cautelas a serem observadas ao encerrar uma conta bancária

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CAUTELAS A SEREM OBSERVADAS AO ENCERRAR UMA CONTA BANCÁRIA Ao contrário do que muitos pensam, quando deixamos de utilizar/movimentar uma conta corrente bancária ela não é automaticamente encerrada por tal inércia. Caso uma pessoa não necessite mais utilizar uma conta bancária ou não preencha mais determinados requisitos para fazer jus à certas isenções de encargos e tarifas (contas universitária, salário, etc.), devem ser observados, para evitar futuros dissabores, alguns procedimentos. Objetivando facilitar a vida dos consumidores/usuários de serviços bancários, bem como padronizar os procedimentos para encerramento de contas bancárias, a FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos editou o “Roteiro de Procedimentos para o Encerramento de Contas Correntes” (link disponível ao final do texto). Logo após, o Código de Autorregulação Bancária, através do Normativo SARB 002/2008 (link disponível ao final do texto) sancionou as regras de tal procedimento aplicáveis ao consumidor pessoa física. Além de tais normas, a matéria “encerramento de conta corrente” também é regulada pela Resolução 2.747/2008 do Banco Central do Brasil (link disponível ao final do texto). Tais regras são muito simples. O consumidor que desejar fechar uma conta bancária pode pedir esse encerramento em QUALQUER AGÊNCIA do seu banco, não precisa ser na agência na qual a conta foi aberta, nem em uma agência localizada na mesma cidade ou estado. Para isso, é necessário entregar uma DECLARAÇÃO POR ESCRITO, de preferência em formulário específico fornecido pela instituição financeira. Tal documento deverá conter a assinatura do cliente ou de seu procurador legalmente habilitado. No caso de contas conjuntas, o encerramento só pode ser feito mediante a assinatura de todos os titulares ou de seus representantes legais. O banco, por sua vez, deve obrigatoriamente EMITIR UM PROTOCOLO, como prova dessa solicitação, e um demonstrativo das obrigações que o correntista deverá cumprir para que a conta possa ser encerrada, inclusive a advertência da necessidade do correntista ter crédito em conta suficiente para a liquidação de todos os compromissos assumidos com o banco, como cheques pré-datados, débitos automáticos,etc.. A partir desse momento, AS TARIFAS DE PACOTES DE SERVIÇOS DEIXAM DE SER COBRADAS e o banco tem 30 (TRINTA) DIAS para fechar a conta. É oportuno ressaltar que a conta não pode ser encerrada enquanto existir saldo devedor, compromissos ou débitos decorrentes de obrigações contratuais que o correntista mantenha com o banco e cujos pagamentos estejam vinculados à conta corrente. Mas a instituição deve acatar o pedido de encerramento mesmo que existam cheques sustados ou cancelados. Nesse caso, o cliente deve ser avisado de que, caso esses cheques sejam apresentados dentro do período de prescrição, serão devolvidos, o que não eximirá o consumidor das suas obrigações legais. Já nos casos mais comuns em que O CLIENTE ABANDONA A SUA CONTA CORRENTE, deixando-a inativa, as tarifas de serviços podem continuar a ser cobradas. Para evitar que o correntista entre em dívidas, DEPOIS

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Encerramento de Conta bancaria - cautelas

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Page 1: Cautelas a Serem Observadas Ao Encerrar Uma Conta Bancária

CAUTELAS A SEREM OBSERVADAS AO ENCERRAR UMA CONTA BANCÁRIA

Ao contrário do que muitos pensam, quando deixamos de utilizar/movimentar uma conta corrente bancária ela não é automaticamente encerrada por tal inércia.

Caso uma pessoa não necessite mais utilizar uma conta bancária ou não preencha mais determinados requisitos para fazer jus à certas isenções de encargos e tarifas (contas universitária, salário, etc.), devem ser observados, para evitar futuros dissabores, alguns procedimentos.

Objetivando facilitar a vida dos consumidores/usuários de serviços bancários, bem como padronizar os procedimentos para encerramento de contas bancárias, a FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos editou o “Roteiro de Procedimentos para o Encerramento de Contas Correntes” (link disponível ao final do texto). Logo após, o Código de Autorregulação Bancária, através do Normativo SARB 002/2008 (link disponível ao final do texto) sancionou as regras de tal procedimento aplicáveis ao consumidor pessoa física.

Além de tais normas, a matéria “encerramento de conta corrente” também é regulada pela Resolução 2.747/2008 do Banco Central do Brasil (link disponível ao final do texto).

Tais regras são muito simples. O consumidor que desejar fechar uma conta bancária pode pedir esse encerramento em QUALQUER AGÊNCIA do seu banco, não precisa ser na agência na qual a conta foi aberta, nem em uma agência localizada na mesma cidade ou estado. Para isso, é necessário entregar uma DECLARAÇÃO POR ESCRITO, de preferência em formulário específico fornecido pela instituição financeira. Tal documento deverá conter a assinatura do cliente ou de seu procurador legalmente habilitado. No caso de contas conjuntas, o encerramento só pode ser feito mediante a assinatura de todos os titulares ou de seus representantes legais.

O banco, por sua vez, deve obrigatoriamente EMITIR UM PROTOCOLO, como prova dessa solicitação, e um demonstrativo das obrigações que o correntista deverá cumprir para que a conta possa ser encerrada, inclusive a advertência da necessidade do correntista ter crédito em conta suficiente para a liquidação de todos os compromissos assumidos com o banco, como cheques pré-datados, débitos automáticos,etc.. A partir desse momento, AS TARIFAS DE PACOTES DE SERVIÇOS DEIXAM DE SER COBRADAS e o banco tem 30 (TRINTA) DIAS para fechar a conta.

É oportuno ressaltar que a conta não pode ser encerrada enquanto existir saldo devedor, compromissos ou débitos decorrentes de obrigações contratuais que o correntista mantenha com o banco e cujos pagamentos estejam vinculados à conta corrente. Mas a instituição deve acatar o pedido de encerramento mesmo que existam cheques sustados ou cancelados. Nesse caso, o cliente deve ser avisado de que, caso esses cheques sejam apresentados dentro do período de prescrição, serão devolvidos, o que não eximirá o consumidor das suas obrigações legais.

Já nos casos mais comuns em que O CLIENTE ABANDONA A SUA CONTA CORRENTE, deixando-a inativa, as tarifas de serviços podem continuar a ser cobradas. Para evitar que o correntista entre em dívidas, DEPOIS DE 90 DIAS DE INATIVIDADE OS BANCOS OBRIGATORIAMENTE DEVEM ENVIAR UMA NOTIFICAÇÃO AOS CLIENTES. Após essa comunicação, as tarifas só deixam de ser cobradas se gerarem saldo devedor na conta.

Passados 06 (SEIS) MESES SEM MOVIMENTAÇÃO, as instituições financeiras SUSPENDEM A COBRANÇA DE TARIFAS SOBRE A CONTA CORRENTE, BEM COMO DE

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ENCARGOS SOBRE O SALDO DEVEDOR EVENTUALMENTE FORMADO NESSE PERÍODO DE INATIVIDADE DA CONTA. Diante desse quadro, os bancos podem manter a conta paralisada, sem encerramento, ou enviar uma nova notificação ao cliente, dando-lhe prazo de 30 dias corridos para a sua reativação. Caso não haja manifestação nesse período, a conta pode ser fechada pelo banco. Se o saldo na conta for negativo, a instituição financeira pode cobrá-lo do consumidor, por qualquer das vias normais de cobrança (extrajudicial ou judicial).

Assim, ciente dos seus deveres e direitos, devem os consumidores exigir dos bancos, em caso de encerramento voluntário da conta corrente, a emissão do protocolo de encerramento e guardá-lo em local seguro.

Já na hipótese de abandono da conta corrente pelos consumidores, caso recebam alguma cobrança judicial ou extrajudicial dos bancos, é bom perquirir se as tarifas cobradas e encargos incidentes sobre o saldo devedor eventualmente existente observou a limitação de 06 (seis) meses a partir da paralização da movimentação de tal conta.

Em qualquer das hipóteses, caso constatem que estão sendo vítimas de cobranças indevidas, bem como que tal cobrança acarretou na inscrição de seus nomes nos cadastros restritivos de crédito (SPC, SERASA, etc), procurem um advogado de sua confiança e busquem a defesa de seus direitos.

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. EXCLUSÃO DO NOME DE CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. VEROSSIMILHANÇA. DEMONSTRAÇÃO. CONTA CORRENTE INATIVA. INCIDÊNCIA DE ENCARGOS. PRÁTICA ABUSIVA. RECURSO PROVIDO. I - A incidência de encargos em conta-corrente sem movimentação há mais de seis meses configura prática abusiva. II - Verificado que o saldo negativo da conta corrente decorre de lançamento de débitos indevidos, ilegal se mostra eventual negativação do nome do correntista.” (TJMG. Agravo de Instrumento n° 1.0024.13.104346-5/002. Órgão Julgador: 17ª Câmara Cível. Relator: Des. Leite Praça. Data da publicação da súmula).

“AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - COBRANÇA DE TARIFAS BANCÁRIAS - CONTA INATIVA - ABUSO DO DIREITO - INCLUSÃO DO NOME DO CONSUMIDOR JUNTO AOS ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO - DANOS MORAIS - VALOR DA INDENIZAÇÃO - JUROS - TERMO A QUO. O princípio da boa-fé que deve nortear as relações jurídicas merece ser aplicado ao caso. Tendo a instituição financeira verificado que a conta estava inativa, tanto que cancelou o cartão de crédito, também deveria ter comunicado a correntista quanto ao estado de sua conta e eventual interesse em cancelá-la. Mas, não. Manteve a conta, nela debitando por serviços não prestados, em franco abuso do direito, agravando a situação do devedor. A injusta inscrição de nome do consumidor em cadastro de proteção ao crédito é fato por si só capaz de causar um dano moral indenizável. Para fixação dos danos morais, deve-se levar em consideração as circunstâncias de cada caso concreto, tais como a natureza da lesão, as consequências do ato, o grau de culpa, as condições financeiras das partes, atentando-se para a sua dúplice finalidade, ou seja, meio de punição e forma de compensação à dor da vítima, não permitindo o seu enriquecimento imotivado. A data de incidência de juros é a da publicação da decisão que fixou valor a título de indenização por danos morais.” (TJMG. Apelação Cível n° 1.0362.13.005399-8/001. Órgão Julgador: 18ª Câmara Cível. Relator: Des. Mota e Silva. Data da publicação da súmula: 06/06/2014).

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Salzer AdvogadosAv. Br. Rio Branco, n° 2.985, sala 903, Centro, Juiz de Fora/MG, CEP: 36.010-012Tel. (32) [email protected]

1) Roteiro de Procedimentos para o Encerramento de Contas Correntes:http://www.febraban.org.br/7Rof7SWg6qmyvwJcFwF7I0aSDf9jyV/sitefebraban/encerr_contas.pdf

2) Normativo SARB 002/2008http://www.autorregulacaobancaria.org.br/Normativo%20SARB%20002-2008%20-%20Encerramento%20de%20contas.pdf

3) Resolução 2.747/2008 do Banco Central do Brasil:http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/2000/pdf/res_2747_v3_L.pdf