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Centro Ecológico

Apresentação

1. Sol, Água e Nutrientes

2. Indicadores Biológicos

3. Controle Biológico - Predadores e Parasitas

4. Controle Fisiológico - Trofobiose

5. Solo

6. Adubos Orgânicos6.1 Adubos Verdes/ Ervas6.2 Estercos6.3 Composto6.4 Vermicomposto6.5 Biofertilizantes Enriquecidos6.5.1 Biofertilizantes Enriquecidos Líquidos6.5.2 Biofertilizantes Sólidos, Adubos fermentados tipo Bokashi

7. Caldas Nutricionais e Fitoprotetoras7.1 Calda Bordalesa7.2 Calda Cúprica EEC7.3 Calda Sufocálcica

8. Manejo de Videira, Pessegueiro e Tomateiro:Experiência na Região da Serra Gaúcha8.1 Cultura de Videira8.1.1 Ecologia8.1.2 Localização do Parreiral8.1.3 Variedades8.2 Cultura do Pessegueiro8.2.1 Localização e Escolha do Terreno8.2.2 Manejo de Solo e Adubação8.2.3Tratos Culturais8.2.4 Manejo de Insetos e Doenças8.3 Cultura do Tomateiro8.3.1 Variedades8.3.2 Manejo de Solo e Adubação8.3.3 Tratos Culturais: Condução e espaçamento8.3.4 Manejo de Insetos e Doenças

9. Conclusão

10. Bibliografia

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02

03

04

04

09

17

2325262931333841

45454547

515151515160606062626666666869

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O Centro Ecológico é uma ONG que atua desde1985 estimulando a produção e o consumo deprodutos ecológicos.

Acreditamos que desta forma estamoscontribuindo para uma outra sociedade, maisjusta, fraterna e respeitosa com o meio-ambiente.

O manejo ecológico dos sistemas produtivos éo principal eixo de trabalho do CentroEcológico, onde incluímos um fortecomponente de resgate e manejo dabiodiversidade agrícola e alimentar.

Para além do aspecto técnico-produtivo,também trabalhamos com o estímulo àorganização de produtores e consumidores, à

CENTRO ECOLÓGICO

formação de novas redes de produção econsumo, à capacitação de técnicos emagricultura ecológica, à formulação de políticaspúblicas para uma agricultura sustentável e àluta contra a utilização de transgênicos.

O Centro Ecológico concentra hoje sua atuaçãoem duas regiões agroecológicas distintas:

A Serra Gaúcha e o Litoral Norte do RS e Sul deSC. Cada uma destas regiões possuicaracterísticas sócio-ambientais diferenciadas,o que tem contribuído para alimentar umesforço permanente de reflexão sobre osprincípios da agricultura ecológica e sua formade operac iona l ização em contex tosespecíficos.

LITORAL NORTE

664 0220

Rua Padre Jorge s/ n°95.568-970 Dom Pedro deAlcântara RSFone/fax: 0xx(51)e.mail: [email protected]

IPÊ-SERRA

504 55 73

Caixa Postal 2195.240-000 Ipê RSFone/fax: 0xx (54)e.mail: [email protected]

Temos dois escritórios à disposição para quaisquer informações:

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O presente texto foi organizado a partir de duascartilhas já existentes: Trofobiose - NovosCaminhos para uma Agricultura Sadia,publicado em conjunto pelo Centro Ecológico epela Fundação Gaia, e BiofertilizantesEnriquecidos, redigida pela equipe do CentroEcológico. A estes textos se somaram outrosmateriais, elaborados para uso nos cursos deformação que o Centro Ecológico realiza.

O que aqui nos propomos é instrumentalizaragr icu l to ras , agr i cu l to res e demaisinteressados na prática da AgriculturaEcológica.

Nele iremos abordar alguns elementos básicospara que o nosso entendimento sobre aagricultura e seus processos possa serorientado com bases mais sustentáveis.

Um conhecido romancista francês disse certafe i ta que "a verdadei ra v iagem dodescobrimento não consiste em vislumbrarnovas paisagens, mas sim em ter novos olhos".Disto se tratam estes apontamentos. Apaisagem é a mesma: solo, sol, chuva,nutrientes, plantas, insetos, fungos. O que aquipropomos é um novo olhar, um novo enfoque.Não é apenas sol e água, mas energia queincide em nosso agroecossistema. Não maispragas, mas indicadores de manejo. Não maisinços, ou ervas daninhas, mas plantas que nosfalam da sucessão vegetal e possuem acapacidade de repor matéria orgânica emnossos solos.

Ao escrevermos um texto de cunho técnico nãoqueremos reduzir a Agricultura Ecológicaapenas aos seus aspectos produtivos.Queremos, sim, enfatizar a importância de nos(in)formarmos para efetuarmos as escolhasque nos levarão a construir a sociedade maisjusta e harmônica que desejamos.

Sabemos todos que muitas de nossasescolhas, mesmo as mais simples, possuemum cunho político, colaboram no desenho deuma determinada forma de organização social.Assim, escolher entre a uréia e o biofertilizantepara fornecer o nitrogênio que meu cultivonecessita é uma decisão que vai além dotécnico-agronômico e abarca tambémdimensões ambientais e políticas. E nestelivreto abordamos os princípios básicos que nospermitem optar por tecnologias limpas, baratase independentes do complexo industrial quehoje comprime a agricultura.

Muito se tem dito que estamos hoje em umaencruzilhada civilizatória. O caminho queiremos tomar nesta encruzilhada depende denossas opções cotidianas. Devemos assumirnossas responsabilidades na construção de ummundo mais justo, tanto social quantoambientalmente. Aqui, modestamente, desde oponto de vista técnico-agronômico, esperamosestar contribuindo para isto.

APRESENTAÇÃO

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1. SOL, ÁGUA E NUTRIENTES

Existe na China um provérbio muito antigo quediz: "A Agricultura é a arte de cultivar o sol".Esta é uma maneira diferente de se referir a umdos processos básicos responsáveis pelamanutenção da vida no planeta: a fotossíntese.

É um processo tão presente no dia a dia daagricultura que quase não paramos para refletirna sua importância.Todas as plantas têm a capacidade detransformar a energia da luz do sol em energiapara a sua sobrevivência, bem como para asobrevivência de todos os seres que vivem naTerra. A fotossíntese é o processo pelo qual asplantas produzem matéria orgânica a partir desubstâncias que estão no ar. Para fazer isto, aparte verde da planta aproveita a energia queestá na luz do sol. E como a luz do sol é umrecurso natural, renovável e abundante, deveser utilizado da maneira mais intensa possível.

Para aumentar a capacidade das plantas deaproveitar a luz do sol, elas têm que tercondições ótimas de funcionamento. O que sãoestas condições ótimas vamos ver maisadiante. Também temos que investir napossibilidade de outras espécies trabalharemcaptando a energia de sol. Esta energia,captada na forma de matéria orgânica e deminerais, será colocada à disposição de nossocultivo comercial.

A adubação verde, por exemplo, é isto. Todasas vantagens da adubação verde têm origem nacapacidade que as plantas têm de capturarenergia da luz do sol.

- E o que é a fotossíntese?

- Como se pode utilizar ao máximo a luzdo sol?

- Na prática, o que é isto?

Outro exemplo é quando deixamos que avegetação que vem por si no nosso pomar sedesenvolva. Não é preciso ter medo dacompetição das ervas daninhas ou inços.A partir da germinação de uma sementequalquer começa a funcionar uma verdadeirafábrica de adubo, onde o combustível é barato eabundante, e o resultado só traz riqueza. Épossível aproveitar o carbono e oxigênio queestão no ar e o hidrogênio que está na água.A planta também faz parcerias com a vida quetem no solo, melhorando a absorção denitrogênio e de outros minerais, bem como épossível aumentar o teor de matéria orgânicado solo, etc...

Para que este processo aconteça, outra formade energia que deve estar presente é a água.Nos ecossistemas onde a água e o sol chegamem grande quantidade, como é o caso no sul doBrasil, é muito importante manter o solo cobertopor plantas. Elas serão as responsáveis porfazer com que esta energia gere vida e nãodestruição. Todos sabemos os malefícios que osol e a chuva podem causar a um solodescoberto.Toda a forma de energia gera trabalho ou geradestruição. A energia do sol e da água podetanto fazer nosso cultivo crescer (trabalho)quanto provocar erosão e compactação no solo(destruição). Por excelência, a planta captura aenergia do sol e a da água.

Claro que não. Ela também precisa denutrientes para o seu desenvolvimento.Nutrientes que são encontrados no ar, na águae no solo. O que vem do ar e da água chega aser 95-98% da planta (oxigênio, carbono,hidrogênio, nitrogênio e enxofre).Só 2-5% vêm do solo.

- Precisa de alguma outra forma deenergia?

- E isso basta para uma planta crescer?

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RECURSOS NATURAIS

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Estes três fatores diretos, sol, água e nutrientesformam o que se chama de trio ambientalbásico.

A partir destes três, há outros fatores indiretosque influenciam o desenvolvimento dasplantas. Entre eles estão a latitude (se é mais aosul ou mais ao norte do Brasil, por exemplo), aaltitude (se é na baixada ou na serra), anebulosidade, os ventos, a umidade do ar, aquantidade de ar no solo, etc...

O jeito mais eficiente é tendo bastante vida nosolo. Quanto mais vida, mais fertilidade. Quantomais fertilidade, maior garantia de saúde paraas plantas. E quanto mais saúde, maiorprodutividade.

Assim, um princípio básico em agriculturaecológica é de que o solo é um organismo vivo.Todo o manejo que se fizer neste organismosolo tem que ser para aumentar esta vida.Deixando o solo coberto o maior tempo possívelo agricultor estará aproveitando a energia, fartae de graça, que chega na sua propriedade. Comisso pode evitar ter que recorrer à energia dopetróleo, comprada na forma de adubo químico(NPK).

- Como se pode aproveitar da melhorforma possível estes recursos naturais - osol, a água e os nutrientes?

2. INDICADORES BIOLÓGICOS

A combinação dos fatores ambientais com aação do homem determina quais as plantas (aflora) e quais os animais (a fauna) que vãoexistir numa área. Assim, estas espéciesvegetais ou animais são indicadoras dascondições daquele ambiente.

Como a própria palavra já diz, um indicador estámostrando alguma coisa. Podemos aprender aler na natureza o que ela está querendo nosmostrar. E ela dá várias pistas pra gente. É sóquerer enxergar.Algumas das pistas são as doenças e aspragas. O que elas estão indicando? Isto vamosver mais adiante, mas, com certeza, nãoaparecem só porque deu vontade nelas.Outra pista são as ervas invasoras.

As plantas podem e devem ser vistas como umrecurso natural barato e amplamente disponívelpara os agricultores. Tanto aquelas que sãosemeadas pelos agricultores quanto as quenascem espontaneamente. É necessárioentendermos o papel que a vegetação"espontânea" desempenha em nosso solo,para que deixemos de enxergar um inço ou ervadaninha e passemos a considerar como umrecurso, que está à nossa disposição. E que,com um manejo adequado, se torna bastanteútil.

Em um ecossistema natural todo ser vivo, sejaele vegetal ou animal, tem um papel adesempenhar (um serviço a prestar) para acomunidade da qual faz parte. Além de,obviamente, contribuir para a manutenção de

- Para que serve um indicador?

- Porque as ervas invasoras são, ao mesmotempo, plantas indicadoras?

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Componentes (volume)

Nitrogênio

Oxigênio

Gás Carbônico

Hidrogênio

Total

Porcentagem (%)

78,110

20,953

0,033

0,00005

99,09605

COMPOSIÇÃO DA ATMOSFERA

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modificando. As espécies de plantas irão sesucedendo umas às outras com um objetivobem definido: permitir que a vida se instale cadavez mais neste ambiente. Cada planta, ouconjunto de plantas, além de nos informar oestágio de maturidade em que este ambiente seencontra (por isto plantas indicadoras), preparaas condições para que este processo tenhacontinuidade, permitindo o surgimento deoutras espécies que trarão suas contribuições aesta "caminhada".

Um solo dominado por gramíneas estoloníferascomo a milhã ( ), porexemplo, encontra-se numa fase que apresentaestrutura física deficiente, ou seja, não é umsolo solto. À medida que as plantas e,especialmente, suas raízes se decompõem, háuma incorporação significativa de matériaorgânica no solo, melhoradora da estrutura.

Um outro exemplo, já clássico, é o da nabiça( ), que é uma ervaindicadora de falta de disponibilidade de boro emanganês no solo. Ela tem uma maiorcapacidade de extrair estes minerais do solo,quando comparada à maioria das outrasplantas. Sendo assim, seu papel na sucessãovegetal é o de tornar estes elementosdisponíveis quando encerra seu ciclo, para quea sucessão possa seguir seu curso até chegar àvegetação clímax.

A guanxuma ( ), indicadora desolo compactado e que possui uma raizpivotante agressiva, capaz de fazer exatamenteo trabalho de descompactação.

Assim, as ervas ao mesmo tempo em queindicam um problema, são a própria soluçãonatural para superar determinada situação.

- Na prática, como é que se vê isto?

Digitaria sanguinalis

Raphanus raphanistrum

Sida rombifolia

sua própria espécie. É a análise de qual papelque determinada espécie vegetal desempenha,no nicho ecológico no qual momentaneamenteestá se sobressaindo, que nos leva ao conceitode plantas indicadoras. Se as encararmoscomo daninhas e buscarmos sua erradicação,estaremos perdendo uma preciosa fonte deinformações, que nos auxiliariam nas tomadasde decisão em relação ao nosso manejo. Se, aocontrário, as vemos como indicadoras,poderemos utilizar não só as informações queela nos trazem, como também manejarmos suapresença. Desta forma permitiremos que elascumpram sua função para a comunidadevegetal da qual fazem parte.

Na verdade, o chamado inço é apenas umaplanta que desponta no local e no momento quenão nos interessa. Mesmo uma planta de milhoou feijão pode se comportar como inço emalgumas ocasiões. O que importa, então, não éeliminá-los, mas sim manejá-los para queapareçam em momentos que nos tragam maisbenefícios do que prejuízos.

Para entender bem a função que os inços têm acumprir, é importante compreender o conceitode sucessão vegetal.

Desde quando uma rocha começa a sedesmanchar para se tornar solo, surge umacolonização de plantas que irá acompanhartodo o processo de "envelhecimento" destesolo, até que ele atinja seu máximo grau dedesenvolvimento, quando então estaráco lon i zado pe la vege tação c l ímax ,característica do ambiente, formando umafloresta. Durante todo este processo de"envelhecimento" do conjunto solo-planta, acolonização vegetal estará continuamente se

- Dá para explicar melhor a função daservas?

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Afinal, a forma que a natureza tem de seproteger de nossas agressões ao solo é colocarplantas cada vez mais difíceis de seremerradicadas.

Se capinarmos insistentemente um solo ondeaparecem predominantemente beldroegas,irão aparecer guanxumas.

Se seguirmos com um manejo de eliminar asplantas, possivelmente aparecerá milhã.

Sempre vem uma planta com maior capacidadede proteger o solo, e conseqüentemente, maisdifícil de ser erradicada.

Além destas vantagens específicas e quedizem respeito ao papel que a planta tem adesempenhar na sucessão vegetal, todas asplantas têm capacidade de aproveitar parte daenergia do sol e da chuva que caem em nossaterra, ou em nosso agroecossistema.

Assim, se um "inço", em determinado momentoe local não está competindo com a cultura, eainda auxilia no aproveitamento da energia queincide gratuitamente em nossas terras,estamos tendo mais benefícios do queprejuízos com sua presença e não há porquepensar na sua erradicação.

Portanto o controle das ervas é feito não por suaeliminação sistemática por meios mecânicos,mas sim através das mudanças na qualidade doambiente - no caso o solo - que propiciam oaparecimento de espécies menos agressivas emenos competidoras com a cultura comercial.

Já tem gente estudando o que as plantas sãocapazes de nos dizer a respeito do solo aondeaparecem, como as que estão na lista a seguir.

Dentre as muitas evidências práticas quefundamentam este concei to, uma éparticularmente interessante. Quando umagricultor abandona um solo para pousio, ocomum é que este esteja degradado, em maiorou menor grau. Nestas circunstâncias podemosencontrar uma vegetação dominante de, porexemplo, milhã e guanxuma. Passados três ouquatro anos deste abandono, não será maispossível ver estas duas espécies sobre o solo.Pode nos dar a impressão de que se acabaramas sementes. Porém, quando o agricultor,depois de 10, 15 ou 30 anos, voltar a cultivareste solo, usando práticas como fogo e aração,em 2 ou 3 anos, a guanxuma e a milhã voltam apredominar.

Em outras palavras, uma determinada espécienão depende da quantidade de sementes quetêm no solo para aparecer com maior ou menorintensidade. São os fatores do solo e do clima(fatores edafoclimáticos) que determinam qualespécie irá predominar naquele momento. Osolo possui um banco de sementes e são ascondições de umidade, vento, luminosidade,disponibilidade de nutrientes, etc, que irãopropiciar o surgimento desta ou daquelaespécie.

É impossível que o agricultor consiga atingir seuobjetivo de deixar sua lavoura limpa ou"desinçada". Solo que não vem vegetação é umdeserto e isto nós não queremos para nossasterras. À medida em que tentamos limpar aterra estamos, na verdade, impedindo que osolo avance em seu processo de sucessãovegetal e, com isto, dando as condiçõesnecessárias para que plantas cada vez maisdifíceis de serem manejadas apareçam.

- Então, como é que fica a capina?

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PLANTAS INDICADORAS

Azedinha

Amendoim brabo

Beldroega

Capim arroz

Cabelo de porco

Capim amoroso oucarrapicho

Caraguatá

Carqueja

Caruru

Cravo brabo

Dente de leão

Fazendeiro oupicão branco

Guanxuma ou malva

Língua de vaca

Maria mole ou berneira

Mamona

Nabisco ou nabo brabo

Papuã

Picão preto

Tiririca

Samambaia

Urtiga

Oxalis oxyptera

Euphorbia heterophylla

Portulaca oleracea

Echinochloa crusgallii

Carex ssp

Cenchrus ciliatus

Eryngium ciliatum

Baccharis spp

Amaranthus ssp

Tagetes minuta

Taraxum officinalis

Galinsoga parviflora

Sida ssp

Rumex ssp

Senecio brasiliensis

Ricinus communis

Raphanus raphanistrum

Brachiaria plantaginea

Bidens pilosa

Cyperus rotundus

Pteridium aquilinum

Urtiga urens

NOME NOME CIENTÍFICO O QUE INDICAM

Solo argiloso, pH baixo, falta de cálcioe/ou molibdênio.

Desequilíbrio de nitrogênio c/ cobre,ausência de molibdênio.

Solo bem estruturado, com umidadee matéria orgânica.

Solo anaeróbico, com nutrientes“reduzidos” a substâncias tóxicas.

Solo muito exausto, com nível decálcio extremamente baixo.

Solo depauperado e muito duro,pobre em cálcio.

Planta de pastagens degradadase com húmus ácido.

Solos que retêm água estagnada naestação chuvosa, pobres em molibdênio.

Presença de nitrogênio livre(matéria orgânica).

Solo infestado de nematóides.

Presença de boro.

Solos cultivados com nitrogênio suficiente,faltando cobre ou outros micronutrientes.

Solos muito compactados.

Excesso de nitrogênio livre, terra fresca.

Camada estagnante em 40 a 50 cm deprofundidade, falta potássio.

Solo arejado, deficiente em potássio.

Solos carentes em boro e manganês.

Solo com laje superficial e falta de zinco.

Solos de média fertilidade.

Solos ácidos, adensados, mal drenados,possível deficiência de magnésio.

Excesso de alumínio tóxico.

Excesso de nitrogênio livre, carênciaem cobre.

* Adaptado de Ana Primavesi, in Agricultura Sustentável, Nobel; São Paulo -1992.

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3. CONTROLE BIOLÓGICO -PREDADORES E PARASITAS

Na agricultura, se chama de equilíbrio biológicoo controle que predadores e parasitas fazem nocrescimento da população dos insetos, ácaros,nematóides, fungos, bactérias e vírus.

Podemos citar, como exemplos, os casos de:

- ("praga"), que é comido pela(predador).

- ("praga"), que é infectada pelo(parasita).

Esse equilíbrio é importante para manter, numnível que não cause dano econômico, aspopulações de insetos e doenças que podemser prejudiciais.

Há muitas espécies que são predadoras ouparasitas das pragas e doenças que atacam oscultivos agrícolas.

São insetos, ácaros, nematóides, fungos,bactérias e vírus.Animais maiores também são muitíssimoimportantes, entre eles: aves, morcegos, tatus,cobras, rãs, sapos e aranhas.

Até os dias de hoje, os controles biológicosvendidos pelas empresas multinacionais, comoo (nome comercialDIPEL) e o , são organismosencontrados na natureza, que foramselecionados e reproduzidos em laboratórios.

Agora, com as possibilidades geradas pelaengenharia genética, se abre uma outraperspectiva.

pulgão joaninha

lagarta-da-sojaBaculovirus

Bacillus thuringiensisBaculovirus

O controle biológico do futuro corre o risco deser seres vivos criados ou manipuladosgeneticamente pelo homem, capazes de sereproduzirem, totalmente alheios ao ambientenatural e, portanto, fora do sistema de auto-regulação desenvolvido com a evolução dasespécies, durante milhares de anos.

Dá bem para imaginar as conseqüências desterisco de perda de controle!

Não, existem outros fatores que podemdeterminar um aumento descontrolado dessaspopulações de pragas e doenças.

Várias das correntes que trabalham comagricultura sem o uso de químicos atribuemsuas experiências de não terem problemas de"pragas ou doenças" ao equilíbrio daspopulações de predadores e parasitas.

E, quando os problemas eventualmenteocorrem, são controlados com "venenosnaturais", como fumo, piretro, etc... Só há umasubstituição do agente que controla o distúrbio.

Ao invés de um químico sintético se usa umproduto natural. É como se mudássemos o queestá dentro do pacote, sem mudar o pacote.

Mas, no controle de pragas e doenças, tambémé muito importante o que acontece por dentroda planta. A isto damos o nome de controle

.

- É apenas a morte dos inimigos naturaisque causa o aumento de "pragas" e"doenças" nas lavouras?

fisiológico

8

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Essas plantas maltratadas têm, na sua seiva, osprodutos livres que os insetos e doençasprecisam para se alimentar e viver.

Podemos trocar o nome de pragas e doençaspara .Insetos, ácaros, nematóides, fungos, bactériase vírus são a conseqüência e não a causa doproblema. Lembram que já falamos disto naparte de indicadores biológicos?

Uma regra geral é que plantas tratadas commatéria orgânica são bem menos atacadas porinsetos e doenças.

Mas há outras coisas. Todos os fatores queinterferem no nível do metabolismo da planta,ou seja, no seu funcionamento interno, podemdiminuir ou aumentar sua resistência. Paratratar bem, temos que ter um manejo queaumente a resistência.

Vamos listar estes fatores e depois olhar cadaum com mais detalhe.

indicadores biológicos de mau manejo

- E como é que se pode tratar bem asplantas?

a. Espécie ou variedade de plantab. Idade da plantac. Solod. Climae. Adubos orgânicosf. Adubos minerais de baixa solubilidadeg. Tratamentos nutricionaish. Tratos culturais - capina, podasi. Enxertiaj. Adubos químicosk. Agrotóxicos

(genética)(ou idade da parte da planta)

(luz, temperatura, umidade, vento)

(NPK)

4. CONTROLE FISIOLÓGICO -TROFOBIOSE

O assunto é bastante complexo, mas o seuprincípio é simples e de fácil compreensão.

A palavra foi usada pelopesquisador francês Francis Chaboussou paradar nome a sua idéia de que não é qualquerplanta que é atacada por pragas e doenças.Ou seja, a planta precisa é servir de alimentoadequado à praga ou doença para ser atacada.

Trofobiose parece um palavrão. Mas não é!

- quer dizer alimento- quer dizer existência de vida

Portanto, quer dizer: todo equalquer ser vivo só sobrevive se houveralimento adequado disponível para ele.

Em outras palavras: A planta ou parte da plantacultivada só será atacada por um inseto, ácaro,nematóide ou microorganismo (fungos oubactérias), quando tiver na sua seiva,exatamente o alimento que eles precisam. Estealimento é constituído, principalmente, por

, que são substâncias simples ese desmancham facilmente (solúveis). Paraque a planta tenha uma quantidade maior deaminoácidos, basta tratá-la de maneira errada.

Quer dizer, um vegetal saudável, bemalimentado, dificilmente será atacado por"pragas" e "doenças". As ditas "pragas" e"doenças" numa planta sadia.

As pragas e doenças só atacam as plantas queforam maltratadas de alguma forma.

Trofobiose

TrofoBiose

trofobiose

aminoácidos

morrem de fome

- Como funciona o controle fisiológico?

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FATORES QUE INTERFEREM NOMETABOLISMO DA PLANTA

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Depois de ser praticamente desmanchado, oalimento, já na forma de aminoácidos, vai para ointestino, é absorvido no sangue e vai ser usadopara construir outras proteínas, como pele,cabelos, unhas, etc...

O homem tem uma diversidade muito grande deenzimas que o fazem capaz de digerirdiferentes alimentos.

Mas, por exemplo, não tem enzimas queconseguem digerir feno ou serragem. Istosignifica que se comer tanto feno quantoserragem, vai encher o estômago, mas morrerde fome.

Agora são i , ,, , e que estão

se alimentando.

Estes seres, ao contrário do homem,

, o que reduz sua possibilidade deaproveitar completamente moléculas grandes(complexas) como as proteínas.

Eles só são capazes de cortar algumas argolasdas correntes ou retirar alguns tijolos dasparedes.

Portanto, para terem uma nutrição satisfatória,

como, por exemplo,aminoácidos. Senão, acontece o mesmo queno homem quando ingere feno ou serragem -

.

Uma proteína é composta por uma seqüênciade aminoácidos. As plantas vivas juntamaminoácidos para formar as proteínas.

Segunda: nsetos nematóidesácaros fungos bactérias vírus

têm umavariedade muito pequena de enzimasdigestivas

eles devem encontrar o alimento já na suaforma simples

morrem de fome

- Por que estes fatores interferem naresistência?

- Mas o que as proteínas e os aminoácidostêm a ver com a resistência das plantas aoataque de insetos, ácaros, nematóides oudoenças?

Todos esses fatores estão ligados à formação(síntese) de proteínas - à ou àdecomposição delas - a .

Para se entender melhor, podemos imaginarque cada é como uma corrente e osaminoácidos são as argolas que formam estacorrente. Ou, que cada é como aparede de uma construção e ossão os seus tijolos.

Para melhor entendimento, vamos compararduas situações:

Um homem alimenta-se com umpedaço de carne, que é composto basicamentede proteínas e gorduras.

O primeiro passo é mastigar, para triturar emisturar com a saliva e, assim, iniciar oprocesso de digestão.

A seguir, o líquido do estômago ficaencarregado de continuar o trabalho dedecompor estas proteínas.

Tanto na saliva quanto no estômago, quem seencarrega de fazer a digestão são as .Elas são como ferramentas de muitosdiferentes tipos, capazes de separar as argolasdas correntes de proteínas ou destruir a massaque une os tijolos das paredes da construção.

proteossínteseproteólise

proteína

proteínaaminoácidos

Primeira:

enzimas

10

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aminoácido1

23

4 5 6

11

Para que os aminoácidos se juntem e formem proteínassão necessárias as enzimas.

As enzimas precisam de uma nutrição balanceada e completa para atuarem.

A seiva transporta proteínas e aminoácidos, açúcares e nitratospara os pontos de crescimento da planta.

Porém, o uso de agrotóxicos, a adubação desequilibrada e a falta de boascondições para planta atrapalham este mecanismo.

aminoácido

aminoácido

1

2

Proteínas Nitrato e Açúcares

SEIVA

Quando isto acontece, a seiva fica carregada de aminoácidos livres, açúcares e nitratos.Este são os alimentos preferenciais de fungos, bactérias, ácaros e nematóides.

SEIVA

SEIVA

TROFOBIOSE

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Como resultado, teremos uma determinadaplanta que só parece ser, mas que na realidadenão é e que, portanto, não funciona como deve.Como já vimos, a proteossíntese depende demuitos fatores que influenciam o metabolismodas plantas, ou seja, a sua resistência.

Por outro lado, a proteólise ou decomposiçãodas proteínas provoca um excesso desubstâncias solúveis na seiva, fazendo comque a planta torne-se um alimento adequadopara insetos, ácaros, nematóides, fungos,bactérias e vírus.

A a da planta ao local decultivo (que determina a maior capacidade deabsorver nutrientes pelas raízes e maiorcapacidade de fotossíntese das folhas, porexemplo) aumenta o seu poder deproteossíntese. Se a variedade não for bemadaptada, o funcionamento da planta ficaprejudicado. É o que acontece quando secultivam espécies mais de frio já perto do verão.Ou espécies da baixada cultivadas na serra.

Plantas na fase de têm,naturalmente, maior atividade de proteólise.Durante seu ciclo, a planta armazena reservaspara os períodos de necessidade, como é ocaso da época de reprodução. Nesta fase asproteínas da reserva são decompostas, paraque possam se deslocar e formar as brotaçõese flores novas. É um período em que,naturalmente, a planta vai estar mais sensível efrágil.

- Vamos ver mais em detalhe os fatoresque influenciam a proteossíntese ou aproteólise das plantas?

a. Espécie ou variedade da planta

adaptação genétic

b. Idade da planta ou de parte da planta

brotação e floração

- Mas, o que determina que uma plantatenha maior ou menor quantidade desubstâncias simples, como os aminoácidos,circulando na seiva?

Isto está relacionado com a formação deproteínas - quanto mais intensa for aproteossíntese, menor será a sobra deaminoácidos livres, açúcares e mineraissolúveis. Além disto, a formação eficiente deproteínas aumenta o nível de respiração e defotossíntese da planta, melhorando todo ofuncionamento da planta.

Vamos fazer outra comparação, para entendermelhor o que é a formação das proteínas - aproteossíntese.

Podemos imaginar, por exemplo, que a planta éuma unidade montadora de carros.

Para montar um carro é necessário estaremdisponíveis nas esteiras de montagem, entreoutras coisas: 5 rodas, 5 pneus, 3 bancos, 1motor, 1 suspensão, 1 direção, 1 pára-brisadianteiro e um traseiro, e assim por diante. Sefaltarem algumas das peças ou se, porexemplo, a esteira que leva rodas tivervelocidade muito mais rápida do que a que levao motor, o carro terá alguns tipos de peçassobrando e outras faltando. O produto final ficaparecendo um carro, mas na verdade seufunc ionamento e compos ição estãoprejudicados. Não são como deveriam ser!

Assim, podemos comparar as peças paramontar o carro aos minerais que a plantanecessita para seu funcionamento. Se faltaremalguns minerais ou se a absorção fordesequilibrada (rápida demais, no caso deadubos qu ím icos so lúve i s /NPK) , ofuncionamento da montadora fica prejudicado -a proteossíntese fica prejudicada.

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Umidade

e.Adubos orgânicos

f.Adubos minerais de baixa solubilidade

g. Tratamentos nutricionais

Falta ou excesso de umidade causamdesequilíbrios nas plantas, ou seja, pioram ofuncionamento da montadora, diminuindo aproteossíntese ou provocando a proteólise. Aágua é um dos fatores que movimentam aentrada de nutrientes nas plantas.

A matéria orgânica aplicada ao solo aumenta aproteossíntese nas plantas, pelos seuscompostos orgânicos e pela sua diversidadeem macro e micronutrientes. Esse fator vai serdetalhado adiante, pela sua importânciafundamental.

Esses produtos, como fosfatos naturais,calcário e restos de mineração, em quantidadesmoderadas, aumentam a proteossíntese nasplantas.

Isto ocorre porque se tornam gradativamentedisponíveis para a absorção pelas raízes eestimulam o seu crescimento, aumentando asua capacidade de buscar água e nutrientes dosolo. Eles não prejudicam a macro e microvidado solo, ao contrário dos adubos químicossolúveis concentrados.

Esses produtos, como cinzas, biofertilizantes esoro de leite exercem uma ação benéfica sobreo metabolismo das plantas, aumentando aproteossíntese. Isto ocorre devido àssubstâncias orgânicas e à diversidade demicronutrientes que eles têm.

Vamos falar bem mais deste assunto, na partede biofertilizantes enriquecidos.

Nas também há decomposiçãonormal das proteínas, para que os produtos eminerais possam se deslocar e seremreaproveitados para as folhas mais novas.Conseqüentemente, folhas velhas são maisatacadas que as maduras.

As também são maissensíveis do que as maduras. A carga denutrientes que elas recebem é muito grande e o"motor" para aproveitar o que chega ainda éinsuficiente, acumulando substâncias solúveisque servem de alimento a pragas e doenças.Um bom exemplo disso é um pé de laranjeira.As folhas bem de baixo, mais velhas, em geralapresentam mais doenças. As do meio, sãoverde-escuras, saudáveis enquanto as bemjovens, em geral, são atacadas por pulgões.

A de um solo, que é dada porcondições físicas adequadas (solo solto), boadiversidade de nutrientes e muita atividade dosmicrorganismos, aumenta o poder de absorçãoe de escolha de alimentos pelas plantas,favorecendo a proteossíntese.Ao contrário, solos fracos, muito trabalhados,gastos, compactados, diminuem a capacidadedas plantas de escolher e de absorvernutrientes, prejudicando a proteossíntese efacilitando o acúmulo de substâncias solúveis.Este aspecto é tão importante que vamos falarde novo sobre ele, mais adiante

A falta de sol diminui a atividade defotossíntese, prejudicando a síntese deproteínas. Portanto, quando há vários diasnublados, podemos esperar problemas nasplantas.

folhas velhas

folhas bem jovens

c. Solo

boa fertilidade

d. Clima

Luminosidade

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etc) ou por outros organismos que estão livresno solo. E atrapalham a liberação de fósforo emuitos outros minerais, que é feita pelasmicorrizas. As micorrizas são fungos benéficosque estão nas raízes das plantas.

Tanto as bactérias quanto as micorrizas queestão nas raízes das plantas fazem uma troca.Elas recebem comida da planta (carboidratos) edão em troca o nitrogênio, o fósforo, o boro, ozinco, o manganês, e muitos outros minerais.

A aplicação de agrotóxicos diminui aproteossíntese de duas formas. A primeira, deforma direta, pelo seu efeito sobre a planta. Asegunda, de forma indireta, pelo seu efeitosobre o solo.

Todos os agrotóxicos são capazes de entrar naplanta pelas folhas, raízes, frutos, sementes,galhos ou troncos.

Eles podem diminuir a respiração, atranspiração e a fotossíntese da planta,afetando a proteossíntese, prejudicando aresistência das plantas.

Como os adubos químicos, os agrotóxicostambém destroem a vida útil do solo,prejudicando a disponibilidade de nutrientespara as plantas. Esses produtos matamminhocas, besouros e outros pequenosorganismos altamente benéficos para aagricultura.

Os agrotóxicos aumentam o poder de ação ereprodução de insetos que sobrevivem a umapulverização, além de aumentar a resistênciagenética desses insetos contra o veneno.Destroem, também, os chamados inimigosnaturais (os controles biológicos).

k.Agrotóxicos

h. Tratos Culturais

com corte deraízes podas mal feitas

i. Enxertia

j.Adubos químicos (NPK)

bactérias (

Capinas, lavrações e gradeaçõese , prejudicam o

metabolismo normal das plantas, que têm quecurar o estrago, aumentando a proteólise.Como no caso da brotação e floração, a plantatem que decompor suas reservas, levar até oferimento e refazer as estruturas que foramdanificadas pelo corte da capina ou da poda.

Onde o porta-enxerto e o enxerto se encostam,naturalmente se forma um filtro para osnutrientes que estão na seiva da planta. Istoquer dizer que nem tudo o que a raiz absorvechega até à copa. Têm coisas que ficam retidaspelo caminho.

Em plantas enxertadas, nem sempre basta osolo estar ótimo. Às vezes é precisocompensar este filtro com pulverizaçõesfoliares periódicas.

Esses produtos, como uréia, NPK, cloreto depotássio e superfosfatos, diminuem ap r o t e o s s í n t e s e , p o r q u e a l t e r a m ofuncionamento das plantas. Eles têm produtostóxicos na sua fórmula e têm concentraçõesexageradas de nutrientes, que causamproblemas no crescimento das plantas.

Os adubos químicos solúveis, que são ácidos esalinos, destroem a vida útil do solo,prejudicando todos os processos de retirada denutrientes tais como o fósforo, cálcio, potássio,nitrogênio e outros. Também acabam com afixação do nitrogênio do ar, que é feita pelas

das raízes dasleguminosas (feijão, soja, trevo, vagem, ervilha,

Rhizobium)

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Fungicidas como Zineb, Maneb e Dithanecausam viroses (doenças) e provocam ataquede ácaros em várias plantas, depois dotratamento.

Além disto, qualquer fungicida mata asmicorrizas.

Todos os grandes problemas com insetos emicroorganismos nas lavouras começaramapós a invenção e utilização dos agrotóxicos eadubos concentrados.

Antes disso, as plantações, em todo o mundo,eram muito mais sadias. A agricultura moderna,ao invés de ajudar o funcionamento da planta,só atrapalha.

PLANTA SADIA(EQUILIBRADA)

PROTEÍNASCOMPLEXAS

AMINOÁCIDOSSOLÚVEIS

PLANTA DOENTE(DESEQUILIBRADA)

Uréia

agrotó

xico

NPK

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- Como se pode ajudar o bomfuncionamento das plantas para protege-las de ataques?

- Por que a matéria orgânica melhora aresistência das plantas?

Vimos antes que plantas tratadas com matériaorgânica são bem menos atacadas por insetose doenças.

A adubação do solo com matéria orgânica é amelhor mane i ra de se est imu lar aproteossíntese nas plantas e, com isso,aumentar a sua resistência ao ataqued e i n s e t o s , á c a r o s , n e m a t ó i d e s emicroorganismos.

a. A matéria orgânica melhora a resistência dasplantas porque aumenta bastante a capacidadedo solo em armazenar água, diminuindo osefeitos das secas. (desenho acima)

Restos Vegetais

Em solo grumoso asraízes desenvolvem-se melhor e a águafica bem distribuida,c o n s e r v a n d o atemperatura do soloamena (24º C) ,mesmo sob sol forte.

Em solo compactadoe x i s t e m m e n o sraízes e a água nãose inflitra deixando aplanta exposta atemperatura de até56º C.

b. A matéria orgânica melhora a resistência dasplantas porque aumenta a população deminhocas, besouros, fungos benéficos,bactérias benéficas e vários outros organismosúteis, que estão livres no solo.

Fonte: Guia Rural Abril (1996)

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homogênea

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proteossíntese aumenta. Os micronutrientessão fundamentais para a proteossíntese, tantopor fazerem parte das enzimas quanto porserem ativadores delas. E as enzimas são asferramentas que regulam o metabolismo daplanta.

f. A matéria orgânica melhora a resistência dasplantas porque é fundamental na estruturaçãodo solo, devido à formação de grumos. Istoaumenta a penetração das raízes e aquantidade de ar no solo.

g. A matéria orgânica melhora a resistência dasplantas porque existem nela substâncias decrescimento, que aumentam a respiração e afotossíntese nas plantas (os fitohormônios).

O solo é o recurso natural mais à mão para sermanejado pelo homem, tanto no sentido demelhorar quanto de degradar. Já vimos que emagricultura ecológica o solo é encarado comoum organismo vivo.Como qualquer outro organismo vivo, o solonecessita de alimentação em quantidade,qualidade e regularidade adequadas. E deestabilidade para poder desempenhar suasatividades da forma mais eficiente possível. Avida do solo é traduzida por milhares de seresvivos de inúmeras espécies, que significamcentenas de quilos por hectare. É em partedesconhecida e pouco valorizada, porque avisão atual de solos é praticamente baseada emseus aspectos químicos.A intensidade da atividade biológica do solo éfator determinante na sua fertilidade. Temosque dar alimento ao solo para que ele possaalimentar as plantas. Portanto, podemosinc lus i ve fa la r em fe r t i l i zação dosmicroorganismos. Este grupo de seres vivos dosolo é de uma diversidade extraordinária.

5. SOLO

c. A matéria orgânica melhora a resistência dasplantas porque aumenta a população dosorganismos úteis que vivem associados àsraízes das plantas.

Entre estes organismos estão as bactériasfixadoras de nitrogênio ( ) que vivemajudando e sendo ajudadas (em simbiose)pelas plantas chamadas leguminosas (queproduzem vagens, como a soja e feijão). Elasrecebem comida (carboidratos) das plantas e,em troca dão o nitrogênio.

Outro tipo de organismos são as micorrizas( quer dizer fungo, e quer dizer raiz).São, portanto, fungos que vivem grudados nasraízes e são capazes de liberar vários mineraisdo solo, fazendo com que as plantas possamusá-los.Apresença de micorrizas, por exemplo,pode aumentar o crescimento das raízes dasplantas e a absorção de nutrientes, bem como aresistência ao estresse hídrico. Já forammedidos no café ( ) aumentos deaté 300% na absorçåo de zinco, de cobre e demanganês. E, na soja ( ),incrementos de 700% na absorção de zinco,300% na de cobre e 200% na de manganês.Elas recebem comida (carboidratos) dasplantas e, em troca liberam no solo muitosoutros nutrientes.

d. A matéria orgânica melhora a resistência dasplantas porque aumenta significativamente acapacidade das raízes de absorver minerais dosolo, quando se compara aos solos que nãoforam tratados com ela.

e. A matéria orgânica melhora a resistência dasplantas porque possui, na sua constituição, osmacro e micronutrientes em quantidades bemequilibradas, que as plantas absorvemconforme sua necessidade, escolhendo aqualidade e a quantidade. Com isso, o nível de

Rhizobium

Coffea arabica

Glycine max

mico riza

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- É possível produzir sem adubos químicos(NPK)?

Quando se fala em produzir sem adubosquímicos, diversas questões aparecem comfreqüência:

- há fornecimento suficiente de nitrogênio,fósforo, potássio e de outros nutrientesnecessários?- qual quantidade deve ser usada? Com quefreqüência? - é possível ter resultados emgrandes áreas?- comprar a matéria orgânica de fora dapropriedade não é também uma forma dedependência e de desequilíbrio energético?

Na realidade, quando secamos uma planta atéque vire cinza, vemos que a maior parte delavem do sol, do ar, e da água. Apenas de 2 a 5%vêm de material retirado do solo, mas é daí queelas obtêm a grande diversidade dos elementosimportantes para sua resistência a ataque depragas e doenças. Também não se podeesquecer que quase metade das plantas são asraízes, que em sua grande maioriapermanecem no solo, incorporando matériaorgânica numa profundidade que nenhumequipamento agrícola consegue fazer.

Um exemplo bem prático do que falamos antesé o caso da produção de 100.000 quilos debatatas. O que realmente sai do solo é mínimo,se comparado ao total produzido.

A vida do solo - sua atividade biológica, juntocom a vegetação, formam um conjunto queprocessa sem parar os recursos naturaisbásicos disponíveis: sol, água e nutrientes. Éum reciclar permanente de carbono, dehidrogênio, de oxigênio e de nitrogênio,somados aos minerais encontrados nadecomposição da rocha-matriz do solo.

A decomposição do material orgânico ocorreem diferentes níveis, feita por diferentes gruposde seres vivos, que num primeiro momentotrituram o material, para posteriormentefazerem a decomposição.A quantidade e o número de espécies quehabitam o solo, variam muito de região pararegião, de acordo com o clima e o manejo feito.

Um pesquisador chamado Janick mediu osseres vivos (a flora e pedofauna) de um soloagrícola, em clima frio (temperado), nosprimeiros 30 cm de profundidade. Ele obteve asseguintes quantidades médias de quilos emcada hectare:

- Que tipos de microorganismos vivem nosolo?

Bactérias 500 a 1000 Kg

1500 a 2000 Kg

800 a 1500 Kg

200 a 400 Kg

250 a 300 Kg

25 a 50 Kg

(+ ou -) 800 Kg

4075 a 6050 Kg

Fungos

Actinomicetos

Protozoários

Água 95 500 Kg

4 450 Kg

50 Kg

100 000 Kg

Fotossíntese

Minerais do solo

TOTAL

Algas

Nematóides

Minhocas, outrosvermes e insetos

TOTAL

PESO MÉDIO DOS ORGANISMOS VIVOS NO SOLO

INSUMOS NECESSÁRIOS PARA PRODUZIR100 TONELADAS DE BATATAS

18

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Se necessário, o fósforo pode ser usado comocorrretivo nos primeiros anos da conversãopara agricultura ecológica, até que a atividadebiológica do organismo vivo solo estejaadequada. As principais fontes de fósforoutilizadas podem ser o fosfato natural de Araxáou a farinha de ossos. O importante é que tenhaa menor solubilidade possível.

Os micronutrientes dependem basicamente daação dos microrganismos do solo para setornarem assimiláveis pelas plantas.

Por isso, as carências de micronutrientes sãotão freqüentes na agricultura moderna. Ossolos assim cultivados já quase não recebemmatéria orgânica, que é o alimento dosmicroorganismos. E recebem muitosagrotóxicos, que os matam.Caso haja necessidade de complementação deminerais, as cinzas, o pó de basalto, o fosfatonatural, o calcário e a farinha de ossos podemser usados como fonte.

É importante entender que o solo é capaz defornecer muitos destes micronutrientes. Masisto tem relação direta com a intensidade daatividade biológica que depende, por sua vez,da disponibilidade de matéria orgânica.

Pouca gente tem idéia de quantos nutrientesdiferentes a planta precisa para poder funcionarbem. Lembram daquele exemplo da planta servista como uma montadora de carro? Se faltamou sobram peças (nutrientes) o funcionamentonão vai ser o melhor que a planta pode ter.

- O que acontece no caso dosmicronutrientes?

- Falando em diversidade, de quantosminerais diferentes é formada umaplanta?

- Como se faz para ter nitrôgêniosuficiente para a cultura?

- E como se lida com o problema daaparente falta de fósforo?

A natureza tem vários mecanismos de repor onitrogênio para as formas de vida quedependem dele e para o solo. A questão,novamente, é parar as atividades que diminuemou eliminam a eficiência destes mecanismos deauto-regulação. E estimular o aproveitamentodo nitrogênio que está disponível no ar(atmosfera).

Há estudos que falam na quantidade de 7t/ha/ano de microrganismos mortos no solo, oque resulta numa quantia de 100 kg denitrogênio orgânico/ha/ano, 40% dos quaisseriam assimiláveis pelas plantas.Em regiões com chuvas, o efeito dos raioscontribui com até 50 kg de nitrogênio/ha/ano. Aestes valores se soma a fixação do nitrogênioatmosférico pelos fixadores de vida livre no soloou associados às raízes, que pode chegar a 400kg de nitrogênio/ha/ano. Por estas razões nãose observam deficiências de nitrogênio emsistemas naturais ou na agricultura que segueà derrubada de matas.

Em geral, o fósforo contido no solo está poucodisponível para as plantas, por estarimobilizado. Mesmo quando se adiciona fosfatosolubilizado (superfosfatos) ao solo, uma boaparte dele fica numa forma que a planta nãopode assimilar. Mas, o mais importante não éesta quantidade disponível em si, e sim o fluxode reposição que o solo é capaz de ter.Aí, é fundamental o trabalho das micorrizas e deoutros arganismos do solo. Outra vez, oprocesso depende da matéria orgânica,especialmente de adubos verdes. E de não seusar produtos tóxicos.

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A tabela seguinte apresenta o conteúdo médiode elementos químicos (nutrientes) quecompõem as plantas, segundo um russochamado Vinográdov.

1. Oxigênio

2. Carbono

3. Hidrogênio

4. Cálcio

5. Potássio

6. Nitrogênio

7. Silício

8. Magnésio

9. Fósforo

10. Enxofre

11. Alumínio

70

18

10

0,3

0,3

0,3

0,15

0,07

0,07

0,05

0,02

14. Cloro

15. Manganês

16. Cromo

17. Rubídio

18. Zinco

0,01

1 x 10-3

5 x 10-4

5 x 10-4

3 x 10-4

12. Sódio

13. Ferro

0,02

0,02

27. Níquel

28. Arsênico

29. Cobalto

30. Flúor

31. Lítio

32. Iodo

33. Chumbo

34. Cádmio

35. Césio

36. Selênio

37. Mercúrio

38. Rádio

5 x 10-5

3 x 10-5

2 x 10-5

1 x 10-5

1 x 10-5

1 x 10-5

n x 10-5

1 x 10-6

n x 10-6

1 x 10-7

n x 10-7

n x 10-419. Molibdênio

20. Cobre

21. Titânio

22. Vanádio

23. Boro

24. Bário

25. Estrôncio

26. Zircônio

3 x 10-4

2 x 10-4

1 x 10-4

1 x 10-4

1 x 10-4

n x 10-4

n x 10-4

n x 10-4

CONTEÚDO MÉDIO DE ELEMENTOS QUÍMICOS DAS PLANTAS EM % DE MATÉRIA VERDE

20

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CÁLCIO

BORO

COBRE

MAGNÉSIO

MANGANÊS

MOLIBDÊNIO

FÓSFORO+

MOLIBDÊNIO

ZINCO

parreiratomatetomateiromorangofeijoeiro

cochonilhaspodridão apicalvirose "vira-cabeça"podridãomosca-branca ( )vírus dourado

Bemisa tabaci

cevadatrigo

girassolcouve-flormilho

batatamelanciabatata-doce

.

.

míldio ( )ferrugem ( e )míldio ( )míldio ( )lagarta do cartucho ( )podridão-seca-da-espiga ( )sarna ( )

sarna ( )

Erysiphe graminisPuccinia graminis tritici Puccinia glumarum

Erysiphe cichoracearumBotrytis sp.

Spodoptera sp.Diploida zea

Streptomyces scabieioidium

Streptomyces scabiei

arroztrigocafeeiro

brusone ( )ferrugem ( )ferrugem ( )

Piricularia oryzaePuccinia graminis triticiHemileia vastatrix

tomateiroacácia

infecções bacterianasbesouro serrador ( )Oncideres impluviata

aveiatrigo

infecções bacterianasferrugem ( )Puccinia graminis tritici

algodoeiro lagarta rosada ( )Platyedra gossypiella

alfafa baixa resistência

seringueiramilho

Oidium hevea Phytophthora sp.Elasmopalpus lignosellus

ebroca do colmo ( )

DEFICIÊNCIA DE CULTURA DOENÇA OU INSETO QUE APARECE

Como podemos ver, quando se aduba com NPK(nitrogênio, fósforo e potássio), mais um poucode correção com calcário (que tem cálcio emagnésio) e um ou outro micronutriente, aindafalta muita coisa para se poder dizer que aplanta está bem alimentada.

E daí, surgem muitos dos problemas de pragas

e doenças dos quais já falamos.

Do mesmo modo que as ervas são indicadorasdo tipo de solo, as doenças e insetos mostramdificuldades que as plantas estão tendo.

Na tabela a seguir vemos problemasassociados à carência de nutrientes.

(Ana Maria Primavesi - Curso de solos / 1989 e manejo Ecológico de Pragas e Doenças)

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- E o que a análise do solo nos diz, emagricultura ecológica?

Em agricultura ecológica, o resultado da análisequímica de um solo não nos diz, corretamente,a disponibilidade de nutrientes neste solo.

É que o solo é um organismo vivo, com ciclos deatividade biológicos e químicos bastanteintensos e acelerados. Ou seja, ele varia noespaço e no tempo. Quando retiramos umaamostra e analisamos, estamos trabalhandocom solo isolado de todos os componentesquímicos e biológicos que o estavaminfluenciando. É como se tirássemos umafotografia de um carro em movimento. Temosapenas um retrato, bastante fora de foco, deuma realidade extremamente dinâmica.

As análises dão um retrato, por baixo, daquantidade real de minerais presentes em umdeterminado solo, tanto no que se refere àdiversidade quanto às quantidades.Normalmente, se mede as quantidades denutrientes não levando em consideração o queé liberado pela própria matéria orgânica ouatravés da atividade biológica do solo. Os testesrevelam apenas o que está imediatamentedisponível para a planta. E os componentes nãodisponíveis ou insolúveis são em muitíssimamaior quantidade. É esta riqueza de nutrientesque é imobilizada pelos fertilizantes químicos,mas é tornada disponível pelos fertilizantesorgânicos, devido à atividade biológica quedesencadeiam.

Como um exemplo prático, um trabalhorealizado no Chile, procurou determinarextratores de fósforo para análises de solos emlaboratórios. Foram testados dois extratores. Oprimeiro, através de um método químicochamado Bray Kurtz. E o segundo, por ummétodo biológico, empregando apenas uma

das espécies comuns de fungo de solo, o

As análises, feitas em solos de origemvulcânica, deram aos seguintes resultados:

Aspergillus niger.

Solo

Arrayán A 3,3 708

50

726

606

3,1

3,8

4,3

A

A

A

Callipuli

Temuco

Padre las Casas

Horizonteppm de PBray Kurtz

ppm de PAspergillus niger

No resultado desta análise, se um técnico vê umteor de fósforo de 3,3 ou 4,3 ppm, elerecomenda imediatamente a adição de adubofosfatado. Agora, se o resultado, no mesmosolo, for 708 ou 606 ppm, então a situação éoutra, ainda mais quando se pensa num solobiologicamente ativo onde, além do

, agem inúmeras espécies capazes detornar os minerais disponíveis para as plantas.

Ela se chama rizosfera - o local em torno dasraízes. Numa camada muitas vezes nãosuperior a 30cm se encontra 80% da atividadebiológica de um solo, em climas como o nosso.À medida que nos aprofundamos no solo,diminui o oxigênio e, conseqüentemente, asformas de vida que decompõem (oxidam) amatéria orgânica e que mantêm o fluxo cíclico econstante dos nutrientes. As raízes grandes,que extraem a água, aprofundam-se no solo e,ao final do ciclo de vida da planta, enterramgrandes quantidades de carbono, deixandonovos canais abertos para que as plantas quecrescerem a seguir tenham mais facilidade emexpandir suas raízes.

Aspergillusniger

- Como é esta parte do solo onde as raízesse concentram?

22

Page 25: Cartilhaagriculturaecologica 090730095229-phpapp02

- É preciso corrigir o solo?

A sociedade atual tem exigências que nemsempre são compatíveis com o ecossistema emque vivem as comunidades de seres humanos.Aprodução agrícola é, claramente, um exemplodisto: o homem moderno quer consumirprodutos cuja época ou local de cultivo não sãocompatíveis com a sua demanda. Surge entãoa necessidade de se introduzir artifícios nomanejo do agrossistema.Um destes artifícios é o uso dos chamados"corretivos de solo", que permitem cultivarterras consideradas inadequadas à maioria dasvariedades atuais de plantas cultivadas. Narealidade o que chamamos de correção é tornaro solo adaptado à cultura que queremos. E nãoadaptar o cultivo ao solo, como seria maisracional do ponto de vista ecológico. Esteprocedimento, se pensarmos em termosglobais, compromete a sustentabilidade dosistema, já que implica em trazer material nãorenovável de algum outro local, que se traduznum gasto maior de energia.

Nas nossas condições, no Sul do Brasil, desolos naturalmente bastante ácidos, quando sefala em "correção" basicamente se pensa emcalcário, para neutralizar o alumínio.Precisamos fornecer o cálcio, que tem nocalcário, para os cultivos, mas não se trata dedetonar o solo, adicionando toneladas porhectare, que eleva o pH mas traz uma brutalmortalidade aos microrganismos do solo. Naagricultura ecológica, a elevação do pH, a fimde reduzir a toxicidade do alumínio e tornar osoutros minerais mais disponíveis para asplantas, é conseguida através da incorporaçãode matéria orgânica fresca ao sistema agrícola,especialmente na forma de adubos verdes. Amatéria orgânica é tão especial que se o solo foralcalino (pH maior que 7), ela baixa o pH até aneutralidade.

Quer dizer, torna o solo adequado para asplantas desenvolverem bem, no pH 6 a 7.

O calcário, portanto, é utilizado em pequenasdoses, de cerca de 300 a 800 kg por ha/ano,quando necessário, como fonte de cálcio para aplanta.

Os efeitos da adição de matéria orgânica aossolos são positivos em praticamente todos osaspectos. Para ficar melhor de entender, se dizque um solo tem três tipos de características(propriedades) diferentes, as físicas, asquímicas e as biológicas.

As propriedades físicas são aquelas quedeterminam, por exemplo, se o solo é solto,aerado, ou se é compactado. Se a água penetrabem ou se escorre, quando chove.

;

6. ADUBOS ORGÂNICOS

- E o que são as propriedades físicas?

Efeitos da matéria orgânica sobre aspropriedades físicas do solo

01. Diminui a densidade;02. Melhora a estrutura - é um agente

cimentante;03. Torna o solo mais friável;04. Aumenta a capacidade de retenção

de água;05. Aumenta a infiltração da água;06. Facilita a drenagem;07. Aumenta a circulação de ar no solo;08. Reduz a variação da temperatura

do solo;09. Amortiza o impacto direto das gotas

de chuva;10. Aumenta a absorção de nutrientes;11. Aumenta a superfície específica.

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- O que são propriedades químicas?

As propriedades químicas do solo mostram aacidez (pH), a quantidade e diversidade denutrientes, se a planta pode absorver bem estesminerais, etc.

Efeitos da matéria orgânica sobre aspropriedades químicas do solo

01. Aumenta a capacidade de trocacatiônica;

02. Aumenta disponibilidade de nutrientes;03. Aumenta a adsorção de cátions;04. Eleva ou diminui o pH;05. Complexa o alumínio tóxico;06. Controla a presença de elementos

tóxicos como ferro, manganês emetais pesados, pela capacidadede fixar, quelar ou complexarestes elementos;

07. Recupera solos salinos;08. Aumenta o poder tampão do solo;09. Fixa o nitrogênio do ar;10. Fornece substâncias estimulantes

de crescimento.

Efeitos da matéria orgânica sobre aspropriedades biológicas do solo

01. Aumenta a atividade demicroorganismos;

02. Aumenta a atividade de micorrizas;03. Aumenta a atividade das bactérias

04. Aumenta a atividade de minhocas.Rhizobium;

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- E o que são as propriedades biológicas?

As propriedades biológicas do solo têm a vercom a vida que existe nele.

A adição de matéria orgânica ao solo é a chavepara ativar todo o sistema. Um dos princípiosbásicos da agricultura ecológica é queadubamos o solo, para o solo poder adubarnossos cultivos.

A fim de poder manter a diversidade daspopulações de microrganismos, a regra geral é1) garantir a melhor cobertura possível,e v i t a n d o s o l o p e l a d o e 2 ) u m arotação/sucessão variada de cultivos/ervas.

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6.1. ADUBOS VERDES / ERVAS

A forma mais eficiente de adição de matériaorgânica ao solo, do ponto de vista energético ede uso dos recursos naturais, é a adubaçãoverde: com uma pequena semente, sol, água,ar e solo há produção de uma quantidadeenorme de massa verde. Ela está tanto nasuperfície quanto incorporada de formaprofunda no perfil do solo, a partir dadecomposição das raízes.

Uma série de plantas, semeadas ou queaparecem por si podem adicionar materialorgânico ao solo, trazendo grandes vantagens.

Na foto ao lado uma plantação de ervilhaca eaveia preta. A seguir tabela com as principaisplantas usadas como adubação verde e decobertura.

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Espécie Kg sementes / ha Produção de Kg dematéria seca / ha

Nitrogênio naBiomassa (Kg / ha)

Aveia preta

Aveia preta + ervilhaca

Centeio

Ervilhaca

Nabo forrageiro

Crotalaria juncea

Feijão de porco

Feijão guandu

Mucuna preta

Milheto

75

50 / 30

70

80

15 - 20

40

150 - 180

50

60 - 80

60

4.600

5.000

8.480

3500

3500

9.933

7.100

13.788

7.287

9.939

70

-

68

106

106

60

180

250

210

-

Plantas usadas como adubação verde e de cobertura

Fonte: Adaptado de ASPTA,1992.

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- Têm alguns exemplos práticos de adubosverdes?

6.2. ESTERCOS

No Rio Grande do Sul, por exemplo, podemosno inverno cultivar aveia preta ( )e ervilhacas ( ), que são roçadas eincorporadas muito superf ic ia lmente,preparando para a cultura de verão. Se forusado o sistema de cultivo mínimo ou, no casode pomares, o material é deixado em cobertura.

No verão, são usadas as espécies adventícias,como picão ( ), guanxuma (

) e carurú ( ), por exemplo.Ou se faz consórcios, caso do milho commucuna-preta ( ) oufeijão miúdo ( ), ou decucurbitáceas (morangas e abóboras) comguandú ( ).

No caso de adubação verde para olerícolas, osagricultores optam por aplicar em torno 60 % daadubação, principalmente os estercos, sobre aadubação verde com o objetivo de promover ummaior desenvolvimento da adubação verde ecom isso realizando uma espécie de"compostagem" a campo do próprio esterco.Deste modo, após o manejo da adubação verdeela disponibiliza de forma gradual os nutrientespara a cultura, esta prática tem sido maisutilizada na cultura do tomate. Mas ela tambémpode ser empregada no manejo da fertilidadeem plantas perenes, como é o caso dasfrutíferas.

O esterco é a fonte de matéria orgânica maislembrada quando se fala em adubos orgânicos.É um dos recursos naturais que o agricultor tema sua disposição e sua utilização deve ser amais otimizada possível.

Avena strigosaVicia spp.

Bidens pillosa Sidaspp. Amaranthus spp.

Sthizolobium atterinumVigna unguiculata

Cajanus cajan

Há diferentes maneiras de se utilizar o esterco.São as condições e a realidade de cadapropriedade, solo e cultura que irão determinarqual a mais adequada a cada caso. O queobservamos é que geralmente os agricultoresnão têm dado a devida importância ao seuaproveitamento, desperdiçando uma preciosafonte de energia, que depois terá que serreposta na forma de adubo industrializado.

Os estercos são utilizados na forma líquida ousólida. Fresco ou pré-digerido, como compostoou vermicomposto. A melhor opção vaidepender do tipo do esterco, das instalações eequipamentos do agricultor e do cultivo em quevai ser empregado.

Existem diferenças entre os estercos,dependendo de sua origem e da alimentaçãofornecida aos animais. Um animal adulto retémcerca de 25% do que come. Este dado mostra ai m p o r t â n c i a d a a l i m e n t a ç ã o p a r adeterminarmos a maior ou menor riqueza doesterco.

Cada esterco possui algumas característicaspróprias, e estas informações nos auxiliam aotimizar seu aproveitamento.

O de gado, mais rico em fibras, é interessantepara hortaliças que possam sofrer "doenças desolo" porque ajuda a desenvolver uma floramicrobiana no solo, antagonista a estes fungos.Estudos indicam que quando a matériaorgânica fornecida ao solo é rica em celulose(como é o caso do esterco de gado) há ummaior desenvolvimento de fungos como

e , quesão antagonistas a , e

.

- Que diferença há entre os estercos?

Trichoderma viride Streptomyces sppFusarium Rizoctonia

Phytophtora

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O esterco de porco é relativamente rico emzinco. O esterco de aves - muito rico emnitrogênio prontamente assimilável - podetrazer problemas para as culturas maissensíveis e é sempre recomendado fazer algumtipo de pré-decomposição.

Por esta tabela algumas contas interessantespodem ser feitas.

Por exemplo, chega-se à conclusão que umavaca pode fornecer vinte sacos da formulaçãoNPK 8-2-9 por ano. Se considerarmos que estaformulação tem baixo teor de fósforo, podemosacrescentar 4 sacos de fosfato natural e, então,teremos um adubo fórmula 8-7-9.

Ainda nesta linha de raciocínio, um cavalo nosdaria vinte sacos de um adubo NPK 6-2-4 e umporco, dois sacos de uma formulação 7-5-6,por ano.Só por estas contas já seria muito vantajosoutilizar ao máximo o esterco que dispomos napropriedade.

Mas não podemos repetir o equívoco de muitose valorizar o esterco apenas pelo seu teor deNPK. Micronutrientes, ácidos orgânicos,aminoácidos, e todas as vantagens já citadaspara a matéria orgânica são tão ou maisimportantes que seu teor de NPK.

A utilização do esterco tem uma relação diretacom a temperatura do ambiente e com o nívelde atividade da vida de um solo.

Isto vale tanto para as quantidades quanto paraa forma como este esterco pode ser utilizado.Se temos um ambiente com altas temperaturase um solo com boa atividade biológica, não hánecessidade de que este esterco passe por umprocesso de decomposição antes de ir ao solo.

Estas condições são suficientes para permitiruma digestão deste material no próprio solo,antes que ele tenha contato com as raízes dasplantas.

- Como usar o esterco?

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Materiais fertilizantes contidos no esterco e na urina de algumas espécies(em kg / cabeça / ano)

Componente Eqüinos Bovinos Suínos Ovinos

Água 5 785 13 145 1 324 541

Matéria Seca 1 715 2 039 176 199

Total 7 500 15 184 1 500 740

Nitrogênio 58 78,9 7,5 6,7

Fósforo (P2O5) 23 20,6 5,3 4,3

Potássio (K20) 40 93,6 5,7 6,2

Cálcio e Magnésio(CaO + MgO)

30 35,9 3,0 8,8

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Se, por outro lado, estamos sob baixastemperaturas e com uma terra sem vida, entãoé interessante que o esterco seja previamentedecomposto, antes de ir ao campo. Assim,adicionaremos à terra não só um produto maisestabilizado como também inocularemosmicrorganismos úteis para sua recuperação.

Entre os extremos, temos vários níveis degraduação. Solos vivos em baixa temperatura.Solos em recuperação. Temperaturasintermediárias. São diferentes realidades quenão permitem ter uma receita única. Oimportante é refletirmos sobre estes princípios etermos condições de encontrar a melhorsolução para a nossa realidade.

A seguir vamos ver algumas maneiras de semanejar o esterco, para obter dele o melhorresultado possível.

Como foi dito acima, o uso do esterco frescodepende basicamente do nível de vida que estápresente em um solo. Depende de qual vai ser acapacidade deste solo de digerir e colocar àdisposição de nosso cultivo um adubo dequalidade.De qualquer maneira, não se espalha estercofresco sobre o solo nu, mas sim sobre avegetação que tem nele antes do preparo.Depois, é roçar a vegetação, esperar murchar einiciar o preparo do solo. Ocorre com o esterco oque chamamos de compostagem de superfície.

O esterco líquido pode ter tido um processo defermentação aeróbica (na presença deoxigênio) ou anaeróbica (na ausência deoxigênio).

- Dá para usar o esterco ao natural?

- Como se prepara e se usa o estercolíquido?

Há duas maneiras de fazer uma fermentaçãoaeróbica. Uma é forçando a incorporação de arno líquido, remexendo ou por ventilação. Outraé construindo um tanque com uma grandesuperfície em relação ao volume, paraaumentar o contato da mistura com o ar.

Aqui, iremos nos referir ao biofertilizante comosendo or iundo de uma fermentaçãoanaeróbica. Ainda que, a nível prático sempreteremos os dois tipos de bactérias atuando aom e s m o t e m p o , c o m u m a e v e n t u a lpredominância de uma sobre a outra, emfunção da maior ou menor presença de ar. Nãopodemos esquecer que estas reaçõesacontecem em escalas microscópicas emicrosítios que podem se apresentar com maisou menos ar do que o resto do ambiente.

Os biofertilizantes podem ser feitos comqualquer tipo de matéria orgânica fresca. Namaioria das vezes se utiliza esterco, mastambém pode-se usar somente restos vegetais.O esterco bovino é o que apresenta mais fácilfermentação, por já vir inoculado com umabactéria decompositora muito eficiente. Embiofertilizantes feitos com este material seutiliza uma parte de esterco para 1,5 a 2 partesde água, em uma mistura homogênea.Dependendo do tipo de manejo que o agricultorfor dar a este fermentado, é conveniente se terum tanque de mistura antes do material sercolocado no tanque de fermentação.

No caso de utilizarmos outro tipo de esterco oumaterial vegetal é interessante adicionarmosum pouco de esterco de gado para inocularmosnossa mistura com estas bactérias eficientes.

Em todos os casos, é convenienteacrescentarmos soro de leite ou caldo de canapara darmos condições da bactéria sedesenvolver com maior velocidade.

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Não há limites de tamanho do tanque onde sefaz o biofertilizante.

O biofertilizante pode ser enriquecido comalguns minerais, oriundos de cinzas ou rochasfinamente moídas. Estes minerais irão, além demelhorar o produto final, favorecer a umafermentação mais eficiente.

Podem ser utilizados tanto no solo, trazendotodas as vantagens que já foram enumeradaspara a matér ia orgânica, como empulverizações foliares, diluídos de 2 a 10%.Neste último caso são muito eficientes para ocontrole de diversas enfermidades, porpropiciar a planta um funcionamento maisharmônico e equilibrado.

Utilizadas no solo, as quantidades variammuito, mas como referência indicamos de 10 a20 metros cúbicos por hectare.

A família Bernardi, em Ipê, RS, utiliza umaadubação de cobertura em tomate com aseguinte formulação, feita num tonel de 200litros:

- 100 litros de água

- 70 litros de esterco

- 5 kg de esterco fresco de galinha poedeira

- 1 kg de açúcar

Depois de misturado tudo de uma só vez, seespera uma semana. É usado a 50%, colocadono solo com regador sem crivo, junto aos pés detomate. O açúcar serve como energia inicial,para melhor desenvolvimento da florabacteriana, e o esterco de galinha entra paraaumentar o teor de nitrogênio.

- Como se pode preparar esterco líquidopara fazer adubação de cobertura?

.

.

.

.

.

.

6.3 COMPOSTO

- O que precisa para montar uma pilha decomposto?

Composto orgânico é o nome que geralmentese dá ao adubo obtido a partir de palhadas,restos de culturas, estercos, lixo doméstico ouqualquer outra fonte de matéria orgânica,tratada da maneira especial.

Grande e sofisticado ou pequeno e simples, oprincípio básico do composto é a transformaçãodos restos orgânicos por microrganismos(bactér ias , ac t inomicetos , fungos eprotozoários), dando como produto final umamatéria orgânica mais digerida ou estabilizada.Esta estabi l ização traz vantagens edesvantagens, como veremos adiante.

Precisa, basicamente, de três ingredientes:

a.

Materiais muito pobres emnitrogênio e ricos em carbono, como a casca dearroz, por exemplo, levam muito tempo para sedecompor. Materiais com muito nitrogênio epouco carbono, como folhas verdes, sedecompõem mais rapidamente, mas há umaperda considerável deste nutriente. Naprodução do composto, procura-se misturar oresíduo pobre com o rico em nitrogênio, paraque tenhamos uma decomposição rápida e compouca perda de nitrogênio.

b. Por se tratar de uma atividade feitapor microrganismos, é necessário que omaterial seja umedecido. A água deve ser namedida certa. Seu excesso pode provocar umalavagem do material, empobrecendo-o, além dediminuir a oxigenação e aumentar o tempo dedecomposição.

Matéria orgânica adequada (relaçãomédia de 30 partes de carbono para 1 partede nitrogênio).

Água.

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c. Para que a decomposiçãoaconteça conforme o desejado é necessárioque ocorra na presença de ar.

É feito em camadas, como uma torta. Temos acamada de bolo, mais grossa, que é o materialpobre em nitrogênio. O recheio, numa camadafina, que é o material rico em nitrogênio (estercoou folhas verdes). Outra camada de bolo, maisuma de recheio, outro bolo. E, finalmente, acobertura, feita também com material pobre emnitrogênio.

A primeira camada deve ter cerca de 1,5 metrosde largura, e o comprimento será determinadopela quantidade de material disponível. A alturafinal será de, no máximo, 2 metros. Após estaprimeira camada, de cerca de 30 cm, coloca-seoutra de material rico em nitrogênio, de mais oumenos 5 cm. Após cada camada deve-semolhar o material, evitando que a água escorra.Assim, sucessivamente, até atingirmos a alturadesejada.Se o material já vier misturado, como no caso decama de curral ou de cama de frango de corte, amontagem é feita com o objetivo de molharuniformemente o material. No caso de materiaisque "assentam" muito, ou seja, não permitemuma boa circulação de ar, sugerimos que sejammesclados com outro material que evite estacompactação, como samambaia ou vassouras.

O composto pode também ser enriquecido comadubos minerais, como cinzas, calcários ouqualquer outra rocha moída. A cada camada depalha, se polvilha algum destes adubos, com oobjetivo de melhorarmos tanto a decomposiçãoquanto o produto final.

Oxigênio.

- Como se constrói a pilha do composto?

- O que mais se pode adicionar aocomposto?

Para que o adubo não iniba a decomposição domaterial deve ser usado moderadamente. Nomáximo, 10 kg por m3 de pilha inicial docomposto.

A última camada deve ser de material pobre emnitrogênio para que este não se perca de voltapara o ar. Se adicionamos, ainda, uma finacamada de fosfato natural, as perdas denitrogênio se reduzem a quase nada.

Muitos recomendam que se revire o compostoduas ou três vezes, para que o produto final sejamais estável e para que as temperaturasexcessivas durante a decomposição nãoprovoquem perdas do nitrogênio. No nossoentender, esta prática torna o composto muitocaro, pela quantidade de mão-de-obra,inviabilizando-o para a maioria dos agricultores.Por este motivo acreditamos que uma pilha bemmontada é o suficiente para termos uma boarelação entre custo e benefício, na produçãodeste adubo.

- Precisa revirar a pilha de composto?

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O Dr. Vanderlei Caetano, da Embrapa dePelotas, desenvolveu um tipo decompostagem que além de rápida, exigepouca mão-de-obra.Esta compostagem consiste em fazer comque se desenvolvam microorganismosnativos incorporados ao composto.Inicialmente, coletamos uma parte devolume de material em decomposição(apodrecendo) na mata da propriedade.Após, misturamos com nove (9) partes deestercos. Estes estercos podem ser dequalquer animal, já compostados ou não.Em seguida umedecemos a palha comágua com açúcar a 3%, até ficar úmida osuficiente para não escorrer água porentre os dedos e também manter a misturaunida. Cobrimos a pilha, à sombra, comuma lona preta. Devemos monitorar aunidade todos os dias e, se necessário,acrescentar mais água. Depois de umasemana abrimos a pilha e verificamos deformou mofo, como de um formigueiro.Formou-se, o composto está pronto.Aindapodemos usar dez (10) partes formadaspara acrescentar em mais 90 partes deesterco, refazendo todo o processo. Eassim por diante.

É mais comum a utilização da minhocacaliforniana ( ), assim chamadaporque foram os agricultores deste estadonorte-americano que começaram a criá-lacomercialmente. Ela é vermelha e também éconhecida como minhoca de esterco. A suavantagem é que tem capacidade de sealimentar do esterco ou outro material orgânicofresco. Com isto, sua presença aceleraconsideravelmente a formação do "húmus" deminhoca.

Cada minhoca é um verme macho e fêmea(hermafrodita) que não fecunda a si mesmo.Depois de cruzarem colocam ovos na forma decasulo, que eclodem entre 20 e 30 dias,liberando até 20 vermes por casulo. Em um mêsjá podem reproduzir, possuindo um tempo devida de um a dois anos. Elas soltam um líquidopela sua pele que garante a estabilidade dasparedes dos canais que abrem no solo,enquanto se alimentam tanto de restos vegetaisquanto animais. As partículas são engolidas emoídas no tubo digestivo. Havendo terra juntocom a matéria orgânica os grãozinhos de areiairão ajudar a triturar o alimento.

O esterco da minhoca, também chamado decoprólitos, é constituído de agregados de terra ematéria orgânica. É mais rico em nutrientes queo solo onde se encontra e, por estar em estadomais avançado de decomposição, é maisfacilmente assimilado pelas raízes.

Para se montar um minhocário, com o objetivode produzir vermicomposto para ser utilizadopelo próprio agricultor, deve se partir do materialmais simples possível. No máximo algumastábuas velhas que servem para escorar omaterial, evitando que este se espalhe muito.

Eisenia foetida

- Como se faz um minhocário?6.4. VERMICOMPOSTO

Vermicompostagem é o processo no qual seutilizam as minhocas para digerir a matériaorgânica, originando um adubo mais estável.Existem dois grupos de minhocas que podemser utilizadas com esta finalidade, e que podemser reconhecidas pela cor: as vermelhas ou asacinzentadas.

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As dimensões devem ser de no máximo doismetros de largura por 40 cm de altura. Ocomprimento pode variar em função dadisponibilidade do material.

Para começar é oportuno preparar um bomambiente para que a minhoca se reproduzacom facilidade - a maternidade. Em um canteirode dez metros de comprimento por exemplo,coloca-se no primeiro metro, em camadas,esterco, restos vegetais verdes e secos, umpouco de lixo orgânico, molhando cada umadestas camadas. Por último coloca-se palhaseca, espera alguns dias para aquecer ecomeçar a esfriar e, então, se espalham asminhocas.

A cobertura de palha é importante porque aminhoca não gosta de luz, e precisa serprotegida da incidência direta do sol. Após vintedias, se começa a colocar mais matériaorgânica, sempre no sentido do comprimentodo canteiro, de maneira que as minhocassempre terão alimento à sua disposição. Elasse alimentarão, deixarão para trás seu esterco emigrarão adiante em busca de mais comida.Com isto podemos utilizar o vermicomposto queficou para trás.

O "húmus" é facilmente reconhecido pelo seubom aspecto e odor: É como "terra de mato".Para o uso cotidiano do agricultor não énecessário secar ou peneirar. O material podeser levado ao campo ainda que não estejacompletamente digerido pelas minhocas. Oagricultor não deve se preocupar se algumasminhocas forem levadas juntamente com omaterial. Como seu objetivo não é o decomercializar minhocas, só terá benefícios comesta "fuga".

- Como se usa o vermicomposto?

O agricultor Gílson Freitas, de Morrinhos do Sul,RS, que produzia mudas em bandejas,substituiu o substrato comercial por húmus purode minhoca. Gílson adverte que o húmus temque ter excelente qualidade. Assim sendo, éoportuno secar o material à sombra e peneirá-lo, para que tenha uma granulação fina e sejafácil de ser manejado. Se a muda apresentardeficiência de nitrogênio, podemos utilizar umbiofertillizante em cobertura.

Os agricultores de São Lourenço do Sul, RS,têm utilizado duas a três toneladas de húmuspor hectare, no sulco de plantio da batata,associado à adubação organo-mineral.

Tanto o composto quanto o vermicompostopossuem suas desvantagens. Além da mão-de-obra de preparar e espalhar, outradesvantagem é o fato de que o material sedecompõe fora do local de uso, fazendo comque a vida (a micro e mesofauna) que neles sedesenvolveu tenha pouca possibilidade desobrevivência quando são adicionados ao solo.

Ultimamente tem se falado muito da"compostagem no local" ou "compostagem desuperfície". Ou seja, se coloca o esterco sobrerestos de cultura ou sobre adubação verde, eestes materiais irão se decompor no solo,favorecendo uma evolução conjunta dosmicrorganismos decompositores com o própriosolo. Para que isto aconteça é importante queeste seja um solo vivo, que já venha sendomanejado com base na agricultura ecológica. Avida, ou em outras palavras a micro e mesofauna dos solos é que propiciará que estematerial seja digerido, com todas as vantagensque isto acarreta.

- Quais são as desvantagens do compostoe do vermicomposto?

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Aqui, como em vários outros momentos, adecisão sobre qual é a melhor alternativacaberá ao agricultor, analisando a sua realidadee qual a técnica que se encaixa melhor para assuas necessidades.

Como entendemos que os biofertilizantesenriquecidos são a melhor alternativa paraalcançarmos um suplemento alimentar quemantenha a planta equilibrada, a partir de agorafalaremos especificamente de seu preparo.

O esterco fermentado tem uma atividade aindanão totalmente conhecida. Além dos mineraispropriamente ditos, ele é capaz de fornecer àplanta substâncias fitorreguladoras, tais comoácido indol-acético, giberelinas, citoquininas,além de vários outros aminoácidos quemelhoram a taxa e a eficiência da fotossíntese.

Muito se questiona sobre a necessidade detrabalhar com pulverizações foliares emagricultura ecológica. Para esclarecer estaquestão é interessante pensar no que é afilosfera. Filosfera é a área da superfície de umafolha. Está demonstrado que ao redor de umafolha, na filosfera, acontecem uma série dereações bioquímicas, bem como convivemdezenas de microrganismos. Estas reaçõesacabam por liberar nutrientes importantes,tanto minerais quanto orgânicos, diretamentepara as plantas.A análise dos ecossistemas de florestas temmostrado que a água da chuva que escorredesde as camadas superiores da vegetação émuito rica em nutrientes, tanto de elementosquímicos quanto em formas mais complexas,como aminoácidos, enzimas, açúcares, ácidoshúmicos, hormônios vegetais, etc

6.5 BIOFERTILIZANTES ENRIQUECIDOS

- Como ocorre a ação destes tratamentos?

Ao alcançar o solo, o que não tiver sidoabsorvido pela vida nas diferentes camadasdas plantas, o será pela imensa atividade narizosfera.

As pulverizações foliares, na agriculturaecológica, tentam imitar este recurso que anatureza desenvolveu para partilhar o alimentoentre as diversas plantas.

Nos últimos anos, o uso de biofertilizantes temse ampliado, particularmente aquelesenriquecidos com diferentes tipos de minerais.A nomenclatura utilizada tem sido bem criativa.No Sul do Brasil chamam de Super-Magro,Gororoba e de Biolocal; em Sergipe e Alagoas,é conhecido como Biogeo; em Pernambuco éSuper-Tará; tem também o Biol e muitos outrosnomes.

A intenção na formulação do biofertilizanteenriquecido é que o agricultor possa entender oprocesso e fabricar na sua propriedade. Poristo, se procura utilizar materiais facilmenteacessíveis e de baixo custo, fazendo umatransferência de poder dos cientistas para osagricultores. Normalmente, o que acontececom as descobertas científicas é que elas ficamnos próprios centros de pesquisas ou setransformam em mercadorias de grande valorpara as multinacionais e empresas deagroquímicos. Formulações caseiras debiofertilizantes enriquecidos têm exatamente omérito de serem facilmente apropriadas ereproduzidas pelos agricultores.

Pensamos e observamos que estesbiofertilizantes são uma tecnologia bemavançada, que realmente mostrará seus efeitosquanto mais os agricultores inovarem eadaptarem seu uso e fabricação às suasnecessidades.

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Apesar de estar baseado em sólidos e pioneirosconhecimentos científicos, grande parte do queestá escrito aqui é fruto de uma experimentaçãoparticipativa e segue a intenção de servir comoestimulador de novas experiências por partedos agricultores .

Então vamos por partes. Esta palavra tem, noinício, bio e, depois, fertilizante. Fertilizante todoagricultor sabe o que é, chama normalmente deadubo. Tem adubos de origem orgânica(esterco, cama de aviário, etc.) outros deorigem industrial, chamado de adubo químicoou NPK . E o início bio, é uma palavra grega quesignifica vida.

Nos livros encontramos que biofertilizante é oproduto resultante da fermentação da matériaorgânica na ausência total de oxigênio. Aquiestamos trabalhando com uma definição maisampliada, que envolve também a fermentaçãona presença de ar.De forma simplificada podemos dizer quebiofertilizante é um fertilizante vivo. A vida queele tem vem de pequenos organismos, quetecnicamente chamam-se microrganismos(organismos microscópicos). Todo agricultorconhece e usa microrganismos, pois são osresponsáveis pela fermentação.

- Afinal, o que é este tal de biofertilizante ?

Quando se faz picles, iogurte, chucrute, vinho,cerveja, missô, shoyu e um tanto de outrascoisas, são os microrganismos os responsáveispor estes processos. Como já mencionamos, afermentação pode ocorrer com ou sem apresença de oxigênio.

Na verdade os biofertilizantes são antigos comoa própria humanidade, porém os fundamentoscientíficos de seu uso são bastante recentes.

Sim, existem inúmeros biofertilizantes. Pode-sepensar nos biofertilizantes feitos apenas comesterco e água, ou ainda com qualquer tipo dematerial verde fermentado na água. Existemtambém os biofertilizantes que além da matériaorgânica e água são enriquecidos com algunsminerais como calcários, cinzas, ou qualqueroutra fonte complementar de minerais. Estesúltimos são os que iremos tratar aqui echamaremos de biofertilizantes enriquecidos.Diante da diversidade cultural do Brasil e osdiferentes tipos de solos e cultivos é bempositivo que cada região adapte as formulaçõese denomine estes de uma forma criativa.

Os biofertilizantes são líquidos e podem serusados no solo ou em pulverizações foliares,aplicado com pulverizador.

Então, como dissemos, para fazermos umbiofertilizante precisamos de microrganismos(leveduras, bactérias e fungos), um alimentopara estes microrganismos se desenvolverem eágua. Nesta fermentação, o microrganismotransforma uma parcela do produto numa parteconstituinte dele mesmo.

- E x i s t e m d i f e r e n t e s t i p o s d ebiofertilizantes ?

- Mas o que é preciso para fazer esteBiofertilizante Enriquecido ?

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Um material que a maior parte dos agricultorestem em abundância é o esterco. O de bovino, oude outro ruminante, é particularmenteinteressante porque já vem inoculado com osmicroorganismos necessários para afermentação. Além disto, quando o pasto passapela digestão do bovino, o animal não retiratodos os compostos, restando ainda muitacoisa útil para o uso da planta. Isto a maior partedos agricultores sabe, pois uma planta comesterco tende a ser mais viçosa do que outrasem nada.

Porém, se um solo tem uma carência de ummineral, como por exemplo ferro, o estercodeste animal tende a ser pobre em ferro. Então,se pegarmos o esterco e utilizarmos comoadubo a nossa planta poderá ficar com carênciade ferro.A idéia de enriquecer o biofertilizante é,entre outras coisas, exatamente pararompermos com este ciclo de carências. Nestecaso devemos, além de água e matériaorgânica, colocar ferro, e deixar fermentar pelosmicrorganismos. Assim teremos, ao final desteprocesso, um biofertilizante capaz de matar afome da planta.

Isso mesmo e tem mais. Sabemos que a plantatem capacidade de absorver substâncias tantopelas folhas, quanto pelas raízes. E muitasvezes um solo pode até ter determinado adubo,mas a planta não consegue absorvê-lo pelasraízes. Nestes casos a solução mais barata eeficiente pode estar em aplicarmos por via foliar.Este tipo de aplicação é o que denominamos debiofertilizante foliar. Apesar do esterco ser defácil acesso, na maior parte das propriedadesagrícolas do Sul do Brasil, podem ser utilizadostambém outros materiais como: resíduo desissal, soro de leite, torta de cacau, aguapés,plantas aquáticas, restos de pescado, bagaçode cana etc. O importante é que se utilizematerial existente em abundância e baixo custona região.

- Não é mais fácil usar o esterco sem fazeresta fermentação ?

Mais fácil até pode ser, mas não é maiseficiente. Primeiro, como dissemos, através dafermentação podemos enriquecer estebiofertilizante com minerais que faltam no solo eque são exigidos pela cultura.

Além disso, a fermentação faz com que ocorrauma série de transformações químicas ebiológicas. Ih, agora ficou complicado.

Isto tudo faz parte do ciclo de vida da natureza,cada parte é importante para que a outra sedesenvolva - isto pode ser chamado de escalada evolução.

Vamos pensar juntos. Quando o esterco davaca cai no chão, ele não é absorvidodiretamente pelas plantas. O que acontece éque este esterco é decomposto por diversosmicrorganismos e, junto com os minerais erochas do solo, faz com que sejam liberadosnutrientes para a planta. Esta planta, com a luzdo sol, a água, o ar e os nutrientes do solocresce e produz comida para os animais (vaca,ovelha, cabra, etc) e estes, por sua vez, podemalimentar outros animais. É um ciclo, comotantos outros na natureza. Na fermentaçãotransformamos produtos que não poderiam sercomidos pelas plantas como produtosfacilmente assimilados.

Por exemplo, nós não temos capacidade de"pastar" pois nosso organismo não assimila acelulose (que é um dos principais componentesdo pasto). Porém, a vaca consegue digerir opasto devido aos microrganismos que tem emseu rúmen. Por isso, que aqueles que comemcarne de certa forma comem pasto, tendo avaca como intermediária.

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Quer dizer que este tal de biofertilizantealimenta a planta ?

- Então este biofertilizante é como umagrotóxico ?

Sim, mas não é só isso. Uma das importantespropriedades descobertas a respeito dobiofertilizante é que ele protege a planta, agecomo um defensivo. Esta defesa pode serocasionada por diversos fatores. Um deles éque a planta melhor nutrida tem maiorresistência, como nos explica a Trofobiose. Seuma planta tem a sua disposição tudo o quenecessita, na quantidade e momento corretos,tem todas as condições de se defender, por sisó, de algum ataque de insetos, ácaros, fungos,etc. Por outro lado, como o biofertilizante é umproduto vivo, os microrganismos dobiofertilizante podem entrar em luta com os queestão atacando a planta e destruí-los ouparalisá-los.

Não. Ele até pode produzir um efeito parecidocom o agrotóxico, acabando com o ataque deinsetos ou a doença que a planta tem, porém asua ação e seus efeitos são muito superiores.

Primeiro, o biofertilizante atua fortalecendo aplanta, enquanto o agrotóxico enfraquece aplanta, podendo contaminar o solo, osalimentos e o próprio agricultor.

O agrotóxico age exterminando os seres vivos,enquanto o biofertilizante estimula a vida,atuando mais na resistência da planta, nãopermitindo que o equilíbrio biológico sejaafetado.

Outra diferença importante é o custo: obiofertilizante diminui, e muito, o custo deprodução.

Além destes fatores, o biofertilizante tem emsua composição uma série de componentesquímicos (como, por exemplo, boro, magnésio,zinco, manganês, enxofre e nitrogênio),aminoácidos, vitaminas e hormônios, todoscomponentes importantes para o crescimentovegetal, enquanto a maioria dos agrotóxicostêm ação apenas tóxica.

Não tem grandes mistérios, basta compreenderos princípios anteriores e tomar algunscuidados. Se for fazer um biofertilizante comesterco este deve ser fresco, pois é mais ricoem microrganismos e nitrogênio. A água a serutilizada deve ser a mais pura possível. Água dosistema de abastecimento público comtratamento de cloro e flúor não é aconselhável.

O recipiente onde é feita a fermentação nãodeve receber luz direta do sol, pois este podedestruir parte dos componentes destebiofertilizante, nem água da chuva que podediluí-lo mais do que o desejável.

A adição dos compostos no biofertilizante, deveser de forma lenta. Se fosse possível, seriaaconselhável colocar com um conta gotas,porém isto é inviável devido o tempo e o custo.Alentidão na adição dos compostos é paraperturbar o mínimo possível a fermentação.

Depende. Um dos fatores importantes para estafermentação é a temperatura. Para obiofert i l izante com esterco a melhortemperatura é 38 C, que é a temperatura dapança (rúmen) dos herbívoros seja coelho,camelo, vaca ou veado. No Nordeste, temregiões que em 14 dias podemos ter o produto

- Quais os cuidados necessários para fazero biofertilizante ?

- Quanto tempo leva para ficar pronto ?

o

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pronto. Em regiões onde a temperatura médiado dia é de 18 C pode levar até 90 dias.Quando a fermentação estiver pronta o produtoapresenta um odor agradável e uma separaçãoda parte sólida e da líquida.

Não tem prazo de validade. O importante éguardarmos preferencialmente em umrecipiente de inox, madeira ou vidro. Nãoconvém fechar hermeticamente, já que oproduto pode seguir fermentando e o gásresultante pode criar pressão e explodir.

Sim, mas então temos que fazê-lo fermentar. Aforma de preparo e a qualidade dos produtosutilizados são importantes para ter uma boafermentação. Por exemplo, vacas recémtratadas com antibióticos podem afetar afermentação. Como dissemos, fermentação éum processo realizado por seres vivos, sendoassim qualquer contaminação ou alteraçãobrusca na composição do produto podeparalisar a fermentação.Se isto acontecer, você pode procurar adicionarum pouco mais de esterco fresco, melaço, leite,cinza ou algum outro elemento orgânico de fácilfermentação.Outra alternativa é fazer outro biofertilizante e iradicionando lentamente neste segundo, oprimeiro não fermentado.

Na aplicação de biofertilizante não é necessárioutilização de equipamentos de segurançaindividual como máscara, luvas ou macacão.

o

- Depois de pronto, quanto tempo dápara guardar ?

- Pode acontecer do produto nãofermentar?

- Tem que ter algum cuidado naaplicação ?

O ideal para aplicação e melhor efeito dobiofertilizante é conjugar o maior número deaplicações com a menor concentração. Porexemplo, se fosse possível aplicar 0,01% acada três horas seria melhor do que usar 0,5%por dia. Porém, cada atividade tem um custoeconômico, que o agricultor com bom senso elápis na mão pode calcular.

É importante que o agricultor entenda que oefeito não é diretamente ligado com aconcentração, pois o biofertilizante age de umaforma em que é mais importante a energia doque a matéria envolvida.

Para aplicação do biofertilizante compulverizador, este deve ser previamentefiltrado, impedindo que entupa o pulverizador.Pode ser usado como filtro uma tela mosquiteirade nylon, que é facilmente encontrada emferragens.

De maneira geral podemos dizer que quantomaior a diversidade, melhor, pois oscomponentes da fermentação são aalimentação dos microrganismos. Desta forma,uma alimentação rica e diversificada gera umac o m u n i d a d e d e m i c r o o r g a n i s m o sdiversificados e mais eficazes.

A cinza é um componente importante. A cinza éa nossa ligação com a terra, pois se um corpo équeimado o que resta é a cinza, sendocomposta de fósforo, cálcio, potássio,manganês, etc. Com a lenha ocorrerá o mesmoprocesso, se queimada, restam cinzas quecontêm uma série de elementos mineraisdaquele solo, importantes para fermentação. Acinza é uma forma de energia.

- Tem algum produto importante de serutilizado neste biofertilizante ?

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As cinzas de diferentes plantas têmcomposições diferentes. Por exemplo, omaricá, que é uma leguminosa, tem capacidadede retirar compostos químicos que outrasplantas não retiram tão facilmente, comomolibdênio e cobalto.

As rochas moídas provenientes de rejeitos daextração de minérios, também são umaimportante fonte de minerais para osmicrorganismos que fazem a fermentação.

A prática da agricultura ecológica tem nosmostrado que, quando identificamos anecessidade de utilizar um determinadonutriente em uma planta, é muito mais eficientepassar esse nutriente por um processo defermentação.

A primeira coisa a fazer é identificar quaiselementos queremos pulverizar em nossalavoura.Suponhamos que é uma lavoura de couve-flor equeremos adicionar boro e molibdênio.

Por alguma fonte chegamos à quantidade de500 g de bórax e 50 g de molibdato de sódio porhectare.Começamos, então, o preparo misturandoesterco (se esta for a minha fonte de matériaorgânica) e água. Podemos ainda acrescentarcaldo de cana e leite, por exemplo.

Depende do tamanho da plantação.

6.5.1 BIOFERTILIZANTES ENRIQUECIDOSLÍQUIDOS

- Como fazer o b io fer t i l i zanteenriquecido?

- As quantidades?

Podem ser:

30 litros de esterco70 litros de água5 litros de garapa de cana5 litros de leite2 kg de bórax200 g de molibdato de sódio

De i xamos in i c i a r a fe rmen tação eacrescentamos, aos poucos, o bórax e omolibdato de sódio, e teremos produtosuficiente para 4 hectares de couve-flor.Depende do nosso equipamento depulverização para sabermos qual o percentualde produto que devemos utilizar em água. Segastamos 1000 litros por hectare, nesteexemplo teríamos que colocar 25 litros defermentado, o que significa 2,5%.

É o mesmo raciocínio se queremos usar sulfatode magnésio (sal amargo), em um pomar decitrus ou sulfato de zinco, em um cafezal.Não devemos também esquecer que aagricultura ecológica consiste em um conjuntode práticas que visam um trabalho harmônico ede acordo com as leis da Natureza. Só o uso deuma técnica isolada, como o biofertilizanteenriquecido, pode não trazer os resultados quebuscamos.

O super-magro é uma fórmula que foi idealizadapara a cultura da maçã, no município de Ipê-RS.Tem sido usada com sucesso também emvários outros cultivos, como beterraba,moranguinho, tomate, milho e uva. A suafórmula contém vários elementos úteis masdevemos sempre fazer as adaptaçõesnecessárias à nossa realidade. O importante,como já foi dito, é o princípio da fermentação.

- Como é feito o tal de super-magro ?

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- Para que e como ele tem sido usado ?

- Existem outras sugestões de formulação?

Tem sido usado para diversas culturas. Comoexemplo, temos:

Este biofertilizante enriquecido também podeser utilizado junto com as Caldas Bordalesa eSulfocálcica, principalmente quando queremoso controle de doenças causadas por fungos.

Existem muitas outras possibilidades deformulações.

Esta outra sugestão de biofertilizanteenriquecido é útil, principalmente, para regiõesonde o acesso à compra de nutrientes não é tãofácil, ou que a realidade de cultura e solo nãodemonstra uma necessidade específica dedeterminado nutriente.

Há diferentes jeitos de fazer o super-magro.Vamos falar de um que demora menos tempoaté estar pronto.

- 30 Kg de esterco fresco de gado-

Primeiro, misturar todos os minerais. Então,temos 12,45 Kg desta mistura.

No , num recipiente de 250 litros, colocar30 litros de esterco, 60 litros de água, 3 litros deleite e 2 litros de melado de cana. Misturar beme deixar fermentar, sem contato com sol ouchuva.

Nos, acrescentar 1 Kg desta mistura junto

com 3 litros de leite e 2 litros do melado, a cadavez. Assim, sucessivamente, até o dia 25,quando se coloca o resto da mistura (1,95 Kg),mais o leite e o melado. Esperar de 10 a 15 diase o produto estará pronto para ser peneirado eutilizado.Devemos, durante o processo, observar se afermentação está acontecendo. Se bem feito, oproduto tem um cheiro agradável de melado e éfácil de ser peneirado.

Ingredientes:

2,0 Kg de Sulfato de Zinco- 2,0 Kg de Sulfato de Magnésio- 0,3 Kg de Sulfato de Manganês- 0,3 Kg de Sulfato de Cobre- 0,3 Kg de Sulfato de Ferro- 0,05 Kg de Sulfato de Cobalto- 0,1 Kg de Molibdato de Sódio- 1,5 Kg de Bórax- 2,0 Kg de Cloreto de Cálcio- 2,6 Kg de Fosfato Natural- 1,3 Kg de cinza- 27 litros de leite (pode ser soro de leite)- 18 litros de melado de cana (ou 36 de caldode cana)

dia 1

dia 4, dia 7, dia 10, dia 13, dia 16, dia 19, edia 22

39

Beterraba De 2 a 4 tratamentos, a4%, durante o ciclo

a 5%, durante o cicloDe 8 a 10 tratamentos,

De 8 a 10 tratamentos,a 3%, durante o ciclo

De 4 a 8 tratamentos, a 3-4%,variando conforme a época,a variedade e o ano

Pulverizar as sementes comuma solução a10%. Deixarsecar na sombra e efetuar oplantio normalmente

De 10 a 15 tratamentos, a35%, variando conforme aÉpoca, a variedade e o ano

Tomate

Moranguinho

Uva

Milho

Maçã

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Ingredientes:

dia 1

dia 4, dia 7, dia 10, dia 13, dia 16, dia 19,dia 22 e dia 25

Ingredientes:

- 30 litros de esterco fresco de gado- 18 litros de leite ou soro de leite sem sal- 18 litros de caldo de cana ou 9 litros de

melado de cana- 7 Kg de cinza- 3 Kg de farinha de ossos ou ossos torrados

e moídos- 3 Kg de fosfato natural- 3 Kg de calcário

Misturar bem a cinza, a farinha de ossos, ofosfato natural e o calcário. Teremos então 16Kg de minerais.

No , em um recipiente de 250 litros, colocar30 litros de esterco, 60 litros de água, 2 litros deleite e 1 litro de melado de cana. Misturar bem edeixar descansar, sem contato com sol ouchuva.

Nos, num balde pequeno, dissolver 2

Kg da mistura, 2 litros de leite e 1 litro de meladode cana.

Colocar no recipiente maior, misturar bem edeixar descansar sem contato com sol ouchuva.

Esperar 10 dias e estará pronto para usar. Umarecomendação geral pode ser o uso de 5 litrosda mistura em 95 litros de água.

Para a cultura da batatinha, de um modo geral,tem sido usada outra formulação.

- 30 litros de esterco fresco de gado- 18 litros de leite ou soro de leite sem sal

- 18 litros de caldo de cana ou 9 litros demelado de cana

- 5 Kg de cinzas- 2 Kg de farinha de ossos ou ossos torradose moídos

- 3 Kg de fosfato natural- 3 Kg de Calcário- 3 Kg de Bórax- 1 Kg de Sulfato de Manganês

O jeito de fazer é o mesmo das formulaçõesapresentadas antes.

O Juca, produtor de moranguinhos em PortoAlegre, prepara uma outra mistura em umrecipiente de 200 litros. Ele usa, como medida,uma lata de 20 litros.

- 1 lata de esterco fresco de gado- meia lata de esterco fresco de galinha- 2 latas de diferentes folhas verdes- 30 litros de leite ou 30 litros de soro de leite

sem sal- 18 litros de garapa de cana- 1 lata de cinzas- 4 Kg de farinha de osso ou osso torrado e

moído- 1 Kg de farinha de conchas ou ostra- cascas de ovo

Completar com água e mexer bem. Esperar de10 a 15 dias e coar.

Pulverizar a 2-5%.

Uma outra idéia é fazer um fermentado só comvegetais, sem usar estercos.

Pode ser feito em um recipiente de 250 litros.

- Alguma outra fórmula?

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Ingredientes:

Ingredientes para um recipiente de 100litros:

dia 1

dia 7

- 50 quilos de diferentes folhas verdes- 20 litros de leite ou 20 litros de soro de leitesem sal

- 20 litros de garapa de cana- 1 lata de cinzas- 4 ossos torrados e moídos- Cascas de ovo

De preferência colher as ervas do própriolocal que se pretende pulverizar.Adicionar 100 litros de água.Esperar fermentar por aproximadamente 10-20dias, e estará pronto para ser peneirado eutilizado.Também aqui uma recomendação geral podeser de 5%, em tratamentos foliares.

- 20 quilos de diferentes folhas verdes- 5 litros de leite ou de soro de leite sem sal- 5 litros de melado de cana ou 10 litros de caldode cana

- 3 Kg de cinzas- 3 Kg de farinha de ossos ou ossos torrados emoídos

- 3 Kg de farinha de conchas ou ostras

Misturar a cinza, a farinha de ossos e a deconchas. No , misturar a metade dosingredientes secos, mais as folhas e metade doleite e do caldo de cana, completando comáguas. No , misturar o resto dosingredientes. Esperar de 10 a 20 dias e usar de2 a 5%.

A família Venturin, de Caxias do Sul, elaborouum biofertilizante para usar em folhosas (alface,radite, rúcula, etc.) e outras hortaliças, paraquando se quer desenvolver as folhas.

Ingredientes para um recipiente de 200litros:

PARAO FERMENTOATIVADOR

Biofertilizante Bokashi

- 1 colher de fermento biológico de pão- 1 colher de lúpulo- 1 colher de levedo de cerveja- ½ litro de leite- 200 gramas de açúcar mascavo ou caldo de

cana- 1 copo de 200 ml de iogurte natural- 2 laranjas emboloradas ou 4 fatias de pão

embolorado (mofado)

Misturar todos os ingredientes e triturar noliquidificador. Após, misturar com mais 5 litrosde água em um balde. Cobrir com um pano edeixar fermentar por 2 dias.

Misturar o fermento em uma bombona de 200litros com 50Kg de esterco de aves, 20Kg deesterco fresco de gado, 3 litros de leite, 3Kg deaçúcar mascavo e 70 litros de água. Agitartodos os dias. Ficará pronto em 7 a 10 dias.Antes de começar a usar, misturar mais 40 litrosde água e mexer. Poderá ser utilizado no outrodia, usando de 2 a 3%, sempre aplicadosozinho.

Este fermento também pode ser usado parafacilitar a compostagem, diluindo todo o volumedo fermento inicial (5 litros) em 50 litros de águae umedecer a pilha da compostagem.

O bokashi é um fertilizante orgânico, substitutodos adubos minerais, que contém N, P, K, Ca,Mg e micronutrientes.

6.5.2 BIOFERTILIZANTES SÓLIDOSA D U B O S F E R M E N T A D O S T I P O"BOKASHI”

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Fornece às plantas nutrientes de forma brandae eficiente, que são absorvidos através demicroorganismos que se multiplicam na regiãoda raiz.

- 500 Kg de terra virgem- 200 Kg de torta de oleaginosa (soja, mamona,girassol, colza, bandinha de feijão)

- 170 Kg de esterco de galinha (seco)- 50 Kg de farinha de ossos- 50 Kg de farinha de peixe- 30 Kg de farelo de trigo- 20 litros de fonte de amido (bata ta doce,

milho)- 1,5 litros de inoculante

- Esparramar a terra virgem, com 50 % deumidade, em chão batido ou cimentado.Acrescentar à torta, o esterco e as farinhas.Misturar bem com pá ou enxada, esparramandonovamente a mistura. A mistura pode serrepicada 2 ou 3 vezes.

- Ferver 20 litros de água, adicionar 3 Kg defarinha de mandioca ou ferver 5 Kg de batata-doce pré-cozida, 3 Kg de açúcar mascavo emisturar bem. Será formado um mingau que éresfriado até 25 ºC.

- Esparramar o mingau de amido sobre a terra,já disposta sobre o piso, juntamente com oinoculante. Opcionalmente pode-se adicionar àmistura 40 a 50 Kg de pó de carvão ou casca dearroz semi calcinada. Misturar bem e umedecernovamente a mistura até 50 %. Amontoá-la ecobri-la com sacos de aniagem ou esteiras.

- É necessário manejar a mistura, pois após

Ingredientes:

Modo de preparar:

(ver inoculante crioulo)

apenas 24 horas de conclusão, poderá atingiraté 65 ºC. Quando isso ocorre é necessáriorepicar a pilha. Aos 7 dias o bokashi estaráestabilizado e pronto para o uso. Obiofertilizante poderá ser armazenado emsacos de aniagem, quando seco a 12% deumidade.

O bokashi pode ser utilizado imediatamenteapós o seu preparo, ou depois de armazenado.Quando aplicado no sulco, põe-se 150 g pormetro linear. Pode ser aplicado também a lanço,à base de 600 a 1000 g por metro quadrado.

Obs: a terra deve ser argilosa, retirada debarranco, com baixo teor de matéria orgânica emicroorganismos. Um forma prática de verificarse a terra está a 50 % de umidade é pegar umpouco dela e apertar na mão. Não deve escorrerágua, e quando se abre a mão, a terra esboroafacilmente.

(Adaptado de "Adubos caseiros e caldas:receitas para nutrição e proteção das plantas",ASPTA).

Cada agricultor deve pesquisar e adaptar osingredientes, de acordo com aquilo que existena sua propriedade.Alguns produtos podem ser substituídos ouaumentados. Outros podem ser retirados, comoé o caso da cama de aviário e do esterco deporco de granja, por causa dos antibióticos edos hormônios de ração.Essa liberdade de adaptar e modificar é quegarante a independência. A forma preparoabaixo descrita é resultado da experiência e dasadaptações realizadas pelos agricultoresecologistas da região de Torres - RS

Modo de usar:

Adubo da independência

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Ingredientes:

Modo de preparar:

- 500 kg de terra virgem ou esterco velho oucomposto;- 12 sacos de estercos que tem na propriedade,de preferência frescos (esterco de gado,esterco de porco, cama de aviário peneirada,esterco de galinha, ovelha, cavalo);- 200 kg de bandinha de feijão ou soja moída(opcional);- 30 kg de farelo de trigo ou arroz;- 100 kg fosfato natural;- 200 kg de pó de rocha ou 100 kg de cinza;- 50 kg de calcário de conchas (opcional);- 3 kg de melaço de cana ou 3 kg de açúcarmascavo;- 2 litros de inoculante natural (é necessárioadquirir ou fazer em casa ver fórmula defermento crioulo);

- Reunir os ingredientes necessários no localonde será fabricado, de preferência longe decasa, devido ao cheiro forte nos primeiros diasde fermentação. É bom escolher um localcoberto, de chão batido ou piso de cimento(menos recomendado).

- A terra deve ser argilosa, com baixo teor dematéria orgânica e microorganismos, com 50 %de umidade. O teor de umidade está adequadose quando aperta um punhado de terra nãoescorrer água, e quando se abre a mão a terraesboroar facilmente.

- Colocar o esterco velho ou composto no localonde vai ser fabricado.

- Esparramar todos os ingredientes no chãobatido, fazendo camadas finas. Por primeirocolocar o composto, e em seguida, despejar porcima os outros produtos em camadas finas.

- Colocar 3 kg de açúcar mascavo (açúcaramarelo) dentro de uma vasilha com 15 litrosde água. Mexer bem e colocar os 2 litros deinoculante natural. Isso deve ser feito antes deiniciar a montagem dos ingredientes.

- Derramar o fermento sobre os ingredientes jámisturados e molhar com água pura, mexendobem para conseguir uma boa mistura. Essamistura deve ficar com 50% de umidade.

- Depois de tudo isso, amontoar um pouco,numa altura que não passe de 40 centímetros.

- Todo dia precisa ser mexido para nãoesquentar demais. No verão, o adubo ficapronto em 7 dias. No inverno, leva de 10 a 15dias para ficar pronto. Cuidar para que o calornão passe dos 60 graus. Se for preciso, esfriarcom água na hora de mexer.

Após a fermentação, o ADUBO DAINDEPENDÊNCIA pode ser guardado emsacos ou em um monte.

Depois de pronto a umidade não deve passardos 13%. Caso esteja úmido, dá para secar umpouco na sombra.

Elaborado através de microorganismos nativos,este fermento tem como objetivo ar e i n o c u l a ç ã o d a s d i v e r s i d a d e s d emicroorganismos nativos de cada região,através da multiplicação de populações nativaspresentes em ambientes preservados, como osremanescentes florestais existentes em nossascomunidades.Este fermento é utilizado para elaboração doadubo bokashi ou da independência.

Fermento criouloFermento Caseiro para Bokashi

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Ingredientes:

Modo de preparar a fermentação sólida:

-

Ingredientes para a fermentação líquida(continuação da fermentação):

- 40 kg de folhas e madeira em decomposiçãode mato virgem de sua propriedade

- 40 kg de farelo de arroz ou trigo- 5 litros de melaço, açúcar mascavo oumelado

- 5 litros de soro de queijo sem sal

- Juntar todos os ingredientes e misturar bem.Se tiver algum galho ou outro material um poucogrande, podem ser retirados.

- Depois de bem misturado, o material deveestar um pouco úmido, em torno de 40 a 50%.Se for usado açúcar mascavo, deve sercolocado um pouco de água, algo em torno de 3litros ou mais.

- Colocar a mistura em um tonel e compactar umpouco para retirar o ar. Sobre o materialcompactado, colocar um plástico para separar oar restante que está dentro do recipiente.

A fermentação é anaeróbica, portanto, orecipiente deve ser bem vedado, mas não énecessário fazer isso com uma mangueirainserida em um recipiente com água, basta abrira tampa do tonel deixar escapar a pressão quese forma com a fermentação.

A receita pode ser reduzida de acordo com asnecessidades de cada um ou de acordo com otamanho do tonel vedado que se tem.

Deixar a fermentação ocorrer por30 dias sem abrir o tonel.Importante:

- 20 kg de fermento pronto (citada acima), ou 20litros de fermento líquido

- 40 kg de farelo de arroz ou trigo- 5 litros de melaço ou açúcar mascavo- 5 litros de soro de queijo sem salCompletar um tonel de 200 litros com água nãoclorada

A fermentação é anaeróbica e deve ser feita porno mínimo 15 dias.

Esta fermentação pode serrepetida por no máximo 4 vezes, depois disso, énecessário iniciar novamente para não perder aqualidade.

- 20 kg de fermento pronto- 10 litros de melaço- 1 litro de soro de queijo

Completar um tonel de 200 litros com águaFazer fermentação anaeróbica por 3 dias eusar no bokashi.

Como já foi dito, estes fermentados são comoreceita de bolo, cada um pode ter a sua. Oimportante são os conhecimentos sobre osprocessos envolvidos na fermentação e queforam parcialmente discutidos aqui. Muitosingredientes que não foram nem citados nestacartilha podem ser utilizados para enriquecer osbiofertilizantes, como farinha de carne, restosmoídos de fígado, restos de peixe, o própriosangue.

Todos estes são elementos ricos em minerais,substâncias orgânicas e microorganismos, quesão exatamente o que procuramos paramelhorar a saúde de nossas plantas, e evitarperdas nas colheitas.

-

Mistura rápida para fazer bokashi

Importante:

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7. CALDAS NUTRICIONAIS EFITOPROTETORAS

Damos esta denominação a produtos que pelassubstâncias orgânicas e minerais que possueme pela diversidade de micronutrientes, exercemuma ação benéfica sobre o metabolismo dasplantas, aumentando a proteossíntese. Entreeles estão as cinzas, leite ou soro de leitediluídos, água de vermicomposto, enxofre,caldas bordalesa e sulfocálcica, esterco líquidofermentado, enriquecido com macro emicronutrientes.

A calda bordalesa constitui-se em um eficienteproduto para controle e prevenção de doenças,principalmente aquelas causadas por fungos,por sua ação de antibiose e nutricional sobre aplanta.

para calda a 0,3%:

Dissolver 300 g de cal em 50 litrosDissolver 300 g de sulfato de cobre em 50 litrosFazer a mistura.

A cal virgem é melhor, neste caso deve-seproceder a queima com , antes dediluí-la para fazer a mistura com o sulfato decobre.Dissolver bem os ingredientes.Durante o processo de mistura da cal com osulfato de cobre, fazer lentamente, misturandode forma constante.Permanecer agitando a calda durante a todo aaplicação.

7.1 CALDA BORDALESA

Calda Bordalesa

Modo de preparo

Cuidados na elaboração da calda:

pouca água

Tabela XX:

Concentrações:

Relação pH, efetividade e adesividade da caldabordalesa.

Como a tabela acima apresenta, as caldas compH mais BAIXO, próximo de 6,5, são maisefetivas no controle de doenças, mas possuempouca adesividade (grupa pouco na planta).Caldas com o pH ALTO são bastante adesivasna planta, mas pouco eficientes no controle dedoenças. Então, em casos de uso de caldascom pH baixo há a necessidade de utilizar umadesivo espalhante como figo da índia oufarinha de trigo. O monitoramento do pH podeser feito através de papel indicador de pH, quepode ser encontrado em lojas de produtosagrícolas ou lojas de produtos de laboratório.Sempre que houver troca de marca ou novacompra do cal ou do sulfato de cobre énecessário fazer o monitoramento de pH.

as concentrações variam de0,25 % a 2 %. Trabalhos realizados pela Epagriem tomate i ro demonst ra ram que aconcentração de 0,3% foi a mais eficiente.

Na Estação Experimental da Cascata -Embrapa Clima Temperado - idealizou-se eprocedeu-se a elaboração e a avaliação de umacalda cúprica com tenacidade igual ou superiorà calda bordalesa, com estabilidade,capac idade de molhamento e açãofitossanitária semelhante, porém com

7.2 CALDA CÚPRICA EEC

45

pH 6,5 Alta

Efetividade Adesividade

Alta

Média Média

Baixa

Baixa

pH 7,0

pH > 10

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concentração de 200 a 400 vezes menos cobredo que a calda bordalesa clássica a 1%. Paratanto, foram incorporadas sementes de linho àelaboração da calda.

As sementes de linho possuem um óleoaltamente resinificante, que funciona comoespalhante adesivo e na mistura após aaplicação ajuda na formação de um filmeprotetor sobre as superfícies tratadas. Asemente de linho também é citada porapresentar propriedades antiinflamatórias,podendo atuar como desinfetante e cicatrizantequando usada em animais (Garcia & Lunardi,2001).

A calda cúprica EEC foi formulada com oobjetivo de ter as vantagens fitossanitárias dosf u n g i c i d a s c ú p r i c o s , m i n i m i z a r a sdesvantagens do acúmulo de cobre noambiente e reduzir custos de produção.

- Vinagre- Sementes de linho ( )- Sulfato de cobre

O preparo dos componentes que formam aCalda Cúprica EEC segue a seguinteseqüência:

a. Solução estoque de sulfato de cobre pentahidratado a 10%.

b. Estoque do macerado de semente de linho evinagre de uva na proporção de 1 para 8(relação peso/volume) e obtida da seguintemaneira:

Ingredientes:

Modo de preparar os componentes:

Linum usitatissimum, L.

c Embeber a semente em vinagre de uva pordois dias em vasilha fechada;

d. Moer o macerado finamente, emliquidificador ou equipamento com atividadesemelhante.

e. Armazenar a mistura, no escuro, por duassemanas;

f. Após duas semanas, o material moído écoado em peneira de malha inferior a usada nosbicos do pulverizador e armazenado em vasilhafechada, ou diluir a dose a ser usada em umpouco de água no momento do uso e apóspeneirar. Fica mais fácil.

O preparo da Calda Cúprica EEC a 1/20 000segue a seguinte seqüência:

1. Água potável: 100 litros2. Estoque do macerado de semente de linhoe vinagre: 0,5 litro3. Solução estoque de sulfato de cobre pentahidratado a 10%: 0,05 litro (50ml)

Colocar o macerado de semente de linho evinagre na água, agitar bem e sob agitaçãoadicionar a solução de sulfato de cobre.

O vinagre usado tem sido o de uva. O objetivo éaproveitar a ação complementar dosantibióticos produzidos durante a fermentaçãoalcóolica e acética. Vinagres obtidos de outrasfrutas poderão ter desempenho semelhante.Testou-se a Calda Cúprica EEC nas seguintesculturas: batata, duas aplicações com intervalode uma semana, nas dosagens de 1/10.000,1/20.000 e 1/40.000 em comparação com acalda bordalesa a 1%.

.

Modo de preparar a Calda Cúprica EEC:

Usos:

46

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Aaplicação da Calda Cúprica EEC na cultura dabatata, cultivar Pérola, na dosagem de 1/10.000cont ro lou f i tó f to ra , mas apresentoufitotoxicidade no meristema apical manifestadapor redução de crescimento; na dosagem de1/20.000 o controle foi igual ao da caldabordalesa à 1% e sem fitotoxidade; na dosagem1/40.000 a eficiência de controle foi de 60% emrelação ao da calda bordalesa à 1%. Atestemunha foi totalmente queimada pelafitóftora.

Em citrus, a aplicação da calda, na dosagem de1/20.000, propiciou uma intensa descamaçãoda fumagina, redução de liquens nos troncos elimpeza das folhas, que se mostraram maisverdes.

No pessegueiro foram feitas duas aplicaçõesem tratamento de inverno: uma antes da poda eoutra após a poda, nas dosagens de 1/10.000 e1/20.000.

No pessegueiro a calda, na proporção1/10.000, mostrou desempenho semelhante acalda bordalesa à 2%, ocasionando limpeza deliquens nos troncos e folhas. Já naconcentração de 1/20.000, a limpeza de liquensnos troncos foi menos evidente, massatisfatória, e a sanidade das folhas foisemelhante a calda bordalesa à 2% e a calda naconcentração de 1/10 000.

A nova calda propicia os benefíciosfitossanitários dos fungicidas cúpricos,minimizando as desvantagens do acúmulo decobre no ecossistema e ainda reduzindo oscustos de produção.

Enquanto não houver estudos sobre resíduosde cobre, o produto não deve ser usado emfolhagens e frutos usados na alimentação.

Os resultados sobre a avaliação da CaldaCúprica EEC, embora preliminares, devem sercolocados ao conhecimento de outros gruposde pesquisa, para que possam melhor avaliá-lae testá-la em outras espécies e ambientes.

A Calda Cúprica EEC tem potencial para serusada onde atualmente é recomendado a caldabordalesa, reduzindo 200 vezes a quantidadede cobre aplicado.

A quantidade reduzida de cobre na caldaminimiza custos e aumenta a segurança.

Fonte: Vanderlei da Rosa Caetano e AntônioRoberto M. de Medeiros, pesquisadores daEmbrapa Clima Temperado.

Esta calda é eficiente no controle de váriasdoenças e pragas da videira, pessegueiro,ameixeira, pereira, figueira, citrus, alho, cebola,tomateiro e outras espécies frutíferas eolerícolas. Acredita-se também que a açãopositiva sobre a fitossanidade das plantas se dêem parte pela influência positiva que esta caldaexerce sobre o metabolismo das plantas, peloseu conteúdo em cálcio, magnésio, enxofre emicronutrientes, ativando o processoenzimático e estimulando a proteossíntese(CLARO, 2001).

5 Kg enxofre5 Kg de cal virgem10 litros de água1 copo de álcool2 recipientes de 50 litros para realizar a fervurada calda, não podendo ser de cobre ou dealumínio; e uma pá de madeira

7.3 CALDA SULFOCÁLCICA(Adaptado de Soel Claro, 2001)

Ingredientes e materiais necessários parafazer 25 litros de calda:

47

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Vasilhas de vidro, plástico ou madeira paraarmazenar o produto.

A) No recipiente A colocar água para ferver,para utilizar na elaboração da calda;

B) No recipiente B colocar o enxofre peneiradoderramando 5 litros de água fervente paradissolvê-lo formando uma pasta. Adicionar umcopo de álcool mexendo com uma pá demadeira;

C) Após formar a pasta de enxofre, acrescentaraos poucos a cal, em seguida derramardevagar 5 litros de água fervendo e com a pá demadeira agitar continuamente a pasta;

D) Uma vez bem misturados a cal com oenxofre, formando uma pasta, colocar orecipiente B no fogo alto e cozinhar a pasta por15 a 20 minutos;

E) A seguir, acrescentar sobre a pasta mais 15litros de água fervente para completar o volumede 25 litros;

F) Completando o volume de 25 litros, o fogodeve ser mantido sempre alto, o volume deveser mantido sempre o mesmo podendo ficar umpouco acima do nível inicial, recomenda-se quea cada 5 minutos seja monitorado o volume dacalda. Se necessário acrescentar águafervendo.

G) O tempo necessário varia, mas em torno deuma hora após ter completado os 25 litros, acalda deve obter a graduação desejada acimade 20º a 22º Baumé. No início da fervura, acalda apresenta-se com cor amarelada e nofinal com a cor pardo avermelhada.

Modo de preparar:

H) O uso de água fervente agiliza o processo deelaboração e possibilita elaboração de umacalda de melhor qualidade.

I) Deve-se ter o cuidado de evitar a inalaçãodos vapores exalados pela reação e queimados produtos durante a fervura.

J) A calda deve ser guardada em vasilhasfechadas em locais protegidos, de preferênciaescuros, que possibilitam um maior tempo deconservação, podendo ser conservada por umou mais anos sem perder sua eficácia.

Tabela: recomendação de uso da caldasulfocálcica

Como usar:

Deve-se ter cuidado com as dosagens e asépocas de uso da calda para não causarfitotoxidez nas plantas.

Na página a seguir as doses e épocas deaplicação, que devem ser adaptadas a cadasituação.

48

Page 51: Cartilhaagriculturaecologica 090730095229-phpapp02

Existe no mercado calda sulfocálcica em pó,neste caso seguir orientações de cada produto.Tem-se observado a campo que a calda liquida,tem sido mais eficiente do que a calda em pó.

Para fazer o ajuste da concentração da caldapode-se utilizar a tabela da página seguinte.Para saber fazer a diluição deve-se saber qual éa Concentração Original da calda sulfocálcicaque possui e qual é a Graduação da Caldadesejada que pretende aplicar nas culturas.

Atabela da página seguinte:

Diluição da calda sulfocálcica, quantidade deágua necessária para ajustar a concentração

Sabendo isto, é só ir à tabela ver o que indica oexemplo a seguir:

Elaborar uma calda de 0,5º Bé a partir de umacalda sulfocálcica com concentração original de22º Bé.

49

Tabela abaixo: recomendação de uso da calda sulfocálcica.

Alho

Concentraçãoem ºBé

Época de aplicação

Caqui

Cebola

Citrus

Ervilha

Fava

Feijão

Figo

Maçã

Maçã

Pêra

Pêra

Pêssego

Uva

Ferrugem

Contra esporos e micéliosdormentes de fungos

Feltro, rubelose, ácaro.

Contra esporos e micéliosdormentes de fungos

Contra esporos e micéliosdormentes de fungos

Contra esporos e micéliosdormentes de fungos

Contra esporos e micéliosdormentes de fungos

Contra esporos e micéliosdormentes de fungos

Sarna e monilinia

Sarna e monilinia

Ferrugem

Ferrugem

Ferrugem

Ferrugem

0,3 º

0,3º

0,4 a 0,8º

0,3º

0,3º

0,3º

0,5º

0,5º

3,5º

Fase de crescimento

Fase de crescimento

Fase de crescimento

Fase de crescimento

Fase de crescimento

No inverno, durante adormência da planta.

No inverno, durante adormência da planta.

No inverno, durante adormência da planta.

No inverno, durante adormência da planta.

No inverno, durante adormência da planta.

No inverno, durante adormência da planta.

Antes da brotação

Fase de florescimento

Fase de florescimento

Doenças e insetos

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Primeiro passo:

Segundo passo:

Terceiro passo:

identificar na coluna daCONCENTRAÇÃO DA CALDA ORIGINAL alinha de 22º Bé.

identificar a coluna daCONCENTRAÇÃO DA CALDA DESEJADA,que no caso de nosso exemplo é 0,5º Bé.

identificar o ponto em que alinha da CONCENTRAÇÃO DA CALDAORIGINAL DE 22 º Bé cruza pela coluna daCONCENTRAÇÃO DE CALDA DESEJADA,que no caso de nosso exemplo é de 0,5 º Bé.

Neste ponto vai determinar o volume de águaem que devemos diluir um litro de caldaconcentrada para obtermos a nossaconcentração que desejamos, que no caso denosso exemplo consiste em 51 litros de água.

, se tivermos 1 litro de caldasulfocálcica de concentração original de 22 º Bée adicionarmos 51 litros de água, teremos umacalda a 0,5º Bé para aplicarmos.

Em síntese

50

33º Baumé

32º Baumé

31º Baumé

30º Baumé

29º Baumé

28º Baumé

27º Baumé

25º Baumé

22º Baumé

20º Baumé

17º Baumé

4,0º9,4

9,0

8,6

8,2

7,8

7,4

7,1

6,45,3

4,73,7

3,5º

10,9

10,59,9

9,5

9,18,7

8,3

7,46,25,5

4,4

3,0º12,9

12,411,911,310,8

10,3

9,88,9

7,56,6

5,3

2,0º

20,2

19,3

18,5

17,7

17,0

16,2

15,4

13,9

10,58,5

1,5º

27,326,2

25,1

2423,0

21,9

20,9

18,9

16,2

14,4

11,7

1,0º

41,438,7

38,1

36,5

34,8

33,3

31,929,0

24,722,017,0

0,8º

52

50

48

46

44

42

40

3631

2823

0,3º142

137

131

129120

116

110

101

86

7764

Concentração da calda desejada (ºBé)Concentraçãooriginal 0,5º

84

81

77

74

7168

65

59

51

45

37

11,8

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8 . M A N E J O D A V I D E I R A ,PESSEGUEIRO E TOMATEIRO:EXPERIÊNCIA NA REGIÃO DASERRA GAÚCHA

8.1. CULTURA DA VIDEIRA

8.1.1. ECOLOGIA

8.1.2. LOCALIZAÇÃO DO PARREIRAL

O objetivo é relatar as experiências em manejoagroecológico da videira, pessegueiro etomateiro, construídas ao longo deste anospelos agricultores ecologistas e técnicosenvolvidos com agricultura ecológica, naRegião Serra do Rio Grande do Sul.

O clima ideal para a parreira é um invernorigoroso e seco, uma primavera com chuvasnormais e um verão seco. Quando o verão écom muita chuva a uva produz muito ácidotartárico, produzindo gosto de uva verde novinho. Se o inverno for com muita chuva abrotação das gemas produtivas se tornairregular e ocorrem mais doenças. Naprimavera a chuva excessiva aumentaconcentração de ácido málico diminuindoacúmulo de vitaminas e substâncias corantes eácidos formadores de sabor, produzindo bagasmenores e menor consistência.Como podemos ver o clima da Região da SerraGaúcha não é exatamente o ideal para a culturada uva, pois temos primavera e verãonormalmente com muita chuva. Daí decorremas dificuldades de produção da uva nas nossascondições. Temos por isso que adotar técnicasde manejo cuidadosas no sentido de promovermaior ventilação, permitir boa insolação elocalizar bem o parreiral.

Para uma produção ecológica tranqüila énecessário localizar bem os parreirais.A exposição solar Norte, protegida dos ventos

frios do Sul é a garantia de que problemas comoantracnose sejam mínimos e, também,segurança de que as plantas pegarão sol cedo -o que diminuirá a umidade a nível foliar,reduzindo as condições para o estabelecimentofungos (antracnose e míldio).

A terra deve ser bem drenada e profunda paraas plantas não fiquem estressadas por excessoou falta de água, o que favorece a entrada dedoenças. Além disso, uma terra profunda vaifornecer melhores condições para odesenvolvimento das raízes e melhorfornecimento de água e nutrientes. A meiaencosta, deste modo, é o ideal.

Devem-se evitar os solos muito pesados(argilosos), porque eles não permitem umaoxigenação e o desenvolvimento das raízescomo a parreira necessita. Quando for cultivarnestes terrenos, colocar um porta-enxerto quese adapte bem a eles (p.ex. Paulsen 1103).

é a uva mais cultivada na Serra Gaúchae também aquela com maior área de produçãoecológica. É sensível à antracnose e míldio anível foliar e a fungos de solo também. Dasvariedades americanas é a mais resistente àpérola-da-terra e fusariose.

é a mais resistente das variedadesamericanas quanto às doenças foliares. Podeter problemas com antracnose, mas muitoraramente. O principal problema é a incidênciade fungos de solo, por isto recomenda-se o usode porta-enxertos.

é resistente a míldio massensível à antracnose, por isso deve serplantada em área protegida dos ventos frios doSul ou fazer quebra-vento. Também é sensívela fungos de solo, sendo recomendado o uso deporta-enxerto resistente a estes fungos.

8.1.3. VARIEDADESIsabel:

Bordô:

Concord (Francesa):

51

MANEJO DE CULTURAS: UVA, PÊSSEGO, TOMATE

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Niágara:

Viníferas:

De mesa:

Adubação verdeAs adubações verdes podem ser divididasem 2 grandes grupos:

uva muito apreciada para mesa; ocomportamento quanto as doenças foliares éigual à Isabel.

esta no começo da produçãoecológica de viníferas na Serra Gaúcha.Cabernet Sauvignon e Gamay são as que têmsido testadas há três anos e tem sido possívelproduzir no sistema ecologico.

Itália, Rubi e Perlona têm sidoproduzidas ecologicamente com excelentesresultados em sistemas protegidos com lonaplástica.

Para começar um sistema de produçãoecológico, a primeira coisa que deve ser feita éusar adubação verde.Os solos em nossa região devem permanecersempre cobertos, tendo em vista que sãodeclivosos e a erosão é muito alta,empobrecendo o solo e causando outrosprejuízos para o solo e para as plantas.Esta cobertura pode ser feita com plantasintroduzidas, como aveia, ervilhaca, centeio,nabo forrageiro, etc., ou com as plantas nativas/ espontâneas.Vai depender da decisão/opção de cada um.

Além disso, já foi vista a importância daadubação verde nos sistemas ecológicos deprodução na página 25 desta cartilha.

Obs: A nível de solo tem ocorrido muitamortalidade quando em pé-franco para Bordô,Concord e Niágara, sendo recomendado uso deporta enxertos resistentes a doenças.

Manejo de solo e adubação:

As gramíneas

As leguminosas

O caso do azevém

(exemplos: aveia, centeio,cevada, azevém, trigo, etc.) são plantas maisfibrosas, que demoram mais para decompor(apodrecer) e, por isto, quanto maior aquantidade de palha que se produzir menos"inços" crescerão e mais tempo o solo ficaráprotegido da chuva. Como elas demoram maispara decompor, também demoram mais paraliberar os nutrientes que absorveram e asbactérias que fazem a decomposição vão retirarN do solo para decompor a palha. É por issoque pode faltar nitrogênio para as parreiras seusarmos somente adubações verdes degramíneas.

(exemplos: ervilhaca, trevo,fava, tremoço, etc.) por sua vez são maismacias e se decompõem mais rápido. Nesteprocesso devolvem mais rapidamente osnutrientes que retiram do solo durante o seucrescimento. Além disso, as leguminosas fixamnitrogênio do ar, através de microrganismos(bactérias) que estão nas raízes das plantas. Aervilhaca, por exemplo, pode deixar até 90 kgde nitrogênio por hectare por ano (comparandosão 4 sacos de 50 kg de uréia).

O nabo forrageiro não é gramínea e nemleguminosa. É uma crucífera. É uma excelenteadubação verde, tem crescimento rápido,recicla muitos nutrientes e descompacta o solocom suas raízes fortes. Também é macia comoas leguminosas, decompõe-se rapidamente elibera logo os nutrientes para as plantas.

O que tem acontecido com freqüência nossistemas ecológicos é o domínio do azevém.Ele tem grande ressemeadura natural e acabagerminando anualmente.É uma excelente planta de cobertura, mas tem adesvantagem de ter o ciclo muito longo o que

52

Page 55: Cartilhaagriculturaecologica 090730095229-phpapp02

poderá causar competição com as parreiras emcaso de falta de água e nutrientes em solospobres.Este fato tem levado a maioria dosagricultores a tentar eliminá-lo dos parreirais.Para conviver com o azevém, já que nossistemas ecológicos não convém exterminá-lo(a não ser mecanicamente), recomenda-seplantar uma mistura de aveia, centeio, naboforrageiro e ervilhaca, cedo, em março/abril,para que estas plantas cresçam antes doazevém. Não se pode poupar nas sementes,para estabelecer uma boa cobertura. Estecoquetel não é fixo, se não conseguir todasestas variedades, tentar obter pelo menos duasdelas, ou outras espécies como chícharo, trevo,cevada, etc.

Quando você não achar o azevém umproblema, basta aprender a manejá-lo.

Colocar um pouco mais de esterco (adubar paraos dois, principalmente nos 3 primeiros anos)do que a dose que iria só para a parreira.

Não se deve roçar muito, pois isto alonga seuciclo, uma vez que a cada corte ele rebrota.

OBS: SE O PARREIRAL JÁ FOR MUITOVIGOROSO PODE-SE DEIXAR DE SEMEARO NABO FORRAGEIRO E/OU AERVILHACA OU DIMINUIR A QUANTIDADEDE SEMENTES DESTAS DUAS.

ATENÇÃO: QUANDO FIZER UMAESTIAGEM É OBRIGATÓRIO ROÇA-LO,ASSIM COMO PARA QUALQUER PLANTADE COBERTURA QUE ESTIVER EMBAIXODO PARREIRAL.

A semeadura pode ser feita com umaincorporação leve com grade fechada, oucolocando as sementes de molho na água poruma noite e semear na manhã seguinte. Fazerentão uma roçada para cobrir a semente, depreferência num dia nublado.

As plantas de cobertura têm uma série devantagens para a terra. Além de controlarem aerosão, descompactam o solo, permitindomelhor crescimento das raízes. Ajudam aaumentar a vida do solo e, com isso, promovema reciclagem dos nutrientes e o controle dasdoenças que atacam as raízes das parreiras.

(ver mais sobre adubos orgânicos no item 6,pág. 23)

A adubação com esterco de aviário, ou outrosestercos (suínos, gado) deverá ser realizadapreferencialmente, entre maio e junho, máximoaté o final de julho, sobre a adubação verde.Em alguns casos pode-se dividir a adubaçãoem 3 vezes: 1ª no inverno; a 2ª após a grãochumbinho/ervilha, e 3ª adubar após a colheita(março/abril), principalmente se o parreiralestiver com pouco vigor e a safra tiver sidomuito grande. O esterco deve estar fermentadoe pode ser espalhado tanto numa faixa longe 40cm do pé da planta, quanto espalhado em áreatotal.

Cuidado para não colocar esterco junto aotronco da planta, o que pode favorecer o ataquede doenças.

Adubação orgânica

53

Espécie

Aveia

Centeio

Nabo forrageiro

Ervilha

.

.

.

.

Km

40

30

10

20

.

.

.

.

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A quantidade vai depender de cada variedade edo objetivo da produção (mesa, suco ou vinho),bem como do vigor do parreiral. Se a uva forpara mesa, pode ser mais adubada para fazercachos grandes e ter maior produção por área.Se o objetivo for produzir suco a adubação temque ser intermediária, pois o suco precisa, porlei, no mínimo 14º Brix de açúcar.

Se o objetivo for produzir vinho para ter uva dequalidade, bem madura, com boa graduação deaçúcar, deve-se adubar menos.

Observar o desenvolvimento das plantas efazer análise de solo a cada 3 anos, massempre lembrando o que foi dito na página 25.Se for necessário colocar calcário, por falta decálcio, já que as plantas o absorvem em grandequantidade, fazê-lo aos poucos e preferênciano início de abril, aplicando uma média de 300 a800 kg/ha/ano, num máximo de 1.500 a 2.000kg/ha/ano, espalhado sobre a adubação verde,sem incorporar.

Se o solo estiver muito pobre em fósforo, aplicarfosfato natural, de acordo com a análise. Muitoraramente é necessário colocar fósforo emparreirais, porque as parreiras têm associaçãocom fungos (micorrizas) que aumentam aabsorção de fósforo do solo.

O potássio é um elemento que as plantasretiram em grande quantidade. As principaisfontes de potássio são os pós-de-rochas(basalto), as cinzas e o sulfato de potássio.

Para diminuir as perdas com o potássio érecomendável sempre ter plantas verdesembaixo do parreiral, fixando este nutriente,pois com as chuvas ele se perde muitofacilmente do solo.

Adubação Mineral

Se a parreira apresentar cachos com grãosgraúdos e miúdos, grão verdes no cachomadura, está indicando a falta de boro, ummicronutriente. Pode ser reposto no solo comoem adubações foliares.

Para os demais nutrientes não tem sidoobservada deficiência ou necessidade de usovia solo. Obviamente os estercos, o fosfatonatural, o pó-de-rocha e o uso dosbiofertilizantes, normalmente contêm umagrande variedade de nutrientes.

- semear plantas de cobertura (ervilhaca, aveiapreta, etc.): o mais cedo possível (março/abril);

- fazer avaliação da vegetação para determinarquantidade e qualidade da adubação verde;

- a adubação orgânica deve ser feita entre maioe junho;

- parreirais mais antigos e enfraquecidos fazeradubação mais tarde.

- formar sempre mulching, ou seja, ter o solocoberto com palhada;

- diminuir ocorrência de gramíneas rasteiras;

- roçadas/acamamento somente da adubaçãoverde e depois o menos possível para evitarpropagação de gramíneas rasteiras.

Poda: temos 2 tipos de poda: seca (de inverno)e verde.

Resumindo: Como fazer a adubação demanutenção:

Tratos culturais:

Manejo da vegetação:

54

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Poda de Inverno ou seca:

Elementos da Poda

é feita para regular aprodução , e l im inar ramos doen tes ,machucados, mal posicionados e o excesso debrotação Procurar sempre ajustar aintensidade da poda com a capacidade (o vigor)de cada planta. Deixar o parreiral aberto, paraventilar bem e penetrar o sol.

Assim você irá diminuir as condições para ocrescimento de fungos e produzirá uvas demelhor qualidade.

- depende do sistema de condução;

- se o parreiral for implantado com mudasprontas, em sistema de latada e, se não atingir oarame deixar 2 a 3 gemas depois do enxerto seatingir deixar 4 - 5 gemas apicais;

Fatores que interferem:

- sistema de condução: latada ou espaldeira;- variedade: Isabel aceita bem tanto a podacurta como mista ou longa. Francesa e Niágaravão produzir melhor nas varas. Os esporõesnestas variedades são para produção de ramospara o ano seguinte.- estado da planta: uma planta mais vigorosaaceita mais carga, uma menos vigorosa menoscarga.

É o que fica na parreiraapós a poda.

- : base de formação do pé(madeira velha; mais de 2 anos);- : madeira de ano, com 1 a 3 gemas;tem a finalidade de produzir brotação parafutura produção e manutenção da forma;- : madeira de ano, com 5 a 10 gemas;finalidade de produção.

.

PRIMEIRAPODA

:

Braço ou cordão

Esporão

Vara

Tipos de poda

Poda de formação

Poda de frutificação

Poda de renovação

Poda verde

1º ano - dá a forma que se quer dar a parreira.Não deixar varas longas. Quando necessáriodeixar só 4 a 5 gemas apicais.

Poda feita nas plantas em produção.Estabelece a proporção de poda pelo vigor e avariedade da planta (conhecer bem avariedade).

Pés velhos ou mal conduzidos que perderam aforma original e com produção decadente -retirada racional dos braços originando umabrotação vigorosa para formar novos braços.

DE JULHO A AGOSTO, até SETEMBRO (emalgumas regiões mais frias), quando a seivacomeça a circular.

- Retirar brotação mal situada ou ladrões.-Objetivo: melhorar ventilação; melhorari nso lação ; f ac i l i t a r os t ra tamen tosfitossanitários.- Quando: do início da brotação até início damaturação enológica.

Ladrões dos braços e pés;Brotações das axilas das folhas;Excesso de bagas (uva de mesa);Excesso de cachos;Folhas que cobrem os cachos.

Melhor época:

O que tirar?

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Desponta:

MANEJO DE INSETOS E DOENÇAS:

- o ideal para uma parreira equilibrada seriaque os ramos parassem de crescer por volta datroca de cor da uva (época ideal de desponta)(20 a 25 folhas por broto)

- a desponta consiste em corte das pontas dosramos, no final da primavera, início do verão

- em caso de poda severa, em solos férteis,excesso de chuva, espaçamento inadequado, adesponta deve ser feita quando o ramo atinge otamanho ideal

- quando feita próximo à floração ajuda nopegamento das flores

- se feita muito cedo, favorece ao aparecimentode feminelas

- quando feita tarde demais pode forçar odesenvolvimento de brotações laterais duranteo amadurecimento da uva, o que é prejudicial

- devemos evitar a desponta que elimine folhassãs, verdes e ativas, expondo folhas amarelas,do interior da folhagem e que não estãotrabalhando

A desponta busca diminuir a dominância apical,a fim de favorecer a maturação das gemas dabase dos ramos, equilibrar a vegetação,aumentar o peso médio dos cachos e aqualidade da uva.

- lembrar o que foicomentado no inicio em trofobiose (página 9).Considerações gerais

Deste modo, os insetos e fungos sãoindicadores de que as plantas estãoestressadas e com isso produzindo o alimentoque os insetos e fungos necessitam para o seucrescimento. Temos que buscar uma práticaque ataque o problema, mas temos tambémque buscar entender onde esta a causa doproblema.

:

São pequenos insetos que atacam os ramosbem formados e jovens, sugando a seiva edebilitando a planta. O tratamento é feito comno inverno com calda sulfocálcica (32º Baumé)a 8%.

:

É um inseto que se alimenta da seiva da plantanas raízes. Quando o ataque é muito severoleva à morte, podendo matar todo parreiral.Não existe um controle único, mas deve sertomado um conjunto de práticas, visandodiminuir a infestação e aumentar a resistênciadas plantas.- aumentar a adubação orgânica para asplantas;- aplicar manipueira (água da mandioca ralada)a 50 %;- descompactar/arejar o solo, com adubaçõesverdes, em misturas (aveia, nabo forrageiro eervilhaca);- plantio de alho e cravo de defunto - sãorepelentes.- inocular microorganismos de outras áreassem problema

- atacam brotos novos - sinal de manejo erradode adubação - prefere clima seco;- acrescentar calda de fumo ou sabão a caldabordalesa.

Insetos

Cochonilhas

Margarodes

Pulgões:

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DOENÇAS

Antracnose

Fatores que favorecem:

Míldio

(Varola)É a primeira doença que ataca. Em regiõesonde há incidência de antracnose, pode-se usar300 g de enxofre (somente na uva Isabel) empó, apagado na cal virgem e após misturadocom 300 g de sulfato de cobre. As variedadesBordô e Concord são sensíveis à aplicação deenxofre durante o verão. A cinza pode seraplicada desde a fase de gema inchada, até quehaja condições, nas concentrações de 0,3 a1,5%.

- frio, parreiral exposto a ventos frios e umidadealta- quebra vento é muito importante para evitar aantracnose- tratamento de inverno com calda sulfocálcica éindispensável quando o parreiral está expostoao vento sul

(Mufa)O ataque é mais severo em parreirais maisfechados, com excesso de vigor, em virtude dodesequilíbrio nutricional causado pelo excessode Nitrogênio. Abrir mais o parreiral, deixandoventilar e penetrar o sol, secando rapidamenteas folhas reduzem-se as condições para oestabelecimento do fungo.

Além disso, um parreiral mais aberto permiteque os tratamentos sejam mais bemexecutados, pois fica mais fácil tratar e molhartodas as folhas. Ocorre, normalmente, depoisda antracnose porque precisa de mais calor;ataca principalmente partes verdes;

Os sintomas são:- ramos: estrias escuras nas pontas;- folhas: mancha amarelada, mancha de óleo,depois forma na parte de baixo um pó branco;

Oídio

Podridões

Sugestão Esquemática de TratamentosNutricionais para Manejo de Doenças naUva:

Ocorre com mais freqüência em tempo quente enublado (não gosta do excesso de umidade).Normalmente não é um problema em uvasamericanas, mas de ocorrência significante emuvas viníferas, principalmente nas brancas.

Os sintomas são: pó branco acinzentado;provoca rachaduras nos grãos por falta deplasticidade.

São 3 os tipos que ocorrem no final damaturação fisiológica, durante a maturaçãoenológica:- podridão amarga: fungos de cor preta;- podridão da uva madura: fungos de corrosada;- mofo cinzento: penugem cinza;

O controle é feito a partir do grão do tamanho deuma cabeça de fósforo (chumbinho);

O tratamento de inverno, com caldasulfocálcica, é muito importante, pois eleelimina os fungos que ficaram do verão e, comisso, diminui a intensidade da infestação naprimavera seguinte.

De um modo geral deve ser feito a cada 3 anos.

A forma de aplicação, na primavera/verão,também merece atenção. A gota não pode sermuito grossa, porque ela vai escorrer fora dafolha.

As gotas devem ser finas (boa pressão e bicofino) fazendo uma boa cobertura é maiseficiente e mais econômica.

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Observações:

- o 2º tratamento (vide tratamentos nutricionaispara uva), proporciona reforço na gema paramelhor brotação e mais resistência das flores;

- o 3º e 4º tratamentos (idem 2º) proporcionamindução da brotação com uniformidade, floresmais firmes e menos dispensa;

1) Julho:Calda Sulfocálcica (32 .Bé) ................. 8 litros(Para cada 100 litros de água)

2) Após a poda:Melaço de cana .................................... 3 litrosBórax ............................................ 200 gramasCálcio.............................................300 gramasÁgua...................................................100 litros

3) Início de setembro:Melaço de cana .....................................3 litrosBórax ............................................ 200 gramasSulfato de zinco............................ 200 gramasÁgua ..................................................100 litros

4) Início da brotação:Bórax ............................................ 200 gramasBiofertilizante enriquecido......................3 litrosLeite .......................................................2 litrosÁgua...................................................100 litros

5) Após 7 dias:Sulfato de cobre ............................200 gramasCal virgem......................................200 gramasBiofertilizante enriquecido......................3 litrosLeite .......................................................2 litrosÁgua...................................................100 litros

Estes 3 tratamentos não são necessários todosos anos.

o

3

6) Após 10 dias:Sulfato de cobre ............................300 gramasCal virgem......................................300 gramasBiofertilizante enriquecido......................3 litrosÁgua...................................................100 litros

7) Após 10 dias:Sulfato de cobre ............................400 gramasCal virgem......................................400 gramasBiofertilizante enriquecido......................3 litrosÁgua...................................................100 litros

8) Após 10 dias:Sulfato de cobre ............................500 gramasCal virgem......................................500 gramasBiofertilizante enriquecido......................2 litrosÁgua...................................................100 litros

9) Após 10 dias:Sulfato de cobre ............................600 gramasCal virgem......................................600 gramasBiofertilizante enriquecido.....................2 litrosÁgua...................................................100 litros

10) Após 10 dias:Sulfato de cobre ............................600 gramasCal virgem......................................600 gramasÁgua...................................................100 litros

OBS: Antes de mudanças bruscas detemperatura (como em finados) énecessário usar (1 ou 2 dias antes):

Melaço de cana..................................... 3 litrosBiofertilizante enriquecido..................... 3 litros

Antes de mudanças bruscas detemperatura (como em finados) é necessáriousar (1 ou 2 dias antes):

Melaço de cana..................................... 3 litrosBiofertilizante enriquecido..................... 3 litros

OBS:

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Este programa de tratamentos não é fixo.

Em função das condições das plantas e doclima, pode-se suprimir algum tratamento.Também, poderá ser necessário realizar maistratamentos.

Estas decisões o agricultor pode tomarbaseado na observação da situação de cadasafra.

Em regiões onde há incidência de antracnose,nas uvas Isabel pode-se usar 300 g de enxofreem pó, apagado na cal virgem e depoismisturado com 300 g de sulfato de cobre.

Na Francesa (Concord) e Bordô,nos tratamentos de primavera-

verão.

A cinza é uma alternativa nos tratamentos paraantracnose, devendo ser aplicada junto com acalda bordalesa, de 0,5 a 1,5%.

A cinza deve ser colocada em um balde comágua e fortemente agitada, deixar descansar 24horas e depois pegar só a água.

Os tratamentos devem ser iniciados cedo, apósinchamento das gemas, quando as condiçõesclimáticas estiverem favoráveis ao ataque deantracnose.

Deve-se fazer tratamento pós-colheita comcalda bordalesa para atrasar quedas das folhase melhor o amadurecimento dos galhos e oarmazenamento de energia e nutrientes pelaplanta antes do repouso de inverno.

não pode serusado enxofre

OBSERVAÇÕES:

1. Controlar o pH da calda, com fita tornasol. OpH deve ficar neutro = 7,0.A calda ficará mais eficiente, no controle dasdoenças.

2. Quando deixamos o pH em 7,0 a caldabordalesa perde aderência (fica com menoscal).Neste caso é importante usar um espalhante-adesivo (ver sugestões de preparo abaixo).

3. Não aplicar com temperaturas elevadas,pode causar amarelecimento das folhas econseqüente queda. Aplicar de preferência nashoras mais frescas do dia.

4. Se chover logo após a aplicação tambémpoderá causar fitotoxidez (queimadura) àsfolhas. Se isto ocorrer aplicar logo que possívelmelaço (3kg), leite (3litros) em 100 litros deágua.

5. Na preparação da calda bordalesa dissolvero sulfato de cobre e a cal em vasilhas separadase colocar o leite de cal sobre o sulfato,derramando a cal bem lentamente, agitandosempre e vigorosamente.

6. A mistura de biofertilizante com a caldabordalesa não é obrigatória.Deve ser usada quando houver necessidade.

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Manejo de uva da Família Paulleti, Comunidade São Valentim, Ipê-RS

Cultiva 2 hectares de uvas das variedades Niágara, Bordô, Cabernet Sauvignon e Isabel. Vamosdescrever o manejo realizado na variedade Isabel, que compreende uma área de 0,5 hectare, conduzidaem latada semi-aberta. O manejo começa após a colheita da uva com um tratamento com caldabordalesa de 1 a 1,5 % para a maturação dos galhos e manutenção da folha. Em abril, realiza semeadurade adubação verde de aveia preta, nabo forrageiro e ervilhaca. A adubação é feita sobre a adubaçãoverde com cama de aviário e a cada dois anos, de acordo com a necessidade, aplica-se calcário. Usapoda mista no inverno e poda verde, desfolha e raleio de cachos antes da florada. Os tratamentos iniciamquando a brotação atinge 5 a 10 cm de comprimento com calda bordalesa a 0,25%, esta concentraçãovai subindo até 0,4% no final da florada, chegando entre 0,7 a 1,0 % na colheita da uva, faz controle do pHda calda usa entre 7 e 8. A produtividade deste parreiral é de aproximadamente 25 toneladas porhectare.

8.2. CULTURA DO PESSEGUEIRO8.2.1. LOCALIZAÇÃO E ESCOLHA DOTERRENO:

A localização do pomar é muito importante paratornar a produção mais fácil, diminuindo aincidência de doenças, alongando a vidas dasplantas e melhorando a produção. Por isso,devem-se preferir solos profundos, bemdrenados, com exposição solar norte, assimprotegidos dos ventos frios do Sul. Devem-seevitar baixadas e topos de morros. Nasbaixadas normalmente é mais úmido, o quefavorece várias doenças, tanto de solo como

8.2.2 .MANEJO DE SOLO E ADUBAÇÃO:

Manejo da adubação:

Um elemento importante no manejo daadubação é sabermos a quantidade exportadacom as colheitas. A tabela abaixo ajuda a daruma noção aproximada da quantidade denutrientes que são retirados por ano,considerando uma produção de 20 ton/ha.

Assim, pode-se ter uma noção de quantonutriente tem que ser reposto, para manter aprodutividade do solo.

Quantidade de nutrientes que saem com a fruta, por hectare com uma produção de 20 toneladas.

Nutriente Quantidade que sai Nutriente Quantidade que sai

Nitrogênio 70 quilos Boro 30 gramas

Fósforo 6 quilos Cloro 600 gramas

Potássio 40 quilos Molibdênio 0,08 gramas

Enxofre 4 quilos Cobre 20 gramas

Cálcio 1,2 quilos Ferro 100 gramas

Magnésio 2,4 quilos Manganês 30 gramas

Zinco 20 gramas

Fonte: MALAVOLTA, 1981.

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A Adubação pode seguir dois esquemas:

Colocar os estercos, calcário e fosfato natural,se necessários, sobre a adubação verde emabril/maio.

Ou,

A) 1 . pouco antes da brotação, colocando 40%do adubo;

B) 2ª depois do raleio, com mais 30 a 40% doadubo e,

C) 3 . depois da colheita, colocando de 20 a30% do restante.

1ºAdubar 1 vez:

2ºAdubar 3 vezes:

a

a

O esterco deve ser bem curtido e aplicado semincorporar. Nunca junto do pé, iniciando depoisde 20 cm de distância, colocando, até o 4º anona projeção da copa (até onde faz sombra aomeio dia).

Depois do 4 ano aplicar em toda área, pois asraízes já estarão bem espalhadas. Elasocupam uma área duas vezes maior que aprojeção da copa.

Se for colocar esterco não curtido deve ser feitono inverno, sobre a cobertura verde, sempresem a necessidade de incorporar.

É importante ter palha/cobertura morta naprojeção da copa. O adubo deve ser colocadosobre a palha morta.

o

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Tabela - Quantidade de cama-de-aviáriofermentada por planta de acordo

com o estágio dedesenvolvimento da planta.

kg/por aplicação

Primeiro ano 0,4 0,3

Segundo ano 0,8 0,6

Terceiro ano 1,6 1,2

Pomares em produção

Kg/ano/planta

1

2

4

4 a 5 1,6 1,2

1º Aplicação 2º Aplicação 3º Aplicação

0,3

0,6

1,2

1,2

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8.2.3. TRATOS CULTURAIS:

ROÇADA/ACAMAMENTO:

Poda:

O melhor, sempreque possível é acamar as plantas de cobertura.Sugere-se fazer antes da brotação ou depois doraleio. Roçar/acamar obrigatoriamente sempreque fizer uma estiagem que vá prejudicar opessegueiro.

Sempre usar adubação verde, mesmo nos 3anos iniciais. Ao cultivar nas entre-linhasrespeitar 1 metro de distância do tronco noprimeiro ano, 1,5 m no segundo ano e 2 m noterceiro ano. Ao redor das mudas nos primeirosanos, nas linhas, é necessário manter limpo epreferencialmente com cobertura morta.

Poda de inverno - aproximadamente 15 diasantes da brotação, procurando manter a plantaaberta, com boa distribuição dos ramos,permitindo uma boa ventilação e penetração deluz;

Preferir podar na lua minguante;

Não podar quando a planta estiver molhada,para evitar a entrada de doenças;

Começar pelos ramos quebrados, doentes,secos ou mal localizados.

- quanto mais corta, maior o rebrote, produzindomuitos ramos ladrões vigorosos;- quanto menos corta, menos vigoroso orebrote;- a poda deve ser individual, de acordo com ascondições de vigor de cada planta.

Poda verde mais ou menos 25 dias antes dacolheita (ladrões com 15 a 20 centímetros);

Poda de Outono, é uma opção quando se querdespontar ramos muito altos, retirar ramosvelhos, pois não mexe com a planta. Deve serfeito entre março a maio, dependendo do cicloda variedade (precoce ou tardio).

O raleio deve ser feito quando o caroço é mole.Nos ramos mais grossos deixar mais frutos enos ramos mais finos deixar menos frutos. Adistância ideal entre um fruto e outro é de maisou menos 8 cm (ou a distância de uma mãofechada).

Pode-se usar como regra geral deixar 10 frutospara cada cm da circunferência do tronco, mashá diferenças entre variedades e o estado geraldas plantas.

No pessegueiro ocorre queda natural dosfrutos, sendo assim, um momento adequadopara o raleio é após este fenômeno, ou de 5 a 8semanas após a floração.

adubação verde emanejo de cobertura com variedades plantadase nativas;

importantes nocontrole de Bacteriose, Crespeira e PodridãoParda;

paratodas as doenças;

Raleio:

8.2.4. MANEJO DE INSETOS E DOENÇAS:

Questões fundamentais para um bommanejo de doenças:

- Bom manejo do solo -

- Quebra-ventos eficientes -

- Evitar lugares sujeitos a neblina e geadas(úmidos) como o topo e pé de morro -

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- Adubação equilibrada -

- Controle de insetos -

- Tratamento após a poda com Bordalesa a2% ou Sulfocálcica a 4 Bé -

- Tratamento de outono, na queda das folhascom Bordalesa a 2% -

- Pincelar com Pasta Bordalesa (10%) osferimentos da poda com mais de 2cm dediâmetro.

Moscas-das-frutas

Monitoramento:

"conversar" com asplantas - excesso de N e falta de K ou Caaumenta sensibilidade dos frutos; galhos novoscom mais de 30 cm significa excesso deNitrogênio.

importante paradiminuir a infestação de Bacteriose e PodridãoParda;

recomendado paracontrole de Podridão Parda, Bacteriose,Ferrugem, Chumbinho, Escaldadura,Crespeira;

Recomendado paracontrole de Podridão Parda, Bacteriose,Ferrugem, Chumbinho, Escaldadura;

colocar frascos de soro ougarrafas plásticas: fazer 4 furos de 1cm dediâmetro no terço superior, colocando 4 frascospor hectare. Quando tiver 2 moscas/ha é oponto recomendado de controle, ou seja apulverização de extratos de plantas feitos comervas aromáticas e inseticidas como neem,cinamomo, timbó, crisântemo, etc.

As armadilhas podem ser usadas como formade controle também. Mas para isso énecessário usar 1 armadilha para cada 5 a 6plantas, num total de 80 a 100 armadilhas porhectare.

Sucos atrativos:

Ex: 1 kg açúcar / 5 kg de pêssego / completaraté 10 litros c/ água = 100 litros. Calda

Controle Biológico da Mosca-das-frutas

- VESPAS -

- Formigas lava-pé -

- Passarinhos -

- Galinhas -

O controle mais efetivo é feito usando oensacamento dos frutos com sacos depapel. Além de proteger contra o ataque dasmoscas, o ensacamento melhora a cor e osabor dos frutos. O ensacamento deve serfeito até que os frutos estejam com o caroçomole. Esta prática é fundamental emvariedades tardias como o chiripá, no casode variedades precoces e médias o um bomcontrole é possível através das caldas eiscas.

- os melhores são de uva (1:4 de água) e depêssego (1:10 de água);

- quando fermentados com açúcar por 10 diasfuncionam melhor;

- vinagre de uva a 25% também é umaexcelente opção.

controlam mais de 30 % das larvase pupas;

experimentos mostraramque mais de 80% de larvas e pupas foramcomidas por estas formigas;

preferem frutos infestados(Sabiá, Bem-te-vi, Papa-laranja, Papa-figo);

comem larvas e pupas (importantea partir de 30 a 40 dias antes da colheita).

63

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Pulgão

Cochonilha

Grafolita

Crespeira

Podridão parda

O controle pode ser feito com óleo de neem,extrato de fumo e cinza.

O controle é realizado durante o inverno com otratamento de calda bordalesa e óleo mineral edurante o verão com a calda sulfocalcica.

No caso da infestação estar localizada nostrocos e ramos principais pode-se usar pastabordalesa.

Ocorre logo após início da brotação e seestende até a novembro, deve-se monitorarcom armadilha com atrativo sexual utilizandoduas armadilha por hectare, o nível de controleé quando atinge 20 mariposa por armadilha.

Em pomares onde não existe de nitrogênio nãotem apresentado problema.

Para o controle pode-se utilizar(Dipel), a calda sulfocálcica

utilizada nos tratamentos é repelente à grafolita.

Ocorre em épocas com mais baixas e umidade.Pomares expostos ao vento são locaissuscetíveis.

O tratamento pode ser feito com caldasulfocálcica.

Ainfestação pode ocorrer desde a floração.

Bacillusthuringiensis

A manifestação da podridão ocorre durante oprocesso de maturação, momento em que nãoé mais possível controlar o problema.

Portanto, o controle da prodridão pardanecessita de ações preventivas, iniciando otratamento com uma aplicação de caldabordalesa e sulfocálcica no inverno, parareduzir a presença da doença no pomar.

Depois da poda e antes da gema inchar pode-se fazer outro tratamento com calda bordalesa.

A aplicação de iodo tem mostrado resultadospositivos na redução da ocorrência da podridãoparda quando aplicado desde a floração emtratamentos alternados.

que é aplicada durante operíodo vegetativo - e estes tratamentos acimadescritos possibilitam um bom controle dapodridão parda.

O raleio de frutos e controle de moscas-das-frutas para variedades tardias como o chiripasão práticas complementares necessárias.

- sua infecção na planta só ocorrepor ferimentos.

O vento é o agente principal de sua dispersão.

O controle é feito com a implantação de quebra-ventos e tratamentos dos ferimentos das podase tratamento de inverno com calda bordalesa.

A calda sulfocálcica -

Bacteriose

NA PÁGINA SEGUINTE A SUGESTÃOESQUEMÁTICA DE TRATAMENTOSNUTRICIONAIS DO PESSEGUEIRO NAPREVENÇÃO E CONTROLE DE DOENÇAS EINSETOS.

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30 dias após

20 dias antesda florada

Floração plena

4º Tratamento

5º Tratamento

6º Tratamento

7º Tratamento

8º Tratamento

9º Tratamento

10º Tratamento

Nesta fase é interessante usar nabo ralado + açúcar branco + iodo, pois o iodo é um importante adubofoliar para muitas frutíferas, principalmente para o pessegueiro. O nabo é rico em enzimas que podembeneficiar a árvore em relação ao fungo da podridão. Pode-se também usar Calda Sulfocálcica a 1,5%.

10 litros de calda sulfocálcica (32º Bé)Melaço de cana

JUNHO 2%CALDA BORDALESA

BóraxCálcio (biofertilizante rico em Ca)Iodo 2%Água

Melaço de canaCalda SulfocálcicaBiofertilizante enriquecidoIodo 2%Água

Em 100 litros de água3 litros

100 gramas

40 mililitros100 litros

1 litro0,4 litros3 litros40 mililitros100 litros

1 litro0,4 litros3 litros40 mililitros100 litros

1 litro0,4 litros3 litros100 litros

1 litro0,5 litros3 litros

100 litros

0,6 litros3 litros100 litros

0,7 litros2 litros3 litros100 litros

0,8 litros1 litro4 litros100 litros

0,8 litros4 litros100 litros

Melaço de canaCalda SulfocálcicaBiofertilizante enriquecidoIodo 2%Água

Calda SulfocálcicaBiofertilizante enriquecidoÁgua

Calda SulfocálcicaBiofertilizante enriquecidoleiteÁgua

Calda SulfocálcicaBiofertilizante enriquecidoÁgua

Calda SulfocálcicaBiofertilizante enriquecidoLeiteÁgua

Melaço de canaCalda SulfocálcicaBiofertilizante enriquecidoIodo 2%Água

Melaço de canaCalda SulfocálcicaBiofertilizante enriquecidoÁgua

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OBS: Este esquema é uma sugestão detratamentos que deverão ser testados,adaptados e modificados para cada situaçãoespecífica. Como se sabe, a chuva regula asaplicações. Deste modo, se o período entreraleio e pré -colheita for chuvoso, fazer uma ouduas aplicações. Nas pulverizações deprimavera/verão, após o cessar das chuvas. Ointervalo entre tratamentos varia em torno de 7 a10 dias.Espalhante adesivo: pode-se usar sabão neutro(1 kg/100 litros); farinha de trigo a 2% (2kg/100 l)ou figo-da-índia.

8.3. CULTURA DO TOMATEIRO

8.3.1. VARIEDADES:

8.3.2. MANEJO DE SOLO E ADUBAÇÃO:

O ideal é usar variedades adaptadas aoss i s t e m a s d e p r o d u ç ã o e c o l ó g i c o s ,selecionadas na própria região de produção.Se não dispuser de variedades já selecionadaspor outros agricultores, preferir as variedadesnão-híbridas e mais resistentes. Nossaorientação tem sido sempre no sentido de oagricultor retirar sua própria semente para oplantio seguinte.

A partir, por exemplo, da variedade KadaGigante, do grupo Santa Cruz, podemoscomeçar nossa própria seleção. Temos quecomeçar escolhendo os melhores pés de nossalavoura e marcando-os com uma fita colorida.Escolhemos aqueles pés que trazem aquelascaracterísticas que mais nos interessam.Produtividade e rusticidade, por exemplo.

Retiramos os frutos maduros da terceira e daquarta penca, os colocamos em algumrecipiente para fazer a separação entre assementes e a polpa.

O tomateiro é original de solos profundo, férteis,bem drenados e bem expostos à luz do sol.Portanto, a escolha do local é o primeiro passo.Em segundo, devemos prestar atenção àcaracterística do solo. Os maiores problemasdo tomateiro, como a murchadeira e a requeimaprovêm de fungos e bactérias que vivem nosolo. Solos argilosos, mal estruturados e semar são um convite a doenças. Nestes solos, senão houver uma correção prévia com fosfatonatural, calcário de conchas e uma adubaçãoverde com gramíneas no inverno, o plantio ébastante problemático.

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Manejo do pessegueiro, Família Vigolo,Linha Trinta,Antônio Prado - RS.

Cultiva 1,4 hectares de pessegueiros, dasvariedades Chimarrita, Coral, Cardeal eRiograndense. Faz adubação verde comaveia e ervilhaca. A adubação orgânica éfeita sobre a adubação verde com camade aviário. Caso seja necessário, fazoutra aplicação de cama de aviário logoapós a florada até o raleio. Em relação aoazevém, tem convivido sem maioresproblemas, não roça porque provoca orebrote e prolonga o ciclo. O sistema decondução atual é com dois braços em V.No inverno o tratamento é feito com caldabordalesa. É realizado tratamento comcalda bordalesa a 0,5% durante a florada,para prevenir a prodridão parda. Após,são fei tos dois tratamentos debiofertilizante e iodo. A partir do terceirotratamento são apl icados caldasulfocálcica e o iodo a cada doistratamentos. Em relação à mosca dasfrutas, faz monitoramento e utiliza produtoà base de Neem.Aprodutividade tem sidode 20 toneladas por hectare.

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Os solos ideais para o tomate são solosescuros, de boa estrutura, bem arejados. Nafalta deles, podemos proceder como foiexplicado acima e tomar outras providênciasquanto à adubação.

Recomenda-se planejar com antecedência ocultivo visando melhorar as condições do solo epara a cultura:

A) Implantar uma boa adubação verde, comervilhaca, aveia, nabo forrageiro, centeio, etc.Estas culturas podem ser cultivadas solteirasou consorciadas. Colocar uma boa densidadede sementes.

B) Se o solo estiver compactado deve-se fazeruma subsolagem (pé-de-pato) e depois semeara adubação verde.

C) Se for necessário aplicar o calcário e/oufosfato natural, isto pode ser feito antes doplantio da adubação verde ou depois de 30 a 40dias após o plantio. Dar preferência ao calcáriocalcítico ou à farinha de ostras.

D) O esterco também pode ser aplicado nestaépoca, sendo recomendável que ele estejafermentado. Esta adubação pode ser dividida,aplicando-se 2/3 na adubação verde e 1/3 nacova ou sulco de transplante.

OBS: O ESTERCO A SER COLOCADO NACOVA OU SULCO DEVE ESTAR BEMFERMENTADO.

não serecomenda a lavração. O melhor éderrubar/acamar após a fase de grão leitosopara as gramíneas e na plena florada paraleguminosas. Para o acamamento usar rolo-faca, pneus ou mesmo um tronco arrastado poranimais ou trator.

Manejo da Adubação verde:

O do tomate é feito sobre apalhada, realizando apenas um sulco ou covasem necessidade de aração da adubaçãoverde. Este sistema tem produzido resultadosexcelentes. Quanto maior a palhada menos"inços" se desenvolvem economizando emtrabalho de capinas.Os agricultores têm observado uma menorincidência de doenças se comparado ao cultivoconvencional, além das demais vantagens queo plantio direto proporciona ao solo.

Os melhores adubos orgânicos para otomateiro são os que têm uma característicafibrosa. São eles:

- Esterco de bovinos- Esterco de cavalos- Esterco de ovelhas e cabras- Esterco de suíno compostado com palhas demilho ou trigo ou capim elefante ou aveia.- Esterco de aves compostado com palhas demilho ou trigo ou capim elefante ou aveia.

Outra opção é aplicação do esterco de aves ousuínos na adubação verde, realizando uma"compostagem" a campo. Esta práticaproporciona um maior desenvolvimento dasplantas utilizadas como a adubação verde, queapós serem manejadas liberam de formagradual os nutrientes ao tomateiro. Este manejotem sido o mais utilizado pelos agricultoresecologistas na região da Serra do RS, pelapraticidade e pelos resultados obtidos,normalmente é aplicado em torno de 60 % daadubação na adubação verde.

transplante

Adubação de base: O tomateiro éextremamente exigente em adubação. Parauma produção de 4 a 8 kg/pé, que é o desejável,pode-se imaginar que é necessário ter solo enutrientes adequados.

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Aquantidade não deve ser menor que 40 t/ha dem a t é r i a o r g â n i c a , s e d e s e j a r m o sprodutividades altas. É importante o uso decalcário, que pode ser de conchas, naproporção de 2 t/ha ou dolomítico misturadocom cinzas na proporção de 5:1.O fosfato natural deve ser incorporado na cova,numa quantidade de até 600 Kg/ha.

Valores por cova, num espaçamento de 0,4m x1,1m:

- Matéria orgânica: 3 a 4 litros/cova- Fosfato natural: 30 gramas

A adubação de cobertura é basicamentebiofertilizante, que pode ser preparado daseguinte maneira:

- Em um tonel de 200 litros, colocar 70 Kg comesterco fresco de bovinos e completar com 80 a90 litros de água, mais 2 kg de açúcar e 5 kg deesterco de aves.Estes dois elementos aceleram a fermentação.Este biofertilizante é a adubação de cobertura,e deve ser aplicado diluído a razão de 3 a 5:1, adiluição facilita a absorção pela planta. Utilizarsomente nas plantas que apresentaremnecessidade.O excesso de adubação provoca doenças epode causar abortamento de flores.

Uma opção para fazer a adubação de coberturaé através da fertirrigação através degotejamento, com biofertilizantes, deve-se tercuidado no momento aplicar em fazer uma boafiltragem para não provocar o entupimento dosgotejadores.A fertirrigação dever ser feita de modo a atenderas necessidades dos diferentes estágios dedesenvolvimento da planta.

Adubação de cobertura:

Cobertura Morta e Ervas:

Adubação Foliar:

Se a palhadaproduzida pela adubação verde não forsuficiente recomenda-se colocar coberturamorta, de preferência de gramíneas e já seca.Deve-se permitir o crescimento de algumasespécies nos caminhos, principalmente caruru,beldroega e maria-preta, que são plantaspreferidas por insetos que atacam o tomateiro,como a vaquinha, burrinho, etc.

A adubação foliar deveobservar o período que a planta estáatravessando, e todo elemento fornecido para aplanta deve passar por uma fermentação commatéria orgânica, através da preparação debiofertilizantes.

Este produto é aplicado a 3% junto com a caldabordalesa, sempre após períodos de chuva. Emcaso de crescimento excessivo ou períodos dechuva e umidade, deixe de utilizar osbiofertilizantes e use apenas a calda bordalesacom cinzas (2 punhados peneirados por cada20 litros de calda).

Aaeração é fundamental, e pode-se compensarum espaçamento mais largo, tipo 0,5m x 1,0mcom plantas mais altas. Pode-se compensareste espaçamento conduzindo a dois mestresou plantando-se duas mudas por cova.

Outra opção é fazer a condução vertical, queconsiste em conduzir as plantas em filasindividuais não cruzando as taquaras (tutores).Este sistema de condução é o que propicia asmelhores condições de ventilação, insolação ec o b e r t u r a p e l o s t r a t a m e n t o s ,conseqüentemente melhor sanidade àsplantas.

8.3.3. TRATOS CULTURAIS:CONDUÇÃO E ESPAÇAMENTO:

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Irrigação: O sistema deve imitar o ecossistemade origem do tomateiro:- Irrigação leve e freqüente na sementeira- Irrigação leve e espaçada até o terceiro cachode flores- Irrigações mais pesadas e espaçadas no augeda produção- Diminuição gradativa da irrigação no final dasafra

O sistema obrigatório para o tomate é porgotejamento ou sulcos, nunca por aspersão. Aumidade na folha lava os nutrientes e cria ascondições de umidade que fazem do tomateirosensível às doenças.

8.3.4. M A N E J O D E I N S E T O S EDOENÇAS:

Trips e Viroses -

Pulgões -

Broca

Requeima, Pinta-Preta e demais doençasfúngicas -

A Calda Viçosa

na sementeira utiliza-se cháde Primavera (Bouganvílea) a 5 %, paraprevenir a infestação de virose que semanifestará apenas no campo. O trips pode sercontrolado a campo através da caldasulfocalcica a 0,5 %.

em períodos de seca são combatidoscom o sistema clássico de cinzas e cal (200g decada) diluídos em 10 l de água e pulverizadosnas plantas. Chá de Arruda, também é um bomrepelente. Pulgões são sintoma dedesequilíbrio de Nitrogênio e deve-se prestaratenção na adubação.

dos frutos é um dos insetos mais comunsem tomatais e pode ser controlada compulverizações preventivas de

(DIPEL), em intervalos de 5 a 7dias.

utiliza-se a Calda Bordalesa devecomeçar a 0,3%, podendo chegar até 2,0% emperíodos críticos de umidade excessiva,apenas para casos extremos, pois acima de 1,0inibe o crescimento. A irrigação por aspersãodeve ser evitada ao máximo.

, também apresenta bomresultado no controle de doenças do tomate.Esta calda é preparada da seguinte forma:

Bacillusthurigiensis

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1. Sulfato de Cobre2. Sulfato de Zinco3. Sulfato de Magnésio4. Ácido Bórico5. Sulfato de Potássio6. Esterco7. Cal

1000*100 a 200600 a 800100 a 200

1000 a 15007000

1000**

(Gramas/100 litros de água)Nutrientes Dose

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A Forma de preparo

Aplicação:

é semelhante a da caldabordalesa. Misturar os nutrientes (1 a 5) edissolver em água; dissolver a cal em vasilhaseparada e adicionar no tanque lentamente esob agitação constante e vigorosa. O esterco édissolvido separadamente e colocado porúltimo na mistura.

7 em 7 dias.

Manejo do tomate da Família Camatti e Foscarini, Comunidade São José,Antonio Prado - RS

Cultiva 1 hectare de tomate, de uma seleção que vem realizando da variedade Kada Gigante, doGrupo Santa Cruz. Faz o plantio da adubação verde no mês de junho, de aveia branca ou preta.Sobre a adubação verde faz duas adubações de cobertura com cama de aviário, totalizando 20m3 por hectare. O plantio é realizado mais tarde para que a aveia amadureça próximo da épocade transplante do tomate. A adubação verde é manejada no estágio do grão leitoso, quando éacamada para realizar o transplante sobre a palha, as mudas são feitas em canteiros. Com aadubação verde acamada, são abertos os sulcos com um subsolador com disco de corte, onde érealizada a adubação com fosfato natural e calcário de conchas, cerca de 10 dias antes dotransplante das mudas. Em relação à produção das mudas, são feitos 3 tratamentos com chá dePrimavera (Bouganvílea) para controlar o trips, visando a prevenção de virose. O espaçamentoutilizado é de 1,0 m X 0,8 m, com dois brotos conduzidos em taquara cruzada. Os tratamentossão iniciados 10 dias após o transplantes a uma concentração de 0,3% de calda bordalesa,chegando a 1,0% no final do ciclo. A cinza e o sal amargo (Sulfato de Magnésio), são utilizadosalternadamente na concentração de 0,3 %, para melhorar o efeito fungicida e bactericida dacalda bordalesa e também pelo efeito nutricional. Em caso de problemas no crescimento dasmudas a campo, aplica biofertilizante no solo em cobertura. O (Dipel) eóleo de Neem vêm sendo utilizados para o controle da broca. A produtividade média obtida é de30 toneladas por hectare.

Bacilus thuringiensis

* A dose de sulfato de cobre vai depender dadose que seria recomendada de acordo com ociclo da cultura.

** A cal deve ser usada na dose suficiente paradeixar o pH da calda em 7,5 a 8,5, para obter osmelhores resultados.

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9. CONCLUSÃO

Abase de toda a produção agrícola é o solo que,por sua vez, é um organismo vivo.

Devemos dar a esse organismo vivo todas ascondições para que as plantas nele manejadaspossam se desenvolver com saúde. Istosignifica estimular ao máximo a vida do solo.

Para qualquer ação mal feita (adubaçãoquímica solúvel concentrada, falta de matériaorgânica, falta ou excesso de água, falta de luz,uso de agrotóxicos, tratos culturais errados),haverá sempre uma reação da natureza, naforma de ataque de algum agente, comoinsetos, ácaros, nematóides e microorganismo,indicando o erro do manejo.

A maneira correta de proteger as plantas dosinsetos e microorganismos é prevenir o ataquedesses agentes da natureza, dando a essasplantas, através do solo, uma alimentaçãosaudável e equilibrada.

A forma mais fácil e barata de se conseguir issoé através da adubação orgânica, ou seja,aplicando compostos, estercos, palhas,resíduos, adubos verdes, cascas, restos decolheita, etc.

Devemos aprender a dialogar com a natureza,observar seus indicadores biológicos etrabalhar junto com ela, a favor de nossasculturas.

O importante é manter uma paisagemdiversificada e equilibrada, onde cada árvore,cada pássaro, o pomar, a horta, a lavoura, acapineira, sejam como os órgãos de um corpo:todos dependem entre si e a saúde de um é asaúde de todo o conjunto, incluindo o homem.

10 . BIBLIOGRAFIA

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CONCLUSÃO e BIBLIOGRAFIA

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