catecismo - eu creio, nós cremos

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  • 8/18/2019 Catecismo - Eu Creio, Nós Cremos

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    «EU CREIO» – «NÓS CREMOS»

    26. Quando professamos a nossa fé, começamos por dizer: «Creio», ou«Cremos». Portanto, antes de expor a fé da Igreja, tal como é confessada noCredo, celerada na liturgia, !i!ida na pr"tica dos mandamentos e na oraç#o,

     perguntemos a n$s mesmos o %ue significa «crer». & fé é a resposta do 'omema (eus, %ue a ele )e re!ela e )e oferece, resposta %ue, ao mesmo tempo, trazuma luz superaundante ao 'omem %ue usca o sentido *ltimo da sua !ida.Comecemos, pois, por considerar esta usca do 'omem (capítulo

     primeiro): depois, a +e!elaç#o di!ina pela %ual (eus !em ao encontro do'omem (capítulo segundo); finalmente, a resposta da fé (capítulo terceiro).

     

    C&P-/0 P+I12I+0

    O HOMEM É «CAPAZ» DE DEUS

    I. O desejo de Deus

    27. 0 desejo de (eus é um sentimento inscrito no coraç#o do 'omem, por%ueo 'omem foi criado por (eus e para (eus. (eus n#o cessa de atrair o 'omem

     para )i e s$ em (eus é %ue o 'omem encontra a !erdade e a felicidade %ue

     procura sem descanso:«& raz#o mais sulime da dignidade 'umana consiste na sua !ocaç#o 3comun'#o com (eus. (esde o começo da sua exist4ncia, o 'omem écon!idado a dialogar com (eus: pois se existe, é s$ por%ue, criado por (eus

     por amor, é por 2le, e por amor, constantemente conser!ado: nem pode !i!er plenamente segundo a !erdade, se n#o recon'ecer li!remente esse amor e n#ose entregar ao seu Criador»567.

    28. (e muitos modos, na sua 'ist$ria e até 'oje, os 'omens exprimiram a sua

     usca de (eus em crenças e comportamentos religiosos 5oraç8es, sacrif9cios,cultos, meditaç8es, etc.7. &pesar das amiguidades de %ue podem enfermar,estas formas de express#o s#o t#o uni!ersais %ue em podemos c'amar ao'omem um ser religioso:

    (eus «criou de um s$ 'omem todo o género 'umano, para 'aitar sore asuperf9cie da terra, e fixou per9odos determinados e os limites da sua'aitaç#o, para %ue os 'omens procurassem a (eus e se esforçassemrealmente por 0 atingir e encontrar. a !erdade, 2le n#o est" longe de cadaum de n$s. ; n?@>A7.

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    2. 1as esta «relaç#o 9ntima e !ital %ue une o 'omem a (eus»5>7 pode seres%uecida, descon'ecida e até explicitamente rejeitada pelo 'omem. -aisatitudes podem ter origens di!ersas 5B7 a re!olta contra o mal existente nomundo, a ignorncia ou a indiferença religiosas, as preocupaç8es do mundo edas ri%uezas5D7, o mau exemplo dos crentes, as correntes de pensamento'ostis 3 religi#o e, finalmente, a atitude do 'omem pecador %ue, por medo, seesconde de (eus5E7 e foge %uando 2le o c'ama 5?7.

    !". «2xulte o coraç#o dos %ue procuram o )en'or» 5Sl  6FE, B7. )e o 'omem pode es%uecer ou rejeitar (eus, (eus é %ue nunca deixa de c'amar todo o'omem a %ue 0 procure, para %ue encontre a !ida e a felicidade. 1as esta

     usca exige do 'omem todo o esforço da sua intelig4ncia, a rectid#o da sua!ontade, «um coraç#o recto», e tamém o testemun'o de outros %ue oensinam a procurar (eus.

    ;s grande, )en'or, e altamente lou!"!elG grande é o teu poder e a tuasaedoria é sem medida. 2 o 'omem, pe%uena parcela da tua criaç#o, pretendelou!ar@-e H precisamente ele %ue, re!estido da sua condiç#o mortal, traz em sio testemun'o do seu pecado, o testemun'o de %ue -u resistes aos soeros.&pesar de tudo, o 'omem, pe%uena parcela da tua criaç#o, %uer lou!ar@-e. -u

     pr$prio a isso o incitas, fazendo com %ue ele encontre as suas del9cias no teulou!or, por%ue nos fizeste para -i e o nosso coraç#o n#o descansa en%uanton#o repousar em -i 5=7.

    II. Os #$%&'(os de $#esso $o #o'(e#&%e')o de Deus

    !*. Criado 3 imagem de (eus, c'amado a con'ecer e a amar a (eus, c 'omem%ue procura (eus descore certos «camin'os» de acesso ao con'ecimento de(eus. -amém se l'es c'ama «pro!as da exist4ncia de (eus» H n#o nosentido das pro!as %ue as ci4ncias naturais indagam mas no de «argumentoscon!ergentes e con!incentes» %ue permitem c'egar a !erdadeiras certezas.

    2stes «camin'os» para atingir (eus t4m como ponto de partida criaç#o: omundo material e a pessoa 'umana.

    !2. 0 mundo: A partir do mo!imento e do de!ir, da conting4ncia, da ordem eda eleza do mundo, pode c'egar@se ao con'ecimento de (eu: como origem efim do uni!erso.

    )#o Paulo afirma a respeito dos pag#os: «0 %ue se pode con'ecer de (eusmanifesto para eles, por%ue (eus l'o manifestou. (esde a criaç#o do mundo,a perfeiç8es in!is9!eis de (eus, o seu poder eterno e a sua di!indade tornam@se pelas suas oras, !is9!eis 3 intelig4ncia» (Rm 6, 6@>F7 5A7.

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    2 )anto &gostin'o: «Interroga a eleza da terra, interroga a eleza do marinterroga a eleza do ar %ue se dilata e difunde, interroga a eleza do céu J...Kinterroga todas estas realidades. -odas te respondem: 2st"s a !er como somo

     elas. & eleza delas é o seu testemun'o de lou!or J«confessio»K. 2ssas elezas sujeitas 3 mudança, %uem as fez sen#o o Lelo J«Ptdcher»K , %ue n#oest" sujeite 3 mudançaM» 57.

    !! . 0 homem: Com a sua aertura 3 !erdade e 3 eleza, com o seu sentido do em moral, com a sua lierdade e a !oz da sua consci4ncia, com a sua nsiade infinito e de felicidade, o 'omem interroga@se sore a exist4ncia de (eus.

     estas aerturas, ele detecta sinais da sua alma espiritual. «Nérmen deeternidade %ue traz em si mesmo, irredut9!el 3 simples matéria» 56F7, a suaalma s$ em (eus pode ter origem.

    !+. 0 mundo e o 'omem atestam %ue n#o t4m em si mesmos, nem o seu primeiro princ9pio, nem o seu fim *ltimo, mas %ue participam do )er@em@si,sem princ9pio nem fim. &ssim, por estes di!ersos «camin'os», o 'omem podeter acesso ao con'ecimento da exist4ncia duma realidade %ue é a causa

     primeira e o fim *ltimo de tudo, «e a %ue todos c'amam (eus» 5667.

    !,. &s faculdades do 'omem tornam@no capaz de con'ecer a exist4ncia de um(eus pessoal. 1as, para %ue o 'omem possa entrar na sua intimidade, (eus%uis re!elar@)e ao 'omem e dar@l'e a graça de poder receer com fé estare!elaç#o. -oda!ia, as pro!as da exist4ncia de (eus podem dispor para a fé e

    ajudar a perceer %ue a fé n#o se op8e 3 raz#o 'umana.

    III. O #o'(e#&%e')o de Deus se-u'do $ I-ej$

    !6. «& )anta Igreja, nossa 1#e, atesta e ensina %ue (eus, princ9pio e fim detodas as coisas, pode ser con'ecido, com certeza, pela luz natural da raz#o'umana, a partir das coisas criadas» 56>7. )em esta capacidade, o 'omem n#o

     poderia acol'er a re!elaç#o de (eus. 0 'omem tem esta capacidade por%uefoi criado «3 imagem de (eus» 5n 6, >=7.

    !7. as condiç8es 'ist$ricas em %ue se encontra, o 'omem experimenta, noentanto, muitas dificuldades para c'egar ao con'ecimento de (eus s$ com asluzes da raz#o:

    «Com efeito, para falar com simplicidade, apesar de a raz#o 'umana poder!erdadeiramente, pelas suas forças e luz naturais, c'egar a um con'ecimento!erdadeiro e certo de um (eus pessoal, %ue protege e go!erna o mundo pelasua pro!id4ncia, em como de uma lei natural inscrita pelo Criador nas nossasalmas, '", contudo, astantes ost"culos %ue impedem esta mesma raz#o deusar eficazmente e com fruto o seu poder natural, por%ue as !erdades %uedizem respeito a (eus e aos 'omens ultrapassam asolutamente a ordem das

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    coisas sens9!eisG e %uando de!em traduzir@se em actos e informar a !ida,exigem %ue nos d4mos e renunciemos a n$s pr$prios. 0 esp9rito 'umano, paraad%uirir semel'antes !erdades, sofre dificuldade da parte dos sentidos e daimaginaç#o, em como dos maus desejos nascidos do pecado original. (a9deri!a %ue, em tais matérias, os 'omens se persuadem facilmente da falsidadeou, pelo menos, da incerteza das coisas %ue n#o desejariam fossem!erdadeiras» 56B7.

    !8. ; por isso %ue o 'omem tem necessidade de ser esclarecido pela+e!elaç#o de (eus, n#o somente no %ue diz respeito ao %ue excede o seuentendimento, mas tamém sore «as !erdades religiosas e morais %ue, de si,n#o s#o inacess9!eis 3 raz#o, para %ue possam ser, no estado actual do género'umano, con'ecidas por todos sem dificuldade, com uma certeza firme e semmistura de erro» 56D7.

    I/. Co%o 0$1$ de Deus

    !. &o defender a capacidade da raz#o 'umana para con'ecer (eus, a Igrejaexprime a sua confiança na possiilidade de falar de (eus a todos os 'omens ecom todos os 'omens. 2sta con!icç#o est" na ase do seu di"logo com asoutras religi8es, com a filosofia e as ci4ncias, e tamém com os descrentes eos ateus.

    +". 1as dado %ue o nosso con'ecimento de (eus é limitado, a nossa

    linguagem, ao falar de (eus, tamém o é. #o podemos falar de (eus sen#o a partir das criaturas e segundo o nosso modo 'umano limitado de con'ecer ede pensar.

    +*. -odas as criaturas s#o portadoras duma certa semel'ança de (eus, muitoespecialmente o 'omem, criado 3 imagem e semel'ança de (eus. &s m*ltiplas

     perfeiç8es das criaturas 5a sua !erdade, a sua ondade, a sua eleza7reflectem, pois, a perfeiç#o infinita de (eus. (a9 %ue possamos falar de (eusa partir das perfeiç8es das suas criaturas: «por%ue a grandeza e a eleza dascriaturas conduzem, por analogia, 3 contemplaç#o do seu &utor» 5S! 6B, E7.

    +2. (eus transcende toda a criatura. (e!emos, portanto, purificarincessantemente a nossa linguagem no %ue ela tem de limitado, de ilus$rio, deimperfeito, para n#o confundir o (eus «inef"!el, incompreens9!el, in!is9!el,impalp"!el» 56E7 com as nossas representaç8es 'umanas. &s nossas pala!ras'umanas ficam sempre a%uém do mistério de (eus.

    +!. &o falar assim de (eus, a nossa linguagem exprime@se, e!identemente, demodo 'umano. 1as atinge realmente o pr$prio (eus, sem toda!ia poderexprimi@/o na sua infinita simplicidade. (e!emos lemrar@nos de %ue, «entreo Criador e a criatura, n#o é poss9!el notar uma semel'ança sem %ue a

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    dissemel'ança seja ainda maior» 56?7, e de %ue «n#o nos é poss9!el apreenderde (eus o %ue 2le é, sen#o apenas o %ue 2le n#o é, e como se situam os outrosseres em relaç#o a 2le»56=7.

    Resu%&'do3

    ++. " homem #, por nature$a e %oca&'o, um ser religioso. indo de eus ecaminhando para eus, o homem n'o %i%e uma %ida plenamente humana

     sen'o na medida em *ue li%remente %i%er a sua rela&'o com eus.

    +, . " homem foi feito para %i%er em comunh'o com eus, em *uem encontraa sua felicidade: «+uando eu esti%er todo em i, n'o mais ha%er- triste$anem angstia; inteiramente repleta de i, a minha %ida ser- %ida plena»56A7.

    +6 .

    +uando escuta a mensagem das criaturas e a %o$ da sua consci/ncia, ohomem pode alcan&ar a certe$a da e0ist/ncia de eus, causa e fim de tudo.

    +7. A 1gre2a ensina *ue o eus nico e %erdadeiro, nosso 3riador e Senhor; pode ser conhecido com certe$a pelas suas o!ras, gra&as 4 lu$ natural da

    ra$'o humana 567.

    +8. 56s podemos realmente falar de eus partindo das mltiplas perfei&7esdas criaturas, semelhan&as de eus infinitamente perfeito, ainda *ue a nossalinguagem limitada n'o consiga esgotar o mist#rio.

    + . «A criatura sem o 3riador es%ai8se» 5>F7. Por isso, os crentes sentem8se pressionados pelo amor de 3risto a le%ar a lu$ do eus %i%o aos *ue "

    ignoram ou re2eitam.

    6. II Conc9lio do Oaticano, Const. past. audium et Spes, 6: &&) EA56??7 6FBA@6FB.

    >. II Conc9lio do Oaticano, Const. past. audium et Spes,, 6: &&) EA56??7 6FB.

    B. II Conc9lio do Oaticano, Const. past. audium et Spes, 6@>6: &&)EA 56??7 6FBA@6FD>.

    D. Cf. 9t 6B, >>.

    E. Cf. n B, A@6F.

    ?. Cf. n 6, B.

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    =. )anto &gostin'o, 3onfiss7es, I,6, 6: CC/ >=. 6 5P/ B>, ?E@??67.

    A. Cf. Act 6D, 6E, 6=G 6=. >=@>AG S! 6B, 6@.

    . )anto &gostin'o, Serm'o >D6. >: P/ BA, 66BD.

    6F. II Conc9lio do Oaticano, Const. past. audium et Spes,6A: &&) EA 56??76FBA: cf. i!id.,6D: &&) EA 56??7 6FB?.

    66. )#o -om"s de &%uino, Summa theologiae I. %. >, a. B, e: 2d. /eon. D, B6.

    6>. I Conc9lio Oaticano, Const. dogm. ei ilius, c. >: () BFFD: cf. 1!id., e Re%elatione, canon >: () BF>?G II Conc9lio do Oaticano, Const. dogm. eier!um. ?: &&) EA 56??7 A6.

    6B. Pio II. 2nc. ?@. 3f. I Conc9lio do Oaticano, Const. dogm. ei ilius. c. >:() BFFEG II Conc9lio do Oaticano. Const. dogm. ei er!um. ?: &&) EA56??7 A6@A>FG )#o -om"s de &%uino, Summa theologiae, I, %. 6, a. 6, c.: 2d./eon. D. ?.

    6E. iturgia Bi$antina. An-fora de S'o o'o 3ris6stomo: iturgies Casternand Destern, ed. . 2. Lrig'tman, 0xford 6A?. p. BAD 5PN ?B, 6E7.

    6?. IO Conc9lio de /atr#o, 3ap. E. e errore a!!atis 1oachim: () AF?.

    6=. )#o -om"s de &%uino, Summa contra gentiles I BF: 2d. /eon. 6B, >.

    6A. )anto &gostin'o, 3onfiss7es , >A, B: CC/ >=, 6=E 5P/ B>. =E7.

    6. I Conc9lio Oaticano, Const. dogm. ei ilius, (e re!elatione, canon >: ()BF>?.

    >F. II Conc9lio do Oaticano II, Const. past. audium et Spes, B?: &&) EA56??7 6FED.