cartilha bancos

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1 INTRODUÇÃO E m sua origem, os bancos tinham a função de emprestar dinheiro para quem necessitasse. Cumpriam uma função, dentro do capitalismo, de intermediação financeira necessária para a acumulação do capital. Na época imperialista, onde grandes corporações multinacionais dominaram o mercado mundial, houve uma fusão dos bancos com o setor industrial, criando o capital financeiro, em todo o mundo. Com a globalização, houve um crescimento gigantesco desse setor financeiro e seu domínio sobre o conjunto das empresas e os Estados. Ampliou-se fortemente seu caráter especulativo, transformando-se em um bru- tal sistema parasitário, que suga boa parte da riqueza produzida no mundo. No Brasil, essa característica parasitária é ainda mais desenvolvida que na maior parte dos países imperialistas e semi-coloniais. Os bancos brasileiros têm a maior taxa de juros do mundo e uma das maiores taxas de lucros, sendo verdadeiros para- sitas da economia. O Sistema Financeiro Brasileiro é composto hoje por 9 bancos públicos e 148 bancos privados. Destes, 60 são estrangeiros, totalizando 157 bancos. Porém, apenas cinco bancos, o G5 (BB, Itaú, Bradesco, CEF e Santander) controlam o sistema financeiro nacional, onde o setor público assume as operações menos rentá- veis, porém funcionais, para a exploração conjunta da população trabalhadora do país. Na crise que atingiu o país e o mundo em 2008 e 2009, os grandes bancos brasileiros foram os verdadeiros ganhadores. Receitas e lucros vão de vento em popa há 16 anos. A seguir, apresentamos as principais conclusões de um estudo sobre o Sistema Financeiro Brasileiro, de 1995 a 2010, realizado pelo ILAESE (Instituto Latino-Ame- ricano de Estudos Socioeconômicos), para os sindicatos combativos do movimento nacional, como o Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte.

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INTRODUÇÃO

Em sua origem, os bancos tinham a função de emprestar dinheiro para quem necessitasse. Cumpriam uma função, dentro do capitalismo, de intermediação

financeira necessária para a acumulação do capital.

Na época imperialista, onde grandes corporações multinacionais dominaram o mercado mundial, houve uma fusão dos bancos com o setor industrial, criando o capital financeiro, em todo o mundo.

Com a globalização, houve um crescimento gigantesco desse setor financeiro e seu domínio sobre o conjunto das empresas e os Estados.

Ampliou-se fortemente seu caráter especulativo, transformando-se em um bru-tal sistema parasitário, que suga boa parte da riqueza produzida no mundo.

No Brasil, essa característica parasitária é ainda mais desenvolvida que na maior parte dos países imperialistas e semi-coloniais. Os bancos brasileiros têm a maior taxa de juros do mundo e uma das maiores taxas de lucros, sendo verdadeiros para-sitas da economia.

O Sistema Financeiro Brasileiro é composto hoje por 9 bancos públicos e 148 bancos privados. Destes, 60 são estrangeiros, totalizando 157 bancos.

Porém, apenas cinco bancos, o G5 (BB, Itaú, Bradesco, CEF e Santander) controlam o sistema financeiro nacional, onde o setor público assume as operações menos rentá-veis, porém funcionais, para a exploração conjunta da população trabalhadora do país.

Na crise que atingiu o país e o mundo em 2008 e 2009, os grandes bancos brasileiros foram os verdadeiros ganhadores. Receitas e lucros vão de vento em popa há 16 anos.

A seguir, apresentamos as principais conclusões de um estudo sobre o Sistema Financeiro Brasileiro, de 1995 a 2010, realizado pelo ILAESE (Instituto Latino-Ame-ricano de Estudos Socioeconômicos), para os sindicatos combativos do movimento nacional, como o Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte.

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Pesquisa e redação: Nazareno Godeiro, pesquisador do IlaeseRevisão de texto: João Bezerra de CastroDiagramação: Bruno GalvãoIlustração: Amâncio

Material produzido e de responsabilidade da diretoria do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do NorteNATAL - Avenida Deodoro da Fonseca, 419 - Petrópolis - Natal (RN) - CEP 59020-600 FONES: (84) 3213-0394 / 3213-4514 / 3213-3020 / 3213-2831 / 3613 0064 ÁREA DE LAZER - Rua Nizia Floresta, S/N - ParnamirimSUBSEDE - Rua Professor Coutinho,34 - Centro - Caicó (RN) - CEP 59300-000 FONE (84) 3417-1266 - Site: http://www.bancariosrn.com.br

EXPEDIENTE

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ÍNDICE

Sistema Financeiro de 1995 a 2010: crescimento, concentração e financeirização da economia . . . . . . . . . . . . . . . 5

Sistema brasileiro privilegia a agiotagem com juros altos e Dívida Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

A privatização e a desnacionalizaçãodos bancos brasileiros: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Os grandes bancos brasileiros saíram lucrando com a crise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Bancos brasileiros são os mais rentáveis do mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

A exploração dos bancários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

A exploração no Banco do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

A exploração no Itaú . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

A exploração no Bradesco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

A exploração na Caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

A exploração no Santander . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Os correspondentes bancários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Pela nacionalização e estatização do sistema financeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

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Sistema Financeiro, de 1995 a 2010: crescimento, concentração e financeirização da economia

O Brasil é dominado por um oligo-pólio de cinco bancos (Banco do

Brasil, Itaú, Bradesco, CEF e Santan-der) que foram favorecidos pela hi-perinflação na década de 80 e depois pelo juro mais alto do mundo.

O crescimento espetacular dos gran-des bancos brasileiros se deve a dois movimentos que se deram de forma paralela no Brasil dos últimos 16 anos.

O primeiro movimento foi um salto no crédito para a população, que saiu de 9% em 1995 para 45% do PIB (Pro-duto Interno Bruto), em 2010. Especial-mente o crescimento que se registrou nos dois mandatos do Lula se deveu, em boa parte, a um salto no endivida-mento generalizado da população.

O segundo movimento se deve ao crescimento da Dívida Pública Interna que ocorreu, principalmente, durante os dois mandatos de Lula. Boa parte

dos lucros dos banqueiros advém das receitas com títulos da dívida do governo, que paga juros altíssimos em aplicações de curto prazo.

A Dívida Interna Pública represen-tava 7% do PIB em 1995, quando FHC iniciou seu primeiro mandato. Quando terminou o segundo manda-to do Lula ela já representava 50% de tudo que o Brasil produz em um ano!

Nos últimos 16 anos, nos governos de FHC e Lula, os cinco maiores ban-cos cresceram em 1.260% nos ati-vos (todas as riquezas em poder dos bancos, seus e de terceiros). Isto é, um crescimento de 80% ao ano!

Observem que, durante o governo Lula, os ativos dos bancos ultrapassam o valor do PIB. Ou seja, a riqueza em poder dos bancos hoje é superior a tudo que os brasileiros produzem em um ano!

Fonte: PIB/IBGE - Ativos dos Bancos/Banco Central (BC)

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O crescimento é 10 vezes supe-rior ao crescimento do PIB brasilei-ro e mais de três vezes o da China!

Os lucros destes cinco bancos

Nos 16 anos compreendidos entre os dois mandatos de

FHC e dois mandatos do Lula, os lucros do Itaú cresceram 3.485% (218% ao ano). Os lucros do BB cres-ceram 1.949% no mesmo período, a uma média anual de 139%. Os lucros do Bradesco cresceram 1.760% ou 110% ao ano, a CEF aumentou o lu-cro em 1.601% ou 100% ao ano. Os lucros do Santander cresceram 785% neste mesmo período (65% ao ano).

Neste quesito dos lucros é inacre-ditável o crescimento vertiginoso dos lucros dos banqueiros: O Itaú triplica os lucros a cada ano enquanto o BB, o Bradesco e a CEF duplicam seus lucros a cada ano.

Este afluxo de riqueza do país para os grandes bancos tornou as famílias de banqueiros as mais ricas do país.

Moreira Salles, Setúbal, Egydio de Souza Aranha, Aguiar e Safra estão entre os maiores bilionários do país.

Este modelo é um sucesso total: até o dia em que a crise se abater sobre o país, os capitais estrangeiros fugirem e a legião de trabalhadores endividados não puder continuar rolando esta dívida monumental.

Foi o que aconteceu nos Estados Unidos em 2008 e está se preparan-do aqui no Brasil.

cresceram 1.575% nos últimos 14 anos, uma média de 112% ao ano! Isto significa que a cada ano, os bancos dobram seus lucros de forma continuada há 16 anos:

Fonte: Banco Central - elaboração ILAESE

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Sistema brasileiro privilegia agiotagem com juros altos e Dívida Pública

O modelo de capitalismo brasilei-ro tem um forte componente

“rentista”, em que parte importante da riqueza nacional é usada para render juros na ciranda financeira.

Setores importantes da burgue-sia retiram parte dos investimen-tos produtivos para ganhar somas fabulosas especulando com títulos

da dívida ou com ações nas bolsas, inclusive diminuindo o potencial de crescimento do país.

A partir de 1994, o neoliberalismo mudou a dinâmica de acumulação capitalista no Brasil, deslocando parte importante do capital da esfera da produção para a esfera improdutiva, especulativa1:

1FINANCE-LED GROWTH REGIME NO BRASIL: ESTATUTO TEÓRICO, EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS E CONSEQUÊNCIAS MACROECONÔMICAS - Miguel

Bruno, Hawa Diawara, Eliane Araújo, Anna Carolina Reis, Mario Rubens - Brasília, dezembro de 2009

A proporção dos lucros não investidos na produção salta

de 43% para 62%, enquanto a pro-porção investida na produção (FBK/Lucro) cai de 57% para 38%. Ao mesmo tempo, os ativos financeiros (AF/Kprod) saem de 30%, em 1974, para 73% dos ativos produtivos fixos.

Para o Brasil conseguir crescer 4%, em média, como se deu no último mandato de Lula, a economia se

apoiou em uma expansão desenfreada do crédito para a população e na atra-ção de capital estrangeiro para cobrir o déficit que o Brasil tem com o mundo.

Porém, em sua maioria, estes capitais externos são especulativos, que diante dos juros baixos nos EUA, Europa e Japão, vêm para o Brasil, país que tem os juros mais altos no mundo.

Para atrair este capital, que está sobrando nos países ricos, o governo

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mantém a taxa de juros alta, mesmo sabendo que provoca queda no cresci-mento econômico.

Essa lógida também explica por que o governo brasileiro tem de manter reservas de dólar no Banco Central que alcançam a soma de U$ 350 bilhões de dólares, com um custo para o Brasil equivalente a tudo que gastamos com educação em um ano.

Essas reservas só servem para dar garantias aos investidores estrangeiros de que, na hora que quiserem sair do Brasil, terão o dinheiro à sua disposição.

O modelo de capitalismo neolibe-ral brasileiro está apoiado em atração de capital estrangeiro para mover nossa economia, por um lado, e a especialização do país na produção de matérias-primas, alimentos e energia (as chamdas commodities) para expor-tar para a China, que industrializa os produtos e vende para o mundo.

Desta forma, são duplas cadeias que estão nos aprisionando.

Muito capital tem vindo para cá (somos a “bola da vez” dos especu-ladores) ao mesmo tempo em que estamos adaptando nossa economia como exportadora de poucos produ-tos primários.

Os títulos da Dívida Pública do Governo funcionam como um atrati-vo para estes capitais especulativos, assim como as ações de empresas produtoras de matérias- primas, alimentos e energia, como a Vale, Petrobras e o agronegócio.

Segundo o Boletim do ILAESE, Con-tra–Corrente, n°4, de 1 de julho de 2011:

“De janeiro a abril de 2011, já no governo Dilma, a dívida interna atingiu a histórica marca de R$ 2,3 trilhões de reais. Se considerarmos a dívida externa, que em janeiro de 2011 ficou em cerca de R$ 571 bilhões, a dívida pública total alcançou R$ 2,9 trilhões em abril de 2011, equivalente a 209% de tudo que o governo federal arrecadou em 2010.”

Obs.: 1. Os valores dos pagamentos da dívida pública desde 1995 foram corrigidos pelo IGP-DI. 2. A dívida pública inclui juros, amortizações e refinanciamento. 3. A dívida externa foi convertida para Real a uma taxa de câmbio de R$ 1,60. Fonte do pagamento da dívida nos governos FHC e Lula: SIAFI - STN/CCONT/GEINC. Fonte do Estoque da Dívida Pública em 1994, 2002, 2010 e 2011: Banco Central (Nota para a Imprensa - Política Fiscal – Quadros 35 e 51) e Ministério da Fazenda. SIAFI. Gerência de Informações e Estatísticas da Dívida Pública/CODIV. Fonte do pagamento da Dívida Pública no Governo Dilma: Sistema SIGA BRASIL - Senado Federal. O dado se refere ao pagamento da dívida federal, externa e interna. Elaboração: ILAESE.

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Já pagamos mais de R$ 12 trilhões desta dívida e cada vez ela aumenta

mais. Inclusive, o governo Dilma, com sua “austeridade”, já economizou R$ 92 bilhões de gastos públicos para pagar esta dívida, porém é insuficien-te para pagar a dívida que, com os juros atuais, é impagável.

O grosso dos recursos do gover-no está sendo direcionado para o pagamento da dívida. A distribuição do orçamento de 2010 mostra que de um total de R$ 1,4 trilhão, R$ 635 bilhões foram direcionados para pagamento de juros e amortização da dívida.

Quem lucra com isso são os ban-queiros, que detém a maior parte dos Títulos da Dívida Pública. So-mente no ano de 2010 os banquei-ros ganharam R$ 146 bilhões com

agiotagem da Dívida Pública.

Para se ter uma ideia, a quantia que os banqueiros ganharam com juros da Dívida Pública é maior do que tudo que o Governo Lula gastou com Saúde, Educação, Bolsa-Família e Reforma Agrária em 2010.

A concentração nas mãos de poucos bancos é resultado da farra do crédito e da existência de uma dívida pública gigantesca, que remunera o dinheiro com altas taxas de juros, empurrando boa parte da riqueza do Brasil para os grandes bancos.

Assim, não é vantagem investir na produção de mercadorias, cujo retor-no é menor e mais arriscado.

Os ganhos dos bancos com a dívida já alcançou uma cifra de R$ 1,3 trilhão em 15 anos:

Fonte: Banco Central – elaboração ILAESE

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Os grandes bancos, incluindo os bancos estatais, estão perden-

do seu foco em intermediação finan-ceira, migrando para a especulação.

O modelo neoliberal imposto por Collor e FHC e, infelizmente, seguido por Lula e Dilma, gerou um círculo vicioso. Se libera ga-nhos especulativos, há atração de capital internacional, valorizando o real. Isso dificulta as exportações e aumenta as importações, ge-rando déficit nas contas externas. Há o crescimento das remessas de lucros, desnacionalização da economia e aumento de juros para atrair mais capital. Retira-se mais capital da produção, que engrossa a ciranda financeira.

O produto final deste círculo vi-cioso é a perda da soberania brasilei-ra sobre a economia, que, cada vez mais, está controlada pelas multina-cionais e grandes bancos associados ao capital internacional.

Quando soará a hora da verdade para a economia brasileira? Quando os Estados Unidos decidirem au-mentar a taxa de juros lá, que hoje está próxima de 1% ao ano. Esta simples ação do governo dos EUA levará a um retorno do capital espe-culativo mundial para o país, pro-vocando uma fuga de capitais dos países pobres e muito dependentes deste tipo de capital.

Quando se dará isto? Impos-sível prever. O problema sequer se resume em saber a data exata. O problema fundamental é que perdemos a soberania sobre a economia do Brasil e estamos à mercê das decisões estratégicas

de outros países ricos.

Quanto mais tempo permitirmos que o Sistema Financeiro Brasileiro e especuladores parasitem nosso corpo econômico, maior será a profundidade da crise e maiores as dificuldades para sair dela.

Nenhum governo está disposto a enfrentar essa ciranda financeira, nem o capital especulativo, porque é parte do sistema e se alimenta política e financeiramente dela. Já é de conhecimento geral que os governos ganham dividendos elei-torais com a “inclusão social” dos pobres que estão comprando fiado, acima da sua capacidade de endivi-damento.

Menos conhecidas, porém, são as “relações perigosas” de financia-mento de campanhas eleitorais por grandes bancos privados nacionais e internacionais.

Três setores (financeiro, cons-trução e primário exportador) garantem a sustentação financeira e política dos governos, incluídos os petistas. Justamente esses três setores são os que mais crescem e são parte da inserção do Brasil no mundo como fornecedor de maté-rias-primas e alimentos, junto com bancos e grandes construtoras.

Na última campanha eleito-ral, em 2010, o Bradesco “doou” R$ 18.890.000,00 (quase 19 milhões de reais) para a campanha de Dilma e R$ 8.200.000,00 para o candidato Serra. O Itaú “deu” outros R$ 8 milhões para os dois candidatos. “Uma mão lava a ou-tra”, como diz o ditado popular.

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Em 1994, o governo de FHC reali-zou uma reestruturação do Siste-

ma Financeiro Brasileiro, cujo centro partia das privatizações dos bancos estatais e do fortalecimento do setor privado nacional e estrangeiro.

O sistema estava em crise, já que sobrevivia lucrando com a hiperinflação.

A privatização foi marcada por maracutaias, como foi o caso do Banespa, que foi vendido por pre-ço rebaixado (segundo o DIEESE, o Banespa foi vendido pela metade do preço que valia na época).

O governo arrecadou U$ 6,4 bi-lhões com a venda dos bancos esta-tais. Para comparação, somente em 2010, o lucro líquido do Itaú foi U$ 7,6 bilhões, quantia superior a tudo o que se arrecadou com a venda dos bancos estatais.

A outra perna do programa go-vernamental de FHC era a compra

dos bancos falidos por “investidores privados”, totalmente financiados pelo governo.

Ao HSBC, que comprou o Ba-merindus, o governo transferiu R$ 11 bilhões, boa parte em dinheiro. Além disso, o banco foi isentado de todas as dívidas trabalhistas.

O Excel Econômico foi transfe-rido, em 1998, para o banco espa-nhol Bilbao Viscaya, pelo valor de R$1 sendo o restante lançado como prejuízo.

O gasto total do governo com o Proer foi de cerca de R$ 20 bilhões, em uma operação de transferência de cinco grandes bancos privados falidos para a “iniciativa” privada

Já com o PROES, programa de desestatização dos bancos públicos, o governo teve um custo estimado em R$ 60 bilhões e extinguiu 10 bancos estaduais, privatizou 14 e “saneou” mais cinco bancos.

A privatização e a desnacionalização dos bancos brasileiros

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Públicos 6%

Evolução do número de bancos por estrutura do capital - 1988 - em %

Sistema financeiro pela estrutura de capital - 2010 - em %

Sistema financeiro pela estruturade capital - 2010 - em %Inclui participação minoritáriade estrangeiros no SFN

Fonte Banco Central - elaboração ILAESE

No gráfico anterior estão assinalados somente os bancos estrangeiros que são controlados por estrangeiros, portanto não mede a participação minoritária de estrangeiros nos bancos locais.

Fonte: Sisbacen/CAPEF – relatório PCFJ 011 – elaboração ILAESE

O gráfico ao lado revela qual o verdadeiro peso dos estrangeiros no sistema financeiro nacional:

A privatização teve uma faceta (menos conhecida, é verdade) de desnacionalização do sistema financeiro nacional.

Veja como era o Sistema Financeiro, em 1988, em número de bancos e como ficou em 2010:

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pital total do Itaú-Unibanco à venda nas Bolsas.

Com o Bradesco não é diferen-te: o capital internacional é dono de 22,9% das ações ordinárias e 20,6% das ações preferenciais do banco em 2010. Alguns dos gran-des investidores no Bradesco são The Bank of Tokyo, Blackro-ck, Morgan Stanley, Vanguard Emerging Markets e Citibank.

O setor bancário brasileiro ainda tem maioria de capitais nacionais, porém com avanço impor-tante dos bancos estrangeiros que já dominam parte substancial do mercado financeiro brasileiro.

O capital estrangeiro controla diretamente 62 bancos (comer-

ciais e múltiplos) aqui no Brasil e tem participação minoritária em mais 30 bancos nacionais. Essa participação vai até 10% em 9 bancos, de 10 a 20% em 18 bancos e participação em 3 bancos com 20% a 40%, se-gundo informações do Banco Central.

Desta forma, o capital estrangei-ro tem um peso determinante no sistema financeiro nacional, inclusi-ve detém cerca de 25% das ações do BB, além dos 5% em mãos de investidores brasileiros. O BB foi privatizado (através de venda de ações) em 30% por determinação do governo Lula em setembro de 2009. Alguns dos maiores donos de ações do BB são os fundos de investimento americanos Blackrock e Emerging Markets.

Pelo balanço do Itaú de 2010, o capital estrangeiro também está de posse da maior parte dos 53% do ca-

Em 2008/2009 o mundo mergulhou em uma grave crise

econômica internacional. Aqui no Brasil, apesar de sofrer efeitos menores, a crise incidiu na eco-nomia, que se expressou em uma recessão em 2009.

As 500 maiores empresas brasileiras diminuíram suas ven-das e lucros.

Porém, os cinco maiores ban-

Os grandes bancos brasileiros saíram lucrando com a crise

cos brasileiros passaram incólumes pela crise e seus lucros cresceram de forma continuada.

As 500 maiores empresas já sen-tiram os efeitos da crise em 2008 (queda de 10% dos lucros) e em 2009 (outra queda de 10%).

O G5 (BB, Itaú, Bradesco, CEF e Santander), porém, nem sentiu os efeitos da crise: teve média de crescimento do lucro em 24%, entre 2008 e 2010. Veja no gráfico:

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Fonte: Banco Central – Elaboração ILAESE – 2011 é estimativa em base ao resultado do primeiro semestre de 2011

Este resultado expressa de forma evidente que o setor financeiro

foi quem mais ganhou com a crise, porque um dos remédios usados para minimizar os efeitos da crise no Brasil foi o endividamento generalizado da popu-lação, para gerar um consumo de bens e com isso seguir crescendo o país

Crescem as dívidas, ganham os banqueiros, que captam dinheiro pa-gando juro baixo e emprestam a juros abusivos.

Nunca na história deste país, os bancos tiveram um crescimento dos lucros tão grande quanto em 2010.

Seus lucros cresceram 28,7% em 2010, quatro vezes mais que o cresci-mento do “pibão” de 2010.

Umas das medidas mais importan-tes para mensurar a rentabilidade dos bancos é o Retorno sobre o Patrimô-nio Líquido (ROE – do inglês Return on Equity), que é a relação entre o

Patrimônio Líquido (capital próprio do banco) e o lucro líquido. Mede quanto retorna em lucro cada real investido pelo banco.

No BB, para cada R$ 100,00 de capital próprio do banco, retornaram de lucro R$ 23,20 em 2010.

A CEF foi ainda mais rentável em 2010, pois para cada R$ 100,00 investidos retornaram R$ 24,40.

O Itaú teve um retorno de R$ 21,79 por cada R$ 100,00 investidos, assim como o Bradesco que lucrou R$ 20,80 para cada R$ 100,00 investidos.

O Santander tem as mais baixas taxas de rentabilidade, pois retorna-ram R$ 6,00 para cada R$ 100,00 investidos.

Isto significa que, para os grandes bancos brasileiros, em 4 ou 5 anos retorna todo o capital próprio inves-tido pelos banqueiros.

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Para se ter uma ideia, as 500 maiores empresas instaladas no Brasil tiveram uma rentabilidade do patri-mônio em 2010 de 10,7%, Ou seja, tiveram um retorno de R$ 10,70 para cada R$ 100 investidos, segun-do dados da Revista Exame Maiores e Melhores 2011.

Dos elementos analisados acima, pode-se concluir que o G5 forma um oligopólio (pequeno grupo de empre-sas que atuam combinadas no domí-nio do mercado), obtendo em geral o mesmo grau de rentabilidade, de lucros, de ativos, de tarifas e serviços, gastos de pessoal. Portanto, impõem um mesmo grau de exploração aos seus trabalhadores.

Isso não deveria ser assim, já que en-tre os cinco bancos existem dois grandes bancos estatais (o BB e a CEF), que de-veriam atuar no mercado financeiro com outro objetivo que não fosse o lucro.

Porém, isto não acontece: o BB e a CEF atuam no mercado financeiro com o objetivo central de aumentar o lucro dos acionistas à custa dos clien-tes e funcionários.

Esse nivelamento por baixo, rea-lizado nos últimos 16 anos, foi uma estratégia adotada por FHC e, infeliz-mente, seguida por Lula, que terminou igualando o BB e a CEF com os bancos privados, cujo fim último é o lucro, nes-te caso, a agiotagem pura e simples.

Bancos brasileiros são os mais rentáveis do mundo

Os bancos brasileiros não estão entre os maiores do mundo em

tamanho. O primeiro banco brasileiro a aparecer no ranking mundial em patrimônio líquido é o Itaú, em 34º lugar, seguido pelo Banco do Brasil em 38º lugar e o Bradesco em 41º, em números fornecidos pela The Banker, revista especializada da área.

Porém, em lucratividade, os bancos brasileiros estão nos primeiros postos.

Entre os 10 bancos mais rentáveis da América, o primeiro, o segundo e o terceiro são bancos brasileiros: Ban-co do Brasil, com um retorno sobre o patrimônio de 26,4%, o Bradesco com 22,3% e o Itaú Unibanco com 20,5%, em 2010.

Para se ter uma ideia, o primeiro

banco dos Estados Unidos a aparecer na lista tem uma rentabilidade de 12,9%, a metade da brasileira. O Citi-bank nem aparece na lista.

Esta alta lucratividade coloca os três maiores bancos brasileiros (Itaú, BB e Bradesco) entre os grandes

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bancos do mundo.

Porém, esses retornos extraordiná-rios muitas vezes, no capitalismo, são o prenúncio de grandes tempestades.

Por isso, o Banco Internacional de

Compensações (BIS), espécie de Ban-co Central Mundial, também alerta que o oba-oba de crédito pode afetar os países “emergentes” da mesma forma que atingiu os países ricos.

“O rápido aumento do endividamento e dos preços dos ativos originou um super dimensionamento dos setores financeiros e da Construção Civil. As lições da crise são igualmente aplicáveis às economias de mercado emergentes. Aquelas em que as dívidas estão propiciando grande alta nos preços dos imóveis e boom de consumo correm o risco de acumular os desequilíbrios que agora sofrem as economias avançadas”.

A exploração dos bancários

Durante a última campanha salarial dos bancários, apesar de

uma greve que durou muitos dias, os bancos (incluindo os estatais) foram intransigentes. Segundo os banqueiros, “o salário dos bancá-

281o Informe Anual – BIS – Basileia, 26 de junho de 2011

rios cresceu demais”.

Analisando a evolução salarial dos bancários nos últimos 16 anos, essa afirmação dos banqueiros é uma piada de mau gosto.

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Passados 16 anos, a realidade demonstrou que a reestruturação bancária, realizada por FHC em 1994, só favoreceu aos banqueiros, prejudi-cando a população e os bancários.

Na década de 80 tínhamos uma agência bancária para cada 7.432 habitantes. Em 2010, temos uma agência para cada 9.615 habitantes.

Essa diminuição do número de agências foi acompanhada com um aumento do número de correntistas. Menos bancários estão atendendo mais clientes.

Em 2010, já tínhamos 151 milhões de contas correntes e poupança, para apenas 486.196 bancários. Para cada bancário já temos hoje, aproximada-mente, 310 mil contas bancárias.

Apesar do crescimento espetacular dos bancos, houve uma diminuição do número de bancários.

Em março de 1990 havia 826.244 bancários. Em 2010 resta-ram somente 486.196 trabalhadores diretos dos bancos (605.580 traba-lhadores, contando com os terceiri-zados que trabalham nas agências). Uma queda de 41%.

Número de Bancários diretos (sem tercerizados) - 1990/2010 - em milhares

Enquanto isso, os bancários sofrem perdas salariais

Entre 1996 e 2010, enquanto o lucro cresceu 1.485%, as Receitas cresceram 276% e o gasto com pessoal cresceu apenas 127%. Nesse ponto se encontra a razão dos espetaculares lucros dos banqueiros: a exploração dos seus funcionários. O gasto com pessoal sequer acompa-nhou a inflação do período (IPCA IBGE), que ficou em 157%.

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A exploração no Banco do Brasil

Fonte: Banco Central – elaboração ILAESE

A receita de intermediação financeira teve um crescimento de 486% des-

de 1996, um aumento de 32% ao ano, três vezes superior à inflação do período.

O lucro líquido do BB entre 1997 e 2010 foi de 1.949% ou 139% ao ano.

A folha de pagamento cresceu 96% nos 15 anos, sequer acompa-nhando a inflação do período que ficou em 157%.

Já o número de funcionários do BB apresentou, em 16 anos, um pífio crescimento anual de 0,6%.

A compressão salarial no Banco do Brasil foi tanta que um funcionário deixou de ganhar 21 salários mínimos (em 1995), para ganhar 7,5 salários em 2010. Por isso, hoje, trabalhar no BB já não é mais o sonho de ninguém.

O BB ganhou triplicado. Primeiro, contratando novos trabalhadores com salários mais baixos. Segundo,

aumentando o número de correntis-tas atendidos por funcionário e, por fim, realizando receitas e lucros muito acima da inflação, com menos tra-balhadores. Portanto, aumentando a produtividade do trabalho.

Enquanto o funcionário rendeu ao BB R$ 652 mil em 2010, custou apenas R$ 100 mil no mesmo ano.

Para o ano de 2010, segundo estes números fornecidos pelo Banco Cen-tral, no BB, um bancário que trabalha 6 horas pagou seu salário mensal em aproximadamente 18 horas ou 3 dias de trabalho, laborando, portanto, 17 dias de graça para o governo e acio-nistas privados do BB.

Já para o alto escalão do BB, o ba-lanço do banco em 2010 informa que se destinou R$ 55.238.000,00, sem individualizar o montante de cada diretor ou conselheiro.

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Fonte: Banco Central – elaboração ILAESE

Fonte: Banco Central – elaboração ILAESE

A exploração no ItaúA receita de intermediação finan-

ceira do Itaú teve um crescimento de 1.501% desde 1996, crescimento de 100% ao ano, dez vezes superior à inflação do período.

O crescimento do lucro líquido

do Itaú entre 1997 e 2010 foi de 3.485% ou 218% ao ano.

O número de funcionários do Itaú apresentou um crescimento de 188% em 16 anos, quase triplican-do o número de funcionários.

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Enquanto um funcionário rendeu R$ 839 mil para o Itaú em 2010, cus-tou apenas R$ 78 mil para o banco no mesmo ano.

Em 2010, um bancário que traba-lhou 6 horas pagou seu salário mensal em aproximadamente 11 horas ou 2 dias de trabalho. Trabalhou, portanto, 18 dias de graça para o patrão.

Em contrapartida desta exploração brutal dos seus funcionários, o Itaú paga uma mega sena anual para seus 23 executivos. Isto significa que cada conselheiro recebeu R$ 11 milhões e cada diretor recebeu outros R$ 115 milhões.

Um funcionário do Itaú, com valores de 2010, levaria 1.475 anos para ganhar esta bolada que cada diretor abocanhou em ape-nas um ano.

Fonte: Banco Central – elaboração ILAESE

“No exercício findo em 31 de dezembro de 2010, a remuneração global que provisionamos para todos os membros de nosso conselho de administração e diretoria do Itaú Unibanco, por serviços prestados naquele ano, em todas as competências, foi de aproximadamente R$ 563 milhões.”

O salário no Itaú cresceu em 16 anos 169%. Não chegou sequer a repor a inflação do período, que foi de 216%.

Em 1995, um (a) trabalhador (a) do Itaú ganhava cerca de 11 salários mínimos, valor que caiu para cerca de 6 salários mínimos em 2010.

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Fonte: Banco Central – elaboração ILAESE

A exploração no Bradesco

A receita de intermediação finan-ceira do Bradesco teve um cresci-

mento de 903% desde 1996, cresci-mento de 60% ao ano, quatro vezes superior à inflação do período.

O crescimento do lucro líquido do Bradesco, entre 1997 e 2010, foi de 1.760% (ou 110% ao ano).

Em 16 anos, houve um cresci-

mento do emprego muito lento, uma média anual de 3%.

O salário no Bradesco cresceu 221%, um pouco superior à infla-ção do período, que foi de 216% (IPCA).

O salário médio caiu de 11 salá-rios mínimos para 7 salários míni-mos, entre 1995 e 2010.

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Um funcionário do Bradesco ren-deu R$ 843 mil em 2010 e custou apenas R$ 93 mil no mesmo ano.

No ano de 2010, um bancário do Bradesco, que trabalhou 6 horas, pa-gou seu salário mensal em aproxima-damente 13 horas ou 2,3 dias. Foram quase 18 dias de trabalho de graça para seus patrões.

Porém, se os banqueiros são pró-digos em explorar a população brasi-leira e os bancários, paga regiamente aos seus executivos, eles mesmos, banqueiros. Vejamos informação do balanço do Bradesco de 2010:

“Em 2010, os Conselheiros e a Diretoria Estatutária do Bradesco e subsidiárias receberam uma remuneração agregada de R$ 243,7 milhões.”

Isto significa que um Diretor gradu-ado do Bradesco ganhou uma mega sena de R$ 11.520.000,00 em 2010.

Um bancário do Bradesco, com seu salário de 2010, levaria 124 anos para ganhar esta mesma quantia.

Para 2011, a Assembleia Geral, realizada em 10 de março de 2011, já votou que pagará R$ 250 milhões aos executivos do Bradesco.

Fonte: Banco Central – elaboração ILAESE

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Fonte: Banco Central – elaboração ILAESE

Fonte: Banco Central – elaboração ILAESE

A receita de intermediação financei-ra da CEF teve um crescimento de

173% desde 1996, crescimento de 12% ao ano, levemente superior ao crescimento da inflação do período.

O lucro líquido da CEF, entre 1997 e 2010, foi de 1.601% (ou 100% ao ano).

O crescimento do emprego na

CEF está praticamente estagnado. Em 2010 tinha o mesmo número de funcionários de 2002.

O salário cresceu em 16 anos 207%, não repondo sequer a inflação do período, que foi de 216% (IPCA).

O salário médio na CEF caiu de 11,5 salários mínimos, em 1995, para 6,9 salários mínimos, em 2010.

A exploração na Caixa

Enquanto o funcio-nário rendeu R$ 367 mil, custou apenas R$ 92 mil em 2010.

Em 2010, um bancário da CEF, que trabalhou 6 horas, pagou seu salário mensal em aproxima-damente 30 horas ou 5 dias. Trabalhou, portanto, 15 dias de graça para seus patrões.

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A exploração no Santander

A receita de intermediação financei-ra do Santander teve um cresci-

mento de 2.205% desde 1999. Um aumento de 147% ao ano, 15 vezes superior ao crescimento da inflação do período.

O lucro líquido do Santander, entre 1999 e 2010, foi de 785%, o equiva-lente a 65% ao ano.

Em 11 anos, o crescimento do em-

prego no banco foi de 837% ou 76% ao ano. O crescimento grande do em-prego é devido à compra do Banespa.

O salário cresceu em 11 anos 14%, não chegando nem perto de repor a inflação do período, que foi de 101% (IPCA).

O salário médio caiu de 20,6 salários mínimos, em 1999, para 6,9 salários mínimos, em 2010.

Fonte: Banco Central – elaboração ILAESE

Fonte: Banco Central – elaboração ILAESE

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O funcionário do Santander rendeu R$ 1 milhão para o banco em 2010, enquanto custou apenas R$ 92 mil no mesmo ano.

Em 2010, um bancário, que traba-lhou 6 horas, pagou seu salário men-sal em aproximadamente 11 horas ou 2 dias de trabalho. Foram 18 dias de

trabalho de graça para seus patrões.

Já para os executivos do Santan-der se pagou a bagatela de R$ 216 milhões em 2010. São apenas 45 di-retores e cada um ganhou aproxima-damente R$ 5 milhões, caso tenha sido distribuído igualitariamente o valor pago.

Os correspondentes bancáriosOs “correspondentes bancários” (lojas comerciais, supermercados

e lotéricas) já eram, em 2010, 151.351 estabelecimentos, segundo o Banco Central. Portanto, temos um correspondente para cada quatro bancários.

Se considerarmos que existiam apenas 486 mil trabalhadores di-retos, tínhamos quase um correspondente para três bancários. Já é a flexibilização completa da categoria e um salto no grau de exploração dos bancários.

O pior é que o salário de um correspondente chega somente a 25% do salário do bancário.

Esse golpe foi orquestrado pelos banqueiros, com apoio do BC, que regulamentou (sem autoridade jurídica para isso), e com a coni-vência dos governos Lula e Dilma.

O objetivo fundamental da disseminação dos correspondentes é a criação de um sistema financeiro para “pobres”, os 39% da popula-ção que não têm conta em banco.

Ao invés de ampliar o número de agências e de bancários, resol-vem “matar dois coelhos de uma só cajadada”: não incorporam as amplas massas ao sistema financeiro atual e criam um novo, paralelo, com atendimento de massa, sem qualificação, nem segurança.

Para os banqueiros, o sistema dos correspondentes é importante por-que incorpora uma massa de milhões de novos clientes, enquanto com-prime o salário bancário para baixo, tornando a profissão descartável.

Outro aspecto desta situação é que o sistema atual será elitizado, para atender quem tem muito dinheiro.

3 O número de terceirizados total no sistema financeiro se estima entre 300 mil (Contraf-CUT) e 600 mil, segundo o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), desembargador Henrique Nelson Calandra. Estimativas

informam que os terceirizados já comporiam a metade até 150% da categoria.

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O ex-presidente Lula, que é especialista em frases de

efeito, disse uma que revela a capitulação do PT ao sistema capitalista e em especial aos banqueiros:

“Não precisamos mais da espada de fogo do Bolívar, precisamos de banco de investimento”

1º Fórum de Investimento Colômbia-Brasil, promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – agosto de 2011

Houve um tempo em que o PT defendia uma coisa diferente: a sus-pensão do pagamento da dívida externa e fora daqui o FMI!

Chegando lá em Brasília, o PT jogou no lixo esta trajetória e seguiu à risca o programa neoliberal de Collor e FHC. Hoje, a base social empre-sarial do governo petista é composto pelo tripé: banqueiros, empreitei-ros da construção e agronegócios.

O movimento sindical e popular deve assumir uma campanha pela Nacionalização e Estatização do Sistema Financeiro, pela suspensão do pagamento da dívida interna e externa e pela formação de um Banco Único Estatal, sob controle dos Sindicatos e da população trabalhadora.

Não se pode deixar de associar a estatização do sistema financeiro com o controle dos trabalhadores, para tirar os bancos da gestão pró-patronal hoje existente no BB e CEF.

Uma estatização sem indenização, que garanta a estabilidade no emprego para os bancários, o fim da terceirização e dos corresponden-tes bancários, abertura de concurso público para duplicar o número de bancários(as), a universalização dos serviços, sem cobrança de tarifas e um Plano de Cargos e Salários, que retome os níveis salariais da década de 1980.

Só com a estatização do sistema financeiro será possível acabar com este gigantesco parasita que empobrece o país, drenando capital para os bolsos dos banqueiros bilionários.

Só assim seria possível investir em projetos realmente necessários para o país. Também se poderia emprestar dinheiro aos trabalhadores com a mesma taxa de juros cobrado pelo BNDES às grandes empresas, ou seja, 8% ao ano, e não 200% ao ano como no cheque especial ou no cartão de crédito.

Pela nacionalização e estatização do Sistema Financeiro

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