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África

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Page 1: Cartilha Mapeamento Com Codigo

Cartografia Social de Terreiros noRio de JaneiroPorLuiz Felipe Guanaes RegoDenise Pini Rosalem da FonsecaSônia Maria Giacomini

Page 2: Cartilha Mapeamento Com Codigo

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Introdução ............... 3

O que significa cartografia social? ............... 4

Como se produzem mapas por GPS? ............... 5

O que chamamos de terreiros e onde eles estão? ............... 8

Quais são as ações sociais dos terreiros? ............... 9

Como os terreiros realizam estas ações? ............... 10

O que é “intolerância religiosa”? ............... 12

Quem são os que não respeitam outras religiões? ............... 13

Como e onde a liberdade religiosa é desrespeitada? ............... 14

Fotos e mapas

Foto I - Ilê Ase Omindewan ............... 1

Mapa I - Terreiros e as Regiões Metodológicas da Pesquisa ............... 6

Mapa II - Denominações Religiosas dos Terreiros .................. 7

Mapa III - Ações Sociais realizadas pelos Terreiros ............... 11

Mapa IV - Registros de Intolerância contra os Terreiros ............... 15

Sumário

Copyright © 2014 by NIMA/PUC-Rio

OrganizadoresLuiz Felipe Guanaes RegoDenise Pini Rosalem da FonsecaSônia Maria Giacomini

Supervisão pedagógicaStela Guedes Caputo

MapasElaine TinocoGustavo Russo

FotosZezzinho Andraddy

DesignMarina Ligouri Porto Marques

Direitos reservados àNúcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-RioRua Marquês de São Vicente 225, Casa 5.Gávea, Rio de Janeiro, RJ. CEP 22453-900Telefax: (5521) 3527-1462E-mail: [email protected]

Cartografia social de terreiros no Rio de Janeiro/organizadores: Luiz Felipe Guanaes Rego,Denise Pini Rosalem da Fonseca, Sônia MariaGiacomini; supervisão pedagógica: StelaGuedes Caputo. - Rio de Janeiro: PUC-Rio,NIMA, 2014.

16p.: il. (color); 29 cmISBN: 978-85-63022-05-9

1. Ação social - Rio de Janeiro (Estado). 2.Cultos afro-brasileiros - Rio de Janeiro (Estado) -Aspectos sociais. I. Rego, Luiz Felipe Guanaes. II.Fonseca, Denise Pini Rosalem da. III. Giacomini,Sônia Maria. IV. Caputo, Stela Guedes. V. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.Núcleo Interdisciplinar de Meio ambiente.

CDD: 361.2098153

Page 3: Cartilha Mapeamento Com Codigo

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Duas coisas importantes foram descobertas pela pesquisa:

1. Mais da metade dos terreiros mapeados realizam ações sociais em suas comunidades, com grande ênfase para o combate à fome em suas comunidades, e

2. Mais da metade destes terreiros testemunharam que já foram alvo de violências praticadas por pessoas que não respeitam estas religiões. Este caderno está feito para contribuir com dados estatísticos e informações históricas e geográficas sobre estes dois assuntos. Ele se destina aos estudantes do Ensino Médio do Rio de Janeiro, como um material de leitura para a observação da Lei Federal no. 10.639 de 2003.

Este caderno apresenta dados que foram coletados através de uma pesquisa de mapeamento social participativo das casas de religiões de matrizes africanas no Rio de Janeiro1, e que estão publicados no livro Presença do Axé2. Esta pesquisa mapeou uma parte dos terreiros de 30 municípios do Estado, entre os anos de 2008 e 2011. O projeto nasceu do desejo de um grupo de líderes religiosos do Rio de Janeiro de saber quantos são, e onde estão localizados, os terreiros do Estado. Este grupo foi chamado de Conselho Griot. O que este Conselho desejava era conhecer a importância social dos terreiros para as suas comunidades, proteger seus membros das violências que contra eles vem sendo praticadas e garantir o seu direito à liberdade religiosa. A pesquisa foi realizada por mais de 30 pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e foi financiada pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR/PR). Neste estudo foram mapeados 847 terreiros no Rio de Janeiro.

Em cada um dos terreiros visitados foi preenchido um questionário e as informações coletadas foram organizadas em um banco de dados digital e em um mapa que está disponível na internet.

1 Se desejar saber mais sobre este mapeamento, visite o website da pesquisa em: www.nima.puc-rio.br/index.php/pt/mapeamentocrma-rj/mapeamento-crma-rj.html

2 Fonseca, D.P.R. & Giacomini, S.M. Presença do axé. Mapeando terreiros no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Pallas, Editora da PUC-Rio, 2013

O que é a Lei 10.639/2003?A Lei nº 10.639 foi sancionada pelo Presidente da República no dia 09 de janeiro de 2003. Ela foi criada em reconhecimento do Governo Federal do Brasil à uma antiga demanda dos movimentos sociais que há muito tempo lutam pelo fim do racismo no país.

A 10.639/2003 alterou um Lei que já existia: a 9.394, conhecida como LDB, que estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional em 1996.

A alteração que a 10.639 introduziu em 2003, foi a inclusão obrigatória dos conteúdos da História e da Cultura Afro-Brasileira no currículo oficial do Ensino Fundamental e Médio brasileiro.

Esta Lei determina que estes conteúdos devem incluir:

... o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil (LEI 10.639/2003, § 1).

Além disso, através da Lei 10.639/2003 o dia 20 de novembro, que é comemorativo da memória do herói negro Zumbi dos Palmares, foi incluído no calendário escolar brasileiro como o “Dia Nacional da Consciência Negra”.

A conquista desta Lei, que já fez 10 anos, foi fundamental para que busquemos conhecer muito mais a respeito do continente africano e suas tradições esparramadas pelo mundo, pois África foi berço da humanidade e das primeiras civilizações mundiais.

O que a Lei 10.639 deseja é que os brasileiros conheçam e valorizem estas tradições para compreender e respeitar a presença dos seus herdeiros no Brasil.

Introdução

Page 4: Cartilha Mapeamento Com Codigo

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O mapeamento de terreiros apresentado no livro Presença do axé, do qual este caderno reproduz alguns dados e representações, é o que se pode chamar de um exemplo de cartografia social participativa.

Mapear os terreiros no Rio de Janeiro foi parte de um esforço para identificar e compreender os lugares, as práticas sociais, culturais e religiosas das religiões de matrizes africanas nos municípios do Estado.

Para realizar um mapeamento social participativo é preciso que muitos colaborem seus saberes, conhecimentos e memória com o objetivo de promover processos de reconhecimento e transformação social.

Um dos elementos principais de um mapeamento social participativo é a escolha das formas de representações cartográficas, pois estas se tratam de imagens que representam ideias que se somam para dar forma às relações dos grupos sociais entre si e destes com os espaços que ocupam.

Para cartografar terreiros de forma participativa, são utilizados processos de reconhecimento dos seus territórios, tais como: sua identificação, localização, denominação, estrutura e formas de ação, através dos quais estes territórios-rede se afirmam, atuam e sobrevivem.

Cartografar comunidades específicas, tais como as comunidades de terreiros, a partir dos seus próprios valores é o mesmo que reformular a distribuição do poder no espaço e, por esta razão, corresponde a uma ação política.

Desta maneira, a ação política da cartografia social participativa corresponde à busca por construir novas percepções e representações do espaço nas quais o poder esteja distribuído de uma forma mais justa, respeitosa e menos desigual: esta é a transformação social que se deseja promover.

O poder em questão no mapeamento de terreiros está diretamente relacionado ao direito dos cidadãos brasileiros à liberdade religiosa, o que incluiu o direito das religiões de matrizes africanas ao reconhecimento e respeito.

As cartografias sociais são formadas por experiências de mapeamento participativo ou comunitário, resultantes de um esforço coletivo que tem o objetivo de valorizar a percepção e o conhecimento de agentes locais nos processos de diagnóstico, ordenamento territorial, resolução de conflitos socioambientais, etc.

A cartografia social possui a capacidade de garantir a inclusão, o reconhecimento, e a transparência nos processos sociais, por ser uma técnica capaz de elucidar conhecimentos e criar meios que permitam que diferentes vozes e sistemas culturais dialoguem.

Esta contribui socialmente, pois pode resultar na emancipação e legitimidade de um determinado grupo social, assim como na luta contra a “intolerância” e a ignorância através do diálogo intercultural.

O que são cartografias sociais?

O que significa cartografia social?

Page 5: Cartilha Mapeamento Com Codigo

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GPS é a sigla para Global Positioning System: Sistema de Posicionamento Global.

O GPS funciona a partir de uma rede de 24 satélites na órbita próxima da Terra. Estes, por sua vez, trocam sinais com o seu dispositivo e, a partir disso, são capazes de dizer onde você está na superfície da Terra.

Não apenas isso, mas a sua velocidade, sentido da sua rota, altitude em relação ao mar e estimativas sobre tempo e velocidades médias para você concluir seu percurso. Mas na tela de seu dispositivo aparece um mapa.

Os dados do sistema de mapeamento são independentes do sistema de GPS que orbita sobre nossas cabeças. Estes mapas são desenvolvidos por empresas e são apenas uma camada de dados onde você pode se localizar com facilidade.

Sem os mapas gráficos, você não teria informações sobre as ruas, estradas e locais. Apenas saberia que está a tantos graus de longitude e latitude, o que é bastante vago no uso urbano do sistema.

Para o mapeamento de terreiros no Rio de Janeiro foi utilizado um Sistema de Informações Geográficas (SIG), que é um sistema designado à captura, armazenamento, manipulação, análise, gerência e apresentação de todo tipo de dado geográfico, ou seja, dados que contenham coordenadas geográficas.

Os SIGs constituem-se em um poderoso conjunto de instrumentos que permitem transformar e organizar os dados do mundo real segundo um conjunto particular de objetivos, bem como expressam informações a respeito de dados em unidades espacialmente distribuídas, focalizando os fenômenos ocorrentes na superfície terrestre e os seus atributos.

Durante os trabalhos de campo, os terreiros foram mapeados com a utilização de aparelhos de GPS para atribuir-lhes coordenadas. Junto com as informações espaciais, diversos atributos quantitativos e qualitativos foram levantados a partir do questionário respondido pelos colaboradores da pesquisa.

As informações contidas nos questionários foram, então, organizadas em planilhas, conformando um banco de dados. Estas planilhas foram organizadas por linhas e colunas. Cada linha representou um terreiro e

cada coluna um atributo derivado da pesquisa de campo, incluindo: tipo e origem, número de atendimentos, ocorrências de atos de “intolerância religiosa”, entre outros.

Cada linha da tabela é associada a um ponto georeferenciado que pode ser visualizado em mapas. Os atributos associados podem ser representados graficamente através de cores e proporções.

Os produtos das análises podem ser mapeáveis, pois os Sistemas de Informação Geográfica são tecnologias altamente visuais e orientadas para a graficacia. E os resultados da análise espacial são disponibilizados sob a forma gráfica e mapeável, assim o produto não fica sendo simplesmente um conjunto de valores estatísticos ou de parâmetros. A característica da visualização é importante na análise espacial.

Os três componentes básicos da análise espacial exploratória são: 1) O conhecimento e intuição humana; 2) Os instrumentos de análise, e 3) Os sistemas de informação geográfica. Estes componentes são como etapas e interagem entre si.

O que éGPS?

Como foram produzidos os mapas dos terreiros?

Page 6: Cartilha Mapeamento Com Codigo

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Mapa I - Terreiros e as Regiões Metodológicas da Pesquisa

Nota: 1- Centro do Rio de Janeiro, 2- Zona Norte do Rio de Janeiro, 3- Zona Sul do Rio de Janeiro, 4- Zona Oeste do Rio de Janeiro, 5- Sul Fluminense da Região Metropolitana,6- Baixada Litorânea, 7- Baixada Fluminense e 8- Regiões Leste e Norte da Baía de Guanabara.

Pira

Cachoeiras de Macacu

Itaguaí

guaí

Rio de Janeiro

Magé

Itaboraí

Maricá

Nova Iguaçu

Guapimirim

Duque de Caxias

Seropédica

Niterói

TanguáSão Gonçalo

Paracambi

Japeri

Queimados

Belford Roxo

MesquitaN

o João de Meriti

650000

650000

700000

700000

7450

000

7450

000

7500

000

7500

000

Minas Gerais

Rio de Janeiro

São Paulo

Espírito Santo

Oceano Atlântico

Baía deGuanabara

Baía deSepetiba

Lagoa de Araruama

AraruamaCaboFrio

São Pedro da Aldeia

Araruama

Armação dos Búzios

AraruamaSão Pedro da Aldeia

Arraial do Cabo

aIguab GrandeQuatis

Quatis

Resende

Quatis

Barra Mansa

Volta Redond

Porto Real

Oceano Atlântico Projeção UTM - Fuso 23 SSouth American Datum 1969

0 5 10 15 202,5Km

1:400.000

Legenda

4. ZORJ

3. ZSRJ

2. ZNRJ 1. CERJ 5. SFRM

6. BLIT

7. BFLU

8. LNBG

Conselho GRIOTTerreiros

Municípios do Rio de Janeiro

Nilópolis

N

a

Fonte: “Mapeamento das casas de religiões de matrizes africanas no Rio de Janeiro”. PUC-Rio/SEPPIR-PR, 2011.

Page 7: Cartilha Mapeamento Com Codigo

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Mapa II - Denominações Religiosas dos Terreiros

Piraí

Cachoeiras de Macacu

Itaguaí

guaí

Rio de Janeiro

Magé

Itaboraí

Maricá

Nova Iguaçu

taguaí

Guapimirim

Duque de Caxias

Seropédica

Niterói

TanguáSão Gonçalo

Paracambi

Japeri

Queimados Belford Roxo

MesquitaNilópolis

São João de Meriti

650000

650000

700000

700000

7450

000

7450

000

7500

000

7500

000

Minas Gerais

Rio de Janeiro

São Paulo

Espírito Santo

Oceano Atlântico

Baía deGuanabara

Baía deSepetiba

Lagoa de Araruama

AraruamaCaboFrio

São Pedro da Aldeia

Araruama

Armação dos Búzios

AraruamaSão Pedro da Aldeia

Arraial do Cabo

Iguaba GrandeQuatis

Quatis

Resende

Quatis

Barra Mansa

Volta Redonda

Porto Real

Oceano Atlântico

0 5 10 15 202,5Km

1:400.000

LegendaDenominações

Umbanda

Híbridos

Candomblé

Municípios do Rio de Janeiro

N

Fonte: “Mapeamento das casas de religiões de matrizes africanas no Rio de Janeiro”. PUC-Rio/SEPPIR-PR, 2011.

Page 8: Cartilha Mapeamento Com Codigo

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DENOMINAÇÕES FREQUÊNCIA

Candomblé 625

Umbanda 125

Outras pertenças 35

Híbridos de Candomblé com Umbanda 35

Híbridos com Outras pertenças 20

S/I - Sem informação 7

TOTAL 847Fonte: “Mapeamento das casas de religiões de matrizes africanas no Rio de Janeiro”. PUC-Rio/SEPPIR-PR, 2011.

O que chamamos de terreiros e onde eles estão?

São muitas as religiões de matrizes africanas praticadas no Estado do Rio de Janeiro e estas possuem suas raízes em distintas culturas africanas.

Muitas destas religiões também combinam valores e crenças de diferentes origens como, por exemplo: culturas indígenas brasileiras, religiões cristãs, espiritismo, cultura dos povos ciganos e outras culturas africanas.

Desta combinação de culturas nasceram alguns conjuntos importantes de religiões de matrizes africanas que, para efeito de estudo, foram agrupadas em cinco denominações:

1. Candomblé, 2. Umbanda, 3. Outras pertenças,4. Híbridos de Candomblé com Umbanda, 5. Híbridos com Outras pertenças

A todas estas casas religiosas o próprio Governo Federal do Brasil vem chamando de comunidades tradicionais ou, simplesmente, de terreiros.

No mapeamento de terreiros observou-se que há uma forte predominância de terreiros de Candomblé no Rio de Janeiro. Revelou-se também que os terreiros do Rio de Janeiro se concentram em algumas zonas da capital e em regiões compostas por municípios vizinhos.

A estes nove conjuntos de bairros do município do Rio de Janeiro —ou de municípios do Estado— denominou-se regiões metodológicas da pesquisa.

A Tabela REGIÕES mostra que as maiores concentrações dos terreiros mapeados ocorreram em três regiões metodológicas da pesquisa (Ver também o Mapa I):

1. A Baixada Fluminense;2. A Zona Norte, e3. A Zona Oeste do município do Rio de Janeiro.

Terreiro, roça, tenda, cabana, templo, casa ou espaço religioso.Por quê os nomes variam?Um terreiro é palavra cotidianamente usada para nomear os espaços de culto aos orixás e aos ancestrais. Há uma diversidade muito grande de nomes que mudam em função de suas singularidades e também de acordo com a época. Mas, em geral,o nome terreiro está mais associado às casas de candomblé e umbanda.

Se forem casas que se definem como exclusivamente de candomblé também há muitas variações.

Se a tradição for Iorubá são chamados de Ilê Axé, como é o caso do Ilê Axé Lele Omom Ejá, em Miguel Couto, Nova Iguaçu, só para citar um exemplo.

Se a tradição for Fon, diz-se Abassá, Humpame ou Kwe, como o Abassa Ase Lebara Delogi Nzambe, em Mesquita.

Se for Angola, a casa pode se chamar N’inzo, como o N’inzo N’gola Mukumbi Kafum Massale, em Guadalupe.

As casas autoclassificadas como de umbanda se nomeiam normalmente como tendas ou templos.

Já roça pode ser pensado como um termo baiano, que também é sinônimo de terreiro de candomblé e como roças nos subúrbios da cidade, marcando o deslocamento das comunidades de terreiros da região central do Rio para os subúrbios e Baixada Fluminense.

Page 9: Cartilha Mapeamento Com Codigo

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Os terreiros são casas religiosas, mas eles também atuam como centros de atenção e cuidado dos seus adeptos, frequentadores e moradores das suas vizinhanças.

As ações sociais dos terreiros são as maneiras que eles têm para cuidar das pessoas. Estas ações variam muito na sua forma, no seu objetivo e no público a que se destinam. Algumas vezes elas são aulas, que podem ser: de reforço escolar, de alfabetização de adultos ou de capacitação para algum trabalho ou ofício. Outras vezes elas são consultas oferecidas por um médico, dentista, oftalmologista, psicólogo ou até mesmo um advogado.

Muitas vezes elas são realizadas para amparar pessoas com problemas de saúde, questões familiares ou de desemprego. Outras vezes o objetivo é melhorar a autoestima das pessoas, promover a preservação do meio ambiente local ou resolver problemas de moradia e saneamento da vizinhança.

Cada uma destas denominações escolhe os tipos de ações sociais para as quais dá prioridade nos seus terreiros.

Estas escolhas tem a ver com a história do terreiro e com a personalidade do seu principal religioso, mas também com os valores sociais e culturais e com as crenças e práticas religiosas de cada denominação.

Os terreiros, com suas práticas religiosas e ações sociais preferidas, vão construindo o que chamamos de territórios-rede destas religiões.

Estes territórios-rede podem ser imaginados a partir da concentração de terreiros em certa localidade, além das pessoas que circulam neste espaço utilizando seus símbolos religiosos, dos sons que se ouvem em celebrações e até mesmo pelos objetos e comidas que se vendem no comércio local.

A existência destes territórios-rede também se pode perceber pelo tipo de cuidado que as pessoas recebem nestas casas, ou seja: pelo tipo de ações sociais que os terreiros de cada denominação preferem realizar, que são expressões das suas práticas sociais.

REGIÕES FREQUÊNCIAS

CERJ - Centro do Município do Rio de Janeiro 9

ZORJ - Zona Oeste do Munícipio do Rio de Janeiro 196

ZSRJ - Zona Sul do Município do Rio de Janeiro 4

ZNRJ - Zona Norte do Município do Rio de Janeiro 183

Subtotal - Município do Rio de Janeiro 392

LNBG - Leste e Norte da baía da Guanabara 91

BFLU - Baixada Fluminense 274

RSER - Região Serrana 2

BLIT - Baixada Litorânea 43

SFRM - Sul Fluminense e Sul da Baixada Fluminense 42

S/I - Sem informação 3

TOTAL 847

AÇÕES SOCIAIS FREQUÊNCIA

PN - Ações afirmativas relativas à população negra 49

PL - Ações com ênfase na atenção à população local 78

PC - Ações de promoção da cidadania 22

PD - Ações de proteção à diversidade 4

GE - Ações que buscam promover a geração de emprego e renda

46

CF - Ações de combate à fome 362

CA - Ações educacionais com foco em crianças e adolescentes 42

EA - Ações educacionais com foco em adultos 8

VS - Ações de acolhimento de indivíduos em situação de vulnerabilidade social

39

DH - Ações em defesa de Direitos Humanos 1

HC - Ações relativas a questões habitacionais e ao acesso à cidade

18

PA - Ações que visam à preservação ambiental 3

S/I - Sem informação sobre os ações sociais 336

TOTAL 1.008Fonte: “Mapeamento das casas de religiões de matrizes africanas no Rio de Janeiro”. PUC-Rio/SEPPIR-PR, 2011.

Quais são as ações sociais dos terreiros?

Page 10: Cartilha Mapeamento Com Codigo

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EstruturasOs terreiros variam muito quanto ao seu número de adeptos e de frequentadores. Adeptos são os religiosos que trabalham para manter seus terreiros funcionando, seja nas atividades e celebrações religiosas, seja para a realização das suas ações sociais. Frequentadores são as pessoas que utilizam as estruturas dos terreiros para participar de qualquer uma destas atividades.

Quanto ao tamanho dos terreiros, não há regra, apenas uma predominância. Quase a metade dos terreiros mapeados têm cerca de 20 adeptos. Há terreiros muito maiores, ou muito menores, mas estes são menos comuns.

Quanto à abrangência dos terreiros, a predominância é de 50 a 100 frequentadores por terreiro, embora existam casos raros de terreiros frequentados por milhares de pessoas e outros mais comuns que são frequentados apenas por poucos adeptos.

Como os terreiros realizamestas ações?

Um pouco de história Os mais antigos dos terreiros mapeados no Rio de Janeiro foram fundados na década de 1930. Desde então, o número de novos terreiros vem crescendo a cada década. Inicialmente a maioria dos terreiros se encontrava na Zona Norte do município do Rio de Janeiro. Nos anos 1940 muitos dos novos terreiros começavam a ser fundados na Baixada Fluminense que, junto com a Zona Norte, eram as regiões nas quais mais se abriram novos terreiros até o final da década de 1960.

A partir da década de 1970 começou a crescer bastante o número de novos terreiros na Baixada Fluminense e, desde então, esta passou a ser a região com a maior concentração de terreiros do Rio de Janeiro. Na década de 1990 e, principalmente, depois do ano 2000, a Zona Oeste do município do Rio de Janeiro tem sido a região preferencial para a abertura de novos terreiros.

Quem é parceiro nas ações sociais?

1. Poder público. Quando a parceria ocorre com instituições ou representantes do poder público. Pouco mais do que cinco por cento dos terreiros mapeados alguma vez foram capazes de estabelecer este tipo de parceria.2. Empresas. Quando a parceria é com empresas preocupadas com responsabilidade social empresarial. Pouco menos do que um por cento dos terreiros jamais conseguiu esta forma rara de parceria.3. Fundações, ONGs e redes sociais. Quando a parceria se dá com outras redes sociais, com diferentes formas de estruturas institucionais. Apenas três por cento dos terreiros mapeados conseguem este tipo de parceria.4. Membros e frequentadores da casa. Quando a parceria é com os próprios frequentadores, que oferecem seu trabalho e seus recursos para realizar as ações sociais do terreiro. Mais de vinte por cento dos terreiros contam com este tipo de parceria. 5. Sem parceiros. Quase setenta por cento dos terreiros mapeados não dispõe de qualquer forma de parceria para realizar suas ações sociais.

O que é agência?

Agência é a capacidade de uma pessoa, de um grupo de pessoas ou de instituições, de “agir”, de “realizar”, de “fazer” alguma coisa.

Para realizar suas ações sociais, os terreiros precisam ter agência, o que quer dizer que precisam contar com pessoas que desejem e possam realizar estas ações, de estruturas adequadas e de recursos materiais para poder realizá-las.

Os terreiros mapeados possuem formas diferenciadas de agir, sendo que a maioria deles combina mais de uma das seguintes formas de agência:

1. Agente de implementação de políticas públicas. Quando o terreiro é capaz de estabelecer alguma forma de parceria com o Estado para a distribuição de benefícios provenientes de políticas públicas. Menos de dois por cento dos terreiros mapeados conseguem ter esta forma de agência. 2. Agente central de rede social de solidariedade. Quando o terreiro atua como um centro de referência para um conjunto de outras redes sociais, sejam religiosas ou não. Cerca de três por cento dos terreiros mapeados possuem este tipo de agência. 3. Participante de rede social de solidariedade. Quando o terreiro participa de redes sociais, atuando como mais um parceiro em ações sociais. Pouco mais do que sete por cento dos terreiros mapeados possuem este tipo de agência. 4. Agente único de ação solidária. Quando o terreiro realiza suas ações sociais apenas com o apoio dos seus adeptos e frequentadores. Quase a metade dos terreiros mapeados possuem esta forma de agência.

Page 11: Cartilha Mapeamento Com Codigo

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Cachoeiras de Macacu

Itaguaí

Rio de Janeiro

Magé

Itaboraí

Maricá

Nova Iguaçu

Itaguaí

Guapimirim

Duque de Caxias

Seropédica

Niterói

TanguáSão Gonçalo

Paracambi Japeri

QueimadosBelford Roxo

Mesquita

Nilópolis

São João de Meriti

650000

650000

700000

700000

7450

000

7450

000

Minas Gerais

Rio de Janeiro

São Paulo

Espírito Santo

Oceano Atlântico

Baía de

Guanabara

Baía deSepetiba

Lagoa de Araruama

Araruama

CaboFrio

São Pedro da AldeiaIguaba Grande

Arraial do Cabo

Quatis

Resende

Porto Real

Barra Mansa

Volta Redonda

Oceano Atlântico

0 4 8 12 162Km

Projeção UTM - Fuso 23 SSouth American Datum 1969

1:400.000

Tipos de Ações Sociais

Municípios do Estado do Rio de Janeiro

PN - Ações afirmativas relativas à população negra

PL - Ações com ênfase na atenção à população local

PC - Ações de promoção da cidadania

PD - Ações de proteção á diversidade

GE - Ações que buscam promover a geração de emprego e renda

CF - Ações de combate a fome

CA - Ações educacionais com foco em crianças e adolescentes

EA - Ações educaionais com foco em adultos

VS - Ações de acolhimento de indivíduos em situação de vulnerabilidade social

DH - Ações em defesa de direitos humanos

HC - Ações relativas a questões habitacionais e acesso a cidade

PA - Ações que visam a preservação ambiental

N

Mapa III - Ações Sociais realizadas pelos Terreiros

Fonte: “Mapeamento das casas de religiões de matrizes africanas no Rio de Janeiro”. PUC-Rio/SEPPIR-PR, 2011.

Page 12: Cartilha Mapeamento Com Codigo

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Intolerância ou discriminação?Os termos intolerância e discriminação podem ser parecidos, mas apresentam algumas diferenças que foram consideradas pelos religiosos e adeptos colaboradores da pesquisa.

O termo tolerância religiosa parece envolver vários reconhecimentos, entre eles o reconhecimento do igual direito a conviver, que é reconhecido a doutrinas opostas.

Mas também envolve o reconhecimento, por parte de quem se considera depositário da verdade, do direito ao erro daquele que professa uma outra fé.

Há aí o reconhecimento de que o outro pode errar sem ter má fé, mas nunca há o reconhecimento do direito ao erro próprio.

Isso significa que essa expressão traduz sempre um certo sentimento de superioridade de quem tolera, e embora inclua uma certa aceitação das diferenças, abre também espaço para hierarquias e formas de discriminação de religiões e crenças outras que não a própria.

Ao contrário, o termo discriminação apresenta a vantagem de apontar um sujeito que realiza uma ação de violência contra um outro, devendo portanto ser responsabilizado pelo seu ato.

O que é “intolerância religiosa”?Esse é um termo muito antigo que indica uma incapacidade ou falta de vontade para aceitar a existência de diferentes religiões e crenças e para a saudável convivência entre elas.

A “intolerância religiosa” ocorre quando não se reconhecem, ou não se respeitam, diferenças ou crenças religiosas de outros, não lhes conferindo portanto o direito de escolher a sua própria fé e religião.

A “intolerância religiosa” sempre fere o direito à liberdade religiosa - direito reconhecido pela Constituição Brasileira. A “intolerância religiosa” consiste num conjunto de ideologias de atitudes ofensivas a diferentes crenças e religiões.

Pode se manifestar de diversas formas, desde aquelas aparentemente menos nocivas até as mais extremas, chegando até ao genocídio – a ameaça e extermínio de um povo ou uma cultura.

Na história da humanidade há inúmeros exemplos de perseguição religiosa e manifestações de “intolerância”, por exemplo: a perseguição dos cristãos na Antiguidade; dos judeus na Idade Média e no século XX.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias (BRASIL. Constituição. 1988).

O Brasil é um país laico, isto é, não há uma religião oficial brasileira, havendo portanto separação entre Igreja e Estado. Isso significa que o Estado deve se manter neutro frente às diferentes religiões, sem que a forma de governar seja influenciada pelas crenças e dogmas religiosos.

A Constituição Federal não só separa Estado e religião, mas também garante o tratamento igual a todos os cidadãos, independente de suas crenças e formas de pensamento. Dessa forma, a liberdade religiosa está prevista e protegida pela Constituição Brasileira (Art. 5º., inc. VI, CFB 1988), não devendo de maneira alguma ser desrespeitada.

Dito de outra maneira: todos devem ser respeitados e tratados de maneira igual perante a lei, não importando qual seja a sua orientação religiosa.

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Quem são os que não respeitam as outras religiões?

A pesquisa do mapeamento de terreiros no Rio de Janeiro incluiu a seguinte pergunta:

A sua casa ou algum dos seus participantes/adeptos foi alvo de alguma forma de discriminação ou agressão por motivo religioso? Sim__ Não__ Especificar

O que se desejava era saber: 1. Qual a proporção dos terreiros do Rio de Janeiro que registram ocorrências de atos de “intolerância religiosa”; 2. Quais são os seus principais agressores; 3. Quais os locais onde estes atos ocorrem com maior frequência, e4. Como estes atos são praticados.

O Quadro I revela que mais da metade dos terreiros pesquisados responderam positivamente àquela pergunta, revelando que a “intolerância religiosa” aos cultos de matrizes africanas, e seus adeptos, é praticada no Rio de Janeiro de maneira sistemática em todos os municípios mapeados.

Algumas características destas ocorrências já podem ser identificadas.Os principais agressores aos cultos de matrizes africanas assinalados nas respostas são: evangélicos, vizinhos e vizinhos evangélicos.

Mais de 1/3 dos atos discriminatórios foram realizados por evangélicos; um pouco menos de 1/3 por vizinhos e quase 10% por vizinhos evangélicos, uma categoria que replica as duas anteriores.

O restante1/3 dos casos remete a agressores que participam da vida profissional, familiar, escolar e/ou religiosa dos agredidos.

Casas que não declararam sofrer atos de discriminação

Total de casas que declararam sofrer atos de discriminação

410430

Quadro I - Total de casas de religiões de matrizes africanas segundo auto declaração, como alvo de ação de discriminação e/ou agressão.

Fonte: “Mapeamento das casas de religiões de matrizes africanas no Rio de Janeiro.PUC-Rio, 2011.

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Como e onde a liberdade religiosa é desrespeitada?

A maior parte das agressões e manifestações discriminatórias contra as religiões de matrizes africanas ocorrem em locais públicos (57%).

É na rua, na via pública, que tiveram lugar mais de 2/3 das agressões, geralmente em locais próximos às casas de culto dessas religiões.

Dessa forma há alguns locais, como a própria rua onde se localiza a casa religiosa, as ruas vizinhas, mas também praças e cemitérios, que se constituem em locais privilegiados para a ocorrência dos atos discriminatórios relatados na pesquisa.

Em menor número, mas também citados, foram outros locais e instituições públicas, geralmente no bairro onde se localiza a casa de culto, tais como: escolas, lojas, parques, hospitais, posto de saúde, posto policial, empresas, prefeitura, estação de trem.

O transporte público também é apontado como um local em que os adeptos das religiões de matrizes africanas são discriminados, geralmente quando se encontram paramentados por conta dos preceitos religiosos.

Entre as formas de agressão, tem absoluto destaque a agressão verbal, que corresponde a quase 2/3 de todas as agressões especificadas.

Os termos discriminatórios mais utilizados são: “macumbeiro” e “filho do demônio”. Geralmente estes são proferidos pessoalmente pelo agressor em contato face a face, mas também registrados em pichações nos muros das casas religiosas, na vizinhança e mesmo em sites na internet ou em publicações impressas.

A principal forma de agressão física, cerca de quase ¼ dos casos, ocorreu durante a realização de rituais em espaços públicos, acarretando quase sempre a interrupção ou suspensão das atividades de culto.

Uma história real de discriminação

Tauana dos Santos tem 24 anos e é candomblecista, ou seja, é praticante do candomblé. Desde pequena ela frequenta com sua mãe e sua família o Ilê Axé Opô Afonjá, em Coelho da Rocha, na Baixada Fluminense.

Enquanto ela crescia, também crescia seu amor pelos orixás e por sua casa de santo, por sua família de santo que é como todos se sentem em terreiros. Aprendia as danças, os cantos, a identificar as folhas sagradas e muitas outras coisas que se aprendem em terreiros. Sentia orgulho de si e de sua religião.

Ocorre que na sociedade em que vivemos existe uma coisa chamada “intolerância” que, como foi explicado antes, acontece quando estruturas sociais ou mesmo pessoas não respeitam as religiões dos outros. Para os intolerantes, só a sua religião ou algo muito próximo ao que aceita como religião é respeitado. Por isso Tauana e muitas outras crianças de candomblé foram chamadas de “filho do diabo”, “macumbeiro negros e sujos” (porque não podemos esquecer que a intolerância contra religiões afrodescendentes está muito ligada ao racismo e sempre ocorre colada à um insulto racial).

Tauana sofreu muito, mas sempre foi guerreira. Estudou e começou a participar dos movimentos negros e culturais. Hoje é uma grande ativista contra o racismo.

A história é de superação sim, mas de uma superação carregada de sofrimentos e isso podia e pode ser diferente. Por isso é que se defende uma escola intercultural, laica e que respeite todas as culturas e religiões.

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Mapa IV - Registros de Intolerância contra os Terreiros

Piraí

Cachoeiras de Macacu

Itaguaí

guaí

Rio de Janeiro

Magé

Itaboraí

Maricá

Nova Iguaçu

tagu

Guapimirim

Duque de Caxias

Seropédica

Niterói

TanguáSão Gonçalo

Paracambi

Japeri

QueimadosBelford Roxo

Mesquita

Nilópolis

São João de Meriti

650000

650000

700000

700000

7450

000

7450

000

7500

000

7500

000

Minas Gerais

Rio de Janeiro

São Paulo

Espírito Santo Oceano Atlântico

Baía deGuanabara

Baía deSepetiba

Lagoa de Araruama

AraruamaCaboFrio

São Pedro da Aldeia

Araruama

Armação dos Búzios

AraruamaSão Pedro da Aldeia

Arraial do Cabo

Iguaba GrandeQuatis

Quatis

Resende

Quatis

Barra Mansa

Volta Redonda

Porto Real

Oceano Atlântico Projeção UTM - Fuso 23 SSouth American Datum 1969

0 4 8 12 162Km

1:400.000

LegendaRegistro de Intolerância (Locais)

OUTROS

PRIVADO

PÚBLICO

! Conselho GRIOT

Munícipios do Rio de Janeiro

N

Fonte: “Mapeamento das casas de religiões de matrizes africanas no Rio de Janeiro”. PUC-Rio/SEPPIR-PR, 2011.

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Propostas de atividades

Pesquisa I

Faça uma busca na internet e descubra o que significa a palavra Griot. Debata com um colega sobre qual teria sido a razão para a pesquisa do mapeamento de terreiros ter adotado este nome para o seu Conselho.

Questão I

A partir da leitura de “Uma história real de discriminação” (p. 14) responda por quê a SEPPIR, que é a Secretaria de Estado que se ocupa de promover a igualdade racial, apoia a realização de mapeamentos de terreiros no Brasil?

Pesquisa II

Faça uma pesquisa na internet para descobrir de que parte da África são provenientes as culturas: Banto; Ketu e Jeje.Copie um mapa das divisões políticas da África atual e nele represente estas localizações, colorindo com cores diferentes os países africanos atuais a que correspondem estas culturas. Faça no mapa uma legenda das cores escolhidas, identificando as culturas que cada uma delas representa.

Pesquisa III

Procure na internet o texto “Saiba tudo sobre o Cais do Valongo” e conheça de que partes da África foram trazidos os africanos vendidos como escravos no Rio de Janeiro no século XIX. Neste texto identifique as culturas africanas que aqui chegaram, relacionando as regiões africanas de onde os escravizados eram provenientes com as informações sobre as culturas africanas obtidas na pesquisa anterior.

Referência: Ribeiro, Flávia. Saiba tudo sobre o Cais do Valongo - o local por onde entravam os africanos escravos no Brasil no século XIX. Aventuras na História. E-guia do estudante. 18/01/2013.

Disponível em: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/saiba-tudo-cais-valongo-local-onde-entravam-africanos-escravos-brasil-seculo-xix-731373.shtml Acesso em 12/03/2014.

Exercício I

Compare as frequências descritas na Tabela DENOMINAÇÕES (p. 8) e calcule quantos terreiros de Candomblé há para cada uma das casas de outras denominações de matrizes africanas no Rio de Janeiro.

Exercício II

Utilizando a Tabela REGIÕES (p. 9), anote no Mapa I (p. 6) o número de casas religiosas mapeadas em cada região metodológica da pesquisa.

Questão II

Qual o município que contém o maior número dos terreiros mapeados?

Questão III

Quais as duas maiores concentrações de terreiros no Estado do Rio de Janeiro?

Observação: Por motivo de densidade e escala, foram omitidos nos mapas os terreiros que não forneceram as informações apresentadas.