carnaval antigo
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Texto sobre o carnaval antigo em AjuTRANSCRIPT
Jorge Marcos de Oliveira, Licenciado em História pela UFS. Professor da Rede Pública
e Privada de Ensino e Técnico em Assuntos Historiográficos (Prefeitura de Aracaju –
Biblioteca Clodomir Silva)
COISA DO ARCO DA VELHA
É impressionante como o passado, fotografias, jornais antigos nos fascina.
Revirando minhas anotações de pesquisas, encontrei um artigo-memória de autoria de
Odorico Magalhães Carneiro, publicado no Jornal Correio de Aracaju de 8 de dezembro de
1934, onde o memorialista relembra dos carnavais antigos de Aracaju, e que eu transcrevo
parte deste artigo abaixo.
“No meu tempo existiam dois grupos carnavalescos em Aracaju: - eram os
“MERCURIANOS” e “CORDOVINICOS”, os quais tinham a sua frente pessoas qualificadas na
sociedade e no comércio. Dirigiam o clube “Mercurianos” os srs. Bastos Coelho, Lourenço
Monteiro, José Alcides e Pedro Pina, como se vê, pessoas de projeção naqueles bons tempos
de Aracaju. O clube “Cordovinicos” tinha na sua direção o dr. Davino José Alves Cavalinho, dr.
Bizuca. Este tido como o mais curioso e inteligente nos desenhos e arquitetura dos bonitos
carros de crítica e alegóricos.
Em 1893, o carro chefe dos “Mercurianos” apresentou uma lua cheia, tendo no
centro uma linda moça a apontar o planeta Mercúrio. O “Cordovinicos” apresentou um carro
com um lago dentro do qual nadava um cisne que abria e fechava as asas automaticamente;
outro carro trazia enorme ovo por uma abertura do qual aparecia a cabeça de uma criança
que soltava pombos com uma fita verde e amarela no pescoço, os quais voavam sobre as
cabeças das multidões. Os meninos apanhavam-nos e os levavam para casa, com desespero
do Chico Feio a quem pertenciam os pombos. Outro carro trazia um tatu peba em cima de uma
barrica a derramar mel, que era lambido pelo mamífero desdentado. Era uma crítica política,
porque os cabaús no ano anterior puseram na rua um carro com um cão, com um peba na
boca. Houve barulho na Assembleia Estadual. Engalfinhamento, por causa da crítica dos
Pebas. Na Gazeta de Aracaju, apareceu esta quadrinha contra o deputado Nilo Guerra, oficial
do Exército, e apaixonado “cabaú”:
“Mandei fazer um pudim
Daquilo que o gato enterra
Para oferece ao amigo
Deputado Nilo Guerra”
Fonte: CARNEIRO, Odorico Magalhães. O antigo Carnaval de Aracaju in Correio de Aracaju: ano XLVII;
4.933; 08/12/1934.