case "projeto diálogos" que concorre ao prêmio ser humano
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Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão:
Projeto Diálogos
Autora: Maria do Socorro Pereira da Costa
2015
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Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão: Projeto Diálogos
Maria do Socorro Pereira da Costa 1
Resumo:
O Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão nasce do incentivo de empresas com atuação neste Estado para estimular a prática da reponsabilidade social corporativa para que as empresas se percebam como protagonistas no desenvolvimento sustentável de sua região, e suas experiências possam ser compartilhadas com representantes dos diferentes setores sociais. Aqui é relatada a experiência do Projeto Diálogos, que por meio da intersetorialidade busca avançar na agenda da sustentabilidade global aplicada a territórios específicos.
Palavras-chaves:
Sustentabilidade; terceiro-setor; intersetorialidade; ICE-MA.
1 Relações Públicas, pós graduanda em gestão de pessoas e gerenciamento de projetos, analista de
Projetos do Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão.
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INTRODUÇÃO
Serão abordados aspectos da sustentabilidade com ênfase a dimensão
social, por compreender que as mudanças culturais são as chaves para que os
três pilares da sustentabilidade se consolidem, porque são as pessoas as
responsáveis pelas transformações dos seus espaços e quem estão no
exercício dos diferentes papéis sociais.
A difusão dos conceitos da sustentabilidade permitiu avanços nos seus
três pilares: social, ambiental e econômico, todavia existe a necessidade de
avançar nos aspectos que cada pilar se constitui, bem como compreender as
relações para que se percebam as diferentes dimensões que se é convidado a
agir quando se decide por uma ação de reponsabilidade social ou que tente
estimula-la.
O Diálogos é um projeto desenvolvido pelo Instituto de Cidadania
Empresarial do Maranhão que permitiu a organização contribuir com seu
território além de aprender com suas diferentes edições. Com a finalização de
sua 5ª edição, segue em 2016, na 6ª edição. Ele como os diferentes projetos
desenvolvidos pela organização é fruto de outras experiências e da
necessidade e missão de contribuir como o desenvolvimento sustentável do
Estado.
O estudo deste caso é apresentado evidenciando a observação de cinco
aspectos: a organização executora do projeto; a metodologia de investigação;
conceitos ligados à iniciativa; a história do projeto; perfil das organizações que
se inscreveram na 5ª edição; e o desafio de contribuir para intesetorialidade.
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Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão (ICE-MA)
O Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão2 é uma organização
social sem fins lucrativos que foi constituída em 2001, quando ainda não
existiam muito estímulos para prática da reponsabilidade social corporativa no
Maranhão. Constituído por meio do investimento social privado de 16 empresas
com atuação no Maranhão os primeiros anos foram marcados pela realização
de projetos em nível comunitário que buscavam atender as demandas mais
urgentes diante dos desafios socioeconômicos da região.
Esta organização do terceiro setor já nasceu com o desafio de contribuir
para o quadro social do Estado que aprestavam indicadores sociais muito
baixos e sem perspectivas de mudanças. Era preciso mobilizar os diferentes
atores sociais para dar respostas às situações socioambientais que estavam
constantemente a desafiar os três setores: governo, empresas e sociedade
civil. Assim, estimular as lideranças do setor empresarial foi o caminho
encontrado para contribuir para que as empresas pudessem planejar suas
ações de reponsabilidade social, de forma estruturada e coletiva, para que
tivessem maior impacto social nas suas atuações.
O ICE-MA se constitui por meio do desejo genuíno do empresariado
maranhense de contribuir para mudanças sociais de longo prazo e com ações
continuadas e movidos pelo desejo de disseminar a responsabilidade social
empresarial, estimulando seus pares a repensar seus negócios a partir da
lógica da sustentabilidade. Há 14 anos por meio dos seus programa e projetos
a organização tem contribuído para as mudanças sociais no Estado. Em 2016
a experiência do ICE-MA junto ao setor empresarial completa 15 anos, tendo
como proposito contribuir com o desenvolvimento sustentável do estado do
Maranhão, constituindo relações intersetoriais que favoreçam a equidade social
e a participação cidadã, a organização já conseguiu como seus programas e
projetos estimular empresas e governos para a prática da responsabilidade
socioambiental, seja com a formação de organizações sociais, ou a produção
de indicadores sociais que permitam empresas, organizações sociais e poder
2 http://www.icema.org.br/
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público planejar suas ações a partir de uma olhar sistêmico para os problemas
socioambientais.
Ações articuladas, respeito às realidades locais são características que
são primadas nas ações desenvolvidas pelo ICE-MA.
Metodologia
A estratégia para investigação deste caso foi à pesquisa qualitativa por
meio da análise documental, com observação participante, relatos dos
diferentes anos de execução do projeto, documentos contemporâneos e
retrospectivos produzidos pelas equipes da organização. Foram utilizados
também estudos bibliográficos relacionados à sustentabilidade, gestão
socioambiental e terceiro setor. O objetivo foi ter um enfoque sistêmico sobre o
projeto de forma a compreender as nuances e os desafios da implementação
de uma ação com diferentes públicos interessados.
A Sustentabilidade Global e a Ação Local
O Brasil é signatário de diversos compromissos internacionais nos quais
se compromete com a sustentabilidade, além daqueles que especificam
públicos prioritários na execução das políticas públicas. Todavia, há a
necessidade de dialogar com os diferentes segmentos sociais para as
transformações almejadas, como a redução das desigualdades nos âmbitos
social, econômico, ambiental, político, cultural. Assim, as ações que contribuem
para o diálogo intersetorial com a participação dos diferentes atores permitem
que estes possam compreender os diferentes pontos de vistas de cada setor e
perceber a corresponsabilidade diante do desenvolvimento sustentável da
região.
A atuação local é o primeiro passo para os atores que desejam provocar
as mudanças sociais profundas, quando se observa que todo o conjunto social
é constituído por pessoas e que estas são as responsáveis, pelo consumo,
produção e implementação de ideias, observa-se a importância de estimular e
potencializar ações que estão sendo empreendidas no trabalho, escola,
comunidade, cidade, região etc. Consequentemente, esta espiral se amplia e
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conseguimos visualizar como a ação individual e coletiva são essenciais para o
alcance da sustentabilidade.
A responsabilidade social corporativa pode ser compreendida como o
ambiente da reflexão e da prática da sustentabilidade em espaços de exercício
do micro poder na sociedade, em que cidadãos poderão decidir sobre o
investimento socioambiental diretamente e se corresponsabilizarem pelo
conjunto que é a sociedade. Segundo Elkington (2011), “a transição da
sustentabilidade exigirá que mudemos a ênfase de crescimento econômico
(com foco na quantidade) para desenvolvimento sustentável (com foco nas
qualidades econômicas, ambientais e sociais)”. Uma transição como está
requer a participação de lideranças dos diferentes setores da sociedade, pois
de acordo com este autor isto “exige pensar décadas, gerações e até mesmo
séculos à frente, enquanto os líderes empresariais e políticos acreditam difícil
pensar três anos à frente”.
Como o desafio de provocar lideranças sociais e empresariais a
refletirem em longo prazo, foi criado, em 2006, fruto de uma parceria entre
duas organizações sociais, ICE-MA e FICAS3, um processo de aprendizagem
de lideranças para contribuir com os seus procedimentos de planejamento e
em que a sustentabilidade estivesse como eixo desde os planos iniciais de
cada negócio, sejam estes com fins lucrativos ou sociais. Inicialmente chamado
Liderar-se, passou a se chamar Diálogos após a terceira edição.
Desenvolver ações de longo prazo e que contribuíssem para o aumento
do impacto das organizações sociais é o que estimula a criação do projeto
Diálogos. A 5ª edição do projeto está sendo desenvolvida com o apoio da Vale.
Ele já contou com outros investidores como ALUMAR, Alcoa Foundation e
Instituto C&A.
3 http://www.ficas.org.br/
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A História do Projeto
A primeira denominação do projeto foi Liderar-se. A partir da 3ª edição, o
projeto passa a ser chamado Diálogos e são incluídos módulos relacionados à
democracia participativa como parte dos conteúdos das formações, bem como
o primeiro setor (governo) começa a ter atores que o representam. Mesmos em
momentos pontuais, a intersetorialidade entra como eixo. As mudanças
empreendidas no projeto evidenciam o avanço dos debates sobre a
sustentabilidade pela sociedade e a evolução do tema no ambiente das
empresas. Abaixo, segue a linha do tempo do projeto:
2005-2006 2008-2010 2010-2011 2011-2012 2013-2015
Nome: Liderar-se Liderar-se
Projeto Diálogos: unidos
pelo desenvolviment
o local
Projeto Diálogos: unidos
pelo desenvolviment
o local
Projeto Diálogos – Itaqui
Bacanga/São Luís
Apoio: Parceria ICE-MA e FICAS
Fundação Kellog
(concurso de editais)
Instituto C&A (concurso de
editais)
Instituto Alcoa e ALUMAR
(Associada ao ICE-MA)
Empresa VALE (associada ao
ICE-MA)
Na 1ª edição, em 2006, com a denominação de Projeto Liderar-se, ele
nasce com o propósito de fortalecer os atores estratégicos para o
desenvolvimento do território de São Luís e consolidar a gestão de
organizações sociais e, de outro, capacitar empresas e empresários para a
implantação de programas de responsabilidade social empresarial. Na ocasião
passaram por processos de aprendizagens 31 organizações não
governamentais, 46 líderes sociais e 32 líderes empresariais. Da atuação com
estas lideranças foram desenvolvidas ações como o Fórum de Reciclagem de
Resíduos, o Seminário de Educadores Sociais, bem como a criação de outros
empreendimentos sociais com a Associação de Jovens Empresários do
Coroadinho (AJEC), hoje denominada Instituto de Desenvolvimento Social
Integral do Coroadinho (IDESI), dentre outros.
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01 Imagem - Módulo com Empresas
Os processos educativos não são exclusivos dos espaços formais, as
mudanças requerem que outros ambientes se convertam em espaços para
transformações culturais de longo prazo e profundas. Assim, por ser um
processo mais qualitativo que quantitativo, seguem os depoimentos de
participantes da 1ª edição:
“A iniciativa do Curso“LIDERAR-SE” é muito oportuna e significativa para São Luis e para o Maranhão, pois responde a uma demanda real. Muitas vezes as ONGS não são reconhecidas, mas cobradas no seu desempenho e seus resultados. Pouco se investe em capacitação e desenvolvimento institucional. O “LideraR-SE” responde a necessidade de capacitar as ONGS para rever suas práticas, melhorar o desempenho, responder as demandas e instrumentalizá-las para o desenvolvimento institucional.” (Elizabeth Ramos – Fundação Terre des Hommes)
"Tenho vários pontos a destacar sobre o Liderar-se: primeiro a atualidade da formação, que atende a uma necessidade que o próprio mercado impõe à sobrevivência das ONGs, possibilita a troca de experiências pela diversidade das turmas além de incentivar o trabalho articulado e as parcerias intersetoriais. A prática, agora, está muito associada aos conteúdos vistos. Acho que o principal mérito desta iniciativa é responder a uma demanda real, tratar de desafios comuns aos atores do terceiro setor, e por isso ser exercitada cotidianamente". (Ivana Braga – Rede Amiga da Criança)
Nas demais edições, 2ª, 3ª e 4ª a metodologia, por ser participativa, se
mantém. A mudança é quanto à rotatividade das organizações participantes e
empresas, bem como do território em que suas ações são realizadas, ao longo
dos anos. Já foi desenvolvido no Coroadinho, Distrito Industrial de São Luís,
São Francisco e adjacências, e Área Itaqui-Bacanga. O projeto já contribuiu
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com a formação de cerca de mais de 120 organizações sociais e 100
empresas, o que indiretamente corresponde há um impacto em mais de dez mil
pessoas, considerando a capacidade de mobilização das organizações sociais
e empresas.
Na 5ª edição, com a parceria da Empresa Vale, o projeto está sendo
desenvolvido na área Itaqui-Bacanga. Em 2013, após início dos módulos do
Diálogos com a carência de informações sobre a área, foi realizado, após
conversas entre organizações sociais participantes e as empresas, o primeiro
estudo territorial com o diagnóstico e levantamento dos indicadores da área
Itaqui-Bacanga, financiado pela Empresa de Administração Portuária do
Maranhão (EMAP-MA).
02 Imagem - Módulo com Organizações Sociais
03 Imagem - Rodadas de Empresas e Organizações Sociais
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04 Imagem - Sr. Josuel da Associação Comunitária Itaqui-Bacanga participante do Diálogos no Seminário de Apresentação dos Indicadores Sociais da Área Itaqui-Bacanga
Com metodologias que envolvem a participação e construção coletiva,
empresas e organizações sociais compartilham saberes em diferentes
momentos acerca dos desafios comuns de uma agenda intersetorial. Ao longo
dos anos, na realização do Diálogos, tem-se observado que as empresas já
veem a sustentabilidade como diferencial e estratégia em seus negócios, o que
tem mudado a perspectiva mais formativa das empresas para permitir a estas
espaços de compartilhamento de suas experiências, no que ser refere ao
investimento social privado e a sustentabilidade.
O aumento da profissionalização nos setor privado e governamental
também tem exigido das organizações sociais seguir por este caminho, o que
tem feito projetos como este serem mais demandados por organizações
sociais, embora ainda tenhamos empresas que ainda não se percebam como
importantes atores nas mudanças em curso. Todavia, segundo Elkington
(2011), “a influência mais poderosa enfrentada por líderes políticos e
empresariais” são as transformações dos valores sociais e humanos advindos
da maior compreensão da sociedade sobre sustentabilidade e justiça social.
No último módulo da formação do Diálogos, os participantes relatam as
conquistas após conhecer mais dos processos internos de administração de
organizações do terceiro setor e dos valores da dimensão social da
sustentabilidade: Sr. Manuel da União de Moradores da Vila Bacanga,
agradeceu o aprendizado e a troca, e contou que aos poucos esta organizando
a documentação da instituição, neste momento conseguiu a certidão negativa
de débito, documento que dará a oportunidade de ampliar a rede de parceria
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com organizações governamentais. D. Eleuza relatou que para ela foi uma
experiência nova e que o trabalho em grupo foi muito positivo. O Sr. Cipriano
disse que estar frente a frente com os parceiros e receber sugestões de como
melhorar o projeto é algo novo e positivo para ele. Já o Sr. Josué trouxe a
percepção de que cada parceiro tem uma “exigência” diferente, é isso que faz
melhorar, não existe parceiro ideal, existe o momento ideal, reforçando que o
exercício tem que ser contínuo.
Perfil das Organizações da Área Itaqui-Bacanga na 5ª Edição
O projeto foi desenvolvido após os resultados de uma pesquisa com 40
organizações sociais da área Itaqui-Bacanga e da realização de visitas técnicas
que permitiram identificar como as organizações sociais desenvolviam seus
projetos, mesmo que pontuais e quais públicos beneficiavam.
O projeto Diálogos, nesta 5ª edição, teve inicio na área Itaqui-Bacanga
em 2013. Quarenta organizações de 13 regiões diferentes participaram do
processo de inscrição. A região que teve o maior número de inscrições foi o
Anjo da Guarda e Vila Embratel. Podemos inferir com este dado que, por terem
maior nível de organização comunitária, estas regiões apresentaram os
maiores números de inscrições. Abaixo, o gráfico (01) com o percentual e
tabela (01) com os números de organizações inscritas de cada uma das
regiões.
GRÁFICO 01: INSCRIÇÃO POR REGIÃO / ÁREA ITAQUI-BACANGA
35%
17%
7%
7%
7%
5%
5% 2% 3% 3% 3% 3% 3%
Organizações Sociais por Região
Anjo da Guarda Vila Embratel Sá Viana São Raimundo
Vila Nova Vila Bacanga Vila Maranhão Vila Ariri
Cajueiro Gapara Jambeiro Mauro Fecury II
Residencial
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TABELA O1: NÚMERO DE INSCRIÇÕES POR REGIÃO
Nº BAIRRO Nº ONG
01 Anjo da Guarda 14
02 Vila Embratel 07
03 Sá Viana 03
04 São Raimundo 03
05 Vila Nova 03
06 Vila Bacanga 02
07 Vila Maranhão 02
08 Vila Ariri 01
09 Cajueiro 01
10 Gapara 01
11 Jambeiro 01
12 Mauro Fecury II 01
13 Residencial 01
Total 40
Ao classificar os temas de atuação das organizações sociais inscritas,
obtivemos cinco temas: educação; comunicação, cultura, esporte e saúde. Das
40 inscritas, 26 desenvolvem ações na área de educação e14 em processos de
educação formal para suprir a carência de creches e escolas de ensino
fundamental (estas organizações mantêm pré-escolas ou escolas
comunitárias). Os temas esportes e cultura obtiveram duas inscrições,
comunicação e saúde uma inscrição. Oito organizações não informaram seu
tema de atuação. No gráfico (02), o percentual por temas de atuação e tabela
(01) com os números de organizações inscritas em cada um deles.
65%
5%
5%
2%
2% 20%
Temas de Atuação das Organizações Sociais
Educação Esporte Cultura Comunicação Saúde Não informado
13
Em 2012 juntas estas organizações sociais beneficiaram 7.571 (sete mil
quinhentos e setenta e um pessoas), sendo que 27% delas atendem de 101 a
200 pessoas com suas atividades, ações que são desenvolvidas com
diferentes faixas etárias.
INTERVALO Nº ONG
20 <100 08
101<200 11
201<300 06
401<500 02
501<600 01
601<700 01
701<800 01
901<1000 01
Não informado 09
Total 40
20%
27%
15%
5%
2%
2%
3%
3% 23%
Pessoas beneficiadas pelas Organizações Sociais
20 <100 101<200 201<300
401<500 501<600 601<700
701<800 901<1000 Não informado
TEMAS Nº ONG
01 Educação 26
02 Esporte 02
03 Cultura 02
04 Comunicação 01
05 Saúde 01
06 Não informado 08
Total 40
14
Das organizações da área que demonstram interesse na formação a
mais nova tinha quatro meses de fundação e com ações voltadas para
sustentabilidade em um trabalho com mulheres (Mulheres Unidas Pela
Sustentabilidade em Ação / MUSA). A maior parte das organizações tem mais
de vinte anos de atuação na área, conforme o levantamento das fichas de
inscrições realizado em 2013. Abaixo o gráfico demonstra a idade das
organizações inscritas no projeto Diálogos:
Mediação da Desigualdade Desafios à Sustentabilidade
O projeto Diálogos nasceu com o objetivo de fortalecer lideranças para a
sustentabilidade, usando como estratégia a promoção do diálogo intersetorial
para aperfeiçoamento das práticas em processos de gestão para o terceiro
setor e empresas com o estímulo à cultura da sustentabilidade, permitindo que
estes atores interajam com o poder público para contribuir em processos de
construção de politicas públicas que tenham a sustentabilidade como
referência. Junto a tudo isso, há também o valor da cooperação com ações de
fortalecimento da democracia participativa.
A intersetoralidade é o encontro dos desiguais em poder, que é
dinâmico, e está entrelaçado pela polifonia das falas, pelos conflitos e
interesses. A carência de espaços menos tensionados entre os setores
governo, empresas e sociedade civil, torna esses mesmos espaços
necessários, dado à interdependência entre eles. Assim, o projeto Diálogos
surge como um espaço de promoção do diálogo intersetorial que permite a
Mês 1<10 anos 10<20 anos 20<30 anos 30<40 anos 40<50 anosNão
informaram
Série1 1 5 4 13 5 3 9
02468
101214
Idade das Organizações Sociais
15
cada setor compreender as responsabilidades e papéis de cada um dos atores
no desenvolvimento sustentável.
Para conseguir os resultados esperados, o projeto Diálogos realizou só
na sua 5ª edição, um processo de aprendizagem e mobilização social com 30
organizações sociais com duração de cinco módulos nos anos de 2013 e 2014.
Depois nos anos de 2014 e 2015, ações de promoção da responsabilidade
social com quatros encontros de sustentabilidade com a participação dos três
setores, com apresentação de casos e conceitos sobre o tema.
No primeiro ano, além do início da formação, aconteceu o processo de
inscrição das organizações sociais e levantamentos das empresas da área,
planejamento dos módulos, elaboração do material didático, facilitação e
execução dos primeiros módulos e a realização de dois seminários, atividades
que tiveram por objetivo a qualificação da atuação das organizações sociais.
No segundo e terceiro ano, houveram encontros formativos para o
envolvimento engajamento dos atores do poder público e o ciclo de formação
das empresas com disseminação dos conceitos da RSE.
Segundo Almeida (2002), “não existem bons negócios em sociedades
falidas. Por enquanto, só a elite dos empresários sabe disso”. Assim,
democratizar as informações de estratégias que estão sendo aplicadas para
conter os desafios globais é condição para o aumento de lideranças neste
campo, estas que estejam preparadas para o diálogo como os diferentes atores
muitos identificado como públicos estratégicos para implementação dos seus
negócios.
Almeida (2002), explica que a melhor tradução para ideia de
sustentabilidade é a sobrevivência, “seja a do planeta, a da espécie humana, a
das sociedades humanas ou a dos empreendimentos econômicos”.
Há no projeto ideias que se coaduna com os conceitos proposto pelo
World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)4 de inovar a
partir da experiência dos três setores para que estes promovam “a inovação e
prosperidade que os mercados propiciam, a segurança e as condições básicas
que os governos dão e os padrões éticos que a sociedade civil reclama”.
4 Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (tradução)
http://www.wbcsd.org/home.aspx
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Os resultados desta iniciativa é, sobretudo, a formação de uma cultura
da colaboração, de escuta do diferente, de visão holística e sistêmica. Nos
processos educativos por mais que se almejem ainda é difícil medir seus
efeitos, todavia pela atuação das organizações sociais e empresas que
passaram por estes processos podemos inferir que o impacto de sua atuação
aumentou, porque os conhecimentos acessados permitiram estes avanços.
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REFERÊNCIAS:
ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. 191p. ELKINGTON, John. Sustentabilidade: Canibais com Garfo e Faca. Editora M.Books, 2011. LIMA & CARVALHO. Lições do Oleiro: Dez anos do Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão. São Luís: Gráfica Halley, 2011.