cartilha sobre o pnae ( programa nacional de alimentação escola)

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CORRUPO, UMA DOENA QUE PRECISA SER VENCIDA

5A MERENDA ESCOLAR

8POR ONDE COMEAR A FISCALIZAO DA MERENDA ESCOLAR?

13 CAA DAS IRREGULARIDADES

18NOTAS EXPLICATIVAS

28BIBLIOGRAFIA

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Vamos fiscalizar a merenda escolar de volta luta contra a corrupo eleitoral uma publicao distribuda gratuitamente pelos realizadores. Realizao Apoio Fome Zero - Associao de Apoio a Polticas de Segurana Alimentar Av. Paulista, 1048, 2andar. CEP 01310-100 So Paulo - SP Tel.: (11) 30163216 www.apoiofomezero.org.br Movimento Nacional de Combate Corrupo Eleitoral www.lei9840.org.br Patrocnio Banco do Brasil Paulinas Editora Apoio Institucional Agropecuria JB Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) Companhia Brasileira de Metalurgia e Minerao (CBMM) Faculdades Trevisan Petrobrs Autoria Bruno Weis, Francisco Whitaker, Nuria Abraho Chaim, Walter Belik Reviso CG Studio Projeto Grfico Paulinas Editora Ilustraes Ziraldo

Tiragem: 20 mil exemplares So Paulo, janeiro de 2004 Permitida a reproduo desta publicao, desde de que citada a fonte.

PORQUE E PARA QUE ESTA CARTILHAsta cartilha, publicada pela Apoio Fome Zero em parceria com o 1 Movimento Nacional de Combate Corrupo Eleitoral Lei 9840 , destina-se aos Comits 9840 e a outros grupos engajados na luta pela tica na poltica, que esto se preparando para fiscalizar a aplicao da lei 9840 contra a corrupo eleitoral nas eleies municipais de 2004. Como essa fiscalizao s poder comear a partir de 3 de julho, o que se prope que esses Comits e grupos esquentem os motores lutando contra o roubo da merenda escolar. A ONU estima que entre as 300 milhes de crianas que padecem de fome crnica em todo o mundo, 170 milhes tm de estudar de estmago vazio porque no recebem merenda escolar. Ainda segundo a ONU, quando a escola oferece alimentao, a freqncia escolar dobra no prazo de um ano. No Brasil, estima-se que 40% das denncias que chegam Corregedoria Geral da Unio, rgo que fiscaliza o uso de recursos federais pelos municpios, tratam de casos de corrupo e desvio dos recursos destinados alimentao escolar. A Apoio Fome Zero uma Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico (OSCIP) formada por empresas e entidades sociais unidas para apoiar projetos e aes que promovam a segurana alimentar e nutricional da populao brasileira. Lutar contra o roubo de recursos destinados a atender as necessidades das crianas uma das mais urgentes e eficazes maneiras de contribuir para que a fome seja eliminada em nosso pas. O Movimento Nacional de Combate Corrupo Eleitoral e a Apoio Fome Zero consideram que os Comits 9840 e outros grupos que se associem a essa luta estaro no s contribuindo para isso, como realizando um trabalho preventivo: podero fazer com que prefeitos e vereadores corruptos nem cheguem a se candidatar reeleio. A luta contra o roubo da merenda pode comear de diferentes maneiras. Esta cartilha prope, como se ver mais adiante, que se comece pelo apoio ao Conselho de Alimentao Escolar (CAE) de cada municpio, rgo que tem como funo principal zelar pela boa aplicao dos recursos e pela qualidade da merenda escolar.2

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CAPTULO 1 CORRUPO, UMA DOENA QUE PRECISA SER VENCIDA

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CORRUPO, UMA DOENA QUE PRECISA SER VENCIDA

R oubar tomar dinheiro ou bens que pertencem a outros. H muitas formas

de roubar: com ou sem violncia, enganando ou no quem est sendo roubado. Nossa sociedade considera o roubo um crime, a ser sempre punido. Nenhuma sociedade em que o roubo seja aceito consegue sobreviver. A corrupo uma forma de roubo em que existe a conivncia de quem toma conta do dinheiro ou dos bens roubados por exemplo, dentro de uma empresa ou em negcios entre empresas e entre pessoas e empresas. Quem se deixa corromper, ajudando o ladro ou facilitando sua ao, rouba tambm, porque fica com uma parte do que foi roubado ou obtm alguma vantagem pessoal em prejuzo de quem foi roubado. A palavra corrupo , no entanto, mais usada quando o dinheiro ou os bens roubados so pblicos isto , de propriedade de todos e quem rouba ou facilita o roubo exerce funes de governo, ou seja, so os prprios responsveis pela guarda ou pela administrao desse dinheiro ou desses bens. Para que haja desvio de dinheiro pblico, como se diz, tem de haver, dentro e fora do governo, uma rede de interessados em sug-lo para seus bolsos. No Brasil, esses desvios transferem muitos bilhes de reais das contas pblicas para autoridades desonestas e seus cmplices. dinheiro que deveria ser usado para ajudar a resolver nossos angustiantes problemas sociais e que a sociedade perde, o que traz mais sofrimento, doena, fome e falta de perspectivas para milhes de pessoas. A corrupo uma perigosa deteriorao dos costumes sociais. como uma doena que vai contagiando e destruindo os rgos em que ela penetra.

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VAMOS FISCALIZAR A MERENDA ESCOLAR

A denncia da corrupo como ao preventiva e contnuaA ao preventiva que esta cartilha prope aos Comits 9840 e outros grupos que lutam pela tica na poltica consiste em fiscalizar e processar na Justia, antes que se apresentem para a reeleio, prefeitos e vereadores corruptos que estejam roubando recursos destinados merenda escolar e, assim, comprometendo a qualidade da alimentao na rede pblica de ensino do pas. Trata-se de uma fiscalizao que pode ser feita de forma mais rpida e eficaz, porque se concentra num tipo nico, mas muito comum de corrupo, sem se dispersar na extrema diversidade dos modos como, infelizmente, o dinheiro pblico roubado no Brasil. Mas nada impede que os Comits e grupos possam ir mais longe. A fiscalizao de agora, centrada na merenda escolar, pode ter continuidade aps as eleies, se ampliando a toda a administrao municipal. Inclusive porque no municpio mais fcil reunir mais gente para participar da fiscalizao. Conhecemos melhor os problemas e as pessoas da nossa cidade os polticos, os empresrios, os funcionrios pblicos. Tudo est mais mo, mais perto, mais acessvel, embora tambm muitas vezes, em cidades menores, o engajamento das pessoas na luta contra a corrupo seja dificultado por relaes de parentesco e amizade com funcionrios, vereadores e mesmo prefeitos, ou pela gratido por ajudas ou favores recebidos. Ainda assim, possvel mostrar que todos saem perdendo quando se mistura o pblico com o privado. Como dificilmente os fraudadores resistem tentao de ostentar sua riqueza mal adquirida, muito comum que administradores municipais, seus assessores, parentes ou amigos comecem logo a exibir um padro de vida muito acima de seus recursos comprando carros de luxo e imveis, viajando, inclusive para o exterior. Se isto estiver ocorrendo, bem possvel que estejam pagando tudo com o dinheiro do povo. E certo que usaro esse mesmo dinheiro para custear suas campanhas eleitorais. Para quem estiver disposto a enfrentar essa luta mais ampla, j existe uma 3 cartilha para ajudar: O combate corrupo nas Prefeituras do Brasil . Ela apresenta toda a gama de possibilidades de corrupo no poder pblico municipal, contando o que aconteceu em Ribeiro Bonito, Estado de So Paulo: um grupo de cidados, reunidos na ONG Amarribo, desmascarou os administradores corruptos do municpio e conseguiu fazer com que eles fossem efetivamente punidos.

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VAMOS FISCALIZAR A MERENDA ESCOLAR

A MERENDA ESCOLARO que a merenda escolar

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merenda escolar um programa do Governo Federal de mbito nacional, chamado Programa Nacional de Alimentao Escolar (PNAE). Seu objetivo assegurar que sejam supridas, parcialmente, as necessidades nutricionais das crianas de nossas escolas, o que, alm de lhes assegurar melhores condies de crescimento, pode contribuir para a reduo dos ndices de evaso e para a formao de bons hbitos alimentares, dentro da poltica de Segurana Alimentar e Nutricional. A histria desse programa teve incio em 1954, quando era de responsabilidade da Comisso Nacional de Alimentos. No ano seguinte, em 1955, ganhou abrangncia nacional com a Campanha da Merenda Escolar, beneficiada por doaes de excedentes agrcolas dos Estados Unidos. Esse programa foi, no entanto, mudando de nome e de estrutura de funcionamento em vrias oportunidades: em 1965, em 1981, em 1983. At 1993, o gerenciamento do programa de alimentao escolar era feito de forma centralizada pelo Governo Federal (que comprava e distribua os alimentos para as escolas de todo o pas o que evidentemente era difcil e custoso, alm de abrir espao para muitos desvios), mas a partir de 1994 foi descentralizado para os estados, Distrito Federal e municpios. Em 1997 surgiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao (FNDE), que cuida at hoje do Programa Nacional de Alimentao Escolar (PNAE), com o apoio dos Conselhos de Alimentao Escolar (CAEs), criados em todos os estados, Distrito Federal e municpios. Atualmente os beneficirios do PNAE so os alunos matriculados na educao infantil, oferecida em creches e pr-escolas, e no ensino fundamental da rede pblica de ensino dos estados, do Distrito Federal e dos municpios, ou em estabelecimentos mantidos pela Unio. A referncia bsica o censo escolar realizado pelo Ministrio da Educao no ano anterior ao do atendimento. Pode tambm ser beneficiado o aluno matriculado em creches, em pr-escolas, no ensino fundamental e em escolas de educao especial mantidas por entidades beneficentes de assistncia social, cadastradas no mesmo censo escolar do ano anterior, dentro de certas condies.

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CAPTULO 2 A MERENDA ESCOLAR

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Recursos destinados merenda escolarAnualmente, com base no censo escolar, o Governo Federal repassa recursos financeiros do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao (FNDE), assegurados no Oramento da Unio, s chamadas Entidades 5 Executoras (EEs, que so basicamente os estados, Distrito Federal e municpios ). Esses recursos so transferidos diretamente a contas correntes especficas, abertas pelo prprio FNDE, sem a necessidade de celebrao de convnio, ajuste, acordo, contrato ou qualquer outro instrumento. A transferncia se faz em dez parcelas mensais, a partir do ms de fevereiro de cada ano, para a cobertura de 200 dias letivos (para as creches a cobertura de 250 dias). As Entidades Executoras tm autonomia para administrar os recursos, sendo que 70% do total recebido 6 do FNDE deve ser aplicado em produtos bsicos . A lei determina que a merenda atenda a 15% das necessidades dirias dos alunos beneficiados. Hoje, o Governo Federal repassa 13 centavos por dia e por aluno para a merenda no ensino fundamental e 18 centavos no caso de creches. Caso as Entidades Executoras entendam que os recursos repassados pelo FNDE no so suficientes, elas mesmas devem complement-los, conforme estabelecido na Constituio Federal.

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Os recursos recebidos do Governo Federal obrigam os municpios e as secretarias estaduais de educao a prestar contas anualmente, ao FNDE, do uso dado a esses recursos. A Entidade Executora deve fazer a prestao de contas no 7 formulrio Demonstrativo Sinttico Anual da Execuo Fsico-Financeira e encaminhar ao Conselho de Alimentao Escolar (CAE) (com toda documentao que o CAE necessitar) at 15 de janeiro do ano seguinte ao do atendimento. O CAE analisa a prestao de contas, emite um parecer conclusivo sobre a regularidade da aplicao dos recursos e envia este parecer com o Demonstrativo Sinttico da Execuo Fsico-Financeira ao FNDE, at 28 de fevereiro. Quando a prestao de contas no feita, o repasse dos recursos financeiros suspenso e o FNDE poder instaurar, caso julgue necessrio, uma Tomada de Contas Especial. Assim, embora essa prestao de contas seja apenas referente verba federal, ela cria um mecanismo de controle que pode, na prtica, alcanar o total de recursos utilizados. A fiscalizao do recurso federal destinado merenda cabe aos Conselhos de Alimentao Escolar nos estados, Distrito Federal e municpios, e aos demais rgos de controle interno e externo: FNDE, Tribunal de Contas da Unio (TCU), Ministrio Pblico Estadual e Federal, alm da Controladoria Geral da Unio (CGU).

Os Conselhos de Alimentao Escolar (CAEs)Um dos instrumentos mais importantes no controle da merenda escolar o Conselho de Alimentao Escolar (CAE). Esse Conselho um rgo colegiado deliberativo e autnomo, composto por sete membros: dois representantes dos pais de alunos, dois professores, um representante da sociedade civil, um representante do Poder Executivo e outro do Poder Legislativo. O perodo do mandato dos conselheiros de dois anos, podendo os membros ser indicados para mais uma gesto. Em Entidades Executoras (estados e municpios) com mais de cem escolas do ensino fundamental, a composio do respectivo CAE poder ser de at trs vezes o nmero mnimo de membros, obedecida a proporcionalidade. Mas preciso que os CAEs fiquem atentos renovao do mandato de seus membros, uma vez que sem a nomeao dos conselheiros os municpios correm o risco de no receber o repasse do FNDE. O principal objetivo do CAE, alm de fiscalizar a aplicao dos recursos transferidos, consiste em zelar pela qualidade dos produtos, desde a compra de alimentos at a distribuio nas escolas, assim como pelas boas prticas de higie-

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ne e sanitrias. A instituio dos Conselhos foi um grande avano no PNAE, uma vez que envolveu a sociedade civil no acompanhamento e fiscalizao da sua execuo, permitindo seu acesso direto s aes desenvolvidas pelas Entidades Executoras. As competncias dos CAEs so bastante amplas, segundo os regulamentos existentes: divulgar em locais pblicos o montante de recursos do Programa Nacional de Alimentao Escolar, recebidos pelas EEs; acompanhar a elaborao dos cardpios, opinando sobre sua adequao realidade local; cuidar para que a qualidade dos alimentos seja mantida, desde a compra at a distribuio, zelando para que sejam observadas as boas prticas higinicas e sanitrias; orientar o armazenamento dos alimentos nos depsitos e/ou nas escolas; comunicar Entidade Executora quando houver problemas com os alimentos, como perda da validade, deteriorao, desvio e furto. receber e analisar a prestao de contas da Entidade Executora e encaminhla ao FNDE. comunicar ao FNDE sobre o descumprimento, por parte da Entidade Executora, das orientaes legais, durante a execuo do PNAE.

CAPTULO 3 POR ONDE COMEAR A FISCALIZAO DA MERENDA ESCOLAR?

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POR ONDE COMEAR A FISCALIZAO DA MERENDA ESCOLAR?Entrar em contato com os CAEs

C onsiderando a composio, atribuies e competncias dos CAEs e suaimportncia para o adequado desenvolvimento do programa de merenda escolar, fica evidente que, para comear a fiscalizar o que est ocorrendo com a merenda escolar no municpio, o primeiro passo tomar contato com o respectivo CAE, para ver se ele est funcionando como deve, se os conselheiros esto se reunindo regularmente. Uma boa verificao a fazer , por exemplo, a da regularidade das reunies do CAE. A freqncia mais usual de uma reunio por ms, mas pode variar de acordo com a regulamentao interna. Entretanto, se o CAE se rene apenas uma vez por ano, e apenas para aprovar a prestao de contas, este um forte sinal de que o Conselho no atuante. Infelizmente, o mais comum que o CAE no funcione adequada e regularmente. Por meio do seu Programa de Sorteios, a Controladoria Geral da Unio (CGU) constatou que em 49 dos 50 municpios fiscalizados na 4 edio desse Programa, os Conselhos (assim como as demais comisses municipais) no tm atuao efetiva. Em alguns municpios, eles foram constitudos apenas formalmente, mas no desempenham suas atribuies, deixando de realizar reunies e de fiscalizar a aplicao dos recursos federais. Em um dos casos investigados pela CGU, o Presidente do CAE era tambm presidente da Comisso Permanente de Licitao da prefeitura, desconhecia qualquer atribuio do CAE, no havia realizado nenhuma reunio com os conselheiros e muito menos efetivava qualquer ao de fiscalizao da merenda escolar. Muitas vezes os membros dos CAEs desconhecem suas atribuies e at mesmo quem so os demais membros do Conselho, no visitam as escolas e no do portanto qualquer tipo de orientao para resolver problemas relativos ao programa da merenda escolar, comprometendo sua boa execuo.

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CAPTULO 3 POR ONDE COMEAR A FISCALIZAO DA MERENDA ESCOLAR?

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Por outro lado, especialmente nos municpios muito pequenos, nem sempre h pessoas em quantidade suficiente para integrar todos os conselhos previstos nas Constituies e Leis Orgnicas, o que prejudica a capacidade de seus membros cumprirem suas atribuies. Mas embora isso no impea uma adequada composio dos CAEs, comum, na grande maioria dos municpios, uma composio incorreta. Os prefeitos os compem com parentes e compadres seus ou de seus secretrios municipais. Assim, outra verificao a fazer a da representatividade dos pais de alunos, dos professores e da sociedade civil. Essa verificao pode ser feita, por exemplo, perguntando a pais de alunos e professores se eles sabem quem os representa no CAE, ou indagando do prprio representante da sociedade civil como ele foi escolhido. preciso, portanto, em primeiro lugar, verificar se tais tipos de irregularidades esto ocorrendo e buscar a melhor forma de denunci-las para que os CAEs passem a ser o que devem ser de fato. preciso inclusive exigir que os estados, Distrito Federal e municpios cumpram sua obrigao de lhes garantir a infraestrutura necessria plena execuo das atividades de sua competncia, como um local apropriado para as reunies do Conselho, disponibilidade de equipamento de informtica e transporte para deslocamento dos seus membros aos diferentes locais que devem visitar.

Apoio aos CAEsSe no houver a possibilidade de ajudar o CAE a regularizar sua situao, porque nem o prefeito nem seus membros o desejam, no h outro remdio seno fiscalizar diretamente a merenda escolar e o prprio CAE que pode estar mancomunado com as pessoas que desviam recursos da merenda. Nesse caso, estaremos diante de uma situao em que efetivamente seria desejvel que o prefeito no se recandidatasse. Contudo, o ideal conseguir fazer uma parceria com o CAE, sem pretender substitu-lo. No vale a pena duplicar o trabalho que pode e deve ser feito pelo CAE, inclusive porque ele tem fora legal para obter informaes, visitar escolas e verificar in loco as condies de preparao e distribuio da merenda. O direito de obter informaes do Poder Pblico assegurado pela Constituio Federal a todos os cidados. Mas evidente que solicitaes feitas pelo CAE so atendidas com mais presteza, pois uma denncia deste Conselho pode significar a interrupo do repasse de recursos federais.

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Os Regulamentos do Programa Nacional de Alimentao Escolar estabelecem que obrigao dos estados e municpios fornecer aos Conselhos de Alimentao Escolar, sempre que solicitados, todos os documentos e informaes referentes execuo do PNAE em todas as suas etapas, tais como: cpias dos editais de licitao, de extratos bancrios e demais documentos necessrios ao desempenho das atividades de sua competncia. Nessa perspectiva, a parceria dos Comits 9840 e grupos de luta pela tica na poltica pode reforar as possibilidades de atuao dos CAEs, ampliando o nmero de pessoas que podem fazer verificaes e consultar a populao e os usurios da merenda escolar. Com esse reforo, torna-se vivel verificar se esto ocorrendo irregularidades, consultando diretamente os alunos das escolas e suas famlias sobre a merenda escolar que oferecida: se est sendo servida todos os dias, se a qualidade do alimento boa, se a merenda tem produtos in natura (verduras, legumes, frutas) ou muito produto formulado (pronto). Se houver bastante gente disposta a ajudar, possvel programar um levantamento sistemtico de opinies e de informaes na sada das escolas e nas casas. Uma vez entregues ao CAE os resultados desse levantamento, pode-se passar a uma nova etapa: a de verificao do que ocorre onde foram constatadas insuficincias.

CAPTULO 3 POR ONDE COMEAR A FISCALIZAO DA MERENDA ESCOLAR?

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CAA DAS IRREGULARIDADES

A s insuficincias na qualidade e na regularidade do fornecimento da merendaescolar tm por trs diferentes tipos de irregularidades. Na verdade, existe todo um know-how de corrupo, uma srie de esquemas disposio das autoridades desonestas para que elas se apropriem dos fundos municipais, sem que isso fique muito evidente. Elas transmitem umas s outras esse saber perverso. Se for possvel trabalhar em parceria com o CAE, a identificao das irregularidades pode ser facilitada. Mas se tambm o CAE estiver implicado nelas, os Comits e grupos tm que se pr a campo, examinando cada um dos esquemas possveis. A cartilha O combate corrupo nas Prefeituras do Brasil fornece para isso um grande nmero de indicaes. Na verdade, num municpio em que o prefeito corrupto e a Cmara Municipal cmplice, tais irregularidades ocorrem em todos os setores da mquina administrativa e, portanto, tambm na merenda escolar. Nessa rea, h irregularidades que podem ser facilmente identificadas, como a inexistncia de local adequado para a preparao dos alimentos, a falta de gua tratada e de gs de cozinha, a existncia de alimentos deteriorados, condies de armazenagem no condizentes - por exemplo, alimentos guardados junto a materiais de limpeza, ou sujeitos a ataques de insetos e roedores, por falta de janelas com telas de proteo. Outras irregularidades so a inexistncia de cardpio elaborado por nutricionista e a adoo de cardpio fornecido pelos prprios fornecedores dos alimentos. Pode haver tambm falta de controle de estoque na prefeitura. Para encobrir os desvios, o que se faz no registrar no almoxarifado as entradas e sadas de mercadorias adquiridas e as requisies feitas pelos diversos setores, nem mesmo os responsveis por elas. Ora, justamente por meio desses registros que se torna possvel a fiscalizao das operaes. Tem acontecido de comerciantes inclurem na conta da merenda escolar paga pela da prefeitura o fornecimento de alimentos, produtos diversos, bebidas, etc., diretamente residncia do prefeito.

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Outra prtica muito usada adquirir em quantidade muito acima das necessidades. A empresa fraudadora s entrega a quantidade realmente necessria, de valor muito menor do que foi pago pela prefeitura, e a diferena repartida com o administrador municipal e sua turma. Um exame cuidadoso, levantando-se as necessidades reais e conferindo com as quantidades que aparecem nas notas, permitir descobrir esse tipo de fraude. Alegar desorganizao para justificar falhas inaceitvel nos dias de hoje e constitui um srio indcio de corrupo.

O esquema das notas friasO modo mais difundido de se desviar recursos pblicos o uso de notas fiscais frias, relativas a servios que no foram prestados ou produtos no entregues. As notas podem tambm ser superfaturadas. O servio ou produto que, na verdade, custou X, cobrado na nota duas ou trs vezes mais, ou se emite nota com quantidade de produtos muito superior efetivamente entregue. As notas usadas na corrupo so, em geral, de empresas fantasmas, que no existem. H gente desonesta que se especializa no fornecimento dessas notas (ganhando uma parcela do que roubado). Mas a fraude pode ser feita tambm usando notas de empresas reais, que funcionam normalmente. Em qualquer desses casos, h um acordo entre as empresas desonestas e o prefeito ou seus assessores. A empresa emite as notas fiscais irregulares, a prefeitura faz todo o trmite administrativo da compra de mercadorias ou prestao de servios quando necessrio, monta o procedimento da licitao d recibo da entrada da mercadoria, empenha a despesa, emite o cheque em favor da empresa, o qual, por fim, dividido entre ela, o prefeito e seus cmplices. A parte do grupo do prefeito entregue em dinheiro vivo para no deixar vestgios nas contas bancrias, que seriam facilmente rastreadas havendo quebra de sigilo bancrio. Nessas fraudes, h quase sempre a cumplicidade de funcionrios da prefeitura. O responsvel pelo almoxarifado deve dar quitao do servio ou mercadoria

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utilizada e cabe contabilidade empenhar a despesa e pagar as notas, emitindo os cheques.

Como examinar as notas da corrupoExaminando as notas fiscais relativas s compras de alimentos para a merenda, importante verificar se h notas fiscais com valores redondos ou prximos do valor de R$ 8.000,00. A prefeitura pode adquirir bens e servios (desde que no seja para obras e servios de engenharia) de valor at R$8.000,00 sem que seja necessrio realizar licitao (desde que esta quantia no se refira a parcelas de uma mesma compra). Graas a essa brecha, os fraudadores emitem uma poro de notas de valores iguais ou prximos a R$8.000,00. s vezes, efetuam compras de um grande volume do mesmo produto, usando diversas notas inferiores ao limite de R$8.000,00. A existncia de muitas notas com esse valor suspeita. Convm verificar na Junta Comercial se as notas so frias, ou seja, emitidas por uma empresa que no existe. Outros indcios de corrupo: Notas fiscais de fornecedores distantes ou desconhecidos para produtos que poderiam ser adquiridos na localidade. Vale lembrar que o PNAE estimula a compra institucional dentro do municpio e, portanto, deve haver uma boa justificativa para a busca de fornecedores de regies distantes. Esse tambm um indcio de corrupo, que pode ser confirmado numa consulta Junta Comercial. Notas fiscais seqenciais. Notas seqenciais indicam que a empresa s fornece prefeitura. Nesse caso, ou a nota fria ou a empresa foi formada especialmente para trabalhar para a administrao municipal. um indcio forte de fraude. Muitos fraudadores so espertos. Para disfarar a seqncia, eles forjam notas tambm para outros rgos pblicos e empresas. Nesse caso, convm, por meio do Ministrio Pblico, obter o talo de notas para verificar se esses outros clientes existem e se as aquisies foram realmente efetivadas. Notas fiscais impressas na mesma grfica. Talonrios muito parecidos utilizados por empresas diferentes podem ser impressos no mesmo local

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em geral, numa grfica clandestina. obrigatrio constar o nome da grfica no rodap das notas fiscais. Basta verificar (sempre na Junta Comercial) se ela fictcia. Se for, a nota fiscal tambm .

O esquema das empresas fantasmasFraudar a administrao municipal usando notas frias de empresas fantasmas um recurso muito mais comum do que se pensa. Como vimos acima, elas podem ser desmascaradas por meio de certido da Junta Comercial. Os requerimentos para verificao da existncia de empresas devem ser feitos na prpria Junta. As Juntas Comerciais podem ser acessadas pelos seus diferentes sites, nos vrios Estados. Por exemplo, no Estado de So Paulo, o site www.jucesp.sp.gov.br. Convm tambm investigar se a empresa consta do Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica, na Receita Federal site www.receita.fazenda.gov.br e se cadastrada na receita estadual, rgo da Secretaria da Fazenda Estadual. Em certos casos, a certido da Junta no suficiente para atestar a inexistncia de uma empresa. Ela pode ser registrada apenas para fazer negociatas com administraes desonestas. A, preciso visitar o endereo indicado na nota fiscal para ver se ela est instalada no local ou no, conferir com os eventuais endereos fornecidos aos outros rgos e verificar nas imediaes se j esteve instalada ali e quando. No se deve esquecer de fotografar tudo para apresentar posteriormente as fotos como prova documental. O ideal fotografar registrando com a pgina principal do jornal do dia. O mesmo procedimento deve ser feito para investigar a existncia das grficas que imprimiram os talonrios. O pagamento a uma empresa fantasma significa que o servio ou o produto especificado no existiu e que o cheque emitido pela prefeitura foi para os fraudadores. motivo suficiente para se propor uma ao contra os corruptos e conseguir sua condenao. H empresas que so criadas nas vsperas da posse. Nem bem seus candidatos ganham a eleio, as quadrilhas j comeam a montar os esquemas para assal-

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tar os cofres pblicos. No perodo anterior posse, muito comum criar empresas apenas para fornecer para a prefeitura. Dessa forma, examinando as notas de despesas da prefeitura, deve-se verificar na Junta Comercial se foram emitidas por empresas recentemente constitudas. Depois, averiguar quem so os scios. Se possvel, devem ser investigados. Eventualmente, sero meros laranjas, pessoas usadas como testas-de-ferro ou at mesmo falecidas. Esse trabalho pode revelar importantes indcios de corrupo.

A fraude nas licitaesEsse esquema funciona da seguinte forma: escolhe-se somente empresas amigas para participar da licitao e nomeia-se uma comisso de licitaes com funcionrios cmplices da fraude. Para que a empresa previamente escolhida ganhe a licitao, eles mesmos preenchem as propostas das outras empresas, com valores mais altos. Examinando os tipos grficos das mquinas que preencheram as diversas propostas, s vezes descobre-se que a mesma mquina foi usada em todas elas. Se, no incio do processo, foram convidadas empresas idneas ou conhecidas, no se deve deixar de verificar se realmente apresentaram propostas ou desistiram em virtude de obstculos criados pela Comisso de Licitao. Para dar aparente legitimidade licitao, muitas vezes os fraudadores forjam documentos ou prestam informaes falsas, constando que essas empresas honestas participaram, quando, na verdade, isso no aconteceu. Outra prtica usual a dos convites direcionados: incluem-se nas cartas-convite uma srie de exigncias e clusulas que s os comerciantes do esquema podem atender. Com isso, frauda-se a livre concorrncia e garante-se a vitria de empresas dispostas a participar das negociatas. Empresas desse tipo tm reputao suspeita ou so de locais distantes ou so fornecedoras permanentes da prefeitura. E h as empresas com lugar cativo: no h rodzios, so sempre as mesmas. s vezes at os rodzios so acertados previamente. Em muitas licitaes, os produtos so cotados por valores muito superiores aos do mercado. O vencedor pr-escolhido e os participantes da licitao, envolvidos na trama, combinam entre si para apresentar propostas com preos mais altos. Isso formao de quadrilha. Havendo suspeitas, esse fato merece uma investigao mais atenta.

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H tambm irregularidades que parecem menores mas que permitem identificar fraudes, como a ausncia de pesquisa de preos, a inexistncia dos envelopes com as propostas, propostas com assinaturas que no permitem identificar os representantes das empresas e ata da Comisso de Licitao sem rubrica dos participantes, nmero de participantes abaixo do exigido pela legislao, ou vrias empresas participantes terem entre seus scios a mesma pessoa. Ou, ainda, h processos licitatrios que contm evidncias de serem falsificados, como quando todos so confeccionados em folhas novas, sem marcas de manuseio, sem numerao das pginas do processo, com pareceres jurdicos com o mesmo erro de impresso, s vezes em exerccios diferentes.

Pagamento com cheques sem cruzarNos dias de hoje, pagamentos com cheques nominais e cruzados so regra, mais ainda em se tratando de rgo pblico. Por isso, quando a prefeitura emite cheques sem cruzar e ao portador (sem identificao do nome do beneficirio), deve-se estranhar. Pode ser indcio de desvios. O cheque sem cruzar permite ao fornecedor desonesto sacar o dinheiro no caixa do banco sem se identificar e inclusive transferi-lo a terceiro, facilitando sua diviso entre as outras pessoas envolvidas no esquema. Cheque cruzado e nominal tem de ser depositado na conta do beneficirio; em caso de investigao com quebra de sigilo bancrio, o cheque poder ser rastreado e a operao oculta, desmascarada.

Como proceder no caso de irregularidades na merenda escolar?Segundo o FNDE: Qualquer pessoa poder fazer reclamaes e denncias sobre irregularidades na execuo do PNAE, devendo levar ao conhecimento do Conselho de Alimentao Escolar CAE; do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao FNDE; (...) do Ministrio Pblico Federal; dos rgos de controle interno do Poder Executivo Federal; e do Tribunal de Contas da Unio. As reclamaes, denncias e esclarecimentos podem ser efetuados tambm por meio da central telefnica Fala Brasil, do Ministrio da Educao, cujo nmero 0800616161, a ligao gratuita.

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O uso de um ou outro desses diferentes caminhos depender da existncia ou no de parceria com o CAE. Se houver parceria, cabe ao CAE fazer a denncia junto ao FNDE, ao Ministrio Pblico e aos outros rgos de controle. Se no houver essa parceria, os prprios CAEs e naturalmente os prprios prefeitos - que sero sempre os maiores responsveis - tero que ser denunciados pelos Comits e grupos de luta pela tica na poltica. Juntamente com os CAEs ou no, os Comits 9840 devem valer-se de apoios nos jornais e meios de comunicao locais. A parceria com esses meios deve ser uma preocupao permanente no trabalho dos Comits 9840 e grupos engajados na luta pela tica na poltica. Se for possvel conseguir uma boa divulgao das irregularidades que vo sendo descobertas, o prefeito corrupto que quiser se recandidatar pode vir a consegui-lo, mas j entra enfraquecido para a disputa eleitoral. Esse ser um dos efeitos da luta contra irregularidades na merenda escolar como ao preventiva. Unio, estados e prefeituras recolhem recursos de toda a populao para que sejam usados em diversos programas e polticas pblicas, entre os quais a merenda escolar: para comprar alimentos, prepar-los, oferec-los nas escolas s crianas. Mas diversos tipos de esquemas de corrupo desviam para uso particular no s o recurso pblico destinado merenda escolar como diretamente os alimentos comprados para este Programa. O resultado so crianas que ficam sem comer ou comem muito menos do que necessitam. No podemos ser omissos diante desse crime.

CAPTULO 4 CAA DAS IRREGULARIDADES

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NOTAS EXPLICATIVAS1

Para combater a corrupo eleitoral, contamos hoje, no Brasil com um novo instrumento de luta: a lei 9840, de 1999. A aplicao dessa Lei leva cassao do registro dos candidatos que tentem comprar votos ou usem eleitoralmente os recursos do governo. A lei 9840/99, que necessita, para ser plenamente aplicada, da fiscalizao dos cidados, resultou da ao da sociedade civil organizada: ela foi proposta ao Congresso Nacional em 10 de agosto de 1999, como um Projeto de Lei de Iniciativa Popular, com um milho de assinaturas de eleitores. O projeto foi transformado em lei num prazo recorde, em 29 de setembro desse mesmo ano. A campanha de coleta de assinaturas, patrocinada pela Comisso Brasileira Justia e Paz, da Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil, juntamente com mais de sessenta entidades da sociedade civil, foi baseada numa afirmao simples: voto no tem preo, tem conseqncias. Para mais informaes sobre a Lei 9840 e sobre as publicaes e iniciativas visando assegurar sua plena aplicao, consultar as pginas da Internet www.lei9840.org.br e www.cbjp.org.br. Para saber mais, acesse: www.apoiofomezero.org.br. Publicao da Ateli Editorial, de 2003. Ver www.amarribo.com.br. As informaes contidas neste captulo foram extradas da Medida Provisria n.2.17836, de 24 de agosto de 2001 e da Resoluo n. 35, de 1 de outubro de 2003, do FNDE (para mais informaes, consultar a pgina do FNDE: www.fnde.gov.br). Consulte tambm a pgina na internet da Apoio Fome Zero sobre o Programa Nacional de Alimentao Escolar (www.apoiofomezero.org.br). Entidades Executoras o nome que se d para as entidades responsveis pelo recebimento dos recursos financeiros transferidos pelo FNDE e pela execuo do Programa Nacional de Alimentao Escolar. Aps o repasse, as Entidades Executoras tornam-se responsveis pelo recebimento, utilizao e prestao de contas dos recursos do programa. So Entidades Executoras: As secretarias de educao dos estados e do Distrito Federal: responsveis pelas escolas pblicas da rede estadual e do Distrito Federal. As prefeituras: responsveis pelas escolas pblicas da rede municipal, pelas escolas mantidas por entidades filantrpicas e pelas escolas da rede estadual (quando for delegado pelas secretarias de educao dos estados). As creches e escolas federais, quando receberem os recursos diretamente do FNDE que passam a ser administrados pela UE Unidade Executora (entidade representativa da comunidade escolar: Associao de Pais e Mestres, Conselho Escolar, Caixa Escolar etc.).

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NOTAS EXPLICATIVAS6

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aa, acar, amido de milho, arroz, banha, batata doce, batata inglesa, biscoito de polvilho, bolacha doce (tipo maisena), bolacha salgada (tipo cracker), caf, canjiquinha/xerem, car, carne bovina congelada, carne bovina fresca, carne bovina resfriada, carne salgada, carne suna congelada, carne suna fresca, carne suna resfriada, charque ou carne seca, creme de milho, farinha de mandioca, farinha de milho, farinha de rosca, farinha de tapioca, farinha de trigo, fcula de batata, feijo, frango abatido congelado, frango abatido fresco, frango abatido resfriado, frutas, fub, gro de bico, inhame, legumes, leite em p, leite fluido, lentilha, macarro, mandioca, manteiga, margarina, mel de abelha, melado de cana, milho para canjica (mungunz), milho para pipoca, midos congelados, midos resfriados, leo de soja, ovos, po, pescado congelado, pescado fresco, pescado resfriado, polpa de frutas, polpa de tomate, polvilho, queijo de coalho, queijo de minas, rapadura, sagu, sal, sardinha em conserva (leo), smola de milho, soja em gro, suco de laranja concentrado, suco natural, temperos, toucinho defumado, trigo para quibe, verduras/hortalias, vinagre. (FNDE, 2001). O modelo deste formulrio est no Anexo I da Resoluo n35 de 2003 do FNDE.

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BIBLIOGRAFIAFUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAO / MINISTRIO DA EDUCAO. Programa Nacional de Alimentao Escolar: hora da merenda! 2001. FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAO / MINISTRIO DA EDUCAO. Resoluo FNDE/CD/n035 de 1 de outubro de 2003. FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAO / MINISTRIO DA EDUCAO. Relatrio de Denncias do PNAE. 2003 MEDIDA PROVISRIA n 2.178-36, de 24 de agosto de 2001. PROCURADORIA FEDERAL DOS DIREITOS DO CIDADO / MINISTRIO PBLICO FEDERAL. Projeto Proteo a Infncia e a Adolescncia. 2003 SUBCONTROLADORIA-GERAL / CONTROLADORIA-GERAL DA UNIO NOTAS TCNICAS. Relatrios de Fiscalizao e Auditoria no mbito do PNAE. 2003 TREVISAN, A.M. et al. O Combate corrupo nas prefeituras do Brasil. Ateli Editorial. So Paulo, 2003. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO. Auditoria Integrada. Acrdo 158/ 2003. Avaliao da execuo e da sistemtica de controle do PNAE. 2003

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EMPRESAS E ENTIDADES ASSOCIADAS A APOIO FOME ZERO ABIA ABBC ABIT ABN Amro Real Accor Adag Agropecuria JB Alcoa Alfabetizao Solidria AMF Empreendimentos e Participaes Aracruz APIMEC Avon Bank Boston BM&F Boucinhas e Campos BOVESPA Braskem Camargo Correa Energia Cargill CBMM CIEE Citibank CIVES Construtora Beter CONSEA Coteminas Credit Lyonnais Brasil CRC - SP CVRD Demarest & Almeida Advs. Dixie Toga DPZ Elektro Emerenciano & Baggio Advs. Espao Digital Ltda. Estapar Estrela Fator Doria Atherino FEBRABAN Fiat FIESP Fischer Amrica Full Jazz Fundao Ita Social Gradiente Grupo Gerdau IBRACON Instituto Ayrton Senna Instituto Ethos J. Pessoa Participaes Lew, Lara Magnesita Mangels Microsiga Moinho Pacfico Natura Nestl Novadata Po de Acar Pizza Hut Rio Bravo Rubens Naves Advs. Safra Santander Serasa Schering do Brasil Stephen Kanitz Sul America Telefnica Trevisan Unilever Votorantim VR Vales