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Gestão de Risco e Desastre Construindo Comunidades Seguras

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Gestão de Risco e DesastreConstruindo Comunidades Seguras

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Elaboração e Organização Simone A. M. de Jesus

Revisão de Conteúdo Carla C. de Oliveira GuimarãesIr. Cléa FuckFernando Anísio BatistaMaria Antônia Carioni Carsten

Capa e Editoração EletrônicaAtta

ImpressãoEscola do LegislativoAssembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina

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Apresentação

O planeta vem sofrendo as consequências de um desenvolvimento que provoca a devastação da natureza e o consumo desenfreado. A terra está dando seu grito, através de enchentes, terremotos, furacões, ondas de calor e de frio insuportáveis, entre outros fenômenos naturais nunca vistos antes. O que fazer diante dessas situações? Como dar respostas a tantos desafios que nos parecem sair do controle?

Em Santa Catarina, a situação parece agravar-se cada vez mais. Num período de dez anos, entre 1996 e 2006, foram registrados mais de 40 episódios de tornados em SC. Em março de 2004 tivemos na região sul do Estado o fenômeno Furacão Catarina, tendo sido este o primeiro furacão do Atlântico Sul, causando estragos em várias cidades de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A partir de 2008, após o desastre da região do Vale do Itajaí, uma série de eventos vem ocorrendo com frequência: são enxurradas, deslizamentos, enchentes, granizos, estiagem, erosão, vendaval, entre outros episódios, que deixam vitimas e marcas, revelando uma situação gritante do planeta. Os estudos comprovam que a região sul do Brasil é considerada a mais vulnerável e na rota dos grandes fenômenos naturais. Estamos preparados – nossas comunidades, os órgãos públicos –, para enfrentar esses acontecimentos? A resposta para essa pergunta é não! Diante de todas essas mudanças climáticas que vêm acontecendo, a rede Cáritas Brasileira e, nesse contexto, também a ASA se propõem uma ação mais ampla, que minimize as consequências dos desastres.

Para obter resultados eficazes, é importante que sua ação atenda as necessidades de cada realidade adversa. Para isso, num processo de mutirão com toda a rede Cáritas, foi elaborada a Política Nacional de Emergências, a partir de reflexões e acúmulos de sua ação. Trata-se de um subsídio orientador às Entidades-Membro, para melhor desenvolver sua prática nas emergências.

A Ação Social Arquidiocesana (ASA), ao longo de seus 50 anos, também vem desenvolvendo sua atuação junto à população catarinense nas situações de emergências. Citamos aqui as duas grandes enchentes ocorridas na cidade de Blumenau/SC nos anos de 1982 e 1983, e recentemente, em 2008, na região do Vale do Itajaí. Nessa última, a ASA percebeu a necessidade de ampliar sua atuação nessa perspectiva. Mais do que intervir nas ações de resposta com arrecadações e doações de mantimentos, faz-se necessário uma ação que proporcione a preparação das pessoas para essas situações, trabalhando assim na prevenção, preparação, resposta e reconstrução.

Na experiência de solidariedade com as pessoas em situação de emergências deve transparecer a dinâmica do protagonismo e do

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empoderamento das comunidades. Temos que ter a clareza de que nossa missão não se resume apenas em socorrer num momento de desastre ou numa situação difícil, mas, sobretudo, em trilhar um longo caminho, lento e conflitivo, com esse povo, fazendo-os sujeitos de sua história, construindo um caminho de mudanças das estruturas de injustiça para uma nova história, de gozo dos direitos inerentes à cidadania plena e dignidade.

Tivemos uma primeira experiência nesse sentido com o Plano de Desenvolvimento Comunitário (PDC), que oportunizou a inserção das famílias e comunidades em projetos que visem à reconstrução da vida das famílias vitimas de desastres naturais. Por outro lado, identificamos algumas lacunas que deveriam ter sido trabalhadas naquele momento, as quais não foi possível retomar. Destacamos aqui as ações de controle social, durante e após o evento; maior aproximação com a Defesa Civil nos municípios e do Estado de Santa Catarina; maior envolvimento das comunidades e sujeitos no momento da reconstrução da vida.

A experiência vivenciada em 2008 trouxe para a ASA novos desafios, mas, sobretudo, possibilidades de atuação na Gestão do Risco. Com uma proposta de aliar organização comunitária e protagonismo das pessoas, esta cartilha objetiva ser um instrumento de ação pra toda a Rede ASA/Cáritas, com orientações para a execução das quatro etapas que compreendem a administração do desastre.

Não se trata de uma “receita” pronta, nem tampouco de uma proposta “fechada”, mas sim um subsídio facilitador, possível de ser readequado às diversas situações, resultando em ações eficazes.

Equipe Executiva ASA

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Gestãodesastreriscode

e

A partir desse conceito de Defesa Civil pode-se pressupor que é de sua responsabilidade criar condições de conhecimento da população de sua política e de suas ações. Também tem a responsabilidade de articular e capacitar a sociedade civil para as situações de desastre, o que deve acontecer nos períodos de normalidade.

Antes se trabalhava na perspectiva de responder a desastres naturais, e, quando aconteciam, eram menos danosos; hoje se vive a necessidade de responder aos mais diversos tipos de catástrofes, em cenários muitas vezes já vulneráveis. Vive-se a constância dos acontecimentos e precisa-se buscar instrumentos comuns para responder a essas situações com clareza, rapidez e humanidade. Para isso, faz-se necessária a articulação no período de normalidade entre Defesa Civil, outros órgãos do Estado e sociedade civil.É Interessante pensar que a menos de dez anos atrás pouco se escutava falar em Defesa Civil no Brasil. Diante da constância de eventos adversos, a Defesa Civil está mais em evidência e num processo de aprimoramento do seu papel na Gestão de Risco e Desastre

O que é Defesa Civil?Defesa Civil é o conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e reconstrutivas, destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social. PNDC (2007. p. 9)

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Conhecer mais sobre e sobre o é essencial para a compreensão do tema.

O Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC) é constituído por órgãos públicos, governamentais e não-governamentais, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios e é coordenado pela Secretaria de Defesa Civil – SEDEC, do Ministério da Integração Nacional.

Ele tem como :

Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC) Sistema Estadual de Defesa Civil (SEDEC)

objetivos

Planejar e promover a defesa permanente contra desastres naturais ou provocados pelo homem;

Atuar na eminência em situação de desastres;

Prevenir ou minimizar danos;

Socorrer e assistir populações atingidas e recuperar áreas deterioradas.

Cada Estado deve ter organizado um Sistema Estadual de Defesa Civil – SIEDC, que será o responsável pela articulação das ações de Defesa Civil no Estado. Ele tem o mesmo padrão de organização do Sistema Nacional de Defesa Civil. No entanto, a atuação da Defesa Civil Estadual na resposta de Desastres só acontecerá, quando for comprovada a impossibilidade de o município dar a resposta.Nos municípios são realizadas as ações locais em Defesa Civil, e é através da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil que se busca capacitar as pessoas para atuação em Gestão de Risco e Desastre.

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A COMDEC tem a seguinte estrutura:

Órgãos Setoriais Órgãos de apoio NUDECs

Corpo de Bombeiros, Polícia Militar,Polícia Civil, Forças Armadas,SAMU, Guarda Municipal,Secr. Assistência Social.

Órgãos públicos, entidades privadas,ONGs, clubes de serviços,associações, classes comunitárias,associações e voluntários.

Núcleos Comunitáriosde Defesa Civil.

Manual Defesa Civil (2009, p. 18).

COMDEC – Coordenadorias Municipais de Defesa Civil

Quando ocorrem situações adversas sociais ou ambientais, sempre há a união de toda a sociedade para enfrentá-las. Essa união resulta no compartilhamento de esforços e recursos para responderem às mais variadas situações, como: desastres naturais, epidemias e tantos outros que marcam a história da humanidade.Para a Defesa Civil atuar de forma plena, ela depende da organização e participação cidadã. Para isso, é essencial a organização local. É na organização local que se potencializam forças para o enfrentamento das situações de risco. Muitas localidades necessitam de uma atenção maior do poder público e da sociedade civil organizada, pois apresentam maior índice de vulnerabilidade.

Por exemplo: comunidades que se formam com o aterramento dos mangues, onde é jogado lixo no curso dos rios. No passado, isso era considerado normal, hoje pode ser cenário propício para uma grande tragédia.

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Desta forma, vulnerabilidades são as características de determinado local em relação à situação de desastre. Escolheremos um exemplo, mas pode-se pensar em outros:

Ribeirinhos. Ele sabe que sua casa pode ser inundada pelas cheias do rio. Ele está vulnerável. A intensidade do dano será avaliada pela sua capacidade de resposta.

Exemplo:

Sua capacidade de resposta pode ser não somente financeira, mas com conhecimento e preparo prévio o ribeirinho pode receber através de oficinas, de capacitações, o conhecimento para perceber o risco e sofrer menos danos.É a percepção do risco que faz com que ele saia de casa antes. As vulnerabilidades dos locais podem ser físicas, econômicas,ambientais e sociais.Com o aumento dos desastres e a dificuldade de enfrentamento imediato de determinadas situações, há um esforço coletivo de integração de diversas organizações (não governamentais e governamentais) para o enfrentamento dessas situações.Um exemplo dessa união é a criação da Frente Parlamentar de Defesa Civil, que visa fiscalizar e acompanhar a aplicação dos recursos da Defesa Civil no Estado.

Mas o que é ?Vulnerabilidade

Condição intrínseca ao corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude do evento ou acidente, caracteriza os efeitos adversos, medidos em Política Nacional de Defesa Civil em termos de intensidade dos danos prováveis. Relação existente entre a magnitude da ameaça, caso ela se concretize, e a intensidade do dano consequente. PNDC (2007. p. 8)

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A Defesa Civil atua através da Política Nacional de Defesa Civil. Aprovada pelo Conselho Nacional de Defesa Civil. A Política Nacional de Defesa Civil – PNDC é o documento de referência para ações em gestão de desastres.

O primeiro grande passo em qualquer atuação em gestão de risco e desastre é o entendimento dos elementos que o compõem. Esse entendimento passa pela apropriação de alguns conceitos chave que estão diretamente ligados ao tema, como veremos a seguir.

Como vem atuando a Defesa Civilem gestão de risco desastre e ?

Um evento é chamado de desastre sempre que esse causa danos humanos, materiais, ambientais, com prejuízo tanto econômico como social. Superando a capacidade de resposta da comunidade atingida.A compreensão da gravidade de um desastre é, em geral, medida pela intensidade do dano que é causado nas vitimas.

Você já pensou o que é Desastre?Desastre é o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, que incidem sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais e ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais.

A intensidade de um desastre depende da interação entre a magnitude do evento adverso e a vulnerabilidade do sistema e é quantificada em função de danos e prejuízos. PNDC (2007. p. 8)

O dano é à medida que define a intensidade ou severidade da lesão resultante de um acidente ou evento adverso. Ele causa perda humana, material ou ambiental, física ou funcional que pode resultar, caso seja perdido o controle sobre o risco. A intensidade das perdas humanas, materiais ou ambientais infligidas às pessoas, comunidades, instituições, instalações e/ou cossistemas, torna-se consequência de um desastre. PNDC (2007. p.08).

Trabalhar com a gestão de risco e desastre é também diminuir os danos causados pelo desastre. Já que esse não pode ser evitado.

Para minimizar as ameaças e vulnerabilidades, é essencial atuar na redução de riscos.

Para estudar os desastres e poder enfrentá-los, será necessário identificá-los.

Ao pensar em um cenário vulnerável, como no exemplo do ribeirinho, sabe-se que as águas em tempos de normalidade não são uma ameaça. Elas tornam-se ameaça a partir do momento em que acontecem chuvas fortes e de maneira contínua, provocando cheias com risco de inundações.

O risco aumenta, quando uma ameaça encontra um cenário de vulnerabilidade. Caso a ameaça se concretize nesse cenário, os danos e prejuízos são grandes.

Mas, o que é risco?Medida de danos ou prejuízos potenciais, expressa em termos de probabilidade estatística de ocorrência e de intensidade ou grandeza das consequências previsíveis.

Relação existente entre a probabilidade de que uma ameaça de evento adverso ou acidente determinado se concretize e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor de seus efeitos. PNDC (2007. p. 9)

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Para aprofundar um pouco mais o entendimento sobre desastre, é importante entender sua evolução, pois isso auxilia na percepção da força com que pode afetar determinada comunidade. A evolução muito contribui para a resposta, por exemplo:Uma chuva que leva dias acontecendo é de evolução gradual, o indivíduo pode sair de sua casa e se proteger, caso seja ribeirinho, ou esteja em alguma situação de risco. Mas se essa chuva for súbita e com evolução aguda, essa pessoa não terá meios de responder e poderá sofrer grandes danos, inclusive de perdas humanas.

Entendendo melhor o que é Desastre

Os desastres podem ser classificados quanto à sua origem, intensidade, evolução. A intensidade e magnitude dos desastres dependem do cenário que eles atingem.

Por exemplo: Um cenário com maior vulnerabilidade tem maior risco de a resposta não ser eficiente e assim o dano ser maior. Quanto mais rápida for a resposta, menos danos o evento causa.

Origem dos desastres: São as causas ou fenômenos causadores do desastre; eles são classificados em três tipos: naturais, humanos e mistos.

Desastres Naturais: não dependem da intervenção humana. Acontecem como resultado de algum evento natural. Ex: Meteoritos sobre a superfície da terra, vendavais, chuvas, geadas, secas, terremotos, tsunamis, escorregamento do solo, entre outros.

Desastres Humanos: são causados pela ação ou omissão humana e são classificados em três gêneros: Ex: transporte de produtos perigosos, explosões, criminalidade, tráfico de drogas, desemprego, entre outros.

Desastres Mistos: Acontecem, quando a ação humana amplia e agrava um desastre natural. Ex: chuva ácida, efeito estufa, redução da camada de ozônio.

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Os desastres quanto à sua intensidade podem ser assim classificados:

Desastres de Nível I – (Acidentes) Caracterizados, quando os danos e prejuízos advindos do evento são de menor impacto na sociedade atingida. São suportáveis e facilmente superáveis.

Desastres de Nível II – (Desastre de Médio Porte) são caracterizados, quando os danos e prejuízos, embora importantes, podem ser recuperados com os recursos da própria área sinistrada.

Desastres de Nível III – (Desastres de Grande Porte) Exigem o reforço dos recursos disponíveis das áreas sinistradas, através do aporte de recursos regionais, estaduais e até mesmo federais.

Desastres de Nível IV – (Desastres de Muito Grande Porte) Exigem a intervenção coordenada dos três níveis do Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC, até mesmo ajuda externa.

Então os desastres segundo a sua Evolução são classificados como:

Súbitos, e/ou de evolução aguda, diferenciando-se pela rapidez com que acontecem: normalmente são representados por deslizamentos, vendavais, terremotos, tsunamis, granizos, entre outros.

Desastres de evolução crônica ou gradual: evoluem com mais calma, mas progressivamente, como deslizamentos, estiagens, desertificação, a erosão do solo e a poluição ambiental, entre outros.

Desastres por somação e efeitos parciais: caracterizam-se por numerosos acidentes de ocorrências semelhantes, cujos danos, ao término de um determinado período, definem um grande desastre.

Intensidade de um desastre:

Quando se quer saber com que intensidade um desastre atinge determinada localidade, deve-se pensar em:

• Qual os recursos que essa comunidade tem para restabelecer seus serviços?

• Quem são os parceiros que vão organizar a resposta?

• Que vulnerabilidades tem a comunidade afetada?

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Esse quadro torna-se um excelente instrumento para visualização de onde tem origem os desastres, sua evolução, e como a intensidade é influenciada pela capacidade de resposta da comunidade atingida.

Classificação dos desastres

Súbitos ou de evolução agudaGraduais ou de evolução crônicaPor somação de eventos parciais

Segundo a Doutrina Nacional de Defesa Civil

Naturais

Humanos ouantropogênicos

Mistos

De origem sideralRelacionados com a geodinâmica terrestre internaRelacionados com a geodinâmica terrestre externa

TecnológicoSocialBiológico

Relacionados com a geodinâmica terrestre internaRelacionados com a geodinâmica terrestre externa

Quanto à intensidade

Quanto à evolução

Quanto à origem

Nível INível IINível IIINível IV

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O Estado de Santa Catarina está na rota das grandes catástrofes ambientais. Nas últimas três décadas foram quase 500 vítimas fatais de desastres e mais de 1.000.000 de desabrigados e desalojados. O quadro abaixo apresenta um panorama geral dos grandes desastres ambientais que ocorreram em Santa Catarina.

ANO TIPOLOGIAS MORTESDESABRIGADOS E

DESALOJADOS

1974 Enchentes em Tubarão 199 mortes 65.000 desabrigados

1983 Enchente Vale do Itajaí 49 mortes 198.000 desabrigados

1984 Enchente Vale do Itajaí 16 mortes155.000 desalojados70.000 desabrigados

1987Enchente Região Norte, Oeste e Serrana. Fenômeno El Niño

2 mortes 4.000 desabrigados

1987 El Niño / Enchentes 5 mortes 3.350 desabrigados

1992 El Niño / Inundações 16 mortes 144.419 desabrigados

1995Enchentes / Grande Florianópolis Sul do Estado

40 mortes 28.625 desabrigados

1997 El Niño / Enchentes generalizadas 7 mortes 14.000 desabrigados

1998 El Niño / Enchentes generalizadas 2 mortes 8.777 desabrigados

2004 Furacão Catarina 11 mortes 33.165 desabrigados

2004Desastre TecnológicoPonte Colombo Sales

Nenhuma morte 300 mil pessoas às escuras

2006 EstiagemGado e agricultura sofrem os prejuízos

R$ 806 milhões em prejuízos

2008Enchentes, enxurradas e deslizamentos

135 mortes80.000 desalojadas e

desabrigadas

2009Temporais com granizo e ventos de 100 km/h. Formação de tornado

4 mortes310 desabrigados852 desalojados

Tabela 01 – Desabrigados e desalojadosFonte: Elaboração da Autora, 2011.

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Esses números expressam mais do que as palavras conseguem dizer. Mas é bom que se olhe para eles e se imagine a necessidade de se estar capacitando e se preparando para responder aos mais variados tipos de eventos com uma frequência cada vez maior. Os quatro eixos de trabalho da administração de desastres e os conhecimentos adquiridos até agora vão ser úteis na nossa caminhada.

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A Defesa Civil atua na redução dos danos causados pelos Desastres em quatro eixos de administração de Desastres: Prevenção, Preparação, Resposta e a Reconstrução.

A Administração do Desastre nesses quatro eixos aumenta a possibilidade de participação da sociedade nesse enfrentamento.

Gestão de risco e desastres

PrevençãoPercebe-se que através da prevenção são criadas ações para diminuir as vulnerabilidades do cenário quando há ocorrência de desastre. Também podem diminuir as chances de uma ameaça se concretizar e tornar-se um desastre.

A Mitigação em um ambiente consiste numa intervenção humana, com o intuito de reduzir ou remediar um determinado impacto nocivo.

Através da Mitigação da ameaça e das vulnerabilidades produz-se a Prevenção. Para prevenir, é preciso conhecer; assim: Será que a casa está segura? Está localizada em alguma encosta? Tem risco de desabamento? Esse bairro tem histórico de cheias? Como o município responde a essas situações? Criar nos indivíduos a cultura do envolvimento, do protagonismo, parece à tarefa mais desafiadora da prevenção.

A diminuição dos riscos de desastres acontece geralmente, quando há ação humana consciente. É impossível evitar que o desastre natural ocorra, mas é possível diminuir as perdas e os danos através da prevenção. Para isso, é necessária a redução do grau de vulnerabilidade dos cenários através de uma série de fatores, como:

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Análise de redução de riscosAntes de executar medidas de prevenção, é necessário analisar a que ameaças a comunidade está mais propensa. Para isso faz-se a identificação, avaliação e a hierarquização dos riscos, tanto dos tipos de ameaças, como dos elementos em risco e das áreas de maior risco.

Mas, o que é ameaça? Estimativa de ocorrência e magnitude de um evento adverso, expressa em termos de probabilidade estatística de concretização do evento e da provável magnitude de sua manifestação. PNDC (2007. p. 9)

As chuvas vão acontecer.

Sua evolução e intensidade são

uma ameaça, se o cenário que esta

atingir for propenso a desastre.

Ex.: Ribeirinhos; áreas de

deslizamentos...

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Para que fazer a avaliação dos riscos?Faz-se a avaliação do risco, a fim de criar medidas preventivas para enfrentar os eventos adversos e diminuir seus danos nas comunidades, restabelecendo seus serviços à situação de normalidade o mais rápido possível.

Percebe a importância de avaliarmos os riscos de nossa comunidade?

Ao conhecermos as áreas que podem ser afetadas e seus impactos, podemos priorizar as que exigem maior atenção.

Esse processo é realizado em três etapas: Identificação das ameaças, avaliação e hierarquização dos riscos.

Identificação da ameaça: Identificar dentro da comunidade os eventos que já ocorreram e que afetaram a comunidade. Cria-se então uma lista com eventos passados e dos que podem vir a acontecer.

Avaliação dos riscos: o Objetivo da avaliação de riscos é medir a quantidade de vezes que o evento ocorre e as consequências indesejáveis dele, obtendo informações para medir cada ameaça. Depois de feita a avaliação dos riscos, pode-se criar a hierarquização destes, a fim de identificar prioridades para as tomadas de decisões.

Hierarquização dos riscos

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Nível I – altas possibilidades de se concretizar, e os danos são severos.

Nível II – Tem pequena possibilidade de se concretizar, e os danos serão severos.

Nível III – Tem altas possibilidades de se concretizar, e os danos serão pequenos.

Nível IV – Tem pequena probabilidade de se concretizar, e os danos serão pequenos.

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Como podemos reduzir o grau de vulnerabilidade?Existem duas formas de reduzir as vulnerabilidades locais, que são as medidas estruturais e as medidas não estruturais.

Medidas estruturais são a construção de barragens, melhoria de estradas, muros de contenção, pontes, entre outras.

Medidas não estruturais são relacionadas à mudança de cultura da população em áreas de risco através da educação continuada (descarte de lixo, cuidado com os rios, encostas, manguezais e etc.), micro zoneamento urbano e rural e uso correto dos espaços, vida de sociedade equitativa e garantia de cidadania e de acesso aos direitos. Tem muito a ver com o desenvolvimento das comunidades, a relação harmoniosa com os ecossistemas naturais ou modificados pela ação humana.

Que medidas conhecemos, que são exemplo de sociedade equitativa? Que iniciativas que nos cercam nos fazem pensar em garantia de direitos, em mudança de cultura?

A Ação Social Arquidiocesana atua muito na prevenção, quando cria grupos que atuam na promoção de um desenvolvimento solidário e sustentável – DSS. Quando estimula a criação de horta comunitária, por exemplo, pois é através dela que muitas famílias se alimentam de maneira saudável e com produtos agroecológicos, e, ainda, com isso contribuem com a renda familiar. Incentiva o surgimento de grupos de produção; a partir dos produtos artesanais, vivenciam o protagonismo e a valorização. Nesse sentido, através dessas ações se constrói cidadania e inclusão social e se traz para o debate questões de Gestão de Risco e Desastre, preparando as Ações Sociais para essa nova realidade que traz essa mudança de cultura das comunidades.

Portanto, pensar a Gestão local de risco e encorajar a abertura dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil – NUDECs com as ações sociais é fortalecer o conhecimento na comunidade, nas suas vulnerabilidades, mas também em suas tantas potencialidades. É reconhecer as suas forças para o enfrentamento das situações que se colocam em seu cotidiano.

A própria produção dessa cartilha de Gestão de Risco e Desastre é uma medida estrutural eficiente, pois parte da cultura de que esse saber deve ser socializado e vivido por todas as pessoas envolvidas nesse meio ambiente.

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Nos Estados e municípios, a Defesa Civil atua através do Plano Diretor, que é baseado na Política Nacional de Defesa Civil e possui estratégias e metas de longo prazo.

Possui ainda um Plano de Contingência, que é elaborado a partir do estudo das vulnerabilidades e riscos de um determinado local, caso a ameaça de risco venha a se concretizar. É adequado a diversas realidades, conforme suas necessidades.

Os dois planos devem levar em conta as quatro fases de administração de desastres. O plano de Contingência é ideal para as comunidades, pois se adapta à realidade local.

As medidas de preparação devem estar escritas num planejamento que leva em conta a possibilidade de a ameaça se concretizar. Busca-se, através dele, diminuir as vulnerabilidades locais e fortalecer a capacidade de resposta, para que retorne à normalidade o mais rápido possível a nossa comunidade.

Observação: O Plano de Contingência não é para ficar guardado na gaveta, é para ser usado e testado. Também, a partir desse conhecimento podemos ver se a Defesa Civil do nosso município tem essa preparação.

Compreende-se que a Preparação é um conjunto de ações planejadas pela comunidade e pelas instituições governamentais e não governamentais, para minimizar o efeito dos desastres através da difusão dos conhecimentos científicos tecnológicos e da formação e capacitação de recursos humanos, com vistas à otimização das ações de resposta de desastres e de reconstrução.

O que é responder a um desastre?

PreparaçãoA preparação para as situações de desastres visa a estar pronto para responder às emergências quando elas ocor-rerem, criar maneiras de prevenir ou diminuir os danos, atra-vés da prevenção, tendo planejamentos eficientes.

A preparação se dá através de planos:

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A resposta ao desastre ocorre depois de o evento ter acontecido. Normalmente as situações de resposta ao desastre serão mais rápidas e eficientes, se as outras fases da administração forem bem planejadas e administradas. A capacidade de resposta é determinada pelo grau de vulnerabilidade do cenário atingido. Os locais de maior vulnerabilidade social, econômica e habitacional tendem a ter maior grau de dificuldades de resposta, necessitando de maior atenção do poder público e da sociedade civil, para retornarem à situação de normalidade Cada tipo de resposta se organiza de uma determinada maneira, dependendo do fenômeno ocorrido.

Resposta

A Resposta ao desastre compreende as seguintes atividades:

socorro,

assistência à população vitimada,

reabilitação dos cenários.

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a) Socorro – são atividades, a fim de atender vítimas das situações de desastres que estejam em risco de sobrevivência ou saúde. Acontecem próximas ou no centro dos locais atingidos e se dividem em:

– Combate aos sinistros, acarretando ações como: controle de trânsito, segurança da área e remoção de famílias.

– Socorro às pessoas atingidas por: salvamento, atendimento pré-hospitalar, atendimento médico de urgência.

b) Atividades de assistência às populações afetadas: estas atividades compreendem ações de logísticas, assistência e promoção social, promoção, proteção e recuperação da saúde.

Logísticas: todos os suprimentos necessários para a vida humana, como roupas, material de higiene e limpeza e equipes especializadas para atendimento dentro dos abrigos, gestão dos abrigos.

Assistência e promoção social: acolhimento no abrigo, cadastramento, encaminhamentos diversos, observar os casos de encaminhamento para a saúde. Nesse primeiro contato podem-se identificar possíveis talentos que serão úteis na manutenção do abrigo (técnicos de enfermagem, enfermeiros, etc).

Promoção, proteção e recuperação da saúde: atividades de saúde (vacinas, curativos e etc.) e encaminhamentos dentro dos abrigos, saneamento básico entre outros.

c) Atividades de reabilitação dos cenários: Ações de caráter emergencial para a volta da normalidade após restabelecimento de condições mínimas de segurança, habitabilidade e mobilidade. Entre essas ações estão: vigilância das condições de segurança global da população; reabilitação dos serviços socioassistenciais; reabilitação das áreas deterioradas e das habitações danificadas.

Podemos perceber que a preparação e a resposta estão unidas. Quanto mais conseguirmos imaginar a magnitude do evento e responder antes no plano de contingência, mais vamos estar preparados para enfrentá-los, mais rápida será a resposta e menos danos o evento causará à comunidade.

Após o desastre e os atendimentos emergenciais, entra-se na fase de reconstrução.

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É fácil definir reconstrução, difícil é minimizar os danos causados pelo evento adverso e reconstituir cenários e esperanças da população que é atingida.

Conjunto de ações desenvolvidas após as operações de resposta ao desastre e destinadas a recuperar a infra-estrutura e a restabelecer, em sua plenitude, os serviços públicos, a economia da área, o moral social e o bem-estar da população. A reconstrução confunde-se com o final da resposta e o início da prevenção, na medida em que procura: reconstruir os ecossistemas; reduzir as vulnerabilidades; racionalizar o uso do solo e do espaço geográfico; recolocar populações em áreas de menor risco; modernizar as instalações e reforçar as estruturas.

Reconstrução

Essa fase pode ser compreendida como reconstrução tanto das perdas materiais (casas, ruas, pontes, comunidades, etc.), como das perdas sociais e subjetivas como: depressão, baixa auto-estima, solidão, tristeza.Nesse sentido as comunidades podem atuar nos dois focos, sobretudo nos aspectos sociais e de inclusão social, a partir de ações comunitárias que promovam o protagonismo das famílias.

A reconstrução não é a última fase da gestão de risco e desastre, ela faz parte

de um processo cíclico e contínuo, devendo ser pensada assim no dia a dia dos indivíduos e ações de determinado

local, município, estado, país. Geralmente, nos dias seguintes ao

desastre os meios de comunicação já deixaram de focar suas notícias ao

evento ocorrido; as pessoas já não se sentem tão convocadas a ser solidárias

como na fase da Resposta. É o passo que a comunidade organizada e a

Defesa Civil devem protagonizar sozinhas, oportunizando às pessoas

atingidas a garantia de seus direitos, recompondo suas condições de vida.

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Para isso é importante segundo Guimarães (08/2011)

ter um levantamento prévio da situação da comunidade pós-desastre (quantas famílias desalojadas, desabrigadas, em que condições se encontram as famílias, etc.);

organizar junto com as famílias um plano de trabalho de reconstrução, com programas sociais, projetos para crianças, adolescentes, mulheres, idosos, etc.;

atuar na promoção de cursos, oficinas e oportunidade de geração de renda;

organizar grupos e/ou empreendimentos solidários, valorizando as pessoas e suas potencialidades;

em mutirão e com o protagonismo dos atingidos, pressionar as instituições públicas, para que reconheçam os direitos sociais das pessoas e famílias, liberem áreas mais adequadas, se necessário, e os recursos indispensáveis para a reconstrução das casas e outras condições de vida, num ambiente realmente urbanizado;

com o apoio da Cáritas Diocesana, Cáritas Regional e Cáritas Brasileira, organizar campanhas de reconstrução de casas populares, por meio da cooperação internacional, recursos nacionais e públicos, através do sistema de mutirão entre os moradores.

O objetivo dessa fase é o restabelecimento e a conquista em plenitude das condições de vida: dos serviços públicos de qualidade, da economia da área, do ânimo e ambiente social, gerando o bem-estar da população.

É garantir às pessoas um local seguro e digno de moradia, sem riscos ou vulneráveis a novos eventos. Essas conquistas serão possíveis, se a comunidade organizada protagonizar o processo; para isso,

.

é fundamental que as pessoas tenham consciência de sua capacidade de agir organizadamente, enfrentando novos desafios, e ter a clareza de que a sua cidadania e seu poder transformam realidades e possibilitam novas esperanças

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Prevenção

ReconstruçãoADMINISTRAÇÃODOS DESASTRES

Preparação

Resposta

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Na atuação com famílias, exige-se a compreensão do contexto em que essas estão inseridas, e que se saiba que se atuará fazendo frente às diversas expressões da questão social.

Questão social é o conflito entre o capital e o trabalho, que cria desigualdades e culpa o sujeito por sua situação. Ela é materializada através das mais diversas expressões, como: desemprego, alcoolismo, vitimização de crianças, e outros tipos de violências.

Pela Política Nacional de Assistência Social de 2004, família é o grupo de pessoas que se acham unidas por laços consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) (1994), “Família é gente com quem se conta”. Essa concepção de família abrange todas as culturas e garante os direitos do grupo familiar. Entende que, se um membro do grupo familiar não estiver bem, todos os demais serão afetados. Acredita-se a família em movimento, com sua riqueza de respostas em relação ao seu cotidiano e seus desafios, ora como potencializadora da capacidade de seus indivíduos, ora como esfaceladora das mesmas.

As famílias podem se organizar da forma como acharem que seja melhor para elas vivenciarem seus espaços e viverem em sociedade. Todas, independentemente de sua composição, devem ter seus direitos garantidos.

Pensar as famílias em situação de abrigamento é analisar a possibilidade dos acertos juntamente com elas. É descrever sua situação, encaminhá-las, para que tenham uma resposta efetiva. Deve-se, para isso, ter mapeada a rede socioassistencial, e esta deve estar preparada para atender a essa demanda antecipadamente.

Abordagem com famílias

A família, ao chegar num abrigo, está fragilizada, e o acolhimento é fundamental para se sentirem valorizados, comprometendo-se em auxiliar a resolver sua situação. Manter, dentro dos abrigos, o grupo familiar unido e motivá-lo a atuar na busca da normalidade. Não é fazer de conta que não existem as dificuldades, que não se está vendo os desafios das famílias, mas é buscar junto delas as respostas para o enfrentamento de tudo que vier a acontecer, com respeito às diferenças de organização, credo, cor e necessidades.

Durante os dias que se seguem após o desastre, vai-se vagarosamente voltando ao período de normalidade, quando algumas famílias retornam às suas residências e retomam suas vidas. Outras não têm mais para onde retornar, pois perderam casa, documentos, e ficarão em situação de abrigamento por um período maior. Em relação a todos temos o dever de garantir seus direitos e de dar atendimento especializado a cada situação.

Criar oportunidades de renda dentro dos abrigos, ou nas comunidades atingidas, pode ser uma alternativa para aqueles que estão ociosos e querem realizar alguma atividade. Para tanto, é necessário fazer pesquisa, dentro dos espaços ocupados, ou comunidade, para identificar o que poderia ser mais adequado àquelas condições.

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O planejamento do abrigo deve se dar no período de normalidade, quando podem ser elaborados planos de contingência que contemplem trabalho e operações. Quando esses planos estão bem resolvidos antes do evento adverso, a eficiência do atendimento e aproveitamento dos recursos materiais, financeiros, bem como o atendimento às pessoas em situação de abrigamento, tendem a ser mais bem aproveitados.

Sabe-se da necessidade de abordar esse tema e de que ele seja pensado por todas as pessoas envolvidas em situação de desastre, a fim de possibilitar conhecimento a toda a população.

Abrigar das intempéries, prover segurança, permitir os cuidados do corpo e do espírito, privacidade e higiene (necessidades fisiológicas e a prática sexual, a afetividade, a religiosidade, a atividade intelectual e o convívio familiar). Dicionário Aurélio (2006)

O que desse abrigar está sendo garantido para as pessoas desabrigadas e desalojadas? Esta pergunta deve ser a base que norteia os trabalhos em Gestão de Abrigos. É preciso garantir os mínimos sociais dentro dos abrigos.

Os abrigos são de responsabilidade do poder público local, que tem o dever de articular todas as forças sociais para criar seu plano de gerenciamento de abrigos, antes que o desastre ocorra. (Manual de Defesa Civil, 2009. p. 90)

São as pessoas, cujas habitações foram danificadas ou destruídas, mas que não necessariamente precisam de abrigo temporário. Manual de Defesa Civil (2009. p. 91)

Nessas situações, os usuários poderão ficar sem a casa e morar com parentes ou amigos, pois geralmente têm a capacidade de dar resposta ao evento adverso.

As pessoas desalojadas não são menos importantes, elas necessitam de atenção das organizações governamentais e não governamentais da mesma forma.

Mas, o que significa abrigar?

De quem é a responsabilidade da organização do abrigamento?

Mas, afinal, o que são pessoas desalojadas?

Gestão de abrigos

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E quem são as pessoas desabrigadas?“Os desabrigados são as pessoas que necessitam de abrigo temporário”, perderam tudo e não possuem meios econômicos ou outros recursos para dar resposta à situação de desastre. Manual de Defesa Civil (2009. p. 91)

O período de abrigamento das pessoas em situação de desastre é, em geral, de sete dias. Porém, hoje se sabe que devido à dimensão e potência dos desastres, unidos às vulnerabilidades sociais, econômicas, antecedentes ou em ocorrência deles, esse período de abrigamento pode ter um aumento de meses.

Os desabrigados necessitam de atendimento especializado e de

proteção social, com as garantias de:

alimento, roupas, vestuário;

respeito aos espaços familiares e das relações

intrafamiliares;

;

em todas as fases aos idosos, pessoas com

deficiência e as crianças.

Segurança de acolhida:

De convívio familiar:

Atendimento de saúde psicológico

Atendimento prioritário

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Os abrigos, segundo o Manual do abrigo produzido pela Defesa Civil do Rio de janeiro, devem ter uma estrutura mínima de atendimento, entre elas:

Recepção / Setor de Triagem;

Espaço para abrigamento (coberto e livre de umidade para proteger das adversidades climáticas, com condições adequadas de temperatura, segurança e privacidade);

Cozinha;

Banheiros com chuveiros;

Refeitório;

Espaço recreativo;

Reservatório de água potável, cisterna ou depósito para água mineral engarrafada (sem gás);

Local para os animais domésticos;

Depósito para guarda de bens.

A alimentação enviada aos abrigos nesse primeiro dia deverá ser para

consumo imediato, como: bolachas, chás prontos, achocolatado pronto,

suco, frutas, bolos prontos, entre outros de preferência não perecíveis, levando

em consideração que esse primeiro momento é de organização do que já

está contemplado no plano.

Para que o trabalho desenvolvido dentro dos abrigos tenha êxito, é necessária

uma equipe multidisciplinar formada por assistentes sociais, psicólogos,

pedagogos, profissionais da saúde, recreadores, entre outros profissionais que

devem ser designados pela Prefeitura Municipal do município atingido, através

da solicitação da Defesa Civil.

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Comunicação em gestão de risco e desastres

Comunicação em situação de abrigamento:

Comunicação dentro do abrigo:

A comunicação se dá através da fala, gestos e escrita, porém precisa de um sujeito e um objeto. Seus componentes são: eu emissor, tu receptor e a mensagem de quem ou da qual falamos. Também utilizamos, para a comunicação, um canal, onde ela se realiza e se propaga, a exemplo dos meios de comunicação: televisão, rádio, internet. Ou, simplesmente: em um ambiente, onde se reúnem duas ou mais pessoas, há a troca de sinais escritos ou por fala.

Quem trabalha com pessoas em situação de desastre, especialmente, não pode ter a pretensão de informar sem preocupar-se com as reações, a confiabilidade e autenticidade da informação passada, que pode transformar um evento num desastre de maior proporção.

A comunicação em situação de desastres é essencial, porém deve ser feita apenas por uma pessoa previamente designada em planos de contingência.

O comunicador previamente designado deve ser informado, e/ou buscar a informação de quantas pessoas estão abrigadas e quais os recursos necessários, a fim de trabalhar numa comunicação confiável com a Defesa Civil e potencializar o tempo de resposta ao atendimento das demandas do abrigo.

A Comunicação com as pessoas abrigadas deve se dar de forma horizontal, percebendo as necessidades dos abrigados, através de gestos, da expressão, a fim de responder e minimizar danos pessoais e interpessoais.Também poderá ser feita através de cartazes que visem a explicar como agir dentro de tal situação e quais serviços são disponíveis.Lembre-se a importância da capacitação dos profissionais na fase de prevenção e preparação, criando medidas e fazendo o planejamento de como atuar, o que é uma constante para todos os profissionais e pessoas que atuam em situação de desastre, inclusive o comunicador.

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O Núcleo Comunitário de Defesa Civil – NUDEC é formado por um grupo comunitário organizado em um distrito, bairro, rua, edifício, associação comunitária ou entidade. Participam de atividades de Defesa Civil como voluntários.

Os Núcleos Comunitários de Defesa Civil – NUDECs são capacitados e integram a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil – COMDEC.

Os NUDECs são formados por moradores da própria comunidade. Seus membros estão sempre em contato com a Defesa Civil, fazendo capacitações e articulando oficinas para os moradores da comunidade.

A instalação do NUDEC é prioritária em áreas de vulnerabilidades ou de risco de desastres e tem por objetivo em tempos de normalidade:

Essas ações de prevenção visam à melhoria da resposta e da comunidade em tempos de normalidade.

Os NUDECs em tempos de desastres:

Conseguem perceber o risco;

Minimizar os danos;

Dar a primeira resposta;

Conhecer seus direitos, saber seus deveres.

Criar vínculos com a Defesa Civil;

Trazer a percepção do risco para os moradores;

Criar capacitações para os membros da NUDECs e capacitações comunitárias;

Sensibilizar e mobilizar a comunidade;

Envolver as pessoas da comunidade e promover o conhecimento do local em que habitam e buscar sua melhoria.

Núcleo Comunitário de Defesa Civil – NUDEC

É importante que os núcleos sejam permanentes e se reúnam para discutir e planejar formas de atuação e capacitações em sua comunidade.

DICA – Convidar sempre um integrante da Defesa Civil e outros órgãos municipais, governamentais e não governamentais, para trazerem suas experiências, é uma forma de ampliar o debate e fortalecer vínculos comunitários entre organizações e comunidade.

Os NUDECs devem ter um local adequado e fixo de encontros, para que a comunidade possa se integrar. Exemplo de locais: paróquias, centros comunitários entre outros.

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Orientações básicasemergência

para

situações de

Medidas preventivas:Jogue o lixo no lixo.Não construa próximo a córregos. (Risco de inundação).Não construa próximo a barrancos. (Risco de deslizamento)Procure saber a viabilidade da construção. (Prefeitura encaminha a órgãos competentes)Procure ter contato com a Defesa Civil e saber se sua localidade está em risco e quais são eles.

O que fazer, caso aconteça um evento adverso que traga risco?Avise imediatamente a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros. Avise seus vizinhos dos riscos (caso seja deslizamento ou cheias). Convença-os a sair de casa. Caso não seja possível, abandone o local.Mantenha pronta água potável, roupa e remédios, caso tenha que sair de casa.

Caso precise sair de casa, o que levar:Antes de tudo, salve e proteja sua vida e a de seus familiares e amigos; Caso precise retirar algo de casa, peça ajuda à Defesa Civil, ou Corpo de Bombeiros;Coloque documentos e objetos de valor em um saco plástico fechado e bem protegido.

Caso o risco se concretize:Desconecte os aparelhos elétricos da corrente elétrica, para evitar curtos circuitos nas tomadas;Desligue a água;Tenha um lugar seguro para se abrigar, no caso de emergência;Retire o seu lixo e leve para local seguro.

Cuidado com as criançasNão as deixe brincando nas águas das enxurradas ou nas águas do córrego, pois elas podem ser levadas pelas correntezas ou contaminar-se, contraindo doenças como hepatite e leptospirose.Durante o período de abrigamento, acompanhe seus filhos. Zele por sua segurança.

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ADMINISTRAÇÃO para abrigos temporários. 1. Ed. Secretaria de Estado da Defesa Civil do Rio de Janeiro, RJ, SEDEC, 2006. Disponível em: <http://www.defesacivil.rj.gov.br/documentos/sedec/manual_abrigo_sedec_rj.pdf>. Acesso: 23/08/2011 as 18:20.

POLÍTICA Nacional de Defesa Civil. Disponível em: <www.defesacivil.gov.br/politica/index.asp>. Acesso em 08/05/2009.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo, 1986.

MANUAL de Defesa Civil. Caroline Margarida; Cristiane Aparecida do Nascimento; Major PMSC Emerson Neri Emerim; Major PMSC Edir de Souza. Florianópolis: CEPED/UFSC, 2009.

Referências bibliográficas