causa e efeito ou meio e condição

4
Causa e Efeito ou Meio e Condição? Estive relendo hoje a parábola “Os trabalhadores na vinha” e me ocorreu voltar a escrever algo para colocar sob judice no blog. O tema sobre o título acima exposto merece um pouco de atenção de nossa parte, pois faz parte do contexto dessa parábola de Jesus. Tentar esclarecer esse “trilhar” no “Caminho de volta à morada do Pai” é sempre uma premissa que considero importante para colocar em pauta. Será que Deus mede o nosso prêmio pelo nosso merecimento? Se levarmos em conta que fomos apresentados a Deus com amor por Jesus, devemos então considerar a sua palavra como premissa de revelação a respeito desse Caminho e sobre esse “trilhar”. Segundo o Mestre, as leis da causalidade são do plano físico-mental, não procedem e nem atuam no plano espiritual, pois, ele nos diz: “Os vossos caminhos não são os meus caminhos, e o vosso pensamento não é o meu pensamento”. É o “dai a Cezar o que é de Cezar e a Deus o que é de Deus”, - literalmente! Observo, que na parábola quando um trabalhador da undécima hora recebe antecipadamente o mesmo denário que o trabalhador da primeira hora, esse esforço mínimo não é uma causa interna, mas, simples condição externa para o advento desse pagamento, pois a causa é a bondade desse senhor

Upload: j-alfredo-biao

Post on 24-Jan-2017

94 views

Category:

Education


0 download

TRANSCRIPT

Causa e Efeito ou Meio e Condição?

Estive relendo hoje a parábola “Os trabalhadores na vinha” e me ocorreu voltar a escrever algo para colocar sob judice no blog. O tema sobre o título acima exposto merece um pouco de atenção de nossa parte, pois faz parte do contexto dessa parábola de Jesus. Tentar esclarecer esse “trilhar” no “Caminho de volta à morada do Pai” é sempre uma premissa que considero importante para colocar em pauta.Será que Deus mede o nosso prêmio pelo nosso merecimento? Se levarmos em conta que fomos apresentados a Deus com amor por Jesus, devemos então considerar a sua palavra como premissa de revelação a respeito desse Caminho e sobre esse “trilhar”. Segundo o Mestre, as leis da causalidade são do plano físico-mental, não procedem e nem atuam no plano espiritual, pois, ele nos diz: “Os vossos caminhos não são os meus caminhos, e o vosso pensamento não é o meu pensamento”. É o “dai a Cezar o que é de Cezar e a Deus o que é de Deus”, - literalmente!Observo, que na parábola quando um trabalhador da undécima hora recebe antecipadamente o mesmo denário que o trabalhador da primeira hora, esse esforço mínimo não é uma causa interna, mas, simples condição externa para o advento desse pagamento, pois a causa é a bondade desse senhor ao dispor dos seus bens sem nenhum condicionamento prévio, premiando aqueles que o seguiram apenas e tão somente através de uma promessa de um “pagamento justo”, como também, aqueles com quem tratou um pagamento de um denário por todo um dia de trabalho. Ele é livre no critério da distribuição dos seus bens, não é servo da justiça humana, mas Senhor da Justiça.

Assim, não existe um humano credor de Deus ou um Deus devedor de méritos humanos. Tudo é Graça, - que é de graça! Não há barganhas...Criar em si um meio e uma condição favorável para receber o presente da graça, é estar receptivo ao Seu chamado sem questionar a forma e sem se achar preparado. É atendê-lo como um bom servo apenas. Ele não é nosso empregador e nós não somos seus empregados. Não há essa relação de direitos e deveres entre as partes, com barganhas de competência, segurança e pagamentos. Essa relação de convívio entre classes é humano, não espiritual. Aqui sim, vigora nesse plano finito uma relação de Causa e Efeito, pois no plano espiritual e infinito essa regra não procede.Se trabalho bem, tenho competência na área que atuo, sou zeloso, não falto e não me atraso, o faço na certeza de merecer como recompensa aquilo que me é devido com a mesma responsabilidade e presteza do meu empregador. Porém, na verticalidade da justiça divina esses parâmetros não existem. Tentarei esclarecer o meu ponto de vista com uma metáfora: Se um homem abre uma janela em sua alma, e a luz solar da graça entrar por essa janela, não podemos considerar que o abrir a janela seja a causa da iluminação de sua alma, pois, se lá fora não houvesse o sol com essa finalidade, de nada serviria o abrir a janela. Assim, o abrir a janela não é a causa dessa iluminação, apenas o meio. A condição é a de não ser um dia nublado. A causa é o sol com a sua luz! Logo, concluo que Deus é a única causa que gera um efeito. Por isso, Jesus nos adverte com esses dizeres:“Quando tiverdes feito tudo o que devies fazer, dizei: Somos servos inúteis, fizemos o que tínhamos de fazer; nenhum prêmio merecemos por isso.” Servo, tem a função única de servir, nunca de ser servido!

Como ser possível falarmos em prêmio por merecimento, como Causa e Efeito à luz dessas palavras e da parábola “Os trabalhadores na vinha”, do Mestre Jesus?Essa nossa presença e o nosso trabalho na “vinha do senhor” é necessária, não como causa interna do efeito, mas como condição externa do mesmo.Na parábola, todos os servos estavam trabalhando na vinha; era a condição indispensável para receberem o prêmio de um denário, mas não foi à causa. Assim, os trabalhadores que começaram cedo julgavam possuir uma causa maior (maior tempo de trabalho), e por isso, terem um efeito maior (pagamento maior, e em primeiro lugar), estando em erro, pois confundiram condição (trabalho na vinha) com a causa (bondade do senhor).Assim, nem os últimos devem se vangloriar de terem sido agraciados com o pagamento de um denário em primeiro lugar e por um tempo menor de trabalho, nem os primeiros tinham razões para se queixarem, pois ninguém recebeu o denário por merecimento. Todos foram agraciados pelo dono da vinha.Nele, que não veio aqui para julgar nossos méritos, mas sim, para nos resgatar dos deméritos.Alfredo Bião D’Osàálá