causas de aborto em vacas leiteiras

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Causas de aborto em vacas leiteiras: 1)Brucelose – uma zoonose das mais prevalentes do mundo todo.A contaminação ocorre pela ingestão de pastagens, alimentos e águas infectadas pela bactéria, mas também pelo contato direto com o animal infectado (ou com os produtos do aborto) ou sêmen. As brucelas penetram no organismo dos mamíferos pelas mucosas do trato digestório, genital ou nasal, e conjuntiva ocular. Patogenia - Nas vacas prenhas, a B. abortus prejudica a circulação materno-fetal e compromete a respiração e a alimentação do feto, que pode morrer. Se chegar ao ambiente uterino, a bactéria desencadeia uma reação inflamatória que, nos casos mais agudos, acaba provocando o abortamento no terço final da gestação. “Quando a brucela acomete uma população suscetível, com baixa imunidade, a maioria das fêmeas enfermas aborta”, Se não descartadas, as fêmeas podem transmitir novamente a bactéria a um novo embrião. Na prenhez subseqüente, a bactéria reinvade o útero, mas a proporção de abortamentos decresce em 20% a 25% e raramente ocorre na terceira prenhez, relata a pesquisadora. “Passada a fase aguda, sobrevêm a crônica, quando apenas os animais suscetíveis introduzidos no rebanho ou novilhas de primeira cria abortam”. Cerca de duas semanas após a expulsão do feto, quando o útero entra em repouso, a bactéria migra para outros órgãos ativos como a glândula mamária e os linfonodos supramamários, podendo ocasionar mastite crônica sem lesões aparentes ou mudanças das características do leite. O leite não poder ser usado para consumo humano ou para alimentação animal, pois a eliminação da bactéria é intermitente e persiste por meses. “O quadro pode evoluir para endometrite crônica e tornar o animal infértill ou estéril”. A disseminação da brucelose no rebanho é rápida e, o pior, não há cura para esse mal. Os animais infectados devem ser descartados, mesmo que assintomáticos. Ao detectar animais positivos nos testes para brucelose, o produtor deve providenciar o imediato afastamento da produção e isolamento dos outros animais. No prazo máximo de 30 dias, a contar da data da realização dos exames, esses animais deverão ser encaminhados ao abate medidas preventivas: adquirir animais livres de infeccções, com exames diagnósticos prévios; utilizar sêmen livre de agentes infecciosos; impedir a movimentação de animais infectados na propriedade e vacinar o gado de acordo com os programas sanitários oficiais. Completando, os alimentos e a água do rebanho precisam estar protegidos das fezes de animais silvestres, roedores e carnívoros, controle de roedores e vetores. “Todas as pessoas envolvidas na atividade devem estar devidamente treinadas e conscientes da importância dessas medidas’, As medidas de controle devem ser realizadas em função das necessidades do rebanho e do perfil do sistema de produção, e definidas com base na avaliação clínica dos animais enfermos, em dados epidemiológicos, de índices reprodutivos do rebanho e de exame laboratoriais. Outras medidas são a destruição, por incineração, de restos de

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Page 1: Causas de Aborto Em Vacas Leiteiras

Causas de aborto em vacas leiteiras:

1)Brucelose – uma zoonose das mais prevalentes do mundo todo.A contaminação ocorre pela ingestão de pastagens, alimentos e águas infectadas pela bactéria, mas também pelo contato direto com o animal infectado (ou com os produtos do aborto) ou sêmen. As brucelas penetram no organismo dos mamíferos pelas mucosas do trato digestório, genital ou nasal, e conjuntiva ocular. 

Patogenia - Nas vacas prenhas, a B. abortus prejudica a circulação materno-fetal e compromete a respiração e a alimentação do feto, que pode morrer. Se chegar ao ambiente uterino, a bactéria desencadeia uma reação inflamatória que, nos casos mais agudos, acaba provocando o abortamento no terço final da gestação. “Quando a brucela acomete uma população suscetível, com baixa imunidade, a maioria das fêmeas enfermas aborta”,

Se não descartadas, as fêmeas podem transmitir novamente a bactéria a um novo embrião. Na prenhez subseqüente, a bactéria reinvade o útero, mas a proporção de abortamentos decresce em 20% a 25% e raramente ocorre na terceira prenhez, relata a pesquisadora. “Passada a fase aguda, sobrevêm a crônica, quando apenas os animais suscetíveis introduzidos no rebanho ou novilhas de primeira cria abortam”.

Cerca de duas semanas após a expulsão do feto, quando o útero entra em repouso, a bactéria migra para outros órgãos ativos como a glândula mamária e os linfonodos supramamários, podendo ocasionar mastite crônica sem lesões aparentes ou mudanças das características do leite. O leite não poder ser usado para consumo humano ou para alimentação animal, pois a eliminação da bactéria é intermitente e persiste por meses. “O quadro pode evoluir para endometrite crônica e tornar o animal infértill ou estéril”. A disseminação da brucelose no rebanho é rápida e, o pior, não há cura para esse mal. Os animais infectados devem ser descartados, mesmo que assintomáticos. Ao detectar animais positivos nos testes para brucelose, o produtor deve providenciar o imediato afastamento da produção e isolamento dos outros animais. No prazo máximo de 30 dias, a contar da data da realização dos exames, esses animais deverão ser encaminhados ao abate

medidas preventivas: adquirir animais livres de infeccções, com exames diagnósticos prévios; utilizar sêmen livre de agentes infecciosos; impedir a movimentação de animais infectados na propriedade e vacinar o gado de acordo com os programas sanitários oficiais. Completando, os alimentos e a água do rebanho precisam estar protegidos das fezes de animais silvestres, roedores e carnívoros, controle de roedores e vetores. “Todas as pessoas envolvidas na atividade devem estar devidamente treinadas e conscientes da importância dessas medidas’,

As medidas de controle devem ser realizadas em função das necessidades do rebanho e do perfil do sistema de produção, e definidas com base na avaliação clínica dos animais enfermos, em dados epidemiológicos, de índices reprodutivos do rebanho e de exame laboratoriais. Outras medidas são a destruição, por incineração, de restos de animais contaminados e de fetos abortados ou qualquer outro processo que garanta a eliminação do agente infeccioso e impeça a propagação da infecção. 

LEPTOSPIROSE: Presença de roedores, animais silvestres e domésticos contaminados pela bactéria Leptospira e períodos de chuvas fortes, com inundações, compõem a dobradinha responsável pela propagação da leptospirose, “Normalmente, a interrupção da gestação é mais freqüente em infecções contraídas durante o terço final, quando a ligação materno-fetal é mais frágil”, Caso não ocorra o aborto, podem nascer animais fracos e congenitamente infectados. Durante a gestação, as leptospiras podem permanecer no útero das vacas por até 142 dias e são eliminadas nas descargas uterinas pós-parto. A expulsão do feto ocorre entre 24 a 48 horas após a infecção. “O abortamento ocorre como sequela de infecção sistêmica.

Na maioria das vezes, abortamentos, natimortos e infertilidade constituem os únicos e expressivos sinais da leptospirose no rebanho. Portanto, é sempre bom acompanhar de perto a performance

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reprodutiva dos animais para detectar a tempo possíveis anormalidades. “Deficiência reprodutiva dos plantéis, presença de roedores, manejo sanitário de rebanhos e fatores ambientais e climáticos podem levar à suspeita de leptospirose, mas o diagnóstico apenas pelos sinais e sintomas não é conclusivo, havendo a necessidade de confirmação de exames laboratoriais”

Há diversas espécies de Leptospira, mas a disseminação da bactéria ocorre principalmente pela urina de animais doentes ou portadores assintomáticos, pelo contato com os fetos abortados e a placenta.

vacinação preventiva (não obrigatória por lei), sobretudo de novilhas que ainda não entraram na fase reprodutiva; tratamento de animais doentes com antibióticos; controle dos roedores nas propriedades e eliminação de excesso de água do ambiente. “Com isso, diminui-se a prevalência da infecção por sorovares presentes na população e o grau de associação ecológica das leptospiras mantidas por animais

BVD e IBR: incidência é elevada - Os agentes causadores da diarréia viral bovina (BVD) e da rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), que também provocam aborto em vacas leiteiras, são bens comuns no País.

os abortos ocorrem porque os vírus presentes na corrente sanguínea materna podem atravessar a placenta e infectar o embrião ou feto que ainda não está com o sistema imunológico totalmente desenvolvido. Outros problemas são o comprometimento no crescimento do animal, redução da eficiência reprodutiva tanto de machos como de fêmeas e menor produção leiteira. 

Animais com boa imunidade, porém, podem contrair os vírus, mas não manifestar sinais clínicos evidentes das doenças. “Nessas condições, a viremia (presença do vírus na corrente sanguínea) por BVD é passageira, o animal produz anticorpos contra o vírus e se torna protegido contra novas infecções por longo período. No caso da IBR, o animal, uma vez infectado, será portador do vírus por toda vida e pode voltar a manifestar os sintomas quando estiver com baixa imunidade”

Secreções respiratórias, dos olhos e dos genitais são as principais vias de eliminação dos vírus de BVD e IBR. As vias de transmissão são o contato direto entre as mucosas dos animais (cópula, lambedura entre mãe e filho e de animais em estro) e até pelo ar, em curtas distâncias, ou indireto, com agulhas, material cirúrgico e luvas de palpação contaminados. 

Diarréia e problemas respiratórios são sintomas freqüentes nas infecções pelo BVD, principalmente em bovinos de seis a 18 meses de idade. “No entanto, os distúrbios reprodutivos são os que provocam maiores conseqüências, diretas e indiretas, nos índices de produção” Caso não ocorra, os bezerros podem nascer infectados, apesar da aparência saudável, tornando-se os principais responsáveis pela manutenção e transmissão do vírus no rebanho. “Embora normalmente não passem dos dois anos de idade e morram em conseqüência da infecção, esses animais devem ser identificados e descartados”

Já a IBR, causada pelo herpesvírus bovino tipo 1 (BoHV-1), caracteriza-se pela manifestação de rinotraqueíte, inflamação com pústulas da vagina e da vulva, conjuntivite, abortamento e infecção generalizada em neonatos, entre outros sintomas. “Esse vírus está altamente adaptado aos bovinos. Por isso a maioria das infecções é inaparente ou moderada”,

No entanto, em rebanhos mal alimentados e com manejo deficiente, 100% do plantel pode desenvolver os sintomas. A incidência de abortamento e de morte, no entanto, é baixa, em torno de 1% e, em raras ocasiões, atinge 10%. Mas, em animais jovens ou com baixa imunidade, sujeitos a situações de stress, a infecção pode ser fatal. 

“A determinação das taxas de infecção de animais e, principalmente, de categorias de animais susceptíveis possibilita a adoção estratégica de condutas de controle e profilaxia com o objetivo de aumentar a eficiência reprodutiva”, ensina a pesquisadora. Há vacinas específicas para os dois tipos de viroses, mas a sua aplicação não é obrigatória. 

“Essa estratégia deve ser estabelecida por um técnico especializado, baseado no estudo individualizado de cada rebanho e no risco que a doença apresenta. A análise do custo X benefício deve ser uma constante na adoção de qualquer medida”

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O protozoário Neospora sp. constitui uma das mais novas causas de aborto e problemas congênitos em bovinos. A neosporose já é a causa mais comum de aborto em várias fazendas em todo o mundo.

A espécie que determina os problemas reprodutivos em bovinos ainda não foi determinada, sendo chamada de forma generalizada Neospora sp. Entretanto, alguns trabalhos já citam a Neospora caninum como a espécie determinante de abortos em bovinos. 

Desde 1987, tem sido diagnosticado a ocorrência da Neospora sp. ocasionando abortos em bovinos em diversos países, tais como USA, Canadá, México, Inglaterra, Austrália, Israel, Nova Zelândia, Japão, África do Sul, entre outros. 

Patogenia 

Até o momento, a única rota confirmada de sua patogenia é via transplacentária. A vaca infectada contamina o feto através da placenta. Como a vaca pode ter sido contaminada, ainda não foi determinado ao certo; entretanto, suspeita-se que haja a ingestão do oocisto advindo das fezes de cães ou gatos contaminados. Infelizmente, qualquer afirmativa feita neste sentido ainda é uma especulação. A pesquisa tenta identificar qual seria o hospedeiro definitivo deste parasita e, quando este hospedeiro for determinado, grandes avanços poderão ser feitos no campo da prevenção e controle da doença. 

Aspectos Clínicos 

A grande maioria dos abortos causados pela Neospora sp. ocorre após o quarto mês de gestação. 

A doença ocorre em gado de corte e leite, sendo mais comum em gado de leite confinado. Suspeita-se que o armazenamento dos ingredientes da dieta na forma de baias abertas propicia a contaminação do alimento devido à facilidade de animais, tais como cachorros e gatos, defecarem próximo ao alimento. Os abortos causados pela Neospora sp. estão distribuídos durante todo o ano, mas a incidência aumenta na época das chuvas. 

Durante um ano, todos os fetos abortados recolhidos de 26 fazendas da Califórnia (EUA) foram submetidos ao diagnóstico de neosporose. De um total de 266 fetos, em 113 (42,5%) foi diagnosticada a doença. Além de aborto, fetos mumificados também podem estar associados com a ocorrência deste parasita. 

Muitos bezerros filhos de vacas infectadas podem nascer clinicamente normais mas, posteriormente, podem apresentar anormalidades neurológicas congênitas. É possível, ainda, ocorrer a morte de neonatos devido a problemas cardíacos pois a Neospora sp. causa lesões no miocárdio. 

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Os animais infectados que nascem, crescem normais e tornam-se novilhas, mantêm a doença no rebanho, e são potenciais candidatos a abortos . 

Diagnóstico 

O teste de ELISA (Mastazym tem sido utilizado como rotina para diagnosticar a Neospora sp. Este teste é rápido, tem menor custo que os demais, alta sensibilidade (88,6%) e especificidade (96,5%). Além de diagnosticar abortos, este teste tem sido usado para estimar a soroprevalência de rebanhos. Para isto deve-se coletar amostras de sangue das vacas cerca de 2 meses após o parto. Até o momento, não há testes para serem realizados diretamente no leite. 

Outra alternativa para a confirmação de uma suspeita de Neospora sp. é enviar para o laboratório, no caso de aborto, o feto e a placenta, sempre que possível. Exames histológicos irão identificar lesões no cérebro e coração. 

Controle e prevenção 

Até o momento não há método de tratamento ou prevenção para esta doença. A recomendação tem sido o abate, já que animais que apresentaram abortos por Neospora podem ter outros abortos ou parirem animais com defeitos congênitos. Entretanto, esta decisão é muito complexa, uma vez que não foi comprovado que um animal acometido contamine os demais do rebanho. Sabe-se apenas da contaminação vertical (mãe/feto). 

Nos EUA, como a compra de novilhas para reposição é muito comum, a tendência é haver no futuro um certificado de Rebanho Livre de Neospora, possibilitando assim uma maior segurança no programa de reposição. 

Uma recomendação prudente é eliminar fetos abortados e placentas do ambiente, os quais podem ser fontes de infecção para o hospedeiro da doença. Além disso, deve-se evitar o contato de pequenos animais, principalmente cachorros, com os ingredientes da dieta dos bovinos e com cochos d'água. 

Por fim, a existência de animais domésticos juntamente com rebanhos leiteiros pode ser uma causa de aborto nas fazendas, uma vez que ainda não há preocupação crescente neste sentido. 

Os agentes infecciosos são provavelmente a causa mais comum de abortamento bovino, mas outros fatores também podem estar envolvidos.

- Alterações genéticas: não são freqüentemente diagnosticadas, e geralmente ocorrem devido a problemas individuais das vacas e não problema do rebanho. As anormalidades genéticas podem não causar alterações na aparência do feto, mas podem resultar em abortamento devido à incapacidade do feto geneticamente alterado se desenvolver. Alguns tipos de alterações genéticas causam alterações

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visíveis no feto, mas também são raras.

- Estresse térmico: pode afetar o desempenho reprodutivo do rabinho leiteiro, geralmente comprometendo a concepção ao invés de causar abortos. Mas existem algumas evidencias de que um aumento repentino da temperatura ambiente pode causar abortamentos, como em vacas que apresentam abortamento devido à alta temperatura corporal (febre) resultante de infecções.

- Agentes tóxicos: são várias as substâncias tóxicas que podem causar abortamento, dentre elas as micotoxinas (toxinas produzidas por fungos) são bastante comuns, pois são frequentemente encontradas na alimentação das vacas leiteiras.

Bactérias que podem causar abortamento

Actinomyces pyogenes, Bacillus, Streptococcus spp. e outras bactérias encontradas comumente no ambiente podem causar abortos em vacas de leite. Esses microrganismos geralmente atingem o feto e a placenta pelo sistema circulatório. A bactéria pode não causar doença na mãe, porém o feto parece ser mais sensível, provavelmente devido à imaturidade do seu sistema imune. O resultado do crescimento bacteriano é a morte do feto e sua expulsão (abortamento).

Ureaplasm diversum e Mycoplasma bovigenitalium - geralmente esses agentes causam problema quando são introduzidos em rebanhos livres. É difícil determinar se esses agentes estão relacionados com abortamentos, pois são encontrados comumente em animais sadios.

Micoses - As infecções micóticas (fungos) também podem causar abortamento em bovinos. O principal microrganismo causador de infecção é o Aspergillus fumigatusresponsável por 80% dos abortamentos micóticos bovinos.

A infecção normalmente resulta em abortamentos que acontecem durante o terço médio e final da gestação, freqüentemente próximo ao termo, embora eles possam ocorrer já no segundo mês de gestação. A placenta normalmente é retida e permanece firmemente fixada. Infecções bacterianas secundárias normalmente ocorrem concomitantemente.

Agentes de doenças venéreas bovina

Campilobacteriose (Vibriose) - campilobacteriose (vibriose) é uma doença venérea que acomete bovino, e é causada pela bactéria do gênero Campylobacter. Este microrganismo é um patógeno de flora normal da genitália bovina, só sobrevivendo neste ambiente. É enfermidade cosmopolita, mas não é classificada como uma doença de notificação obrigatória, o que dificulta o cálculo das taxas de incidência

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e prevalência. Não existe nenhuma sintomatologia clínica típica da infecção. Normalmente, a queixa principal do proprietário é a de que as vacas ou novilhas estão retornando ao cio depois de cobertas ou inseminadas. Os quadros de abortamentos são raros. É enfermidade que acomete animais jovens e adultos, embora as vacas mais velhas apresentem maior resistência por já terem tido contato e desenvolvido imunidade com duração variada.A campilobacteriose não tem efeito clínico direto em touros. 

Tricomoníase - A tricomoníase, como é freqüentemente chamada, é uma doença venérea bovina causada por um protozoário denominado Tritrichomonas foetus. Esta enfermidade recebeu atenção especial nos últimos anos, pois tem ocorrido em regiões livres. É difícil de ser diagnosticada e eliminada de um rebanho. É menos comum em locais que usam IA e mais comum onde se usa ainda a monta natural. Embora os touros sejam os portadores da doença, eles não mostram nenhum sinal clínico. Nas fêmeas, a infertilidade, os abortamentos precoces (primeiro 60 dias) e quadros de piometras (infecções uterinas) são os sintomas clínicos mais comuns. Outros sintomas como diminuição na taxa de concepção e cios irregulares também é relatada. A morte embrionária precoce pode ser maior do que 5%. A tricomoníase não causa nenhum sinal clínico alarmante podendo, portanto, passar despercebida, até que as primeiras falhas reprodutivas ocorram.

Na maioria dos casos de abortamento a causa não é determinada.

PRODUTOS QUE PODEM CAUSAR ABORTO

1 - MEDICAMENTOS

L_27/03/13 ISOPHÓS- NutriçãoAnimal - Abortoemvacas Leiteiras - Artigos - Notícias

www.isophos.com.br/html/modules/news/article.php?storyid=89 2/3

1 - MEDICAMENTOS

* Acetilcolina

* Analgésicos fortes

* Arecolina

* Carrapaticidas

* Clucocorticoides

* Corticosteróides

* Erfotamina

* Estrógenos

* Grandes infusões intravenosa nos últimos meses de gestação

* Oxitocina

* Pilocarpina

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* Prostaglandina

* Purgantes salinos (sulfato de sódio, sulfato de magnésio)

* Sulfato de atropina

* Vermífugos

2 - PLANTAS

* Anileira, Anil - Indigofera suffruticosa

* Jaborandi, Cutia - Pilocarpus pinnatifolius

* Mamona, Rícino - Ricinus communis

* Timbó, Maria Preta, Cinamomo Bravo - Ateleia glazioviana

3- OUTROS PRODUTOS

* Ácido prússico do sorgo

* Aflatoxinas - fungos Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus

* Alimento atacado pôr fungos ou estragado

* Cevada fermentada (azeda)

* Consumo exagerado de leguminosas

* Ergotismo - fungo Claviceps purpurea

* Nitratos e Nitritos

* Silagem estragada

* Trevos muito passados, queimados pôr geada ou fermentados

* Uréia mal dosada

* Veneno de cobra (principalmente cascavel)

Existem outras causas que levam ao aborto e não são infeciosas como pôr exemplo grande perda de sangue e dispepsia

(má digestão) que através das diarréias, dores e coligas causam o aborto. Alguns dos sintomas acima podem, também, ser

o anúncio de uma infeção.

ABORTOS INFECIOSOS

Como microorganismos que causam aborto nos bovinos podemos citar, pôr exemplo, as Salmonelas. Na prática elas

aparecem junto com os sintomas de diarréia. Muitos destes microorganismos atacam os bovinos quando os estábulos não

são mantidos com uma boa higiene. Na 2º metade da gravides podem ocorrer Micoses. Provocam as micoses os fungos

Aspergillus ou o fermento Candida, que se criam em fenos e palhas mofadas. A infeção, também pode ocorrer através do ar

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ou de alimentos estragados. Outro meio de contaminação são as camas de palhas mofadas e contaminadas pôr fungos. As

silagens estragadas, com um ph superior a 5 podem causar aborto nas vacas entre o 4º e 7º mes de gestação. Nestes casos

suspeita-se que a infeção foi causada pôr uma Listeriose. A Listeriose aparece mais no outono/inverno quando silagem

estragada é fornecida as vacas. Outras causas de aborto, como a brucelose diminuíram de importância nos últimos anos.

A causa de aborto mais atual é um vírus que se chama VÍRUS DA DIARRÉIA BOVINA (VDB) ou seja em bom português o vírus

causador da diarréia. Existem, atualmente, indicações que dão o VDB como a principal causa de aborto em bovinos. A

principal ação contra este vírus é a seleção de animais isentos. Os sinais a seguir podem ser um indicativo de existência de

VDB no rebanho:

* Aumento de vacas em anestro

* Indicação de vírus no feto e na vaca-mãe

* Existência de anticorpos no rebanho

* Nascimento de terneiras muito fracas ou deformadas

A segunda causa de aborto mais atual é a NEOSPOROSE. Esta doença que tem como agente o bacilo Neospora caninum,

pode como o próprio nome diz atacar os cachorros. A origem e o contaminador desta infeção são desconhecidos. A

neosporose está ocorrendo, também em outros países. No oeste dos Estados Unidos foi diagnosticado neosporose em 28%

dos fetos. Em propriedades onde está ocorrendo casos de aborto deve-se mandar examinar os fetos contra neosporose,

mesmo quando o aborto ocorrer antes do 3º mês de gravides. Outras importantes causas de aborto são a Rinotraqueite

Infeciosa Bovina – Vulvovaginite Granular (IBR – IPV) e o Aborto Bovino Epidêmico (Chlamydien) assim como a Coxiella

burnetii, sendo que os dois últimos bacilos podem inclusive contaminar as pessoas. A Leptospirose causa aborto em 20 a

40% das vacas quando a infeção se processa no último trimestre da gestação Neste caso a solução do problema é a

identificação dos sorotipos presentes e o uso de imunógenos específicos. A vacinação sistemática reduz a freqüência do

problema. Em todos os casos deve-se, inicialmente, procurar a causa do aborto nos agentes infeciosos, dando negativo

procurar nas causas não infeciosas. Fetos abortados para serem remetidos para exame não devem ser congelados mas sim

Page 9: Causas de Aborto Em Vacas Leiteiras

resfriados.

CAMPILOBACTERIOSE

Enfermidade assim denominada por ser causada por espécies do gênero Campilobacter fetus subesp.  venerealis , sendo também uma doença venérea, exclusivamente de bovinos que não causa nenhum mal aos machos, mas inflamações no trato genital feminino podendo levar até a infertilidade, passando por baixa taxa de natalidade, endometrite, aborto entre o 4° e o 7° mês de gestação.

O desempenho reprodutivo das fêmeas pode sugerir a presença da enfermidade, sendo que os sinais clínicos se assemelham à tricomonose e de outras doenças infecciosas do aparelho genital.

O tratamento em bovinos é desaconselhável, pois os resultados são insatisfatórios e antieconômicos, salvo em condições especiais, quando podem ser tratados com estreptomicina. A principal medida é o uso de Inseminação Artificial como tratamento de eleição.

Noeopora:

Em meados de 1988, um parasita protozoário semelhante ao Toxoplasma gondii foi descrito pela primeira vez e nomeado Neospora caninum. Três anos após sua descoberta, este protozoário foi considerado a principal causa de aborto em bovinos leiteiros no estado da Califórnia, EUA. Desde então, Neospora tem sido descrito como uma das principais doenças relacionadas ao aborto bovino em grande parte do mundo. No Brasil, o primeiro relato de neosporose bovina ocorreu em 1999, quando o protozoário foi identificado em um feto abortado, proveniente de uma propriedade leiteira com histórico de aborto, no estado de São Paulo

Como a neosporose é uma doença recentemente descoberta, comportamento da infecção, medidas de controle e prevenção, tratamento e vacinas ainda estão sendo investigados e muito estudo ainda precisa ser realizado, a fim de que se criem medidas efetivas de manejo que minimizem os efeitos desta infecção em bovinos. Somente dez anos após a descrição da doença, descobriu-se que os cães são os hospedeiros definitivos de Neospora, servindo como reservatório da infecção. Os canídeos, por sua vez, podem eliminar o parasita (na forma de oocistos) pelas fezes, após ingerirem carcaças bovinas infectadas com Neospora. Uma vez ingerindo ração contaminada com o parasita, os bovinos podem adquirir a infecção e tornarem-se portadores assintomáticos do protozoário durante a vida inteira. Além de infectarem-se através da ingestão de oocistos presentes no ambiente, os bovinos podem adquirir neosporose via transplacentária (mãe-filho) e se o feto sobreviver a infecção intrauterina, pode nascer viável, porém estar infectado sem sintomas. 

Transmissão da doença

Aparentemente, as chances de uma vaca soropositiva transmitir a infecção para o feto variam entre 45-90%. As únicas formas de transmissão da doença são da mãe para o filho ou através dos cães. Os efeitos causados pela infecção estão relacionados com as perdas reprodutivas. Aborto, principalmente entre o quarto e sexto mês de gestação é o principal sintoma clínico. A vaca que aborta não demonstra outras anormalidades, estando aparentemente saudável. Mumificação fetal, nascimentos de terneiros fracos com sinais

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neurológicos e indícios de mortalidade embrionária são outros possíveis sintomas da doença, embora ocorram em menor freqüência do que o aborto. Toda a vaca soropositiva tem maiores chances de abortar que vacas soronegativas e vacas que já nasceram infectadas pela mãe, e que apresentam histórico de aborto, têm maiores chances de repetir o aborto do que vacas que nascem infectadas sem histórico de aborto. Há fortes indícios de que alguns animais soropositivos repitam o aborto, provavelmente devido a uma falha do sistema imune.

Tipos de aborto

Os abortos podem ocorrer de forma esporádica ou em surtos epidêmicos. Normalmente, os surtos epidêmicos são decorrentes de uma infecção externa, através da ingestão de oocistos liberados pelos cães, fazendo com que um grande número de vacas se infectem. Ao se infectarem pela primeira vez, grande parte das vacas prenhes principalmente entre quatro e seis meses poderão abortar. Abortos causados por Neospora também podem ser decorrentes da reativação da infecção em animais cronicamente infectados. Esta reativação provavelmente é decorrente de fatores estressantes, como mudanças bruscas de temperatura, mudança de dieta ou dietas mal balanceadas, micotoxinas na ração, problemas de manejo em geral (que variam de fazenda para fazenda, afetando o bem estar animal) e doenças concomitantes como, por exemplo, BVDV.

Como os agentes infecciosos que causam aborto estão amplamente difundidos no meio ambiente, chances de infecção concomitante, ou seja, mais de um agente ao mesmo tempo, podem aumentar ainda mais as chances de aborto. 

Casos de aborto bovino causados por Leptospira sp. e Neospora caninum já foram observados no estudo que vem sendo realizado na UFRGS. As medidas de controle e prevenção devem ser tomadas principalmente após o conhecimento do verdadeiro impacto da neosporose dentro do rebanho. Em outras palavras, nem toda a propriedade que apresente vacas soropositivas em diferentes níveis de prevalência apresentarão sérios problemas de aborto. Isto dependerá muito da forma de infecção e manejo empregado em cada propriedade. Portanto, o primeiro passo é certificar-se da presença da doença dentro da propriedade, através de evidências sorológicas e diagnóstico realizado no maior número de fetos abortados possíveis. 

Medidas de controle

Os exames sorológicos devem ser realizados para uma avaliação epidemiológica, para que se verifique a situação e se avalie o impacto da neosporose no rebanho. Desta maneira, medidas de controle baseado no descarte racional de animais podem ser tomadas. É inviável descartar todos os animais soropositivos de uma propriedade com alta soroprevalência. Por outro lado, o descarte de animais soropositivos com histórico de aborto baseado no resultado sorológico de apenas um animal da propriedade também não é uma medida racional, já que muitos animais soropositivos podem ter abortado por outras causas. Novamente, uma avaliação geral da propriedade através de uma análise soroepidemiológica e histórico reprodutivo constitui-se na melhor maneira para iniciar-se um programa de controle e prevenção da doença. Compra de animais com pelo menos dois resultados negativos para Neospora caninum (entre outras doenças infecciosas, é claro) também se constitui em uma importante arma preventiva. Manter o silo coberto e a ração dos bovinos fora do alcance dos cães, também é de extrema importância no controle

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da neosporose. Procure manter os cães afastados dos bovinos e evite oferecer restos de carcaças de bovinos. Se possível, tente recolher a placenta após o parto. Os cães podem infectar-se ao ingerirem carcaças de bovino e restos de placenta de animais infectados, podendo transmitir a infecção.

Ainda não há um tratamento efetivo contra a neosporose bovina. Estudos utilizando drogas antiprotozoárias em terneiros infectados têm mostrado algum efeito relativo à diminuição da disseminação do parasito no animal. Porém, como é impossível prever o aborto, o tratamento de neospororose bovina não teria nenhum sentido prático e seria anti-econômico. Com relação à vacinação, há indícios de que as vacinas inativadas conferem algum efeito na prevenção da transmissão vertical (mãe-filha), porém seu resultado na prevenção do aborto é muito discutível. Portanto, ainda não se sabe sobre as vantagens econômicas de se utilizar vacinas inativadas contra Neospora.

Causas do aborto

É sempre bom esclarecer que o aborto bovino tem muitas causas, e que nem todo o aborto é decorrente de uma causa infecciosa. Há, por exemplo, plantas tóxicas que causam aborto e são muito importantes em determinadas regiões do Brasil. Portanto, temos de ter cuidado para não supervalorizar o aborto causado por Neospora. Devemos ter em mente que um monitoramento, análise das perdas reprodutivas e diagnóstico são fundamentais para minimizar os impactos causados, tanto por Neospora como por qualquer outro fator (infeccioso ou não) que possa prejudicar o desempenho reprodutivo do seu rebanho.

Análise do feto

Os abortos devem ser examinados para se saber qual a causa e poder tomar as providências necessárias. Embora um feto abortado apresente problemas com autólise, pois, freqüentemente, o feto abortado já estava morto há mais tempo no útero da vaca, antes de ser expelido, o diagnóstico de neosporose e diversas outras doenças infecciosas é bastante seguro em fetos abortados. Pela nossa experiência, é possível detectar o agente Neospora caninum em material autolisado com bastante segurança por imunoístoquímica. É importante que os fetos abortados sejam enviados inteiros e quando for possível, também a placenta, para diagnóstico de necropsia.