Cartilha

Aprendendo com a Palma Forrageira

A histria da nossa escola do campo...

Era uma vez um grupo de mulheres, mes, agricultoras e acima de tudo

guerreiras..Que tinham um sonho, o mais belo de todos os sonhos, o

sonho da educao. De terem seus filhos estudando perto de casa, no

lugar onde moram, um espao de conforto e lazer.

A luta para realizar esse sonho se tornou mais forte quando comearam

a surgir os problemas, em relao ao transporte escolar dos alunos,

pois alem de no de no ser seguro duas crianas ficaram na cidade

deixando sua me muito preocupada. Foi a partir da que teve inicio uma

luta difcil e cansativa para implantao de uma escola em nosso

assentamento, mas no qualquer escola, uma escola que ensinasse mais

do que ler e escrever, fazer operaes matemticas, conhecer a

tabuada e etc. Mas uma escola que ensinasse o valor que tem terra, a

vida em comunidade e a origem de cada um deles. Foram tempos e

situaes para as mulheres, mas como eu j falei no inicio elas so

acima de tudo guerreiras... Compraram muitas brigas, ouviram falsas

promessas, tiveram alguns desentendimentos, se reconciliaram muitas

vezes, conquistaram amigos... e partiram em busca de seus direitos.

No ano de 2009 seus filhos comearam a estudar na casa de uma das

mes, que foi com a famlia morar em outro lugar para que a escola

pudesse funcionar. Durante esse ano as mulheres preparavam a

merenda de seus filhos e davam material de limpeza para manter a

higiene da escola.

Comeou ento uma grande luta para construir o prdio onde seria

finalmente nossa escola. Com a ajuda do projeto Dom Helder Camra

que foi nosso parceiro desde o comeo, conseguiu atravs do FIDA o

recurso para construo do prdio. Mas o recurso no foi suficiente

para comprar o material necessrio para construo, ento nossas

guerreiras entraram em ao mais uma vez, foram elas que carregaram

as pedras para fazer o alicerce da escola, e se encarregaram de pedir,

isso mesmo de pedir, toda ajuda para conseguir terminar a escola e ser

aceita. E conseguiram. Em 2010 os estudantes tinham um timo espao

para estudar. Hoje em 2013 fazem 5 anos que estamos nessa luta,

certos de que parte do nosso dever foi cumprido, mas que a luta

continua, com todo esforo, dedicao e principalmente amor, pois

como disse Paulo freire: A educao um ato de amor, portanto, um

ato de coragem (Educadora ngela)

Nossa escola

antes...

Nossa escola

hoje!

2

Autores

Luana Patrcia Costa Silva (Mestranda)

Daniel Duarte Pereira (Orientador)

Alexandre Eduardo de Araujo (Coorientador)

ngela Milania Procpio da Silva (Educadora)

Amanda Procpio da Silva (Educadora)

Edigleuma Coelho da Silva Siqueira (Educadora)

Agradecimento especial

As Educadoras e educandos, mes e pais, agricultores e

agricultoras que vivem no Semirido e tecem novos saberes

a cada dia.

Sumrio

A histria da nossa escola

O Semirido

Cano da terra

Como a palma chegou ao Cariri?

Uma conversa sobre palma

Vamos brincar de contar?

O cordel da palma

Apoio e Agradecimentos

Quem construiu a cartilha?

Referncias e figuras

UFPB

BANANEIRAS - 2013

3

O semirido Brasileiro um lugar que tem algumas

caractersticas diferentes de outras regies, aqui em nossa

regio chove menos e faz bastante sol, a gua que

guardamos e as que juntam nos barreiros e barragens, uma

parte evapora, como se chovesse de volta pra o cu, e a

outra parte ns consumimos, na alimentao, no banho, na

limpeza da casa, no cuidado com os animais e no cultivo das

plantas.

Assim, podemos perceber que a gua algo muito

importante pra ns que moramos do semirido, e devemos

cuidar dela e economizar.

Existem alguns animais e algumas plantas que consomem

menos gua, como as cabras e as ovelhas, e plantas como a

palma e o agave, assim estes animais e plantas so mais

adaptados regio Semirida.

O Semirido

Oi pessoal, eu sou o

Eduardo, tambm estou

estudando sobre o

Semirido, vejam aqui em

cima no mapa, ns temos

9 estados que faz parte

do Semirido, e estamos

na Paraba, na regio do

Cariri, vamos continuar a

estudar o Semirido?!

*

*

4

Deisianny

tomando

banho de

chuva, acho

que vou

tambm...

Aqui na regio nordeste a maior parte semirida,

e fazermos parte do Bioma Caatinga, que significa

Mata Branca, sabe por qu? porque quando para

de chover por um tempo as plantas ficam

esbranquiadas, isso pra reservarem suas energias

enquanto no recebem gua da chuva, como uma

proteo das plantas da Caatinga, por isso que elas

so fortes e vivem no Semirido!

Vemmmm Mateus!!!

Vamos fazer um verso de cordel com a

ajuda das tias?

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5T

Samuel e

Rafael fizeram

um desenho do

semirido para

nos ajudar a

entender quais

as

caractersticas

de nossa

regio...

Ento, que tal com ajuda dos desenhos

escrevermos um pouco sobre o local onde

vivemos, nossa vegetao, clima, e

etc...______________________________________

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6T

Ol pessoal, a nossa amiguinha Letcia desenhou pra gente

muitas plantas, que tal identificarmos que plantas so

essas e qual delas pertence ao Bioma Caatinga?

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A vegetao predominante da Regio

Semirida a caatinga, sendo um termo de

origem indgena que significa floresta

branca, que resulta da combinao caa

(floresta), t (branco) e o sufixo ng (que

lembra), em resultado da aparncia da

floresta que na poca da seca as plantas

perdem suas folhas e seus troncos se tornam

esbranquiados, sendo estratgias para

diminuir a perda de gua na estao

(Castro, 2010)

Autora do desenho: Letcia

7T

Desenho de Leonardo Desenho de Mateus

O agricultor e a agricultora so sujeitos importantes para o campo, com seu trabalho que eles alimentam muita

gente, algumas crianas ajudam os pais na agricultura. Vocs ajudam seu painho e sua

mainha?_____________________________________________________________________________________________________________

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Quais as atividades que eles fazem e em quais vocs ajudam?

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O que voc mais gosta de

fazer?_______________________________________________________________________________________________________________

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8T

Cano da terra Pedro Munhoz

Tudo aconteceu num certo dia

Hora de Ave Maria

O Universo viu gerar

No princpio, o verbo se fez fogo

Nem Atlas tinha o Globo

Mas tinha nome o lugar

Era Terra,

E fez o criador a Natureza

Fez os campos e florestas

Fez os bichos, fez o mar

Fez por fim, ento, a rebeldia

Que nos d a garantia

Que nos leva a lutar

Pela Terra,

Madre Terra, nossa esperana

Onde a vida d seus frutos

O teu filho vem cantar

Ser e ter o sonho por inteiro

Sou Sem Terra, sou guerreiro

Co'a misso de semear

A Terra, Terra,

Mas, apesar de tudo isso

O latifndio feito um ino

Que precisa acabar

Romper as cercas da ignorncia

Que produz a intolerncia

Terra de quem plantar

A Terra, Terra,

Terra, Terra...

9

T

Como a palma chegou ao Cariri?

Ento, no sabemos ainda como chegou a palma no nosso

Assentamento, que tal realizarmos uma pesquisa?

Vamos pensar juntos, quem so as pessoas que esto aqui a

mais tempo? Isso! Nossas bisavs, avs e nossos pais. Que tal

perguntarmos pra eles o que eles lembram? Vamos l, vamos

saber como chegou a palma em nosso assentamento?

Oi pessoal, eu sou Luana, lembram-se da

conversa que tivemos sobre a palma na ultima

aula? Pois , resolvi escrever um pouco sobre

o que conversamos, vamos l! Lembram, a

palma forrageira ela originria do Mxico e

veio parar no Brasil na poca da colonizao,

o intuito principal era retirar do inseto da

palma, a cochonilha do carmim, uma tinta

avermelhada que ele produzia e servia para

colorir, era vendido como corante natural,

mas ai depois que apareceu os corantes

sintticos, o que era extrado da cochonilha

passou a ser usado bem mais pouco no Brasil.

A palma ficou sendo usada como planta para

enfeitar os jardins e depois de algum tempo

descobriram que os animais gostavam muito

da palma e que essa planta se sentia muito

bem nos lugares quentes, como o nosso

semirido, e assim ela veio parar aqui, isso

no ano de 1900, nossa como faz tempo num

?

10T

A palma no assentamento...

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A vida aqui s ruim

Quando no chove no

cho

Mas se chover d de

tudo

Fartura tem de monto

Tomara que chova logo

Tomara, meu Deus,

tomara

S deixo o meu Cariri

No ltimo pau-de-arara

S deixo o meu Cariri

No ltimo pau-de-arara

Enquanto a minha

vaquinha

Tiver o couro e o osso

E puder com o chocalho

Pendurado no pescoo

Vou ficando por aqui

Que Deus do cu me

ajude

Quem sai da terra natal

Em outro canto no pra

S deixo o meu Cariri

No ltimo pau-de-arara

S deixo o meu Cariri

No ltimo pau-de-arara

Enquanto a minha

vaquinha

Tiver o couro e o osso

E puder com o chocalho

Pendurado no pescoo

Vou ficando por aqui

ltimo Pau de Arara

Composio:

Venncio/Corumb/

J.Guimares

11T

Uma conversa sobre a palma...

Acho que estou

esquecendo alguma

coisa, j sei! Vou

chamar uma amiga, a

Eduarda...

Ol pessoal boa tarde, eu

sou o Josu, e vou explicar

pra vocs um pouco sobre a

palma...

Bom, a palma uma cactcea,

que gosta de regies ridas

como o Bioma caatinga, muito

nutritiva e saborosa..

Simmmm, ela grande e cheia de

palmatrias, algumas tem espinhos,

outras espcies no, os animais

adoram, acham uma delicia palma...

12T

Ainda uma conversa sobre a palma...

Oi Eduarda, voc pode

me ajudar a falar da

palma pra crianas da

escola Plnio Lemos?

Eitaaa Eduarda , eu

ouvi, e tambm soube

que nossas educadoras

e a merendeira

fizeram tambm esse

curso, e que em nossa

merenda tambm vai

ter a palma,,,

Claro n Eduarda, do jeito que

bom pra os animais, que fazem

ele dar mais leite, pois tem

muita gua, bom pra gente

tambm, pois nutritiva!

Claro Josu, olha

minha me foi em

curso pra aprender a

fazer comida com a

palma, ela falou que

muito nutritiva...

Que legal,

minha me j

fez l em

casa, muito

gostoso!

Simm, no podemos esquecer

que a palma tem uma enorme

reserva de gua, por isso to

importante comermos ela.

13T

Atividade

1 O pai de Josu tem 6 cabras, as cabras quando

so alimentadas com palma elas produzem em

mdia dois litros de leite ao dia, e quando elas no

so alimentadas com a palma a produo do pai de

Josu cai pela metade. Estamos em um ano de

estiagem, onde os agricultores esto sem a palma,

assim quantos litros de leite as cabras do pai de

Josu iro produzir em 7 dias?

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Hummmm....

A PALMA PODE SER

CULTIVADA JUNTO COM

OUTRAS PLANTAS

FORRAGEIRAS, COMO A

LEUCENA, A ALGAROBA E O

FEIJO GUANDU;

14

A palma que Josu plantou

com seu pai j est bem

grande. Existem vrios

tipos de palma, vamos

escrever quais os que

conhecemos e tem aqui no

assentamento?

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Desenho de Josu

No Nordeste do Brasil so encontrados trs tipos

de palma (Silva (2007):

a) gigante Opuntia fcus indica;

b) redonda Opuntia sp;

e) mida - Nopalea cochenilifera

Marque um X qual o tipo de palma que tem na

sua comunidade.

15T

Vamos brincar de contar?

Quantas palmas

o pai de Nayra

plantou com sua

ajuda?_________

Quantos ps de

palma Severino

ajuda o pai a

cuidar?_________

VOC SABIA?

A PALMA UMA RESERVA DE GUA, TEM

EM TORNO DE 90% DE GUA, OU SEJA,

QUANDO UMA VACA SE ALIMENTA DE 10

KG DE PALMA, ELA EST BEBENDO 09

LITROS DE GUA;

A PALMA USA MENOS GUA PARA SE

DESENVOLVER E CRESCER. GASTA 50

LITROS DE GUA PARA PRODUZIR 01 KG

DE MATRIA SECA, ENQUANTO O MILHO

GASTA EM TORNO DE 1000 E O FEIJO

EM CERCA DE 500 LITROS;

A PALMA FONTE DE RENDA, POIS PODE

SER VENDIDA QUANDO O AGRICULTOR NO

PRECISAR DE TANTO ALIMENTO PARA OS

ANIMAIS;

16T

E tia ngela fez um desenho muito bonito, que

tal criarmos uma historia pra esse desenho,

vamos soltar a imaginao?

Crie sua historia!

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17T

18T

Tia Edigleuma fez um cordel pra gente conhecer melhor a

palma! Vamos ler todos juntos?

Cordel da palma (Edigleuma

Coelho, Educadora)

Peo licena a todos

Pra falar com emoo

A nossa amiga palma

Que presente no serto

Que mostra ao agricultor

A riqueza no seu cho

Desde muito pequenina

O meu pai me ensinou

A palma nosso bem

Ele sempre me contou

Pra alimentar o gado

Ela sempre colaborou

Plantar palma muito fcil

E eu vou lhe ensinar

Cave uma cova rasa

Para assim colocar

E de cabea pra baixo

Ela deve ficar

Com um caco de telha

Comece a enterrar

Porque se no fizer isso

A palma solta ficar

E depois de um ano

O rebanho no vai alimentar

Siga bem as instrues

Para no se arrepender

Se no trabalhar com vontade

A plantao vai perder

E nos anos de seca

Seu animal vai perder

Hoje temos um problema

Pois uma doena chegou

Chamaram-na de cochonilha

Eu a ela chamo dor

Pois acabou com a palma

Que o agricultor plantou

De outro lugar veio

A resposta ao sofrimento

Uma nova espcie de palma

Veio calar o lamento

E ao povo nordestino

Trazer contentamento

Hoje temos umas espcies

Resistente a essa doena

Que ajuda ao agricultor

A fixar sua presena

No deixando sua terra

E mantendo a resistncia

Mas sinto muita falta

Da minha palma antiga

Pois ela nos dava sempre

Um fruto que adoa a vida

Que era doce como mel

E nos servia de comida

Papai sempre me dizia

Quem trabalhar com amor

Jesus multiplica o po

Na mesa do agricultor

E prometeu que dobrava

os bens do trabalhador

Lembro-me com alegria

Os dias de acordar cedo

Pois tnhamos que plantar

Muito mais de um milheiro

Pois s assim iramos

Receber nosso dinheiro

19T

Que tal contarmos como o Assentamento Z Marcolino pra todo mundo conhecer?

Para nos ajudar, nossas

colegas fizeram alguns

desenhos de nosso

assentamento, e ai o que vocs

acham, vamos fazer uma

historia em forma de msica

ou parodia, com ajuda de

nossas educadoras?

Era uma

vez...__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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20T

Contextualizar convivncia!

O Semirido povo, msica, festa, arte,

religio, poltica, histria, processo

social!*

A escola lugar pra viver, vivenciar e

dialogar com saberes e experincias tanto

cotidianas como tradicionais!

Desenho de Jos Filipe

21T

Quem construiu essa cartilha?

Produo Artstica: As

Crianas...

Leonardo Coelho Vieira

Andr Mateus Procpio Da Silva

Letcia Moura Martins

Samuel Rodrigues Bento

Carlos Rafael Pereira De Souza

Maria Ester Procpio Coelho

Lauremlia Coelho Vieira

Maria Vitria Gonalves Sales

Deisianny Procpio Da Silva

Nayra Camylle Matos Vieira

Josu Coelho Vieira

Jos Eduardo Batista Vieira

Maria Eduarda Batista Vieira

Jos Filipe Prata Da Silva

Severino Rafael Dos Santos

Carneiro

Ana Luza Vieira Rodrigues

Joo Victor Oliveira Da Silva

Escrita: Educadores

Luana Patrcia Costa Silva

Alexandre Eduardo de Araujo

Daniel Duarte Pereira

ngela Milania Procpio da Silva

Amanda Procpio da Silva

Edigleuma Coelho da Silva Siqueira

Educadores colaboradores

Ana Paula Alves de Moura Martins

Maria Aparecida (Culinria)

Seu Anselmo Coelho da Silva

Seu Sebastio

Adeilza Procpio da Silva

Maria Fernanda Coelho Junqueira

Dona Maria da Conceio Procpio da

Silva

22T

23T