carvão mineral
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ANA CLÁUDIA FRANCA GOMES ANDRE LUIZ ALVARENGA SANTOS
CARVAO MINERAL
Belo Horizonte 2011
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ANA CLÁUDIA FRANCA GOMES ANDRE LUIZ ALVARENGA SANTOS
CARVAO MINERAL
Trabalho de Pesquisa apresentado ao Professor da Disciplina Geologia Geral e Estrutural do 5° período do curso de Engenharia de Minas. Prof. Orientador: Marcos Campello
Belo Horizonte 2011
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ANA CLÁUDIA FRANCA GOMES
ANDRE LUIZ ALVARENGA SANTOS
CARVAO MINERAL Trabalho de Pesquisa apresentado ao Professor da Disciplina Geologia Geral e Estrutural 5° período do curso de Engenharia de Minas. ___________________________________________________________________________
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Belo Horizonte, 18 de Maio de 2011.
Marcos Campello
Professor Orientador / Geologia Geral e Estrutural
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SUMÁRIO
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1 INTRODUÇÃO
2 JUSTIFICATIVA
3 METODOLOGIA
4 DESENVOLVIMENTO
4.1 CARVAO MINERAL
4.1.1 Ambientes geotécnicos
4.1.2 Características do depósito mineral
4.1.2.1 Barreira costeira
4.1.2.2 Planicie baixa do delta
4.1.2.3 Planicies aluvionares e planícies
altas do delta
4.1.3 Tipologia
4.1.4 Usos e aplicações
4.2 CARVÃO MINERAL NO BRASIL
4.2.1 Histórico
4.2.2 Gênese dos depósitos de carvão brasileiro
4.2.3 Reservas
4.2.4 Produção e consumo
4.3 CARVÃO MINERAL NO MUNDO
5 SSUGESTÃO
6 CONCLUSAO
7 REFERENCIAS
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1- INTRODUÇÃO
Os combustíveis fósseis são todas as substâncias minerais compostas de
hidrocarbonetos usadas como combustível. São quatro os principais: petróleo,
carvão mineral, gás natural e xisto betuminoso. Neste trabalho, abordaremos o
carvão mineral.
Assim como os demais, o carvão mineral é resultado de um processo muito lento de
decomposição de plantas e animais a milhões de anos, daí o nome combustível
fóssil. Podem ser encontrados no subsolo, em vários lugares do globo.
O carvão mineral foi uma das primeiras fontes de energia utilizadas em larga escala
pelo homem. Sua aplicação na geração de vapor para movimentar as máquinas foi
um dos pilares da Primeira Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século
XVIII. Já no fim do século XIX, o vapor foi aproveitado na produção de energia
elétrica. Ao longo do tempo, contudo, o carvão perdeu espaço na matriz energética
mundial para o petróleo e o gás natural, com o desenvolvimento dos motores a
explosão. O interesse reacendeu-se na década de 70, em conseqüência, sobretudo,
da crise do petróleo, e se mantém em alta até hoje.
De todos os combustíveis fósseis o carvão é sem dúvida o com maior reserva no
mundo. Foi estimado atualmente que há mais de um trilhão de toneladas de carvão
em reservas economicamente acessíveis usando a atual tecnologia de exploração
de minas. Além de as reservas de carvão serem grandes, elas são geograficamente
divididas, sendo espalhadas por centenas de países em todos os continentes. Essa
grande quantidade de minas garantem um reserva para um grande período de
exploração. Se o nível de exploração mundial continuar como atualmente as
reservas são suficientes para durar aproximadamente 250 anos.
Além do mais, avanços tecnológicos continuam a ser feitos de modo a melhorar a
eficiência do carvão, fazendo com que mais energia seja retirada e utilizada de uma
tonelada de carvão. As reservas atuais de carvão são mais do que cinco vezes
maior do que as reservas de petróleo (de duração de aproximadamente 45 anos) e
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mais do que três vezes maiores das que de gás natural ( de duração de
aproximadamente 70 anos).
Além da oferta farta, o comportamento dos preços é outra vantagem competitiva. Ao
contrario do carvão, as cotações do petróleo e derivados têm se caracterizado pela
tendência de alta nos preços.
A principal restrição à utilização do carvão é o forte impacto socioambiental
provocado em todas as etapas do processo de produção e também no consumo. A
extração, por exemplo, provoca a degradação das áreas de mineração. A
combustão é responsável por emissões de gás carbônico (CO2). Investimentos em
tecnologia estão sendo desenvolvidos para atenuar este quadro.
Ainda assim, de acordo com dados da International Energy Agency (IEA), o carvão é
a fonte mais utilizada para geração de energia elétrica no mundo, respondendo por
41% da produção total. Sua participação na produção global de energia primária,
que considera outros usos além da produção de energia elétrica, é de 26%. A IEA
também projeta que o minério manterá posição semelhante nos próximos 30 anos.
2- JUSTIFICATIVA
Embora o carvão seja um dos combustíveis mais poluidores e que tenha perdido
participação na matriz energética mundial, é essencial que se conheça o processo
de formação dos depósitos de carvão. O entendimento da gênese dos depósitos
envolve conhecimentos essenciais a formação do engenheiro, como por exemplo, o
reconhecimento desses depósitos como depósitos sedimentares bem como a
existência de processos de evolução dos depósitos o que os caracterizará o mesmo
quanto a riqueza de carbono.
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Além disso, é preciso determinar durante a exploração do depósito os métodos de
extração do minério a fim de se obter um bom rendimento tanto para o carvão
mineral metalúrgico quanto energético. Para nós, futuros engenheiros de minas, o
conhecimento desses depósitos, de sua gênese e dos usos e aplicações do carvão
mineral é de suma importância, pois poderão ser a fonte de nossos trabalhos.
3- METODOLOGIA
Para a pesquisa sobre carvão mineral efetuada tivemos acesso a diversars
referencias bibliográficas, tais como a internet por meio de blogs, sites relacionados
ao assunto, e meios físicos como livros didáticos.
Após essa etapa de pesquisa, tivemos a orientação do professor de Geologia geral
e estrutural, Marcos Campello sobre quais os principais tópicos que serão, a seguir,
devidamente abordados.
Em seguida, aprofundamos a pesquisa inicial nos tópicos de interesse segundo a
orientação do professor Campello.
Por fim, concentramos todo o conhecimento adquirido sobre carvão mineral,
concatenando-o neste trabalho.
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4- DESENVOLVIMENTO
4.1- CARVÃO MINERAL
O carvão é uma rocha sedimentar, combustível, formada a partir de vegetais que se
encontravam em diferentes estágios de conservação, e tendo sofrido soterramento
com compactação em bacias pouco profundas.
A camada de sedimentos, sob pressão, desce (é o fenômeno de subsidência) e
nova camada se forma no topo, sob pequena espessura de água. Esse fenômeno
pode se repetir grande número de vezes, durante o tempo.
A formação dessas bacias é regulada pela velocidade de subsidência, e pela
velocidade crítica de formação de desenvolvimento da vegetação. Sendo assim, a
formação das bacias é o problema de equilíbrio entre a rapidez do crescimento
vegetal e a velocidade de soterramento.
Carvão é o nome genérico que pode ser utilizado para designar as quatro etapas
típicas na gênese deste combustível: TURFA, LINHITO, HULHA E ANTRACITO, que
constituem a série evolutiva do carvão, sendo a turfa o menos carbonificado e o
antracito o mais carbonificado. Todos resultam da transformação da matéria vegetal
submetida a pressão e temperatura elevadas, por mais de 600 milhões de anos.
Numerosas são as propriedades que permitem medir a evolução dos carvões.
Algumas são gerais (teor de carbono e refletância), outras são interessantes nos
estágios precoces da evolução (umidade, poder calorífico, fluorescência), e outras
enfim caracterizam melhor os estágios terminais (teor em hidrogênio, índice de
grafitação dos raios X e bi-refletância). Com o aumento de carbonificação, o
hidrogênio diminui, as matérias voláteis também e o carbono e o poder refletor
aumenta.
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O carvão mineral, em qualquer de suas fases, compõe-se de uma parte orgânica,
formada de macromoléculas de carbono e hidrogênio e pequenas proporções de
oxigênio, enxofre e nitrogênio.
Essa é a parte útil, por ser fortemente combustível. A outra parte mineral, contém os
silicatos que constituem a cinza. As proporções desses elementos variam de acordo
com o grau de evolução do processo de encarbonização: quanto mais avançado,
mais alto o teor de carbono na parte orgânica e menor o teor de oxigênio.
Em virtude da concentração desses elementos, o carvão mineral apresenta diversas
denominações. Seu emprego para fins industriais obedece a uma classificação que
toma como base a produção de matéria volátil e a natureza do resíduo. Assim, há
carvões que se destinam à produção de gás, de vapor ou de coque.
O combustível fóssil é utilizado, especialmente, no aquecimento de fornos de
siderúrgicas, indústria química (produção de corantes), na fabricação de explosivos,
inseticidas, plásticos, medicamentos, fertilizantes e na produção de energia elétrica
nas termoelétricas.
Figura 1- Ilustração carvão mineral.
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4.1.1- Ambientes Geotécnicos
O carvão mineral é um combustível fóssil natural extraído da terra através do
processo de mineração. É encontrado em grandes profundidades ou perto da
superfície e possui aparência preta ou marrom, lisa, macia e quebradiça.
A história do carvão se inicia há cerca de 210 milhões de anos, na época em que a
crosta da Terra ainda estava convulsionada por terremotos, vulcões, furacões,
vendavais e maremotos. Estes fenômenos provocaram lentos ou violentos
cisalhamentos e fizeram as montanhas e os limites costeiros separarem-se da África
pelo Oceano Atlântico. Naquelas épocas geológicas, árvores gigantes e toda
vegetação crescia, formando grandes e espessas florestas.A atmosfera muito rica
em CO2 permitia o crescimento dos vegetais em um clima particularmente quente e
úmido.
O carvão é então proveniente de depósitos de restos de plantas e árvores, ou seja,
uma vegetação pré-histórica que se acumulou em pântanos sob uma lâmina d’água
há milhões de anos. Por ação de pressão e temperatura em ambiente sem contato
com o ar, em decorrência de soterramento e atividade orogênica, os restos vegetais
ao longo do tempo geológico solidificam-se, perdem oxigênio e hidrogênio e
enriquecem em carbono, em um processo denominado carbonificação.
Quanto mais intensa a pressão e a temperatura a que a camada de matéria vegetal
for submetida, e quanto mais tempo durar o processo, mais alto será o grau de
carbonificação.
Há ainda outra teoria de formação do carvão mineral. As emanações de metano
provenientes de falhas geológicas de grande profundidade ou exsudações de
reservatórios de hidrocarbonetos alimentam essas regiões pantanosas, trazendo
metais como níquel, vanádio, arsênio, cádmio, mercúrio e outros como também o
enxofre, todos eles oriundos do manto terrestre, fixando-os junto ao carvão.
Bactérias retrabalham o metano e outros hidrocarbonetos juntamente com os restos
vegetais. A elevação do nível das águas do mar ou o rebaixamento da terra
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provocaram o afundamento dessas camadas sob sedimentos marinhos, cujo peso
comprimiu a turfa, transformando-a, sob elevadas temperaturas, em carvão.
Figura 2- Ambiente de formação do carvão mineral.
4.1.2- Características do depósito mineral
O carvão mineral ocorre em depósitos sedimentares. Podem variar de amadas
relativamente simples e próximas da superfície do solo - e, portanto, de fácil
extração e baixo custo - a complexas e profundas camadas, de difícil extração e
custos elevados, o que requer mina subterrânea. Existem vários modelos de
formação de depósitos de carvão, mas a maioria deles tem como base o modelo
tradicional o qual se baseia na sucessão cíclica de uma serie de tipos
litológicos(cyclothem). As novas teorias vem adaptando esse cylcothem no que se
refere a modificações nas sequencias vertical e horizontal dos depósitos, o que vem
sendo reconhecido em depositos fluviais, deltaicos e costeiros.
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O modelo tradicional apresenta três tipos básicos: Barreira costeira, planície baixa
de deltas e alto delta e planícies aluvionares.
4.1.2.1 Barreira Costeira
Os depósitos carboníferos
formados nas barreiras
costeiras são
caracterizados pelas
alternacias de áreas de
pântanos, onde ocorreu o
grande desenvolvimento
de plantas que vieram a
constituir o carvão mineral
e lagoas, responsáveis
pelo recolhimento de
detritos que mais tarde
constituiriam arenitos.
Outra característica deste
deposito é que por sua
proximidade a superfície
ele vem sendo
retrabalhado
constantemente.
Principalmente as
camadas que precedem o
carvão, como os arenitos
por exemplo.
Outro ambiente de formação de depósitos de carvão são as lagunas anteriores as
barreiras costeiras cujo ambiente de deposição é caracterizado, por camadas mais
Figura 3 – Reconstituição de ambiente deposicional(a), e estratigrafia(b)
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espessas de xistos ricos em material orgânico e siltitos sobre camadas descontinuas
de carvão.
4.1.2.2 Planicie baixa dos deltas
Os depósitos de planícies baixas são caracterizados pela grande camada de
argilitos e siltitos que variam
entre 15 e 55 metros de
espessura e de 8 a 110 km de
extensão. Nas camadas
inferiores, há predominância
de argilitos escuros com
distribuição irregular de
calcário. Enquanto em
camadas superiores há
predominância de arenitos, o
que reflete uma mudança na
energia do rio. Em muitos
depósitos é possível observar
uma faixa transicional
caractesitica com alternância
de camadas interdistributaria
e crevasse-splay.
Devido ao rápido abandono
dos canais distributarios dos
deltas, os depósitos desse
tipo tem pequena espessura,
mas podem apresentar
estrutura gradacional. E as
camadas de carvão são Figura 4 – Reconstituição de ambiente deposicional(a), e estratigrafia(b)
13
formadas principalmente por acumulação de material orgânico grosso junto com silte
trazido pela correnteza do rio.
4.1.2.3 Planicies aluvionares e planícies altas dos deltas
Os depósitos de
planícies aluvionares e
planícies altas dos
deltas são
caracterizados por
uma camada linear e
de arenitos com
espessura de até 25
metros e 11km de
extensão. A diferença
entre os carvões
formados na planície
alta dos deltas e na
planície baixa
encontra-se na
espessura da camada,
maior naquela que
nesta, e na
distribuição, há uma
concentração maior
nas planícies altas que
nas baixas.
Figura 5 – Reconstituição de ambiente deposicional(a), e estratigrafia(b)
14
4.1.3 – Tipologia
O carvão mineral apresenta algumas variedades de acordo com o grau de
carbonificação . O estágio mínimo para a utilização industrial do carvão é o do
linhito.
� Turfa: baixo conteúdo carbonífero, constitui um dos primeiros estágios do carvão,
com teor de carbono na ordem de 45%;
� Linhito: apresenta um índice que varia de 60% a 75%;
� Hulha (carvão betuminoso): mais utilizado como combustível, contém de 75% a
85% de carbono;
� Antracito: o mais puro dos carvões, apresenta um conteúdo carbonífero superior a
90%.
Figura 6- Fases do carvão mineral.
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4.1.4 - Usos e aplicações
Os carvões apresentam uma grande variedade tipológica em termos de evolução do
processo de carbonificação. Dessa forma, cada tipo de carvão terá uma utilidade
especifica que dependerá da quantidade de carbono e de voláteis. Dividi-se o carvão
mineral para duas aplicabilidades preferenciais em carvão energético e carvão
metalúrgico.
O carvão energético é aquele utilizado na geração de energia elétrica, mas também
pode ser utilizado como fonte de energia em aquecimentos, principalmente nos
países do hemisfério norte. A principal característica é o alto poder calorífico, assim,
o estagio mínimo da evolução do carvão utilizado como energético é o linhito.
Entretanto, o beneficiamento pode aumentar ainda mais o poder calorífico do linhito.
O carvão metalúrgico é aquele que fornece o coque para a indústria siderúrgica. As
principais características desse carvão é que ele deve apresentar um elevado grau
de evolução e também uma grande relação entre a matéria orgânica e inorgânica.
Assim, o carvão metalúrgico depende de algumas variáveis de formação dos
depósitos, como por exemplo, o a vegetação que formou o depósito, o ambiente
geotécnico de formação e o processo evolutivo.
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5- CARVÃO MINERAL NO BRASIL
4.1 Histórico
A ocorrência do carvão no Brasil encontra-se principalmente nos estados do Rio
Grande do Sul (28 bilhões de toneladas), Santa Catarina (3,3 bilhões de toneladas)
e Paraná (104 milhões
O carvão sul-rio-grandense foi descoberto em 1795 pelo soldado português Vicente
Wenceslau Gomes de Carvalho, conhecedor do carvão de pedra por ser ferreiro de
profissão, na localidade de Curral Alto, na Estância do Leão. O empenho do
presidente provincial Sr. Luiz Vieira Sinimbu, na busca de atrair indústrias para a
Província, encarrega o inglês do País de Gales James Johnson, conhecedor do
carvão de Cardiff, a realizar novas explorações. Em 1853, Johnson realiza
sondagens e redescobre carvão à margem esquerda do Arroio dos Ratos, e
juntamente com 10 mineiros naturais do País de Gales, abre a mina através de poço
escavado e passa a produzir carvão em 1855. A partir de então várias mineradoras
são formadas na região e uma estrada de ferro é construída para facilitar o
transporte.
Em Santa Catarina, o início das atividades carboníferas aconteceu no final do
Século XIX, realizadas pela companhia britânica que construiu a ferrovia e explorava
as minas. Como o carvão catarinense era considerado de baixa qualidade, sua
exploração não despertou o interesse por parte dos ingleses. Diante desse quadro, o
Governo Federal repassou a concessão para indústrias cariocas.
O consumo de carvão nacional aumenta consideravelmente por ocasião da 1ª
Guerra Mundial. No pós-guerra o carvão estrangeiro volta a ocupar o mercado e as
mineradoras gaúchas buscam novo mercado para o seu carvão resultando na
construção da primeira usina térmica a carvão – Usina do Gasômetro; foi o primeiro
passo à utilização do carvão na termoeletricidade. Porto Alegre, em 1928, contava
com energia elétrica, bondes elétricos e gás encanado do carvão na Rua da Praia,
mas por não contarem com filtros e precipitadores de cinzas, a poluição por
particulados era intensa.
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O segundo surto veio no Governo Federal Getúlio Vargas, com decreto
determinando o consumo do carvão nacional e com a construção da Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN). Nos anos 40 e 50 várias minas operavam na região e
pertenciam a pequenos proprietários locais, grandes empreendedores cariocas e
uma estatal. O último boom no setor foi com a crise do petróleo em 1973, com as
atenções voltadas novamente para o uso do carvão nacional.
4.2 Gênese dos depósitos de carvão brasileiro
O carvão brasileiro apresenta qualidade relativamente baixa quando comparada aos
carvões de países da Europa e mesmo os nossos vizinhos sul-americanos. Essa
baixa qualidade se relaciona com a gênese dos depósitos carboníferos.
Os depósitos brasileiros se formaram durante a era paleozóica no período permo-
carbonífero, há cerca de 240/280 milhoes de anos, em que predominavam na
Gondwana uma flora Gangamopteris-Glossopteris, em período inter e pós-glacial,
acumulada em região intercratônica de bacias sedimentares estáveis. Esses
depósitos ocorreram originalmente em lagunas , atrás de barreira, numa costa
dominada por ondas com influências de marés; por isso em geral, carvão mineral
brasileiro tem espessas camadas silte-argilosas que o envolve.
Durante o processo de evolução, a vegetação depositada no pântano foi sendo
soterrada, e sofrendo também subsidência, condições as quais são essenciais para
o processo de diagenese. No processo de diagenese, ocorre também a
carbonificação, o que diferencia os depósitos. Alguns depósitos brasileiros
apresentam um elevado estágio de evolução, o que é incoerente com as condições
atuais nas quais essas camadas se encontram. De fato, é possível prever duas
condições ou essas camadas estiveram soterradas em profundidades maiores ou
em alguns casos sofreram intrusões basálticas.
Outro aspecto importante da formação do carvão brasileiro é a ausência de
dobramentos das camadas, a declividade baixa e a proximidade com a superficie,
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indicando áreas de estabilidade tectônica e o baixo grau de evolução do carvão bem
como sua facilidade de mineração.
4.3 Reservas
Como curiosidades geológicas, há ocorrências de linhito e carvão sub-betuminoso
em vários estados brasileiros: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão,
Pará, Amazonas e Acre. Significativas, porém, são apenas as camadas de carvão
sub-betuminoso e betuminoso do flanco leste da Bacia do Paraná (Formação Rio
Bonito, do Permiano Médio), no sul-sudeste brasileiro. Em São Paulo há depósitos
sem qualquer relevância econômica, de modo que serão consideradas como
reservas somente as dos três estados do sul.
O Rio Grande do Sul possui 89,2% das reservas de carvão mineral nacional, um
total de 28,802 milhões de t. A região carbonífera fica na área do Baixo Jacuí. A
Copelmi na região carbonífera tem 46,0 milhões de t. A Companhia Rio-Grandense
de Mineração tem no estado, reservas de 3 bilhões de toneladas em áreas de lavra
e áreas em fase de pesquisa. A CRM opera na mina de Taquara e Leão I, no
município de Minas do Leão II.
Segundo dados do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), “O Brasil
tem uma produção significativa de carvão mineral apenas do tipo energético, a qual
teve um crescimento constante durante a década de 1990, atingindo um ápice de
6,69 X 106 t em 2002 e desde então caindo. Em termos de faturamento, porém, o
carvão catarinense, com um poder calorífico superior, garante a Santa Catarina uma
participação de 68,3%, contra 28,5% do Rio Grande do Sul e 3,2% do Paraná,
dentro de um total de cerca de R$533.000.000,00.”
4.5 Produção e consumo
A participação brasileira na produção de carvão mineral é praticamente irrisória,
dada suas pequenas reservas, que não ultrapassam 10000 milhões de toneladas, e
a qualidade da mesma. No ranking de produção o Brasil ocupa a 27ª posição,
enquanto que no de consumo encontra-se na 21ª posições. Tamanha disparidade
entre produção e consumo obriga o Brasil a importar carvão, principalmente, carvão
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metalúrgico uma vez que os carvões brasileiros apresentam grande quantidade de
cinzas e são impróprios ao beneficiamento.
Sendo o carvão brasileiro, em sua maioria, de baixa qualidade a produção destina-
se a utilização do mesmo em usinas termoelétricas, visto que não há necessidade
de carvões superenriquecidos para a geração de energia, e o beneficiamento é
quase que inviável. Outro importante consumidor é o setor de secagem de grãos da
industria alimentícia e a cerâmica. O Brasil apesar de não possuir o carvão
metalúrgico, utilizado em grande escala na produção de ferro gusa e em fornos de
calcário na produção de cimento.
4.3 - CARVÃO MINERAL NO MUNDO
O carvão é o combustível fóssil com a maior disponibilidade do mundo. As reservas
totalizam 847,5 bilhões de toneladas, quantidade suficiente para atender a produção
atual por 130 anos. Além disso, ao contrário do que ocorre com petróleo e gás
natural, elas não estão concentradas em poucas regiões. Abaixo, como mostra a
Figura 4, as reservas estão bem distribuídas pelos continentes. Na verdade, são
encontradas em quantidades expressivas em 75 países, sendo que três deles –
Estados Unidos (28,6%), Rússia (18,5%) e China (13,5%) – concentram mais de
60% do volume total.
Figura 7- Reservas de carvao mineral no mundo – 200 7 (em milhões de toneladas).
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O volume extraído e produzido, porém, não é diretamente proporcional à
disponibilidade dos recursos naturais. Relaciona- se, também, a fatores estratégicos,
como a existência de fontes primárias na região e, em conseqüência, à maior ou
menor dependência da importação de combustíveis.
Atualmente, o maior produtor mundial de carvão é a China que, também estimulada
pelo ciclo de acentuado desenvolvimento econômico, tornou-se a maior
consumidora do minério.
No ranking dos maiores produtores de carvão, também figuram os seguintes países:
Estados Unidos, Índia e Austrália, maior exportador do minério do mundo, conforme tabela a
seguir
Tabela 1- Os dez maiores produtores de carvão mineral.
Os países dependentes do carvão mineral são os que o consomem mais, para , em
grande parte geração de energia, conforme a tabela 2 abaixo.
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Tabela 2- Os dez maiores consumidores mundias de carvão minereal.
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5- SUGESTOES
O carvão é uma das formas de produção de energia mais agressivas ao meio
ambiente. Ainda que sua extração e posterior utilização na produção de energia gere
benefícios econômicos (como empregos diretos e indiretos, aumento da demanda
por bens e serviços na região e aumento da arrecadação tributária), o processo de
produção, da extração até a combustão, provoca significativos impactos
Socioambientais.
A ocupação do solo exigida pela exploração das jazidas, por exemplo, interfere na
vida da população, nos recursos hídricos, na flora e fauna locais, ao provocar
barulho, poeira e erosão. O transporte gera poluição sonora e afeta o trânsito. O
efeito mais severo, porém, é o volume de emissão de gases como o nitrogênio (N) e
dióxido de carbono (CO2), também chamado de gás carbônico, provocado pela
combustão. Estimativas apontam que o carvão é responsável por entre 30% e 35%
do total de emissões de CO2, principal agente do efeito estufa.
Considerando-se a atual pressão existente no mundo pela preservação ambiental –
principalmente com relação ao efeito estufa e às mudanças climáticas – é possível
dizer, portanto, que o futuro da utilização do carvão está diretamente atrelado a
investimentos em obras de mitigação e em desenvolvimento de tecnologias limpas
(clean coal technologies, ou CCT).
Para a mineração, as principais medidas adotadas referem-se à recuperação do
solo, destinação de resíduos sólidos e negociações com a comunidade local. É com
vistas à produção de energia elétrica, porém, que ocorrem os grandes investimentos
em pesquisa e desenvolvimento, focados na redução de impurezas, diminuição de
emissões das partículas com nitrogênio e enxofre (NOx e SOx) e redução da
emissão de CO2 por meio da captura e armazenamento de carbono.
Dentre as maneiras de se minimizar esses impactos causados pela extração do
carvão vale ressaltar a recuperação de áreas de extração com reflorestamento.
Apesar de essa ser uma técnica para seqüestro de carbono que dará resultado
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apenas a médio e longo prazo, devemos levar em conta o bem estar das gerações
futuras, associando sempre mineração a sustentabilidade.
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6- CONCLUSÃO
O aumento do controle e do uso, por parte do Homem, da energia contida nesses
combustíveis fósseis foi determinante para as transformações econômicas, sociais,
tecnológicas - e infelizmente ambientais - que vêm ocorrendo desde a Revolução
Industrial.
Um grande problema desses combustíveis é o fato de serem finitos, o que faz com
que a dependência energética a partir deles se torne um problema quando esses
recursos acabarem. Outro problema é que com a queima de combustíveis minerais
são produzidos gases que produzem aumenta o efeito estufa como o gás carbônico
e metais pesados, como por exemplo o mercúrio.
Pelo aumento do preço dos combustíveis fósseis e da poluição ambiental, muitos
países já estão a procurando soluções energéticas alternativas (como os
biocombustíveis, a eletricidade e o hidrogênio).
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7 REFERÊNCIAS
GOMES, Aramis J. Pereira. Carvão do Brasil turfa agrícola: geologia, meio ambiente e participação estratégica na produção de eletricidade no Sul do Brasil. Porto Alegre: EST, 2002 164 p.
THOMAS, Larry. Coal geology. New York; [Chichester]: Wiley, 2002. 384 p.
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