cartilha rações orgânicas digital instituto Água viva

28
Produção Orgânica Animal Guia prático sobre Proposta de rações para Suínos, Bovinos, Aves e Peixes Instituto Água Viva

Upload: afcorreiapr

Post on 04-Jul-2015

1.125 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Cartilha sobre Processamento de Rações OrgânicasGuia para Produção Orgânica Animal!

TRANSCRIPT

Page 1: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Produção Orgânica Animal

Guia prático sobre

Proposta de rações para Suínos, Bovinos, Aves e Peixes

Instituto Água Viva

Page 2: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Carlos Alberto RichaGovernador do Estado do Paraná

Alípio LealSecretária da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI

Douglas Jardelino de CamargoInstituto Água Viva

Alcibiades Luiz OrlandoReitor da Unioeste

José Dilson Silva de OliveiraDiretor Geral da UnioesteCampusToledo

Wilson Rogério BoscoloLíder do GEMAq

Fábio ManzDiretor da Editora

Conselho EditorialInstituto Água Viva/GFM

Instituído em 23/04/2009 – Ata 06/09Fábio Bittencourt, Zootecnista – Presidente

Instituto Água VivaAdilson Reidel, Engenheiro de Pesca

Instituto Federal do Paraná Campus Foz do IguaçuAltevir Signor, Engenheiro de Pesca

Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus ToledoAndré Gentelini, Engenheiro de Pesca

Universidade Federal de Alagoas Campus Polo PenedoJosé Dilson Silva de Oliveira, Químico e Farmacêutico Bioquímico

Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus ToledoJosemar Raimundo da Silva

Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus ToledoWilson João Zonin, Engenheiro Agrônomo

Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Marechal Cândido Rondon

Rafael Lazzari, ZootecnistaUniversidade Federal de Santa Maria CESNORS

Alberto Feiden, Engenheiro AgrônomoEMBRAPA Pantanal

Caroline Stefany DepieriAnálise e Revisão do Texto

Ana Paula ZibettiProjeto Gráfico e Capa

Page 3: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

© 2011 by Instituto Água Viva

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem a autorização escrita e prévia dos detentores do copyright.

Impresso no Brasil

Obra financiada pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI e Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná, com recursos do Fundo Paraná.

Ficha Catalográfica elaborada por: Marilene de Fátima Donadel CRB 9/924

DADOS DA EDITORA

GFM Gráfica & Editora, 2011.

Instituto Água Viva

Estrada da Usina, KM 5, Tecnoparque85.900-790, Toledo, PR - BrasilTelefone: (0xx45) 3252-961Email: [email protected]

Page 4: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Guia prático sobre produção orgânica animalProposta de rações para suínos, bovinos, aves e peixes

Autores

Arcangelo Augusto Signor (Editor)

Arlindo Fabrício CorrêiaDacley Hertes Neu

Odair DiemerCarlos Eduardo Weirich

Douglas Jardelino de CamargoAna Paula Zibetti

César SaryAldi Feiden

Wilson Rogério Boscolo

Page 5: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

2011Apresentação

O conteúdo desse trabalho foi obtido por meio de estudos da legislação vigente, de um levantamento de informações e através do desenvolvimento de pesquisas relacionadas à produção orgânica animal.

Essa cartilha é resultado prático de um método de pesquisas, realizado com o intuito de desenvolver tecnologias e metodologias que possam ser transferidas de uma forma clara e prática para facilitar o entendimento de suas técnicas específicas.

Justifica-se pela importância da produção animal orgânica para agregação de valor à produção de grãos neste sistema de produção que está em crescimento, necessitando ainda de informações técnicas consolidadas.

O propósito do trabalho foi o desenvolvimento de formulações específicas para o arraçoamento das diferentes espécies e fases de crescimento, a fim de aperfeiçoar o sistema vigente.

Agradecimentos

À SETI – Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e à Fundação Araucária pelo apoio aos projetos de pesquisa e extensão que permitiram o desenvolvimento desse trabalho.

Aos produtores, Arquimedes Signor de Boa Vista da Aparecida - PR; Adir da Silva de Coronel Vivida - PR; Valter Kist de Entre Rios do Oeste - PR; Osmar Pereira de Guaraniaçu - PR; Itamar Jose de Oliveira de Guaíra - PR, José Carlos Feiden e Olivar Kaizer de Marechal Candido Rondon que cederam espaço em suas propriedades para a instalação dos experimentos e participaram no desenvolvimento dos trabalhos de campo. Bem como aos técnicos, associações e cooperativas ligadas aos produtores envolvidos, que de forma direta ou indireta também colaboraram no processo.

Às empresas que forneceram parte dos ingredientes e auxiliaram o desenvolvimento das pesquisas, em especial a Gebana de Capanema e a Tectron de Toledo.

E, à Unioeste pelo apoio de seus pesquisadores e estruturas físicas para realização dos trabalhos.

Page 6: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Nós vivemos em uma Propriedade Orgânica !!!

Também somos felizes, saudáveis e vivemos em equilíbrio com o meio

ambiente !!!

Sou Produtor Orgânico !!!

Vivo feliz, respeito o meio ambiente e sou responsável pela produção de alimentos

saudáveis, nutritivos e saborosos para minha família

e para o consumidor !!!

Page 7: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Quem é quem na agricultura orgânica ?

Você sabia ?

A Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica, a famosa IFOAM, foi a primeira instituição no mundo que criou normas para a produção

orgânica, em 1972 e essas normas serviram de modelo para muitos países, inclusive para o Brasil !

O MAPA é o responsável por credenciar, acompanhar e fiscalizar

os Organismos de Avaliação da Conformidade Orgânica (OACs),

que são acreditados pelo Inmetro e emitem o Certificado de

Conformidade Orgânica que autoriza a utilização do selo do

Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica(SisOrg).

Os produtores orgânicos devem estar registrados no Cadastro

Nacional de Produtores Orgânicos no Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Quando necessário, devem buscar auxílio de algum responsável técnico capacitado especificamente para a

produção orgânica.

Estes são os selos para

identificarmos os produtos orgânicos

brasileiros !

Page 8: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Para garantir a qualidade orgânica dos produtos, a legislação brasileira permite que a avaliação seja feita de três diferentes formas:

O Sistema de Certificação avalia os produtos ou estabelecimentos comerciais orgânicos através de auditoria feita por uma entidade certificadora devidamente registrada no MAPA como um Organismo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OAC), que adota procedimentos e normas específicas de acordo com os seus credenciamentos nacionais e/ou internacionais.

O Sistema Participativo de Garantia da Qualidade Orgânica (SPG) garante qualidade orgânica através de uma avaliação de forma participativa, por meio de um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPAC), que é formada por organizações sociais, como consumidores, agricultores, técnicos e etc., devidamente cadastradas no MAPA.

O Sistema de Controle Social permite aos agricultores familiares que queiram realizar venda direta ao consumidor local, sem intermediários e sem a necessidade dos processos normais de certificação. Para isso é preciso que todos os membros participantes façam parte de uma Organização de Controle Social (OCS).

Não podemos esquecer...

Os produtos orgânicos que fazem venda direta, não podem fazer uso do SisOrg, pois não passam por um processo de certificação formal.

Nesse caso, para comprovar a sua legalidade, o produtor deve estar com a Declaração de Cadastro disponível no momento da venda direta.

Podendo conter no rótulo do ou nos pontos-de-venda a expressão:

“PRODUTO ORGÂNICO PARA VENDA DIRETA POR AGRICULTORES FAMILIARES ORGANIZADOS, NÃO SUJEITO À CERTIFICAÇÃO, DE ACORDO COM A LEI Nº 10.831, DE 23 DE SETEMBRO DE

2003.”

Page 9: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

No geral, para uma propriedade ser orgânica, o produtor deve:

- Escolher locais apropriados para cada tipo de espécie, levando em consideração localização da propriedade, o tipo de solo, disponibilidade de água, histórico das culturas, das pragas e doenças e proximidade de vizinhos convencionais.

- Cuidar do solo e da nutrição adequada das culturas:

• Promovendo o incremento de matéria orgânica e a manutenção constante da cobertura do solo, utilizando adubos verdes, compostagem, restos culturais e outros;

• Revolvendo o solo somente quando necessário. Deve-se priorizar o uso, por exemplo, de adubos verdes para descompactar o solo;

• Adubando o solo com matéria orgânica e/ou fertilizantes naturais, como pó-de-rocha ou outros, proporcionando boas respostas em suas propriedades físicas, químicas, biológicas e consequentemente dos níveis deprodutividade.

- Integrar a atividade animal à vegetal, para reciclar os nutrientes e tornar a propriedade menos dependentes de insumos externos.

É importante lembrar-se de

monitorar os níveis de fertilidade do solo

periodicamente !

O produtor que deseja iniciar sua produção orgânica deve passar

por um período de conversão, adotando práticas que sejam

adequadas a esse novo sistema.

Page 10: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Todas as unidades de produção devem possuir um Plano de Manejo

Orgânico e mantê-lo sempre atualizado. As atividades realizadas

durante o período de conversão deverão também estar

estabelecidas neste plano.

Do período sob manejo orgânico para conversão:

- 12 meses para culturas anuais, pousio ou pastagens perenes e- 18 meses para culturas perenes;

- Para aves de corte: pelo menos três quartos (3/4) de vida;- Para aves de postura: pelo menos 75 dias;- Para suínos: pelo menos 6 meses, desde que represente ¾ da vida do animal;- Para bovinos e bubalinos leiteiros: pelo menos 180 dias;- Para bovinos e bubalinos de corte: pelo menos 12 meses, desde que represente ¾ da vida do animal;

Deverá conter no plano: o histórico da área, manejo dos resíduos, as

práticas do manejo vegetal e animal, conservação do solo e água,

procedimentos de pós-colheita, processamento, comercialização e

as relações trabalhistas.

Para seu produto ser

aprovado como orgânico,

precisamos relembrar

algumas normas importantes...

Page 11: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Os sistemas de produção orgânica animal devem:

É bom saber que...

A legislação brasileira atual para a produção orgânica animal, regulamenta apenas a produção de bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos, equinos, suínos, aves e coelhos, através da Instrução Normativa n.o 64, publicada no dia 18 de dezembro de 2008.

As normas para aquicultura ainda não foram definidas, enquanto não houver leis específicas, os aquicultores orgânicos podem consultar as legislações internacionais para seguir um padrão adequado de produção.

Seguir os princípios do bem-estar animal; Manter a higiene e saúde dos animais, segundo a legislação sanitária e

utilizar apenas os produtos permitidos para a produção orgânica;Adotar técnicas sanitárias preventivas;Ofertar alimentação nutritiva, saudável, de qualidade e em quantidade

adequada, de acordo com as exigências nutricionais de cada espécie;Ofertar água de qualidade e em quantidade adequada, isenta de agentes

químicos e biológicos que possam comprometer a saúde e vigor dos animais ou a qualidade dos produtos;

Utilizar instalações higiênicas, funcionais e adequadas para cada espécie animal e local de criação; e

Destinar de forma correta os resíduos da produção.

Page 12: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Dos Sistemas Produtivos e Práticas do Manejo Orgânico

Permitido - O uso de inseminação artificial, cujo sêmen preferencialmente seja de animais oriundos de sistemas orgânicos de produção;

Permitido com

Restrições

- O corte de dentes e ponta de chifres, a castração, o mochamento e as marcações, quando realizados na idade apropriada visando reduzir processos dolorosos e acelerar o tempo de recuperação, desde que realmente necessários. - A iluminação artificial desde que se garanta um período mínimo de 8 horas por dia no escuro; - O sistema semi-intensivo, desde que respeite os princípios de bem-estar animal e o que fora estabelecido pelo OAC ou pela OCS;

Proibido

- As técnicas que utilizem indução hormonal artificial;- Qualquer tipo de mutilação, como a debicagem, o corte da cauda, a inserção de "anel" no focinho e a descorna de animais;- A prática da muda forçada em aves de postura e uso de estímulos elétricos ou tranquilizantes químicos no manejo de animais;- O sistema intensivo e a retenção permanente em gaiolas, correntes, cordas ou qualquer outro método restritivo aos animais;- Utilizar em serviço animais feridos, enfermos, fracos ou extenuados ou obrigar animais de serviço a trabalhos excessivos com de torturas ou castigos.

Para o transporte, pré-abate e o abate dos animais, inclusive animais doentes ou descartados, deverão atender aos princípios de bem-estar animal, reduzir os

processos dolorosos e realizar procedimentos de abate humanitário.

Page 13: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Das instalações

As instalações, equipamentos e os utensílios devem ser mantidos limpos e desinfetados adequadamente utilizando apenas as substâncias permitidas.

Deve assegurar aos animais, o contato social, movimento e descanso, permitindo aos animais se comportarem de forma natural.

A madeira utilizada para instalações e equipamentos deve ser provenientes de extração legal e não pode ser tratada; as camas devem ser feitas com material natural e não podem conter substâncias que não estejam permitidas para uso em sistemas orgânicos.

É obrigatório o acesso à área externa com sol e a forragem verde aos animais.

A cerca elétrica é permitida desde que quando os animais a toquem, apenas sintam um ligeiro desconforto.

Atenção !

Para cada espécie, há uma população máxima por área

permitida para garantir o bem-estar dos animais.

Veja na Instrução Normativa n.o

64 as normas para cada caso !

Page 14: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Da aquisição de animais

Permitido - Adquirir animais de sistemas orgânicos de fora da unidade;

Permitido com

restrições

- Adquirir animais convencionais quando não houver disponibilidade de animais orgânicos, que tenham idade que possam ser recriados sem a presença da mãe;- A quantidade máxima de animais não ultrapasse 10% de animais adultos por ano da mesma espécie e que sejam necessários para implantar ou aumentar o plantel.

Da Sanidade Animal

Todas as vacinas e exames determinados pela legislação de sanidade animal são obrigatórios. Para o tratamento e prevenção de enfermidades, somente poderão ser utilizadas as substâncias constantes no Anexo III da I.N. n.o 64. Toda a terapêutica utilizada deve ser registrada em um caderno com as seguintes informações:

Data de aplicação; Período de tratamento; Identificação do animal; e Produto utilizado.

Ainda, é importante saber que todos os animais adquiridos de unidades de produção não orgânicas deverão ser identificados e alojados em ambiente isolado para evitar a contaminação do sistema orgânico.

O período de isolamento será de, no mínimo, 3 meses para ruminantes e equídeos, 2 meses para suínos e um 1 para aves e coelhos.

Page 15: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Quanto ao Bem-Estar AnimalDeve-se dar preferência por raças adaptadas às condições climáticas e ao

tipo do manejo empregado. Todo manejo deve ser realizado de forma calma, tranquila e sem agitações,

é proibido o uso de instrumentos que possam causar medo ou sofrimento aos animais.

As pastagens devem ser arborizadas para propiciar sombreamento.

Em sistemas orgânicos de produção animal devem ser respeitadas:

A liberdade nutricional: os animais devem estar livres de sede, fome e desnutrição;

A liberdade sanitária: os animais devem estar livres de feridas e enfermidades;

A liberdade de comportamento: os animais devem ter liberdade para expressar os instintos naturais da espécie;

A liberdade psicológica: os animais devem estar livres de sensação de medo e de ansiedade; e

A liberdade ambiental: os animais devem ter liberdade de movimentos em instalações que sejam adequadas a sua espécie.

Page 16: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Quanto à nutrição animal

Permitido

- A formação e o manejo de pastagens, capineiras e legumineiras;- A produção de silagem, feno e outros produtos orgânicos; - O uso de suplementos minerais e vitamínicos, desde que os seus componentes não contenham resíduos contaminantes acima dos limites permitidos.

Permitido com

restrições

- Utilização de aditivos na produção de silagem como: bactérias lácticas, acéticas, fórmicas e propiônicas ou seus produtos naturais ácidos, quando as condições não permitam a fermentação natural.- Utilização de outras substâncias na alimentação animal se estiver na lista do Anexo IV da IN n.o 64.- Em casos de escassez ou em condições especiais, será permitida a utilização de alimentos convencionais, proporcional à ingestão diária, com base na matéria seca, de:

• Até 15% para animais ruminantes; e• Até 20% para animais não ruminantes.

Proibido

- A utilização de qualquer tipo de matéria prima ou substâncias oriundas de transgenia;- A utilização de compostos nitrogenados e não proteicos e nitrogênio sintético na alimentação de animais em sistemas orgânicos de produção.

Período mínimo de amamentação dos animais:• 90 (noventa) dias para bovinos, bubalinos e equídeos; • 42 (quarenta e dois) dias para suínos; e• 45 (quarenta e cinco) dias para ovinos e caprinos.

Page 17: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

O uso de Rações para a Alimentação Animal

O alimento em forma de ração

pode ser produzido na própria

unidade de produção, através de

uma correta formulação,

utilizando produtos disponíveis

na propriedade.

As rações podem ser produzidas em três diferentes processos:

As rações fareladas são as mais simples, porém interessantes ao produtor, pois gera menores custos para a fabricação e possibilita bons rendimentos.

As rações peletizadas que o processo consiste na compactação mecânica da ração farelada através de um equipamento mais sofisticado, consequentemente mais caro. Justifica o uso pelo produtor que tenha um consumo bastante elevado ou o uso por um grupo de produtores. Essa ração é interessante pelo fato de economizar nas perdas durante a oferta de ração ou no transporte.

As rações extrusadas apresentam o custo mais elevado. São mais utilizadas pelos aquicultores, devido ao fato dos grãos grânulos flutuarem na água, facilitando o controle do consumo por esses animais.

O processo consiste em submeter as rações fareladas à alta pressão, umidade e temperatura, provocando a gelatinização do amido e em seguida realizar a secagem desse material.

Page 18: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Sobre Rações Orgânicas

O alimento orgânico é produzido em sistemas que adotam práticas conservacionistas e que não utilizem agrotóxicos, fertilizantes químicos e organismos geneticamente modificados.

Para o processamento da ração orgânica é imprescindível utilizar ingredientes de origem orgânica e também verificar quais são as substâncias de uso permitido para cada tipo de animal na legislação, além de conhecer as características específicas de cada espécie ou raça do animal a ser utilizado.

O uso de rações deve ser

complementar na alimentação

animal, pois devem priorizar as

formas naturais de ingestão

de alimentos. Mesmo assim é

uma ferramenta muito útil e

pode garantir bons níveis de

desempenho, pois proporciona

alimentos nutritivos durante o

ano todo.

Page 19: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

http://www.institutoaguaviva.org.br/upload/20110524163020.pdf

Para fazer a ração na

propriedade, o produtor

deve:

Separar os ingredientes que são necessários em maiores quantidades, como o milho, farelo de soja, triguilho, triticale ou outros e realizar em seguida a moagem.

Na sequencia, adicionar os ingredientes que não necessitam ser desintegrado como o calcário calcítico, o fosfato bicálcico, sal comum, suplemento mineral e vitamínico, óleo quando necessário e outros.

Ao final, misturar todos os ingredientes em uma caixa ou tambor e armazenar.

O armazenamento deve ser feito em local seco, arejado e limpo, preferencialmente

empilhado em pallets ou outra estrutura que

mantenha os acima do solo e afastada da parede.

Page 20: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Formulação de Rações para Suínos

Composição percentual das rações para diferentes fases dos suínos.

IngredientesPré-Inicial

(%)Inicial(%)

Crescimento(%)

Milho orgânico 62,19 61,28 66,77Farelo de soja orgânico 34,65 35,60 30,23Fosfato bicálcico 1,62 1,63 1,36Calcário calcítico 1,00 0,95 1,11Suplemento mineral 0,10 0,10 0,10Suplemento vitamínico 0,10 0,10 0,10Sal comum 0,34 0,34 0,33

Curiosidades...

A região oeste do Paraná é a principal região produtora de animais orgânicos do estado. Com destaque para a produção de bovinos

leiteiros, suínos, aves e peixes, ainda muito pequena porém, é uma das primeiras iniciativas nacionais para a produção de peixes

orgânicos.

Page 21: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Formulação de Rações para Bovinos Leiteiros

Composição percentual das rações para produção de leite.

Ingredientes %Milho 63,67Farelo de soja 33,00Fosfato bicálcico 1,59Calcário calcítico 0,77Suplemento mineral e vitamínico 0,20Sal comum 0,77

Curiosidades...

Segundo a EMBRAPA, há uma série de medidas como a homeopatia, fitoterapia e outros tratamentos que podem ser usadas como alternativa aos antibióticos e outros produtos convencionais. Pomadas de própolis, algumas ervas medicinais como a camomila, tansagem, babosa, beladona, dentre outras, podem ser úteis para o tratamento da mastite.

Recomenda-se ainda para antes e após ordenha uma solução de iodo glicerinado + linhaça.

Alternativas...

Para a alimentação dos animais, pode-se usar fontes alternativas de proteína, como o farelo de canola, torta de algodão, farelo de girassol, guandu, entre outros.

Lembrando que todos os ingredientes devem ser o orgânicos !

Muitas vezes apenas uma fonte proteica pode não atingir os mesmos níveis do farelo de soja, mas podem contribuir com uma porcentagem, fornecer aminoácidos essenciais e possivelmente reduzir os custos.

Page 22: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Formulação de Rações para Peixes

Composição percentual das rações para

produção de peixe.

Ingredientes %Farelo de soja orgânico 35,37Milho orgânico 20,00Trigo integral orgânico 18,63Farinha de tilápias orgânica 25,00Suplemento mineral e vitamínico 0,70

Sal comum 0,30

Curiosidades...

A aquicultura orgânica compreende a criação de organismos aquáticos comestíveis, tais como peixes, camarões, rãs ou outros, em água isenta de contaminações ou poluição, alimentados com organismos planctônicos, nectônicos, bentônicos, ou vegetais ou ração orgânica, utilizando preferencialmente alevinos, pós-larvas ou girinos de procedência orgânica. A maior dificuldade consiste em obter a rações orgânicas.

NÃO CONFUNDA !

Os promotores de crescimento não são hormônios, mas também são proibidos na agricultura orgânica !

Você sabia que os antibióticos de uso contínuo adicionados em pequenas doses na ração das aves convencionais, não têm a finalidade de tratar doenças,masapenas prevenir e controlar as bactérias no trato gastrointestinal ?

Page 23: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Composição percentual das rações para produção de aves

para corte.Composição percentual das rações para produção ovos. Ingredientes %

Milho orgânico 64,83Farelo de soja orgânico 31,60Fosfato bicálcico 1,60Calcário calcítico 1,30Suplemento mineral e vitamínico

0,20

Sal comum 0,43

Ingredientes %Milho orgânico 55,51Farelo de soja orgânico 32,46Óleo de soja orgânico 0,48Fosfato bicálcico 1,50Calcário calcítico 9,15Suplemento mineral e vitamínico

0,40

Sal comum 0,50

Curiosidades...

Um estudo realizado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo mostrou que os ovos de galinhas criadas soltas possuem quatro vezes mais vitamina "A" que os ovos de granja.

O ovo caipira ORGÂNICO é ainda melhor, pois não contém resíduos de antibióticos e de outros produtos químicos.

Formulação de Rações para Aves

Produtos alternativos que podem ser usados na avicultura orgânica:

Mananoligossacarídeo fosforilado: Componente de levedura que retiram de forma natural as bactérias do intestino das aves.Probióticos: são bactérias benéficas ao organismo das aves.Prebióticos: substâncias que não são absorvidas pelo organismo das aves, mas são aproveitadas pelas bactérias.Ácidos orgânicos: têm efeito de controle bacteriano.Extratos de ervas: plantas que têm efeitos nutricionais e terapêuticos, como extrato de orégano, de alho, etc.Óleos essenciais: girassol, gergelim, etc.

Page 24: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

ANEXO II RELAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PERMITIDAS PARA USO NASANITIZAÇÃO DE

INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOSUTILIZADOS NA PRODUÇÃO ANIMAL ORGÂNICA

Substâncias

Hipoclorito de SódioPeróxido de Hidrogênio

Cal e cal virgemÁcido FosfóricoÁcido NítricoÁlcool Etílico

Ácido PeracéticoSoda Cáustica

Extratos VegetaisMicrorganismos (Biorremediadores)

Sabões e Detergentes Neutros e BiodegradáveisSais Minerais Solúveis

Oxidantes MineraisIodo

Atenção !

Essas substâncias deverão ser utilizadas de acordo com o que estiver estabelecido no plano de

manejo orgânico.

Para facilitar sua busca e esclarecer possíveis dúvidas, estão listadas abaixo os 3 principais Anexos da Instrução Normativa n.o 64 de 18 de dezembro de 2008, para a PRODUÇÃO ORGÂNICA

ANIMAL

Page 25: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

ANEXO III RELAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PERMITIDAS NA PREVENÇÃO ETRATAMENTO

DE ENFERMIDADES DOS ANIMAIS ORGÂNICOS

Substâncias

EnzimasVitaminas

AminoácidosPrópolis

MicrorganismosPreparados homeopáticos

FitoterápicosExtratos vegetais

MineraisVeículos (proibido os sintéticos)

Sabões e detergentes neutros e biodegradáveis

ANEXO VIRELAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PERMITIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO DE

ANIMAIS EM SISTEMAS ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO

Substâncias Condições de uso

Resíduos de origem vegetalMelaço · Utilizado como aglutinante nos alimentos

compostosFarinha de algas · Algas marinhas tem de ser lavadas a fim de

reduzir o teor de iodoPós e extratos de plantasExtratos protéicos vegetais

Leite, produtos e subprodutos lácteos· Lactose em pó somente extraída por meio de tratamento físico

Peixe, crustáceos e moluscos, seus produtos e subprodutos

· Permitidas para animais de hábito onívoro· Os produtos e subprodutos não podem ser refinados

Sal marinho · O produto não pode ser refinado

Vitaminas e pró-vitaminas

· Derivadas de matérias-primas existentes naturalmente nos alimentos.· Quando de origem sintética, o produtor deverá adotar estratégias que visem à eliminação do seu uso num prazo máximo de cinco anos a contar da data de publicação desta Instrução Normativa.

Page 26: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Enzimas · Desde que de origem naturalMicroorganismosÁcido fórmicoÁcido acéticoÁcido lácticoÁcido propiônico

· Para uso apenas para ensilagem

Sílica coloidalDiatomitaSepiolitaBentonitaArgilas cauliníticasVermiculitaPerlita

· Utilizados como agentes glutinantes, antiaglomerantes e coagulantes (aditivos tecnológicos)

Sulfato de sódioCarbonato de sódioBicarbonato de sódioCloreto de sódioSal não refinadoCarbonato de cálcioLactato de cálcioGluconato de cálcioCalcário calcíticoFosfatos bicálcicos de osso precipitadosFosfato bicálcico desfluoradoFosfato monocálcicodesfluoradoMagnésio anidroSulfato de magnésio

· Permitidos desde que não contenhamresíduos contaminantes oriundos doprocesso de fabricação

Cloreto de magnésioCarbonato de magnésioCarbonato ferrosoSulfato ferroso mono-hidratadoÓxido férricoIodato de cálcio anidroIodato de cálcio hexa-hidratadoIodeto de potássioSulfato de cobalto mono ou heptahidratadoCarbonato básico de cobalto monohidratadoÓxido cúpricoCarbonato básico de cobre monohidratadoSulfato de cobre penta-hidratadoCarbonato manganosoÓxido manganoso e óxido mangânicoSulfato manganoso mono ou tetrahidratadoCarbonato de zincoÓxido de zincoSulfato de zinco mono ou hepta-hidratadoMolibdato de amônioMolibdato de sódioSelenato de sódioSelenito de sódio

· Permitidos desde que não contenhamresíduos contaminantes oriundos do processo de fabricação

Page 27: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva

Apesar de ainda contribuir muito pouco, a produção orgânica animal cresce ano-a-ano e com boas perspectivas.

Venha crescer conosco, produza alimentos mais saudáveis.

SEJA UM PRODUTOR ORGÂNICO VOCÊ TAMBÉM !

Page 28: CARTILHA Rações Orgânicas DIGITAL Instituto Água Viva