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Cartilha Transfusional I. Introdução: Esta cartilha tem como objetivo sensibilizar os médicos e demais funcionários do H.M.G quanto ao uso racional do sangue. Como todos sabem não há substituto para o sangue humano, pois somente o sangue de um doador substitui o sangue que o paciente necessita. A doação de sangue deveria ser voluntária e de repetição. Ou seja, doar independente do pedido de alguém, e que o doador o faça regularmente. Para o doador é um ato de solidariedade, mas para o paciente representa salvar a sua vida. Lembramos que toda transfusão de sangue traz em si um risco, seja imediato ou tardio, e por isto deve ser criteriosamente indicada. O sangue total: A cada doação são coletados 450 ml (+- 50 ) de sangue total. Cada coleta é desdobrada em: 1 unidade de Concentrado de Hemácias (300 ml). 1 unidade de Concentrado de Plaquetas. 1 unidade de Plasma. 1 unidade Crioprecipitado de Fator VIII. Transfusão autóloga: Binômio receptor/doador é constituído pela mesma pessoa Existem três tipos Pré-depósito: coletado antes da cirurgia e estocado para utilização posterior. Fazer suplementação com ferro oral. Receptor/doador precisa ter no mínimo Hb: 11 g/dl, Ht: 33 %.

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Cartilha Transfusional

I. Introdução:

Esta cartilha tem como objetivo sensibilizar os médicos e demais funcionários do

H.M.G quanto ao uso racional do sangue.

Como todos sabem não há substituto para o sangue humano, pois somente o sangue

de um doador substitui o sangue que o paciente necessita. A doação de sangue deveria ser

voluntária e de repetição. Ou seja, doar independente do pedido de alguém, e que o doador o

faça regularmente.

Para o doador é um ato de solidariedade, mas para o paciente representa salvar a sua

vida. Lembramos que toda transfusão de sangue traz em si um risco, seja imediato ou tardio, e

por isto deve ser criteriosamente indicada.

O sangue total:

A cada doação são coletados 450 ml (+- 50 ) de sangue total.

Cada coleta é desdobrada em:

1 unidade de Concentrado de Hemácias (300 ml).

1 unidade de Concentrado de Plaquetas.

1 unidade de Plasma.

1 unidade Crioprecipitado de Fator VIII.

Transfusão autóloga:

Binômio receptor/doador é constituído pela mesma pessoa

Existem três tipos

Pré-depósito: coletado antes da cirurgia e estocado para utilização posterior.

Fazer suplementação com ferro oral.

Receptor/doador precisa ter no mínimo Hb: 11 g/dl, Ht: 33 %.

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Intervalo entre as doações é de 7 (sete) dias.

Indicado em cirurgias de ortopedia, ginecologia, cirurgia plástica

Recuperação intra-operatória: coletado da ferida cirurgia por equipamento específico

Hemodiluição normovolêmica aguda pré- operatória: sangue é coletado no início do ato cirúrgico, infundido substância cristalóide e/ou colóide e transfusão do sangue no final da cirurgia

Contra indicações da transfusão autóloga: infecção e neoplasia.

XII. Aquecimento de hemocomponentes:

Feito através de equipamentos especiais e em temperatura controlada.

Indicações:

Infusão rápida de sangue ou plasma (Plaquetas não podem ser aquecidas, pois altera a função)

Adulto: velocidade> 50 ml/mim por mais de 30 minutos.

Criança: velocidade> 15 ml/kg/hora.

Transfusões maciças (troca de uma volemia em período < ou = 24 horas)

Pacientes com altos títulos de anticorpo hemolítico frio.

Portadores de fenômeno de Raynaud

Contra-indicações:

Componentes plaquetários não devem ser aquecidos (alteração de função).

O aquecimento do CH de forma incorreta pode acarretar hemólise.

Concentrado de hemácias:

Obtido a partir da centrifugação do sangue total.

Sobrevida conforme solução preservativa: 35 dias (CPDA-I) à 42 dias (SAG-Manitol).

Armazenagem a 4°C.

Indicação criteriosa e individual:

Fator determinante: estado hemodinâmico do paciente.

Anemia aguda (veja quadro a baixo). Classificação de Baskett.

Situações especiais (evitar transfusão):

Anemia por perda sangüínea crônica, responde bem ao ferro (oral ou parenteral).

Anemia por Insuficiência Renal Crônica, responde a eritropoetina

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Anemia Hemolítica Constitucional (Doença Falciforme, Talassemias, etc), não valorizar somente os valores de Hb e Ht.

Anemia Hemolítica Auto Imune em geral não encontramos sangue compatível e todo sangue transfundido será hemolisado. Indicado imunossupressão imediata. Transfusão somente em risco de vida. Solicitar acompanhamento de um médico Hematologista/Hemoterapeuta

Classificação de Baskett (1990) – baseada na perda sangüínea aguda:

Classificação de Baskett (1990)

Classe I Classe II Classe III Classe IV

Perda sangüínea –

Porcentagem (%) do volume < 15 15 – 30 30 – 40 > 40

Pressão Arterial :

Sistólica

Diastólica

Inalterada

inalterada

Normal

Elevada

Baixa

Baixa

Muito baixa

Muito baixa

Indetectável

Pulso (Batimentos/ minutos) Leve

taquicardia 100 – 120 120 > 120

Enchimento capilar Normal Lento (> 2

Seg.) Lento (> 2 Seg.) Indetectável

Freqüência Respiratória (ipm) Normal Normal Taquipnéia (>20) Taquipnéia (>20)

Fluxo urinário (ml/h) > 30 20 – 30 10 – 20 1 – 10

Extremidades Normais Pálidas Pálidas Pálidas e frias

Estado mental Alerta Ansioso,

agressivo

Ansioso, agressivo,

sonolento

Sonolento, confuso,

inconsciente

Transfusão em crianças:

Volume a transfundir: 10 a 15 ml/kg de peso.

Para RN só utilizar hemocomponentes coletados a menos de 5 (cinco) dias.

RN < 1.200 g de peso deve-se utilizar hemoderivados leucorreduzidos ou não reagentes para CMV.

Quando transfundir em pediatria e em neonatologia (vide tabela)

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Idade Ht Critérios a analisar – se presentes: transfundir

RN > 72 h – 4

meses

Ht <

30%

Hood com FiO2 <35 %

CPAP < 6 cm H2O

IMV com MAP < 6 cm H2O

Apneia ou bradicardia significativas que necessite ventilação, ou em uso de

metilxantina

Taquipnéia ou taquicardia significativa e persistente

Ganho ponderal insuficiente apesar de calorias adequadas

RN > 72 h – 4

meses

Ht <

35%

Hood com FiO2 > 35 %

CPAP > 6 cm H2O

IMV com MAP > 6 cm H2O

RN > 72 h – 4

meses

Ht <

45%

Cardiopatia cianótica

Em ECMO

Crianças > 4

meses

Ht <

40% Doença Pulmonar severa ou ECMO

Crianças > 4

meses

Ht <

30%

Pré-operatório de urgência

Pré-operatório quando o tratamento clínico não é possível

Perda intra-operatória > ou = 15 % do volume sanguíneo

Crianças > 4

meses

Ht <

24%

Perioperatório e com sintomatologia

Quimio ou Radioterapia

Anemias crônicas congênitas ou adquiridas sintomáticas

Qualquer idade Ht <

24%

Anemia sintomática com contagem de reticulócito baixo

Perda aguda associada a hipovolemia

Concentrado de Plaquetas:

As plaquetas são derivadas dos megacariócitos, que se encontram na medula óssea.

Elas atuam na fase primária da coagulação.

São obtidas a partir da centrifugação do plasma.

Devem ser estocadas à temperatura de 22º C, sob agitação contínua.

TIPOS:

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Aférese: 1 U = 200 a 300 ml equivalendo a 4 a 6 randomizadas; Randomizadas 1 U = 50 a 70 ml Dose: 1 U / 10 Kg ou 4 U/ m2 - Randomizadas

10 ml/Kg - Aférese

Sem diferenças em qualidade

Indicações:

Transfusão profilática:

Quando não há sangramento.

Plaquetas < 10.000u/ml.

Plaquetas < 20.000u/ml associado à infecção, coagulopatia ou indicação de procedimento invasivo. Em RN devido ao risco de sangramento SNC.

Indicação absoluta: Leucemias Agudas, particularmente a LMA-M3.

Transfusão terapêutica

Plaquetopenia (independente do valor) com sangramento.

Situações especiais:

Transfusão de Conc. Plaquetas Rh(D) +(Positivo) em paciente Rh(D) – (negativo) em meninas e mulheres em idade fértil recomenda-se fazer imunoglobulina anti D.

Dengue hemorrágica – Concentrado de Plaquetas somente diante de hemorragia SNC.

Contra-indicações:

Púrpura Trombocitopenia Trombótica (P.T.T.),

Síndrome Hemolítica Urêmica,

Síndrome Helpp,

Púrpura Pós transfusional,

Púrpura Trombocitopênica Imunológica (P.T.I.).

Plasma fresco congelado:

Obtido após o fracionamento do sangue total.

Congelar até 8 horas após a coleta;

Armazenar a temperatura de, no mínimo, 20º C negativos.

Validade de 12 meses. Contém albumina, fibrinogênio, globulinas e fatores de coagulação sangüínea. Uma vez descongelado deve ser utilizado em até 4 horas.

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Indicações:

Deficiências dos fatores de coagulação, congênita ou adquirida (quando não se tem produto industrializado),

Hemorragias por Doenças Hepáticas.

Sangramento intenso pelo uso de anticoagulante oral (dicumarínicos warfarin).

Coagulação Intravascular Disseminada (CID),

Púrpura Trombocitopenia Trombótica (P.T.T.) e Síndrome Hemolítico Urêmica.

Atenção:

Não se justifica a utilização do plasma para se obter volume sangüíneo ou como fonte de proteínas, pois existem outros produtos específicos (industrializados) para estes casos.

É proibida, pelo Ministério da Saúde, a utilização regular de Plasma em pacientes Hemofílicos, pois atualmente existem hemoderivados específicos para estes.

Crioprecipitado de Fator VIII:

Parte insolúvel do plasma;

Obtido através do método de congelamento rápido, descongelamento e centrifugação do plasma;

É rico em fator VIII:c (atividade pró-coagulante), Fator VIII:Vwf (Fator von Willebrand), Fibrinogênio, Fator XIII e Fibronectina.

Indicações:

Deficiências específicas como fibrogênio,

Deficiências congênitas (Doença de von Willebrand na falta do fator específico),

Deficiência de Fator VIII,

Transfusões maciças,

Insuficiência Hepática Grave.

Dose (empírica) é de 1 unidade de crio cada 5 kg de peso do paciente.

Cuidados especiais:

Deve-se ter cuidado na administração de grandes quantidades de crioprecipitado, monitorando os níveis de fibrinogênio (do paciente), devido ao risco de tromboembolismo.

Atualmente existem produtos industrializados específicos para a deficiência de Fator VIII (HemofiliaA) e F VIII:vW(D.von Willebrand).

Hemocomponentes especiais

Componentes leucorreduzidos.

Componentes irradiados;

Componentes lavados;

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Componentes leucorreduzidos:

Retirado mais de 99% dos leucócitos por meio de filtros específicos

Indicados para:

Reduzir a reação febril não hemolítica;

Evitar a formação de anticorpos anti HLA;

Evitar a transmissão de Citomegalovirus.

Componentes irradiados:

Objetivo de prevenir a proliferação dos linfócitos T viáveis;

Indicados para:

Pacientes com risco de desenvolver doença do enxerto versus hospedeiro (DECH);

Componentes lavados:

Remoção de 99% das proteínas plasmáticas, leucócitos,eletrólitos e anticorpos com solução salina .

Alto risco de contaminação bacteriana

Indicado para:

Prevenir reação transfusional alérgica;

Pacientes portadores de Deficiência de IgA;

Paciente que não tolera sobrecarga de potássio;

Atenção: Para solicitação de hemocomponente lavado e/ou irradiado é necessário um relatório médico justificando o procedimento, pois não são realizados no Hospital.

TRANSFUSÃO DE HEMOCOMPONENTES

De acordo com a Legislação Vigente: Art. 106. As modalidades de transfusão são: I – programada: para determinado dia e hora; II - de rotina: a se realizar dentro das 24 horas; III - de urgência: a se realizar dentro das 3 horas; ou IV - de emergência quando o retardo da transfusão puder acarretar risco para a vida do paciente.

Parágrafo único. As transfusões devem ser realizadas, preferencialmente, no período diurno.

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Art. 107. Na hipótese de transfusão de urgência ou emergência, a liberação de sangue total ou concentrado de hemácias antes do término dos testes pré-transfusionais pode ser feita, desde que obedecidas às seguintes condições: I - o quadro clínico do paciente justifique a emergência, isto é, quando o retardo no início da transfusão coloque em risco a vida do paciente; II - existência de procedimento escrito no serviço de hemoterapia, estipulando o modo como esta liberação será realizada; III - termo de responsabilidade assinado pelo médico responsável pelo paciente no qual afirme expressamente o conhecimento do risco e concorde com o procedimento; e IV - as provas pré-transfusionais devem ser finalizadas, mesmo que a transfusão já tenha sido completada. § 2º O médico solicitante deve estar ciente dos riscos das transfusões de urgência ou emergência e será responsável pelas consequências do ato transfusional se esta situação houver sido criada por seu esquecimento, omissão ou pela indicação da transfusão sem aprovação prévia nos protocolos definidos pelo Comitê Transfusional. § 3º Se não houver amostra do paciente no serviço de hemoterapia, esta deve ser colhida assim que possível. § 4º Nos casos de transfusão na modalidade de emergência, em que não houver tempo para tipagem do sangue do receptor, é recomendável o uso de hemácias O RhD negativo. Não havendo este tipo de sangue em estoque suficiente no serviço de hemoterapia, poderá ser usado O RhD positivo, sobretudo em pacientes do sexo masculino ou em pacientes de qualquer sexo com mais de 45 anos de idade. § 5º As amostras destes pacientes sejam colhidas antes da transfusão ou pelo menos antes da administração de grande quantidade de hemocomponentes, pois isto pode comprometer o resultado dos testes pré-transfusionais. § 6º A equipe médica deverá observar que na maioria das emergências é possível realizar a tipagem ABO do receptor, possibilitando o uso de sangue iso grupo.

§ 7º Em situações de emergências concomitantes, recomendam-se cuidados

adicionais na identificação dos pacientes e preconiza-se a utilização de

hemácias O, reduzindo assim o risco de incompatibilidade ABO por erro de

identificação.

TESTES PRÉ-TRANSFUSIONAIS

1- Solicitação de Transfusão

Para realização dos testes pré-transfusionais é necessário que o médico

preencha a solicitação de Transfusão de Hemocomponentes de forma correta,

completa e legível. Nessa solicitação deverão constar os seguintes dados de

acordo com o artigo 105 da Legislação Vigente:

Art. 105. As solicitações para transfusão de sangue ou componentes devem ser feitas exclusivamente por médicos, em formulário específico que contenha informações suficientes para uma correta identificação do receptor.

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§ 1º Devem constar no formulário, no mínimo, os seguintes dados: I - nome completo do paciente sem abreviaturas; II - data de nascimento; III - nome da mãe, se possível; IV - sexo; V - número do prontuário ou registro do paciente; VI - número do leito (no caso de paciente internado); VII - diagnóstico; VIII - hemocomponente solicitado (com o respectivo volume ou quantidade); IX - modalidade da transfusão; X - resultados laboratoriais que justifiquem a indicação do hemocomponente; XI - data; XII - dados do médico solicitante (nome completo, assinatura e número do CRM); XIII - dados do paciente, como: a) peso do paciente (quando indicado); e b) antecedentes transfusionais, gestacionais e de reações à transfusão quando relatados pelo paciente.

§ 2º Requisição fora dos padrões descritos no parágrafo anterior, incompleta, ilegível ou rasurada não deve ser aceita pelo serviço de hemoterapia. Modelo da solicitação de Transfusão:

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ATENÇÃO: De acordo com o modelo da solicitação de Transfusão de

Hemocomponentes, já deverá constar a autorização para transfusão heterogrupo dos

hemocomponentes.

2- Testes Pré-Transfusionais (de acordo com a Legislação Vigente):

São realizados para verificar a compatibilidade entre o sangue do doador e a amostra do receptor.

O tempo necessário para realização desses testes é de 1 e ½ hora. São eles:

Classificação ABO/Rh(D);

P.A.I: Pesquisa de Anticorpos Irregulares;

Auto Controle;

Prova Cruzada;

Reclassificação de todas as bolsas de Concentrado de Hemácias.

TABELAS DE TRANSFUSÃO DE GRUPOS SANGUÍNEOS

Receptor Doador (Bolsa de Concentrado de Hemácias)

Grupo ABO do Receptor 1ª escolha 2ª escolha 3ª escolha

O O Não Há Não Há

A A O Não Há

B B O Não Há

AB AB A OU B O

Receptor Doador (Bolsa de Concentrado de Hemácias)

Rh(D) Do Receptor

1ª escolha 2ª escolha

POSITIVO POSITIVO NEGATIVO

NEGATIVO NEGATIVO POSITIVO**

** A escolha do sangue Rh(D) positivo para receptores com Rh(D) Negativo, poderá ser utilizada

somente após autorização médica e de acordo com os critérios da Legislação Vigente.

Receptor

Doador (Bolsa de Concentrado de Plaquetas, Plasma e Crioprecipiado)

Grupo ABO do Receptor 1ª escolha 2ª escolha 3ª escolha ou última escolha

O O A OU B AB

A A AB ou B O

B B AB ou A O

AB AB A OU B O

Receptor

Doador (Bolsa de Concentrado de Plaquetas, Plasma e Crioprecipiado)

Rh(D) Do Receptor

1ª escolha 2ª escolha

POSITIVO Sem restrições

NEGATIVO NEGATIVO POSITIVO (com restrições em mulheres em

idade fértil)

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Transfundindo o paciente – Enfermagem da Equipe Transfusional

Perguntar ao paciente seu nome completo (caso tenha condições de responder) ou a

enfermagem do andar.

Conferir o nome relatado com os dados do rótulo da bolsa e da prescrição.

Certificar a indicação da transfusão na prescrição médica.

Aferir e anotar os sinais vitais pré e pós transfusão.

Anotar horário do início e término da transfusão.

Instalar o hemocomponente, mantendo íntegro o sistema até o final do procedimento.

Instruir a equipe de enfermagem do andar para não infundir nenhum tipo de medicamento concomitantemente com a transfusão (exceto solução fisiológica 9%).

Controlar a transfusão para que seu tempo máximo não ultrapasse 4 horas.

Permanecer os primeiros 15 minutos da transfusão observando o paciente.

Atentar para sinais de Reação Transfusional.

Relatar a evolução da Reação Transfusional apresentada.

Preferir, sempre que possível, transfundir no período diurno.

Assinar e carimbar no término da evolução transfusional.

Colar etiqueta referente ao hemocomponente no prontuário do paciente.

Conferir se a contra-capa do pontuário já tem a etiqueta de tipagem do paciente (grupo

sanguíneo e fator Rh).

Devolver o hemocomponente ao Serviço de Hemoterapia caso o mesmo não tenha sido

utilizado.

Após concluída a transfusão recolher a bolsa e encaminhar para o serviço de

Hemoterapia para ser autoclavada.

Complicações das transfusões:

Reações Transfusionais

Reações Transfusionais Imunes Não imunes

Agudas

Reação febril não hemolítica Contaminação bacteriana

Reação hemolítica imune Sobrecarga de volume

Reação alérgica: leve, moderada e grave Hemólise não imune

TRALI (injúria pulmonar aguda relacionada a

transfusão) Embolia aérea

Hipotermia

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Reações Transfusionais

Reações Transfusionais Imunes Não imunes

Crônicas

Aloimunização eritrocitária Hemosiderose

Aloimunização HLA Doenças infecciosas

Reação enxerto x hospedeiro (GVHD) Alterações eletrolíticas

Púrpura pós transfusional

Imunomodulação

IX. Incidentes Transfusionais Agudos:

Reações Transfusionais

Reação tipo Sinais e Sintomas Causa Tratamento Prevenção

Febril não

hemolítica

Febre, calafrios,

raramente hipotensão

Anticorpos

leucoplaquetários ou

contra proteínas

plasmáticas

Parar a transfusão,

Antitérmico.

Antitérmico

componentes

sanguíneos depletados

de leucócitos (filtro)

Reação

Hemolítica

Imune

Mal estar, febre,

cianose (labial), calafrio,

ansiedade, dor torácica

e lombar, angústia

respiratória, Insuf.renal,

choque, CIVD,

hemoglobinúria

Incompatibilidade

ABO ou outro

anticorpo fixador de

complemento

Parar a transfusão,

hidratar, manter

sinas vitais, induzir

diurese, tratar

choque e CIVD

Assegurar correta

identificação da

amostra do paciente,

checar a amostra

Reação

Alérgica (de

leve até grave)

Prurido, pápula em

pálpebra e face,

urticária, até anafilaxia,

edema de glote

Anticorpo contra

proteínas

plasmáticas (Ig A)

Leve: Anti-

histamínicos.

Severa: Parar a

transfusão,

Adrenalina,

corticosteróides

Leve: observar a

transfusão, se

necessário

Antihistamínico pré

transfusional.

Severa: Componentes

sangüíneos lavados

TRALI Dispnéia, edema Anticorpos anti HLA Interromper Hemácias lavadas

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Reações Transfusionais

Reação tipo Sinais e Sintomas Causa Tratamento Prevenção

pulmonar com Pressão

Arterial normal

ou anti-leucocitários

(do doador)

imediatamente

transfusão.

Oxigenioterapia e

corticosteróide

Contaminação

Bacteriana Febre, calafrio e choque

Componente

sangüíneo

contaminado

Interromper

imediatamente

transfusão.

Tratamento do

choque e uso de

antibiótico.

Cuidados na coleta,

estocagem e

manipulação dos

hemocomponentes

Sobrecarga de

Volume

Dispnéia, hipertensão,

edema pulmonar e

arritmia cardíaca

Infusão rápida ou

excesso de volume

Interromper a

transfusão,

diuréticos.

Evitar infusão rápida e

excesso de transfusão

Hemólise não

imune Igual a hemólise imune

Hemácias

hemolisadas,

mecânica ou química

Igual a hemólise

imune

Inspecionar

cuidadosamente a

bolsa antes da

transfusão

Embolia aérea Insuficiência

Respiratória

Ocorre quando se

usa pressão para

infusão do

hemocomponente

Interromper a

transfusão.

Hipotermia Calafrio, tremor

Infusão rápida de

grande volume de

sangue

Reduzir a

velocidade de

infusão e/ou

aquecimento do

sangue

idem

Alteração

eletrolítica

Hipocalcemia,

hipocalemia,

hipercalemia

Toxicidade pelo

citrato, mais comum

em hepatopata

Correção da

alteração eletrolítica

Uso de componentes

sanguineos mais

recentes

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X. Incidentes Transfusionais Tardios:

Reações Transfusionais

Reação tipo Sinais e Sintomas Causa Tratamento Prevenção

Reação hemolítica

tardia –

aloimunização

eritrocitária e HLA

Redução progressiva

do hematócrito,

icterícia,

hemoglobinúria –

surge após 24 h até

semanas

Resposta

anamnéstica a

transfusão.

Geralmente Rh,

Kell, Kidd, Duffy

Sintomático

Identificar o anticorpo

para nas transfusões

futuras utilizar

hemácias

fenotipadas.

Reação enxerto x

hospedeiro (GVHD)

Destruição dos tecidos

do receptor

Reação dos

linfócitos T do

doador contra os

tecidos do

paciente

Imunossupressão

Irradiação de

hemocomponentes

(25 Gy)

Púrpura Pós

Transfusional

Púrpura de instalação

súbita

Devido AC

antiplaquetário .

Surge 5 a 10 dias

após a tx.

Gamaglobulina

(Imunoglobulina – EV

400 a 500 mg por 10

dias)

Selecionar Bolsas

HPA-1 negativas

Imonumodulação

Identificar o antígeno

para fazer nas

transfusões futuras.

Hemosiderose

Escurecimento da

pele, Diabetes e

cardiopatias

Comum em

pacientes

politransfundidos

Quelantes do ferro Quelantes do ferro

Doenças

Infecciosas

Sintomas de cada

doença

Virus, bactérias

ou protozoários

Tratar a doença

específica

Exames sorológicos

de maior

especificidade e

sensibilidade

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Conduta da Enfermagem frente à intercorrência na transfusão:

Parar imediatamente a transfusão.

Ocluir a extremidade do equipo da transfusão do hemocomponente.

Manter o acesso venoso com solução salina 0,9 % com gotejamento moderado.

Verificar sinais vitais e anotar no prontuário do paciente.

Comunicar ao médico de plantão e ao Serviço de Hemoterapia.

Fazer relato da Reação Transfusional e conduta adotada pelo médico.

Conduta Imediata, após assistir ao paciente:

1- Equipe que prestou a assistência ao paciente (técnico da unidade ou do banco de sangue)

Coletar amostra de sangue do paciente para reavaliação / retestagem.

Encaminhar o hemocomponente com o equipo (na caixa térmica apropriada) à Compatibilidade

Manter amostra de urina fora da caixa térmica e encaminhá-la ao Laboratório;

Anotar no prontuário do paciente todos estes dados.

2 – Pelo Banco de Sangue (Compatibilidade):

Receber a amostra e a bolsa do hemocomponente enviados para análise;

Realizar os exames pré e pós-transfusionais e hemocultura.

Comunicar os resultados dos exames solicitados, tão logo os tenha, ao médico assistente, ao responsável Técnico do Serviço de Hemoterapia e ao responsável pela Hemovigilância (que fará relatório para a Gerência de Risco e para a ANVISA).

3- Notificação pelo Banco de Sangue:

NOTIVISA

Comitê Transfusional Multidisciplinar:

De acordo com a Legislação Vigente:

Art. 8º A instituição de assistência à saúde que possuir serviço de hemoterapia deve constituir um comitê transfusional, multidisciplinar, do qual faça parte um representante da agência transfusional que o assista.

O comitê tem como função o monitoramento da prática hemoterápica na

instituição de assistência à saúde, incluindo a atividade educacional e de

hemovigilância e a elaboração de protocolos de atendimento de rotina

hemoterápica.

Page 16: Cartilha Transfusional - labcmi.org.brlabcmi.org.br/vs-arquivos/HtmlEditor/file/Cartilha Transfusional... · Cartilha Transfusional I. Introdução: Esta cartilha tem como objetivo

Nosso Comitê tem como componentes: Tânia, Adriana, Drª Carol, Maria da Glória e

Maristela.

O transporte do sangue do Serviço de Hemoterapia até o paciente: Enfermagem da

Equipe Transfusional

Receber do técnico de laboratório o hemocomponente a ser transfundido.

Conferir os dados do rótulo do hemocomponente com os dados do receptor.

Observar aspecto do hemocomponente e apresentação da bolsa.

Devolver a bolsa ao técnico de laboratório diante de qualquer anormalidade apresentada

no conteúdo ou no rótulo da unidade.

Acondicionar o hemocomponente em recipiente térmico para transporte.

Manter um recipiente para o transporte de hemocomponente e outro para o transporte

das amostras.

Providenciar material necessário para proceder a transfusão.

Encaminhar o hemocomponente até o local em que se encontra o paciente.

Conclusões e Orientações:

A prescrição médica do sangue (hemocomponentes e hemoderivados) deve ser

bem indicada;

Se existe a opção de utilizar um medicamento (ferro ou eritropoetina) ao invés da

transfusão, assim deve ser feito. Lembrar que toda transfusão pode acarretar

danos ao paciente, seja a curto, médio ou longo prazo.

Hoje conhecemos vários vírus e os Serviços de Hemoterapia estão bem

equipados para monitorá-los.

Mas novos vírus poderão surgir, como aconteceu na década de 80 com o HIV.

Somente com o uso racional do sangue poderemos estar tranqüilos que fizemos

o melhor pelo nosso paciente.

Links relacionados nas outras áreas do site:

O Paciente / Cidadão

O Banco de Sangue recebe em média 50 doadores por dia. As coletas do Serviço de Hemoterapia

são realizadas de segunda a sexta-feira das 7 às 11h.

O Hospital

Conheça também a estrutura administrativa, localização e ramais do Serviço de Hemoterapia

Note que as informações aqui disponibilizadas são de caráter complementar, não

substituindo, em hipótese alguma, as visitas regulares ao médico ! Evite a auto-medicação,

consulte, sempre, um profissional devidamente capacitado.