casos direito da união europeia

25
DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA (2014/15) — CASOS PRÁTICOS 1. A Comissão Europeia, tendo em vista aumentar a segurança dos transportes ferroviários, propôs ao Conselho a adopção de um Regulamento, no qual se previa a obrigatoriedade do cumprimento de determinados requisitos técnicos na construção de novos comboios, bem como a adaptação dos comboios em circulação, no prazo máximo de dois anos. O Parlamento Europeu e o Comité Económico e Social foram consultados, tendo o primeiro proposto que o prazo referido fosse alargado para quatro anos. O Conselho apresentou a sua posição ao Parlamento Europeu, na qual mantinha o prazo de dois anos para a adaptação dos comboios em circulação. O Parlamento Europeu, não obstante, votou uma emenda em que fixava o prazo em quatro anos. A Comissão mostrou-se em completo desacordo com essa alteração, acusando o Parlamento Europeu de «adiar a segurança dos passageiros europeus». O Conselho, não querendo antagonizar o Parlamento Europeu, e «uma vez que essa foi a única alteração proposta pelo PE», sujeitou a posição assim alterada a votação, tendo-se registado os seguintes resultados: todos os membros do Conselho votaram a favor, com a excepção de Malta, Luxemburgo e Chipre. a) Pronuncie-se sobre a regularidade do processo. b) Suponha que, depois da apresentação da proposta da Comissão, os Parlamentos Nacionais de dez dos Estados-Membros pretendem que a mesma seja reanalisada. O que é que podem fazer? 2. Suponha que o Conselho Europeu elegeu Juan X. — Primeiro Ministro espanhol — como seu Presidente. Todavia, atendendo ao compromisso que assumira perante o povo espanhol, Juan X. pretende exercer ambos os mandatos simultaneamente. Por seu turno, o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança contesta a validade da deliberação do Conselho Europeu,

Upload: dianamarado

Post on 25-Sep-2015

12 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

Casos Práticos de Direito da União Europeia

TRANSCRIPT

CASOS PRTICOS UNIO EUROPEIA

Direito da Unio Europeia (2014/15) Casos prticos 1. A Comisso Europeia, tendo em vista aumentar a segurana dos transportes ferrovirios, props ao Conselho a adopo de um Regulamento, no qual se previa a obrigatoriedade do cumprimento de determinados requisitos tcnicos na construo de novos comboios, bem como a adaptao dos comboios em circulao, no prazo mximo de dois anos. O Parlamento Europeu e o Comit Econmico e Social foram consultados, tendo o primeiro proposto que o prazo referido fosse alargado para quatro anos. O Conselho apresentou a sua posio ao Parlamento Europeu, na qual mantinha o prazo de dois anos para a adaptao dos comboios em circulao. O Parlamento Europeu, no obstante, votou uma emenda em que fixava o prazo em quatro anos. A Comisso mostrou-se em completo desacordo com essa alterao, acusando o Parlamento Europeu de adiar a segurana dos passageiros europeus. O Conselho, no querendo antagonizar o Parlamento Europeu, e uma vez que essa foi a nica alterao proposta pelo PE, sujeitou a posio assim alterada a votao, tendo-se registado os seguintes resultados: todos os membros do Conselho votaram a favor, com a excepo de Malta, Luxemburgo e Chipre.

a) Pronuncie-se sobre a regularidade do processo.

b) Suponha que, depois da apresentao da proposta da Comisso, os Parlamentos Nacionais de dez dos Estados-Membros pretendem que a mesma seja reanalisada. O que que podem fazer?

2. Suponha que o Conselho Europeu elegeu Juan X. Primeiro Ministro espanhol como seu Presidente. Todavia, atendendo ao compromisso que assumira perante o povo espanhol, Juan X. pretende exercer ambos os mandatos simultaneamente. Por seu turno, o Alto Representante da Unio para os Negcios Estrangeiros e a Poltica de Segurana contesta a validade da deliberao do Conselho Europeu, alegando que o seu voto negativo deveria ter sido contabilizado, facto que impediria a obteno da maioria qualificada exigida para a sua eleio. Quid Juris?

3. Imagine que o Conselho solicita Comisso que lhe dirija uma proposta de regulamento sobre segurana no trabalho. Suponha que a Comisso nada faz, ou que recusa apresentar a proposta, por considerar que no se revela oportuna, para o interesse da Unio, a adopo de um regulamento sobre aquela matria. O que poder fazer o Conselho?

4. Suponha que a Repblica Islmica do Azerbaijo, invocando a sua localizao a oeste dos Urais e a norte da sia Menor e, portanto, a sua insero na Europa geogrfica, apresenta ao Conselho um pedido de adeso Unio. O Conselho consultou a Comisso, o Parlamento Europeu e o Comit das Regies. O parecer da Comisso foi no sentido da aceitao do pedido do Azerbaijo. J o Parlamento Europeu foi da opinio contrria. O Comit das Regies no chegou a pronunciar-se. No Conselho, depois de um longo debate quanto ao pedido em causa, verificou-se a seguinte votao: todos os Estados votaram a favor, com excepo do Reino Unido e da Dinamarca, que votaram contra. Foram cumpridos todos os requisitos de que depende a aprovao do pedido pelo Conselho?

5. Suponha que um Estado-membro da Unio Europeia tem adoptado, de forma sistemtica, no seio do seu ordenamento jurdico, legislao que limita de forma inadmissvel a liberdade de expresso, pondo em causa, na opinio dos principais partidos da oposio nesse pas, o regular funcionamento da democracia. Alertada para a situao pelas mltiplas queixas de cidados comunitrios, a Comisso solicitou ao Conselho que tomasse as medidas adequadas. Este, depois de ouvir o Estado-membro em questo, e apesar da manifesta discordncia do Parlamento Europeu, resolveu suspender o direito de voto do representante do governo desse Estado-membro no seio do Conselho. Sabendo que a deciso em causa foi aprovada com o voto contra da Alemanha, Frana e Reino Unido, pronuncie-se sobre a regularidade do processo.

6. Imagine que o Ministro da Educao Francs, descontente com a actuao do Comissrio responsvel pela educao e cultura, que na ltima reunio da Comisso apresentou uma proposta de directiva relativa utilizao de smbolos religiosos nas escolas (contrariando as mais recentes orientaes do Governo Francs a este respeito), decide propor a demisso do referido Comissrio. Quid iuris?

7. Na dcada de oitenta, o Conselho constatou que as fuses de empresas de grandes dimenses, sediadas em diferentes Estados-membros, geradoras de efeitos pr e anti-concorrenciais no territrio comunitrio, no poderiam ser objecto de avaliao pelas autoridades comunitrias. De facto, o Tratado de Roma no dispe de uma norma que permita um controlo nico, a nvel comunitrio, das concentraes de empresas de grande dimenso, evitando a insegurana jurdica que poderia resultar de diferentes apreciaes pelas vrias autoridades nacionais em contacto com essa operao transnacional. Suponha que ainda no foi adoptada nenhuma medida, nesse contexto, para a salvaguarda da concorrncia europeia. Qual seria, do seu ponto de vista, o processo mais adequado para resolver o problema enunciado.

8. Imagine que no mbito da poltica de concorrncia a Comisso Europeia decide aplicar sanes a uma empresa portuguesa, por infraco das regras estabelecidas nos artigos 101 e 102 do TFUE. A empresa em causa no tenciona, todavia, cumprir a deciso, uma vez que esta no s no se encontra devidamente fundamentada, como no foi publicada no JOUE. Quid juris?

9. Na sua reunio de Dezembro de 1995, o Conselho deliberou encarregar a Comisso de negociar com Moambique e Sudo a concluso de um tratado internacional sobre a ajuda financeira a prestar pela Unio queles dois Estados. O representante da Irlanda est convencido de que o projecto de Tratado que est a ser negociado viola o Direito da Unio Europeia, uma vez que a Unio no dispe de competncia para o efeito. Quid juris?

10. Suponha que o Conselho solicitou Comisso uma proposta de regulamento com vista instituio de uma Procuradoria Europeia a partir da Eurojust, nos termos do artigo 86 do TFUE, a qual ter por misso combater as infraces lesivas dos interesses financeiros da Unio. A proposta foi apresentada, obteve a aprovao do Parlamento Europeu, mas no reuniu a unanimidade no seio do Conselho. Dez Estados consideraram que a proposta apresentada poderia pr em causa interesses fundamentais nacionais. Em contrapartida, os restantes Estados mostraram-se entusiasmados com o texto apresentado e pretendem concretizar o projecto legislativo. Quid juris?

11. A Federao Dinamarquesa dos Empregados de Comrcio e de Escritrio intentou uma aco num tribunal arbitral profissional dinamarqus contra a empresa Ganfoss, invocando a violao do TFUE que probe a discriminao entre trabalhadores do sexo masculino e do sexo feminino, no que respectiva remunerao diz respeito.

A Federao dos Empregados invocou a referida norma a favor de duas empregadas da empresa em causa, alegando que esta atribui aos seus trabalhadores suplementos salariais individuais calculados em funo da flexibilidade, facto que acabaria por desfavorecer sistematicamente os trabalhadores femininos

O tribunal arbitral profissional decidiu suspender a instncia e submeter ao Tribunal de Justia a seguinte questo: A norma comunitria acima referida ope-se a que sejam concedidos a trabalhadores de sexo diferente, que efectuam o mesmo trabalho, aumentos especficos em funo de critrios subjectivos como a maior flexibilidade de um colaborador?

A empresa dinamarquesa considera que o tribunal nacional no tem legitimidade para interpelar o Tribunal de Justia e pretende reagir. Quid juris?

Nota: Na resposta a esta questo deve ter em conta que a competncia do tribunal dinamarqus no est dependente do acordo das partes e que a composio do tribunal no confiada livre deciso das partes.

12. Kapla foi condenado pelo tribunal sueco de primeira instncia (Stmstads Tingsrtt) por tentativa de contrabando, pois procurara introduzir na Sucia 500 kg de arroz a partir de territrio noruegus. O Tribunal considerou que foi ultrapassada a quantidade de 20 kg autorizada por uma deciso da administrao aduaneira para a importao de arroz com a franquia de direitos aduaneiros, e que nos termos do Regulamento (CE) n. 918/83 a importao revestia carcter comercial. O interessado recorreu desta deciso para o tribunal superior (Hovrtt for Vstra Sverige), do qual no h possibilidade de recurso, e alegou que as normas do regulamento comunitrio sobre esta questo no eram claras, pelo que o tribunal sueco tinha a obrigao de submeter a questo ao Tribunal de Justia.

a) Perante a inactividade do tribunal sueco, Kapla resolveu interpelar directamente o Tribunal de Justia enviando-lhe um relatrio em que descrevia a situao de facto e solicitava certos esclarecimentos sobre o regulamento comunitrio. Quid juris?

b) O tribunal sueco recusou-se a suscitar a questo pois considerava-se capaz de julgar o processo, uma vez que a interpretao da norma comunitria no oferecia dificuldades. Aprecie o argumento aduzido prestando especial ateno jurisprudncia comunitria vigente neste domnio.

c) Suponha agora que o tribunal sueco considera o regulamento comunitrio invlido e pretende afastar imediatamente a sua aplicao. Poder faz-lo?

d) Imagine agora que, apesar do Tribunal de Justia j se ter pronunciado sobre a validade do regulamento comunitrio, o tribunal sueco entende que as decises prejudiciais s produzem efeitos nos processos a que se referem, pelo que interpela o Tribunal de Justia, solicitando a declarao de invalidade do mesmo. Pronuncie-se sobre o acerto desta deciso.

c) Princpios fundamentais de Direito da UE13. Suponha que o Estado alemo impediu de forma repetida a entrada de produtos portugueses (peas destinadas indstria automvel) no seu mercado. Depois de pressionada pelo Estado portugus, a Comisso Europeia pediu esclarecimentos ao Governo alemo, perguntando-lhe, nomeadamente, por que razo estava a violar o art. 34 do Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia. Este respondeu que a culpa no era sua, mas sim do Parlamento Federal Alemo, que teria aprovado normas proibindo a importao de determinados bens tidos como lesivos de sectores nacionais estratgicos. O Parlamento Federal fundamentou esta atitude com o facto de estar a cumprir uma lei alem, acrescentando ainda que qualquer norma comunitria contrria lei alem seria invlida. A empresa portuguesa AUTOPEAS, S.A., que foi afetada pelas medidas restritivas executadas pela administrao aduaneira alem, recorreu das mesmas para o tribunal alemo competente. Que argumentos poder invocar em sua defesa? Podero os argumentos do Parlamento Federal alemo ser contrariados?14. Suponha que a Comisso Europeia verifica, findo o prazo de transposio da Diretiva X de 2009, e na sequncia da queixa de Joo, que o Estado Portugus ainda no a transps para a ordem jurdica nacional. Tendo decidido questionar o Governo portugus quanto a tal facto, o mesmo respondeu que no tinha transposto a diretiva porque, uma vez que o Tribunal de Justia j reconheceu o efeito direto das normas da diretiva, a transposio tornou-se intil.a. Pronuncie-se sobre a pertinncia do argumento do Governo portugus.A Diretiva X de 2009 impunha o reconhecimento de determinados direitos aos trabalhadores do sector ferrovirio, dadas as particulares condies de trabalho nessa rea. Joo trabalhador da empresa pblica C.P., e pretende invocar os referidos direitos contra a sua entidade patronal.b. Poder Joo invocar os direitos resultantes da Diretiva X? Como?15. A sociedade RECREB celebrou um contrato relativo a um curso de ingls por correspondncia com Paola Dori. O contrato foi celebrado na estao central de Milo, ou seja, fora do estabelecimento comercial da RECREB. Dois dias mais tarde, Paola Dori informou a sociedade, por carta registada, que cancelava a encomenda, invocando para o efeito a faculdade consagrada na Diretiva 85/577, relativa proteo dos consumidores no caso de contratos celebrados fora dos estabelecimentos comerciais.De facto, a diretiva comunitria visa atribuir ao consumidor um direito de resoluo do contrato durante um perodo de pelo menos sete dias, a fim de lhe dar a possibilidade de avaliar as obrigaes decorrentes do contrato, uma vez que nos contratos celebrados fora dos estabelecimentos comerciais do comerciante a iniciativa das negociaes parte normalmente deste e o consumidor frequentemente apanhado desprevenido, no estando em condies de comparar a qualidade e o preo da proposta com outras ofertas. Dois meses mais tarde, a RECREB intentou uma ao num tribunal italiano, pedindo a condenao de Paola Dori no pagamento da soma acordada acrescida de juros e despesas. Esta deduziu oposio, afirmando novamente que tinha rescindido o contrato nos termos da diretiva.Diga qual deve ser o sentido da deciso do tribunal nacional, tendo em conta que data dos factos no tinha sido adotada em Itlia qualquer medida de execuo da Diretiva, embora o prazo j tivesse terminado.16. Suponha que, em resposta a uma epidemia da gripe das aves, o Conselho da Unio Europeia, na sequncia de uma proposta da Comisso, aprovou uma Diretiva dirigida a todos os Estados-membros, pela qual visa instituir regras comuns de carcter sanitrio nos avirios europeus. A Diretiva Aves estipulava que a respetiva transposio deveria ocorrer dentro de um prazo de seis meses.Passaram dois anos sem que as autoridades portuguesas tivessem adotado qualquer medida relativa Diretiva em causa. Joo, habitual consumidor de frango de churrasco, foi infetado pela gripe das aves. Apurou-se que o frango responsvel pela infeo provinha de um avirio da Lourinh (o Frango Franguito) que, embora cumprisse de forma exemplar toda a regulamentao nacional relativa a cuidados sanitrios e outros, no cumpria a regulamentao prevista nas Diretiva Aves, mais exigente.a. Joo passou quase um ms no hospital, tendo sofrido prejuzos de diversa ordem. Decide, consequentemente, intentar uma ao de responsabilidade num tribunal de primeira instncia. De quem poder exigir o ressarcimento dos prejuzos sofridos? Com que fundamento? Justifique a sua resposta.b. Suponha que a ao chega ao Supremo Tribunal de Justia. Haver alguma hiptese de um tribunal comunitrio ser chamado a pronunciar-se?c. A resposta pergunta anterior seria a mesma no caso de o tribunal comunitrio competente ter respondido mesma questo trs meses antes?17. Em Julho de 2009, Joo Marco, jogador de basquetebol profissional, chegou a acordo com o clube espanhol Barcelona no sentido de integrar o plantel de jogadores do mesmo clube na poca de 2009/2010. Uma vez que o seu contrato com o clube anterior, o Iliabum, acabava em Julho de 2009, Joo Marco considerou-se livre para ingressar na alta-roda do basquetebol europeu. Passados uns dias, o Barcelona comunicou-lhe que no podia cumprir o acordado, visto que o Iliabum se recusava a deixar sair o jogador se no fosse paga uma indemnizao avultada. De facto, as regras da Associao de Basquetebol Europeia (ABE), da qual fazem parte as federaes nacionais portuguesa e espanhola, estipulavam que, mesmo que o contrato entre um jogador e o seu clube anterior j tivesse terminado, seria sempre devida pelo clube ulterior uma indemnizao ao primeiro clube. Como o Barcelona se recusou a pagar a indemnizao, e como o Iliabum no se mostrou interessado em renovar o contrato, Joo Marco viu-se subitamente no desemprego.Em Agosto de 2009, Joo Marco intentou junto do tribunal da comarca de Aveiro uma ao de indemnizao contra o Iliabum, exigindo que este lhe pagasse os honorrios a que teria direito se a transferncia para o Barcelona se tivesse concretizado. O tribunal indeferiu o pedido, tendo a questo chegado ao Tribunal da Relao de Coimbra que colocou uma questo prejudicial a uma instncia comunitria, procurando saber se uma regulamentao do tipo da da ABE estaria ou no conforme ao Direito Comunitrio. Qual deve ser a deciso?18. Para garantir o sucesso da realizao do festival de msica Rock in Rio e do campeonato de futebol Euro 2004, o governo portugus decidiu repor as fronteiras, durante o ms de Junho daquele ano, e efetuar o controlo documental. O objetivo, de acordo com o Ministrio da Administrao Interna, era prevenir a imigrao ilegal e a entrada em territrio nacional de cidados ou grupos referenciados como habituais causadores de conflitos ou desordens pblicas.a. Jean, francs, celebrou um contrato de trabalho com uma empresa portuguesa. O incio de atividade estava previsto para o ms de Junho, facto que lhe permitiria assistir a vrios espetculos em Portugal com a sua esposa Nadine, de nacionalidade ucraniana. Ao entrarem na autoestrada portuguesa, depararam com uma equipa da Guarda Nacional Republicana (GNR), que os conduziu ao posto do Servio de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), pedindo-lhes a respetiva identificao.Suponha que o agente portugus recusou a entrada de Nadine por no possuir nacionalidade de um dos Estados-membros da Unio Europeia. Alm disso, o mesmo agente recusou a entrada a Jean, uma vez que este tinha cumprido, h 16 anos, uma pena de priso de um ms, por consumo de drogas leves. Aprecie os argumentos invocados pelo agente portugus.b. Tendo sofrido prejuzos avultados, Jean pretende intentar uma ao de responsabilidade num tribunal de primeira instncia. A sua pretenso ser procedente? Justifique a sua resposta.19. Antnio, de nacionalidade portuguesa, trabalha desde Dezembro de 2008, na Alemanha, como assistente de emergncia mdica. Esta assegurada por meio de ambulncias que se deslocam para prestar cuidados mdicos, ao paciente, no local. O servio alemo de emergncia mdica terrestre assegurado por uma entidade privada, a DRK, que mantm os postos de emergncia mdica abertos 24 horas por dia. Entre Maro e Dezembro de 2009, a DRK exigiu a Antnio que trabalhasse em mdia 50 horas semanais, invocando para o efeito a legislao alem relativa durao do trabalho, adotada em execuo da Diretiva 93/104, que permite ao empregador prolongar o tempo de trabalho normal em situaes de urgncia.a. Antnio intentou, contra a DKR, uma ao de condenao no pagamento das horas extraordinrias prestadas para alm das 48 horas semanais, invocando, para o efeito, a mesma diretiva comunitria, alegando que o limite das 48 horas, fixado na diretiva, no pode ser derrogado, tal como resulta da jurisprudncia do TJCE.b. O tribunal alemo, chamado a apreciar a questo, tem srias reservas sobre a conformidade da diretiva comunitria com certas disposies do tratado CE, e pretende afastar a sua aplicao.c. Em Dezembro de 2009, Antnio recebeu a visita do seu pai que pretendia, aos sessenta e cinco anos, aproveitar as benesses do turismo da terceira idade. Ao iniciar a viagem, verificou, todavia, que os vrios museus alemes ostentavam o seguinte aviso: As entradas nos museus so gratuitas para nacionais alemes menores de dezoito anos ou maiores de sessenta anos de idade.d. Na mesma data, Antnio recebeu a visita da namorada portuguesa, Berta, que, encantada com a organizao do Estado Alemo, pretende residir definitivamente nesse Estado. Aprecie as situaes descritas no plano do Direito da Unio Europeia.20. H. Nerkowska uma cidad polaca que nasceu na Polnia em 2 de Fevereiro de 1946. Aos trs anos de idade, perdeu os pais, que foram deportados para a Sibria. Em 1951, H. Nerkowska, o seu irmo e a sua tia foram deportados para a ex-URSS. Viveu a em condies difceis, at Janeiro de 1957. Regressou Polnia ao fim desses seis anos. Fez a os seus estudos e, posteriormente, aps a concluso dos mesmos, ocupou um emprego administrativo.Em 2000, H. Nerkowska apresentou ao Zakad Ubezpiecze Spoecznych Oddzia w Koszalinie (vamos chamar-lhe autoridade administrativa polaca competente) um pedido de penso de invalidez, a ttulo dos problemas de sade que teve durante a sua deportao.Em 2002, a autoridade administrativa polaca competente reconheceu o direito penso de H. Nerkowska, a ttulo da sua incapacidade parcial para o trabalho relacionada com a sua permanncia em espaos concentracionrios. A Senhora Nerkowska passou a beneficiar dessa penso at que em 2005 lhe foi retirada em virtude de ter mudado a sua residncia para Portugal logo aps a adeso da Polnia Unio Europeia em 2004. A suspenso da penso foi decidida devido ao facto de a beneficiria ter deixado de residir em territrio polaco. As autoridades polacas alegam que essa causa de suspenso da penso prevista na legislao polaca resulta, por um lado, da vontade de o legislador polaco circunscrever a obrigao de solidariedade para com as vtimas civis da guerra ou da represso apenas s pessoas que tenham uma conexo com o povo polaco. O requisito da residncia constitui, portanto, uma manifestao do grau de integrao destas com a sociedade polaca. Por outro lado, as autoridades polacas consideram que s um requisito de residncia como o que est em causa no processo principal suscetvel de garantir a possibilidade de verificar que a situao do beneficirio da prestao em causa no sofreu alteraes suscetveis de ter uma incidncia no seu direito prestao.Atendendo s disposies do Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia relativas cidadania da Unio diga, justificando, se a Senhora Nerkowska ter direito referida penso apesar de residir em Portugal.21. A empresa Toros de France proprietria de uma explorao de toiros bravos que se destinam a ser lidados em espetculos tauromquicos. Suponha que a legislao portuguesa impede que sejam lidados em Portugal toiros que no possuam um certificado de bravura conferido pelas autoridades sanitrias logo aps terem sido submetidos, no momento do nascimento do toiro, a um sistema de controlo genealgico que permite traar com rigor a vida e antecedentes de cada animal. A Toros de France viu ser proibida pelas autoridades portuguesas a importao de seis toiros seus destinados a serem toureados em praas Portuguesas, em virtude de no terem nenhum certificado de bravura emitido pelas autoridades sanitrias Francesas. O conselho de administrao da empresa referida pede-lhe que elabore um breve memorando, indicando como deve ser tratado este problema luz das disposies do Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia e como deve agir a empresa. -lhe pedido ainda que indique que possibilidades existem de obter a reparao dos prejuzos decorrentes da impossibilidade de exportar os seus toiros para Portugal.22. Suponha que o legislador portugus decide proibir a comercializao em Portugal de equipamentos ldicos, para adultos, de pontaria laser (semelhantes a pistolas automticas) bem como os recetores de raios instalados em coletes a serem usados pelos jogadores. O ato legislativo portugus onde se probe essa comercializao indica no seu prembulo como razes justificativas para essa proibio que esse tipo de equipamentos se destina a simular atos homicidas implicando uma banalizao da violncia que contrria aos valores fundamentais dominantes na opinio pblica em Portugal e ao princpio fundamental da dignidade da pessoa humana consagrado no Artigo 1. da Constituio da Repblica Portuguesa. Uma empresa portuguesa que importa do Reino Unido esse tipo de equipamentos viu-se sujeita a uma multa pelo facto de os ter comercializado em Portugal. Ser esta (hipottica) legislao portuguesa conforme ao Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia? Justifique.23. A empresa Do it yourself uma sociedade com sede no Luxemburgo onde se dedica explorao de lojas de bricolage, jardinagem e equipamentos de lazer. Esta empresa foi acusada perante um rgo jurisdicional nacional do Luxemburgo de abrir as suas lojas de venda a retalho ao Domingo, contrariando assim a legislao luxemburguesa que enumera as listas de produtos que podem ser vendidos ao Domingo e que, resumidamente, englobam artigos como bebidas, produtos alimentares, tabaco, jornais e revistas e outros produtos de consumo corrente. A sano que lhe poder ser cominada a de uma multa cujo mximo pode atingir 10.000 . A empresa alegou em sua defesa que a legislao do Luxemburgo viola os artigos 34. a 36. do Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia, provando que a proibio de abertura das lojas ao Domingo tinha como efeito reduzir o total das vendas da empresa e ainda que 60% das mercadorias postas venda por si provinham de outros Estados membros da Unio Europeia.O Tribunal em causa questionou, ao abrigo do artigo 267. TFUE, o Tribunal de Justia quanto a saber se, luz do atual estado da jurisprudncia do Tribunal de Justia sobre a liberdade de circulao de mercadorias, a legislao em causa constituiria uma medida de efeito equivalente incompatvel com o Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia e, em caso afirmativo, se seria abrangida por alguma das excees previstas pelo referido Tratado. Em que sentido dever responder o Tribunal de Justia jurisdio de reenvio?Casos Prticos de Exames e Frequncias de anos anteriores24. Suponha que o Parlamento Europeu pede Comisso Europeia que adote uma proposta de diretiva no sentido de aumentar o perodo de licena de maternidade de 14 para 20 semanas, tendo em vista a promoo da igualdade de oportunidades no mercado de trabalho entre homens e mulheres. Perante o pedido do Parlamento, a Comisso adota uma proposta de diretiva que prev o aumento da licena de maternidade para as 18 semanas.a. Indique, e explique sucintamente, o processo de deciso adequado para a adoo desta proposta legislativa.b. Suponha agora que a diretiva foi adotada no sentido da proposta da Comisso, e que o prazo de transposio da diretiva se esgotou sem que Portugal tivesse adaptado a sua legislao. Ana, trabalhadora numa empresa privada em Portugal, cujas 14 semanas de licena de maternidade esto prestes a acabar, dirige-se ao departamento de recursos humanos da entidade patronal, pedindo que lhe sejam reconhecidas mais quatro semanas de licena de maternidade, invocando para o efeito a dita diretiva comunitria. A empresa responde, no entanto, que apenas cumpre a lei portuguesa. Ana decide interpor recurso para o tribunal nacional competente. Qual dever ser a deciso do tribunal?25. Antnio, portugus, acaba de se licenciar em Engenharia Civil, aps ter realizado o curso respetivo, com a durao de trs anos, em Portugal. Antnio foi imediatamente contratado por uma empresa de construo civil portuguesa (Mata & Gil), para uma obra de construo de um viaduto, na Alemanha. Tendo chegado ao local, Antnio procurou inscrever-se na Ordem dos Engenheiros alem, uma vez que tal inscrio indispensvel, de acordo com a lei alemo, para poder desempenhar as funes de engenheiro nesse pas. No entanto, tal inscrio foi recusada, em virtude de Antnio no ter realizado um curso de engenharia de cinco anos, tal como prtica corrente na Alemanha. Tendo questionado as autoridades alems competentes quanto aos trmites que deveria seguir para poder efetuar a inscrio, foi-lhe respondido que teria de efetuar um curso alemo de engenharia civil. Antnio decidiu recorrer das decises das autoridades alems para um tribunal, invocando, como fundamento para o seu pedido de admisso Ordem dos Engenheiros, a Diretiva 2005/36/CE.a. A Diretiva referida no foi transposta para o ordenamento jurdico alemo. A pretenso de Antnio deve ser considerada procedente?b. Aprecie a aplicabilidade da Diretiva 2005/36/CE, supondo que, no procedimento da sua aprovao, no havia sido pedido o parecer do Comit Econmico e Social.c. Suponha que o tribunal alemo recorrido tem dvidas quanto interpretao de algumas normas de Diretiva referida. Poder resolv-las sozinho?26. Suponha que Pierre, de nacionalidade francesa administrador de uma Sociedade que se dedica compra e venda de antiguidades. Em Janeiro de 2007, Pierre decide abrir um estabelecimento em Portugal, na sequncia dos lucros que obteve ao participar numa feira de antiguidades em Lisboa. No entanto, ao requerer na Cmara Municipal o alvar para abertura do estabelecimento, foi surpreendido com um despacho de recusa do Presidente, com base num decreto-lei que exige que as sociedades que se dediquem ao comrcio de antiguidades tenham a sua sede em Portugal, por razes relacionadas com a defesa do consumidor e verificao da autenticidade das obras vendidas.a. Suponha que Pierre interps, num tribunal administrativo, um recurso de anulao do despacho do Presidente da Cmara, invocando a violao de certas disposies do Tratado CE, e exigindo uma indemnizao. Poder faz-lo?b. Imagine que, dois anos antes, um caso semelhante tinha sido julgado na Alemanha, e que o Tribunal de Justia, chamado a pronunciar-se sobre a questo, tinha decidido que a legislao nacional (semelhante ao decreto-lei portugus) e a comunitria no so incompatveis, mas conciliveis. Qual o sentido desta afirmao?c. Suponha agora que a ao chega, em recurso, ao Supremo Tribunal Administrativo, que tem dvidas sobre a interpretao das disposies comunitrias aplicveis ao litgio em causa. Quid iuris?27. Antnia, portuguesa, possui um atelier de arquitetura no Porto. Sabendo que a Cmara Municipal de Roma abriu um concurso pblico, tendo em vista a recuperao arquitetnica de uma zona antiga da cidade, Antnia decidiu apresentar o seu projeto. Passado algum tempo, Antnia viu recusada a sua proposta, uma vez que a Cmara Municipal de Roma tinha decidido dar preferncia a projetos apresentados por arquitetos italianos, invocando para o efeito a lei italiana de proteo e recuperao do patrimnio arquitetnico nacional. Segundo essa lei deveria ser dada preferncia a projetos de recuperao arquitetnicos apresentados por arquitetos de nacionalidade italiana por serem aqueles que melhor conhecem a matriz cultural italiana que se pretende manter em qualquer projeto de recuperao.Antnia considera que a lei italiana contrria, quer ao direito comunitrio originrio, quer Diretiva 2004/113/CE do Conselho, que consagra o princpio da igualdade de tratamento entre homens e mulheres no acesso a bens e servios e seu fornecimento.a. Sabendo que a Diretiva referida no foi transposta no prazo para o ordenamento jurdico italiano, e tendo em conta as disposies do Tratado CE que considere relevantes para a resoluo deste caso, diga se a pretenso de Antnia deve ser considerada procedente.b. Aprecie a validade da Diretiva 2004/113/CE, tendo em conta que este ato foi adotado no seio do Conselho com a absteno de dois Estados-membros, e contra o parecer do Parlamento Europeu.c. Suponha agora que o caso se encontra para apreciao num tribunal italiano, o qual pretende afastar imediatamente a aplicao da Diretiva 2004/113/CE. Poder faz-lo?28. Antnio, cidado espanhol, emigrou para Frana para exercer advocacia. Quando chegou a Paris, o Ministro do Interior francs ordenou a sua expulso do territrio francs, invocando o facto de Antnio ter pertencido ETA e de o Decreto n. 04/98, do Governo Francs proibir o exerccio de atividade profissional a estrangeiros comprometidos com grupos terroristas. Antnio confessou ter encerrado esse captulo da sua vida, e que, face aos artigos 43 e seguintes do Tratado CE, relativos livre circulao de trabalhadores independentes, o Governo francs no podia impedi-lo de exercer a sua atividade. Antnio recorreu ento para o Tribunal Administrativo de Paris e pediu a anulao do despacho do Ministro do Interior. O juiz francs recebeu o recurso, mas teve dvidas sobre o exato entendimento a dar os preceitos do direito comunitrio invocados por Antnio, questionando mesmo a validade desses preceitos. Por fim, considerou que a questo era em si mesma complexa e procurou transferir o processo para um Tribunal Comunitrio para ser este a julgar as questes suscitadas por Antnio. Quid iuris?29. O Conselho pede Comisso que lhe apresente uma proposta legislativa tendo em vista a diminuio dos prejuzos causados pelos atrasos nas viagens areas.a. Perante o pedido do Conselho, a Comisso permanece em silncio. Como poder o Conselho reagir?b. Suponha agora que a Comisso prope a adoo de um regulamento que estabelece regras comuns para a indemnizao e a assistncia aos passageiros dos transportes areos em caso de atraso considervel dos voos. Qual o procedimento a que deve obedecer a adoo de tal regulamento? Descreva-o sucintamente.c. Imagine agora que o regulamento veio a ser adotado, e que uma transportadora portuguesa, na pendncia da apreciao de um pedido de indemnizao apresentado por um particular junto de um tribunal nacional, levanta a questo da sua invalidade. O juiz nacional obrigado a reenviar?d. Suponha agora que da deciso do juiz do tribunal nacional, que est a apreciar o pedido de indemnizao, cabe recurso para uma instncia superior. Se o regulamento em causa tiver sido adotado, sem ter sido pedido o parecer ao Comit Econmico e Social, qual deve ser a deciso do tribunal nacional?e. Imagine agora que, nesta ltima situao, o tribunal nacional considera o ato comunitrio invlido e no procede ao reenvio. Se fosse advogado de um particular, prejudicado pela deciso do tribunal nacional, o que lhe aconselharia?30. Stavros Dimas, cidado grego residente em Bruxelas, decidiu passar as frias de Vero em Espanha, acompanhado da sua mulher e da sua sogra. a. Chegados ao aeroporto de Mlaga, foi impedida a entrada da sogra de Stavros, em virtude de ter nacionalidade albanesa. Aps muita insistncia de sua mulher, Stavros contestou as decises das autoridades espanholas. Que argumentos poderia Stavros invocar?b. Passados 15 dias, a mulher de Stavros decidiu no regressar a Bruxelas, tendo comprado uma loja onde passaria a exercer a profisso de cabeleireira, sendo que a sua me exerceria a profisso de manicure. Passados uns dias, recebeu uma visita de fiscais espanhis que encerraram o estabelecimento em virtude da no apresentao de certificados de cursos de cabeleireiro e manicure, obrigatrios para se poder exercer a profisso. De nada valeu argumentar que os mesmos no eram necessrios na Grcia e que as duas senhoras haviam exercido essa profisso durante 10 anos. Avalie o caso, luz da Diretiva 2005/36.c. Na sequncia de um recurso para os tribunais competentes da deciso das autoridades espanholas, a questo chegou ao tribunal supremo espanhol, que tem dvidas quanto interpretao de uma norma da Diretiva 2005/36. Apesar de o Tribunal de Justia das Comunidades Europeias j ter resolvido essa questo num outro caso, o tribunal espanhol decidiu reenviar-lhe novamente a questo. Pode?31. Kate B., cidad britnica e engenheira civil, residente em Londres, onde lidera um gabinete de engenharia, deslocou-se a Portugal para apresentar a sua candidatura a um concurso de conceo de uma nova ponte sobre o Douro.Kate B. chegou ao Porto e instalou-se no hotel Dourolindo com o seu amigo Rajiv, de nacionalidade paquistanesa. O facto de este ter espirrado quando procedia ao check-in gerou desconfiana nos funcionrios do hotel, que prontamente contactaram o Servio de Estrangeiros e Fronteiras. O SEF, tendo em conta a presente epidemia de gripe A, dirigiu uma ordem de expulso a Rajiv.No dia da apresentao da candidatura ao concurso, Kate B. viu a mesma recusada pelo facto de no estar inscrita na Ordem dos Engenheiros portuguesa.Com que argumentos podero Kate B. e Rajiv contestar as decises de que foram objeto?32. Suponha que a legislao portuguesa que estabelece portagens nas SCUT prev que as pessoas com residncia habitual em Portugal que tenham deficincia permanente, que limite gravemente a sua locomoo, gozam de uma iseno de pagamento de portagem relativamente a veculos motorizados registados em seu nome. Essa iseno automtica, bastando que a pessoa em causa circule na auto-estrada munida de documento identificativo de deficiente emitido por entidade pblica.Anton Gottwald um cidado alemo, residente em Vigo (Galiza), que padece de paraplegia total. Por esta razo, portador de um documento identificativo de pessoas deficientes emitido pelas autoridades alems. Suponha que o Sr. Gottwald se desloca frequentemente a Aveiro, por razes pessoais, no seu automvel utilizando as SCUTs portuguesas. Imagine que, em Setembro deste ano, o Sr. Gottwald sujeito a um controle policial na A29 a caminho de Aveiro verificando-se ento no ter pago qualquer portagem. ento sujeito ao pagamento de uma coima em virtude de no preencher os requisitos para a iseno do pagamento de portagem, por no ter a sua residncia habitual no nosso pas. a. O Sr. Gottwald no se conforma com a deciso das autoridades portuguesas e solicita-lhe aconselhamento jurdico. Quid Juris? (6 valores)b. O Sr. Gottwald recorre da coima para o Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro. Dado o baixo valor da causa, a sentena do TAF no est sujeita a recurso, entendendo o Sr. Gottwald que o tribunal deve reenviar a questo ao Tribunal de Justia da UE. Quid Juris?33. Suponha que o Doutor Morte, ativista espanhol que defendia o direito ao suicdio assistido, aps cumprir uma longa pena de priso em Espanha, deslocou-se a Portugal ao abrigo de um contrato de trabalho estabelecido com um lar privado de idosos no Porto.a. As autoridades portuguesas proibiram, todavia, a sua entrada no pas, alegando que, de acordo com a Diretiva n. 2004/38, a existncia daquela condenao penal anterior o impedia de exercer qualquer atividade no seu territrio. Quid iuris?b. Suponha que, em sua defesa, o Doutor Morte alegou que as autoridades portuguesas ainda no tinham transposto aquela diretiva, pelo que no podiam invoc-la contra si. Quid iuris?c. Tendo a questo chegado a tribunal, o juiz portugus decidiu que a Diretiva n. 2004/38 no era aplicvel, pois considerava que a diretiva em causa tinha sido adotada em violao das regras dos Tratados. Quid iuris?d. Face s dificuldades existentes em torno desta diretiva, a Comisso apresentou uma proposta de modificao que foi aprovada pelo Conselho da Unio Europeia, apesar de mais de metade dos parlamentos nacionais terem assinalado que algumas solues punham em causa o princpio da subsidiariedade. Quid iuris?34. Suponha que Joo Mouzinho, jogador portugus de futebol profissional, contratado por uma empresa de eventos para participar em trs jogos de homenagem a antigas glrias do futebol ingls, a realizar at ao fim do presente ano de 2011.a. Mais tarde, a empresa de eventos invoca o facto de Joo Mouzinho no ter um curso de trs meses de futebol profissional, que seria exigido para participar em jogos profissionais em Inglaterra. Joo Mouzinho invocou que a Diretiva n. 2005/36 lhe conferia o direito de participar nos referidos jogos, sem necessidade de obteno do curso. Quid iuris?b. Tendo o caso chegado a um tribunal ingls de primeira instncia, a empresa de eventos argumentou que a Diretiva n. 2005/36 no podia ser invocada, pois ainda no havia sido transposta para o ordenamento jurdico ingls. Quid iuris?c. O juiz considerou que no podia decidir essa questo, devendo obrigatoriamente reenvi-la ao Tribunal de Justia. Quid iuris?d. A Comisso considera que devem ser alteradas as regras do TFUE, de forma a atribuir Unio competncias no domnio do desporto profissional. Para o efeito, apresenta uma proposta ao Conselho Europeu, ao Conselho da Unio e ao Parlamento Europeu. O Conselho Europeu, apesar do parecer desfavorvel do Parlamento Europeu, aprova a proposta com os votos favorveis de todos os Estados-membros, exceto Alemanha, Reino Unido e Frana. Ter sido o TFUE regularmente alterado?35. A lei portuguesa relativo ao imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas, impunha que, quando uma empresa quisesse transferir a sua sede para fora de Portugal fosse imediatamente taxada por rendimentos no realizados. Assim, se uma empresa era titular de aces cotadas em bolsa, ia ser tributada por mais valias (a diferena entre o valor de compra e o valor de venda) fictcias. A lei equiparava, para efeitos de tributao, a transferncia de sede realizao efectiva dessas mais valias e cobrava de imediato imposto sobre esse valor, apesar de ele no ter sido realizado. O gerente da empresa NSi, lda., que quer transferir a sua sede para o Luxemburgo, pergunta-lhe se uma legislao destas ser admissvel perante o direito da Unio Europeia. Que resposta lhe dar?36. A Directiva 2000/13/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de Maro de 2000, contem regras relativas aproximao das legislaes dos Estados-Membros respeitantes rotulagem, apresentao e publicidade dos gneros alimentcios. A empresa Teekanne vende um produto que, apesar de se chamar ch de framboesa e baunilha no utiliza nos seus ingredientes nem baunilha nem framboesa. O sabor obtido atravs de aromas artificiais e a lista de ingredientes deixa isso claro. Uma associao de proteco de consumidores apresentou uma queixa pela violao das legislao nacional que transpe a directiva, afirmando que esta prtica era contrria ao direito nacional e europeu. A empresa Teekanne defende-se dizendo que cumprem todos os requisitos da legislao nacional. O Tribunal em causa, cuja deciso no admite recurso, tem dvidas sobre como deve interpretar a legislao. O que dever fazer? Quais as consequncias de o Tribunal no fazer aquilo a que est obrigado?37. Joaquim Miguel, portugus, estuda e reside na Esccia. Para gerir o seu dinheiro decide abrir uma conta num banco. Depara-se com vrias dificuldades: no aceitam o seu carto do cidados, exigindo-lhe passaporte, pedem-lhe prova de residncia na Esccia h mais de dois anos e ainda a indicao de um fiador (algum que se responsabilize pelas suas dvidas caso este no cumpra). Furioso, Joaquim abandona o banco. Mais tarde, no pub comenta com os amigos escoceses as condies que lhe exigiram e descobre que, para os nacionais escoceses, apenas se exige a indicao de um fiador. Quid Juris?38. P. Tsakouridis, cidado grego, nasceu na Alemanha, em 1978. Desde Outubro de 2001, P. Tsakouridis dispe de uma autorizao de residncia de durao ilimitada na Alemanha. De Maro de 2004 at meados de Outubro do mesmo ano, explorou uma creperia na ilha de Rodes, na Grcia. A seguir, regressou Alemanha, onde trabalhou a partir de Dezembro de 2004. Em meados de Outubro de 2005, P. Tsakouridis voltou ilha de Rodes e prosseguiu a a explorao da creperia. Em 22 de Novembro de 2005, o Amtsgericht Stuttgart emitiu um mandado de deteno internacional contra P. Tsakouridis. Em 19 de Novembro de 2006, foi detido em Rodes e, em 19 de Maro de 2007, foi transferido para a Alemanha. Os antecedentes criminais de P. Tsakouridis so os seguintes: o vrias penas pecunirias, por posse de objecto proibido, por ofensa grave integridade fsica e por ofensa integridade fsica com dolo em concurso com coaco. Por ltimo, em 28 de Agosto de 2007, o Landgericht Stuttgart condenou P. Tsakouridis numa pena de priso de seis anos e seis meses, por oito crimes de trfico ilcito de estupefacientes em quantidade significativa e em associao criminosa. Mediante deciso de 19 de Agosto de 2008, o Tribunal de Estudgarda, declarou a perda do seu direito de entrada e de residncia no territrio alemo e prepara-se para o expulsar do territrio alemo. Segundo o Tribunal, os crimes que cometeu em matria de trfico de estupefacientes so muito graves e h um risco concreto de reincidncia. P. Tsakouridis mostrouse indiferente aos problemas que resultam desse trfico para os toxicodependentes e para a sociedade em geral. A sociedade tem um interesse fundamental em combater de forma eficaz, com todos os meios disponveis, a criminalidade ligada ao trfico de estupefacientes, que especialmente nociva do ponto de vista social. Poder o Tribunal Alemo expuls-lo e impedi-lo de voltar a entrar na Alemanha?39. Preocupado com a possvel dissipao do patrimnio artstico portugus alm-fronteiras o Governo institui um imposto que cobra 50% do valor de mercado de uma obra de arte portuguesa com mais de cinquenta anos caso esta seja enviada para fora do Pas. Quid Juris?