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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis Rural Water Supply Network Furos Rentáveis Versão em Português 2017

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Rural Water Supply Network Furos Rentáveis Versão em Português

2017

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Resumo A utilização sustentável das águas subterrâneas é essencial para per-mitir o acesso universal a água potável. O presente documento, o Có-digo de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis, constitui um ponto de partida para a concretização do acesso económico e susten-tável a água potável. O termo “rentáveis” refere-se à maximização do investimento realizado a longo prazo. Os furos são feitos para durar por um período entre 20 e 50 anos. Assim, o custo mais baixo nem sempre é o mais rentável, essencialmente se a qualidade da constru-ção for comprometida para poupar dinheiro. Uma perfuração barata ou a fraca qualidade da construção podem levar a uma falha precoce do poço ou contaminação do abastecimento de água. Se os furos fo-rem abandonados de seguida pelos seus utentes, claramente não se-rão rentáveis. Este Manual estabelece nove princípios directamente relacionados com as especificidades da construção de furos (ver abaixo). Devem ser cumpridos no sentido de se obterem furos rentáveis. Cada princípio divide-se em subprincípios que indicam os procedimentos que devem ser seguidos e recomendam a definição de normas mínimas e respec-tivo cumprimento. Deste modo, este Código de Boas Práticas fornece um quadro de aná-lise dos pontos fortes e fracos das políticas e práticas existentes. De-verá ser usado como fundamento para a elaboração de protocolos nacionais para fornecimento de furos rentáveis. Constituirá a base para os diversos intervenientes analisarem se estão a trabalhar em confor-midade com as práticas internacionais, e pode ser usado pelos doa-dores para reverem as condições do financiamento.

Nove Princípios para a Obtenção de Furos Rentáveis

Princípio n.º 1: Empresas Profissionais de Perfuração e Con-sultores – A construção de furos de captação de água e a sua su-pervisão são realizadas por entidades profissionais e competentes que respeitam as normas nacionais e são reguladas pelo sector pú-blico. Princípio n.º 2: Localização – Aplicam-se práticas adequadas de localização de forma competente e científica. Princípio n.º 3: Método de Construção – O método de constru-ção seleccionado para o furo será o mais económico, tendo em conta a configuração e as técnicas disponíveis no país. A tecnologia de perfuração tem de se adequar à configuração do furo. Princípio n.º 4: Adjudicação – Os procedimentos de adjudica-ção asseguram que os contratos são concedidos a empresas de perfuração e consultores experientes e qualificados. Princípio n.º 5: Configuração e Construção – A configuração do furo será rentável, deve durar de 20 a 50 anos, tendo por base pa-drões mínimos para criação de um furo adequado à sua finalidade. Princípio n.º 6: Gestão, Supervisão e Pagamento de Contratos – Estão reunidas as condições necessárias para assegurar uma cor-recta gestão, supervisão e o pagamento atempado da empresa de perfuração. Princípio n.º 7: Dados e Informações – São recolhidos dados de qualidade de natureza hidrogeológica e de construção do furo num formato padronizado, sendo estes depois entregues à autori-dade governamental competente. Princípio n.º 8: Base de Dados e Registos – O armazenamento dos dados hidrogeológicos é feito por uma entidade governamen-tal central com registos actualizados, sendo as informações dispo-nibilizadas gratuitamente e usadas para preparar os requisitos do furo. Princípio n.º 9: Acompanhamento – Realizam-se visitas regu-lares a consumidores de água com furos concluídos, para acompa-nhar a funcionalidade a médio prazo, bem como a longo prazo de acordo com as conclusões divulgadas.

Índice Resumo .................................................................................................................................. 2

Glossário ................................................................................................................................ 3

Considerações .................................................................................................................... 3

Capítulo 1 Introdução................................................................ 4

Capítulo 2 Contexto Operacional ............................................ 5

Planeamento e Coordenação .................................................................. 5

Escolha das Comunidades ........................................................................ 5

Operação e Manutenção........................................................................... 5

Recursos Hídricos Subterrâneos e Ambientais ................................... 5

Capítulo 3 Princípios .................................................................. 6

1. Empresas Profissionais de Perfuração e Consultores .............. 6

2. Localização ......................................................................................... 7

3. Método de Construção ................................................................. 8

4. Adjudicação ...................................................................................... 9

5. Configuração e Construção ....................................................... 11

6. Gestão, Supervisão e Pagamento de Contratos ................ 12

7. Dados e Informações ................................................................... 14

8. Base de Dados e Registos .......................................................... 15

9. Acompanhamento......................................................................... 16

Anexo A Exemplos de Caderno de Encargos (C.E.) .............. 17

Anexo B Modelo de Classificação do Risco e Planos de Pagamento .............................................................. 18

Anexo C Selecção do Método de Perfuração ........................ 19

Anexo D Exemplos de Configuração dos Furos ....................20

Anexo E Sugestão de Modelo de Registo de Conclusão de Furos .................................................... 24

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Glossário Acompanhamento – Verificação periódica do funcionamento dos furos, bombas e laje de soleira e da gestão comunitária da fonte de água, bem como níveis e qualidade da água.

Adjudicação – Processo de escolha de empresa de perfuração, consultor hidrogeológico ou fornecedor para executar um deter-minado serviço ou obra.

Bio-incrustação – As bactérias no aquífero facilitam a acumulação de ferro e outros metais, causando a formação de biofilme no filtro e no tubo de revestimento do poço. Quando a acumulação desse biofilme origina problemas de incrustação ou corrosão do filtro e revestimento do poço, o processo é denominado bio-incrustação.

Configuração do furo – Escolha da profundidade, diâmetro e ma-terial de revestimento do furo e técnica de perfuração a usar.

Consultor hidrogeológico – Indivíduo ou empresa profissional responsável pela localização e configuração do furo de captação de água.

Controlo de qualidade – Garantir que tanto as bombas e as peças sobressalentes fornecidas como a construção do furo obedecem às condições estabelecidas.

Dados – Todos os factos sobre o furo recolhidos antes e durante a perfuração, desenvolvimento, acabamento e ensaio de bomba-gem.

Desenvolvimento – Limpeza de um furo após a sua construção, por meio de jactos de água ou de outra forma, até a água do poço estar limpa e sem materiais finos.

Empresa de Perfuração – Firma privada ou ONG dedicada à per-furação de poços para construir furos para abastecimento de água.

Estimativa dos custos totais – Ponderação de um preço justo e razoável para as obras, determinada por um engenheiro profissio-nal (incluindo mão-de-obra, equipamento, material e um valor ra-zoável para despesas gerais e lucro).

Explicação do Método – Documento que estabelece com clareza os detalhes de como o trabalho será realizado.

Furo – Poço de água perfurado no solo e parcial ou totalmente revestido para extracção de águas subterrâneas.

Interferência – O efeito que a acção de bombear um poço tem no rebaixamento dos poços próximos.

Laje de soleira – Estrutura em betão à volta de um furo de cap-tação de água para proporcionar uma zona relativamente limpa e controlar o escoamento de água para fora do poço.

Locação de contrato de aquisição – Contrato de locação com op-ção exclusiva do direito de preferência para aquisição posterior do item.

Localização do Furo – Escolha do local ideal para os furos na co-munidade com meios hidrogeológicos e/ou geofísicos que asse-gurem a rentabilidade da concepção.

Maciço filtrante – Se um furo puder ser desenvolvido de forma natural ou se o espaço anular em torno do filtro for reduzido, ou ambos, uma estrutura permeável, denominada maciço filtrante, é colocada apenas para preencher o espaço anular e evitar que o maciço desabe sobre o filtro.

Mobilização comunitária – Processo de preparação de uma co-munidade para a chegada de uma empresa (ou ONG) que irá cons-truir um sistema melhorado de abastecimento de água (ex.: furo de captação de águas) e planear a posterior gestão e manutenção da mesma. A mobilização comunitária também pode incluir a re-colha de contribuições em dinheiro ou em géneros para a constru-ção pelo governo local, ONG ou doador envolvidos.

Operação e Manutenção – Funcionamento e manutenção do furo de captação de água, da bomba e da laje de soleira para que seja possível obter água potável suficiente em todos os momentos ao longo da duração esperada do equipamento e assegurando que a zona envolvente esteja limpa. Isto também abrange a protecção da cabeça do furo, assistência pós-construção e acesso a peças sobressalentes para manutenção da bomba e do furo.

Planeamento a nível comunitário – Avaliação prévia ao projecto da situação vigente em termos de água e no campo socioeconó-mico na comunidade para estabelecer o tipo de serviço de abas-tecimento de água mais indicado.

Pré-filtro – Estrutura permeável, que se coloca de forma artificial no espaço anular em torno do filtro do furo de captação de águas. Tem de ter uma espessura mínima de 70mm para ser eficaz; se for mais fino, é um maciço filtrante (acima).

Processo de Escolha das Comunidades – Processo através do qual se escolhem as comunidades que beneficiarão de um furo.

Rebaixamento – A diminuição do nível das águas causada pelo bombeamento de águas subterrâneas.

Rebaixamento do nível freático – Efeito que a acção de bombear um poço tem no fluxo sazonal nas nascentes, no rebaixamento de poços próximos ou na secagem de zonas húmidas.

Rendimento – Este termo é muitas vezes utilizado incorrecta-mente. As empresas de perfuração muitas vezes falam em Rendi-mento quando, na realidade, querem dizer: (a) o fluxo medido du-rante a perfuração com ar comprimido, ou (b) a velocidade a que a água era bombeada durante o ensaio de bombagem. Na ver-dade, o rendimento efectivo do furo depende da geometria do aquífero e das suas propriedades hidráulicas, combinadas com o máximo rebaixamento permitido nessas condições específicas. É importante salientar que esta definição não tem em conta os re-cursos hídricos subterrâneos renováveis.

Sensibilização das comunidades – Em geral refere-se ao processo através do qual os consumidores de água de dada comunidade são informados sobre as opções técnicas para a melhoria de uma fonte de água e os requisitos que têm de preencher para beneficiar dela.

Tecnologia de Perfuração – O método de construção e o equipa-mento utilizados para fazer o furo de captação de água.

Considerações Um poço rural abastece entre 100 e 300 pessoas (20 litros/pes-soa/dia) e funciona dez horas por dia. Aqui, a taxa média de uma bomba é de 0,1 a 0,3 litros por segundo, que corresponde a 360 litros por hora. Um poço numa pequena cidade abastece de 2000 a 10.000 pessoas, num total de 40 litros/pessoa/dia e funciona du-rante dez horas por dia. Corresponde a uma taxa média de 2 a 10 litros por segundo, ou seja, 7.200 a 36.000 litros/hora.

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Capítulo 1 Introdução Estima-se que 884 milhões de pessoas não têm acesso a uma fonte melhorada de água potável, das quais 84% vivem nas zonas rurais (OMS/UNICEF 2010). Embora o mundo esteja no bom caminho para alcançar a meta do Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) de “reduzir para metade, até 2015, a percentagem da população sem acesso permanente a água potável”, é extremamente improvável que esta meta seja atingida nas zonas rurais da África Subsariana. Tam-bém é importante destacar que, ao procurar cumprir a meta supra-mencionada, tem havido a tendência de concentrar as verbas públi-cas na construção de infra-estruturas para abastecimento de água em detrimento do desenvolvimento institucional, melhoria de recur-sos humanos e sistemas de acompanhamento ou a devida conside-ração pela viabilidade a longo prazo do serviço de abastecimento melhorado (RWSN 2010).

Os serviços melhorados de abastecimento de águas subterrâneas (em particular poços perfurados e cavados à mão) proporcionam a uma percentagem significativa de habitantes de zonas rurais acesso a água potável a uma distância razoável de sua casa. Estima-se que seja necessário abrir cerca de 60.000 furos por ano só na África Subsariana para alcançar a Meta do ODM. As águas subterrâneas são praticamente omnipresentes e podem ser utilizadas de forma relativamente barata e progressiva para satisfazer a procura. Muitas vezes têm um custo de investimento menor que a água de superfí-cie, geralmente têm uma excelente qualidade natural e normalmente podem usar-se sem necessidade de tratamento. As águas subterrâ-neas habitualmente têm pelo menos algum tipo de protecção contra a poluição causada por actividades humanas. No entanto, têm sido manifestadas algumas preocupações sobre inconstâncias na quali-dade das construções e os elevados custos dos furos de captação de águas. Dada a extrema necessidade de serviços melhorados de abastecimento de água em conjunto com o investimento limitado, há uma necessidade urgente de compreender plenamente o alcance destas questões, aproveitando os pontos fortes e solucionando os pontos fracos.

Nalguns países em desenvolvimento, predominam situações de emergência, enquanto outros se encontram em transição ou recons-trução, e outros estão a implementar intervenções para desenvolvi-mento a longo prazo.

Em muitos países, o papel do Governo tem passado do de prestador de serviços para um de criação de políticas, planeamento, mobiliza-ção de recursos, regulamentação e intervenção. O sector privado e as ONGs fornecem os serviços, como a construção de furos. Existem níveis variados de capacidade no sector público bem como de ma-turidade e profissionalismo no sector privado. Porém, enquadra-mentos legais desadequados e a fragilidade das instituições gover-namentais revelam que muitas vezes não existem procedimentos e normas nacionais para a criação de poços de água. Nos casos em que se estabeleceram normas e procedimentos, a adesão e o cum-primento dos mesmos geralmente são escassos.

O presente documento define um Código de Boas Práticas (CBP) para a Obtenção de Furos Rentáveis com base na experiência inter-nacional. O termo “rentáveis” refere-se à maximização do investi-mento realizado a longo prazo. Os furos são feitos para durar por um período entre 20 e 50 anos. Assim, o custo mais baixo nem sem-pre é o mais rentável, essencialmente se a qualidade da construção for comprometida para poupar dinheiro. Uma perfuração barata ou a fraca qualidade da construção podem levar a uma falha precoce do poço ou contaminação do abastecimento de água. Se os furos forem abandonados de seguida pelos seus utentes, claramente não serão rentáveis.

1 Nalguns países, o protocolo é denominado estratégia ou código de boas prá-ticas.

Para os furos (por vezes denominados poços perfurados para capta-ção de água ou poços tubulares) serem rentáveis, têm de ser bem de-finidos, localizados de modo adequado e perfurados com recurso a métodos e equipamentos apropriados. Nos casos em que se recorre ao sector privado, têm de ser seguidos os procedimentos competen-tes de adjudicação e gestão de contratos. As empresas de perfuração e os supervisores têm de assegurar a qualidade da construção.

O CBP centra-se em nove princípios que estão directamente relacio-nados com as especificidades da construção de um furo de captação de água (Figura 1). Estes princípios devem ser observados para obter furos rentáveis. Cada princípio divide-se em subprincípios que indicam os procedimentos que devem ser seguidos e recomendam a definição de normas mínimas e respectivo cumprimento.

O CBP reconhece o contexto de operação dos programas para cons-trução dos poços perfurados. Em particular, serão discutidos de forma geral quatro aspectos do contexto operacional imediato (planea-mento e coordenação, selecção das comunidades, operação e manu-tenção, e protecção de recursos hídricos subterrâneos e ambientais), conforme disposto na Figura 1. Estes são fundamentais ao funciona-mento duradouro dos recém-construídos serviços de abastecimento. O contexto alargado dos enquadramentos legal, institucional e polí-tico, o meio ambiente, as comunicações e os recursos humanos e fi-nanceiros também são importantes, mas não se incluem no âmbito do CBP. Assim, o contexto alargado só será abordado em relação directa com os nove princípios.

Figura 1. Âmbito e Prioridades do Código de Boas Práticas

O Código de Boas Práticas pode ser usado da seguinte forma:

Primeiramente, constitui um quadro sistemático para os Gover-nos nacionais e seus parceiros para o desenvolvimento analisa-rem os pontos fortes e fracos das políticas e práticas vigentes. Essa análise cria um ponto de partida para uma acção e debate informado entre os vários interessados no sentido de melhorar a situação, podendo originar a decisão de elaborar determina-das normas ou directrizes, e até de organizar actividades para desenvolvimento de competências.

Em segundo lugar, o CBP tem a intenção de servir de base para a criação de protocolos nacionais1 para fornecimento de furos rentáveis. Estes protocolos devem incluir procedimentos com ampla aceitação e devem ser respeitados pelos intervenientes de todos os sectores no seu planeamento e implementação de programas de abastecimento de água que englobam a perfu-ração de poços de água. Os protocolos nacionais terão diferen-ças e têm de ser suficientemente flexíveis e abrangentes para

Proteção derecursos de águas

subterrâneas

Buracos decusto efetivos

Planejamento e Coordenação

Seleção de comunidade

Operação e manutenção

Ambiente operacional imediato

Princípios para buracosde custo efetivo

6. Gestão, Supervisão e Pagamento de Contratos

7. Dados e Informações

Contexto alargado

Enquadramentos legal Enquadramentos institucionalRecursos humanos e financeirosMeio ambiente ComunicaçõesEnquadramentos político

1. Empresas Profissionais de Perfuração e Consultores

2. Localização

4. Adjudicação

3. Método de Construção

5. Configuração e Construção

8. Base de Dadose Registos

9. Acompanhamento

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

poderem adequar-se às diferenças locais ou regionais. Também não devem ser tão rígidos que impeçam inovações.

Em terceiro lugar, o CBP habilita as organizações internacionais, as empresas privadas e as ONGs a analisarem se o seu trabalho está em harmonia com as melhores práticas internacionais.

Em quarto lugar, pode ser usado pelas entidades doadoras para reflectir sobre a relevância das suas opções de financiamento e para identificar áreas críticas para apoio por parte de doadores, partilha de conhecimentos e assistência técnica.

O Capítulo 2 deste documento proporciona uma visão mais próxima do contexto operacional em que se enquadram os programas de perfuração de poços de água. Os nove princípios para a Construção de Furos Rentáveis serão aprofundados no Capítulo 3. Os Anexos fornecem material e referências importantes.

Capítulo 2 Contexto Operacional O presente capítulo apresenta resumidamente os seguintes quatro tópicos: planeamento e coordenação, escolha das comunidades, operação e manutenção, e recursos hídricos subterrâneos. Estas questões são de extrema importância e devem ser consideradas na fase de preparação de um projecto ou programa, pois constituem a base para a sustentabilidade a longo prazo de estruturas recente-mente construídas. Isto tem influência directa na rentabilidade da construção dos furos. Lamentavelmente, muitas vezes as entidades que implementam os programas de construção de poços de água não dão atenção a estas questões.

Planeamento e Coordenação Idealmente, o planeamento e a coordenação das melhorias das in-fraestruturas para abastecimento de água devem estar a cargo do nível estatal adequado mais baixo. Todos os doadores, ONGs e ou-tras instituições governamentais devem informar e consultar o go-verno local sobre aspectos desde o planeamento de investimentos ao desenvolvimento de infraestruturas.

O governo local deve elaborar um plano de trabalho que inclua componentes sociais (por exemplo, sensibilização, mobilização e for-mação das comunidades) na localização do furo e nos trabalhos de construção. Os possíveis empreiteiros têm de ser informados deste plano. Os Departamentos de Água, Educação e Saúde a nível local devem envidar todos os esforços para consolidar os planos, as pro-postas e os contratos para a construção dos poços de água. Planos de desenvolvimento plurianuais a nível dos governos locais podem estabelecer a base para contratos plurianuais.

Escolha das Comunidades O processo de escolha das comunidades que irão beneficiar da me-lhoria dos serviços de abastecimento de água pretende-se bem de-finido e transparente. Em países com algum tipo de descentralização, este processo deve ser levado a cabo pelo governo local com agen-tes externos para prestar apoio e informações. Todas as agências envolvidas no abastecimento de água em zonas rurais devem aderir aos sistemas nacionais para estabelecimento de prioridades e esco-lha das comunidades (por exemplo, resposta às necessidades; bene-fício dos mais pobres; igualdade de acesso).

Operação e Manutenção As condições de operação e manutenção a longo prazo para a du-ração total da tecnologia devem ser atentamente ponderadas na fase de planeamento. No mínimo, será necessária uma estratégia (ou quadro) nacional de operação e manutenção que assegure os se-guintes pontos:

Os consumidores de água, encarregados, mecânicos, fornecedo-res e o governo local dispõem de equipamentos e competências indicados e têm consciência das suas funções e responsabilidades para com os outros;

Um processo transparente de contribuição ou pagamento total da construção pela comunidade é seguido por todos os interve-nientes que trabalham numa zona/distrito/país em particular;

O recebimento de taxas de utilização para manutenção é seguido por todos os intervenientes que trabalham numa zona/dis-trito/país em particular. Também devem definir-se procedimen-tos para alterações às taxas e angariação de fundos para repara-ções de importância ou alargamento do sistema;

Existe uma cadeia de distribuição competitiva e de confiança para fornecimento de peças sobressalentes, equipamento e serviços de manutenção do furo. Além disso, é fundamental existir e ser utili-zado um mecanismo de controlo de qualidade das bombas e das peças. Este deverá incluir a inspecção e verificação antes do envio, bem como a certificação e inspecção ao chegar ao destinatário.

Execução de um sistema forte e com financiamento adequado de apoio às necessidades dos consumidores de água após a cons-trução. O tipo de apoio dependerá do facto de os sistemas serem geridos pela comunidade, ou comercialmente por indivíduo/em-presa privados ou por uma entidade pública.

Em casos em que se determina que a configuração original não está adequada à situação da comunidade, esta pode ter de ser de-vidamente modificada. Se os consumidores finais não tiverem cum-prido os seus deveres em termos de operação e manutenção, en-tão o mais indicado será voltar a dar formação à comunidade e melhorar a sua gestão, em vez de fazer uma nova construção.

Recursos Hídricos Subterrâneos e Ambientais Devem tomar-se medidas para administrar e controlar os recur-

sos hídricos subterrâneos e ambientais e proteger os recursos vul-neráveis da sobreexploração. É essencial cumprir os regulamen-tos de protecção ambiental conforme definidos pelas autoridades ambientais nacionais competentes.

A qualidade da água deve ser verificada em momentos críticos do ano quanto à contaminação bacteriológica e química de acordo com as directrizes nacionais (ex.: arsénio, nitrato, flúor, ferro, man-ganésio). É necessário controlar os níveis das águas subterrâneas, bem como o constante cumprimento das medidas de protecção das águas subterrâneas. É importante que os utentes saibam os ris-cos associados ao consumo de água de fontes altamente contami-nadas. Deve realizar-se uma verificação especial de recursos hídri-cos subterrâneos particularmente vulneráveis.

Destacamos que, embora as situações de emergência possam exigir soluções de curto prazo com resultados imediatos, também deve considerar-se a posterior transição para uma situação de desenvolvimento.

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Capítulo 3 Princípios Cada uma das nove secções que se seguem inclui um princípio ge-ral (a negrito), acompanhado dos seus subprincípios e um texto explicativo. Os protocolos nacionais podem basear-se nesta estru-tura global, alterando os princípios consoante o caso e até acres-centando ou eliminando princípios específicos, se for necessário.

1. Empresas Profissionais de Perfuração e Consultores

Princípio n.º 1 A construção de furos de captação de água e a sua supervisão são realizadas por entidades profissionais e competentes que respeitam as normas nacionais e são regula-das pelo sector público.

Este divide-se nos seguintes subprincípios:

• A construção de furos de captação de água e a instalação de bombas normalmente devem ser realizadas por firmas locais do sector privado (ou ONGs) e não por agências doadoras ou go-vernamentais.

• Deve evitar-se a perfuração subsidiada por empresas de perfuração públicas/estatais e ONGs. Se grande parte da perfuração for feita directamente pelo sector público ou se a capacidade do sector pri-vado para construção de furos for reduzida, os diversos interessa-dos devem elaborar uma estratégia para obter a participação do sector privado local com prazos determinados.

• Da mesma forma, a localização e configuração dos furos e a su-pervisão da sua construção devem ser realizadas por firmas lo-cais de consultoria do sector privado. Devem evitar-se serviços de consultoria subsidiados por parte de empresas públicas/es-tatais ou ONGs. Se grande parte do trabalho for realizada direc-tamente pelo sector público ou se a capacidade dos consultores do sector privado for restrita, os diversos interessados devem elaborar uma estratégia para melhorar a participação do sector privado local.

• As empresas de perfuração e consultores devem encontrar-se registados, tendo-lhes sido emitida uma licença ou autorização, ou serem reconhecidos por um conselho, instituição ou ordem de engenheiros a nível nacional ou internacional. Devem ter ac-tividade aberta enquanto empresa junto das autoridades com-petentes, também para efeitos fiscais. A autorização deve ser renovável anualmente (ou a cada 2 ou 3 anos) desde que reú-nam as condições exigidas, incluindo o envio de relatórios de conclusão de furo conforme descrito, e até a realização com êxito de formação adicional. Os consultores também terão de comprovar a sua experiência e competência.

• Deve existir uma associação de perfuradores que seja activa na discussão e comunicação de questões levantadas pelos perfu-radores.

O sector público muitas vezes tem tomado a seu cargo a constru-ção de furos em diversos países. No entanto, é preferível optar-se pela construção por parte do sector privado local (ou ONGs) sendo o Governo responsável pelo planeamento, mobilização de recur-sos, e elaboração de políticas e regulamentação. As agências doa-doras e governamentais, bem como as ONGs, são, assim, incentiva-das a prestar apoio para o desenvolvimento do sector privado, em vez de adquirirem equipamento estatal de perfuração.

Se o sector privado local estiver particularmente enfraquecido, a capacidade e uma base de activos podem levar mais de uma dé-cada a serem desenvolvidas. As necessidades de investimento para obter máquinas de perfuração de grande escala chegam às cente-nas de milhares de dólares e levará muitos anos a formar perfura-dores qualificados. A utilização de mecanismos que permitem uma empresa alugar equipamento com direito de preferência para o adquirir após um período de um a três anos será uma das formas de construir uma base de activos. Estes mecanismos devem ser considerados, pois permitem a recuperação progressiva do capital investido no equipamento de perfuração através dos pagamentos dos contratos. Contudo, é necessária a criação de processos aber-tos, honestos e transparentes.

Nos casos em que as agências de apoio já forneceram as máquinas de perfuração, é importante garantir apoio em termos de peças sobressalentes, ferramentas, apoio à gestão e formação, durante um período de dez anos (a duração estimada das sondas) após a entrada em funcionamento do equipamento. Se as agências de apoio forneceram sondas de perfuração ao Governo, deve ser cri-ado e utilizado um sistema de gestão de informação sobre sondas (Caixa 1), sendo apresentados relatórios sobre o mesmo. As em-presas privadas também são incentivadas a usar um sistema de gestão de informação sobre as máquinas para registar informação importante.

Caixa 1. Breve Apresentação de um Sistema de Gestão de Informação sobre Sondas

Um Sistema de Gestão de Informação sobre Sondas possibilita o registo, armazenamento e análise de dados sobre a utilização, ma-nutenção e reparações das máquinas de perfuração. Pode ser em formato papel ou por meio de um software. Um Sistema de Gestão de Informação sobre Equipamentos permite aos gestores de pro-gramas de perfuração controlar a produtividade do equipamento, seguir a utilização do equipamento e diminuir as situações de mau uso ou abuso, registando o seguinte:

Detalhes das sondas de perfuração, compressores e veículos de apoio (todos os equipamentos possuem um número de identi-ficação único e respectiva descrição).

Lista de Regiões/Estados, Governos Locais e Vilas/Comunidades da operação (com códigos de identificação).

Dados específicos sobre cada poço perfurado (ex.: localização com coordenadas – por exemplo do GPS –, número de identifi-cação do furo, data de início, data de conclusão, profundidade de perfuração, duração da perfuração e tempo de inactividade no local). Destacamos que isto não substitui a existência de uma base de dados nacional de águas subterrâneas.

Distância percorrida (mobilização inicial e também entre as lo-calizações individuais) e tempo de inactividade (por motivo de espera, manutenção e reparações).

O Sistema de Gestão de Informação sobre Equipamentos tem de permitir a recuperação de informações sobre as actividades de per-furação referentes a uma máquina em particular, a autoridade lo-cal, comunidade ou período, bem como de actividades de manu-tenção e reparação de determinado equipamento. Um Sistema de Gestão de Informação sobre Equipamentos sustenta o plano de manutenção de equipamentos.

1. Empresas Profissionais de Perfuração e

Consultores

Sector privado local de perfuração competente

Evitar empresas ou consultores de perfuração subsidiados

Registo e Autorização de empresas e consultores de perfuração

Associação de Perfuradores

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

2. Localização

Princípio n.º 2 Aplicam-se práticas adequadas de localiza-ção de forma competente e científica.

Este divide-se nos seguintes subprincípios:

• A escolha do local do poço deve ser realizada por pessoal com-petente.

• Antes de elaborar um contrato para construção de poço, tem de se realizar um estudo hidrogeológico de base, bem como o reconhecimento do terreno, sendo também determinado o mé-todo de localização dos poços com base em opinião especiali-zada.

• Deve ser classificado o risco de perfurar um poço mal sucedido. Em áreas comprovadas onde a geologia é bem conhecida e o sucesso dos furos é elevado (digamos, superior a 70%), pode não ser preciso usar as técnicas de registos geofísicos para a localização dos furos.

• Os levantamentos geofísicos só têm de ser feitos nos sítios onde os custos de perfurar um poço mal sucedido justifiquem essa despesa.

• A escolha do local tem de ter em conta a preferência comuni-tária em termos de conveniência.

Escolher o melhor local para um furo de captação de água exige que sejam considerados aspectos técnicos, ambientais, sociais, financei-ros e institucionais. O processo de localização deve demonstrar as condições das águas subterrâneas que predominam na área do pro-jecto e que permitem a determinação da configuração do(s) furo(s). A localização profissional engloba o estudo teórico e o reconheci-mento do terreno, utilizando plenamente todos os dados existentes. Para decidir o melhor local para um furo de captação de água, são essencialmente importantes os seguintes dez factores:

Rendimento suficiente para o uso pretendido: O aquífero sub-terrâneo deve ter um rendimento suficiente para uma bomba manual de abastecimento de água rural (cerca de 0,1-0,3 l/seg), para o abastecimento de água a uma cidade pequena (2-10 l/seg), ou para uma necessidade superior, como uma zona irri-gada com volumes significativos de água2. Esta informação por vezes está disponível em documentos existentes ou pode ser ob-tida realizando um ensaio de bombagem (consulte os formulários no Anexo E).

Suficientes recursos hídricos renováveis para o uso preten-dido: Embora um poço talvez consiga fornecer um determinado rendimento a curto e médio prazo, se a água subterrânea não for regularmente reabastecida por meio de infiltração de águas plu-viais ou dos fluxos fluviais, esse rendimento não será sustentável a longo prazo. Assim, é importante avaliar o reabastecimento provável do aquífero, e como este pode variar ao longo do tempo. Esta estimativa pode basear-se no balanço hídrico de uma

2 Consultar o Glossário.

área calculado de acordo com o modelo conceptual dos fluxos de água.

Qualidade da água adequada para o uso pretendido: Os diver-sos tipos de uso da água têm diferentes requisitos de qualidade da água. A água para uso doméstico tem de estar isenta de agen-tes patogénicos (presentes nas fezes humanas) e deve apresentar níveis baixos de substâncias químicas tóxicas como o arsénio e flúor. Ao utilizar águas subterrâneas para rega, tem de ser verifi-cado o nível de salinidade. Assim, a localização do furo tem de ter em consideração o possível aparecimento deste tipo de substân-cias indesejadas. A água obtida depois da conclusão e desenvol-vimento do poço deve ser analisada, sendo os resultados com-parados com as normas nacionais. Quando não existirem normas nacionais, podem ser usadas as directrizes da OMS (OMS 2008).

Evitar potenciais fontes de contaminação: É fundamental evitar as fontes de contaminação pontual, como latrinas com fossa, fos-sas sépticas, currais e aterros sanitários. Podem existir normas na-cionais sobre as distâncias a cumprir ou zonas de protecção das águas subterrâneas. Se não existirem, devem ser criadas.

O envolvimento com a comunidade para determinar de forma consensual a localização do furo é essencial e exige algum poder negocial para explicar os constrangimentos técnicos tendo tam-bém em consideração a preferência comunitária. É fundamental ter plenamente em conta as necessidades das mulheres, que são em geral as responsáveis por ir buscar água. Também poderão existir problemas relativamente à posse dos terrenos.

Proximidade do ponto de utilização: Além dos constrangimen-tos da geologia, os recursos hídricos subterrâneos e a qualidade da água subterrânea, idealmente um furo deve ser localizado o mais próximo possível do ponto de utilização. Isto corresponde a minimizar a distância que é preciso percorrer para ir buscar água dos pontos de abastecimento rurais (por exemplo, poço com bomba manual) e o custo energético das bombas eléctricas ou a combustível e da água canalizada. Devem ser realizados estudos do local para elaborar um mapa da comunidade. Entrevistar os chefes de família ajudará a compreender a preferência comunitá-ria pela localização do poço. No geral, a comunidade deverá in-dicar três locais preferenciais na sua localidade para construção do furo, por ordem de prioridade.

Acesso pelas equipas de construção e manutenção: No caso de furos construídos por maquinaria pesada, é fundamental haver acesso para as sondas de perfuração, compressores e veículos de apoio. Mesmo quando é usado equipamento leve, é importante garantir o acesso para veículos da construção e manutenção. As-sim, a escolha do local deve ter em conta essas condições.

Evitar a interferência com outras fontes e utilizações das águas subterrâneas: Em zonas onde já se realizou algum tipo de desenvolvimento das águas subterrâneas, a construção de um furo novo pode originar um maior rebaixamento2 nas fontes exis-tentes. Pode igualmente gerar um aumento dos custos (energé-ticos) do bombeamento tanto no poço existente como no poço novo, redução dos rendimentos, alterações na qualidade das águas subterrâneas e potenciais conflitos entre os utilizadores.

2. Localização

Estudo hidrogeológico de base e reconhecimento do terreno

Classificação do risco

Considerar a Preferência Comunitária na escolha do local

Usar a técnica de registos geofísicos apenas quando se justificar

Funcionários competentes responsáveis pela localização

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Numa fase inicial do processo de localização, têm de ser descritos e discutidos a possibilidade de interferência3 e os riscos de rebai-xamento do nível freático3. Isto significa que a esfera de influência dos poços existentes deve ser calculada e os poços novos devem ser construídos fora desta zona. Em situações de risco elevado, devem ser avaliadas possíveis áreas de localização alternativas.

Evitar a interferência com as descargas naturais das águas subterrâneas: De forma semelhante, a construção de um furo demasiado perto de fontes naturais, cursos de água ou zonas hú-midas pode originar uma redução dos níveis das águas, potenci-almente secando estas fontes de água importantes e ecossiste-mas e afectando as utilizações e os utilizadores que faziam uso deles. A penetração de água salgada devido à captação excessiva de águas subterrâneas perto da costa pode levar ao declínio irre-versível da qualidade da água.

Risco: Incluindo-se na localização do furo de captação de águas, deve classificar-se o risco de perfurar um poço seco (risco alto, médio e baixo conforme descrito no Anexo C). No caso de furos onde serão instaladas bombas manuais em zonas com caracte-rísticas hidrogeológicas conhecidas, raramente são necessárias técnicas geofísicas (ex.: resistividade, condutividade), desde que tenha sido realizado o estudo teórico da hidrogeologia geral da zona. A perfuração de poços exploratórios de pequeno diâmetro (com uma pequena sonda manual) também pode ser um método de localização adequado para poços rasos. Contudo, posterior-mente este furo deve ser selado de forma adequada para evitar a contaminação do aquífero.

Se não existir qualificação no país para realizar a localização de furos, devem ser feitos esforços para desenvolver competências a longo prazo nesta área.

3 Consultar o Glossário.

3. Método de Construção

Princípio n.º 3 O método de construção seleccionado para o furo será o mais económico, tendo em conta a configuração e as técnicas disponíveis no país. A tecnologia de perfuração tem de se adequar à configuração do furo.

Este divide-se nos seguintes subprincípios:

• A profundidade dos furos especificada não deve estar desne-cessariamente acima nem abaixo dos níveis adequados.

• Deve seguir-se uma abordagem faseada para selecção da tec-nologia. Serão primeiramente considerados (em vez da perfu-ração mecânica) os métodos com custos extremamente reduzi-dos, incluindo poços perfurados manualmente e poços cavados à mão protegidos, desde que sejam exequíveis.

• Subsequentemente, deve ser ponderado o uso de sondas de perfuração pequenas que proporcionam o diâmetro e a profun-didade especificados para o furo e alcançam locais remotos.

• Por fim, deve considerar-se a utilização de sondas de perfura-ção de maior capacidade.

É importante as configurações dos poços serem suficientemente detalhadas. Os intervenientes devem evitar especificar em excesso as profundidades e diâmetros, pensando que tal pode vir a ser ne-cessário, porque isso faz com que os aparelhos exigidos sejam mai-ores do que seria preciso, aumentando também os custos. No en-tanto, especificar “por baixo” também pode ser problemático: por vezes pode originar um furo fracassado ou a necessidade de mo-bilizar uma sonda de perfuração diferente. As experiências anteri-ores podem ajudar a definir a configuração, comparando as con-dições estabelecidas nesses contratos anteriores com as profundidades perfuradas na realidade.

As propostas e os contratos devem indicar o equipamento de per-furação menos dispendioso mas adequado, capaz de fazer con-corrência a sondas maiores e mais dispendiosas. As propostas de-vem especificar o produto final (neste caso, o poço perfurado para captação de águas), evitando, assim, definir por excesso os apare-lhos de perfuração. Aparelhos pequenos, de baixo custo e de fun-cionamento mecânico, que perfuram a um custo mais reduzido do que as máquinas de grande porte, geralmente podem ser trans-portados na traseira de uma carrinha ou num mini-reboque, con-seguindo alcançar locais mais remotos, essencialmente se a es-trada estiver em más condições. Se as diversas partes envolvidas não tiverem conhecimento das tecnologias de perfuração mecâ-nica de menor escala, devem ser feitos esforços claros para as in-formar sobre o assunto.

Contudo, é importante salientar que perfurar com uma sonda mais pequena pode ser mais demorado, o que exigirá uma supervisão

3. Método de Construção Abordagem faseada para a selecção da tecnologia, sendo primeiro considerados os métodos de custo muito reduzido (ex.: poços cava-dos à mão e poços perfurados manualmente)

Escolha adequada da sonda de perfuração

Especificações exactas da profundidade dos furos

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4. Adjudicação

Conjunto de vários furos numa zona geográfica com indicação de semelhanças na hidrogeologia e risco de poços secos

Pacotes com opção de trabalho de acompanhamento por mais de 1 ano

Usar sistemas do Governo nacional

Processo competitivo local de apresentação de propostas

Qualificação prévia

mais prolongada. Tudo isto tem de ser ponderado ao estabelecer as condições de gestão e supervisão do contrato.

Os furos cavados à mão ou perfurados manualmente constituem uma opção em meios específicos (formação branda e águas sub-terrâneas rasas). Em zonas onde estas técnicas permitam realizar poços de água em número considerável, devem ser inteiramente tidos em consideração. No entanto, a verticalidade do furo tem de ser suficientemente boa de forma a possibilitar a instalação e fun-cionamento da bomba definida, e os poços têm de ser suficiente-mente profundos para sustentar as reservas durante períodos de seca prolongados e por vários anos de seca. Deste modo, a utili-zação destes métodos tem de englobar um nível conveniente de supervisão e controlo de qualidade.

Divulgação de informação, visitas ao local, projectos-piloto, apoio ao sector privado local, e estudos internos podem ser necessários em zonas onde as técnicas de poços cavados à mão ou perfuração manual não sejam conhecidas ou não sejam usadas regularmente.

As técnicas convencionais de perfuração mecânica para construir furos de captação adequados para projectos rurais e peri-urbanos de abastecimento de água são: perfuração por rotação com circu-lação de lamas, perfuração por percussão mecânica com cabo, e perfuração por roto-percussão com ar comprimido. Também se podem usar combinações destas técnicas dependendo das carac-terísticas geológicas (por exemplo, perfuração por rotação com cir-culação de lamas perfurando os solos de cobertura escaváveis até alcançar rocha dura e depois percussão com ar comprimido). A es-colha do equipamento mais indicado será influenciada pela pro-fundidade do poço e a capacidade de elevação da sonda para re-tirar as ferramentas de perfuração e revestimentos temporários. O Anexo C fornece algumas directrizes sobre a escolha do método de perfuração.

Para melhorar a disponibilidade de peças sobressalentes para os equipamentos de perfuração em países com nível reduzido de in-dustrialização, o sector privado deve ser incentivado a uniformizar parcialmente o seu equipamento de perfuração. Este tópico pode

ser mais facilmente discutido com uma associação de perfurado-res, caso exista. No entanto, a decisão final estará sempre nas mãos das empresas privadas e é preciso ponderar o perigo de se criar um monopólio para os fornecedores.

4. Adjudicação

Princípio n.º 4 Os procedimentos de adjudicação asseguram que os contratos são concedidos a empresas de perfuração e consultores experientes e qualificados.

Este divide-se nos seguintes subprincípios:

• A adjudicação deve ser feita através de sistemas governamen-tais nacionais e não da entidade doadora ou de apoio. Se os sistemas governamentais nacionais forem especialmente lentos ou enfraquecidos, deve usar-se uma combinação de aborda-gens para melhorar os sistemas nacionais, ao mesmo tempo que se obtêm resultados efectivos. Nalguns casos, é preferível a adjudicação ser realizada directamente pelo utilizador final do poço (por exemplo, a comunidade ou instituição).

• O envolvimento dos consultores e empresas de construção para a realização do furo deve fazer-se através de um processo com-petitivo de apresentação de propostas a nível nacional (ou lo-cal), com uma fase de pré-qualificação. Estimativas dos custos totais e propostas recentes de engenharia referentes a trabalhos ou serviços semelhantes podem ser usadas como comparação de valores das propostas apresentadas a concurso. Isto evitará adjudicar o trabalho a um proponente com valores considera-velmente abaixo do preço de custo estimado.

• A adjudicação deve referir-se a um pacote que inclua vários fu-ros numa área geográfica de relativa proximidade, com condi-ções semelhantes de profundidade e hidrogeologia. Os lotes podem englobar um número bastante elevado de poços, de-pendendo da necessidade de dar oportunidade a empresas de perfuração mais pequenas para desenvolver as suas competên-cias internas.

• No sentido de se aproveitar e desenvolver a capacidade interna e de permitir às pequenas empresas competirem com firmas de maior escala, devem ser considerados mecanismos de atribui-ção de pacotes que incluam uma opção de trabalho de acom-panhamento. Em alternativa, deve ser considerado um contrato que dure vários anos (sujeito a uma clara avaliação do desem-penho).

Quando os procedimentos internos de adjudicação de contratos e propostas (sistema instituído de concursos públicos) são fracos, es-tes devem ser reforçados e utilizados. Para assegurar que os con-tratos são atribuídos a consultores e empresas de perfuração ex-perientes e qualificados, recomenda-se um processo com fase de pré-selecção e adjudicação de propostas e contratos:

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As necessidades de recursos humanos e as condições exigidas de capacidade dos equipamentos devem ser definidas com cla-reza. Estas devem adequar-se à configuração do furo, método de construção e dimensão do contrato.

Um processo transparente e meticuloso de pré-qualificação deve basear-se no perfil, equipamentos e competências do pes-soal da empresa, o respectivo volume de negócios, a experiên-cia e consecuções anteriores, bem como o cumprimento das normas nacionais relativamente a autorizações e licenças de perfuração e a pertença a associações profissionais nacionais. A pré-qualificação, que se pode realizar a cada um a três anos, deve abranger visitas às instalações da empresa e, se possível, a operações no terreno durante e após a conclusão de uma ins-talação de poço recente. A lista de empresas pré-qualificadas deve ser publicada.

O processo de recepção de propostas ou de adjudicação que envolva o envio de uma Explicação do Método só deve estar disponível para empresas pré-qualificadas.

As propostas, planos e condições específicas devem basear-se nos resultados do processo de localização e configuração do furo e devem ser aprovados pelo Governo Local e outros dos principais intervenientes antes do concurso.

Os resultados desejados (como localização, profundidade, con-dições de perfuração) devem ser definidos com clareza na fase de apresentação da proposta. Caso tal não seja possível, pode ser elaborado um acordo aberto, com base nos custos habitu-ais, conforme definido no modelo de caderno de encargos (Anexo A).

Deve realizar-se uma reunião de apresentação de propostas onde um hidrogeólogo que conheça bem as condições de per-furação da zona descreve o âmbito do trabalho e “as categorias de risco”. Isto é explicado com maior detalhe na secção do Princípio n.º 2 referente à Localização.

Um processo claro e transparente de adjudicação de contratos com critérios de avaliação bem definidos, um programa com as datas mais importantes, abertura pública de propostas, avalia-ção que inclui esclarecimento e discussão com os proponentes, comunicação de resultados e da adjudicação, e procedimentos para questionar o resultado.

O estabelecimento de pacotes contratuais para construção de vá-rios furos próximos uns dos outros serve a intenção de diminuir as despesas de deslocação e facilitar a supervisão do trabalho. Reco-menda-se juntar os furos no mesmo contrato, tendo atenção ao número total de poços que se junta num mesmo programa e à possibilidade de que, quando se incluem demasiados furos num mesmo pacote, isso pode excluir os empreiteiros locais.

Juntar vários poços num pacote pode constituir um desafio espe-cial em países com um funcionamento extremamente descentrali-zado. No entanto, podem considerar-se soluções inovadoras como passar dotações orçamentais de um ano para o outro ou fazer per-furações de dois em dois ou de quatro em quatro anos para ir jun-tando verbas. Adjudicar poços de profundidade e hidrogeologia semelhantes num pacote permite a utilização de aparelhos menos volumosos e menos dispendiosos sempre que tal seja adequado.

Uma forma de fazer com que as pequenas empresas participem é adjudicar os pacotes a um conjunto de perfuradores, com a opção de trabalho de acompanhamento, ou seja:

Fazer a pré-qualificação de vários empreiteiros e iniciar o pro-cesso de concurso.

Identificar os empreiteiros que serão incluídos no conjunto de perfuradores por um período determinado.

Negociar e definir os valores de perfuração de uma área estipu-lada.

Adjudicar pacotes (de cerca de 10 a 30 poços) a vários emprei-teiros do conjunto de perfuradores.

À medida que os pacotes forem sendo concluídos, podem ser adjudicados mais trabalhos consoante o desempenho dessa empresa.

Este mecanismo permite aos empreiteiros trabalhar noutros con-tratos, pois uma construção dentro dos prazos e com elevada qua-lidade assegurará um novo trabalho. As empresas que possuam várias sondas de perfuração podem aceitar diversos pacotes, en-quanto as que têm uma sonda podem trabalhar de acordo com a sua capacidade. O cliente irá controlando os trabalhos que estão em execução.

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5. Configuração e Construção

Princípio n.º 5 A configuração do furo será rentável, deve durar de 20 a 50 anos, tendo por base as condições mínimas para criação de um furo adequado à sua finalidade. Este divide-se nos seguintes subprincípios: • Condições mínimas para um poço “adequado à finalidade” em

termos de rendimento, diâmetro, profundidade, revestimento e filtro, pré-filtro/maciço filtrante, verticalidade, aditivos de per-furação e protecção sanitária. Uma configuração dos furos acima das necessidades, essencialmente profundidade ou diâ-metro excessivos, constitui um gasto e deve evitar-se.

• Os procedimentos para desenvolvimento de um furo são cla-ramente estabelecidos e acordados no contrato de perfuração. O poço perfurado tem de ser desenvolvido até a água estar isenta de sólidos e materiais finos (finos) e de turvação por um período contínuo de 30 minutos.

• Os procedimentos para desenvolvimento do furo e ensaios de bombagem são claramente estabelecidos e acordados no con-trato de perfuração. As condições do ensaio de bombagem para uma bomba manual devem ser realistas e não serem es-tabelecidas por excesso.

• Realizam-se testes de qualidade da água (análise química e mi-crobiológica), particularmente em zonas de alto risco e em fu-ros que abasteçam instituições (por exemplo, centros de saúde e escolas).

Abaixo descreve-se uma configuração adequada à finalidade. No caso de sistemas com motor (se se considerar rentável), a configu-ração tem de ter em atenção as condições exactas do sistema. Em termos de rendimento efectivo do furo para uma bomba

manual, 1m3/hora será suficiente, embora possa ser reduzido para 400 litros por hora em zonas onde seja difícil encontrar água subterrânea4. Os poços só devem ser perfurados à pro-fundidade indicada para este resultado. As condições relativas às bombas motorizadas dependem da configuração do sistema, que se baseia nas necessidades dos utilizadores, e podem ser consideravelmente superiores às de uma bomba manual.

Os requisitos em termos de diâmetro de um poço de bomba manual e as bombas de pequeno diâmetro agora disponíveis significam que furos revestidos com diâmetro interior de 4” (~100mm) são suficientes para o cilindro da bomba manual e conduta de elevação. Geralmente estipula-se um tubo de reves-timento/filtro de PVC-U com um diâmetro interior mínimo de 103mm e um diâmetro exterior de 113mm. Os poços perfurados a motor podem exigir mais espaço de forma a permitir a insta-lação de uma bomba submersível, podendo ser completados

4 Consultar o ponto “Considerações”. 5 Consultar o Glossário.

com um revestimento/câmara de bombagem com diâmetro nominal de 4 ou 5”.

Profundidade: Primeiramente, é necessário medir o nível freá-tico actual. Depois é preciso determinar o nível hidrostático re-duzido em consequência de flutuações sazonais ou de longo prazo. O rebaixamento esperado no seguimento da bombagem tem de ser ponderado, além dos requisitos da dimensão do fil-tro e da fossa. Isto permitirá calcular a profundidade total. Em locais onde as formações superficiais meteorizadas possam ter espessura, permeabilidade e armazenamento suficientes para sustentar o rendimento requerido, e aguentar as flutuações do nível da água, poderá ser rentável a utilização de um furo rela-tivamente raso (protegido e instalado com pré-filtro ou maciço filtrante), construído com uma sonda bastante pequena ou per-furado manualmente.

Filtro e tubo de revestimento simples: O filtro deve ser insta-lado no aquífero e deve ter uma área aberta de tamanho sufici-ente (determinada pela medida das ranhuras) para permitir que a água flua livremente para dentro do poço. A dimensão do fil-tro não deve ser alterada para reduzir custos, uma vez que pode originar um furo seco. Em zonas onde os poços são perfurados em formações rochosas sãs, será possível poupar revestindo apenas a formação geológica meteorizada. Contudo, a ligação entre a formação geológica meteorizada e a formação rochosa tem de ser selada (com argamassa). Devem usar-se um filtro e tubo de revestimento de plástico (PVC-U) em vez de aço nos casos em que os furos tenham menos de 100-120 m de profun-didade.

O pré-filtro5 ou maciço filtranteError! Bookmark not defined. devem ter uma classificação própria com uma qualidade de >95% sí-lica. Têm de ser instalados devagar e cuidadosamente, de pre-ferência com tremie e tubo de tremie.

A verticalidade e alinhamento têm de ser definidos como con-dição de sucesso do poço (<100mm por cada 30m). A verticali-dade e o alinhamento têm de permitir que a bomba e a conduta de elevação possam ser descidas pelo furo sem encontrarem resistência.

Espuma química e lama biodegradável devem ser usadas como aditivos de perfuração em vez de bentonita e outras lamas não degradáveis. Quando a perfuração passa o lençol freático, a bentonita não deve ser usada como lama de perfuração, porque tem tendência a obstruir a entrada do aquífero e é muito difícil de retirar.

O preenchimento do espaço anular com detritos de perfuração é essencial.

5. Configuração e Construção Desenvolvimento adequado do poço

Condições mínimas para um poço “adequado à finalidade” (rendimento, diâmetro, profundidade, revestimento e filtro, pré-filtro/maciço filtrante, verticalidade, aditivos de perfuração e protecção sanitária).

Requisitos indicados para ensaios de bombagem

Análise da qualidade da água

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Uma protecção sanitária de argamassa a uma profundidade de pelo menos 5m da superfície é exigida. É essencial que não seja possível a entrada de água contaminada (do solo ou de latrinas com fossa) no poço ou aquífero.

É necessária uma laje de soleira/plataforma de betão para drenar as águas derramadas para fora do furo. Também são re-queridas valas de drenagem, bem como uma vedação, para manter afastados os animais.

O Anexo D descreve exemplos de configurações de furos para as principais formações hidrogeológicas. O desenvolvimento do furo deve realizar-se antes de a empresa de perfuração passar ao local seguinte. Se o filtro sobre a área do pré-filtro/maciço não estiver correctamente limpo, a eficiência do furo pode baixar e o filtro pode entupir ao longo do tempo. Sem-pre que possível, deve usar-se o desenvolvimento natural do poço. A melhor forma de realizar o desenvolvimento do furo é com ar comprimido ou com jactos de água a alta pressão meticulosa-mente aplicados a todas as zonas revestidas. A pistonagem com êmbolo também pode ser indicada. O furo deve ser completa-mente limpo até estar isento de finos e turvação por um período constante de 30 minutos. Também se pode introduzir cloro antes do desenvolvimento do poço para ajudar a desfazer o polímero de perfuração. Depois de a água elevada estar limpa, deve ser medida a quantidade de água que sai do poço pela técnica de ar compri-mido e este valor (rendimento através do sistema com ar compri-mido) é registado.

Os ensaios de bombagem são realizados para determinar a efici-ência do furo e avaliar as propriedades do aquífero. As condições adequadas para uma bomba manual correspondem a uma bom-bagem contínua durante 3 a 6 horas. Normalmente, a cota de des-carga deve ser pelo menos 10% superior à descarga do plano para um furo de captação bem-sucedido. Deve medir-se a recuperação. Aqui usam-se padrões nacionais ou internacionais (por exemplo, BS ISO 1468:2003). No caso de furos mecânicos, devem fazer-se testes de rebaixamento e recuperação mais amplos (por exemplo, ensaio de rebaixamento escalonado e ensaio a caudal constante por 24 horas).

Uma análise da qualidade da água em conformidade com as nor-mas nacionais deve ser feita e os resultados entregues às autori-dades competentes. Sempre que possível, devem realizar-se as se-guintes análises no local: temperatura, pH, turvação, condutividade, cor, sabor, arsénio, ferro, manganésio, coliformes totais e E. coli.

Instalação da bomba: A escolha da bomba deve obedecer às nor-mas e directrizes nacionais, caso existam. A bomba deve ser posi-cionada no nível correcto acima da secção revestida, tendo em conta as variações sazonais e o rebaixamento. Isto corresponde no geral a 2 metros abaixo do nível hidrodinâmico mais baixo.

6. Gestão, Supervisão e Pagamento de Contratos

Princípio n.º 6 Estão reunidas as condições necessárias para assegurar uma correcta gestão, supervisão e o pagamento atempado da empresa de perfuração.

Este divide-se nos seguintes subprincípios:

• Em condições normais, a gestão de contratos deve ter por base os sistemas governamentais, devendo observar-se as melhores práticas internacionais, utilizando modelos de contrato de refe-rência.

• Os documentos de contrato têm de ser directos e prontamente entendidos pelos empreiteiros responsáveis pela perfuração.

• A supervisão deve ser feita por agentes governamentais ou pelo sector privado. Podem ser introduzidas competências especia-lizadas adicionais para colmatar as lacunas em termos de capa-cidade com a perspectiva de desenvolvimento de competências a longo prazo.

• O pagamento das obras deve ser feito atempadamente. • Deve considerar-se um período de garantia para boa execução,

sendo retido um valor de cerca de 10% como caução, garantia bancária ou em dinheiro.

• O ideal é contar com um enquadramento jurídico sólido que suporte situações de compensação, mecanismos de retenção financeira, e procedimentos de auditoria e conduta.

Possuir competências técnicas e pessoal com experiência na con-figuração, gestão, supervisão e planeamento de programas de perfuração de poços é essencial para assegurar que os furos reali-zados são de elevada qualidade e que as despesas são aceitáveis. Por exemplo, o tempo de inactividade no terreno enquanto se aguarda pela tomada de decisões pode aumentar consideravel-mente os custos globais da obra. Da mesma forma, planear a rea-lização dos furos durante a estação das chuvas pode causar mais atrasos dispendiosos.

Os contratos referentes à perfuração de um poço para captação de águas podem ser pagos consoante um Caderno de Encargos (C.E. – consultar o Anexo A) ou ser pagos de uma só vez. Embora no caso do pagamento de uma só vez os contratos sejam mais fáceis de gerir, continua a ser fundamental uma supervisão com-petente. No geral, é crucial o contrato garantir que seja do inte-resse do empreiteiro a construção de um furo de boa qualidade. Os contratos com a quantia paga de uma só vez são mais indicados se for especificado que os poços secos não serão remunerados, embora isto também possa ser estabelecido num contrato pago de acordo com um caderno de encargos, mas isto requer uma clas-sificação dos riscos de construir um furo seco e os respectivos mo-dos de pagamento, conforme disposto no Anexo C. Os contratos tanto podem integrar a instalação da bomba na construção do furo, como podem considerá-las em separado, para adjudicação e instalação por operários locais especializados em mecânica.

6. Gestão, Supervisão e Pagamento de Contratos

Gestão de contrato apropriada

Supervisão adequada realizada por profissionais

Documentos de contrato directos e inteligíveis

Pagamento dentro do prazo

Período de garantia

Enquadramento jurídico sólido

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Nos casos em que só seja possível obter garantias bancárias de boa execução através de pagamentos em dinheiro, será preferível os Contratos insistirem em Seguros de Caução de uma empresa conceituada.

Uma supervisão adequada é um bom investimento que assegura uma construção de qualidade e que os furos não sejam mais pro-fundos do que o necessário, evitando o abandono precoce dos poços. No entanto, é importante regular a fiscalização da perfura-ção. De preferência, as obras de abertura de um furo devem ser supervisionadas a tempo inteiro por funcionários qualificados e competentes para garantir a elevada qualidade da construção. Só se deve recorrer a supervisão a tempo parcial numa situação de considerável escassez de recursos. Nestes casos, será essencial manter a supervisão do ensaio de bombagem e da medição da profundidade do furo.

A supervisão da perfuração deve estar a cargo de funcionários da entidade cliente ou de consultores do sector privado. Em ambos os casos, estes têm de possuir tempo, recursos financeiros e com-petências suficientes. Os supervisores têm de ter formação ade-quada e operar de forma independente do empreiteiro em termos financeiros e de logística. Um local remoto não pode ser desculpa para prescindir da supervisão. Os resultados habituais de uma fraca supervisão das obras de perfuração são os seguintes:

A empresa de perfuração afirma que o furo é mais profundo do que é na realidade;

Realiza-se um furo com diâmetro menor do que o especificado;

O furo construído é mais profundo do que era necessário (ou seja, em casos em que o empreiteiro é pago consoante um ca-derno de encargos e pretende aumentar a receita);

Colocação incorrecta do filtro ou utilização de materiais drenan-tes não mencionados;

Cascalho em quantidade insuficiente ou utilização não-especi-ficada;

Falta de argamassa;

Desenvolvimento insuficiente do furo;

A empresa de perfuração declara o sucesso do poço, mas na realidade este encontra-se seco. Isto acontece por vezes quando a obra é realizada pouco depois da estação das chuvas. O poço pode secar durante a estação seca à medida que o nível da água vai descendo;

Instalação de bombas que não as definidas (sejam maiores ou mais pequenas do que fora determinado).

Também se pode considerar o acompanhamento por parte da co-munidade da construção e da supervisão. Se receberem formação adequada, as comunidades podem, por exemplo, controlar o nú-mero de tubos de revestimento instalados, o número de sacos de cimento usados pela empresa de construção e a presença do su-pervisor. Por vezes, os furos anunciados como bem-sucedidos se-cam passado pouco tempo devido a más condições da construção. Para evitar estas situações, pode incluir-se no Contrato, e fazer-se cumprir, uma cláusula de garantia, com a retenção de cerca de 10% do valor do contrato. Perto do final do período de 12 meses, de acordo com os termos do contrato, os supervisores têm de se des-locar a cada local terminado para encerrar o processo, momento que inclui a verificação da viabilidade junto dos utilizadores de água. É fundamental o contrato determinar claramente quem é responsável pela qualidade da bomba durante este período.

O pagamento das obras deve ser feito até um mês após a sua con-clusão e não pode ultrapassar os três meses. Atrasos superiores a este tempo não são aceitáveis em termos da liquidez (fluxo finan-ceiro) dos empreiteiros, ficando sujeitos a pagamento de multa/ju-ros de acordo com as condições do contrato.

O acompanhamento por terceiros, pago pelo cliente mas realizado por um profissional independente com formação após a constru-ção, também pode funcionar como mecanismo de controlo. Isto requer uma lista de verificação bem definida e coerente para cada furo de captação de águas que foi construído, com publicação de resultados.

Quando o enquadramento jurídico e as instituições públicas que são fundamentais para sustentar procedimentos de gestão de con-tratos estão enfraquecidos, é necessário dar grande ênfase ao de-senvolvimento dos sistemas indicados através da legislação e da melhoria de competências.

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7. Dados e Informações

Princípio n.º 7 São recolhidos dados de qualidade de natu-reza hidrogeológica e de construção do furo num formato pa-dronizado, sendo estes depois entregues à autoridade gover-namental competente.

Este divide-se nos seguintes subprincípios:

• Os dados a recolher durante a perfuração do poço são defini-dos no contrato da obra e as responsabilidades de recolha de dados entre o empreiteiro e o supervisor são claras.

• A informação, na forma de relatório nacional de conclusão de poço, será enviada para a entidade governamental indicada após a perfuração (mesmo no caso de poços secos).

• A renovação das licenças de perfuração deve estar associada ao envio dos relatórios de conclusão de furo para captação de água.

• Cada furo construído no país deve ter o seu número único de identificação.

• O Governo e outros intervenientes no sector das águas devem verificar anualmente os dados sobre a perfuração de poços para captação de águas, disponibilizando os relatórios ao pú-blico.

Os modelos do registo de conclusão de furo para captação de água têm de incluir informação sobre o local, as operações de per-furação, o revestimento e conclusão do poço, litologia, desenvol-vimento do furo e ensaio de bombagem e análise da qualidade da água. O Anexo E fornece um modelo recomendado para registo de conclusão de furo. É essencial esta informação ser enviada para a entidade competente do Governo central num prazo de 30 dias após a sua conclusão, e que cada projecto ou programa não se limite a guardar para si os seus dados, mas os partilhe com outras agências de execução.

A importância da regulamentação e licenciamento das empresas de perfuração é destacada no Princípio n.º 1. Como condição para a renovação anual da autorização para perfuração, recomenda-se que se torne obrigatório o envio, para a entidade indicada, de uma compilação vinculativa dos seus relatórios de conclusão referentes ao conjunto anual dos trabalhos que a empresa realizou no ano anterior.

Cada número único de identificação deve ser gravado numa placa de metal que é colocada na base da bomba manual, sendo tam-bém inscrito na plataforma da bomba ou na caixa da cabeça do furo. Para evitar a construção de furos de captação de água não planeados ou sem acompanhamento, as autorizações de perfura-ção devem ser emitidas pela autoridade competente.

Deve haver uma partilha transparente das principais informações dos programas de perfuração por parte dos Governos, ONGs e ou-tros interessados. Os relatórios devem ser colocados em domínio público, ficando, assim, imediatamente acessíveis ao Parlamento, unidades de acompanhamento do Governo, sociedade civil e ou-tras instituições. As áreas cruciais a serem divulgadas incluem:

Resultados do programa (com os custos associados) em termos de melhoria de competências, conhecimentos e capacidade es-trutural, bem como o número de pessoas que receberam for-mação;

Furos de captação de águas construídos (ou seja, número, pro-fundidades dos poços, e locais, com respectivos números dos furos e coordenadas de GPS);

Relatórios breves de supervisão;

Preços da instalação de cada furo, com detalhes sobre o que foi incluído e excluído (por exemplo, lucro e despesas gerais, loca-lização, mobilização, perfuração, supervisão, bombas, abasteci-mento de energia, sistemas de armazenamento e distribuição, formação comunitária). Fornecer explicação sobre como se cal-culam os custos (por exemplo, o preço de um pacote de 10 furos num pacote de um contrato específico divide-se por 10). A in-formação tem de ser apresentada de forma que seja possível estabelecer comparações entre regiões e/ou distritos;

Detalhes sobre a participação do sector privado, incluindo os nomes das empresas, resumo e montante do contrato, data de pagamento da construção e pagamento da cláusula de garan-tia;

Conclusões apresentadas pelas missões de acompanhamento e avaliação.

Renovação da licença de perfuração ligada ao envio de relatórios de conclusão

Especificar os dados pretendidos e as responsabilidades

Enviar para as autoridades o registo de conclusão de poço

Número único de identificação de furo de captação de água

Relatórios anuais sobre programas de perfuração disponibilizados ao público e outras agências de execução

7. Dados e Informações

15

Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

8. Base de Dados e Registos

Princípio n.º 8 O armazenamento dos dados hidrogeológi-cos é feito por uma entidade governamental central com regis-tos actualizados, sendo as informações disponibilizadas gratui-tamente e usadas para preparar os requisitos de outros furos.

Este divide-se nos seguintes subprincípios:

• Deve ser criada e actualizada uma base de dados nacional (ou de nível regional) com todos os registos de perfuração de po-ços para captação de águas. Se não existir uma base de dados nacional conforme descrito, os intervenientes do sector devem manter e arquivar os registos de todos os trabalhos de cons-trução de furos realizados até esta ser criada.

• Os dados de todos os programas e projectos de perfuração do país devem ser introduzidos nesta base de dados.

• Os dados da base de dados devem poder ser acedidos sem restrições.

Um melhor conhecimento dos recursos hídricos subterrâneos pro-porcionado pelo arquivo de dados adequados e acessíveis au-menta extraordinariamente as hipóteses de sucesso na perfuração e construção de furos para captação de água. Os registos dos po-ços, relatórios de conclusão e os dados dos ensaios de bombagem (consoante definido no contrato de perfuração) têm sempre de ser enviados à autoridade local e/ou nacional competente. As infor-mações referentes a poços “secos” ou sem sucesso são tão impor-tantes como as dos que foram bem-sucedidos.

Será necessário retirar os dados-chave específicos dos relatórios de conclusão de poço e introduzi-los numa base de dados nacio-nal sobre perfuração de poços. Esta base de dados terá de ser con-venientemente criada, actualizada, ficar imediatamente acessível a todos, e assegurar a não-duplicação de dados introduzidos (por exemplo, recorrendo ao número único de identificação do furo e à informação de GPS). Se não existir uma base de dados nacional, os dados das perfurações devem ser arquivados pelos intervenientes do sector até ser criado um mecanismo como este, com um agente responsável atribuído. Organizações de apoio externas e do Go-verno devem ser incentivadas a apelar à recolha de dados, estabe-lecer bases de dados das águas subterrâneas e desenvolver a ca-pacidade nacional neste campo.

A nível internacional reconhece-se que, para avaliar o progresso e estado de desenvolvimento de águas subterrâneas nacionais e ori-entar um planeamento futuro, é crucial ter bons registos da aber-tura de furos e listar e arquivar os documentos originais de forma a facilitar o rápido acesso aos mesmos. Os registos devem incluir:

Relatórios da avaliação de propostas e da fase de pré-qualifica-ção;

Relatórios de mobilização e formação das comunidades;

Calendários da supervisão das obras; Relatórios de acompanhamento.

8. Base de Dados e Registos

Base de dados nacional de todos os registos de furos (ou arquivo de todos os registos)

Informações de todos os programas, projectos e trabalhos de perfuração introduzidas na base de dados

A informação da base de dados é disponibilizada e utilizada livremente

16

Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

9. Acompanhamento

Princípio n.º 9 Realizam-se visitas regulares a consumidores de água com furos concluídos, para acompanhar a funcionali-dade a médio prazo, bem como a longo prazo, de acordo com as conclusões divulgadas.

Este divide-se nos seguintes subprincípios:

• Os sistemas de acompanhamento do Governo devem ser usa-dos (e reforçados, caso necessário) em vez de serem desenvol-vidos sistemas semelhantes.

• Deve realizar-se controlo do funcionamento, incluindo análise e estabelecimento de medidas: durante 6 meses, e depois anu-almente por pelo menos 10 anos após a construção.

• As conclusões do trabalho de acompanhamento devem cor-responder a acções tomadas e tornadas públicas.

É essencial que os procedimentos de acompanhamento definidos pelo Governo sejam obedecidos e/ou melhorados, sendo toda a informação recolhida comunicada às autoridades relevantes. As actividades de acompanhamento vêm complementar os sistemas estabelecidos de operação e manutenção (descritos no Capítulo 2).

O controlo do funcionamento deve ter em consideração os utiliza-dores da água e o abastecimento de água. Idealmente, deveria ser recolhida informação sobre a administração da fonte, como as re-ceitas recolhidas, as verbas para manutenção e a satisfação dos consumidores. Devem ser avaliados os aspectos técnicos de rendi-mento da bomba, nível freático e hidrodinâmico e qualidade da água. É importante haver uma inspecção sanitária, sendo destaca-dos os motivos de eventuais avarias e reparações.

As conclusões deverão ser tidas em consideração ao estabelecer medidas a nível comunitário e do Governo local, e podem influen-ciar políticas e programas nacionais referentes ao desenvolvimento de infra-estruturas e operação e manutenção das mesmas. As ac-ções tomadas devem estar em conformidade com estatutos locais e políticas nacionais vigentes.

9. Acompanhamento

Usar sistemas nacionais de acompanhamento

Controlar a utilização e funcionamento, pelo menos durante 6 meses e depois anualmente no mínimo por 10 anos após a construção

Tomar medidas e publicar relatórios de acompanhamento

17

Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Anexo A Exemplos de Caderno de Encargos (C.E.)

Tabela A1: Caderno de Encargos – Exemplo (i) para 10 furos, cada um com profundidade média de 50m, ou seja, profundidade total de 500m.

Descrição Qtd Unid Preço unitário

Preço Total

1 Localização de furo 10 cada 2 Estabelecimento de acampamento 1 suma

global

3 Mobilização e desmobilização de equipamentos e funcionários

500 km

4 Instalação de sondas e deslocação entre locais

400 km

5 Execução de furo de 125mm (5”) de diâmetro nominal em camada de solo de cobertura

200 m

6 Fornecer, instalar e retirar revestimento temporário

10 cada

7 Execução de furo de 125mm (5”) de diâmetro nominal em rocha matriz

300 m

8 Amostragem e Perfilagem do Furo em intervalos de 3 metros

10 cada

9 Fornecer e instalar tubos de revestimento de PVC-U de 110mm de diâmetro exterior com classificação de pressão de 10 bar

400 m

10 Fornecer e instalar filtro de PVC-U de 110mm de diâmetro exterior com classificação de pressão de 10 bar (Tamanho da ranhura 0,5mm)

100 m

11 Fornecer e colocar o pacote de filtragem aprovado em torno dos filtros6

0,8 m3

12 Fornecer e instalar preenchimento com inertes

10 cada

13 Limpeza e desenvolvimento do poço até a água estar isenta de sedimentos

30 hora

14 Ensaio de Bombagem conforme condições acordadas

10 cada

15 Fornecer e colocar argamassa 10 cada 16 Análise da qualidade da água e

desinfecção do furo 10 cada

17 Tampa do furo 10 cada 18 Instalar duas bombas manuais

India II consoante condições acordadas

10 cada

19 Relatórios de conclusão 30 cada 20 Período de espera (ou repouso) hora Subtotal

21 Despesas gerais e lucro – 15% 22 Imposto de Valor Acrescentado

(IVA) – 20%

Total

6 Volume anular entre o furo executado e o tubo de revestimento exterior: bu-raco com 150mm de diâmetro; tubo de revestimento exterior com 110mm de diâmetro = 8 litros/metro, que equivale a 0,8m3 para 10 poços, cada um com pacote de filtragem de 10m.

Na Tabela A2, os itens foram simplificados e a margem (lucro e despesas gerais) foi incorporada nos montantes dos diversos arti-gos.

Tabela A2: Caderno de Encargos – Exemplo (ii) para 10 furos, cada um com profundidade média de 50m, ou seja, profundidade total de 500m.

Descrição Qtd Unid Preço unitário

Preço Total

1 Mobilização 1 cada

2 Deslocação entre locais 9 cada

3 Perfuração 500 m

4 Revestimento e Conclusão 500 m

5 Pré-filtro e Desenvolvimento 100 m

6 Ensaio de Bombagem 10 cada

7 Preenchimento e conclusão do furo (incluindo a análise de qualidade da água)

10 cada

8 Instalação de bomba manual e acessórios

10 cada

9 Relatórios de Conclusão 30 cada

Subtotal

Imposto de Valor Acrescen-tado (IVA) – 20%

Total

É fundamental ser extremamente meticuloso na realização dos Cadernos de Encargos.

18

Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Anexo B Modelo de Classificação do Risco e Planos de Pagamento

A Tabela B1 (abaixo) apresenta um modelo que classifica o risco de executar a perfuração de um poço seco e estabelece estruturas adequadas de pagamento. Expõe uma abordagem específica que usa diferentes modelos de contrato e pagamento, consoante o risco de perfurar um poço seco.

Em todos os casos, a empresa de perfuração é responsável pelo sucesso do furo de captação de água. Destacamos que este mo-delo não tem intenção prescritiva, pretendendo ilustrar uma forma

de abordar um dos principais desafios da perfuração de um poço de captação de água: o risco de furos secos. Um método alterna-tivo é o cliente responsabilizar-se pela localização e pagar ao em-preiteiro os furos secos e os bem-sucedidos de acordo com um Caderno de Encargos (C.E.).

Num determinado país ou região pode ser possível classificar o potencial de perfuração nas três (ou mais) categorias descritas na Tabela B1.

Tabela B1: Modelo de Classificação do Risco de Executar um Furo Seco com Exemplo de Planos de Pagamento

Categoria Taxa de Sucesso Pressuposições Planos de Pagamento Propostos

A

Sucesso Elevado

>75%

Não há necessidade de es-tudo geofísico. A perfuração em qualquer local tem grande probabilidade de sucesso. A primeira opção da comunidade tem proba-bilidade de ser bem-suce-dida.

O risco de obter um furo seco é classificado como baixo e os poços secos não serão pagos ao empreiteiro em nenhuma circunstância. A empresa de perfuração escolhe um local dentro das zonas referidas pela comunidade e as suas taxas unitárias devem incluir o risco de furos secos.

B

Sucesso Moderado

50 - 75%

As próprias empresas de perfuração podem optar por examinar (seja a em-presa em si, seja um hidro-geologista de sua escolha) e seleccionar os locais exactos a perfurar, de entre as zo-nas que a comunidade pre-fere. Devem ser seguidas as directrizes do Governo rela-tivas ao processo de Locali-zação. Nalguns casos, recomenda-se a especificação no Con-trato de uma profundidade mínima de perfuração.

Será feito um pagamento limitado à Empresa pelos poços secos até uma certa profundidade, consoante a seguinte fórmula:

• 1.º furo bem-sucedido: pagamento de 100%; passar a um novo local.

• Se o 1.º furo estiver seco: Não há lugar a pagamento.

• 2. º furo bem-sucedido: pagamento de 100%; passar a um novo local.

• Se o 2.º furo estiver seco: Calcula-se uma percentagem justa de um poço produtivo e esse valor é pago, tendo em consideração as obras re-alizadas, ou paga-se de acordo com o Caderno de Encargos (C.E.).

• 3. º furo bem-sucedido: pagamento de 100%; passar a um novo local.

• Se o 3.º furo estiver seco: Calcula-se uma percentagem justa de um poço produtivo e esse valor é pago, tendo em consideração as obras re-alizadas, ou paga-se de acordo com o Caderno de Encargos (C.E.). Pas-sar a uma nova comunidade.

No caso de existirem três poços secos, não se realizará mais nenhum tra-balho de perfuração nesta comunidade até serem concluídos estudos adi-cionais. Este local passa a ser considerado como “risco de Categoria C” e requer um estudo hidrogeológico especial organizado pela empresa no sentido de determinar o local (ou locais) onde realizar novas perfurações.

C

Sucesso Reduzido

<50%

O Cliente deve organizar um processo independente de localização, que incluirá o uso de aspectos da geofí-sica (Perfil de Resistividade e Análise Electromagnética [EM]). Os locais escolhidos e projectados pelo consultor devem ser perfurados pelo empreiteiro à profundidade mínima indicada.

O cliente escolheu o local e a profundidade; será feito o pagamento tanto dos furos húmidos como dos secos.

* As percentagens sugeridas aplicadas acima podem alterar-se consoante as condições locais, por exemplo: >90%, 40-90% e <40%, respectivamente.

19

Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Anexo C Selecção do Método de Perfuração

Formação

Métodos Manuais

Métodos Mecânicos

Perfuração manual Lamas Jactos de

água Perfuração por

percussão

Perfuração por roto-percussão

Perfuração por rotação com

circulação directa

Cascalho

Formações não consolidadas

X X X ? ? X

Areia ? ?

Lodos bentoníticos

? ?

Argila ? lento lento

Areia com seixos ou pedras

X X X ? ? X

Xisto Formações de resistência

média a forte

X X X lento

Arenito X X X

Calcário

Formações de resistência

baixa a forte

X X X lento lento

Ígneo (granito, basalto)

X X X lento X

Metamórfica (ardósia, gneisse)

X X X m lento X

Rochas com fracturas ou vazios

X X X !

Acima do lençol freático

X ?

Abaixo do lençol freático

?

= Método de perfuração adequado ? = Risco de colapso do furo ? = Possíveis problemas

! = É necessário manter aspiração para continuar a perfuração X = Método de perfuração inapropriado

Fonte: Waterlines 1995

20

Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Anexo D Exemplos de Configuração dos Furos Figura D1: Exemplo de configuração de furo (formação não consolidada a profundidade de 100-120m – em profundidades

superiores deve usar-se revestimento de aço)

Tubo em PVC-U simples (diâmetro nominal de 4”)

Protecção Sanitária

Profundidade da protecção sanitária a 5m do nível do solo

Preenchimento a 5m do nível do solo

Preenchimento

Pré-filtro ou maciço filtrante introduzido no mínimo 3m acima do tubo de ranhuras

Pré-filtro ou maciço filtrante

Filtro

Tubo simples para reservatório (1,5m)

Tampa de fundo

Nível Natural do Solo

Formação não consolidada

Nível Freático

Aquífero

Diâmetro perfurado: 7 a 8” se for necessário pré-filtro; pode ser 5 a 6” se for usado maciço filtrante O diâmetro do tubo tem de englobar o diâmetro exterior do cilindro da bomba. A bomba deve estar posicionada no nível correcto acima da área protegida, tendo em conta as variações sazonais e do rebaixamento. Em geral será 2m abaixo do nível hidrodinâmico mínimo. Pré-filtro ou maciço filtrante*: O diâmetro de perfuração tem de incluir um pré-filtro de 2-4” de espessura ou maciço filtrante mais fino. A espessura do pré-filtro depende das características da formação. Será necessário um anel grosso (3-4”) no caso de materiais extremamente finos, como mica, que requerem maior diâmetro de perfuração (7-10”). Em alternativa, pode usar-se uma bolsa filtrante geotêxtil dependendo do risco de bio-incrustação. *Consulte no glossário a definição de pré-filtro e maciço filtrante

Não está à escala

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Figura D2: Exemplo de configuração de furo (formação semi-consolidada com risco de colapso a 100-120m – em

profundidades superiores deve usar-se revestimento de aço)

Tubo em PVC-U simples (diâmetro nominal de 4”)

Protecção Sanitária

Profundidade da protecção sanitária a 5m do nível do solo

Preenchimento a 5m do nível do solo

Preenchimento

Maciço filtrante introduzido no mínimo 3m acima do tubo de ranhuras

Pré-filtro ou maciço filtrante

Filtro

Tubo simples para reservatório (1,5m)

Tampa de fundo

Nível Natural do Solo

Overburden/Substrato Rochoso Instável

Nível Freático

Formação Consolidada/Substrato

Rochoso Estável

Aquífero

Diâmetro perfurado: 7 a 8” se for necessário pré-filtro; pode ser 5 a 6” se for usado maciço filtrante O diâmetro do tubo tem de englobar o diâmetro exterior do cilindro da bomba. A bomba deve estar posicionada no nível correcto acima da área protegida, tendo em conta as variações sazonais e do rebaixamento. Em geral será 2m abaixo do nível hidrodinâmico mínimo. Pré-filtro ou maciço filtrante*: O diâmetro de perfuração tem de incluir um pré-filtro de 2-4” de espessura ou maciço filtrante mais fino. A espessura do pré-filtro depende das características da formação. Será necessário um anel grosso (3-4”) no caso de materiais extremamente finos, como mica, que requerem maior diâmetro de perfuração (7-10”). Em alternativa, pode usar-se uma bolsa filtrante geotêxtil dependendo do risco de bio-incrustação. *Consulte no glossário a definição de pré-filtro e maciço filtrante

Não está à escala

22

Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Figura D3: Exemplo de configuração de furo (formação consolidada – revestimento e filtro em rocha matriz – 100-120m – em profundidades superiores deve usar-se revestimento de aço)

Tubo em PVC-U simples (diâmetro nominal de 4”)

Protecção Sanitária

Nível Natural do Solo

Overburden/Substrato Rochoso Instável

Nível Freático

Formação Consolidada/Substrato

Rochoso Estável

Diâmetro perfurado: 7 a 8” se for necessário pré-filtro; pode ser 5 a 6” se for usado maciço filtrante O diâmetro do tubo tem de englobar o diâmetro exterior do cilindro da bomba. A bomba deve estar posicionada no nível correcto acima da área protegida, tendo em conta as variações sazonais e do rebaixamento. Em geral será 2m abaixo do nível hidrodinâmico mínimo. Pré-filtro ou maciço filtrante*: O diâmetro de perfuração tem de incluir um pré-filtro de 2-4” de espessura ou maciço filtrante mais fino. A espessura do pré-filtro depende das características da formação. Será necessário um anel grosso (3-4”) no caso de materiais extremamente finos, como mica, que requerem maior diâmetro de perfuração (7-10”). Em alternativa, pode usar-se uma bolsa filtrante geotêxtil dependendo do risco de bio-incrustação. *Consulte no glossário a definição de pré-filtro e maciço filtrante

Não está à escala

Profundidade da protecção sanitária a 5m do nível do solo

Preenchimento a 5m do nível do solo

Preenchimento

Maciço filtrante introduzido no mínimo 3m acima do tubo de ranhuras

Pré-filtro ou maciço filtrante

Filtro

Tubo simples para reservatório (1,5m)

Tampa de fundo

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Figura D4: Exemplo de configuração de furo (formação consolidada – furo aberto a 100-120m – em profundidades superiores deve usar-se revestimento de aço)

Tubo em PVC-U simples (diâmetro nominal de 5”)

Protecção Sanitária

Profundidade da protecção sanitária a 5m do nível do solo

Preenchimento a 5m do nível do solo

Preenchimento

Protecção em massa de cimento (profundidade de 1m)

Tampa do tubo alinhada com o topo do substrato

Abertura de furo em formação rochosa a 4,5” e mantido aberto

Nível Natural do Solo

Overburden/Substrato Rochoso Instável

Nível Freático

Aquífero

Formação Consolidada

Diâmetro perfurado: 6,5” desde o material meteorizado à rocha; instalar tubo de 5” e depois perfurar 4,5” na rocha; deixar furo aberto. Por vezes pode ser necessária perfuração com encaixes, o que implica que a perfuração tem de ser iniciada com um diâmetro muito superior, como por exemplo 10 a 12”. O diâmetro do tubo tem de englobar o diâmetro exterior do cilindro da bomba. Por vezes pode ser necessário o encaixe de vários tubos que podem ter diâmetros diferentes. A bomba deve estar posicionada no nível correcto acima da área protegida, tendo em conta as variações sazonais e do rebaixamento. Em geral será 2m abaixo do nível hidrodinâmico mínimo. *Consulte no glossário a definição de pré-filtro e maciço filtrante

Não está à escala

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

Anexo E Sugestão de Modelo de Registo de Conclusão de Furos

Índice

1. Informações Gerais

2. Operação de Perfuração

3. Revestimento e Conclusão do Poço

4. Resumo do Desenvolvimento do Furo e do Ensaio de Bombagem

5. Resumo da Qualidade da Água

6. Litologia

6a. Perfil Litológico

6b. Características que serão avaliadas e estudadas durante a perfilagem das amostras de perfuração

7. Detalhes dos Ensaios de Bombagem

7a. Ensaio a Caudal Variável

7b. Ensaio a Caudal Constante

7c. Ensaio de Recuperação de Níveis

8. Parâmetros de Análise da Qualidade da Água

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

1. Informações Gerais

N.º de Referência do Furo de Captação/ Poço de Água

Uso: Comunidade Doméstico/Complexo Privado Estabelec. de Saúde Estabelec. de Ensino Instalações de Empresa Furo de Teste Outro

Local: Nome do Proprietário:

Endereço do Proprietário: Referência/Coordenadas GPS:

Coordenadas no mapa: Long. E Lat. N

Projecto/Programa de Financiamento/Privado:

Autorização de Poço N.º: Data da Emissão: Autoridade Emissora:

Nome da Empresa de Perfuração: N.º da Licença da Empresa de Perfuração:

Endereço da Empresa de Perfuração:

Esboço Cartográfico Escala Aproximada:

26

Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

2. Operação de Perfuração

Data de Início: Profundidade Total: m Método(s) de Perfuração:

Manual (indique o tipo) __________________

Percussão Rotação (Lamas) Roto-percussão (ar comprimido) DTH (fundo de furo)

Combinação (detalhes):________________________

Fabricante da Sonda de Perfuração: ________________

Fabricante do Compressor: __________________________

Profundidade em que se atinge o aquífero principal:

m

Data de Conclusão:

Nível Freático: m

Nível Hidrodinâmico: (com bombagem a ____m3/h)

m

Taxa de Penetração Média: ______ m/h (diâmetro de ______ mm/polegada)

Taxa de Penetração Média: ______ m/h (diâmetro de ______ mm/polegada)

Taxa de Penetração Média: ______ m/h (diâmetro de ______ mm/polegada)

Taxa de Penetração Média: ______ m/h (diâmetro de ______ mm/polegada)

De A Diâmetro de Perfuração

polegada mm

Método Taxa de Penetração (m/h)

m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m m

27

Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

3. Revestimento e Conclusão do Poço

Material do Revestimento: _____________________

Juntas do Tubo: De Rosca Cola e Bocal

Área Aberta do Filtro (%) ______

Tampa de Fundo: Sim Não

Revestimento

De A Diâmetro

polegada mm Tipo

m m m m m m m m m m m m

Filtro

De A Diâmetro

polegada mm Tipo Tamanho da Abertura

m m m m m m m m m m m m

Cascalho natural artificial De A Granulometria Volume Usado

m m m m m m

Preenchimento e Protecção Sanitária

De A Diâmetro polegada mm

Tipo e especificações (Preenchimento/Protecção Sanitária)

Observações dos Testes de Alinhamento e de Verticalidade:

Cabeça e Plataforma do Furo

Tampa do Furo: Sim Não

Caixa:

Placa de betão

Escoamento

Vala de Infiltração

Vedação

Bomba: Bomba Instalada: Sim Não

Vertical

Ajustada ao Tubo

Soldada ao Tubo

Tipo de Bomba:____________________________________

Observações: _______________________________________________________________________________________

28

Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

5. Resumo da Qualidade da Água

Amostra Recolhida: Sim Não

Data ________________

Qualidade Química:

pH: _______________

Laboratório: ____________

(para mais parâmetros, consulte a folha adicional) Parâmetros no Terreno:

Clara

Turva

Cor_______ Sabor_______ Odor ______ Turvação______UNT Temp. ______˚C SDT______mg/l Condutividade Eléc._______µS-cm pH ______

Qualidade Bacteriológica:

Coliformes Totais: ____________UFC por 100ml

Laboratório: _______________________________

Observações: _________________________________________________________________________________

4. Resumo do Desenvolvimento do Furo e do Ensaio de Bombagem

Desenvolvimento:

Com ar comprimido

Sobrebombagem

Pistonagem

Retrolavagem

Por jacto a alta pressão

Duração _____________h

Observações: ___________________________________

__________________________________________________

Ensaio de Bombagem:

Avaliação da capacidade de elevação da água com injecção de ar

Ensaio a Caudal Constante

Ensaio Escalonado

Duração _________h

Caudal ________l/s

Nível Hidrodinâmico: _________m

Rebaixamento: _________m

Observações: ___________________________________

__________________________________________________

6a.

Perf

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N.º

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Profundidade (m)

Des

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Granulometria dos solos*

Textura*

Grau de meteorização*

Calibração*

Arredonda-mento

Unidade Estratigráfica

(se conhecida)*

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perfu

raçã

o, á

gua)

Taxa de Pene-tração (min/m)

Caudal

Condutividade Eléctrica (µS/cm)

SDT (mg/l)

Os d

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Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis

6b. Características que serão avaliadas e estudadas durante a perfilagem das amostras de perfuração

(Fontes: Misstear et al., 2006; MacDonald et al., 2005)

Devem seguir-se procedimentos-padrão de descrição de amostras, como do Instituto Britânico de Normalização (BSI, 1999) ou da Socie-dade Americana para Testes e Materiais (ASTM, 2000).

Cor

Para aumentar a objectividade, pode ser usado um esquema definitivo para todas as cores (Sistema de Cores de Munsell®) para a classificação. As cores de Munsell® são referidas através de um conjunto de duas ou três palavras – como amarelo acastanhado ou cinzento claro azulado – e um número.

Granulometria dos solos

As partículas visíveis podem ser comparadas com recurso a um diagrama de comparação como o que se apresenta abaixo, um mos-truário de partículas ou a olho nu. Pode ser necessário usar lupa ou microscópio para ver as partículas que não são visíveis a olho nu.

Figura: Gráfico de Granulometria, Calibração e Arredondamento das Partículas (Fonte: Universidade do Wisconsin, 2010)

Textura

A amostra é compacta e densa, ou leve e frágil? Granular ou plástica? Pode ser moldada ou laminada? É possível riscar o fragmento com uma lâmina de aço ou unha? A Escala de Mohs, que quantifica a dureza dos minerais, é um indicador.

Grau de meteorização

O nível de meteorização das rochas influencia a existência de água subterrânea. Basicamente, o grau de meteorização engloba as três unidades básicas de solo, rocha meteorizada e rocha sã. A meteorização da rocha mede-se em termos da distribuição e das porções relativas de rocha fresca e descolorada, decomposta e desintegrada.

Calibração

A calibração descreve a variabilidade de características como o arredondamento e tamanho das partículas. Em materiais bem calibrados, os grãos que os compõem são maioritariamente de tamanho, forma e esfericidade semelhantes. A calibração divide-se em muito bem calibrada, bem calibrada, moderadamente bem calibrada, mal calibrada e muito mal calibrada, conforme demonstrado no gráfico de granulometria e calibração das partículas (acima).

Arredondamento

Normalmente as partículas classificam-se como angular, sub-angular, sub-arredondada, arredondada ou muito redonda, conforme gráfico acima.

Unidade Estratigráfica/Formação (se conhecidos, adicione os códigos da nomenclatura estratigráfica local)

Um geólogo ou perfurador com experiência poderão identificar as unidades estratigráficas. Contudo, é importante distinguir entre interpretação e observação, pelo que é preciso registar tanto os dados básicos originais (acima) como a interpretação do profissional.

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7. Detalhes dos Ensaios de Bombagem

7a. Ensaio a Caudal Variável (abastecimento por furo mecanizado) N.º de Referência do Furo de Captação/Poço de Água: Nome do Poço de Água: Data de Início do Ensaio: Momento do Dia: Nível Freático antes do Início do Ensaio: m Caudal Bombeado: m

Ponto de partida para as medições

Furo de Bombagem/Furo de Observação (Assinale o correcto)

Tempo Nível da Água Caudal (Q) Observação

Hora Real Horas Min

Profundi-dade do aquífero

Rebaixa-mento

Medição Volumétrica Caudalímetro SDT, Temperatura, pH e

outros aspectos (m) (m) (l/s ou m3/h) (l/s ou m3/h)

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Tempo Nível da Água Caudal (Q) Observação

Hora Real Horas Min

Profundi-dade do aquífero

Rebaixa-mento

Medição Volumétrica Caudalímetro SDT, Temperatura, pH e

outros aspectos (m) (m) (l/s ou m3/h) (l/s ou m3/h)

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Tempo Nível da Água Caudal (Q) Observação

Hora Real Horas Min

Profundi-dade do aquífero

Rebaixa-mento

Medição Volumétrica Caudalímetro SDT, Temperatura, pH e

outros aspectos (m) (m) (l/s ou m3/h) (l/s ou m3/h)

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7b. Ensaio a Caudal Constante (3 a 6 horas é suficiente em caso de abastecimento por bomba manual) N.º de Referência do Furo de Captação/Poço de Água: Nome do Poço de Água: Data de Início do Ensaio: Momento do Dia: Nível Freático antes do Início do Ensaio: m Os dados neste quadro referem-se a:

Furo de Bombagem/Furo de Observação (Assinale o correcto)

Ponto de partida para as medições Caudal Médio ( l/s) N.º do Furo Obs. Distância (m) Profundidade (m)

Tempo Nível da Água Caudal (Q) Observação Hora Real Horas Min Profundida

de da Água Rebaixa-mento Reservatório Caudalímetro SDT, Temperatura, pH e

outros aspectos (m) (m) (l/s ou m3/h) (l/s ou m3/h)

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Tempo Nível da Água Caudal (Q) Observação Hora Real Horas Min Profundida

de da Água Rebaixa-mento Reservatório Caudalímetro SDT, Temperatura, pH e

outros aspectos (m) (m) (l/s ou m3/h) (l/s ou m3/h)

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7c. Ensaio de Recuperação N.º de Referência do Furo de Captação/ Poço de Água:

Nome do Poço de Água:

Data de Início do Ensaio: Momento do Dia:

Nível da Água antes do Ensaio m Furo de Bombagem/Furo de Observação (Assinale o correcto)

Descrição do ensaio de bombagem realizado antes do ensaio de recuperação: Ponto de partida para as medições:

Tempo Nível da Água Tempo Nível da Água

Hora Real Horas Min Profundidade

da Água

Rebaixa-mento

Residual

Hora Real Horas Min Profundidade

da Água Rebaixamento

Residual

m m m m

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8. Análise da Qualidade da Água (parâmetros críticos/regulares)*

N.º de Referência do Furo de Captação/ Poço de Água:

Nível Máximo Permitido de acordo com

Padrões/Normas Nacionais ou Directrizes da OMS (OMS 2008) Constituintes Unidade Concentração

FÍSICOS Cor mg/l Pt (uC) Odor Sabor Temperatura ˚Celcius Turvação UNT Condutividade Eléctrica µS/cm QUÍMICOS Cloro (Cl-) mg/l Sulfato (SO4 2-) mg/l Nitrato (No3-) mg/l Flúor (F-) mg/l Sódio (Na+) mg/l Potássio (K+) mg/l Cálcio (Ca2+) mg/l Magnésio (Mg2+) mg/l Arsénio (As) µg/l Ferro (Fe) mg/l Manganésio (Mn) mg/l Nitrito (No2-) mg/l pH Sólidos Dissolvidos Totais (SDT) mg/l Microbiológicos Coliformes Termotolerantes (E. Coli) Total/100ml Coliformes Fecais Total/100ml Contagem de Coliformes Totais Total/100ml

* Consulte as Directrizes/Normas Nacionais de Qualidade da Água para Consumo Humano ou as Directrizes da OMS (OMS 2008) para uma lista

de parâmetros gerais.

Referências e Leituras Adicionais Adekile, D. e Kwei, C. 2009. The Code of Practice for Cost-Effective Boreholes in Ghana – Country Status Report (Código de Boas Práticas para a Obtenção

de Furos Rentáveis no Gana – Relatório de Situação no País), Relatório de Consultoria para RWSN/UNICEF. Disponível em: http://www.rwsn.ch/docu-mentation/skatdocumentation.2010-06-21.6150611965 [acesso a 21 de Junho de 2010]

Adekile, D. e Olabode, O. 2008. Study of Public and Private Borehole Drilling in Nigeria (Estudo de Perfurações Públicas e Privadas de Furos de Captação de Água na Nigéria), Relatório de Consultoria para o Departamento WASH do UNICEF Nigéria. Disponível em: http://www.rwsn.ch/documenta-tion/skatdocumentation.2009-11-16.3173940374 [acesso a 21 de Junho de 2010]

Armstrong, T. 2009. The Code of Practice for Cost-Effective Boreholes in Zambia – Country Status Report (Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis na Zâmbia – Relatório de Situação no País), Relatório de Consultoria para RWSN/UNICEF. Disponível em: http://www.rwsn.ch/docu-mentation/skatdocumentation.2009-11-16.1437220814 [acesso a 21 de Junho de 2010]

Ball, P. 2004. Solutions for Reducing Borehole Costs in Africa (Soluções para Redução dos Custos dos Furos de Captação de Água em África). Nota de Campo RWSN/WSP. Disponível em: http://www.rwsn.ch/documentation/skatdocumentation.2005-11-15.2916688092 [acesso a 21 de Junho de 2010]

British Standards Institution (Instituto Britânico de Normalização). 1999. Code of Practice for site investigations (Código de Boas Práticas para investigação de localização). Norma Britânica BS 5930.

British Standards Institution (Instituto Britânico de Normalização). 2003. International Standard: Hydrometric determinations - Pumping tests for water wells – Considerations and guidelines for design, performance and use (Norma Internacional: Determinações Hidrométricas – Ensaios de bombagem para poços de água – Considerações e orientações relativas à configuração, desempenho e utilização), Alteração n.º 1 incorporada na BS ISO 14686:2003.

Carter, R.C. 2006. Ten-step Guide Towards Cost-Effective Boreholes (Guia em Dez Passos para Obter Furos Rentáveis). Nota de Campo RWSN/WSP. Dis-ponível em: http://www.rwsn.ch/documentation/skatdocumentation.2007-06-04.5352691802 [acesso a 21 de Junho de 2010]

Danert, K. 2009. Learning from UNICEF’s Experiences of Water Well Drilling (Aprender com as Experiências do UNICEF em Perfuração de Poços de Água), Documento Interno do UNICEF.

Duffau, B. e Ouedraogo, I. 2009. Optimisation du Cout des forages – Raport de Mission, Relatório de Consultoria para RWSN/UNICEF. MacDonald, A., Davies, J., Calow, R. e Chilton, J. 2005. Developing Groundwater. A guide for Rural Water Supply (Desenvolvimento de Águas Subterrâneas

– Guia para Abastecimento de Água Rural). ITDG Publishing. Misstear, B., Banks, D. e Clark, L. 2006. Water Wells and Boreholes (Poços de Água e Furos de Captação de Água). Wiley. OMS 2008. Guidelines for Drinking Water Quality (Normas de Qualidade da Água para Consumo Humano), Inclui a Primeira e Segunda Adendas à Ter-

ceira Edição, Volume 1 – Recomendações. OMS, Genebra, Suíça. Disponível em: http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/gdwq3rev/en/in-dex.html [acesso a 25 de Junho de 2010]

República Federal da Nigéria/Instituto Nacional de Recursos Hídricos. 2009. National Code of Practice for Water Well Construction in Nigeria (Código Nacional de Boas Práticas para Construção de Furos de Captação de Água na Nigéria). Kaduna, Nigéria.

RWSN 2010. The Myths of the Rural Water Supply Sector (Mitos no Sector de Abastecimento de Água Rural), Perspectiva N.º 4. RSWN, Suíça. Disponível em: http://www.rwsn.ch/news/documentation/skatdocumentation.2009-07-27.8158674790 [acesso a 21 de Junho de 2010]

SADC 2001. Guidelines For the Groundwater Development in the SADC Region (Normas para o Desenvolvimento de Águas Subterrâneas na Região da SADC), Water Sector Coordination Unit (WSCU), Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Disponível em: http://www.sadc-groundwater.org/upload/file_304.pdf [acesso a 25 de Junho de 2010]

Sociedade Americana para Testes e Materiais. 2000. Standard Practice for Description and Identification of Soils (Prática Comum para Descrição e Identifi-cação de Solos), ASTM D2488-09a.

Universidade do Wisconsin. 2010. Grain Size Chart (Gráfico de Tamanho de Partículas), Disponível em: http://www4.uwm.edu/course/geosci697/secti-ons/grainsize%20comp.jpg [acesso a 25 de Junho de 2010]

Waterlines 1995. Technical Brief No. 43 Simple Drilling Methods, Waterlines Vol. 13 No. 3, January 1995. Disponível em: http://www.lboro.ac.uk/well/resour-ces/technical-briefs/43-simple-drilling-methods.pdf [acesso a 22 de Junho de 2010]

Autores e Revisores Elaboração e Aprovação Kerstin Danert, Tom Armstrong, Dotun Adekile, Bruno Duffau, Inoussa Ouedraogo e Clement Kwei são os autores do Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis. O documento foi objecto de análise pelos pares: Peter Harvey (UNICEF), Ron Sloots (WE Consult), Richard Carter (WaterAid), John Chilton (British Geological Survey), Oliver Taylor (Consultor da Practical Action), Alison Parker (Cranfield University) e membros da Associação Nacional de Águas Subterrâneas (NGWA). O processo de revisão foi apoiado por DEW Point, o Centro de Recursos para o Ambiente, Água e Saneamento financiado pelo Departamento de Desenvolvimento Internacional do Governo do Reino Unido (DFID) e a Associação Nacional de Águas Subterrâneas (NGWA).

A elaboração do presente documento foi orientada pela Dra. Kerstin Danert da Fundação SKAT que geriu um projecto com fi-nanciamento do UNICEF/USAID para desenvolver um Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis. Esse projecto incluía uma revisão da participação do UNICEF na execução de furos de captação de água, bem como estudos nacionais no Bur-kina Faso, Gana e Zâmbia. Foi igualmente previsto o trabalho em curso de criar protocolos nacionais para perfuração, de um co-nhecimento mais aprofundado do sector de perfuração e profis-sionalizar empresas privadas de perfuração no Burkina Faso, Eti-ópia, Gana, Níger, Nigéria, Uganda e Sudão. O Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis foi oficialmente aprovado pelo Instituto Federal de Geociências e Recursos Naturais da Alemanha (BGR).

Com o apoio da Associação Nacional de Águas Subterrâneas (EUA) com documen-tação útil.

ISBN: 978-3-908156-60-4

Contactos

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Esta publicação pode ser descarregada em: http://www.rwsn.ch/documentation