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Caro Leitor,

É com alegria que lhe entregamos nosso Balanço da Agropecuária em 2013 e

Perspectivas para 2014. Neste resumo elaborado pela nossa Assessoria Econômica

buscamos mostrar-lhe o desempenho da safra de grãos e produção pecuária neste ano

bem como nossas projeções para o ano que se aproxima, além de análises dos principais

mercados, crédito rural, desempenho da economia.

Aproveitamos também para confrontar nossas projeções para esse ano com os

resultados auferidos, assim como lhe apresentamos resumidamente os principais estudos

elaborados e também alguns resultados de nossas ações, como, por exemplo, o impacto

das reequalizações de passivos de produtores de Arroz e de sequeiro na tomada de

crédito na última safra.

Gestão e planejamento são substantivos muito presentes no vocabulário do nosso

empresário rural e queremos colaborar com seus processos através da oferta de

informações de qualidade e de análises de tendências que certamente ajudam muito com

a tomada de decisão.

Temos certeza de estarmos também colaborando com a sociedade e também

governos com nossas informações, pois sabemos o quanto estas têm sido úteis ao

mercado, o que nos tranquiliza ao saber que estamos cumprindo com nosso papel

enquanto entidade empresarial.

Carlos Rivaci Sperotto Presidente

Sumário

1. BALANÇO DA AGROPECUÁRIA EM 2013 ................................................................. 10

1.1. Área Plantada.......................................................................................................... 10

1.2. Produção Agrícola ................................................................................................... 11

1.3. Produção Pecuária .................................................................................................. 12

1.3.1. Bovinocultura de Corte ..................................................................................... 12

1.3.2. Suinocultura ...................................................................................................... 14

1.3.3. Aves .................................................................................................................. 16

2. PERSPECTIVAS PARA A SAFRA 2014 NO RS .......................................................... 17

2.1. Área Plantada.......................................................................................................... 17

2.2. Produção Agrícola ................................................................................................... 18

3. ANÁLISE DA RENTABILIDADE ................................................................................... 21

3.1. ARROZ .................................................................................................................... 21

3.1.1. Por que os preços dos herbicidas dispararam? ................................................ 22

3.1.2. Os fertilizantes ajudaram para que o aumento não ainda fosse maior. ............ 23

3.2. SOJA ....................................................................................................................... 24

3.3. MILHO ..................................................................................................................... 29

4. ANÁLISE DO CRÉDITO RURAL .................................................................................. 34

4.2. Análise do Custeio .................................................................................................. 36

4.2. Análise do Investimento .......................................................................................... 38

4.2.1. Reforçando a Nota Técnica: investimentos agropecuários: o Gap Entre os

Anúncios no Encerramento de Feiras e o Dado Oficial do Banco Central ..................... 39

4.3. Análise da Comercialização .................................................................................... 42

4.4. O Impacto das Renegociações do Arroz e da Estiagem na concessão de crédito . 44

5. ANÁLISE E PERSPECTIVAS DE MERCADO PARA A SAFRA 2013/14 .................... 48

5.1. ARROZ .................................................................................................................... 48

5.3 MILHO ...................................................................................................................... 53

5.4. SOJA ....................................................................................................................... 58

5.5. TRIGO ..................................................................................................................... 63

5.6. LEITE ...................................................................................................................... 70

5.6.1. Cenário internacional ........................................................................................ 70

5.6.3. Cenário Nacional e Rio Grande do Sul ............................................................. 72

6. PRINCIPAIS INDICADORES DA ECONOMIA BRASILEIRA E DO RIO GRANDE DO SUL EM 2013 E EXPECTATIVAS PARA 2014 ................................................................ 74

6.1. PIB RS ........................................................................................................................ 74

6.2. PIB Brasil ................................................................................................................ 75

6.3. Inflação medida pelo IPCA ...................................................................................... 78

6.4. Agropecuária ........................................................................................................... 79

6.4.1. Valor Bruto da Produção de Grãos ................................................................... 79

6.4.2. Valor Bruto da Produção Pecuária de Corte ..................................................... 81

6.4.3. Valor Bruto da Produção Agropecuário ............................................................ 82

6.5. Indústria .................................................................................................................. 82

6.5. Serviços .................................................................................................................. 84

7. ESTUDOS DA ASSESSORIA ECONÔMICA EM 2013 ................................................ 86

ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 - Área Plantada de Grãos no RS em 2013 em Comparação com 2012, em

hectares. ............................................................................................................................ 10

Tabela 2 - Produção Agrícola de Grãos no RS em 2013 em Comparação com 2012, em

toneladas. .......................................................................................................................... 11

Tabela 3 - Comparativo do Número de Animais Abatidos em 2012 e 2013, em cabeças, e

respectivo Valor Bruto da Produção, em R$ mil. ............................................................... 14

Tabela 4 - Suínos Abatidos no RS sob Fiscalização Federal e Faturamento do Setor. .... 15

Tabela 5 - Aves Abatidas no RS sob Fiscalização Federal e Faturamento do Setor. ........ 16

Tabela 6 - Expectativa da Área Plantada de Grãos no RS, em hectares. ......................... 17

Tabela 7- Expectativa da Produção de 2014 do IBGE, em toneladas. .............................. 19

Tabela 8 - Expectativa da Produção de 2014 da FARSUL, em toneladas. ....................... 20

Tabela 9 - Comparativo do Custo de Produção de Arroz Irrigado nos Meses de Setembro

de 2012 e 2013, base Uruguaiana em R$/ha. ................................................................... 22

Tabela 10 - Crédito Rural Tomado pelos Produtores do Estado até Outubro de 2013. ..... 34

Tabela 11 - Total de Crédito Rural Tomado no RS de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013.

........................................................................................................................................... 35

Tabela 12 - Crédito Rural Tomado para Custeio no RS no Período de Janeiro a Outubro

de 2012 e 2013. ................................................................................................................. 36

Tabela 13- Crédito Rural Tomado para Investimento no Período de Janeiro a Outubro de

2012 e 2013. ...................................................................................................................... 39

Tabela 14 - Participação das Principais finalidades de Investimento dentro da Carteira do

Crédito Rural no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013. ...................................... 39

Tabela 15 - Crédito Rural Tomado para Investimento no período de janeiro a outubro de

2012 e 2013, por finalidade. .............................................................................................. 41

Tabela 16 - Crédito Rural Tomado para Comercialização no Período de Janeiro a Outubro

de 2012 e 2013. ................................................................................................................. 42

Tabela 17 - Números de Contratos de Comercialização Tomados para Arroz, Milho e

Trigo no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013. ................................................... 43

Tabela 18 - Valores Tomados para Comercialização de Arroz, Milho e Trigo no Período de

Janeiro a Outubro de 2012 e 2013. ................................................................................... 44

Tabela 19 - Produção Mundial de Arroz Beneficiado, Por Países, em milhões de

toneladas. .......................................................................................................................... 49

Tabela 20 - Consumo Mundial de Arroz Beneficiado, por Países, em milhões de

toneladas. .......................................................................................................................... 49

Tabela 21 - Fundamentos do Mercado Brasileiro de Arroz em Casca, em milhões de

toneladas. .......................................................................................................................... 52

Tabela 22 - Produção Mundial de Milho, por Países, em milhões de toneladas. ............... 54

Tabela 23 - Consumo Mundial de Milho, por Países, em milhões de toneladas. ............... 55

Tabela 24 – Fundamentos do Mercado Brasileiro de Milho, em milhões de toneladas. .... 57

Tabela 25 - Produção Mundial de Soja por Países, em milhões de toneladas. ................. 59

Tabela 26 - Consumo Mundial de Soja por Países, em milhões de toneladas. ................. 60

Tabela 27 - Mercado Brasileiro de Soja, em milhões de toneladas. .................................. 62

Tabela 28 - Produção Mundial de Trigo por Países, em milhões de toneladas. ................ 66

Tabela 29 - Consumo Mundial de Trigo por Países, em milhões de toneladas. ................ 67

Tabela 30 - Mercado Brasileiro de Trigo, em milhões de toneladas. ................................. 69

Tabela 31- Variação dos Preços na Oceania, em US$/MT. .............................................. 71

Tabela 32 - Variação dos Preços na Europa, em US$/MT. ............................................... 72

ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Evolução da Perda de Área da Bovinocultura de Corte para Produção de Soja

no RS, em hectares. .......................................................................................................... 12

Gráfico 2 - Perda Acumulada de Área da Bovinocultura de Corte para Produção de Soja,

em hectares. ...................................................................................................................... 13

Gráfico 3 - Comparativo dos Preços do Suíno Vivo no RS, em R$/kg. ............................. 15

Gráfico 4- Evolução da Área Plantada no Estado e Estimativas para 2014, em milhões de

hectares. ............................................................................................................................ 18

Gráfico 5 - Evolução da Produção de Grãos do Estado e Estimativas para 2014, em

milhões de toneladas. ........................................................................................................ 20

Gráfico 6- Evolução Mensal do Custo Operacional Total do Arroz no RS, em R$/ha. ...... 21

Gráfico 7 - Custo do Fertilizante na Produção de Arroz entre Jan/12 a Set/13, em reais por

hectare. .............................................................................................................................. 23

Gráfico 8 - Comparativo do Gasto com Fertilizantes no Plantio de Arroz no Período de

maior Comercialização, em R$/ha. .................................................................................... 24

Gráfico 9 - Evolução Mensal do Custo Operacional Total da Soja no RS, em R$/ha. ....... 25

Gráfico 10 - Variação do custo com Herbicidas, Mão-de-Obra e Diesel, em R$/ha. (tendo

Base=100 fixa em Jan/12). ................................................................................................ 25

Gráfico 11 - Custo do Fertilizante na Produção de Soja entre Jan/12 a Set/13, em R$/ha.

........................................................................................................................................... 27

Gráfico 12 - Comparativo do Gasto com Fertilizantes no Plantio de Soja no Período de

maior Comercialização. ..................................................................................................... 27

Gráfico 13 - Comparativo do Preço da Soja entre 2012 e 2013, em R$/sc 60 kg. ............. 28

Gráfico 14 - Preço da Soja (Cents/Bushel) com vencimento em Maio do ano seguinte

(dia/mês) na CBOT. ........................................................................................................... 29

Gráfico 15 - Evolução Mensal do Custo Operacional Total do Milho no RS, em R$/ha. ... 30

Gráfico 16 - Variação do Custo com Fertilizantes, Herbicidas, Mão-de-Obra e Diesel, em

R$/ha (tendo Base=100 fixa em Jan/12). .......................................................................... 30

Gráfico 17 - Custo do Fertilizante na Produção de Milho entre Jan/12 a Set/13, em R$/ha.

........................................................................................................................................... 31

Gráfico 18 - Comparativo do Gasto com Fertilizantes no Plantio de Milho no Período de

maior Comercialização, em R$. ......................................................................................... 31

Gráfico 19 - Comparativo do Preço do Milho entre 2012 e 2013, em R$/sc 60 kg. ........... 32

Gráfico 20 - Preço Futuro do Milho (R$/sc 60 kg) com vencimento em Maio do ano

seguinte (dia/mês) na BM&FBovespa................................................................................ 33

Gráfico 21 - Comparativo do Crédito Rural Tomado pelos Produtores do RS no Ano de

2012 e no Período de Janeiro a Outubro de 2013. ............................................................ 34

Gráfico 22 - Participação do Custeio, Investimento e Comercialização dentro da Carteira

de Crédito Rural tomado no RS em 2012 e 2013. ............................................................. 35

Gráfico 23 - Participação dos Principais Grãos no Custeio da Carteira de Crédito Rural do

Estado no Período de Janeiro a Outubro de 2013. ............................................................ 36

Gráfico 24 - Números de Contratos Tomados para Arroz, Feijão, Milho, Soja e Trigo para

o Estado no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013. ............................................. 37

Gráfico 25- Total dos Valores Tomados para Arroz, Feijão, Milho, Soja e Trigo para o

Estado no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013, em milhões de R$. ................. 38

Gráfico 26 - Comparação da Participação do Arroz, Milho e Trigo na Comercialização da

Carteira de Crédito Rural do Estado entre 2012 e 2013. ................................................... 42

Gráfico 27 - Evolução do Número de Contratos de Custeio para Arroz no RS (Jan-Out).. 44

Gráfico 28 - Evolução do Valor Tomado como Custeio para Arroz no RS (Em R$ Milhões)

(Jan-Out) ............................................................................................................................ 45

Gráfico 29 - Evolução da Área Plantada de Grãos no RS (Em hectares) .......................... 46

Gráfico 30 – Comparação entre Produção e Consumo Mundiais de Arroz Beneficiado, em

milhões de toneladas. ........................................................................................................ 48

Gráfico 31 - Estoque Mundial de Arroz, em milhões de toneladas. ................................... 50

Gráfico 32 - Preço do Arroz na Bolsa de Chicago, em R$/sc 50 kg. ................................. 51

Gráfico 33 - Comparação dos Estoques Brasileiros e dos Preços do Arroz em Casa, em

milhões de toneladas e R$/sc 50kg. .................................................................................. 52

Gráfico 34 - Comparação entre Produção e Consumo Mundiais de Milho, em milhões de

toneladas. .......................................................................................................................... 53

Gráfico 35 – Estoque Mundial de Milho, em milhões de toneladas. .................................. 56

Gráfico 36 - Preços do Milho na Bolsa de Chicago, em Reais por Saca de 60 kg. ........... 56

Gráfico 37 - Comparação dos Estoques Finais Brasileiros, em milhões de toneladas, com

os Preços, em R$. ............................................................................................................. 58

Gráfico 38 - Comparação entre Produção e Consumo Mundiais de Soja, em milhões de

toneladas. .......................................................................................................................... 58

Gráfico 39 - Estoque Final Mundial de Soja, em milhões de toneladas. ............................ 60

Gráfico 40 - Preços da Soja na Bolsa de Chicago, em R$/sc 60 kg. ................................. 61

Gráfico 41- Estoque Final de Soja no Brasil, em milhões de toneladas. ........................... 63

Gráfico 42 - Comparação entre Produção e Consumo Mundiais de Trigo, em milhões de

toneladas. .......................................................................................................................... 65

Gráfico 43- Estoque Final Mundial de Trigo, em milhões de toneladas. ............................ 67

Gráfico 44 - Preços do Trigo na Bolsa de Chicago, em R$/ton. ........................................ 68

Gráfico 45- Estoque Final de Trigo no Brasil, em milhões de toneladas. .......................... 69

Gráfico 46 - Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul.................................................. 74

Gráfico 47 - Var.(%) Anual do PIB Brasil. Fonte: IBGE * Projeções Farsul. ...................... 77

Gráfico 48 - Var.(%) Anual do PIB Brasil Per Capita. Fonte: IBGE * Projeções Farsul. .... 77

Gráfico 49 - Evolução da Var.(%) do IPCA no Ano. Fonte: IBGE * projeções Farsul. ....... 79

Gráfico 50 - Valor Bruto da Produção de Grãos no RS, em mil reais. ............................... 80

Gráfico 51 - Gráfico 2 - Valor Bruto da Produção da Pecuária de Corte (Bovinos, Suínos e

Aves), em mil reais. ........................................................................................................... 81

Gráfico 52 - Valor Bruto da Produção Agrícola e da Pecuária de Corte (Bovinos, Suínos e

Aves), em mil reais. ........................................................................................................... 82

Gráfico 53 - Taxa de Crescimento Acumulado no Ano do PIB da Indústria do RS. (%) .... 83

Gráfico 54 - Pesquisa Mensal da Produção Física da Indústria do RS.............................. 83

Gráfico 55 - Taxa de Crescimento Acumulado no Ano do PIB dos Serviços do RS. (%) .. 84

10 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

1. BALANÇO DA AGROPECUÁRIA EM 2013

1.1. Área Plantada

O principal motivo pelo qual o produtor varia o tamanho da área destinada a

determinada cultura é o preço pelo qual se esta pagando por esta. Quanto mais o

mercado estiver pegando pelo produto, maior será o incentivo para produzi-lo. Dentre os

grãos produzidos no território gaúcho, a soja fora a cultura que mais incorporou área ao

seu plantio, um total de 10,7% a mais que o ano anterior, equivalente a 458,6 mil

hectares.

Tabela 1 - Área Plantada de Grãos no RS em 2013 em Comparação com 2012, em hectares.

Os produtores do estado aumentaram 5,9% à área plantada em 2013 com relação

ao ano anterior, atingindo o recorde de 8,16 milhões de hectares plantados com grãos. O

principal fator estimulante foram os preços internacionais, que se mantiveram em alta no

decorrer do ano.

Sabendo que o estado não possui mais fronteiras agrícolas, o aumento do espaço

destinado a uma cultura irá significar uma redução de área destinada à outra produção. O

aumento de 10,7% de área plantada com soja contrastou com a queda de 9,5% do milho.

O principal motivo pelo qual o produtor preferiu fazer essa mudança foram os preços

destas commodities no mercado. Do início de 2012 até o final do primeiro semestre deste

mesmo ano, o preço do milho aumentou 30% no mercado internacional, enquanto o preço

Safra 2012 Safra 2013 Var (%) 13/12

Amendoim (1ª safra) 3.607 3.335 -7,5%Arroz 1.042.560 1.085.483 4,1%Aveia 117.501 134.086 14,1%Centeio 1.477 1.480 0,2%Cevada 46.222 40.571 -12,2%Feijão (1ª e 2ª safra) 81.812 72.282 -11,6%Girassol 3.331 2.939 -11,8%Milho (1ª safra) 1.119.220 1.013.288 -9,5%Soja 4.269.247 4.727.833 10,7%Sorgo 17.857 17.944 0,5%Trigo 989.534 1.050.849 6,2%Triticale 6.057 5.039 -16,8%TOTAL 7.698.425 8.155.129 5,9%Fonte: IBGE - Out/2013

PRODUTOPERÍODO

11 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

da soja aumentou cerca de 50% em igual período, o que acabou motivando o maior

cultivo desta última.

O preço do trigo na bolsa de Chicago apresentou aumento de 40% no primeiro

semestre em relação ao ano anterior, o que explica a decisão dos produtores gaúchos de

destinarem 61 mil hectares a mais para esta commodity.

1.2. Produção Agrícola

Os grãos mais produzidos no Rio Grande do Sul são soja, arroz, milho e trigo.

Estas culturas representam, em média, 98% do total produzido no estado. O ano de 2013

apresentou uma produção 55% superior à verificada no ano anterior.

Tabela 2 - Produção Agrícola de Grãos no RS em 2013 em Comparação com 2012, em toneladas.

O ano de 2012 foi marcado pela estiagem, onde a produção gaúcha de grãos

apresentou redução de 35% em relação a 2011. Os produtores de soja foram os mais

afetados, com perdas de quase 50% da quantidade produzida. O milho fora a segunda

cultura mais afetada, com perdas de 45% e, por final, o trigo, que teve sua produção

reduzida em 32%. O arroz também apresentou quedas no ano de 2012, mas por outros

motivos que não a estiagem, visto que esta cultura é irrigada.

O ano de 2013 foi marcado pela recuperação das perdas causadas pela seca. O

grande destaque fora a produção de soja, que apresentou aumento de 114,6%,

equivalente a 6,8 milhões de toneladas, frente a 2012. Visto que o aumento da área

PRODUTO PERÍODO

Safra 2012 Safra 2013 Var (%) 13/12

Amendoim (1ª safra) 4.931 5.467 10,9%Arroz 7.692.223 8.097.870 5,3%Aveia 218.754 307.992 40,8%Centeio 2.226 2.159 -3,0%Cevada 87.410 108.473 24,1%Feijão (1ª e 2ª safra) 85.561 94.381 10,3%Girassol 5.143 4.521 -12,1%Milho (1ª safra) 3.155.061 5.349.956 69,6%Soja 5.945.243 12.756.577 114,6%Sorgo 35.612 53.150 49,2%Trigo 1.866.254 2.716.976 45,6%Triticale 11.628 11.597 -0,3%TOTAL 19.110.046 29.509.119 54,4%Fonte: IBGE - Out/2013

12 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

destinada ao plantio de soja (10,7%) não absorve todo este aumento da quantidade

produzida, concluímos que a alta variação da produção é proveniente do cenário ruim que

fora o ano passado em relação ao bom cenário deste ano.

O aumento de 69,6% da produção de milho também reflete a recuperação das

perdas da estiagem, visto que a área destinada a esta cultura sofreu redução de 2012

para 2013. O trigo também apresentou aumento de quantidade produzida em 850 mil

toneladas, o que é explicado pelo aumento da quantidade plantada no estado em igual

período. O aumento percentual mais alto foi da produção de aveia. O preço deste grão foi

24% superior em abril deste ano em relação ao mesmo período no ano passado, o que

incentivou os produtores a aumentarem seu espaço destinado a tal cultura, resultando

numa produção 89 mil toneladas superiores. Porém, a cultura continua tendo uma

participação muito pequena frente às demais.

1.3. Produção Pecuária

1.3.1. Bovinocultura de Corte

Apesar do avanço da Soja sobre os campos e pastagens do Rio Grande do Sul, a

bovinocultura de corte se mantém firme nos seus níveis de produção, tendo o aumento de

produtividade compensado quase a totalidade da área perdida para o cultivo de grãos.

Apenas em 2013 tivemos um avanço da Soja sobre 386.027 hectares que até 2012

eram dedicados à produção bovina e este segmento deverá perder mais 84 mil hectares

em 2014.

Gráfico 1 - Evolução da Perda de Área da Bovinocultura de Corte para Produção de Soja no RS, em hectares.

354.724

72.766

-122.169 -120.077

37.793 82.994

-59.168

56.873 77.890

386.027

84.214

-200.000

-100.000

-

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014Fonte: Sistema Farsul a partir dos dados brutos do IBGE

13 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Esse movimento não é novo. Em 2004, quando a Soja atravessou um bom

momento no mercado internacional, houve uma rápida expansão dessa cultura no Estado,

onde foram retirados 354 mil hectares da bovinocultura apenas naquele ano. No entanto,

com a estiagem sucedida da crise internacional dos preços das commodities, a

bovinocultura recuperou área, inclusive gerando problemas de preço logo em seguida.

Queremos dizer com isso que essa disputa da pecuária com a Soja por área é antiga e

não um movimento de última hora como às vezes supõe-se, ainda que o movimento em

2013 tenha sido realmente espetacular.

Quando olhamos o acumulado da área perdida para Soja desde 2005 no gráfico a

seguir percebe-se que daquela data até a projeção para 2014 já temos 470 mil hectares

que eram dedicados à pecuária onde agora se cultiva Soja.

Gráfico 2 - Perda Acumulada de Área da Bovinocultura de Corte para Produção de Soja, em hectares.

Há duas grandes novidades neste cenário de redução de área de pecuária: o

primeiro é o forte aumento de produtividade que os pecuaristas estão imprimindo, ainda

que haja muito espaço para melhorias, como foi amplamente discutido ao longo de 2013

nas diversas etapas do Fórum Permanente do Agronegócio “De Onde Virão os

Terneiros?”. A segunda novidade é o avanço da Integração Lavoura-Pecuária que, além

de colaborar também para o aumento da produtividade, permite que se produzam grãos e

carnes no mesmo espaço, ainda que em períodos diferentes do ano.

427.490

-49.403

-242.246

-82.284

120.787

23.826

-2.295

134.763

463.917 470.241

-300.000

-200.000

-100.000

-

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014Fonte: Sistema Farsul a partir dos dados do IBGE

14 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Portanto a melhoria no manejo, em boa medida resultante dos cursos de Senar

voltados a esta atividade, somado a Integração Lavoura-Pecuária, permitiram que, apesar

da perda de 386 mil hectares em 2013, o número de animais abatidos não sofressem

redução proporcional.

De acordo com o Fundesa foram abatidos no Rio Grande do Sul 1,540 milhão de

cabeças em 2013, entre Janeiro e Outubro, resultado 2% menor que no igual período do

ano passado. Nossa projeção para o final de 2013 é que sejam abatidos 1,889 milhões de

bovinos no Rio Grande do Sul, tendo sido abatidos 35.080 animais a menos que em 2012.

Tabela 3 - Comparativo do Número de Animais Abatidos em 2012 e 2013, em cabeças, e respectivo Valor Bruto da Produção, em R$ mil.

Ainda que seja reduzido o número de animais abatidos em 2013 em relação a

2012, o mesmo não se espera do faturamento, que deve aumentar em 0,5%, atingindo ao

final do ano R$ 2,693 bilhões que, para centenas de municípios do Estado, são

determinantes para o desempenho da economia local.

Para este melhor resultado financeiro contou-se com preços maiores em média 3%

do que os praticados em 2012.

1.3.2. Suinocultura

Depois de um ano desastroso como foi o de 2012 para a suinocultura, 2013 foi um

ano de recuperação, ainda que esteja longe de ser um dos mais lucrativos para os

produtores. Tendo suas dívidas renegociadas na metade do ano passado e frente uma

recuperação no mercado internacional, os preços dos suínos estiveram bem acima do

praticado no ano passado em todos os meses do ano.

2012 2013 Var.(%) 2012 2013 Var.(%)Jan 151.373 172.038 14% 211.533.171 244.958.506 15,8%Fev 140.840 150.043 7% 193.635.282 217.457.048 12,3%Mar 160.126 152.897 -5% 227.678.356 221.044.493 -2,9%Abr 152.098 163.031 7% 213.504.526 235.411.359 10,3%Mai 167.130 144.710 -13% 234.685.617 206.028.020 -12,2%Jun 138.455 114.537 -17% 194.140.216 164.181.112 -15,4%Jul 140.172 149.980 7% 197.819.137 219.657.473 11,0%Ago 166.451 145.899 -12% 229.957.050 213.774.919 -7,0%Set 170.162 155.858 -8% 230.378.929 216.075.554 -6,2%Out 192.547 191.734 0% 256.307.014 261.834.614 2,2%Nov 182.914 184.743 1% 251.771.975 253.820.918 0,8%Dez 171.882 173.601 1% 238.685.658 238.512.345 -0,1%Jan-Out 1.579.354 1.540.726 -2% 2.189.639.298 2.200.423.097 0,5%Total 1.934.150 1.899.070 -2% 2.680.096.931 2.692.756.361 0,5%Fonte: FundesaElaboração: Sistema Farsul/Assessoria Econômica

ABATES DE BOVINOS (Q) VBP BOVINOS (R$)Mês

Nota: Nos meses de Novembro e Dezembro são projeções da Assessoria Econômica

15 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

No preço médio ponderado entre janeiro e outubro, temos em 2013 os preços 20%

acima de 2012, conforme pode ser visto no gráfico a seguir:

Gráfico 3 - Comparativo dos Preços do Suíno Vivo no RS, em R$/kg.

Maiores preços foram também acompanhados de maior volume de abates. Entre

janeiro e outubro de 2013 foram abatidos 4% a mais do que no mesmo período de 2012,

atingindo 6,1 milhões de animais. O abate total de 2013 projetamos em 7,3 milhões de

cabeças, um salto de 4% em relação ao ano passado.

Tabela 4 - Suínos Abatidos no RS sob Fiscalização Federal e Faturamento do Setor.

Maior abate em bases de preços bem superiores ocasiona um salto no Valor Bruto

da Produção, que deverá ser 23% maior do que em 2012. Entre os meses de janeiro e

2,30 2,19 2,16 2,01 1,99 2,04

2,43 2,44 2,46 2,66 2,73 2,84 2,90 2,89 2,78

2,61 2,55 2,55 2,47 2,64 2,87

3,07

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2012 2013

2012 2013 Var.(%) 2012 2013 Var.(%)Jan 584.434 631.985 8% 158.154.642 213.455.904 35%Fev 535.865 570.741 7% 136.354.241 190.762.854 40%Mar 581.521 577.242 -1% 151.525.308 188.444.361 24%Abr 531.828 618.187 16% 128.402.726 193.544.397 51%Mai 619.485 600.884 -3% 148.512.539 185.003.452 25%Jun 566.740 573.962 1% 138.757.100 177.614.031 28%Jul 617.997 670.861 9% 179.659.588 197.755.149 10%Ago 665.764 649.262 -2% 194.841.406 202.093.126 4%Set 540.619 590.506 9% 158.498.422 198.121.385 25%Out 643.671 659.452 2% 201.810.915 232.346.339 15%Nov 596.959 608.898 2% 191.100.703 214.534.588 12%Dez 552.576 563.628 2% 155.853.493 198.584.265 27%Jan-Out 5.887.924 6.143.082 4% 1.596.516.887 1.979.140.998 24,0%Total 7.037.459 7.315.608 4% 1.943.471.083 2.392.259.852 23,1%Fonte: FundesaElaboração: Sistema Farsul/Assessoria EconômicaNota: Nos meses de Novembro e Dezembro são projeções da Assessoria Econômica. Refere-se a abates do SIF

VBP (R$)ABATES (Q)Mês

16 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

outubro o setor faturou R$ 1,9 Bilhão, sendo que esse faturamento deve atingir quase 2,4

Bilhões até o final do ano, conforme pode ser observado na tabela acima.

Ainda que tenhamos um desempenho bem superior ao de 2012 e isto deva ser

comemorado, pois a suinocultura colaborou muito para o melhor desempenho do PIB

Agropecuário em 2013, não podemos esquecer-nos da elevação dos custos de produção

decorrentes do aumento dos preços do Milho e da Soja, componentes determinantes do

custo do setor.

1.3.3. Aves

O setor produtivo de Aves também apresentou recuperação frente à crise vivida

pelo setor em 2012. Diante de preços em média 11% superiores aos praticados em 2012

e com o preço dos grãos – Milho e Soja – abaixo do adquirido no ano passado, nota-se

uma melhor condição de produção no RS e isto se refletiu em no número de abates que

entre Janeiro e Outubro deste ano estavam 5% superior ao do mesmo período do ano

passado e deveremos fechar 2013, de acordo com nossas projeções, com 4,4% a mais

de animais abatidos.

Em termos de Valor Bruto da Produção, devido aos aumentos de preço e produção

verificados em 2013, o setor deverá faturar R$ 4,755 Bilhões neste ano, um aumento de

17,9% em relação ao ano fechado de 2012. Na passagem de Janeiro a Outubro temos

acumulado um crescimento de quase 20% em relação ao mesmo período de 2012.

Tabela 5 - Aves Abatidas no RS sob Fiscalização Federal e Faturamento do Setor.

2012 2013 Var.(%) 2012 2013 Var.(%)Jan 66.366.648 67.436.324 2% 345.683.591 451.250.764 31%Fev 60.916.552 57.617.438 -5% 308.456.280 369.578.151 20%Mar 65.206.935 60.238.094 -8% 335.607.944 403.645.950 20%Abr 44.723.721 65.367.462 46% 261.499.102 434.770.296 66%Mai 50.015.021 64.441.197 29% 295.411.916 411.425.319 39%Jun 52.502.601 59.494.581 13% 290.174.647 331.454.606 14%Jul 64.205.860 66.960.254 4% 347.432.246 383.068.427 10%Ago 67.212.947 60.259.693 -10% 383.267.306 355.514.373 -7%Set 56.004.744 56.816.562 1% 340.807.597 360.474.695 6%Out 68.475.665 65.713.176 -4% 408.755.450 469.677.006 15%Nov 63.227.461 64.681.693 2% 367.446.701 414.565.149 13%Dez 56.334.059 57.629.742 2% 349.147.662 369.366.999 6%Jan-Out 595.630.694 624.344.781 5% 3.317.096.080 3.970.859.587 19,7%Total 715.192.214 746.656.216 4% 4.033.690.442 4.754.791.735 17,9%Fonte: FundesaElaboração: Sistema Farsul/Assessoria Econômica

MêsABATES DE AVES (Q) VBP AVES (R$)

Nota: Nos meses de Novembro e Dezembro são projeções da Assessoria Econômica

17 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

2. PERSPECTIVAS PARA A SAFRA 2014 NO RS

2.1. Área Plantada

De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA),

realizado pelo IBGE, devemos ter uma área plantada de soja 3,6% superior em 2014 em

relação a 2013, o que corresponde a 170,4 mil hectares a mais. Ainda de acordo com o

IBGE, o arroz também terá aumento de área destinada a seu plantio de 3,5%. Dentre os

principais grãos plantados no Estado, exceto o trigo que ainda não foi projetado pelo

LSPA, o milho será a commodity que apresentará queda de 6,9% de área plantada,

contrastando com o aumento do cultivo destinado a outros grãos.

A Farsul também realizou a sua projeção para a próxima safra e o resultado obtido

com esta foi de um aumento de 3% da área plantada com grãos no Estado. Acreditamos

numa variação da área plantada com soja de 3%, bem semelhante ao montante projetado

pelo IBGE. Porém, projetamos uma área de milho menor ainda do que o verificado nas

projeções do IBGE, de -11%. Mas, acreditamos que a cultura que realmente apresentará

forte variação positiva será o trigo.

Tabela 6 - Expectativa da Área Plantada de Grãos no RS, em hectares.

A maior variação em hectares será da área destinada à soja, sua alteração de

3,4% irá representar 162 mil hectares acrescidos ao seu plantio. Este aumento da área

destinada ao plantio da oleaginosa será, em parte, proveniente da queda de 114,9 mil

hectares da área do milho. A razão pela qual os produtores irão continuar destinando

áreas antes ocupadas com milho para o plantio de soja é o preço que estas commodities

Safra 2013 Safra 2014 Var (%) Amendoim 3.335 3.400 1,9%Arroz 1.085.483 1.118.198 3,0%Aveia 134.086 102.500 -23,6%Centeio 1.480 1.500 1,4%Cevada 40.571 47.600 17,3%Feijão 72.282 76.681 6,1%Girassol 2.939 2.624 -10,7%Milho 1.013.288 898.365 -11,3%Soja 4.727.833 4.889.856 3,4%Sorgo 17.944 20.812 16,0%Trigo 1.050.849 1.201.176 14,3%Triticale 5.039 5.200 3,2%TOTAL 8.155.129 8.367.911 2,6%2013: IBGE - Out/2013

2014: Estimativa FARSUL

PRODUTO PERÍODO

18 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

apresentaram neste ano no mercado internacional. Do início de 2013 a outubro deste ano,

a queda do preço internacional do milho foi de 30%, atingindo R$23,90/saca, enquanto o

preço da soja se mantinha nos patamares médios de R$65,00/saca.

Estimamos outro aumento consecutivo da área plantada de trigo para a próxima

safra. A expectativa é de aumento de 150,3 mil hectares, estimulado pelo preço deste

produto que, a partir de junho, passou a apresentar preços crescentes, saindo da média

de R$30,25/saca para atingir uma média de R$39,92 em outubro.

A área destinada ao plantio de grãos no Rio Grande do Sul fora de 8,15 milhões de

hectares em 2013. Para 2014 a Farsul estima uma área de 8,37 milhões de hectares, 100

mil hectares superior ao projetado pelo IBGE. Abaixo segue um gráfico, que possibilita a

observação da diferença no estimado estre os dois estudos frente aos dados

consolidados levantados pelo IBGE de 1998 a 2013.

Gráfico 4- Evolução da Área Plantada no Estado e Estimativas para 2014, em milhões de hectares.

Analisando os preços atuais dos grãos no mercado gaúcho, a Farsul estimou uma

área superior em 2,6%, equivalente a 214 mil hectares.

2.2. Produção Agrícola

Como as projeções levam a esperar uma área plantada maior, espera-se que a

quantidade produzida também seja superior, visto que o montante produzido é

basicamente a área plantada multiplicada pelo rendimento médio esperado.

Primeiramente faremos uma análise com a produção que o IBGE estima para o ano de

8,15 8,37 8,27

0,001,002,003,004,005,006,007,008,009,00

IBGE ESTIMATIVA FARSUL ESTIMATIVA IBGE*

(*) Estimativas do IBGE para: aveia, centeio, cevada e triticale foram coletados da CONAB.

2014*: Estimativa do FARSUL para 2014. 2014**: Estimativa IBGE para 2014.

19 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

2014 e, em seguida, analisaremos a quantidade que a FARSUL está estimando para a

produção gaúcha nesta próxima safra.

O IBGE acredita que a produção gaúcha irá aumenta 2% em 2014 frente à

produção de 2013, conforme o gráfico a seguir.

Tabela 7- Expectativa da Produção de 2014 do IBGE, em toneladas.

O aumento da produção de soja estimada pelo IBGE é de 7%, atingindo 13,6

milhões de toneladas da oleaginosa. Esse aumento da soja contrasta com a queda de

10% da produção do milho.

A FARSUL acredita que a produção total de grãos atingirá a marca das 30,2

milhões de toneladas, atingindo a maior quantidade já produzida no estado. A variação é

de 2,4%, equivalente a 715,5 mil toneladas, sendo principalmente influenciada por uma

produção de trigo superior em 559,4 mil toneladas, que será um reflexo da maior área

plantada que estimamos para cultura. A soja terá uma produção 4,6% superior,

equivalente a 584,6 mil toneladas, devido a sua área de plantio estimada ser maior. Em

contrapartida, o milho terá queda de 678,8 mil toneladas de sua produção, pois os

produtores irão optar por substituir a área antes destinada a esta cultura para plantar soja.

O aumento de 3,7% da produção de arroz refletirá diretamente a área destinada ao seu

plantio, que será superior em 3%.

Safra 2013 Safra 2014 Var (%) 14/13

Amendoim 5.467 5.627 2,9%Arroz 8.097.870 8.584.755 6,0%Aveia* 307.992 222.800 -27,7%Centeio* 2.159 2.400 11,2%Cevada* 108.473 89.700 -17,3%Feijão 94.381 95.589 1,3%Girassol 4.521 4.182 -7,5%Milho 5.349.956 4.795.897 -10,4%Soja 12.756.577 13.633.476 6,9%Sorgo 53.150 34.934 -34,3%Trigo* 2.716.976 2.606.400 -4,1%Triticale* 11.597 11.100 -4,3%TOTAL 29.509.119 30.086.860 2,0%2013: IBGE - Ou/20132014: Estimativa IBGE

(*) Para os dados usados são os estimados pela CONAB.

PRODUTOPERÍODO

20 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Tabela 8 - Expectativa da Produção de 2014 da FARSUL, em toneladas.

A FARSUL estimou, no relatório do ano passado, uma produção de 29.002.391

toneladas para 2013, enquanto o IBGE apresentou a previsão de 26.925.430, uma

diferença de 2,07 milhões de toneladas. No mês de outubro de 2013 o IBGE divulgou o

dado consolidado da produção de grãos no estado, que registrou um total de 29.509.124.

As revisões do IBGE ajustaram o dado que verificamos hoje em 2,6 milhões de toneladas,

enquanto a estimativa da FARSUL variou apenas 506,7 mil toneladas. A seguir

apresentamos gráfico com as estimativas do IBGE e da FARSUL para as safras de 2013

– relativo ao relatório anterior - e de 2014.

Gráfico 5 - Evolução da Produção de Grãos do Estado e Estimativas para 2014, em milhões de toneladas.

Safra 2013 Safra 2014 Var (%) 14/13

Amendoim 5.467 5.579 2,1%Arroz 8.097.870 8.395.803 3,7%Aveia 307.992 237.117 -23,0%Centeio 2.159 2.098 -2,8%Cevada 108.473 129.869 19,7%Feijão 94.381 95.459 1,1%Girassol 4.521 3.548 -21,5%Milho 5.349.956 4.671.197 -12,7%Soja 12.756.577 13.341.156 4,6%Sorgo 53.150 55.131 3,7%Trigo 2.716.976 3.276.407 20,6%Triticale 11.597 11.216 -3,3%TOTAL 29.509.119 30.224.581 2,4%2013: IBGE - Out/20132014: Estimativa FARSUL

PRODUTOPERÍODO

26,9 29,0 29,4 30,1 30,2

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00IBGE ESTIMATIVA IBGE ESTIMATIVA FARSUL

(*) Estimativas do IBGE para: aveia, centeio, cevada e triticale foram coletados da CONAB.

2013*: Estimativa do IBGE para 2013. 2013**: Estimativa da FARSUL para 2013. 2014*: Estimativa do IBGE para 2014. 2014**: Estimativa da FARSUL para 2014

21 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

3. ANÁLISE DA RENTABILIDADE

3.1. ARROZ

Custo Operacional Total do Arroz, que contempla apenas os desembolsos no

processo produtivo mais as depreciações, aumentou 2% entre Setembro de 2013 e

Setembro de 2012 e 1% no ano, ou seja, entre Janeiro e Setembro de 2013, atingindo

neste último mês investigado R$ 4.881,93 por hectare.

Gráfico 6- Evolução Mensal do Custo Operacional Total do Arroz no RS, em R$/ha.

Esse aumento se deve pela forte alta obtida principalmente nos agroquímicos,

mão-de-obra, frete e Diesel, respectivamente. No grupo “Agroquímicos”, que

representam 10% do custo operacional total, destaca-se a alta nos herbicidas, por

exemplo, que dispararam 41% comparando-se Setembro de 2013 com o igual período do

ano passado. No mesmo período os inseticidas aumentaram 13% e o grupo “outros

químicos” aumentaram 11%, tendo os fungicidas se mantido estáveis.

Na sequência o aumento no custo da mão-de-obra que representa 7,5% do COT

teve alta de 9% quando tratamos do pessoal empregado direto na produção e 6% na

Assistência Técnica. O aumento do custo da mão-de-obra reflete a escassez de pessoal

qualificado para trabalhar na moderna agricultura.

R$4.790,05 R$4.830,71 R$4.881,93

R$4.100,00 R$4.200,00 R$4.300,00 R$4.400,00 R$4.500,00 R$4.600,00 R$4.700,00 R$4.800,00 R$4.900,00 R$5.000,00

jan/

12fe

v/12

mar

/12

abr/1

2m

ai/1

2ju

n/12

jul/1

2ag

o/12

set/1

2ou

t/12

nov/

12de

z/12

jan/

13fe

v/13

mar

/13

abr/1

3m

ai/1

3ju

n/13

jul/1

3ag

o/13

set/1

3

Fonte: CEPEA/FARSUL

22 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Tabela 9 - Comparativo do Custo de Produção de Arroz Irrigado nos Meses de Setembro de 2012 e 2013, base Uruguaiana em R$/ha.

O Diesel representa 10,5% do COT de forma direta e ainda influenciam de maneira

indireta diversos outros itens do custo, em especial o frete. Neste período analisado o

Diesel aumentou 8% e são preocupantes as sinalizações de novas altas, pois aumentos

no Diesel costumam ser “explosivos”, pois geram efeitos em cadeia e seu impacto real

termina sendo muito maior do que o anúncio da alíquota. O frete entre a propriedade e a

unidade armazenadora, que é desembolsado pelo produtor, também teve alta

significativa, o que era de se esperar diante do aumento do Diesel e também da mão-de-

obra. O frete aumentou 8% em relação ao igual período do ano passado.

3.1.1. Por que os preços dos herbicidas dispararam?

A disparada do preço do herbicida pode ser explicada pela forte apreciação da taxa

de câmbio no período-chave da aquisição desse produto. As cotações dos herbicidas

preservam forte correlação com a taxa de câmbio, sendo essa correlação de 0,7 1 .

1 A correlação varia de -1,0 a +1,0 sendo que -1 significa correlação inversa perfeita e +1 correlação positiva perfeita e 0 significa ausência completa de correlação de uma variável com outra.

Arroz Irrigado set/12 set/13 Var.(%) 13/12

Fertilizantes 596,72R$ 559,21R$ -6%Herbicidas 247,71R$ 348,69R$ 41%Inseticidas 70,11R$ 79,27R$ 13%Fungicidas 37,95R$ 37,95R$ 0%Outros químicos e sementes 14,25R$ 15,83R$ 11%Semente+ Royalties 124,20R$ 135,00R$ 9%Serviço terceirizado 68,40R$ 68,40R$ 0%Diesel 471,42R$ 508,15R$ 8%Manut. Maq e Equip. 434,85R$ 434,85R$ 0%Irrigação 684,50R$ 656,58R$ -4%Frete 203,72R$ 219,59R$ 8%M. de Obra 287,08R$ 312,92R$ 9%Armaz/Benef 461,58R$ 416,27R$ -10%Tributos de comercialização 136,11R$ 122,75R$ -10%Seguro 62,13R$ 62,13R$ 0%Assit. Técnica 47,05R$ 50,01R$ 6%Financiamento de capital de giro 286,01R$ 298,06R$ 4%

Custo Operacional Efetivo 4.233,77R$ 4.325,65R$ 2,2%Depreciação 556,28R$ 556,28R$ 0,0%

Custo operacional total 4.790,05R$ 4.881,93R$ 1,9%Remuneração do Capital investido 369,72R$ 369,72R$ 0,0%Terra 569,01R$ 513,16R$ -9,8%

Custo total 5.728,78R$ 5.764,81R$ 0,6%Fonte: CEPEA/FARSUL

23 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Podemos afirmar, ainda, que há uma correlação logarítmica entre os preços dos

herbicidas e a taxa de câmbio de 1,8%, ou ainda, para cada 1% que varia a taxa de

câmbio há uma variação de 1,8% nos preços dos herbicidas.

Sendo os herbicidas sensíveis às variações do câmbio e estes itens importantes do

custo de produção, deve ser esperado das autoridades monetárias mais estabilidade

econômica a fim de evitar que essas variações sejam absorvidas como custo de

produção.

3.1.2. Os fertilizantes ajudaram para que o aumento não ainda fosse maior.

A boa notícia para os custos foi à queda do preço dos fertilizantes2. Este grupo

representa pouco mais de 11,5% do custo operacional e teve uma queda de 6% quando

comparamos Setembro de 2013 com o igual período do ano anterior.

O menor preço deste insumo neste ano foi registrado no mês de Fevereiro, tendo

uma alta em Março e voltou a cair em Abril e Maio. Produtores que compraram neste

período – Fevereiro até Maio - conseguiram fazer as melhores compras. Entretanto, a

maior parte da aquisição ocorre entre Maio e Agosto, sendo que no mês de Julho

encontramos o maior volume, uma vez que é o período em que são depositados os

custeios nas contas dos produtores.

Gráfico 7 - Custo do Fertilizante na Produção de Arroz entre Jan/12 a Set/13, em reais por hectare.

Em Julho, na entrada dos custeios, o custo dos fertilizantes estava em R$ 544,63

contra R$ 615,72 no igual período do ano passado, baixa de 11,5% no período. 2 Os fertilizantes utilizados na lavoura de arroz são aqueles utilizados pela propriedade típica do município de Uruguaiana, levantado pelo CEPEA, em quantidades habituais da propriedade típica com produtividade de 156 sc/ha.

R$596,72

R$563,31

R$534,92 R$559,21

R$450,00

R$500,00

R$550,00

R$600,00

R$650,00

R$700,00

jan/

12

fev/

12

mar

/12

abr/1

2

mai

/12

jun/

12

jul/1

2

ago/

12

set/1

2

out/1

2

nov/

12

dez/

12

jan/

13

fev/

13

mar

/13

abr/1

3

mai

/13

jun/

13

jul/1

3

ago/

13

set/1

3Entrada do

Custeio

24 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Gráfico 8 - Comparativo do Gasto com Fertilizantes no Plantio de Arroz no Período de maior Comercialização, em R$/ha.

Conforme pode ser visto no gráfico anterior, quando comparamos o principal

período de aquisição de fertilizantes em 2013 em relação ao igual período de 2012, tem-

se, claramente, que em todos os meses desse quadrimestre os preços foram inferiores

em 2013. Contudo, produtores melhor capitalizados que não dependem do custeio para

adquirir fertilizantes puderam aproveitar o maior gap entre os preços que se deu em Maio

e Junho em relação ao ano anterior.

Quem costuma comprar em Maio pagou o menor custo por fertilizante

considerando o período de maior volume de negócios – Maio-Agosto – e obteve a maior

diferença em relação ao ano passado, uma vez que a diferença do mês de 2013 em

relação ao mesmo mês de 2012 foi, respectivamente para Maio, Junho, Julho e Agosto: -

21%, -14%, -12% e -9%.

No entanto a maior parte dos produtores aguarda a liberação dos custeios para

adquirir seus fertilizantes e, nestes casos, ainda que os ganhos não tenham sido tão

significativos como quem comprou em Maio ou até mesmo em Fevereiro, foram muito

bem vindos, pois, como já mencionado, compraram com 9% de desconto.

3.2. SOJA

Custo Operacional Efetivo da Soja, que contempla apenas os desembolsos no

processo produtivo, aumentou 3% entre Janeiro e Setembro de 2013 e 1% em relação ao

R$678,56 R$624,50 R$615,72 R$618,25

R$535,73 R$539,10 R$544,63 R$564,92

R$-

R$100,00

R$200,00

R$300,00

R$400,00

R$500,00

R$600,00

R$700,00

R$800,00

mai jun jul ago

2012 2013Gasto Médio mai-ago 2012: R$ 634,26 Gasto Médio mai-ago 2013: R$ 546,10

25 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

igual período do ano passado (Setembro contra Setembro), atingindo neste último mês

investigado R$ 1.775,05 por hectare.

Gráfico 9 - Evolução Mensal do Custo Operacional Total da Soja no RS, em R$/ha.

Esse aumento se deve pela forte alta obtida nos herbicidas, mão-de-obra e

Diesel, respectivamente. Os herbicidas aumentaram 26% ao longo de 2013 e 41%

quando comparado Setembro de 2013 com o igual período do ano passado.

Gráfico 10 - Variação do custo com Herbicidas, Mão-de-Obra e Diesel, em R$/ha. (tendo Base=100 fixa em Jan/12).

Já a mão-de-obra se elevou 9% em 2013 e o preço do Diesel aumentou 5% ao

longo de 2013 e 6% quando comparado a Setembro de 2012.

R$1.757,32

R$1.725,98

R$1.775,05

R$1.550,00

R$1.600,00

R$1.650,00

R$1.700,00

R$1.750,00

R$1.800,00

jan/

12fe

v/12

mar

/12

abr/1

2m

ai/1

2ju

n/12

jul/1

2ag

o/12

set/1

2ou

t/12

nov/

12de

z/12

jan/

13fe

v/13

mar

/13

abr/1

3m

ai/1

3ju

n/13

jul/1

3ag

o/13

set/1

3

134

169

109 109

106

112

90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

jan/

12fe

v/12

mar

/12

abr/1

2m

ai/1

2

jun/

12

jul/1

2

ago/

12se

t/12

out/1

2

nov/

12de

z/12

jan/

13

fev/

13m

ar/1

3

abr/1

3

mai

/13

jun/

13

jul/1

3

ago/

13se

t/13

Herbicidas Mão-de-obra Diesel

26 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

A disparada do preço do herbicida pode ser explicada pela forte apreciação da

taxa de câmbio no período-chave da aquisição desse produto. As cotações dos herbicidas

preservam forte correlação com a taxa de câmbio, sendo essa correlação de 0,7 3 .

Podemos afirmar, ainda, que há uma correlação logarítmica entre os preços dos

herbicidas e a taxa de câmbio de 1,8%, ou ainda, para cada 1% que varia a taxa de

câmbio há uma variação de 1,8% nos preços dos herbicidas.

Sendo os herbicidas sensíveis às variações do câmbio e estes itens importantes

do custo de produção, deve ser esperado das autoridades monetárias mais estabilidade

econômica a fim de evitar que essas variações sejam absorvidas como custo de

produção.

O aumento do custo de mão-de-obra em 9% também é preocupante, sobretudo

por esse aumento ser bem superior a média do custo e o preço da Soja estar abaixo das

cotações do ano passado. Esse aumento reflete a escassez de mão-de-obra qualificada

para trabalhar na moderna agricultura.

Por fim o Diesel - que está 6% maior do que o registrado no igual período do ano

anterior – reflete os maus resultados da Petrobras e já há sinalização de que devemos ter

novos aumentos, o que é muito preocupante tendo em vista que este insumo representa

7% do custo operacional de uma lavoura de Soja.

A boa notícia para os custos foi à queda do preço dos fertilizantes4. Este grupo

representa pouco mais de 30% do custo operacional e teve uma queda de 5% ao longo

de 2013 e queda de 9% quando comparamos Setembro de 2013 com o igual período do

ano anterior.

O menor preço deste insumo neste ano foi registrado no mês de Fevereiro,

tendo uma alta em Março e voltou a cair em Abril e Maio. Produtores que compraram

neste período – Fevereiro até Maio - conseguiram fazer as melhores compras. Entretanto,

a maior parte da aquisição ocorre entre Maio e Agosto, sendo que no mês de Julho

encontramos o maior volume, uma vez que é quando são depositados nas contas dos

produtores os custeios.

3 A correlação varia de -1,0 a +1,0 sendo que -1 significa correlação inversa perfeita e +1 correlação positiva perfeita e 0 significa ausência completa de correlação de uma variável com outra. 4 Os fertilizantes utilizados na lavoura de soja são aqueles utilizados pela propriedade típica do município de Carazinho levantado pelo CEPEA, em quantidades habituais da propriedade típica que tem produtividade 60 sc/ha.

27 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Gráfico 11 - Custo do Fertilizante na Produção de Soja entre Jan/12 a Set/13, em R$/ha.

Conforme pode ser visto no gráfico acima, quando comparamos o principal período

de aquisição de fertilizantes em 2013 em relação ao igual período de 2012, tem-se,

claramente, que em todos os meses desse quadrimestre os preços foram inferiores em

2013. Contudo, produtores melhor capitalizados que não dependem do custeio para

adquirir fertilizantes puderam aproveitar o maior gap entre os preços que se deu em Maio

e Junho em relação ao ano anterior.

Gráfico 12 - Comparativo do Gasto com Fertilizantes no Plantio de Soja no Período de maior Comercialização.

R$422,84

R$442,90

R$421,83 R$423,01

R$439,40

R$432,35

R$380,00

R$400,00

R$420,00

R$440,00

R$460,00

R$480,00

R$500,00

jan/

12fe

v/12

mar

/12

abr/1

2m

ai/1

2ju

n/12

jul/1

2ag

o/12

set/1

2ou

t/12

nov/

12de

z/12

jan/

13fe

v/13

mar

/13

abr/1

3m

ai/1

3ju

n/13

jul/1

3ag

o/13

set/1

3

Entrada do custeio

R$488,63

R$475,67

R$442,90

R$460,15

R$423,01

R$438,54 R$439,40 R$447,16

R$380,00

R$400,00

R$420,00

R$440,00

R$460,00

R$480,00

R$500,00

mai jun jul ago

2012 2013 Gasto Médio (mai-jul 2012) : R$ 469,07 Gasto Médio (mai-jul 2013) : R$ 433,65 Var.(%) 13/12= -7,55%

28 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

A maior parte dos produtores aguarda a liberação dos custeios para adquirir

seus fertilizantes e, nestes casos, os ganhos não foram tão significativos, ainda que bem

vindos. Quem comprou em Julho de 2013 economizou 0,80% em relação à compra em

Julho de 2012 e, quem deixou para comprar em Agosto, economizou 2,8% caso tenha

comprado também em Agosto do ano passado, no entanto, pagou 2% a mais do que se

tivesse comprado no mês anterior, em Julho.

Os produtores que compraram seus fertilizantes em Maio e Junho o fizeram com

um desconto em relação ao igual período do ano passado de 13,43% e 7,80%,

respectivamente.

Além do maior custo de produção como já mencionado a receita está menor do

que no mesmo período do ano passado, o que descortina um cenário de menor

lucratividade para a Safra 2013/14.

Gráfico 13 - Comparativo do Preço da Soja entre 2012 e 2013, em R$/sc 60 kg.

Desde Julho deste ano as cotações para Soja têm sido menores do que as

registradas no mesmo período do ano passado. Em Agosto e Setembro o preço da Soja

estava menor em R$ 9,00 por saca de 60 kg quando comparado com igual período do

ano passado, o que percentualmente representa uma queda de 12% em Setembro.

-

10

20

30

40

50

60

70

80

Jan fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

43 43 47

53 54 57 65

71 74

58 57 56 54 55 61 62 62 65

2012 2013

29 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Gráfico 14 - Preço da Soja (Cents/Bushel) com vencimento em Maio do ano seguinte (dia/mês) na CBOT.

Quando se olha para frente, mirando em Maio de 2014 quando teremos o forte

da colheita da Soja, os negócios em Chicago estão sendo realizados a U$c 1.232/Bushel.

No exato mesmo período do ano passado quando se olhava para Maio de 2013 os preços

em Chicago estavam em U$c 1.460/Bushel. Logo, tivemos uma queda de 15,6% na

perspectiva do preço da Soja, o que reflete uma piora nos fundamentos do mercado

global.

Tendo em vista as sinalizações dos preços atuais e futuros, deste ano e do ano

passado, o cenário posto sugere que poderemos ter uma comercialização ao longo do

ano que vem em patamares de preço menores do que os atuais.

3.3. MILHO

Apesar do Custo Operacional Total do Milho ter aumentando 2% ao longo de 2013,

atingindo em Setembro R$ 2.461,51 por hectare, em relação ao igual período do ano

anterior há queda também de 2%.

1.460,00

1.232,00

1.000,00

1.100,00

1.200,00

1.300,00

1.400,00

1.500,00

1.600,00

1.700,00

7/11 7/12 7/1 7/2 7/3 7/4 7/5 7/6 7/7 7/8 7/9 7/10 7/11

2013 2014

30 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Gráfico 15 - Evolução Mensal do Custo Operacional Total do Milho no RS, em R$/ha.

Ainda que os preços dos fertilizantes5 tenham caído e com isso reduzido o custo

de produção em relação ao ano anterior, já que os fertilizantes compõe nada menos do

que 33% do Custo Operacional Total, essa queda poderia ter sido bem maior não fossem

as altas nos herbicidas, que subiram 11% em relação ao ano anterior e 14% ao longo de

2013, o custo com a mão-de-obra, que cresceu 9% e o preço do diesel, que subiu 6%

em relação ao mesmo período do ano anterior.

Gráfico 16 - Variação do Custo com Fertilizantes, Herbicidas, Mão-de-Obra e Diesel, em R$/ha (tendo Base=100 fixa em Jan/12).

5 Os fertilizantes utilizados na lavoura de milho são aqueles utilizados pela propriedade típica do município de Carazinho, levantado pelo CEPEA, em quantidades habituais da propriedade típica e com produtividade de 130 sc/ha.

R$2.518,27

R$2.395,08

R$2.461,51

R$2.150,00

R$2.200,00

R$2.250,00

R$2.300,00

R$2.350,00

R$2.400,00

R$2.450,00

R$2.500,00

R$2.550,00

R$2.600,00

jan/

12fe

v/12

mar

/12

abr/1

2m

ai/1

2ju

n/12

jul/1

2ag

o/12

set/1

2ou

t/12

nov/

12de

z/12

jan/

13fe

v/13

mar

/13

abr/1

3m

ai/1

3ju

n/13

jul/1

3ag

o/13

set/1

3 128

106 109 112

95

100

105

110

115

120

125

130

135

jan/

12

fev/

12

mar

/12

abr/1

2

mai

/12

jun/

12

jul/1

2

ago/

12

set/1

2

out/1

2

nov/

12

dez/

12

jan/

13

fev/

13

mar

/13

abr/1

3

mai

/13

jun/

13

jul/1

3

ago/

13

set/1

3

Herbicidas Fertilizantes Mão-de-obra Diesel

31 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

As razões para as variações de preços nos fertilizantes, herbicidas, mão-de-obra e

diesel já foram apresentadas na análise específica dos produtos.

Gráfico 17 - Custo do Fertilizante na Produção de Milho entre Jan/12 a Set/13, em R$/ha.

Note-se que a média do preço dos fertilizantes no período de maior intensidade da

compra, que é entre Maio e Agosto, esteve R$ 855,31 por hectare em 2013, valor 6%

mais baixo do que no mesmo período do ano passado, pois naquela época esta média

estava em R$ 918,48.

Gráfico 18 - Comparativo do Gasto com Fertilizantes no Plantio de Milho no Período de maior Comercialização, em R$.

R$772,50

R$888,09

R$802,71

R$865,99

R$822,38

R$700,00

R$750,00

R$800,00

R$850,00

R$900,00

R$950,00

R$1.000,00ja

n/12

fev/

12

mar

/12

abr/1

2

mai

/12

jun/

12

jul/1

2

ago/

12

set/1

2

out/1

2

nov/

12

dez/

12

jan/

13

fev/

13

mar

/13

abr/1

3

mai

/13

jun/

13

jul/1

3

ago/

13

set/1

3

Entrada do Custeio

R$964,35 R$924,62 R$888,09 R$896,86

R$802,71 R$867,14 R$865,99 R$885,40

R$-

R$200,00

R$400,00

R$600,00

R$800,00

R$1.000,00

R$1.200,00

Mai Jun Jul Ago

2012 2013

32 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Quem conseguiu comprar fertilizantes com recursos próprios antes da entrada dos

custeios adquiriu com preços bem melhores, pois em Maio o custo por hectare estava em

R$ 802,71 e em Julho já estava R$ 865,99, ou seja, 7,9% mais caro.

Olhando em relação ao ano anterior a maior diferença deu-se justamente no mês

de Maio, onde quem comprou em neste mês no ano passado e neste ano teve uma

economia de R$ 161,64 por hectare ou quase 17% de economia.

Gráfico 19 - Comparativo do Preço do Milho entre 2012 e 2013, em R$/sc 60 kg.

Observando os preços mensais do saco de Milho neste ano e no passado, nota-se,

claramente, que desde Julho os preços em 2013 estão abaixo de 2012 e a distância tem

aumentado na comparação mensal e no mês de Setembro a diferença chegou a 18%.

No atual nível de preço é necessário que os produtores colham 111,58 sacos de

Milho por hectare apenas para cobrir os custos operacionais totais – que englobam

também as depreciações – sendo que 102,63 sacos são utilizados apenas para a

cobertura do desembolso. No caso de produtores que pagam arrendamento, para

empatar com os custos o produtor precisa colher 150,65 sacos de Milho por hectare.

Conforme podem ser observados no Gráfico a seguir os preços futuros do Milho

também refletem fundamentos de mercado diferentes do que se tinha no mesmo igual

período de 2012.

-

5

10

15

20

25

30

Jan fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

26 28 27 25

24 24 25 27

28 28 28 27 25 24 24 24 23 23

2012 2013

33 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Gráfico 20 - Preço Futuro do Milho (R$/sc 60 kg) com vencimento em Maio do ano seguinte (dia/mês) na BM&FBovespa.

Em Novembro de 2012 os produtores poderiam travar preços de Milho na

BM&FBovespa ao preço de R$ 30,00 o saco para o vencimento de Maio de 2013. Já em

Novembro de 2013 os produtores que desejarem travar para Maio de 2014 encontram

preço de R$ 26,20 o saco, o que mostra uma queda de 12,67%, indicando que o mercado

considera piores os fundamentos do mercado para essa próxima safra do que

considerava a safra passada, o que reforça a perspectiva de piora na rentabilidade da

próxima safra.

26,20

30,00

20,00

22,00

24,00

26,00

28,00

30,00

32,00

34,0017

/524

/531

/5 7/6

14/6

21/6

28/6 5/7

12/7

19/7

26/7 2/8

9/8

16/8

23/8

30/8 6/9

13/9

20/9

27/9

4/10

11/1

018

/10

25/1

01/

118/

11

2014 2013

34 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

4. ANÁLISE DO CRÉDITO RURAL

O valor disponibilizado a título de Crédito Rural no Plano Safra 2013/2014 é R$ 136

bilhões, um aumento de 18% comparado com o que foi liberado no Plano Safra

2012/2013. Uma das novidades foi o aumento do limite para custeio que passou de R$

800 mil para R$ 1milhão, aumento de 25% em relação ao Plano Safra anterior. No ano de

2012 foram tomados R$ 17,1 bilhões pelos produtores gaúchos e já foram sacados R$ 17

bilhões em 2013 até outubro, ou seja, em 10 meses já foram tomados quase o mesmo

montante que o ano inteiro de 2012.

Gráfico 21 - Comparativo do Crédito Rural Tomado pelos Produtores do RS no Ano de 2012 e no Período de Janeiro a Outubro de 2013.

Tabela 10 - Crédito Rural Tomado pelos Produtores do Estado até Outubro de 2013.

8.996,32 9.661,52

4.261,19 4.305,24 3.885,67 3.046,71

17.147,18 17.013,47

Valor (R$) - 2012 Valor (R$) - 2013

CUSTEIO INVESTIMENTO COMERCIALIZACAO TOTAL

Fonte: BCB

Contrato Valor (R$) Contrato Valor (R$) Contrato Valor (R$) Contrato Valor (R$)Jan 3.376 142,18 34.091 270,52 260 197,35 37.727 610,05 Fev 4.305 231,72 21.073 334,49 292 114,41 25.670 680,62 Mar 10.212 496,52 6.856 329,33 1.029 293,97 18.097 1.119,83 Abr 17.890 780,02 9.760 471,36 1.816 377,88 29.466 1.629,25 Mai 19.461 971,20 10.455 534,32 1.081 505,44 30.997 2.010,95 Jun 21.815 1.044,63 10.764 669,10 1.093 549,66 33.672 2.263,39 Jul 53.167 1.317,88 5.431 201,47 1.137 278,27 59.735 1.797,62 Ago 90.060 2.350,70 8.289 408,65 721 192,29 99.070 2.951,64 Set 66.174 1.359,93 9.397 542,42 444 204,47 76.015 2.106,83 Out 37.701 966,75 12.180 543,59 792 332,96 50.673 1.843,30 TOTAL 324.161 9.661,52 128.296 4.305,24 8.665 3.046,71 461.122 17.013,47 Fonte: BCB/DIORF/DEROP/DIORE

Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (SICOR)

Elaboração: Sistema Farsul

MÊSFINALIDADE

TOTALCUSTEIO INVESTIMENTO COMERCIALIZAÇÃO

35 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Considerando somente o período de janeiro a outubro 2012 o total que foi tomado

atinge R$ 13,7 bilhões para o Estado, ou seja, o aumento em 2013 é 24% maior. Já o

número de contratos aumentou 17% no mesmo período analisado de 2012 para 2013, o

que mostra que houve retorno de produtores ao Crédito Rural.

Tabela 11 - Total de Crédito Rural Tomado no RS de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013.

A quantidade de crédito tomado para a comercialização diminuiu 5% no Estado,

enquanto o custeio aumentou os mesmos 5% mantendo assim o mesmo nível de

participação do crédito sacado para investimento, reflexo da melhora dos preços e da

maior liquidez do mercado.

Gráfico 22 - Participação do Custeio, Investimento e Comercialização dentro da Carteira de Crédito Rural tomado no RS em 2012 e 2013.

Contrato 2012

Contrato 2013 Valor (R$) 2012 Valor (R$) 2013 Contratos Valor

Jan 10.410 37.727 541.614.031 610.047.279 262% 13%Fev 9.239 25.670 540.777.509 680.620.441 178% 26%Mar 12.622 18.097 845.295.266 1.119.829.411 43% 32%Abr 19.687 29.466 1.169.379.495 1.629.247.707 50% 39%Mai 27.658 30.997 1.571.631.222 2.010.952.125 12% 28%Jun 29.813 33.672 1.659.858.993 2.263.389.706 13% 36%Jul 29.562 59.735 1.100.936.891 1.797.617.656 102% 63%Ago 107.164 99.070 2.574.030.616 2.951.642.792 -8% 15%Set 74.698 76.015 1.808.698.193 2.106.825.742 2% 16%Out 72.124 50.673 1.961.633.724 1.843.298.200 -30% -6%TOTAL 392.977 461.122 13.773.855.939 17.013.471.059 17% 24%Fonte: BCB/DIORF/DEROP/DIORESistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (SICOR)Elaboração: Sistema Farsul

VAR. (12/13)TOTAL TOTALMÊS

52% 57%

25% 25%

23% 18%

ANO - 2012 ANO - 2013

CUSTEIO INVESTIMENTO COMERCIALIZACAO

Fonte: BCB

36 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

4.2. Análise do Custeio

O valor tomado para custeio no período de janeiro a outubro de 2013 apresentou

um aumento de 23% se comparado com igual período de 2012. Confrontando com o ano

inteiro passado o aumento já é maior em sete. Os números de contratos no período de

janeiro a outubro de 2013 aumentaram 4% comparando com o mesmo período de 2012,

bem menos que a variação do valor nesse período. Uma das razões para a diferença

significativa no avanço nos valores de custeio frente aos números de contratos é o

aumento do limite para custeio de R$ 800 mil para R$ 1 milhão no Plano Safra 2013/2014,

um aumento bastante significativo de 25%.

Tabela 12 - Crédito Rural Tomado para Custeio no RS no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013.

No gráfico a seguir expõe-se a distribuição da tomada de custeio por grão. Gráfico 23 - Participação dos Principais Grãos no Custeio da Carteira de Crédito Rural do Estado no Período de Janeiro a Outubro de 2013.

Contrato 2012

Contrato 2013 Valor (R$) 2012 Valor (R$) 2013 Contratos Valor

Jan 4.112 3.376 153.278.085 142.179.981 -18% -7%Fev 3.731 4.305 216.178.089 231.720.877 15% 7%Mar 6.436 10.212 317.194.193 496.522.896 59% 57%Abr 12.437 17.890 486.694.684 780.016.516 44% 60%Mai 19.299 19.461 795.459.684 971.197.889 1% 22%Jun 20.412 21.815 762.026.554 1.044.630.557 7% 37%Jul 24.470 53.167 610.175.443 1.317.876.855 117% 116%Ago 99.927 90.060 2.034.711.494 2.350.703.810 -10% 16%Set 69.131 66.174 1.340.698.973 1.359.927.490 -4% 1%Out 53.169 37.701 1.149.657.561 966.746.312 -29% -16%TOTAL 313.124 324.161 7.866.074.761 9.661.523.182 4% 23%Fonte: BCB/DIORF/DEROP/DIORESistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (SICOR)Elaboração: Sistema Farsul

MÊSCUSTEIO CUSTEIO VAR. (12/13)

ARROZ 22%

FEIJÃO 0,4%

MILHO 17%

SOJA 45%

TRIGO 15%

Elaboração: Sistema Farsul

37 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Em comparação ao ano passado a soja e o feijão tiveram avanço em sua

participação dentro da carteira, enquanto o milho recuou e o arroz e o trigo mantiveram

sua participação. A soja avançou 1% e o feijão 0,1% em relação ao mesmo período do

ano anterior, enquanto o milho apresentou um recuo de 2% na participação o arroz e o

trigo mantiveram o mesmo nível de participação que tinham na carteira em 2012.

Gráfico 24 - Números de Contratos Tomados para Arroz, Feijão, Milho, Soja e Trigo para o Estado no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013.

Os números de contratos tomados no período de janeiro a outubro de 2013

aumentaram em relação ao último ano em três tipos de grãos. Aumentaram o número de

contratos assumidos; o arroz 6% a soja 3% e o trigo 13%.

Em 2013 o feijão e o milho recuaram em relação ao número de contratos tomados

no ano passado, o feijão e o milho recuaram 5%.

Ressalta-se que o maior avanço dentre os grãos de verão deu-se no arroz e não foi

por acaso, pois é consequência da renegociação das dívidas dos orizicultores.

7.074 2.760

77.796

68.491

22.706

7.479 2.616

73.528 70.547

25.716

-

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

Arroz Feijão Milho Soja Trigo

2012 2013

Fonte: BCB

38 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Gráfico 25- Total dos Valores Tomados para Arroz, Feijão, Milho, Soja e Trigo para o Estado no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013, em milhões de R$.

Os valores totais sacados no Estado para custeio no período de janeiro a outubro

de 2013 avançaram bastante em relação a igual período de 2012. Os valores totais de

custeio diferentemente dos contratos avançaram em todos os cinco tipos de grãos

analisados, resultado da maior participação do crédito rural na carteira, aumento dos

custos de produção e a renegociação das dívidas. Os avanços em relação ao período

anterior foram de 28% para o arroz, 61% para o feijão, 19% para o milho, 35% para soja e

34% para o trigo.

4.2. Análise do Investimento

O investimento foi à finalidade que mais avançou de 2012 para 2013, refletindo o

bom momento do campo, a capitalização dos produtores e o desejo destes em melhorar

seus processos.

O valor total no período de janeiro a outubro de 2013 aumentou 57% se comparado

com igual período de 2012, comparando com o ano inteiro de 2012 já ultrapassou em 1%.

Já em termos de número de contratos no período de janeiro a outubro de 2013 foi 93% no

mesmo período de 2012.

1.017

14

844 680

1.990

1.298

23

1.005 912

2.683

-

500,0

1.000,0

1.500,0

2.000,0

2.500,0

3.000,0

Arroz Feijão Milho Soja Trigo

2012 2013

39 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Tabela 13- Crédito Rural Tomado para Investimento no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013.

Observando-se o investimento por item nota-se que com exceção das

regularizações fundiárias todos os itens tiveram aumento.

4.2.1. Reforçando a Nota Técnica: investimentos agropecuários: o Gap Entre os Anúncios no Encerramento de Feiras e o Dado Oficial do Banco Central

O forte aumento nos investimentos em máquinas agrícolas mostra a disposição dos

produtores gaúchos em aumentar a produtividade, melhorar os processos e produzir cada

vez mais, crescendo 111%.

Tabela 14 - Participação das Principais finalidades de Investimento dentro da Carteira do Crédito Rural no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013.

Contratos 2012

Contratos 2013

Valor (R$) 2012

Valor (R$) 2013 Contratos Valor

Jan 3.779 34.091 152.898.797 270.515.238 802% 77%Fev 4.019 21.073 170.367.773 334.487.496 424% 96%Mar 5.159 6.856 217.150.192 329.334.889 33% 52%Abr 6.117 9.760 236.022.814 471.355.172 60% 100%Mai 6.959 10.455 300.525.192 534.315.927 50% 78%Jun 7.200 10.764 452.798.959 669.095.285 50% 48%Jul 3.620 5.431 188.817.015 201.468.435 50% 7%Ago 6.359 8.289 305.989.565 408.652.250 30% 34%Set 5.110 9.397 227.623.002 542.423.821 84% 138%Out 18.281 12.180 486.463.949 543.588.469 -33% 12%TOTAL 66.603 128.296,00 2.738.657.258

4.305.236.981 93% 57%Fonte: BCB/DIORF/DEROP/DIORE

Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (SICOR)

Elaboração: Sistema Farsul

INVESTIMENTO INVESTIMENTO VARIAÇÃO (%) - 2012/2013MÊS

INVESTIMENTO 2012 2013 Var.(%)Máquinas Agrícolas 1.018.916.464,75 2.144.915.650,18 111%Pecuária 537.829.018,37 735.058.639,08 37%Armazenagem 184.084.456,27 257.494.936,17 40%Solos 165.210.510,29 168.506.837,12 2%Renegociação 2.000.000,00 146.874.938,94 7244%Irrigação 75.386.116,45 138.898.866,91 84%Capital de Giro 80.235.000,00 126.635.000,00 58%Residências rurais 31.437.144,32 44.280.227,93 41%Veículos 28.816.010,63 41.203.534,99 43%Frutas 24.416.525,48 30.644.080,99 26%Fundiários 60.451.343,46 25.211.414,38 -58%Outros 529.874.667,88 434.402.647,07 -18%Total 2.738.657.258 4.294.126.773,76 57%Fonte: Banco Central do BrasilElaboração: Sistema Farsul/Assessoria Econômica

40 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Um crescimento dessa magnitude deve ser muito comemorado não apenas pelos

produtores, mas também por fabricantes e demais envolvidos. No entanto, informações

equivocadas não contribuem com a melhor alocação dos recursos, como a Assessoria

Econômica alertou em Nota Técnica denominada: “Nota Técnica: Investimentos Agropecuários: o Gap entre os Anúncios no Encerramento de Feiras e o Dado Oficial do Banco Central”, publicada após o encerramento da Expointer na sequência

do questionamento da Presidência da Farsul que, desde 2009, chama a atenção para

essa distorção.

Apesar do aumento de 111%, atingindo nada menos que R$ 2,1 Bi até outubro,

para atingirmos os resultados anunciados precisaremos investir ainda mais 169% para

alcançarmos os R$ 5,8 Bi. Essa realidade que poderia ser apenas de comemoração entre

as partes envolvidas – produtores que compram, assumem um grande passivo e um alto

risco e as indústrias que fabricam – torna-se constrangedora para quem teima, por razões

que desconhecidas, insistir em confundir o mercado com informações falsas e de má

qualidade.

Como já dissemos em Nota, nossa preocupação não é em polemizar ou

constranger que anuncia. A preocupação é técnica e baseada nas teorias de formação de

bolhas desenvolvidas pelos prêmios-nóbeis Stiglitz, Arkelof e Spence, que quando se

tenta apresentar a oferta ou demanda maior ou menor do que de fato ela é os agentes

econômicos tendem a precificar os produtos de forma equivocada e, quando o mercado

percebe, há uma forte variação no preço no momento do “estouro” da bolha. Como

entidade empresarial tem como obrigação preservar os interesses de nossos associados.

De outro lado, não se deve pedir licença para falar a verdade.

Note-se também o aumento de 84% em equipamentos de irrigação ou

armazenagem de água, fruto da maior facilidade de implantação a partir do programa

“Mais Água Mais Renda”. Esse crescimento demonstra a demanda reprimida por anos de

restrição burocrática e ambiental.

Os produtores também estão aumentando sua capacidade de armazenagem, uma

vez que o aumento desse investimento foi de 40%. Apesar do avanço da soja sobre áreas

de pecuária, é importante o aumento dos investimentos pecuários.

41 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Tabela 15 - Crédito Rural Tomado para Investimento no período de janeiro a outubro de 2012 e 2013, por finalidade.

Analisando só as finalidades de investimento destacadas no período de janeiro a

outubro de 2013 o número total de contratos aumentou 94% e o valor total sacado

avançou 98% em comparação com o mesmo período de 2012.

Os contratos tiveram um avanço em quase todas as finalidades de investimento no

período de janeiro a outubro de 2013 em relação ao mesmo período de 2012. As

finalidades que aumentaram o número de contratos são respectivamente: adubação

intensiva do solo (84%), armazém (89%), camionetas (57%), colheitadeiras (108%),

depósitos e instalações (64%), irrigação (146%), máquinas e implementos (117%), silos

(117%), trator (59%). A única finalidade de investimento que não obteve um aumento no

seu número de contratos no período analisado foi caminhões (-3%), mesmo com uma

safra recorde em 2013 não houve um aumento no número de contratos para investimento

em aquisição de caminhões. Considerando a evolução dos contratos destaca-se a

irrigação que foi a finalidade que mais teve aumento (146%) nos números de contratos,

ou seja, os produtores estão cada vez mais investindo em irrigação, evidência de uma

preocupação maior por parte dos produtores depois da seca de 2012. Outra finalidade

que teve um acréscimo considerável nos seus números de contratos foi investimento em

silos (117%), uma das razões é o incentivo do Plano Safra 2013/2014 para investimentos

em armazenagem e silos.

Os valores contratados também evoluíram em quase todas as finalidades de

investimento no período de janeiro a outubro de 2013 em relação ao mesmo período de

2012. As finalidades que aumentaram os valores tomados neste período foram:

Contratos 2012

Contratos 2013 Valor (R$) 2012 Valor (R$)

2013 Adubação Intensiva do Solo 372 686 17.762.518 6.815.746 Armazém 247 466 58.753.141 54.552.100 Caminhões 538 521 45.182.078 48.580.861 Camionetas 730 1.145 24.713.003 34.152.733 Colheitadeira 694 1.441 157.185.064 353.492.282 Depósitos e Instalações 5.570 9.115 98.406.156 119.574.305 Irrigação 471 1.160 70.871.103 108.792.309 Máquinhas e Implementos 16.080 34.893 461.544.296 1.170.853.413 Silo 223 484 26.925.158 48.875.824 Trator 4.775 7.581 343.958.667 635.116.721 TOTAL 29.700 57.492 1.305.301.184 2.580.806.293 Fonte: BCB/DIORF/DEROP/DIORESistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (SICOR)Elaboração: Sistema Farsul

FINALIDADES DE INVESTIMENTO

INVESTIMENTO INVESTIMENTO

42 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

caminhões (8%), camionetas (38%), colheitadeiras (125%), depósitos e instalações

(22%), irrigação (54%), máquinas e implementos (154%), silos (82%), tratores (85%).

Duas finalidades de investimento diminuíram os valores tomados no período; adubação

intensiva do solo (-62%) e armazém (-7%).

4.3. Análise da Comercialização

A comercialização recuou do ano de 2012 para 2013, fruto de maior liquidez trazida

pelos bons preços do ano. O valor total da comercialização tomada pelos produtores no

período de janeiro a outubro de 2013 diminuiu 4% se comparado com igual período de

2012. O número de contratos recuou bastante no período de janeiro a outubro de 2013,

sendo 35% menor do que o mesmo período de 2012.

Tabela 16 - Crédito Rural Tomado para Comercialização no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013.

Gráfico 26 - Comparação da Participação do Arroz, Milho e Trigo na Comercialização da Carteira de Crédito Rural do Estado entre 2012 e 2013.

Contratos - 2012

Contratos - 2013

Valor (R$) - 2012

Valor (R$) - 2013 Contratos Valor

Jan 2.519 260 235.437.150 197.352.061 -90% -16%Fev 1.489 292 154.231.647 114.412.068 -80% -26%Mar 1.027 1.029 310.950.881 293.971.627 0% -5%Abr 1.133 1.816 446.661.996 377.876.019 60% -15%Mai 1.400 1.081 475.646.346 505.438.309 -23% 6%Jun 2.201 1.093 445.033.480 549.663.864 -50% 24%Jul 1.472 1.137 301.944.432 278.272.366 -23% -8%Ago 878 721 233.329.556 192.286.732 -18% -18%Set 457 444 240.376.218 204.474.432 -3% -15%Out 674 792 325.512.214 332.963.419 18% 2%TOTAL 13.250 8.665 3.169.123.919 3.046.710.896 -35% -4%Fonte: BCB/DIORF/DEROP/DIORE

Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (SICOR)

MÊSCOMERCIALIZACAO COMERCIALIZACAO VARIAÇÃO (%) - 2012/2013

42%

10%

23% 25%

37%

7% 13%

42%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

ARROZ MILHO TRIGO OUTROS

2012 2013

*Foram usados os valores de janeiro a outubro dos anos observados.

43 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Dentro da carteira de comercialização do Crédito Rural nos períodos de janeiro a

outubro de 2013 e 2012 os principais produtos são arroz milho e trigo, que tem a maior

representatividade em termos de contratos e valores tomados, representam 58% do valor

da carteira em 2013, um recuo de 17% se comparado com 2012.

Como vistos nos gráficos anteriores os três principais produtos que compõem a

carteira diminuíram a sua participação. O arroz, milho e trigo diminuíram sua participação

em 5%, 3% e 10% respectivamente.

Tabela 17 - Números de Contratos de Comercialização Tomados para Arroz, Milho e Trigo no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013.

Os números de contratos assumidos pelos produtores para comercialização no

período de janeiro a outubro de 2013 só o arroz avançou (10%). Diminuíram o número de

contratos adquiridos de 2012 para 2013 o milho (-45%) e o trigo (-21%).

Contratos 2012

Contratos 2013

Contratos 2012

Contratos 2013

Contratos 2012

Contratos 2013

Jan 81 75 239 15 463 89 Fev 88 51 249 36 199 76 Mar 294 152 52 66 93 46 Abr 505 466 51 63 37 26 Mai 473 634 52 70 53 47 Jun 364 490 72 70 85 463 Jul 145 234 51 43 22 6 Ago 118 124 47 42 12 4 Set 138 134 67 45 15 6 Out 317 414 37 51 51 51 TOTAL 2.523 2.774 917 501 1.030 814 Fonte: BCB/DIORF/DEROP/DIORESistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (SICOR)Elaboração: Sistema Farsul

MÊSARROZ MILHO TRIGO

44 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Tabela 18 - Valores Tomados para Comercialização de Arroz, Milho e Trigo no Período de Janeiro a Outubro de 2012 e 2013.

Os valores sacados pelos produtores para comercialização no período de janeiro a

outubro de 2013 só o arroz avançou (4%). Diminuíram o número de valores tomados de

2012 para 2013, o milho (-20%) e o trigo (-5%).

4.4. O Impacto das Renegociações do Arroz e da Estiagem na concessão de crédito.

No ano de 2012 quando o setor orizícola atravessava uma forte crise a Farsul

liderou um processo de renegociação das dívidas do setor, mostrando que centenas de

produtores não estavam mais acessando crédito rural em consequência do volume de

dívidas de curto prazo vencidas e vincendas.

Gráfico 27 - Evolução do Número de Contratos de Custeio para Arroz no RS (Jan-Out)

Valor (R$) - 2012 Valor (R$) - 2013 Valor (R$) - 2012 Valor (R$) - 2013 Valor (R$) - 2012 Valor (R$) - 2013JANEIRO 39.521.646,17 60973805,78 10.869.927,81 8.716.013,18 99.913.451,62 103.481.278,86 FEVEREIRO 21.945.807,72 18234519,12 12.695.488,49 12.713.628,56 55.364.425,12 48.667.388,92 MARÇO 106.731.126,61 106962511,3 40.577.120,65 34.051.128,39 71.063.616,35 34.679.368,80 ABRIL 138.224.607,70 167411832,4 51.366.152,84 27.475.176,59 31.037.669,76 32.853.575,48 MAIO 153.706.656,29 187617446,7 28.013.478,96 30.595.081,79 40.654.711,99 42.263.875,95 JUNHO 152.018.051,45 211571101,6 37.101.473,81 30.595.081,79 73.337.968,34 99.913.451,62 JULHO 124.721.389,20 97834259,62 19.874.355,33 17.236.033,90 15.948.692,72 6.132.000,00 AGOSTO 84.467.682,81 51041174,01 25.997.941,51 12.362.075,40 7.315.361,14 4.424.560,00 SETEMBRO 123.843.994,59 71517343,98 26.108.342,76 30.285.870,07 8.180.199,00 6.285.288,50 OUTUBRO 137.424.126,68 151138176,1 21.248.140,85 14.487.100,68 29.935.555,40 31.392.894,20 TOTAL 1.082.605.089,22 1.124.302.170,60 273.852.423,01 218.517.190,35 432.751.651,44 410.093.682,33 Fonte: BCB/DIORF/DEROP/DIORESistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (SICOR)Elaboração: Sistema Farsul

MÊS ARROZ MILHO TRIGO

8.561

9.624

6.817

7.863

9.711 10.558

10.728

9.939

7.400

7.074

7.479

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

10.000

11.000

12.000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Fonte: BCB

45 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

O Governo Federal atendeu ao pleito dos produtores e através da Resolução 4.161 do Banco Central os bancos foram autorizados a parcelar a dívida de custeio,

investimento e comercialização dos produtores em até 10 anos.

Gráfico 28 - Evolução do Valor Tomado como Custeio para Arroz no RS (Em R$ Milhões) (Jan-Out)

Note-se que a quantidade de produtores que retornaram ao crédito rural foi de 6%

e mesmo aqueles que ainda operavam com diversas restrições com o crédito rural houve

uma melhora bastante significativa, pois o valor tomado foi 28% maior que em 2012 na

passagem Janeiro a Outubro.

Além dos aumentos em números de contratos e valores tomados deve ser

comemorada a mudança no ponto de inflexão, ou seja, na tendência. Enquanto até a

renegociação tanto os contratos quanto os valores estavam em queda – ao contrário do

que ocorria com o crédito rural em geral – e agora a tendência volta a ser de retomada

como indicam os gráficos anteriores.

Outra análise que apresentamos diz respeito à área plantada de grãos no Rio

Grande do Sul após a estiagem de 2005 e da ocorrida em 2012. Conforme podemos notar

claramente no gráfico a seguir, após 2005 os produtores enfrentaram um período muito

difícil de escassez de crédito, pois suas dívidas decorrentes da estiagem – programadas

para curto prazo – não tiveram um adequado reenquadramento, fazendo com que os

produtores de algumas regiões ou não tivessem acesso ao crédito, ou não pudessem

tomar todo o valor possível em razão da falta de limite.

Evidentemente temos que considerar também que o cenário de mercado para o

pós-estiagem de 2005 também era ruim, porém, mesmo quando o mercado reagiu ainda

assim os produtores somente igualaram a área plantada em 2012, sete anos depois.

354 392

258

398

623

926

1.089 1.180

923 1.017

1.298

-

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

46 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Se após a estiagem de 2005 foram necessários sete anos para retomarmos a área

plantada, em 2013, imediatamente após a estiagem de 2012, temos a maior área

plantada da história do Rio Grande do Sul.

Gráfico 29 - Evolução da Área Plantada de Grãos no RS (Em hectares)

Isso se deve, além do bom cenário para os preços, a possibilidade dos produtores

de acessarem o crédito rural. A grande diferença que percebemos em 2013 em relação a

2006 é a Resolução do Banco Central 4.134 que permitiu aos produtores parcelar as

dívidas decorrentes da estiagem em até 10 anos.

Ao dar essa possibilidade, os produtores que prorrogaram suas dívidas tiveram

acesso ao novo crédito rural e puderam plantar uma grande área. Curiosamente, a

maioria dos produtores que dispuseram desse expediente ao invés de pagar

parceladamente, como contrataram, preferiu liquidar o montante da dívida imediatamente

após acessar o novo crédito. Na verdade esta resolução possibilitou que o produtor em

boa situação fizesse uma operação de caixa – prorrogando, abrindo limite e quitando a

dívida – e aqueles em situação pior carregasse a dívida por mais tempo, mas com acesso

ao novo crédito. Tanto em um caso como no outro os produtores tiveram acesso ao

crédito e puderam aumentar a área plantada, diferente do ocorrido pós-estiagem de 2005

e a Resolução 4.134 teve um peso importante nessa retomada.

Outro pleito junto às autoridades monetárias do país foi à solução para o

endividamento estrutural dos produtores de grãos de sequeiro que ainda carregavam

dívidas mal equacionadas do período de 2005 em diante. Esse pleito passou a ser

conduzido pela Farsul em Março de 2013, após três anos de tentativas frustradas de

outras entidades e lideranças.

6.000.000

6.500.000

7.000.000

7.500.000

8.000.000

8.500.000

47 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Nossa proposta, aceita pelos representantes diretos dos produtores dos municípios

de Santo Ângelo e Santiago, foi encaminhada à Fazenda e, mais uma vez, obtivemos

êxito. Através da Resolução 4.272 do Banco Central produtores que ainda carregam

dívidas do período de 2003 a 2011 que estão em carteira bancária ou até mesmo em

perdas bancárias poderão trocar suas dívidas por outra com vencimento em até 10 anos e

juros de 5,5%, bem menos do que os 15% que em média estão sendo pagos. Nossa

expectativa é que em 2014 essas regiões produtoras estejam líquidas como a média dos

produtores gaúchos.

48 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

5. ANÁLISE E PERSPECTIVAS DE MERCADO PARA A SAFRA 2013/14

5.1. ARROZ

O crescimento do consumo mundial de arroz têm sido linear, com variação média

de 2% a.a., e expectativa para 2014 é de aumento de 1,3%, atingindo o maior consumo já

registrado por esta commodity. A produção vem apresentando crescimento de 1,9% a.a. e

estima-se um aumento de 1% no próximo ano.

Gráfico 30 – Comparação entre Produção e Consumo Mundiais de Arroz Beneficiado, em milhões de toneladas.

No ano de 2012 a produção mundial de arroz ficou acima do consumo mundial

gerando um estoque final alto, de 104,5 milhões de toneladas. Em 2013 o aumento do

consumo fora de 1,6%, enquanto o da produção de apenas 0,6%, o resultado fora uma

excedente de produção em relação ao consumo de apenas 1,9 milhões de toneladas.

Para 2014 estima-se um cenário nunca visto antes, onde consumo e a produção de

arroz apresentarão quase o mesmo montante, se não fora pelo excedente de produção de

80 mil toneladas somente. Este cenário irá ocorrer em razão da variação do consumo ser,

novamente, superior à variação da produção, ao ponto em que os valores quase se

igualaram.

433,0

448,7 440,9

449,2

465,8 469,0 473,2

427,5

437,2 438,5 445,5

459,9 467,0

473,1

400

410

420

430

440

450

460

470

480

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**

PRODUÇÃO CONSUMO

Fonte:(*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA

49 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Tabela 19 - Produção Mundial de Arroz Beneficiado, Por Países, em milhões de toneladas.

Observando a variação da produção de arroz por países podemos perceber que o principal motivo pelo qual se estima uma produção apenas 1% maior na safra de 2014 em

relação a 2013 é porque a China, o maior produtor de arroz do mundo irá apresentar

queda de 1%. O impacto da queda da produção chinesa de arroz é forte no resultado

mundial pelo fato de a China representar 30% da produção do mundo.

Tabela 20 - Consumo Mundial de Arroz Beneficiado, por Países, em milhões de toneladas.

País/Região 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014** Var. (14**/13*)

Part. 2014**

China 130,22 134,33 136,57 137,00 140,70 143,00 141,50 -1,0% 29,9%Índia 96,69 99,18 89,09 95,98 105,31 104,40 105,00 0,6% 22,2%Indonésia 37,00 38,31 36,37 35,50 36,50 36,55 37,70 3,1% 8,0%Bangladesh 28,80 31,20 31,00 31,70 33,70 33,82 34,40 1,7% 7,3%Vietnã 24,38 24,39 24,99 26,37 27,15 27,70 27,70 0,0% 5,9%Tailândia 19,80 19,85 20,26 20,26 20,46 20,20 21,10 4,5% 4,5%Filipinas 10,48 10,76 9,77 10,54 10,70 11,43 11,70 2,4% 2,5%Burma 11,84 11,20 11,64 10,53 10,82 10,66 11,00 3,2% 2,3%Brasil 8,20 8,57 7,93 9,30 7,89 7,99 8,20 2,6% 1,7%Japão 7,93 8,03 7,71 7,72 7,65 7,76 7,72 -0,5% 1,6%Estados Unidos 6,29 6,55 7,13 7,59 5,87 6,33 6,01 11,1% 1,3%Paquistão 5,70 6,90 6,80 5,00 6,20 5,40 6,00 -5,1% 1,3%Camboja 3,31 3,99 4,06 4,23 4,27 4,60 4,90 6,5% 1,0%Egito 4,66 4,67 4,56 3,10 4,25 4,68 4,85 3,7% 1,0%Coreia do Sul 4,41 4,84 4,92 4,30 4,22 4,01 4,24 5,8% 0,9%Sri Lanka nd nd 2,65 2,49 3,14 2,68 3,05 14,0% 0,6%Outros 31,07 33,08 35,47 37,62 36,98 37,76 38,10 0,9% 8,1%

Total 432,96 448,70 440,93 449,23 465,80 468,96 473,18 0,9% 100,0%Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/13 (**) Projeção USDA - Nov/14nd = Não Disponível

País/Região 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014** Var. (14**/13*)

Part. 2014**

China 127,45 133,00 134,32 135,00 139,60 144,00 146,00 1,4% 30,9%Índia 90,47 91,09 85,51 90,21 93,33 93,50 96,00 2,7% 20,3%Indonésia 36,35 37,10 38,00 39,00 39,55 39,55 39,80 0,6% 8,4%Bangladesh 30,75 31,20 31,60 32,40 34,30 34,47 34,60 0,4% 7,3%Vietnã 19,40 19,00 19,15 19,40 19,65 20,10 20,50 2,0% 4,3%Filipinas 13,50 13,10 13,13 12,90 12,86 12,85 12,80 -0,4% 2,7%Tailândia 9,60 9,50 10,20 10,30 10,40 10,60 10,70 0,9% 2,3%Burma 10,75 10,80 10,89 10,10 10,20 10,20 10,25 0,5% 2,2%Japão 8,16 8,40 8,20 8,20 8,05 8,25 8,15 -1,2% 1,7%Brasil 8,35 8,33 8,48 8,20 7,93 7,85 7,85 0,0% 1,7%Nigéria 4,00 4,22 4,35 4,80 5,60 5,40 6,00 11,1% 1,3%Coreia do Sul 4,67 4,79 4,70 5,18 4,91 4,61 4,50 -2,5% 1,0%Egito 3,61 4,27 3,94 3,30 3,62 3,90 4,00 2,6% 0,8%Camboja 3,00 3,22 3,27 3,37 3,45 3,62 3,80 5,1% 0,8%Estados Unidos 4,04 4,08 4,01 4,33 3,49 3,75 3,69 -1,7% 0,8%Nepal nd 2,88 3,06 2,71 3,22 3,32 3,35 0,9% 0,7%Outros 48,46 50,34 52,74 54,12 56,20 58,59 59,51 1,6% 12,6%

Total 427,48 437,15 438,46 445,46 459,89 467,03 473,10 1,3% 100,0%Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/13 (**) Projeção USDA - Nov/14nd = Não Disponível

50 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

O consumo mundial cresceu 1,6% de 2012 para 2013, estimulado principalmente

pelos países asiáticos, Brasil, Nigéria e Estados Unidos. Para o ano de 2014 estima-se

um crescimento de 1,3%, alcançando 473 milhões de toneladas, o maior montante já

registrado.

Os grandes consumidores são os países asiáticos, responsáveis por 91% do

consumo mundial de arroz. A China não só é o maior produtor como também o maior

consumidor; porém, sua produção não irá atender seu consumo na próxima safra, podendo

ser necessário um aumento da quantidade de arroz importado. A confirmar-se isso como

tendência, é possível que venhamos a ter uma nova geografia do comércio internacional do

arroz. O segundo maior consumidor do mundo é a Índia, que, juntamente com a China, irão

aumentar seu consumo em 4% no próximo ano, passando a representar 51,2% do consumo

mundial.

O mercado de arroz é bastante marcado pelos asiáticos, que se destacam como

grandes produtores e consumidores do produto. Entretanto, vale ressaltar que China,

Indonésia e Bangladesh juntos consomem 46% do arroz produzido no mundo e suas

produções não irão acompanhar o consumo, podendo gerar a necessidade de diminuir

seus estoques ou aumentar suas importações.

Gráfico 31 - Estoque Mundial de Arroz, em milhões de toneladas.

Os estoques mundiais nada mais são que a produção subtraída do consumo mais

os estoques do ano anterior. Como ressaltado anteriormente, a relação entre produção e

consumo em 2012 gerou um excedente de produção de 6,7 milhões de toneladas, que,

somado ao estoque inicial, gerou um estoque final de 105 milhões de toneladas. No ano de

80,84 92,40 94,83 98,60

104,51 106,44 106,52

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**Fonte:(*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA Elaboração: Sistema Farsul

51 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

2013, a produção e o consumo apresentaram valores muito semelhantes, gerando um

excedente de produção de apenas 1,93 milhões de toneladas, por isso que o estoque foi

parecido com o do ano anterior, apresentando uma variação de apenas 1,3%.

A expectativa para 2014 é de uma variação ainda menor (0,1%), devido ao fato de

a produção continuar desacelerando enquanto o consumo seguiu seu ritmo ascendente, de

maneira a gerar um excedente de produção de apenas 80 mil toneladas. O país que mais irá

influenciar esta redução dos estoques mundiais será a China, que terá produção inferior ao

consumo, necessitando do apoio dos estoques para suprir sua demanda interna.

A quantidade de estoque de terminado produto é fator importante na determinação

do preço deste. Geralmente, quando temos um estoque crescente, como é no caso do

mercado de arroz, teremos um preço decrescente. Devido ao crescimento dos estoques

estarem sendo estimados em uma variação bem inferior à média que o mercado vinha

apresentando, os preços tendem a mudar pouco em relação ao apresentado no ano de

2012. Entretanto, não é apenas dos estoques que os preços de uma mercadoria dependem,

existem diversos fatores que influenciam nesta variação.

Gráfico 32 - Preço do Arroz na Bolsa de Chicago, em R$/sc 50 kg.

Mesmo com os estoques aumentando abaixo da média, podemos perceber

que os preços estão aumentando no decorrer dos anos. O preço de R$ 35,10/saca é um

valor alto quando relacionado com o comportamento do mercado no ano anterior, que

apresentou uma média de preços de R$ 28,62/saca. A tendência é de que os preços

continuam semelhantes aos deste ano, visto que os estoques pouco irão variar.

52 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Tabela 21 - Fundamentos do Mercado Brasileiro de Arroz em Casca, em milhões de toneladas.

O mercado brasileiro sofre uma redução de 32% de sua exportação de arroz em

casca no ano de 2013, ocasionando a queda de 5% de sua demanda pelo seu produto. A

oferta também fora menor em igual período, entretanto, em menor proporção (-1,5%). A

queda da demanda pelo arroz brasileira ter sido acima da oferta acabou gerando um

estoque final 31,5% superior.

O estoque final de 2013 torna-se o estoque inicial do ano de 2014, logo, estima-se

que o alto estoque gerado em 2013 irá contribuir para um aumento da oferta em 2014.

Acredita-se numa oferta 3,6% superior e uma demanda, estimulada por uma retomada

das exportações, superior em 1,2%. Desta maneira, a oferta brasileira irá exceder a

demanda gerando um estoque ainda maior em 17%.

Gráfico 33 - Comparação dos Estoques Brasileiros e dos Preços do Arroz em Casa, em milhões de toneladas e R$/sc 50kg.

VAR.(%) VAR. (%)(13*/12) (14**/13*)

ESTOQUE INICIAL 1,71 1,43 1,65 0,81 1,18 0,79 1,04 -32,5% 31,5%PRODUÇÃO 12,05 12,60 11,66 13,67 11,60 11,75 12,05 1,3% 2,6%IMPORTAÇÃO 0,61 0,96 1,14 0,87 1,08 1,10 1,03 2,5% -6,7%

OFERTA TOTAL 14,37 14,98 14,45 15,35 13,85 13,64 14,13 -1,5% 3,6%CONSUMO 12,27 12,24 12,05 12,05 11,65 11,54 11,54 -1,0% 0,0%EXPORTAÇÃO 0,75 0,87 0,63 1,91 1,62 1,10 1,25 -32,1% 13,3%

DEMANDA TOTAL 13,03 13,11 12,69 13,96 13,28 12,64 12,79 -4,8% 1,2%ESTOQUE FINAL 1,43 1,65 0,81 1,18 0,79 1,04 1,22 31,5% 16,9%RELAÇÃO ESTOQUE X CONSUMO (%) 11,62 13,45 6,71 9,76 6,81 9,04 10,57 32,8% 16,9%

Fonte: USDA

(*) Estimativa USDA - Nov/13 (**) Projeção USDA - Nov/14

O USDA considera somente arroz beneficiado, portanto, esta estimativa foi transformada para Base Casca

ANO COMERCIAL 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**

1,43 1,65

0,81

1,18

0,79

1,04 1,22 31,72

29,79 23,82 25,73

35,26 34,89

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0,000,200,400,600,801,001,201,401,601,80

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**

ESTOQUE FINAL PREÇO

Fontes: Estotques - (*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA/Preços - Cepea Elaboração: Sistema Farsul

53 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Podemos notar uma relação inversa entre os estoques e os preços do arroz. Em

2012, quando os estoques tiveram queda de 33%, o preço elevou-se 37%, registrando

uma média de R$ 38,94/saca no mês de outubro. O estoque sofreu uma elevação em

2013, estimulando a queda do preço, a média dos preços de outubro deste ano variou -

13,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a R$ 33,73/saca. Como

a expectativa para o ano de 2014 é de um estoque 17,3% superior é provável que possa

incidir nos preços de maneira a pressioná-los para baixo, entretanto, o percentual de

aumento não é tão alto, podendo causar pouca variação no preço da saca de arroz.

5.3 MILHO

No ano de 2013 a produção mundial dos três grãos aqui analisados somou

aproximadamente 1,89 bilhões de toneladas. Uma parcela de 45% desta produção total

foi representada pela produção do milho. Dentre estes três, o milho também é o mais

consumido, absorvendo 54% do consumo frente à soja e o arroz.

A produção e o consumo de milho no mercado mundial foram muito semelhantes

em 2012 e em 2013, gerando estoques menores. Entretanto, para 2014 se espera um

excedente da produção um pouco maior do que o verificado nos dois anos anteriores.

Gráfico 34 - Comparação entre Produção e Consumo Mundiais de Milho, em milhões de toneladas.

794,7 800,0 825,4 834,2 886,0 862,7

962,8

773,3 784,1 826,5 851,4 882,6 860,3 933,4

0,00

200,00

400,00

600,00

800,00

1.000,00

1.200,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**

PRODUÇÃO CONSUMO

Fonte:(*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA Elaboração: Sistema Farsul

54 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

O excedente de produção em relação ao consumo fora de 3,36 milhões de

toneladas no ano de 2012. Em 2013 observamos uma queda tanto da produção quando

do consumo de 2,25%, o que não causou muita alteração no excedente de produção.

Para 2014 se espera que a produção seja superior em 11,6% e o consumo em 8,5%, de

maneira que o excedente da produção passe a ser de 29,5 milhões de toneladas,

refletindo em estoques maiores deste produto.

Tabela 22 - Produção Mundial de Milho, por Países, em milhões de toneladas.

O aumento de 11,6% da produção mundial será fortemente influenciado

pelo maior produtor de milho do mundo, os Estados Unidos, que irá aumentar sua

produção em quase 30% e atingir o recorde de produção. O país não só é o principal

produtor como também é o principal consumidor do mundo.

País/Região 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014** Var. (14**/13*)

Part. 2014**

Estados Unidos 331,18 307,14 332,55 316,17 313,95 273,83 355,33 29,8% 36,9%China 152,30 165,91 163,97 177,25 192,78 205,60 211,00 2,6% 21,9%Brasil 58,60 51,00 56,10 57,40 73,00 81,00 70,00 -13,6% 7,3%União Europeia 47,56 62,32 59,15 58,27 68,12 58,86 65,29 10,9% 6,8%Ucrânia 7,42 11,45 10,49 11,92 22,84 20,92 29,00 38,6% 3,0%Argentina 22,02 15,50 25,00 25,20 21,00 26,50 26,00 -1,9% 2,7%Índia 18,96 19,73 16,72 21,73 21,76 22,23 23,00 3,5% 2,4%México 23,60 24,23 20,37 21,06 18,73 21,59 21,70 0,5% 2,3%Canadá 11,65 10,59 9,80 12,04 11,36 13,06 13,10 0,3% 1,4%África do Sul 13,16 12,57 13,42 10,92 12,76 12,20 13,00 6,6% 1,4%Rússia 3,80 6,68 3,96 3,08 6,96 8,21 11,50 40,0% 1,2%Indonésia 8,50 8,70 6,90 6,80 8,85 8,00 9,20 15,0% 1,0%Nigéria 6,50 7,97 8,95 8,80 9,25 7,63 7,70 0,9% 0,8%Filipinas 7,28 6,85 6,23 7,27 7,13 7,26 7,35 1,2% 0,8%Sérvia nd 6,13 6,40 6,80 6,40 3,50 6,00 71,4% 0,6%Egito 6,17 6,65 6,28 6,50 5,50 5,80 5,60 -3,4% 0,6%Outros 71,95 78,35 79,16 83,02 85,61 86,51 88,06 1,8% 9,1%

Total 794,70 800,04 825,45 834,21 885,99 862,71 962,83 11,6% 100,0%Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Set/13 (**) Projeção USDA - Set/14nd = Não Disponível

55 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Tabela 23 - Consumo Mundial de Milho, por Países, em milhões de toneladas.

O Consumo mundial de milho apresentou um crescimento médio de 3,4% a.a. Em

2013 a produção apresentou uma variação fora da média, com uma redução de 2,5%.

Para 2014 já se estima uma retomada do crescimento do consumo em 8,5%.

O consumo dos Estados Unidos irá aumentar 11,3% em 2014, dando influencia

para o aumento do consumo mundial previsto para este ano. Outro país que tem forte

influencia neste mercado é a China, que é o segundo maior consumidor de milho do

mundo. A China irá apresentar uma demanda 7% superior, passando a obter um

consumo maior que sua produção interna, possivelmente este país talvez tenha que optar

por redução de estoques ou aumento da quantidade de milho importada.

Como a produção apresentou queda de 2,6% neste ano de 2013 enquanto o

consumo caiu 2,5% o cenário deste ano fora de uma produção mundial muito semelhante

com o que estava sendo demandado, de maneira a gerar estoques menores que os

apresentados no ano de 2012, como pode-se verificar no gráfico a seguir.

País/Região 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014** Var. (14**/13*)

Part. (2014**)

Estados Unidos 261,63 259,27 281,62 285,12 279,04 263,58 293,38 11,3% 31,4%China 150,00 153,00 165,00 180,00 188,00 202,00 216,00 6,9% 23,1%União Europeia 64,00 61,60 61,30 64,90 69,50 69,30 70,00 1,0% 7,5%Brasil 42,50 45,50 47,00 49,50 50,50 53,00 55,00 3,8% 5,9%México 32,00 32,40 30,20 29,50 29,00 27,00 30,50 13,0% 3,3%Índia 14,20 17,00 15,10 18,10 17,20 17,40 18,90 8,6% 2,0%Japão 16,60 16,70 16,30 15,70 14,90 14,50 15,50 6,9% 1,7%Canadá 13,77 11,69 11,87 11,76 11,64 11,61 11,90 2,5% 1,3%Egito 10,40 11,10 12,00 12,50 11,70 11,70 11,70 0,0% 1,3%Indonésia 8,50 8,90 8,80 9,80 10,50 10,90 11,10 1,8% 1,2%África do Sul 9,60 9,90 10,30 10,65 10,70 10,80 11,00 1,9% 1,2%Ucrânia 5,75 5,85 5,70 6,50 7,80 8,10 9,60 18,5% 1,0%Coreia do Sul 8,64 7,89 8,38 8,21 7,82 8,38 9,10 8,5% 1,0%Rússia nd nd 3,70 3,20 4,70 6,40 8,40 31,3% 0,9%Argentina 6,80 6,40 6,90 7,30 7,00 7,60 8,00 5,3% 0,9%Nigéria 6,55 7,90 8,80 8,80 9,25 7,80 7,70 -1,3% 0,8%Outros 114,82 119,66 126,57 130,91 136,33 136,73 141,62 3,6% 15,2%

Total 773,29 784,08 826,53 851,40 882,62 860,30 933,36 8,5% 100,0%Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Set/13 (**) Projeção USDA - Set/14nd = Não Disponível

56 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Gráfico 35 – Estoque Mundial de Milho, em milhões de toneladas.

A produção e o consumo do ano de 2013 foram muito semelhantes, de maneira

que a produção excedeu o consumo em apenas 2,4 milhões de toneladas. Como a

previsão da USDA prevê para 2014 um aumento da produção de 11,6% enquanto o

consumo crescerá 8,5% o excedente de produção em relação ao consumo de milho será

superior que o registrado em 2013. Devido a este aumento da produção acima de

demanda os estoques da próxima safra serão 21,8% superiores, atingindo 164,3 milhões

de toneladas. Se esta previsão se confirmar será registrado o maior estoque final de milho

do mundo.

Gráfico 36 - Preços do Milho na Bolsa de Chicago, em Reais por Saca de 60 kg.

131,6 148,1 146,3

129,1 132,5 134,9

164,3

020406080

100120140160180

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**

Fonte:(*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA

22,897

05

1015202530354045

57 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

A queda de 1,8% dos estoques no ano de 2012 frente ao registrado em 2013 pode

ter influenciado no aumento dos preços. A partir do segundo semestre os preços do milho

começaram a apresentar queda e, se os altos estoques estimados para 2014 se

confirmarem, provavelmente os preços continuem com esta tendência de queda.

O mercado brasileiro de milho está com uma tendência distinta do mercado

mundial, porque seus preços estão firmes em patamares superiores. Dentre os principais

grãos que se destacam no mercado brasileiro – arroz, milho e soja- a maior demanda é

destinada para o milho.

Tabela 24 – Fundamentos do Mercado Brasileiro de Milho, em milhões de toneladas.

O Brasil é o terceiro maio produtor de milho do mundo, ficando atrás apenas dos

Estados Unidos e da China. O recorde de produção brasileira de milho fora atingido em

2013, somando 81 milhões de toneladas, gerando uma oferta de 91,1 milhões de

toneladas de milho. A demanda neste ano também fora a maior já registrada, estimulada

pelo grande aumento das exportações, que mais que dobraram em 2013. Ainda com esse

grande salto das exportações, a oferta cresceu proporcionalmente mais que a demanda,

gerando um estoque de 13,5 milhões de toneladas, quase 50% maior que o estoque do

ano anterior.

Para a próxima safra é estimada uma queda na produção milho em 14%,

reduzindo a oferta brasileira. A demanda também apresentará queda, estimulada pela

queda das exportações que irão cair 21%; mas, ainda se manterão em patamares altos

de 20 milhões de toneladas sendo vendidas pra fora do país. O estoque final irá variar

pouco, aumentando apenas 6%. O crescimento de 47% dos estoques finais em 2013 foi

ANO COMERCIAL 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014** VAR. (%) (13*/12)

VAR. (%) (14**/13*)

ESTOQUE INICIAL 3,60 12,60 12,08 9,99 10,28 9,21 13,51 -10,4% 46,7%PRODUÇÃO 58,60 51,00 56,10 57,40 73,00 81,00 70,00 11,0% -13,6%IMPORTAÇÃO 0,96 1,09 0,70 0,29 0,94 0,87 0,80 -7,2% -8,0%

OFERTA TOTAL 63,16 64,69 68,88 67,68 84,21 91,08 84,31 8,2% -7,4%CONSUMO 42,50 45,50 47,00 49,50 50,50 53,00 55,00 5,0% 3,8% - Animal 36,00 38,50 40,00 42,50 43,00 45,00 46,00 4,7% 2,2% - Outros Usos 6,50 7,00 7,00 7,00 7,50 8,00 9,00 6,7% 12,5%EXPORTAÇÃO 7,80 7,18 8,62 11,58 12,67 26,04 20,50 105,5% -21,3%

DEMANDA TOTAL 50,30 52,68 55,62 61,08 63,17 79,04 75,50 25,1% -4,5%ESTOQUE FINAL 12,60 12,08 9,99 10,28 9,21 13,51 14,31 46,7% 5,9%RELAÇÃO ESTOQUE X CONSUMO 29,6% 26,6% 21,3% 20,8% 18,2% 25,5% 26,0% 39,8% 2,1%

Fonte: USDA

(*) Estimativa USDA - Nov/13 (**) Projeção USDA - Nov/14

58 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

muito marcante porque desde 2008 apresentavam um ritmo de queda de, em média, -7%

a.a.

Gráfico 37 - Comparação dos Estoques Finais Brasileiros, em milhões de toneladas, com os Preços, em R$.

5.4. SOJA

O ano de 2012 foi marcado pela perda de grande parte da área plantada em

razão da estiagem que atingiu os Estados Unidos, o principal produtor de soja do mundo.

Gráfico 38 - Comparação entre Produção e Consumo Mundiais de Soja, em milhões de toneladas.

3,59

12,58 12,08

9,99 10,28 9,21

13,51

21,29 20,14 28,28

29,87 34,3

26,53

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**

ESTOQUE PREÇO

Fonte: Estoques - (*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA/Preço: Cepea

219,58 211,64

260,42 263,9

239,15

267,88 283,54

229,55 221,01 237,83

251,63

256,94

258,44 270

0

50

100

150

200

250

300

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**

PRODUÇÃO CONSUMO

59 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

O mercado da soja se recuperou após um ano de resultados negativos,

apresentando uma produção de 267,9 milhões de toneladas em 2013, 12% superior ao

produzido em 2012. O consumo pela commodity vinha crescendo em 3,3% a.a., mas em

2013 manteve-se no mesmo patamar que o observado em 2012, variando apenas 0,6%.

Espera-se da produção um aumento de 6% em 2014, atingindo o maior

montante já produzido de soja: 283,5 milhões de toneladas. O consumo também irá

apresentar crescimento, crescendo 4%, mais que a média de 2% a.a. que vinha sendo

registrada desde 2008.

Tabela 25 - Produção Mundial de Soja por Países, em milhões de toneladas.

Estados Unidos e Brasil continuam sendo os dois grandes produtores de soja do

mundo. Os EUA apresentou queda de 2% na sua produção em 2013, enquanto o Brasil

cresceu em 23%. Mesmo com a grande variação positiva, o Brasil não conseguiu atingir a

posição de maior produtor mundial por uma diferença de 560 mil toneladas. A Argentina

também apresentou um grande aumento de sua produção em 2013 e, juntamente com o

Brasil, foram os países que proporcionaram o aumento de 12% da produção mundial.

Para o próximo ano, o USDA projeta uma variação de 7% para os Estados

Unidos, voltando aos seus patamares altos de antes da estiagem de 2012. O Brasil irá

continuar aumentando a produção, porém, em ritmo menos acelerado, alcançando 88

milhões de toneladas, sua maior produção de soja já registrada. A diferença entre os dois

maiores produtores será novamente muito baixa, de apenas 660 mil toneladas.

O aumento da produção mundial para 2014 será principalmente estimulado

pelos Estados Unidos, Brasil e Argentina, apresentando aumento de 6% e atingindo a

marca de 253,5 milhões de toneladas.

Região 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014** Var. (%) (14**/13*)

Part. (%) 2014**

Estados Unidos 72,86 80,75 91,42 90,61 84,19 82,56 88,66 7,4% 31,3%Brasil 61,00 57,80 69,00 75,30 66,50 82,00 88,00 7,3% 31,0%Argentina 46,20 32,00 54,50 49,00 40,10 49,30 53,50 8,5% 18,9%China 13,40 15,54 14,98 12,60 14,48 12,80 12,20 -4,7% 4,3%Índia 9,47 9,10 9,70 9,80 11,00 11,50 11,80 2,6% 4,2%Paraguai 5,97 3,65 6,46 7,13 4,04 9,37 9,00 -3,9% 3,2%Canadá 2,70 3,34 3,58 4,45 4,30 4,93 4,80 -2,6% 1,7%Outros 7,96 9,46 10,61 12,21 14,54 15,43 15,58 1,0% 5,5%

Total 219,55 211,64 260,25 263,59 239,15 267,88 283,54 5,8% 100,0%Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica

(*) Estimativa USDA - Nov/13 (**) Projeção USDA - Nov/14

nd = Não Disponível

60 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Tabela 26 - Consumo Mundial de Soja por Países, em milhões de toneladas.

O maior consumidor de soja do mundo, a China, vem apresentando demandas

cada vez maiores pela commodity. Em 2013, apresentou um aumento de 6% do consumo

frente ao observado em 2012. Em contrapartida, grandes consumidores como Brasil e

Argentina reduziram seus consumos. A China puxa o consumo para cima enquanto Brasil

e Argentina pressionam para baixa, de maneira que no total do consumo mundial a

variação foi de apenas 1% frente a 2012.

Em 2014 espera-se o maior consumo de soja no mundo, 4,5% superior ao

registrado em 2013, atingindo 271 milhões de toneladas. O aumento do consumo mundial

em 2014 será principalmente influenciado pela China, que atingirá seu recorde de

consumo de soja, registrando demanda para 79,5 milhões de toneladas, e pela Argentina,

que consumirá 14% mais.

Gráfico 39 - Estoque Final Mundial de Soja, em milhões de toneladas.

País/Região 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014* Var. (%) (14*/13)

Part. (%) (2014*)

China 49,82 51,44 59,43 65,95 72,07 76,13 79,50 4,4% 29,4%Estados Unidos 51,63 48,11 50,67 48,40 48,72 48,41 48,41 0,0% 17,9%Argentina 36,16 32,82 35,72 39,21 37,50 35,20 40,18 14,1% 14,9%Brasil 35,07 34,72 36,80 39,33 41,03 37,65 40,10 6,5% 14,9%México 3,71 3,55 3,64 3,66 3,71 3,69 3,84 4,1% 1,4%Paraguai nd nd nd nd 1,08 3,23 3,53 9,3% 1,3%UE-27 16,11 14,09 13,38 13,46 13,23 13,69 3,15 -77,0% 1,2%Japão 5,22 3,72 3,58 3,21 3,01 3,00 3,02 0,7% 1,1%Outros 32,03 32,68 34,79 38,74 39,60 37,44 48,27 28,9% 17,9%

Total 229,75 221,34 238,01 251,96 256,94 258,44 270,00 4,5% 100,0%Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica

(*) Estimativa USDA - Nov/13 (**) Projeção USDA - Nov/14

nd = Não Disponível

52,21 43,36

60,76 70,11

54,89 60,11

70,23

01020304050607080

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**Fonte:(*) Estimativa USDA (**) Projeção

61 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Os baixos estoques mundiais registrados em 2012 foram estimulados pela

queda da produção dos Estados Unidos, em função da estiagem, contrastando com o

consumo mundial em alta, se mantendo aos mesmos patamares que 2012. Como a

demanda excedia oferta houve uma redução nos estoques finais para atender todos os

consumidores. Em 2013 a produção brasileira e argentina puxaram a oferta mundial de

soja para patamares maiores, de maneira que a produção mundial excedeu o consumo

em 9,4 milhões de toneladas.

Para 2014 estimam-se estoques de soja ainda maiores, alavancados pela

recuperação da produção norte-americana e pelo Brasil e Argentina, que seguirão

expandindo sua produção; enquanto o consumo mundial crescerá em proporções

menores. Esse aumento de 17% em 2014 é bem superior à média de 4% a.a. que os

estoques vinham crescendo. O resultado deste maior estoque pode ser uma queda do

preço da commodity no mercado mundial.

Gráfico 40 - Preços da Soja na Bolsa de Chicago, em R$/sc 60 kg.

Em 2012 os preços subiram de R$ 45,7 por saca de 60kg, valor registrado em

janeiro de 2012, para R$ 75,7 por saca, registrado em dezembro do mesmo ano. A

variação percentual ao longo deste ano foi de aumento de 65,6%, provavelmente em

razão da queda verificada nos estoques mundiais neste mesmo ano, que foi 21,7%.

66,92

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

Fonte: Thomson Reuters Elaboração: Sistema Farsul

62 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Diferente do observado no mundo, onde a commodity mais cultivada é o milho,

no Brasil quem assume a posição de maior produção é a soja, responsável por 47% da

produção total dos principais grãos (milho, soja e arroz).

Tabela 27 - Mercado Brasileiro de Soja, em milhões de toneladas.

Fonte: (*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA Elaboração: Sistema Farsul

A produção brasileira de soja em 2013 foi um fator influente no crescimento de

5,8% da produção mundial desta commodity. Juntamente com este aumento de 23% da

produção brasileira da oleaginosa, houve também uma forte importação de 400 mil

toneladas da commodity, 185% superior ao importado no ano de 2012, que resultaram em

uma forte oferta brasileira de 105 milhões de toneladas. As exportações apresentaram

aumento de 21% e, mesmo com queda de demanda interna pelo produto, a demanda

brasileira fora superior em 4%. O resultado destas variações na oferta e na demanda foi a

geração de estoques 43% inferiores, como apresentado no gráfico abaixo.

A projeção para a safra de 2014 é de queda da oferta total, que reduzirá 4%

mesmo com o aumento da produção em razão da redução de 73% da quantidade

exportada. Enquanto a oferta apresentará queda, a demanda irá aumentar influenciada

pela grande exportação, que será superior em 15% e, caso se confirme, será a maior

quantia de soja brasileira a ser exportada; logo, os estoques serão superiores em 22%.

ANO COMERCIAL 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014** VAR. (%) (13*/12)

VAR. (%) (14**/13*)

ESTOQUE INICIAL 18,19 18,19 18,90 12,64 16,64 22,69 12,92 36,4% -43,1%PRODUÇÃO 61,00 57,80 69,00 75,30 66,50 82,00 88,00 23,3% 7,3%IMPORTAÇÃO 0,83 0,12 0,15 0,04 0,13 0,37 0,10 184,6% -73,0%

OFERTA TOTAL 80,02 76,11 88,05 87,98 83,27 105,06 101,02 26,2% -3,8%CONSUMO 35,07 34,72 36,80 39,33 41,03 37,65 40,10 -8,2% 6,5% - Animal 32,12 31,87 33,70 36,33 38,08 34,65 37,00 -9,0% 6,8% - Outros Usos 2,95 2,85 3,10 3,00 2,95 3,00 3,10 1,8% 3,3%EXPORTAÇÃO 23,49 25,36 29,99 28,58 29,95 36,32 41,90 21,3% 15,4%

DEMANDA TOTAL 58,56 60,08 66,79 67,91 70,98 73,97 82,00 4,2% 10,9%ESTOQUE FINAL 18,19 18,90 12,64 16,64 22,69 12,92 15,76 -43,1% 22,0%RELAÇÃO ESTOQUE X CONSUMO 51,9% 54,4% 34,3% 42,3% 55,3% 34,3% 39,3% -38,0% 14,5%

63 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Gráfico 41- Estoque Final de Soja no Brasil, em milhões de toneladas.

Mesmo com a queda dos estoques em 2013, o preço que foi registrado no dia

25 de novembro foi inferior ao registrado no final de 2012. Porém, analisando o primeiro

semestre de 2012 verifica-se que a média registrada fora de R$ 57,65 por saca de 60 kg,

enquanto o mesmo período deste ano registrou uma média de R$64,67 pela saca, ou

seja, houve um aumento de 12%. O preço de outubro de 2013 apresentado no gráfico é

baixo porque se trata de uma época de plantio de soja no país.

5.5. TRIGO

O trigo recebe um destaque especial neste ano de 2013. Com uma área

plantada de mais de um milhão de hectares deveremos, de acordo com o relatório de

outubro de IBGE, colher mais de 2,7 milhões de toneladas, ainda que muitas fontes do

mercado indiquem que este número poderá chegar a três milhões de toneladas devido à

alta produtividade e qualidade do produto.

Entretanto, lamentavelmente, neste ano em que os produtores entregam uma

grande safra e de alta qualidade o governo brasileiro, com o discurso de coibir a inflação,

abra espaço para a entrada de trigo de forma do Mercosul com condições tributárias as

quais os produtores brasileiros não dispõem.

Aqui cabem dois esclarecimentos: o primeiro diz respeito à inflação e o segundo a

tributação. Conforme alertamos em “Nota Técnica: variações no preço do Trigo têm baixa

influência no preço do pão ao consumidor”, o preço do trigo ao produtor tem influência

muito baixa no preço dos derivados de trigo, uma vez que mão-de-obra, energia, aluguel,

18,19 18,90

12,64

16,64

22,69

12,92 15,76

21,1 24,1

29,97

26,48

37,03 33,31

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**

ESTOQUE PREÇOS

Fonte: Estoques - (*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA/Preço: Cepea Elaboração: Sistema Farsul

64 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

etc. influenciam muito mais do que o próprio trigo, sendo assim, reduzir o preço do trigo

através de incentivos à importação não resultará em redução do preço dos derivados de

trigo.

Por outro lado, diferentemente dos países de origem do trigo que o governo federal

incentiva à importação o produtor brasileiro paga 26% de tributos sobre os custos de

produção do trigo, o que tira competitividade do produto tanto no mercado interno quanto

externo.

A Farsul é contrária ao incentivo à importação porque antes de incentivar os

produtores de outros países deveria ser entregue ao produtor brasileiro uma tributação

adequada, coerente com a competitividade internacional, permitindo que o produtor possa

produzir com baixo custo e, com isso, produzir mais, o que traria os preços também para

baixo, mas ainda assim tornaria a atividade lucrativa. Os ganhos para a sociedade são

múltiplos, a começar pela menor dependência da produção estrangeira, em especial a

argentina, que é instável e dependente de ações governamentais daquele país.

Se queremos ser autossuficientes em trigo e se queremos ter sempre produto de

alta qualidade, precisamos tratar o assunto trigo com maior seriedade.

65 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

O mercado Mundial O mercado mundial de trigo em 2012 apresentou uma quantia produzida e

demandada muito semelhante, com um excedente de produção de 390 mil toneladas. De

2012 para 2013 a queda da produção se deu uma proporção maior (-6,02%) que o

consumo (-2,5%), de maneira que a produção não fora o suficiente para atender as 679,3

milhões de toneladas que foram demandadas em 2013.

Gráfico 42 - Comparação entre Produção e Consumo Mundiais de Trigo, em milhões de toneladas.

Segundo a estimativa de novembro da USDA, o mercado irá se recuperar em

2013 com um aumento de 7,76% da quantidade produzida, atingindo o recorde de 706,4

milhões de toneladas. O consumo também irá aumentar e apresentará uma variação de

3,56% em 2014 frente 2013, também atingindo o recorde de consumo deste mercado.

Este novo cenário esperado para 2014 prevê a volta de um excedente de produção em

relação ao consumo.

Analisando a tabela a seguir, pode-se perceber que quem deve ter incentivado

mais para a queda da produção mundial de 2013 fora a União Europeia. O bloco é

responsável por 20% da produção mundial e apresentou uma produção 3,5% inferior

frente ao observado em 2012. A Rússia também pode ter causado influência maior por ter

registrado uma variação de -32,9% da sua produção em 2013 em relação ao ano anterior.

611,85

682,80 687,01

652,37

697,50

655,49

706,38

617,83 643,28 654,17 655,16

697,11

679,28 703,49

560,00

580,00

600,00

620,00

640,00

660,00

680,00

700,00

720,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**

PRODUÇÃO CONSUMO

Fonte: (*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA Elaboração: Sistema Farsul

66 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Tabela 28 - Produção Mundial de Trigo por Países, em milhões de toneladas.

A recuperação da produção mundial esperada para 2014, registrando o recorde

de 706,4 milhões de toneladas também será influenciada pela União Europeia, espera-se

que o bloco apresente aumento de 7,3% da produção. A Rússia, que apresentou grande

queda de produção de 2012 para 2013, em 2014 se espera uma recuperação, com

variação de 39,6% da quantidade produzida.

O consumo mundial de trigo, assim como a produção, apresentou queda em

2013 e novamente destaca-se a União Europeia como principal incentivo desta queda. O

bloco apresentou decréscimo de 3,5% de seu consumo neste ano em relação ao anterior.

Em 2014 está prevista a recuperação do consumo com uma variação positiva de

quase 8% em relação ao observado em 2013. Além da União Europeia, que apresentará

aumento do consumo de 1,5% em 2014, a Índia também será uma influência para o

aumento do consumo mundial porque está estimado que seu consumo aumente em 7,3%,

atingindo o recorde de consumo por esta commodity.

País/Região 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014** Var. (14**/13*)

Part. 2014**

UE-27 120,13 151,12 139,72 136,67 138,41 133,58 143,34 7,3% 20,3%China 109,30 112,46 115,12 115,18 117,40 121,00 121,00 0,0% 17,1%Índia 75,81 78,57 80,68 80,80 86,87 94,88 92,46 -2,6% 13,1%Estados Unidos 55,82 68,02 60,37 60,06 54,41 61,62 57,96 -5,9% 8,2%Rússia 49,37 63,77 61,77 41,51 56,24 37,72 51,50 36,5% 7,3%Canadá 20,05 28,61 26,95 23,30 25,29 27,21 33,20 22,0% 4,7%Austrália 13,57 21,42 21,83 27,41 29,91 22,08 25,50 15,5% 3,6%Paquistão 23,30 20,96 24,00 23,90 25,00 23,30 24,00 3,0% 3,4%Ucrânia 13,94 25,89 20,87 16,84 22,32 15,76 22,00 39,6% 3,1%Turquia 15,50 16,80 18,45 17,00 18,80 15,50 18,00 16,1% 2,5%Cazaquistão 16,47 12,54 17,05 9,64 22,73 9,84 15,50 57,5% 2,2%Irã 15,89 7,96 13,49 15,03 13,50 14,00 14,50 3,6% 2,1%Argentina 18,60 11,00 12,00 17,20 15,50 9,50 11,00 15,8% 1,6%Egito 8,28 7,98 8,52 7,20 8,40 8,50 8,80 3,5% 1,2%Marrocos nd nd 6,40 4,89 5,80 3,87 7,00 80,9% 1,0%Uzbequistão 6,20 6,00 6,20 6,50 6,30 6,70 6,80 1,5% 1,0%Outros 45,81 43,84 53,59 49,24 50,62 50,39 53,81 6,8% 7,6%

Total 611,85 682,80 687,01 652,37 697,50 655,49 706,38 7,8% 100,0%Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica

(*) Estimativa USDA - Nov/13 (**) Projeção USDA - Nov/14

nd = Não Disponível

67 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Tabela 29 - Consumo Mundial de Trigo por Países, em milhões de toneladas.

O fato de o consumo ter excedido a produção em 2013 acabou resultando em

estoques finais menores em quase 12% neste ano. A recuperação tanto da produção

quanto do consumo em 2014 irá gerar um excedente de produção de 2,9 milhões de

toneladas, contribuindo para um estoque maior em 1,64% frente o observado em 2013.

Gráfico 43- Estoque Final Mundial de Trigo, em milhões de toneladas.

País/Região 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014** Var. (14**/13*)

Part. 2014**

China 106,00 105,50 107,00 110,50 122,50 125,00 125,50 0,4% 17,8%UE-27 116,54 127,00 125,62 122,84 127,23 120,00 121,75 1,5% 17,3%Índia 76,42 70,92 78,15 81,76 81,40 83,82 89,97 7,3% 12,8%Estados Unidos 28,61 34,29 30,98 30,64 32,11 38,27 36,28 -5,2% 5,2%Rússia 37,85 38,90 39,60 38,60 38,00 33,55 35,00 4,3% 5,0%Paquistão 22,40 22,80 23,00 23,00 23,10 23,90 24,00 0,4% 3,4%Egito 15,80 17,20 18,10 17,70 18,60 18,70 18,70 0,0% 2,7%Turquia 16,80 16,90 17,10 17,30 18,10 17,50 17,75 1,4% 2,5%Irã 15,50 15,80 16,80 16,20 15,50 16,40 17,00 3,7% 2,4%Ucrânia 12,30 11,90 12,30 11,60 14,95 11,80 11,50 -2,5% 1,6%Brasil 10,30 10,70 11,00 10,80 11,20 10,90 11,40 4,6% 1,6%Canadá 6,79 7,98 7,21 7,55 9,85 9,59 10,00 4,3% 1,4%Argélia 8,05 8,30 8,55 8,75 8,95 9,45 9,85 4,2% 1,4%Marrocos 7,23 7,45 7,80 7,85 8,80 8,30 8,70 4,8% 1,2%Uzbequistão 7,00 7,10 7,50 7,70 7,80 8,00 8,20 2,5% 1,2%Cazaquistão 7,80 7,50 7,60 6,20 7,40 6,50 7,40 13,8% 1,1%Outros 118,66 126,47 132,57 134,59 143,15 144,15 146,30 1,5% 20,8%

Total 617,83 643,28 654,17 655,16 697,11 679,28 703,49 3,6% 100,0%Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica

(*) Estimativa USDA - Nov/13 (**) Projeção USDA - Nov/14

125,62

167,57

201,78 198,98 199,37

175,59 178,48

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**

Fonte: (*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA Elaboração: Sistema Farsul

68 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

No ano de 2013 os preços se mantiveram numa média de R$54,08/ton, um

patamar mais baixo do que vinha sendo registrado em 2012.

Gráfico 44 - Preços do Trigo na Bolsa de Chicago, em R$/ton.

Os preços refletem acontecimentos futuros do mercado, sendo assim, a razão

pela qual os preços estejam neste patamar inferior que o observado em 2012 pode ser

porque podem estão prevendo o aumento dos estoques estimado para 2014, na medida

em que se espera uma relação estoque/consumo menor.

O mercado brasileiro de commodities agrícolas em 2013 foi marcado pela

expansão da soja, de maneira que outras culturas acabaram perdendo seu espaço. A

oferta de trigo brasileira sofreu queda de 7% em 2013 e o consumo de quase 6%, o que

mostra a perda de espaço do trigo no mercado.

A queda de 24,5% da produção de trigo brasileiro em 2013 com relação ao

observado em 2012 foi o grande motivo da baixa oferta deste produto. Em contrapartida,

as exportações brasileiras foram menores em 22,5%, ocasionando uma baixa demanda

pelo produto neste ano.

Para o ano de 2014 ainda se estima uma participação menor do produto no

mercado brasileiro. A oferta irá continuar em queda, de quase 2% em relação a 2013,

estimulado pela queda de estoque inicial. E a demanda também será menor em quase

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Fonte: Thomson Reuters Elaboração: Sistema Farsul

54,75

69 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

5%, estimulada pela queda de quase 70% das exportações de trigo esperadas para o

próximo ano. Estas variações estão visíveis na tabela a seguir.

Tabela 30 - Mercado Brasileiro de Trigo, em milhões de toneladas.

Fonte: (*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA Elaboração: Sistema Farsul

O estoque final de trigo no Brasil foi 43% inferior em 2013 em relação ao

registrado em 2012. Neste mesmo período o consumo também apresentou queda, de 3%,

de maneira que o estoque/consumo de 2013 foi menor que o de 2012 em 41%. Por esta

razão que os preços da tonelada do produto no Brasil apresentaram aumento de 4,5%,

como pode ser observado no gráfico a seguir. Gráfico 45- Estoque Final de Trigo no Brasil, em milhões de toneladas.

ANO COMERCIAL 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014** VAR. (%) (13*/12)

VAR. (%) (14**/13*)

ESTOQUE INICIAL 0,46 0,30 1,88 2,60 1,91 1,75 1,00 -8,2% -42,9%PRODUÇÃO 3,83 5,88 5,03 5,90 5,80 4,38 4,75 -24,5% 8,4%IMPORTAÇÃO 7,08 6,77 6,69 6,75 7,05 7,55 7,70 7,0% 2,0%

OFERTA TOTAL 11,37 12,95 13,60 15,25 14,76 13,68 13,45 -7,3% -1,7%CONSUMO 10,30 10,70 11,00 10,80 11,20 10,90 11,40 -2,7% 4,6% - Animal 0,20 0,20 0,40 0,20 0,50 0,20 0,60 -60,0% 200,0% - Outros Usos 10,10 10,50 10,60 10,60 10,70 10,70 10,80 0,0% 0,9%EXPORTAÇÃO 0,77 0,37 1,20 2,54 2,04 1,58 0,50 -22,5% -68,4%

DEMANDA TOTAL 11,07 11,07 12,20 13,34 13,24 12,48 11,90 -5,7% -4,6%ESTOQUE FINAL 0,30 1,88 2,60 1,91 1,75 1,00 1,55 -42,9% 55,0%RELAÇÃO ESTOQUE X CONSUMO 2,9 17,6 23,6 17,7 15,6 9,2 13,6 -41,3% 48,2%

0,30

1,88

2,60

1,91 1,75

1,00

1,55

774,58 742,67

442,32 453,86 442,94

463,04

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014**

ESTOQUE FINAL PREÇO (tonelada)

Fonte: Estoques - (*) Estimativa USDA (**) Projeção USDA/Preço: Cepea Elaboração: Sistema Farsul

70 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

5.6. LEITE

5.6.1. Cenário internacional

A oferta e demanda de Leite na União Europeia apresentava um quadro de

grande ajuste até o inicio do segundo semestre de 2013, fator este que se aplica ao

cenário dos Estados Unidos, resultando em inexistência de excedentes significativos.

Para 2014 espera-se crescimento na demanda do setor lácteo, tendo em vista

que o mercado consumidor está em expansão devido a novas políticas demográficas e

consolidação do mercado na China, ao crescimento da população mundial que atingirá

7,14 Bilhões de habitantes (crescimento de 1,05%, segundo dados da ONU) e a forte

demanda por inovações nos produtos lácteos, além disso, espera-se que a Nova Zelândia

tenha maior participação nas exportações seguindo o fluxo da demanda, e maior

crescimento no volume de vendas do setor lácteo dos Estados Unidos no mercado

internacional.

Nota-se o crescimento da Argentina no cenário internacional, presente entre os

maiores exportadores de Leite Fluído no Mundo. Segundo dados do USDA, o crescimento

argentino baseia-se em: boas condições meteorológicas sob o padrão El Niño,

possibilitando abastecimento de água normal (especialmente de junho a dezembro de

2013); tendência positiva na produtividade por vaca e por hectare; preços internacionais

no suporte de US$ 4.600,00 (base Europa) por tonelada de Leite em Pó Integral (LPI).

Seguindo nesta tendência o setor lácteo argentino deverá crescer entre 3 a 4% no longo

prazo.

Para melhor entendimento do mercado lácteo internacional em 2014 destacam-

se alguns pontos:

- Incremento da demanda de lácteos na China, perspectiva de crescimento de 7%

do PIB chinês – principalmente, por Leite em Pó Integral, cuja importação deverá atingir

700 Mil TM em 2013;

- Consolidação do mercado industrial de lácteos através das fusões/aquisições

que estão acontecendo no setor em 2013 e ainda seguirão em 2014 – são 75 projetos em

22 países envolvidos, com participação de 65 companhias (CNIEL);

- Aumento das exportações na Europa com o fim das cotas únicas e projeção de

países como Irlanda, Alemanha e Holanda no mercado internacional.

Segundo projeções para o setor, apenas a Oceania terá excedente para

distribuição até 2020, mas esperam-se modificações no cenário norte-americano devido

71 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

aos custos de alimentação que podem aumentar a participação no mercado internacional,

em face dos concorrentes, principalmente, Nova Zelândia. Os principais mercados no

mundo terão um quadro de estabilização entre oferta e demanda. Entretanto, mercados

como China e a Índia, devido ao crescimento econômico e populacional, terão um gap

entre oferta e consumo interno forçando os níveis de importação daqueles países.

Apesar de a Índia possuir o maior rebanho leiteiro no mundo, o seu crescimento

populacional trará profundas mudanças até 2030, quando terá a maior número de

habitantes no mundo, ultrapassando a China. Além disso, com a necessidade de suprir a

demanda por produtos lácteos a Índia também amplia o segmento de Pecuária de Corte –

a Índia é o maior exportador mundial. Além do mercado asiático, a África terá papel

importante devido ao aumento populacional, destacando-se Nigéria e Etiópia; e ao

crescimento do PIB, que entre 2010 e 2020 deverá atingir 58,6% de aumento.

5.6.2. Preços Internacionais Os preços no cenário internacional têm como principais áreas de referência a

Europa (UE-28) e a Oceania (Nova Zelândia). Os preços em 2013 tiveram expressivo

aumento em relação a 2012, mesmo diante de um cenário de absorção dos volumes

gerado pela Oceania (Austrália e Nova Zelândia). Além disso, corroboraram para este

expressivo aumento o equilíbrio dos estoques e movimentos de ajuste na União Europeia

e Estados Unidos, aliados a grande demanda chinesa.

Tabela 31- Variação dos Preços na Oceania, em US$/MT.

Na Oceania os preços médios da Manteiga ficaram em 3.992,00 (US$/TM FOB),

aumento de 20,3%; ao passo que o Leite em Pó Desnatado e Integral atingiu cotação

média, respectivamente, de 4.370,00 e 4.656,00 (US$/TM FOB), aumento de 38,2% e

44%, respectivamente; sendo que o Queijo Cheddar ficou em 4.342,00 (US$/TM FOB),

aumento de 13,6% no período.

ANO MANTEIGA LPD* LPI** CHEDDAR2013 3.991,85 4.369,57 4.655,98 4.342,39 2012 3.318,27 3.162,50 3.234,13 3.823,08

VAR.(%) 20,3% 38,2% 44,0% 13,6%(*)Leite em Pó Desnatado (**) Leite em Pó IntegralFonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica - Nov/13

72 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Na Europa em 2013, as cotações dos preços da Manteiga atingiram 5.901,30

(US$/TM FOB) na média, representando 30,3% de aumento em relação a 2012, já as

cotações médias do Leite em Pó Desnatado e Integral fecharam, respectivamente, em

4.008,15 e 4.616,85 (US$/TM FOB) respectivos aumento de 31,8% e 30,2%; além destes,

o preço médio Soro em Pó, obteve cotação média no ano de, 1.370,65 (US$/TM FOB),

representando 8% de aumento em relação a 2012.

Tabela 32 - Variação dos Preços na Europa, em US$/MT.

Para 2014 projeta-se forte demanda no segmento lácteo, entretanto, haverá

manutenção do suporte de preços, não se projetando outro descolamento entre os preços

internacionais de um ano e para o outro, como ocorrido entre 2013 e 2012. Destaca-se a

forte presença do mercado lácteo chinês tanto consumidor, como a sua consolidação

interna através das grandes empresas do setor; a ascensão dos Estados Unidos devido à

vantagem nos custos frente ao mercado da Oceania; projeção no mercado internacional

da Irlanda, Alemanha e Holanda, após a queda das cotas únicas na Europa, o

redimensionamento do mercado na Oceania (fusões e aquisições) devido ao novo

posicionamento dos players frente à demanda chinesa.

5.6.3. Cenário Nacional e Rio Grande do Sul

O mercado lácteo brasileiro em 2014 deverá ser influenciado pelo mercado

internacional, cuja atividade de ajuste deixa um suporte com preços atrativos (a demanda

muda mais rapidamente que a produção), influenciará a atividade interna brasileira que

terá ainda forte demanda, volatilidade persistente e manutenção do preço. Ainda pelo

consumo no mercado interno (projeção de aumento de 2,9% pelo USDA) – crescimento

do PIB projetado pra 2014 em 2,11% (Relatório FOCUS), devendo impulsionar a

demanda pelos produtos de maior valor agregado (queijos, iogurtes e etc.) que possuem

maior elasticidade-renda da demanda. Ao passo que, espera-se por condições climáticas

ANO MANTEIGA LPD LPI SORO2013 5.091,30 4.008,15 4.616,85 1.370,65 2012 3.908,65 3.040,87 3.545,19 1.268,75

VAR.(%) 30,3% 31,8% 30,2% 8,0%(*)Leite em Pó Desnatado (**) Leite em Pó IntegralFonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica - Nov/13

73 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

favoráveis – espera-se um quadro diferente de 2013 (que teve baixo regime de chuvas no

Sudeste e forte estiagem no Sul);

Os custos estão “andando de lado”, no acumulado de 2013 (até agosto com

dados do CEPEA), mesmo o dólar valorizado frente ao real, os preços estão sustentando

a rentabilidade do produtor neste momento, o que se espera ser a tendência para 2014,

com um dólar altamente valorizado e o suporte dos preços garantindo a renda ao produtor

de leite;

Para 2014 a preocupação do setor estará concentrada na indústria, pois com o

câmbio apreciado espera-se o aumento das importações de lácteos (leite em pó).

O Rio Grande do Sul inserido no contexto de forte demanda por produtos lácteos

acompanhados nos cenários internacional e nacional deverá manter o suporte de preços

ao produtor em 2014, com preços acima da média dos últimos anos, mas não se espera

equivalente aumento observado no período 2013/2012, devido aos movimentos de

correção entre demanda oferta e demanda no curto prazo, aos efeitos climáticos e

equilíbrio dos estoques.

Além disso, espera-se um cenário complicado nos custos ao produtor devido à

volatilidade do dólar e apreciação cambial, entretanto, também se espera que os preços

do leite garantam a rentabilidade do produtor, seguindo a tendência do segundo

semestres de 2013.

74 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

6. PRINCIPAIS INDICADORES DA ECONOMIA BRASILEIRA E DO RIO GRANDE DO SUL EM 2013 E EXPECTATIVAS PARA 2014

A Assessoria Econômica do SISTEMA FARSUL deverá, mais uma vez, encerrar

o ano com a sensação de dever cumprido junto à sociedade, imprensa e governos no que

tange as projeções realizadas no final do ano passado prospectando 2013. Sabemos da

importância dada às projeções das federações empresariais gaúchas e agradecemos a

confiança que o mercado deposita na Farsul na hora de elaborar seu planejamento para

os períodos vindouros.

6.1. PIB RS

Em março de 2013 a FEE divulgou o PIB RS final do ano de 2012. Desde o

início de 2012 apontávamos para um PIB negativo no ano passado que, de acordo com

nossas projeções, seria de – 2,02%. Essas projeções foram amplamente divulgadas pela

imprensa e mostradas ao Governador do Estado do Rio Grande do Sul e cinco de seus

principais secretários, em meados de Julho daquele ano junto com um arranjo de

iniciativas que poderiam minimizar este impacto. O resultado final foi de – 1,8%, ou seja,

0,2% a mais do que prevíamos com um ano de antecedência.

Gráfico 46 - Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul.

-1,00

-1,80 -2,02

6,37

1,95

(3,00)

(2,00)

(1,00)

-

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

Proj 2012 FEE 2012 Proj 2012Farsul

Proj 2013Farsul

Proj 2014Farsul

75 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Para 2013 nossa projeção para o PIB do Rio Grande do Sul publicada no

Balanço de 2012 e Perspectivas para 2013 e divulgado em coletiva de imprensa no final

do ano passado foi de crescimento de 6,37%, projeção essa que mantemos até esse

momento sem atualizações cujo resultado oficial conheceremos em Março de 2014.

É importante ressaltar que esse desempenho é resultante quase que na sua

totalidade à recuperação da economia após a estiagem do ano passado. Não houve

nenhum fator novo na economia do Estado – nem da parte privada e tampouco da pública

– que justifique tal desempenho afora a recuperação, tanto que esta projeção de

crescimento em 6,37% completa um ano no momento da publicação dessa edição do

Relatório, ou seja, tudo o que aconteceu neste ano deu-se sob a mesma estrutura

econômica que tínhamos antes.

Para 2014 esperamos um crescimento do PIB muito mais modesto que o deste

ano, mais alinhado com o que ocorre com nossa economia de maneira geral e, sobretudo,

fortemente influenciada pelo desempenho da economia brasileira. Tanto em 2012 como

em 2013 descolamos nosso desempenho do PIB Brasil, no primeiro ano negativamente

pela estiagem e no segundo positivamente pela recuperação daquela. Para o próximo ano

projetamos um crescimento de 1,95% caso o PIB Brasil situe-se dentro da projeção do

mercado que hoje é de 2,1%.

6.2. PIB Brasil

O PIB Brasil tem ficado para trás seja em relação aos vizinhos da América Latina,

seja na comparação com os demais países em desenvolvimento ou em relação à média

mundial. A economia brasileira é uma economia que não cresce por suas forças internas,

não empolga investidores estrangeiros apesar das altas taxas de juros e corre sério risco

de ter sua nota de risco rebaixada.

Vemos pelos olhos da agricultura – setor que poderia crescer ao ritmo chinês – o

empresário aumentar sua produção em busca de aproveitar o bom e passageiro ciclo de

preços internacionais altos e, na hora de escoar, ver seu lucro escorrer por estradas

esburacadas, malha ferroviária cara, ineficiente e acomodada, enquanto seus principais

concorrentes transportam através de hidrovias – recurso largamente presente no Brasil e

muito pouco utilizado – a um custo muito menor. Em 2013 a Assessoria Econômica do

Sistema Farsul apresentou estudo que mostra que, caso tivéssemos a infraestrutura

logística americana, poderíamos economizar R$ 6,80 por saco de soja exportado, o que

equivale a mais de 10% do preço recebido pelo produtor.

76 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Há também o forte problema de distribuição da carga tributária que retira da

agricultura e, principalmente, da indústria, competitividade nos mercados interno e

externo. O Brasil tem um dos mais complexos, caros e ineficientes sistemas tributários do

mundo. Além do mais, a incidência dos tributos ocorre principalmente sobre o consumo e

ainda de forma regressiva, tratando na maioria das vezes bens de consumo e bens de

capital da mesma forma. Nos países desenvolvidos e na maioria dos em

desenvolvimento, a tributação incide sobre o lucro, a renda e o patrimônio e não sobre os

produtos, pois ao fazê-lo levamos ao mercado produtos nos quais produzi-los foi mais

caro que quando produzido nos países concorrentes.

Também apresentamos estudo do IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento

Tributário – contratado pelo Sistema Farsul, que mostra a carga tributária contida no custo

de produção do Arroz, do Milho, a Soja, do Leite e do Boi. Enquanto nossos concorrentes

esforçam-se para reduzir carga tributária contida no custo, nas máquinas, implementos,

fertilizantes, agroquímicos, e demais bens industriais, no Brasil embutimos em média

28%.

A carga tributária brasileira, assim como a infraestrutura, diminui a capacidade de

aumento da atividade produtiva, logo, reduzem a possibilidade de aumentar-se o PIB.

Enquanto isso o Governo Federal inicia – após anos de tropeço e de apostas heterodoxas

que fracassaram aqui e no mundo tantas vezes – esboça abrir a economia brasileira para

investimentos em infraestrutura, ainda que nem governo e muito menos o Congresso se

entusiasmam com a possibilidade de mudança no regime tributário.

Outro fator determinante do baixo crescimento médio do Brasil é a baixa

produtividade da mão-de-obra no Brasil. Com baixo nível de escolaridade o trabalhador

brasileiro tem dificuldade para dominar tecnologias e métodos mesmo que simples. Com

escolaridade, mas de baixa qualidade, mesmo com ensino médio os trabalhadores têm

dificuldade de entender manuais e dominar tecnologias, operar máquinas e computadores

que tenham um nível de exigência médio. Isso sem falar no domínio da matemática e de

língua estrangeira, capazes de elevar significativamente a produtividade do trabalho.

A educação, no Brasil, não tem sido prioridade!

De acordo com pesquisa do The Conference Board 2013, são necessários mais de

7 brasileiros para executar o trabalho de um trabalhador do Catar, quase 5 para o trabalho

de um americano, 4,74 para um trabalhador de Cingapura, 3 para um sul-coreano e, até

mesmo, quase 2 para o trabalho de um vizinho argentino.

77 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

A baixa produtividade do trabalho, reflexo da baixa qualidade do ensino no Brasil, é

também fator limitante do crescimento econômico.

Gráfico 47 - Var.(%) Anual do PIB Brasil. Fonte: IBGE * Projeções Farsul.·.

Nossa expectativa é que o PIB Brasil, após crescimento pífio em 2012, quando

cresceu apenas 0,9%, em 2013 volte a ter um crescimento medíocre, agora de 2,2%.

Gráfico 48 - Var.(%) Anual do PIB Brasil Per Capita. Fonte: IBGE * Projeções Farsul.

Para 2014, além dos antecedentes estruturais mencionados, o consumo das

famílias parece ter encontrado teto e deverá crescer a taxas decrescentes, devido ao

endividamento das famílias e o encolhimento da base monetária trazida pela elevação da

taxa de juros. Há também a entrada cada vez menor de novos trabalhadores no mercado

em razão da já baixa taxa de desemprego. Logo, não há indicações que o crescimento

4,0%

6,1%

5,2%

-0,3%

7,5%

2,7%

0,9%

2,2% 2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014*

2,74%

4,96%

4,03%

-1,29%

6,54%

3,23%

0,04%

1,91%

1,74%

-2,00%

-1,00%

0,00%

1,00%

2,00%

3,00%

4,00%

5,00%

6,00%

7,00%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014*

78 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

venha pelo consumo. Pela infraestrutura, caminho trilhado por países que realmente

estão comprometidos com o crescimento econômico, os resultados vem nos médio e

longo prazos, mas com robustez.

Não havendo nem fator estrutural nem tampouco conjuntural que colabore para o

crescimento então acreditamos, neste momento e com as informações que dispomos

hoje, que o crescimento do PIB Brasileiro em 2014 deverá ser de 2%. É ainda mais

decepcionante foi à taxa de crescimento do PIB Per Capita no Brasil que em 2012 não

cresceu, tendo variação de 0,04% e nossa expectativa para 2013 é de apenas 1,91%.

Para 2014 o crescimento desse importante indicador deverá ser de 1,74%.

Crescimento da renda per capita é importante para a melhoria da qualidade de

vida, da saúde, educação, segurança, nível de acesso tecnológico, entre tantos outros

benefícios de médio e longo prazo. No curto prazo crescimento da renda per capita

expande o mercado interno e permite que o mercado absorva mais e melhor os produtos

agropecuários. Geralmente os produtores subestimam a importância do crescimento

econômico e da inflação para o desempenho de seus produtos no mercado, ainda que

esses indicadores sejam fundamentais para explicar o sucesso ou o fracasso de uma

produção.

6.3. Inflação medida pelo IPCA

Em 2013 voltamos a enfrentar aceleração da inflação. Com expansão do consumo

sobre uma baixa capacidade de aumentar a oferta, de um lado e, de outro, o baixo nível

de abertura econômica no Brasil, a inflação encontrou terreno fértil para evoluir, sobretudo

após a Política Monetária passar a ser definida por critérios duvidosos, possivelmente

políticos.

Quando a taxa básica de juros estava em 7,25% e a inflação acelerou, naquele

preciso momento, as Autoridades Monetárias deveriam ter elevado a taxa

significativamente, em um ponto percentual no mínimo, de forma que o aumento total da

taxa fosse menor e o ciclo de alta mais curto. Por alguma razão as Autoridades

entenderam que a alta deveria ser gradual e pequena e o resultado e este que

conhecemos. Nossa expectativa é que o IPCA feche em 2013 em 5,96%.

79 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Gráfico 49 - Evolução da Var.(%) do IPCA no Ano. Fonte: IBGE * projeções Farsul.

Para 2014 esperamos uma inflação de 6,20%, apesar da elevação da taxa de

juros. Nossa expectativa baseia-se, principalmente, nos aumentos dos combustíveis no

final deste ano e a expectativa de novos aumentos no próximo ano, além de outros efeitos

como o aumento da energia elétrica e demais serviços concedidos.

É possível que o clima eleitoral contamine as decisões do COPOM no sentido de

reduzir a taxa de juros abaixo daquilo que tecnicamente seria recomendável. Os jogos da

Copa do Mundo e a alta da taxa de câmbio podem também colaborar para alta da

inflação.

6.4. Agropecuária

6.4.1. Valor Bruto da Produção de Grãos

Em 2013, como era de se esperar, o Valor Bruto da Produção de Grãos6 no Rio Grande

do Sul obteve uma gigantesca variação em decorrência da recuperação da agricultura

frente à estiagem de 2012. O VBP desse grupo cresceu 83% neste ano, atingindo R$ 22,1

Bilhões, pouco mais de R$ 10 Bilhões a mais do que no ano passado.

6 Grãos correspondem a cereais, oleaginosas e leguminosas. Os demais produtos não estão sendo considerado neste cálculo, ainda que sejam para os cálculos de PIB.

3,14%

4,45%

5,90%

4,31%

5,90%

6,50%

5,83% 5,96%

6,20%

2,00%

2,50%

3,00%

3,50%

4,00%

4,50%

5,00%

5,50%

6,00%

6,50%

7,00%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014*

80 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Gráfico 50 - Valor Bruto da Produção de Grãos no RS, em mil reais.

Diante de uma produção de grãos muito superior a do ano passado era de se

esperar, portanto, um choque também nos setores da indústria e serviços, pois tanto

pelas ligações para frente da agricultura quanto ao efeito-renda choques na agricultura

dessa magnitude – tanto para baixo como para cima - influenciam o conjunto da economia

e acabam determinando o desempenho do PIB do Estado.

Os principais destaques do VBP são a Soja, com crescimento nada menor que

137%, puxado pela recuperação da estiagem e também do aumento da área plantada do

grão, seguido do Trigo que obteve um fraco desempenho no ano passado por problemas

também climáticos - relacionados a granizo e variações de temperaturas inadequadas

para o desenvolvimento das plantas – e neste ano recupera-se e ainda encontra preços

de mercado bem acima daqueles observados no mesmo período do ano passado. Esta

soma de fatores aumenta o VBP do Trigo em 2013 em 60%. O Milho cresce 58% neste

ano em decorrência da recuperação da estiagem. Esse valor poderia ser maior caso os

preços não tivessem decepcionado nesse ano e a área não tivesse sido reduzida para o

plantio da Soja. O Arroz também obteve crescimento importante, sobretudo pelo fato de

ser irrigado e seu crescimento não se relaciona a estiagem do ano passado. Neste ano o

Arroz aumentou um pouco sua área, mas foi o aumento dos preços que determinaram um

VBP 29% maior daquele registrado no ano anterior.

Para 2014 esperamos um crescimento no VBP de 5%, atingindo R$ 23,2 Bilhões.

12.051.434

22.101.348 23.204.640

-

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

2012 2013 2014

83%

5%

Fonte: FARSUL. 2013 e 2014 são projeções

81 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

6.4.2. Valor Bruto da Produção Pecuária de Corte

A pecuária de corte gaúcha também obteve resultado bastante positivo em

termos de Valor Bruto da Produção neste ano em relação ao ano passado. Considerando

Aves, Bovinos e Suínos, o setor faturou este ano R$ 9,8 Bilhões, um crescimento de

13,7% em relação ao ano passado.

Neste ano o principal destaque foram os Suínos. Participando em 2013 com

24% do VBP da Pecuária de Corte, o segmento aumentou seu faturamento em 23% em

relação ao ano passado, atingindo neste ano quase R$ 2,4 Bilhões. Com um volume de

abates 4% superior ao do ano passado e preços médios bem melhores, em torno de 20%

acima dos praticados no ano passado, o segmento liderou o crescimento neste ano.

Demos ressaltar que em 2012 o segmento enfrentou uma forte crise de preços, o que

deprime a base de comparação, além de considerarmos também o passivo resultante do

mau momento de mercado do ano passado que os produtores ainda vão carregar por um

bom período. A abertura do mercado russo indica que teremos o ano de 2014 ainda

melhor para o setor.

O segundo destaque positivo é segmento de Aves que, da mesma forma que os

suínos, se recuperam de um desastroso 2012. Neste ano o segmento de aves deverá

aumentar seu faturamento em 18%. O desempenho deste segmento é muito importante

para o VBP agregado porque este participa com 48% do faturamento total da pecuária de

corte e neste ano deverá faturar R$ 4,7 Bilhões.

Gráfico 51 - Gráfico 2 - Valor Bruto da Produção da Pecuária de Corte (Bovinos, Suínos e Aves), em mil reais.

8.657.258

9.839.808

10.262.920

7.500.000

8.000.000

8.500.000

9.000.000

9.500.000

10.000.000

10.500.000

2012 2013 2014

13,7%

4,3%

Fonte: FARSUL. 2013 e 2014 são projeções

82 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Por fim temos o segmento de Bovinos que representa 27% do faturado pelo

setor de pecuária de corte e deverá manter seu faturamento estável em 2013, crescendo

apenas 0,5% atingindo quase R$ 2,7 Bilhões.

Este segmento sofre a concorrência dos grãos na sua área de produção e vem

perdendo a batalha, uma vez que os grãos têm sido bem mais lucrativos que a

bovinocultura. Apesar da alta pequena em relação às demais carnes, devemos ressaltar

que apesar da perda de área o segmento mantém-se sólido, com crescentes aumentos

de produtividade.

6.4.3. Valor Bruto da Produção Agropecuário

Considerando o somatório dos faturamentos das produções de grãos e das

principais carnes, temos um VBP Agropecuário de R$ 31,9 Bilhões em 2013, com um

crescimento de 54,2% em relação ao ano passado.

Gráfico 52 - Valor Bruto da Produção Agrícola e da Pecuária de Corte (Bovinos, Suínos e Aves), em mil reais.

Para 2014 nossa expectativa é de crescimento de 4,8% em relação a este ano

com o VBP atingindo R$ 33,5 Bilhões.

6.5. Indústria

Em linha com a recuperação da economia do estado, o PIB da indústria gaúcha

apresenta uma melhora importante no acumulado do ano de 2013, ainda que

20.708.692

31.941.156 33.467.559

-

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

30.000.000

35.000.000

40.000.000

2012 2013 2014

54,2%

4,8%

Fonte: FARSUL. 2013 e 2014 são projeções

83 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

conheçamos apenas o primeiro semestre. Neste período, já temos uma alta acumulada

de 1,6%.

O setor industrial gaúcho cresce em parte acompanhando o melhor momento da

indústria nacional como um todo e, em outra parte, pela recuperação da agroindústria que

fora prejudicada pela estiagem do ano passado.

Gráfico 53 - Taxa de Crescimento Acumulado no Ano do PIB da Indústria do RS. (%)

Como pode ser conferido no gráfico anterior, o PIB industrial mergulhou no

terreno negativo acompanhando o desempenho ruim da agricultura em 2012 e recupera-

se com o a economia como um todo. Já o gráfico a seguir que mede a variação mensal

da produção física indica que o 3º trimestre da indústria foi também de evolução, o que

sinaliza para o fechamento de 2013 com crescimento.

Gráfico 54 - Pesquisa Mensal da Produção Física da Indústria do RS.

-4,1 -2,0

4,7 3,0

-7,4

9,3

2,8

-2,3

1,6

-20,0

-15,0

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

80,00

85,00

90,00

95,00

100,00

105,00

110,00

115,00

120,00

jan

/05

jun

/05

no

v/0

5

abr/

06

set/

06

fev/

07

jul/

07

dez

/07

mai

/08

ou

t/0

8

mar

/09

ago

/09

jan

/10

jun

/10

no

v/1

0

abr/

11

set/

11

fev/

12

jul/

12

dez

/12

mai

/13

84 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

6.5. Serviços

O setor de Serviços tem sido o esteio da economia gaúcha. Com taxas de

crescimento constantes e seguidamente acima dos demais setores, este setor tem sido

decisivo para evitar desastres ainda maiores do que o do ano passado e possibilitando

que a economia estadual feche no azul na maior parte do período.

Gráfico 55 - Taxa de Crescimento Acumulado no Ano do PIB dos Serviços do RS. (%)

Devemos notar que embora as taxas de crescimento do setor sejam boas, desde

2010 o setor está crescendo a taxas decrescentes, ou seja, está desacelerando seu

crescimento.

A estratégia – equivocada – de crescimento econômico adotada pelo governo

federal baseou-se no consumo, utilizando como operador os gastos das famílias e do

governo.

Entretanto, com a taxa de desemprego próxima de zero é normal que os

acréscimos de novos trabalhadores sejam cada vez menores, logo, os efeitos dos gastos

com consumo tendem a ser cada vez menores. Soma-se a este esgotamento o efeito da

ampliação do crédito, de um lado pelo endividamento das famílias, de outro pela

necessária elevação das taxas de juros como resposta monetária à escalada inflacionária.

Mesmo que a taxa de juros volte a cair em 2014, o que é razoável de esperar em países

latino-americanos em anos eleitorais, essa possível queda encontrará os níveis de

endividamento altos, não podendo se esperar grandes avanços.

0,2

3,0

6,0

3,3

2,0

5,0 4,4

2,8

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

85 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

Há, por outro lado, a Copa do Mundo. Não conhecemos os impactos deste

evento em nossa economia, pois a última edição ocorrera a mais de 60 anos. Porém,

caso as previsões mais otimistas para os impactos dos jogos na economia se

confirmarem poderemos ter um vetor de crescimento que amenize o movimento de queda

no setor dos serviços que já se verifica nos últimos anos.

86 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.

7. ESTUDOS DA ASSESSORIA ECONÔMICA EM 2013

a) Valor Agregado nos Produtos Agropecuários;

b) Cargas Tributárias nos custos de produção de Arroz, Milho, Soja, Trigo, Pecuária

de Corte e de Leite;

c) Custos logísticos para transportar grãos para exportação;

d) Competitividade da Agricultura Brasileira em relação aos principais concorrentes;

e) Irrigação: custo e rentabilidade de uma lavoura de Milho, Soja e Trigo sequeiro

versus irrigada;

f) Irrigação: viabilidade econômica da implantação de projetos de irrigação com pivô

central nas propriedades gaúchas;

g) Nota Técnica: a Influência da Estiagem no Crescimento e Desenvolvimento da

Economia do RS: Uma abordagem através do Modelo de Lucas em comparação

com a Economia Brasileira.

h) Nota Técnica: variações no preço do Trigo têm baixa influência no preço do pão ao

consumidor.

i) Nota Técnica: investimentos agropecuários – o gap entre os anúncios nos

encerramento de feiras e o dado oficial do Banco Central.

j) Nota Técnica: análise Econômica da Importância de Reposição de Quadro de

Fiscalização e Defesa Sanitária

k) Viabilidade econômica da produção de Milho, Soja e Trigo na região das missões e

proposta de reequalização de passivo;

Estes e outros estudos podem ser solicitados à Assessora Econômica e podem ser

divulgados desde que citada a fonte.

87 Relatório Econômico 2013 & Perspectivas 2014 – Assessoria Econômica.