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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA O BEM-ESTAR PSICOLÓGIC O E AS COMPETÊNCIAS PESSOAIS E SOCIAS NA ADOLESCÊNCIA CAROLINA ISABEL FONSECA RAMOS NUNES REMÉDIOS MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGI A SECÇÃO DE PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE NÚCLEO PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E INTEGRATIVA 2010

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Page 1: CAROLINA ISABEL FONSECA RAMOS NUNES REMÉDIOS … · Utilizando a Escala de Avaliação do Bem ... 2.5.1. Questões de ... Baseia-se em concepções de crescimento pessoal e auto-realização

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

O BEM-ESTAR PSICOLÓGIC O E AS

COMPETÊNCIAS PESSOAIS E SOCIAS NA ADOLESCÊNCIA

CAROLINA ISABEL FONSECA RAMOS NUNES REMÉDIOS

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

SECÇÃO DE PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE

NÚCLEO PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E INTEGRATIVA

2010

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

O BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E A PROMOÇÃO DAS

COMPETÊNCIAS PESSOAIS E SOCIAS NA ADOLESCÊNCI A

CAROLINA ISABEL FONSECA RAMOS NUNES REMÉDIOS

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

SECÇÃO DE PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE

NÚCLEO PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E INTEGRATIVA

DISSERTAÇÃO ORIENTADA PELA PROFESSORA DOUTORA

LUISA MARIA GOMES BIZARRO

2010

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AGRADECIMENTOS

Expresso aqui o meu profundo agradecimento a todas as pessoas que

contribuíram de alguma forma para a concretização desta tese. Em primeiro lugar, um

grande agradecimento à Prof. Dra. Luísa Bizarro que me forneceu uma supervisão

indispensável, mostrando um rigor critico e disponibilidade que muito admiro.

Agradeço também ao Dr. João Faria que foi um grande auxiliar nas orientações teóricas

assim como no tratamento estatístico dos dados e na sua interpretação. Agradeço

igualmente à ASDL – Associação de Solidariedade e Desenvolvimento do Laranjeiro,

especialmente à Dr.ª Édola Belo, à Dr.ª Rute, e às equipas RSI pelo auxílio no acesso às

amostras do presente estudo, favorecendo a ligação com as famílias dos jovens e um

espaço que permitisse a aplicação dos questionários.

Obrigado a todos os jovens que, com responsabilidade e empenho, responderam

ao questionário sem negarem, compreendendo sempre a importância da sua

participação.

Um agradecimento especial a toda a minha família, cujo apoio e compreensão

fizeram com que fosse possível trabalhar, abdicando de muito tempo que seria

importante na nossa relação, em especial os meus pais que sempre se orgulharam de

mim e fizeram questão de mo dizer muitas vezes.

Obrigado às duas grandes amigas que tenho, que talvez por estarem a viver o

mesmo que eu, souberam compreender as angústias, as noites em branco e a alegria de

ver mais uma tarefa terminada. Foram sem dúvida uma grande fonte de suporte.

Por fim, mas não menos importante um imenso obrigado ao meu namorado pela

compreensão das minhas contínuas ausências, pelo interesse e carinho que sempre

dedicou aquilo que eu faço e que gosto, o que permitiu uma grande estabilidade

emocional para a concretização deste trabalho.

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I

RESUMO

A importância do estudo da adolescência prende-se com o facto de cada vez

mais se estar a adoptar a perspectiva, de que para além de um período de grandes

mudanças e factores de risco, este também é um período de grandes oportunidades de

desenvolvimento. Será importante, então, estudar os factores que mais se podem

correlacionar com o desenvolvimento saudável dos adolescentes e com um maior nível

de bem-estar nos mesmos. Dotar os jovens de ferramentas e competências que lhes

permitam ultrapassar as dificuldades e prosseguirem um percurso pessoal e social

eficaz, deverá ser uma preocupação de todos os que trabalham com esta faixa etária.

O presente estudo procura então avaliar a relação entre a promoção de

competências pessoais e sociais de forma prolongada no tempo e o nível de bem-estar

psicológico em jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 19 anos. Este estudo

foi dirigido a jovens de risco, provenientes de um meio em risco de exclusão social,

onde são muitos os factores de risco a que estão sujeitos. Comparou-se jovens que

usufruíram de promoção de competências pessoais e sociais através de actividades

semi-estruturadas, adaptadas aos jovens e às suas necessidades, decorridas num Espaço

Jovem de uma IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) e jovens da mesma

comunidade que não usufruíram desta intervenção.

Utilizando a Escala de Avaliação do Bem-Estar Psicológico na Adolescência

(EBEPA), verificou-se que os jovens que usufruíram destas actividades apresentaram

níveis de bem-estar psicológico global mais elevados do que jovens que não usufruem

do mesmo tipo de intervenção promocional. Jovens com mais competências pessoais e

sociais parecem registar então maiores níveis de bem-estar psicológico.

Palavras-Chave: Bem-Estar Psicológico, Promoção de Competências Pessoais e

Sociais, Jovens de Risco.

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II

ABSTRACT

The importance of the adolescence study is associated to the fact that more and

more one adopts the perspective that besides a period of big changes and elements of

risk, this is also a period of great opportunities of growth. In that case, it will be

important to study the facts that can be more related with a healthy up growth of

adolescents and with a better situation of their well-being. To give the youngsters the

implements and abilities that allows them to overcome the difficulties and to follow a

personal and social efficient stage, which must be a concern of everybody that works

with this age group.

The actual study tries to evaluate the relation between the Promoting Personal

and Social Abilities on terms of a continues period and the level of a psychological

well-being between youngsters with the comprised ages between 12 and 19 years. This

study was directed to youngsters who are at risk proceeding from an environment which

carries a risk of social exclusion where exist many unsafe facts to which they are

exposed to. Youngsters have been compared who make use of the progress of the

personal and social abilities through semi structured activities, adjusted to the

youngsters and their needs which took place in a youth centre of a IPSS (Private

Institute for Social Solidarity) and youngsters from the same community who did not

make use of this intervention.

Using the scale of valuation of psychological well-being in the adolescence

(EBEPA) you find out that the youngsters who are making use of these activities are

usually showing higher levels of general psychological well-being, than the ones who

do not make use of the same type of promoted procurements. Youngsters with more

personal and social abilities, they seem to register higher levels of psychological well-

being.

Key words: Psychological well-being; Promoting personal and social abilities;

Youngsters at risk.

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III

ÍDICE GERAL

ÍNDICE DE QUADROS……………………………………………………………….IV

ÍNDICE DE FIGURAS………………………………………………………………....V

1 – INTRODUÇÃO...........................................................................................................1

2 – REVISÃO DA LITERATURA...................................................................................5

2.1. Bem-Estar….………………………………………………………………………..5

2.1.1. Antecedentes do Bem-Estar……………………………………………….5

2.1.2. Constructo de Bem-Estar………………………………………………….6

2.1.3. Bem-Estar Subjectivo……………………………………………………..7

2.1.4. Bem-Estar Psicológico…………………………………………………...11

2.1.5. Modelo Cognitivo-Comportamental-Desenvolvimentista de Bem-Estar

Psicológico na Adolescência…………………………………………………………...12

2.1.6. Factores relacionados com o Bem-Estar…………………………………15

2.2. Bem-Estar e Adolescência…………………………………………………………20

2.2.1. Desenvolvimento e Bem-Estar na Adolescência………………………...20

2.2.2. Adolescentes de Risco…………………………………………………...24

2.3. Promoção de Competências Pessoais e Sociais na Adolescência………………....27

2.4. Promoção de Competências Pessoais e Sociais e Bem-Estar……………...............29

2.5. Estudo Empírico…….……………………………………………………………..32

2.5.1. Questões de Investigação………………………………………………...32

2.5.2. Hipóteses de Estudo……………………………………………………...32

3 – METODOLOGIA......................................................................................................34

3.1. Tipo de Estudo……………………………………………………………………..34

3.2. Descrição das Actividades………….……………………………………………...34

3.3. Amostra….………………………………………………………………………...36

3.4. Medidas……………………………………………………………………………38

3.5. Procedimento…….………………………………………………………………...39

4 - RESULTADOS..........................................................................................................40

5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES..........................................43

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................52

7 – APÊNDICES……………………………………………………………………….64

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IV

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 4.1. Comparação de Resultados Obtidos na Escala Global e nas Sub-Escalas da

EBEPA entre o Grupo Experimental e o Grupo de Controlo………………………….40

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V

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 4.1.Frequência dos jovens do Grupo 1, relativamente à sua escolaridade……..37

Figura 4.2. Frequência dos jovens do Grupo 2, relativamente à sua escolaridade…….37

Figura 4.3. Frequência dos Pais do Grupo 1, relativamente à sua empregabilidade…..37

Figura 4.4. Frequência dos Pais do Grupo 2, relativamente à sua empregabilidade…..38

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1

“A verdadeira sabedoria consiste em saber como aumentar o bem-estar do mundo."

(Benjamin Franklin)

1 – INTRODUÇÃO

Actualmente vivemos numa sociedade complexa e de enormes paradoxos. Por

um lado, encontramo-nos abrangidos por uma economia cada vez mais globalizada e

tecnológica, ocorrendo um profundo impacto nas organizações sociais e nas relações

interpessoais, caminhando-se cada vez mais para um individualismo e consumismo

como valores principais (Silva, 2004); por outro lado, a procura do bem-estar e a

promoção da saúde mental têm sido campos cada vez mais estudados e desejados na

população em geral e pela comunidade científica, em especifico. Desde a mudança de

paradigma relativamente à abrangência e conceito de saúde mental, que investigadores

têm procurado investigar os índices e factores positivos que estão relacionados com a

promoção de uma saúde mental eficaz e não apenas nos índices negativos relacionados

com a patologia (e.g. Birren, Sloane, & Cohen, 1992; MacLeod., & Moore, 2000).

O bem-estar como conceito intrínseco ao próprio conceito de saúde mental, tem

sido um constructo alvo de inúmeras investigações, pois trata-se do objectivo principal a

ser atingido pelos psicólogos, quer estes adoptem uma perspectiva terapêutica,

preventiva ou promocional (Schroeder & Gordon, 2002). É possível enquadrar este

constructo à luz de inúmeras teorias, modelos e correntes filosóficas. Segundo Ryan e

Deci (2001) existem essencialmente duas perspectivas teóricas de base do bem-estar, e

são elas, o bem-estar subjectivo e o bem-estar psicológico.

O bem-estar subjectivo visa compreender a dimensão afectiva (afectos positivos

e afectos negativos) e a dimensão cognitiva (satisfação com a vida) da avaliação

subjectiva que o sujeito faz de si e da sua vida (e.g. Diener, Such, Lucas, & Smith,

1999; Diener, 1994).

O modelo do bem-estar psicológico foi concebido por Carol Ryff (1989) e trata-

se de um modelo multidimensional. Baseia-se em concepções de crescimento pessoal e

auto-realização e engloba seis dimensões: autonomia, domínio do meio, crescimento

pessoal, relações positivas com terceiros, objectivos na vida e aceitação de si. Este

modelo surge no sentido de colmatar as limitações do modelo de bem-estar subjectivo,

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pois o bem-estar global é mais do que uma percepção positiva de vida e afectos

positivos.

Alguns investigadores têm procurado integrar as perspectivas actuais de bem-

estar conceptualizando-as à luz duma perspectiva cognitivo-comportamental-

desenvolvimentista (e.g. Bizarro, 1999), que considerámos como base conceptual do

presente estudo.

São vários os estudos que apontam para as consequências positivas de elevados

níveis de bem-estar e satisfação com a vida, principalmente ao nível de grandes áreas,

como a saúde física e psicológica, longevidade, emprego, relações sociais e recursos

pessoais e sociais (Diener & Ryan, 2009; Diener & Biswas-Diener, 2008; Lyubomirsky,

King, Diener, 2005), daí a pertinência de se estudar este constructo, relacionando-o com

factores que permitam promover o mesmo.

O constructo do bem-estar poderá ser estudado ao nível de todas as faixas

etárias. Seleccionou-se para o presente estudo a faixa etária da adolescência por ser um

período crucial do desenvolvimento e por existirem ainda poucas evidências sobre o

bem-estar psicológico na adolescência, para além de este ser um período de enormes

vulnerabilidades a alterações do bem-estar (Bizarro, 1999; Dryfoos, 1990, 1997;

Dryfoos & Barkin, 2006). A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano

crucial para a construção de uma identidade, de padrões de comportamentos e

desenvolvimento de competências pessoais e sociais. Trata-se de um período de

transição e de mudanças intensas, nomeadamente a nível físico, cognitivo, emocional e

social (e.g. Piaget, 1972; Kohlberg, 1969; Silva, 2004). Essas mudanças vão exigir aos

jovens, competências e vários recursos de adaptação (Elliott & Feldman, 1990). A

maioria dos jovens faz a transição entre a infância e a adolescência com sucesso, no

entanto, nem sempre as exigências pessoais e sociais são vivenciadas de forma tão

eficaz como seria de esperar. A aquisição das competências pessoais e sociais vai

ocorrendo desde a infância e são estas competências que vão permitindo ao sujeito obter

o sucesso nas interacções com os outros e aumentar um sentido de auto-eficácia e auto-

estima, essencial ao desenvolvimento saudável e níveis de bem-estar satisfatórios

(Matos, 1997; Silva, 2004; Diener & Fujita, 1995). São vários os modelos explicativos

que estão na base da aquisição das competências pessoais e sociais, nomeadamente, o

modelo comportamental (aquisição e/ou extinção de comportamentos observáveis), o

modelo cognitivo-comportamental (aquisição e/ou extinção de comportamentos

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observáveis aliada a uma reestruturação cognitiva e à redução da ansiedade associada a

determinados comportamentos) e o modelo introduzido por Bandura (1976) de

aprendizagem social (Matos, 1997). Durante muito tempo, considerou-se a adolescência

como um período de risco, onde o bem-estar poderá ser posto em causa quando as

etapas desenvolvimentistas não são atingidas, no entanto, actualmente também se

considera a adolescência como um período de oportunidades, onde é possível atingir

uma estabilidade emocional e onde se pode promover o bem-estar (Sampaio, 1994). As

intervenções ao nível desta faixa etária actualmente consideram esta perspectiva do

potencial do jovem, pelo que se opta cada vez mais como complemento às abordagens

terapêuticas, a prevenção e a promoção do bem-estar e da saúde, dando-se ênfase à

promoção de factores de protecção, como o bem-estar (Davis & Tolan, 1993; Bizarro,

1998; Dryfoos, 1997). Da revisão de literatura que Matos (1997) faz, esta conclui que o

desenvolvimento pessoal e social dos jovens poderá ser optimizado através de uma

intervenção directa partindo dos pressupostos teóricos anteriormente referidos, em que

os técnicos ajudam os jovens a reflectir sobre as suas características pessoais e sociais

(tanto ao nível de comportamentos observáveis, ou seja, a comunicação verbal e não

verbal, como comportamentos não observáveis, ou seja, estratégias cognitivas de

planeamento e resolução de problemas), ajudam a aumentar o reportório de respostas,

possibilitando assim uma melhoria do estatuto social, quando este não se desenvolveu

num percurso normal, o que acontece frequentemente com jovens de risco (Romer,

2003). Mediante o sucesso neste contexto, o jovem irá desenvolver um sentido de auto-

eficácia, auto-estima e outras competências pessoais e sociais (Bandura, 1976; Segrin

Hanzal, Donnerstein, Taylor, & Domschke, 2007), o que pode resultar num maior bem-

estar e evitar assim a adopção de comportamentos de risco (Dryfoos & Barkin, 2006).

O presente estudo tem então como principal objectivo averiguar a relação do

bem-estar global, enquanto constructo integrante de saúde mental com a promoção de

competências pessoais e sociais em jovens de risco, provenientes de um contexto em

risco de exclusão social partindo de um modelo conceptual cogntivo-comportamental-

desenvolvimentista. Outro dos objectivos desta investigação é averiguar quais as

dimensões do bem-estar, segundo o mesmo modelo, que mais se correlacionam com a

presença ou ausência da promoção de competências pessoais e sociais.

O presente trabalho divide-se então em diferentes capítulos. No Capítulo II

procurou-se apresentar uma revisão de literatura dos principais modelos teóricos do

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bem-estar, assim como os principais estudos empíricos associados aos primeiros e

procurou-se abordar o bem-estar numa faixa etária específica, a adolescência.

Seleccionou-se o factor que se pretendeu relacionar com o bem-estar na adolescência, as

competências pessoais e sociais e apresentaram-se vários estudos que abordam esta

relação. No capítulo III procurou-se apresentar o estudo propriamente dito,

contextualizando-o, caracterizando a amostra, o instrumento utilizado, assim como o

procedimento. No capítulo IV apresentam-se os resultados obtidos neste estudo e

posteriormente no capítulo V vêm descritas as reflexões e críticas do mesmo, principais

conclusões, assim como alternativas para futuras investigações.

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2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Bem-Estar

2.1.1. Antecedentes do Bem-Estar:

Segundo Ryan e Deci (2001, 2008) existem essencialmente duas perspectivas

teóricas de base do bem-estar, são elas, o bem-estar subjectivo e bem-estar psicológico.

Desde a publicação do “Well-Being: The Foundation of Hedonic Psychology”

(Kahneman, Diener, Schwarz, 1999), que o bem-estar subjectivo tem sido associado a

uma perspectiva hedónica de bem-estar. Já o bem-estar psicológico surge com os

trabalhos de Ryff (1989) associado a uma perspectiva eudaimónica como forma de

modificar a perspectiva hedónica de bem-estar que prevalecia na época (Keyes,

Shmotkin, & Ryff, 2002). Estes dois conceitos, hedonismo e eudaimonismo são duas

correntes filosóficas da natureza humana (Deci & Ryan, 2008) que orientam os modelos

actuais de bem-estar. No entanto, pode-se considerar que o termo bem-estar está ligado

à época do Iluminismo, no séc. XVIII, onde o Homem passa a estar no centro da própria

humanidade como símbolo de vida. Só alguns séculos mais tarde o constructo começou

a ser investigado aprofundadamente. A linha de investigação do bem-estar subjectivo

remota a finais dos anos 50, nos EUA, ligada à psicologia social e inclui-se no

denominado “Movimento dos Indicadores Sociais”. Com esta nova linha de

investigação, percebe-se que o bem-estar não pode ser avaliado apenas por factores

externos, como as condições sócio-económicas, condições de habitação ou nível de

educação, passando-se a considerar importante a experiência subjectiva do sujeito

relativamente ao seu próprio bem-estar (Campbell, 1976).

No âmbito da Saúde Mental, o bem-estar psicológico é introduzido nos anos

50/60 também nos EUA, sendo que vários autores como Gurin, Veroff e Feld (1960)

optam por estudar a saúde mental incluindo os aspectos considerados promotores do

bem-estar psicológico. Esta perspectiva é de tal forma considerada que Veit e Ware

(1983) propõem um modelo de saúde mental bidimensional que inclui a dimensão de

mal-estar psicológico (sintomas de depressão, ansiedade e perda do controle emocional

e/ou comportamental) e uma dimensão de bem-estar psicológico (emoções positivas,

ligações afectivas estabelecidas com os significativos). Esta noção mais vasta de saúde

mental tem vindo a prevalecer até aos dias de hoje, sendo que se caracteriza por um lado

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por uma ausência de sintomas e por outro lado, a presença de indicadores positivos,

sendo que o sujeito deverá ter uma percepção de bem-estar (e.g. Birren et al., 1992).

Como foi referido, é ainda possível considerar a existência de duas perspectivas

distintas nos antecedentes do conceito de bem-estar, muitas vezes na História definido

vulgarmente como felicidade, nomeadamente quando ligado ao conceito de bem-estar

subjectivo. Este conceito tem vindo a ser desenvolvido desde a antiga Grécia,

essencialmente por Aristóteles até à actualidade. Na sua obra “Nicomachean ethics”,

Aristóteles distingue hedonomia (A vida preenchida com a procura do prazer) e

eudaimonia (felicidade que surge das obras boas) (Kashdan, Biswas-Diener, & King,

2008). A perspectiva hedónica foi defendida e desenvolvida ao longo de séculos. Vários

filósofos gregos, tais como Aristippus e Hobbes, defendiam que o objectivo da vida é a

máxima experiência de prazer, e que este é construído através dos próprios interesses

(Ryan & Deci, 2001). A perspectiva eudaimónica foi defendida, por exemplo, por

Aristóteles que considerava a perspectiva hedónica muito limitada e que fazia dos

humanos seres “escravos” dos seus desejos (Ryan & Deci, 2001), considerou, então

uma perspectiva que abordasse questões sobre como viver bem e assenta nas virtudes e

potencial humano (Ryan & Deci, 2008).

Falar dos antecedentes e estudos anteriores do constructo de bem-estar, termina

com a divisão dos 2 conceitos que vão ser explorados no tópico seguinte. O conceito de

bem-estar ao longo dos anos foi sofrendo alguma evolução. Na década de 80 dá-se uma

distinção conceptual dos conceitos de bem-estar psicológico e bem-estar subjectivo. A

divergência dos vários autores levou a que se subdividissem duas perspectivas de bem-

estar. Bem-estar subjectivo definiu-se assim como um campo de estudo que integra as

dimensões de afecto e satisfação com a vida e o bem-estar psicológico constitui um

campo de estudo que integra as dimensões do funcionamento psicológico de auto-

aceitação, autonomia, controlo sobre o meio, relações positivas, propósito de vida e

desenvolvimento pessoal (Novo, 2003).

2.1.2. Contructo de Bem-estar:

De forma geral, pode-se considerar que bem-estar engloba o “funcionamento

psicológico óptimo” do indivíduo (Deci & Ryan, 2008), no entanto, ao longo da

investigação deste constructo tem sido controversa a definição do que é uma experiência

óptima ou uma boa vida. Este debate tem implicações teóricas e práticas, pois o que

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consideramos ser “bem-estar” irá influenciar a nossa forma de governar, ajudar,

aconselhar (Ryan & Deci, 2001), havendo implicações também para a própria prática

clínica no âmbito da Psicologia e para a própria promoção da saúde mental. Segundo a

OMS, mais especificamente do Escritório Regional Europeu, considera-se saúde

mental: “na medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar

aspirações e satisfazer necessidades e, por outro, de lidar com o meio ambiente. A

saúde é, portanto, vista como um recurso para a vida diária, não o objectivo dela;

abrange os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas, é um conceito

positivo”, saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não sendo

apenas a ausência de doenças, mas também a presença de indicadores positivos (OMS,

1948, p. 28 citado em Ryff & Singer, 1998).

O conceito de bem-estar enquadra-se no constructo de saúde mental, sendo que

apesar de não se assumir como uma medida absoluta para medir saúde mental, é uma

condição essencial para a mesma (Galinha, 2008).

Seguidamente iremos abordar mais especificamente o conceito de bem-estar

subjectivo e bem-estar psicológico.

2.1.3. Bem-Estar Subjectivo:

Bem-estar subjectivo é um termo usado para descrever o nível de bem-estar que

as pessoas experienciam, a partir das avaliações subjectivas que fazem da sua própria

vida. Estas avaliações podem ser positivas e negativas, podem incluir julgamentos e

sentimentos relacionados com a satisfação com a própria vida, em domínios como o

trabalho, as relações, a saúde, eventos positivos ou negativos (Diener & Ryan, 2009).

Embora muitos critérios de saúde mental sejam ditados do exterior, por investigadores

ou clínicos, o bem-estar subjectivo é medido a partir da perspectiva do próprio

indivíduo e, deste modo, diferencia-se da psicologia clínica tradicional (Galinha, 2008).

Actualmente existe algum consenso no que respeita ao conceito ser composto por uma

dimensão cognitiva, em que existe um juízo avaliativo, normalmente exposto em termos

de satisfação com a vida, em termos globais ou específicos da própria vida e uma

dimensão afectiva, emocional positiva (alegria, afeição e orgulho) e negativa (vergonha,

culpa, tristeza e ansiedade), expressa também em termos globais ou específicos

(Galinha, 2008). Bem-estar subjectivo é definido operacionalmente como experienciar

um elevado nível de afecto positivo e baixo nível de afecto negativo, assim como

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elevado grau de satisfação com a vida (Deci & Ryan, 2008). Tal como se referiu

anteriormente, desde a publicação do “Well-Being: The Foundation of Hedonic

Psychology (Kahneman et al., 1999), que o bem-estar subjectivo vem sendo associado à

perspectiva hedónica do bem-estar, no entanto, apenas no que diz respeito ao afecto

positivo e negativo, pois a satisfação com a vida não é um conceito hedónico (Deci &

Ryan, 2008). O nível hedónico é o grau em que os vários afectos que a pessoa

experiencia são agradáveis, em que medida se sente bem e tem prazer (Veenhoven,

2003). A satisfação com a vida refere-se à dimensão psicológica subjectiva da qualidade

de vida que, por sua vez, inclui outras dimensões objectivas, como as condições de vida

e as circunstâncias sociais, sendo por isso consideradas por muitos autores como

conceitos diferenciados (Veenhoven, 1996). Existem vários estudos pioneiros no âmbito

da qualidade de vida, nomeadamente o estudo de Liu, em 1975, “Quality of life:

concept, measure and results”, o estudo clássico de Campbell, Converse e Rogers, em

1976, “The Quality of American Life”, e o estudo de Flannagan, 1982, “Measurement

of quality of life:current state of the art”. Sendo então satisfação com a vida um conceito

integrado na qualidade de vida, considera-se que esta é a única dimensão que forma

uma intersecção com o conceito de bem-estar subjectivo. Satisfação com a vida é um

processo de julgamento cognitivo dependente de uma comparação das circunstâncias do

próprio com o que este acredita ser um padrão adequado. Desta forma, quanto menor for

a discrepância entre a percepção das realizações na vida e o seu padrão de referência,

maior é a sua satisfação com a vida. A satisfação com a vida é então uma

conceptualização cognitiva do bem-estar subjectivo. Bem-estar subjectivo pode ser

considerado igualmente como uma experiência afectiva, onde estão subjacentes duas

dimensões, a positiva e negativa (Diener, 1994). A maioria dos investigadores aceita,

actualmente, que o afecto é a componente emocional do bem-estar subjectivo (Diener et

al., 1999). Quanto à relação existente entre afecto positivo e negativo não existe um

consenso nos modelos. A maioria dos estudos apoia um modelo de afecto de dois

factores independentes (Bradburn, 1969; Kercher, 1992; Watson & Clark, 1994;

MacLeod, Andersen, & Davies, 1994; Goldstein & Strube, 1994; Smith & Christensen,

1996; Crocker, 1997; Billings, Folkman, Acree, & Moskowitz, 2000; Potter, Zautra, &

Reich, 2000; Lucas et al., 1996), outros estudos indicam um modelo unidimensional ou

um modelo multidimensional do afecto (Crocker, 1997; Killgore, 2000) e revelam uma

correlação inversa entre o afecto positivo e o afecto negativo (Green & Salovey, 1999),

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um terceiro grupo de estudos aborda a influência da relação de variáveis individuais

mediadoras entre os factores (Reich, Zautra, & Potter, 2001), com as medidas utilizadas

(Egloff, 1998), com questões culturais ou de género (Bagozzi, Wong, & Yi, 1999) ou

com a amplitude temporal a que se referem os relatos (Diener & Emmons, 1985)

(Citado em Galinha, 2008). Segundo Diener (2000), as medidas de afecto positivo e

negativo deverão ser estudadas pela investigação em separado, pois ambas são

componentes importantes e distintas do bem-estar subjectivo.

Relativamente às medidas de bem-estar subjectivo existe um consenso de que a

forma mais comum de avaliar é através de medidas de auto-relato em que o indivíduo

avalia e relata a sua satisfação com a vida, a frequência do seu afecto positivo ou a

frequência do seu afecto negativo (Diener & Lucas, 2000). Dependendo dos objectivos

da investigação, a avaliação do bem-estar pode ocorrer a um nível mais global ou a

níveis mais específicos. Exemplo são as medidas de emoções e humor, que reflectem as

reacções dos indivíduos aos eventos que lhes ocorrem, e medidas de satisfação, por

exemplo, que permitem aceder aos julgamentos do indivíduo acerca da sua vida global e

ao nível de domínios específicos (Galinha, 2008). O estudo de aspectos globais do

conceito de bem-estar subjectivo resulta de uma tendência de os indivíduos para

manifestarem níveis semelhantes no decorrer do tempo nos vários aspectos de vida. Por

outro lado, os estudos a níveis mais específicos do conceito permitem estudar em que

nível a variância nas respostas nos diferentes domínios influencia o bem-estar

subjectivo e nos aspectos mais particulares de vida, no entanto, estas medidas são mais

sensíveis a variáveis causais (Diener, Suh, & Oshi, 1997).

Existem várias teorias relacionadas com o bem-estar, sendo que todas elas têm

contribuído de forma decisiva para a compreensão deste constructo. A natureza deste

constructo é constituída por múltiplos níveis, sendo que este é determinado por factores

biológicos, cognitivos, de personalidade e sociais. Vários estudos concluíram

nomeadamente seis níveis no sujeito que estão relacionados e são preditivos do bem-

estar, são eles, cultura, relações sociais, narrativas pessoais, objectivos de vida, traços de

personalidade e necessidades psicológicas (Sheldon & Hoon, 2007; Sheldon, 2004).

Relativamente ao bem-estar subjectivo existem alguns modelos explicativos,

nomeadamente a teoria de Top-Down vs teoria de Bottom-Up. Vários autores são

consensuais face a estes dois modelos explicativos do bem-estar subjectivo. O modelo

Top-Down vem referir que a propensão interna para experienciar o mundo de

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determinada forma irá afectar a forma como o indivíduo interage e percepciona o

mundo. Desta forma se uma pessoa tiver uma perspectiva positiva, mais facilmente

poderá experienciar ou interpretar um determinado evento como positivo, do que uma

pessoa com uma perspectiva mais negativa, concluindo-se assim que a atitude positiva

perante objectivos e eventos seja um factor causal do bem-estar (Diener & Ryan, 2009).

Neste modelo são englobadas as dimensões globais da personalidade que vão

influenciar a forma como as pessoas vão reagir aos problemas. Por outro lado, existe o

modelo de Bottom-Up que refere que a vivência de momentos positivos e negativos irá

influenciar a percepção do bem-estar subjectivo. Nesta perspectiva, um momento

positivo irá fazer com que a pessoa experiencie um maior bem-estar (Diener & Ryan,

2009). De forma resumida, pode-se concluir que na perspectiva Top-Down, o bem-estar

subjectivo é uma causa, enquanto na perspectiva Bottom-Up é um efeito (Galinha,

2008). Apesar de durante muito tempo, estas teorias se apresentarem de forma separada,

o desafio actual é integrar ambas num modelo que explique a dinâmica do bem-estar.

Este modelo integrativo considera que tanto as dimensões gerais da personalidade como

a Natureza das Circunstâncias de Vida influenciam a forma como a pessoa interpreta os

eventos da sua vida e é esta interpretação que vai influenciar o bem-estar do sujeito

(Brief, Butcher, George, & Link, 1993). A inovação do modelo destes autores, é existir

um mecanismo mediador da interpretação das circunstâncias de vida, que depende por

um lado dos traços de personalidade da pessoa, por outro da natureza das circunstâncias

de vida em si (Bizarro, 1999). Muitas outras teorias têm surgido no intuito de explorar o

constructo. Existem as teorias cognitivas, que defendem que são os processos cognitivos

que determinam o bem-estar individual. O modelo AIM (Atenção, Interpretação e

Memória) de bem-estar é uma dessas teorias cognitivas e refere que indivíduos com

elevado nível de bem-estar tendem a focar a sua atenção nos estímulos positivos,

interpretam os eventos de forma positiva, e recordam os eventos passados com uma

“memória prévia positiva”(Diener & Biswas-Diener, 2008; Diener & Ryan, 2009). As

Teorias Evolutivas são recentes e surgem com o objectivo de explicar a origem do bem-

estar e sugerem que os sentimentos de prazer e bem-estar são produzidos para que

ajudem na sobrevivência humana (Fredrickson, 1998, citado em Diener & Ryan, 2009).

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2.1.4. Bem-Estar Psicológico:

Em 1980, quando se dá a divisão conceptual de bem-estar subjectivo e bem-estar

psicológico, este último passa a ser um constructo estudado e investigado por diversos

autores. Trata-se de um campo de estudo introduzido por Ryff (1989) e seguidamente

desenvolvido essencialmente por Ryff e Keyes (1995).

O modelo de bem-estar psicológico parte de algumas críticas feitas ao modelo de

bem-estar subjectivo, nomeadamente, o facto de este constructo ser muito restritivo,

pois o bem-estar é mais do que satisfação com a vida e afectos positivos e ausência de

afectos negativos. Desta forma, Ryff introduz um modelo multidimensional, baseando-

se em concepções de crescimento pessoal e desenvolvimento humano e auto-realização,

onde integra seis conceitos que define e descreve em seis componentes: auto-aceitação

que retrata o nível de auto-conhecimento, funcionamento óptimo e maturidade;

autonomia que possui como indicador o locus interno de avaliação e a independência

das aprovações externas; controlo sobre o meio, ou seja, a capacidade do indivíduo

para escolher ou criar ambientes adequados às suas características e a capacidade de

controlo de meios complexos; relações positivas, ou seja, a capacidade de estabelecer

relação de empatia e afeição com os outros, capacidade de amar e manter amizades;

propósito na vida, ou seja, a capacidade de estabelecer objectivos, atribuindo

significado à própria vida; e desenvolvimento pessoal, ou seja, a necessidade constante

de crescimento pessoal, vivência de novas experiências e desafios. Estas dimensões do

funcionamento psicológico são avaliadas a partir de seis escalas. Este modelo surge no

sentido de colmatar as limitações do modelo de bem-estar subjectivo, pois o bem-estar

global é mais do que uma percepção positiva de vida, presença de afectos positivos e

ausência de afectos negativos. Este constructo foi desenvolvido e enquadrado numa

perspectiva ligada à eudaimonia. Ryff (1989) parte da revisão dos trabalhos e

concepções de Aristóteles sobre natureza humana, nomeadamente, uma concepção que

assenta no potencial e virtude do ser humano, mas também partiu das orientações

teóricas psicodinâmicas e humanistas, nomeadamente dos fenómenos de individuação

(Jung, 1933), auto-realização (Maslow, 1968), maturidade (Allport, 1961),

funcionamento pleno (Rdgers, 1961) e desenvolvimento humano (Erickson, 1959;

Neugarten, 1973). A perspectiva de bem-estar introduzida por estes autores assenta

numa conceptualização teórica, o que ultrapassa algumas limitações do modelo de bem-

estar subjectivo, no entanto, esta tem a limitação de apresentar dimensões associadas

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exclusivamente ao chamado funcionamento psicológico positivo e segundo muitos

autores uma conceptualização adequada de bem-estar deverá integrar domínios ligados

ao funcionamento positivo e domínios ligados aos índices de sintomatologia (Diener,

1994; Kazdin, 1993; Schlosser, 1990; Heady, Holmstrom, & Wearing, 1985; Heady,

Kelley, & Wearing, 1993) (citado em Bizarro, 1999).

2.1.5. Modelo Cognitivo-Comportamental-Desenvolvimentista de Bem-

Estar Psicológico na Adolescência:

Como forma de integrar as perspectivas actuais de conceptualização de bem-

estar, Bizarro desenvolveu um modelo que apresentaremos seguidamente e que foi

seleccionado para enquadrar o presente estudo empírico. Este modelo serviu de base

para a elaboração de um instrumento de avaliação de bem-estar psicológico na

Adolescência (EBEPA). Bizarro (1999, 2001) fez uma revisão de literatura

relativamente às conceptualizações e aos resultados empíricos efectuados por autores

que têm estudado o bem-estar. Do vasto conjunto de informação retirou algumas ideias

essenciais, nomeadamente o facto de o bem-estar psicológico incluir uma componente

subjectiva, dado que é a avaliação subjectiva do próprio sujeito que irá reflectir o seu

nível de bem-estar psicológico e não apenas indicadores externos à pessoa (e.g. Ryff &

Keys, 1995; Bizarro, 2001). A mesma autora verificou que o modelo multi-dimensional

seria o mais adequado para definir um constructo tão complexo, que inclui componentes

subjectivos que incluem domínios afectivos e cognitivos (e.g., Diener, 1994; Headey,

Kelley, & Wearing, 1993, citado em Bizarro, 2001). A operacionalização de bem-estar

psicológico tem variado consoante a orientação teórica e empírica dos autores. Para

alguns autores, bem-estar reflecte uma ausência de sintomas de perturbação (e.g.

Langer, Gersten, & McCarthy, 1986), outros defendem que se trata de presença de

indicadores positivos de funcionamento (e.g. Ryff & Keyes, 1995) e por fim existem

ainda autores que integram ambas as concepções, considerando o mesmo como ausência

de perturbações psicológicas, mas também presença de recursos pessoais que

promovam e facilitem o funcionamento psicológico das pessoas (e.g. Diener; Kazdin,

1993, citado em Bizarro, 1999, 2001). Segundo a mesma autora, o bem-estar

psicológico deverá ser estudado como uma experiência alargada no tempo e não como

algo momentâneo pois só a primeira terá interesse clínico, dependendo do período

considerado e dos objectivos da recolha de informação (e.g., Diener & Larsen, 1993;

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Lazarus, 1991). Dos vários estudos revistos, considerou ainda que o bem-estar

psicológico deverá ser estudado em termos de frequência das experiências subjectivas

comparativamente à intensidade dessas experiências, pois os estudos demonstram que a

frequência apresenta-se como maior preditor de bem-estar psicológico (e.g., Diener,

Sandovick, & Pavot, 1991; Watson & Clarck, 1997, citado em Bizarro, 2001).

Na selecção do modelo conceptual que melhor fundamentasse o instrumento de

avaliação do bem-estar psicológico dos adolescentes, Bizarro seleccionou o modelo

cognitivo-comportamental-desenvolvimentista, por ser o que melhor se adequa para

integrar as actuais perspectivas de bem-estar psicológico na adolescência. Este modelo

assenta numa conceptualização do funcionamento psicológico que evidencia a

componente cognitiva e a sua relação com o comportamento e a expressão emocional

(Beck, 1976, 1991, citado em Bizarro, 2001) o que vai de encontro à concepção de bem-

estar psicológico como constructo que inclui componentes cognitivos e afectivos

(Diener, 1994). Este modelo é desenvolvimentista, no sentido em que considera que os

instrumentos de avaliação deverão ter em conta as características da população a que se

destina (Ryff & Keyes, 1995).

Este modelo integra cinco dimensões. Duas dessas dimensões avaliam índices de

dificuldades nos adolescentes, são elas a dimensão da Ansiedade (ANS) e a Cogntiva-

Emocional Negativa (CEN), e as outras três avaliam a presença de recursos pessoais que

se consideram serem positivas para o bem-estar psicológico dos jovens, são elas a

dimensão Cognitiva-Emocional Positiva (CEP), o Apoio Social (AS) e a Percepção de

Competências (PC) (Bizarro, 2001).

A dimensão Ansiedade inclui algumas reacções típicas nos adolescentes, sejam

elas agitação, tensão e tremuras (sintomas fisiológicos), dificuldades em estar parado,

alterações súbitas de comportamento (sintomas comportamentais), dificuldade em

concentrar-se (sintomas cognitivos) (e.g. Kendall & Ronan, 1990; Oort, Greaves-Lord,

Verhulst, Ormel, & Huizink, 2009). Esta dimensão considera que estes sintomas são

relativamente comuns na adolescência, podendo ser transitórios neste período

(Achenbach & Howell, 1993; Oort, et al., 2009), no entanto estes poderão tornar-se

pervasivos, podendo afectar o bem-estar psicológico do jovem (Clark, Smith,

Neighbors, Skerlec, & Randall, 1994). São vários os autores que estudaram a ansiedade

no decorrer da adolescência e é evidenciado que com o decorrer da adolescência, os

sintomas de ansiedade aumentam, pois aumentam igualmente as preocupações e a

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insegurança ao mesmo tempo que vai ampliando a procura de independência, elevando

assim o risco de desenvolver futuras perturbações (Oort, et al., 2009).

A dimensão Cognitiva-Emocional Negativa e Dimensão Cognitiva-Emocional

Positiva assenta em alguns pressupostos das abordagens cognitivo-comportamentais,

nomeadamente o facto de considerar as variáveis cognitivo-comportamentais como

promotoras do bem-estar psicológico ou promotoras da incapacidade de adaptação e

dificuldades psicológicas, podendo influenciar os estados emocionais e os

comportamentos dos adolescentes (Kendal, 1991). Estas dimensões incluem auto-

verbalizações e percepções das situações de valência mais positiva ou negativa, típicas

no período da adolescência (e.g., Ambrose & Rholes, 1993). Vários autores e estudos

relatam que as auto-verbalizações e as percepções cognitivas influenciam os estados

emocionais (e.g. Schwartz & Garamoni, 1989), assim como têm um papel importante na

regulação a nível pessoal e social (e.g., Hardy, 2006; Brinthaupt, Hein & Kramer,

2009).

A nível cognitivo existem vários factores de risco que poderão contribuir para

uma diminuição do bem-estar psicológico na adolescência, nomeadamente as distorções

cognitivas. Estas consistem num modo disfuncional de processar a informação que

poderá levar a uma perturbação emocional com consequências negativas para o sujeito

(Kendall, 1991). As cognições descritas através destas dimensões reflectem uma maior

vulnerabilidade cognitiva para um maior ou menor bem-estar psicológico dos

adolescentes (Bizarro, 1999).

A dimensão Apoio Social foi concebida para avaliar a percepção que os

adolescentes têm relativamente ao apoio social disponível, o que se demonstra estar

significativamente associado ao bem-estar psicológico nos adolescentes. Segundo

Cohen (2004) o apoio social é definido como o apoio psicológico e material com a

intenção de ajudar os sujeitos em causa a lidarem eficazmente com o stress.

Vários estudos apontam para uma relação entre um défice no apoio social e a

existência de dificuldade psicológicas nesta faixa etária (Gotlieb, 1991; Kalafat, 1997).

O apoio social inclui o apoio emocional, a partilha de actividades, o companheirismo, a

revelação de pensamentos e emoções, a ajuda instrumental, o que poderá promover a

percepção de valor pessoal, de auto-eficácia, auto-estima e capacidade de resolução de

problemas sendo propício às tarefas desenvolvimentistas e estando correlacionado com

o bem-estar na maioria dos estudos (Sarason, Sarason, & Piece, 1990; Chu, Saucier, &

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Hafner, 2010). O apoio social pode ser encarado como um factor protector na

adolescência, contribuindo para o funcionamento adaptativo dos jovens (e.g. Dryfoos,

1997). São vários os autores que estabelecem uma relação positiva entre o apoio social e

o bem-estar psicológico, sendo que o jovem que usufruir de uma ajuda nas dificuldades

inevitáveis do seu desenvolvimento desenvolverá a possibilidade de um maior bem-

estar (Bizarro, 1999; Chu, et al., 2010).

A dimensão Percepção de Competências inclui auto-percepções de competências

em áreas consideradas importantes para os jovens, tais como fazer amigos, resolver

problemas e sucesso escolar (e.g. Hartup, 1992; Quamma & Greenberg, 1994, citado em

Bizarro, 2001). A percepção de competências tem sido considerada como relevante para

o bem-estar psicológico e adaptação dos adolescentes, pois está directamente

relacionada com as reacções afectivas e a orientação motivacional para os desempenhos.

A percepção de capacidade funcional é essencial para que o jovem adquira

competências e se desenvolva (Harter, 1990, 1992; Harter, & Whitesell, 1996). Desta

forma para além de ser importante o sujeito adquirir as competências, também seria

importante este se sentir motivado a desempenha-las nas várias situações por se sentir

competente (Bizarro, 1999). Bandura (1977) vem evidenciar a importância destes

mediadores cognitivos, no sentido em que, quanto maior percepção de competências o

sujeito tiver, maior sentido de auto-eficácia este desenvolverá, o que poderá resultar ter

repercussões positivas ao nível dos comportamentos e recursos que utiliza. Desta forma

passa-se a dar maior ênfase ao significado emocional e motivacional da avaliação e da

expectativa que os sujeitos têm sobre as suas competências. Vários estudos ligados às

crianças e adolescentes vêm evidenciar esta correlação anteriormente descrita (Bandura,

1977; Harter, 1992).

Estas evidências mostram-se extremamente importantes para estudar a influência

de vários factores na existência de maior ou menor bem-estar e na capacidade de

adaptação.

2.1.6. Factores relacionados com o Bem-Estar:

Várias investigações têm vindo a estudar os factores que estão associados ao

bem-estar, nomeadamente o bem-estar subjectivo percepcionado pelo indivíduo. No

entanto o estudo desses factores traz várias limitações, uma delas é que muitos dos

resultados são essencialmente de natureza correlacional, o que leva a questionar se os

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factores que coexistem com o bem-estar psicológico, na realidade causam o mesmo. A

segunda limitação prende-se com a primeira e diz respeito ao valor dos resultados,

nomeadamente se os factores sendo manipulados se podem associar com o mesmo

(MacLeod, Coates, & Hetherton, 2008). Um tipo de factor frequentemente estudado são

os factores sócio-demográficos (ex: idade, género, escolaridade). Um estudo de

Campbell et al. (1976) concluiu que todos os factores sociodemográficos contam apenas

20% para a variabilidade do bem-estar subjectivo. Variáveis como escolaridade, etnia e

idade correlacionam-se apenas de modo fraco com o bem-estar subjectivo dos

indivíduos (Galinha, 2008). No entanto outros autores evidenciam a importância das

mesmas nos seus estudos, demonstrando uma relação entre os factores sócio-

demográficos e nomeadamente a satisfação com a vida (Argyle, 1999; Veenhoven,

1996), podendo isso evidenciar que pode não haver correlação entre estes factores e a

componente afectiva.

Um dos principais factores promotores de bem-estar subjectivo é o

estabelecimento de metas/objectivos e o planeamento das competências necessárias para

os alcançar (Sheldon & Elliot 1999). Um estudo de MacLeod et al. (2008) que

relacionava o estabelecimento de objectivos e o planeamento de competências com o

bem-estar em amostras não clínicas, concluiu que os factores usados com variáveis tem

uma relação causal, mais do que uma correlação com o bem-estar evidenciado pelos

indivíduos, tanto a nível da satisfação com a vida, como ao nível de maior evidência de

afectos positivos após a intervenção e menos afectos negativos comparativamente com

o grupo de controlo.

Vários outros estudos têm evidenciado a relação do bem-estar com outros

factores:

Género: A maioria das investigações vai no sentido de que não existem diferenças

significativas entre homens e mulheres relativamente aos níveis de bem-estar

subjectivo. A única diferença encontrada entre os sexos é ao nível da dimensão afectiva,

nomeadamente nos afectos negativos que se encontram em níveis mais elevados na

mulheres e que os homens apresentam níveis mais baixos de bem-estar físico (Diener,

1994). Outras investigações indicam que as mulheres evidenciam mais frequentemente

os extremos nas escalas de bem-estar, tanto a nível positivo como negativo (Diener et

al., 1999). Para a maioria dos autores, a diferença entre os sexos no bem-estar

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psicológico pode ser explicada em termos dos papéis sociais e das experiências de

socialização. Possivelmente, a expressão emocional negativa é mais tolerada na mulher

do que no homem (e.g. Diener, 1994), no entanto autores como Hoffman (2006),

evidenciaram que a pessoa pode ter o seu auto-conceito relativo ao que deverá ser o

papel e características da mulher e do homem, que não tem que coincidir com a

identidade do género, neste âmbito os resultados apontam para correlações positivas

entre a auto-definição de género e o nível de bem-estar subjectivo.

No que diz respeito a adolescência, o estudo de Bizarro (1999) refere que as

raparigas reportam níveis de bem-estar menores do que os rapazes ao longo de toda a

adolescência. Alguns autores afirmam que a forma como os rapazes e as raparigas

desenvolvem as suas narrativas de vida, constroem a sua identidade ao longo da

adolescência irá influenciar a sua auto-estima (McLean & Breen, 2009), o que poderá

evidenciar diferenças na vivência do bem-estar.

Educação/Esco laridade: Relativamente à escolaridade, vários estudos apontam para

uma relação positiva mas reduzida entre esta variável e o nível de bem-estar subjectivo.

A escolaridade relaciona-se mais com o bem-estar subjectivo em indivíduos com baixos

rendimentos (Diener et al., 1999). A escolaridade pode promover o bem-estar subjectivo

pelo progresso dos indivíduos relativamente aos seus objectivos e pelo desenvolvimento

da capacidade de adaptação ao mundo (Galinha, 2008).

Idade: Relativamente à idade alguns estudos indicam que os jovens são aqueles que

apresentam maiores níveis de bem-estar subjectivo (Diener et al., 1999) e que ao longo

da vida poderá haver uma ligeira diminuição relativa ao afecto positivo devido à

valorização dos objectivos pós-materialistas que beneficiam as gerações mais novas

(Diener et al., 1999). Relativamente à satisfação com a vida, vários outros estudos

indicam que não diminui com a idade, se controlar variáveis como os rendimentos

(Diener et al., 1999). Cada faixa etária caracteriza-se pela valorização de diferentes

domínios de vida, com diferentes objectivos e especificidades para os indivíduos

(Argyle, 1999) pelo que se pode pressupor que os domínios que irão influenciar o bem-

estar do indivíduo estarão relacionados com a idade e faixa etária em que este se

encontra.

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O estudo de Bizarro (1999) evidenciou que existem períodos ao longo da

adolescência de maior risco ou vulnerabilidade propício a diminuição do bem-estar. A

faixa etária dos 14 e 15 anos e meio, representando o meio da adolescência, apresenta

níveis de cognições e emoções negativas muito elevados, assim como níveis de

cognições e emoções positivas, percepção de competências e bem-estar global atingem

valores muito baixos. Aos 17 anos e meio também se registaram valores críticos,

evidenciando-se este como um segundo período de risco ao longo da adolescência.

Meio socio-económico: Tal como outros factores ambientais também o factor sócio-

económico influencia a vivência psicológica e social das pessoas e portanto o seu bem-

estar. Tem sido evidenciado por vários autores que o factor económico contribui

positivamente para uma maior satisfação com a vida (Howell & Howell, 2008). No caso

dos adolescentes, vários estudos evidenciam que um meio sócio-económico baixo

aumenta as probabilidades de o jovem vivenciar um menor bem-estar (e.g. Adler,

Boyce, Chesney, Cohen, Folkman, Kahn, & Syme, 1994). Um estudo de Adler et al.

(1994) vem demonstrar que alguns factores ligados ao estatuto sócio-económico,

nomeadamente os rendimentos, o nível educacional dos pais e as actividades de tempos

livres irão influenciar o desenvolvimento do jovem, aumentam a exposição a

determinadas situações e contextos, podendo ocorrer interacção com modelos

desajustados, maior ou menor acesso a determinados recursos pessoais e sociais, sendo

que todos estes factores e interacções poderão influenciar de forma psicológica,

emocional ou cognitiva o jovem o que sem dúvida se irá repercutir no seu bem-estar.

A investigação tem mostrado consistentemente que viver em bairros periféricos

com baixos rendimentos tem efeitos negativos sobre as crianças e adolescentes

(Cicognani, Albanesi, & Zani, 2008) ao nível da saúde física e mental (por exemplo,

ansiedade e angústia, depressão psicológica e queixas somáticas), ao nível do

desempenho académico (por exemplo: fracasso escolar, abandono) e ao nível do

comportamento (transtorno de conduta, por exemplo: a externalização dos

comportamentos e o uso da substâncias aditivas) (Leventhal & Brooks-Gunn, 2000)

Vários autores evidenciam que o facto de existiram baixos recursos económicos

pode diminuir a possibilidade de satisfazer determinadas necessidades básicas dos

jovens, levando a que muitas vezes as famílias sejam provenientes de zonas periféricas

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em risco de exclusão social, o que também poderá levar a uma alteração do bem-estar

psicológico dos jovens (Klerman, 1993; Zavisca & Hount, 2005).

Relações Sociais e Apoio Social: As relações sociais e a existência de uma rede de

apoio social têm sido das variáveis que maiores efeitos preditores apresentam no bem-

estar psicológico. Tal como já fora referido antes, muitos estudos demonstram que as

pessoas com uma maior rede de apoio social, contactos sociais, amigos, são as que

reportam níveis mais elevados de bem-estar (Bizarro, 1999), desenvolvendo um auto-

conceito positivo (Silva, 2004). As redes sociais são extremamente importantes para o

desenvolvimento normal dos adolescentes. Muitas investigações indicam que a

qualidade das relações entre os colegas constitui um dos percursos de um bom

ajustamento na vida adulta. Verifica-se que a delinquência e vários tipos de perturbação

comportamental entre os adolescentes e jovens adultos está intimamente associada à

dificuldade de estabelecer relações com os colegas na infância e na adolescência (Silva,

2004), daqui se pode pressupor que este será um factor que pode aumentar a percepção

de bem-estar psicológico. Na revisão de estudos que Chu et al. (2010) fizeram, conclui-

se que existe uma relação positiva mas fraca, entre o apoio social e o bem-estar. No

entanto, no estudo desenvolvido pelos mesmos autores com crianças e adolescentes

estes vêm evidenciar que o apoio social está mais fortemente relacionado com o auto-

conceito, e que a percepção de suporte está mais correlacionada com o bem-estar.

Concluíram também que a relação entre o apoio social e bem-estar vai crescendo com a

idade.

Competências Sociais: São vários os estudos e autores que defendem que existe uma

relação positiva e significativa entre as competências sociais e o bem-estar (e.g.

Campbell, Converse & Rdgers, 1976, citado em Argyle e Lu, 1990; Diener & Fujita,

1995). Esta relação poderá derivar do facto de as competências sociais fazerem parte de

um conjunto de recursos pessoais que capacitam os sujeitos para estabelecer melhores

relações sociais e aumentarem a sua percepção de competência, o que está relacionado

com um maior bem-estar (Diener & Fujita, 1995). O constructo de competências sociais

será mais desenvolvido a frente, uma vez que e um dos factores que iremos relacionar

com o Bem-Estar na presente investigação.

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2.2. Bem-Estar e Adolescência

2.2.1. Desenvolvimento e Bem-Estar na Adolescência:

A palavra adolescente significa em latim «crescer», indicando um período de

mudanças. Actualmente todo o desenvolvimento humano em geral e a Adolescência em

particular são caracterizados a partir de uma perspectiva biopsicossocial. É do consenso

de vários autores e inclusive da própria Organização Mundial da Saúde que o período

cronológico da adolescência vai dos 10/11 anos aos 19/20 anos (e.g. OMS; Cordeiro

1997), ficando concluído quando o jovem já terá conseguido concretizar uma série de

tarefas, ditas desenvolvimentistas, que se expressam no plano intelectual, na

socialização, na afectividade e na sexualidade (Cameron, 2004). É

-um processo de várias etapas de desenvolvimento caracterizadas por várias situações

de crise, ambivalência, conflitos, procura de identidade e crescente autonomia. A

construção da identidade é uma das principais tarefas que fazem parte do

desenvolvimento da adolescência, pois é ao longo desta que o indivíduo, pouco a pouco,

vai adquirindo uma nova subjectividade que modifica a representação de si próprio e do

outro (Erickson, 1968).

Neste período ocorrem mudanças a nível físico/biológico ligadas principalmente

ao sistema endócrino, mudanças estas que poderão ter influência na auto-imagem do

jovem, cujo corpo se está a transformar (Cameron, 2004). É uma fase de

desenvolvimento em que a expressão e orientação sexual emerge, o que naturalmente

leva a surgiram situações de expressão da intimidade. Um estudo de Cordeiro (2005)

com uma amostra de adolescentes da população portuguesa vem demonstrar uma

associação positiva estatisticamente significativa entre a percepção que os adolescentes

têm da sua aparência física e as amizades íntimas. Estas são essenciais para a construção

da identidade dos adolescentes e na formulação dos seus objectivos, ideais, sentimento

de pertença, auto-estima e auto-imagem.

Na passagem da infância para a adolescência, ocorre igualmente um

desenvolvimento cognitivo. Há uma passagem do pensamento concreto para o

pensamento abstracto, ou seja, há uma passagem do pensamento do “aqui e agora”,

assente no que é visível e identificável para um pensamento formal, sendo possível

formar ideias a partir de informação abstracta e não palpável. Com este tipo de

pensamento normalmente desenvolvido no âmbito da adolescência o jovem começa a

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ter capacidade de gerar alternativas face a uma situação e a descentrar-se do presente,

perspectivando o futuro (Piaget, 1972). Durante este período existe uma maior auto-

consciência e egocentrismo o que leva a ocorrer dois processos característicos nos

adolescentes, a fábula pessoal e a audiência imaginária. A fábula pessoal consiste em o

jovem acreditar que é único e especial nos seus pensamentos e emoções e que mais

ninguém tem os mesmos. Esta ideia pode influenciar a forma como o jovem encara os

comportamentos de risco, podendo achar-se imune aos perigos dos mesmos (Dryfoos,

1990, 1997; Dryfoos & Barkin, 2006; Alberts, Elkind, & Ginsburg, 2007).

Relativamente à audiência imaginária, o jovem pensa que os outros estão tão

preocupados com a sua aparência e comportamentos como ele próprio está o que se

reflecte numa auto-consciência e numa atenção aos outros exageradas). Todos estes

processos cognitivos que se desenvolvem na adolescência, poderão trazer algumas

alterações ao seu bem-estar psicológico. Estas alterações têm estado associadas a um

maior isolamento social, preocupação em ser aceite pelos outros, dificuldade em agir

segundo os seus próprios padrões e sobrestimação da importância dos outros (Newton,

1995; Compas, Connor, & Wadsworth, 1997; Vartanian, 2000). As mudanças nas

capacidades mentais têm também repercussões para as percepções no domínio social. O

adolescente começa a ser capaz de pensar sobre o que os outros pensam e sentem sobre

si, desenvolvendo-se assim uma maior capacidade metacognitiva, assim como a

capacidade de assumir a perspectiva do outro, descentrando-se do seu egocentrismo,

(Selman, 1980). No entanto, estes resultados são discutíveis actualmente uma vez que

existem estudos que relatam a presença de egocentrismo ao longo de toda a

adolescência e não a existência do declínio evidenciado outrora (Schwartz, Maynard, &

Uzelac, 2008).

Relativamente ao desenvolvimento social nesta fase, inclui principalmente, o

processo de aprendizagem de padrões de comportamentos e de atitudes, de acordo com

as regras e as expectativas dos vários grupos sociais a que o jovem pertence (Bizarro,

1999). Havendo uma passagem da infância para a adolescência, o jovem terá que

aprender novas condutas sociais que não as utilizadas quando criança, sendo que o

contexto familiar e social/pares será essencial para estas mudanças e novas adaptações.

No desenvolvimento da adolescência, o jovem vai necessariamente afastar-se das

figuras parentais, envolvendo-se proximamente em relações com os grupos de pares, na

qual o adolescente vai adquirir a sua vida social, assim como referências de normas e

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estatuto, numa procura constante de autonomia (Silva, 2004). São vários os autores que

evidenciam que as relações com os pares são essenciais para o desenvolvimento de um

sentido de identidade e autonomia o que se irá reflectir num maior bem-estar

psicológico (Newton, 1995). É na adolescência que também ocorre um

desenvolvimento emocional. Alguns autores referem-se à adolescência como um

período de crescimento no auto-conhecimento e auto-consciencialização, e uma

evolução nas capacidades introspectivas para reconhecer, diferenciar, coordenar e

controlar os processos emocionais internos. A abertura da individualidade aos outros,

ajuda também a definir aptidões que nos permitem perceber melhor os nossos

pensamentos e emoções, ajudando a definir, igualmente atributos que nos tornam únicos

e aumentam a nossa capacidade para experimentar sentimentos e emoções. (Cordeiro,

2005). Alterações emocionais podem estar relacionadas com as expectativas sociais de

comportamentos adequados, por exemplo, a pressão social dos pares para se comportar

de determinada maneira pode fazer com que o jovem sinta receio ou ansiedade (Caissy,

1994). É também neste período que o adolescente aprende as competências de auto-

regulação emocional. O controlo emocional significa aprender a não ser excessivamente

reactivo a qualquer estímulo ambiental, a responder de uma forma emocionalmente

equilibrada de forma a dar respostas equilibradas emocionalmente, regulando assim de

forma eficaz a intensidade das suas emoções. Este processo implica a aprendizagem de

padrões de expressão emocional socialmente aceites (Labouvie-Vief, Hakim-Larson,

Devoe, & Schoeberlein, 1989, citado em Bizarro, 1999). Dificuldades ao nível da

regulação emocional terão evidentemente consequências ao nível da relação com os

outros e portanto ao nível do bem-estar psicológico.

Outra das tarefas desenvolvimentistas na adolescência é o desenvolvimento

sócio-moral, onde são esperadas essencialmente a realização de duas tarefas, a aquisição

de novos conceitos morais e o controlo interno dos comportamentos. Segundo Kohlberg

(1963), o jovem substitui uma moralidade infantil baseada em avaliações do tipo “certo

ou errado”, na obediência e na orientação unilateral para uma moralidade baseada em

juízos e avaliações morais de situações cada vez mais complexas, a orientação pela

consciência torna-se um agente condutor do respeito e da verdade, nesta tarefa, os

grupos de pares são se extrema importância. É esperado também que o jovem assuma a

responsabilidade pelo controlo do seu comportamento, procurando inibir

comportamentos perigosos para si e para os outros (Kohlberg et al., 1969). Por vezes as

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alterações de bem-estar poderão estar associadas ao facto de poder haver uma

discrepância entre os valores do grupo de pares por exemplo e os valores instituídos

pela família o que poderá levar o jovem a sentir-se confuso (Caissy, 1994). O tipo de

valores morais desenvolvidos ao longo da adolescência pode ainda estar associado ao

desenvolvimento de comportamentos anti-sociais. Um estudo de Velden, Brugman,

Boom e Koop (2010) vem evidenciar que existe associação positiva entre as distorções

cognitivas ao serviço do próprio e o comportamento anti-social e entre o julgamento

moral e a percepção da comunidade, verificando assim a importância do

desenvolvimento moral, na conduta social e comunitária.

Vivendo todas as etapas de desenvolvimento descritas de forma eficaz, o

adolescente aumenta as possibilidades de desenvolver e vivenciar bem-estar

psicológico. No entanto nem sempre a concretização das mesmas é feita de forma

adaptativa e ajustada, pelo que pode ser posto em causa o bem-estar percepcionado

pelos jovens. O processo básico do desenvolvimento do adolescente envolve modificar

relações entre o indivíduo e os múltiplos níveis do contexto em que o jovem se

encontra. Variações na existência e no ritmo dessas relações promovem uma grande

diversidade na adolescência e representam factores de risco ou protectores através deste

período de vida (Lerner, De Stefanis, & Ladd, 1998; Matos, 1997). A adolescência

representa assim um período de riscos mas também um período de oportunidades para

experiências de aprendizagem que conduzam a um desenvolvimento equilibrado e bem-

estar (Sampaio, 1994).

Até ao momento existem vários estudos sobre o bem-estar na adolescência, no

entanto os instrumentos de avaliação deste constructo nesta faixa etária em específico

ainda são escassos. A maioria dos estudos utiliza escalas de sintomas e é a ausência

desses sintomas que é tomado como índices de bem-estar psicológico nos adolescentes.

A grande limitação dessa utilização restrita é haver um enfoque na concepção de bem-

estar psicológico, apenas como ausência de sintomatologia (Bizarro, 1999, 2001). Esta é

uma visão limitada pois, o constructo de bem-estar psicológico inclui igualmente

indicadores positivos. Salientam-se os trabalhos de Bizarro (1999) e Neto (1993), no

sentido de desenvolver instrumentos de avaliação específicos para o bem-estar nos

adolescentes, validados para a população portuguesa. O instrumento construído por

Bizarro (1999), a EBEPA, vem de alguma forma tentar colmatar as limitações

anteriormente referidas, procurando assim apresentar-se um instrumento que reúna uma

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concepção de bem-estar como ausência de indicadores negativos e presença de

indicadores positivos, mas que também respeite um enquadramento conceptual e

teórico.

As investigações recentes em populações não clínicas e a mudança de

perspectiva da adolescência como período de oportunidades tem vindo a modificar o

tipo de intervenções elaboradas para esta faixa etária, dando-se cada vez mais ênfase à

prevenção e promoção da saúde e bem-estar ao invés do focus tradicional nos

problemas (Weissberg & Kuster, 1997).

2.2.2. Adolescentes de Risco:

O relatório final do Concelho de Carnegie do Desenvolvimento do Adolescente

de 1995, Grandes Transições: Preparar os Adolescentes para o novo século, reporta a

importância de os adultos de uma sociedade, pertencentes às principais instituições que

rodeiam os adolescentes (família, escola, instituições de cuidados de saúde,

organizações comunitárias e media) mudarem a atitude negligente para com esta faixa

etária (Hamburg & Takanishi, 1996). É referido ainda, que se a sociedade e as nações

continuarem a negligenciar esta faixa etária, milhares de jovens poderão continuar por

percursos de abuso de drogas e álcool, parentalidade precoce, doenças sexualmente

transmissíveis, suicídio, violência e abandono escolar (Hamburg & Takanishi, 1996).

Torna-se, portanto, crucial a intervenção e prevenção ao nível destes contextos,

principalmente na primeira fase da adolescência, dos 10 aos 14 anos, quando se iniciam

os comportamentos de risco e onde ainda não existem padrões de comportamento

firmemente estabelecidos. Num estudo realizado por Green e Kreuter (1991) em que

estes tentam apurar quais são os comportamentos que os adolescentes percepcionam

como saudáveis e como problema, concluíram que comportamentos saudáveis são a

abstinência de drogas, o comportamento pró-social e o bem estar pessoal, como

comportamentos contrários à saúde surge o consumo de tóxicos, o comportamento anti-

social e o sexo não protegido, demonstrando assim existir uma consciência real da

distinção entre comportamentos saudáveis e comportamentos de risco.

Quando o jovem se está a desenvolver, existem vários contextos que poderão

contribuir de forma favorável ou desfavorável para o seu crescimento e

desenvolvimento, nomeadamente a família, a escola e os grupos de pares.

Desajustamentos ao nível destes contextos poderão por em causa este desenvolvimento.

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Partindo modelos parentais assentam em práticas educativas da infância, uma criança

tenderá a imitar os modelos disponíveis (Bandura, 1976). Se os severas e intolerantes ou

negligentes e permissivas, se houver historial de delinquência ou consumos aditivos, a

tendência da criança é modelar-se por esses mesmos comportamentos (Matos, 1997).

Na adolescência pode-se já falar da existência de uma crise de identidade (e.g. Erikson,

1968). Segundo este autor o jovem depara-se com um conflito onde terá que definir os

seus limites face às exigências da sociedade. Se este não tiver competências que lhe

permitam ultrapassar este conflito e se decidir adoptar uma identidade negativa para

satisfazer a sua necessidade de ser reconhecido pelos outros, podem surgir os

comportamentos desviantes. Normalmente estes comportamentos têm carácter

provisório, mas quando associados a um conjunto de factores de risco, tais como

famílias negligentes ou com regimes de disciplina inconsistentes, factores ambientais a

sociais, como ambientes de pobreza ou de privação social (Coleman & Hendry, 1999),

poderão tornar-se de carácter permanente e condicionar a vida futura do sujeito.

Investigações indicam que a maior prevalência de comportamentos anti-sociais e

desviantes é durante o período da adolescência (Coleman & Hendry, 1999). Numa

perspectiva cognitivo-comportamental, o comportamento anti-social está associado à

ausência ou défice de determinadas competências (comportamentais, cognitivas e socio-

cognitivas), assim como a presença de processos cognitivos alterados ou distorcidos,

sendo que ambos vão facilitar a utilização de comportamentos anti-sociais (Bizarro,

1999). Existem algumas características que estão presentes nos indivíduos e nos jovens

em particular com comportamentos anti-socias. Estes têm grandes dificuldades em

atingir objectivos normativos do desenvolvimento como por exemplo, fazer amigos,

apresentando grandes lacunas nos comportamentos pró-sociais tais como regulação e

controlo das reacções emocionais excessivas como a ira ou a ansiedade (Hawkins,

Arthur, & Olson, 1997; Schaeffer, Petras, Ialongo, Poduska, & Kellam, 2003). No

entanto algumas investigações evidenciam o facto de a competência social ou a ausência

da mesma não ter que estar necessariamente correlacionada com os comportamentos

anti-sociais. Autores como Leve, Pears e Fisher (2002) e Cairns (2001) evidenciam que

um jovem pode lutar com alguns colegas, ofender e ser agressivo, mas pode continuar a

ser elogiado e admirado pelos amigos, podendo ocorrer aproximação e amizade com

outros jovens com comportamentos anti-sociais semelhantes. Outra característica

apontada por alguns autores como característica de uma conduta anti-social e o uso da

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agressividade e lutas para atingir os objectivos que se pode reflectir em actos

delinquentes (Loeber, 1990; Raine1, Dodge, Loeber, Gatzke-Kopp, Lynam, Reynolds,

Stouthamer-Loeber, & Liu, 2006). Estes jovens têm dificuldades em utilizar um

pensamento divergente em termos de alternativas para a resolução de problemas e

conflitos interpessoais, têm dificuldades de se descentrarem da sua própria perspectiva e

anteciparem as consequências dos seus comportamentos em si e nos outros (e.g.,

Goldstein & Glick, 1987); as distorções cognitivas são frequentemente utilizadas nas

avaliações das situações e da realidade envolvente, assim como de si próprio (e.g.

Barriga & Gibbs, 1996; Edelstein, 2005); a nível sócio-cognitivo, têm frequentemente

pensamentos egocêntricos e baixos níveis de funcionamento e raciocínio sócio-moral

(e.g., Velden et al., 2010; Eisenberg, Miller, Shell, & Shea, 1991; Eisenberg, 2000). A

nível emocional, o adolescente em condição emocional instável e/ou psicológica

perturbada tem maior tendência em desenvolver comportamentos de risco. A sociedade

ou comunidade que está à sua volta não lhe confere confiança e estabilidade para a

suposta ordem e progresso (Silva, 2008), o que o leva muitas vezes a optar pelo

caminho da delinquência e consumo de substâncias (Schaeffer et al., 2003; Dryffos et

al., 2006).

Vários estudos têm vindo a relacionar diversos factores de risco com o bem-estar

nos adolescentes, e nomeadamente relacionados com a conduta anti-social e

delinquente, alguns deles prendem-se com variáveis demográficas já enunciadas

anteriormente, como por exemplo o nível socioeconómico (e.g. Feldmen & Elliott,

1990; Adler et al., 1994; DuBois, Felner, Meares, & Krier, 1994; Cicognani et al.,

2008), e as adversidades familiares (ligadas a violência, criminalidade, abuso de

substâncias, problemas familiares) (Reid, Patterson, & Snyder, 2002; Moffitt, 2003;

Dickson, Emerson, & Hatton, 2005).

Considerando que a aquisição de competências pró-sociais possibilita ao sujeito

e mais especificamente ao jovens um maior bem-estar e auto-estima e menores níveis de

depressão, ansiedade, delinquência e comportamentos anti-sociais (e.g. Segrin et al.,

2007; Diener & Fujita, 1995; Rubin, Dwyer, Booth-LaForce, Kim, Burgess, & Rose-

Krasnor, 2004), pode-se considerar que jovens que por diferentes razões não adquiriram

essas competências no seu desenvolvimento, são jovens de risco e potenciais alvos de

um menor bem-estar psicológico. Autores como Sørlie, Hagen e Ogden (2008)

evidenciaram nas suas investigações que tanto o comportamento pro-social como o anti-

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social tem elevados níveis de estabilidade ao longo da adolescência, pelo que é essencial

a prevenção e promoção ao nível dos jovens de risco. Estes jovens deverão ser

merecedores de especial atenção por parte de técnicos, num âmbito institucional, no

sentido de ocorrer uma intervenção preventiva ou promocional com os mesmos, com o

objectivo de aumentar as suas competências pessoais e sociais. Das várias metodologias

existentes que visam um aumento de competências sociais em jovens com défices a este

nível, os modelos cognitivo-comportamentais têm-se mostrado significativamente

eficazes para esta população (Bizarro, 1991; Mulvey, 1993; Stein & Danis, 1983, citado

em Bizarro, 1995). Bizarro (1995) categorizou as vastas intervenções cognitivo-

comportamentais em três grupos, as metodologias que promovem as competências

sociais (comunicação interpessoal assertiva e resolução de problemas interpessoais),

metodologias que visam o desenvolvimento de competências de auto-controlo e de

regulação emocional e metodologias que visam o desenvolvimento de competências

sócio-cognitivas (descentração e raciocínio sócio-moral).

2.3. Promoção de Competências Pessoais e Sociais na Adolescência

Tendo em consideração que o constructo que iremos relacionar com o bem-estar

psicológico na adolescência é o conceito de competências pessoais e sociais, iremos

proceder à revisão do conceito e da sua relação e importância para o bem-estar.

Competências sociais podem ser vistas como competências de vida, de adaptação aos

diversos contextos e ambientes do sujeito, pertencentes ao seu reportório das

competências pessoais (Matos, 1997). O interesse pelos aspectos evolutivos do

desempenho social é relativamente antigo na psicologia. Praticamente todas as teorias

de desenvolvimento abordam a questão da socialização e da importância das interacções

e relações sociais enquanto factores de saúde mental e desenvolvimento (Silva, 2004).

Da revisão de literatura que Silva (2004) realizou, conceptualizou os vários modelos

teóricos associados às competências sociais existentes. São eles, o Modelo da

Assertividade (Wolpe, 1971; Eisler, Miller & Herson, 1973; Harold et al., 1976), o

Modelo da Percepção Social (Argyle, 1967,1994; Morrison & Bellack, 1981), o Modelo

da Aprendizagem Social (Bandura, 1977), o Modelo Cognitivo (Ladd & Mize, 1983;

Mischel, 1973; Spivack & Shure, 1982) e o Modelo da Teoria dos Papéis (Thibaut &

Kelley, 1959; Kelly, 1955). Todos estes modelos estudam e explicam o conceito e

dinâmica das competências sociais, assim como os factores associados às mesmas.

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Actualmente a perspectiva mais considerada pelos diversos autores é um modelo

integrativo que considera este domínio como biopsicossocial, onde factores biológicos,

psíquicos e sociais interagem reflectindo-se no seu funcionamento social (Beaucham &

Anderson, 2010). Estes autores desenvolveram um modelo que denominaram SOCIAL,

onde explicam os factores externos e o desenvolvimento cerebral como mediadores que

interagem com as funções cognitivas do sujeito (atenção-execução, comunicação,

tarefas sócio-emocionais), e esta interacção que vai determinar o nível de competência

social do sujeito (Beaucham & Anderson, 2010).

Desde a infância que a criança inicia o processo de socialização que se perpetua

na adolescência. À medida que este se vai desenrolando, vão se acumulando as

vantagens sociais e as possibilidades de aprendizagem social à medida que vão sendo

aceites pelos grupos de pares. O contrário vai acontecendo com as crianças que não vão

adquirindo essas competências e que vão sendo ignoradas ou pouco aceites pelos grupos

de pares (Matos, 1997; Dereli, 2009). Esta falência no processo de socialização e

aquisição das principais competências pessoais e sociais tem profundas consequências

para o indivíduo e pode comprometer o futuro desenvolvimento e ajustamento do

sujeito, tanto a nível pessoal como social (Beaucham & Anderson, 2010). Existe uma

correlação positiva entre esses défices e uma variedade de problemas como:

perturbações nos comportamentos dos adolescentes, baixa auto-estima, dificuldades

escolares, suicídio, problemas conjugais, além dos quadros clínicos como a depressão e

a esquizofrenia (Pope, 1986; Beaucham & Anderson, 2010). As dificuldades de

relacionamento interpessoal por ausência ou défice destas competências muitas vezes

reflectem-se através do isolamento social ou por outro lado por meio da agressividade.

E verifica-se que jovens com maior isolamento social são os que reportam níveis mais

baixos de bem-estar psicológico (Bizarro, 1999).

Grande parte destas dificuldades no relacionamento interpessoal/problemas de

comportamento social provêm de um défice no reportório comportamental aprendido ou

dificuldade em usar determinadas competências como a assertividade, regulação

emocional, resolução de problemas. No entanto, estas lacunas, de acordo com vários

estudos podem ser ultrapassadas através de programas de competências pessoais e

sociais de intervenção directa sobre o indivíduo e sobre o seu envolvimento relacional

(Matos, 1997; Biglan, Brennan, Foster, & Holder, 2004).

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Em Portugal, existem desenvolvidos diversos programas de promoção de

competências pessoais e sociais. Um grupo de treino de competências pessoais e sociais

tem como objectivo a aquisição de competências necessárias ao bom desenvolvimento

físico, psicológico e social do jovem nomeadamente ao nível da assertividade,

capacidade de escuta activa, relacionamento interpessoal, descentração entre outras. A

criação deste grupo pode ter um objectivo terapêutico, preventivo ou promocional

(Matos, 1997). A maioria deste tipo de intervenção é estruturada em programas de

sessões que tem uma duração limitada no tempo e normalmente são articuladas ao nível

das escolas, comissões de protecção de crianças e jovens, forças policiais e IPSS. Nos

últimos anos esta é uma realidade que se está a implementar cada vez mais,

nomeadamente ao nível das zonas periféricas das grandes áreas urbanas, procurando-se

desta forma diminuir as enormes disparidades destes bairros populacionais,

promovendo uma integração social, ao nível pessoal, escolar e profissional neste caso

dos jovens, de forma a prevenir comportamentos de risco que possam condicionar o

desenvolvimento dos mesmos (Matos, 1997; Dryfoos & Barkin, 2006). Vários autores

têm estudado a eficácia destes programas e os seus resultados. Esta avaliação da eficácia

tem sido feita em termos dos ganhos positivos relacionados com características dos

sujeitos, do programa e do técnico e não em termos de “foi ou não foi eficaz?”

(Goldstein, 1980). Por outro lado são poucos os estudos que avaliam a eficácia de uma

intervenção promocional mais alargada no tempo, organizada não em termos de sessões,

mas em termos de actividades continuadas ao longo do tempo, com uma organização

semi-estruturada. Actividades estas com objectivos delineados mas adaptadas ao

contexto e tempo real dos jovens e considerando as suas necessidades e as suas

intervenções. Estas actividades podem envolver dinâmicas de grupo, reflexões,

articulação com mecanismos informáticos ou métodos lúdicos. Nelas, pode-se procurar

optimizar então a comunicação interpessoal tanto a nível verbal como não verbal,

nomeadamente ao nível da assertividade, procuram aumentar e trabalhar as habilidades

sociais, procuram estimular a capacidade de resolução de problemas, nomeadamente ao

nível da gestão de conflitos.

2.4. Promoção de Competências Pessoais e Sociais e Bem-Estar

A relação entre as competências pessoais e mais especificamente as sociais com

o constructo de bem-estar tem vindo a ser estudadas por alguns autores (e.g. Diener &

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Fujita, 1995; Segrin & Taylor, 2007). Sendo o bem-estar psicológico uma meta e

objectivo para os psicólogos a investigação tem vindo a estudar as melhores formas de o

promover. Como o nosso estudo se prende essencialmente na relação das competências

pessoais e sociais e o bem-estar, iremos focar apenas estas variáveis e não todo um

conjunto vasto de intervenções delineadas com o objectivo de promover o bem-estar.

Como foi referido anteriormente, a promoção de competências pessoais e sociais

pode ser desenvolvida por meio de actividades que podem ocorrer em contexto escolar

ou mesmo em contexto institucional. Investigações têm demonstrado que a participação

em actividades fora do âmbito escolar está associada a um menor abandono escolar, a

uma diminuição dos problemas de comportamento, melhoria da performance escolar,

está igualmente relacionada com a construção de relações interpessoais positivas,

competências e recursos positivos necessários para tornar-se um jovem adulto activo e

produtivo. A participação nessas actividades são óptimas oportunidades de

desenvolvimento e crescimento, estas promovem a auto-estima e previnem índices de

depressão (Howie, Lukacs, Pastor, Reuben, & Mendola, 2010).

As competências sociais têm estado muito associadas ao bem-estar,

nomeadamente à linha de investigação sobre bem-estar subjectivo. Um estudo de Diener

e Fujita (1995) por exemplo, com cerca de 195 estudantes, que relacionou vários

recursos pessoais como, dinheiro, suporte familiar, competências sociais e inteligência

com bem-estar subjectivo concluiu que relativamente às competências sociais existe

uma forte relação com o bem-estar, considerando uma avaliação idiográfica dos

objectivos do sujeito. De uma forma geral, pode-se considerar que a aquisição desses

recursos pessoais, nomeadamente as competências sociais aumentará a capacidade de

estabelecer relações sociais saudáveis o que se poderá reflectir num maior bem-estar

psicológico. Segundo a abordagem comportamentalista, a aquisição de competências

sociais estará relacionada com respostas e interacções sociais positivas e a ausência

destas poderá levar a respostas sociais negativas, o que terá implicações ao nível do

bem-estar psicológico do sujeito (Segrin et al., 2007).

Outro estudo de Argyle e Lu (1990) procurou identificar a relação entre

competências sociais e bem-estar, num intervalo de cinco meses. Para avaliar as

competências sociais usaram-se medidas tais como Ansiedade Social, Asserção,

Resolução de Conflitos. Os resultados evidenciaram uma elevada correlação entre o

bem-estar e as competências sociais, evidenciando que os sujeitos com valores mais

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elevados de bem-estar, eram aquelas que tinham valores mais elevados nas medidas de

competências sociais e menores na ansiedade social, por outro lado os que

evidenciavam menor bem-estar, apresentavam também valores mais baixos nas

competências sociais. Todos estes estudos evidenciam a importância da aquisição e

desenvolvimento de competências sociais para a promoção do bem-estar psicológico,

sendo que estes assim como outras investigações (e.g. Headey, Holsmtrom, & Wearing,

1985, citado em Bizarro) evidenciam que uma falência a este nível, poderá levar ao

isolamento social, quando os indivíduos apresentam fracas capacidades para a resolução

de conflitos interpessoais, para se relacionar assertivamente com os outros, quando

evidenciam poucas competências de regulação emocional, nomeadamente ao nível da

ansiedade e da agressividade assim como quando tem maiores dificuldades em

desenvolver uma rede de amigos e de apoio social, que como se verificou anteriormente

é imprescindível para um maior bem-estar, desta forma, estes indivíduos vêem

diminuídas as possibilidades de um bem-estar psicológico. Vários autores investigaram

as consequências da falência ao nível das competências pessoais e sociais, seja na sua

aquisição, ou na sua manifestação. Jovens com baixas capacidades de competências

pessoais exibem reacções psicológicas e comportamentais mais intensas e disfuncionais

do que jovens com boas competências sociais, nas interacções do dia-a-dia (Tanaka,

Aikawa, & Kosugi, 2002), estando mais propícios ao desenvolvimento de problemas

psicológicos como depressão (Segrin et al., 2007).

Alguns autores referem que as competências sociais envolvem a capacidade de

integrar cognição, afecto e comportamento para resolver e ultrapassar determinadas

tarefas e ter um desenvolvimento positivo, ou seja, um maior bem-estar poderá derivar

do sentido de auto-eficácia na realização das tarefas, da presença de afectos positivos e

do sentido de autonomia (Matos, 1997). São várias as competências sociais que estão

relacionadas com o aumento de bem-estar psicológico. Por exemplo, a habilidade de

comunicar e interagir de forma eficaz com os outros está associada com um enorme

número de consequências psicológicas e sociais positivas (Segrin et al., 2007). Na

revisão de literatura que Segrin et al. (2007) fizeram, reuniram elementos de diversas

investigações e autores que mostram esta relação. Relatam que pessoas com boas

competências sociais ou de comunicação tendem a evidenciar maiores níveis de auto-

estima (Riggio, Throckmorton, & DePaola, 1990), maior satisfação com as interacções

sociais (Flora & Segrin, 1998), e uma maior percepção de suporte social (Riggio &

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32

Zimmerman, 1991), do que indivíduos com fracas competências sociais. Pessoas com

habilidades sociais eficientes são mais capazes na obtenção de apoio da sua rede social,

quando confrontadas com situações de stress e isso irá ajuda a minimizar o impacto do

evento stressor (Segrin et al., 2007), o que se poderá reflectir numa vivência de maior

bem-estar.

2.5. Estudo Empírico

2.5.1.Questões de Investigação:

O presente estudo irá incidir essencialmente em algumas questões, que parecem

ser essenciais na compreensão do Bem-Estar na Adolescência e das variáveis que se

possam relacionar com o mesmo. Pretende-se sobretudo avaliar e correlacionar a

promoção de competências pessoais e sociais de forma continuada e semi-estruturada

com o Bem-Estar Global, mais especificamente pretende-se avaliar se o aumento da

promoção das competências sociais tem influencia nos níveis de Bem-Estar Global em

jovens provenientes de uma população em risco de exclusão social que frequenta um

Espaço Jovem de uma IPSS. Por outro lado pretende-se averiguar como é que as

seguintes dimensões, ANS, ECP, ECN, AS e PC se correlacionam com os níveis de

bem-estar neste tipo de população.

Desta forma as principais questões de investigação são:

- As actividades promotoras de competências pessoais e sociais aplicadas de

uma forma prolongada no tempo e semi-estruturadas estarão correlacionadas com a

promoção do bem-estar em jovens provenientes de contexto em risco de exclusão

social?

- Estarão as dimensões Cognitiva-Emocional-Positiva, Apoio Social e Percepção

de Competências mais relacionadas com a presença de promoção de competências?

- Estarão as dimensões Cognitiva-Emocional Negativa e Ansiedade mais

correlacionadas com a ausência de promoção de competências?

2.5.2. Hipóteses de Estudo:

As hipóteses que se delinearam para este estudo a partir da revisão feita foram:

- As actividades promotoras de competências pessoais e sociais decorridas

durante um período de tempo continuado estão correlacionadas com os níveis de Bem-

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33

Estar Global dos jovens em contexto institucional. Espera-se que os jovens que

frequentaram as actividades realizadas ao longo de uns meses apresentem maiores

níveis de bem-estar que os jovens da mesma população que não usufruíram deste tipo

de intervenção.

- Os jovens que têm promoção de competências possuem maior percepção de

apoio social, sendo que jovens que não usufruem desta intervenção apresentam menor

percepção de apoio social.

- Os jovens que têm promoção de competências pessoais e sociais apresentam

maior percepção das suas competências, sendo que os jovens que não usufruem desta

intervenção possuem menor percepção das suas competências.

- Os jovens que têm promoção de competências pessoais e sociais apresentam

mais cognições e emoções de valência positivas e menos cognições e emoções de

valência negativas, sendo que os jovens que não usufruem desta intervenção possuem

mais cognições e emoções negativas e menos cognições e emoções positivas.

- Os jovens que têm promoção de competências pessoais e sociais apresentam

menores níveis de ansiedade, sendo que os jovens que não usufruem desta intervenção

possuem maiores níveis de ansiedade.

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34

3 – METODOLOGIA

3.1. Tipo de estudo

O presente estudo de avaliação é de carácter quantitativo, sendo de natureza

exploratória. É composto por um momento de avaliação: um momento de aplicação do

questionário ABEPA após um período de aplicação de actividades promotoras de

competências pessoais e sociais. A implementação das actividades decorreu de Outubro

de 2009 a Junho de 2010. As variáveis dependentes contempladas neste estudo são os

resultados obtidos nas diversas sub-escalas do questionário, assim como os resultados

alcançados no teste psicométrico aplicado. A variável independente é o facto de os

jovens usufruírem ou não da promoção de competências pessoais e sociais.

3.2. Descrição das Actividades

A intervenção delineada para o grupo de jovens do Espaço Jovem partiu da

avaliação dada pela instituição, nomeadamente o défice ao nível de competências

pessoais e sociais em jovens considerados de risco, pela própria valência. Esta

intervenção foi tendo em vista vários objectivos delineados, no entanto a sua aplicação

foi feita de forma continuada e à medida das necessidades do dia-a-dia dos jovens.

Pode-se então considerar que as actividades eram semi-estruturadas, ou seja, existiram

objectivos a serem atingidos mas com actividades adaptadas às necessidades do grupo.

Desta forma havia uma pré-plano da actividade a ser elaborada e das competências a

trabalhar, mas o conteúdo temático da mesma era muitas vezes proposto pelos próprios

jovens. As sessões passavam por dinâmicas de grupo, debate de ideias e trabalhos de

expressão plástica sobre o tema que depois ficavam fixados na parede como reforço ao

trabalho elaborado.

As actividades promotoras de competências decorreram ao longo de um período

de 9 meses, com uma periodicidade bissemanal, sendo realizadas o total de cerca de 40

actividades ao longo deste período. A duração média de cada actividade era de 60/90

minutos.

A descrição das actividades implementadas no Espaço Jovem que é apresentada

de seguida tem uma divisão meramente conceptual, em termos de objectivos, pois na

pratica, durante a implementação das actividades não se realizou esta divisão, sendo que

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35

na mesma actividades poderia haver junção de objectivos em termos de promoção de

diferentes competências em simultâneo.

Seguidamente apresenta-se a descrição das actividades em termos dos objectivos

que se definiram como necessidades comportamentais, cognitivas e emocionais dos

jovens:

Actividades promotoras de competências de Auto-controlo e Regulação Emocional

Com o objectivo de promover o auto-controlo e a capacidade de regulação

emocional delinearam-se actividades de role-play a partir de situações potenciadoras de

emoções disfuncionais como agressividade, impulsividade, ansiedade, ira e frustração.

Desenvolveram-se actividades reguladoras de tensão tais como relaxamento muscular e

técnica de respiração diafragmática. Também se promoveram a pratica de auto-

instruções funcionais que levassem à regulação emocional e maior auto-controlo.

Actividades promotoras de competências de resolução de conflitos

Com o objectivo de promover nos jovens capacidades de resolver problemas e

conflitos interpessoais e nomeadamente potenciar várias sub-competências como

pensamento causal, pensamento alternativo, pensamento consequencial, pensamento

meio-fim, procurou-se realizar actividades de role-play, dinâmicas e reflexões de grupo.

Actividades promotoras de competências comunicacionais

Com o objectivo de promover a capacidade de comunicar assertivamente e

diminuir a comunicação passiva e/ou agressiva desenvolveram-se dinâmicas de grupo e

role-play onde os jovens puderam experimentar a comunicação assertiva e ver as

diferenças das restantes formas de comunicar, nomeadamente ao nível das

consequências que advém destas.

Actividade promotoras de competências sócio-morais

Com o objectivo de promover capacidades de raciocínio sócio-moral e de

descentração realizaram-se actividades de grupo nas quais se apresentaram ao grupo

dilemas morais que promovem experiências de conflito cognitivo que levam ao avanço

do nível de pensamento sócio-moral. Procurou-se incluir nos dilemas morais situações

próximas do quotidiano dos jovens para que mais facilmente aderissem à actividade.

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36

3.3 – Amostra

Constituíram-se 2 grupos para a elaboração da amostra.

Ambos os grupos pertencem à Freguesia do Laranjeiro, sendo residentes

nomeadamente em Bairros Camarários/Sociais, apresentando-se este como um factor de

risco. Outros factores de risco incluem o serem provenientes de famílias beneficiárias

do RSI (Rendimento Social de Inserção) e serem acompanhadas pelas equipas deste tipo

de rendimento do estado, serem provenientes de famílias com elevada taxa de

desemprego, absentismo escolar e baixo nível académico. Um dos grupos foi

seleccionado de um Espaço Jovem pertencente a uma IPSS. Uma IPSS trata-se de uma

Instituição Particular de Solidariedade Social que tem por finalidade: “o exercício da

acção social na prevenção e apoio nas diversas situações de fragilidade, exclusão ou

carência humana, promovendo a inclusão e a integração social, desenvolvendo para

tal, diversas actividades de apoio a crianças e jovens, à família, juventude, terceira

idade, invalidez e, em geral, a toda a população carenciada”.

A ASDL (Associação de Solidariedade e Desenvolvimento do Laranjeiro) é

então uma IPSS, e o Espaço Jovem, pertencente a esta Instituição, é a valência de onde

se retirou a amostra que beneficiou das actividades de promoção de competências ao

longo do ano. O grupo é constituído por 42 jovens dos 11 aos 19 anos. Todos os jovens

encontram-se em percurso escolar/formativo. O segundo grupo foi seleccionado da

mesma localidade e é constituído por 44 jovens com idades compreendidas entre os 11 e

os 19 anos. Estes jovens encontram-se também inseridos num currículo escolar mas não

beneficiam de qualquer actividade promotora de competências incutida a nível

institucional.

Relativamente ao género, o Grupo 1 tinha 36% de raparigas (N =15) e 64% de

rapazes (N = 27). No Grupo 2 havia 45% de raparigas (N = 20) e 55% de rapazes (N =

24).

Seguidamente apresentam-se os diferentes gráficos que caracterizam os sujeitos

da amostra relativamente a Escolaridade e Empregabilidade dos Pais.

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ESCOLARIDADE (GRUPO 1)

02468

10121416

ENSINO PRIM

ÁRIO

5º ANO

6º ANO

7º ANO

8º ANO

9º ANO

10º A

NO

11º A

NO

12º A

NO

ESCOLARIDADE

Figura 4.1. Frequência dos jovens do Grupo 1 relativamente à sua escolaridade.

ESCOLARIDADE (GRUPO 2)

02468

101214

ENSINO PRIM

ÁRIO

5º ANO

6º ANO

7º ANO

8º ANO

9º ANO

10º A

NO

11º A

NO

12º A

NO

ESCOLARIDADE

Figura 4.2. Frequência dos jovens do Grupo 1 relativamente à sua escolaridade.

EMPREGABILIDADE (GRUPO1)

0

5

10

15

20

25

EMPREGADO DESEMPREGADO NÃO SABE

PAIMAE

Figura 4.3. Frequência dos Pais do Grupo 1 relativamente à sua empregabilidade.

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EMPREGABILIDADE (GRUPO 2)

0

5

10

15

20

25

EMPREGADO DESEMPREGADO NÃO SABE

PAIMÃE

Figura 4.4. Frequência dos Pais do Grupo 2 relativamente à sua empregabilidade.

3.4. Medidas

EBEPA – Escala de Bem-Estar Psicológico para Adolescentes

A Escala de Bem-Estar Psicológico para Adolescentes (EBEPA) é um

instrumento de avaliação do bem-estar psicológico na adolescência que pode ser

aplicado dos 12 aos 18 anos, que foi desenvolvida por Bizarro (1999). Esta possibilita o

despiste dos jovens em dificuldades, mas também tem utilidade para as intervenções de

carácter clínico, permitindo avaliar o funcionamento nos diferentes domínios e

principais dificuldades, o que seguidamente pode ser utilizado em termos de processo

terapêutico, nomeadamente na tomada de decisão clínica face aos objectivos e

planeamento da intervenção, para além de constituir um instrumento de trabalho na

promoção do bem-estar psicológico, através da elaboração de programas que permitam

diminuir os factores que contribuem para um menor bem-estar.

As qualidades psicométricas deste instrumento foram avaliadas a partir de

estudos de validação psicométrica, tendo apresentado bons valores de precisão

relativamente à adequabilidade das cinco dimensões propostas como integrantes do

constructo de bem-estar psicológico dos adolescentes, sendo que os valores Alpha de

Cronbach de cada sub-escala oscilam entre .85 e .90, indicando boas consistências

internas.

A EBEPA trata-se de um instrumento com 28 itens, no qual os jovens

respondem num formato de rating scale com uma escala de 6 pontos, relativa à auto-

avaliação da frequência de ocorrência de cada item no seu caso pessoal. Os 6 pontos

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estão ordenados desde uma frequência de ocorrência elevada até uma frequência de

ocorrência nula. O número de pontos par está associado à necessidade de evitar uma

utilização frequente do ponto médio da escala, evitando assim o enviesamento de

respostas por tendência central. O processo de auto-avaliação incide no espaço de tempo

das últimas semanas. A apresentação do instrumento tem um formato de questionário

impresso, de resposta escrita simbolicamente através de uma cruz numa das seis opções

de resposta.

3.5. Procedimento

Para o preenchimento da EBEPA solicitou-se um acordo com uma IPSS

(Instituição Particular de Solidariedade Social), a ASDL, a Associação de Solidariedade

e Desenvolvimento do Laranjeiro. Houve a colaboração da Instituição nomeadamente

cedendo a autorização e espaço para a aplicação dos questionários aos utentes da

mesma. Relativamente aos jovens não utentes contou-se com apoio das Equipas de RSI

da Instituição que sinalizaram os jovens e famílias com as características pretendidas

sendo que os contactos foram feitos posteriormente. Os jovens com menos de 15 anos

levaram autorizações para os encarregados de educação permitirem o preenchimento do

questionário posteriormente. Estabeleceu-se este limite de idade por se considerar que a

partir dos 16 anos o jovem atinge a maioridade penal e como tal passa a estar

responsável pelos seus actos. Foi sempre dada instrução aos jovens sobre o correcto preenchimento dos

questionários, assim como foi garantida a confidencialidade das suas respostas seguindo

os critérios éticos da Américan Psychological Association (APA).

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4 – RESULTADOS

Seguidamente apresentam-se os resultados relativos à hipótese elaborada para o

presente estudo, nomeadamente à comparação das médias da Escala de Bem-Estar

Global do Grupo Experimental e do Grupo de controlo através de um teste Paramétrico.

Uma vez obtidos os dados relativos à aplicação da EBEPA ao Grupo

Experimental e ao Grupo de Controlo, procedeu-se à avaliação de dois pressupostos

essenciais à aplicação do Teste Paramétrico:

Pressuposto 1: Normalidade dos Resultados da Amostra.

Este pressuposto exige que a variável dependente (Média da Escala Global de Bem-

Estar Psicológico) possua distribuição normal.

De forma a verificar se a distribuição dos resultados da Amostra é Normal

procedeu-se à aplicação do Teste de Kolmogorov-Smirnov. Todas as análises foram

efectuadas com o Software SPSS, versão 16.

Os resultados mostraram uma significância = .20 maior .05

Como a amostra < 50 procedeu-se à realização do teste de Shapiro-Wilk para confirmar

a normalidade da mesma. Os resultados mostraram uma significância igual a .673 para o

Grupo Experimental e .449 para o Grupo de Controlo, confirmando-se uma vez mais a

normalidade da distribuição das amostras.

Pressuposto 2: Homogeneidade das Variâncias.

Este pressuposto exige que as variâncias populacionais sejam homogéneas. De

forma a verificar a homogeneidade das variâncias procedeu-se à aplicação do teste de

Levene, por ser um teste particularmente robusto a desvios da normalidade. Os

resultados confirmaram a homogeneidade das variâncias populacionais, estimadas a

partir da amostra (p > .05).

Procedeu-se à comparação das médias relativamente ao bem-estar geral nos

jovens que usufruem de promoção de competências pessoais e sociais de forma

continuada e semi-estruturada e a média dos jovens que não usufruem de promoção de

competências pessoais e sociais.

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Utilizou-se o teste paramétrico t-Student para amostras independentes, depois de

verificados os pressupostos, normalidade das distribuições e a homogeneidade de

variâncias nos dois grupos.

O resultado do teste paramétrico foi: t (84) = 5.16; p ≤ .01. Pode se afirmar com

99% de confiança que a diferença entre as médias dos grupos é significativa, ou seja, o

grupo experimental apresenta uma média de bem-estar significativamente superior ao

do grupo de controlo.

Relativamente à comparação das diferentes sub-escalas e escala global do

instrumento de avaliação obtiveram-se os seguintes resultados:

Quadro 4.1

Comparação de Resultados Obtidos na Escala Global e nas Sub-Escalas da EBEPA

entre o Grupo Experimental e o Grupo de Controlo

EBEPA

(Bizarro, 1999)

Grupo

Experimental

Grupo de

Controlo

t*

M SD M SD

Escala Global

4.63 0.60

3.82 0.83

5.16

Cognitiva Emocional Negativa

2.18 0.83

2.90 0.85

-3.98

Cognitiva Emocional Positiva

4.68 0.85

3.65 0.91

5.44

Apoio Social

4.69 1.05

3.99 1.36

2.67

Ansiedade

2.52 0.78

3.27 0.88

-4.15

Percepção de Competências

3.85 0.62

3.31 0.60

4.11

Nota *- significativo para p < .01

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42

Os resultados evidenciam que existem uma diferença estatisticamente

significativa entre o grupo experimental (grupo que usufruiu de forma continuada a

promoção de competências pessoais e sociais) e o grupo de controlo (grupo que não

usufruiu da promoção de competências pessoais e sociais).

Na Escala Global de Bem-Estar Psicológico, os jovens do grupo experimental

apresentam resultados mais elevados (M= 4.63) do que os jovens do grupo de controlo

(M= 3.82), evidenciando níveis mais elevados de bem-estar global no jovens que

frequentam o Espaço Jovem e que portanto usufruem de actividades promotoras de

competências pessoais e sociais.

Relativamente à comparação das sub-escalas nos dois grupos, também se

verificou uma diferença estatisticamente significativa entre todas as sub-escalas.

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43

5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES

Os resultados apresentados sugerem que o bem-estar psicológico global poderá

estar correlacionado com uma intervenção ao nível da promoção de competências.

Verificou-se uma diferença estatisticamente significativa (p ≤ 0.01) entre o grupo

experimental e o grupo de controlo relativamente à Escala de Bem-Estar Global da

EBEPA. Sendo um estudo exploratório procurou-se comparar dois grupo de jovens, o

grupo experimental que usufruiu de promoção de competências durante o período de 9

meses e o grupo de controlo que não usufruiu. Os resultados demonstraram que o grupo

experimental apresenta níveis de bem-estar superiores aos do grupo de controlo. Este

resultado vem confirmar uma das hipóteses levantadas neste estudo: As actividades

promotoras de competências pessoais e sociais decorridas durante um período de tempo

continuado estão correlacionadas com os níveis de bem-estar global dos jovens em

contexto institucional. Espera-se que os jovens que frequentaram as actividades

realizadas ao longo de uns meses apresentem maiores níveis de bem-estar que os jovens

da mesma população que não usufruíram deste tipo de intervenção.

A presença de um maior bem-estar global no grupo experimental pode estar

correlacionada com a promoção de competências pessoais e sociais efectuada ao longo

de um período de 9 meses. Este programa foi delineado para treinar algumas

competências pessoais e sociais que carecem nesta população em risco de exclusão

social, com elevadas carências económicas. Estes dados, assim como a avaliação dos

défices pessoais e sociais foram referenciados pela própria instituição. Tal como foi

referido na literatura, estas condições sociais e comunitárias constituem factores de risco

para estes jovens, podendo influenciar o seu bem-estar (Adler et al., 1994; Cicognani et

al., 2008), daí se ter verificado a importância de intervir no reportório pessoal e social

para que o desenvolvimento destes jovens ocorra de uma forma saudável. Tendo em

consideração o que foi igualmente referido na revisão de literatura, pode-se evidenciar a

relação entre a ausência de competências pessoais e sociais e um menor bem-estar,

podendo ocorrer maior propensão para perturbações psicológicas e um auto-conceito

negativo (Silva, 2004; Tanaka et al., 2002). Os resultados evidenciam estes mesmos

pressupostos teóricos, ou sejam, o grupo de controlo que não teve qualquer tipo de

promoção de competências pessoais e sociais apresenta níveis de bem-estar

significativamente menores que o grupo experimental.

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44

A relação entre as competências sociais e bem-estar é evidenciada na revisão de

literatura por exemplo pelo modelo de Ryff (1989) sobre as necessidades humanas e

dimensões do bem-estar, onde se evidencia que as relações positivas são promotoras do

mesmo. Ao promover as capacidades de os jovens se relacionarem com os outros de

forma positiva e consigo próprios, está-se igualmente a promover o bem-estar dos

mesmos (Segrin et al., 2007; Diener e Fujita, 1995). Os jovens ao longo dos 9 meses

frequentaram um Espaço onde decorreram as actividades promotoras de competências,

simultaneamente, no mesmo espaço, estes puderam conviver socialmente. Ao promover

as suas competências sociais durante o período continuado de tempo, aumentou-se a

possibilidade de estes jovens aumentarem a sua rede social e eficácia ao nível das

relações. E tal como é referido na revisão de literatura, um dos níveis do sujeito que é

preditivo do seu bem-estar são as relações sociais (Sheldon et al., 2007, Sheldon, 2004).

Tal como se averiguou na revisão de literatura, os jovens com uma maior rede de apoio

social, contactos sociais, amigos, são os que reportam níveis mais elevados de bem-estar

(Bizarro, 1999), desenvolvendo um auto-conceito positivo, maior auto-estima e auto-

eficácia (Silva, 2004; Riggio et al., 1990), o que resulta em níveis mais elevados de

bem-estar.

Tal como vimos na revisão de literatura várias teorias ligadas ao bem-estar

poderão ajudar na interpretação destes resultados. As teorias integrativas do Bem-Estar

Subjectivo, referentes ao modelo Top-Down e Bottom-Up (Diener & Ryan, 2009),

evidenciam que tanto as dimensões gerais da personalidade como a natureza das

circunstâncias de vida influenciam a forma como a pessoa interpreta os eventos da sua

vida e é esta interpretação que vai influenciar o bem-estar do sujeito (Brief et al. 1993).

Em algumas actividades, por exemplo, procurou-se trabalhar as crenças que os jovens

tinham relativamente aos comportamentos agressivos, motivando-os para novos

significados dos comportamentos e das situações, promovendo a capacidade de

descentração, resolução de conflitos e regulação emocional. Desta forma foi possível

modificar as interpretações atribuídas aos comportamentos agressivos, através de uma

mudança cognitiva e comportamental, que aparenta estar correlacionada com um maior

bem-estar. Neste estudo, não se consideraram os traços de personalidade como variável,

pelo que não foi possível avaliar o seu efeito nos resultados.

Depois de comparar a Escala do Bem-Estar Global, procurou-se comparar as

sub-escalas nos dois grupos da amostra, o grupo experimental e o grupo de controlo.

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45

Relativamente à Sub-escala Cognição-Emoção Negativa (CEN), os resultados

evidenciaram que existe uma diferença estatisticamente significativa entre os dois

grupos. Os jovens do grupo de controlo apresentam níveis mais elevados nesta escala, o

que poderá estar relacionado com uma maior frequência de auto-verbalizações

negativas, que se podem reflectir em sintomas de ansiedade e depressão (Treadwell &

Kendall, 1996), e consequentemente um menor bem-estar. Também neste grupo, onde a

sub-escala CEN foi mais elevada, existe mais frequentemente emoções negativas. Por

outro lado, esta escala encontra-se menos elevada no grupo experimental, o que

corrobora uma das hipóteses do estudo: Jovens com baixo nível de cognição-emoção

negativa apresentam níveis mais elevados de bem-estar. Relativamente à intervenção

que se fez no grupo experimental a maioria das técnicas foram baseadas em

pressupostos cognitivo-comportamentais. Ao procurar-se trabalhar as auto-

verbalizações negativas e as percepções negativas de situações nomeadamente na

regulação de emoções como agressividade, foram-se modelando e reestruturando auto-

verbalizações e respostas adaptativas e diminuindo as mais negativas e desajustadas o

que poderá ter contribuído para o aumento do bem-estar psicológico (Kendall &

MacDonald, 1993) neste grupo. Segundo a revisão de literatura, numa vertente

cognitivo-comportamental, cognições e emoções estão interligadas (Kendall, 1991),

sendo que as reacções emocionais poderão derivar de fenómenos cognitivos, como os

pensamentos automáticos, no entanto, o próprio estado afectivo poderá conduzir o

sujeito a ter determinados pensamentos perante um determinado acontecimento

(Bizarro, 1999), daí ter-se escolhido as estratégias anteriormente mencionadas para

trabalhar as competências cognitivas e emocionais. Devido à fase em que se encontram,

é frequente os jovens experienciarem estados emocionais negativos, tais como humor

depressivo ou de ansiedade (Petersen, Compas, Brooks-Gunn, Stemmier, & Grant,

1993), tal como se viu na revisão de literatura. A persistência deste tipo de emoções

poderá desencadear problemas psicológicos (Petersen et al., 1993), como consumos

excessivos ou fraco desempenho escolar (Silva, 2004). A amostra era constituída por

adolescentes de risco, e tal como foi referido na revisão de literatura, estes jovens

normalmente com tendência para comportamentos antis-sociais apresentam grandes

défices e dificuldades no controlo das emoções excessivas e agressivas (Feindler &

Fremouw, 1983; Loeber, 1990, citado em Bizarro, 2001), apresentam dificuldades

cognitivas, nomeadamente ao nível do pensamento divergente, presença de distorções

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cognitivas e dificuldades na descentração (e.g. Kendall, 1991; Velden et al. 2010). A

avaliação prévia da instituição teve por base a presença dos indicadores anteriormente

descritos, tornando-se então crucial uma intervenção a este nível, como forma de

prevenir futuras perturbações psicológicas, promovendo alterações ao nível do diálogo

interno dos adolescentes, levando-os à alteração dos estados emocionais e

consequentemente ao desenvolvimento de formas mais adaptativas de construir e dar

significado às suas experiências pessoais, podendo assim promover o seu bem-estar

psicológico (Bizarro, 1999).

A maioria dos autores defende que para existir bem-estar não basta haver

ausência de cognições e emoções negativas, é necessário também estarem presentes os

pensamentos positivos (Kendall, 1991), ambos os pensamentos (positivos e negativos)

são importantes e necessários para um equilíbrio psicológico (Golfried, 1995, citado em

Bizarro). Acrescente-se ainda que o afecto positivo e o afecto negativo são dois factores

independentes do bem-estar tal como se verificou em vários trabalhos ligados ao estudo

do bem estar subjectivo (Diener, 1994, 2000). No instrumento usado, estes também são

considerados como factores independentes, concluindo-se que não basta somente a

ausência ou a presença de um para existir ou não bem-estar no grupo em causa. Destas

evidências pode-se retirar a importância de se avaliar e comparar igualmente a Sub-

Escala Cognição-Emoçao Positiva (CEP).

Relativamente a CEP, verificou-se que o grupo experimental apresenta valores

mais elevados, existindo uma diferença estatisticamente significativa entre os dois

grupos. Estando esta escala mais elevada no grupo que usufruiu a promoção de

competências pessoais e sociais, pode-se concluir que não só se obteve resultados ao

nível da diminuição de cognições e emoções negativas, como se aumentaram as

cognições e emoções positivas, o que se reflecte num maior bem estar neste grupo. As

técnicas cognitivo-comportamentais enunciadas anteriormente foram utilizadas num

sentido de aumentar o reportório emocional dos jovens, possibilitar melhores estratégias

de resolução de conflitos pessoais e sociais e tal como se verificou na revisão de

literatura são vários os autores que enunciam a eficácia destas técnicas no sentido de

aumentar o reportório pessoal e social do jovem (Bizarro, 1995; Romer, 2003),

prevenindo desta forma eventuais comportamentos de risco como já fora referido

anteriormente.

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Relativamente à sub-escala Apoio Social (AS) os resultados apontam novamente

uma diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos, sendo mais elevada no

grupo experimental tal como se esperava, corroborando assim a hipótese delineada no

estudo: Os jovens que têm promoção de competências possuem maior percepção de

apoio social, sendo que jovens que não usufruem desta intervenção apresentam menor

percepção de apoio social.

Tal como é referido na revisão de literatura existe uma relação positiva entre o

apoio social e o bem-estar psicológico, este é considerado como um factor importante

para o desenvolvimento e para a protecção relativamente ao desenvolvimento de

perturbações psicológicas (Silva, 2004). Autores como Chu, Saucier, e Hafner (2010),

recentemente vieram demonstrar a importância da relação entre o apoio social com o

bem-estar, nomeadamente a percepção de apoio social e a presença de bem-estar,

verificando que esta é uma relação positiva, o que vem explicar de alguma forma a

elevação nesta escala, já que o programa de actividades incidiu bastante em

competências de cariz social, nomeadamente ao nível das relações entre pares. E como

já vimos anteriormente as relações saudáveis entre pares são um forte preditivo de bem-

estar (e.g. Segrin et al., 2007; Diener e Fujita, 1995; Sheldon et al., 2007, Sheldon,

2004). Da investigação desenvolvida por Bizarro (1999) constatou-se que todas as

escalas apresentaram um valor preditivo do bem-estar global, no entanto, a escala de

Apoio Social foi a que apresentou menor correlação com o bem-estar global. Neste

estudo verificou-se que a sub-escala de Apoio Social foi a que obteve um resultado mais

positivo e que mais poderá ter contribuído para o bem-estar global. Apesar de ser a

escala com uma correlação menos forte com o bem-estar global segundo a investigação

de Bizarro (1999), esta contribuiu de forma evidente para os resultados evidenciados no

grupo experimental. A importância do grupo de pares é descrita na revisão de uma

forma clara e esta importância é indiscutível, sendo corroborada pelos resultados. O

Espaço Jovem que os jovens frequentam e as próprias actividades promotoras de

competências proporcionam oportunidades ricas de convívio e de aproximação entre

pares. Este é um espaço privilegiado onde os jovens sabem que vão encontrar outros

jovens semelhantes, com as mesmas características e problemáticas. A maioria destas

provem de famílias muito desestruturadas, de um contexto de risco, pelo que acabam

por ver nos técnicos e nos outros jovens figuras de referência com que podem contar.

Muitas das actividades elaboradas permitiram uma abertura e auto-revelação de todos

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que permitiu momentos de partilha e união essenciais a uma percepção de apoio social.

As alternativas às problemáticas enunciadas eram dadas por todos, eram partilhadas em

grupo, o que também poderá ter contribuído para uma maior percepção de apoio social.

A escala seguinte a ser apresentada nos resultados, foi a Escala de Ansiedade

(ANS). Os resultados mostraram que existe novamente uma diferença estatisticamente

significativa entre os dois grupos. Verificou-se que esta escala se encontra mais elevada

no grupo de controlo o que pode ajudar a explicar o menor bem-estar evidenciado neste

grupo, comparativamente ao grupo experimental. Da revisão de literatura pode-se

constatar os benefícios de níveis baixos de ansiedade. Os sintomas de ansiedade são

comuns e frequentes na adolescência, no entanto, quando existem de forma persistentes

podem levar ao aparecimento de perturbações psicológicas como a Perturbação de

ansiedade social, o que poderá repercutir-se no futuro, na vida adulta (Cunha, Gouveia,

& Salvador, 2008), levando à presença de um menor bem-estar.

Por fim, apresenta-se a dimensão Percepção de Competências (PC). Esta

dimensão diz respeito a auto-percepções de competências em domínios relevantes para

os jovens (Bizarro, 1999), domínios esses ligados à escola, pais e amigos, como se

verificou na revisão de literatura (Harter, 1990). Os resultados evidenciam que esta foi a

sub-escala positiva mais baixa do grupo experimental, havendo, no entanto, uma

diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. É evidenciado na revisão

de literatura que a presença de competências adaptativas mantêm a adaptação

psicológica do indivíduo e o seu progressivo desenvolvimento, sendo crucial essa

aquisição ocorrer desde a infância junto da família e na adolescência mais junto do

grupo de pares como já se evidenciou antes (e.g. Matos, 1997; Silva, 2004, Bandura,

1976). Também é evidenciado na revisão o contributo da perspectiva cognitivo-

comportamental que evidencia a importância da Percepção de Competências para a

promoção do Bem-Estar e adaptação dos sujeitos. Actualmente para além da presença

das competências pessoais e sociais, cada vez mais se está a dar importância aos

mediadores cognitivos no desempenho dessas competências e na construção da

representação dessas mesmas (Bandura, 1977, 1978, Beck, 1967, Harter, 1985, 1986

citado em Bizarro, 1999). Esta noção de percepção de competências está ligada ao

sentido de auto-eficácia estudado por Bandura (1977) como se evidenciou na revisão de

literatura.

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Os estudos revistos na revisão de literatura de Bizarro (1999) apontam para o

facto de que tão importante, ou mais, do que as competências (cognitivas, emocionais,

comportamentais e sociais) são as expectativas positivas e as ideias que a pessoa tem

acerca dessas mesmas competências e da sua capacidade de as implementar e

concretizar (e.g. Harter, 1990). Neste estudo verificou-se que ao nível das actividades

implementadas também se trabalhou a motivação para as mesmas levando os jovens a

concretizá-las com sucesso, dando-lhes a percepção de que são capazes. Com é descrito

na revisão de literatura, a percepção de competências também está relacionada com o

auto-conceito e auto-estima (e.g. Harter, 1990; Howie, Lukacs, Pastor, Reuben, &

Mendola, 2010). Desta forma constata-se que a percepção de competências teve uma

grande influência no juízo avaliativo que os jovens fizeram de si próprios, sendo que o

grupo experimental fez uma avaliação mais positiva de si próprios e das suas

competências do que o grupo de controlo, o que pode estar correlacionado igualmente

com a diferença dos níveis de bem-estar nos dois grupos.

Os resultados deste estudo confirmaram assim todas as hipóteses colocadas,

sendo que todas as sub-escalas e a própria Escala do Bem-Estar Global apresentaram

diferenças significativas entre o grupo experimental e o grupo de controlo. Daqui se

pode retirar a importância de se continuar a desenvolver actividades promotoras de

competências pessoais e sociais em contexto de exclusão social como forma de

promover o bem-estar dos jovens. Dever-se-á desta forma promover o desenvolvimento

adaptativo dos jovens, privilegiando a prevenção de comportamentos de risco e

promovendo capacidades que lhes permitam um crescimento pessoal e social, um

desempenho escolar eficaz e o ingresso futuro no mercado de trabalho.

A presente investigação comprovou a enorme importância da promoção das

competências pessoais e sociais nos adolescentes, neste caso, em adolescentes “de

risco”. São grandes as evidências de que a presença de competências pessoais e sociais

nos jovens contribui para o seu ajustamento psicossocial, para o estabelecimento e

sucesso nas relações interpessoais e para a adaptação e desenvolvimento nas várias

situações, o que parece estar correlacionado com a presença de níveis mais elevados de

bem-estar. Como foi demonstrado, níveis baixos de competências pessoais e sociais

podem estar correlacionados com menores níveis de bem-estar, na medida em que o

jovem não será tão bem sucedido no processo de adaptação e desenvolvimento e desta

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forma poderá fracassar nas interacções sociais o que pode levar ao desenvolvimento de

consequências negativas como futuras perturbações psicológicas. Tendo em

consideração que o estudo se realizou com jovens provenientes de um contexto em risco

de exclusão social há que considerar os vários factores de risco a que estão sujeitos e

como a promoção das suas competências é essencial para prevenir futuros

desajustamentos e comportamentos de risco, promovendo assim uma melhor integração

na comunidade, na escola ou num emprego.

Em conclusão, poderá assumir-se que uma intervenção de forma continuada no

tempo e com um formato semi-estruturado, adaptado aos jovens e ao seu contexto,

através de actividades promotoras de competências pessoais e sociais poderá promover

igualmente os seus níveis de bem-estar psicológico.

Uma das grandes limitações do presente estudo foi o facto de não ter ocorrido

uma avaliação prévia do bem-estar dos jovens, antes da realização das actividades

promotoras de competências. Esta avaliação prévia permitiria verificar de forma

concreta a eficácia das actividades desenvolvidas ao nível da aquisição ou

desenvolvimento de competências pessoais e sociais. Um estudo longitudinal com

medidas pré e pós-teste permitiria estabelecer uma relação de causalidade e não apenas

uma correlação entre a promoção de competências pessoais e sociais e o constructo de

bem-estar, supondo que os resultados seriam os mesmos. Como os resultados apontaram

para uma diferença estatisticamente significativa, parece ser evidente a influencia das

competências pessoais e sociais no nível de bem-estar dos jovens, comparativamente a

jovens que não usufruem da promoção das mesmas competências.

O facto de apenas se ter usado a EBEPA poderá dar-nos pouca informação

relativamente às reais competências pessoais e sociais que se possam ter desenvolvido.

São vários os autores que referem que a avaliação da eficácia de programas de

promoção de competências deverá englobar a utilização de vários instrumentos (Leff,

Power, Manz, Costigan & Nabors, 2001), apesar destas considerações estarem mais

direccionadas aos programas preventivos em contexto escolar. A utilização de role-

plays de avaliação em situações concretas poderia ser um forte complemento à

avaliação do desenvolvimento das competências pessoais e sociais dos jovens.

Outra limitação que se considera presente neste estudo é o facto de não ter

existido uma sub-divisão de faixas etárias dentro da adolescência. São vários os autores

que distinguem diferentes períodos de desenvolvimento dentro desta faixa etária.

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Deverá então considerar-se em futuras investigações o facto de haverem diferentes

períodos englobados na própria adolescência, como dos 11 aos 13 anos, dos 14 aos 16

anos e dos 17 aos 18 anos. Cada uma destas fases tem características, processos e

situações diferentes (Elliott e Feldman, 1990; Sampaio, 1996). Neste estudo não se

considerou esta sub-divisão devido ao reduzido tamanho da amostra.

Futuramente deveria existir um follow-up do presente estudo, no sentido de

verificar se estas competências desenvolvidas se mantêm e se continuam

correlacionadas com o nível de bem-estar. Segundo Catalano, Berglund, Ryan, Lonczak

& Hawkins (2002) isso poderia clarificar a necessidade de desenvolver mais algumas

actividades para continuar a promover as competências enunciadas ou ajudar a manter

as mesmas.

Como foi referido anteriormente as variáveis familiares contribuem muito para o

desenvolvimento dos jovens, na medida em que são os primeiros modelos

comportamentais, cognitivos e emocionais (Silva, 2004) e que poderão contribuir para

um maior ou menor bem-estar dos jovens (Coleman e Hendry, 1999). Sendo os jovens

da amostra, considerados “jovens de risco”, existe todo um conjunto de factores de risco

à sua volta ligados a variáveis familiares e contextuais que influenciam o seu

desenvolvimento. Estas variáveis familiares não foram consideradas neste estudo, sendo

que futuramente se poderia avaliar a influência das mesmas no bem-estar dos jovens,

comparando novamente as duas amostras. No contexto institucional referido neste

estudo as famílias também são acompanhadas por toda a equipa técnica, pelo que

poderão ser mais participativas e construtivas na vida dos jovens. Neste sentido seria

interessante averiguar a influencia deste factor no próprio bem-estar dos jovens e no

desenvolvimento das suas competências pessoais e sociais.

No âmbito do estudo da relação entre competências pessoais e sociais e bem-

estar, seria igualmente interessante no futuro comparar os jovens que frequentam o

Espaço Jovem e simultaneamente as actividades promotoras de competências pessoais e

sociais e os jovens que frequentam o Espaço Jovem mas que não frequentam estas

mesmas actividades. Este estudo permitiria colmatar algumas das limitações apontadas

à presente investigação nomeadamente o facto de não haver uma avaliação pré e pós

actividades.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A EBEPA (Escala de Bem-Estar Psicológico na Adolescência)

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