Corre Reizinho, larga de medo ..Assim, criticando, incentivando, os tor-

. cedores do Ceara nunca abandonam 0time. Pode jogar contra quem for, podeser ate um adversario sem muita expres-sac do interior, mas ela esta gritando,agitando as bandeiras.

- Eta time da gota!- Dou 0 maior dez pra esse time.- E eu, 0 maior valor pra ele.Sargento, Adao, Manuel Preto e Branca.

Jose Alberto Queiroz, Cabo Louro, JoaoBraide e Silvino, os principais Iideres detorcida, estao sempre no Presidente Var·gas. Chegam cedo e come~am a organi·zar a coisa. A comprar bandeiras, provi-denciar 0 ingresso da charanga no esta-dio. Tudo. Nao pode faltar nada na horado jogo, pois "os nossos craques mere·cem, da torcida, lodo 0 carinho".

Quando nao h8 jogo, os torcedores doCearase reunem na Pra~a do Ferreira,no centro de Fortaleza, no antigo AbrigoCentral (um lugar parecido com 0 velhoTabuleiro da Baiana, no Largo da Carioca,no Rio). La, depois das quatro da tarde,todos os alvinegros aparecem, discutem,trocam informa~oes. Discutem, mas sem·pre pelo c1ube. 0 movimento vai ate asnove e meia da noite, quando a maioriadeixa a Pra~a do Ferreira e vai para casa,para escutar 0 programa do clube, apre-sentado por um deles, 0 Jose Renato.

A TORCIDA

EIS o,~DAI ..

TORCIDA!~Quando todos os diretores do Ceara

resolveram abandonar seus cargos, em1925, deixando 0 Presidente Felinto deMoraes sozinho, Celso Alves da Silva -ou seu Celso, apenas, como e conhecidopelos torcedores do clube - achou quecstava na hora de, como um bom torcedordo alvinegro, ajudar 0 seu time.

Entao, passou a cu·idar de todos osproblemas do Ceara, juntamente com 0presidente. Foi tudo. Fez de tudo. Emtodos os jogos, estava no campo desdecedo, supervisionando 0 material, repa·rando uma chuteira, emprestando dinheiropara um jogador que estava com a mu·Iher doente, gravida. Ele, aos 79 anos deidade, mas ainda muito disposto, e quemcostuma lembrar:

- ~ramos tudo: zelador, roupeiro, trei·nador, massagista. Eu pagava as contascom 0 meu salario de funcionario da RWC(hoje RFFSAj, incll!sive 0 aluguel da nos-

sa sede, na epoca: 150 mil nlis. Ela fica·va na Rua Senador Pomoeu e todas astardes estavamos reunidos, por la . .£ngra·~ado e que, como a Federa~ao Cearensenao tinha recursos para se manter, a sededo Ceara ficou sendo tambem a da pro·pria Federa~ao. E a luz, agua e outras des·pesas corriam tambem por minha conta.

Celso Alves come~ou a se interessarpelo futebol, em 1918, justamente no anaem que 0 Ceara conquistava 0 tetracam·peonato e ja se preparava para a campa·nha do penta, titulo ate hoje inedito noEstado. 0 presidente, naquele tempo, eraBolivar Purcell, seu bom amigo; daf, co·me~ou a torcer pelo time. Em seguida,tornava·se 0 primeiro chefe·de·torcida doEstado, comandando, das arquibancadas,a alegria alvinegra.

Depois que ingressou no Ceara, comodirigente, conheceu - e trabalhou -com muitos presidentes. Henrique Ellery,

Joaquim Magalhaes, Walter Barroso, Edel·berto Gois, Felinto Moraes, Edgardo EI·lery, Julio Pinto e Joao Furtado, entre ou·tros. Nunca deixou de ir ao eshldio Pre·sidente Vargas, "prestigiar onosso Cea·ra".

Celso, tambem conhecido por Coringa(porque estava emtodas), no tempo emque era dirigente e chefiava a torcida, s6tem uma queixa: .

- So fico triste porque, mesmo depoisde tanto ajudar (j futebol cearense, noCeara e na Federa~ao, ainda tenho quepagar ingresso em qualquer partida queassisto no Presidente Vargas. Acho quepelo que fiz na Federa~ao, sem modestia,merecia um reconhecimento maior dosatuais homens que dirigem 0 esporte emFortaleza. Pelo menos, acho que deviamme oferecer um permanente, para quepudesse ver 0 meu Ceara, sem precisarpassar pelas bilheterias do estadio.

, . . ~

Rlldto AssunClioCellrense. 620 KH z

,Locutor

A.......... EM•••. E.C••ES.O•.•.•"A

SAllDA A TORCIDA BRASllEIRA