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CATALOGAÇÃO – apontamentos 1º semestre 1 CATALOGAÇÃO – 1º semestre ENTIDADE BIBLIOGRÁFICA: qualquer OBJECTO tangível que tenha sido criado pelo homem com o intuito de comunicar algo (transmitem uma mensagem humana ou uma informação social). As NORMAS são utilizadas para organizar essas entidades bibliográficas; não se pretende fazer leituras integrais de textos ou obras. OBJECTO DAS CIÊNCIAS DOCUMENTAIS (ciências da informação): organizar as entidades bibliográficas. Esta organização (controlo bibliográfico) é um instrumento que permite às pessoas a recuperação da informação. A indexação e a catalogação permite este controlo. CATALOGAÇÃO Primeiro objectivo: ORGANIZAR OS DOCUMENTOS: controlo bibliográfico. Através da representação dessas entidades, procedendo-se à descrição bibliográfica. O objectivo desta descrição é o de recolher vários elementos do documento que o ajudam a identificar; não identifica de forma absoluta o documento mas individualiza-o; regido por várias normas, internacionalmente aceites e incorporados nos códigos dos diferentes países, com o intuito de “duplicar” as entidades bibliográficas observadas. Através da autonomização dos documentos sob perspectivas particulares. Olhamos para as entidades e dividimo-las em capacidades distintas, em perspectivas distintas (autor, impressor, etc) que dão origem a: Produtos diferentes, de acordo com o seu objectivo (catálogo de assuntos, bibliografias e índices; catálogo de autores e títulos); Instrumentos a construir (catálogos, bibliografias e índices). A catalogação é sempre um processo humano que implica uma análise e descrição de certos elementos: título, indicação de responsabilidade, edição, manufactura, datas, números de identificação universal (ISBN), notas. Estes elementos são hoje utilizados para qualquer entidade e não apenas para livros. Numa gestão automatizado apenas será feita uma descrição bibliográfica e uma ligação com um termo (assunto) alimentando certos catálogos; nas fichas antigas (manuais) a descrição era a mesma nas fichas contidas nos diversos catálogos, apenas mudava o ponto de acesso. INSTRUMENTOS DE CONTROLO BIBLIOGRÁFICO: conduzem o utilizador aos documentos procurados e que se obtém quando estabelecemos a organização bibliográfica, isto é, o controlo bibliográfico: bibliografias, índices e catálogos. * Sistemas de recuperação bibliográfica (bibliographic retrieval systems) = instrumentos de controlo bibliográfico: o que se obtém não é o documento em si, mas antes a sua descrição bibliográfica e os seus pontos de acesso. * Sistemas de recuperação da informação (information retrieval systems) = termo genérico para todos os outros sistemas mencionados. * Sistemas de recuperação de dados (data retrieval systems) = são os que se obtêm depois da pesquisa, constituem os dados factuais. * Sistema de recuperação de textos (full text retrieval systems) = obtém-se depois da pesquisa; é o texto em si mesmo, o documento. * Para além destes, podemos ter ainda sistemas mistos: ex. na pesquisa da internet obtém-se o documento + a sua representação bibliográfica.

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CATALOGAÇÃO – apontamentos 1º semestre

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CATALOGAÇÃO – 1º semestre

ENTIDADE BIBLIOGRÁFICA: qualquer OBJECTO tangível que tenha sido criado pelo homem com o intuito de comunicar algo (transmitem uma mensagem humana ou uma informação social).

As NORMAS são utilizadas para organizar essas entidades bibliográficas; não se pretende

fazer leituras integrais de textos ou obras.

OBJECTO DAS CIÊNCIAS DOCUMENTAIS (ciências da informação): organizar as entidades bibliográficas. Esta organização (controlo bibliográfico) é um instrumento que permite às pessoas a recuperação da informação. A indexação e a catalogação permite este controlo.

CATALOGAÇÃO Primeiro objectivo: ORGANIZAR OS DOCUMENTOS: controlo bibliográfico.

� Através da representação dessas entidades, procedendo-se à descrição bibliográfica. O objectivo desta descrição é o de recolher vários elementos do documento que o ajudam a identificar; não identifica de forma absoluta o documento mas individualiza-o; regido por várias normas, internacionalmente aceites e incorporados nos códigos dos diferentes países, com o intuito de “duplicar” as entidades bibliográficas observadas.

� Através da autonomização dos documentos sob perspectivas particulares. Olhamos para as entidades e dividimo-las em capacidades distintas, em perspectivas distintas (autor, impressor, etc) que dão origem a:

• Produtos diferentes, de acordo com o seu objectivo (catálogo de assuntos, bibliografias e índices; catálogo de autores e títulos);

• Instrumentos a construir (catálogos, bibliografias e índices). A catalogação é sempre um processo humano que implica uma análise e descrição de certos

elementos: título, indicação de responsabilidade, edição, manufactura, datas, números de identificação universal (ISBN), notas. Estes elementos são hoje utilizados para qualquer entidade e não apenas para livros.

Numa gestão automatizado apenas será feita uma descrição bibliográfica e uma ligação com um termo (assunto) alimentando certos catálogos; nas fichas antigas (manuais) a descrição era a mesma nas fichas contidas nos diversos catálogos, apenas mudava o ponto de acesso.

INSTRUMENTOS DE CONTROLO BIBLIOGRÁFICO: conduzem o utilizador aos

documentos procurados e que se obtém quando estabelecemos a organização bibliográfica, isto é, o controlo bibliográfico: bibliografias, índices e catálogos.

∗ Sistemas de recuperação bibliográfica (bibliographic retrieval systems) = instrumentos de controlo bibliográfico: o que se obtém não é o documento em si, mas antes a sua descrição bibliográfica e os seus pontos de acesso. ∗ Sistemas de recuperação da informação (information retrieval systems) = termo genérico para todos os outros sistemas mencionados. ∗ Sistemas de recuperação de dados (data retrieval systems) = são os que se obtêm depois da pesquisa, constituem os dados factuais. ∗ Sistema de recuperação de textos (full text retrieval systems) = obtém-se depois da pesquisa; é o texto em si mesmo, o documento. ∗ Para além destes, podemos ter ainda sistemas mistos: ex. na pesquisa da internet obtém-se o documento + a sua representação bibliográfica.

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Bibliografia: Garrido Arilla, Maria Rosa – Teoria y história de la Catalogación de documentos, Madrid : editorial síntesis, 1996, ISBN 84-7738-344-8 [Sumário, cap 1, cap 2, 2.1, 2.2, 2.21, 2.2.2.2, 2.3.1, 2.5, 2.5.1] Guerrini, Mauro – Catalogazione. Roma: associazione italiana biblioteche, 1996, ISBN 88-7812-059-6 [Sumário, p. 5-25, 65-70, 80-82, 127-132]

Ideias extraídas de Maria Rosa Garrido Arilla: Catalogar um documento é realizar um processo global que obriga a executar uma série de operações, umas identificativas, outras analíticas e outras de ordenação e localização documental, terminando na confecção do produto: o registo bibliográfico. Catalogar não é só transcrever mecanicamente os dados que oferece a página de título e outras zonas do documento. Supõe um trabalho para o qual são necessários conhecimentos teóricos, conhecimentos científicos e experiência. Uma catalogação, para ser bem sucedida, exige o estabelecimento de uma política de catalogação. O fundo documental que temos na biblioteca e o utilizador que a frequenta determina o nível de profundidade da catalogação dos documentos. Decidir com base nisto é ter uma política de catalogação. DESCRIÇÃO BIBLIOGRÁFICA: operação da catalogação descritiva onde se expõe, de acordo com as normas (ISBD), todas aquelas unidades informativas que permitem identificar e individualizar formalmente qualquer tipo de documento sob referências bem precisas que o distinguem dos restantes. A descrição bibliográfica constitui a 1º parte da catalogação, ou seja, é a antecâmara que viabiliza o caminho para um dos pontos de acesso aos documentos. Pode ainda proporcionar uma referência única e não ambígua, que permita identificar e localizar um documento, através da atribuição de pontos acesso. ATRIBUIÇÃO DE PONTOS DE ACESSO: dotar o documento das entradas necessárias que permitirão ordená-lo adequadamente dentro de uma colecção para poder recupera-la no catálogo. Dizem respeito à informação descrita nas diferentes zonas que compõem o corpo da ficha. O objectivo da atribuição de pontos de acesso é a localização e recuperação do documento no catálogo. Obriga o catalogador a realizar uma operação intelectual, não se tratando de uma operação simplesmente formal (de análise externa). Os pontos de acesso garantem a recuperação da informação. Um registo bibliográfico conterá:

� Um ponto de acesso principal – espelha a autoria principal, do ponto de vista intelectual ou artístico.

� Pontos de acesso secundários – são as autorias secundárias. CATÁLOGO: conjunto de registos dos documentos de uma colecção ou acervo, ordenados segundo normas. Deve ser capaz de responder às três questões/funções. O catálogo é o elemento fundamental de acesso aos documentos, o principal instrumento de recuperação de informação, ponte entre os fundos documentais e o utilizador. Para sua antiguidade e pela sua eficácia instrumental, o catálogo é o documento secundário por excelência. Distingue-se de bibliografia porque esta lida com qualquer item enquanto o catálogo abrange apenas os itens existentes numa dada biblioteca ou conjunto de bibliotecas. Uma bibliografia é um elenco de registos relativos a publicações que formam uma classe enquanto possuam uma ou mais características em comum. Estas características devem ser intrínsecas ao documento.

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DEFINIÇÃO DE CATALOGAÇÃO: Objectivo: organizar. Dois sentidos para o termo:

1. Sentido amplo. 2. Sentido restrito.

Sentido amplo. Engloba a catalogação descritiva; constituída pela descrição

bibliográfica, pela determinação de pontos de acesso para o catálogo de autores e pela catalogação por assuntos.

Catalogação descritiva = descrição bibliográfica + pontos de acesso => catálogo de autores Os elementos que o constituem são os nomes de pessoas físicas ou de colectividades e por títulos (quando o autor é desconhecido). A catalogação por assuntos resulta da atribuição de pontos de acesso específicos: pelo assunto. CRÍTICA AO ESQUEMA Este esquema não considera a elaboração dos catálogos cronológicos, de editores, de impressores, etc, constituindo esta a grande crítica à forma como está elaborado. Durante muito tempo, por razões económicas, era impossível criar vários tipos de catálogos numa biblioteca. Nos séculos XVI e XVII, existiam, geralmente, dois catálogos: o catálogo alfabético geral e o catálogo por assuntos, que era classificado. Ou seja, a literatura espelhava a realidade das bibliotecas, o que, hoje em dia, é impossível. Deste modo, hoje em dia, a definição de catalogação em sentido amplo engloba a catalogação por assuntos, vulgarmente designada por indexação, e ainda um conjunto de processos formais e literários cujo objectivo é o estabelecimento de pontos de acesso para os catálogos de autores e de títulos, cronológicos, de editores e, ainda, a descrição bibliográfica. Contudo, muitos estudiosos acreditam que existe também uma razão teórica que está na base do esquema anteriormente citado. Esta questão foi desenvolvida essencialmente por um dos maiores pensadores da área (Lubetzky), que defende que não existe uma autonomia de descrição bibliográfica relativamente ao catálogo de autores. Isto é, a descrição bibliográfica e os pontos de acesso são um todo. Para elaborarmos um catálogo por assuntos, teríamos sempre de recorrer e utilizar a catalogação descritiva.

Descrição bibliográfica

CATALOGAÇÃO

Atribuição de pontos de acesso Catalogação

descritiva �

catálogo de autores

Assuntos: catálogo por assuntos.

Pontos de acesso para o catálogo de autores

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Hoje em dia, já não é assim: para elaborarmos o catálogo de assuntos apenas temos de ir buscar a descrição bibliográfica, que surge, assim, como uma unidade de informação móvel. A CATALOGAÇÃO POR ASSUNTOS só resultará num catálogo caso se baseie, em 1º lugar, na catalogação descritiva (descrição bibliográfica + pontos de acesso). Ou seja, quando pretendermos elaborar um catálogo de assuntos, teremos de escolher o ponto de acesso e teremos também de recorrer a uma outra unidade de informação que veicule informação sobre a obra. Catálogo por assuntos: Este esquema assenta em suposições que hoje em dia já não se colocam tecnologicamente. CATALOGAÇÃO EM SENTIDO ESTRITO. Designa no esquema acima representado apenas a parte constituída pela descrição bibliográfica e pela criação dos pontos de acesso para os vários catálogos EXCEPTO para o de assuntos. Indexação: termo para designar a criação dos pontos de acesso para o catálogo de assuntos. FUNÇÃO DE UM CATÁLOGO DE AUTORES E TÍTULOS: O QUE OPÕE UM CATÁLOGO (instrumento de recuperação da informação) A OUTRO (o objecto sobre o qual veicula informação).

1. Informação sobre uma edição particular. 2. Nº de edições que existem de uma determinada obra ou documento. 3. Toda a produção de um referido autor existente numa biblioteca.

1ª FUNÇÃO: INFORMAÇÃO SOBRE UMA EDIÇÃO PARTICULAR. Se existe uma determinada edição de uma determinada obra num determinado local, esta edição será um objecto específico diferente de todos os outros. Trata-se de identificar as suas marcas físicas, a partir de determinados elementos uniformes (autor, título) que distinguem as suas diferentes materializações. Num catálogo de autores apenas é veiculada informação sobre uma edição específica, não contemplando as várias versões que possam existir desta mesma obra, ou seja, o catalogador nunca terá hipótese de identificar a versão. Também apresentará os fundos de uma biblioteca como um conjunto de documentos desligados entre si. Se um utilizador procura um documento é porque está interessado nele como um produto dicotómico e não noutros que com ele se relacionem pelo facto de manifestarem a obra, da qual é também uma manifestação.

Casamento Ponto de acesso

Descrição

bibliográfica

Catalogação descritiva

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CATALOGAÇÃO – apontamentos 1º semestre

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Como tal, os elementos de identificação utilizados para veicular informação sobre este tipo de objectos, são os que se apresentam sem qualquer alteração. Por isso, teremos de identificar as marcas físicas, a partir das quais o documento será catalogado. Teremos de identificar a obra através de determinados elementos uniformes (autor/título) indispensáveis para a identificação da mesma obra nas suas diferentes materializações. Nesta função, o objecto é a obra, é um objecto físico que ocupa espaço. 2ª FUNÇÃO: TODAS AS EDIÇÕES EXISTENTES DE UMA DETERMINADA OBRA: um catálogo de autores também permite mostrar ao utilizador todas as edições que nessa biblioteca existem de um documento em particular. O objectivo é veicular informação sobre todos os objectos que manifestem a mesma obra (o mesmo conteúdo intelectual) ainda que em edições diferentes. Podem existir duas ou mais versões da mesma obra. Acontece quando:

1. Um autor publica um texto e, mais tarde, altera-o, produzindo, mesmo que em parte, um novo texto.

2. Um impressor constrói uma matriz a partir da obra, constituindo uma sua edição e que servirá para imprimir um determinado nº de exemplares – trata-se de uma versão da obra. Se voltar a imprimir com a mesma matriz outro conjunto de exemplares passado um tempo trata-se, não de uma edição diferente, mas de um nova impressão. É utilizada sempre a mesma matriz.

3. Contudo, se o impressor destruir essa matriz e voltar a criar uma nova matriz a partir do mesmo texto, trata-se de uma nova edição. Desta nova edição poderá haver uma ou várias impressões.

Impressão: conjunto de exemplares que resultam da rodagem de uma mesma matriz. Edição: conjunto de cópias produzidas a partir de uma determinada matriz. Isto é, esta nova matriz pode ser exactamente igual à anterior quanto ao texto, mas como provém de uma matriz diferente considera-se que constitua uma edição.

várias versões

PRODUÇÃO DE UM AUTOR

OBRA OBRA OBRA

TEXTO A TEXTO A TEXTO A TEXTO A TEXTO B

1º EDIÇÃO 2º EDIÇÃO

1º IMPRESSÃO 1º IMPRESSÃO

Este autor publicou 3 obras, cada obra possui diferentes versões, que por sua vez tiveram diferentes edições e diferentes impressões.

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CATALOGAÇÃO – apontamentos 1º semestre

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Ponto de acesso

Descrição

bibliográfica

ID = identificação Registo bibliográfico

Se a obra for sujeita a uma tradução, e essa tradução não alterar significativamente a obra, temos uma nova versão, uma nova edição. Esta função representará, numa biblioteca, como um conjunto de livros não independentes, relacionados entre si, resultado de uma afinidade intelectual. Assim, primeiro temos de identificar qual a obra manifestada por aquele documento: sabemos que é a obra X. Depois cria-se uma unidade de informação, um registo.

Registo = descrição bibliográfica + ID.

O ID será quase sempre um elemento composto, pois é constituído por

elemento autor +

elemento título.

Nem sempre existe o elemento autor (obras de autor desconhecido) pelo que, nestes casos, apenas surgirá o elemento título. Também podemos encontrar um autor com vários nomes ou com diferentes formas de um mesmo nome ou com diferentes títulos. Terá que ser eleito um nome ou um título, escolhidos a partir da frequência com que são utilizados ou pelo conhecimento que se tem do leitor. Denomina-se CONTROLO DE AUTORIDADE: determina-se a forma eleita ou a RUBRICA UNIFORME, bem como as formas não eleitas. Estas últimas ter-se-ão de apoiar em remissivas. 3ª FUNÇÃO: PRODUÇÃO DE UM AUTOR PARTICULAR: o objectivo é veicular toda a obra de um autor particular, organizando o fundo documental de forma a relacionar unidades que possuam uma mesma GÉNESE intelectual, um mesmo autor. Quando um autor assina os seus documentos utilizando vários nomes ou várias formas dos mesmos nomes: Pode-se fazer várias remissivas (S., Eugénia v. Santos, Eugénia ou Santos, E. v. Santos, Eugénia) mas se um autor utilizasse um grande número de nomes diferentes, teríamos uma grande quantidade de remissivas, o que era complicado e dispendioso de gerir. A solução e a norma (determinado pelo senso comum): determina-se o nome que é mais vezes utilizado, como tal mais conhecido. Quando não é possível tal coisa, seguimos uma série de estipulações até seleccionarmos um nome/objecto final. O eleito será adoptado enquanto os restantes são acompanhados por remissivas (a fórmula será a seguinte: B v. A; C v. A ; só em A encontrarei a informação sobre este indivíduo). À fórmula eleita ou escolhida, damos o nome de RUBRICA UNIFORME, que permite a reunião de determinada informação no mesmo lugar no catálogo. No caso de haver vários títulos designando as várias edições de uma mesma obra: TÍTULO UNIFORME. Escolhe-se um título para representar as várias edições de uma mesma obra. A rubrica uniforme e o título uniforme são apenas convenções, baseados em critérios definidos, evitando a multiplicação de unidades de informação num catálogo da biblioteca. A RUBRICA UNIFORME reúne funcionalidades das 2ª e 3ª funções, enquanto que as remissivas (veja também) obrigarão um utilizador a dirigir-se a vários pontos do catálogo para obter a informação completa.

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ID

Descrição bibliográfica

assunto

Descrição bibliográfica

ID

Catálogo de autores

<= Catálogo de assuntos

ANTES DE 1970, partindo do esquema inicialmente referido, a unidade de informação, composta pela descrição bibliográfica e pelo ponto de acesso para o catálogo de autores, surgia como uma unidade de base. Assim, era copiada para formar outros catálogos: por ex. o de assuntos.

ex. existem para uma determinada obra, edições com títulos diferentes. No catálogo de assuntos, todas as edições dessa obra ficariam juntas, já que a unidade de base era contemplada. Estas diferentes edições da mesma obra surgem agrupadas pelo assunto. A PARTIR DE 1970 surge a IFLA com as ISBD, ou seja, com as normas para a descrição bibliográfica, com vista a regular a elaboração das descrições bibliográficas. Uma novidade que estas normas apresentam é a proclamação da autonomia da descrição bibliográfica em relação aos pontos de acesso para catálogo de autores. O catálogo de autores deixa de ser considerado como uma unidade de informação básica. Deixa de existir esta subordenação. O esquema passou a ser:

A descrição bibliográfica passa a ser algo móvel e não uno, quebrando-se a relação entre os dois elementos: descrição bibliográfica e pontos de acesso para catálogos de autores. Há a criação de vários pontos de acesso. Consequências: ∗ Nega-se a relação entre a descrição bibliográfica e os pontos de acesso para o catálogo de

autores; isto é, acaba-se a possibilidade de analisar cada assunto pela ordenação de obras. ∗ Deixamos de ter a possibilidade de ver o autor de uma obra particular; isto é, deixamos de ter a

possibilidade de encontrar outros documentos que fossem manifestações dessa mesma obra.

Descrição bibliográfica

CATALOGAÇÃO

Atribuição de pontos de acesso Catalogação

descritiva �

catálogo de autores Assuntos: catálogo

por assuntos. Pontos de acesso para o catálogo de autores

Descrição bibliográfica

Impressores Assuntos

editores Autores

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Ponto de acesso

Descrição bibliográfica

tradutor

Descrição bibliográfica

tradutor

Ex. catálogo de tradutores:

Ficamos sem informação, não podemos, por exemplo, ir ao ficheiro de autores para ver se existem mais manifestações desta obra em particular que procuramos mas que da qual apenas sabemos o nome do tradutor. Se apenas souber o nome deste tradutor não posso saber se existem outras manifestações (tradução desta mesma obra).

∗ Deixamos de ter a possibilidade de podermos navegar entre vários objectos. Se estivermos, por exemplo, perante um catálogo de tradutores e o se o ID da obra não surgir, o utilizador não tem a possibilidade de conhecer outras manifestações dessa mesma obra. Esta situação surgiu porque as pessoas não percebiam qual a importância de ID de uma obra. Existem obras que, consoante a edição, apresentam títulos diferentes. Respeitando a organização feita antes de 1970 no catálogo de assuntos, todas as edições de uma determinada obra ficariam reunidas no mesmo local do catálogo; ou seja, as obras estariam ordenadas por assunto e subordenadas pelo ID. Depois de 1970, como consideramos o ID como unidade base, deixa de existir esta subordenação. O 1º elemento é o título, que será organizado por ordem alfabética; se uma edição apresentar um título diferente, nunca conseguiremos ter acesso a essa manifestação, pois o utilizador desconhece a sua existência. Esta vantagem da rubrica uniforme apenas se aplica a sistemas de recuperação da informação convencionais. Nos sistemas automatizados, a utilização do método remissivo, não implicará a consulta a vários pontos do catálogo, nos casos de pedidos formulados no âmbito das 2ª e 3ª funções. Uma das vantagens do método da remissiva reside no facto de evitar o trabalho de autoridade, não deixando de concretizar as funções de um catálogo. Tanto a remissiva como a rubrica uniforme, do ponto de vista da concretização das funções, são igualmente aptas. A rubrica uniforme também poderá ter um papel importante na satisfação de um pedido realizado no âmbito da 1ª função. Diz-se que faz um serviço adicional. O utilizador formula um pedido no âmbito da 1ª função recorrendo à rubrica uniforme, confrontando com a obra ou a produção de um autor particular, encontra o objecto do seu pedido. A rubrica uniforme permite-lhe ter acesso a todas as edições do mesmo autor no mesmo local do catálogo. Logo, se tem acesso a tudo, tem acesso a uma edição particular. Mas nem sempre: o recurso à rubrica uniforme pode criar conflito entre a 1ª e a 2ª funções quando o título da edição que procura (1ª função) não corresponda a rubrica uniforme. (ver cap. V do estudo da professora da cadeira) O método da remissiva permite dar acesso directo a objectos que registam de forma incompleto, através da ligação que estabelecem com as unidades que os registam de forma completa noutras capacidades. HOJE EM DIA, poderemos contornar esta lacuna: dá-se a identificação do título e do autor e, em seguida, o programa deve estar preparado para dar outros pontos de acesso ao leitor. Ex.: apresenta

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o tradutor e em seguida estabelece ligações para o autor dessa obra, assim como de todas as suas versões que possam existir. Autonomização dos documentos: o catalogador, perante uma determinada unidade bibliográfica, faz uma descrição bibliográfica e vai olhar para o documento em função do catálogo a criar e a alimentar. A autonomização depende, pois, do produto que pretendemos criar. Ao criar um catálogo pretende-se mostrar ao utilizador o assunto que o documento manifesta, quem é o autor, qual é a edição, etc. O que distingue um catálogo de outro é a perspectiva a que submetemos o documento, o objecto sobre o qual se veicula informação, as suas funções. Cada função refere-se a um objecto distinto. Até ao século XX, os catálogos eram produzidos numa perspectiva totalizante; nem sempre se fazia a mesma pergunta, não existindo uma distinção nítida entre autor, título e assunto. O catálogo é o mediador entre o utilizador e a informação. TIPOS DE CATÁLOGOS ∗ Dicionário: integra várias unidades de informação que dizem respeito a vários catálogos

(autores, títulos, etc) e a outros elementos de acesso (poesia, teatro). Bases lançadas por Cutter. ∗ Autores e títulos: é na verdade um catálogo de autores e tem por objectivo veicular informação

sobre um determinado autor (sobre toda a sua produção), sobre as várias edições de uma obra ou da existência de uma determinada edição de uma obra numa biblioteca.

∗ Assuntos: 2 TIPOS – alfabético / sistemático (dispostos por uma ordem lógica de acordo com um sistema de classificação, começando por grandes divisões gerais e subdividindo-se em temas específicos; ex. CDU).

∗ Topográfico: registo conforme localização na biblioteca; o elemento ordenador é a cota; evidencia a forma como a biblioteca está organizada.

∗ Cronológicos. ∗ Editores. Bibliografia: surge como um elenco de registos relativos a publicações que formam uma classe enquanto possuem um ou mais caracteres em comum. Esses caracteres são intrínsecos à obra específica, ou então referem-se a impressores, editores, etc. O carácter surge como uma característica em comum, ex.: autor, língua, assunto. Catálogo: surge como conjunto de registos relativos a documentos que existem numa biblioteca ou conjunto de bibliotecas; os registos têm uma localização concreta. No entanto, existem catálogos que funcionam como bibliografias. Por ex. o fundo bibliográfico 25 de Abril: os documentos aí depositados são ao mesmo tempo catálogo e bibliografia, uma vez que estão situados num sítio específico e reúne apenas documentos com um assunto em comum. Outra distinção entre catálogo e bibliografia: o 1º lida com uma cópia particular existente numa determinada biblioteca, enquanto que a 2ª lida com qualquer cópia.

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O que opõe um catálogo a outro é a perspectiva a que o documento é submetido; a descrição bibliográfica não opõe os catálogos, apenas acrescenta informação. Inventário: surge também como um elenco de registos. O seu objectivo é puramente patrimonial, visa apenas efectuar a contagem dos documentos existentes num local. Difere de um catálogo porque não tem o objectivo de transmitir informação sobre um documento, incluindo pouca informação bibliográfica descritiva. Nas bibliotecas existe sempre um documento designado por LIVRO DE REGISTOS que funciona como um inventário. Funciona como um elenco de registos relativamente a documentos que entram na biblioteca e indica alguns elementos bibliográficos que individualizam os documentos. ONDE SE LOCALIZA A CATALOGAÇÃO NOS CIRCUITOS: 1. documental; 2. da informação. 1. CIRCUITO DOCUMENTAL: Selecção => aquisição => registo => carimbagem => tratamento => cota => arrumação Cota: ∗ Dá-nos a localização de um documento nas instalações de uma biblioteca. ∗ Numa biblioteca de livre acesso, utiliza-se comummente a tabela CDU, porque identifica o

documento a partir do assunto ou matéria. ∗ Para resolver o problema dos livros com o mesmo assunto, utiliza-se as 3 primeiras letras do

apelido do autor. ∗ Para resolver o problema dos livros que

tratem de vários assuntos diferentes, tem que se criar tantas unidades quantos os assuntos descortinados, indexando o documento nas classes CDU distinguidas. Mas estas unidades de informação servem apenas para alimentar o catálogo; a cota será sempre uma só, uma vez que só se arruma o documento num determinado sítio e não convirá dividir o documento em pedaços.

Esta situação cria uma falha pois quando o leitor se dirige a uma biblioteca de livre acesso estiver perante um assunto, poderá não ter acesso a todos os documentos sobre esse assunto. Dever-se-á sempre dirigir ao catálogo, porque só nele estará contida a informação pretendida. A cota permite classificar, localizar e identificar. 2. CIRCUITO DA INFORMAÇÃO: abrange todos os produtos das operações resultantes do circuito documental.

Livro de registos: registam-se alguns dados do documento mas é diferente de registo bibliográfico; atribui-se o nº sequencial aos documentos.

Tratamento técnico e intelectual dos documentos: todas as operações que originam as bibliografias, catálogos e inventários. É nesta fase que se procede à catalogação. Não é um mero acto mecânico mas um processo intelectual que pressupõe uma análise.

Descrição bibliográfica

Assunto A Classe CDU

cota cota

Descrição bibliográfica

Assunto B Classe CDU

Descrição bibliográfica

Assunto C Classe CDU

Cota x

Cota x

Cota x

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Medicina Doador

HISTÓRIA DA CATALOGAÇÃO História da organização bibliográfica da antiguidade até aos nossos dias. Evolução das técnicas biblioteconómicas, nomeadamente a evolução do catálogo de autores e de títulos. Este catálogo de autores e de títulos é o mais complexo. Daí que toda uma normalização existente tenha sido desenvolvido para este produto específico; no entanto, existem princípios comuns que nos permitem elaborar outros catálogos: regras para a rubrica uniforme, controlo de autoridade, descrição bibliográfica. O elemento autor é encontrado na Antiguidade e na Idade Média como o critério de subordenação dos catálogos, nas não por ordem alfabética. Na verdade, este elemento é algo mais recente, situado

nos séculos XVIII/XIX. Até então, os catálogos aceitavam os nomes que surgiam nos documentos. Assim, quando falamos em catálogos de autores ou subordenação de catálogos de autores na Idade Média, teremos de ter esta situação em conta. Também o catálogo de assuntos é um produto relativamente

recente. Antes, para saber qual o assunto sobre que matéria o documento versava, recorria-se ao título ou às 1º páginas e retirava-se o que se considerava ser o conceito mais importante (catchword), identificando-o como o assunto. Imaginemos isto com um título como o “Nome da Rosa”… Assim, ao abordarmos este ponto, pretendemos conhecer a evolução do conceito de assunto, título, autoria e do conceito de catalogação descritiva. Como os catálogos na Idade Média tinham apenas fins patrimoniais, isto é, contar quantas obras davam entrada na biblioteca, valorizava-se a unidade física em si que dava entrada em determinado local. Hoje em dia, existe um registo de todos os elementos que possam individualizar o documento numa perspectiva bibliográfica. Essa descrição é certamente pautada por normas. Agora o documento é visto como algo que traduz informação, que traduz alguma coisa que está ao serviço de algo e de alguém: o utilizador. Ao falarmos da história da catalogação tomaremos como ponto de partida o sentido amplo do termo, pois na Idade Média não existia a distinção entre os diferentes catálogos. Até ao século XVIII existia o chamado catálogo alfabético geral. Apesar da informação estar organizado por ordem alfabética ou sistemática, a selecção dos pontos de acesso era variada: autores, género literário, tradutores, conceito mais importante do título, etc. No século III a. C., Callimacus elaborou um catálogo da biblioteca de Alexandria, ordenado com base numa classificação estabelecida por si (escritores épicos, escritores dramáticos, escritores de leis, escritores de filosofia, escritores de história, obras de oratória., obras de retórica, miscelâneas): CATÁLOGO SISTEMÁTICO. Também procurou introduzir algumas notas biográficas dos autores. Cada unidade de informação era inserida numa daquelas grandes classes. Depois, era organizada, conforme a classe em que era inserida, ou alfabeticamente pelo nome do autor ou pelo nome do

doador (só contando a 1ª letra), ou por ordem cronológica da data da produção da obra em causa. A descrição bibliográfica começaria pelo título, ou no caso da sua ausência pela primeira linha do manuscrito seguido de uma nota biográfica do autor e, em alguns casos, pela análise/resumo da obra em questão (trata-se de sintetizar o documento em poucas palavras ao nível do assunto).

Bibliografia: Decolez, Albert – Les catalogues de bibliothéques . Belgium, 1999 (sb catálogos da Idade Média).

O catálogo de 1620 (Bodhiam Library) foi o 1º que apresentou os autores por ordem alfabética, embora a noção de autor ainda não fosse o que se passou a entender a partir do século XIX.

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Nota de conteúdo

Título da 1ª Obra

Descrição bibliográfica

Título da publicação

Também na IDADE MÉDIA os catálogos eram organizados de forma sistemática, espelhando a forma como eram as bibliotecas fisicamente (catálogo topográfico). Os registos estavam divididos por classes: teólogos da Idade Média, santos mais estimados, santos menos estimados, miscelâneas, etc. O critério de subordenação não era alfabética mas eram usados os nomes dos doadores, nomes dos copistas, data em que o livro tinha sido produzido. Tal como com Callimacus. Não havia cota, sendo-se obrigado a percorrer toda a lista para se encontrar o documento procurado. Se fosse aplicado agora este critério, para alguém exterior à biblioteca encontrar um livro seria quase impossível. Contudo, naquele tempo quem procurava as obras eram essencialmente os indivíduos que as tinham copiado e arrumado (o copista ou o bibliotecário). Como tal, a existência de um catálogo como hoje existe não era necessária. Por isso, há quem afirme que na Idade Média estamos perante inventários e não catálogos, uma vez que o principal objectivo não é veicular informação sobre a obra, mas sim contar todos os documentos que dão entrada num determinado local. Na verdade, nesta época, as unidades de informação eram muito informais, os livros poderiam não ter título, autor, página de rosto, paginação. Por isso, perante tal situação, registava-se as primeiras palavras do texto. A necessidade de instrumentos de recuperação de informação também não seria assim tão premente, uma vez que a produção bibliográfica era escassa e os leitores eram os monges que tinham constituído e organizado a biblioteca. Nesta altura, muitas das obras eram encadernadas em conjunto com outras (documento compósito). O que se fazia era veicular informação sobre a 1ª obra em detrimento das outras que lhe estavam agregadas, o que condicionava o trabalho do utilizador. No entanto, já nesta altura existiam alguns bibliotecários que se preocupavam em criar registos de natureza diferente. Perante obras compósitas, faziam o registo do título da 1ª obra e estabeleciam também uma nota de conteúdo, demonstrando já alguma preocupação com o conteúdo. Nota de conteúdo: dá informação sobre todas as obras compiladas nesse volume; no entanto, não eram criados pontos de acesso e, por isso, o leitor não sabia onde estava a obra que continha estes textos.

<= Esta situação é muito diferente do que acontece hoje em dia: na descrição bibliográfica abrimos uma nota com os diferentes títulos e diferentes autores dos textos; ou seja, são criados diferentes pontos de acesso que contemplam todos os diferentes títulos e todos os diferentes autores.

Mais tarde, ainda na Idade Média, certos catalogadores criaram unidades de informação para os diferentes títulos e para os diferentes autores.

Porém, não colocavam qualquer referência à obra onde se encontravam outros textos, ou seja, não encontramos remissivas do texto para o volume.

Nota de conteúdo

Título

Nota de conteúdo

Título

=> “publicada com outros textos e situa-se algures no catálogo”

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CATALOGAÇÃO – apontamentos 1º semestre

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Verificamos que é exactamente na Idade Média que deixamos de valorizar a unidade catalográfica volume em detrimento do documento como texto manifestado. Hoje há a noção de que as unidades que compõem o universo bibliográfico são de textos manifestados, reconhecendo-se a necessidade de veicular informação não só sobre todos os textos que manifestam a produção de um autor (3ª função do catálogo de autores e títulos) mas também sobre todos os textos que manifestam uma determinada obra (as suas várias edições: a sua 2ª função). É assim que hoje se procede com a catalogação das partes componentes. Contudo, embora desejável, não se faz catalogação analítica por falta de meios humanos e económicos. Parte componente: unidade bibliográfica que faz parte de uma unidade mais vasta, encontrando-se hospedada na unidade mais vasta. Ex: os artigos encontram-se localizados em revistas. Autonomizar: criação de uma unidade intelectual para uma unidade textual. A partir dos séculos XIII e XIV, surgem já remissivas que começam a ser utilizadas apenas na seguinte situação: Surgem os catálogos duplos. Relativamente aos catálogos sistemáticos, vimos que estes reflectiam a disposição dos documentos na biblioteca, isto é, a ordenação do catálogo coincidia exactamente com a ordenação dos livros nas estantes. O catálogo da biblioteca do mosteiro de Córbia (?), elaborado no século XII, já seguia uma organização alfabética, um dos poucos na época. Trata-se de um catálogo alfabético geral: autores, copistas, palavras mais significativas do título, surgem organizados alfabeticamente.

Alguns catálogos sistemáticos seguiam uma subordenação alfabética.

Outro tipo de catálogo que encontramos nesta época, nomeadamente nos séculos XIII e XIV é aquele que é constituído por duas partes, sendo a segunda considerada apêndice: catálogo duplo.

Este catálogo obedece à forma tradicional do catálogo sistemático, só que agora também nos permite fazer uma busca directa a um objecto anteriormente conhecido. Este apêndice permite dar

Nota de conteúdo

Título da 1ª publicação

Ver página: remete para a obra compósita

Título do texto

Referência a todos os diferentes textos que o integram

Na Idade Média não havia catálogo de autores, devido à visão teocrática em que assentava o pensamento de então.

Parte principal: ordenada sistematicamente (por classes) enquanto a subordenação variava (nome do copista, nome do doador, data da impressão).

Apêndice: ordenado alfabeticamente por títulos, copistas ou catchwords

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Apêndice

Compósito

classe

classe

classe

__________________________________________________

Bibliografia: Bakewell, KGB – A manual of cataloguing practice . Oxford: Pergamon press, 1972 Hanson, Eugene R; Daily, jay E – “Catalogs and cataloguing”, in Encyclopedia of library and information science . NY: Marcel Dekker, 1970, vol. 4, p 242-305

mais importância ao texto do que à própria unidade física, denotando uma preocupação, já nesta altura, com o conteúdo do documento. => o apêndice continha registo de cada uma das unidades intelectuais que pertencem ao compósito.

Nos séculos seguintes verificamos o desaparecimento gradual da 1ª parte (principal), ficando apenas o apêndice. No caso dos anónimos, socorria-se da catchwork (palavra mais significativa do título). Na noção de autor entravam os tradutores, copistas, etc.

SÉCULO XVI Com o Renascimento, o conhecimento centra-se no Homem. Já interessa quem fala e quem cria. Abandona-se uma visão teocêntrica e o indivíduo começa-se a afirmar. CONRAD GESNER (1545), publicou a “bibliotheca universalis”, essencialmente uma bibliografia publicado em 2 partes (catálogo duplo). � A 1º parte, publicada em 1545, surge como um elenco de autores organizados por ordem

alfabética do 1º nome do autor. � A 2º parte encontrava-se ordenada sistemáticamente, numa classificação de 21 classes. � Apresenta, ainda, um apêndice à 1ª parte, onde faz o controlo de autoridade e a inversão dos

nomes. o Teve consciência de que a organização pelo apelido de autores era importante para o

utilizador. Punha-se o problema dos autores que surgiam com nomes diferentes ou com várias formas do mesmo nome. Estabelecia a ligação aos nomes dos autor através de remissivas. Adoptava uma forma e rejeitava as outras (Thobias v. Tobias).

o Os nomes dos autores já surgiram invertidos da ordem directa (embora só no apêndice) e organizados alfabeticamente.

Aceitou nesta bibliografia todo o tipo de obras e de autores, incluindo obras anónimas na 2ª parte, e não estabeleceu qualquer tipo de censura às publicações, nem descriminou nenhum autor como até então era habitual. Continua a alfabetar os nomes pelo nome próprio do autor, seguindo o princípio tradicional, mas no apêndice apresenta os nomes invertidos com remissivas (ordem indirecta do nome do autor) Na 1ª parte, também não encontramos todas as edições de uma mesma obra, pois podia, por ex., criar uma unidade de informação para o tradutor e não para o autor, ou seja, não estabelecia remissivas entre o tradutor e o autor da obra. Assim, tendo em conta esta falha, a 2ª parte da “bibliotheca univesalis” surge como o elenco de todos os registos apresentados na 1ª parte, ordenados de forma sistemática. Isto é, surge um catálogo de assuntos em que é utilizada uma classificação feita pelo próprio Conrad Gesner.

Hoje fala-se (Roland Barthes) da morte do autor. Com a Internet, é como se se regressasse à Idade Média: não existem criadores mas uns retomam outros, perdendo-se o que disse o autor original.

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CATALOGAÇÃO – apontamentos 1º semestre

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Deste modo, nesta 2ª parte tínhamos as obras do autor, traduções, comentários, etc. Agora, conseguimos encontrar todas as edições existentes de uma obra, pois todas as edições têm algo em comum: o assunto. Contributos:

1. Favorece a catalogação alfabética pelo nome do autor, independentemente do seu estatuto social, prestígio, etc.

2. Questão de controlo de autoridade: apresenta a sua obra “biblioteca universal”, que era uma bibliografia, em duas partes:

a. Na 1ª os nomes dos autores surgem organizados alfabeticamente; é essencialmente um elenco de textos, ordenados alfabeticamente pelo nome do autor. Gesner não distinguiu, por exemplo, a entidade autor da entidade tradutor e não estabelecia remissivas entre uns e outros. Se estivermos perante o nome do tradutor, não teremos acesso ao título e autor originais dessa tradução; como tal, poderemos afirmar que estamos perante um elenco de textos e não de obras.

b. Na 2ª parte encontra-se ordenada sistematicamente, ou seja, é seguida uma classificação. Esta possibilita ao utilizador o acesso às várias edições de uma mesma obra, pois todas partilham de uma característica: o assunto. Pela primeira vez, a classificação é utilizada não com o fim de agrupar os livros, mas com o objectivo de dar ao leitor a informação de todas as edições que uma obra possui. Esta 2ª parte cumpre-se a 2ª função da catalogação.

c. A estas duas partes, Gesner acrescentou um suplemento que permite ao utilizador aceder às obras de um autor, não seguindo ou não procurando o nome do autor pela forma eleita. Neste suplemento, os autores encontram-se ordenados alfabeticamente pelo apelido, seguidos por uma remissiva que conduz os utilizadores na 1ª parte da obra. Ou seja, pela 1ª vez são utilizadas remissivas que têm como objectivo regular as diferentes formas do nome do autor.

Funções que cumpre a bibliografia de Gesner: � Cumpre a 1ª função: respeita os nomes tal como aparecem na publicação. � Cumpre a 3ª função: embora a noção de autor de época não coincida com o actual, Gesner, no

apêndice da sua bibliografia, faz o controlo de autoridade do nome dos autores, estabelecendo remissivas. Assim, poder-se-ia chegar a toda a produção de um autor.

� Não cumpre a 2ª função na 1ª parte da sua bibliografia: o catálogo não estava subordenado por obras. As obras estavam dispostas por ordem alfabética (as obras dos diversos autores estavam misturadas). O facto de não se agruparem as obras por autor revela que não se tinha consciência da necessidade de cumprir esta 2ª função. Para além disso, não estabelece remissivas entre o autor e o tradutor, ou outro qualquer elemento. Assim, se estivermos perante o nome do tradutor não teríamos acesso, nem ao nome do autor original, nem ai título. Com Gesner estaríamos perante um elenco de textos e não de obras.

� A segunda parte da bibliografia de Gesner, ao organizar-se de forma sistemática, possibilitando ao utilizador o acesso às várias edições de uma mesma obra pelo ASSUNTO, pois era este o elemento comum a todas elas. Pela primeira vez, a classificação é utilizada não com o fim de agrupar os livros mas com o objectivo de dar ao leitor informação sobre todas as edições que uma obra possui. Por isso, esta bibliografia cumpre a 2ª função na sua segunda parte e só nesta.

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Autor Tradutor V.

TEOLOGIA

ANDREW MAUNSELL era um vendedor de livros (livreiro) e elaborou no século XVI uma bibliografia sistemática dos livros que vendia. Apresentou como novidade a inversão da ordem directa do nome do autor. Esta bibliografia foi precedida de um conjunto de directrizes que orientavam o utilizador na sua busca.

∗ Inversão da ordem directa do nome do autor. ∗ Criação de uma rubrica uniforme para a Bíblia (que foi “Bíblia”); até então

utilizavam-se vários títulos, não se fazendo a eleição de um só título. ∗ Proclamou ainda a criação de uma unidade de informação para os tradutores, ou seja,

defendeu uma ordenação do catálogo sistemático, mas uma subordenação alfabética para autores, tradutores e assuntos. Para Maunsell, a ordenação do catálogo deveria fazer-se por assuntos (ordenação sistemática), enquanto que os autores e tradutores deveriam subordenarem-se alfabeticamente.

Podemos concluir que nesta bibliografia apenas existia uma unidade de informação completa do ponto de vista descritivo; a unidade de informação completa é relativa ao autor, enquanto as outras eram puramente remissivas (v. p.19 do resumo de Derollez). Esta situação verificou-se até finais do século XIX, inícios do XX (1901). Ou seja, esta situação permitia-nos chegar ao documento a partir do ponto de acesso “tradutor”. Contributos:

1. É o 1º a apresentar como critério, a inversão do nome do autor, ou seja, o apelido passa a ser registado em 1º lugar, ordenado alfabeticamente. Gesner, apesar de já apresentar, no seu apêndice, uma ordenação alfabética pelo nome do autor, este não surgia invertido. Para além disso, Gesner só utilizava o apelido (não invertido) no apêndice. Maunsell fá-lo na parte principal do catálogo. A Gesner foi difícil ir contra a tradição.

2. Propõe ainda uma bibliografia ordenada por classes e com uma subordenação alfabética pelos nomes dos autores, tradutores, título ou assunto.

Foi o 1º bibliógrafo a ter a noção de que o assunto é algo diferente do título, embora Gesner já tivesse também consciência disso. Funções que cumpre o catálogo de Maunsell:

� Cumpre a 1ª, cumpre a 2ª só em relação à Bíblia e a 3ª é posta em causa. SÉCULO XVII Predomina, neste século, a ordenação sistemática com uma subordenação alfabética por autores. Catálogo da Biblioteca de Oxford - “Bodleian Library”: 3 catálogos 1605, 1620 e 1674. O de 1605, tal como na Idade Média, estava organizado sistematicamente em 4 grandes classes: Teologia, Medicina, Leis e Artes. � A subordenação dentro de cada classe era feita alfabeticamente pelos nomes dos autores, no

qual o apelido surgia em 1º lugar. � Apresentou um prefácio.

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CATALOGAÇÃO – apontamentos 1º semestre

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Autor Título

Descrição bibliográfica

Tradutor Autor Título

Descrição

bibliográfica

Tradutor

Nota: trata-se de uma tradução…

<= permite partir deste registo para o local da catálogo onde está o autor.

Ou

assim também temos a possibilidade de nos deslocarmos à procura do nome do autor. =>

� Apresentou um índice de autores que incluiu tradutores; ainda não verificamos, portanto, o controlo da autoridade.

� Outra novidade que este catálogo apresentou foi o caso dos compósitos. Criava uma unidade de informação com o nome do 1º autor, enquanto os restantes autores presentes no compósito surgiam num apêndice ordenado alfabeticamente pelos nomes dos autores e, em seguida, eram feitas remissivas para o compósito situado na parte principal do catálogo.

� O modelo ainda era o medieval. No de 1620 (associado a Thomas James) foi publicado o 1º catálogo impresso ordenado alfabeticamente pelo apelido dos autores, embora sem inversão. Sempre que exista o autor, este dado tem preferência; quando isto não se verifica dá-se preferência à palavra mais significativa de título ou a primeira palavra do título. ∗ Assiste-se também ao controlo de autoridade, ainda que não seja feita de forma sistemática,

uma vez que tenta seleccionar uma forma uniforme do nome do autor. ∗ Porém, perante obras anónimas, entrava pela 1ª palavra do título; ∗ Perante traduções de obras anónimas, o ponto de acesso escolhido era o nome do tradutor. Era

uma inovação, pois não usava “catchword”. ∗ Havia o chamado cabeçalho natural (“natural headiing”): partia-se do princípio de que todos

os utilizadores acediam ao catálogo por um determinado ponto de acesso, pois havia a ideia de que todos pensariam da mesma forma.

∗ Para os documentos que manifestassem uma colaboração de diferentes autores, foram criados registos separados para os diferentes autores. Foi uma novidade quanto às obras compósitas. Até aqui era apenas criada uma unidade de informação que contemplava o nome que era em primeiro lugar mencionado.

O de 1674 surge associado ao nome de Thomas Hyde (conhecido na literatura) e só cumpre a 1ª função do catálogo de autores. ∗ Escreveu um prefácio, no qual estabelece um conjunto de directrizes. ∗ Grande inovação: tentar descobrir a autoria da obra, dando cumprimento a uma das funções

da catalogação. Existe um controlo de autoridade sistemático. ∗ É um catálogo alfabético de autores, mas com uma estrutura diferente: existe já uma

preocupação em estruturar as unidades que compõem o catálogo. É neste ponto que se afasta da ideia de um mero inventário.

∗ Embora também tenha consciência que aquando da manifestação de uma obra esta pode apresentar diferentes títulos, nada fez, no entanto, para reunir as obras sob um determinado autor as diferentes edições de cada uma das suas obras.

∗ Apresenta-nos notas na descrição bibliográfica que nos permitem relacionar informações dentro de um mesmo catálogo:

∗ Dá algumas informações sobre o autor. ∗ No caso das obras anónimas também dá preferência à palavra mais significativa do título. ∗ A catalogação analítica (das partes componentes) verifica-se em maior escala. Um volume

que apresente vários textos/autores, terão de ser criadas diferentes unidades de informação

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autónomos para as diferentes unidades intelectuais. Ou seja, verificamos que o texto passa a ser mais importante do que o volume.

∗ Também já apresenta uma noção das obras aparentemente anónimas (publicações que não apresenta o nome do autor mas que o conseguimos determinar através de obras de referência). Até então, neste caso, colocava-se a 1ª palavra do título ou a palavra mais significativa. A partir de 1674, perante uma obra deste tipo, ai-se à procura de informações sobre o autor em obras de referência.

∗ Foi também o 1º catálogo, no caso de uma obra fruto de colaboração (co-autores), a formular a solução em que se seleccionava apenas um dos autores e para os restantes eram criadas remissivas para esse texto. Assim começou a associação de uma obra a um autor, ou seja, as diferentes edições de uma obra ficam associadas a um autor.

∗ Incluiu ainda formais: por ex., o utilizador para obter informações sobre um concílio recorrerá em 1º lugar à palavra “concílio”.

Verificamos, assim, que este catálogo de 1674 já cumpre duas funções:

a. Informação das obras existentes; b. Toda a produção de um autor particular.

SÉCULO XVIII Não foi um período de grande inovação. Só no final é que houve novidade. Surge o primeiro código ou catalogação em França. Surge o 1º código nacional na história da catalogação, em França, em 1791. Trata-se essencialmente de um conjunto de orientações relacionadas com a elaboração de um catálogo apenas com uma preocupação física e não ao nível do conteúdo. O resultado da aplicação destas directrizes é um inventário, porque não se faz um controlo de autoridade. Destinava-se a fazer um registo das publicações confiscadas aos mosteiros na Revolução Francesa, daí a ênfase à parte patrimonial. Em 1761, Giovanni Battista Andiffredi, compilou um catálogo onde apresentou no prefácio um conjunto de orientações que guiariam o utilizador. Estabeleceu já o controlo de autoridade, reunindo toda a produção de um autor mais a selecção do título original; para os restantes títulos são criados registos com remissivas, fornecendo acesso a todas as edições de uma obra de um autor. Na opinião de Petrucciani, este catálogo cumpre as 3 funções do catálogo de autores e títulos. SÉCULO XIX Certas circunstâncias sociais favoreceram a laicização e a socialização da cultura: o domínio da cultura secular face à religiosa e o triunfo dos livros em línguas vernáculas face ao uso anterior da língua latina. Século da codificação: existe pela primeira vez uma tentativa consciente de sistematização das directrizes em códigos. Em 1895, Paul Otlet e Henri de la Fontaine criam o Instituto Internacional da Bibliografia em Bruxelas. Propunham-se construir um ficheiro central de todas as publicações impressas, editadas em todos os países desde a invenção da imprensa.

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Surege um grupo de profissionais que começam a lutar pela unificação do pensamento bibliotecário. Algumas regras de catalogação foram aparecendo nos Estados Unidos da América, no Reino Unido e noutros países. Destaque para os seguintes estudiosos: Panizzi: escreveu as 91 regras. Cutter: escreveu as regras para o catálogo dicionário. Jewett: escreveu as regras para o catálogo de autores – catálogo colectivo. Todos eles dão cumprimento às funções do catálogo de autores e de título. Estão na origem dos códigos de catalogação. As 91 regras de Panizzi (código de 1841). ∗ 2º a professora: Relativamente ao catálogo de autores é o autor mais importante; Cutter teorizou

mas Panizzi executou. ∗ Trata-se de um catálogo impresso em forma de livro, não concluído. Ficou-se pelo 1º volume. Contributos: ∗ Surge como o primeiro conjunto sistemático de regras para a descrição bibliográfica e para a

elaboração do catálogo de autores e de títulos. ∗ Novidade: para identificar o autor de obras anónimas, Panizzi tinha consciência de que se

poderia recorrer a fontes de referência. ∗ Estabelece controle de autoridade:

� Numa obra sem o nome do autor, cria um ponto de acesso mesmo sendo anónimo. � Não reconhece o estatuto de autor às colectividades. Designa-as por anónimas. � Estabelece controlo de autoridade. � Utiliza formais, apesar de ter concebido um catálogo de autores.

Funções: o Reunir toda a produção de um autor particular: concentra todos os registos de um mesmo

autor num mesmo ponto do catálogo, recorrendo às remissivas. Não utiliza rubrica uniforme.

o Registo de uma edição particular: também através de remissivas. o Reunir todas as edições de uma mesma obra: coloca primeiro o nome do original e

depois as outras edições. Jewett (1852): (“O profeta”; previu a catalogação universal e a CBU) Escreveu as regras para o catálogo de autores – catálogo colectivo. Influenciado por Panizzi, mas com algumas inovações: ∗ Para as obras anónimas, propunha que entrassem pela 1ª palavra do título. ∗ Reconhece às colectividades o estatuto de autor. ∗ Já não apresenta os cabeçalhos formais como Panizzi. Considera anónimas as publicações

relativamente às quais não se consegue identificar o nome do autor. Contudo, se numa das edições da obra se encontrar o nome do autor, ele é assumido, mesmo para edições em que não é referido.

∗ As obras escritas sob pseudónimos eram catalogadas pelo nome verdadeiro do autor, ainda que fosse mais conhecido pelo pseudónimo.

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∗ Catálogo colectivo: o facto mais importante deixado por Jewett. Pretendia criar um catálogo reunindo os registos de todas as bibliotecas dos Estados Unidos da América, prevendo um sistema centralizado de catalogação. Pensou mesmo num catálogo universal.

∗ Previa novas soluções técnicas: até agora, todos os catálogos eram em forma de livro. � Reuniu as informações sobre colecções existentes nas bibliotecas americanas e

imprimiu-as pelo processo de estereotipia (estabelecia-se, para cada página, uma matriz que ocupava a página).

� Criou para cada unidade de informação uma placa e esta era colocada junto com as outras, segundo uma forma alfabética, perfazendo uma folha. Desta forma, a produção de um novo catálogo era rápida, pois apenas se teria de inserir as novas placas na ordem alfabética, evitando-se os suplementos.

Cumpre as 3 funções do catálogo de autores e títulos. A 2ª cumpre-a como Panizzi. Cutter (1876). É considerado o melhor teórico da história da catalogação. Influenciou a Conferência de Paris. ∗ Conhecido pela sua famosa tabela para nomes. ∗ Estipulou que a comodidade do utilizador prevalece sobre a do catalogador. ∗ Enuncia princípios e objectivos numa introdução às regras de catalogação. ∗ Inclui formais. ∗ Consagrou a existência da escola americana de catalogação com a publicação, em 1876, de

“Rules for a Dictionary Catalog”. Trata-se de um verdadeiro código, consistindo em 369 regras para entradas de autor e título, para assuntos, para cabeçalhos formais, para alfabetação e arquivo de fichas.

� Regulava a criação de pontos de acesso para os vários catálogos. � Estipulava regras de alfabetação. � Objectivos:

o Permitir ao utilizador encontrar um livro do qual ele conhece o autor, o título ou o assunto.

o Mostrar o que uma determinada biblioteca possuiu sobre um determinado autor ou título.

o Assistir o utilizador na escolha de um livro que diga respeito à sua edição. ∗ Apresentou uma série de objectivos para formular o catálogo-dicionário, enquanto outros

teóricos defendiam o catálogo de autor e títulos. È um catálogo híbrido que integra vários catálogos. Continha unidades de informação que respondiam aos objectivos do catálogo de autores e títulos, de assuntos e de formais. Objectivos:

� Permitir ao utilizador encontrar um documento do qual conhece ou o autor ou o título ou o assunto.

� Mostrar o que uma determinada biblioteca possui sobre um determinado autor ou título (3ª função).

� Assistir o utilizador na escolha de um livro que diz respeito à sua edição (1ª função). Cumpre as 3 funções de um catálogo. Há uma evolução de Panizzi para Cutter, pois temos agora um catálogo mais funcional. No entanto, teremos de ter em conta que este já foi constituído como suporte da ficha 12,5 X 7,5.

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Autor Título

Descrição bibliográfica

Tradutor Autor Título

Descrição bibliográfica

Assunto Autor Título

Descrição bibliográfica

SÉCULO XX É um século de codificação (normalização à escala internacional) que tem em vista a uniformização. Tem por objectivo criar um sistema de permuta de informação a nível universal. Para isso, terá de ter por base a uniformidade e compatibilidade. Tenta-se colocar todos os países numa determinada linha de pensamento, quer na prática descritiva, quer na utilização de pontos de acesso. É nesta época que surgem vários códigos de catalogação nacionais, produtos não de indivíduos, mas de instituições. 1892: instruções prussianas seguidas pela Alemanha, Áustria, Suíça e Dinamarca. 1902: código de catalogação da Espanha. Em termos internacionais predominam dois códigos:

� As instruções prussianas: dominam na Alemanha e na Áustria. � As instruções americanas: dominam na América e no resto da Europa.

FINAIS DO SÉCULO XIX NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E NO REINO UNIDO Era necessário estabelecer princípios à escala internacional, com vista a uma permuta de informação à escala mundial. Quem passa a liderar todo o processo de elboração de códigos foi a ALA e a LA. Nos Estados Unidos da América, em 1877, a American Library Association (ALA), fundada em 1876, publicou um conjunto de estipulações normativas que regulam a elaboração de catálogos de autores. Este conjunto de normas foi baseado nas estipulações de Cutter. Em 1883 foi publicada uma segunda edição destas estipulações. No Reino Unido, em 1881, surgem as 1º regras de catalogação publicadas em conjunto pela ALA e pela Library Association (LA; Reino Unido; 1877). Em 1901, a Biblioteca do Congresso apresenta a ficha 12, 5 X 7,5 como suporte de informação. Deste modo, a situação até então verificada deixa de ser uma realidade, pois passamos a ter todos os elementos como unidade de informação completas.

Nota: respeitou-se a proporcionalidade das dimensões da ficha 12, 5 x 7,5.

Neste ano a ALA nomeou uma comissão encarregada de estudar as normas de catalogação adoptadas para esta entidade. A ALA e a LA unem-se e tentam produzir um código conjunto que surgirá em 1908, conhecido como “Joint Code”. Trata-se de um código de regras para a elaboração do catálogo de autores e títulos: compunha-se de descrição bibliográfica + determinação de pontos de acesso.

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A Biblioteca do Congresso seguia as suas próprias regras de catalogação, tendo a partir de 1901 começado a vender os seus registos às bibliotecas dos Estados Unidos da América.

∗ Este código respeitava as particularidades específicas de cada uma das instituições, ou

seja, não temos um único código, mas versões diferentes. ∗ Baseou-se no código de Cutter, nas regras italianas, nas instruções prussianas e nas

regras espanholas, bem como em edições anteriores dos códigos da ALA. ∗ Foi o 1º código internacional a ser publicado.

O facto de ter sido apoiada pelas duas grandes associações de âmbito nacional contribuiu para que o código alcançasse um estatuto de seriedade, sendo aceite sem reservas não só nos Estados Unidos da América como também em outros países, embora sofresse várias adaptações. Estas duas instituições passaram a liderar todo o processo de elaboração de códigos. Foi, porém, bastante criticado pelos catalogadores que não encontravam as soluções que precisavam:

∗ A descrição bibliográfica seria excessivamente pormenorizada e denotava uma ausência de princípios (excesso de regras). Isto trazia confusões.

∗ Não se encontravam contempladas as regras para a elaboração de cabeçalhos ou criação de pontos de acesso no catálogo de autores; não determinava princípios de orientação e os objectivos.

Relativamente a Cutter há um retrocesso, pois o deste autor apresentava princípios e objectivos para todos os catálogos: autores, assuntos, formais e ainda apresentava um glossário. Em resultado, será elaborado uma nova edição, o código de 1941, agora já sem a participação do Reino Unido, que se encontrava em guerra: “ALA catalog rules: author and title entries”. Era constituído por duas partes:

1) Cabeçalhos/criação de pontos de acesso. 2) Descrição bibliográfica: apresentou uma grande inovação – possuía uma introdução que

continha os objectivos da catalogação descritiva e os princípios em que se devia fundamentar a sua aplicação.

Esta edição também foi muito criticada e, em resultado disso, a Biblioteca do Congresso vai procurar encontrar os princípios subjacentes às regras que integram a descrição bibliográfica.

Entregam a tarefa a Lubetzky, que irá analisar a edição de 1941 e apresentará um conjunto de princípios para a descrição bibliográfica. Este trabalho ficou conhecido por “Studies of

descriptibe cataloging”, publicado em 1946. Foi este trabalho que inspirou as ISBD, daí a sua importância. Este trabalho ficou também conhecido por “Relatório Henkle”, pois apesar de ter sido elaborado por Lubetzky, foi apresentado por Henkle. A importância deste relatório consiste no facto de, pela primeira vez na história da descrição bibliográfica, se utilizar a palavra organização aplicada aos elementos bibliográficos. Até aqui, a descrição bibliográfica consistia numa transcrição pura: perante um documento, o catalogador apenas copiava os elementos de que necessitava e na ordem em que surgiam. Com o “Relatório Henkle”, Lubetzky defende que deveremos procurar organizar os elementos de identificação; pressupõe uma análise e uma interpretação do documento, implicando o abandono

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da ideia de uma transcrição integral; também pressupõe ordenar os elementos de acordo com as estipulações da norma. Com base no “Relatório Henkle”, em 1949 a Biblioteca do Congresso publica um conjunto de estipulações normativas para a descrição bibliográfica e anuncia esta publicação como sendo a 2ª parte do Código Americano. É também publicado uma revisão da 1ª parte relacionada com os cabeçalhos/criação dos pontos de acesso da edição de 1941. Esta edição vai ser também criticada. A Biblioteca do Congresso vai, mais uma vez, entregar a tarefa de revisão a Lubetzky, seguindo os princípios preconizados por este autor. Em 1953, este catalogador apresentou um texto com o título “Cataloging Rules and Principles”: ∗ O código tem que ser uma estrutura. ∗ Deve basear-se não em tipos de publicação mas em condições bibliográficas de autoria: um

só autor, obras relacionadas com outras, etc. Até aí, os códigos apresentavam regras seguindo o tipo de publicação: concílios, dicionários, etc. O nº de estipulações normativas ir-se-ia reduzir.

∗ Indaga o valor de cada uma das regras presentes no código de 1949 e á medida que ia fazendo a crítica ia apresentando novos princípios.

É neste contexto que a Biblioteca do Congresso propôs a Lubetzky a elaboração de um código baseado nos princípios por ele preconizados. O referido autor concluiu um "draft" em 1958 e outro em 1960. À medida que os textos vão sendo publicados, eram feitas conferências com o intuito de analisar os textos até então elaborados. Lubetzky nunca chegou a concluir um código, pois as suas ideias implicariam um reajuste de todas as teorias até então desenvolvidas. Então, a FIAB/IFLA surge e reúne todas as ideias até então desenvolvidas e projecta uma reunião internacional com o objectivo de uniformizar as regras de entradas e cabeçalhos principais:

CONFERÊNCIA DE PARIS, 1961. Esta reunião limitou-se, porém, a um âmbito muito específico, cingindo-se a um produto particular: o catálogo de autores e de títulos, abordando apenas a questão da determinação de pontos de acesso. Tentou-se determinar quais os princípios que podem ser reconhecidos como universais para a elaboração de um produto particular. Para a criação de pontos de acesso teriam que se colocar algumas perguntas: quem é o autor?, quem é o tradutor?, quem é o editor?. A descrição bibliográfica não foi abordada, não foi definido o conceito de autor, confundiram obra com livro. O grau de cientificidade foi muito reduzido, tendo por base os textos de Lubetzky. Também muitos dos países foram representados não por catalogadores mas por directores de bibliotecas nacionais. Assim, poucas conclusões puderam ser retiradas. O texto que resultou passou, apesar de tudo, a ser reconhecido internacionalmente. Ficou estabelecido que os princípios acordados deveriam ser difundidos por todo o mundo e deveriam constituir a base à elaboração de qualquer código. Os códigos já existentes deveriam ser revistos. Contudo, não apresenta princípios mas apenas regras gerais. Ou seja, o grau de reflexão teórico foi muito baixo. Uma vez que o texto foi reconhecido internacionalmente, foi devidamente divulgado e os códigos adaptados a esses princípios. Mas era necessário comentar e interpretar todos os princípios presentes nesse texto. Quem tomou conta da tarefa foi Chaplin, em 1966.

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Em 1967, nos Estados Unidos da América, surge a 1ª edição da “ANGLO-AMERICAN CATALOGING RULES”, com duas versões: uma para o Reino Unido e outra para os Estados Unidos da América. Ainda não havia consenso entre estes dois países. Conheceu novas edições em 1978, …, …. MARC, UNIMARC e ISO2709. CBU Em relação à parte descritiva, a BIBLIOTECA DO CONGRESSO continuou com o código de 1949. Em 1965 a BC consegue entrar num projecto (“shared cataloging”) para a compra de toda a produção mundial acompanhada dos respectivos registos de catalogação. A Biblioteca do Congresso apenas aproveitaria a informação relativa à descrição bibliográfica e não aos pontos de acesso, pois os seus serviços possuíam os seus próprios princípios de determinação dos pontos de acesso. Verificou-se, contudo, que havia diferenças significativas ao nível da descrição. Assim, em 1965, a Biblioteca do Congresso pensa em autonomizar os seus registos e para tal necessitou de estruturar os dados, permitindo uma catalogação automatizada: surgiu o formato MARC. Em 1968 é concebido um novo formato, MARC II, colocando-o à disposição de todas as bibliotecas que quisessem participar. A estrutura foi normalizada segundo os princípios I.S.O. e tornou-se numa norma internacional: ISO2709. Foram lançadas as bases para o CBU: Controlo Bibliográfico Universal. Entretanto, foram surgindo vários MARC nacionais que apenas eram iguais na estrutura. Daí a necessidade de criar um formato universal: o UNIMARC, criado pela IFLA, que deverá ser apenas utilizado na troca de informação ou utilizado como formato nacional de um país que ainda não tenha o seu. ISBD A IFLA e a UNESCO encarregaram Gozman de elaborar um levantamento dos diversos códigos de catalogação vigentes, no sentido de estabelecer aspectos comuns na parte descritiva. Não analisou os códigos e apenas seleccionou 8 bibliografias nacionais, confrontando-as e fazendo um apanhado dos elementos descritivos que deles faziam parte. Teve em conta a ordem dos elementos e a pontuação utilizada. Em 1968, a IFLA convocou uma reunião de especialistas de catalogação: Copenhaga, 1969, RIEC. Pontos fundamentais:

∗ Procurar fomentar a criação de princípios internacionais para a descrição bibliográfica.

∗ Analisar o projecto da “shared cataloging” Nesta reunião,

� Gozman foi muito criticado. � Eva Verona ficou encarregada de analisar os vários catálogos. � Foi abordado o tema ISBN � Foi abordado o programa MARC.

Em 1971, surge o 1º "draft" para a ISBD- publicações monográficas. Era já um conjunto de estipulações com regras que indicavam os elementos que deveriam compor uma descrição bibliográfica.

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Em 1973, o conselho da IFLA reuniu em Grenoble, tentando, mais uma vez, estabelecer uniformidade. Neste contexto, aparece o enunciado do Controlo Bibliográfico Universal – CBU. O Controlo Bibliográfico Universal é a selecção, a aquisição, tratamento, armazenamento e a colocação da informação tratada à disposição do público. Segue regras e para que seja eficaz à escala internacional é necessário que haja regras aceites internacionalmente. O objectivo que pauta todo o século XX é a necessidade de colocar todas as agências bibliográficas nacionais a trocarem informações. Para tal, é necessário que haja uma Agência Bibliográfica Nacional, que produza os registos bibliográficos e que os ponha ao serviço dos utilizadores desse país. Estas entidades devem fazer o tratamento de toda a produção nacional e pô-la à disposição das bibliotecas do país. Tem de existir um depósito legal, consagrado através de uma lei própria e uma agência fiscalizadora do depósito legal. Só então poderemos permutar registos bibliográficos de publicações à escala internacional. PORTUGAL No início do século, existiam apenas algumas directrizes publicadas pela Biblioteca Nacional. Somente em 1972 surgirá um anteprojecto da obra “Regras Portuguesas de Catalogação”, em 1975 o seu projecto e em 1984 a publicação.

NOTAS FINAIS: CONTROLO DE AUTORIDADE É uma denominação ampla que inclui o TRABALHO INTELECTUAL de criação e actualização dos registos de autoridade. Para assegurar que as obras de um dado autor (pessoa física ou colectividade) sejam sempre recuperadas aquando da realização de uma pesquisa, deve-se determinar a forma do encabeçamento e estabelecer a forma autorizada daquele autor, seguindo as convenções e recomendações internacionais. Não se podem exprimir os pontos de acesso tal como aparecem nos documentos. É necessário unificar os dados. Embora seja uma fórmula convencional, tal verificação serve para AGRUPAR, de forma lógica, documentos que, de outra forma, apareceriam dispersos no catálogo. O controlo de autoridade pode definir-se como o processo de normalização dos pontos de acesso com o fim de acreditar a forma predominante e inequívoca com que aqueles devem figurar nos catálogos. Objectivos:

� Unificar pontos de acesso que estão expressos de forma diferente (ex: matrimónio/casamento).

� Conseguir diferenciar pontos de acesso que se podem identificar da mesma maneira.

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� Permite que o catálogo seja uma rede de relações ou de nos movermos com segurança desde as formas não aceites mediante o sistema de referências.

� Encaminhar o utilizador, mediante notas explicativas, para uma classe, categoria ou grupo de encabeçamentos.

Daqui resulta a constituição de listas ou ficheiros de autoridade, documentos nos quais se regista a forma obrigatória e predominante. O controlo de autoridade foi estabelecido pela 1ª vez por Conrad Gesner, no século XVI. PARTES CONSTITUINTES DE UMA FICHA CATALOGRÁFICA.

1. ENCABEÇAMENTO: reflecte a autoria principal da obra que se descreve e o título. 2. DESCRIÇÃO BIBLIOGRÁFICA:

a. É independente da eleição e forma dada ao ponto de acesso principal. b. Plasma os dados que se julgam essenciais para reconhecer um documento

(autonomiza-o e individualiza-o): título, indicação de responsabilidade, dados relativos à edição, notas, ISBN.

3. PONTOS DE ACESSO SECUNDÁRIOS. UM REGISTO (bibliográfico) é constituído:

1. Descrição bibliográfica. 2. ID (identificação): constituído por:

a. Elemento autor. b. Elemento título.

i. No caso de obras de autor desconhecido no ID apenas surgirá o elemento título.

PARTES COMPONENTES: entidades que se encontram hospedadas em documentos mais vastos (hospedeiros). Existem regras próprias para a descrição de partes componentes. Descrever as partes componentes é fazer catalogação analítica. QUESTÃO: Há sectores da literatura que consideram que a catalogação descritiva em sentido amplo engloba a descrição bibliográfica e os pontos de acesso para o catálogo de autores, confundido a expressão “catalogação descritiva” com “catalogação por autores”. A natureza dos elementos que constituem

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este catálogo (de autores) assenta nos nomes de pessoas físicas e colectividades, bem como nos títulos (quando o autor é desconhecido). Esta situação surgiu, desde logo, porque durante muito tempo foi impossível, do ponto de vista económico, criar numa biblioteca vários tipos de catálogos. Nos séculos XVI e XVII existiam apenas 2 catálogos em cada biblioteca: o catálogo alfabético geral e o catálogo de assuntos. A literatura espelhava a realidade das bibliotecas, hoje impossível de aceitar. É também apontada uma razão teórica subjacente a esta forma de entender o assunto: Lubetzky, no século XX defendia que não existe uma autonomia da descrição bibliográfica relativamente ao catálogo de autores, ou seja, considerava que a descrição bibliográfica era uma parte fundamental do catálogo de autores. Defendia que a descrição bibliográfica e os pontos de acesso (ou aquele ponto de acesso do ID) formavam um todo. Crítica:

� A catalogação nunca permitiria a elaboração de catálogos cronológicos, de editores, de impressores, entre outros.

� A catalogação por assuntos, só resultaria num catálogo caso se baseasse, em 1º lugar, na catalogação descritiva (descrição bibliográfica + pontos de acesso para o catálogo de autores). Assim, ao pretendermos elaborar um catálogo de assuntos, teríamos de partir do assunto. Depois, fazia-se a catalogação descritiva (descrição bibliográfica + pontos de acesso para o catálogo de autores).

A partir de 1970 surge a IFLA com os ISBD, ou seja, as normas para a descrição bibliográfica, com a novidade da proclamação da descrição bibliográfica em relação aos pontos de acesso para o catálogo de autores. Hoje em dia, a descrição bibliográfica é vista como algo móvel e não uno. Quebra-se a relação entre dois elementos: a descrição bibliográfica e os pontos de acesso para o catálogo de autores. Consequências do que se pratica actualmente:

� Quebra-se a relação entre a descrição bibliográfica e pontos de acesso para o catálogo de autores, isto é, acaba-se com a possibilidade de analisar cada assunto pela ordenação das obras.

� Deixamos de ter a possibilidade de ver o autor de uma obra particular, ou seja, deixamos de ter a possibilidade de encontrar outros documentos manifestações dessa mesma obra.

Ex,: catálogo de tradutores: se apenas souber o nome do tradutor, não tenho possibilidades de chegar a outras manifestações (traduções) dessa mesma obra. Antes de 1970, um catálogo por assuntos possibilitava essencialmente uma ordenação por obras, já que existia uma ordenação alfabética. Se, por exemplo, existirem edições de uma mesma obra mas que apresentem títulos diferentes, todas estas edições surgiriam juntas já que a unidade base (o assunto) era contemplada. O mesmo assunto estava subordenado em várias edições que ficariam todas juntas, ordenadas. Depois de 1970, como não consideramos o catálogo de autores como uma unidade de informação básica deixa de existir esta subordenação. Deixámos de ter a possibilidade de navegar entre vários objectos, entre os documentos que são manifestações da mesma obra. Hoje em dia, poderemos contornar esta situação: dá-se a identificação de título e do autor e, em seguida, o programa dá-me outros pontos de acesso. É a solução pela integração O objectivo é o de poder-se navegar entre registos.

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Contudo, mesmo sem integração entre a descrição bibliográfica e o ponto de acesso principal, é possível fazer mobilidade. UTILIZAÇÃO DE “FORMAIS” AO LONGO DA HISTÓRIA DA CATALOGAÇÃO (“formheadings”)

� Catálogo de 1620 da Bodlain Library: para resolver o caso dos anónimos e, mais raramente, para as obras das quais se conhecia o autor.

� Catálogo de 1674 da B. L.: Thomas Hyde utilizava formais como “catecismo”. � Panizzi: apesar de ter concebido um catálogo de autores, utilizava formais. � Jewett: retirou os formais do catálogo de autores. � Cutter: no seu Catálogo Dicionário prevê regras e contém unidades de informação que

correspondem aos objectivos do catálogo de autores e títulos, do catálogo de assuntos e do catálogo de formais. São elementos diferentes reunidos no mesmo catálogo.