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Uberlândia Lugares e Memórias Praça D. Pedro II, atual praça Adolfo Fonseca. Década de 1930. Em segundo plano, Escola Estadual de Uberlândia

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UberlândiaLugares e Memórias

Praça D. Pedro II, atual praça Adolfo Fonseca. Década de 1930.Em segundo plano, Escola Estadual de Uberlândia

Ao caminharmos por algumas ruas de nossa cidade, não imaginamos que antigamente estas ruas eram marcadas pelo sossego, pelas conversas nas portas das casas, nos bancos das praças e nas matinês dos cinemas. Ao longe se podia ouvir o apito do trem anunciando a sua chegada na estação, desembarcando ali pessoas trazendo notícias da capital.

O tempo passa e modifica-se a paisagem urbana, constróem-se os arranha-céus e, em meio aos automóveis, as pessoas passam apressadas umas pelas outras.

Nestes caminhos ainda existem vestígios de uma época tão viva na lembrança de muitos que, mesmo ocultadas, pertencem, de certa forma, a todos nós.

Resgatar a memória histórica, social e cultural de Uberlândia através das imagens e depoimentos é dialogar com um tempo passado e presente, contemporizado pelos olhares de cada um, permitindo um (re) conhecimento e uma (re) interpretação sobre as transformações urbanas realizadas.

“Tal qual os idosos que insistem em contar suas histórias, as ruas, praças e largos têm coisas a dizer. Ainda estão aí, mesmo que desgastadas pelo tempo e descaracterizadas pelas intervenções urbanas e arquitetônicas... Vale a pena ouvir histórias que habitam os cantos da cidade.”

(Paulicéias Perdidas, 1991 p.15)

Foto da maquete do arraial de Nossa Sra. do Carmo de São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha, hoje o bairro Fundinho. O arraial recebeu, a partir de 1852, o nome de São Pedro de Uberabinha. Tornou-se município em 31 de agosto de 1888. Uberabinha passa a se chamar Uberlândia em 1929.

Vista aérea da cidade.Início de 1950.

Uberlândia 2015.

Hotel Presidente

Posto Standard.Década de 1940.

“(...) Na praça dos Bambus, ali na esquina daquele hotel existia o posto de gasolina, o posto do Firmino Ferreira que eu lembro bem.”

Delyenner BatistaProjeto Identificando o Passado - 2000

O Posto Standard localizava-se na esquina da

Av. Floriano Peixoto com a rua Luzitânia, atual

Rua Olegário Maciel.

No início dos anos de 1960 foi construído no

local o Hotel Presidente Juscelino Kubitschek,

considerado na época um dos mais modernos

do Brasil.

Praça Tubal Vilela

Paulo Naves Borges Sociabilidades Urbanas: O olhar, a voz e a memória da Praça Tubal

Vilela (1930 – 1962) Mestrado de Josefa Aparecida

Alves - 2000

A antiga Praça da República recebe o

nome de Tubal Vilela em 1959. O primeiro

tratamento paisagístico foi em 1922 com a

plantação de bambus, na administração

do então agente executivo João Severiano

Rodrigues da Silva. A partir daí, passa a ser

chamada carinhosamente pela população

de “Praça dos Bambus”, nome que muitos

até hoje se referem a ela.

“Certa época não existia fonte, era formada de areia branca, cascalhada, denominada realmente como praça dos Bambus, muito fresca, muito cheia de folhas.”

Praça da República

Concentração das escolas para desfile em

comemoração ao 7 de setembro. Década de 1950.

Praça da República

Década de 1950, momento do “footing”.

“ (...) Qualquer data importante era comemorada... Geralmente as escolas reuniam-se todas aqui na Praça Tubal Vilela e tinha a pessoa já pronta, ia chamando escola por escola para não fazer misturada”.

Dinorah Del Fávero Projeto Depoimentos - SMCultura - 1991

“Assentei muito ali na praça dos Bambus... À noite vinha, num era muito tarde ia lá. Sentamos muito ali. Tinha as bandas né que tocava. As moças, o pessoal que fazia vai e vem, volta na avenida aí, anda, as namoradas, os namorados ..., dois, três conversando, num sei se é fazer negócio ou o que que é. (Risos)”

Algenibia de Paula CalazansProjeto Depoimentos - SMCultura - 1990

Árvore Sibipiruna - Praça Adolfo Fonseca

Foi plantada pelo comerciante Oscar Miranda em 1918 para ocasionar sombra a sua residência e a seu

estabelecimento comercial que localizava-se na Av. João Pinheiro com Rua 21 de Abril, atual Rua Goiás. A árvore,

através de lei municipal, é considerada imune de corte.

“E lá em cima, hoje na Praça Adolfo Fonseca na esquina com a Rua Goiás, existia uma casa, chamava... chamava ‘O Grande Bazar’ do Oscar Miranda, onde tinha tudo... tudo que era coisa de elite que se pudesse, de panela, prataria, coisa e tal... Ele plantou aquela árvore lá na praça, ali na Av. João Pinheiro”.

Sebastião Messias de OliveiraProjeto Depoimentos - SMCultura - 1990

“Eu me lembro dessa Avenida João Pinheiro aqui, eu já menino moço guiando automóvel, passava com corrente nos pneus. Passava atolando aqui na Av. João Pinheiro, mas atolava mesmo. Tinha umas nascentes ali, era perto da telefônica e da antiga Associação Comercial”

Virgilio GalassiProjeto Depoimentos - SMCultura - 2000

Av. João Pinheiro, esquina com

a Rua 21 de abril, atual Rua

Goiás, meados da década de

1920. A avenida iniciava-se na

Praça Antônio Carlos (Praça

Clarimundo Carneiro) e

terminava na Estação da

Mogiana, hoje Praça Sérgio

Pacheco.

Avenida João Pinheiro

Trecho da Av. João Pinheiro

aproximadamente na

década de 1930. Pensão

Central situava-se no local

do antigo Hospital Santa

Marta.

Trecho da Av. João Pinheiro

esquina com Rua Santos

Dumont. A partir da

década de 1930, ao longo

da avenida foram

construídas as mais

luxuosas residências da

cidade. Em meados da

década de 1960 foram

retirados os canteiros

centrais.

Terminal Central

“ (...)Afonso Pena... ela terminava na Estação... Eu achei muito engraçado porque a praça da Estação tinha: o transporte era charrete, os animais estava tudo na charretinha, então, eles ficava esperando o trem pra transportá os passageiros que chegasse né? (...)”

Manuel Inocêncio de PáduaMuitas Memórias e Histórias de uma cidade:

Experiências e Lembranças de viveres urbanos.Uberlândia 1938 - 1990

Doutorado de Célia Rocha Calvo - 1998

A estação da Mogiana foi

inaugurada no ano de 1895,

no local onde atualmente foi

construído o Terminal Central.

Segundo prédio da antiga

estação na década de 1930.

Estação da Mogiana.

Demolida em 1970.

Vista aérea da cidade.

Em primeiro plano a estação.

Meados da década de 1950.

Os trilhos eram ao longo das

avenidas Monsenhor Eduardo e

João Naves de Avila.

“... eu era menino o... o prédio da estação era... era... era no cerrado, mas era o cerrado ralo, mais arenoso, sabe!? A gente ia de ônibus, de... de fioli”

Afonso CarneiroProjeto Depoimentos - SMCultura - 1990

Avenida Afonso Pena

“...Houve uma ocasião apanhou-se um costume, mas eu nunca vi proibir. De um lado andava branco do outro andava preto. Se você descer hoje pela Av. Afonso Pena à direita, do lado direito descendo daqui para lá, do lado direito andava os brancos e do lado esquerdo andava os pretos”.

Sebastião Messias de OliveiraProjeto Depoimentos - SMCultura - 1990

Trecho da Av. Afonso Pena a partir

da Praça da República (Praça

Tubal Vilela) na década de 1930.

“ (...)Eu me lembro muito bem quando a Avenida Afonso Pena apenas uma parte dela, uns três ou quatro quarteirões, no comecinho ali da praça da Prefeitura que era calçado, o resto... morria na estação da Mogiana porque ela cortou. Depois, hoje é tudo aberto, então a Afonso Pena vai até lá pro lado do aeroporto, né”.

José Rezende RibeiroProjeto Depoimentos - SMCultura - 1991

Trecho da Av. Afonso

Pena, esquina com a

Rua Olegário Maciel na

década de 1950. Hoje

no local do posto de

gasolina à direita foi

construído o Edifício

Tubal Vilela, o primeiro

com 16 andares na

cidade.

Trecho da Av.

Afonso Pena

próximo à Rua

Goiás. Década

de 1950.

Praia Clube “Desde criança eu frequentava o rio Uberabinha para nadar, eu e meus i r m ã o s to d o s . N ó s n a d á v a m o s antigamente na... lá... na... na, barragem do rio, do corgo Cajubá com rio Uberabinha... Depois descobrimos o Praia, e no Praia nós começamos a juntar gentes. Eu levava o pessoal de caminhão para lá e foi aumentando, aumentando, até que se deu a formação da Sociedade Praiana, isto em 1935.”

Joaquim CarneiroProjeto Depoimentos - SMCultura - 1992

O primeiro barracão do Praia Clube no início da década de 1940.

Foi idealizado por um grupo de

amigos que formaram uma

sociedade em 1935 denominada

Praia Clube. Adquiriram o terreno às

margens do Rio Uberabinha e

iniciaram a formação do clube.

Vista do clube nos anos de 1950.

Vista aérea da cidade, destacando-se em primeiro plano o Praia Clube. No centro, o Ginásio Adalberto Testa,

inaugurado em 1962. Foto da década de 1970.

Praça Coronel Carneiro

“E tinha aqueles jardim na frente, que era pracinha.Ali naquela pracinha e que era o lugar de... de... de festejos no domingo. A banda descia pra ali, né, vinha tocando desde lá de cima e o povo já cá descendo tudo para aquela pracinha ali. Então aí a gente passeava com as crianças, saía passeando.”

Castorina Maria de JesusProjeto Depoimentos - SMCultura - 1991

A Praça da Independência foi o primeiro jardim público da cidade, inaugurado em 1908. Anteriormente, o local era

denominado de Largo das Cavalhadas. Em 1931, a praça recebe o nome de Coronel Carneiro, importante comerciante e

figura política da época da antiga Uberabinha.

Praça da Independência,

atual Coronel Carneiro.

Década de 1920.

Praça Coronel Carneiro.

Década de 1950.

“Eu encontrei aqui uma cidade muito pequena e o centro e ra a P raça ho je Corone l Carneiro. Havia uma grande casa comercial dos Carneiro.... casa muito importante, muito grande, sabe, cheia de carros de boi por toda parte, carros de boi que traziam toucinho, traziam queijo, traziam açúcar, trocavam por mercadorias aqui e voltavam.”

Prof. Oswaldo Vieira GonçalvesProjeto Depoimento SMCultura - 1990

Cine-Teatro Uberlândia localizava-se na Av.

Afonso Pena entre as Ruas Olegário Maciel

e Santos Dumont. Inaugurado em 1937

com 2200 poltronas, foi o maior cinema de

Uberlândia. Demolido no início dos anos de

1980 para edificação do prédio de uma

agência bancária.

Prédio da Agência Bancária

Cine Uberlândia. Década de 1950

“No Cine Teatro Uberlândia, aliás podia prestar atenção, não se entrava embaixo sem gravata,(...) Então você tinha de ter gravata...”

Joaquim César da FonsecaProjeto Depoimentos - SMCultura - 1992

“(...) porque na época que a gente era jovem aqui na Afonso Pena em frente, onde é o Bradesco, era o Cine Uberlândia, né? Durante muitos anos, era o cinema mais chique da cidade, né? Um prédio imenso! Era um cinema imenso, muito alto! Né? Se eu não me lembro bem, uns dois mil lugares...”

Geralda GuimarãesMuitas Memórias e História de uma cidade:

Experiências e Lembranças de viveres urbanos.Uberlândia 1938 - 1990

Doutorado de Célia Rocha Calvo - 1998

Entrada do Cine Uberlândia.

Década de 1960.

Praça Dr. Duarte

“Naquela Praça Dr. Duarte... ali é que chegava os carros de boi, né. Não tinha calçamento, não tinha nada. Os carros de bois trazia coisas pra vender, melancia, mamão, uma coisa qualquer, eles paravam ali, sabe, ali naquele local...”

José Rezende Ribeiro – Juquita.Projeto Depoimentos – SMCultura - 1991

Largo do Comércio, atual

Praça Dr. Duarte, início do

século XX.

Neste local concentravam-se os mais importantes estabelecimentos comerciais de Uberabinha (Uberlândia). Era ponto

de chegada e saída de carros de bois carregados com mercadorias, que vinham das cidades da região.

Casa Comercial de Lindolpho

Martins. Localizava-se no largo, na

esquina da antiga Rua do Pasto,

atual Rua XV de Novembro com Av.

João Pinheiro.

“Naquela praça ali... Dr. Duarte, ali havia umas quatro casas comerciais muito importantes e muito grandes: Antônio Resende, José Nonato Ribeiro, Arlindo Teixeira e Nagib.”

Oswaldo Vieira GonçalvesProjeto Depoimentos – SMCultura - 1990

Casa Comercial Teixeira Costa, fundada em 1884, de

propriedade de Arlindo Teixeira. Localizava-se na

esquina da antiga Rua do Pasto (Rua XV de

Novembro) com Rua do Rosário (Rua General Osório).

Avenida Afonso Pena, 177

“O papai tinha uma orquestra... ali na sala de espera, não era uma orquestra, não e ra bem uma orquest ra , um conjunto(...) Então, antes de começar a sessão, essa... esses músicos tocavam ali. O c inema era sempre mui to bem frequentado e muito lotado. Mas foi então o cinema, o Cine-Teatro Avenida(...) ele propiciou à população de Uberlândia naquela ocasião ótimos espetáculos.”

José Peppe Junior Programa Uberlândia de Ontem,

Uberlândia de SempreClose Comunicação - 2007

O Cine Theatro Avenida foi construído pelo português Joaquim Marques Póvoa. Teve sua inauguração em 10 outubro de 1928 na Av. Afonso Pena próximo a Rua Santos Dumont. Neste local funcionou na década de 1990 o Cine Bristol e atualmente uma loja.

Cine-Teatro Avenida, terceiro

prédio à esquerda.

Década de 1950.

Entrada para sessão no cinema.

Década de 1930.

Prédio da Agência Bancária - Praça Oswaldo Cruz “Foi criado a Academia de Comércio, que formava o pessoal em contabilidade para trabalhar no comércio. O diretor foi o professor Milton Porto. Depois agregada à mesma organização criou-se junto o Ginásio Oswaldo Cruz.”

Oscar Virgílio PereiraProjeto Identificando o Passado - 2005

Colégio Liceu de Uberlândia. Fundado em 1928 por

Mário de Magalhães Porto e Antônio Vieira

Gonçalves. Em 1931 instala-se a Academia de

Comércio anexa ao Colégio, e em 1942 o Ginásio

Oswaldo Cruz. Em 1973 o Colégio Liceu encerra suas

atividades.

Na década de 1980, constrói-se no local, o prédio da

Caixa Econômica Federal.

Liceu de Uberlândia e

Acadêmia do Comércio.

Praça Oswaldo Cruz.

Década de 1940.

Liceu de Uberlândia.

Praça Oswaldo Cruz.

Década de 1920.

Prédio da Av. Afonso Pena esquina com Rua Olegário Maciel“(...) em frente à Drogaria, ali onde o Magazine Luiza comprou... havia um prédio ali, de três pavimentos, muito grande... Ali era um clube também. Um clube social, sabe? Fazia festas muito boas, carnavais e tudo mais, muito interessante.”

Oswaldo Vieira Gonçalves Projeto Depoimentos – SMCultura - 1990

Foi edificado nos anos de 1930

o prédio de propriedade do Sr.

José Abdulmassih, nas

esquinas da Rua Luzitânia (Rua

Olegário Maciel) com a Av.

Afonso Pena. A parte superior

era local de lazer da sociedade

uberlandense funcionando ali,

em períodos alternados, os

clubes: Municipal, Uberlândia

Clube e o Monte Líbano. Na

década de 2000, no local foi

construído prédio do Magazine

Luiza.

Prédio do Sr. Abdulmassih.

Década de 1940.

Prédio do Sr. Abdulmassih,

quando no local funcionava o

Uberlândia Tênis Clube.

Década de 1950.

“(...) Já na adolescência, a gente começou a frequentar clubes, né, como o Uberlândia Clube que era ali onde o Magazine Luiza comprou um terreno.”

José Rezende Ribeiro Projeto Depoimentos - SMCultura - 1991

Biblioteca Pública Municipal

A Matriz de Nossa Sra. do Carmo localizava-se na antiga Praça da Matriz, atual Praça Cícero Macedo. A construção da

primitiva capela teve início no ano de 1846 e deu origem à formação da cidade de Uberlândia. Posteriormente, foi ampliada e

transformada em matriz. Demolida em 1943, construiu-se no seu lugar a Estação Rodoviária. No ano de 1976, a estação é

transferida para novo espaço e o prédio passa a abrigar a Biblioteca Pública Municipal.

“A Igreja da Matriz, ali onde é a biblioteca,

ela tinha a entrada dela pro lado do

Fundinho. Não era pra cá não, porque pra

cá não existia quase cidade.”

José Rezende RibeiroProjeto Depoimentos – SMCultura - 1991.

“( . . . ) aqui que os ônibus

chegavam e aqui saíam. Ali

ficava a bomba de gasolina,

daquelas de tocá com a mão

assim. Eu ainda lembro dela,

de abastecê os, os ônibus, e é

isso aí.”

Osvaldo MartinsMuitas memórias e histórias de uma

cidade: Experiências e lembranças

de viveres urbanos. 1938-1990.

Doutorado de Célia Rocha Calvo. -

1998

Matriz Nossa Sra. do Carmo.

Década de 1900.

A fazenda São Francisco foi a sede da Sesmaria de João Pereira da Rocha, o primeiro entrante (entradas e bandeiras) a fixar residência nesta região.

A cidade de Uberlândia se formou em terras desmembradas desta família, que aportou por essas plagas no início do século XIX, aproximadamente em 1818. Naqueles anos, este sertão era um espaço ermo que os tropeiros denominaram de “O Sertão da Farinha Podre”.

Por volta de 1835, vieram os irmãos Luiz, Francisco, Antônio e Felisberto Carrejo, que compraram de João Pereira, parte de suas terras para formar as respectivas propriedades de Olhos D'Água, Lage, Marimbondo e Tenda; ainda hoje elas permanecem na zona rural do Município. Felisberto Alves Carrejo tornou-se proprietário da Fazenda da Tenda e lá abrigou as suas atividades profissionais.

Apesar das benfeitorias feitas no local, Felisberto transferiu sua residência para 10 alqueires de terra de cultura, nas imediações do Córrego Das Galinhas (Avenida Getúlio Vargas), adquiridos de D. Francisca Alves Rabelo, então viúva de João Pereira da Rocha. Naquela ocasião, esta porção de terra já era habitada por um pequeno número de pessoas, este local, atualmente, corresponde ao Bairro Tabajaras.

Como símbolo de uma comunidade que se pretendia organizada e civilizada, os moradores pediram ao Bispado a permissão para a construção de uma Capela Curada, a ser dedicada a Nossa Senhora do Carmo.

Ela foi idealizada em 1846 e construída em adobe e barro, nas formas mais simples em termos arquitetônicos. Para viabilizar a sua construção, os procuradores da obra entraram em entendimento com D. Francisca Alves Rabelo e dela adquiriram, pela quantia de quatrocentos mil réis, cem alqueires de terras de cultura e campo, entre os Córregos Das Galinhas e São Pedro.

Uberabinha: a semiologia de um passadoFazenda São Francisco. Século IX

Todo o Patrimônio foi doado a Nossa Senhora do Carmo e, atualmente, corresponde à parte central da cidade de Uberlândia. O Arraial recebeu, então, o nome de Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha. Como o cotidiano das pessoas era pontuado pela vida religiosa, a Capela abrigava a sua volta uma faixa de terreno que ficou conhecido como “Campo Santo”, nele foram sepultados os primeiros habitantes da Vila.

O pequeno burgo era despertado pelo insistente sino da igreja, que determinava o amanhecer..., o ranger do carro de boi e das carroças marcando a rotina do dia..., o arrebol do entardecer..., as noites que se arrastavam em silêncio..., em um espaço que, de forma pragmática, foi sendo moldado segundo uma intencionalidade estética da urbanística moderna, acoplada as necessidades dos modos de viver que iam se impondo.

O “Patrimônio da Santa” foi sendo continuamente remodelado, racionalizado, impregnado de sinais que foram conferindo significados à paisagem. A Praça da Matriz, a cartografia dos primitivos caminhos e trilhas do Arraial, a construção de casas comerciais ou residenciais, os códigos de postura regulamentando as questões de ordem social e econômica do Município, são todos testemunhos de um passado inscrito no território urbano. As pequenas e tortuosas ruas que entrecortavam o Município se formaram ladeadas pela sequência das casas, quintais e antigos muros que emprestaram à geografia urbana o seu sentido.

Pelos idos de 1861, pouco tempo após sua inauguração, a capelinha foi ampliada e transformou-se na Matriz de Nossa Senhora do Carmo, abrigando até 1941 as principais atividades religiosas da cidade.

Quando os braços da moderna Estrada de Ferro Mogiana alcançaram estas plagas em 1895, o espaço urbano passou por grandes transformações. Uma “cidade nova” foi desenhada em 1898 pelo engenheiro da Mogiana, o inglês James John Mellor.

Em oposição às pequenas e tortuosas ruas do Fundinho, foram traçadas seis largas e simétricas avenidas, avançando o cerrado e indo ao encontro da Estação. Estas avenidas foram abertas a partir do ponto onde terminavam as construções da “cidade velha”, sendo que os terrenos da Praça Clarimundo Carneiro delimitavam este espaço.

São Pedro de Uberabinha não era um lugar conhecido, nem o maior ou o mais antigo, mas se tornou, em pouco tempo, ponto de referência na região. Uberabinha era um lugar que, a cada dia, se dedicava de forma mais intensa ao comércio. O Largo do Comércio, hoje denominado praça Dr. Duarte, era um ponto estratégico para as trocas comerciais. No Largo das Cavalhadas, hoje praça Coronel Carneiro, também existiram casas comerciais que abasteciam a cidade e a região com artigos locais ou vindos de outras paragens.

Um lugar que tinha nos nomes das ruas e marcação do sentido de suas vidas. Rua das Pitangas, Rua do Pasto, Rua da Direita, Rua da Chapada, Rua do Rosário, Rua São Pedro, Rua Boa Vista, Largo da Cavalhada, entre outras, são exemplos que nos permitem pensar a história desta sociedade atrelada às questões relativas à memória e ao esquecimento.

Uberabinha passou a se chamar Uberlândia em 1929 e as raizes da cidade estão no bairro conhecido hoje como Fundinho. Os primeiros registros históricos da cidade de Uberlândia nos ajudam a entender como o seu espaço urbano foi sendo cotidianamente pensado, inventado e construído. Uma história que, desde o início, foi escrita com os símbolos da ordem, progresso e modernidade.

Os indícios desta história sobrevivem em ruínas. Na cadência dos passos, os lugares se apresentam significativos e possuidores de registros escondidos. É impossível pensar que não houvesse transformações, porém necessário se faz conhecer as múltiplas histórias que foram, ao longo do tempo, sendo apagadas, esquecidas, demolidas e (re)escritas.

Valéria Maria Queiroz Cavalcante Lopes

“Uberlândia, lugares e memórias” tem a finalidade de divulgar o patrimônio documental que está sob a guarda do

Arquivo Público de Uberlândia, bem como a história da cidade, por meio de registros fotográficos e depoimentos de cidadãos e

cidadãs que participaram efetivamente da sua construção, seja o pedreiro, o empresário, a servente escolar e o farmacêutico,

dentre outros.

O Arquivo Público preserva documentos da administração pública municipal e ainda mantém custodiadas

importantes coleções, constituídas por crônicas, jornais, revistas, fotografias, provenientes de instituições ou de pessoas,

como a do professor Jerônimo Arantes, Dantas Ruas, Jornal Correio etc.

O Arquivo realiza projetos de ação cultural e educativa como “Arquivo, Escola e Sociedade”, atividade que promove o

encontro entre alunos e fontes históricas, por meio de agendamento prévio e visita orientada. Além de entrar em contato com

os documentos históricos e o trabalho realizado para sua preservação, os alunos têm a oportunidade de assistir à exibição de

um vídeo sobre a história de Uberlândia desde o início da sua formação.

As escolas poderão agendar através do e-mail [email protected]

Fone: (34) 3232-4744 / (34) 3232-9022 - Rua Natal, 935 - Bairro Brasil

Horário de atendimento ao público: das 8h às 17h de segunda a sexta-feira.

Escola Estadual Dr. Duarte. Década de 1930.