casos praticos - direito internacional

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DIREITO INTERNACIONAL PBLICO I CASOS PRTICOS (TURMAS PRTICAS CASO PRTICO 1 Suponha que se formou uma norma de Costume Regional (apenas no espao europeu) nos termos da qual, perante a priso ou deteno de um cidado estrangeiro, o Estado que procedeu medida deve comunicar o facto imediatamente ao Estado da sua nacionalidade. O Sr. A, espanhol que foi detido ontem, pretende que Portugal comunique o facto ao Reino de Espanha. A norma em causa vigora no seio interno? O juiz pode aplic-la? Quid Iuris? CASO PRTICO 2 O Ministro dos Negcios Estrangeiros portugus combinou com os sues congneres espanhol, francs e alemo a criao de uma organizao internacional militar, destinada criao de um sistema comum de defesa entre os quatro Estados. Assim, celebraram um Acordo em forma simplificada, por eles assinado, que foi hoje publicado em Dirio da Repblica, aps ratificao do Presidente da Repblica. O Rei de Espanha, o Presidente Francs e a Chanceler Alem j ratificaram o referido Tratado. Aprecie a validade deste pacto, sob ponto de vista internacional e interno. CASO PRTICO 3 A 30 de Abril de 2009, o Primeiro-Ministro deslocou-se Venezuela e assinou com os seus homlogos da Argentina, do Uruguai, do Paraguai e da Venezuela um tratado relativo cooperao respeitante divulgao da cultura de cada um destes pases. No mbito desse tratado, cada Estado assumiria a obrigao de auxiliar, atravs de apoios financeiros a entidades credenciadas, a divulgao da cultura de cada um dos outros Estados-Parte. A 10 de Junho de 2009, o Ministro da Cultura, mediante Despacho, aprovou, sob a forma de tratado, aquela conveno internacional. O Tratado foi enviado ao Presidente da Repblica para ratificao, aps a qual Portugal depositou, a 30 de Julho de 2009, o seu instrumento de vinculao junto do Secretrio-Geral das Naes Unidas.DE AFONSO PATRO)

Ano Lectivo 2009/2010

Afonso Patro

O Paraguai, ao vincular-se ao tratado, a 15 de Junho de 2009, formulou uma reserva nos termos da qual s auxiliaria entidades provenientes da Venezuela mediante prvio parecer favorvel da embaixada do Paraguai na Venezuela, o que notificou nesse dia aos restantes Estados-Parte. Nenhum dos Estados-Parte objectou reserva e o texto da conveno absolutamente omisso quanto a reservas. 1- Pronuncie-se sobre o processo interno de vinculao do Estado portugus. 2- Caso uma escola de danas tradicionais da Venezuela pretendesse exercer a sua actividade no Paraguai, estaria este Estado obrigado, luz do tratado celebrado, a conceder-lhe o auxlio financeiro em causa? 3- Caso se entenda que o tratado padece de uma inconstitucionalidade formal, qual a consequncia relativa sua aplicabilidade interna? CASO PRTICO 4: A Repblica Portuguesa celebrou com o Reino de Espanha um Tratado pelo qual os dois Estados se obrigavam, cada um, a conceder ao Estado de Timor-Leste, uma subveno anual de trs milhes de euros, a pagar at que o Governo de Timor decida dela prescindir. No tendo o Reino de Espanha realizado a doao a que se tinha obrigado, o Governo de Timor-Leste vem reclamar o pagamento. O Governo Espanhol defende-se arguindo que Timor no foi Parte no Tratado concludo e que, assim, a conveno no produz qualquer efeito para com ele. Quid iuris? CASO PRTICO 5: O Estado A e o Estado B propem-se celebrar um Tratado de Extradio. No decurso das negociaes tendentes celebrao da conveno, o representante do Estado A avana a seguinte redaco para uma das clusulas do acordo: Ser designadamente permitida a extradio por crimes poltico-religiosos ainda que aos mesmos corresponda a pena de morte segundo o direito do Estado requisitante. Consciente do alargado nmero de cidados do Estado A perseguidos por actividades de natureza poltico-religiosa que se haviam refugiado no Estado B, o respectivo representante (o Ministro dos Negcios Estrangeiros) rejeita liminarmente semelhante proposta.

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Pressionado, no entanto, pelo representante do Estado A, a aceitar a consignao no texto final da Conveno da clusula supra mencionada em troca de uma valiosa moradia numa ilha tropical, o representante do Estado B acaba por ceder e o Tratado autenticado. O Tratado vem a ser aprovado pelo Parlamento do Estado B e ratificado pelo Presidente da Repblica do mesmo Estado. Quid Iuris, supondo que B um Estado com uma Constituio idntica da Repblica Portuguesa? CASO PRTICO 6: O Estado A concluiu com o Estado B um tratado destinado importao de material aeronutico militar, nomeadamente helicpteros de salvamento martimo. Os helicpteros foram mal aconselhados ao representante do Estado A por uma equipa de peritos presente aquando das negociaes conducentes celebrao do tratado. Mais tarde, o Governo do Estado A verificou que os helicpteros adquiridos no eram afinal adequados aos fins tidos em vista mas apenas para combate areo. O Estado A pretende anular o tratado, enquanto o Estado B se ope invocando: a) Que o erro em que o Estado A incorreu irrelevante; b) Que o Estado A demonstrou, pela sua conduta, ter aceitado a validade do Tratado, pois passou a utilizar os helicpteros para exerccios militares; c) Que havendo alguma causa de invalidade, todo o tratado deve ser anulado. Quid iuris?

CASO PRTICO 7 O Estado A e o Estado B celebraram uma conveno internacional pondo termo a um conflito que h muito os dividia. Atravs de uma conduta fraudulenta, (promessa de uma importante ao Estado B que o Estado A no estava em condies de assegurar) o representante do Estado A levou o seu colega representante do Estado B a reconhecer a soberania do Estado A sobre o poo petrolfero X, at a pertencente ao Estado B. Finalmente, os dois Estados combinaram os termos da invaso que conjuntamente iro levar a cabo no territrio de um Estado vizinho (C) e da partilha entre ambos do respectivo territrio aps a projectada anexao. Quid iuris?

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CASO PRTICO 8 Uma empresa portuguesa moveu uma aco executiva contra a Lisnave destinada ao pagamento coercivo dos quantitativos de 8 letras de cmbio acrescidas de juros taxa anual de 23% (a taxa fixada no Decreto-Lei n. 262/83). A Lisnave vem alegar que o Decreto-Lei no pode ser aplicado porque a taxa de juro para letras de cmbio consta da Lei Uniforme de Letras e Livranas, constante da Conveno de Genebra de 7 de Junho de 1930, ratificada por Portugal a 30 de Abril de 1936. De facto, esta Conveno Internacional apenas prev uma taxa de juro de 6%. Quid iuris? CASO PRTICO 9 H mais de 30 anos que os Estados consideram que a sua soberania se estende, praticamente nos mesmos termos que sobre o seu territrio, ao mar at 12 milhas martimas a contar da costa. Assim, exercem plenamente a sua soberania at esse ponto (numa prtica reiterada e uniforme) e existindo nos sujeitos internacionais a convico de que esta obrigatria. Determinado Estado, contrariando todos os demais, considera que os poderes dos Estados se estendem apenas at 9 milhas martimas a contar da costa do seu territrio. Pode eximir-se aplicao daquela regra? CASO PRTICO 10 Os Estados A, B e C so vizinhos e atravessados sucessivamente pelo rio X. O Estado A e o Estado B celebram um acordo em forma simplificada em que regulam duas matrias: por um lado, criam uma sociedade internacional restrita em que s eles so membros, destinada a ordenar as suas actividades em matria ambiental; por outro lado, combinam os termos do desvio do curso normal do rio X para benefcio prprio, na esperana de criar graves dificuldades sobrevivncia da economia da populao do Estado C. Pronuncie-se sobre a validade desta conveno, assumindo que o Estado A tem uma Constituio semelhante portuguesa.

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CASO PRTICO 11 O Estado A declarou expressamente renunciar soberania sobre ilhas desertas que at a integravam o seu territrio em favor do Estado B. Dois anos depois, foram descobertas grandes jazidas de petrleo no subsolo de tais ilhas, as quais comearam a ser extradas pelas autoridades pblicas do Estado B. Ontem o Estado A veio reclamar a soberania sobre aquela parte do territrio, argumentando que a sua renncia no constitua uma fonte de direito internacional e, assim, no produziu quaisquer efeitos jurdicos. Quid iuris? CASO PRTICO 12 O Estado costeiro A situa-se frente a frente com o Estado costeiro B e ambos os Estados assinaram, mas no ratificaram, a Conveno de Montego Bay. As costas de A e B situam-se a menos de 380 milhas de distncia, tendo uma nica plataforma continental comum, em sentido geolgico. Como se faz a diviso dessa plataforma continental? CASO PRTICO 13: O Reino de Espanha, atendendo s graves consequncias da seca prolongada no sul do pas, pretende desenvolver uma obra de grande envergadura adequada a resolver definitivamente os problemas da resultantes. Entre uma srie de medida, pretende desviar o curso do Rio Tejo de modo a que, este passe a desaguar na zona de Sevilha, irrigando os terrenos agrcolas da Andaluzia. Portugal considera que as obras so ilcitas, invocando um direito s guas que sempre provieram no leito anterior. O Estado Espanhol entende, pelo contrrio, que as obras se incluem na sua soberania exclusiva sobre o seu territrio. Quid Iuris? CASO PRTICO 14: O Estado A, um Estado Costeiro que no ratificou a Conveno de Montego Bay, tem uma plataforma continental em sentido geolgico que desce suavemente para as profundezas marinhas. Este Estado Reclama uma plataforma continental de 300 Milhas Martimas contadas a partir das suas linhas de base e uma Zona Econmica Exclusiva de 200 Milhas

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Martimas contadas a partir do limite externo da sua plataforma continental. Por fim, visa impedir a navegao e sobrevoo sobre a sua Zona Econmica Exclusiva. Analise a viabilidade das suas pretenses. CASO PRTICO 15: Os Estados A e B, que em 2003 haviam assinado a Conveno de Montego Bay, celebraram em 2006 um tratado por meio do qual o Estado B, Estado desenvolvido sem litoral, ficou autorizado a pescar na Zona Econmica Exclusiva do Estado A, Estado costeiro em vias de desenvolvimento. No referido Tratado no foram estabelecidos quaisquer limites de captura mxima autorizada nem se indicaram as espcies, tamanhos e idades dos peixes. Um ano depois do incio da vigncia daquela conveno internacional, o Estado A pretende pr-lhe termo invocando, inter alia: a) Que, aquando das negociaes conducentes sua concluso, o representante oficial do Estado B prometera ao Estado A uma substancial ajuda econmica que at ao momento no se concretizou; b) Que algumas das suas clusulas violam o disposto nos artigos 69. e 62. da Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar; c) Que, em razo da detectada escassez de certa espcie na Zona Econmica Exclusiva do Estado A, se teria entretanto verificado uma alterao fundamental das circunstncia que, em 2003, envolveram a sua celebrao. O Estado B contesta, sustentando: a) Que desconhece a promessa de ajuda econmica a que se refere o Estado A; b) Que nenhum dos Estados ratificou a Conveno de Montego Bay, no estando por isso vinculados s suas disposies; c) Que mesmo a no se entender assim, o Estado A no poderia agora prevalecer-se da alegada violao dos artigos 69. e 62. da Conveno de Montego Bay, pois que tal lhe estaria vedado pelo Princpio Geral de Direito venire contra factum proprium non vallet; d) A alterao fundamental das circunstncias a que se refere o Estado A, a existir, no teve por efeito, de modo algum, a transformao da natureza das obrigaes assumidas no tratado; Pronuncie-se sobre a situao, mobilizando os argumentos que achar pertinentes.

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CASO PRTICO 16: A 20 Milhas da costa dos Madeira foi avistado um navio de pavilho marroquino que as Autoridades Portuguesas suspeitavam dedicar-se ao trfico de seres humanos, crime previsto e punido pela legislao portuguesa. Um Navio de Guerra da Marinha Portuguesa abordou a embarcao suspeita, dando sinal visual e auditivo de paragem, com o intuito de fiscalizar a sua carga, mas esta acelerou em grande velocidade. Aps perseguio, a embarcao suspeita foi apresada e fiscalizada em Alto-Mar e, tendo-se verificado consumao do crime, os membros da tripulao foram detidos, aguardado actualmente julgamento. O Governo do Reino de Marrocos vem questionar internacionalmente a conduta do Estado Portugus, alegando: a) Que a perseguio ao navio marroquino violadora do direito internacional, pois no se iniciou em guas do mar territorial de Portugal; b) Que Portugal no poderia proceder a detenes em Alto-Mar, pois no dispe nem de soberania nem de jurisdio naquele espao internacional; c) Que o navio perseguido, na sua tentativa de fuga, entrou momentaneamente no Mar Territorial espanhol, por se ter aproximado a menos de 10 Milhas da costa das Ilhas Canrias. Quid iuris? CASO PRTICO 17: Nos ltimos 100 anos, o Estado A tem vindo a exercer poderes efectivos sobre determinado territrio pertencente ao Estado B. De facto, perante a total passividade de B, o Estado A tem defendido esse territrio, instalado uma rede de escolas e de hospitais e desenvolvimento a sua actividade pblica como se de uma provncia sua se tratasse. Nunca o Estado B se ops a tal situao, mantendo boas relaes diplomticas com o Estado A. Recentemente, no mbito da administrao territorial desenvolvida pelo Estado A, foram descobertas valiosas minhas de ouro e de prata, na sequncia das quais o Estado B invocou a sua soberania sobre aquele territrio. O Estado A, porm, alega que, embora reconhecendo que aquela provncia fora, em tempos, pertencente ao Estado B, o territrio hoje soberania de A, merc do desinteresse daquele no ltimo sculo. Quid iuris?

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CASO PRTICO 18: A RAVE, empresa pblica portuguesa que se dedica construo da rede ferroviria de Alta Velocidade, na sequncia dos trabalhos de construo da linha LisboaMadrid, tem depositado o entulho e resduos provenientes da obra no lado espanhol da fronteira. Como resultado directo da imensa poluio provocada, certa espcie de aves (endmica daquela zona espanhola) entrou em vias de extino. O Governo de Espanha pretende responsabilizar Portugal por estes actos. Quid iuris? CASO PRTICO 19: H cerca de uma semana, naufragou um navio de guerra grego a 250 milhas martimas do Alentejo, que transportava material potencialmente radioactivo. No dia seguinte, a tripulao foi retirada por aeronaves militares gregas, mas o navio foi deixado no mesmo local, tendendo a afundar-se definitivamente. O Governo Portugus, alertado por cientistas para o iminente perigo de contaminao nuclear das guas e costa portuguesas, decidiu proceder destruio (por bombardeamento) daquele navio, como forma de afastar o perigo de contaminao, o que foi executado ontem pela Fora Area Portuguesa. A comunidade cientfica estava de acordo ao entender que a destruio do navio era o nico meio capaz de evitar a contaminao radioactiva da costa portuguesa. O Governo da Grcia vem hoje invocar a responsabilidade internacional da Repblica Portuguesa, reclamando uma avultada indemnizao, porquanto: a) O bombardeamento de um navio militar grego constitui uma afronta soberania da Grcia, quase comparvel a uma agresso armada; b) A destruio de um navio estrangeiro naquele local configura uma violao das normas da Conveno de Montego Bay, nomeadamente dos seus arts. 87., 88. e 90.. Por seu turno, Portugal invoca no ser ilcita a sua conduta, uma vez que, apesar de terem sido violadas obrigaes de direito internacional, o bombardeamento daquele navio era a nica forma de evitar a contaminao da sua costa. Quid iuris?

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CASO PRTICO 20: No dia 7 de Outubro de 2008, o Ministro dos Negcios Estrangeiros Portugus declarou, numa conferncia de imprensa, reconhecer como Estado Independente o Kosovo, provncia autnoma da Srvia que declarou unilateralmente a sua independncia. Suponha que a Srvia vem invocar que, sendo a declarao de independncia ilcita em face do direito internacional, Portugal violou uma obrigao a que estava vinculado o dever de no reconhecimento de situaes ilcitas pelo que incorreu em responsabilidade internacional. Face a esta situao, Portugal defende-se, argumentando que: a) A declarao de independncia do Kosovo lcita em face do direito internacional; b) Mesmo que a conduta de Portugal seja considerada ilcita, no esto preenchidos os demais pressupostos da responsabilidade internacional de Portugal; c) A aco de Portugal no pode considerar-se ilcita, porquanto o reconhecimento um acto livre e discricionrio do Estado, inerente sua soberania. Quid iuris? CASO PRTICO 21: O Estado A faz fronteira com o Estado B e tem com ele, h anos, um conflito diplomtico a propsito da soberania sobre uma ilha. Ultimamente as relaes tm vindo a subir de tom, com os chefes de governo a trocarem acusaes pblicas e a decidirem o corte de relaes diplomticas. Desde a semana passada, o Estado B comeou a instalar equipamento militar junto fronteira, nomeadamente apontando msseis para o territrio do Estado A e aglomerando batalhes militares, indicando que se prepara para uma agresso armada ao Estado A. O Estado A pergunta: a) luz do direito internacional, pode desde j defender-se ou deve esperar por um ataque do Estado B para a reagir em legtima defesa? b) Uma vez materializado um ataque do Estado B, que trmites deve o Estado A cumprir para que a sua reaco seja lcita em face do direito internacional? Perante um ataque armado dirigido s bases areas, pode o Estado A bombardear todos os aeroportos (civis e militares) do Estado B? c) Na eventualidade de um ataque armado do Estado B ao Estado A, pode o Estado C, aliado do Estado A, exercer o direito de legtima defesa em vez deste? Quid iuris?

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CASO PRTICO 22: Suponha que a Assembleia Geral da ONU adoptou ontem uma recomendao sobre a crise da Osstia do Sul, aconselhando os Estados membros da ONU a no reconhecer a independncia daquela regio da Gergia. A Federao Russa vem questionar a competncia da Assembleia Geral para o fazer, uma vez que o assunto est a ser discutido no Conselho de Segurana e, nessa medida, jamais a ONU sugerir tal orientao. Pronuncie-se juridicamente sobre o caso, referindo-se competncia da Assembleia Geral da ONU sobre esta matria e garantia da Rssia sobre a impossibilidade de a ONU gerar uma recomendao deste tipo. CASO PRTICO 23: Portugal e a Austrlia, em 1972, concluram negociaes para estabelecer a linha divisria da plataforma continental entre a (ento) provncia ultramarina de Timor-Leste e a Austrlia. A Austrlia pretendia uma diviso que lhe atribua 85% daquela plataforma, o que Portugal no aceitou nunca, pelo a diviso da plataforma ento acordada no abrangeu uma zona especialmente rica em petrleo e gs o Timor Gap. Na sequncia da revoluo de 25 de Abril de 1974, Portugal iniciou os processos de descolonizao das suas provncias ultramarinas. Porm, antes de concludo o processo em Timor-Leste, a FRETILIN (Frente Timorense de Libertao Nacional) declarou unilateralmente a independncia a 28 de Novembro de 1975. Uma semana depois, em 7 de Dezembro de 1975, a Indonsia invadiu, pelo uso da fora, aquele territrio, passando a reivindicar soberania sobre o mesmo, apesar do repdio da Assembleia Geral da ONU. Em 11 de Dezembro de 1989, a Austrlia celebrou com a Indonsia um Tratado Treaty Between Australia and the Republic of Indonesia on the Zone of Cooperation in an Area Between the Indonesian Province of East Timor and Northern Australia que dividia a plataforma continental nos termos pretendidos pela Austrlia e estabelecia uma zona de explorao comum (da Austrlia e da Indonsia) do petrleo e gs a existentes. No mesmo Tratado, a Austrlia reconheceu a soberania da Indonsia sobre Timor-Leste (o que nenhum Estado ocidental tinha feito). Este Tratado entrou em vigor a 9 de Fevereiro de 1991. Em 22 de Fevereiro de 1991, Portugal, sem consultar a Austrlia nem a Indonsia, intentou uma aco no Tribunal Internacional de Justia, pretendendo uma declarao de ilicitude internacional daquele Tratado, gerando responsabilidade internacional para a Austrlia e para a Indonsia.

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Atendendo a que a Indonsia no subscreveu a clusula facultativa de jurisdio obrigatria, mas que Portugal e a Austrlia o fizeram, diga qual ter sido a deciso do TIJ, em 30 de Junho de 1995. CASO PRTICO 24: Suponha que a Coreia do Norte concentra largos contingentes armados junto fronteira com a Coreia do Sul e que dispe o seu armamento blico em posies tais que, segundo regras de tcnica militar, correspondem a uma iminente aco armada de invaso. Face a esta situao, a Coreia do Sul pede uma reunio urgente do Conselho de Segurana para aprovao de uma resoluo que permita, a ttulo de legtima defesa, o ataque imediato por parte das foras da Coreia do Sul e a manuteno, por esse Estado, de uma faixa territorial sua administrao (que hoje territrio da Coreia do Norte), a fim de garantir a sua segurana contra o que denomina agresso permanente por parte do seu vizinho. A Coreia do Sul invoca ainda a recusa, por parte da Coreia do Norte, de se submeter aos acordos de desnuclearizao, o que v como uma violao do direito internacional. Na discusso que se seguiu no Conselho de Segurana, a Coreia do Norte invoca a ilegalidade da dita legtima defesa e a completa ilegitimidade da aquisio territorial pretendida pela Coreia do Sul. Quid iuris? CASO PRTICO 25: O Estado A e o Estado B tm um litgio a propsito do traado das suas fronteiras, que os divide h anos. Nos ltimos dias as ameaas tm subido de tom, mas recentemente foi assumida pelos chefes de Governo de ambos os Estados a inteno de resolver o conflito definitivamente. Suponha que consultado pelos representantes dos Estados em causa sobre os mtodos lcitos que os Estados tm ao seu alcance para pr fim ao conflito. CASO PRTICO 26: O Estado A e o Estado B celebraram uma conveno internacional pela qual o Estado A cedeu ao Estado B uma parcela do seu territrio constituda por terrenos desocupados mas onde existia uma Catedral com interesse histrico para o Estado A. O Estado B, no entanto, e uma vez que no reconhece qualquer interesse arquitectnico ou

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histrico dita catedral, pretende utilizar aquele territrio para um campo de tiro das suas foras militares e para a construo de uma central de lanamento de projectos de explorao espacial. Para tal, prepara-se para proceder demolio da referida igreja. O Estado A alega agora que apenas aceitou a cesso do territrio porque a isso foi levado pelo Estado B, por lhe ter prometido uma importante ajuda econmica que nunca se concretizou, invocando desde j a nulidade do Tratado. O Estado B defende-se por um lado, afirmando que desconhece qualquer promessa de ajuda econmica e por outro, arguindo que enquanto a nulidade no for declarada, o Tratado vai produzindo os seus efeitos e, assim, vai execut-lo. Tendo sido esgotados os meios no jurisdicionais de resoluo do conflito, quais os meios que o Estado A tem ao seu dispor para impedir a demolio da catedral, sendo certo que ambos os Estados subscreveram a clusula facultativa de jurisdio obrigatria?

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