caro gestor - edicao 5

92
ANO 2 EDIÇÃO 5 MARÇO / ABRIL DE 2011 www.carogestor.com.br Caro Gestor vai ? EDUCAÇÃO ESPECIAL ESPAÇO GESPÚBLICA 5 PERGUNTAS SÉRIE ESPECIAL COPA 2014 NA BAHIA Infraestrutura e mobilidade urbana na terceira reportagem da série Cidadania e dignidade para alunos portadores de necessidades especiais Gestão no Zoológico de Salvador melhora com ferramenta do Gespública-BA Luiz Gonzaga, diretor-geral da EGBA Diante do cenário favorável criado com o alinhamento do PT nas esferas federal e estadual, o novo presidente da UPB, Luiz Caetano, fala sobre os desafios de sua gestão e as medidas de moralização para resgatar o prestígio da entidade e fortalecer o municipalismo Agora

Upload: revista-caro-gestor

Post on 26-Mar-2016

245 views

Category:

Documents


5 download

DESCRIPTION

Edicao 5 da Revista Caro Gestor, destacando entrevista com o novo presidente da UPB, Luiz Caetano.

TRANSCRIPT

Page 1: Caro Gestor - edicao 5

ANO 2 EDIÇÃO 5 MARÇO / ABRIL DE 2011www.carogestor.com.br

Caro G

estor

vai?

EDUCAÇÃO ESPECIAL ESPAÇO GESPÚBLICA 5 PErGUntAS

SÉrIE ESPECIAL COPA 2014 nA BAHIAInfraestrutura e mobilidade urbana na terceira reportagem da série

Cidadania e dignidade para alunos portadores de necessidades especiais

Gestão no Zoológico de Salvador melhora com ferramenta do Gespública-BA

Luiz Gonzaga, diretor-geral da EGBA

Diante do cenário favorável criado com o alinhamento do PT nas

esferas federal e estadual, o novo presidente da UPB, Luiz Caetano,

fala sobre os desafios de sua gestão e as medidas de moralização para resgatar o prestígio da entidade e

fortalecer o municipalismo

Agora

Page 2: Caro Gestor - edicao 5
Page 3: Caro Gestor - edicao 5
Page 4: Caro Gestor - edicao 5
Page 5: Caro Gestor - edicao 5
Page 6: Caro Gestor - edicao 5

6

E D I T O R I A L

Caro GestorSangue novo na UPB!A renovação da gestão de uma das entidades mais importantes da Bahia ganhou destaque nessa edição não só pela hegemonia do PT no Estado, mas também pela postura do novo presidente e suas pretensões. A UPB, agora comandada pelo prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), está com o destino traçado pelos caminhos da popularidade e da credibilidade. Caetano, que “chegou chegando”, já fez modificações em relação a gestões anteriores, como a proibição da venda de produtos. Essa medida pretende alavancar a credibilidade da entidade, que vinha sendo alvo de muitas críticas. Muitos associavam a UPB a um Shopping Center de serviços e isso tirava o foco de bandeiras importantes para o municipalismo que é o objetivo principal da entidade, a qual Caetano tenta reafirmar.

Quem conhece Caro Gestor já sabe que a revista trata de gestão pública, e não de política, mas não dá para ignorar que o que se comenta agora nos bastidores, além do posicionamento otimista da gestão de Caetano, é o fato de ele estar se projetando politicamente para o Governo do Estado. Mas, a dúvida é: é a vez dele dentro do partido?

Além das especulações em torno de Luiz Caetano e das propostas efetivas de sua gestão na UPB que está diretamente ligada aos nossos leitores, gestores públicos, a Caro Gestor também traz vários conteúdos que merecem também muita atenção como a publicação de artigos científicos. Nessa edição, contamos com dois importantes artigos. O primeiro deles tem como tema a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, sem dúvida uma importante contribuição dos profissionais Marcus Vinícius Oliveira, Elisangela Santos e Esaú Simões. O segundo artigo é do Professor Antônio Rolim e traz uma abordagem crítica ao tipo de licitação “menor preço por lote”.

Essa edição traz ainda muito mais conteúdo, como a agricultura familiar que mantém a população no município com renda e cidadania; regimes próprios de previdência; cooperativismo, com o caso do licuri em Caldeirão Grande; educação especial que garante cidadania e dignidade para tanta gente; e a questão do desenvolvimento local no mundo globalizado, além da terceira reportagem da série da Copa 2014, que traz as questões de mobilidade urbana e infraestrutura.

Um forte abraço, e boa leitura.

Afrânio FreirePresidente do Conselho [email protected]

Eleições na UBP

Page 7: Caro Gestor - edicao 5

Conselho EditorialAfrânio Freire - Presidente

José Reis AboboreiraJoabs Ribeiro

Frederico FreireIrênio Lino Filho

Ékio BonfimAroldo Brito

Coordenadora GeralDanielle Argolo

EditorLeonardo Freire

Diretor de arte / Editor do PortalKarliche Bitencourt

textosDanielle Argolo, Meiryelle Souza e Mariana Miranda

Correspondente InternacionalCarolina Noronha - Barcelona/Espanha

Projeto GráficoLeonardo Freire e Karliche Bitencourt

ProdutoraRoberta Rigaud

Artista GráficoLêFê

DiagramaçãoAgência Fácil Comunicação, Marketing e Gestão de

Imagem

FotógrafosKarliche Bitencourt, Leonardo Freire

e Miguel Conceição

Assessoria JurídicaJosé Reis Aboboreira

Frederico Freire

Sugira pautaS para a reviSta e o

portal Caro geStor

redaçã[email protected]

anunCie Seu produto ou Serviço na reviSta e no

portal Caro geStor

Departamento [email protected]

71 2223 9448 | 71 2223 9452 | 71 2223 9453 | 71 2223 9450

Lays Iomara - [email protected]

representante autorizado:Consult Marketing - Osmar Bahia

Tel: (71) 8796 5710

Caro Gestor

A revista Caro Gestor não se responsabiliza pelo conteúdo de colunas ou artigos assinados, nem

pelos produtos e serviços anunciados.

Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia.

A REVISTA Caro geStor É EDITADA E PUBLICADA

BIMESTRALMENTE PELA

Av. Tancredo Neves, 274. Centro Empresarial Iguatemi, Sala 219, Bloco A, CEP 41820-020. Tel: 71

2223 9453.

Fotografia da capa: Sandra rozados

Fotografia da Bola: Adidas News StreamFotografia da Luiz Gonzaga: Karliche Bitencourt

Edição 5Março / Abril de 2011

DIStrIBUIÇÃO GrAtUItA DIrIGIDA E vEnDA EM BAnCAS

ESTA VERSãO IMPRESSA DA REVISTA É ENVIADA

GRATUITAMENTE PARA:

- Os 416 PrefeitOs dO interiOr da Bahia e Os 74

PREFEITOS DO INTERIOR DE SERGIPE;

- PrefeitOs e Vice-PrefeitOs de salVadOr e

ARACAJU;

- Presidentes e memBrOs de cOmissões de

licitaçãO dOs municíPiOs da Bahia e sergiPe;

- gOVernadOr e Vice-gOVernadOr da Bahia e

DE SERGIPE;

- secretáriOs estaduais da Bahia e de sergiPe;

- Os 3 senadOres da Bahia e Os 3 de sergiPe;

- Os 39 dePutadOs federais da Bahia e Os 8 de

SERGIPE;

- Os 63 dePutadOs estaduais da Bahia e Os 24 de

SERGIPE;

- Os 41 VereadOres de salVadOr e Os 19 de

ARACAJU;

- Os 416 Presidentes de câmaras dO interiOr

da Bahia e Os 74 Presidentes de câmaras dO

INTERIOR DE SERGIPE;

- secretáriOs municiPais de salVadOr e

ARACAJU;

- Presidente e cOnselheirOs dO triBunal de

cOntas dOs municíPiOs da Bahia

- Presidentes dOs PrinciPais PartidOs

POLíTICOS;

- Presidentes de diVersas assOciações de

municiPiOs da Bahia e de sergiPe;

- gestOres de entidades de classe de

VereadOres e PrefeitOs da Bahia e de sergiPe;

- gestOres de órgãOs de imPrensa (emissOras

de teleVisãO, rádiOs, jOrnais, reVistas, sites,

etc) da Bahia e de sergiPe;

- PrOfissiOnais de agências de PuBlicidade da

Bahia e de sergiPe;

- anunciantes da reVista e dO POrtal;

- cOrresPOndentes e técnicOs cadastradOs

NA MALA DIRETA

Veja na Página 6 e nO POrtal carO gestOr Os

LOCAIS DE VENDA DA REVISTA

LEIA A vErSÃO ELEtrônICA DA rEvIStA CArO GEStOr

www.carogestor.com.br

7

Page 8: Caro Gestor - edicao 5

vEJA AS BAnCAS OnDE vOCê EnCOntrA A rEvIStA Caro GestorFeira de Santana / BaCappa Clara TabaCaria - Alameda Aliomar Silas - Shopping Boulevard - Avenida João Durval Carneiro, 3665 (Ao lado da Floricultura Ikebana) - (75) 3221-1786banCa Cidreira - Av. Getúlio Vargas - Em frente à Prefeitura - (75) 3225-7334 (residencial)

ilhéuS / BareviStaria do ComérCio - Rua Dom Pedro II, s/n - Centro - (73) 9981-7476/9965-1404ilhéus revisTa - Rua Antônio Lavigne de Lemos - Praça do Teatro Municipal - (73) 3231-3240/8826-6075

ipiaú / BabanCa do Muquiado - Pça. Rui Barbosa - Em frente ao Bradesco - (73) 9983-7317 / 8807-5797. itaCaré / BaBanCa reviStaria - Av. Castro Alves N.18 - Centro(73) 9923-2867/8839-8957

itaBuna / BaBanCa de reviSta Boulevard - Av. Aziz Maron, N. 327 - Góes Calmon - (73) 8829-4966banCa revisTaria do shopping (JequiTibá plaza shopping) - Av. Aziz Maron, s/n - Góes Calmon - (73) 8859-8886

Salvador / BaBanCa iguatemi - Alameda dos Umbuzeiros, 68 - Caminho das Arvoreslivraria da rodoviária - Av. Antônio Carlos Magalhães, s/n - Terminal Rodoviário de Salvador - (71) 3450-3184Shop newS - av. tancredo neves, 148, shopping iguatemi - caminho das árvores - (71) 3450-4449banCa Mouraria - a banCa dos ConCursos (CoMérCio) - Praça da Inglaterra, S/N - Comércio - (71) 3243-4942banCa Mouraria - a banCa dos ConCursos (nazaré) - Rua da Mouraria, 02 - Nazaré - (71) 3243-8374 / 3242-1629\banCa Mouraria - a banCa dos ConCursos (sTiep) - Rua Arthur Azevedo Machado, S/N - Stiep - (71) 3342-9540

sanTo anTônio de Jesus / baposTo aCáCia (posTo do pasTel) - BR-101

Estamos cadastrando novas bancas. Os proprietários de bancas que desejarem vender a Revista Caro Gestor podem mandar e-mail para [email protected] no Portal Caro Gestor (http://www.carogestor.com.br/institucional/onde-encontrar.php ) a lista de bancas atualizada.

8

[email protected]

Av. Tancredo Neves, 274 C. E. Iguatemi, S. 219/A, CEP 41820-020F A L A , G E S T O R Mensagens dos Leitores

amigos, preciso expressar-lhes minha admiração pela revista. Como contadora e estudante da área, acredito numa administração pública descentralizada, empreendedora, participativa, eficiente, realizando serviços públicos de qualidade e a Caro gestor com certeza veio contribuir para essa busca. parabéns!Silvana de Cassia pereira alves contadora - Vitória da conquista/Ba

Cara Silvana, obrigado pelas palavras. Esperamos contribuir ainda mais em todos esses aspectos levantados. Estamos trabalhando para que

vocês, da área pública, ampliem seus horizontes e mantenham-se sempre bem informados.

Parabenizo a revista, pois ela tem sido um instrumento bom para integrar Governo Estadual, Governo Municipal e gestores públicos em geral. É bom difundir para o público privado a seriedade das funções do Governo. luiz gonzaga Diretor-geral da Empresa Gráfica da Bahia (EGBA)

Caro Luiz, procuramos sempre fazer nosso papel com muito empenho, sempre em busca da excelência para manter o gestor sempre munido

de muita informação para melhorar sua gestão.

parabenizo a revista e ao portal Caro gestor pelo projeto inovador. o serviço público precisava de um apoio como esse para eficientizar o trabalho e buscar a excelência, ao se espelhar nas iniciativas positivas publicadas na revista. Sucesso a toda equipe!Carlos henrique nunes Advogado e consultor público - Salvador/BA

Caro Carlos Henrique, ficamos muito felizes com suas palavras. Nossa equipe está sempre atenta, numa busca incessante de conteúdo

relevante na área de gestão pública, e este tipo de reconhecimento nos faz trabalhar ainda mais intensamente.

Page 9: Caro Gestor - edicao 5
Page 10: Caro Gestor - edicao 5

10

Í N D I C E

EntrEvIStALuiz Caetano, presidente da UPB

“Estamos criando o novo municipalismo da Bahia”

16

CUrtAS24ArtIGOS‘DO CrItÉrIO DE JULGAMEntO “MEnOr PrEÇO POr LOtE”: UMA OFEnSA AO PrInCíPIO DA ECOnOMICIDADE nAS LICItAÇõES’ por Antonio Augusto rolim Araruna neto

‘COntABILIDADE APLICADA AO SEtOr PÚBLICO: A ADOÇÃO DE UM nOvO MODELO nO BrASIL’ por Marcus vinicius Passos de Oliveira, Elisangela Fernandes dos Santos e Esaú Fagundes Simões

OPInIÃO‘Aventuras de verão’ por Afrânio Freire

‘Sou presidente de Câmara. E agora?’ por Erick resende

‘Cuidado e zelo na elaboração das prestações de contas anuais’ por Aliny veiga

‘O município na era digital’ por Patrick Leal

62

66

747678

SEÇõES

Edição 5Março / Abril de 2011

Caro Gestor AGrICULtUrArenda e cidadania para quem produz

32

PrEvIDênCIA SOCIALPrevidência própria: o município cuidando de seus servidores

36

COOPErAtIvISMOCoquinho danado de bom52

5 PErGUntAS60Luiz GonzagaDiretor-geral da Empresa Gráfica da Bahia - EGBA

No índice, onde se lê “68 opinião Lei de Transparência: os municípios estão preparados? Por Cassiano” e “70 A aplicação na Normas Internacionais de Contabilidade ao Setor Público, por Marcus Vinicius Passos de Oliveira”, deve-se ler 68 opinião A cobrança de multas impostas pelo TCM, por Lucidarle Prado e “70 Novas gestões nos poderes legislativos municipais, por Erick Resende. (edição 4)

Na entrevista com Ubirajara Brito, página 14, onde se lê “o que significa matricula forma?”, deve-se ler “o que significa matricula formal?” com L no final. (edição 4)

Na página 30 da entrevista com Jaques Wagner no Box onde se lê “brasil”, deve-se ler “Brasil”. (edição 4)

Na página 32 onde se lê “Deda”, deve-se ler “Déda”. (edição 4)

Na página 32 onde se lê “Aracajú”, deve-se ler “Aracaju”. (edição 4)

E R R A T A

80

Page 11: Caro Gestor - edicao 5

11

GALErIA82

CrônICA88

ESPAÇOGESPÚBLICAGestão animal

SÉrIE ESPECIAL - COPA 2014 nA BAHIAFluidez no meio de campo

12 40

EDUCAÇÃOCidadania e dignidade garantidas

46 ECOnOMIADesenvolvimento municipal de dentro para fora

56

COBErtUrA FOtOGrÁFICAFesta de n. S. da AjudaCachoeira/BA

58

IMAGEM DA EDIÇÃO90

Bilhões de consumidores por Cláudio nigro

Na matéria Novíssima Fonte Nova onde se lê “Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social”, na verdade é “Fundo de Desenvolvimento Social e Econômico”. (edição 4)

Na matéria Alambique de ouro onde se lê cana de açúcar, deve-se ler cana-de-açúcar. (edição 4)

Na matéria Princesa digital, na página 56, o primeiro intertítulo é educação e o segundo é saúde. (edição 4)

Page 12: Caro Gestor - edicao 5

12

E S P A Ç O G E S P Ú B L I C A

O Zoológico de Salvador recebe mensalmente cerca de 30 mil pessoas e mantém mais de 25 mil espécimes, como a jaguatirica

O Parque Zoobotânico Getúlio Vargas, mais conhecido como Zoológico de Salvador, é um dos espaços de diversão e entretenimento mais vistados de Salvador, além de promover pesquisa, preservação e educação ambiental. Recentemente, o Parque implantou a ferramenta de Auto-Avaliação do GESPÚBLICA-BA, e já percebe melhoras no seu modelo administrativo.

Gestão animal

Promover a pesquisa científica com espécies selvagens da fauna e flora em prol da conservação, com ações em cativeiro e em vida livre, fomentando a integração entre as comunidades e o meio ambiente, além de desenvolver programas de educação ambiental associados ao lazer e entretenimento para os seus visitantes. Essa é a missão do Zoológico de Salvador, reelaborada através de um trabalho feito pelo gesPúBlica-Ba, a convite da Sec-retaria de Meio Ambiente do Estado

da Bahia (SEMA), para complemen-tar as ações de reestruturação insti-tucional do Parque.

Já com o projeto em ação inti-tulado de “Zoológico - Uma fer-ramenta para a conservação”, no qual tem definido o plano estraté-gico do Zoológico de Salvador, o Gespública-Ba aliou a esse trabalho uma ferramenta que visa verificar o nível atual da gestão no caminho para a excelência da gestão pública, chamada Auto-Avaliação de 250

pontos. O resultado foi um plano de melhoria da gestão, alinhado ao plano estratégico, que disponibiliza o desenvolvimento de diversos tra-balhos com períodos marcados, res-ponsabilidade e visão em torno da gerência do zoológico. “O diagnósti-co da gestão vai ser o subsídio para você trabalhar as estratégias. Por isso esse alinhamento no caso do zoológico” afirma Suzana Cruz, con-sultora voluntária do GESPúBLI-ca-Ba que participou do trabalho no Zoológico compartilhando seus

Page 13: Caro Gestor - edicao 5

13

Gerson Norberto, coordenador do Zoológico de Salvador

Leon

ardo

Fre

ire

Leonardo Freire

conhecimentos e aproveitando para aprender.

Esse plano de melhorias, resultante da auto-avaliação, sugeriu algumas ações, como a reelaboração dos princípios básicos, ou seja, a missão, a visão e os valores. “O que sus-tenta, hoje, a gestão do Zoo é que a missão, a visão e os valores estão enraizados e já está disseminada na equipe também a importância de se melhorar a gestão”, ressalta Gerson Norberto, coordenador do

Zoológico de Salvador. A medida foi incorporada entre os colaboradores, que absorveram bem o perfil dessa entidade que recebe mensalmente uma média de 30 mil pessoas e man-tém 25 mil espécimes. O Zoológico de Salvador, hoje, já se encontra em reforma e a ideia do gesPúBlica-BA é ajudar ainda mais na execução das estratégias montadas.

Foram três dias de avaliação, feita pelos consultores do gesPúBlica-BA em conjunto com cerca de 25

Page 14: Caro Gestor - edicao 5

14

E S P A Ç O G E S P Ú B L I C A

Filhotes de diversas espécies têm

cuidados especiais no berçario do

Zoológico

Leon

ardo

Fre

ire

Page 15: Caro Gestor - edicao 5

15

suzana cruz e humberto Oliveira, consultores voluntários do gespública-Ba

Mudanças na gestão vão se refletir também na infraestrutura física do Parque, que sofrerá melhorias

Leon

ardo

Fre

ire

Leon

ardo

Fre

ire

pessoas e mais as lideranças da enti-dade que obtiveram resultados posi-tivos. Dentre alguns dos processos identificados, além da definição da missão, visão e valores do Zoológi-co, estão: a definição dos pontos de melhorias, o planejamento es-tratégico participativo 2009/2010 e a gestão de metas (relação entre as atividades propostas e as atividades cumpridas).

de acordo com humberto Oliveira, também voluntário do GESPúBLI-ca-Ba, “uma das principais etapas do programa de Auto-Avaliação é fazer uma enumeração de pontos fortes, para eles manterem aqueles pontos fortes cada vez melhores”. Ele ainda explica que o método utiliza um modelo de excelência na gestão pública dividida em oito critérios: liderança, estratégias de planos, cidadãos, sociedade, infor-mação e conhecimento, pessoas, processos e resultados. “A metodo-logia usada pelo gesPúBlica-Ba tem parceria com a Fundação Nacio-nal da Qualidade em nível nacional e é um caminhar para o Prêmio Quali-dade Gestão Pública (PQGF) do Gov-erno Federal”, conclui Oliveira.

Além da ferramenta de Auto-Avaliação, o gesPúBlica-Ba disponibiliza ainda para as orga-nizações públicas o Método de Sim-plificação de Processos, que busca a desburocratização, e a Carta de Serviços, que formaliza os com-promissos da organização com o cidadão. As organizações públicas também podem aderir às ferramen-tas a partir dos softwares disponibi-lizados gratuitamente no site do programa (www.gespublicabahia.com.br) ou tornando-se adesas ao gesPúBlica-Ba.

O programa tem como principal pilar contribuir para a melhoria da

qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos e, assim, promover o aumento da competi-tividade e o desenvolvimento sus-tentável. “É um grande movimento onde as organizações públicas dão as mãos e intercambiam conhe-cimentos para promover melhoria da gestão”, ressalta Suzana Cruz. Ela explica que cada órgão pode fornecer pessoas para fomentar a melhoria da gestão, e faz questão de ressaltar a importância do pro-jeto para a gestão pública e princi-palmente a sua realização em ser voluntária “é um conhecimento fantástico, uma experiência muito rica”, conclui.

Page 16: Caro Gestor - edicao 5

16

E N T R E V I S T AKarliche Bitencourt

Page 17: Caro Gestor - edicao 5

17

Após dois anos como único domínio da oposição na Bahia, a UPB muda a sua presidência, que era ocupada pelo PMDB. A eleição do prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, reflete a ampliação

da hegemonia do PT na política do Estado e aponta para mudanças significativas nos rumos da entidade.

Em entrevista a Caro Gestor, Caetano afirma que o alinhamento partidário com o Governo do Estado

não prejudica a independência da UPB e promete construir uma gestão com participação de prefeitos de todos os partidos. Ele também comenta declarações polêmicas do seu antecessor, que previu

dificuldades de mobilização dos prefeitos em torno da nova gestão. Caetano afirma que, ao contrário, seu “estilo participativo” já está provocando mudanças na relação com os prefeitos que, segundo ele,

estão mostrando mais interesse em dialogar com a UPB.

Pelo menos uma medida concreta do novo presidente já está gerando repercussão. Com o objetivo de resgatar a credibilidade da UPB, Caetano iniciou sua gestão proibindo a venda de produtos para

a gestão pública dentro da sede da entidade. Com isso, o presidente aproxima a UPB da missão para a qual foi criada, que é servir de porta-voz dos interesses dos municípios baianos, e fortalece

sua presença no cenário estadual.

Luiz Caetano foi eleito com quase 97% dos votos presentes, no dia 27 de janeiro. Seu gabinete vive movimentado de prefeitos, que chegam de todas as regiões da Bahia com diferentes demandas e

expectativas. Uma das questões mais presentes é o rigor na fiscalização dos órgãos de controle e a precipitação do Poder Judiciário quando se trata de apontar supostos erros das gestões municipais.

Questionado por Caro Gestor sobre a postura da entidade em relação a isso, Caetano critica o excesso de rigor da fiscalização dos órgãos de controle, a violação do direito de defesa, e afirma

que a UPB vai fazer um trabalho de monitoramento das contas dos prefeitos para ajudar a resolver os problemas técnicos e, consequentemente, as injustiças.

“Estamos criando o novo municipalismo da Bahia”

Qual sua principal bandeira para marcar sua gestão na upB?Primeiro, fazer uma UPB forte, rep-resentativa. Uma UPB que busque trazer a solução dos problemas. Não só uma UPB que reivindique, mas que também ajude a construir as soluções. Tanto que nós vamos, cada vez mais, interiorizar a UPB e quero dar uma prova disso. Por exemplo, estive numa reunião com alguns diretores da UPB e com os três su-

perintendentes da Caixa Econômica Federal da Bahia – o superintendente de Salvador, que é o Ari, o superinten-dente de Feira de Santana, que é o Zé Raimundo, e o Paulo Sergio que é de Itabuna. Essas três superintendên-cias, sozinhas, são responsáveis por todos os contratos e os convênios dos municípios com a Caixa. São mais de 2 mil contratos que eles dirigem, mas que têm muita burocracia pelo meio, muitos problemas. Então, o que eu

sugeri: pegar cada superintendência dessa e fazer um encontro regional com a UPB e os prefeitos da região. A gente leva a equipe da Caixa e faz um grande mutirão para solucionar um bocado de entravezinhos que ficam prejudicando. Fazer isso a “quatro mãos”, fazer articulado, trazer a solução. Sugeri isso, eles aceitaram. Nós vamos começar a gestão da UPB fazendo um planejamento estraté-gico da entidade para os dois anos fu-

Page 18: Caro Gestor - edicao 5

18

E N T R E V I S T A

turos, com a participação da diretoria e dois de cada regional e consórcio. É uma forma de ampliar, de coletivizar mais as posições da UPB e também de se aproximar com as direções re-gionais, trabalhar a consolidação dos territórios e consequentemente do poder local. O prefeito tem que ser reconhecido, ele é o principal líder do município e tem que ser fortalecido. O Governo Lula fortaleceu muito o poder local. Então, temos que levar sempre a cultura e a informação de que o prefeito não pode ser só da sua cidade, mas que pense também na região. Assim, ele se transforma em um líder regional, por isso é impor-tante a consolidação dos territórios. Nós temos que fazer uma UPB assim: forte. A ideia é que a gente busque ajudar a construir os projetos nos municípios, buscando recursos junto ao Governo do Estado e o Governo Federal, a capacitação, a qualificação e ter uma agenda concreta de estim-ular o desenvolvimento com susten-tabilidade.

o estado conseguiu se modernizar para uma gestão mais eficiente, porém muitos municípios não conseguiram acompanhar este progresso. o que é preciso para modernizar a gestão municipal?

Primeiro é construir a cultura com relação à modernização municipal. Trabalhar isso com cada município, com cada território, com cada região. Trabalhar com a comunicação promo-vendo seminários, agendas coletivas, divulgar os bons exemplos. Mostrar um exemplo de um município que já está modernizado e publicar isso em revistas e jornais, em periódicos nos-sos. Enfim, criar essa cultura sadia de que é preciso modernizar e discutir em cada canto o que é modernização. Isso nós vamos contribuir também.

existe uma situação de desequilíbrio em que a união repassa pouco e cobra muito dos municípios. isso tem solução? Fora isso a carga de responsabilidade é toda dos municípios, a exemplo da merenda, transporte escolar, etc...o que o senhor acha dessa questão?Os municípios vêm sofrendo por causa dessa concentração. A criança nasce no município, quando a pessoa morre é enterrada no município, quando você pisa o chão é do município. Então, os impostos todos são arreca-dados no município. A União fica com grande parte desses impostos, a outra parte com o Estado e a menor parte com o município. Então temos que re-verter isso. Como? Reforma tributária

justa. Essa é uma bandeira antiga do movimento municipalista. hoje, está sendo levantada por esse novo movi-mento que estamos criando “o novo municipalismo da Bahia”, da reforma tributária justa e com a distribuição dos royalties do pré-sal para todos os municípios baseados no idh. O mu-nicípio mais pobre tem que receber mais para ajudar no desenvolvimen-to. 277 municípios baianos perderam população com o Censo 2010. Desses 277, mais de 40 perderam popula-ção em grau exces-sivo, o que levou a perder FPM. Nós vamos lutar para que esses municípios sejam recom-pensados, porque eles não vão poder demitir médicos e professores, se não vai piorar ainda mais o idh deles. Como a Dilma disse, e é correta a afir-mação, a principal bandeira é erradicar a pobreza e a miséria, mas como boa parte da pobreza vive nos pequenos municípios que têm o idh baixo e nas periferias das cidades, então, precisa-mos de reforma tributária já, e que os royalties do pré-sal cheguem logo aos municípios para alavancar o desen-volvimento. Além disso, também pre-cisamos contar com convênios, con-tratos com a Caixa, Governo Federal, Governo Estadual e com as emendas parlamentares para dar um incremen-to maior nisso. Precisamos, também, diminuir a burocracia. O município, hoje, para fazer um convênio precisa de 17 certidões, então, temos que achar uma forma, junto com o Gover-no do Estado e o Governo Federal, de diminuir esta burocracia para que as coisas aconteçam com maior rapidez nos municípios.

então, o senhor acredita realmente que existem possibilidades reais de algum aumento da fatia do bolo em favor dos municípios? Tanto existe que nós lutamos. Vamos ampliar essa luta para que a gente possa ter essa conquista. O Governo Dilma precisa fazer reforma política e, principalmente, reforma tributária

“A União fica com grande parte desses impostos,

a outra parte com o Estado e a menor parte com

o município. Então temos que reverter

isso. Como? Reforma tributária

justa.”

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 19: Caro Gestor - edicao 5
Page 20: Caro Gestor - edicao 5

20

para que o município possa ter mais autonomia e consequentemente ter mais recursos para fazer as coisas.

o senhor acha que a distribuição dos royalties seria uma solução ou um paliativo?Não é um paliativo. É uma ajuda fan-tástica. O problema é que São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo não concordam com essa proposta. Eles acham que são os produtores do pré-sal e que este é como se fosse uma “picanha” que eles querem comer so-zinhos. Só que essa “picanha” é nacio-nal e eles têm que dividir com o povo brasileiro. Essa é um debate que vai ser importante agora no Congresso Nacional e os deputados que tiveram os votos dos municípios precisam nos ajudar a aprovar essa proposta no Congresso Nacional.

muitos municípios passam por grandes dificuldades financeiras. existe algum plano de buscar solução de apoio estadual ou federal?A UPB já tem uma equipe que faz pro-jetos. Nós estamos formulando uma proposta para o Estado e para a União fazerem um convênio com a UPB, ou

com as associações regionais, para que a gente possa montar equipes a fim de elaborarem projetos executivos para os municípios. Com projeto, recurso tem. Mas grande parte das prefeituras não tem condições de fazer esses projetos, pois não tem equipe e não tem recurso para contratar projeto e nós vamos aju-dar nisso. Nós estamos com a proposta para montar mais 5 equipes de projetos no Estado da Bahia, mas só podemos fazer isso com o apoio do Governo do Estado e do Governo Federal. No dia 17 de fevereiro nós vamos tem uma reunião com Olavo Noleto que é Sub-secretário de Assuntos Federativos e é a porta de entrada dos municípios. Nós vamos reivindicar para que nós te-nhamos esses recursos. Também com o Governo do Estado, nós já encamin-hamos proposta no sentido de compar-tilhar essa despesa para que possamos ajudar esses municípios, prioritaria-mente, que não têm condições de fazer alguns projetos para buscar recurso.

Faltam dois anos para as próximas eleições e os prefeitos já estão se mobilizando para campanhas eleitorais. o senhor acha que isso será uma dificuldade, já que

é necessária a mobilização dos prefeitos para todas as questões levantadas pela upB?Mobilização nunca é fácil. Nós criamos um clima muito bom na campanha para a UPB. Nós formulamos um pro-jeto, uma proposta, um programa e debatemos isso com as regionais. Nós tivemos a presença de 300 pre-feitos praticamente no dia da eleição, que foi muito alegre e participativa. A gente sente um clima novo junto aos prefeitos, uma esperança nova e vai depender muito da agenda que a gente fizer, do trabalho. A entidade aqui é outra cara, está mais movimen-tada, prefeitos já apareceram, estão telefonando, consultando. A gente já está agindo, fazendo encontros e reu-niões para buscar soluções. Nós esta-mos com uma agenda muito atrativa e muito prática. Eu sou muito pratico. Não gosto de ficar com muita conver-sa e com muita reunião. Determinou a agenda, vamos partir para construir a agenda. Eu faço isso com muita agili-dade e vou tentar implantar isso aqui na UPB. Os prefeitos estão entenden-do, na minha opinião, que é preciso fortalecer as entidades para que eles possam ficar mais fortalecidos.

“São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo não concordam com essa

proposta. Eles acham que são os produtores do pré-

sal e que este é como se fosse uma picanha

que eles querem comer sozinhos. Só que essa “picanha” é nacional e

eles têm que dividir com o povo brasileiro”

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 21: Caro Gestor - edicao 5
Page 22: Caro Gestor - edicao 5

22

o ex-presidente roberto maia afirmou em entrevista ao jornal a tarde que o senhor: “terá dificuldades enormes para mobilizar os prefeitos e reunir as entidades, porque não está em sintonia com elas”. o senhor acha que isso pode atrapalhar sua gestão?Não, não, acho que não! Eu, depois de eleito, já fui a um evento importantís-simo em Conquista e estavam pre-sentes vários prefeitos. Depois fui a outro em Guanambi. Eu não vou fazer uma gestão sentado no gabinete da UPB. Vou fazer uma gestão itinerante, mobilizativa, de solução, de diálogo com as esferas estadual e federal, de independência e ao mesmo tempo de diálogo, buscando parcerias. Isso ajuda, porque os prefeitos vão fazer um esforço e vão participar. Por exem-plo, eu já fui a várias agendas e foram vários prefeitos comigo. Eu não estou tendo esse problema de mobiliza-ção e, cada vez mais, nós vamos es-tar juntos porque depende muito do estilo de gestão e eu tenho um estilo muito participativo, com uma agenda enorme para o interior Pelo menos uma vez por semana, eu vou ao inte-rior fazer encontro regional e colocar equipe para trabalhar. Enfim, vamos fazer um trabalho excelente de comu-nicação. Então, não acho que vou ter problemas.

então, o senhor não acha que falta essa sintonia com as entidades representativas?

Não. Tanto que o planejamento nosso vai ser feito com a participação das en-tidades. Elas vão me ajudar a construir esse momento. Não é uma coisa que eu vou fazer para elas e sim que nós vamos fazer juntos.

upB, governo do estado e presidência nas mãos do pt é benéfico ou prejudicial com relação ao apoio aos municípios?Cada força política que está gover-nando tenta buscar construir a hege-monia. Cada um tenta construir da sua forma. Uns pelo autoritarismo, pela porrada, pela cooptação; outros pela cumplicidade, pelo diálogo, pela participação e pelo respeito, foi o que Wagner fez na Bahia, e o Governo Fe-deral fez no Brasil. O PT tem ajudado a fazer isso. Então, esse é um processo de construção de um projeto novo na Bahia. Obviamente que eu faço parte desse projeto, sabendo que aqui na UPB tem uma particularidade: ela não é uma entidade de um partido político. A UPB é de todos os prefeitos e todos esses têm um partido e muitos têm partidos diferentes. Com isso, a UPB tem que ser independente e plural, e nós temos essa compreensão. Quan-do eu vou para uma audiência com qualquer secretário, eu não escolho o prefeito a levar. Quando eu entro na UPB para dar entrevista, eu não es-colho o prefeito. Quando eu vou para uma reunião em qualquer município, eu não escolho prefeito que eu vou. Ou seja, nós vamos fazer cada vez

mais da UPB uma entidade indepen-dente e plural, porém que vai apresen-tar sugestões e vai ajudar a construir um novo municipalismo da Bahia. Ao mesmo tempo, vamos dialogar com o Governo do Estado e o Governo Fe-deral. Então, eu não vejo que esse alin-hamento do PT atrapalhe aqui, pelo contrário, acho que vai ajudar, pois não vai intervir aqui como partido.

e os partidos de oposição não vão encontrar dificuldades para receber apoio? Pelo contrário, eles querem é ajuda. O prefeito de qualquer município, inde-pendente de qual partido, quer resul-tado, e que a gestão melhore no seu município. Ajuda a gente tem que dar. Eu não vou fazer política partidária aqui na UPB.

Comenta-se que nos últimos anos a upB perdeu a força institucional. há quem diga que passou a ser mais um “mercado de produtos” para os municípios que efetivamente uma entidade representativa. o que o senhor acha disso e o que vai fazer para mudar este estereótipo?Primeiro que aqui na UPB, na minha gestão, está proibido vender produto. Foi a primeira coisa que eu fiz quando cheguei. Reuni as equipes, as assesso-rias e proibi. A UPB não vai mais capi-tanear nenhum produto para nenhum município e nem quem trabalha aqui. Quem quiser negociar produto vai fa-zer isso onde quiser, não aqui. Segun-

“Nós vamos fazer cada vez mais da UPB uma

entidade independente e plural, porém que vai apresentar sugestões e

vai ajudar a construir um novo municipalismo da

Bahia”

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 23: Caro Gestor - edicao 5

23

do, estava precisando dar uma sacudi-da para a entidade estar mais presente nas coisas e é isso que nós estamos fazendo. Nós estamos pegando a UPB que, cada vez mais, nós vamos admi-nistrar com um conceito de mobilizar, de estar presente nos municípios, de construir um novo municipalismo, de criar agendas positivas. Então, essa é uma UPB nova e moderna que vai se fortalecer muito politicamente. Eu sai com vários prefeitos fazendo audiên-cias e em toda porta que a gente bateu fomos recebidos com respeito. Os pre-feitos já disseram que está diferente e até o pessoal da comunicação, que normalmente não frequentava as re-uniões, agora eles vão, ficam lá regis-trando, fotografando e tal. Isso tudo para que possa divulgar e fazer uma UPB ativa e viva.

alguns prefeitos são atacados pela imprensa, pelos órgãos de controle externo e muitas vezes expostos de forma injusta. não caberia à upB “comprar” a briga e reagir em defesa desses prefeitos, seja através de campanhas, visitas aos órgãos de controle, diálogo mais estreito com a imprensa?Falamos até isso em campanha. Ne-nhum cidadão, nem prefeito, nem de-putado, ninguém pode ser condenado sem ser julgado. A todos, tem que dar o direito de defesa. Tem que respeitar o contraditório. É preciso que a Polícia Federal, a Justiça e o Ministério Pú-blico continuem fiscalizando e agindo, mas que tenham cuidado para não es-tar condenando antes do julgamento, tem que dar direito. Pode ter a busca e apreensão, mas, antes da prisão de alguém, tem que informar do que ele foi acusado pelo menos. Nós aqui não vamos defender nenhum prefeito que faça alguma ilegalidade, mas vamos defender que todo prefeito tenha di-reito à defesa, ao contraditório. Fui a uma audiência no Tribunal de Contas dos Municípios e fui muito bem recebi-do pelo presidente. Falei com ele junto com outros prefeitos que nós quere-

mos participar do monitoramento das contas dos prefeitos para ajudarmos a resolver os problemas técnicos. Va-mos levantar porque as contas foram reprovadas - o que foi técnico, o que foi erro administrativo. Até o presi-dente do Tribunal sugeriu uma reunião entre ele, nós da UPB e o conselho de contabilidade para que esse conselho conheça mais de perto as resoluções do Tribunal e que discuta com os es-critórios de contabilidade para que eles não cometam erros, pois muitas vezes os erros são dos escritórios de contabilidade que prestam serviços para as prefeituras. Então, nós vamos fazer todo um trabalho de monito-ramento disso e de assessoria. Não é que a UPB vá colocar advogado para substituir os das prefeituras nem as contabilidades, nós vamos assessorar nesse sentido, de que esses erros se-jam evitados. Vamos apostar também nos processos de qualificação e ca-pacitação das equipes das prefeituras. Estamos já iniciando esses trabalhos e vai ter aqui na UPB uma estrutura para o acompanhamento no Tribunal.

Qual a mensagem que o senhor deixa para os prefeitos e gestores públicos?Primeiro, prefeito para fazer uma boa gestão precisa, antes de tudo,

ter uma boa equipe, mesmo que seja de um município pequeno. Precisa de uma equipe capacitada para aju-dar a fazer uma boa gestão. Quem não monta uma boa equipe, dificil-mente faz uma boa gestão. Então, nós vamos auxiliar as prefeituras fazendo vários cursos, vários semi-nários para que possamos contribuir com isso. Segundo, os prefeitos pre-cisam, cada vez mais, consolidar os consórcios, as associações regionais, o trabalho no território, no coletivo, para que eles consigam solidificar a sua gestão. O prefeito também tem que ir buscar recursos, trabalhar para que sua equipe seja criativa, inova-dora e não se esquecer de fazer o planejamento. Se não fizer o plane-jamento, dificilmente terá uma boa produtividade nas suas ações. Tem que definir prioridades para cada secretaria porque cada secretário quer ser um prefeitinho, cada secre-tário quer fazer tudo e termina não fazendo bem aquilo que deve fazer. No planejamento tem que focar nas prioridades e toda vez que tiver dúvi-das consulte o povo, pois eles sabem mais do que a gente, eles vivem o dia a dia da cidade. É bom estar sempre compartilhando com a sociedade as suas decisões para que assim o pre-feito faça uma boa gestão.

“A UPB não vai mais capitanear

nenhum produto para nenhum

município e nem quem trabalha

aqui. Quem quiser negociar produto

vai fazer isso onde quiser, não aqui”

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 24: Caro Gestor - edicao 5

Programa federal distribui remédios gratuitos em farmácias do país

Medicamentos para hipertensão e diabetes passaram a ser distribuídos gratuitamente desde o dia 14 de fevereiro, pelo programa Aqui Tem Farmácia Popular, em cujo lançamento esteve presente a presidente Dilma Rousseff. Cerca de 15 mil drogarias em todo o país estão conveniadas ao programa e, de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 900 mil portadores das duas doenças devem ser beneficiados com a medida.

No Estado da Bahia são 63 farmácias populares, sendo 17 delas em Salvador, e outras 158 drogarias credenciadas que atendem pelo Programa Federal. As unidades da Farmácia Popular, na capital, estão em áreas como Liberdade, Comércio, Cajazeiras, Alto de Coutos, Narandiba, Boca do Rio e Nordeste de Amaralina.

Anteriormente, o Governo pagava 90% do valor dos medicamentos para hipertensão e diabetes e o cidadão tinha de arcar com o restante. Para ter acesso aos remédios, é preciso apresentar um documento com foto, o CPF e a receita médica que comprove a necessidade do medicamento.

Presidente Dilma Rousseff no lançamento do programa

Mar

cello

Cas

al Jr

. / A

gênc

ia B

rasi

l

Cidades além das fronteirasNos dias 4 a 6 de maio, gestores públicos e a sociedade em geral terão a oportunidade de discutir temas referentes às relações internacionais das cidades no evento LatinCities´11 que irá lançar a I Conferência Internacional Cidades Além Fronteiras, além de outras atividades, no Othon Palace em Salvador.

O evento tem como objetivo promover um novo conceito de desenvolvimento das cidades. “As cidades podem se desenvolver cada vez mais rápido e melhor se as relações internacionais estiverem ajustadas e esclarecidas através de estratégias de desenvolvimento para uma cidade globalizada”, explica Márcio Pimenta, coordenador da Ideas Consulting que promove o evento com o apoio da Prefeitura Municipal de Salvador e da Associação Brasileira de Relações Internacionais.

Durante a I Conferência Internacional Cidades Além Fronteiras serão discutidas as relações internacionais descentralizadas em temáticas como: Comércio Internacional das Cidades; Desenvolvimento Local e Regional; Meio Ambiente e Mudança Climática; Novos Atores Internacionais; Políticas Públicas; Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016, dentre outros assuntos relacionados.

Além disso, o LatinCities´11” irá expor o projeto CIDADES+ que teve início em novembro de 2010 e fez um tour por 10 cidades da América do Sul durante 30 dias. O projeto também visitou mais de 5 países, visitando instituições acadêmicas e de pesquisa e organismos internacionais. O resultado do projeto será divulgado durante o evento e tem como objetivo atrair prefeitos e gestores públicos para conhecer e difundir cases de sucesso na prática da cooperação internacional descentralizada, além de difundir a cultura da América Latina no Brasil.

Outras duas sessões que farão parte do LatinCities´11 serão Expocidades e Expouniversidades. Este será o momento em que as cidades e as universidades terão um espaço organizado em stands para apresentarem e difundirem suas experiências na cooperação internacional descentralizada, cultura, economia e estruturas para a ação internacional. As instituições que ainda não desenvolveram uma estrutura internacional poderão demonstrar o potencial existente.

A exposição será aberta ao público gratuitamente de forma a atrair investidores, empresas e indústrias interessadas em internacionalização e gestores interessados em estabelecer cooperação técnica com outras cidades de fora do país.

Para mais informações e inscrições, os interessados podem enviar email para: [email protected] ou acessar o site www.latincities.com.br.

24

C U R T A S

Page 25: Caro Gestor - edicao 5
Page 26: Caro Gestor - edicao 5

Ministério estipula prazo para envio de informações do Bolsa Família pelos municípios

como as crianças menores de 7 anos de idade. Já famílias que têm filhos com idades entre 6 e 17 anos têm que manter as crianças e adolescentes na escola e comprovar assiduidade. A frequência escolar para alunos entre 6 aos 15 anos deve atingir 85% das aulas. Para adolescentes com 16 e 17 anos, deve ser de 75%.

Para o coordenador-geral de Acompanhamento das Condicionalidades do Bolsa Família, Rodrigo Lofrano Alves,“é importante que o agente de saúde no município que faz o acompanhamento da família, ao identificar que uma criança não foi vacinada ou uma gestante não foi acompanhada no pré-natal, se esforce para regularizar a situação”. Também foi estipulado o prazo para o envio das informações no que se refere à frequência de crianças e adolescentes do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que termina no dia 26 de

fevereiro. Os dados são incluídos mensalmente no Sistema de Controle e Acompanhamento das Ações Ofertadas pelo Serviço Socioeducativo do Peti (Sispeti). As crianças e adolescentes devem participar de pelo menos 85% das atividades socioeducativas promovidas pelo gestor municipal.

Caso o gestor tenha dúvidas com relação ao envio dos dados pode entrar em contato com o MDS pelo telefone (61) 3433-1500 ou acessar www.mds.gov.br.

Os prazos para informar as condicionalidades do Bolsa Família 2011 pelas prefeituras já foram dados e os gestores devem ficar atentos a essa responsabilidade. O limite para o monitoramento das ações de saúde, que é semestral e abrange 10,5 milhões de famílias, foi aberto desde o dia 7 fevereiro e termina em 2 de julho. No caso do sistema para registro da frequência escolar, que é bimestral, o prazo se inicia em 18 de março. “O acompanhamento das agendas de saúde e o monitoramento da frequência escolar de alunos beneficiados pelo programa de transferência de renda do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) são tarefas dos municípios” notificou a assessoria do MDS em seu site.

As condicionalidades são as contrapartidas que as famílias devem cumprir para receber a transferência de renda do Bolsa Família. Com relação à saúde, gestantes e mulheres em fase de amamentação devem ser acompanhadas constantemente, assim

Val

ter C

ampa

nato

/ A

gênc

ia B

rasi

l

Frequência na escola é uma das condições para o recebimento do benefício

Poderes públicos agem contra a dengue– saúde, educação, infraestrutura, defesa civil e outras – para apoiar as ações de prevenção e controle da dengue. Esse grupo deve ter definidas estratégias de assistência à saúde, assegurar recursos humanos e materiais para realização das ações, mobilizar e apoiar atividades das diversas lideranças sociais e comunitárias, desenvolver ações de comunicação e, principalmente, assegurar o funcionamento permanente de serviços de coleta e tratamento de lixo.

Na Bahia, este ano, até o dia 22 de janeiro, foram registrados 1.608 casos de dengue. No mesmo período de 2010, esse número chegou a 2.341 casos, correspondendo a uma redução de 31,3%. De acordo com a coordenadora do Comitê Estadual de Controle da Dengue, Jesuína Castro, a redução no número de casos não deve servir para que os gestores municipais relaxem nas medidas de prevenção.

Para maiores informações os gestores devem consultar a publicação das Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue no site do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br/svs.

A campanha de mobilização para o combate da dengue já começou com força total. Fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e o Serviço único de Saúde (SUS), a campanha visa mobilizar os poderes públicos e a sociedade contra essa doença que atinge milhares de pessoas todos os anos, mas que, com o empenho e organização de todos, é possível evitar a contaminação.

Na Bahia, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), através da Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde (Suvisa), já promoveu, no dia 18 de fevereiro, o Encontro de Sensibilização de Gestores Municipais para o Controle da Dengue, que reuniu diversos gestores municipais. A ideia é mudar o quadro atual da dengue que registra, somente no estado, 198 municípios que correm risco de ter uma epidemia este ano. Desses, 92 têm risco muito alto e 106 tem risco alto para a doença.

As prefeituras que tiverem interesse em montar ações de mobilização no processo de prevenção e combate aos focos do mosquito podem criar e coordenar um grupo intersetorial

26

C U R T A S

Page 27: Caro Gestor - edicao 5
Page 28: Caro Gestor - edicao 5

AMIB reivindica aumento da alíquota da CFEM

Governo Federal lança nova logomarca

reconhecimento retroativo de alguns direitos do município”, afirma ele. A apuração de Brumado no ano de 2009 foi de aproximadamente R$ 1,9 milhões enquanto em 2010 foi de apenas R$ 1,1 milhões.

A AMIB também pede o apoio e a parceria do Ministério de Minas e Energia para a criação de um Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltado para regiões mineradoras, que têm recebido grandes investimentos, porém, não recebem a contrapartida suficiente em infraestrutura, o que acaba causando grande desordem nos municípios impactados.

Além de Anderson Cabido, ocupam a diretoria da AMIB o vice-presidente Darci Lermen, prefeito de Parauapebas/PA, o diretor-tesoureiro João Izael Querino Coelho, prefeito de Itabira/MG e o diretor-secretário Eduardo Vasconcelos. A diretoria de meio ambiente que antes era de Vasconcelos agora é de responsabilidade do prefeito de Pains/MG, Ronaldo Márcio Gonçalves.

Os municípios detentores de minério no Brasil agora podem contar com uma das maiores entidades nacionais representativas do segmento: a Associação dos Municípios Mineradores do Brasil (AMIB). Com uma nova diretoria, eleita em fevereiro deste ano, a entidade já teve em reunião com o Ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, para expor mudanças no setor. A AMIB se reuniu com o ministro logo após o lançamento do Plano Nacional de Mineração 2030 do ministério, que prevê investimentos de US$ 350 bilhões no setor.

Ocupando a presidência da AMIB está o prefeito de Congonhas (MG), Anderson Cabido, que afirma estar entre as ações previstas para seu mandado continuar atuando para aumentar a alíquota da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Cabido explica que a AMIB e seus associados, inclusive a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig) e a Associação dos Municípios Mineradores do Pará (Amepa), se posicionam de maneira irredutível pela aprovação do anteprojeto de Lei da “nova” CFEM. “É inadmissível que o anteprojeto não seja encaminhado imediatamente ao Congresso Nacional e que este não o aprove ainda em 2011. Os prefeitos se manterão empenhados e mobilizados até que essa justiça seja feita”, afirma. A Bahia, apesar de não ter ainda uma associação para municípios mineradores, está representada na AMIB pelo prefeito de Brumado/BA, Eduardo Vasconcelos, que é um antigo reivindicador do aumento da alíquota da CFEM e ocupa o cargo de diretor-secretário na entidade. Vasconcelos está à frente da gestão de um dos municípios que tem como principal economia o minério e diz que Brumado perdeu mais de 40% de CFEM quando a mineração teve crescimento de 2009 para 2010. “Já tomei providências. Colocamos nas mãos de um escritório de advocacia para fazer algum tipo de

A nova marca do Governo Dilma Rousseff já esta em circulação. Com o slogan “País Rico é País sem Miséria”, a marca quer reafirmar os dois pontos do discurso destacados pela presidenta Dilma no início do Governo: combate à miséria e a erradicação da pobreza no país.

A logomarca substitui a adotada pelo Governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “Brasil, um país de todos” e de acordo com a ministra-chefe da Secretaria de comunicação social, helena chagas, é uma “evolução”. Anteriormente o Governo usava uma marca do com letras menores e mais coloridas, porém com o destaque do nome Brasil que foi mantido na nova marca.

O autor da logomarca foi o publicitário João Santana que contou com a parceria do diretor de arte Marcelo Kertész. Ambos trabalharam na campanha eleitoral da presidenta e não cobraram pela marca.

Nova logomarca do Governo Federal

Div

ulga

ção

Eduardo Vasconcelos, prefeito de Brumado/BA e diretor da AMIB

Kar

liche

Bite

ncou

rt

28

C U R T A S

Page 29: Caro Gestor - edicao 5

Olho nos prazos para evitar bloqueiosas informações em seus sites. Quem desobedecer a essa norma ficará impedido de receber transferências voluntárias da União.

siope - sisTeMa de inforMações sobre orçamentoS púBliCoS em eduCaçãoO prazo para a transmissão dos dados no SIOPE é até o dia 30 de abril para os municípios e 31 de maio para Estados e DF, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal. O preenchimento dos dados no sistema é anual e os gestores devem ficar atentos, pois somente será possível a transmissão dos dados de um determinado exercício se o usuário tiver em mãos o número do recibo do exercício anterior.

O SIOPE é um sistema informatizado, de acesso público pela internet, criado e operacionalizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Tem como objetivo coletar, processar e disseminar as informações referentes aos orçamentos públicos de educação da União, dos Estados, do DF e dos municípios, sem prejuízo das atribuições próprias dos Poderes Legislativos e dos Tribunais de Contas.

As informações ficam disponibilizadas no portal do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação: www.fnde.gov.br.

Os municípios de todo o Brasil devem ficar atentos aos prazos referentes ao cumprimento de leis e envio de dados durante a gestão. O descumprimento de algumas determinações pode levar a complicações, como o bloqueio do recebimento de transferências voluntárias.

lei da tranSparênCiaMunicípios que tenham entre 50 e 100 mil habitantes têm até o dia 27 de maio deste ano, para iniciar a divulgação dos seus dados relativos à execução orçamentária, de forma online e detalhada. A exigência foi criada pela Lei Complementar 131/09, chamada de Lei da Transparência, que modificou a Lei de Responsabilidade Fiscal. Apenas Brasília não entra na lista dos municípios, pois suas obrigações são assumidas pelo Governo distrital.

A Lei 131/09 foi sancionada em 27 de maio de 2009 e definiu uma programação de implantação para os municípios que vai até 2013. Primeiro, foram os municípios com mais de 100 mil habitantes, os Estados e a União, que tiveram até um ano para se adaptar. Agora é a vez dos municípios que tenham entre 50 e 100 mil habitantes, que tiveram dois anos e o prazo se esgota neste ano. Por fim, municípios com até 50 mil habitantes terão até maio de 2013 para cumprir a determinação. No entanto, nada impede que os municípios possam se antecipar e lançar

29

Page 30: Caro Gestor - edicao 5

30

E U L E I O C A R O G E S T O R

Joabs Ribeiro é consultor governamental, advogado formado pela Universidade Estadual de Santa Cruz, pós-graduado em gestão

governamental com 21 anos de experiência na vida pública, procurador da União dos Vereadores do Brasil e leitor de Caro Gestor.

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 31: Caro Gestor - edicao 5
Page 32: Caro Gestor - edicao 5

32

renda e cidadania para quem produz

A G R I C U L T U R A

Page 33: Caro Gestor - edicao 5

33

Em Irará, município que fica a 138 km de Salvador, o cumprimento da lei tem trazido satisfação e orgulho para o homem do campo que representa 70% da população local. Ciente dos benefícios econômicos e sociais que a lei pode lhes dar, a Prefeitura tem reunido esforços para organizar os ag-ricultores e capacitá-los na produção e comércio dos subprodutos de suas lavouras.

“Na verdade, a Prefeitura está ban-cando o projeto porque ela entende que não existe outra forma de acon-tecer o desenvolvimento econômico da cidade que não seja através da economia da zona rural”, diz Regi-naldo Campos, secretário de Desen-volvimento Econômico do município. A lei foi instituída em junho de 2009

como uma forma de aperfeiçoar o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), de 1955. Em setembro de 2009, os pequenos agricultores de Irará começaram a vender para a Pre-feitura que os vem organizando em as-sociações.

“Irará não tem latifúndios. Basica-mente, o que se produz é na agricul-tura familiar. É um município agrícola que tem uma faixa de renda muito baixa e, com essa lei a gente está for-talecendo as famílias”, diz o prefeito Derivaldo Pinto. “Na verdade, você não está gerando emprego só para o agricultor e dando melhor condição a ele, mas para todo município porque é uma cadeia: melhora a situação no co-mércio, melhora a situação no geral”, avalia.

Permitir que o pequeno agricultor permaneça no campo, valorizar os produtos da região, oferecer para os estudantes uma dieta saudável com produtos orgânicos da agricultura local. Estes são alguns dos benefícios da Lei Federal 11.947/09, que obriga que 30% da merenda escolar venha da agricultura familiar. Além disso, a lei tem impulsionado a economia de cidades pequenas com a geração de emprego e renda para famílias que viviam sem perspectivas de melhorias.

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 34: Caro Gestor - edicao 5

34

Para participar do programa, os a-gricultores precisam estar organiza-dos em cooperativas e associações. A compra também pode ser feita in-dividualmente, desde que o agricul-tor tenha a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). “Muitas prefeituras não querem comprar do produtor in-dividual porque dá muito trabalho. É muito melhor a Prefeitura pedir 100 kg de tapioca para uma cooperativa, por exemplo, que 10 kg numa casa, mais 10 em outra. A logística fica mais com-plicada, fica tudo mais trabalhoso. A gente está tendo esse trabalho para ver a coisa evoluir”, diz João Neto, se-cretário de Agricultura de Irará.

Em 2009, a Prefeitura inaugurou o Centro de Formação Profissional de Irará que oferece cursos de capacita-ção para a população local. Foi lá que Marinalva Alves, 43 anos, conhecida na cidade como Nalva do Beiju, rece-

beu instruções de culinária a partir de produtos da mandioca e formação de preço, conhecimentos que podem melhorar sua produção. Voltadas para a agricultura familiar, as aulas gratui-tas foram uma iniciativa da Prefeitura em parceria com o Senac e Sebrae.

Durante o período escolar, Nalva vende por mês 600 beijus para a Prefeitura. Antes do programa, sua renda mensal era de um salário míni-mo. hoje, somando o que consegue vender na feira ao que tem garantido pela Prefeitura, ela lucra aproximada-mente três mil reais por mês. “Minha vida não melhorou um pouquinho, melhorou bastante, porque só a feira de Irará para vender é pouco. Nesse programa da agricultura familiar, a gente faz o produto e tem para quem vender, tem quem compre”, diz. Nalva tem três filhos. Todos estão em Salva-dor estudando “e todo final de semana

estão aqui me ajudando na barraca de beiju”, conta a mãe orgulhosa.

Prefeitura deixa de ser a única garantia de emprego

Em cidade pequena é assim: emprego bom é na Prefeitura. Ao menos, está garantido por quatro anos. Em Irará, “a população que chegava na Prefei-tura pedindo, hoje vai lá para agradec-er”, diz Reginaldo Campos, que atri-bui o fato ao cumprimento da lei. Ele conta que membros do grupo que hoje forma a Associação Rural dos Produ-tores de Bolachinha de Goma também estiveram buscando um emprego pú-blico. “Muitas dessas meninas da bo-lachinha de goma foram pessoas que entregaram currículo aqui, querendo emprego na Prefeitura”, diz. “Só esse grupo envolve aproximadamente dez famílias que hoje têm renda na própria

A G R I C U L T U R A

Prefeito Derivaldo Pinto

Nalva do Beiju aumentou sua renda fornecendo para a Prefeitura

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 35: Caro Gestor - edicao 5

35

família”, conclui Reginaldo. Do grupo de vinte pessoas que participaram do curso de culinária a partir de produtos da mandioca, dez juntaram-se para formar a Associação Rural dos Produ-tores de Bolachinha de Goma.

“A Prefeitura também disponibilizou uma área, em regime de comodato, para que os associados possam fabricar seus biscoitos. Já compraram algumas máquinas e já nos devolveram o capital de giro cedido inicialmente que foi de R$ 1.000”, conta o secretário de De-senvolvimento. Fazendo planos para o futuro, os membros da Associação seguem otimistas. “A gente está es-perando chegar uma máquina de São Paulo para facilitar mais a mão de obra. Com essa máquina a gente vai fazer em torno de mil pacotes por dia”, diz Aris-tides Moreira, produtor e membro da Associação dos Biscoitinhos.

Reginaldo Campos, secretário de Desenvolvimento Econômico de Irará

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 36: Caro Gestor - edicao 5

36

Em busca de uma previdência equilibrada e sólida para os servidores e uma oportunidade de gerar um fundo próprio de capital para o desenvolvimento do município, o Ministério da Previdência Social, em parceria com os Tribunais de Contas Municipais e outras entidades, direcionou seus esforços para divulgar uma alternativa de alcançar esses objetivos: os chamados Regimes Próprios de Previdência Privada (RPPS).

Previdência própria: o município cuidando de seus servidores

Regulamentado a partir da Emen-da Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, que modificou o sistema e estabeleceu normas de transição, dentre outras providên-cias, os RPPS foram lentamente sendo inseridos nas gestões munici-pais. Três anos depois, no município de Aracaju/SE, criou-se, então, o In-stituto de Previdência do Município de Aracaju que tem como finalidade

administrar o Regime Próprio de Previdência da capital sergipana, conhecido como Aracaju Previdência (Ajuprev).

A criação do instituto contou com assessoria da Caixa Econômica Fe-deral para realizar estudos e análises da situação da prefeitura, inclusive o cálculo atuarial, censo dos servidores e a elaboração de um projeto de lei

para o Regime Próprio. Com em-basamento nos resultados obtidos, o RPPS foi criado e regulamentado pela Lei Complementar nº 50/2001. Também foi necessário decompor os servidores inativos/ativos em massa antiga e massa nova, permanecendo o tesouro municipal responsável pela transferência dos recursos dos servi-dores antigos e a nova instituição a cargo dos novos servidores.

P R E V I D Ê N C I A S O C I A L

Page 37: Caro Gestor - edicao 5

37

Após 10 anos de existência, o Ajuprev, hoje, conta com cerca de 7.895 servi-dores ativos, 2.588 aposentados e 537 pensionistas vinculados ao Regime Próprio conforme dados informados por Diva Elen de Carvalho Rodrigues, diretora presidente do instituto. “O montante alocado chega a aproxi-madamente a R$ 92 milhões, que es-tão investidos em renda fixa e renda variável nas instituições bancária e são destinados exclusivamente para cus-teio dos benefícios previdenciários”, afirma.

Milton Córdova Junior, gerente Nacio-nal de Previdência Governo da Caixa, destaca que o RPPS é uma exigência constitucional, além de trazer vanta-gens para o município. “É muito mais econômico, isso é um fato. Mas fora tudo isso eles são obrigados, apesar de ainda não ter penalidade”. Ele ain-da explica que muitos municípios es-tão sendo acionados pela justiça para pagar valores residuais que não são cobertos pelo INSS. “Se as pessoas ganhava R$ 5 mil, teria direito a uma aposentadoria no mesmo valor, mas,

pelo INSS, ela só recebe a aposen-tadoria de R$ 3,4 mil que é o teto. O restante, R$ 1,6 mil, está saindo dos cofres públicos”, explica Junior.

Além das questões financeiras, os RPPS também englobam outros fa-tores, como a gestão de recursos humanos voltada para os servidores públicos e dirigida conforme a neces-sidade local. Valney Rodrigues, presi-dente da Associação Brasileira de In-stituições de Previdência Estaduais e Municipais (ABIPEM) diz que, “este tipo de gestão que o RPPS disponibi-liza, potencializa uma ação mais direta com o servidor. Nós temos um índice muito alto de servidores que se afas-tam por problemas de saúde ou que se aposentam precocemente, isso por ineficiência do próprio Estado em atender estes servidores”. Rodrigues ainda esclarece que, “quando se tem a gestão da previdência, começa-se a ver os números com mais clareza, se sabe de onde estão vindo as aposen-tadorias precoces e passa a preocupar-se um pouco mais com isso”. A fim de evitar aposentadorias precoces, que

Evento promovido pela Caixa Econômica Federal reuniu prefeitos e técnicos em SalvadorLe

onar

do F

reire

Page 38: Caro Gestor - edicao 5

Quais as vantagens e a que o gestor tem que ficar atento quando decide implantar o rppS em seu município?Nos municípios que estão anunci-ando estes processos, com certeza representa redução de custos em relação ao vínculo que eles têm, hoje com o INSS. Isso porque, da folha de pagamento que eles pagam a seus servidores, eles repassam 31% ao INSS. Então, Instituir um Regime Próprio de previdência nos municípios pode gerar economia de recursos previdenciários, que pode-riam ser deslocados para outras áreas como saúde, ou seja, melhorar

a sociedade. Para isso, o município tem que estar preocupado com a capacitação de seus servidores para melhor eficiência da gestão pre-videnciária. Isso porque, ao ter um RPPS, ele passa a ser fiscalizado pelo Ministério da Previdência So-cial e pela Diretoria do Trabalho. A partir daí, existe uma série de requi-sitos que eles devem cumprir para poder dar andamento ao regime. Caso haja problemas no RPPS, o município não poderá receber re-cursos federais, na mesma lógica do INSS, porém sem bloqueio do FPM, que em tese tem esta vantagem. No entanto, é preciso ter a consciência

38

são bastante onerosas para o Governo, Rodigues explica que diante de uma gestão mais focada nos servidores é possível agir de uma forma preventiva. “Você começa a operar efetivamente de uma forma preventiva para evitar alguns danos à saúde do trabalhador”, conclui.

Delúbio Gomes, diretor do departa-mento dos Regimes de Previdência no Serviço Público da Secretaria de Previdência Social do Ministério da Previdência Social, afirma que, “os municípios da Bahia e de Sergipe em um curto espaço de tempo podem ter recursos que eles nunca imaginaram no Regime Próprio”. Porém, Gomes alerta que, para gerir este recurso, é preciso ter profissionalismo e fisca-lização. “Sem gestão com responsabi-lidade, com competência, pode ser algo que possa prejudicar o município de se ele não tiver a intenção de reali-zar uma boa gestão previdenciária” ressalta, Gomes.

Veja na entrevista a Caro Gestor mais informações sobre os Regimes Próprios de Previdência com o diretor do departamento dos Regimes de Previdência no Serviço Público da Secretaria de Previdência Social do Ministério da Previdência Social, Delúbio Gomes. Ele alerta os gestores quanto as responsabilidades em se ter o regime e mostra tanto o lado positivo quanto o lado negativo, caso haja alguma problema de administração.

“O grande ponto é ter responsabilidade na aplicação do recurso e no repasse dos recursos para o rPPS”

Diva Elen, diretora-presidente da Ajuprev

P R E V I D Ê N C I A S O C I A L

Pref

eitu

ra d

e A

raca

ju/ W

ellin

gton

Bar

reto

Page 39: Caro Gestor - edicao 5

de que será fiscalizado pelo Ministé-rio da Previdência Social, Tribunais de Contas e os servidores, pois acarretará numa gestão mais participativa. Isso porque a previdência é para o servidor, então, o servidor tem que participar da gestão do regime.

Como fica a viabilidade e a sustentabilidade desses rppS?No passado se criava o Regime Próprio para não se pagar o INSS. Na realidade, muitos dos regimes que já existiram, por exemplo, na Bahia, era que não queriam pagar os 31% ao INSS. Com os mecanismos de fiscalização de hoje, nos convênios com os Tribunais de Contas, o que tem que se dizer ao prefeito é “se o senhor está pensando em criar para desonerar a previdência, então esqueça”. Agora, se é para pagar, ai sim é fundamental, pois vai ser um ‘boom’ no município. Isso porque, no município de pequeno porte, o Regime Próprio pode representar a principal poupança dele nos próximos 3, 4, 15, 20 anos. Para que isso funcione, tem que ter a participação dos servidores, porque aquele dinheiro é que vai pagar a aposentadoria dele e o grande ponto é ter responsabilidade na aplicação do recurso e no repasse dos recursos para o rPPs. há dez anos, isso está funcio-nando em municípios brasileiros, que têm quase R$ 2 milhões de reais em razão de todo este processo de gestão previdenciária.

hoje a quantidade de municípios é pequena, mas a partir do momento em que todos se adequarem a isso, o ministério, os tribunais de Contas municipais, enfim, todos estes agentes fiscalizadores terão uma equipe voltada para fazer este trabalho? Essa questão de poucos regimes próprios é concentrada em alguns es-tados brasileiros. 80% dos municípios de Pernambuco têm Regime Próprio. Já Sergipe e Bahia têm menos de 10% ou 15%, então há um pouco a influência regional. O Ministério da

Previdência Social já está capacitado para fiscalizar e não permitir desvio de recurso nos municípios que criarem re-gimes próprios. Precisa ter consciên-cia de gestão com responsabilidade, por que, como forma um patrimônio, em pouco tempo isso gera ganância. Eu sempre falo: a sociedade, os instru-mentos de fiscalização, a imprensa e os Tribunais de Contas Municipais vão ter um papel fundamental. hoje, es-ses servidores que se aposentam pelo INSS podiam ter uma aposentadoria diferenciada já que eles têm direitos, mas eles estão se aposentando em regras que não são pertinentes a eles. Se fizer uma boa gestão, todo mundo ganha.

de acordo com sua experiência, quais são os entraves encontrados pelos municípios?A maior dificuldade é: como o Regime Próprio é um ente ligado diretamente ao tesouro municipal, ele pode ter

tendência a não repassar o recurso e dar, literalmente, calote no RPPS. No caso do INSS, se ele não repassar ele bloqueia o FPM que é sua grande re-ceita, já no Regime Próprio não tem uma penalidade imediata. Então, a grande questão é a cultura. Assim como a sociedade, os gestores públi-cos municipais têm tido uma melhoria de consciência política e estão bem mais preparados para realizar este tra-balho. Outra dificuldade, que a Caixa vai ajudar muito, é a capacitação. O Ministério da Previdência Social em parceria com os TCMs, a Caixa, den-tre outros, têm condições de auxiliar nessa formatação, nesse início para começar um processo de formação dos gestores públicos municipais, pois eles desconhecem esta área. Então, estas entidades darão o maior apoio para que os gestores possam implan-tar o regime sem que tenham custo e, com certeza, a sociedade vai ganhar muito com isso.

39

Delúbio Gomes, do Ministério da Previdência Social

Leon

ardo

Fre

ire

Page 40: Caro Gestor - edicao 5

40

vagner Casaes / ageCom

Se o trânsito das grandes cidades brasileiras está caótico, há oportunidade para melhorar. Ao menos para as cidades que serão sede de jogos na Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo de 2014. Uma das exigências primordiais da FIFA, o projeto de mobilidade urbana que as candidatas precisam pôr em prática trará grandes benefícios para a população e será um dos grandes legados deixados por estes eventos.

Fluidez no meio de campo

No embalo das grandes rodadas do futebol que estão por vir, a cidade de Salvador tem Governos do Estado e do Município unidos com grupos de tra-balho para buscar estratégias e verbas que viabilizem as obras de infraestru-tura e mobilidade urbana necessárias para fluxo de pessoas que circularão pela cidade nestes tempos.

Só para os projetos de mobilidade ur-bana, o Ministério das Cidades, com

S É R I E E S P E C I A L C O P A 2 0 1 4 N A B A H I A

recursos do FGTS, através da Caixa Econômica Federal vai liberar “algo em torno de R$ 6 bilhões para pro-gramas das 12 sedes”, diz Ney Cam-pello, secretário da Secretaria Especial da Copa 2014 (Secopa). Tida como umas das capitais que tem obras para a Copa com ritmo acelerado, Salvador tem definido seu sistema de trans-porte, além da previsão de construção do novo terminal de passageiros para o porto e reformas no aeroporto.

Page 41: Caro Gestor - edicao 5

41

Miguel Conceição

“O evento é um argumento, uma boa desculpa para algumas ações estra-tégicas que precisam ser feitas. Um elemento de desenvolvimento, de in-dução do desenvolvimento local”, diz Leonel Leal, responsável pela Coorde-nação Municipal da Copa 2014 da Pre-feitura de Salvador. Leal diz ainda que a Prefeitura está finalizando o Plano Diretor e que os prazos e metas as-sumidos serão cumpridos. “A gente caminha dentro de um cronograma com uma margem muito tranquila de preparação”, avalia.

Medidas para desafogar o trânsito

Ônibus que comportam grandes quan-tidades de passageiros trafegando em faixas exclusivas. O BRT, sigla em inglês que batiza o Ônibus de Rápido Trânsito, no português, foi escolhido como uma “alternativa mais barata e mais célere em relação ao calendário da Copa”, diz Ney Campello ao afirmar também que a opção pelo BRT foi uma orientação do Ministério das Cidades para as cidades sede. Em Salvador, o início das obras aguarda apenas a con-clusão de seu projeto básico e prazos legais de licitação.

R$ 547 milhões já foram liberados para dar início às obras do trecho que liga o Aeroporto ao Acesso Norte (Avenida Paralela). O trecho Iguatemi-Lapa, que percorrerá as avenidas ACM e Vas-co da Gama, também deve ficar pron-to até a Copa. A Prefeitura estima que os recursos financeiros para estes dois trechos totalizem R$ 884 milhões.

Investimentos para outras impor-tantes vias de tráfego estão sendo pensadas. “A gente está buscando recurso. Estamos em fase de projeto base, para as vias alimentadoras da Pinto de Aguiar e da Gal Costa. São vias que vão contribuir na demanda do metrô na Avenida Paralela e também,

Page 42: Caro Gestor - edicao 5

42

naturalmente, facilitar a circulação e acesso para os estádios de trein-amento Barradão e Pituaçú”, diz Ney Campello.

As medidas para melhorar a mo-bilidade urbana também prevêem a construção de ciclovias e ciclofaixa. Proposto pela Companhia de De-senvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), o projeto Cidade Bicicleta: Mobilidade para Todos pre-tende construir até 140 km de circuito para bicicleta num investimento de R$ 30 milhões. “Nós não temos ainda recursos assegurados, mas tive uma

conversa com o ministro das Cidades sugerindo que o Ministério avalie a abertura de uma linha de financia-mento para veículos não motoriza-dos”, afirmou Campello.

“O metrô roda ainda em 2011”

De acordo com a Coordenação Mu-nicipal da Copa 2014 da Prefeitura de Salvador, está tudo quase pronto para que o trecho de 6 km do metrô comece a rodar. “100% das obras físicas desse primeiro trecho de 6 km estão prontas. A Prefeitura e o Estado constituíram um grupo de trabalho presidido pelo vice prefeito Edvaldo Brito para indicar três elementos importantes: a forma de operação, o funcionamento e o cro-nograma”, diz Leonel Leal, que garan-te: “O metrô roda ainda em 2011”.

Iniciadas em 1999, na gestão do então prefeito Antônio Imbassahy, as obras do metrô foram, àquela época, avali-adas em R$ 325 milhões para a con-strução de 12 km de trilhos. No en-tanto, mais de R$ 800 milhões foram investidos nos 6 km que temos hoje.

Acessos melhorados por terra, ar e mar

Principal portal de entrada da cidade, a BR 324 já tem obras de recupera-ção e revitalização feitas pela conces-sionária autorizada a pedagiá-la. “Isso contribui para integrar as outras ci-dades da região metropolitana e do Recôncavo que podem ser centro de treinamento de seleções. Essa é uma via importante como é a BA-093, já leiloada e que vai ser pedagiada”, comenta Campello. O bom funcio-namentos dessas estradas garante a tranquilidade no fluxo do trânsito para este período.

O empreendimento da Estação Maríti-ma de Salvador vai transformar o armazém 1 num espaço de usos varia-do como cultura, lazer e gastronomia. Já o armazém 2 será reformado para o atendimento de receptivo de navios de turismo. “O Terminal Turístico a ser implantado no armazém 1 será objeto de licitação pública com inves-timento total da iniciativa privada. Já a obra do Terminal de Passageiros a ser implantado no armazém 2 será com

S É R I E E S P E C I A L C O P A 2 0 1 4 N A B A H I A

Leonel Leal, da Coordenação Municipal da Copa 2014

Ilustração artística mostrando o projeto do Porto de Salvador

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Div

ulga

ção/

Code

ba

Page 43: Caro Gestor - edicao 5

43

vagner Casaes / ageCom

Page 44: Caro Gestor - edicao 5

44

S É R I E E S P E C I A L C O P A 2 0 1 4 N A B A H I A

investimento da União , estimado em R$ 36 milhões, através do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC”, diz José Muniz Rebouças, presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba). As obras da Esta-ção Marítima que aguardam a análise e aprovação dos órgãos competentes serão iniciadas no segundo semestre deste ano com previsão de inaugura-ção em maio de 2013.

O Aeroporto Internacional Luís Edu-ardo Magalhães tem reforma prevista para ser iniciada em fevereiro de 2012. Sob a responsabilidade da Infraero, o projeto tem como principal medida a construção de uma segunda pista principal com 2,4 km de comprimento. Obras de paisagismo, substituição dos elevadores e escadas rolantes e uma nova rampa de acesso ao nível supe-rior da garagem com entrada direta para os portões de embarque também fazem parte do projeto. A reforma prevê recursos de R$ 45 milhões.

Plano B para evitar colapsos

No primeiros dias de 2011, Salvador e cidades próximas sofreram graves in-fortúnios por conta da pane em alguns

Mapa do esquema de mobilidade previsto para Salvador

Secretário Ney Campello José Muniz Rebouças, presidente da Codeba

serviços básicos. O incêndio na base da Oi, que detém grande parte das linhas de telefone fixo da cidade e a falta de água em lugares importantes para o turismo, como Praia do Forte, demonstraram a fragilidade com que se administra esses serviços. O apagão que atingiu o Nordeste em 3 de fever-eiro também gera dúvidas sobre as ga-rantias de segurança e integridade dos serviços essenciais.

na copa da áfrica do sul, num dos jogos do Brasil, uma queda de ener-gia minutos antes do início da partida retardou a entrada dos torcedores. Aqui, a Secopa garante: “A FIFA exige a colocação de geradores em todas as praças esportivas. Tem um grau de especificação de medidas que serão adotadas para que não haja nenhuma interrupção”.

Consultores internacionais são a apos-ta da Prefeitura de Salvador para que tudo, inclusive os serviços básicos, funcione bem. “Contratamos uma empresa de consultoria internacional com expertise que atende, inclusive,

à FIFA em outros países para nos as-sessorar elaborando um Plano Diretor para a Copa do Mundo”, relata Leal. Tudo para que os dias de jogos sejam tranquilos do ponto de vista do fun-cionamento dos serviços e que depois, findada a festa, a população possa go-zar dos investimentos.

Div

ulga

ção/

Gov

erno

da

Bahi

a

Div

ulga

ção/

Code

ba

Leon

ardo

Fre

ire

Page 45: Caro Gestor - edicao 5

José Muniz Rebouças, presidente da Codeba

Page 46: Caro Gestor - edicao 5

46

Crianças com vários tipos de necessidades especiais são atendidas no Centro de Educação Especial em Caetité

Com dez Centros de Educação Espe-cial funcionando em todo o Estado, a Coordenação de Educação Especial da Bahia comemora alguns avanços, apesar de reconhecer as dificuldades. “A gente que é do movimento social já militava na Bahia sentindo a neces-sidade de ampliar essa política de edu-cação especial para todas as regiões (do Estado)”, diz João Prazeres, que está há três anos à frente da Coorde-nação de Educação Especial de Se-cretaria Estadual de Educação (SEC). De acordo com Prazeres, a Bahia tem

E D U C A Ç Ã O

Tomar banho sozinho e vestir-se sem que a roupa esteja pelo avesso são atividades corriqueiras que

demonstram autonomia para quem as executa diariamente. Mas nós não costumamos pensar sobre

essa autonomia que temos. Não pensamos sobre isso, a não ser que um portador de necessidade especial

esteja em nosso convívio ou alguém que, por ora, esteja precisando de nossa ajuda. Tais atividades são o mínimo necessário para iniciar a nossa vida social

e, para pessoas portadoras de necessidades especiais, essa não é uma tarefa simples. Por isso, os Centros de Educação Especial ganham força nesses últimos

anos para dar orientação e apoio tanto a essas pessoas como às suas famílias.

Cidadania e dignidade garantidas

aproximadamente 400 mil pessoas portadoras de necessidades especiais em idade escolar que estão fora da escola. Em 2011, Ribeira do Pombal e Serrinha também terão centros inau-gurados.

Profissionais da educação em busca de educação inclusiva

“Meu marido dizia: ‘como é que uma pessoa que não enxerga vai na esco-la?’”, relembra emocionada Custódia

Page 47: Caro Gestor - edicao 5

47

Jorge Adilson, da 24a Direc

Dona de casa, mãe de quatro filhos, dona Custódia sempre quis colocar Lu-cas, que é o caçula, numa escola. “Eu queria matricular ele na escola particu-lar porque achava que as professoras teriam mais cuidado, mas tinha medo. Não por causa do preconceito. Meu medo era que algum coleguinha em-purrasse ele, machucasse”, diz. Mas dona Custódia ganhou um parceiro e tanto quando o antigo Colégio Ielita Neves Cotrim da Silva foi transfor-mado no primeiro Centro de Educação Especial da região com o apoio da SEC e da 24ª Diretoria Regional de Educa-ção (Direc).

Lucas foi o primeiro aluno matriculado no Centro. “Eu chorei tanto de alegria e agradeço tanto a Deus porque as professoras receberam a mim e a ele. Eu tenho a maior confiança”, diz a mãe aliviada, que confessa: “hoje meu marido fica até admirado. Você acredi-ta que ele passa coisas para gente que a gente não sabe?”.

O Centro de Caetité tem 150 alunos matriculados. Crianças, jovens, ado-lescentes e adultos com deficiência múltipla, deficiência intelectual, altas habilidades, superdotação, entre outras, são atendidos por 25 professores especializados em sua área de atuação, além de alguns profissionais de saúde do município que, em parceria, prestam serviço ao Ielita. Funcionando nos turnos matu-tino e vespertino, o Centro oferece aulas de arte, informática, música, teatro e dança.

Responsável pela Diretoria Regional de Educação (DIREC 24), o professor Jorge Adilson, afirma que o centro de Caetité é um pólo importante na região. “Para além de ser um centro de atendimento, é um centro difu-sor de conhecimento que vai irradiar por todos os municípios e professo-res, porque nós precisamos fazer a inclusão no ensino regular. Essa é a grande dificuldade”, diz.

Preparar e garantir a inclusão de seus alunos no ensino regular é mesmo a maior preocupação dos profissionais do Ielita. “O aluno só fica com a gente um turno porque, no outro período, está no ensino regular”, afirma Telma Jaíne, diretora do Centro. Orgulhosa, Telma diz que grande parte dos alunos do Ielita estão inseridos na escola re-gular. Lucas passou a fazer parte desse grupo em 2009. “Essa é a função do centro: garantir que a inclusão ocorra, de fato, no ensino regular, e para isso a gente precisa de um suporte”, diz Telma. Para ela, ter o aluno matricu-lado no ensino regular não é garantia de educação inclusiva de fato. “Não é colocar o aluno no ensino regular e dizer que ele está inserido. Você pre-cisa garantir que ele participe efeti-vamente de todas as atividades da escola”, alerta.

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Rosa Rocha, mãe de Lucas (10 anos), que em 2009 ganhou o apoio do Cen-tro Estadual de Educação Especial, em caetité. hoje, o pai, que era in-crédulo com relação à capacidade do filho, e a mãe, que sonhava em ver Lucas na escola, são testemunhas de que uma educação especializada pode trazer resultados surpreenden-tes além de, claro, dar para os por-tadores de necessidades especiais a dignidade e cidadania que lhes são garantidas por lei, e nem sempre res-peitadas.

Page 48: Caro Gestor - edicao 5

48

Salas multifuncionais e profissionais especializados para garantir a inclusão

De acordo com a Coordenação de Educação Especial, a Bahia possui 557 salas de recursos multifuncionais. Am-pliação e implementação dessas salas também são ações da coordenação. Providas pelo Ministério da Educação, as salas funcionam na rede regular

de ensino para garantir o suporte ne-cessário aos alunos com necessidades especiais. No entanto, o coordenador João Prazeres admite: “a dificuldade que a gente tem ainda é profissional com qualificação”. Mas a coordenação anuncia que, em junho deste ano, 160 especialistas serão formados a nível de pós graduação em Deficiência Intelec-tual, Transtorno Global do Desenvolvi-mento, Deficiência Visual e Deficiência Auditiva. São 40 especialistas em cada

área. O curso teve início em novem-bro de 2010 com carga horária de 375 horas. A ideia é que estes especialis-tas se tornem multiplicadores de seus conhecimentos fornecendo formação que possa garantir o funcionamento das salas multifuncionais.

É na sala multifuncional que a inclusão acontece, de fato. Por isso, é preciso um esforço mútuo entre professores, comunidade, prefeitura e Estado para garantir esse direito. “A comunidade escolar precisa perceber isso: quem tem que se adequar não é o deficiente ou quem tem a necessidade especial. A escola é que precisa estar preparada para recebê-lo e infelizmente a grande maioria não está”, lamenta Telma.

Todos os custos dos Centros e das salas de recursos multifuncionais são man-tidos pela União e Estado, respecti-vamente. Mas, de acordo com a coor-denação de Educação Especial, tanto as salas como os centros precisam do apoio dos municípios com a prestação de serviços dos profissionais de saúde como psicólogos, fonoaudiólogos, fi-sioterapeutas, entre outros.

Localização dos Centros de Educação Especial na Bahia

Dep

to. d

e A

rte

Caro

Ges

tor s

obre

map

a go

ogle

map

s co

m d

ados

da

SECE D U C A Ç Ã O

Alunos atendidos desenvolvem suas potencialidades e ganham qualidade de vida

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 49: Caro Gestor - edicao 5

49

Quantos professores capacitados para trabalhar com portadores de deficiência tem a Bahia?Nós conseguimos formar 2.935 professores. Um outro dado importante que é fruto das ações que foram desen-volvidas de 2007 até agora foi o incremento na matrícula. Nós tínhamos em 2007, 18.622 alunos com deficiência matriculados na rede pública da Bahia. Em 2009 o censo já aponta um crescimento de 78%, ou seja, 33.686 matrícu-las. Essas ações foram fundamentais para o crescimento da matrícula. A família passou a acreditar na escola, o próprio aluno passou a entender mais o trabalho de conscientização feito com as famílias através dos centros. Conseguimos dar um salto qualitativo com a educação especial. Eu diria que ainda é um salto incipiente para a demanda que a gente tem, de 400 mil pessoas fora da escola, mas a gente vai con-tinuar dando apoio aos municípios para que essas 400 mil pessoas possam estar na escola.

as salas multifuncionais são providas pelo governo Federal?Isso. O Governo Federal encaminha para os Estados, pelo FNDE (Fundo Nacional de Educação), que passam a ser res-ponsáveis pelas salas. Já os Centros de Educação Especial são iniciativas do Governo do Estado. Poucos estados tra-balham com essa modalidade de centro e eles são impor-tantes porque vão dar acompanhamento às salas multifun-cionais. Como a Bahia é um estado muito grande, a gente precisa ter em cada região um centro para dar suporte às salas multifuncionais.

Qual a diferença entre os Centros de educação especial e as Salas multifuncionais?O centro é uma instância maior, com uma estrutura dife-rente da sala, equipamentos maiores, mais potentes, mais precisos na área de produção de material. Tem atividades, por exemplo, que não dão para serem desenvolvidas em sa-las multifuncionais. O papel do centro é de fazer formação

Criada em 2007, a Coordenação de Educação Especial da SEC tem à frente o pedagogo João Prazeres. Especialista em Educação Especial na área de Deficiência Visual e Educação e Diferenças, Prazeres, que tem baixa visão, milita a favor dos direitos das pessoas com deficiência desde a década de 1980. Foi um dos criadores da Associação Baiana de Cegos, além de fundar outras instituições no interior da Bahia. No município de Nazaré/BA foi vice-presidente por dois mandatos do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência de Salvador na década de 1990, e há muito milita com os movimentos sociais pela garantia dos direitos das pessoas com deficiência. Está há três anos à frente da Coordenação de Educação Especial, braço da Secretaria de Educação do Estado. Nesta entrevista, Prazeres fala sobre as conquistas e os desafios da Educação Especial na Bahia.

“O processo de inclusão só vai se efetivar quando todos se envolverem”

Qual o balanço que o senhor faz das ações da Coordenação de educação especial?Quando nós chegamos aqui, em 2007 tínhamos, em toda a rede estadual, em torno de 40 salas de recursos multifun-cionais. Vamos fechar 2010 com 557 unidades escolares com salas de recursos multifuncionais. Isso significa que mais de um terço da rede estadual da Bahia está com salas de recur-sos multifuncionais. Uma outra questão importante que nós desenvolvemos durante estes três últimos anos, além dessa ampliação e implementação de novas salas de recursos mul-tifuncionais foi justamente a implantação de novos centros de educação especial. Em 2007, nós só tínhamos três cen-tros em Salvador e dois em Feira de Santana. Reunimos o movimento social, fizemos uma conferência e chegamos ao consenso de que seria importante se criar novos centros em várias regiões para atender a demanda, não só do Estado, mas também dos municípios. Nós ainda temos em torno de 400 mil pessoas de 0 a 18 anos com deficiência na Bahia fora da escola e precisávamos ampliar essa política.

Professor João Prazeres

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 50: Caro Gestor - edicao 5

de professores, dar acompanhamento às salas de recursos multifuncionais. Nos centros, a gente coloca também os núcleos de convivência para atender as pessoas da comu-nidade com deficiência que não estão matriculadas na rede, núcleo de acompanhamento e o núcleo de pesquisa. O nú-cleo de convivência que vai estar garantindo a permanên-cia daqueles alunos que não estão matriculados na rede, mas estão nos centros se preparando para ir para a escola regular. Porque é preciso que ele passe por esse estágio transitório no centro. O aluno com deficiência fica o tempo inteiro dentro de casa e precisa ser estimulado. O centro é o lugar de receber esse estímulo. Ele pode passar um ano no centro, ou mais, dependendo das suas necessidades, até que possa ser inserido na rede regular, e no turno oposto, pode ser atendido pelo centro.

a sala de recurso multifuncional é a melhor opção para os municípios?Os municípios baianos, só a rede municipal, vão receber em torno de 1.100 salas de recursos multifuncionais. Tí-nhamos, pelo último numero que eu soube, 1.031 salas. Es-ses municípios precisam do nosso apoio para implantar as salas, fazer com que fun-cionem, orientar quem são os profissionais que vão atuar nessas salas, quem são o público alvo, como é que a sala deve estar estruturada, enfim, tem toda uma normativa de funcionamento da sala multifuncional e a gente tem uma equipe. Tudo isso acontece porque nós criamos um grupo de trabalho com profissionais dos Centros de Educação Espe-cial. Além disso, nós estamos em fase de conclusão das dire-trizes estaduais de educação especial fundamentada no que estabelecem as diretrizes nacionais e a política nacional de educação especial. É possível que até março essas diretrizes estejam concluídas.

Que diretriz o senhor poderia adiantar pra gente?Uma situação muito questionada é a questão da terminali-dade do aluno. Até quando o aluno precisa estar na escola ou não. Muitas vezes o aluno tem um certo comprometi-mento e, de repente, ele pode passar por todos os estágios na área acadêmica e não avançar, mas ele pode desenvolver outras habilidades em outras áreas. O núcleo de convivência nos centros é uma dessas alternativas. Ele pode ser prepara-do para o mundo do trabalho ou para o mercado de trabalho formal, mas desenvolvendo habilidades que possam ser úteis em sua comunidade, e isso pode ser até um meio para que ele possa se auto-sustentar na área de culinária, arte-

sanato, enfim. A nossa perspectiva de trabalhar com pes-soas deficientes não é garantir somente a escola. A gente precisa também pensar a vida depois da escola. Não adianta o Estado investir na educação e não ter um desdobramento dessa política.

Como é o dia a dia nessas salas? Ele (o aluno) está na classe regular acompanhando normal-mente o conteúdo trabalhado em sala de aula. Se o aluno for surdo, ele tem um interprete em sala de aula. Se ele ti-ver outra deficiência e precisar de um acompanhamento, no turno oposto à classe de recurso multifuncional, ele vai receber a complementação curricular. Por exemplo, o aluno

surdo vai receber um reforço no sistema de libras e também aprender a língua portuguesa na modalidade escrita. Se o aluno for cego, vai reforçar o braile, aprender símbolos matemáticos, por exemplo, de física, de química, que o pro-fessor da classe não sabe como é que representa no braile. O professor da classe multifun-cional vai também dar esse suporte a ele. São coisas que o professor da classe regular não tem domínio e o da classe multifuncional, por ser um es-

pecialista em educação especial, tem esse conhecimento e vai realizar esse complemento curricular ao aluno.

os centros precisam de acompanhamento de profissionais especializados como psicólogos e fonoaudiólogos, entre outros. Como vocês vão trabalhar para manter esse efetivo nos centros? A gente está buscando articular as ações dos centros para que eles tenham ações unificadas, para que a formação aconteça simultaneamente e os centros tenham todos o mesmo formato. Para isso, como a gente atende uma de-manda grande dos municípios, vamos conversar com os prefeitos para fazer uma parceria e garantir esses profis-sionais que a gente não tem na educação. Em contrapar-tida, vamos atender a rede municipal também. A gente não pode imaginar inclusão sem que todos estejam envolvidos no processo. As próprias universidades podem entrar nesse processo também, estagiários da área de saúde. O processo de inclusão só vai se efetivar quando todos se envolverem. Não adianta a escola se envolver, a família se envolver, se o mercado de trabalho está de portas fechadas para ele. Nós temos que garantir o espaço social, o espaço como um todo na escola, no mercado de trabalho, no lazer, na família, para que se possa de fato efetivar o processo de inclusão.

50

A nossa perspectiva de trabalhar com

pessoas deficientes não é garantir somente a

escola. A gente precisa também pensar a vida

depois da escola.

Page 51: Caro Gestor - edicao 5
Page 52: Caro Gestor - edicao 5

52

C O O P E R A T I V I S M OK

arlic

he B

itenc

ourt

Page 53: Caro Gestor - edicao 5

53

Uma pequena noz com sabor de coco. É por isso que andam dizendo por aí que licuri é coco pequeno. Tão gostoso e nutritivo quanto o coco, velho conhecido e símbolo das regiões litorâneas, a amêndoa de aproximadamente três centímetros ganhou em Caldeirão Grande/BA, no semiárido baiano, o apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) e da Prefeitura da cidade para, através de uma cooperativa, fortalecer a economia local e garantir produtos de qualidade.

Coquinho danado de bom

perlic incentiva a fabricação de barras de cereais, cocada, óleo, artesanato, entre outros produtos.

“toda uma vida trabalhando com licuri”

De acordo com Maurício Santana, Secretário de Agricultura da cidade, 70 famílias de produtores estão liga-das à cooperativa. A estimativa é que duas mil famílias tenham no licuri al-guma fonte de renda no município que tem mais de 13 mil habitantes. “Toda uma vida trabalhando com li-curi. Criei meus filhos com o licuri”, diz Edísia Guimarães, mais conhecida como Santa, que há quatro anos está à frente da Associação dos Pequenos Agricultores do Licuri. Na comunidade quilombola de Raposa, que fica dis-tante pouco mais de 10 km do centro da cidade, dona Duvaldina Justina de Jesus, conta, sentada no chão de sua sala, que gosta de colher os frutos, mas não tem mais disposição física

Também conhecido como ouricuri, alicuri e nicuri, o licuri é responsável pelo sustento de diversas famílias de Caldeirão Grande. A amêndoa é fruto da palmeira, planta tipicamente brasileira que pode produzir até oito cachos com mais de 1.500 coquinhos cada. E todo mundo que tem um pé de licuri no quintal, quando nota que os frutos estão num tom amarelo ver-melho, sabe que está na hora de cortar o cacho e colocá-lo para secar. Depois, quase que numa diversão em família, é hora de quebrar o coco, que é comer-cializado por R$ 1, o quilo.

No entanto, este jeito típico de tratar o fruto desperdiça muitas de suas po-tencialidades. Tudo no coquinho pode ser aproveitado, desde sua casca, que contém cálcio e magnésio, até a parte mais dura que envolve a amêndoa. Fazer o melhor aproveitamento do fruto é um dos objetivos da Cooperati-va dos Colhedores e Beneficiadores de Licuri de Caldeirão Grande (Cooperlic). Além da amêndoa in natura, a Coo-

para retirar o coco. “Nasci quebrando licuri. Pra catar no mato, pra juntar li-curi é bom, mas pra quebrar me dá um sono, as galinhas comem o meu licuri todo (risos). A coluna dói”. Todos que quebram licuri de modo tradicional: fruto sobre uma pedra e outra pedra na mão para rachar o coquinho, re-clamam de incômodos na coluna.

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Edísia Guimarães, da Associação dos Pequenos Agricultores de Licuri

Page 54: Caro Gestor - edicao 5

No restaurante de dona Vidi tudo leva licuri. “É raro eu usar o óleo de soja. Quase tudo que eu faço é com o óleo do licuri”, diz a proprietária do lugar que recebe todos os dias gente de diversas cidades vizinhas para provar do seu tempero.

Pato ao leite do licuri, feijão verde, arroz, cuscuz, mungunzá e bolo de milho do mesmo jeito. E se o prato é moqueca, o leite não poderia ser outro senão do coquinho. “Meus avós e bisavós, que eram catadores de licuri, faziam essas receitas”, diz dona Vidi que revela também que essa é uma prática natural na cidade.

Professora aposentada do Estado, Vidi conta que “cozinha desde menina”. Quando ainda lecionava, dividia seu tempo entre a sala de aula e a cozinha. “Eu ensinava, mas tinha o restaurante. Iniciei com uma barraca na feira vendendo vatapá, tudo no leite do licuri”. Hoje, vem gente de várias cidades próximas como Ponto Novo, Capim Grosso, Saúde, Jacobina provar seus pratos.

54

Em parceria com a Prefeitura, a Coo-perlic disponibilizou para cada asso-ciação máquinas feitas especialmente para quebrar o licuri. “Antes a gente quebrava 15, 20 (kg de licuri) por se-mana. Agora com a máquina é mais ligeiro”, diz Santa. Desenvolvida pelo IFBA quando este ainda quando este atendia pelo nome de CEFET, a máqui-na tem capacidade para quebrar 600

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Kar

liche

Bite

ncou

rt

C O O P E R A T I V I S M O

kg de coco em uma hora. Se fosse que-brada de forma tradicional essa quan-tidade de coco precisaria de 60 horas para ficar no ponto de retirar a amên-doa. Para dona Duvaldina, o problema está acabado: presente em nossa vis-ita à comunidade de Raposa, o secre-tário de agricultura garantiu-lhe uma máquina para o povoado. Raposa tem aproximadamente 250 habitantes.

“A expectativa é que as pessoas se conscientizem da importância da co-operativa e se associem”, diz Mailde Silva, produtora que faz parte da co-operativa. A Cooperlic recebeu da Secretaria de Indústria e Comércio do Estado um galpão onde, depois das reformas devidas, funcionará a fábrica dos derivados do licuri. Os cooperados contam com o apoio da Prefeitura, que custeia as despesas de alguns mem-bros levando-os para eventos como a Feira Internacional da Agropecuária (Fenagro), Feira Baiana de Negócios da Chapada Norte (Feban) e encontros de economia solidária, para que pos-sam expor os produtos do licuri. Em termos de recursos financeiros, R$ 140 mil financiados pelo BNDES já foram disponibilizados para compra de equi-pamentos. “A ideia é que deixem de ser quebradores de ouricuri e passem a ser catadores de ouricuri e com isso tenham uma fonte de renda certa”, diz a prefeita Aparecida Martins, que garante: “Se há uma forma mais avançada de se fazer ganhar dinheiro através do ouricuri, nós estamos fa-zendo de tudo para que dê certo”.

tudo com licuri

O cacho pode ter mais de 1.500 coquinhos

Page 55: Caro Gestor - edicao 5

55

Karliche Bitencourt

Page 56: Caro Gestor - edicao 5

56

E C O N O M I A

Desenvolvimento municipal de dentro para foraAté onde a globalização e as intempéries do mercado exterior têm real interferência na expansão econômica das cidades? Segundo o especialista Bouzid Izerrougene, para garantir um crescimento independente, enraizado no próprio município, as iniciativas políticas devem acontecer de dentro para fora, ou seja, ser empreendidas por atores locais. Uma interpretação social que devolve aos poderes regionais a bússola e o leme do desenvolvimento na Bahia.

Com um crescimento de quase 7% ao ano, a Bahia é considerada uma economia em ascenção por muitos especialistas. Mas, apesar das ótimas perspectivas, es-ses números nem sempre se refletem entre os 417 municípios do Estado, criando um abismo difícil de explicar. Este fenômeno coloca em xeque a crença quase unânime de que a macro-economia seria a principal responsável por alavancar o crescimento municipal – um mito que o professor Izerrougene debate em muitas de suas publicações.

De acordo com a sua observação do mercado contemporâneo, a construção de uma economia saudável é um processo que deve partir do empreendedorismo local e ser conduzido por um gestor ou por pessoas qualificadas para identificar o potencial de uma região. Ou seja, explorá-la de forma sustentável e agregar valor aos seus bens. Uma dinâmica que parte da identificação dos recursos na-

Page 57: Caro Gestor - edicao 5

57

demandas da população e pronta a mediar a integração entre estes nichos comerciais e os mercados a sua volta: “O município tem uma es-cala territorial adequada à mobiliza-ção das energias sociais e integração de investimentos potencializadores do desenvolvimento, seja pelas re-duzidas dimensões, seja pela maior possibilidade de aderência político-administrativa que oferece”.

Izerrougene alerta que é necessário compreender o desenvolvimento enquanto um fator social interno, focado nas melhorias da região e na distribuição de renda. O gestor deve observar com ressalvas as alterna-tivas intermediárias de desenvolvi-mento regional – comuns em países do terceiro mundo – como a de uma comunidade ter a sua mão-de-obra e/ou recursos naturais explorados por empresas de outras localidades, que não pretendem reinvestir seus lucros naquele município. Apesar de favorecer a arrecadação de im-postos, esta prática não incentiva a criação de um mercado local sólido e torna a economia dependete de in-vestidores externos.

Por fim, como fórmula para aquecer a economia e promover o cresci-mento dos municípios baianos, Izerrougene dá uma dica: “Desen-volvimento local é um processo endógeno que se pode ativar em pequenas unidades territoriais e aglomerações humanas. Ele é ca-paz de promover o dinamismo econômico e a melhoria da quali-dade de vida da população”.

tivos – seja de produtos (agricultura, pecuária, mineração), de conheci-mentos (novos usos para produtos já conhecidos, descobertas tecnológi-cas) ou fruto de tradições locais. Além do aproveitamento de voca-ções específicas, como o turismo ou atrativos acadêmico-culturais. Iden-tificadas as potencialidades e limita-ções de uma localidade, está dado o pontapé inicial para que floresçam estratégias de desenvolvimento pro-tagonizadas tanto pelo poder públi-co quanto pela iniciativa privada. De preferência, por ambos.

Qual o papel do gestor público?

A administração de um município é conduzida por um prefeito, uma Câ-mara de Vereadores e um Fórum Mu-nicipal. Mesmo vivendo num mundo de economia globalizada e de múlti-plas interferências comerciais, o poder administrativo costuma ser um elemento relevante no cenário de crescimento das microeconomias baianas. Em suas diferentes instân-cias, é a gestão pública quem influ-encia ou determina a qualificação de mão-de-obra, a criação de condições que facilitem e apoiem as atividades produtivas, o planejamento da com-ercialização e o escoamento desta produção.

Por possuir uma menor extensão territorial, o que facilita a admin-istração de recursos, Izerrougene acredita que é a gestão municipal quem deve estar mais sensível às

Leonardo Freire

Page 58: Caro Gestor - edicao 5

58

E C O N O M I A

Como o desenvolvimento local sustentável se conjuga com o contexto de globalização? Globalização e desenvolvimento local são dois pólos de um mesmo processo complexo e contraditório, exercendo for-ças de integração e desagregação, dentro do intenso jogo competitivo mundial. Ao mesmo tempo em que a economia se globaliza, integrando a economia mundial, surgem novas e crescentes iniciativas no nível local, com ou sem integra-ção na dinâmica internacional, que viabilizam novos cortes territoriais e novos processos diferenciados de desenvolvi-mento espacial. Apesar de constituir um movimento de forte conteúdo interno, o desenvolvimento local se insere necessariamente em uma realidade mais ampla e complexa, com a qual interage e da qual recebe pressões, orientações, benefícios e prejuízos. As atividades locais estão cada vez mais influenciadas pelos contextos regional, nacional e mundial que geram e redefinem oportunidades e ameaças exigindo competitividade e especialização.

Como uma administração local pode promover desenvolvimento inserindo-se numa economia global? As comunidades podem utilizar suas características especí-ficas e suas qualidades superiores e desenvolver atividades nos campos em que têm uma vantagem competitiva com relação a outras regiões. A vantagem competitiva é a pos-sibilidade de uma performance econômica acima da média do mercado. É algo que não se adquire apenas contando com recursos materiais, mas também via competências or-

ganizacionais e estratégicas, o que ressalta a importância da qualificação do gestor público. A ideia é combinar a dotação em recursos e o esforço na criação do conhecimento e da aprendizagem. Concretamente, capacidades e potenciali-dades específicas a serem exploradas podem ser alguma competência artesanal, um atrativo turístico, uma fruta, um saber secular, uma fibra vegetal ou qualquer recurso natu-ral ou conhecimento nativo diferenciado. A incorporação do conhecimento e do aprendizado consiste essencialmente a agregar valor no processo de transformação. Agregar valor é, por exemplo, transformar cana em aguardente ou com-bustível, óleo em cosméticos, sisal em telas etc. Consiste também em saber colocar o produto no mercado e comer-cializá-lo, é claro. Isso tudo requer do gestor público capa-cidades de planejamento, de liderança e visão perspicaz e empreendedora.

o que garante o sucesso do desenvolvimento municipal? Não há receita, mas certamente o êxito de desenvolvimento local necessita de um ambiente político e social favorável, que permite a mobilização e, principalmente, a convergên-cia dos atores sociais do município em torno de determina-das prioridades e orientações básicas de desenvolvimento. Ele é o resultado de uma vontade conjunta da sociedade que dá sustentação e viabilidade política a iniciativas e ações capazes de organizar a sociedade, viabilizar sinergias e pro-mover o bem-estar do cidadão, que não é apenas eleitor.

Doutorado e pós-doutorado em Paris, Bouzid Izerrougene é um nome mundialmente citado quando o assunto é economia e comércio. Membro do conselho editorial das revistas Análise & Dados, Revista de Economia do Nordeste e Nexos Econômicos, é também membro das comissões científicas do Encontro da Anpec e da Economia Baiana. Hoje, atua como professor associado da Universidade Federal da Bahia e publica periodicamente estudos sobre os caminhos possíveis para uma economia saudável em cidades e municípios.

“As atividades locais estão cada vez mais influenciadas pelos contextos regional, nacional e mundial”

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 59: Caro Gestor - edicao 5

59

Page 60: Caro Gestor - edicao 5

60

Diretor-geral da Empresa Gráfica da Bahia, responsável pela editoração do Diário Oficial da Bahia, Luiz Gonzaga Fraga afirma que a eficiência da empresa se deve à dedicação de funcionários que, ao longo do tempo, trabalharam com zelo e com transparência de informação. Mesmo diante da evolução tecnológica intensa, Fraga explica como a EGBA conseguiu acompanhar essa aceleração das transformações e inovações que levaram à convergência de mídias. “Em vez de transformar a EGBA num mero fazedor de jornal, resolvemos mudar o viés. Nós somos, hoje, gestores de informação”, define. Atualmente, a EGBA é referência no setor e difunde os conhecimentos para outros estados e países em encontros anuais de imprensas oficiais das Américas.

“A EGBA é uma das quatro maiores imprensas oficiais do país”

1

2

5 P E R G U N T A S Luiz Gonzaga Diretor-geral da Empresa Gráfica da Bahia - EGBA

o senhor poderia começar falando um pouco sobre as áreas de atuação da egBa, principalmente nas áreas de certificação (já que a egBa é uma autoridade Certificadora iCp Brasil) e serviços para municípios?a gente tem uma preocupação em correr a passos largos para acompanhar a tecnologia. hoje em dia é bem aceito o Diário Oficial virtual publicado em internet e isso é uma luta até com os jornais de circulação comercial. Por conta disso, resolvemos optar por uma mudança no foco da nossa atuação. Ao invés de transformar a Egba num mero fazedor de jornal, que seria subestimar muito aquela estrutura com o parque gráfico e o potencial humano, resolvemos, então, mudar o viés. Nós somos, hoje, gestores de informação. Além do Diário Oficial, nesse leque de gestão de informação, temos os serviços de certificação digital, microfilmagem, digitalização, clipping, gráfica no geral e guarda indexada de documentos. Essa guarda indexada de documentos é tanto de documentos sigilosos quanto de documentos que a lei obriga a transparência. Sigilosos seriam, por exemplo, laudos médicos, laudos de DETRAN. No caso de documentos de processos judiciais, que também são sigilosos, precisam ser guardados com todo o rigor que a lei obriga e são disponibilizados para o juiz ou gestor em 24 horas. Na hora que a gente pensou isso na EGBA, de ser uma gestora de informação, o leque de atuação ampliou bastante. Esse modo de pensar, inclusive, difundimos para todas as impressas oficiais do país e, como a Bahia é pioneira nesse sentido, já estamos levando esse conceito para outras imprensas de língua portuguesa e das Américas. Nós fomos a um encontro bianual chamado Rede de Boletins Oficiais Americanos (RED BOA), onde apresentamos todas as nossas experiências e esse nosso conceito de encarar o Diário Oficial do Estado. Então, ele tem sido aceito e bastante difundido. Em relação a serviços para municípios, eles podem solicitar dentro da nossa linha de atuação, que nós disponibilizamos. Nós temos inclusive determinação da Casa Civil para ser parceiro dos municípios em qualquer serviço que a gente possa vir a prestar. Quanto à certificação digital, é mais um dos produtos da Egba e está aberto a qualquer prefeitura para se associar e fazer a sua certificação.

hoje é bem mais barato se publicar no diário oficial da união do que no diário do estado da Bahia. Qual a política de definição dos preços dessas publicações e porque o valor da publicação no diário oficial do estado é elevado?Primeiro com relação ao valor. Ele é mais elevado que o da União, mas, entre os Diários Oficiais de Estado, ele está abaixo da média. Esse preço é estabelecido por portaria. Ele é a média do preço dos maiores jornais comerciais do Estado da Bahia como A Tarde, Tribuna da Bahia e Correio. E não existe reclamação. Segundo, a EGBA é uma empresa pública de direito privado e a gente atua regulando o mercado também. Isso com a força de ter um parque gráfico que pode atuar nesse sentido, mas não somos predadores. Não estamos atuando para derrubar as gráficas, pois o conceito não é esse. O conceito é regular mercado e, lógico, crescer também.

Page 61: Caro Gestor - edicao 5

61

3

4

5

Luiz Gonzaga Diretor-geral da Empresa Gráfica da Bahia - EGBAGonzaga vê a transparência como

um instrumento para a eficiência na gestão pública: “O mundo, hoje, não

admite mais as coisas feitas dentro de quatro paredes do gabinete.

Tem que ter transparência total. O dinheiro é público e tem que ser

prestado conta”

Como gestor de uma empresa pública que tem certificação iSo 9001, como você vê a crença geral de que serviço público no Brasil funciona mal?Vamos totalmente de encontro a isso. A EGBA é uma das quatro maiores imprensas oficiais do país, perdemos apenas para São Paulo e estamos na disputa com Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Temos musculatura, pois temos um parque gráfico super moderno com impressão digital a todo vapor, produzindo tudo que você imaginar, não só para o Governo como para o público privado também. Com relação à certificação ISO 9001, nós somos a primeira imprensa oficial certificada no Brasil e persistimos. hoje, nós partimos para conseguir o ISO 27000 que é um padrão internacional sobre as boas práticas na Gestão da Segurança da Informação, que levam empresas ao nível máximo de excelência internacional em Segurança da Informação. Por termos os ISOs, isso acaba repercutindo em um serviço de qualidade em todos os níveis: no público externo, que são nossos clientes; no público interno, que são os nossos funcionários; como também uma boa relação com a comunidade. Tudo isso faz parte do nosso escopo para a certificação ISO 9001. Temos políticas de incentivos para os funcionários, como plano de carreira, que já é uma coisa até mais antiga, plano de demissão voluntária, plano de saúde acima da média praticada no estado, dentre outros. O público interno não tem se queixado, tem sido até parceiro e discutimos sempre com os sindicatos.

Como isso funciona em relação à comunidade?A EGBA, hoje, adota uma postura de democracia total, nós ouvimos não só os funcionários como a comunidade do entorno. Estamos inseridos no contexto da Fazenda Grande do Retiro, então, não pensamos a EGBA apenas como uma empresa do Estado muito grande, e sim, como tendo a necessidade de atuar naquele bairro como um porta-voz do Governo e como um ouvidor do Governo também. Tem sido muito boa a parceria com a comunidade. Antes, existia uma briga muito grande entre as associações com seus pleitos, até justos, e o que nós fizemos foi abrir as portas da EGBA e montar conselho de entidades civis organizadas, independente da linha ideológica. Todos têm cadeira nesse conselho com direito a voto. Lá são discutidas as reivindicações da comunidade. Então, hoje a EGBA também atua nesse sentido.

dentro do modelo de gestão da egba o que pode ser implantado em uma prefeitura para se buscar a eficiência? ISO 9001. Acho que isso deveria ser uma coisa que as prefeituras deveriam investir. Transparência também. O mundo, hoje, não admite mais as coisas feitas dentro de quatro paredes do gabinete. Tem que ter transparência total. O dinheiro é público e tem que ser prestado conta. Não custa nada. É fácil, é confortável para o gestor ser super transparente.

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 62: Caro Gestor - edicao 5

62

DO CrItÉrIO DE JULGAMEntO “MEnOr PrEÇO POr LOtE”Uma ofensa ao Princípio da Economicidade

nas Licitações

1. introdução.

Sabemos que a Administração Pública, no desempe-nho de suas funções institucionais, ante a impossibilidade de atender seus objetivos administrativos e sociais por si só, necessita contratar com terceiros para a consecução dos seus fins. A Constituição Federal de 1988 instituiu a re-alização de normas e procedimentos para tornar legal essa contratação, denominada de Licitação, e insculpida no art. 37, XXI daquela Carta Política. Assim, se a Administração necessita de meios que permitam atingir seus objetivos através da contratação alheia, para isso deve fazê-lo, obri-gatoriamente, mediante procedimento de licitação, res-salvadas as hipóteses previstas em Lei, ex vi do disposto no art. 2° da Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, que regulamentou o supra-referido art. 37, inciso XXI, do Texto Federal, instituindo normas para licitações e contratos da Administração Pública.

resumo: O presente artigo tem por objetivo fazer uma abordagem crítica ao tipo de licitação “menor preço por lote”, utilizado em larga escala, atualmente, principalmente na modalidade Pregão, demonstrando sua desvantagem para a Administração Pública, por ofender os princípios da isonomia, competitividade e economicidade, bem como por não se traduzir, efetivamente, no desiderato da licitação, qual seja a obtenção da proposta mais vantajosa, além de não previsto legalmente.

palavras-Chave: Licitação, julgamento, menor preço, lote.

A R T I G O

A licitação corresponde, assim, ao procedimento administrativo destinado à seleção da proposta mais van-tajosa para a contratação desejada pela Administração Pública, e necessária ao atendimento do interesse público, assegurando igualdade de competição a todos os interes-sados, na forma estabelecida no art. 3° da Lei n° 8.666/93. Portanto, o procedimento licitatório, regulamentado pela Lei nº 8.666, também denominada de Estatuto das Licita-ções, visa à contratação de obras, serviços e compras, den-tre outros, quando realizada com terceiros.

A referida Lei instituiu as modalidades de licitação, assim definidas: concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão, sendo as três primeiras as mais especifi-camente direcionadas às contratações e aquisições, e de-finindo, também, os requisitos para contratações dispen-sadas, dispensáveis e inexigíveis de licitação, reservadas pelo constituinte ao legislador ordinário e, ainda, estabe-lecendo os valores limites para determinação da modali-

Antonio Augusto Rolim Araruna Neto

Page 63: Caro Gestor - edicao 5

63

dade, tendo em vista as estimativas da contratação, além de outros procedimentos específicos, que, no momento, não se revelam essenciais ao texto e que, portanto, não nos deteremos em tais. A Lei de Licitações estabeleceu, ainda, em seu bojo, mais precisamente no art. 45, §1° e in-cisos, os tipos de licitação, sendo esse o critério de seleção da proposta mais vantajosa e, dentre esses, inclui-se o

“Menor Preço”.Com o advento da modalidade licitatória denomi-

nada Pregão, instituída através da Lei n° 10.520, de 17 de julho de 2002 – a Lei do Pregão, e destinada à aquisição de bens e serviços comuns, é cada vez maior o número de contratações e, principalmente, de compras governamen-tais que se têm efetuado por essa modalidade, posto que se adéquem à definição de bem comum estabelecida no parágrafo único do art. 1° da mencionada Lei n° 10.520/02, e, também, frente à economia que essa modalidade pro-porciona, além do que, considere-se que essa modalidade estabeleceu como único critério de julgamento o tipo

“Menor Preço”, de acordo com o disposto no art. 4°, X da mesma Lei.

2. do menor preço por lote e SuaS deSvantagenS.

Todavia, é cada vez mais frequente se perceber, em alguns procedimentos licitatórios, especialmente quando na modalidade Pregão, a adoção do obrigatório critério de julgamento do “Menor Preço” estabelecendo-se, en-tretanto, um complemento, na forma de “Lote” e se cri-ando, assim, o “Menor Preço por Lote”, onde se agrupam determinados itens em um só lote e aí se promove o julga-mento, com base no preço total dos itens agrupados, ou do lote, e não no preço de cada item!

Desta forma, percebe-se que esse tipo de julga-mento do “Menor Preço por Lote” fere, frontalmente, o Princípio da Economicidade, não se traduzindo, em hipótese alguma, na obtenção da proposta mais van-tajosa para a Administração, posto que essa só seria ob-tida com o critério “Menor Preço por Item”, na aplicação (subsidiária, para a modalidade Pregão) do art. 15, IV da Lei n° 8.666/93, que estabelece que “as compras, sempre que possível, deverão ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economicidade”; assim, mais do que um princípio constitucional, previsto no art. 70 da Carta Federal e aplicado às licitações, a economicidade é um ponto basilar, estruturante e fundamental das licitações, e dever da Administração, sendo que a sua violação, além de se traduzir em prejuízo para o Poder Público, também afronta ao Princípio da Legalidade, bem como a eficiência dos atos da Administração, impedindo-a da busca do seu fim maior, que tem como base, dentre outros princípios, o

atendimento do interesse público, ou seja, o Princípio da Supremacia do Interesse Público!

Seguindo essa linha principiológica, percebe-se, ain-da, a relação entre os princípios regedores do procedi-mento licitatório, pois os mesmos não funcionam isola-damente, incólumes; pelo contrário: são parcelas de uma engrenagem que rege a Administração Pública, sendo es-treita a relação entre economicidade, legalidade e eficiên-cia, pois não basta, apenas, a persecução da melhor pro-posta, mas esta tem que ser atingida, também, de forma prevista legalmente e de maneira eficiente na gestão dos recursos, tendo em vista o binômio custo-benefício. Nessa toada, verifica-se, assim, que, efetiva, legal e formalmente, não se recomenda esse critério de “Menor Preço por Lote”, sendo possível, apenas, menor preço unitário; a utilização do menor preço por lote demanda a necessidade de razões técnicas e econômicas, devidamente justificadas, que, de fato, raramente se aplicam aos casos concretos, como ve-remos adiante.

Assim, esse pseudo-critério de julgamento estabe-lecido como “Menor Preço por Lote” demonstra-se dano-so ao erário, pelos seguintes motivos: primeiramente, em se tratando de diversos itens, dever-se-ia ser estabelecido menor preço por item, já que nas compras, a licitação sem-pre deverá, obrigatoriamente, ser do tipo menor preço, sendo que a licitação por itens opera como se diversas licitações fossem, agrupadas em uma só, devendo, assim, estabelecer-se como critério de julgamento o menor preço por item, face à individualidade de procedimentos (art. 4°, X da Lei n° 10.520/02 c/c art. 8°, V do Dec. n° 3.555/00 e, subsidiariamente, art. 15, IV c/c art. 45, §1°, I da Lei n° 8.666/93); em segundo lugar, para a adoção do critério do menor preço por lote, como no caso em estudo, deve-se, antecipada e necessariamente, justificar o motivo para tal (a exemplo de prejuízo, devidamente comprovado, se a licitação fosse por item, ou perda de economia de escala, etc.), ao que, em não havendo justificativa técnica e eco-nomicamente viável, além de plausível para isso, jamais se deveria adotar tal critério; e, por derradeiro, há, ainda, o fato de que, em se estabelecendo o critério do menor preço por lote, em não se cotando todos os itens do lote, deverá ser a proposta, necessariamente, desclassificada, de acordo com a intelecção do que deve constar como critério de desclassificação, já que não se atendeu ao, cer-tamente, exigido em Edital, além de, obviamente, o valor daquele licitante que não cotar todos os itens ser obriga-toriamente inferior ao do que cotou todos os itens, haven-do, assim, disparidade no objeto e ofensa à isonomia!

De forma prosaica, explicaremos o acima explanado, exemplificando: ocorre que, hipoteticamente, numa lici-tação com 100 (cem) itens, estabelecem-se lotes de, diga-mos, 20 (vinte) unidades, que, ao menos, devem possuir certa correlação entre si, num total de 05 (cinco) lotes, e

Page 64: Caro Gestor - edicao 5

64

que, num desses lotes encontram-se os itens Material “A” e Material “B”, além dos demais itens. Determinado lici-tante “X” cotou, nesse lote, o Material “A” a R$ 10,00 (dez reais) e o Material “B” a R$ 15,00 (quinze reais), totalizan-do, com os demais itens, ao final, seu lote, o valor de R$ 200,00 (duzentos reais) e o licitante “Y” cotou os mesmos itens (Material “A” e Material “B”) a R$ 8,00 (oito reais) e R$ 17,00 (dezessete reais), respectivamente, totalizando seu lote, com os demais itens, ao final, o valor de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais); ora, no critério de julgamento utilizado, do “Menor Preço por Lote”, o licitante “X”, certa e indubitavelmente, sairia vencedor no lote, mesmo tendo cotado o item Material “A” com preço superior ao do que o licitante “Y” cotou (R$ 10,00 e R$ 8,00 respectivamente, cada um); e aí se pergunta: não seria mais vantajoso para a Administração adquirir o Material “A” do licitante “Y” e o Material “B” do licitante “X” (o que ocorreria, se assim tivesse estabelecido-se o critério de julgamento menor preço por item!), traduzindo-se a aquisição em maior eco-nomia para a Administração? Ao que, prontamente, se res-ponde: certamente que sim, até mesmo porque a própria Lei assim o estabelece!

Entretanto, não é o que ocorre, e esse tipo de julga-mento vem acontecendo cada vez com mais frequência, mesmo tendo-se demonstrado prejudicial à Administra-ção, e contrário ao desiderato da licitação, qual seja a ob-tenção da proposta mais vantajosa, mediante isonomia que assegure a competitividade entre os licitantes, pela afronta à economicidade, e especialmente, pela exclusão da competitividade, devido ao fato da desclassificação do licitante, acaso não cote determinado item do lote. Todavia, o que se tem alegado é que o procedimento realizado com o julgamento por item, a depender da quantidade desses, torna a licitação inviável, ou demasi-adamente longa; contudo, é bem de perceber, a Lei não estabeleceu predeterminação de tempo, ou prazo, para julgamento de propostas... Cabe à discricionariedade da Administração verificar, e, efetivamente, se utilizar o tempo que for necessário, ou se crie uma comissão aux-iliar para julgamento, etc., desde que se atinja o escopo da licitação, ou seja, que se obtenha a proposta mais vantajosa para a Administração! Outro ponto alegado é a celeridade, praticidade, razoabilidade, etc., ao que, prontamente, se discorda, remetendo-se aos princípios: é razoável clamar pelos correlatos princípios da razoabi-lidade, ou da celeridade, ou finalidade, ou, até mesmo, à praticidade em si, para preencher a lacuna deixada pelo princípio da economicidade e, quiçá, o da legalidade? Ou seja, é aceitável, em nome desses princípios, entender-se por afastar disposição legalmente prevista no art. 15, IV da Lei n° 8.666/93? Evidentemente que não!

3. o entendimento do tCu.

Portanto, verifica-se que o critério de julgamento de “Menor Preço por Lote”, ao invés de menor preço uni-tário, é danoso ao erário e, nesse sentido, cada vez mais os órgãos de controle têm-se posicionado contra esse critério. O Tribunal de Contas da União - TCU sumulou: “É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais das licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divisível, desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do objeto, pos-sam fazê-lo com relação a itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa divisibilidade. SúMULA 247”. (destaque nosso).

E, nesse esteio, o mesmo TCU, em suas orientações, já estabeleceu o seguinte: “Em compras, a divisão do obje-to em itens torna-se quase obrigatória, a não ser que fique comprovado prejuízo para o conjunto. Geralmente são comprados itens distintos de materiais de expediente, de móveis, de equipamentos, de suprimentos etc. A divisão do objeto em lotes ou grupos como se itens individuais fossem, deve ser vista com cautela pelo agente público, porque pode afastar licitantes que não possam habilitar-se a fornecer a totalidade dos itens especificados nos lotes ou grupos, com prejuízo para a Administração”. (destaque nosso).

Assim, como se não fosse suficiente o TCU ter sumu-lado e orientado sobre o assunto, decisões recentes, e rei-teradas, nesse sentido, daquela Egrégia Corte de Contas, só vêm a consolidar o entendimento acerca da irregulari-dade e prejudicialidade do critério de julgamento estabe-lecido como “Menor Preço Por Lote”; senão vejamos:

Em 2006, o TCU, seguindo sua linha de entendimento, decidiu em conhecer de uma representação, consideran-do-a procedente, determinando a conversão em Tomada de Contas Especial e ouvindo em audiência prévia o res-ponsável “pelo fato dos quantitativos de medicamentos da Concorrência 042/2004 terem sido elaborados por lotes e não por itens, limitando a participação de laboratórios fabricantes e distribuidores de outros pontos do território nacional, frustrando o caráter competitivo do certame e o princípio da isonomia, previstos no art. 37, inciso XXI da CF/88 e art. 3º, caput, e § 1º, inciso I, da Lei 8.666/93;”

Mais à frente, em outro procedimento, o TCU rei-tera seu entendimento de que o agrupamento de itens em lotes é prejudicial à competitividade, ao recomendar

“que, em futuras licitações sob a sistemática de Registro

A R T I G O Antonio Augusto Rolim Araruna Neto

Page 65: Caro Gestor - edicao 5

65

dadoS do autor:

nome Completo: Antonio Augusto Rolim Araruna Neto

e-mail: [email protected]; [email protected]

endereço: Rua Percílio da Costa Andrade, n° 175, aptº 105 – Edf. Sylvio Romero, Bairro Salgado Filho, CEP 49.020-600, Aracaju/SE.

mini Currículo: Graduado em Direito pela Universidade Federal de Sergipe – UFS; Pós-Graduado em Direito Público pela Universidade Gama Filho - UGF/RJ; Advogado; Coordenador do Setor de Licitações da CAT - Consultoria, Assessoria e Contabilidade Pública Ltda.; Assessor e Consultor Técnico-Jurídico na área de Licitações e Contratos Administrativos em vários Municípios do Estado de Sergipe; Professor de cursos de Pós-Graduação em Auditoria Governamental, Gestão Pública e Licitações e Contratos Administrativos.

de Preços, proceda à análise mais detida no tocante aos agrupamentos de itens em lotes, de modo a evitar a reu-nião em mesmo lote de produtos que poderiam ser licita-dos isoladamente ou compondo lote distinto, de modo a possibilitar maior competitividade no certame e obtenção de proposta mais vantajosa para a administração, fazendo constar dos autos do procedimento o estudo que demons-tre a inviabilidade técnica e/ou econômica do parcelamen-to;”

Em procedimento recente, o Relator, em seu voto, considerou pertinente a expedição de recomendação ao órgão no sentido de que “efetue estudos avaliando, den-tre outros aspectos julgados pertinentes, o resultado das licitações realizadas (por lotes e por item) em relação aos preços finais propostos, a execução contratual, a situação do mercado local e regional e a necessidade ou oportuni-dade de compra de Câmaras frigoríficas, objetivando iden-tificar, a partir dos elementos objetivos colhidos, a me-lhor opção para a aquisição de gêneros alimentícios com foco em fatores técnicos e econômicos”. Em outro trecho, destacou que “Este Tribunal já se posicionou pela possi-bilidade de o objeto licitado ser adjudicado por lote, uma vez justificada técnica e economicamente a inviabilidade da adjudicação por itens (Acórdão 1590/2004-Plenário).”, demonstrando, assim, o já aqui exposto, da inescusável necessidade de justificativa para se preterir o menor preço por item. E por fim, deixa claro o prejuízo à Administração, quando da utilização do menor preço por lote: “A unidade técnica, não obstante acolher tais argumentos, verificou que, no caso concreto, se fosse efetivada a adjudicação por itens, haveria uma redução de preço de R$ 41.150,00, ou seja, de 21,5% no valor final apurado no Grupo 9.”

Por fim, em outro julgado mais recente, o TCU reco-nheceu que o critério de menor preço por lote é uma cria-ção, ao determinar à Prefeitura de determinado município que adote providências no sentido de “definir o tipo de lici-tação dentro dos parâmetros do art. 45, §1º, incisos I a IV,

evitando criar tipo de licitação como, por exemplo, ‘menor preço por lote’;”.

4. ConCluSão.

Desta forma, diante do exposto, deve-se, por conseguinte, nas licitações realizadas pela Administração, sempre ser adotado o critério de julgamento do “Menor Preço Por Item”, já que é com evidência solar que se pode concluir que a utilização de critério diverso de julgamento, como o

“Menor Preço Por Lote”, é inviável ao Poder Público, por se demonstrar, hialinamente, como antieconômico e preju-dicial à competitividade, ferindo, assim, princípios basi-lares regedores da Administração Pública e das licitações, não se podendo traduzir, desta forma, na possibilidade de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, mediante a isonomia entre os competidores, fim único de toda licitação!

reFerênCiaS.

Brasil. Tribunal de Contas da União. BTCU – Boletim do Tribunal de

Contas da União - Especial: Súmulas – Ed. Especial. Ano XL – n° 6.

Brasília: TCU, Secretaria-Geral de Administração, 2007.

Súmula nº 247, aprovada na Sessão Ordinária de 10.11.2004, “in”

D.O.U. de 23.11.2004.

Brasil. Tribunal de Contas da União. Licitações e Contratos:

orientações básicas / Tribunal de Contas da União. – 3. ed, rev. atual.

e ampl. Brasília: TCU, Secretaria de Controle Interno, 2006.

Processo TC-011.662/2005-5, Acórdão n° 257/2006-2ª Câmara –

TCU.

Processo TC-014.020/2009-9, Acórdão n° 2.410/2009-Plenário –

TCU.

Processo TC-025.557/2009-4, Acórdão n° 501/2010-Plenário – TCU.

Processo TC-009.538/2010-0, Acórdão n° 1.715/2010-Plenário –

TCU.

Page 66: Caro Gestor - edicao 5

66

COntABILIDADE APLICADA AO SEtOr PÚBLICO: A ADOÇÃO DE UM nOvO MODELO nO BrASIL

1. Considerações iniCiais

Desde os primórdios da humanidade a contabilidade é utilizada como instrumento de quantificação e qualifica-ção do patrimônio, tendo evoluído da simples função de proporcionar memorização e controle para se tornar uma ferramenta imprescindível para apoio no processo de to-mada de decisão, fornecendo informações únicas e dife-renciadas acerca da gestão patrimonial.

Os registros históricos demonstram que o homem primitivo já apresentava uma preocupação com a variação de sua riqueza, onde através da arte passou a contabilizar seu patrimônio através de inscrições nas paredes das gru-tas (produzindo pinturas) demonstrando o tipo e quanti-dade do objeto patrimonial.

Nos dias atuais, onde observamos um grande avanço da ciência e da tecnologia, o processo de registro, controle, avaliação e evidenciação da informação contábil acerca

resumo: Esta pesquisa tem como objetivo, demonstrar o processo de mudança de práticas contábeis pelo qual está passando o setor público no país, buscando identificar as principais alterações conceituais a serem implementadas no novo modelo de Contabilidade Aplicada ao Setor Público adotado, em virtude da inserção do país no processo de Convergência às Normas Internacionais. Para tanto, foi realizado um estudo, tomando-se por base a pesquisa bibliográfica acerca do tema e levantamento das normatizações e documentos emitidos pelos órgãos normatizadores e coordenadores do processo. Os resultados foram relacionados e analisados de modo a demonstrar as principais mudanças ocorridas, demonstrando os principais normativos que irão lastrear a implementação deste novo modelo de Contabilidade a ser adotado no país, o qual irá permitir um maior entendimento acerca do processo de gestão dos recursos públicos, proporcionando, desta forma, a avaliação pela sociedade do resultado das ações de Governo adotadas pelos gestores públicos. A adoção do novo Modelo de Contabilidade Aplicada ao Setor Público a ser adotado no Brasil, possibilitará também o resgate do entendimento da Contabilidade Pública como Ciência Social, devidamente adequada ao seu objeto de estudo, ou seja, o patrimônio público. A observação dos resultados do estudo demonstra ainda que as mudanças irão promover o fortalecimento institucional e da classe contábil, assim como do processo de gestão, transparência e controle social do patrimônio público.

palavras-Chave: Contabilidade Aplicada ao Setor Público; Convergências das Normas Internacionais de Contabilidade; Novo Modelo de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, Gestão; Patrimônio Público.

A R T I G O

do patrimônio, tem se tornado condição de sucesso no processo de tomada de decisão, tornando-se num instru-mento de Gestão Estratégica nas Organizações Públicas e Privadas.

Desta forma, a necessidade universal de entendimen-to e avaliação uniforme acerca das informações geradas pela Contabilidade, ciência social responsável pelo regis-tro, demonstração e avaliação das variações quantitati-vas (aumentativas e diminutivas) e qualitativas ocorridas de patrimônio das entidades, deu origem ao processo de Convergência às Normas Internacionais Aplicadas ao Setor Público, adotado por diversos Países, inclusive o Brasil.

Quanto ao processo de Convergência das Normas Contábeis no Brasil, o Setor Público tem sofrido significa-tivas mudanças, tendo como marco a criação das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade em 2008, onde foram editadas 10 (dez) Resoluções, regulamentan-

Marcus Vinicius Passos de Oliveira, Elisangela Fernandes dos Santos e Esaú Fagundes Simões

Page 67: Caro Gestor - edicao 5

67

do os principais conceitos e procedimentos a serem adota-dos acerca da Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Tais instrumentos legais estão norteando o grande movi-mento de mudança de práticas pela qual está passando a administração pública no país.

Este processo vem sendo coordenado com muita técnica e profissionalismo pelos, STN – Secretaria do Te-souro Nacional e Sistema CFC/CRC´s, tendo a participação de diversas classes representativas, tais como: Atricon, CNM, ABM, etc., passando pelos professores universitári-os e vários contabilistas.

Nesse ínterim, o Conselho Federal de Contabilidade – CFC, entidade responsável pela elaboração das normas tocantes da ciência contábil no Brasil, editou documento denominado de “Orientações Estratégicas para a Contabi-lidade Aplicada ao Setor Público no Brasil” estabelecendo três grandes diretrizes estratégicas a serem observadas nesse processo, conforme transcrição apresentada a seguir:

• Diretriz 1 - Promover o Desenvolvimento Conceitual da Contabilidade Aplicada ao Setor Público no Brasil.

• Diretriz 2 - Estimular a Convergência às Normas In-ternacionais de Contabilidade aplicadas ao Setor Público (IPSAS).

• Diretriz 3 - Fortalecer institucionalmente a Contabili-dade aplicada ao Setor Público.

A figura I apresentada a seguir também demonstra de forma gráfica as diretrizes definidas pelo Conselho acerca do novo modelo de Contabilidade a ser adotado no Bra-sil, onde pode-se observar que este processo irá contribuir muito para o desenvolvimento tanto da Ciência Contábil aplicada ao Setor Público, quanto para o fortalecimento das instituições e da classe contábil.

Dentre as diversas mudanças que estão ocorrendo no Setor Público, as quais buscam aumentar a exigência acerca do nível da qualidade da informação para a tomada de decisão, a alteração do enfoque da Contabilidade Or-çamentária para a Contabilidade Patrimonial, representa o maior desafio para as entidades públicas e para classe contábil, considerando que esta alteração irá modificar o arcabouço conceitual acerca dos processos que envolvem a contabilização e demonstração dos atos e fatos contá-beis na administração pública brasileira.

O resultado desse processo de mudanças das práticas contábeis no Brasil, cujo enfoque principal será a contabili-dade patrimonial deverá demonstrar entre outras informa-ções: 1) Os valores dos bens de uso comum (inclusive os in-tangíveis); 2) Registro da Receita sob Enfoque Patrimonial; 3) Contabilidade de Custos e 4) Depreciação, Amortização ou Exaustão. Além dessas mudanças, adotar-se-á também um Plano de Contas único o que permitirá a Consolidação das Contas Nacionais (União, Estados e Municípios) diari-amente.

Desta forma, o objetivo desta pesquisa é buscar iden-tificar as principais mudanças conceituais a serem imple-mentadas no novo modelo de Contabilidade Aplicada ao Setor Público.

Para tanto, será realizada pesquisa bibliográfica so-bre o tema, buscando identificar e demonstrar as princi-pais alterações ocorridas nas práticas contábeis aplicadas ao setor público, apresentando alguns conceitos impor-tantes e demonstrando as principais mudanças ocorridas. 2. CiênCia ConTábil

A contabilidade representa a ciência social que es-tuda a evolução do patrimônio, demonstrando suas varia-ções de ordem qualitativa e quantitativa (aumentativa e diminutiva), desta forma, contribuindo com o processo de gestão das entidades através da disponibilização de in-formações úteis, tempestivas e confiáveis que contribuam tanto para o processo de tomada de decisão pelos ges-tores, quanto para o controle social.

2.1. Conceito de Contabilidade

Segundo Lopes de Sá (2009, pg, 42), a “Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocu-pando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação a eficácia funcional das células sociais.”

Nesse sentido, define também Lopes de Sá, fenôme-no patrimonial da seguinte forma (2009, pg. 146):

Fenômeno Patrimonial é toda e qualquer ocor-rência que se manifesta na essência da riqueza aziendal. Seja ou não alcançável pela observação

Marcus Vinicius Passos de Oliveira, Elisangela Fernandes dos Santos e Esaú Fagundes Simões

figura i - Orientações estratégicas Para a CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PúBLICO

Fonte: Apresentação STN - Ambiente da Contabilidade Aplicada no Setor Público: A Busca da Contabilidade Patrimonial

Page 68: Caro Gestor - edicao 5

68

ou percebido pelo homem, tudo o que por si mes-mo sucede ao patrimônio aziendal é fenômeno patrimonial.

Conceitua ainda o referido autor célula social ou azienda (2009, pg. 135), como um agregado de pessoas e de coisas impessoais, com atividade permanente ou du-radoura e que visa suprir objetivos traçados pelo homem, sendo parcela da sociedade.

2.2. objetivos da Contabilidade

O objetivo da ciência contábil consiste em mensurar e analisar a riqueza da companhia a fim de subsidiar os inte-ressados nas tomadas de decisões. Essas informações são externadas através de demonstrativos criteriosamente elaborados. A interpretação das demonstrações reflete a posição da companhia na sociedade. Os interessados pela informação acerca da entidade são: instituições financei-ras, Governo, acionistas, mercado mobiliário, investidores, economistas, funcionários, etc.

Conforme Antônio Lopes de Sá, p. 89, “Entre as di-versas finalidades de se conhecer o que acontece com a riqueza aziendal, estão como as usuais e principais as de:

• Orientação para investidores e para o mercado de capitais.

• Orientação para credores e instituições de crédito.• Orientações sociais e trabalhistas.• Análises científicas para modelos de comportamento

da riqueza para ensejar decisões administrativas.• Modelos para a prosperidade.• Controles governamentais de fiscalização e auditoria

fiscal.• Instrumentos de provas judiciais e perícia contábil.• Previsões de ocorrências e efeitos orçamentários.• Explicação de fatos patrimoniais e análises contábeis.• Investigações sobre regularidade de gestão.• Dados e pesquisa social e econômica.”

3. ContaBilidade apliCada ao Setor púBliCo

3.1. Conceitos, objetivos, objeto de estudos e Campo de aplicação

As definições e conceitos apresentados a seguir bus-cam demonstrar os novos conceitos a serem adotados acerca da Contabilidade Aplicada ao Setor Público e estão de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBC 16.1, editadas pelo Con-selho Federal de Contabilidade em novembro de 2008, as quais já estão devidamente adequadas aos conceitos dis-postos nas Normas Internacionais de Contabilidade:

a) Conceito de Contabilidade Aplicada ao Setor Pú-blico:

Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gera-dor de informações, os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as normas contábeis direcio-nados ao controle patrimonial de entidades do setor público.

b) Conceito de Patrimônio Público:Patrimônio Público: o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações.

c) Conceito de Entidades do Setor Público:“Entidade do Setor Público: órgãos, fundos e pessoas jurídicas de direito público ou que, pos-suindo personalidade jurídica de direito privado, recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos públicos, na execução de suas atividades. Equiparam-se, para efeito contábil, as pessoas físicas que recebam subvenção, bene-fício, ou incentivo, fiscal ou creditícias, de órgão público.

d) Objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Pú-blico:

O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é fornecer aos usuários informações so-bre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de toma-da de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social.

e) Objeto de Estudo:O objeto da Contabilidade Aplicada ao Setor Pú-blico é o patrimônio público.

f) Campo de AplicaçãoO campo de aplicação da Contabilidade Aplicada ao Setor Público abrange todas as entidades do setor público.

As Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público editadas pelo Conselho Federal de Contabi-lidade em novembro de 2008, após ampla discussão com a classe contábil, representam o marco conceitual da Con-tabilidade Aplicada ao Setor do Público no Brasil, estabele-

A R T I G O Marcus Vinicius Passos de Oliveira, Elisangela Fernandes dos Santos e Esaú Fagundes Simões

Page 69: Caro Gestor - edicao 5

69

cendo os conceitos e métodos que irão nortear a atividade profissional nesta área.

Neste sentido, foram editadas 10 (dez) normas através da publicação de Resoluções emitidas pelo Con-selho Federal de Contabilidade conforme descrição con-stante do demonstrativo II apresentado a seguir:

demOnstratiVO ii - nOrmatiVOs gerais emitidOs PelO cOnselhO federal de CONTABILIDADE

identificação da norma

Descrição da Norma

resolução 1128/2008 - CFC

nBc t 16.1 - conceituação, Objeto e campo de aplicação.

resolução 1129/2008 - CFC

nBc t 16.2 - Patrimônio e sistemas contábeis.

resolução 1130/2008 - CFC

nBc t 16.3 - Planejamento e seus instrumentos sob enfoque contábil.

resolução 1131/2008 – CFC

nBc t 16.4 - transações no setor Público.

resolução 1132/2008 – CFC

nBc t 16.5 - registro contábil.

resolução 1133/2008 – CFC

nBc t 16.6 - demonstrações contábeis.

resolução 1134/2008 – CFC

nBc t 16.7 - consolidação das demonstrações contábeis.

resolução 1135/2008 – CFC

nBc t 16.8 - controle interno.

resolução 1136/2008 – CFC

nBc t 16.9 - depreciação, amortização e exaustão.

resolução 1137/2008 – CFC

nBc t 16.10- avaliação e mensuração de ativos e Passivos de entidades do setor Publico.

Quanto ao processo de edição das normas vale res-saltar que se tratou de um processo que envolveu toda classe contábil, aí se incluindo também, além dos contabi-listas, os órgãos de orientação, controle e fiscalização.

Em complementação as normas emitidas pelo Con-selho Federal de Contabilidade, as quais apresentam orientações sob o âmbito conceitual e geral da ciência contábil aplicada ao setor público, a STN – Secretaria do Tesouro Nacional editou Manuais de Contabilidade Apli-

cada ao Setor Público e de Demonstrativos Fiscais, os quais irão regulamentar e orientar de forma detalhada os procedimentos a serem adotados pelas entidades públicas conforme demonstrativo II apresentado abaixo:

demOnstratiVO ii - nOrmatiVOs esPecíficOs EMITIDOS PELA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL

MANUAL DE CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PúBLICO

identificação da norma

Descrição da Norma

Portaria conjunta stn/sOf nº 4, de 30 de novembro de 2010

VOlume i - Procedimentos contábeis Orçamentários

Portaria stn nº664, de 30de novembro 2010

VOlume ii - Procedimentos contábeis Patrimoniais

Portaria stn nº664, de 30de novembro 2010

VOlume iii - Procedimentos contábeis específicos

Portaria stn nº664, de 30de novembro 2010

VOlume iV - Plano de contas aplicado ao setor Público

Portaria stn nº664, de 30de novembro 2010

VOlume V -demonstrações contábeis aplicadas ao setor Público

Portaria stn nº664, de 30de novembro 2010

VOlume Vi - Perguntas e respostas

Portaria stn nº664, de 30de novembro 2010

VOlume Vii - exercício Prático

Portaria conjunta stn/sOf nº 4, de 30 de novembro de 2010

VOlume Viii - demonstrativo de estatística de finanças Públicas.

Marcus Vinicius Passos de Oliveira, Elisangela Fernandes dos Santos e Esaú Fagundes Simões

Page 70: Caro Gestor - edicao 5

70

demOnstratiVO ii - nOrmatiVOs esPecíficOs EMITIDOS PELA SECRETARIA DO TESOURO naciOnal (cOntinuaçãO)

MANUAL DE DEMONSTRATIVOS FISCAIS

identificação da norma

Descrição da Norma

Portaria stn no 249, de 30 de abril de 2010

VOlume i - anexo de riscos fiscais e anexo de metas fiscais

Portaria stn no 249, de 30 de abril de 2010

VOlume ii - relatório resumido da execução Orçamentária

Portaria stn no 249, de 30 de abril de 2010

VOlume iii - relatório de gestão fiscal

3.3 mudanças de Conceitos e práticas Contábeis aplicadas ao Setor público As práticas contábeis aplicadas ao setor público no país estão passando por um processo de grande transforma-ção, as quais estão adequando-se aos padrões internacio-nais acerca da universalidade, comparabilidade, qualidade, confiabilidade e integração das informações.Este processo de convergência no Brasil surge com o in-tuito de harmonizar os procedimentos contábeis aplica-dos ao setor público além de padronizar os demonstrati-vos, contribuindo para uma gestão fiscal transparente de forma que as receitas e gastos públicos sejam objetos de análise pela sociedade, a qual terá acesso ao custo e re-sultado de cada ação e projeto implementado por seus re-presentantes. Nesse sentido, pode-se destacar as principais mudanças:

• Enfoque na Contabilidade Patrimonial e Gerencial;• Adoção de Plano de Contas único, permitindo desta

forma a consolidação das contas nacionais;• A implementação do Sistema de Custos;• Contabilização de Depreciação, amortização;• Registro de Bens Intangíveis e de uso comum;• Avaliação e Mensuração dos bens a valor de mercado;• Divulgação das informações orçamentárias e finan-

ceiras em tempo real (Lei Complementar 131/09);

• Implantação das Demonstrações de Fluxo de Caixa e do Resultado Econômico e alteração dos modelos das demais Demonstrações Contábeis;

• Implantação das Unidades Contábeis com profission-ais habilitados do quadro permanente para todas as entidades públicas.

• Implementação de um padrão mínimo para os siste-mas de informações contábeis;

• Utilização de Notas Explicativas nos demonstrativos contábeis;

• Gestão voltada para Resultados;

Este processo de mudança conduzirá o país a padroniza-ção dos procedimentos, possibilitando aos diversos usu-ários acesso às informações consistentes e tempestivas para tomada de decisão.Nesse sentido e conforme documento elaborado pelo Conselho Federal de Contabilidade, denominado de

“Orientações Estratégicas para a Contabilidade Apli-cada ao Setor Público no Brasil” os objetivos a serem atingidos com a implementação do novo modelo são os seguintes:

a) convergência aos padrões internacionais de con-tabilidade aplicados ao setor público;

b) implementação de procedimentos e práticas con-tábeis que permitam o reconhecimento, a mensu-ração, a avaliação e a evidenciação dos elementos que integram o patrimônio público;

c) implantação de sistema de custos no âmbito do setor público brasileiro;

d) melhoria das informações que integram as Demonstrações Contábeis e os Relatórios ne-cessários à consolidação das contas nacionais;

e) possibilitar a avaliação do impacto das políti-cas públicas e da gestão, nas dimensões social, econômica e fiscal, segundo aspectos relaciona-dos à variação patrimonial.

Com a utilização deste novo modelo a contabilidade aplicada ao setor público atingirá o seu fim social, ou seja, servir de objeto de acompanhamento e controle das con-tas públicas pela sociedade e órgãos de acompanhamento e controle.

3.4 o novo modelo de Contabilidade aplicada ao Setor público

O novo modelo de Contabilidade Aplicada ao Setor Público apresenta enfoque adequado com o objeto de es-tudo da Contabilidade, ou seja, o Patrimônio, desta forma de acordo aos padrões internacionais de Contabilidade.

Nesse sentido, as informações geradas pela Contabi-lidade, ciência social responsável pelo registro, demonstra-ção e avaliação das variações quantitativas (aumentativas e

A R T I G O Marcus Vinicius Passos de Oliveira, Elisangela Fernandes dos Santos e Esaú Fagundes Simões

Page 71: Caro Gestor - edicao 5

71

diminutivas) e qualitativas ocorridas de patrimônio das en-tidades, irão contribuir tanto no processo de tomada de de-cisão e quanto no processo avaliação da gestão dos recursos.

O novo modelo de Contabilidade Aplicada ao Setor Público evoluiu de um enfoque voltado exclusivamente para o Orçamento, oriundo da interpretação equivocada somente do Título IV, Capítulo I, artigo 35 da Lei 4.320/64, que estabelece normas para elaboração e execução do Or-çamento, que diz o seguinte:

art. 35. pertencem ao exercício financeiro:i - as receitas nele arrecadadas;ii - as despesas nele legalmente empenhadas.

Da avaliação limitada apenas deste artigo da Lei 4.320/64, nasceu o entendimento equivocado de que o en-foque da Contabilidade deveria estar diretamente vincula-do a execução orçamentária, paradigma que foi quebrado com a edição das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBCASP.

Além da mudança do enfoque na Contabilidade Pa-trimonial o novo modelo trouxe vários procedimentos que até então não foram implementados no Setor Público, a exemplo da Contabilização da Depreciação, Amortização e Exaustão, Implementação do Sistema de Custos, Avalia-ção de ativos e passivos a valor de mercado, Registro de Bens Intangíveis e de Uso comum, dentre outros procedi-mentos.

Neste processo de mudança de postura e de pro-cedimentos Contábeis Aplicados ao Setor Público a STN em conjunto com o CFC, tem conduzido ações de imple-mentação através da coordenação de Grupos Técnicos de Padronização com o objetivo de elaborar os normativos e disseminar as práticas a serem adotadas.

Na Figura II apresentada a seguir pode-se observar os objetivos almejados com a utilização do novo modelo de Contabilidade a ser implementado no Brasil.

Quanto à implementação do novo modelo de Cont-abilidade, ou seja, da Contabilidade Patrimonial, a modi-ficação da Metodologia de Registros dos Lançamentos Contábeis e a adoção do Plano de Contas único, são os instrumentos que irão lastrear o processo de mudança e de geração de Informação, a qual será de natureza Patri-monial, Orçamentária e de Controle, conforme figura III e demonstrativo III apresentado a seguir.

Quanto à utilização do modelo de Sistema Contábil utilizado para registrar, demonstrar e avaliar o resultado das ações de Governo do gestor apresenta-se a seguir um quadro comparativo do modelo atual e do modelo novo.

Marcus Vinicius Passos de Oliveira, Elisangela Fernandes dos Santos e Esaú Fagundes Simões

figura ii - um nOVO mOdelO de cOntaBilidade PúBlica nO Brasil Visa atender...

FIGURA III

Fonte: Apresentação sobre Sensibilização STN - Secretaria do Tesouro Nacional

Fonte: Apresentaçãodo Módulo III - Plano de Contas Aplicado ao Setor Público. STN - Secretaria do Tesouro Nacional

Page 72: Caro Gestor - edicao 5

72

demOnstratiVO iii – cOmParatiVO mOdelO ATUAL X MODELO NOVO

MODELO ATUAL MODELO NOVO

Sistema Contábil composto por quatro subsistemas:

Sistema Contábil estruturado por Natureza da Informação, que irá funcionar também como fonte de alimentação de informações de custos, administração financeira e compensação:

1.subsistema Orçamentário

2.subsistema financeiro

3.subsistema Patrimonial

4.subsistema compensada

1. Patrimonial

2.Orçamentário

3.controle

Em relação ao novo modelo de Sistema Contábil, apre-senta-se a seguir demonstrativo por Natureza e Objeto de registro da Informação, conforme figura IV apresentada a seguir:Este novo modelo de contabilidade aliado a adoção do Plano de Contas único tem o objetivo de gerar informa-ções tempestivas, confiáveis, universais e úteis que irão contribuir para o processo de tomada de decisão e ava-liação da eficiência da gestão dos recursos públicos utiliza-

dos, demonstrando para a sociedade o custo e o resultado de cada ação de Governo.

4. Considerações finais

Diante do exposto observa-se que grandes são as mudanças e desafios para a Contabilidade Aplicada ao Setor Público no Brasil, onde será indispensável para o sucesso do projeto o engajamento de todas as entidades e profissionais envolvi-dos, ou seja, as academias precisam disseminar os concei-tos, as entidades de orientação e normatização disseminar a práticas e os profissionais da área implementar da melhor forma possível.A implementação do novo modelo faz-se indispensável para o atendimento do objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, qual seja, “fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social”.O resultado desse processo de mudanças das práticas con-tábeis no Brasil, cujo enfoque principal será a contabilidade patrimonial, a qual deverá demonstrar, dentre outras infor-mações, os valores dos bens (inclusive os intangíveis e de uso comum), direitos e obrigações, a valores de mercado, ou seja, devidamente mensurados e atualizados a valor pre-sente, será a necessidade de investimentos em tecnologia, desenvolvimento e capacitação profissional e em utilização de ferramentas de gestão.Dessa forma, as entidades públicas e todos os profissionais devem envolver-se neste novo contexto e responsabiliza-

A R T I G O Marcus Vinicius Passos de Oliveira, Elisangela Fernandes dos Santos e Esaú Fagundes Simões

FIGURA III

Fonte: Apresentaçãodo Módulo III - Plano de Contas Aplicado ao Setor Público. STN - Secretaria do Tesouro Nacional

Page 73: Caro Gestor - edicao 5

73

dadoS doS autoreS:

nome Completo: Marcus Vinicius Passos de Oliveira

e-mail: [email protected]

endereço: Av. Antonio Carlos Magalhães, 771, Empresarial Torre do Parque - Sala 1501 - Itaigara - Salvador/BA - CEP: 41825-000

mini Currículo: Pós-graduado em Controladoria Governamental, graduado em Ciências Contábeis e Administração de Empresas, é diretor da Pi Contabilidade Pública, coordenador do Grupo de Estudos Institucionais da Pi Contabilidade, membro do Grupo Técnico de Estudo das Normas e Procedimentos Contábeis Aplicadas à Contabilidade Pública - CRC-Ba, pesquisador e palestrante da área contábil. Possui mais de 24 anos de experiência no setor público, sendo responsável pelo atendimento a entidades públicas municipais e pela assessoria técnica da Pi, realizando defesas e acompanhamento junto ao TCM, TCE, ministérios e secretarias.

nome Completo: elisangela Fernandes dos Santos

e-mail: [email protected]

endereço: Av. Antonio Carlos Magalhães, 771, Empresarial Torre do Parque - Sala 1501 - Itaigara - Salvador/BA - CEP: 41825-000

mini Currículo: Pós-graduada em Contabilidade Pública e graduada em Ciências Contábeis, é Gerente do Núcleo de Atuação Técnica e membro do Grupo de Estudos Institucionais da Pi Contabilidade, pesquisadora e palestrante da área contábil, tendo elaborado e publicado vários artigos técnicos. Possui mais de 10 anos de experiência na área contábil, tendo atuado também na Coordenação de Contabilidade Setorial da Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação - SECTI do Estado da Bahia.

nome Completo: esaú Fagundes Simões

e-mail: [email protected]

endereço: Av. Antonio Carlos Magalhães, 771, Empresarial Torre do Parque - Sala 1501 - Itaigara - Salvador/BA - CEP: 41825-000

mini Currículo: Pós-graduado em Controladoria Governamental, Contabilista e engenheiro, é diretor da Pi Contabilidade Pública, membro do Grupo de Estudos Institucionais da Pi Contabilidade, possuindo mais de 24 anos de experiência no setor público. É responsável pelo atendimento a diversas prefeituras, câmaras e autarquias, palestrante em eventos de aperfeiçoamento desenvolvidos pela Pi e em eventos da área contábil, atualmente dirige também os serviços da Coordenação de Planejamento

rem-se pela busca do conhecimento e aprimoramento dos procedimentos.Quanto, aos Municípios que terão que adotar o novo modelo, obrigatoriamente, a partir de 2013, terão grande dificuldade de adequação as exigências legais as novas práticas considerando a complexidade do processo (prin-cipalmente os de pequeno porte, ou seja, abaixo de 50.000 habitantes), o qual irá exigir destes a revisão e readequação da estrutura administrativa da entidade para cumprimento das normatizações emitidas que tratam, dentre outras questões, sobre registro de depreciação dos bens, contabili-dade de custos, mensuração de ativos e passivos.Do quanto exposto, pode-se concluir ainda que o Novo Modelo de Contabilidade ao Setor Público a ser adotado no Brasil, tem o objetivo de resgatar tanto a Contabilidade como Ciência como o objeto de estudo da Contabilidade, ou seja, o patrimônio público.Por fim, tramita no Congresso Nacional um PLS – Projeto de Lei sobre a LQF – Lei de Qualidade Fiscal, após amplo debate nos fóruns acima citados e objetivando consolidar todo o arcabouço científico, onde a contabilidade pública evidenciará, também, a eficácia da gestão patrimonial. Portanto, os municípios baianos precisarão adequar-se às novas práticas e exigências legais, o que exigirá a implan-tação de quadro efetivo de carreira (Contador), além do que, serão necessários investimentos na capacitação e qualifica-ção dos servidores públicos.

reFerênCiaS.

Brasil. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais

de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e

balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

Brasil. Resolução 1.128/2008 – Conselho Federal de Contabilidade.

Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público -

NBC T 16.1 Conceituações, Objeto e Campo de Aplicação.

Brasil. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de Contabilidade

Aplicada ao Setor Público: aplicado à União, aos Estados, ao Distrito

Federal e aos Municípios: procedimentos contábeis orçamentários. 2.

Ed. Brasília. 2009.

Conselho Federal de Contabilidade. Normas Brasileiras Aplicadas

ao Setor Público: http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/Default.aspx

Conselho Federal de Contabilidade. Orientações Estratégicas para

a Contabilidade Aplicada ao Setor Público no Brasil. http://www.stn.

fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/downloads/CCASP_

Orientacoes_Estrategicas_Contabilidade.pdf

Sá, Antonio Lopes de. Teoria da Contabilidade. 2ª Ed. Editora Atlas,

São Paulo. 1999.

Secretaria do Tesouro Nacional. Apresentação sobre Módulo III –

Plano de Contas Aplicado ao Setor Publico.http://www.stn.fazenda.

gov.br/contabilidade_ governamental/multiplicadores.asp

Secretaria do Tesouro Nacional. Apresentação sobre Sensibilização.

http://www.stn.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/

multiplicadores.asp

Marcus Vinicius Passos de Oliveira, Elisangela Fernandes dos Santos e Esaú Fagundes Simões

Page 74: Caro Gestor - edicao 5

74

Afrânio Freire é vice-presidente do Instituto Municipal de Administração Pública - IMAP, Diretor da Agência Fácil Publicidade, Consultor de Marketing de diversos municípios da Bahia e Assessor de Marketing da União dos Municípios do Brasil (UVB / Bahia).

Mig

uel C

once

ição

Aventuras de verão

Procurem se cercar

de entidades

idôneas e

comprometidas

com a sua gestão.

O crescimento

do nível de

profissionalismo

dentro da

administração

pública traz

excelentes opções

de serviços de

qualidade, sem

oferecer riscos. Se

não tem referência

comprovada

de serviços de

qualidade, não seja

cobaia.

Nesse primeiro semestre de 2011, quero abordar um tema vivido pela grande maioria das empresas e entidades que trabalham com administração pública: a renovação e busca de novos contratos. É um período onde o que foi semeado ao longo do ano anterior será colhido.

É bem comum alguns municípios optarem pela permanência de seus representantes comerciais quando os serviços são de qualidade e em conformidade com o que foi proposto. Além disso, quando é feito

através de aditivo contratual, nos casos onde esse instrumento é possível, é muito positivo. Aberta a “temporada de caça”, a atenção deve ser redobrada em relação às armadilhas que estão escondidas por trás de propostas milagrosas. O grande vilão dessa história são os aventureiros do mercado que surgem, de tempos em tempos, prometendo mundos e fundos, com material publicitário de primeira linha, consultores impecavelmente embalados em seus ternos Armani e diversas promessas mirabolantes. Forma-se um pano de fundo perfeito para que alguns prefeitos desavisados, embora bem intencionados, se tornem presas fáceis desses aventureiros.

O que fazer diante desse quadro? Primeiramente, se pergunte se o serviço atual está atendendo a contento. Consulte as pessoas envolvidas e também seus técnicos. Se o serviço é bom, atende às suas expectativas, não faz sentido trocar por trocar. Outro ponto importante é o famoso “Q.I’.” (Quem Indicou). Se um político, um amigo ou um irmão indicar uma empresa para a prefeitura, leve em consideração que é o mandato do prefeito que está em jogo. Se der algo errado, o único a responder vai ser o próprio prefeito. Sendo assim, sugiro atender aos pedidos de “Q.I.” em áreas que não vão colocar em risco o mandato ou a gestão. Também é importante ouvir sempre seu contador e/ou corpo jurídico. Eles conhecem bem do mercado e podem orientar muito. Por último, e não menos importante, temos a proposta “Mister M”. Essa é matadora (de enfarto ou arrependimento). Eles propõem fazer mágica, prometem que será tudo 100%, garantem fazer milagres, dar jeitinho para tudo, mas por trás disso estão os maiores problemas. Esse jeitinho é ilusão.

Então, para não cair em armadilhas, sempre pergunte: essa instituição tem serviços prestados? Quantas prefeituras atende? Tem processos ou está com problemas com o Ministério Público ou com o Tribunal?

Após obter as respostas convenientes, observe se a entidade comprova resultados práticos no que oferece e, principalmente, expertise no serviço proposto. Então, prefeitos e secretários, procurem se cercar de entidades idôneas e comprometidas com a sua gestão. O crescimento do nível de profissionalismo dentro da administração pública traz excelentes opções de serviços de qualidade, sem oferecer riscos. Se não tem referência comprovada de serviços de qualidade, não seja cobaia. Lembre-se que as consequências de um erro dessa natureza podem ser graves. O

“jeitinho”, amanhã, pode bagunçar a vida do gestor e o fornecedor estará longe.

O P I N I Ã O Afrânio FreireLê

Page 75: Caro Gestor - edicao 5

A SErtECAM é uma empresa criada há 16 anos, com o objetivo de prestar serviços de assessoramento técnico ao Administrador Público no andamento de suas atividades. tem a finalidade de trabalhar em um sistema integrado ao conjunto da sociedade e dos clientes no processo de desenvolvimento. Para tanto, agrega como parceiros, profissionais que atuam na área de Gestão de Serviços Públicos há vários anos, visando a identificação de soluções que satisfaçam as necessidades da Administração Pública

Page 76: Caro Gestor - edicao 5

76

Sou presidente de Câmara. E agora?

Dúvidas gerais

sobre a função

do Presidente da

Câmara pairam sobre

o ocupante deste

cargo. Hesitações,

iniciando em “quais

providências devo

tomar”, passando

por “como nomear

os servidores”,

chegando até “o que

posso gastar com o

recurso financeiro

duodecimal”. Isto,

sem contar as

inúmeras outras

que preencheriam

totalmente este

espaço opinativo.

Erick Resende é graduado em Ciências Contábeis, graduando em Administração Pública e em Direito, Instrutor da Lei de Responsabilidade Fiscal formado pelo Conselho Federal de Contabilidade, Diretor Presidente da Resende Contabilidade e Planejamento Municipal, com atuação há 20 anos na área de contabilidade aplicada ao setor público em diversos municípios da Bahia.

O P I N I Ã O Erick Resende

O questionamento apresentado em epígrafe representa o pensamento da grande maioria dos vereadores eleitos presidente do Legislativo Municipal para a gestão de 2011-2012. Muitos deles, “marinheiros de primeira viagem” no cargo. Outros, que mais uma vez se elegeram para

a função, se veem atordoados pela dinâmica mudança da fiscalização eclodida, diga-se de passagem, desde a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

É de bom alvitre ressaltar que as responsabilidades do presidente da Câmara vão muito além daquelas impostas legalmente aos demais edis. A ele, o presidente, é acrescentado o dever precípuo da administração da Casa de Leis. A função administrativa, muito embora seja parte de um todo (este, composto também pelas funções legislativa, fiscalizadora, judiciária e de assessoramento), tem conotação que abrange as demais, pois tem caráter de gerenciamento.

Dúvidas gerais sobre a função do Presidente da Câmara pairam sobre o ocupante deste cargo. hesitações, iniciando em “quais providências devo tomar”, passando por “como nomear os servidores”, chegando até “o que posso gastar com o recurso financeiro duodecimal”. Isto, sem contar as inúmeras outras que preencheriam totalmente este espaço opinativo. Diante disso

- e não é demasia lembrar - o TCM (BA) se propôs a auxiliar o gestor sobre as providências do início do seu mandato (vide Resolução TCM BA nº. 1.270/2008). Entretanto, com a edição da normativa citada, o Tribunal quis, em primeiro momento, resguardar o patrimônio histórico (legislação e registros contábeis) e físico (bens) do Legislativo.

Existem muitas outras providências que, se não tomadas, poderão influenciar negativamente no bom andamento da nova administração da Câmara e, principalmente, no julgamento das suas contas anuais. Entre as principais podemos citar: verificação da regularidade na admissão dos servidores; verificação do cumprimento das obrigações perante os órgãos de fiscalização federal (RAIS, DIRF, CAGED, GFIP/SEFIP, etc.), estadual (regularidade nas contratações de empresas com registro no Estado) e municipal (pendências de recolhimento de tributos, multas do TCM, etc.); regulação das suas despesas orçamentárias, em atendimento a legislação em vigor; e realização do regular processo administrativo.

Em suma, o presidente da Câmara deve, imprescindivelmente, reunir suas assessorias contábil e jurídica, bem como o responsável pelo controle interno, para, logo de início, fazer seu planejamento administrativo. Deve então, solicitar-lhes posicionamento sobre as áreas respectivas a fim de apurar as possíveis irregularidades e, então, providenciar as regularizações necessárias ao bom funcionamento do Legislativo. Assim, é relevante lembrar que a omissão na resolução dos problemas oriundos de administrações anteriores caracteriza conivência do atual gestor para com aqueles que, por ventura, cometeram atos ilícitos. Por fim, para os presidentes que ainda não tomaram as providências necessárias, ainda está em tempo.

Arq

uivo

pes

soal

LêFê

Page 77: Caro Gestor - edicao 5
Page 78: Caro Gestor - edicao 5

78

Cuidado e zelo na elaboração das prestações de contas anuais

A cada ano que se

encerra, o gestor, assim

como os funcionários

envolvidos na

administração, deve

se preocupar com o

fechamento das contas

e a escrituração de

todas as ações para

que não haja falhas na

prestação de contas e

nem sejam enviadas

incompletas. Isso irá

evitar transtornos

para a administração

como um todo e

particularmente para os

gestores, pois é deles

a responsabilidade de

apresentar e responder

pelas prestações

de contas de cada

exercício.

No exercício de 2009, o Tribunal de Contas dos Municípios – TCM julgou as prestações de 415 Prefeituras e 417 Câmaras. Apenas duas Contas não foram analisadas pelo Tribunal, sendo elas das Prefeituras de Porto Seguro e Irajuba.

Em relação às Prefeituras, 99 foram rejeitadas, 316 aprovadas com ressalvas e nenhuma aprovada na íntegra. Quanto às Câmaras, 55 foram rejeitadas, 352 aprovadas com ressalvas e 10 aprovadas na íntegra. Das 119 entidades descentralizadas foram julgadas 112, sendo 05 Rejeitadas, 103 aprovadas com ressalvas e 03 na íntegra.

Todos os gestores que tiveram as Contas rejeitadas ou mesmo aprovadas com ressalvas puderam recorrer da decisão dentro do prazo de lei. A depender das explicações apresentadas no Pedido de Reconsideração, o TCM pode manter o parecer inicial ou modificá-lo na íntegra ou parcialmente. Já o número de contas rejeitadas no exercício de 2009 até agora foi bem menor do que o ano anterior. Isso significa uma maior preocupação por parte dos gestores com as prestações de contas, o que é fundamental.

Em vista desse problema com as contas, o TCM procura orientar os gestores, desde o primeiro ano da administração, para que haja um equilíbrio de contas de um exercício para outro, a fim de que o déficit não se transforme em uma “bola de neve”. Este tipo de atitude vai acabar se refletindo nas contas do último exercício de cada gestor. O que acontece é o fato do TCM sempre julgar no ano seguinte as contas do exercício anterior. Em 2010, por exemplo, foram julgadas as de 2009, no caso do ano de 2011 serão julgadas as de 2010, e assim por diante.

Existe uma necessidade de adotar várias medidas nos Municípios para aprovação das Contas sem ressalvas, para que em cada exercício, sejam cumpridas todas as leis e resoluções do TCM da Bahia. Assim, o problema não irá refletir no exercício seguinte, não tornando o último ano do mandato de cada Gestor impossível de administrar em obediência aos cinco princípios basilares que regem a Administração Pública. São eles: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, conhecida como a palavra LIMPE.

Como o próprio nome já diz: limpeza. O gestor deve adotar medidas, mesmo que muitas vezes severas, mas necessárias, para uma boa administração pública. Isso significa zelar e cuidar da educação, saúde, saneamento básico, desenvolvimento do município, calçamento de ruas, recuperação de redes de esgotos, estradas vicinais e principalmente atendendo a comunidade de modo geral sem preferências políticas.

O P I N I Ã O Aliny VeigaLê

Page 79: Caro Gestor - edicao 5

79

Aliny Veiga é graduanda em Direito pela FAINOR, contabilista, técnica em Controladoria Interna e Gestão Pública e tem larga experiência de atuação em Sistema de Controle Interno, na execução Orçamentária, Limites Constitucionais, Técnica de Auditoria com acompanhamento de Obras Civis, Pessoal Civil, Contratações Temporárias, Terceirizações, Controle de Frota, Consumo de Combustível, Gestão de Bens Patrimoniais, Almoxarifado, Atendimento nas áreas Sociais – Educação, Assistência Social, Saúde, Licitação e Pregão Presencial.

Arq

uivo

pes

soal

Importante destacar que, a cada ano que se encerra, o gestor, assim como os funcionários envolvidos na administração, deve se preocupar com o fechamento das contas e a escrituração de todas as ações para que não haja falhas na prestação de contas e nem sejam enviadas incompletas. Isso irá evitar transtornos para a administração como um todo e particularmente para os gestores, pois é deles a responsabilidade de apresentar e responder pelas prestações de contas de cada exercício.

Desta forma, se o Gestor deixar de resolver as pendências notificadas e advertidas nos pareceres, do ano anterior, assim como nas notificações mensais de cada exercício, poderá recair em graves consequências sobre o julgamento de suas prestações de contas, levando a graves consequências ao último ano de mandato. Sendo assim, o gestor fica impossibilitado de administrar e alcançar a aprovação das contas anual, dada opinião técnica por parte do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia.

Page 80: Caro Gestor - edicao 5

80

O município na era digital

Uma pesquisa

recente realizada

pela International

Data Consulting -

IDC, concluiu que

as pessoas gastam

até quatro horas

por dia procurando

informações. Com

os documentos

digitalizados, numa

necessidade de

tomada de decisão

rápida, o tempo

gasto na localização

de um documento

essencial é menor,

assim como o risco de

tomar uma decisão

errada. Sem falar da

responsabilidade

social, já que sabemos

que a produção do

papel traz danos ao

meio ambiente.

Patrick Leal é graduando em Arquivologia pela UFBA, controlador geral municipal, com 8 anos de experiência em gestão pública municipal, e gerente do Núcleo de GED do IMAP – Instituto Municipal de Administração Pública

Tem-se falando muito sobre os avanços tecnológicos e na modernização do setor público e o assunto do momento é a digitalização. O que é digitalizar um documento? É, simplesmente, transformar um documento de papel em um arquivo digital através de scanner e, para visualização do mesmo, é necessário um computador.

Para facilitar o controle de acesso, armazenamento e compartilhamento desses documentos digitais utilizam-se do que chamamos de Sistema de GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos). Esses podem ser encontrados em plataforma Desktop (são aqueles instalados no próprio computador) e até mesmo via WEB (acesso através da Internet).

Quais as vantagens na digitalização dos documentos? Constantes deslocamentos para o Arquivo Municipal são eliminados; os custos de papel, toner, material e instalações de armazenamento são reduzidos drasticamente; a segurança e confidencialidade das informações é mantida e o atendimento é otimizado, além do acesso simultâneo ilimitado ao mesmo documento.

Uma pesquisa recente realizada pela International Data Consulting - IDC, concluiu que as pessoas gastam até quatro horas por dia procurando informações. Com os documentos digitalizados, numa necessidade de tomada de decisão rápida, o tempo gasto na localização de um documento essencial é menor, assim como o risco de tomar uma decisão errada. Sem falar da responsabilidade social, já que sabemos que a produção do papel traz danos ao meio ambiente.

Os gestores devem se preocupar não somente com o suporte documental como também com a preservação da informação. Imaginemos daqui a 50 anos podermos visualizar os documentos sem ter o desgaste material normalmente ocasionado pelo tempo no suporte de papel, podermos utilizar toda informação nele contida e guardar para sempre a história da sua cidade. Imagine também você conseguir localizar um documento com segurança de qualquer computador com acesso à Internet sem precisar acessar salas empoeiradas, muitas vezes com urina de rato, nem ter de colocar luvas e máscara para poder manusear os documentos. Além disso, quando receber uma fiscalização in loco do TCM-BA e da CGU, ter que tirar de cada pasta os processos solicitados e correr o risco de, depois, colocar na pasta errada e, mais tarde, precisar do mesmo documento e não mais localizá-lo. Outra situação que já vimos: um gestor, depois de 10 anos, receber um ofício solicitando prestação de contas de Convênio e os documentos não existirem mais. E o gestor ter que restituir o órgão concedente do recurso no valor do montante do Termo de Convênio assinado.

Isso é o melhor que a era digital poderia nos proporcionar. Digitalizem já! Um gestor comprometido digitaliza e preserva seu patrimônio de arquivo e a história da sua cidade.

Arq

uivo

pes

soal

O P I N I Ã O Patrick LealLê

Page 81: Caro Gestor - edicao 5
Page 82: Caro Gestor - edicao 5

82

1 Deraldino Alves, prefeito, e Jamine Barros, secretária de Saúde, ambos de Ipiau/BA // 2 Addison Bastos, do IMAP, e Alfredo Ruy, assessor jurídico da Prefeitura de Itororó/BA // 3 André Uzeda, diretor financeiro da Câmara de Vera Cruz/BA, e Ticiane Machado, consultora do IMAP // 4 O procurador juridico da UVB Joabs Ribeiro com integrantes da Câmara Municipal de Ilhéus/BA: o assessor parlamentar Elivaldo Roseno, o vereador Bel do Vilela, o presidente da Câmara Dinho Gás e o assessor da presidência Agdo // 5 Raimundo Pires de Souza, da Pi Contabilidade (2o da esquerda), em visita ao IMAP, com Afrânio Freire, Lays Iomara, Ticiane Machado, Anderson Cruz e Addison Bastos // 6 Danielle Argolo, de Caro Gestor, o professor, sociólogo e psicanalista Evilázio Teixeira Cardoso, o procurador jurídico da UVB, Joabs Ribeiro e Roberta Rigaud, também de Caro Gestor // 7 Junior Souto, consultor do IMAP, e Maria Quitéria Mendes, prefeita de Cardeal da Silva/BA // 8 Lays Iomara, de Caro Gestor e o deputado federal Luiz Argolo // 9 Deputado federal Popó entre Camila Agres, consultora comercial de Caro Gestor e a advogada Manuela Vidal // 10 Anderson Cruz, do IMAP e Celestino Alves, do setor de licitaçãoes da Prefeitura de Candeias/BA // 11 Irênio Filho, do IMAP e Mamede Fernandes, diretor da Erpac Contabilidade Pública // 12 Prefeita Mariangela Borges, de Lajedo do Tabocal/BA e Aroldo Britto, do IMAP // 13 Camila Agres e o empresário Ilmário Caetano, da Conceitus Consultoria e Construtora Petros

1 2

3 4

5

Leon

ardo

Fre

ire

Mig

uel C

once

ição

Leonardo Freire

Mig

uel C

once

ição

G A L E R I A

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Page 83: Caro Gestor - edicao 5

83

6 7

98

10 11

1312

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Mig

uel C

once

ição

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Mig

uel C

once

ição

Mig

uel C

once

ição

Karliche BitencourtMiguel Conceição

Page 84: Caro Gestor - edicao 5

84

14 Junior Souto, do IMAP, com a prefeita Moema Gramacho, de Lauro de Freitas/BA // 15 Membros da Câmara de Saúde/BA são recebidos por Afrânio Freire (centro) em visita ao IMAP: Dr. Ronaldo Pereira, assessor jurídico, Claudiano, ex-presidente, Edmilson dos Santos, vereador e Ricarte Dantas Ferreira, presidente da Câmara // 16 Addison Bastos e Santiago, secretário de Finanças de Nova Ibiá/BA // 17 Afrânio Freire, do IMAP, e André Costa, da IB Telecom // 18 Deputado estadual Capitão Tadeu e Lays Iomara, consultora de Caro Gestor // 19 Monica Daltro da Dapi e Osmar Bahia de Caro Gestor com Jeane Cordeiro e Roberto Cordeiro da Link3 Tecnologia // 20 Lays Iomara, de Caro Gestor e o deputado estadual Cacá Leão // 21 O prefeito de Palmeiras/BA, Marcos Venicios Santos Teles, e Junior Souto, consultor do IMAP // 22 Addison Bastos, do IMAP com Alan, presidente da comissão de licitação de Jitaúna/BA // 23 Deputada estadual Luiza Maia entre as consultoras de Caro Gestor Lays Iomara e Camila Agres // 24 Raimundo Ovídio, presidente da Câmara e o prefeito de Iramaia, Tunga com Afrânio Freire no IMAP // 25 Adeson Almeida, da CAPP Consultoria, Lucas Aboboreira, do IMAP, Dr. Robson Nascimento, procurador do Estado de Sergipe, José Reis Aboboreira e Afrânio Freire, do IMAP // 26 Ramiro Rocha, secretário de Controle Interno e João Aragão, prefeito de Monte Alegre de Sergipe/SE // 27 O prefeito de Ouriçangas/BA e a consultora de Caro Gestor, Lays Iomara // 28 O empresário Itamar Chaves, da Cecosap, Lucilene, secretária de finanças, Pedro da Capineira, prefeito de Itamaraju/BA e seu filho Pedrinho

20

14

15

16 1817

19

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Kar

liche

Bite

ncou

rt

Mig

uel C

once

ição

Mig

uel C

once

ição

Roberto Oliveira Miguel Conceição

G A L E R I A

Page 85: Caro Gestor - edicao 5

85

21 22

2423

26

2827

Leon

ardo

Fre

ireK

arlic

he B

itenc

ourt

Mig

uel C

once

ição

Kar

liche

Bite

ncou

rtM

igue

l Con

ceiç

ão

Mig

uel C

once

ição

Miguel ConceiçãoMiguel Conceição

25

Page 86: Caro Gestor - edicao 5

Mig

uel C

once

ição

Mig

uel C

once

ição

Mig

uel C

once

ição

Mig

uel C

once

ição

Mig

uel C

once

ição

Mig

uel C

once

ição

Miguel ConceiçãoMiguel Conceição

1 Afrânio Freire e dr. Rodrigo Esteves, secretário de Finanças de Teixeira de Freitas/BA // 2 Ekio Bomfim, entre Tom e Rielso, prefeito de Itagimirim/BA // 3 Afrânio Freire entre o secretário de Administração Ademar e o prefeito de Presidente Tancredo Neves/BA, Josué Paulo Dos Santos Filho // 4 Beto, secretário de Administração de Manoel Vitorino/BA e Afrânio Freire // 5 Gileno, da Support Contabilidade de Vitoria da Conquista/BA e Afrânio Freire // 6 Miguel e Gilvânia da Prefeitura de Itiruçu/BA // 7 Afrânio Freire em visita à SJ Assessoria com Jovita, Marcos e Gileno // 8 Afrânio entre os sócios da Supremma Assessoria e Consultoria Municipal, dr Jacson Veiga e dr. Anderson Cardoso

G A L E R I A E S P E C I A LIMAP NA ESTRADAFEVEREIRO DE 2010

1

2 3

4 5 6

7 8

Page 87: Caro Gestor - edicao 5
Page 88: Caro Gestor - edicao 5

88

Cheguei ao Brasil, acendi a televisão e vi o ex presidente dizendo que em oito anos tinha transformado 30 milhões de miseráveis em trinta milhões de consumidores.Numero impressionante e provavelmente real, pensei na hora mas algo naquela frase soou estranho. Estava voltando ao Brasil para uma longa estada de sete meses pois tinha sido chamado para ministrar oficinas e fazer a curadoria de alguns eventos culturais pelo pais inteiro. A frase ficou na minha mente piscando como um alerta vermelho.

Percebi logo de cara que o Brasil estava mudado. Os próprios projetos nos quais eu estava envolvido atestavam essa transformação. Ambos ofereciam ao publico informações e atividades culturais de altíssimo nível e de forma gratuita. Em Roma, onde moro há mais de dezoito anos, fazendo a mala achei graça em colocar tanta camisa, tanto terno e tanta gravata. Acostumado a jogar na mesma mala bermudas, regatas, sungas de praia e chinelo fiquei me perguntando: para onde mesmo é que eu estava indo? Rio, João Pessoa, Salvador, São Paulo, Minas Gerais... Pra que tanta gravata, meu Deus?

Os trinta milhões de consumidores não querem só comida, carro e cerveja.

O que me perturbou na frase sobre a façanha histórica do ultimo Governo foi na verdade o enfoque. Trinta milhões não são poucos, o que me inquietava na afirmação era palavra consumidores. Essa era pequena demais para o Brasil. Principalmente à luz do colapso econômico que eu testemunhava dia a dia na Europa (amigos produtores de TV alugando o jardim de casa para festas com piscina...). Confesso que achei o ex presidente “século XX demais” para as ambições de um país que proclamava ser a quinta potencia mundial de uma hora pra outra.

Não quero trinta milhões de “compradores de eletrodomésticos”. O que dá pra fazer com isso? Em duas décadas uma versão tropical do colapso econômico euro-americano?

A resposta estava já em minhas mãos e eu não sabia. Viajando pelo pais afora participei e testemunhei inúmeras atividades culturais gratuitas e de alta qualidade. Trinta milhões de novos consumidores de cultura, sim, são muito interessantes. Pois o sentido da vida não se resume em comprar carros à prestação. O que realmente implementa a vida de um povo, de uma nação, de um pais é a capacidade que o mesmo tem de produzir e de consumir cultura, arte e formas de expressão. Pois da cultura vem todo o resto.

As novas políticas administrativas brasileiras caminham já ha alguns anos na direção certa mas talvez sem refletir profundamente sobre a utilidade social da produção cultural. Que nao é o que se produz com o excedente mas o que gera a verdadeira riqueza.

O que caracterizou a hegemonia americana no mundo não foi só o peso do dolar mas a presença do cinema, da literatura, da televisão e da musica americana no imaginário e no quotidiano da humanidade. um pais desenvolvido investe e incentiva a manifestação cultural do seu povo pois a arte e as formas de expressão são o único caminho em direção à uma inabalável harmonia social, econômica e política.

Um exemplo simples: o potencial turístico do Brasil, e do Nordeste especialmente, só tem a ganhar com o enriquecimento cultural de sua população, pois quanto mais vivas e ativas suas cidades, mais atraente o Brasil aparecerá aos olhos dos estrangeiros. Que por sua vez, esperam do Brasil uma contribuição artístico-cultural efetiva que enriqueça o quotidiano dos bilhões de consumidores de arte no planeta Terra.

C R Ô N I C A

Bilh

ões

de

cons

umid

ores

Arq

uivo

pes

soal

Cláudio nigro

LêFê

Page 89: Caro Gestor - edicao 5

89

Page 90: Caro Gestor - edicao 5

90

I M A G E M D A E D I Ç Ã O

Salvador / BACarnaval 2010

Fotografia: Mariana Miranda

Page 91: Caro Gestor - edicao 5
Page 92: Caro Gestor - edicao 5