catálogo da exposição trans-bordas: apagar e descascar, de ana guimarães

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Trans-Bordas Apagar e Descascar ...eu transbordo, tu trans-bordas... Ana Guimarães

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Exposição realizada na Galeria do Instituto de Artes da UNESP-SP, em 2013.

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Page 1: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

Trans-BordasApagar e Descascar

...eu transbordo, tu trans-bordas...

Ana Guimarães

Page 2: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

Agradecimentos

Omar Khouri

Lalada Dalglish

Milton Sogabe

Vera Cozani

Olho Digital

Luiza Guimarães

Amélia Guimarães

Arte: Ana Guimarães

COLEÇÃO CABAÇAS

COLEÇÃO OVÁRIOS

PINTURA

GRAVURA

GESSO

Page 3: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

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Trans-Bordas: Apagar e Descascar

de Ana Guimarães…eu transbordo, tu trans-bordas…

A exposição ´Trans-Bordas: Apagar e Descascar´ mostra um conjunto de trabalhos bastante variado, envolvendo pintura, poesia, gravura e escultura, com o uso de técni-cas de pintura à óleo e acrílico, de raku, queima primitiva, esmalte, cera, sob o foco de transbordar fronteiras espaciais, estruturais e corporais em um processo de apagamen-to e descascamento das formas, atraindo e retraindo o olhar de quem usufrui da obra. Propõe-se a continuidade de experimentação com as qualidades das formas em diferen-tes telas e elementos, sendo que a sobreposição de cores, linhas, o descascamento e o apagamento das estruturas e tonalidades são características desse conjunto de pintu-ras, gravuras, e de esculturas.Este projeto teve início de 2009 para 2010, durante período de realização de um Pós--Doutorado na Indiana University-Purdue (IUPUI-IN), School Liberal of Arts. Um total de doze telas em acrílico foram produzidas no exterior e trazidas para o Brasil. Desde 2010, o restante das peças foram feitas em diversos materiais e uso de técnicas di-versas. As tendências não-representacionais, abstratas, e representacionais ganham leitura. As primeiras telas em acrílico foram estudos para o desenvolvimento das telas à óleo, gravuras e esculturas, dando origem a este projeto expográfico denominado ´Trans-Bordas: Apagar e Descascar´.A mostra é dividida em pintura, gravura, gesso, e esculturas de duas coleções: a Cole-ção Ovários e a Coleção Cabaças, além de poesias e poesias proseadas. Cada obra reapresenta a ideia de ultrapassar bordas, de apagamento e de descascamento. Além de pinturas à óleo e acrílico, a Coleção Ovários, esculturas em argila com técnica de raku; a Coleção Cabaças, com queima primitiva e cera; esculturas em gesso; xilogra-vuras, estudo de gravura em metal; e poesias que acompanham cada etapa. Tratam-se de experimentações com técnicas e composições, uma pesquisa das formas sob relei-tura psicológica. As poesias completam a cena da mostra, uma vez que enfatizam esse entrelaçamento de ideias.O projeto foi acolhido pelo Instituto de Artes da UNESP-SP e convida o público a embar-car no imaginário da artista e em sua proposta.

Ana Guimarães (Curadora)

Page 4: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

COLEÇÃO CABAÇASquatro peças Os Nadadores, Embarcações , Arraias, e Totem, peças em argila com queima primitiva e ceraTransbordar no sentido de: imergir e emergir das situações

cotidianas.

Os Nadadores, 2012Totem, 2012esmalte

Page 5: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

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COLEÇÃO OVÁRIOSdez ovos em argila com técnica raku e esmalte. O acabamento em raku foi concebido desde a produção da primeira peça. Transbordar no sentido de: descascar padrões,

de ruptura, e de renascimentos cotidianos.

Ovo 5, 2012 Ovo 2, 2012 Ovo 1, 2012 Ovo 4, 2012 Ovo 6, 2012

Ovo 9, 2012 Ovo 7, 2012 Ovo 8, 2012 Ovo 10, 2012 Ovo 3, 2012

Page 6: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

PINTURAACRÍLICO

Nevasca, 2009 Convexo, 2009 Desejo, 2009 Ver-Te-Cal, 2009

Ciclone, 2009

Coisas, 2010

Abstrato Chuvoso, 2010Fluxo, 2009

Estudo n. 1, 2009

Page 7: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

PINTURAÓLEO

a

O Ser, 2009

Neve sobre Cavalos, 2013

Sonho e Ciclones, 2013

Mulher se Tocando, 2009

Ciranda, 2013

Encosta, 2013

Em Movimento, 2012Releitura Ceia, 2009

Page 8: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

GRAVURAdezenove xilogravuras e duas gravuras em metal. Transbordar no sentido de apagar e

rasurar linhas sobre

Negra, 2012 Abstrato, 2012

Arraias , 2012

Pirâmide, 2012

Figureira, 2012 Máscara, 2012

Chuva sobre Cavalo, 2012

Olho, 2012

Negras, 2012

Estudo Cavalo 2, 2012 - metal

Estudo Cavalo, 1 2012 - metal

Page 9: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

Retalho1, 2013

GRAVURA

Retalho 0, 2013

Retalho 1, 2013

Retalho 2, 2013

Retalho 3, 2013

Retalho 4, 2013

Retalho 5,, 2013

Retalho 6, 2013

Retalho 7, 2013

Retalho 8, 2013

Retalho 9, 2013

Page 10: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

GESSOquatro telas em gesso e uma escultura . Transbordar no sentido de apagar, iluminar

linhas, de trazer profundidade à superfície

Luz, 2013

Trama1, 2013 Trama2, 2013 Anfibiofagia, 2013

Cão, 2013

Page 11: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

Ponto de Inflexão: ponto em que uma curva toca a sua tangente Inflexão do corpo. Inflexão de voz. Mudança de tom, de acento na voz. Desvio de uma linha, de um raio luminoso. Ponto de inflexão, um ponto sobre uma curva na qual a curvatura troca o sinal. Quantas vezes na vida se consegue redirecionar o barco em pleno movimento? Não digo se deixar à deriva, ao gosto do generoso vento que consigo se identifica. Refiro-me a fincar a alma em um ponto de inflexão. Muitas vezes enjoada com os trancos da embarcação, e no auge da dor,as costelas são constelações, ombros arqueados a mudar o rumo da nave. Os quadris em posição de bússola apontam ondas.

IN-FLEXÍVELIN-CRÍVELIN-DÓCIL

IN-E-RENTEIN-TANGÍVEL

IN-DETERMINADAIN-CONSTANTEIN-TOLERANTEIN-TRATÁVEL

OUT

Ana Guimarãesmarço 2013

Page 12: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

OVÁRIOSDesova-me!

Descasca-me tendo adentro, afora, agora.

O nascimento é apagado e muitos renascimentos acontecem

sem que se perceba parido novamente.

As cascas rompidas, corrompidas,

rachadas, deformadas,

gerando outros de um mesmo. Ruptura.

Terra acinzentada, carvão, barro, limbo,

caminho deixado pela corrosão de ar, água,

intensidades.As cascas,

agora, de feridas

teimam revestir os cortese formar disformes cicatrizes,

fundas,rasas.

E o monte espesso e duro, em relevo,

liso, aponta,

cobrindo a ferida. Todo mundo,

ao menos dez vezes, já cutucou casca de ferida, transbordando o orifício,

o vácuo, a cavidade.

Deixando à mostra o corte, desnudando impulsos repetitivos.

Descascando, a olhos vistos, seus padrões!

Ferida quase seca, casquinha quase desaparecendo,

vai lá o afoito e repete a mesma ação.

Mas a vida distrai o sujeito com o brilho de outros fenômenos,

de si alheios, e o corte se fecha,

deixando pálida mancha na pele ressequida.

Assinatura!

Page 13: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

pelo contato com o ar, fazendo voltar ao estado sólido

original de calcário.Cal fresca e líquida, em estado fresco,

dá plasticidade à massa e retém água,

revestindo e sugando líquidos excessivos.

Cal endurecida, absorvedora das deformações,

acompanha as rachaduras da estrutura.

Diminuidora da retração-contração, brinca de carbonatar lentamente

o tempo, tamponando fissuras ocorridas

com o endurecimento da massa mista,

fragmentada, obssessiva,

criativa.

CALÇARGALGARCALEJARCAVUCAR

CONTRARIARDESCASCAR

… O FIM DE TODA CAL, DESVELAR…

Ovos são vários. Ovários são incontáveis!

Depois da fuligem, o quê?

CAL:

APAGAR E DESCASCARCal virgem,

cal viva ou ordinária, filha de Calcário,

compósito sólido-pó-branco. Ergue a massa,

a argamassa, revestindo paredes, estruturas, corpos,

aqui a serem desnudados novamente pelos contínuos e descontínuos

apagamentos e descascamentos. Cavucar, raspar,

as estruturas! A cal em lascas, caindo por terra e permitindo ver outros elementos.

O assentar e revestir repetidamente orifícios apagados e descascados.Cal hidratada, em estado aéreo,

mas sensibilidade líquida, aglomeradora,

reage em endurecimento

Page 14: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

marca de caminho de pulgas, irregular.

Bonito a irregularidade!

Faço gracejo, regravura,

ressignificantes, ranhura,

esquisitice, gostosura,

enfim, poesia!

Poesia de rir de mim, ser motivo de brincadeira,

de jogos de força e delicadeza com a opaca madeira,

o dourado espelho duro dele mesmo,

dos fenômenos ignorando e cedendo às forças,

às intensidades, aos impulsos doloridos,

condoendo-se das pressões, lustrando-se de suores,

do brilho de olhos sobre si. Óleos sobre si (menores).

RASURAS DE SI (menor)… e o cobre invadindo meus punhos,

dourando meus dedos rijos, pressão de aperto

a estrangular a linha, pressionando para o fundo,

ir afundando a madeira, o metal, a meta.

Fazedura de rasuras com erros bonitos. Rasurar é bonito!

A dourar um cavalo, ao se soltar das linhas, dos abismos lineares,

rebeldemente cavalgando o riscado que,

em pontos nodais, nem quer se fechar, fazendo-se rasura. Rasura é bonito!

A paciência do esfregar, esfregar, esfolar, esfolar a matéria que,

de repente, deixa a caneta cavucar,

passando seus alinhavos à frente. Doem as mãos.

Quais? Os nós das juntas avermelhados,

tomados de energia trocada com a madeira,

o metal, sem metas, com metas,

sem metas… Odes à talagarça!

O que diz ao mundo esse pedaço de placa dura,

mole, dura,

escorregadia? Reflete-me,

mas não retém meus traços. Reflete-me arcada sobre

o pedaço de tora e placa dourada, e de meu reflexo retém as rasuras,

frutos de suor e imprecisão. Sob intensidades e pressões de caneta cravada na matéria,

ela se ri e se mostra água forte, fraca,

mezzo forte, imperceptível

de um risquinho ridículo que pretendia ser linha,

mas é abobada, desbotada,

Page 15: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

marca de caminho de pulgas, irregular.

Bonito a irregularidade!

Faço gracejo, regravura,

ressignificantes, ranhura,

esquisitice, gostosura,

enfim, poesia!

Poesia de rir de mim, ser motivo de brincadeira,

de jogos de força e delicadeza com a opaca madeira,

o dourado espelho duro dele mesmo,

dos fenômenos ignorando e cedendo às forças,

às intensidades, aos impulsos doloridos,

condoendo-se das pressões, lustrando-se de suores,

do brilho de olhos sobre si. Óleos sobre si (menores).

NÓNÓDULOS NODAIS

APONTADOR DE INVISÍVEIS NOTAS INAUDÍVEISA LINHA É VEIO DE RIO CAVUCADO

POR VONTADESQUALIDADES SUSSURRADAS ÀS PONTAS

DOS DEDOSBRINCAM DE GRAVURAR PAPEIS

TRANSLÚCIDOS, SENSÍVEISDESVELADORES DA TRANSPARÊNCIA

DOS FENÔMENOSDOS LÍQUIDOS A PREENCHER

E ESVAZIAR SEUS VEIOS!

O QUE EM SI É DENSO,É ELEMENTO, É INERTE E ESTÁ ATENTO

À ATENÇÃO DOS HOMENS.PODE EM SI SER A VIBRAÇÃO

MAIS COMPLETA.

As Oito Poesias e Poesias Proseadas acompanham o conjunto das obras.

Transbordar a letra.

Ana Guimarães

março de 2013

Page 16: Catálogo da Exposição Trans-Bordas: Apagar e Descascar, de Ana Guimarães

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