casos práticos resolvido fdl07-08

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  • 5/10/2018 casos prticos resolvido FDL07-08

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    Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa Direito Processual Civil I

    Proposta de resolucao do caso pratlco n .Q 50A e B, casados em cornunhao de adquiridos, compraram a C, mercadoria no

    valor de 500, a qual nao pagaram. C colocou accao de condenacao contra A.a) Aprecie a legitimidade activa e passivab) E se a dfvida tivesse sido contra fda apenas por A e destina-se a ocorrer aos

    encargos normais da vida familiarA titulo acessorio poder-se-ia identificar:

    Pedido: condenacao ao pagamento da mercadoria Causa de Pedir: contrato de compra e venda da mercadoria lao abrigo do

    artigo 879.Q, allnea c) do Codigo Civil a falta de um efeito essencial docontrato, a obrigacao de pagar 0 preco]

    Valor da Causa: 500 (art. 306.Q, n.Q 1 C . Processo Civil, a quantia certa emdinheiro que se pretende)

    Tipo de Processo: Comum Sumarissimo, art. 462.Q, 2~ parte. 0 valor naoultrapassa a alcada do Tribunal de Comarca (art. 24.9, n.9 1 LOFTJ, fixa aalcada em 5.000) e a accao destina-se ao cumprimento de uma obrigacaopecuniaria.

    Tipo de Accao: declarativa decondenacao [art. 4.9, n.Q 2, al. b) CPC) Tribunal competente: art. 74.Q, n.Q 1 CPC, a accao sera proposta no tribunal

    do domicilio do reu Personalidade: pelo criterio da coincidencia do n.Q2, art. 5.Q CPC, tendo os

    sujeitos personalidade juridica ao abrigo do art. 67.9 C . Civil tem tambernpersonalidade judiciaria (susceptibilidade de ser parte)

    Patrocfnio Judiclario: nao'e obrigatoria a constituicao de advogado pelodisposto no art. 32.9 CPC, podendo as partes prosseguirem por si a accao oufazerem-se representar por mandatario judicial, sendo por isso facultativo 0patrocfnio, art. 34.9 Cpc.

    1Ricardo Celorinda Luis, nQ16345, A-4, 3.Qana

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    a l + l a que definir desde logo a legitimidade, a luz do art. 26.Q, n.Q 1 CPC como 0interesse directo que 0 agente tem na accao, seja activa quando seja 0 autor que temo interesse em demandar a accao e passiva quando seja 0 reu a ter interesse directoem contradizer a accao, 0 n.Q 2 do mesmo da-nos 0 criterio para aferir esse "interessedirecto", a utilidade da accao para 0 autor eo prejufzo dessa no caso dos reus.

    No caso a legitimidade activa e a sltuacao de C, enquanto a legitimidade passivaesta na esfera de A e B, sendo conjuges, esta-se perante uma situacao de litisconsorcionecessario legal (art. 28.Q-A, n.Q3 CPC), sendo necessario que todos os interessadosdevem ser demandados, no caso ambos os conjuges. Assim, ao abrigo da V! parte don.Q 3, do art. 28.Q-A, quando 0 objecto do processo e um facto praticado por ambos osconjuges, no caso a dfvida e contrafda por ambos e pelo art. 1691.Q, n.Ql, al. a) C . Civilsao os dois responsaveis por tal dfvida e pel a qual respondem os bens comuns do casale, subsidiariamente, os bens proprios de qualquer um deles pelo disposto no art.1695.Q, n.Ql C . c. .

    Ao faltar assim um dos interessados ongrna-se uma ilegitimidade, mas esta esanavel, quer atraves de um despacho pre-saneador, art. 508.Q, n.Ql, al. a), 0 juizprovidencia 0 suprimento da excepcao dilat6ria [art. 494.Q, al. ell nos termos do n.Q 2do art. 265.Q (decorre do poder de direccao do processo e do principio do inquisitoriodo juiz), nao ficando sanada esta ilegitimidade, poder-se-a recorrer a intcrvencaoprincipal do conjuge nao presente, provocada quer pelo autor da accao, art. 269.Q,n.Ql, mesmo que nos 30 dias subsequentes ao transite em julgado pela decisao deabsolvicao da instancia [despacho saneador, art. 510.Q, n.Q 1, al. all, n.Q2, art. 269.Q,quer pelo conjuge demandado ao abrigo do n.Ql do art. 325.Q.

    Nota: Se faltar um pressuposto processual que afecte um dos litisconsortes

    (uma vez que tern de estar preenchidos em relacao a todos osinteressados na accao] e se dessa falta se determinar a absolvicao nainstancia, os demais litisconsortes tambern serao absolvidos, pois aquelaabsolvicao torna-os parte ilegftima. Exemplo: incapacidade judicia ria doreu, nao san ada pelo autor, arts 494.Q, al. c) e 288.Q, n.Ql, al. c).

    0 litiscons6rcio passive entre conjuges acompanha, em regra, aresponsabilidade patrimonial pelo pagamento das dfvidas, se por estasforem responsaveis bens comuns ou proprios do conjuge nao contratante,art. 1695.Q c.c., devem ser por isso demandados a ambos os conjuges, e adisponibilidade substantiva sobre os bens em causa na accao.

    0 litisconsorcio passivo entre conjuges ao abrigo do n.Q3 do art. 28.Q-Atambern pode operar apos a dissolucao, declaracao de nulidade ouanulacao do casamento, basta que 0 acto tenha sido praticado pelos ex-

    2Ricardo Celorinda LUIs,nQ16345, A-4, 3.Qana

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    conjuges ou que ainda nao se tenha procedido a partilha. Se existir novocasamento, 0 novo conjuge tarnbern pode ser demandado, importa paratal delimitar os bens do ex-conjuge perante os bens do novo casalou benspr6prios do conjuge.

    Se no caso se trata-se de uma accao colocada pelo casal a C , estar-se-ia peranteuma legitimidade activa de A e B.

    Assim teria a accao ser proposta por ambos os conjuges, art. 28.9-A, n.91,quando dessa accao possa resultar a perda ou oneracao de bens que 56 possam seralienados por ambos ou a perda de direitos que 56 por ambos possam ser exclufdos(para tal pode-se recorrer ao art. 1678.Q, n.93 C . Civil relativamente aos actos deadminlstracao dos bens comuns do casal e tarnbern ao art. 1691.9 c.c. e 1694.Q c.c.relativo as dfvidas comunicaveis, tendo por base 0 art. 1695.9 c.c. sobre os bens querespondem pelas dfvidas de responsabilidade de ambos os conjuges).

    Se a accao for proposta 56 por um dos conjuges, sem que se tenha verificado 0consentimento do outro conjuge gera-se uma ilegitimidade, que pode ser sanadaatraves da obtencao da autoriz acao do conjuge em falta, se este nao der 0 seuconsentimento entao ainda pode ser sanado pelo suprimento judicial, previsto non.Q2 do art. 28.Q-A, utilizando-se 0 processo do art. 1425.Q cp c .

    Nota: Na falta de um pressuposto processual (como atras referido para 0 caso

    da legitimidade passiva) sera 0 reu a ser absolvido da instancia combase na ilegitimidade dos autores.

    b) Na hip6tese da dfvida ter sido contrafda apenas por um dos conjuges masdestinando-se a ocorrer nos encargos normais da vida familiar, a solucao e identica aapresentada na primeira alfnea do caso pratico, apenas alterando a base da resolucao,uma vez que esta, embora assente tambern no n.Q3 do art. 28.Q-A, ja nao e na 1~ partedeste, mas sim na 3~ parte, remetendo esta para 0 que nos e disposto no n.1 domesmo artigo, que conjugado com 0 art. 16~H.Q, n.Q1, al. b) c.c., de onde resulta acomunicabilidade desta dfvida, e respondendo por isso os bens dispostos no art.1695.Q c.c., pode desta accao resultar uma perda ou orieracao de bens do conjuge quenao participou directamente na dfvida, considerando-se por isso um litiscons6rcionecessario legal entre conjuges ao abrigo do art. 28.9-A cp c .

    Nota:

    3Ricardo Celorinda Luis, nQ16345, A-4, 3.Qana

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    Quanta a classificacao da 3 parte do n.93 do art. 28.9-A, a ProfessorMiguel Teixeira de Sousa classifica-o como litisconsorcio necessaria,com tudo a que atras foi referido, contudo a Professor Rui Pintoclassifica-o como litiscons6rcio voluntario conveniente, tendo estadistincao relevancia, principalmente, quanta aos efeitos da sentenc;:anoconjuge que nao a contraente da divida, relativamente aos bens domesmo (quanta a hipotese de serem responsaveis pela divida).

    Alguns elementos a respeito do litisconsorcio necessaria: A confianca e a desistencia em transaccao so podem ser realizadas com

    a intervencao de todos as litisconsortes, art. 298.9, n.92 0 recurso interposto par qualquer dos litisconsortes aproveita sempre

    as demais, art. 683.9, n.91 0 recorrente nunca pode excluir nenhum dos litisconsortes vencedores,

    art. 684.9, n.94 0 aproveitamento da contestacao de um dos litisconsortes aproveita

    sempre aos demais reus, art. 485.9, al. a) As citacces e notificacoes devem ser realizadas a cada um dos

    litisconsortes, art. 197.9 A apreciacao de uma prova beneficia todos as litisconsortes, art. 353.9,

    n.9 2 C . Civil Relativamente ao art. 29.9, quanta a poslcao dos litisconsortes caso seja

    necessaria au voluntario, justificando assim as diferentes regimes quese enquadram na lei em materia de falta de cltacao (art. 197.9), deseparacao do pedido reconvencional que envolve a intervencao deterceiros (art. 274.9, n.95), de confissao, desistencia ou transaccao (art.298.9), aproveitamento do recurso interposto par um dos litisconsortes(art. 683.9, n.91) e exclusao pelo recorrente de alguns litisconsortesvencedores (art. 684.9, n.91).

    4Ricardo Celorinda L U Is , nQ16345, A-4, 3.Qana

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    13,50 valores

    Caso 51

    Antonio celebrou urn contrato de mutuo com Bernardo e C arlos. : : :l ~ - = - i 2 . : - : 'T c 0 quallhes mutuoua quantia de 10.000 euros. Nenhum pagou no prazo acordado. A intentou ',::113. accao contra B.a) Aprecie a legitimidade activa e passiva.b) Quid juris se 0A nao constituir advogado?

    Proposta de resolucao:

    A) Legitimidade processual"Legitimidade processual e a susceptibilidade de ser parte numa acciio aferida em funciio da

    relaciio dessa parte com 0 objecto daquela acciio. " - Prof.Teixeira de Sousa, As partes,o objecto ea prova na accdo declarativa.A legitimidade visa assegurar que 0 autor e 0 reu sao sujeitos que podem discutir a procedencia

    da accao.

    Dentro da legitimidade ha que distinguir a l eg it im ida d e singular, que respeita a urn autor e a urnreu e a le gitim id a d e plural que respeita, ou deve respeitar, a varies autores ou reus.

    Dentro da legitimidade ha que distinguir a legitimidade singular, que respeita a urn autor e a urnreu e a le gitim id a d e plural que respeita, ou deve respeitar, a varies autores ou reus.

    a) Legitimidade singularA legitimidade singular pressupoe essa relacao da parte com 0 objecto, resultando daqui que

    quem for titular ou quem se afirmar como titular do proprio objecto e sempre parte legftima, emprincipio.Mas a lei admite tambem que seja parte legitima quem nao e titular de urn direito, levando a

    construcao de diferentes situacoes de legitimidade como a legitimidade directa (aquela que pertenceao proprio titular do direito, que e a situacao normal) e legitimidade indirecta inos casos em que alei admite que alguem que nao e titular de urn dire ito venha a exerce-Io er.: ,:,l~ZO.i.e .. permite queurn terceiro exerca urn determinado direito em juizo). Em suma, a legitimi.ia.i: ,-i"; '2CTa e aquela que

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    respeito ao proprio titular da relacao controvertida (activo e passivo) e a legitimidade indirecta eaquela que e atribuida a quem nao e titular dessa relacao controvertida.

    o art. 26. regula que a legitimidade se afere pelo interesse directo em demandar ou emcontradizer ao dispor que 0 autor e parte legitima quando tern interesse directo em demandar; 0 reue parte legitim a quando tern interesse directo em contradizer. Este interesse directo em demandar eem contradizer e aferido nos termos do art. 26./2 que dispoe que 0 interesse em demandar exprime-se pela utilidade derivada da procedencia da acciio; 0 interesse em contradizer. pelo prejuizo quedessa procedencia advenha.o art. 26./3 procura ainda conceder uma maior precisao a estes coceitos dispondo que na falta

    de indicaciio da lei em contrario, sao considerados titulares do interesse relevante para 0 efeito dalegitimidade os sujeitos da relaciio controvertida tal como e configurada pelo autor.

    De notar que este interesse em demandar e em contradizer permite apenas aferir a legitimidadedirecta. Nao se deve, contudo, esquecer as situacoes de legitimidade indirect a, que acontecem noscasos de substituiciio processual e que podem ter origem na lei ou em convencao das partes.

    A legitimidade plural consiste na sua atribuicao a uma pluralidade de partes. Essa legitimidadeverifica-se em duas situacoes: quando a legitimidade e concedida a uma pluralidade de partesprincipais,i.e , de autores e de reus, e quando e admissivel a cumuluacao de uma parte principal comuma parte aces soria (artigo 335 CPC).Modalidades:1) Litisconsorcio voluntario comum e conveniente

    Nos termos do art. 27.11, se a relacdo material controvertida respeitar a varias pessoas, aaccdo respectiva pode ser proposta par todos au contra todos as interessados. A doutrinaensina que 0 unico efeito do litisconsorcio comum e estender 0 ambito subjectivo do casojulgado a todos os litisconsortes. A sua pretericao nao gera qualquer ilegitimidade.Quanto ao litisconsorcio conveniente, decorre do art. ~~.c 1. ~.c parte, uma desvantagemoriginada pelo facto de nao se chamarem todos os intervenientes na accao. Assim, 0Iitisconsorcio voluntario conveniente foi baptizado pela sua ' :JJ;c' . "" ' ;7fencia, i.e., porque aparte visa obter uma vantagem que de outra forma nao poderia ter.l Preterindo-se 0litisconsorcio conveniente, para alem de nao ser possivel opor a .iecisao proferida noprocesso aos sujeitos da relacao material controvertida que nao : : : c ' 1 ' 2 . : : 1 partes na instancia,nao e possivel ao autor obter a satisfacao integral do interesse s..:-:'stJ.nti\-oque resulta

    Um exemplo de litiscons6rcio conveniente sao as obrigacoes conjuntas.

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    daquela relacao material controvertida.

    2) Litisconsorcio necessario convencionalHa litiscons6rcio necessario convencional quando as partes convencionaram que s6 erapossivel a propositura da accao por todos contra urn ou por urn contra todos ou por todoscontra todos.S6 e possivel saber que existe litisconsorcio necessario convencional atraves dainterpretacao da convencao, podendo, por isso, acontecer todo 0 tipo de problemasrelacionados com a interpretacao do neg6cio juridico na interpretacao da convencao quantaao litiscons6rcio.

    3) Litisconsorcio necessario legalo problema levantado pelo litiscon.s6r~io legal e que a lei normalmente nao diz se devehaver ou nao litiscons6rcio e e ao interprete que cabe analisar 0 regime legal e procurarindicios nesse regime para compreender se nada caso concreto a lei esta ou nao esta a exigira intervencao de todos na accao para que seja assegurada a legitimidade.Duas situacoes que tern suscitado bastante polemica nos tribunais superiores e na doutrinasao a impugnacdo pauliana e 0 exercicio do dire ito de preferencia. Quem deve demandar 0credor impugnante na impugnacao pauliana? Apenas 0 terceiro com 0 qual contratou 0 seudevedor, apenas 0 seu devedor e nao 0 terceiro, facultativamente 0 devedor ou 0 terceiro ouobrigatoriamente 0 devedor e 0 terceiro? Ha acordaos do STJ e posicoes doutrinarias emtodos os sentidos. Contra quem deve ser exercida a accao de preferencia? Contra aquele quepreferiu ou contra aquele que devia ter dado preferencia?

    a) Litisconsorcio necessario legal entre os cfmjugesA figura do litiscons6rcio legal tern particular relevancia entre os conjuges e conheceregulacao especifica no art. 28.D-A do CPC. (n." 1 e 2 quanta ao litiscons6rcio activoe n." 3 quanto ao litiscons6rcio passive). A fonte deste litiscons6rcio e 0 art. 1681.D ess. do CC.o art. 28.D-A do CPC impoe litiscons6rcio relativamente as accoes em que podehaver perda ou disposicao de situacoes juridicas que so por ambos os conjugespodem ser atingidas ou afectadas, com a necessaria articulacao com 0 regimesubstantivo plasmado no CC quanta ao regime de bens dos coniuges.

    4) Litisconsorcio necessario natural

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    o art. 28./2 dispoe que e igualmente necessaria a intervencdo de todos os interessadosquando, pela propria natureza da relacdo juridica, ela seja necessaria para que a decisdo aobter produza 0 seu efeito util normal. Ou seja, e a natureza da relacao juridica que impoe 0litisconsorcio para que a decisao produza 0 seu efeito util normal. A lei vai mais longe aofizer que a decisdo produz 0 seu efeito util normal sempre que, ndo vinculando embora osrestantes interessados, possa regular definitivamente a situaciio concreta das partesrelativamente ao pedido formulado.o unico caso de Iitisconsorcio natural relativamente ao qual existe unanimidade na doutrinae na jurisprudencia e a accdo de divisiio de coisa comum. E necessaria a constituicao delitisconsorcio entre todos os co-proprietaries porque a accao so faz caso julgadorelativamente as partes envolvidas no processo e so se houver litisconsorcio, ted a sentencaurn sentido util que venha regular definitivamente a situacao con creta das partesrelativamente ao pedido formulado.o Prof. MTS encontra sectores nesta interpretacao do litisconsorcio necessario natural quenao coincidem com os vectores que a jurisprudencia imputa a esta figura. 0 Prof. tern umainterpretaciio restritiva deste tipo de litisconsorcio e vern dizer que nao e funcao da figurado litisconsorcio conseguir uma coerencia das decisoes que podem ser produzidas aproposito de urn mesmo objecto substantivo e como tal e possivel relativamente a urn soobjecto substantivo haver composicoes definitivas, se bern que contraditorias para osdiferentes sujeitos envolvidos por esse objecto.Pelo contrario, a jurisprudencia e demais doutrina tern uma visao ampla desta

    problematica, Ou seja, nao e possivel que uma situacao material, quando nao haja excepcoespuramente pessoais, possa ter urn determinado conteudo ou acto decisorio num contexto ounum confronto de urn binomeio de partes e urn outro conteudo decisorio no binomio deoutras partes.

    No caso em apreco.estamos perante urn contrato de mutuo civil nos termos do art.1l42 e ss.Antonio que tern interesse directo em demandar, legitimidade activa (art. 26 n"! CPC).

    Bernardo sera parte legitima com interesse directo em contradizer,legitimidade passiva.Existem duas vias de resolucao da presente alinea:Uma: Se considerassernos que se estava perante 0brigacoes solidarias (512 e 522 CC), haverialitisconsorcio voluntario, nos termos do 27 n02 CPCOutra : Se considerassemos que estavamos perante obrigacoes parciarias, haveria litisconsorcio

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    voluntario conveniente, nos termos do 2JOn01- 2CP CPC.E litisconsorcio conveniente pois a parte que constitui 0 litisconsorio .Antonio, visa alcancaruma vantagem que nao pode obter sem essa pluralidade de partes, activas ou passivas. Ou seja,a constituicao de litisconsorcio e uma condicao indispensavel para alcancar urn certo resultadoou efeito.Pois, sem a participacao de todos os devedores.neste caso,a accao so pode ser procedente naquota-parte respeitante ao sujeito presente em juizo (27 nOl-2"p CPC).Ora neste caso.Antonio pode propor accao apenas contra Bernardo .rnas so vai obter da sua

    condenacao em metade do montante da divida.(5000 euros)Portanto.sera conveniente propor a accao tambem contra Carlos para poder alcancar os 10.000

    euros,que so os consegue alcancar se houver a participacao de os dois devedores.

    Querendo alcancar essa vantagem teria que propor a accao tambern contra Carlos: Excepcaodilatoria nos termos do art.494 al.e CPC e de conhecimento oficioso nos termos do art. 495 CPC.

    B)

    Patrocinio .Iudiciarioo patrocinio judiciario e a representacao da parte por urn pro fissional do foro(advogado,advogado

    estagiario ou solicitador). 0 patrocinio judiciario pede ser facultativo ou obrigatorio: e facultativoquando nao e imposto por lei; e obrigatorio quando a lei 0 impoe,Antonio tinha que constituir advogado nos termos do art.32 n01 al.a) CPC, ou seja, e obrigatoria

    a constituicao de advogado nas causas de cornpetencia de tribunais com alcada conjugado com 0art.24 n"! LOFT] (art. 306 n01 : valor da causa ,neste caso, sao os 10.000 euros) .Se nao constituir ha excepcao dilatoria nos termos do 494 n01 al.h) CPC e de conhecimento

    oficioso (49SOCPC).No entanto,esta falta de advogado quando obrigatoria, e sanavel nos termos doartigo 33 CPC.

    Ana Rita Rua .turrna ~-\.5l:b.turma3, n016489

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    Caso pratico n. 5Neste caso, estamos perante uma situacao de Litisconsorcio necessano legal que pode serdefinido como uma modalidade de litiscons6rcio imposto por lei na qual se verifica umapluralidade de sujeitos processuais com unicidade da relacao material controvertida e que, emvirtude disso, leva ague todos os interessados na accao demandem ou sejam demandados, aocontrario do que acontece no litisconsorcio necessario convencional em relacao ao qual apluralidade de partes e imposta pela estipulacao das partes por ocasiao da celebracao de umnegocio juridico.Deste modo, perante uma situacao de litiscons6rcio necessario ocorre um tratamento unitario,ou seja, os efeitos da accao repercutem-se de forma igualitaria, pelo que e possivel dizer que haapenas uma parte processual, de modo que 0 artigo 29 estabelece que no litisconsorcionecessario "ha uma (mica accao com pluralidade de sujeitos"; ou seja. as partes apresentam-secomo uma (mica parte, nao dispondo de uma posicao de autonomia. Como consequencia, aconfissao, a desistencia ou a transaccao so podem ser realizadas com a intervencao de todos oslitisconsortes (art. 298/2) e 0 recurso que seja interposto por qualquer dos litisconsortesaproveita sempre aos restantes (art. 683 11) , nunca podendo 0 recorrente excluir nenhum doslitisconsortes vencedores (art. 68411) .

    Legitimidade activaTratando-se, 0 presente caso, de uma accao de dcspejo relativa a cas a de morada de familia,torna-se necessario atender ao que dispoe 0 artigo 28 A CPC que nos indica as accoes quedevem ser propostas por ambos ou contra ambos os conjuges, ou seja, quais as regras a seguirno que respeita a legitimidade activa e passiva entre conjuges.Deste modo, se estivessemos perante uma accao pro posta . Q Q l : ambos os conjuges relativa a casade morada da familia tornava-se necessario atender ao disposto no n." 1 do art. 28 A, nostermos do qual 0 litisconsorcio necessario activo entre os conjuges ocorre sempre que a accaotome por base direitos que apenas podem ser exercidos por ambos ou bens que so possam seradministrados ou alienados pelos mesmos , de entre os quais se inclui a casa de morada defamilia.Refira-se, contudo, que existe tambern litisconsorcio necessario activo quanto as accoesrelativas a actos de administracao extraordinaria de bens comuns do casal (art. 1678/3 in fineCC), bem como nas accoes relativas a actos de disposicao.No entanto, para todas estas situacoes de litisconsorcio activo, a demanda da accao por urn dosconjuges pode ser substituida pela propositura da accao por apenas urn dos conjuges com 0consentimento do outro, caso em que se estara perante uma situacao de substituicao processualvoluntaria, Ainda assim, se 0 conjuge nao der 0 seu consentimento 0 outro pode supri-Iojudicialmente de acordo com 0 disposto no artigo ::'3 A n." 2 e no artigo 1425.

    Legitimidade passivaRelativamente ao litisconsorcio necessario passivo entre os conjuges, alias objecto de analise norespectivo caso, verifica-se, de acordo com 0 disposto no n." :; do art. 28=.-\ que a demandaconjunta dos conjuges e necessaria sempre 0 objecto do processo seja urn facto praticado porambos os conjuges, quando diga respeito a dividas comunicaveis t arts : 691: e 1695 CC),quando esteja em causa urn direito que apenas pode ser administrado ou alier.ado conjuntamentepelos conjuges e ainda as accoes relativas a casa de morada da familia. tendo em conta que 0 n."3 deste preceito faz uma rernissao para 0 n.? 1, abrangendo assim tambem estas accces.

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    Consequencias da falta de legitimidade processual em caso de litiscons6rcio necessario entre osconjuges

    Sempre que esteja ausente da accao qualquer urn dos que nela sao interessados esta-se peranteuma situacao de ilegitimidade processual, tal como indica 0 art. 28 n." 1 CPC.Esta ilegitimidade constitui uma excepcao dilatoria nos termos do artigo 4930 e 494 alinea e)CPC, de conhecimento oficioso nos termos do art. 495. Como consequencia, 0juiz deve abster-se de conhecer do pedido e absolver 0 reu da instancia, tal como indica 0 artigo 288 n." 1 alfnead) CPC.Todavia, esta excepcao dilat6ria e sanavel, havendo que distinguir se a ilegitimidade resultanteda pretericao de litiscons6rcio ocorrer do lado activo ou do lado passivo. Se ocorrer do ladoactivo, a ilegitimidade e sanavel mediante a obtencao do conjuge que nao deu 0 seuconsentimento ou atraves do suprimento deste consentimento mediante 0processo regulado no art. 1425 e de acordo com 0 que e permitido pelo n." 2 do art. 28A , peloque 0 conjuge que nao propos a accao junta procuracao em nome do advogado do outro conjugee ratifica todos os actos ja praticados no processo.Se a ilegitimidade ocorrer do lado passivo,esta e sanavel atraves da intervencao principal doconjuge nao demandado que pode ser uma intervencao provocada pelo conjuge (art. 325 n.? 1)ou pelo autor da accao, mesmo nos 30 dias subsequentes ao transite em julgado da decisao daabsolvicao da instancia (art. 2690 In e 2).

    Patrocinio Judiciario

    o patrocinio judiciario consiste na representacao da parte por um profissional do foro -advogado, advogado estagiario ou solicitador na conducao da trarnitacao processual ou napratica de certos actos em particular, fundando-se num contrato de mandato atraves do qual aparte atribui ao mandatario poderes para a representar em todos os actos do processo (art. 36 n."1 CPC), incIuindo 0 poder de substabelecer 0 mandato, tratando-se estes de poderes forensesgerais, ja que os poderes especiais sao os de transigir, confessar e desistir do pedido (art. 37 n."2 e 3010 n." 3 CPC) e devem ser praticados pessoalmente pela propria parte, por respeitarem apoderes de autodeterrninacao da vontade.o patrocinio judiciario somente e obrigat6rio nas situacoes referidas no art. 32 n.? 1:

    Nas causas de cornpetencia de tribunais com alcada , em que seja admissfvel recursoordinario (alfnea a))

    Nas causas em que seja sempre admissivel recurso, independentemente do valor (alineab))

    Nos recursos e nas causas propostas nos tribunais superiores (alinea c))

    Consequencias da falta de patrocinio judiciario (se for obrigatorio)

    A falta de patrocinio judiciario da origem a uma excepcao dilat6ria nos termos do artigo 494alinea h), de conhecimento oficioso (art.495), ainda que suprivel, devendo a parte que nao

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    constrtuiu mandatario ser notificada para 0 constituir, sendo a notificacao acompanhada dacorninacao da falta de suprimento, ou seja, a absolvicao do reu da instancia, se a falta respeitarao autor (art. 33 CPC) ou da cominacao de que a defesa ficara sem efeito e 0 reu numa situacaode revelia (art. 483 a 485).Contudo, pode a parte estar representada pelo mandatario embora a procuracao forense einsuficiente ou irregular, caso em que 0 juiz deve notificar a parte e 0 seu rnandatario para sercorrigida a falta e ratificado 0 processado (art. 40 n.? 2), pelo que nao e suficiente juntar outraprocuracao forense, e tambern necessario ratificar os actos ja praticados.No caso desta falta nao ser corrigida a consequencia e tam bern a existencia de uma excepcaodilat6ria de conhecimento oficioso (art. 4940 alinea h) e 495), embora tambern suprivel: 0 juizfixa urn prazo para a ratificacao ou correccao de tudo 0 que foi processado (art. 40 n02 1"parte ).

    T6picos de resolucao do caso pratico: Trata-se de uma accao de despejo relativa a casa de morada de familia logo, aplica-se 0

    artigo 28 A (embora tambern se encontrem artigos relativos a casa de morada defamilia nos artigos do C6digo Civil: 1682 A, 1682 B e 1793, este ultimorecentemente alterado pela lei 61/2008);

    0 caso reporta-se a propositura da accao contra os conjuges e portanto trata-se de umasituacao de litiscons6rcio necessario passivo, devendo ser demandados os conjugesconjuntamente, tal como aconteceu;

    Se tal nao acontecesse ocorreria uma ilegitimidade processual, que constitui umaexcepcao dilat6ria de conhecimento oficioso (art. 493, 494 e 495), embora suprivelatraves da intervencao principal do conjuge nao demandado que pode ser umaintervencao provocada pelo conjuge (art. 325 n." 1) ou pelo autor da accao, mesmo nos30 dias subsequentes ao transite em julgac'o da decisao da absolvicao da instancia (art.269 nOl e 2);

    Do lado do autor tambern esta verificada a existencia de legitimidade uma vez que aaccao de despejo pressupoe a cessacao do contrato de urn contrato de arrendamento e apropositura da accao por parte do respectivo locador;

    Era obrigat6ria a constituicao de advogado atendendo ao que dispoe 0 artigo 32 n." 1alinea b) e 0 artigo 678 n." 3 alinea a).

    Andreia CruzSubturma 3N.0: 16509

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    -Faculdade de D ireito de Lisboa

    Universidade de L isb oa

    Resolucao do C aso Pratico 53D ireito P rocessu al C ivil

    RegenciaProf. Doutor Miguel Teixeira de Sousa

    DocenteProf. Doutor Rui Gonc;:alves Pinto

    DiscentePaulo Alexandre Gaspar Gomes Cardoso Lopes nQ 16813

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    Universidade deFaculdade de Direito

    Direito Processual Civil

    A., B., e C siio comproprletarios do predio X. A propiie contra B. acciio de divisiio de coisacomum. Aprecie a /egitimidade activa e passiva.

    o caso pratico em apreco envolve questoes de legitimidade activa e passiva, singular e plural.Corneco a resolucao com uma das conclusoes (a principal) a ser retirada: estamos perante umasituacao de ilegitimidade plural passiva, pois foi preterido um litisconsorclo necessario.Vamos delimitar 0 nosso litisconsorcio para percebermos com que tipo de ilegitimidade nosdeparamos.Pelo criterlo da origem, 0 nosso litisconsorcio e necessario, significando isto que todos osinteressados devem ser demandados, originando a falta de qualquer deles uma situacao deilegitimidade, pois 0 lltisconsorclo e imposto ao autor da accao. Entre os varlos tipos delitisconsorcio necessario, 0 do caso em apreco sera encontrado pelo criterio da compatibilidadedos efeitos produzidos - litisconsorcio natural, qUI:' e aquele imposto pela realizacao do efeitouti] normal da decisao do tribunal. Segundo a definicao legal do artigo 28/2, 2parte, 0 efeito utilnormal e atingido quando sobrevern uma regulacao definitiva da sltuacao con creta das partes(e so delas) quanto ao objecto do processo, relevando apenas a eventualidade de a sentencenao compor definitivamente a situacao jurfdica das partes, por esta poder ser afectada pelasolucao dada numa outra accao entre outras partes. Esta concepcao corresponde a uma teseminimalista que se contrapce a uma outra tese maximalista, para a qual tambern estariamenglobadas na concepcao de litisconsorcio natural (melhor: na concepcao de efeito uti] normal)aquelas situacoes nas quais a reparticao dos interessados por accoes distintas possa obstar auma solucao uniforme entre todos os interessados (ex. desta hipotese sera uma accao deanulacao de testamento). Embora seja de adoptar a primeira tese ex posta, como faz 0 Prof.Miguel Teixeira de Sousa, para 0 nosso caso concreto pouco importa, pois ele constitui umasituacao abrangida pela tese minimalista - so a intervencao de todos os interessados podecompor definitivamente a situacao entre todos 0; comproprietarios, porque qualquer dlvisaorealizada entre apenas alguns deles e necessaria mente incompatfvel com uma nova divisaoentre quaisquer outros. Continuando na delirnitacao da nossa legitimidade plural, de acordocom 0 criterio do reflexo na accao, encontramos um litisconsorcio recfproco que sera aqueleem que a pluralidade de partes determina um aumento do nurnero de oposicoes entre elas.Ora no caso em apreco verifica-se uma oposicao entre cada um dos contitulares com osdemais, pois 0 que for atribufdo a um deles nao pode ser concedido a qualquer outro. Outraclassiflcacao possfvel deste litisconsorcio podera apelida-lo de unitario, pois a decisao da causa

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    tem de ser uniforme para todos os litisconsortes - e 0 criterio que toma em conta 0 conteudoda decisao (0 outro possfvel litisconsorcio com base no mesmo sera 0 litisconsorcio simples, noqual a decisao pode ser distinta para cada um dos litisconsortes). Nao sera obrigatorio que umlitisconsorcio necessario seja unitario, tal apenas se passa no chamado litisconsorcio naturalpois este, qualquer que seja a sua configuracso concreta, baseia-se na necessidade deuniformidade da decisao (se a decisao pudesse ser diferenciada para cada uma das partes,entao nao faria sentido falar-se num salvaguardar do efeito util normal - e tambem nao sefalaria da (consequente) impossibilidade de compor 0 litfgio). Menos importante no caso, maspara dar a imagem final deste lltlsconsorcio, podemos classifica-!o, com base no crlterio daposicao das partes, como um litisconsorcio conjunto, verificando-se que 0 autor formula (oudevia formular) 0 pedido conjuntamente contra todos os litisconsortes demandados. Temosentao que um pedido de divisao de coisa comum tera de possuir um litisconsorcio passivonecessario natural, unitario, reciproco e conjunto.Vejamos agora a situacao em concreto. A, B e C sao comproprletarios do predio X. A propoecontra B accao judicial de divisao de coisa comum. Nesta accao foi preterido, portanto, umlltisconsorcio passive necessario, pois A deveria ter demandado B e C, sob pena de nao serobtido com 0 desfecho do processo 0 efeito util normal, visto que a divisao da coisa comumresultante do fim do processo seria sempre posta em causa por uma nova accao: imagine-seque C propoe uma accao de divisao da mesma coisa comum contra B e A - hipotese quepoderia sempre ocorrer tendo em conta que nao existiria caso julgado com eficacia perante C,pois este apenas vincula, em regra, as partes da accao, nao podendo afectar terceiros: noambito subjectivo, 0 caso julgado possui uma eficacia relativa - art. 673: a sentenc;:a constituicaso julgado nos precisos limites e termos em que julga (consequencia do principio docontraditorio: seria de certo incongruente com este, que os terceiros - e C seria para todos osefeitos um terceiro na primeira accao - pudessem ser prejudicados ou mesmo beneficiados -pois para um terceiro ser beneficiado tera de existir um outro terceiro que seja prejudicado, emesmo que este ultimo seja uma das partes da accao, nunca teve oportunidade de contra-argumentar contra 0 terceiro beneficiado - pelo caso julgado de uma accao em que naoparticiparam, nem foram chamados a intervir). Ora, voltando a nossa hipotese de C proporaccao com 0 mesmo objecto, demandando A e B, do desfecho deste processo sairia sempreuma decisao que friccionaria com a decisao proferida na anterior accao. Por estas raz6espretendeu lei que estas situacoes necessitassem de um litisconsorcio passivo. Pois bem: existeilegitimidade passiva.

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    Analisando agora a parte activa na accao, corneco outra vez com a conclusao: existelegitimidade singular activa. Antes de analisarmos a legitimidade singular, cabe perguntar senao foi preterido um litisconsorcio necessario, atendendo as suas tres modalidades: legal,natural e convencional. Cornecando pelo primeiro, vemos que na lei nao existe qualquerimposicao que obrigue a um litisconsorcio activo para 0 nosso caso concreto. Estas situacoesestao pensadas para hipoteses em que existindo varies titulares do direito, nao poderia a accaoser desencadeada por apenas urn, pois o(s) outro(s) podem acarretar com possfveis (epretendidas pela parte que inicia a accao, senuo que podem nao ser pretendidas pelo(s)outro(s) titular(es)- e esta a questao) obrigacoes com 0 termo do processo. Um exemplo e-nosdado pelo artigo 1410/1 CC no caso da accao de preferencia: se um dos titulares deste direitonao pretende iniciar a accao e porque nao quer acarretar com a obrigacao, imagine-se, depagar 0 preco do carro; se a lei nao prescrevesse um litisconsorcio, entao isso significava queum dos titulares do direito nao poderia decidir sequer se 0 usa ou nao (estaria, entao, em faceda outra parte numa sujeicao e nao numa contitularidade do direito - tal seria vedado peloprincipio da instrumentalidade do processo pois operar-se-ia uma passagem de uma situacaoactiva - no direito substantivo - para uma situacao pass iva - no direito adjectivo). No caso deuma accao de divisao de coisa comum tal nao se passa. Se existem varios contitulares de umdireito (como na anterior hipotese descrita), nao os onera no entanto 0 desfecho do processocom resultados que nao tenham de suportar se nao quiserem, po is estes nao tern direito atotalidade da coisa e aquela parte a que tern direito nao saira afectada no final da accao, pelocontra rio, saira finalmente encontrada (delimitadaj.Tambern nao exige a lei para a legitimidade activa que esta seja plural devido ao efeito utilnormal, pois este sera igualmente salvaguardado.Restaria apenas, para podermos concluir por uma necessidade de litisconsorcio activo, que aspartes tivessem acordado que 0 direito de divisao da coisa comum nao poderia ser exercido porum unico cornproprietario, facto que criaria um litisconsorclo convencional. Porern, a hipotesenao nos fornece dados de que existisse tal estipulacao entre as partes. Resta-nos, entao,averiguar da legitimidade singular.A analise da legitimidade singular e repleta de questoes doutrinarias problernaticas, desdesaber como se averigua a legitimidade (ou falta dela) ate se perceber quais as consequenciasprocessuais da ilegitimidade. Temos como poslcoes exemplares nesta materia as doutrinas deAlberto do Reis e de Barbosa de lvlagalhaes. Sirnplificadarnente: 0 primeiro entendia que alegitimidade se percebia pela situacao efectivarnente existente (no plano material), sendo quepara tal e necessaria a contestacao do reu, e sempre que existisse uma ilegitimidade quer da

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    parte activa quer da parte passiva, a consequencia processual seria a absolvicao da instancia(corolario logico, po is e a instancia que nao possui pressupostos para avancar): por outro lado,entendia Barbosa de Magalhaes que a situacao relevante para se perceber da legitimidade seriaa situacao controvertida tal como configurada pelo autor (entenda-se, na peticao inicial), orapara tanto nem seria necessaria a intervencao do reu para se perceber da legitimidade po is apeticao inicial e a que ja existe e tudo 0 que 0 reu invocasse seria sempre no plano substantivo,ou seja, diria que nao existe a legitimidade material que suporte 0 pedido. A questao dailegitimidade processual redundaria entao em casos rarfssimos nos quais, a verdade e esta, 0autor se baralha no seu pedido, por exemplo dizendo: celebrei um contrato de compra e vendade um autornovel com A, este nao me pagou, po:: isso peco a conderiacao de B a pagar-me 0que A me deve. Sem dizer mais, e obvio que falha a legitimidade de B, mas falha tarnbern 0proprio pedido e, por isso, 0 desfecho do processo seria a improcedencia do mesmo - 0 que eigual a dizer que existira uma decisao de rnerito e nao de forma.Para dar um panorama geral da posicao legal, posso referir que 0 e p e adopta a posicao deBarbosa de Magalhaes para se saber de qual a situacao a relevar para aferirmos da legitimidade(a situacao controvertida configurada pelo autor - art. 26/3 e p C ) , mas escolhe a posicao deAlberto dos Reis para a consequencia da ilegitimidade (absolvicao da instancia - art. 494-e)).Mais se deveria dizer, mas deste modo fica completo 0 panorama geral.Para 0 nosso caso concreto tal discussao doutrinaria nao releva, po is quer no pedido quer nasituacao efectivamente existente, A possui legitimidade. Senao vejamos: diz-nos 0 art. 26/1 queo autor e parte legftima quando tem interesse directo em demandar, sendo completado pelonumero 2 que nos refere que 0 interesse em derrandar exprime-se pela utilidade derivada daprocedencia da accao. Ora, A pretende a divisao de coisa comum da qual e cornproprietarlo eda procedencia da accao vera delimitada a sua parte na coisa; veja-se 0 artigo 1412/1 e edispondo que nenhum dos cornproprletarios e obrigado a permanecer na lndivisao. Este e umdos casos de legitimidade directa, na qual se sobrepoern legitimidade processual e legitimidadesubstantiva. Existe entao legitimidade singular activa do autor.Chegamos a um ponto em que perguntamos: "Existindo ilegitimidade passiva 0 processo acabacom absolvicao da instancia ou havera maneira do mesmo continuar?". 0 processo podecontinuar, dando-se uma intervencao de terceiros que consiste numa constituicao como partesde sujeitos juridicos que 0 nao sao inicialmente. Existem tres tipos de intervencao: a principal(arts. 320 a 329), a acessoria (330 a 341) e a oposicao (342 a 359). No nosso caso interessa-nosa intervencao principal, na qual 0 terceiro (no nosso caso, C) constitui-se como reu emlitlsconsorcio. Esta intervencao pcdera ser espontanea (arts. 320 e ss.) ou provocada (arts. 325

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    e 55). Em caso de intervencao espontanea a sua forma podera ser de articulado proprio ouadesao aos articulados da parte a que se associ a (art. 321). Quanto ao momenta em que podeintervir sera ate ao transite da sentence (art.322). Por outro lado, a intervencao provocada sose podera verificar ate ao momenta do despacho saneador (art. 326 mais 323), podendo,porern, verificar-se ate ao transite em julgado da decisao que julgue ilegftima uma parte pornao estar em jufzo determinada pessoa (art. 269/1), podendo mesmo ser admitido 0chamamento nos trinta dias subsequentes ao transito em julgado, se a decisao referida tiverposto termo ao processo (nurnero 2). Neste modele de intervencao 0 interveniente sera citado(327/1) e a sentence constituira sempre caso julgado em relacao a ele, quer intervenha querseja chamado e nao intervenha (art. 328/1 e 2-a)).

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    Case pratice n.Q 54

    A. e B, irmaos, venderam im6vel a C, tendo convencionado umdireito de preferencia de A. e B. No entanto, c . , vende a casa aD., e pelo que A. intentou accao judicial contra C;Aprecie a legitimidade passiva e activa.

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    No caso em apreco cabe identificar primeiramente a razao da causa de pedir. Aintenta uma accao contra C , mas porque? Ora bem, as accoes declarativas tern comoobjectivo resolver um conflito das partes atraves de declaracao emitida por umtribunal. E no caso em apreco estaremos sobre uma accao declarativa constitutiva (que tem por fim autorizar uma mudanca na ordem jurfdica existente) ou condenat6ria(que tem por fim exigir a prestacao de uma coisa ou facto, pressupondo a violacao deum direito; este tipo de accao tem por base 0 direito a uma prestacao quegenericamente foi violada)? A meu ver, nao sendo 0 caso c1arividente podemos ter osdois tipos de accao visto que, 0 que esta na razao da causa de pedir e a violacao de umdireito de credito resultante dos actos de C, culminando no incumprimento do direitoque preferencia que recafa sobre A. e B.

    Deste facto, e ap6s esta primeira abordagem ao caso pratlco resultam duasilacoes. A. pode intentar accao contra C . requerendo um pedido de indernnizacao ouda anulacao do neg6cio celebrado entre C . e D,traduzindo-se numa accao de prefer encia, visto que ha faltade cornunlcacao de preferencia por parte de C . perante A . Defende Galvao Telles eMenezes Cordeiro ' que deve acompanhar coma cornunicacao, a indicacao do terceiro,e no caso em apreco, nao havendo comunicacao e sendo interposta a accao depreferencia, ha um litiscons6rcio necessario passivo plural e activo plural, que serajustificado seguidamente.

    o pacto de preferencia vem previsto nos Arts. 4142 e 55. Do c.c. "convencaopela qual alguern assume a obrigacao de dar preferencia a outrem na venda de coisadeterminada", sendo este um contrato preliminar de outro contrato. Menezes l.eitaocaracteriza-o como" Convencao pela qual alguern assume a obrigacao de escolheroutrem como contraente, nas mesmas condicoes negociadas com terceiro, no caso dedecidir contratar'" , tratando-se assim, desde logo, de um contrato unilateral no qualapenas C . estaria vinculado a prestacao em causa.

    Perante 0 contrato de preferencia em apreco, cabe desde logo distinguir oscontratos de direito de preferencia com eficacla real e sem eficacia real. A lei permite~as partes que ao direito de preferencia seja atribufda eficacia real Arts. 4212, 4132 CCeart. 2Qdo D.L. 250/96, de 24 de Dezembro '. Sem eficacia real, tem 0 preferente apenasdireito a indernnizacao, visto que os direitos de credito nao prevalecem sobre osdireitos reais, pod endo este direito ser invocado em caso de incumprimento definitivopela parte Art. 7982 Cc. Com eficacia real 0 titular da preferencia adquire um direitoreal de aquisicao que pode opor ergo omnes, interpondo uma accao de preferenciaArt. 421Q nQ2e 1410QCCcontra 0 alienante e 0 adquirente.1Crf. Menezes Leitao, Direito das Obrigacoes, I, pp. 253.2 Crf. Menezes l.eltao, Direito das Obrigacoes, I, pp: 249.3 Crf. Menezes Leitao, Direito das Obrlgacoes, I, pp. 250.

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    Estando abertas estas duas sub-hipoteses cabe analisar cada uma quanto alegitimidade processual das partes.

    o processo e bilateral, no sentido de que tem necessaria mente duas partes, em regraem posicoes opostas, numa especie de "combate" ou "I uta legal" (concepcao"guerreira" de Chiovenda)".No caso em apreco 0 autor tem interesse em agir, pois ve os seus direitos violados,verifica-se assim que, quando 0 autor e titular do direito que alega e 0 reu e titular daobrigacao alegada. Quanto ao autor fala-se de interesse activo e quanto ao reu, deinteresse passivo 5.Sendo a legitimidade processual um dos pressupostos processuais, a mesma tem deser conforme, 0 desrespeito destes impede 0 juiz de se pronunciar sobre 0 merito dacausa 6. 0 Art.Q 26Q c.P.c. afere-se ao conceito de legitimidade processual. 0 n.Q2 domesmo artigo define 0 alcance do "interesse" de que resulta a legitimidade, alegitimidade do autor afere-se pela utilidade derivada da procedencia da accao e alegitimidade do reu pelo prejufzo que dessa procedencia advenha.

    Pode-se assim concluir que 0 autor e a parte legftima sempre que a procedencia daaccao Ihe venha a conferir uma vantagem, e 0 reu e parte legftima sempre que sevislumbre que tal procedencia Ihe venha a causar uma desvantagem, consistindo assima legitimidade, numa posicao concreta da parte perante uma causa ao contrario dapersonalidade e capacidade judiciaries. Nao sendo assim a legitimidade uma qualidadepessoal, mas sim uma qualidade posicional da parte face a accao, ao litfgio que af sediscute 7. Cabe ainda salientar que, sendo a legitimidade processual aferida em funcaoda titularidade da situacao material controvertida, est a titularidade deve ser apreciadaa luz da configuracao que Ihe tenha sido dada pelo autor na peticao inicial" e que aparte e legftima quando, admitindo-se abo initio, que existe a relacao materialcontrovertida, eta for efectivamente um dos titutares de tal relacao 9, visto que 0apuramento da legitimidade processual faz-se independentemente da prova dosfactos que integram a causa de pedir 10. Neste sentido releva-se a tese defendida pelo

    4 Jose Joao Baptista, Processo Civil I, pp. 39.5 Cfr. Othmar Jauernig, Direito Processual Civi l, pp. 118.6 Cfr. Ant6nio Montalvao Machado Paulo Pimenta, 0 novo processo civi l, pp. 59.7 Cfr. Ant6nio lvlontalvao Machado Paulo Pimenta, 0 novo processo civi l, pp. 60.8 Cfr. Lopes Rego, in Revista Do Ministerio Publico, ana 11, n.Q41, p.37,2006.9 Cfr. Ac. Do 5TJ, proc. NQ04B2212, de 14-10-2004, in http://www.dgsi.pt10 Cfr. Lebre de Freltas.Joao Rendinha; Rui Pinto, C6digo de Processo Civil Anotado, Vol. I, 1999, p.52.Ramiro Teod6sio 14118 Pagina 3

    http://www.dgsi.pt/http://www.dgsi.pt/
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    Prof. Barbosa de Magalhaes perfilhada no n.Q 3 do Art. 26 c.P.c. ao referir que arelacao material controvertida e a configurada pelo autor 11 em oposicao a tesedefendida pelo Prof. Jose Alberto dos Reis, segundo a qual ha que atender averdadeira relacao juridica, tal como na realidade dos factos se constitui.i"

    E assim entao, a legitimidade processual directa e lndlrectar'"Directa: a parte e titular e tem um interesse direct e pessoal na sua apreciacao.Indirecta: a parte nao e objecto do processo, mas possui um interesse indirecto na apreciacaode certo objecto.

    Pode ser singular ou plural."Singular: um autor e um reu,Plural: varies autores ou varies reus.Quanto a legitimidade processual plural15, consiste na sua atribuicao a umapluralidade de partes. Verifica-se em duas sltuacoes:- quando a legitimidade e concedida a uma pluralidade de partes principais, i.e., deautores e de reus;-quando e admissivel a curnulacao de uma parte principal com uma parte acessoria(que se designa por assistente, Art. 335Q (PC.Podendo ainda ser simples ou mista:- simples: quando todas as partes possuem a qualidade de parte principal- mista: quando conjuga uma ou varias partes principais com uma ou varias partesacessOrias.A pluralidade de partes principais ( autores ou reus) pode ser um lltlsconsorcio,quando conjuntamente com essa curnulacao subjectiva, nao ha pluralidade deobjectos processuais, i.e., quando varies autores formulam um unico pedido ou contravaries reus e apresentado um unico pedido.

    11 Jose Jcao Baptista, Processo Civil I , 42.2.3.12 Jose Jcao Baptista, Processo Civil I , 42.2.4.13 Cfr. Miguel Teixeira de Sousa, As Partes, 0 Objecto, e a Prova na Accao Declarativa, p.4814 Cfr. Miguel Teixeira de Sousa, As Partes, 0 Objecto, e a Prova na Accao Declarativa, p.5915 Cfr. Miguel Teixeira de Sousa, As Partes, 0 Objecto, e a Prova na Accao Declarativa, p.59Ramiro Teod6sio 14118 Pagina 4

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    Quanto ao momento da veriflcacao, a pluralidade das partes pode ser inicial ousucessiva. 16Inicial: verifica-se desde 0 comec;:o da instancia, ou seja, desde a propositura da accaoSucessiva: constitui-se durante a pendencia da accao e determina uma modificacaosubjectiva da instancia proveniente da intervencao de novas partes na accao Art. 269Qe 270Q al. B) Cf'C,

    tltlsconsorclo voluntarlo ou necessario:Voluntario: todos os interessados podem demandar ou ser demand ados, mas nao severifica qualquer ilegitimidade se nao estiverem todos presentes em jufzo.

    Necessario: todas as partes que assim a lei preve ou que na falta de uma das partes 0resultado final e posto em causa, tern de ser demandados, na inobservancia dademanda de uma das partes origina uma situacao de ilegitimidade.Assim, enquanto que 0 lltlsconsorcio voluntarlo decorre exclusivamente da vontadedos interessados, 0 litisconsorcio necessario e imposto as partes 17.Nao alongando mais, em aspectos de desenvolvimento de materia quanto alegitimidade e litisconsorclo, cabe desenvolver as sub-hipoteses.

    Sub-hipotese INo caso em aprec;:o teremos litisconsorcio depend en do da accao intentada por A., i.e.,supondo que A. intenta uma accao condenatoria (art. 4Q nQ2 alfnea b) e p e ) requerendouma lndemnizacao por incumprimento em caso de simples eficacia obrigacional, etendo a parte legitimidade para a intentar, Art. 26Q Cl'C, no meu entendimento, nao halitisconsorcio, ou se houver sera voluntario art. 27Q e p e pela pluralidade das partesactivas, i.e. A. e B.A. arroga-se na titularidade de um direito, que afirma ter side violado, pretendendo acondenacao do reu da violacao desse direito, bem como a reintegracao do direitoviolado. Os term os em que esta accao e pedida tern de haver fundamentos de causa,por exemplo: A. tenha entregue algum rnontante a vinculo do pacto de preferencia ac ., tenha C . agido em rna fe perante A., A. tenha tido despesas com advogados para acelebracao do pacto de preferencia, A. tivesse expectativas criadas desde logo perante

    16 Cfr. Miguel Teixeira de Sousa, As Partes, 0 Objecto, e a Prova na Acc;:aoDeclarativa, p.6017 Cfr. Miguel Teixeira de Sousa, As Partes, 0 Objecto, e a Prova na Accao Declarativa, p.62

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    C. face ao imovel etc. etc., e daf tivessem surgido lucros cessantes ou danosemergentes, ou ate mesmo danos nao patrimoniais. Segundo este entendimento naofaz de todo sentido haver um litisconsorcio necessario quanto a pluralidade das partesquer activa, quer passiva, i.e., as pretensoes que A. deteria sobre a indemnizacaointentada perante C. poderiam ter caracter completamente distinto perante aspretensoes de B., ou neste caso direitos violados passfveis de serem alegados. Desdelogo, aqui se afasta a possibilidade de B. ser parte principal ab initio como elementoessencial para a prossecucao da accao ou que a sua nao intervencao alteraria osefeitos normais da decisao obtida. Quanto a legitimidade passiva plural, neste caso C.e D. e ja sendo C. parte da accao como reu, nao fara tarnbern qualquer tipo de sentidoD. ter de intervir na accao para que ela produza os devidos efeitos, visto que, 0contrato fora celebrado entre A. B. e C. e que 0 direito violado e um direito de creditoque nao e oponfvel a terceiros como acima ja fora justificado. Estando assim no todoD. excluido da accao quanto a sua lntervencao como parte, podendo apenas serchamada como testemunha para prova dos factos que A. pretende confrontar emtribunal.Pode assim, em ultima analise, quanto a pluralidade activa das partes perante alegitimidade, existir um lltisconsorcio voluntarlo por parte de B., visto que, a pretensaoda accao incide sobre 0 mesmo objecto, nao obstante os fundamentos alegados, ourazoes para 0 montante lndemnizatorio serem dfspares, Art. 27QCPC intervindo comoprincipal, Art. 320Q Cpc. 0 valor da causa sera 0 determinado pela parte ou pelaspartes Art.305nQ1/2 e 306nQ1, e e fixado de acordo com a situacao existente nomomento em que a accao e proposta Art. 30SnQ1, devendo 0 autor indica-Io napeticao inicial Art.Q467nQ1f, determinando a forma do processo Art.Q 462Q e Art. 24/1L O F T J .

    1 1 - sub-hipotese

    Caso seja intentada uma accao constitutiva (art. 4nQ2 alfnea c) CPC) de accao depreferencia havendo execucao especffica baseada no incumprimento da obrigacao aque C. estava vinculado traduzindo-se na violacao do direito potestativo depreferencia. havera litisconsorcio necessario art. 2SQ CPC havendo pluralidade daspartes quer activa quer passiva, i.e., seriam chamados a accao A.B.C.e D. Todavia estaposicao desde ja por mim tom ada tem sido controversa, visto que desde logo enuncioque havera um litisconsorcio necessaria legal perante a disposto no Art. 419Q/1 CCeArt. 2SQCf'C, Galvao Telles18, Almeida Costal; e Menezes Cardeira20 defendem que 0

    18 Cfr. Galvao Teles, Obrlgacoes, p. 16919 Cfr. Almeida Costa, Obrigacoes, pp.455-456Ramiro Teod6sio 14118 Pagina 6

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    alienante nao temde ser demandado salvo os preferentes simultaneamente com aaccao de preferencia exigirem indernnizacao, visto que aqui se discute unicamente seo bem e atribufdo a um dos titulares da preferencia ou se permanece na propriedadedo terceiro adquirente, nao afectando a accao 0 obrigado. Antunes Varela "pronunciou-se em sentido oposto, em que 0 obrigado a preferencia tinhanecessariamente que ser demandado para a accao de preferencia, existindo assim umlitisconsorcio necessario passivo entre ele e 0 terceiro adquirente Art.Q 28 CPC,Menezes l.eitao, segue esta mesma posicao, Nao faria senti do 0 alienante nao serdemandado a accao visto que 0 que da causa a accao de preferencia e 0incumprimento definitivo da obrigacao de preferencia por parte do obrigado, naofazendo sentido que essa questao fosse apreciada sem que ele seja chamado a accaoart. 3Q Cpc. Estando analisada a legitimidade plural passiva, cabe analisar alegitimidade plural activa, que acaba por ser a questao colocada pelo caso pratico.

    Apenas A. intenta a accao contra C . nao dematdando B. 0 Art.Q 419Q CC traduz-nos umlitlsconsorclo necessario legal Art.Q 28Qj1 CPC, havendo assim falta de legitimidadeprocessual sanavel mediante a intervencao espontanea ou provocada, como parteprincipal, da pessoa em falta no processo, nos termos dos Art. 320Q e ss., incidente deintervencao principal. A intervencao principal provocada, que se realiza pela citacao dapessoa em falta, pode ter lugar ate ao momenta do transite em julgado da decisao quejulgue ilegftima alguma das partes, podendo no entanto haver lugar a uma renovacaoda instancia pelo transite em julgado daquela decisao Art.Q 269Q Cpc., nos termos dosArt.Q 325Q e ss. Cf'C, Quando nao tenha sido sanada, visto que no caso a mesma podeser sanada, tem como consequencia a absolvicao do reu da instancia Art.Q 288Qj1 al.D ) CPC, sem prejufzo do disposto no nQ2 do Art.Q 269Q CPC que permite umarenovacao da instancia para 0 efeito da sanacao da ilegitimidade plural.Cabe ainda salientar 0 porque deste lltisconsorclo previsto legal mente. Tratando-se deuma accao de preferencia com efeito real tem como origem 0 direito a uma prestacaoe um direito potestativo de preferencia, que no caso em apreco incide sobre doisinteressados. A questao nao se prende ao facto da anulacao do negocio de compra evenda celebrado entre 0 alienante e 0 terceiro adquirente, mas sim, que se pressup5epor maioria de razao que ao se extinguir essa relacao jurfdica que os preferentesexercarn 0 seu direito de pr eferencia e assim se preve na parte especial do CPC Arts.1458Q e ss. e em particular Art. 14659 quanto ao exercfcio de preferencia quando aalienacao ja tenha sido efectuada e 0 direito caiba a varios titulares, tutelando assim 0direito todas as partes. Vamos supor que 0 nosso direito permitia a anulacao docontrato de compra e venda celebrado entre C . e D . e que apos isso nada acontecia.Podiam A. e B. sempre que C . tentasse alienar 0 imovel impedi-Io exercendo 0 seudireito de preferencia para mera anulacao da venda, assim sendo, 0 nosso direito alern

    20 Cfr. Menezes Cordeiro, Obrigacoes, I, p. 49921 Cfr. Antunes Varela, Obrlgacces, I, pp. 384 e ss.Ramiro Teod6sio 14118 Pagina 7

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    de prever a anulacao do contrato de compra e venda, ou possivel anulacao pois podeate 0 imovel nao ser atribuido a um dos preferentes, preve desde logo que a accaointentada pelos preferentes alern da possivel anulacao da venda, os faca exercer 0 seudireito de preferencia objectivamente nos term os do Art. 14659 ep e parte especial. 0valor da accao determina-se nos term os do Art.9 3059/1, 3089/1, 3109 epe, a forma doprocesso nos term os do Art.9 4629 Cf'C, sendo a partida uma accao declarativaconstitutiva ordinaria especial (visto que se trata de um imovel provavelmente teravalor superior ao da alcada). a Cornpetencia territorial afere-se nos termos do Art.9739/1 e r e .

    Ramiro Teod6sio 14118 Pagina 8

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    Bibliografia:

    http://dgsi.ptAntunes Varela, Obrigacoes, ,Almeida Costa, ObrigacdesGalvao Teles, ObrigacoesMenezes Leitao, Direito das Obrigacoes, ,

    Menezes Cordeiro, Obrigacoes, ,Ant6nio Montalvao Machado Paulo PimentaJose Joao Baptista, Processo Civil'Lebre de Freltas.Joao Rendinha; Rui Pinto, C6digo de Processo Civil Anotado, Vol. ,Lopes Rego, in Revista Do Ministerio Publico, ana 11, n.Q 41, p.37,2006Miguel Teixeira de Sousa, As Partes, 0 Objecto, e a Prova na Accao DeclarativaOthmar Jauernlg, Diretto Processual Civil

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    http://dgsi.pt/http://dgsi.pt/
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    Direito Processual Civil Proposta de resolucao do caso 55

    Direito Processual Civil I

    Proposta de resolucdo do caso 55

    Pedro Santos AzevedoTurmaA2

    Enunciado:

    A, residente em Lisboa, celebra com B e C, residentes em Lamego, urn contrato defomecimento de sabonetes no valor de 2000, os quais serao entregues no Porto. A celebra aindacom D, residente em Coimbra, outro contrato de fomecimento de gel de banho no valor de 4000,a entregar no porto de Setubal, Os primeiros passaram urn cheque sem provisao sobre a contabancaria da Caixa Geral de Depositos, onde ambos tern conta solidaria. 0 segundo, D, nuncapagou. A coloca uma accao judicial contra BeD. Quid iuris?

    Pedro Santos Azevedo 1

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    Do caso pratico retira-se que 0 autor da accao tern duas pretensoes: por urn lado, e reportando-nosas semelhancas, ambas as pretensoes dizem respeito a emissao de uma sentenca de condenacao nostermos do artigo 4.12, b) do C6digo de Processo Civil (doravante, CPC); por outro lado, as accoesrespeitam a pessoas diferentes (B e/ou C, nurn caso, eD, no outro).

    Quanto ao fundamento, sera 0 mesmo? Na verdade, a partida 0 que existe sao dois direitosde credito, sendo que em nenhum deles A recebeu a contraprestacao a que tinha direito, neste casoqualificavel como uma prestacao pecuniaria. Mas, ainda assim, B e C "cumpriram" (pelo menosem termos aparentes - veremos a seguir em que medida entra aqui a tutela da aparencia face aocheque sem provisao, e que nao tratamos verdadeiramente de dois direitos de credito derivados decontrato, mas de urn direito de credito derivado de urn contrato e urn dire ito derivado de urn titulode credito - como 0 cheque 0 e'), enquanto que D nada fez. Ainda que 0 pedido seja semelhante(apesar de relativo a pessoas diferentes) a condenacao ao pagamento daquilo que A considera serdevido, nao 0 sera a causa de pedir.

    Tentemos esclarecer: se de facto se configurar este caso como existindo dois contratos" quenao foram cumpridos, e que A, enquanto autor, pede urna sentenca declarativa de condenacao aopagamento devido, a causa de pedir e tambem semelhante - a existencia de dois contratos (e,acessoriamente, 0 seu incurnprimento). Se, por outro lado, se considerar que face a D estamosperante 0 caso referido imediatamente supra, mas em face de B e C estamos perante urn outrocaso, importa avaliar essa causa de pedir. Isto porque nao tratamos propriamente da existencia dumcontrato. Tratamos da existencia dum titulo de credito (de resto, aut6noma e, como sabemos, arelacao cartular da relacao material subjacente) e, como tal, e essa a causa de pedir: a existenciadum titulo de credito (valido; e, acessoriamente, mais uma vez, 0 facto de este titulo, 0 cheque, naoter provisao).

    Salvo melhor opiniao, entendemos que, face a B (ou B e C, se este vier a intervir - 0 que ate

    1 Vide 0 art. 1.0, 2., 3., etc da Lei Uniforme relativa aos Cheques - Convencao de Genebra de 19 de Marco de 1931 - Ratificada emPortugal pelo Decreto n 23.721, de 29 de Marco de 1934 e t ambem, por exemplo, Vasconcelos, Pedro Pais de, Direito Comercial -Titulos de Credito, Lisboa, 1988/89, AAFDL, pp. 59 e 60.2 Contrato no seu preciso no sentido juridico de contrato: coincidencia de declaracoes negociais, feitas de modo valido e eficaz faceao direito, no ambito da autonomia privada.

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    pode ocorrer numa altura superveniente), a causa de pedir nao pode ser senao a existencia de urntitulo de credito. Com efeito, aparentamente, a obrigacao crediticia foi cumprida com a entrega dotitulo. 0 que aconteceu, depois, foi vir a verificar-se que 0 cheque nao tinha provisao - e e essefacto juridico (como, alias, propende a doutrina a qualificar qualquer facto como potencial ejuridicamente relevante) - a inexistencia de provisao do cheque - que funda a accao.

    Antes de avancarmos entao para a resolucao, em termos processuais civis, importa pararpara analisar urn pouco melhor 0 "Regime Juridico do Cheque sem Provisao"" prever, no seuCapitulo III (do regime penal do cheque), no Artigo 11.\ 0 "Crime de emissao de cheque semprovisao". Assim:

    1-Quem, causando prejuizo patrimonial ao tomador do cheque ou a terceiro:a) Emitir e entregar a outrem cheque para pagamento de quantia superior a 150 que ndo

    seja integralmente pago por falta de provisdo ou por irregularidade do saque; ( .. .)e punido com pena de prisiio ate 3 anos ou com pena de multa ou, se 0 cheque for de valor elevado,com pena de prisiio ate 5 anos ou com pena de multa ate 600 dias.

    Surgem entao duas quest5es: a primeira trata-se da densificacao do conceito de cheque de"valor elevado", que determinara que pena sera aplicada', e ajudara na determinacao da sua medida;por outro lado, uma chamada de atencao para 0 facto de tratarmos aqui de Direito Penal, dondedecorre que a tramitacao processual e regida pelo C6digo de Processo Penal. Atente-se 0 artigo202. do C6digo Penal, que determina, numa norma de definicao, que:

    "Para efeito dos artigos seguintes considera-se:a) valor elevado - aquele que exceder 50 unidades de conta avaliadas no momenta da prdtica dofacto "63 Decreto-Lei n. " 454/91, de 28 de Dezembro.4 Utilizamos a mais recente versao da Lei, com todas as alteracoes ate a Lei n. " 48/2005 de 29 deAgosto5 Estamos na verdade perante duas normas: urna que determina que quem emitir e entregar a outrem cheque para pagamento dequantia superior a 150 que nao seja integralmente pago por falta de provisao ou por irregularidade do saque e punido com pena deprisao de ate 3 anos, e outra que, acrescentando urn outro elemento a previsao normativa, 0 "valor elevado", determina uma pena deate 5 anos.6 Cfr., ainda, 0 art. 3. do C6digo Penal, para a determinacao do momento da pratica do facto.

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    A aplicacao deste artigo nao nos parece possivel, dada restricao do proemio do preceito -"para efeitos dos artigos seguintes", nos quais nao se inclui, por nem estar codificado no C6digoPenal, 0 Regime Juridico do Cheque sem Provisao". Ainda assim, pode ser importante atentar nesteregime, ainda que nao seja permitida a aplicacao anal6gica em direito penal, pois que 0 interpretetern de ter algum modo de densificar os conceitos, para evitar 0 livre arbitrio e a incerteza juridica, eos lugares-comuns podem dar alguma nocao de concretizacao.

    E a pr6pria lei referida a regular 0 regime da accao: esta accao depende de queixa, nostermos do artigo 11. - A, n." 1: "0 procedimento criminal pelo crime previsto no artigo anteriordepende de queixa." e depende tambem do preenchimento de alguns pressupostos, sendonomeadamente requerida "a indicacao dos factos constitutivos da obrigacao subjacente a emissao,da data de entrega do cheque ao tomador e dos respectivos elementos de prova.". E , entao, urncrime semi-publico. Diz-nos Germano Marques da Silva que "ja se pretendeu que 0 nao pagamentodo cheque, sobretudo nos casos em que se tenha destinado a pagar dfvidas contrafdas anteriormentea sua emissao nao causa prejufzo patrimonial ao seu portador, na medida em que a divida civil semanteria no patrim6nio do portador do cheque. (...) pensamos inaceitavel esta orientacao. Acordadoo cumprimento de uma obrigacao mediante entrega do cheque (datio pro solvendo) e nao sendoeste pago quando tempestivamente apresentado a pagamento nos termos acordados, expressa outacitamente, 0 portador sofre urn dana patrimonial positivo que corresponde a quantia que tinhadireito de receber nessa data e para cujo pagamento serviu'", Seguimos esta opiniao.

    Quanto ao prejuizo patrimonial, a referida obra encontra-se desactualizada, dadas assucessivas alteracoes legislativas ao diploma que regula os cheques sem provisao. Ainda assim,cumpre recordar 0 seguinte excerto: " 0 prejuizo patrimonial consiste na frustracao do direito aoportador do cheque de receber na data da sua apresentacao a pagamento a quantia a que tern direitoem razao da obrigacao subjacente e para cujo 0 pagamento serviu'".

    Diz-se ainda que "0 pedido de indemnizacao civil fundado na pratica de crime de emissao decheque sem provisao deve ser deduzido no respectivo processo penal, s6 0 podendo ser em separado

    7 Decreto-Lei n." 454/91, de 28 de Dezembro.8 Silva, Germano Marques da, Regime juridico-penal dos cheques sem provisiio, Principia, 1997, pp. 54.9 Ob. Cit., pp. 55

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    nos casos indicados no artigo 72. do C6digo de Processo Penal." Veja-se 0 longo artigo:

    Artigo 72.0_ Pedido em separado

    1- 0 pedido de indemnizacdo civil pode ser deduzido em separado, perante 0 tribunal civil,quando:a) 0processo penal ndo tiver conduzido a acusacdo dentro de oito meses a contar da noticia docrime, ou estiver sem andamento durante esse lapso de tempo;b) 0processo penal tiver sido arquivado ou suspenso provisoriamente, ou 0procedimento se tiverextinguido antes dojulgamento;c) 0procedimento depender de queixa ou de acusacdo particular;d) Niio houver ainda danos ao tempo da acusacdo, estes ndo forem conhecidos ou ndo foremconhecidos em toda a sua extensdo;e) A sentenca penal ndo se tiver pronunciado sobre 0pedido de indemnizaciio civil, nos term os doartigo 82. ~ n. 0 3;f) For deduzido contra 0 arguido e outras pessoas com responsabilidade meramente civil, ousomente contra estas haja sido provocada, nessa accdo, a intervencdo principal do arguido;g) 0 valor do pedido permitir a intervenctio civil do tribunal colectivo, devendo 0processo penalcorrer perante tribunal singular;h) 0processo penal correr sob aforma sum aria ou sumarissima;i) 0 lesado ndo tiver sido informado da possibilidade de deduzir 0pedido civil no processo penalou notificado para 0fazer, nos termos dos artigos 75.0, n. 0 1, e 7 7. ~ n. 0 2.2 - No caso de 0procedimento depender de queixa ou de acusaciio particular, a previa deduciio dopedido perante 0 tribunal civil pelas pessoas com dire ito de queixa ou de acusaciio vale comorenuncia a este dire ito.

    Para terminar, "tambem 0 demandado civilmente pode requerer a intervencao provocada,querendo fazer intervir os outros devedores solidarios para com eles se defender ou serconjuntamente condenado, nos termos dos artigos 325. e seguintes do C6digo de Processo Civil.':"

    10 Ob. Cit., pp 120.11 Ob. Cit. pp 121.

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    Ap6s este enquadramento que julgamos necessario, entremos no nucleo duro da resolucaodo caso - partindo, todavia, do que ja acima destrincamos: estamos perante duas accoes cujo pedidoe semelhante - condenacao ao pagamento de determinada quantia - vide art. 4.0 , n." 1 e 2.0 , b) CPC.E , portanto, uma accao declarativa de condenacao que aqui esta em causa". 0 pedido e,juridicamente, "a forma de tutela jurisdicional requerida para urn direito subjectivo ou interesselegalmente protegido?". Anote-se ainda 0 que nos diz 0 art. 661.0, n. a 1 CPC: "1 - A sentenca ndopode condenar em quantidade superior ou em objecto diverso do que se pedir", Isto eimportantissimo pois mostra a relevancia de algo tao simples quanta 0 pedido - existe entao uma"disponibilidade privada do objecto do processo". E, se a partida poderia parecer uma excepcao,nao 0 eo art. 27., n." 1 CPC, in fine, dado que nunca ocorreria uma condenacao em valor superior,eo previsto no artigo - uma condenacao em valor inferior - nao consubstancia urn "objecto diversodo que se pedir".

    Quanto a causa de pedir, em relacao a D e a existencia de urn contrato (e, acessoriamente, 0seu incumprimento). Quanto a B a questao e bern mais interessante. Comecemos do inicio: B e Centregaram urn cheque (urn titulo de credito, portanto) para pagamento do que era devido a A comocontra prestacao do contrato com este celebrado. 0 pagamento esta feito - 0 sinalagma eaparentemente perfeito. 0 problema esta na falta de provisao do cheque - isto e, 0 cheque nao eid6neo para 0 pagamento da contraprestacao. E sera por isso que 0 autor vai reagir - nao por B (ouB e C) se terem recusado a pagar, mas porque 0 fizeram de forma tal que A nao tern aquele que e 0objectivo final do pagamento: acolher no seu patrim6nio a mais valia, neste caso traduzida numvalor pecuniario. Porque, a partida, quando A recebe 0 cheque, 0 seu patrim6nio e incrementado -virtualmente incrementado - pois passa a existir urn titulo com urn valor X; imagine-se ate que Anao levantava 0 cheque, caso nao estivesse passado a ordem - 0 seu patrim6nio, nesse momentaconcreto, foi aumentado. A questao p5e-se no momenta posterior, aquando da efectiva "troca" dotitulo pela moeda - troca essa da qual nada resulta pela falta de provisao, e que tern tambem comoconsequencia a "descoberta" de que 0 cheque de nada serve - a nao ser para instaurar uma accao,pois que existe uma pretensao fundada da parte: a de receber aquilo 0 prometido pelo cheque. Acausa de pedir face aBe, portanto, a existencia de urn titulo de credito, urn cheque, entregue a A,12 Cfr, Machado, Antonio Montalvao; Pimenta, Paulo, 0 novo processo civil, 9a Edicuo, pp. 72. Ainda Baptista, Jose Joao, ProcessoCivil I, ss edicao, Coimbra Editora, 2006, pp. 132 e 133.13 Cfr:Sousa, Teixeira de, Introduciio ao Processo Civil, pp. 35 e ss.

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    como pagamento de uma contraprestacao.Importante e ainda a seguinte referencia - existindo urn titulo de credito, existe tambem urn

    titulo executivo - vide art. 46., n." 1, d) do CPC, com remissao para 0 regime substantivo. Daquideriva a seguinte questao: faz sentido avancar com uma accao de condenacao quando ja existe urntitulo executivo? Nao nos delongaremos muito neste assunto, dada a ja avultada extensao destaproposta de resolucao do caso pratico, e por entrar noutras materias, como 0 interesse processualque, pela sua importancia e divergencias doutrinarias, merece urn estudo aut6nomo maisaprofundado. Digamos apenas que podera surgir uma questao face ao art. 26., n." 1 e 2, por falta deinteresse directo em demandar, mas acima de tudo, por falta de utilidade derivada da procedencia daaccao, po is que esta sentenca tera valor de titulo executivo, que 0 pr6prio cheque ja tern. Dequalquer modo, temos de analisar 0 caso tal qual este nos e mostrado, portanto avancaremos na suaresolucao moldados por aquelas que sao as pretensoes do autor.

    Segundo a "Lei Uniforme relativa aos Cheques"!", A seria os sacador, e a Caixa Geral deDepositos, enquanto banqueiro", 0 sacado (sendo B e C tambem sacados). A, tendo 0 titulo, teriaurn direito cartular, ja diferente do direito de credito que detinha sobre B e C. 0 problema surgequando este titulo nao e id6neo para cumprir a sua funcao, neste caso por ser urn cheque semprovisao,

    Tratemos agora da relevancia territorial dos dados do caso pratico: Lisboa e capital dodistrito com 0 mesmo nome, 0 mesmo acontecendo com 0 Porto e Setubal, Lamego pertence aodistrito de Viseu16

    Diz 0 artigo 21./ 3 da lei n." 3/99 de 13 de Janeiro", (Lei da Organizacao e Funcionamentodos Tribunais Judiciais - doravante, LOFTJ) que "A lei de processo indica as Jactores quedeterminam, em cada caso, 0 tribunal territorialmente competente ", Segundo 0 artigo primeiro do

    14 Convencao de Genebra de 19 de Marco de 1931;ratificada em Portugal pelo Decreto n 23.721, de 29 de Marco de 193415 Lei Uniforme relativa aos Cheques - Convencao de Genebra de 19 de Mar90 de 1931 - Ratificada em Portugal pelo Decreto n23.721, de 29 de Marco de 1934 - Artigo 3 - Provisao: "0 cheque e sacado sobre urn banqueiro que tenha fundos it disposicao dosacador e em harmonia com uma convencao expressa ou tacita, segundo a qual 0 sacador tern 0 direito de dispor desses fundos pormeio de cheque. A validade do titulo como cheque nao fica, todavia, prejudicada no caso de inobservancia destas prescricoes."16 Veja-se www.cm-lamego.pt17Actualizada ate it Lei 303/2007.

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    http://www.cm-lamego.pt/http://www.cm-lamego.pt/
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    Regulamento da LOFTJ (Decreto-Lei n." 186-A/99, de 31 de Maio18), no seu mimero 1, "0territorio nacional divide-se em quatro distritos judiciais, com sede, respectivamente, em Lisboa,Porto, Coimbra e Evora". 0 Mapa I Anexo inclui Viseu no cfrculo judicial de Coimbra - existetambem a propria coniarca de Viseu".

    o artigo 74., n." 1 do CPC20 determina que devem ser propostas no domicilio do reu asaccoes destinadas a exigir 0 cumprimento de obrigacoes (entre outras - neste caso apenas nosinteressa esta). Nao se verifica a hipotese da parte final do referido artigo - isto porque a norma criauma permissao de instauracao da accao no tribunal do lugar em que a obrigacao deveria sercumprida, caso se verifique urn de dois casos: 0 primeiro, tratando-se de pessoas colectivas (0 quenao e 0 caso, pelo menos aparentemente - poderiamos, no entanto discutir se estes fornecimentos demercadorias eram feitos por empresas" - que seriam desde logo pessoas colectivas - apesar de,obviamente, existirem pessoas colectivas que nao as empresas); 0 segundo caso tern dois requisites- 0 domicflio do credor tern de ser na area metropolitana de Lisboa ou do Porto (0 que se veri fica -A tinha domicflio em Lisboa) e, cumulativamente, 0 reu tern de ter tambem residencia nao apenasnuma dessas areas metropolitanas, mas na mesma area metropolitana do credor, 0 que nao acontece,ficando assim afastada esta parte final do artigo 74., n." 1 CPCE a este artigo que recorremos para determinar 0 tribunal competente pois e precisamente deobrigacoes, derivadas dos contratos celebrados, dos quais emergiram obrigas;oes jurfdicas que,como tal, sao juridicamente tutelaveis, que trata 0 caso : 0 nao cumprimento da contraprestacao aque estavam vinculados os devedores levou ao caso agora sub judice. Portanto, a accao contra Bseria proposta na Comarca de Viseu, territorialmente competente, e a accao contra D na comarca deSenibal, por nao poder existir esta coligacao (ou seja, deveriam ser deduzidas duas diferentes

    18Aetualizado ate ao DL 250/2007 de 29 de Junho.19 Cfr art. 66./1 LOFTJ: 1- A area territorial dos eireulos judieiais abrange a de uma ou van as eomareas.20 Artigo 74. - Competencia para 0 eumprimento da obrigacao.l-A accao destinada a exigir 0 eumprimento de obrigacoes, aindemnizacao pelo nao eumprimento ou pelo eumprimento defeituoso e a resolucao do eontrato por falta de eumprimento e propostano tribunal do domieilio do reu, podendo 0 eredor optar pelo tribunal do lugar em que a obrigacao deveria ser cumprida, quando 0reu seja pessoa colectiva ou quando, situando-se 0 domicilio do crec'or na area metropolitana de Lisboa ou do Porto, 0 reu tenhadomicilio na mesma area metropolitana. (redaccao da Lei 14/2006 de 26 deAbril)21 Vide art. 230. do Codigo Comercial, e sobre este artigo, Santos, Filipe Cassiano dos, Direito Comercial Portugues, VolI .CoimbraEditora, 2007, pp. 33 a 35, 77, 88, 91; Abreu, Jorge Manuel Coutinho de, Curso de Direito Comercial L Almedina, 68Ed., 2006, pp.56 e 57, 192.; e ainda, do mesmo autor, Da empresarialidade, Almedina, 1996, pp. 32,35

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    aC9i5es)22.Veja-se ainda 0 art. 87., n." 1 e 2 Cl'C - que determina a hip6tese do autor escolher urntribunal competente, de entre os varies, no caso de cumulacao de pedidos.

    A forma do processo tera de ser a sumarissima, dado que esta accao tern urn valor igual ouinferior a alcada da primeira instancia e e referente ao cumprimento de uma obrigacao pecuniaria".Surge, no entanto, urn problema. Face ao DL n." 269/98, de 1 de Setembro, quem pretender fazervaler creditos, resultantes de contrato, cujo valor nao exceda os 15.000 esta vinculado a utilizar urndos dois procedimentos previstos naquele diploma, a saber, a accao declarativa especial ou ainjuncao". Questao essa que nao iremos debater, quer por nao tratarmos directamente de fazer valercreditos derivados de contrato (dado uma das causas de pedir ser urn titulo de credito que, mais umavez, e independente, enquanto realidade cartular, da relacao material subjacente), quer porextravasar 0 objecto delimitado deste trabalho. 25

    Outra questao surge, mas mais uma vez vamos trata-la a seguir para tentar ser metodologicamentecorrectos - a questao de uma eventual coligacao levaria a soma dos valores das causas elevando-apara urn total unitario de 6.000, obrigando assim 0 processo a revestir a forma sumaria segundo 0artigo 462. Cl'C, Tudo isto tern de ser conjugado com 0 artigo 305., n." 1 e 2 Cl'C, quedeterminam que "a toda a causa ser atribuido um valor certo, expresso em moeda legal, a qualrepresenta a utilidade economica do pedido" e que e "a este valor (que) se atendera paradeterminar a competencia do tribunal, a forma do processo comum e a relacdo da causa com aalcada do tribunal"; prossegue 0 artigo 306., Cl'C n." 1 com os criterios para a fixacao do valor dacausa mas, importantissimo, diz 0 n." 2 que "Cumulando-se na mesma acciio varios pedidos, avalor e a quantia correspondente a soma dos valores de todos eles" - ora, varias precisoes tern aquide ser feitas. Em primeiro lugar, se existir uma coligacao, como vamos indagar daqui a pouco,

    22 E isto sem nos referinnos a outros factores importantes que devem ser averiguados: a existencia ou nao de tribunaisespecializados, a questao dajurisdicao sobre urn porto, etc.2 3 C fr. art. 462. ere, infine.2 4 C fr ., t ambem, 0 art. 460./2 Cl'C,25 Face ao DL n." 269/98, de I de Setembro, quem pretender fazer valer creditos, resultantes de contrato, cujo valor nao exceda os15.000 est!'!vinculado a utilizar urn dos dois procedimentos previstos naquele diploma, a saber, a accao declarativa especial ou ainjuncao, No entanto, como dissernos, este regime pode ser afastado pelo facto de termos qualificado uma das accoes nao como umaaccao para "fazer valer crcditos emergentes de contratos", mas para condenacao ao pagamento devido derivado de urn titulo decredito que, como sabemos, tern autonomia face it relacao material subj acente.

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    aplicar-se-a este artigo, cumulando os valores dos pedidos, levando assim 0 processo a revestir aforma sumaria. Por outro lado, note-se bern, nao interessa aqui apenas se pode existir cumulacao depedidos - importa sim aquilo que foi pedido, po is que, mesmo que a accao seja improcedente ou ateseja alvo de urn despacho liminar, ainda assim, tern esta de conter 0 valor da accao na peticaoinicial", e e este que releva na busca do tribunal competente.

    Importa comecar com a nocao de legitimidade processual plurar, numa formulacao"retocada" de Rui Pinto da definicao de Teixeira de Sousa"servimo-nos da nocao do Prof. Teixeirade Sousa, segundo a qual a legitimidade processual plural consiste na situacao de cumulacaosubjectiva, i. e., de atribuicao de legitimidade a uma pluralidade de partes", ou, pensamos, commais rigor, a uma pluralidade de sujeitos processuais?", Diz-nos ainda Teixeira de Sousa que alegitimidade plural pode ser simples - na qual todas as partes sao partes principais, ou mista, quandoconjuga uma ou varias partes principais com uma ou varias acessorias". No nosso caso sera simples

    A pluralidade de partes principais, ou seja, a pluralidade de autores ou de reus pode ser urnlitiscons6rcio ou uma coligacaofhavendo tambem pluralidade objective)." Existe litiscons6rcioquando conjuntamente com a cumulacao subjectiva, nao ha qualquer pluralidade de objectosprocessuais, isto e, quando varies autores formulam urn unico pedido ou contra varies reus eapresentado urn unico pedido. Existe coligacao quando, conjuntamente com a pluralidade de partesexiste uma cumulacao objectiva diferenciada, isto e, quando os varies pedidos sao formulados porcada urn dos autores ou contra cada urn dos reus.

    Vamos agora analisar a existencia de uma coligacao, A coligacao esta prevista no art. 30.0 doCl'C, Diz 0 numero primeiro do referido artigo que "(...) e permitido a um autor demandarconjuntamente varios reus, por pedidos diferentes, quando a causa de pedir seja a mesma e unica

    26 Cjr. art. 467., n." 1 f) CPC.27No nosso caso seria uma pluralidade inicial passiva de partes: pluralidade porque neste caso 0 "reu", ou os reus, e(sao) BeD;passiva porque essa pluralidade existe no lado do reu e inicial porque ocorre logo aquando da instauracao da accao judicial. Cjr.Machado, Ant6nio Montalvao; Pimenta, Paulo, 0 novo processo civil, 9a Edicao, pp. 72.28 Pinto, Rui Goncalves, Problemas de legitimidade processual, inAspectos do novo Processo Civil, Lex, 1997, pp. 17529 Cfr Sousa, Miguel Teixeira de,As partes, a objecto e aprova na acciio declarativa, Lex, 1995, pp. 5930 Veja-se, por exemplo, Sousa, Miguel Teixeira de, estudos sabre a novo Processo Civil, Lex, 1997, pp. 151 e ss

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    ou quando os pedidos estejam entre si numa relaciio de prejudicialidade ou de dependencia "31. 0que dizer: neste caso pratico sub judice temos efectivamente urn autor a demandar varies reus;estara algum dos dois casos a seguir referidos no artigo preen chido na situacao que analisamos?Note-se que sao hip6teses disjuntivas, pois basta que uma delas esteja preenchida (a par dos outrosrequisitos referidos, como varies reus a serem demandados por urn auto, por pedidos diferentes) -neste caso, os pedidos nao estao numa relacao de prejudicialidade ou dependencia; a causa de pedirnao e a "mesma e unica". a partida, portanto, nao se seguiria a estatuicao da norma por nao se terpreenchido a previsao.

    No entanto, diz-nos 0 n. ? 2 do rnesmo artigo que " e igualmente licita a coligaciio quando,embora seja diferente a causa de pedir; a procedencia dos pedidos principais dependaessencialmente da apreciaciio dos mesmos factos ou da interpretacdo e aplicaciio das mesmasregras de direito ou de clausulas de contratos perfeitamente analogas", Temos entao tres hip6tesesem que podem ser coligados pedidos com diferentes causas de pedir. Se tivessemos configurado aresolucao do caso atraves do entendimento pelo qual estavamos perante dois contratos, as duasultimas hip6teses (apesar de bastar uma) poderiam estar preenchidas, pois que "aprocedencia dospedidos principais dependa(e) essencialmente da interpretacdo ou aplicaciio das mesmas regras dedireito" ou, ainda "de clausulas de contratos perJeitamente analogas", No entanto, verdade sejadita, tal nem necessario era, pois, a partida, dado que 0 numero primeiro, ainda do mesmo artigo, seencontraria preenchido - as causas de pedir poderiam, talvez, ser a mesma e (mica, nos termos doart. 30., n." 1 CPC32 Vejamos entao como resolver 0 caso em consonancia com as premissas de quepartimos: existem duas situacoes substancialmente diferentes, fundadas em diferentes factos esituacoes ou relacoes juridicas e, portanto, a causa de pedir e diferente. Resta entao saber se cabeesta situacao no n." 2 do art. 30. CPC. E nao cabe, dado que nao se apreciam os mesmos factos, naosao interpretadas e aplicadas as mesmas regras de dire ito nem se tratam de clausulas de contratosperfeitamente analogas,

    Apesar de tudo, importa tratar a questao dos obstaculos