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CARLA TIEMI OSO
PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA AS ETAPAS DE
DIAGNÓSTICO E DESENVOLVIMENTO DE ACORDOS DE
NÍVEL DE SERVIÇO EM TERCEIRIZAÇÕES
Trabalho de Formatura apresentado à
Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo para obtenção do Diploma
de Engenheira de Produção.
São Paulo
2004
Excluído: ¶
CARLA TIEMI OSO
PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA AS ETAPAS DE
DIAGNÓSTICO E DESENVOLVIMENTO DE ACORDOS DE
NÍVEL DE SERVIÇO EM TERCEIRIZAÇÕES
Trabalho de Formatura apres entado à
Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo para obtenção do Diploma
de Engenheira de Produção.
Orientadora:
Profª. Doutora Márcia Terra da Silva
São Paulo
2004
Dedico este trabalho aos meus queridos
pais, irmãos e namorado pelo constante
amor e apoio.
AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora Márcia Terra da Silva por suas orientações, apoio e dedicação
viabilizando a conclusão deste Trabalho de Formatura.
Aos demais professores e funcionários da Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo por terem contribuído para minha formação pessoal e profissional.
Aos meus pais que estiveram ao meu lado, dando o suporte para que eu pudesse
realizar todos os meus objetivos e desejos.
Aos meus irmãos e namorado pelo apoio e compreensão em mais uma etapa.
Aos meus colegas, pelos momentos compartilhados durante esses cinco anos.
Aos funcionários do Grupo Abril que me ajudaram a realizar este trabalho, em
especial ao gerente de Suprimentos, à supervisora da área de Planejamento e
Estratégia de Suprimentos e aos Compradores.
RESUMO
O presente trabalho, realizado em uma empresa de comunicação, tem como objetivo
desenvolver um check list que auxilie seus processos de terceirização, com enfoque
em duas grandes etapas: (1) fase inicial de diagnóstico e (2) fase final de
estabelecimento de acordos de níveis de serviço – SLAs. A partir da análise da
situação atual, verificou-se a importância da terceirização para a organização e a
necessidade de padronizar estas etapas. Para tanto, foi necessário um embasamento
teórico sobre dois temas relacionados ao assunto: sistemas de produção e rede de
indicadores de desempenho. Dentre alguns métodos, optou-se por utilizar como base
o de Gerenciamento por Processos apresentado por UTIMURA (1999). Assim,
desenvolveu-se o check list para as duas etapas, apresentando as informações e
atividades necessárias e como e com quem realizá -las. Por fim, aproveitando uma
necessidade da organização, aplicou-se o check list na área de Compras, o que
permitiu verificar a viabilidade e utilidade do mesmo, obtendo resultados positivos
para a autora e para a organização.
Formatado: Inglês (EUA)
ABSTRACT
This paper, which was based on a communication organization, has in its agenda the
creation of a checklist that can support the outsourcing process, focusing in two
major steps: (1) initial part of the diagnostic and (2) final part of establishment of
SLAs – Service Level Agreements. From the analyses of the real situation, it was
possible to realize the outsourcing relevance to the organization and also its needs of
a standard procedure. In order to achieve this, it was essential the study of two topics
related to this subject: production system and performance indicators. Among some
methods, the Process Management presented by UTIMURA (1999) was chosen as
basis. Using this, a checklist was developed for both steps, indicating the information
and activities needed, how and with whom to do it. At the end of this paper, the
checklist was applied on the “Compras” department, which was in the organization
interest. It allowed a viability analyses and to measure how useful it is, adding
different types of knowledge to the author and to the organization.
Formatado: Inglês (EUA)
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................ ...................................... 1
1.1. Breve Apresentação do Trabalho................................................................ ........ 1
1.2. Vínculo entre a Autora e a Organização .............................................................. 2
1.3. A Estrutura dos Capítulos................................................................................... 2
2. O GRUPO ABRIL................................................................................................ .. 4
2.1. Visão Geral do Grupo................................ ........................................................ 4
2.2. A Holding do Grupo................................................................ .......................... 5
2.3. Mercados de Atuação......................................................................................... 6
2.4. Linha de Produtos Oferecidos para Cada Mercado ............................................... 8
2.5. Principais Clientes e Competidores................................................................ ....10
2.6. Estrutura das Áreas do Grupo ............................................................................11
2.6.1. As Áreas de Apoio................................................................ ..................... 13
2.7. A Crise Financeira do Grupo................................................................ .............14
3. A TERCEIRIZAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES E NO GRUPO ABRIL .............. 16
3.1. Terceirização: uma Importante Ferramenta para as Organizações e para o Grupo
Abril....................................................................... .......................................................16
3.2. Tipos de Atividades Possíveis de Serem Terceirizadas ........................................18
3.3. As Principais Razões para uma Terceirização.....................................................20
3.4. Tipos de Terceirização................................................................ ......................22
3.5. Problemas e Dificuldades de uma Terceirização .................................................23
3.6. A Evolução da Terceirização no Mundo e no Grupo Abril...................................25
3.7. As Fases de um Processo de Terceirização Comum a Várias Empresas ................27
3.8 O Processo de Terceirização do Grupo Abril e suas Particularidades....................31
3.8.1. A área responsável pelos processos de terceirização ................................ ... 33
3.8.2. A metodologia de sourcing utilizada nos processos de terceirização ............ 35
4. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA................................................................ ............ 41
4.1. O Mau Aproveitamento na Aplicação da Metodologia de Sourcing......................41
4.2. Objetivo do Trabalho ........................................................................................43
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 44
5.1. Sistema de Produção................................................................ .........................44
5.2. Desempenho ................................................................................................ ....46
5.2.1. Medidas de Desempenho........................................................................... 47
5.3. Rede de Indicadores................................ ..........................................................51
5.4. Métodos para Elaboração de Indicadores................................ ............................53
5.4.1. Gerenciamento por Processos – Process Management ................................ 54
5.5. Justificativa para a Metodologia Escolhida ................................ .........................56
6. DESENVOLVIMENTO DO CHECK LIST PARA OS PROCESSOS DE
TERCEIRIZAÇÃO................................................................ .................................... 58
6.1. As Partes que Compõem o Check list ................................................................ .58
6.2. Parte A: Fase de Diagnóstico................................................................ .............60
6.2.1. Parte A.1: Análise das características da área................................ ............ 60
6.2.2 Parte A.2:Informações a serem levantadas durante fase de diagnóstico....... 65
6.3. Parte B: Desenvolvimento dos Acordos de Níveis de Serviço (SLAs)..................68
6.3.1 Acordos de Níveis de Serviço: Noções Gerais ............................................. 68
6.3.2 Desenvolvimento da Parte B do Check list................................ .................. 72
6.4. Tabela-Resumo com as Etapas do Check List .....................................................81
7. APLICAÇÃO DO CHECK LIST EM UMA DAS ÁREAS DO GRUPO.............. 82
7.1. A Escolha da Área em que o Check List Será Aplicado ................................ .......82
7.2. Aplicação da Parte A do Check List ...................................................................83
7.2.1. Visão Geral da Área ................................................................................. 83
7.2.2. Análise do Fluxo das Atividades da Área.................................................... 85
7.2.3. Análise da Relação da Área com o Processo de Compras como um todo ...... 87
7.2.4. Definição dos Objetivos e Fatores Críticos de Sucesso ................................ 91
7.2.5. Identificação das Necessidades dos Clientes................................ ............... 92
7.2.6. Definição dos Pontos Críticos de Controle................................................. 93
7.3. Aplicação da Parte B do Check List ...................................................................93
7.3.1. Análise dos Pontos Críticos de Controle................................ ..................... 94
7.3.2. Definição dos Acordos de Níveis de Serviço................................ ............... 94
8. CONCLUSÃO................................................................................................ .... 106
LISTA DE REFERÊNCIAS................................................................ ...................... 108
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA................................ ........................................ 110
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Porcentagem da participação dos ramos de negócio na receita líquida................ 5
Figura 2.2: Empresas da Holding do Grupo Abril................................. ............................. 5
Figura 2.3: Participação do Grupo Abril no mercado de publicidade................................. .. 7
Figura 2.4: Relação das maiores revistas do país. .............................................................. 7
Figura 2.5: Estrutura geral do Grupo Abril.......................................................................12
Figura 3.1: Quadro com os tipos de relacionamento entre contratante e fornecedor.............28
Figura 3.2: Esquema das seis fases do processo de terceirização................................. .......30
Figura 3.3: Fluxo d o processo inicial de decisão de terceirização do Grupo Abril...............32
Figura 3.4: Organograma do Grupo com destaque para a área de PES. ..............................33
Figura 3.5: Organograma da área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos – PES. ......34
Figura 3.6: Fluxo de contato entre as áreas clientes e a área PES ................................ .......34
Figura 3.7: As sete etapas do processo de sourcing utilizado pela área de PES. ..................36
Figura 5.1: Sistemas de Produção................................................................. ...................44
Figura 5.2: Modelo geral de administração da produção. ..................................................46
Figura 5.3: Definições operacionais dos sete critérios de desempenho...............................48
Figura 5.4: Definição operacional da qualidade................................. ...............................49
Figura 5.5: Etapas do método de Gerenciamento por Processos.........................................54
Figura 6.1: Fluxograma do Check list Proposto................................. ...............................59
Figura 6.2: Esquema representativo da relação entre as Partes A e B. ................................59
Figura 6.3: Inter-relação entre áreas/ atividades................................. ...............................62
Figura 6.4: Etapas desenvolvidas para a Parte A1................................. ............................65
Figura 6.5: Relação entre as Partes do check list...............................................................73
Figura 6.6: Exemplo de definição de multas e bonificações...............................................78
Figura 6.7: Matriz Importância X Facilidade....................................................................79
Figura 7.1: Estrutura da área de Suprimentos................................. ..................................83
Figura 7.2: Fluxo do processo de compras. ......................................................................86
Figura 7.3: Partes envolvidas no processo de compras......................................................87
Figura 7.4: Gráfico com as causas das compras demoradas e complexas............................88
Figura 7.5: Gráfico com as causas da compras rápidas......................................................89
Figura 7.6: Fluxo das etapas para a definição dos SLAs................................. ...................95
Figura 7.7: Relação entre grau de criticidade e intervalos..................................................97
Excluído: 5
Excluído: 5
Excluído: 7
Excluído: 7
Excluído: 12
Excluído: 28
Excluído: 30
Excluído: 32
Excluído: 33
Excluído: 34
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Excluído: 44
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Excluído: 65
Excluído: 73
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Excluído: 95
Excluído: 97
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1: Produtos, clientes e competidores do Grupo Abril................................. ..........11
Tabela 3.1: Características da atividade-meio e atividade-fim. ................................ ..........18
Tabela 3.2: Características das fases de evolução da terceirização. ................................ ....26
Tabela 3.3: Características dos tipos de relacionamento entre fornecedor e contratante.......28
Tabela 6.1: Informações a serem levantadas referentes à mão-de-obra...............................66
Tabela 6.2: Informações a serem levantadas referentes ao volume................................. ....66
Tabela 6.3: Informações a serem levantadas referentes aos equipamentos..........................66
Tabela 6.4: Informações a serem levantadas referentes ao custo................................. .......67
Tabela 6.5: Informações a serem levantadas referentes a algumas especificações. ..............67
Tabela 6.6: Informações gerais a serem levantadas...........................................................67
Tabela 6.7: As partes que compõem um Acordo de Nível de Serviço (SLA). .....................71
Tabela 6.8: Tabela-resumo do check lis t..........................................................................81
Tabela 7.1: Pontos Críticos de Controle................................................................. ..........94
Tabela 7.2: Relação entre as categorias de SLAs e os pontos críticos de controle................96
Tabela 7.3: SLA referente à Qualidade dos Produtos Entregues.........................................99
Tabela 7.4: SLA referente à Chamadas Telefônicas Atendidas........................................100
Tabela 7.5: SLA referente ao Número de Reuniões Periódicas........................................101
Tabela 7.6: SLA referente ao Processo de Compras Acompanhadas pelo Cliente Interno..101
Tabela 7.7: SLA referente à Rotatividade de Fornecedores. ............................................102
Tabela 7.8: SLA referente às Condições Comerciais dentro do estipulado pelo Cliente.....103
Tabela 7.9: SLA referente ao Número de Renegociações com os Fornecedores................104
Tabela 7.10: SLA referente ao Tempo para Realizar o Processo de Compras....................104
Tabela 7.11: SLA referente ao Número de Compras Finalizadas pela Área. .....................105
Excluído: 11
Excluído: 18
Excluído: 26
Excluído: 28
Excluído: 66
Excluído: 66
Excluído: 66
Excluído: 67
Excluído: 67
Excluído: 67
Excluído: 71
Excluído: 81
Excluído: 94
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Excluído: 99
Excluído: 100
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Excluído: 102
Excluído: 103
Excluído: 104
Excluído: 104
Excluído: 105
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BPO Business Process Outsourcing
BTO Business Transformation Outsourcing
CIM Conteúdo Independente do Meio
CRM Customer Relationship Management
ERP Enterprise Resource Planning
NEA Novo Edifício Abril
OC Ordem de Compra
PDCA Plan, Check, Do, Analise
PES Planejamento e Estratégia de Suprimentos
RFI Request for Information
RFQ Request for Quotation
SDC Solicitação de Cotação
SLA Service Level Agreement
TBI Tipo Básico de Informação
Introdução
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Breve Apresentação do Trabalho
No ambiente competitivo atual, observa-se uma necessidade constante de
aprimoramento. As empresas estão em um processo permanente de melhoria com a
finalidade de sempre estar à frente da concorrência.
Nesse contexto, a terceirização tornou-se uma importante ferramenta estratégica, pois
permite a racionalização dos custos e a reestruturação da produção. Ao terceirizar, as
empresas podem concentrar seus esforços em seu negócio principal, nas metas de
médio e longo prazo e na diversificação de oportunidades.
No caso do Grupo Abril, organização na qual será realizado o trabalho, a
terceirização intensificou-se em meados da década de 90, como uma das soluções
para a crise financeira pela qual passava.
No ano de 1999, foi criada uma área denominada Planejamento e Estratégia de
Suprimentos, responsável por realizar alguns processos de terceirização para o
Grupo. Para tanto, utiliza-se uma metodologia de sourcing desenvolvida por uma
empresa de consultoria. Porém, a área enfrenta algumas dificuldades e deficiências
para realizar duas das etapas que compõem a metodologia.
Portanto, o principal objetivo deste trabalho é desenvolver um check list que suporte
a área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos a realizar estas duas etapas e, em
seguida, aplicá-lo em uma das áreas do Grupo para que possamos verificar sua
viabilidade e aplicabilidade.
Introdução
2
1.2. Vínculo entre a Autora e a Organização
A autora deste trabalho está estagiando no Grupo Abril desde janeiro de 2004, e vem
atuando na área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos, onde participa de
projetos de Sourcing, tendo como clientes todas as áreas da empresa. O trabalho foi
proposto no início do período de estágio, através da convergência de uma
necessidade levantada pela organização e o interesse pessoal no desenvolvimento e
estudo do tema.
Esse interesse deve-se ao fato da autora trabalhar na área responsável por todo o
processo de terceirização e, conseqüentemente, notar algumas de suas dificuldades
durante o mesmo e a importância da terceirização na estratégia do Grupo para
recuperar-se da crise financeira.
1.3. A Estrutura dos Capítulos
Como forma de facilitar a le itura e permitir a compreensão do modo como foi
estruturado o trabalho, a seguir será explicada a disposição dos oito capítulos.
• Capítulo 1
Refere-se à introdução do trabalho, onde se explica o contexto do problema, o que o
trabalho se propõe a fazer, a relação entre a autora e a organização e, por fim, é
apresentada a estrutura dos capítulos.
• Capítulo 2
Descreve a empresa, apresentado os principais produtos, mercados de atuação e
estrutura organizacional. Além disso, traz uma breve apresentação da crise financeira
da década de 90, suas causas, conseqüências e solução.
Introdução
3
• Capítulo 3
Refere-se a um estudo sobre terceirização, descrevendo de um modo geral seus
principais aspectos e relacionando-os com as particularidades e características das
terceirizações do Grupo Abril.
• Capítulo 4
Descreve o problema encontrado e suas conseqüências. A partir desta análise, é
detalhado o objetivo do trabalho e sua importância para a organização e, mais
especificamente, para a área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos.
• Capítulo 5
Apresenta a fundamentação teórica que servirá como base para que se possa atingir o
objetivo proposto. Serão citadas as teorias e sua relação com o trabalho.
• Capítulo 6
Será desenvolvido o check list, que é o principal objetivo do trabalho. Para tanto,
utilizaremos as teorias apresentadas no capítulo anterior.
• Capítulo 7
O check list desenvolvido será aplicado em uma das áreas do Grupo, a ser escolhida
com base em algumas características e necessidades da organização.
• Capítulo 8
Realizam-se considerações finais sobre o trabalho, discutindo sobre sua
aplicabilidade e contribuição para a organização e para a autora.
O Grupo Abril
4
2. O GRUPO ABRIL
O objetivo deste capítulo é descrever a organização onde o trabalho foi realizado,
apresentando uma visão geral de seu porte, segmentos de negócios, mercados de
atuação e principais concorrentes e clientes.
2.1. Visão Geral do Grupo
O Grupo Abril, fundado em 1950 por Victor Civita como Editora Abril, é um grupo
de comunicação que tem como objetivo fornecer informação, cultura, educação e
entretenimento para praticamente todos os segmentos de público e atuar de forma
integrada em várias mídias.
Podemos encontrar em vários documentos, sua Missão, que descreve de maneira
clara aquilo que a empresa considera seu principal objetivo: “Contribuir para a
difusão de informação, cultura e entretenimento, para o progresso da educação, a
melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento da livre iniciativa e o
fortalecimento das instituições democráticas do país”.
Baseada nos princípios de integridade, qualidade e inovação, atualmente possui cerca
de 6 mil empregados atuando em informação, cultura, educação e entretenimento
com: revistas, livros didáticos, conteúdo e serviços on-line, internet em banda larga,
música, televisão segmentada e por assinatura e database marketing.
Com uma receita líquida no ano de 2003 de R$ 1.862 bilhão, pode-se considerá-lo
como um dos maiores e mais influentes grupos de comunicação da América Latina.
Do total desta receita, 77% provém do segmento de publicações, 15% do segmento
de entretenimento e 8% do segmento de educação, conforme esquematizado no
gráfico a seguir:
O Grupo Abril
5
Figura 2.1: Porcentagem da participação dos ramos de negócio na receita líquida. Transcrito de fontes internas da empresa
2.2. A Holding do Grupo
A holding do Grupo é formada pelas seguintes empresas: Editora Abril S.A. e suas
subsidiárias Dinap e DataListas, editoras Ática e Scipione, Abril Marcas, Abril
Comunicações e sua subsidiária TVA, MTV Brasil e Usina do Som.
Figura 2.2: Empresas da Holding do Grupo Abril.
Elaborado pela autora
EDITORAABRIL
Dinap
DataListas
ABRILMARCAS
ABRILCOMUNICAÇÕES
MTV BRASIL
TVA
Grupo Abril
USINA DOSOM
EDITORASÁTICA ESCIPIONE
Publicações77%
Entretenimento15%
Educação8%
Excluído: 2
Excluído: 1
Excluído: 2
Excluído: 2
O Grupo Abril
6
A Abril Marcas, empresa responsável pelo licenciamento das marcas do Grupo para
uso em diversos produtos, iniciou sua operação em 1998 e atualmente já licenciou 14
marcas em 1.000 itens para 15 empresas diferentes, totalizando 8,7 milhões de
produtos vendidos.
A Usina do Som é o site de música da Internet brasileira com mais de 150.000
músicas a disposição do internauta.
2.3. Mercados de Atuação
Para os negócios apresentados – publicação (revistas), educação e entretenimento – o
Grupo Abril atua em três mercados distintos: mídia impressa, televisão e produtos de
marketing direto.
• Mídia Impressa: são livros didáticos e 250 títulos de revistas que estão
agrupados em algumas unidades de acordo com suas características. Essas
unidades são denominadas Unidades de Negócios, sendo elas: Veja, Negócios,
Estilo, Turismo e Tecnologia, Casa e Bem-Estar, Jovem, Alto Consumo e
Educação.
No ano de 2003, o segmento de revistas, foi líder em circulação, assinaturas e
publicidade. Conforme os gráficos a seguir, obtidos a partir de fontes internas da
empresa, nota-se que nestas três categorias, o Grupo foi líder do mercado com
mais de 50% do total.
O Grupo Abril
7
Figura 2.3: Participação do Grupo Abril no mercado de publicidade. Transcrito de documentos internos da empresa
As figuras 2.1 e 2.3 comprovam que o segmento de publicações é o maior e mais
importante negócio do Grupo, sendo considerado seu core business.
A Editora Abril, responsável pela publicação das revistas, é considerada a maior
editora da América Latina. No ano de 2003 teve 26 milhões de leitores, 3,7
milhões de assinaturas, mais de 250 títulos publicados e 7 das 10 maiores
revistas do país: Veja, Super Interessante, Escola, Cláudia, Nova, Playboy e
Manequim.
Figura 2.4: Relação das maiores revistas do país. Transcrito de documentos internos da empresa
Excluído: 2
Excluído: 3
Excluído: 2
Excluído: 4
O Grupo Abril
8
• Televisão: em 1990, com o objetivo de diversificar suas atividades para além das
publicações, o Grupo lançou a MTV Brasil, e em 1991 criou a primeira empresa
brasileira de televisão por assinatura, a TVA.
• Marketing Direto: banco de dados com cadastro de consumidores do país para
ações de marketing direto e CRM (Customer Relationship Management).
2.4. Linha de Produtos Oferecidos para Cada Mercado
Para cada um dos três mercados de atuação citados – mídia impressa, televisão e
marketing direto – o Grupo possui diversas linhas de produtos, que serão detalhados
a seguir:
A) Mídia Impressa
ü Veja: esta Unidade de Negócio é composta somente pela revista Veja,
pois é a principal revista do Grupo, uma das maiores revistas semanais de
informação do mundo e a maior e mais influente do país. Com circulação
semanal em janeiro de 2004 de 1.120.900 exemplares, possui 902.768
assinantes e 9.300.000 leitores. Sua receita de publicidade corresponde a
2,4% do volume total no Brasil e a 25% do volume total do meio de
revista. Possui edições semanais e regionais gratuitas que tratam de lazer,
programação cultural e serviços, e edições especiais em que assuntos da
atualidade são analisados em profundidade.
ü Negócios: responsável pelas revistas Exame, com circulação quinzenal de
154.100 exemplares, e Você S/A, com circulação mensal de 174.000
exemplares. As duas revistas são consideradas fontes de consulta de
empresários e executivos, pois através da identificação das tendências de
mercado, transformam informação em conhecimento.
O Grupo Abril
9
ü Estilo: esta unidade é responsável pelas seguintes revistas voltadas para o
público feminino: Cláudia, Nova, Estilo, Elle e Manequim. São abordados
assuntos comportamentais, de beleza, saúde, relacionamento, moda e
estilo.
ü Turismo e Tecnologia: responsável por revistas de referência e serviço em
tecnologia – Info; turismo – Viagem e National Geographic;
automobilismo – Quatro Rodas; futebol – Placar; interesses gerais - Super
Interessante e Religiões, e revistas voltadas para o público masculino –
VIP. Além disso, é a responsável pela linha do Guia Quatro Rodas, que
possui 30 títulos, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos por ano.
ü Casa e Bem-Estar: responsável pelas revistas relacionadas à saúde,
equilíbrio físico e mental, beleza, construções e cozinha. São elas: Casa
Claúdia, Aquitetura & Construção, Bons Fluídos, Boa Forma, Saúde e
Cláudia Cozinha.
ü Jovem: responsável pela revista Capricho, voltada para o adolescente e
líder no segmento feminino teen com 60% do mercado, pela revista
masculina Playboy, por publicações estudantis para todas as idades, pelo
Guia do Estudante e pelas revistas infantis.
ü Alto Consumo: responsável pelas revistas que tratam de celebridades,
televisão e comportamento, tais como: Contigo!, Minha Novela, TiTiTi,
Ana Maria e Viva. Atualmente possui 9,2 milhões de leitores/ mês e 2,8
milhões de exemplares circulados/ mês.
ü Caras: a revista Caras resultou de uma associação entre a Editora Abril e
a Editora Perfil da Argentina, e atualmente possui cerca de 3,7 milhões de
leitores
ü Bravo!: a Bravo! resultou de uma parceria com a Editora D’Avila do
Brasil em janeiro de 2004.
O Grupo Abril
10
ü Educação: as Editoras Ática e Scipione, pertencente ao Grupo Abril,
possui 40% do mercado brasileiro de livros didáticos com 4.000 títulos,
40 milhões de exemplares vendidos em 2003 e faturamento de R$ 302
milhões.
B) Televisão
ü TVA: foi lançada em 1991 como resultado de uma parceria com a Disney,
Hearst, JP Morgan/ Chase e Falcon. Atualmente possui cerca de 290 mil
assinantes e estratégias de Internet e Novas Plataformas, sendo responsável
pelo primeiro provedor de acesso e conteúdo de Internet em banda larga no
Brasil com 21 mil assinantes individuais e corporativos.
ü MTV Brasil: foi lançada em 1990 como resultado de uma associação com a
Viacom (EUA), e hoje é a maior televisão segmentada do país, com 7,7
milhões de espectadores/ mês.
C) Marketing Direto
ü Datalistas: é a empresa do Grupo responsável pelo marketing direto. Possui
atualmente um banco de dados com mais de 30 milhões de nomes de
assinantes e compradores dos produtos do Grupo Abril e de empresas
parceiras de dados, como Fiat, Multibrás e Telecheque.
2.5. Principais Clientes e Competidores
Na tabela a seguir, apresentaremos uma visão geral sobre os três mercados de
atuação citados no item anterior, com seus principais clientes e competidores:
O Grupo Abril
11
Tabela 2.1: Produtos, clientes e competidores do Grupo Abril. Elaborado pela autora
Principais Mercado de
Atuação Produtos Clientes Competidores
Revistas
Assinantes
Dispersos
Anunciantes
Editora Globo
Readers Digest
Outras editoras
Mídia Impressa
Livros Didáticos
Escolas
Professoras
Pontos de venda
Dispersos
Editoras de um modo
geral
Televisão TVA
MTV
Dispersos
Anunciantes
Net
Sky
Directv
Canais de TV/ mídias
Marketing Direto DataListas
(banco de dados)
Assinantes
Dispersos Dispersos
2.6. Estrutura das Áreas do Grupo
Como já citado, os produtos estão agrupados em Unidades de Negócios. Na figura a
seguir, apresentaremos um esquema geral que representa como a organização esta
estruturada nas unidades de negócios apresentadas no item 2.4. e nas áreas de apoio,
tanto as administrativas como as comerciais.
Excluído: 2
Excluído: 1
O Grupo Abril
12
VP ServiçosCompartilhados
Administração
Finanças
Logística eDistribuição
OperaçõesIndustriais
Tecnologia deInformação
VEJA
Veja Exame
Diretoria GeralVEJA e EXAME
NEGÓCIOS
Veja SP
Veja RJ
Você S.A.
ESTILO
Cláudia
Nova
Elle
Estilo
Manequim
ManequimNoiva
TURISMO eTECNOLOGIA
Quatro Rodas
Placar
Info
Super
Viagem eTurismo
NationalGeographic
Guia Quatro Rodas
Info Corporate
CASA eBEM -ESTAR
Casa Cláudia
Arquitetura eConstrução
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Figura 2.5: Estrutura geral do Grupo Abril.
Transcrito de documentos internos da empresa
Excluído: 2
Excluído: 5
O Grupo Abril
13
2.6.1. As Áreas de Apoio
Conforme pode ser observado pela figura 2.5, o Grupo Abril possui duas grandes
área de apoio: Serviços Compartilhados e Comercial.
A) Serviços Compartilhados: é responsável pelas atividades administrativas,
financeiras, de logística e distribuição, operações industriais e de tecnologia da
informação.
ü Operações Industriais: a gráfica de São Paulo é considerada o maior parque
gráfico da América Latina com 1.000 funcionários com 350 milhões de
exemplares impressos em 2003, incluindo revistas, suplementos e edições
especiais.
ü Distribuição e Logística: é o sistema de entrega domiciliar para 2.220 cidades
por meio de redes e distribuidores contratados, com 3.827 entregadores e 91
milhões de revistas entregues em 2003.
B) Comercial
ü Assinaturas: é a área responsável pela venda de assinaturas de 34 títulos
através de encartes em revistas, malas – diretas, website e e-malas.
ü Dinap: é responsável pela distribuição dos produtos em 19.897 bancas de
revistas e 12.272 pontos de venda alternativos. Possui 140 distribuidores
regionais, com 400 milhões de exemplares expedidos por ano, cobrindo 96%
do potencial de consumo.
O Grupo Abril
14
2.7. A Crise Financeira do Grupo
O Grupo, a exemplo de outras grandes empresas de comunicação brasileiras,
começou a se endividar na década de 90, quando, ao estender suas atividades para
outros mercados, iniciou um investimento maciço em atividades de televisão por
assinatura.
As dívidas financeiras se agravaram basicamente por três motivos: a desvalorização
cambial do Real em 1999, pois grande parte da dívida era contratada em moeda forte
(dólar), a diminuição no ritmo de crescimento da economia brasileira e a redução da
receita com publicidade.
Como citado anteriormente, boa parte da receita total do Grupo provém do segmento
de negócio Publicações. No caso da Editora Abril, as vendas de publicidade possuem
grande representatividade na receita total.
Portanto, pode-se concluir que a retração no mercado de publicidade causou
impactos nos resultados do Grupo, como no ano de 2001, em que as publicações da
Editora tiveram 15,6% menos páginas de publicidade do que no mesmo período de
2000 devido à proibição a anúncios de cigarros e da retração do mercado de Internet.
Nos últimos tempos, alguns esforços têm sido feitos pelo Grupo a fim de reduzir a
dívida. Em 1998 foi realizada a venda da participação na empresa de televisão paga
via satélite DirecTV e da editora de listas telefônicas Listel. Com as vendas, a dívida
de US$ 550 milhões caiu para US$ 120 milhões.
Em 2001, iniciou-se um programa de reestruturação na organização, que passou a ter
foco em Unidades de Negócios suportadas por estruturas centrais de serviços
compartilhados. No mesmo ano, medidas de redução do quadro de pessoal e de corte
de custos em geral colaboraram para a melhoria do resultado da empresa.
Com o problema da crise financeira, o Grupo criou um programa batizado de CIM –
Conteúdo Independente do Meio – que resume a ênfase pelo conteúdo. A empresa
passou a focar menos nos meios de transmissão de informação e mais na produção de
informação. Com isso, iniciou-se um amplo movimento de focalização no core
O Grupo Abril
15
business, principalmente através das vendas de participações em empresas (UOL,
DirecTV e Listel) e de terceirizações.
A intensificação da terceirização, que passou a ter importante papel estratégico no
Grupo por ser uma das soluções adotadas para o problema da dívida, será um dos
focos deste trabalho e o principal motivo para o desenvolvimento do mesmo.
Daremos ênfase ao modo como os processos de terceirização são realizados, suas
particularidades e problemas. Para tanto, faremos uma análise das etapas da
metodologia utilizada nestes processos, desde o estudo inicial da atividade a ser
terceirizada até a contratação do fornecedor e a implementação. Através disto,
poderemos detectar suas falhas e desenvolver uma solução para as mesmas.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
16
3. A TERCEIRIZAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES E NO GRUPO ABRIL
O objetivo deste capítulo é apresentar os principais aspectos da terceirização em
geral e, mais especificamente, no Grupo Abril, tais como: as atividades terceirizadas,
as principais razões e dificuldades, a evolução e o processo de terceirização.
3.1. Terceirização: uma Importante Ferramenta para as Organizações e para
o Grupo Abril
Como uma das soluções para o problema da crise financeira, o Grupo Abril está: (1)
dedicando esforços nas atividades/ operações que realmente possam traduzir-se em
vantagens competitivas para a organização; (2) concentrando-se em “unidades de
negócios”, com um número cada vez mais restrito de atividades; (3) diminuindo o
número de processos; (4) reduzindo as estruturas administrativas (downsizing); e (5)
repassando a uma rede de outras organizações (fornecedores, subcontratadas)
atividades não-essenciais. Essa movimentação está sendo denominada de
terceirização.
QUEIROZ (1998) define: “A terceirização é uma técnica administrativa que
possibilita o estabelecimento de um processo gerenciado de transferência, a terceiros,
das atividades acessórias e de apoio ao escopo das empresas que é a sua atividade-
fim, permitindo a estas se concentrarem no seu negócio, ou seja, no objetivo final” .
Para KARDEC (2002), terceirizar não é simplesmente contratar atividades de menor
importância e que possam trazer alguma economia operacional para a empresa
contratante, e sim uma transferência para terceiros de atividades que agregam
competitividade empresarial, baseada em uma relação de parceria na qual traga
vantagens competitivas para a empresa contratante através de uma economia de
escala e para a contratada através de uma maior especialização.
Além disso, segundo MARINHO; AMATO (1995), a terceirização permite às
empresas funcionarem com estruturas mais flexíveis, ágeis e focadas em seu core
business, resultando em aumento de produtividade e melhorias de competitividade.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
17
LANKFORD; PARSA (1999) apresentam um estudo realizado com 50 organizações
do mundo, que revelou a existência de uma clara tendência ao uso da terceirização
mais como uma ferramenta estratégica do que um simples meio de controle de
custos.
No Brasil, assim como no Grupo Abril, a terceirização vem sendo aplicada como
uma alternativa eficaz para a empresa melhorar suas operações, tornando-se mais
eficientes nos processos com mais eficácia nos resultados, ganhando competitividade
e otimização econômica.
Como dito no capítulo anterior, a partir da metade da década de 90, o número de
terceirizações do Grupo aumentou consideravelmente. Em meados de 2000, iniciou-
se uma tentativa de venda e terceirização da Gráfica que não foi concretizada. O
valor oferecido pelas gráficas compradoras não estava compatível com o real valor já
que a máxima oferta de compra apresentada foi de U$$ 30 milhões de dólares, sendo
que seu valor era de U$$ 110 milhões. Esta diferença ocorreu, pois naquele momento
estava com capacidade ociosa e mão-de-obra cara e improdutiva. Como não foi
possível terceirizá -la e, somado a isto estava com capacidade ociosa, optou-se por
vender serviços gráficos para outras empresas. Porém, por ter alto custo de mão-de-
obra, seus serviços eram mais caros comparados aos concorrentes, resultando em
perdas de mercado. Uma das soluções encontrada foi a terceirização de atividades
que resultariam em redução de custo da mão-de-obra, aumento de sua
competitividade e compartilhamento de resultados.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
18
3.2. Tipos de Atividades Possíveis de Serem Terceirizadas
Segundo KARDEC (2002), existem três tipos de atividades nas organizações nas
quais a terceirização pode ser empregada:
• Atividade-Fim (Core business): é a atividade vocação, a razão de ser do
negócio.
• Atividades -Meio: são aquelas intimamente ligadas à atividade fim.
• Atividades -Acessórias: são aquelas necessárias para apoio às empresas
como um todo e não intimamente ligadas à atividade-fim. Ex: transporte,
alimentação, limpeza.
O quadro a seguir faz uma breve comparação entre as principais características das
atividades-meio e das atividades -fim:
Tabela 3.1: Características da atividade -meio e atividade -fim. Transcrito de QUEIROZ (1998)
Meio Fim
• São aqueles que agregam custos ao produto.
• Caracterizam-se como ações e atitudes
administrativas ou intermediárias no processo
produtivo, nas empresas, apoiando ou suportando
a produção, sem interferir na qualidade ou no
funcionamento do produto.
• Mantê-las como gestão própria, administrando-as
diretamente; traz incrementos no custo
operacional das empresas, que, repassado ao
preço final do produto, vai reduzindo a sua
competitividade e atratividade.
• São aquelas que agregam valor ao produto.
• Fazem parte intrínseca do processo produtivo.
Estão diretamente ligadas à qualidade e ao
funcionamento do produto.
• O gerenciamento desta atividade está sempre
dirigido para a melhoria do produto,
aprimorando- se a tecnologia, adquirindo novos
conhecimentos, que, aplicados no produto, o
farão mais atrativo e eficaz, moderno,
tecnicamente avançado e mais competitivo,
atendendo às necessidades do mercado. Com
isso aumenta o seu consumo, melhorando a
rentabilidade das empresas.
Excluído: 3
Excluído: 1
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
19
No Grupo Abril, grande parte das atividades terceirizadas ainda são as acessórias.
Entretanto, o número de atividades - meio terceirizadas ultimamente tem sofrido um
pequeno aumento. Isso ocorre devido à percepção, já dita anteriormente, pelo Grupo
de que a terceirização feita com uma relação de parceria com o fornecedor pode ser
uma importante ferramenta estratégica.
As principais atividades terceirizadas pelo Grupo são:
• Grupo Abril em geral: atividades-acessórias, tais como: limpeza,
segurança, administração predial, recepção, transporte, ambulatório,
mensageria, restaurante e manutenção elétrica, civil e hidráulica.
• Dinap: atividades -meio, tais como: manuseio, transporte das revistas
(empilhadeiras) e administração de encalhe de revistas. Esta última foi
primeirizada, pois, por ser uma atividade que não requer esforços físicos,
foi utilizada para alocar mão-de-obra deficiente a fim de completar a
quantidade necessária por lei.
• Gráfica: atividades-meio, tais como: movimentação de materiais
(empilhadeiras) e manutenção de equipamentos.
Além das atividades citadas anteriormente, grande parte do departamento de
Finanças, Tecnologia da Informação e Jurídico também foi terceirizada. Os únicos
departamentos administrativos que ainda não foram parcialmente terceirizados são:
Suprimentos e Recursos Humanos.
É importante ressaltar que em todas as terceirizações o Grupo mantém seu principal
capital intelectual, ou seja, aqueles que têm maior know how da atividade continuam
no comando da mesma com a função de gerenciar e coordenar os terceiros.
A ordem para a escolha das atividades a serem terceirizadas seguiu a seguinte lógica:
(1º) possibilidade de maior redução de custos e (2º) maior facilidade de
implementação.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
20
3.3. As Principais Razões para uma Terceirização
Até aproximadamente 1989, a terceirização no Brasil era conhecida somente como
uma contratação de serviços de terceiros com o objetivo de redução de custos de
mão-de-obra. As empresas utilizavam este recurso simplesmente para obter
economia em atividades pouco significativas sem se preocuparem em gerar ganhos
de qualidade, eficiência, especialização, eficácia e produtividade. Porém, nos países
desenvolvidos a terceirização já era caracterizada pela formação de parcerias e
alianças estratégicas de trabalho entre as organizações, visando atuação no mercado
com novos e melhores produtos e serviços, tecnologia apropriada, preços, custos e
riscos menores.
Entretanto, na última década, a terceirização no Brasil está evoluindo para um
modelo similar ao dos países desenvolvidos, na qual a redução de custos não é o
único objetivo. FILL; VISSER (2000) definem alguns outros fatores que levam à
terceirização:
• Redução e controle dos custos: ao terceirizar uma determinada atividade
ocorre a transformação de custos variáveis em fixos, o que causa maior
controle e previsibilidade dos mesmos. Além disso, como a atividade
terceirizada é a atividade core da empresa contratada, conclui-se que ela
terá ganhos de escala, transformando-o em ganhos de capacidade.
• Foco em atividades core da empresa: como o ambiente está se tornando
mais competitivo, as empresas têm notado que é impossível se
especializar em tudo, principalmente numa época de maior diversidade
tecnológica e de rápida evolução. Transferindo a responsabilidade da
atividade non core a terceiros, a contratante pode concentrar seus esforços
no seu core business, melhorando a qualidade e a competitividade do
produto final.
• Aumento da qualidade: considerando que a atividade non core da
contratante é core da terceirizada, é certo que ela terá acesso às últimas
tecnologias e know how, o que contribui para melhoria no produto final.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
21
• Considerações tecnológicas: sendo a atividade core para a terceirizada,
podemos considerar que esta investirá em novas tecnologias e,
conseqüentemente, a contratante usufruirá sem investir diretamente.
• Falta de capacidade: muitas vezes, devido à mudança de mercado ou ao
aumento de demanda, a contratante não tem mais capacidade ou interesse
em realizar investimentos.
• Enxugamento administrativo: a terceirização é um bom meio para
reduzir níveis hierárquicos e simplificar a estrutura organizacional, o que
por conseqüência, reduz custos administrativos e de pessoal (QUEIROZ;
1998).
Segundo ZHU; HSU; LILLIE (2001), uma pesquisa realizada em 176 empresas
americanas, que recentemente terceirizara m alguma atividade, revelou que a redução
de custos (59% dos entrevistados) foi o principal motivo. Entretanto, a melhoria da
qualidade (54%), a necessidade em focar no core business (46%) e a vantagem em
ter acesso ao know how do terceirizado (40%) também foram citados como fatores
importantes.
No Grupo Abril, as principais razões para a terceirização são similares ao resultado
da pesquisa realizada com as empresas americanas. Como dito anteriormente, o
principal motivo foi a necessidade de focalização no core business e a redução de
custos para enfrentar o problema da crise financeira. Iniciou -se, então, o processo de
terceirização de atividades, com o objetivo de redução de custos através de ganhos de
economia de escala e compartilhamento de recursos, aumento da qualidade,
inovações tecnológicas e acesso ao know how do terceirizado.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
22
3.4. Tipos de Terceirização
Segundo QUEIROZ (1998), as terceirizações podem ser classificadas de acordo com
suas características principais. Abaixo estão descritas somente as mais utilizadas:
• Desverticalização: ocorre sempre quando a contratante deixa de executar
internamente alguma atividade da cadeia produtiva, repassando-a para o
fornecedor que irá desenvolvê-la.
• Prestação do serviço: é a forma mais utilizada. O terceiro intervém na
atividade-meio do contratante, executando o trabalho nas instalações deste
ou onde for determinado.
• Compra de serviços: ocorre quando as empresas estão com capacidade
produtiva saturada e necessitam aumentar as suas atividades. Geralmente
buscam parceiros especializados para que possam complementar a sua
capacidade produtiva.
• Locação de mão-de-obra: esta forma de terceirização pode ocorrer de
duas maneiras: trabalho temporário ou trabalho sindicalizado.
• Desintegração: o fornecedor planeja e desenvolve as especificações
técnicas que o contratante apenas idealizou. O fornecedor cria e
concretiza o produto, ou seja, ele é o responsável por desenvolver um
know how a fim de tornar realidade aquilo que o contratante tem em
mente.
Na Abril, os principais tipos de terceirização são: desverticalização, prestação de
serviços e locação de mão-de-obra.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
23
3.5. Problemas e Dificuldades de uma Terceirização
Apesar da terceirização trazer resultados positivos, deve ser realizada
cautelosamente, pois pode suscitar problemas para a organização. Um dos mais
freqüentes é a dificuldade em coordenar as atividades e as pessoas e integrá-las com
a cultura da organização contratante. Além deste, podemos citar outros, conforme
alguns autores:
• Relacionamento com o fornecedor: um eventual choque cultural entre o
tomador e o prestador de serviços, os quais nem sempre seguem as
mesmas filosofias empresariais e de relações com os seus empregados,
causa falta de sincronia e cultura de parceria com baixa integração,
praticando-se uma política de perde -ganha (QUEIROZ; 1998).
• Falha de comunicação: a medida em que a terceirização se consolida e
torna-se mais intensa, é necessária uma rede de comunicação estruturada,
pois mesmo quando os requisitos estão bem especificados, essas variáveis
tendem a mudar ao longo do desenvolvimento. Portanto, para que a
qualidade seja mantida, é fundamental uma comunicação muito próxima
entre os envolvidos.
• Aumento da dependência de terceiros: em muitos casos de
terceirização, a empresa contratante perde sua flexibilidade por criar uma
dependência muito grande do terceirizado. Isso dificulta algumas
mudanças necessárias devido às exigências do mercado consumidor,
prejudicando a competitividade da contratante.
• Demissão de funcionários : como conseqüência da terceirização, grande
número de funcionários da empresa contratante é demitido, pois nem
sempre é possível realocá-los. Isto, muitas vezes, gera revolta daqueles
que continuam na empresa e têm relação com demitidos, tornando-se um
problema, pois pode prejud icar o resultado da empresa.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
24
• Mercado fornecedor: dependendo da atividade a ser terceirizada, existe
pouca mão-de-obra qualificada no mercado, causando um risco de queda
na qualidade. Outro problema que pode acontecer durante o processo é o
erro na escolha do fornecedor devido à falta de critérios adequados para
avaliação.
• Aspectos legais: muitas empresas terceirizadas não agem corretamente de
acordo com a legislação. Portanto, se não houver uma escolha adequada e
criteriosa do fornecedor, a empresa contratante poderá sofrer as
conseqüências dessa falta de idoneidade.
• Sindicatos : Segundo CHAO (2000), alguns sindicatos se opõem à
terceirização, pois acham que isto causa uma desqualificação profissional,
já que as empresas contratadas, em geral, trabalham com mão-de-obra
mais barata e desqualificada.
• Perda de controle sobre a qualidade do serviço e prazo: se o processo
não for acompanhado por uma exigência de qualidade assegurada nos
produtos ou serviços oferecidos pela empresa contratada e uma criteriosa
escolha do fornecedor, a contratante corre riscos de relação com os
clientes.
No caso do Grupo Abril, as principais dificuldades e problemas enfrentados estão
relacionados com a falha de comunicação, os aspectos legais, os sindicatos,
especialmente na Gráfica, e o mercado fornecedor.
Podemos destacar dois incidentes ocorridos recentemente: (1º) a área do
Departamento de Recursos Humanos responsável pela folha de pagamentos que foi
terceirizada teve de voltar a ser realizada pela Abril, pois o fornecedor não foi
escolhido segundo critérios adequados e necessários, mas por motivos políticos, e
(2º) a falha de comunicação e relação com o fornecedor da atividade de transporte de
materiais da gráfica – empilhadeiras, o que gerou desentendimentos e falhas no
processo.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
25
3.6. A Evolução da Terceirização no Mundo e no Grupo Abril
Como já foi citado em 3.3, a terceirização está passando por uma fase de evolução no
Brasil, no Grupo Abril e, mais intensamente, nos países desenvolvidos. Ultimamente,
além de ser considerada como uma ferramenta estratégica, vem sendo tratada por
muitas organizações como uma ferramenta transformacional.
Segundo estudo realizado por uma empresa de consultoria e publicado na revista
HSM Management, na última década, o conceito de terceirização vem mudando
radicalmente. Em alguns casos, evoluiu da “terceirização tradicional”, que visava
somente cortar custos e era relativa a um processo periférico da empresa (como
serviços de limpeza ou alimentação, por exemplo, que não exigem habilidades
específicas do fornecedor) para uma “terceirização estratégica”, na qual o objetivo é
ganhar rapidez e eficiência. Esta ocorre quando a empresa terceiriza várias atividades
menos aquelas que lhe podem gerar uma vantagem competitiva. Geralmente são
atividades administrativas ou de back office. Esse modelo de terceirização
colaborativa recebeu a seguinte sigla nos Estados Unidos: BPO – business process
outsourcing, ou seja, “terceirização de processos de negócios”.
Já em outros casos, a evolução está sendo mais avançada. A terceirização passou a
ser além de estratégica, um instrumento para a transformação dos processos de
negócios mais críticos das empresas. Nesse modelo, os contratantes constroem
verdadeiras parcerias com seus terceirizados. Nos Estados Unidos, a sigla é: BTO –
business trasformation outsourcing, ou seja, “terceirização transformacional”.
Nas entrevistas realizadas no Grupo Abril, constatou-se que a terceirização ainda
encontra-se no modelo de terceirização BPO – business process outsourcing, e sabe-
se que ainda demorará alguns anos para evoluir até a fase BTO – business
transformation outsourcing, pois ainda é tratada como uma ferramenta estratégica e
não transformacional já que esse processo de intensificação de terceirização é recente
por ter-se iniciado somente no final da década de 90.
O quadro a seguir mostra as principais características de cada fase da terceirização,
com destaque para o estágio em que se encontra na Abril:
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
26
Tabela 3.2: Características das fases de evolução da terceirização.
Transcrito da revista HSM Management
A evolução da terceirização
Terceirização convencional
Terceirização colaborativa
Terceirização transformacional
Objetivo
Repassar funções de apoio para um fornecedor especialista a fim de reduzir custos e concentrar os executivos nas questões centrais
Atualizar processos não-centrais com o objetivo de reduzir despesas e propiciar maior flexibilidade para responder às constantes mudanças do negócio
Transformar a maneira pela qual a empresa funciona, de forma a alcançar uma melhoria do desempenho drástica e sustentável por toda a empresa.
Papel do parceiro
Executar a função de apoio
Responsabilizar-se pelo redesenho e pelo gerenciamento dos processos não-centrais
Colaborar para transformar o negócio
Abordagem
Serviços padronizados Taxa de serviço baseada em transações Escala e escopo de serviços reduzidos
Serviços flexíveis e personalizados Preço baseado no valor obtido Serviços escalonáveis para atender às constantes mudanças do negócio
Serviços interligados para mudar o negócio radicalmente Estrutura financeira baseada em resultados; compartilhamento de riscos Prestação de serviço acelerada
Benefícios típicos
20% de redução de custos Acesso às melhores práticas Melhores oportunidades de carreira Melhor enfoque gerencial Nível de serviços igual, mas uniforme Risco financeiro compartilhado
50% de redução de custos Acesso a qualificações competitivas Melhoria das oportunidades de carreira Melhoria do foco gerencial Nível de serviço mais alto e uniforme Maior flexibilidade e velocidade Risco operacional compartilhado
50% de redução de custos Acesso a qualificações críticas Melhores oportunidades de carreira Melhor enfoque gerencial Nível de serviços superior e uniforme Maior flexibilidade e velocidade Risco estratégico compartilhado 50% de aumento de participação no mercado Duplicação da receita Mudança na base de concorrência
Excluído: 3
Excluído: 2
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
27
3.7. As Fases de um Processo de Terceirização Comum a Várias Empresas
Segundo QUEIROZ (1998), o processo de terceirização possui seis etapas a serem
seguidas: planejamento, decisão, busca de fornecedores, contratação dos parceiros,
avaliação e correção.
Na fase de Planejamento, depois de definida as capacidades centrais da empresa, ou
seja, atividades dife renciais em relação à concorrência, é realizado um benchmarking
interno para avaliar cada processo individualmente. A alta gerência avalia e compara
a eficiência de diversas atividades, destacando aquelas que são fontes de desperdício
de recursos ou de falta de habilidade.
Em seguida, deve-se analisar como deverá ser o perfil do fornecedor e o
relacionamento entre o contratante e o contratado. FRANCESCHINI et. al. (2004)
propõem uma forma de análise de relacionamento em que se avaliam duas
características principais: especificidade e complexidade.
A especificidade do serviço está relacionada ao nível de reutilização dos processos/
mercadorias em diversas aplicações. Essa especificidade pode depender da
localização geográfica ou de habilidades exclusivas quanto a recursos e técnicas.
Portanto, quanto maior a reutilização por parte do fornecedor, menor será a
especificidade.
A complexidade refere-se à dificuldade de controle e de definição dos termos e
condições de contrato do processo terceirizado. Existem dois níveis de avaliação,
baixo e alto, para definir essas características. A combinação delas resulta em quatro
tipos possíveis de relacionamento conforme figura a seguir:
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
28
Figura 3.1: Quadro com os tipos de relacionamento entre contratante e fornecedor. Transcrito da revista HSM Management
As características de cada um dos quatro tipos de relacionamento estão detalhadas na
tabela a seguir:
Tabela 3.3: Características dos tipos de relacionamento entre fornecedor e contratante. Transcrito da revista HSM Management
Principais características dos diversos tipos de relacionamento entre terceirizado e contratante
Fornecedor tradicional:
Relacionamento temporário:
União estratégica:
Organização em rede:
Objetivo Resolução de um problema imediato
Obtenção de melhores habilidades
Agregação de valor
Melhor posicionamento no mercado futuro
Tipo de relacionamento
Cliente/fornecedor Híbrido entre cliente/fornecedor e parceira
Parceira Parceria
Duração Curto prazo Médio/longo prazo Longo prazo Longo prazo
Estratégia Pequena Associada para viabilizar o processo terceirizado
Segue a estratégia da empresa
Associada à missão da empresa
Grau de confiança Não é essencial So bre as habilidades Elevado e recíproco
Máximo e recíproco
Aspectos a serem avaliados
Produtividade, redução de custos, tempo de reação
Eficiência, melhor dos processos
Vantagem competitiva, lucro
Inovação, criação de novos mercados
Modelos de preços Baixo Baseado no custo e com risco partilhado
Ganho máximo Ganho máximo
Os quatro tipos de relacionamento contratante-fornecedor
Espe
cific
idad
e
Alta
Baixa
AltaBaixa Complexidade
(de acordo com os graus de complexidade e especificidade)
Relacionamento temporário
Fornecedor tradicional
Organização em rede
União estratégica
Excluído: 3
Excluído: 1
Excluído: 3
Excluído: 3
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
29
Pelas características das atividades terceirizadas no Grupo Abril (restaurante,
mensageria, segurança, manutenção de equipamentos, etc.) nos últimos anos,
conclui-se que boa parte do relacionamento entre a empresa e o fornecedor é o
tradicional. Entretanto, como está trazendo resultados positivos para a empresa, e
assim, comprovando sua importância, nota-se uma grande tendência em um
estreitamento na relação com o fornecedor, evoluindo para uma relação de parceria.
Na fase de Decisão, deve-se analisar as informações obtidas na primeira fase,
realizar benchmarkings externos e optar por uma terceirização ou não.
Na fase de Busca, o principal objetivo é a análise dos benchmarkings externos para a
escolha dos fornecedores. Segundo FRANCESCHINI et. al. (2004), o contratante
pode optar por associar-se a um fornecedor único, a diversos fornecedores ou a
vários contratados coordenados por um fornecedor-líder.
• Fornecedor único: as duas empresas atuam juntas, o fornecedor
compreende as necessidades do cliente e oferece serviços melhores.
• Fornecedores diversos (mais de um fornecedor, todos gerenciados pelo
contratante): essa estratégia exige um esforço importante para monitorar e
coordenar diversos fornecedores. No entanto, permite serviços melhores e
custos mais baixos.
• Fornecedores integrados (mais de um fornecedor, todos gerenciados por
um terceirizado): essa estratégia traz as mesmas vantagens das duas
citadas anteriormente. Entretanto, o contratante enfrenta menos problema
de coordenação, pois interage apenas com o fornecedor-líder, que é o
responsável pelo desempenho dos demais.
A abordagem mais adequada é escolhida segundo alguns critérios de seleção, tais
como: posicionamento de mercado (poder de barganha), preço, qualidade,
capacidade de gerenciar o relacionamento entre as empresas e características da
atividade a ser terceirizada.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
30
A fase de Contratação de Terceiros refere-se à determinação do tipo de contrato e
seu desenvolvimento. É formalizada a relação entre as partes, na qual é estabelecido
o tipo de relacionamento, o tempo de duração, os objetivos, os acordos dos níveis de
serviços, os critérios de avaliação e o modo de atuar no caso de controvérsias.
Na fase de Avaliação, os fornecedores são avaliados segundo os critérios e níveis de
serviços estabelecidos na fase anterior.
Em seguida, tem-se a fase de Correção, na qual os resultados obtidos na fase
anterior são apresentados aos fornecedores e providências são tomadas para que haja
um ajuste entre os objetivos da contratante e os resultados da contratada.
A seguir, tem-se um esquema-resumo das fases de terceirização segundo QUEIROZ
(1998):
Figura 3.2: Esquema das seis fases do processo de terceirização. Transcrito de QUEIROZ (1998)
Planejamento •Análise e identificação das áreas terceirizáveis. •Formação do perfil do terceiro e definição de qualidade e especialidade. •Cronograma do projeto de terceirização. •Preparação do público interno.
Decisão •Análise das informações obtidas na fase do planejamento. •Comparação entre os dados da gestão.
•Definição de terceirizar.
Busca •Seleção de terceiros. •Pré-qualificação das empresas prestadoras de serviços.
Contratação dos parceiros •Determinação do tipo de contrato.
•Finalização do processo de contratação.
Correção (preposto do parceiro) •Contatos com o prestador para ajustar. •Realimentação do prestador dos resultados da avaliação. prestadoras de serviços.
Avaliação (preposto do tomador) •Acompanhamento da execução dos serviços. •Auditoria dos aspectos técnicos, da qualidade, trabalhista e administrativo.
Excluído: 3
Excluído: 2
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
31
3.8 O Processo de Terceirização do Grupo Abril e suas Particularidades
Atualmente, o fluxo inicial do processo de terceirização de determinada atividade do
Grupo se inicia quando os próprios responsáveis ou empregados relacionados a ela,
visualizam uma possível vantagem ou necessidade de terceirização. Estudos e
benchmarkings internos e externos são realizados para que se possa ter uma visão
geral de sua viabilidade. Os resultados são, então, apresentados a um Comitê
Diretivo composto por diretores e gerentes que aprovam ou reprovam a continuação
do processo. Se este for aprovado, os responsáveis podem continuar o processo
diretamente ou recorrer à área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos, que
inicia a segunda etapa através da aplicação de uma Metodologia de Sourcing
implantada desde 1999.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
32
Figura 3.3: Fluxo do processo inicial de decisão de terceirização do Grupo Abril.
Elaborado pela autora
Idéia da Terceirização
Estudos Preliminares:
benchmarking externo e interno
Resultado dos
Inviável
Busca de Fornecedor pela área de Planejamento e
Estratégia de Suprimentos
Processo de Terceirização através
da Metodologia de Sourcing
Fim do Processo
Apresentação ao Comitê Diretivo
Aprova
Reprova Fim do
Processo
Busca de Fornecedor diretamente pela área em
questão
Excluído: 3
Excluído: 3
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
33
3.8.1. A área responsável pelos processos de terceirização
A área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos tem como uma de suas
principais responsabilidades desenvolver os processos de terceirização do Grupo
Abril. Além disso, é responsável em desenvolver projetos de sourcing de materiais,
prospecção e inteligência de mercado e monitorar e avaliar as economias obtidas em
cada projeto.
Conforme organograma abaixo, a área é uma das subdivisões de Suprimentos,
pertencendo ao segmento Serviços Compartilhados do Grupo.
Figura 3.4: Organograma do Grupo com destaque para a área de PES.
Elaborado pela autora
A estrutura da área é bem enxuta composta somente por uma consultora, dois
compradores e dois estagiários:
VP ServiçosCompartilhados
Finanças
Administração
Logística eDistribuição
OperaçõesIndustriais
Tecnologia deInformação
MÍDIAELETRÔNICA
TVAEDUCAÇÃOVP Comercial
CARAS
Bravo!
Fundação Victor Civita
Publicações
Escola
Presidência
Suprimentos
Planejamento eEstratégia deSuprimentos
ComprasIndustriais
Compras NãoIndustriais
Contratos
Informação eControle
Excluído: 3
Excluído: 4
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
34
Figura 3.5: Organograma da área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos – PES.
Elaborado pela autora
Apesar de ser uma área pequena e nova, criada em 1999, torna-se cada vez mais
importante estrategicamente. Como conseqüência, tem aumentado a gama de
clientes, que podem ser todas as áreas do Grupo, inclusive as áreas internas de
Suprimentos. O contato entre a área e o cliente ocorre através de duas maneiras,
conforme esquema a seguir:
Figura 3.6: Fluxo de contato entre as áreas clientes e a área PES Elaborado pela autora
Estagiário EstagiárioComprador
Consultora
Comprador
Áreas Clientes: Unidades de
Negócios
Área de PES recorre à área cliente
Área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos
Área cliente recorre à área de PES
Excluído: 3
Excluído: 5
Excluído: 3
Excluído: 6
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
35
3.8.2. A metodologia de sourcing utilizada nos processos de terceirização
Como dito anteriormente, a área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos,
responsável por alguns processos de terceirização, utiliza uma metodologia de
sourcing desenvolvida em 1999 por uma empresa de consultoria para aplicar tanto
em terceirizações quanto para realizar a busca estratégica de fornecedores de
materiais para fechamento de contrato e busca de novos prestadores de serviços já
terceirizados. No caso, estudaremos somente as etapas e particularidades
correspondentes a um processo de terceirização.
Os principais objetivos que a empresa visa atingir com a aplicação desta metodologia
são: redução de custos totais de aquisição de materiais e serviços, ganhos
qualitativos, estabelecimento de processos de suprimentos que englobem aspectos
estratégicos, táticos e operacionais, definição de métricas que dêem apoio à gestão e,
por fim, fortalecimento significativo da posição de negociação do Grupo.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
36
Etapas da Metodologia
Esta metodologia está estruturada em sete etapas principais conforme figura a seguir:
Figura 3.7: As sete etapas do processo de sourcing utilizado pela área de PES.
Elaborado pela autora
Levantamento do Perfil daFamília e Indústria
Desenvolvimento dasEstratégias de Suprimentos
Criação do Portfólio deFornecedores
Definição do Direcionamento daImplantação
Seleção dos FornecedoresCompetitivos
Integração Operacional com osFornecedores
Implementação eMonitoramento
ENTRADA: Estudo preliminar realizado pela áreacliente e aprovação do Comitê Diretivo para dar
início ao processo de terceirização
SAÍDAS:
Terceirização viável - fechamento de contrato
Terceirização inviável - novos estudos para tentar outrasalternativas
Excluído: 3
Excluído: 7
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
37
1) Levantamento do Perfil da Família e da Indústria
Nesta primeira etapa do processo, após definida qual área ou atividade
será terceirizada, é feito um levantamento geral das características da área
e do mercado fornecedor. As informações levantadas geralmente são:
especificações, processos de compras e volumes. Em seguida, é analisada
a estrutura e a dinâmica da indústria fornecedora, identificado a posição
da empresa em relação ao mercado fornecedor.
Entretanto, a área apresenta deficiência nesta etapa, pois as informações
obtidas por ela são genéricas, não focalizando nas características
detalhadas de cada atividade, sub-atividade e suas relações com as demais
partes do processo.
2) Desenvolvimento das Estratégias de Suprimentos
Nesta etapa, são desenvolvidas as estratégias de suprimentos após a
análise da situação atual da família, obtida através dos resultados da etapa
anterior. Essas estratégias são: quantos e quais tipos de fornecedores
participarão, quanto tempo levará o processo, quais serão os critérios de
seleção dos fornecedores, quem participará de cada etapa do projeto, entre
outros.
Porém, se os dados levantados na etapa anterior não estiverem corretos e
detalhados, as decisões estratégicas a serem tomadas provavelmente não
estarão corretas e alinhadas com a real necessidade da atividade, gerando
resultados abaixo das expectativas ou retrabalho.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
38
3) Criação do Portfólio de Fornecedores
Após a decisão da estratégia de suprimentos ser tomada, identificam-se
os possíveis fornecedores potenciais do mercado através de
recomendações ou benchmarkings externos e internos. Em seguida, é
desenvolvido e enviado a estes fornecedores um questionário
denominado RFI – Request for Information.
Estes RFIs são documentos nos quais são feitas perguntas gerais, tais
como: faturamento, investimento realizado, tempo de atuação, mercado
de atuação, principais concorrentes, etc.
Com base nas respostas dos questionários e nos critérios estabelecidos na
segunda etapa do processo, os fornecedores são avaliados e selecionados
para participarem da próxima etapa.
4) Definição do Direcionamento da Implementação
A partir da compilação das respostas do RFI, determina-se como será
realizada a próxima etapa do processo, ou seja, quantas empresas
realmente participarão da etapa de cotação e como esta será feita: se o
Grupo Abril estabelecerá um escopo da atividade a ser cotada ou se a
proposta ficará livre a escolha do fornecedor.
Desenvolve-se, então, um documento estratégico de cotação denominado
RFQ – Request for Quotation, no qual a atividade a ser terceirizada é
descrita e especificada para que seja feita a cotação. Entretanto, se não é
feito um levantamento detalhado e um estudo estratégico na etapa inicial
do processo, no momento da definição do escopo da atividade, a área
apresenta dificuldades, o que pode resultar em retorno à etapa inicial ou
em uma proposta de terceirização incorreta.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
39
5) Seleção dos Fornecedores Competitivos
Após desenhado o RFQ e enviá-lo ao mercado fornecedor, a área analisa
e desenvolve um mapa comparativo das propostas de cotação. Com base
neste mapa e em critérios definidos na etapa de Desenvolvimento das
Estratégias de Suprimentos, que envolvem os aspectos estratégicos e
técnicos, são selecionados os fornecedores qualificados para a fase de
negociação, onde são discutidos pontos estratégicos, operacionais e
comerciais, e definido qual será a empresa a prestar o serviço.
6) Integração Operacional com os Fornecedores
Após definida a empresa, são desenvolvidos planos de implementação e
planos de comunicação entre o fornecedor e os empregados do Grupo
Abril envolvidos com a atividade a ser terceirizada.
Durante esta fase de fechamento de contrato e implantação, são
desenvolvidos os acordos de níveis de serviço (SLA – Service Level
Agreement). Os responsáveis por esta tarefa são os próprios consultores e
estagiários da área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos. Porém,
por não terem muito conhecimento da atividade e de SLAs, a área
apresenta grandes dificuldades em desenvolvê-los.
7) Implementação e Monitoramento
Após a implementação, o desempenho do terceirizado é avaliado
continuamente pelo gestor responsável pela atividade para que se possa
compará-lo com os níveis de serviço acordados.
A terceirização nas organizações e no Grupo Abril
40
No Grupo Abril, os contratos de terceirização geralmente são revisados após o
primeiro ano e têm vigência de 3 a 4 anos. Se for necessária a busca de novos
fornecedores, a área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos realiza um novo
sourcing. Caso contrário, os próprios responsáveis pela atividade renovam o contrato
e estabelecem novos níveis de serviço.
Como se pode notar, as etapas do processo de terceirização do Grupo, apesar de suas
particularidades e de ser realizado através de uma metodologia pré-definida, são
similares às apresentadas por QUEIROZ (1998) e descritas no item 3.7.
Definição do Problema
41
4. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
A proposta deste capítulo é descrever e analisar o problema enfrentado pela área de
Planejamento e Estratégia de Suprimentos para realizar os processos de terceirização,
e suas conseqüências. Com base neste estudo, determinaremos o objetivo do trabalho
em questão.
4.1. O Mau Aproveitamento na Aplicação da Metodologia de Sourcing
Apesar da metodologia de sourcing, utilizada pela área de Planejamento e Estratégia
de Suprimentos nos processos de terceirização, estar bem desenvolvida e detalhada, a
área apresenta falhas e dificuldades na realização de duas etapas: (1ª) Etapa 01 –
Levantamento do Perfil da Família e da Indústria, e (2ª) Etapa 06 – Integração
Operacional com os Fornecedores.
A primeira etapa é considerada a mais importante, pois é nela que se realiza o
diagnóstico da atividade no qual são identificados os problemas, as características e
as especificidades para que se possa traçar as estratégias e o perfil necessário do
fornecedor. Entretanto, apesar da sua importância, sabe-se que em muitos processos
ela não é realizada ou é realizada de maneira inadequada e incompleta. São
levantadas somente informações que se tornam necessárias ao longo do processo,
sendo que geralmente são características específicas sem serem feitas análises mais
complexas e profundas da atividade, dividindo-a em sub-atividades e relacionando-a
com o processo como um todo.
Portanto, a falta de um esquema estruturado que auxilie no diagnóstico da atividade
gera demora no processo, informações erradas ou incompletas e resultados negativos,
como por exemplo, percepção da inviabilidade da terceirização somente nas últimas
etapas e terceirizações concluídas com o resultado abaixo das expectativas. Como
conseqüência, tem-se a insatisfação do cliente, imagem negativa da área e muitos
processos de terceirizações realizados diretamente pelas áreas cliente sem passar pela
área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos.
Definição do Problema
42
Um caso recente, na qual a deficiência na etapa levou a perda de tempo e resultados
negativos, foi a tentativa de terceirização de uma das atividades do processo
produtivo da gráfica conhecido como Saída de Máquina do Acabamento.
Neste processo, os principais motivos para a terceirização eram a redução de custos e
a legislação, pois grande parte da mão-de-obra contratada para os momentos de pico
não estava de acordo com a lei. Portanto, durante a primeira etapa, foi necessário o
levantamento do número de empregados envolvidos e o custo atual para compará-lo
com o apresentado pelos fornecedores. Entretanto, como não foi feito um estudo
aprofundado da atividade para determinar o custo total e detalhado e o número de
operários em cada sub-atividade, notou-se somente no final do processo que o custo
estava errado, prejudicando o resultado da terceirização, pois a estratégia e a busca
do fornecedor foi baseada no determinado inicialmente.
O caso descrito acima é um exemplo em que a falha na etapa pode causar sérias
conseqüências, tais como: perda de tempo, resultados abaixo do esperado ou até
mesmo negativos, e prejuízos na imagem da área.
Após algumas entrevistas com os funcionários da área, pôde-se chegar à conclusão
de que a principal razão para o problema é a falta de uma metodologia padrão, com
um ckeck list descrevendo os passos a serem percorridos, as informações necessárias
e as pessoas responsáveis por cada tipo de informação.
Já na etapa de integração operacional com os fornecedores, a área tem grandes
dificuldades em desenvolver os acordos de níveis de serviço (service level agreement
– SLA), que são acordos com indicadores de desempenhos estabelecidos entre o
contratante e fornecedor a fim de monitorar e acompanhar a evolução do serviço,
servindo como um instrumento gerencial. Esta dificuldade ocorre, pois esta tarefa foi
atribuída à área recentemente. Como nenhum dos funcionários possui habilidade e
conhecimento neste assunto que está relacionado com a parte contratual do processo,
alguns acordos de níveis de serviço não estão satisfatórios ou apropriados.
Conseqüentemente, eles não são medidos e acompanhados prejudicando o Grupo.
Definição do Problema
43
Atualmente, para determinar os acordos a área utiliza contratos prontos como
exemplo e entrevistas com pessoas ligadas à atividade em questão. Entretanto, não
são feitos estudos detalhados para verificar a viabilidade e adequação dos mesmos.
Portanto, um manual que ajude a área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos
será importante para que esta possa definir os acordos com base em informações
concretas e corretas.
Estes dois problemas comprometem a imagem da área, pois muitos clientes
desenvolvem a terceirização por conta própria sem a utilização da Metodologia de
Sourcing, pois sabem que alguns resultados são comprometidos e fornecedores são
prejudicados em suas avaliações por definições incorretas dos acordos (SLAs) ou
momentos de medições.
4.2. Objetivo do Trabalho
O objetivo do trabalho é desenvolver um check list que dê suporte à área de
Planejamento e Estratégia de Suprimentos nos processos de terceirização do Grupo
Abril, com foco em duas etapas: (1) Levantamento de Informações e (2)
Desenvolvimento dos Acordos de Níveis de Serviço.
O check list auxiliaria e guiaria estas etapas, já que a principal dificuldade é a falta de
uma metodologia estruturada que detalhe tudo a ser feito e como ser feito, pois o
descaso das pessoas diretamente relacionadas à atividade desestimula e prejudica a
área. Este descaso é facilmente justificado, pois na maior parte dos casos, os
entrevistados são empregados que, devido à terceirização, têm grande possibilidade
de serem demitidos.
Em seguida, aplicaremos este check list em uma das áreas do Grupo, que será
escolhida de acordo com as necessidades do gerente da área de Suprimentos, a fim de
verificarmos sua viabilidade e utilidade.
Fundamentação Teórica
44
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esse capítulo visa apresentar o embasamento teórico para entender melhor o foco do
problema e dar base à metodologia que será utilizada para solucionar o problema em
questão, ou seja, desenvolver o check list que focará em duas etapas do processo de
terceirização: Diagnóstico da Atividade ou Área e Desenvolvimento dos Acordos de
Níveis de Serviço (SLAs).
5.1. Sistema de Produção
Para desenvolvermos a primeira parte do check list referente à fase de diagnóstico da
atividade, cujo objetivo é desenvolver um guia com todas as etapas que devem ser
realizadas para caracterizar e compreender o alvo da terceirização, nos basearemos
na bibliografia sobre Sistema de Produção.
De acordo com SLACK et. al. (1996), o sistema de produção em uma organização
representa a união de recursos destinados à produção de seus bens e serviços. Apesar
de não ser o único sistema, é central para a organização, pois produz bens ou serviços
necessários para a sua existência.
Para caracterizarmos uma área e/ ou uma atividade devemos considerar todos os
aspectos relacionados a ela. SINK; TUTTLE (1989) propõem um diagrama aplicável
a qualquer sistema de produção, baseado no modelo geral de sistemas:
Figura 5.1: Sistemas de Produção.
Transcrito de KEMPENICH (2000)
Sistemas amontante
(fornecedores)
Entradas daOrganização
Transformaçõesque agregam
valor
Saídas daOrganização
Sistemas ajusante
(clientes)
Excluído: 5
Excluído: 1
Fundamentação Teórica
45
O diagrama acima nos possibilita enumerar as cinco partes necessárias para se
identificar um sistema de produção específico:
• Fornecedores – quem fornece as entradas;
• Recursos – que entradas ele necessita;
• Operações – como ele interage as entradas para produzir as saídas;
• Produtos – quais são as saídas que ele entrega;
• Clientes – quem recebe suas saídas.
Para SLACK et. al. (1996), o propósito da administração da produção, a
transformação de recursos de entrada em bens e serviços, é ilustrado em um
diagrama input – transformação – output. Dentro do processo de transformação,
podemos verificar todas as subáreas e suas responsabilidades, tais como: selecionar,
localizar e organizar a transformação dos recursos. Isto é, elas determinam a natureza
e o timing do fluxo de recursos transformados.
No entanto, para produzir um output adequado, é necessário, nos casos de
terceirização, alinhar as os objetivos e estratégias da contratante com as atividades da
produção realizadas pelo fornecedor. Para tanto, é necessário conhecer
detalhadamente as particularidades do sistema a ser terceirizado, seus inputs e
outputs e sua importância para o result ado final da organização.
Fundamentação Teórica
46
Figura 5.2: Modelo geral de administração da produção.
Adaptado de MA (2003)
5.2. Desempenho
A bibliografia sobre Desempenho e Medidas de Desempenho nos auxiliará a
desenvolver a segunda parte do check list que se referirá ao desenvolvimento dos
acordos de níveis de serviço.
Para definirmos todos os possíveis aspectos de um sistema que podem ser
monitorados e controlados e, que nos refletirá o desempenho do fornecedor, nos
basearemos nos pontos apresentados por SLACK et. al. (1996) e SINK (1985).
Segundo SLACK et. al. (1996), desempenho é a relação entre um objetivo planejado
e o que foi realmente realizado. Assim, as medidas de desempenho procuram
verificar se as metas estabelecidas estão sendo atingidas. A avaliação pode ser
realizada através de cinco objetivos de desempenho:
• Qualidade : fazer certo as coisas, isto é, não cometer erros;
• Rapidez: fazer as coisas com rapidez, isto é, minimizar o tempo entre o
cliente solicitar os bens e serviços e recebê-los;
• Confiabilidade: fazer as coisas em tempo, ou seja, manter os compromissos
de entrega assumidos com seus clientes;
Inputs OutputsTransformação
•Matéria-Prima
•Informações
•Consumidores
•Instalações
•Pessoal
•Recursos a seremtransformados
•Bens e Serviços
Excluído: 5
Excluído: 2
Fundamentação Teórica
47
• Flexibilidade: mudar o que faz, isto é, estar em condições de mudar ou de
adaptar as atividades para enfrentar circunstâncias inesperadas;
• Custo: fazer as coisas mais baratas, ou seja, produzir bens e serviços que
possibilite fixar preços apropriados ao mercado e ainda permitir retorno à
organização.
5.2.1. Medidas de Desempenho
A medição do desempenho possibilita direcionar esforços e recursos para monitorar
o fornecedor a fim de melhorar o desempenho dos processos e atividades da empresa
para que estes se aproximem dos valores ideais.
De acordo com as estratégias estabelecidas, pode-se adotar diferentes medidas de
desempenho. Segundo SINK (1985), as medidas de desempenho de um sistema
produtivo podem ser divididas em sete enfoques:
• Eficácia
• Eficiência
• Produtividade
• Qualidade
• Lucratividade
• Qualidade de vida no trabalho
• Inovação
Fundamentação Teórica
48
Figura 5.3: Definições operacionais dos sete critérios de desempenho.
Transcrito de HOTTA (2003)
A seguir, analisaremos cada um dos sete tipos de medidas de desempenho, que
segundo a ótica de SINK; TUTTLE (1989), não são excludentes, existindo
dependência e relacionamento entre eles:
Eficácia: está relacionada à obtenção de resultados corretos. É a comparação do que
foi planejado com o que foi realmente obtido. Portanto, deve comparar resultados
obtidos com resultados planejados, sendo uma medida do desempenho do sistema
com foco nas suas saídas.
Eficiência: está relacionada com o consumo de recursos de modo correto. É a
comparação entre os recursos que se esperava consumir para realizar uma meta,
objetivo e atividades com os recursos que realmente foram consumidos. Portanto, é a
é a medida do desempenho do sistema com foco nas suas saídas.
Sistemas amontante
(fornecedores)
Entradas daOrganização
Transformações que agregam
valor
Saídas daOrganização
Sistemas ajusante
(clientes)
Lucratividade
Produtividade
EficiênciaInovação
Qualidade de vida no trabalho
Eficácia
QUALIDADE
Eficácia = Saídas Obtidas
Saídas Planejadas
Excluído: 5
Excluído: 3
Fundamentação Teórica
49
Produtividade: é a relação entre os outputs gerados de um sistema e os inputs
utilizados para criar estes outputs. Além disso, produtividade é a relação do volume
produzido por um determinado sistema durante um período de tempo e a quantidade
de recursos consumidos para gerar os outputs no mesmo período de tempo.
Qualidade: mede o nível de atendimento do sistema das expectativas e necessidades
dos clientes internos e externos. SINK; TUTTLE (1989) destacam que a eficiência e
efetividade são tópicos relacionados exclusivamente em um ponto do processo
(entradas e saídas, respectivamente), a qualidade é mais abrangente se relacionando
com todos os estágios do ciclo de vida do sistema de produção.
O diagrama abaixo ilustra os cinco pontos de avaliação da qualidade:
Figura 5.4: Definição operacional da qualidade.
Transcrito de KEMPENICH (2000)
Sistemas amontante
(fornecedores)
Entradas daOrganização
Transformaçõesque agregam
valor
Saídas daOrganização
Sistemas ajusante
(clientes)
Ponto deAvaliação 1
Ponto deAvaliação 2
Ponto deAvaliação 3
Ponto deAvaliação 4
Ponto deAvaliação 5
Eficiência = Consumo Previsto de Recursos
Consumo Efetivo de Recursos
Produtividade = Outputs
Inputs
Excluído: 5
Excluído: 4
Fundamentação Teórica
50
Abaixo apresentaremos como medir a qualidade em cada um dos pontos de
avaliação:
ü Ponto de Avaliação 1: selecionar e gerenciar os fornecedores adequadamente;
ü Ponto de Avaliação 2: comparar o nível de qualidade obtido nos recursos com
o esperado;
ü Ponto de Avaliação 3: medir e avaliar a qualidade no processo;
ü Ponto de Avaliação 4: nível de garantia de que as saídas do sistema de
produção estão saindo da maneira esperada em termos de qualidade;
ü Ponto de Avaliação 5: comparação da percepção dos clientes em relação ao
serviço obtido com seus desejos, necessidades e expectativas.
Lucratividade: é a relação entre o resultado financeiro alcançados e os custos e
recursos despendidos. Pode ser medida através de diversos tipos de índices.
Qualidade de vida no trabalho: é a resposta emocional ou reação das pessoas
envolvidas com o sistema de produção aos fatores como pagamento, condições de
trabalho, relacionamento, etc. É importante, pois acredita-se que se as pessoas não
estiverem satisfeitas com estes fatores poderão influenciar negativamente no
desempenho geral do sistema.
Inovação: está relacionada com o desenvolvimento de produtos ou processos
alternativos a fim de atender as exigências e pressões dos clientes.
Fundamentação Teórica
51
5.3. Rede de Indicadores
Neste item trataremos especificamente sobre indicadores, sua importância e seus
aspectos. Isto nos ajudará na segunda parte do check list , no momento em que será
necessário desenvolver os indicadores que medirão o nível de serviço de cada ponto
julgado importante para ser monitorado.
Para KEMPENICH (2000), os indicadores de desempenho são ferramentas criadas
com a finalidade de mostrar a situação do sistema de produção frente a determinadas
variáveis. Para criar um sistema de medição de desempenho, deve-se analisar a
resposta para as seguintes perguntas: Por que medir? O que medir? e Como medir?
• Por que medir?
Uma das principais razões para medir o desempenho de um sistema de produção é a
capacidade de se buscar suporte e ferramentas para melhoria. Com a medição, tem-se
dados necessários para analisar a capacidade do sistema, estimar futuros níveis de
performance e satisfazer a necessidade de determinação dos resultados para as ações
tomadas e saber como agir para melhorar (onde focar as atenções e onde alocar
recursos).
• O que medir?
Neste momento, deve-se pensar em como determinar o que deve ser medido e o que
não deve, ou seja, deve-se buscar as regras para a criação da rede de indicadores de
desempenho que devem ser utilizados.
SINK; TUTTLE (1989) enfatizam a importância de se começar a projetar a rede de
indicadores de desempenho em níveis menores, aumentando o nível de detalhamento
nas atividades mais críticas. Para eles, uma rede de indicadores completa deve incluir
indicadores globais e informações sobre os sete critérios de desempenho citados
Fundamentação Teórica
52
anteriormente: eficiência, eficácia, qualidade, produtividade, qualidade de vida no
trabalho, inovação e lucratividade.
No item a seguir, descreveremos alguns métodos para a elaboração da rede de
indicadores de desempenho desenvolvidos por alguns autores.
• Como medir?
SINK; TUTTLE (1989) consideram que o melhor sistema de medição é aquele que
faz “uma combinação apropriada do quantitativo com qualitativo, do subjetivo com o
objetivo, do intuitivo com o explícito”. KEMPENICH (2000) enumera alguns fatores
que devem ser considerados na utilização da rede de indicadores:
ü A utilização da rede deve ser direcionada para a ação;
ü As medições devem ser realizadas rotineiramente, a intervalos regulares
de tempo;
ü A quantidade de informações não deve ser nem muito grande (de modo a
gerar confusão), nem muito pequena (causando ignorância dos fatos);
ü Deve-se focar não só nos valores médio, mas também nas suas variações
ao longo do tempo;
ü A rede de indicadores deve permanecer em revisão constante a fim de que
partes percebidas como desnecessárias sejam retiradas e novas
necessidades encontradas possam ser incluídas através da criação de
novos indicadores.
Fundamentação Teórica
53
5.4. Métodos para Elaboração de Indicadores
A seguir apresentaremos alguns métodos para obtenção de indicadores de
desempenho, que nos ajudarão na primeira e segunda parte do check list , pois em
todos eles é necessário realizar, primeiramente, uma análise daquilo que será medido.
Esta análise, em nosso caso, entrará na primeira parte do check list, na qual é feito
um diagnóstico do alvo da terceirização.
Segundo MA (2003), existem diversos métodos. Alguns deles serão citados a seguir:
• Gerenciamento por Processos – de acordo com UTIMURA (1999), é uma
metodologia para contínua avaliação, análise e melhoria dos processos-chave do
negócio;
• Modelo de Santori e Anderson – UTIMURA (1999) cita este método, no qual
os indicadores são elaborados para verificar se os objetivos estratégicos da
organização estão sendo atingidos. Contudo, as medidas de desempenho podem
ser influenciadas por outros fatores como estrutura de recompensas, organização
da companhia e ambiente operacional;
• Método de Muscat-Fleury – descreve que a escolha de quais indicadores medir
e monitorar estão vinculados a uma decisão anterior com base na estrat égia
competitiva da empresa e dos fatores críticos do sucesso para a estratégia
selecionada;
• Balanced Scorecard – conforme KAPLAN; NORTON (1992), a rede de
indicadores é criada relacionando os objetivos estratégicos e englobando quatro
perspectivas da empresa: Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizado
e Crescimento.
Aqui será detalhado o método de Gerenciamento por Processo de acordo com
UTIMURA (1999), que é a metodologia de maior interesse para o trabalho.
Fundamentação Teórica
54
5.4.1. Gerenciamento por Processos – Process Management
Segundo UTIMURA (1999), no Gerenciamento por Processos pode-se identificar
algumas etapas distintas a serem descritas a seguir:
Figura 5.5: Etapas do método de Gerenciamento por Processos.
Transcrito de UTIMURA (1999)
1. Seleção dos objetivos estratégicos da empresa: vêm estabelecidos em relação
à vários elementos, tais como: a missão da empresa, plano estratégico,
cenário do mercado e os principais pontos críticos da organização.
2. Seleção dos Fatores-Chave: correspondem ao conjunto de variáveis críticas
de sucesso necessárias e suficientes que permitem à organização alcançar os
objetivos estratégicos.
3. Seleção dos Processos Relacionados aos Fatores-Chave: para cada um dos
fatores-chave é preciso relacionar todos os processos do negócio necessários
atingir a satisfação dos clientes.
Seleção e Objetivo Estratégicosde Referência
Seleção dos Fatores Chave
Seleção dos Processos Relacionadosaos Fatores-Chave
Seleção dos Processos Prioritários
Enquadramento do Processo
Identificação das Necessidades dosClientes e Definição dos Indicadores
de Desempenho
Registro do Fluxo do Processo
Avaliação dos Subprocessos
Seleção dos Subprocessos Críticos eTipos de Melhoria a Perseguir
Desdobramento dos SubprocessosCríticos
Estabelecimento dos Requisitos daQualidade e Indicadores de
Desempenho Interno
Atuação para Alcançar as Melhorias
Comprovação das Melhorias,Padronização e Indicação de Novas
Prioridades
Excluído: 5
Excluído: 5
Fundamentação Teórica
55
4. Seleção dos Processos Prioritários: para cada um dos processos são feitas
avaliações do impacto sobre os negócios e da qualidade de seu desempenho
em função do atendimento das expectativas dos clientes. São selecionados os
processo prioritários, ou seja, aqueles que têm maior impacto nos negócios e
pior desempenho.
5. Atribuição das Responsabilidades pelo Processo: os planos para a melhoria
do processo são atribuídos ao responsável pelo processo.
6. Enquadramento do Processo: são identificados as missões do processo, suas
fronteiras e seus macro-indicadores de desempenho.
7. Identificação das Necessidades dos Clientes e Definição dos Indicadores de
Desempenho: juntamente com o cliente, devem ser identificadas suas
necessidades para os principais produtos e serviços. Com base nisso, define-
se os indicadores de desempenho relacionados a essas necessidades, com o
objetivo de medir o desempenho e avaliar as melhorias.
8. Registro do Fluxo do Processo: é realizado um mapeamento do processo,
identificando todos os subprocessos e seus responsáveis, e a relação
fornecedor-cliente interna ao processo.
9. Avaliação dos Subprocessos: são avaliados cada um dos subprocessos,
considerando o nível de impacto sobre a eficiência do processo como um
todo e seu atual estágio de desempenho.
10. Seleção dos Subprocessos críticos e tipos de melhoria a perseguir: são
selecionados os tipos de melhorias que devem ser alcançados para cada
subprocesso.
11. Desdobramento dos Subprocessos Críticos: os seguintes aspectos devem ser
considerados: caracterização, limites, fluxograma, listagem dos inputs e seus
fornecedores e listagens dos outputs e seus clientes.
Fundamentação Teórica
56
12. Estabelecimento dos Requisitos da Qualidade e Indicadores de Desempenho:
são identificados os requisitos de qualidade dos inputs e outputs e seus
respectivos indicadores da qualidade.
13. Atuação para Alcançar as Melhorias: são elaborados diagramas de causa e
efeito dos subprocessos de pior desempenho, definindo um sistema de
controle e uma matriz das ações de melhoria que destaque os problemas, suas
causas, as ações sugeridas, os responsáveis pela implantação e os prazos
previstos. Os ciclos PDCA ( Plan, Check, Do, Analise) devem ser aplicados
sistematicamente.
14. Comprovação das Melhorias, Padronização e Indicação de Novas
Prioridades: deve-se verificar constantemente os indicadores, atuando
naqueles em que houver queda de desempenho e buscando a origem do
problema. Para estes casos, deve-se procurar novas prioridades para
intervenção repetindo as análises sobre a fase 6. Nos casos em que o
desempenho está de acordo com as expectativas são estabelecidos padrões
para as modificações introduzidas no processo através de documentação e
procedimentos.
5.5. Justificativa para a Metodologia Escolhida
Utilizaremos como base para desenvolver a primeira parte do check list o método de
Gerenciamento por Processos. É importante observar que as etapas do método de
Gerenciamento por Processos apresentado por UTIMURA (1999) não serão
aplicadas em uma área da organização a fim de desenvolver indicadores, ou seja, não
seguiremos passo a passo todas as etapas apresentadas. O nosso objetivo é
justamente desenvolver um método similar, mas que se enquadre nas condições e
especificidades dos processos de terceirização do Grupo Abril. Portanto, com base
em entrevistas e análises da situação atual, adaptaremos o método de UTIMURA
(1999), criando um novo que atenda as necessidades do Grupo.
Fundamentação Teórica
57
Foi escolhido o método de Gerenciamento por Processos apresentado por
UTIMURA (1999), pois os modelos de Santori e Anderson, Muscat-Fleury e o
balanced scorecard levam em consideração a meta e o objetivo estratégicos da
empresa na elaboração dos indicadores. Já o de Gerenciamento de Processos, por
mais que também considere as estratégias da empresa, tem um enfoque acentuado na
análise de atividades e processos, que é justamente o que nos importa neste
momento.
Portanto, como UTIMURA (1999) em seu método faz uma profunda análise dos
processos para definir os indicadores, utilizaremos algumas das etapas apresentadas
por ele a fim de desenvolvermos nosso próprio método para a primeira parte do
check list.
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
58
6. DESENVOLVIMENTO DO CHECK LIST PARA OS PROCESSOS DE
TERCEIRIZAÇÃO
O objetivo deste capítulo é desenvolver o check list que estabeleça as diretrizes para
o levantamento de informações e desenvolvimento de Acordos de Níveis de Serviço
(SLAs) para os processos de terceirização do Grupo Abril.
Em outras palavras, o capítulo pretende trazer como resultado um “manual de
instruções”, mostrando passo a passo o que deve ser feito e os cuidados que devem
ser tomados durante essas etapas.
A partir da análise da situação atual apresentada no capítulo 4 deste trabalho,
pudemos ter uma visão geral de como essas etapas são realmente feitas, quais são as
dificuldades e suas conseqüências.
Para desenvolvermos este check list , nos basearemos na experiência da autora do
trabalho que estagia na área, em entrevistas com o gerente da área de Suprimentos,
funcionários da área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos, as equipes
envolvidas nas últimas terceirizações e em autores já citados no capítulo 5, cujas
obras se relacionam com o tema.
6.1. As Partes que Compõem o Check list
Como dito anteriormente, o objetivo do check list é focar em duas etapas do processo
de terceirização do Grupo Abril: diagnóstico do alvo de terceirização e
desenvolvimento de SLAs. Para tanto, o mesmo será composto por duas partes
básicas:
• Parte A: referente à fase inicial do processo de terceirização. Conterá os passos a
serem seguidos para uma análise detalhada da área e/ ou atividade, e estará
dividida em dois tópicos: (1) etapas a serem percorridas na fase inicial de
diagnóstico da área e/ ou atividade e, (2) informações a serem levantadas durante
a etapa.
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
59
• Parte B: referente exclusivamente à etapa de elaboração dos SLAs.
Figura 6.1: Fluxograma do Check list Proposto. Elaborado pela autora
Podemos concluir, com base na revisão bibliográfica apresentada no capítulo 5, que
essas duas partes se interagem, pois com o levantamento da Parte A serão definidos
os pontos críticos e os níveis de serviço a serem medidos e monitorados na Parte B.
Figura 6.2: Esquema representativo da relação entre as Partes A e B. Elaborado pela autora
CHECK LIST PROPOSTOCHECK LIST PROPOSTO
Parte AParte AAnálise da Atividade
Parte BParte BDesenvolvimento dos SLAs
Parte A1Parte A1Estudo detalhado da
atividade
Parte A2Parte A2Tipos Básicos de Informações a
seram levantadas
DECISÃO DE
TERCEIRIZAÇÃO
Parte A: Diagnóstico e
Levantamento de Dados
Desenvolvimento de SLAs
Che
ck li
st
Outputs
Inputs
Excluído: 6
Excluído: 1
Excluído: 6
Excluído: 2
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
60
É importante observar que o check list a ser desenvolvido poderá ser utilizado
independentemente do alvo da terceirização, que pode ser desde uma área inteira até
pequenas atividades desenvolvidas por ela. Deste ponto em diante, o alvo será
tratado no check list como sendo uma área, o que não impede de utilizá -la na
terceirização de atividades.
6.2. Parte A: Fase de Diagnóstico
Iniciaremos o desenvolvimento deste manual através da Parte A, na qual a atividade
em questão deverá ser analisada. Para tanto, nos basearemos em bibliografias sobre
Gerenciamento por Processos, cujo tema pode ser relacionado ao objetivo deste
trabalho.
Como já dito, o Gerenciamento por Processos é uma metodologia de contínua
avaliação, análise e melhoria dos processos-chave do negócio, ou seja, processos que
impactam a satisfação do cliente, sendo que esta satisfação é medida através de
indicadores de desempenho. Como o objetivo é desenvolver um manual que auxilie a
analisar a área para que se detecte informações relevantes e críticas a fim de que a
terceirização seja bem sucedida e, a partir desta análise, sejam definidos indicadores
de desempenho para monitoramento do serviço realizado pelo fornecedor,
utilizaremos como base a metodologia de Gerenciamento por Processos apresentada
por UTIMURA (1999). Entretanto, algumas adaptações serão necessárias para
adequá-la às necessidades da área.
6.2.1. Parte A.1: Análise das características da área
O objetivo deste item é desenvolver um manual apropriado para as necessidades da
área com base no que foi apresentado sobre Gerenciamento por Processos. Não
seguiremos todas as etapas apresentadas por UTIMURA (1999), pois neste primeiro
momento algumas delas não são interessantes e necessárias para atender os objetivos
desta parte do check list.
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
61
A seguir, enumeraremos todas as etapas que pertencerão a esta etapa, detalhando e
justificando cada uma delas:
1) Visão Geral da Área/ Atividade
Neste primeiro momento deve-se fazer uma análise geral da área para entender sua
estrutura, função e principais atividades desempenhadas. Não é necessário fazer um
estudo detalhado, pois isto será feito nas próximas etapas.
2) Análise do Fluxo da Área/ Atividade:
Nesta etapa, deve-se realizar um mapeamento da área dividindo-a em sub-atividades.
Em seguida deverão ser registradas suas inter-relações, ou seja, o fluxo de
informações, serviços ou produtos existentes no processo atual, e as cinco partes
necessárias para se identificar um sistema de produção conforme SINK; TUTTLE
(1989) definem: fornecedores, recursos, operações, produtos e clientes.
Com isto, entenderemos a área e teremos uma visão detalhada, conhecendo suas
características, o que é necessário em caso de terceirizações, pois trabalhamos com
as particularidades de cada fornecedor, sendo importante saber o que é adequado ou
não para aquilo que queremos terceirizar.
3) Análise da Relação da Área/ Atividade com o Processo como um Todo:
Nesta etapa, deve-se analisar a relação da área em questão com o restante do
processo para determinar sua importância e os impactos que pode causar. Como
resultado, saberemos o quão importante ela é para a organização e,
conseqüentemente, o grau de detalhamento e cuidado que devemos ter para que o
resultado da terceirização não seja negativo.
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
62
Além disso, devemos realizar esta análise para verificarmos seus reais problemas e
suas conseqüências, e saber se as dificuldades e falhas encontradas são realmente
devido à área em questão ou à alguma área anterior do qual ela é dependente.
A partir da figura a seguir, que apresenta um simples esquema da relação entre as
áreas, podemos detalhar como deverão ser feitas as entrevistas.
Tomemos como exemplo a análise da área A, a ser terceirizada, que recebe insumos
e informações da área B e fornece resultados para a área C.
Figura 6.3: Inter-relação entre áreas/ atividades.
Elaborado pela autora
O responsável por esta análise deve entrevistar os gerentes e os funcionários
envolvidos nas áreas A, B e C. Sobre a área A, deve-se levantar informações sobre
quais são as dificuldades encontradas, as reclamações feitas por C, e as falhas da área
B que afetam o resultado. Para a entrevista com C, deve-se perguntar quais são os
pontos fortes e fracos de A, e para a entrevista com B, quais são as reclamações de
A.
Este confronto de informações é necessário, pois muitas vezes os responsáveis pelos
problemas que geram as reclamações feitas por C não são os da área A, e sim os de B
que podem entregar coisas erradas afetando o resultado de A. Portanto, devemos ter
bem definidas as limitações e dependências de cada área para não exigirmos dos
fornecedores responsabilidades que não dependem deles e sim da própria contratante.
Devemos observar que neste caso foi feito um esquema simples de relação entre as
áreas. Entretanto, podemos encontrar casos em que esta relação é mais complexa
com várias áreas envolvidas. Neste caso, o estudo da relação entre elas deve ser feito
Área/ Atividade Área/ Atividade AAÁrea/ Atividade
BBÁrea/ Atividade
CC
Excluído: 6
Excluído: 3
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
63
da mesma maneira que o apresentado anteriormente, sendo que a única coisa a mudar
será o número de entrevistas a serem feitas.
4) Definição dos Objetivos e Fatores Críticos de Sucesso:
A próxima atividade a ser feita é a definição dos objetivos e dos fatores críticos de
sucesso da área em questão para sabermos quais são os principais pontos e
informações a serem detalhados adiante e quais são as características imprescindíveis
que os fornecedores do serviço devem apresentar. A partir desta primeira análise,
podemos ter uma idéia de qual será a estratégia a ser adotada pela área para abordar
os fornecedores e conduzir o processo.
Para que seja possível determinar os objetivos e os fatores críticos de sucesso, o
responsável por esta etapa deverá pesquisar qual é a Missão da área a ser terceirizada
através de entrevistas com o principal responsável ou, caso já esteja pré-estabelecido,
pesquisar nos documentos da organização.
Em seguida, com base na Missão, deve-se definir junto ao responsável quais são os
principais objetivos e quais são os fatores críticos necessários e suficientes para que a
área possa alcançar os objetivos estabelecidos.
Entretanto, sabemos que somente esta análise não é o suficiente para podermos
definir com clareza a estratégia a ser adotada, pois ainda não sabemos as
características, particularidades e dificuldades da área.
5) Identificação das Necessidades dos Clientes:
Nesta etapa, a partir de entrevistas junto aos principais clientes da área, são definidas
quais são as reais necessidades dos clientes. Com isso, podemos averiguar se os
objetivos e os fatores críticos de sucesso da área, levantados do ponto de vista do
gerente na primeira etapa, estão de acordo com o que realmente é desejado da área.
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
64
Depois de realizada esta comparação e este alinhamento, podemos definir o que
devemos procurar e estabelecer como critérios na escolha dos fornecedores.
6) Definição dos Pontos Críticos de Controle:
Depois de definidas as necessidades dos clientes, devemos estabelecer quais são os
pontos críticos de controle para que estas necessidades sejam atendidas. Estes pontos
de controle são justamente as características em que devemos nos atentar durante a
escolha do fornecedor a fim de que a terceirização tenha um resultado satisfatório.
Para defini-los deverão ser confrontados os fatores críticos de sucesso estabelecidos
pelo responsável da área a ser terceirizada e as necessidades e problemas dos seus
clientes levantados na etapa anterior. Este confronto é importante, pois a partir disto
poderão ser definidos os principais e reais pontos críticos.
Após realizada estas cinco etapas da Parte A.1 do check list, temos condições de
traçar as estratégias e critérios para a escolha dos fornecedores, pois saberemos como
a atividade funciona, seus detalhes, seus reais problemas e falhas e as expectativas de
seus clientes.
Com as informações obtidas, devemos confrontar três principais características da
área: fatores críticos de sucesso, reais problemas e necessidades dos clientes. Assim,
alinharemos a realidade com as expectativas.
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
65
Figura 6.4: Etapas desenvolvidas para a Parte A1. Elaborado pela autora
6.2.2 Parte A.2:Informações a serem levantadas durante fase de diagnóstico
Durante as entrevistas a serem realizadas na Parte A.1, algumas informações devem
ser levantadas para termos as características e especificações da área. Para tanto,
desenvolveremos a Parte A.2 que ajudará a área a estruturar e organizar aquilo que
deverá ser obtido em um processo de terceirização.
Com base, em entrevistas e experiência da área, podemos estabelecer seis tipos
básicos de informações a serem levantadas:
PARTE A1PARTE A1
Definição dos Objetivos e dos Fatores Críticos de Sucesso
Definição dos Objetivos e dos Fatores Críticos de Sucesso
Análise da Relação da Área/ Atividade com o resto do Processo
Análise da Relação da Área/ Atividade com o resto do Processo
Análise do Fluxo da Área/ Atividade Análise do Fluxo da Área/ Atividade
Identificação das Necessidades dos Clientes
Identificação das Necessidades dos Clientes
Definição dos Pontos Críticos de Controle
Definição dos Pontos Críticos de Controle
Visão Geral da ÁreaVisão Geral da Área
Excluído: 6
Excluído: 4
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
66
1) Mão-de-Obra: deve caracterizar todos os tipos e níveis de funcionários
envolvidos, a quantidade, as particularidades e capacitações exigidas para realizar
cada uma das tarefas.
Tabela 6.1: Informações a serem levantadas referentes à mão-de-obra. Elaborado pela autora
Tipo Básico de Informação (TBI) Itens a serem levantados por TBI
Capacitação
Características e particularidades
Função com breve descrição
Mão-de-Obra
Quantidades por função
2) Volume: deve caracterizar todos os tipos de volumes possíveis e exigidos da área
com sua sazonalidade, dependências e particularidades.
Tabela 6.2: Informações a serem levantadas referentes ao volume. Elaborado pela autora
Tipo Básico de Informação (TBI) Itens a serem levantados por TBI
Sazonalidade
Dados históricos Volume
Previsão de demanda
3) Equipamentos: deve caracterizar todos os equipamentos necessários para
realizar cada uma das atividades, sua importância e necessidade, quantidade e
capacitação técnica para operá-los.
Tabela 6.3: Informações a serem levantadas referentes aos equipamentos. Elaborado pela autora
Tipo Básico de Informação (TBI) Itens a serem levantados por TBI
Tipos
Descrição
Quantidades por tipo Equipamentos
Vida útil
Excluído: 6
Excluído: 1
Excluído: 6
Excluído: 2
Excluído: 6
Excluído: 3
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
67
4) Custo: devem ser levantados todos os custos que servirão de valor base para
compararmos com o orçado pelos possíveis fornecedores. Devem estar
maximamente detalhados para que facilite esta comparação e não sejam
cometidos erros.
Tabela 6.4: Informações a serem levantadas referentes ao custo. Elaborado pela autora
Tipo Básico de Informação (TBI) Itens a serem levantados por TBI
Custo total
Custo por atividade Custo
Custo unitário
5) Especificações: devem ser levantadas todas as especificações técnicas,
funcionais e de qualidade de cada atividade para determinar as capacitações e
características que os fornecedores devem ter para atender as exigências da
contratante.
Tabela 6.5: Informações a serem levantadas referentes a algumas especificações. Elaborado pela autora
Tipo Básico de Informação (TBI) Itens a serem levantados por TBI
Funcionais
Técnica Especificações
Qualidade
6) Gerais: neste item são contemplados todo os outros tipos de informações que
forem necessárias e que não foram levantadas anteriormente.
Tabela 6.6: Informações gerais a serem levantadas. Elaborado pela autora
Tipo Básico de Informação (TBI) Itens a serem levantados por TBI
Avaliação de desempenho
Problemas Gerais
Impacto na qualidade final
Excluído: 6
Excluído: 4
Excluído: 6
Excluído: 5
Excluído: 6
Excluído: 6
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
68
Os seis tipos básicos apresentados são generalizações para serem aplicados em
diversos casos. Porém, em determinadas situações, alguns serão aplicáveis enquanto
outros deverão ser substituídos por tipos mais adequados para melhor detalhar a área
a ser terceirizada.
6.3. Parte B: Desenvolvimento dos Acordos de Níveis de Serviço (SLAs)
Nesta parte do check list, desenvolveremos um manual que facilite a área a
estabelecer os níveis de serviço necessários para monitorar e controlar o fornecedor
escolhido. Este manual deverá ser aplicado durante a fase final do processo de
terceirização quando já estiver definido quem será o fornecedor.
6.3.1 Acordos de Níveis de Serviço: Noções Gerais
Para podermos desenvolver o manual que auxilie o estabelecimento de SLAs,
devemos, inicialmente, ter uma noção básica dos seus principais aspectos, tais como:
definição, objetivos, importância e composição.
1) Definição de Service Level Agreement
Segundo HILES (1994), o Acordo de Nível de Serviço ou Service Level Agreement
(SLA), como é conhecido nas empresas, é um acordo estabelecido entre uma
empresa e seu fornecedor (prestador de serviço ou área interna da empresa) para a
garantia dos processos e objetivos de ambas as companhias e manutenção de nível de
serviço especificado e definido por ambas as partes. Deve definir e parametrizar o
relacionamento entre cliente e fornecedor garantindo a flexibilidade que o negócio do
cliente requer e o comprometimento que o fornecedor necessita.
HILES (1994) considera que todas as palavras que compõem a expressão SLA são
importantes para ajudar a melhor defini-lo:
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
69
• É um acordo: isto é, é negociado e envolve um entendimento das necessidades e
limites de cada parte – contratante e contratado – provavelmente resultando em
compromisso.
• A qualidade definida no SLA é a mínima aceitável, sendo que “mínimo” não é
pejorativo, pois qualquer aumento na qualidade resultará em maior custo e este
aumento pode ser excessivo, portanto, desnecessário. Entretanto, este nível
mínimo deve ser suficiente para suportar as atividades do cliente.
2) O objetivo do SLA
Um acordo de nível de serviço pode ser estabelecido, a princípio, para qualquer tipo
de prestação de serviço com o principal objetivo de medir e acompanhar a evolução
do serviço como instrumento para ação gerencial, fortalecer a relação fornecedor-
cliente, tornar o processo de medição objetivo e a performance quantificável.
3) A importância do Service Level Agreement
Atualmente, o SLA tem sido uma importante ferra menta de controle dos
fornecedores e de melhoria contínua dos processos. Com o aumento do número de
terceirizações e do estreitamento da relação entre terceirizado e terceiro, tornando-se
uma parceria, cada vez mais as empresas têm implantado os SLAs para aprimorar
seus processos.
Entretanto, por se tratar de um conceito recente e que tem provado sua importância
para as empresas somente nos últimos anos, nota-se que ainda não é uma ferramenta
muito explorada o que causa problemas e dificuldades em sua definição e
implantação.
Como dito anteriormente, o Grupo Abril é um dos casos em que o aumento do
número de terceirizações levou à necessidade do estabelecimento dos SLAs para
melhor controle dos fornecedores. Entretanto, por ser utilizada com mais intensidade
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
70
e importância somente nos últimos anos e pela falta de bibliografias ou manuais que
ajudem a estabelecê-los, nota-se que a empresa enfrenta algumas deficiências neste
aspecto.
4) As etapas de um SLA
A implantação de um SLA pode ser divida em quatro etapas principais citadas
abaixo:
• Etapa 1: Avaliação
ü Identificação dos pontos focais do cliente e do fornecedor;
ü Identificação das necessidades dos clientes.
• Etapa 2: Elaboração
ü Formalização dos serviços e das atividades a serem monitoradas;
ü Formalização dos envolvidos e das responsabilidades no relacionamento;
ü Definição dos indicadores.
• Etapa 3: Implementação
ü Definição dos valores objetivos;
ü Definição das multas, penalidades e bonificações;
ü Formalização das condições e controles para a realização dos serviços e
atividades;
ü Definição de como serão avaliados os serviços e as atividades.
• Etapa 4: Monitoramento
ü Avaliação do cumprimento do acordo;
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
71
ü Definição dos novos valores objetivos;
ü Aplicação de multas, penalidades e bonificações.
5) Composição do SLA
O acordo do nível de serviço pertence ao contrato de prestação de serviços, sendo um
aditivo composto pelas seguintes partes:
Tabela 6.7: As partes que compõem um Acordo de Nível de Serviço (SLA). Elaborado pela autora
Objetivo Descrição do objetivo do indicador.
Definição Definição detalhada do indicador e do serviço e atividade a ser monitorada.
Meta O intervalo meta que o contratado deverá atingir.
Fórmula Descreve a fórmula para calcular o indicador.
Ferramenta Software que será usado para calcular e gerenciar o indicador.
Responsabilidade do Contratado
Descreve quais são as responsabilidades do contratado quanto ao gerenciamento do SLA.
Responsabilidade do Contratante
Descreve quais são as responsabilidades do contratante quanto ao gerenciamento do SLA.
Periodicidade Define a periodicidade em que o indicador será medido.
Geralmente, a forma como os dados são coletados, em que instante e qual o
instrumento utilizado variam de acordo com a organização contratante e contratada.
Estes aspectos são acordados considerando a necessidade e disponibilidade de ambas
as partes. Nos Acordos de Níveis de Serviço, eles são formalizados e descritos na
parte “Responsabilidade do Contratante e Responsabilidade do Contratado” para que
não haja dúvidas e problemas futuramente.
Excluído: 6
Excluído: 7
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
72
6.3.2 Desenvolvimento da Parte B do Check list
Esta parte conterá duas etapas a serem seguidas para o desenvolvimento de um SLA.
Assim como na Parte A, estes serão definidos com base em entrevistas e
bibliografias de temas relacionados ao assunto.
01) Análise dos pontos críticos de controle
Para que se possa estabelecer um SLA, primeiramente devemos saber quais são os
fatores críticos de sucesso para que o objetivo seja atingido e quais as atuais
deficiências que prejudicam o resultado daquilo a ser terceirizado. Em seguida,
devemos analisar as reais necessidades dos clientes para fazermos uma comparação
dos fatores de sucesso e deficiências, previamente definidos, com o que realmente é
esperado.
O objetivo desta análise é desenvolver somente o número mínimo de indicadores que
alinhem a realidade às necessidades dos clientes, pois se sabe, pela experiência da
área, que quanto maior o número de SLAs estabelecidos maior a probabilidade de
estes não serem medidos e acompanhados devido ao tempo e trabalho necessários
para tanto.
As informações necessárias nesta etapa são resultados obtidos na Parte A deste check
list. Portanto, o usuário deste manual deverá somente reavaliar aquilo que já foi
levantado no início do processo.
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
73
Figura 6.5: Relação entre as Partes do check list. Elaborado pela autora
02) Definição do SLA
Nesta etapa, alguns passos devem ser seguidos a fim de determinarmos todos os
pontos necessários para que o SLA esteja completamente estabelecido. Estes passos
estão de acordo com as partes que compõem um SLA de acordo com a tabela 6.7
apresentada anteriormente.
PARTE A1PARTE A1
Definição dos Objetivos e dos Fatores Críticos de Sucesso
Definição dos Objetivos e dos Fatores Críticos de Sucesso
Análise da Relação da Área/ Atividade com o resto do Processo
Análise da Relação da Área/ Atividade com o resto do Processo
Análise do Fluxo da Área/ Atividade Análise do Fluxo da Área/ Atividade
Identificação das Necessidades dos Clientes
Identificação das Necessidades dos Clientes
Definição dos Pontos Críticos de Controle
Definição dos Pontos Críticos de Controle
Etapa 01: Análise dos Pontos Críticos de Controle (PCC)
Etapa 01: Análise dos Pontos Críticos de Controle (PCC) )
INPUTS
Visão Geral da ÁreaVisão Geral da Área
PARTE BPARTE B
Excluído: 6
Excluído: 5
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
74
A) Categorias
Com base nos pontos levantados na etapa anterior, deve-se definir cada SLA a ser
medido a fim de que o desempenho do fornecedor seja avaliado e comparado com as
necessidades do Grupo.
Com base na bibliografia sobre Desempenho e Medidas de Desempenho apresentada
anteriormente e em alguns contratos com SLAs já estabelecidos, a autora deste
trabalho definiu sete tipos básicos de categorias em que os SLAs podem ser
classificados:
• Qualidade: refere -se, em geral, ao nível de atendimento do fornecedor
em relação às expectativas e necessidades dos clientes. Sabe-se que a
qualidade é um tópico abrangente que pode ser medido em todos os
estágios do ciclo de vida de um serviço.
• Confiabilidade do serviço: refere-se à entrega do serviço de maneira
correta e precisa. Além disso, considera a disponibilidade e flexibilidade
do fornecedor em atender as mudanças e exigências do contratante.
• Segurança: refere-se à necessidade de que o fornecedor mantenha
segredo quanto à tecnologia, dados ou know how do contratante.
Geralmente, esta categoria é mais aplicada em serviços de tecnologia da
informação, na qual o banco de dados do contratante deve ser mantido em
sigilo.
• Equipamentos: refere-se à qualidade dos equipamentos, quantidade, tipo,
marca, prazo para troca e inovações tecnológicas.
• Mão-de-obra: refere -se à capacitação técnica, quantidade da mão-de-
obra, condições de trabalho e se estão de acordo com as exigências legais.
• Prazo: refere-se, basicamente, à entrega do serviço dentro do prazo
acordado entre o fornecedor e o contratante.
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
75
• Produtividade: refere-se a todos os aspectos que representam a
produtividade do fornecedor, ou seja, a relação do volume produzido
durante um período de tempo e a quantidade de recursos consumidos,
porém devem ser monitorados somente os pontos que são realmente
fundamentais.
O usuário deste manual deve analisar os result ados da Etapa 01 e definir em quais
categorias descritas acima os pontos críticos a serem controlados podem ser
classificados.
B) Definição dos Indicadores
Neste momento, para cada categoria de SLA escolhida, deve-se definir todos os
indicadores que medirão cada aspecto pertencente às categorias, assim como sua
respectiva fórmula e suas unidades de medida.
Segundo MA (2003), estes indicadores devem apresentar algumas características
fundamentais para permitir uma correta medida de produtividade do serviço. Isto é,
os indicadores devem ser:
• Válidos: mostrar o que se deseja medir;
• Corretos e precisos: fidelidade ao estado do fenômeno;
• Completos: abranger todas as partes importantes;
• Único e mutuamente exclusivos: não redundância, evitando mais de uma
avaliação para o mesmo item;
• Quantificáveis e confiáveis: resultados válidos, que sejam
numericamente quantificáveis e apresentem dimensões definidas para
evitar erros de interpretação;
• Compreensíveis: simples e inteligível;
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
76
• Controláveis: passíveis de ações corretivas;
• Rastreáveis: levar ao foco do problema através da desagregação do
indicador.
Os sistemas de indicadores não devem ser extensos e complicados a fim de
minimizar custos e perdas de tempo.
C) Definição das Metas
Após definidos todos os indicadores e suas fórmulas, deve-se, então, estabelecer três
aspectos principais:
• Valor meta ou objetivo: é um valor médio que dependerá do nível de
serviço desejado para cada aspecto a ser medido e controlado e da sua
importância para o resultado final da área/ atividade.
• Multa: para cada indicador medido haverá um intervalo em que o valor
meta poderá variar, dependendo de sua criticidade. Caso o fornecedor
passe o intervalo ficando abaixo das expectativas do contratante, este
sofrerá uma multa.
• Bonificação: da mesma maneira que a multa, caso o fornecedor passe o
intervalo, ficando acima das expectativas do contratante, poderá sofrer
uma bonificação. É importante ressaltar que nem sempre há bonificações,
pois, muitas vezes, não faz diferença para o contratante que o fornecedor
supere as expectativas por já ter sido estabelecido o mínimo necessário e
suficiente.
Para definir as multas e bonificações devem ser considerados os seguintes aspectos:
relevância, custos envolvidos na atividade, valor que pode agregar ao produto final, o
quanto influi na qualidade do processo, etc.
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
77
Os intervalos e os valores das multas e bonificações devem ser definidos conforme
interesse de ambas as partes, sendo que a ordem de grandeza dessas não pode
equivaler ou ser maior que o valor pago pelo serviço prestado.
É importante observar que as porcentagens que definem os intervalos para cada
criticidade variarão conforme a área, as necessidades do contratante e do contratado.
Portanto, não será possível pré-definirmos todos os valores neste check list, sendo
que os mesmos deverão ser estabelecidos a partir de um acordo entre o contratante e
o contratado.
Na figura a seguir apresentaremos um exemplo do que foi descrito acima através de
um esquema da relação entre a criticidade de determinado indicador e o intervalo em
que deve estar o valor meta:
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
78
Figura 6.6: Exemplo de definição de multas e bonificações. Elaborado pela autora
Criticidade
EX:
ALTA MÉDIA BAIXA
105% 96% 110% 92% 99 % 102% 1
Valor Objetivo Médio: 95% do pedidos atendidos mensalmente
Criticidade: Média
Haverá multa e bonificação 2
Multa Bônus
Valor Objetivo: 95% dos pedidos 99,75% 91,2%
Supondo que o valor medido seja de 90%, então o fornecedor sofrerá multa.
1: As porcentagens não foram definidas com base em critérios, servindo somente como exemplos
OBS:
2: Neste caso haverá bonificação, pois é interessante para a contratada que a % de pedidos atendidos aumente, por mais
que seja maior que o mínimo definido
% do valor objetivo
Premissas
Excluído: 6
Excluído: 6
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
79
D) Definição da Periodicidade
A periodicidade em que cada indicador será medido dependerá da facilidade em
medi-lo, isto é, do custo e do tempo despendidos, e da sua importância. Com base em
alguns SLAs já estabelecidos, a autora da área desenvolveu uma Matriz de Relação
entre os dois pontos citados.
Figura 6.7: Matriz Importância X Facilidade.
Elaborado pela autora
Não foram definidos quais são as periodicidades para cada termo – alta, média e
baixa freqüência – pois sabe-se que estas variam de acordo com as características da
área e dos indicadores. O usuário do manual deve junto com o fornecedor decidir, a
partir da matriz acima, o que é mais adequado para o caso.
É importante observar que esta matriz é apenas uma sugestão para facilitar a área.
Entretanto, sabe-se que em alguns casos ele não é aplicável ou serão necessárias
algumas mudanças para poder adaptá-lo à especificidade de cada área.
Facilidade
Baixa Freqüência Baixa Freqüência
Média Freqüência Alta Freqüência
Impo
rtân
cia
Alto Baixo
Bai
xo
Alto
Excluído: 6
Excluído: 7
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
80
E) Definição de Ferramentas e Responsabilidades
Já definidas as categorias de SLAs a serem monitoradas, a fórmula para medi-los e a
periodicidade, deve-se definir qual ferramenta será utilizada para seu gerenciamento.
Geralmente, desenvolve-se software para facilitar a coleta de dados e apuração dos
indicadores.
Este trabalho não abordará o tópico específico sobre software devido à falta de tempo
e de conhecimentos técnicos de informática. Ficará a cargo do fornecedor e do
responsável pela terceirização a definição de qual software será utilizado para o
gerenciamento do SLA.
Por último, são definidas as responsabilidades tanto do fornecedor quanto do
contratante em relação à medição e gerenciamento dos SLAs, ou seja, devem ser
estabelecidos as funções e papéis de cada um.
Desenvolvimento do check list para os processos de terceirização
81
6.4. Tabela-Resumo com as Etapas do Check List
A seguir, apresentaremos uma tabela que resume todas as etapas de cada uma das
partes do check list.
Tabela 6.8: Tabela- resumo do check list. Elaborado pela autora
PARTE A: FASE DE DIAGNÓSTICO
Parte A1: Análise das características da área Parte A2: Informações a serem levantadas durante a fase de diagnóstico
Visão geral da área Mão-de-obra
Análise do fluxo da área/ atividade Volume
Análise da relação da área/ atividade com o processo como um todo
Equipamentos
Definição dos objetivos e fatores críticos de sucesso
Custos
Identificação das necessidades dos clientes Especificações
Definição dos pontos críticos de controle Gerais
PARTE B:DESENVOLVIMENTO DOS ACORDOS DE NÍVEIS DE SERVIÇO (SLA)
Análise dos pontos críticos de controle
Definição do SLA
Definição das categorias
Definição dos indicadores
Definição das metas
Definição da periodicidade
Definição de ferramentas e responsabilidades
Excluído: 6
Excluído: 8
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
82
7. APLICAÇÃO DO CHECK LIST EM UMA DAS ÁREAS DO GRUPO
O objetivo deste capítulo é escolher uma área do Grupo Abril segundo alguns
critérios, que serão especificados mais adiante, para aplicar o check list desenvolvido
no capítulo anterior.
7.1. A Escolha da Área em que o Check List Será Aplicado
O check list será aplicado em uma das áreas de Suprimentos: Compras. A escolha
surgiu a partir de conversas com o gerente de Suprimentos e foi baseada em três
grandes motivos:
1) Uma das metas do gerente de Suprimentos é diminuir o número de compras
feitas diretamente, ou seja, aumentar o número de compras feitas pela área, pois
atualmente as unidades de negócios têm a autoridade de comprar sem passar pela
área de Compras. Acredita-se que com os SLAs, a qualidade do serviço melhorará
atraindo um número maior de clientes.
2) No momento da aplicação do check list a área de Planejamento e Estratégia
de Suprimentos não tinha nenhuma proposta de processo de terceirização para
iniciar. Como este check list deve ser aplicado no início do processo, achou-se
conveniente aplicá-lo em uma área que preste serviço para o Grupo Abril assim
como um fornecedor terceiro.
3) A área de Compras não é considerada core business do Grupo. Portanto,
sabe-se que futuramente pode ser terceirizada. Se o check list já for aplicado, no
momento da terceirização algumas etapas do processo serão mais fáceis de serem
realizadas, pois já se terá feito um estudo da área, sendo necessário somente atualizar
as informações obtidas para adaptá-los ao que foi modificado no período de tempo.
Portanto, podemos notar que, através da escolha desta área, estaremos tanto
atendendo as necessidades do gerente quanto aplicando o check list , colocando em
prática aquilo que foi desenvolvido.
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
83
7.2. Aplicação da Parte A do Check List
Neste item seguiremos os passos estabelecidos no check list desenvolvido no capítulo
6 para realizarmos o diagnóstico da área de Compras.
PARTE A1: Análise das características da área
7.2.1. Visão Geral da Área
A área de Compras é uma das subdivisões da área de Suprimentos, que é composta
por três áreas operacionais e uma área de apoio à gestão.
Ela está dividida em duas, tanto no que se refere à localização física quanto à
supervisão. Compras Marginal Tietê está fisicamente na Gráfica e atende
basicamente a todas as áreas da gráfica e, Compras NEA está fisicamente no prédio
da Marginal Pinheiros (NEA – Novo Edifício Abril) e atende ao restante do Grupo,
sendo que cada uma possui seu próprio supervisor.
Figura 7.1: Estrutura da área de Suprimentos.
Elaborado pela autora
GerênciaGerênciaGerência
Compras NEA
(17 funcionários)
Compras Marginal
(10 funcionários)Contrato/ Cadastro de
Fornecedores
(6 funcionários)
Planejamento e Estratégiade Suprimentos
(5 funcionários)
AdministradorERP
(1 funcionário)
Excluído: 7
Excluído: 1
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
84
A) Função da Área de Compras
A função da área de Compras é atender as necessidades de todas as empresas do
Grupo Abril, desde o surgimento da necessidade até a entrega do material ou
prestação do serviço. Esse atendimento pode ser feito de duas maneiras:
• Direto: negociações pontuais de compra com diversos fornecedores de
acordo com a necessidade do cliente;
• Indireto: negociações programadas e oficializadas por contratos de
acordo com a necessidade percebida pelo cliente ou Suprimentos.
B) Linha de Produtos Comprados
Para facilitar o controle gerencial, foram criadas cinco classificações de materiais e
serviços comprados por esta área:
• Matérias-Primas: são insumos utilizados nos processos produtivos das
impressões da Gráfica Abril. Exemplo: tintas, chapas, colas e polietileno.
O papel é tratado em uma classe especial.1
• Peças de Reposição: são itens utilizados para revisões e reparos das
máquinas e equipamentos dos processos de Produção e Engenharia.
Exemplo: rolamentos, materiais elétricos, correias, etc.
• Materiais Diversos: são itens gerais utilizados como apoio aos processos
de criação, produção e promoção das publicações. Exemplo: caixas de
papelão, sacos plásticos, fitas (adesivas, metálicas), lâmpadas, materiais
de escritório, formulários, etc.
• Serviços Gráficos: são serviços contratados externamente para
complementar a produção interna ou suprir a falta de estrutura específica
1 Devido às peculiaridades do fornecimento de papel, este material é de responsabilidade do Departamento de
Papel.
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
85
por parte dos processos produtivos. Exemplo: impressão, corte, dobra,
manuseio, etc.
• Serviços Diversos: são serviços contratados externamente para suprir as
necessidades dos processos, onde não existe capacidade instalada
suficiente, ou necessários como apoio aos processos de criação, produção
e promoção das publicações. Exemplo: manutenção predial, manuseio de
malas, postagem, limpeza, segurança, consultorias, eventos, etc.
7.2.2. Análise do Fluxo das Atividades da Área
Nesta etapa devemos fazer uma análise da área, mapeando todas as atividades
realizadas pelos compradores e seu fluxo de informação.
Para podermos enumerar e mapear todas as atividades, foi necessária realizar uma
pesquisa com alguns compradores para verificarmos se as atividades não variavam
de acordo com o tipo de material e serviço comprado. Com essa pesquisa pudemos
concluir que todos os compradores realizam basicamente as mesmas atividades
variando somente os fornecedores, clientes e prazos.
O fluxo de compra se inicia quando o cliente envia um email ao comprador
explicando o que pretende comprar. Neste momento, alguns ainda não têm muito
bem definido o que querem ou somente consultam a área de compras para realizar
uma pesquisa de preço. Portanto, com este pedido informal, o comprador faz
somente uma solicitação de cotação (SDC), pelo sistema ERP (Enterprise Resource
Planning), pedindo propostas aos fornecedores. Em seguida, os compradores
apresentam todas as opções ao cliente, que pode dar prosseguimento à compra ou
não, o que dependerá das suas necessidades (prazo, preço, qualidade, etc), ou seja, se
as opções apresentadas estão de acordo com o esperado. Caso o cliente dê
prosseguimento à compra, deve fazer a escolha da opção apresentada e emitir uma
requisição formal via ERP com todos os itens a serem comprados e as especificações
de cada um – principais características, data de necessidade e quantidade. Esta
requisição deve ser aprovada pelo seu superior e enviada automaticamente ao
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
86
comprador para que ele possa emitir uma ordem de compra (OC), formalizando a
mesma.
A fim de garantir o cumprimento das condições acordadas, o comprador responsável
deve, após a emissão da ordem de compra, acompanhar e fiscalizar a entrega do
material ou prestação do serviço e a emissão da nota fiscal até que o processo de
compra seja finalizado. Este acompanhamento é realizado através de relatórios,
sistema de suprimentos ou contato direto com o cliente interno e o fornecedor.
Este fluxo apresentado anteriormente pode ser mais bem visualizado através da
figura a seguir que esquematiza o mapeamento das atividades da área:
Figura 7.2: Fluxo do processo de compras.
Elaborado pela autora
CLIENTEINTERNO
CLIENTECLIENTEINTERNOINTERNO
COMPRADORCOMPRADORCOMPRADOR
FORNECEDORESFORNECEDORESFORNECEDORES
Envia email com pedido depesquisa
Faz SDC pelo ERP pedindoproposta para os fornecedores
Envia aspropostas
Envia as propostas dos fornecedores
Cliente internoreprova
Cliente internoaprova
Cliente mudaespecificações paranova tentativa
Cliente escolhe fornecedor e emiterequisição aprovada
Comprador emite OC que deve ser aprovada segundoalguns critérios de valores
Comprador envia a OC para ofornecedor escolhido
Fechamento da Compra
Excluído: 7
Excluído: 2
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
87
7.2.3. Análise da Relação da Área com o Processo de Compras como um todo
Nesta etapa devemos fazer uma análise da relação da área com outras que participam
do processo de compras. Através do mapeamento realizado na etapa anterior,
pudemos definir três “partes” envolvidas no processo e das quais a área de Compras
depende: fornecedores externos, clientes internos e área responsável pelo
cadastramento de fornecedores no sistema ERP.
Figura 7.3: Partes envolvidas no processo de compras.
Elaborado pela autora
A seguir, apresentaremos o resultado das entrevistas realizadas com as três partes do
processo e a área de Compras:
A) Resultado da entrevista com a área de Compras: realizamos entrevistas com
todos os compradores para sabermos a situação da área atualmente, ou seja, quais
são os problemas enfrentados e a área da qual mais dependem.
• Os principais problemas enfrentados atualmente pela área de Compras
referem-se ao sistema ERP, à indecisão dos clientes internos quanto ao
produto que desejam, às informações e especificações incompletas que os
clientes enviam e aos fornecedores que demoram para cotar. O sistema ERP,
em especial, está sendo um grande problema para a área já que foi implantado
em setembro de 2003 e, por ser uma ferramenta nova, ainda apresenta alguma
falhas.
Área responsável pelocadastramento dos
fornecedoresFornecedores
Externos
Clientes Internos
COMPRAS
Excluído: 7
Excluído: 3
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
88
• Uma outra informação levantada foi quanto às principais causas para a
demora no processo de compras do ponto de vista dos compradores. Os
gráficos a seguir mostram as principais causas para a área de Compras da
Gráfica e a área de Compras do NEA.
Figura 7.4: Gráfico com as causas das compras demoradas e complexas. Elaborado pela autora
• Segundo os compradores, os principais motivos para algumas compras serem
realizadas dentro do prazo e com maior facilidade é a especificação do
produto bem definida e detalhada e os fornecedores já definidos. No gráfico a
seguir, tem-se o resultado desta pesquisa consolidado para as duas áreas de
Compras.
Causas das compras demoradas e complexas - Consolidadas
9 9
8
7
6 6 6
5
2
1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Indefin
ição d
o usuá
rio
Falta
inform
ações
Desenvo
lvimen
to
Grande
volum
e
Coord
enação
Comple
xidad
e
Cobra
r arqui
voSis
tema
Prazo
curto
Entreg
a fora
de es
pecific
ação
Fre
qü
ênci
a
Excluído: 7
Excluído: 4
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
89
Figura 7.5: Gráfico com as causas da compras rápidas. Elaborado pela autora
• Muitos compradores reclamaram que são cobrados por coisas e prazos que
dependem de outras partes envolvidas no processo de compras,
principalmente os clientes internos, que não especificam direito o que
desejam e muitas vezes requisitam a compra no último momento, deixando
um prazo muito curto para os compradores efetuarem a compra.
B) Resultado da entrevista com fornecedores externos: realizamos entrevistas
com os principais fornecedores do Grupo, ou seja, aqueles que fornecem há mais
tempo.
• O principal problema citado por eles quanto à área de Compras está
relacionado com o sistema ERP, pois muitos não sabem utilizar.
Causas das compras mais rápidas - Consolidadas
19
8
6
2
1 1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Especificaçõesdefinidas
Simplicidade Fornecedoresdefinidos
Catálogo Papel de terceiros Contrato
Fre
qü
ênci
a
Excluído: 7
Excluído: 5
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
90
• A atualização do cadastro de fornecedores no sistema ERP foi outra
reclamação feita, pois muitos disseram que solicitam para que algum dado
(email, contato, telefone, endereço, etc.) seja modificado e isto não ocorre.
Conseqüentemente, não recebem a solicitação de cotação, ficando fora do
processo.
• O prazo dados pelos compradores é muito curto, o que dificulta a cotação.
C) Resultado da entrevista com os clientes internos: para a entrevista com os
clientes internos, selecionamos aqueles que compram com mais freqüência pela
área de compras. Perguntamos, basicamente, quais são as principais falhas da
área e motivos para que comprem diretamente. A seguir enumeraremos as
respostas mais freqüentes:
• Falta de agilidade e atendimento dos prazos estipulados;
• Não são apresentadas muitas opções e novidades;
• Falta de feedback dos compradores informando aos clientes como está o
processo de cotação;
• Muitos telefonemas não são atendidos e retornados e, emails não são
respondidos.
D) Resultado da entrevista com a área responsável pelo cadastramento de
fornecedores: esta área é uma subdivisão de Suprimentos. Na entrevista, os
responsáveis disseram que alguns cadastros não são atualizados, pois os
compradores não os informam que devem ser modificados. Além disso,
reclamam de dados errados dos fornecedores passados pelos compradores.
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
91
7.2.4. Definição dos Objetivos e Fatores Críticos de Sucesso
Conforme descrito no check list , para determinarmos os fatores críticos de sucesso da
área, nos basearemos em sua Missão, a qual podemos encontrar em documentos
internos:
“Atender a todas as Áreas Clientes com agilidade, qualidade e pontualidade no
fornecimento de materiais e serviços, considerando as melhores condições de preço,
prazo e qualidade, contribuindo na geração de fatores que agregam competitividade
aos negócios do Grupo”.
Com base nesta Missão e entrevista com o gerente de Suprimentos, podemos definir
os principais objetivos da área:
1. Garantir a excelência no atendimento ao cliente;
2. Garantir os melhores preços na aquisição de materiais e serviços;
3. Garantir a qualidade dos materiais e serviços adquiridos;
4. Garantir que os prazos de entregas de materiais e serviços sejam
cumpridos;
5. Pesquisar o mercado, procurando desenvolver novos fornecedores, que
possam agregar evolução tecnológica, melhor atendimento logístico e
redução de custos;
6. Otimizar o processo de compras tornando-o mais eficiente;
7. Manter uma estreita relação com os fornecedores a fim de garantir
economia, prazo e qualidade dos produtos e serviços.
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
92
A partir da Missão e dos objetivos descritos, podemos estabelecer os fatores críticos
de sucesso do ponto de vista do gerente de Suprimentos:
1. Pontualidade no atendimento ao cliente e cumprimento de prazos;
2. Boa qualidade do material e serviço adquiridos e da logística de
atendimento;
3. Carteira de fornecedores alternativos e com qualidade nas diversas
categorias de compras;
4. Boas condições comerciais;
5. Fornecedores que possam agregar serviços diferenciais aos clientes da
área;
6. Grande número de compras realizadas e finalizadas pela área.
7.2.5. Identificação das Necessidades dos Clientes
Nesta etapa devemos identificar as necessidades dos clientes para podermos
confrontá-los com a realidade da área e com o que o gerente acredita serem os fatores
críticos de sucesso.
Para podermos realizar este levantamento, foram necessárias entrevistas com os
principais clientes da área. Para a escolha da amostra consideramos os clientes que
compram com maior freqüência, independente do valor monetário.
Como resultado da entrevista, pudemos notar que as principais necessidades dos
clientes são:
• Quanto ao produto comprado: prazo, preço e novas opções;
• Quanto ao atendimento: feedback sobre o andamento do processo de
compra, atendimento telefônico e via email.
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
93
7.2.6. Definição dos Pontos Críticos de Controle
A partir da análise das atividades da área, de seus problemas e do confronto entre as
necessidades dos clientes e os fatores críticos de sucesso citados pelo gerente,
podemos definir os principais pontos críticos que devem ser monitorados para um
melhor desempenho da área: preço, prazo, atendimento telefônico, gama de
fornecedores e feedback sobre o processo.
PARTE A2: Informações a serem levantadas durante a fase de diagnóstico
Nesta parte foram definidos, no capítulo 6, os tipos básicos de informação que devem
ser levantados durante a aplicação da Parte A1. Entretanto, a maioria delas é
necessária em uma terceirização, especialmente para que o fornecedor realize a
proposta de cotação do serviço e para termos um escopo da área que está sendo
terceirizada.
Como neste caso não estamos tratando de uma terceirização propriamente dita e, o
foco é a análise da área (Parte A1) e Desenvolvimento de SLAs (Parte B), grande
parte das informações, especialmente as mais específicas e técnicas, não foram
levantadas.
7.3. Aplicação da Parte B do Check List
Assim como no item 7.2, seguiremos os passos estabelecidos no check list
desenvolvido no capítulo 6 a fim de definirmos os acordos de níveis de serviço a
serem estabelecidos para o monitoramento da área de Compras.
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
94
7.3.1. Análise dos Pontos Críticos de Controle
Nesta etapa devemos analisar os resultados obtidos na Parte A para sabermos quais
são os aspectos que devem ser mensurados e monitorados.
Pela análise anterior, notamos que muitas das reclamações feitas pelos clientes
internos e fornecedores não dependem da área de Compras. Elas são causadas
justamente por indefinição dos próprios clientes internos ou por outras partes
envolvidas no processo.
Portanto, para definirmos quais serão os aspectos a serem mensurados devemos estar
atentos e sermos cautelosos para não monitorarmos um nível de serviço que depende
de outras partes.
Através da comparação entre o resultado das entrevistas com os clientes e com o
gerente de suprimentos, podemos estabelecer os pontos principais a serem
monitorados:
Tabela 7.1: Pontos Críticos de Controle. Elaborado pela autora
PRINCIPAIS PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE
Condições comerciais
Prazo da realização da compra
Qualidade do produto entregue
Atendimento ao cliente interno
Gama de fornecedores
Feedback sobre o processo
Número de compras realizadas pela área
7.3.2. Definição dos Acordos de Níveis de Serviço
Neste item, para cada um dos sete pontos críticos de controle definidos
anteriormente, desenvolveremos os acordos de nível de serviço adequados. Para
tanto, devemos seguir as cinco fases descritas no capítulo 6 no tópico “02) Definição
do SLA”: categorias, definição dos indicadores, definição das metas, definição da
periodicidade e definição das ferramentas e responsabilidades.
Excluído: 7
Excluído: 1
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
95
Primeiramente, iniciaremos com o enquadramento dos pontos críticos nas sete
categorias descritas no capítulo 6. Em seguida, para cada ponto crítico enquadrado,
desenvolveremos os indicadores de desempenho adequados e, finalmente, para cada
indicadores definiremos as metas, periodicidades, ferramentas e responsabilidades.
Figura 7.6: Fluxo das etapas para a definição dos SLAs. Elaborado pela autora
A) Enquadramento dos pontos críticos nas categorias
Como dito anteriormente, nesta fase classificaremos os pontos a serem mensurados
nas sete categorias de SLAs definidas. Para facilitar esta tarefa, faremos um quadro
com as categorias e seus respectivos pontos:
CATEGORIA X
Ponto Crítico deControle X 1
Ponto Crítico deControle X n
Indicador X 11
Indicador X 1 n
CATEGORIA 7
.
.
.
.
.
.
Meta, Periodicidade, Fórmula,Responsabilidades X11
Meta, Periodicidade, Fórmula,Responsabilidades X1 n
Classificação dos pontos críticosnas categorias de SLAs
Desenvolvimento de indicadorespara cada ponto crítico
Definição das características decada indicador
.
.
.
.
.
.
Excluído: 7
Excluído: 6
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
96
Tabela 7.2: Relação entre as categorias de SLAs e os pontos críticos de controle. Elaborado pela autora
CATEGORIAS PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE
Qualidade
Qualidade do produto entregue
Atendimento ao cliente interno
Feedback sobre o processo
Confiabilidade do Serviço Gama de fornecedores
Condições Comerciais
Segurança
Equipamentos
Mão- de- obra
Prazo Prazo da realização da compra
Produtividade Número de compras realizada pela área
B) Desenvolvimento dos Acordos de Níveis de Serviço
Nesta fase, para cada uma das categorias e respectivos pontos críticos de controle,
estabeleceremos todos os indicadores relacionados.
• Periodicidades, Ferramentas e Responsabilidades
As periodicidades foram determinadas pelo gerente da área, juntamente com os
clientes internos e compradores. As ferramentas a serem utilizadas serão software
que reduzirão o trabalho operacional, aumentarão a acurácia dos dados e permitirão
obter os dados em tempo real. Entretanto, devido à falta de tempo e conhecimentos
técnicos, este projeto não será desenvolvido neste trabalho e será passado a uma
empresa especializada em informática.
A responsabilidade refere-se ao papel da área cliente e da área de Compras em
relação, única e exclusivamente, à medição e monitoramento dos acordos. Neste
caso, a responsabilidade de cada um foi definida tanto pelo gerente de suprimentos
quanto pela área cliente.
Excluído: 7
Excluído: 2
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
97
• Metas, Criticidades e Intervalos para os valores medidos
As metas foram estabelecidas conforme a classificação dos indicadores quanto ao
grau de criticidade. Esta classificação, os valores objetivos (metas) e as porcentagens
dos valores objetivos que definem o intervalo em que o valor medido deve estar
(vide exemplo na figura 6.6) foram definidos a partir de uma convergência entre o
gerente de suprimentos e a área cliente.
Para todos os indicadores, os valores dos intervalos de cada criticidade em que o
valor medido deverá estar para não incorrer em multas ou bonificações obedecerão
aos valores estabelecidos, descritos na tabela a seguir:
Figura 7.7: Relação entre grau de criticidade e intervalos. Elaborado pela autora
ALTAALTA
103% 98%
MultaBônus
MÉDIAMÉDIA
105% 95%
MultaBônus
BAIXABAIXA
107% 90%
MultaBônus
Excluído: 7
Excluído: 7
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
98
• Multas e Bonificações
Neste caso, a aplicação de multas e bonificações é delicada, pois por não se tratar de
uma relação entre contratante e fornecedor não há custos envolvidos. Portanto, é
mais difícil estabelecer multas e bonificações já que estes geralmente são incorridos
sobre os valores pagos pelos serviços.
Uma das possíveis soluções para a área seria a variação do salário dos compradores
de acordo com os resultados obtidos. Entretanto, seria necessário que os indicadores
fossem aplicados separadamente para cada comprador, o que dificulta a medição e
gera o não monitoramento dos SLAs.
Uma outra alternativa como multa é a implicação de custos de algumas compras, a
serem escolhidas segundo alguns critérios, ou uma porcentagem do valor total das
compras no orçamento da área de Compras, ao invés de ser registrado no orçamento
da área cliente.
Entretanto, como estas alternativas impactam nas políticas internas da empresa, deve
ser realizado um estudo mais detalhado pelo gerente junto aos clientes.
Portanto, neste trabalho nos limitaremos a definir os valores objetivos para cada
indicador e classificá-lo de acordo com sua criticidade.
A seguir, iniciaremos o desenvolvimento de cada um dos indicadores.
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
99
B1) Categoria: Qualidade
Esta categoria refere -se, principalmente, ao modo como a área trata e atende seus
clientes internos e se as expectativas dos mesmos são correspondidas.
1) Qualidade do Produto Entregue
A função da área de Compras não é somente comprar o produto, mas garantir ao
cliente interno que o mesmo será de boa qualidade e que atenderá as necessidades e
expectativas do cliente. Portanto, é importante para o comprador ter uma noção se
sua compra foi bem feita e se o produto foi entregue conforme acordado com o
fornecedor. Além disso, com este monitoramento, a área poderá ter um histórico da
qualidade dos fornecedores.
Tabela 7.3: SLA referente à Qualidade dos Produtos Entregues. Elaborado pela autora
Qualidade dos Produtos Entregues Descrição Mede a porcentagem de compras cujas necessidades do
cliente quanto à qualidade do produto foram atendidas. Fórmula
100___
____0
0
×comprasdetotaln
qualidadecomcomprasden
Criticidade Alta Meta Multa Bonificação
95% abaixo de 93,1% acima de 97,85%
Periodicidade Mensal Responsabilidade da área de Compras Compilar os resultados dos formulários e realizar o
monitoramento do SLA. Responsabilidade da área Cliente Preencher formulário de pesquisa sobre a qualidade do
produto a cada entrega
2) Atendimento ao Cliente Interno
Através das entrevistas na Parte A do check list, pudemos verificar que uma das
principais reclamações dos clientes é quanto ao atendimento telefônico, pois, muitas
vezes, a linha encontra-se ocupada e os recados deixados não são retornados. Uma
das providências já tomada pela área foi a contratação de uma Central de
Atendimento que recebe a ligação do comprador após o quinto toque ou caso a linha
Excluído: 7
Excluído: 3
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
100
esteja ocupada. Esta central envia para cada comprador todas as ligações perdidas e
seus detalhes para que os mesmos retornem.
Em seguida, são emitidos relatórios pela Central com o número de telefonemas
retornados e os não retornados. Com base nestes relatórios podemos desenvolver o
acordo de nível de serviço a seguir.
Tabela 7.4: SLA referente à Chamadas Telefônicas Atendidas. Elaborado pela autora
Chamadas Telefônicas Atendidas Descrição Mede a porcentagem de chamadas não atendidas encaminhadas
para a central de atendimentos que são retornadas dentro do prazo de 24 horas.
Fórmula 100
________
0
0
×centralpelarecebidaschamadasden
srespondidachamdasden
Criticidade Média Meta Multas Bonificações
90% abaixo de 85,5% acima de 94,5%
Periodicidade Semanal Responsabilidade da área de Compras
Compilar os resultados dos relatórios e realizar o monitoramento do SLA.
Responsabilidade da área Cliente
Quando sua chamada não for atendida pelo comprador e, conseqüentemente for direcionada para a central de atendimento, o cliente não deve desligar. Deve deixar o recado e informar os dados corretamente.
Um outro aspecto relacionado com o atendimento ao cliente interno que pode ser
mensurado é o número de reuniões realizadas, pois muitos reclamam que deve haver
maior proximidade dos compradores para que eles possam entender melhor as
características e necessidades de cada Unidade de Negócio.
Excluído: 7
Excluído: 4
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
101
Tabela 7.5: SLA referente ao Número de Reuniões Periódicas. Elaborado pela autora
Reuniões Periódicas Descrição Mede a porcentagem do número de horas despendidas
com reuniões entre os compradores e os clientes. Fórmula
100_____
____×
mêsnotrabalhashorasdetotalreuniõesemhorasdetotal
Criticidade Baixa Meta Multas Bonificações
5% abaixo de 4,5% acima de 5,35%
Periodicidade Mensal Responsabilidade da área de Compras Registrar corretamente as horas despendidas em
reuniões e realizar o monitoramento do SLA Responsabilidade da área Cliente *******************
3) Feedback sobre o processo
Alguns clientes reclamaram durante a entrevista que os compradores realizam a
compra, mas não os informam sobre o andamento do processo. Portanto, por ser um
aspecto importante para a qualidade do atendimento, a satisfação do cliente e o
sucesso da área, deve ser criado um indicador que monitore este ponto.
Tabela 7.6: SLA referente ao Processo de Compras Acompanhadas pelo Cliente Interno. Elaborado pela autora
Processo de Compras Acompanhadas pelo Cliente Interno Descrição Mede a porcentagem de compras acompanhadas pelos
clientes através de feedback dos compradores. Fórmula
100___
___0
0
×comprasdetotaln
asacompanhadcomprasden
Criticidade Média Meta Multas Bonificações
90% abaixo de 85,5% acima de 94,5%
Periodicidade Quinzenal Responsabilidade da área de Compras Compilar os resultados dos formulários e realizar o
monitoramento do SLA. Responsabilidade da área Cliente Preencher formulário respondendo se houve
acompanhamento de todo o processo de compra ou não.
Excluído: 7
Excluído: 5
Excluído: 7
Excluído: 6
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
102
B2) Categoria: Confiabilidade do Serviço
1) Rotatividade de Fornecedores
O aumento de opções de fornecedores alternativos foi um tópico citado tanto pelos
clientes como pelo gerente da área como um dos fatores críticos de sucesso. É
importante para a área ter novos fornecedores, pois para os clientes internos isto
torna o serviço mais confiável, já que quanto maior a gama de fornecedores, maior a
possibilidade de ter seus pedidos mais complexos atendidos. No caso, pedidos
complexos referem-se àqueles com limitações de prazo e verba ou produtos atípicos,
com algumas particularidades.
Portanto, deverá haver uma rotatividade nos cadastros dos fornecedores. A inclusão
de novos variará de acordo com a quantidade de fornecedores capacitados no
mercado para determinado tipo de produto.
O critério para a exclusão será com base no tempo em que o fornecedor esteve
inativo. Este tempo foi definido pelos compradores e pelo gerente da área, sendo de
seis meses.
Tabela 7.7: SLA referente à Rotatividade de Fornecedores. Elaborado pela autora
Rotatividade de Fornecedores Descrição Mede a rotatividade de fornecedores cadastrados no
sistema ERP. Fórmula
100______
0
0
×cadastrosdetotalncadastrosnovosden
Criticidade Média Meta Multas Bonificações
Variará conforme a quantidade de fornecedores capacitados no mercado.
Periodicidade Trimestral Responsabilidade da área de Compras Registrar o número de novos fornecedores e o número
de fornecedores que não faz mais parte do cadastro. Realizar o monitoramento do SLA.
Responsabilidade da área Cliente *****************
Excluído: 7
Excluído: 7
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
103
2) Condições Comerciais
Para os clientes internos, um dos pontos necessários para que o serviço realizado pela
área de Compras seja confiável é a garantia do atendimento e cumprimento das
condições comerciais estabelecidas pelos clientes. Sabe-se que o principal problema
enfrentado por eles é a falta de verba e prazos, portanto, a área deve ter um indicador
que mensure o número de compras realizadas dentro das possibilidades dos
compradores.
Tabela 7.8: SLA referente às Condições Comerciais dentro do estipulado pelo Cliente. Elaborado pela autora
Condições Comerciais dentro do Estipulado pelo Cliente Descrição Mede a porcentagem de compras cujas necessidades dos
clientes quanto ao prazo de entrega e preço foram atendidas.
Fórmula 100
________
0
0
×comprasdetotaln
condiçõesdasdentrocomprasden
Criticidade Alta Meta Multas Bonificações
97% abaixo de 95,06% acima de 99,91%
Periodicidade Mensal Responsabilidade da área de Compras Compilar os resultados dos formulários e realizar o
monitoramento do SLA. Responsabilidade da área Cliente Preencher formulário respondendo se o produto foi
entregue dentro das condições comerciais exigidas..
Para que a área atenda as condições das verbas dos clientes, é necessário que
realizem renegociações com os fornecedores a fim de atingir o preço viável e, além
disso, conseguir o menor preço possível mesmo que este já esteja dentro do limite
estabelecido pelo cliente. Isto é importante, pois é uma maneira de mostrar para os
clientes que a área tem poder de negociação e, com isso, atraí-los cada vez mais.
Excluído: 7
Excluído: 8
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
104
Tabela 7.9: SLA referente ao Número de Renegociações com os Fornecedores. Elaborado pela autora
Número de Renegociações com os Fornecedores Descrição Mede a porcentagem de compras cujas condições
comerciais foram renegociadas após o fornecedor apresentar a primeira proposta.
Fórmula 100
______
0
0
×comprasdetotaln
asrenegociadcomprasden
Criticidade Média Meta Multas Bonificações
60% abaixo de 57% acima de 63%
Periodicidade Quinzenal Responsabilidade da área de Compras Registrar no sistema ERP as negociações realizadas.
Realizar o monitoramento do SLA Responsabilidade da área Cliente ****************
B3) Categoria: Prazo
1) Prazo da Realização da Compra
Como o prazo dos clientes internos geralmente é curto, a área não pode focar
somente no prazo em que o fornecedor entrega o produto comprado, mas, também,
no tempo que os compradores levam para realizar as etapas do processo de compra.
Tabela 7.10: SLA referente ao Tempo para Realizar o Processo de Compras. Elaborado pela autora
Tempo para Realizar o processo de Compras Descrição Mede o número de compras cujo tempo final para realizar
seus processos estão abaixo do tempo padrão já estipulado pela área. Este tempo padrão varia de acordo com a complexidade do produto a ser comprado.
Fórmula
100___
mindet___________
0
0
×comprasdetotaln
adoerdoabaixoouigualprocessodetempocomcomprasden
Criticidade Alta Meta Multas Bonificações
95% abaixo de 93,1% acima de 97,85%
Periodicidade Quinzenal Responsabilidade da área de Compras
Compilar os resultados dos formulários e realizar o monitoramento do SLA.
Responsabilidade da área Cliente Registrar o tempo que o comprador levou para realizar o processo de compras. Neste caso é necessário que o cliente registre, pois assim, os valores serão reais e corretos.
Excluído: 7
Excluído: 9
Excluído: 7
Excluído: 10
Aplicação do check list em uma das áreas do Grupo
105
B4) Categoria: Produtividade
1) Número de Compras finalizadas pela área
Como dito anteriormente, uma das metas do gerente da área de Suprimentos é ter,
praticamente, 100% das compras do Grupo realizadas pela área de Compras, sendo
que atualmente esse valor é de 70%. Portanto, é necessário mensurar a porcentagem
de compras finalizadas pela área para saber se o problema ocorre porque as unidades
de negócios não procuram a área de Compras ou porque os compradores não
conseguem finalizá-las.
Tabela 7.11: SLA referente ao Número de Compras Finalizadas pela Área. Elaborado pela autora
Número de Compras Finalizadas pela Área de Compras Descrição Mede a porcentagem de compras que são realmente
finalizadas pela área de compras. Fórmula
100______
0
0
×pedidosdetotaln
sfinalizadacomprasden
Criticidade Alta Meta Multas Bonificações
97% abaixo de 95,06% acima de 99,91%
Periodicidade Mensal Responsabilidade da área de Compras Compilar os resultados dos formulários e realizar o
monitoramento do SLA.
Responsabilidade da área Cliente Registrar todos os pedidos de requisição de cotação que foram feitos e quantos foram finalizados.
Portanto, com os acordos de níveis de serviço desenvolvidos acima, a área de
Compras poderá monitorar seu desempenho e determinar em quais aspectos
encontram-se as principais falhas. Com este monitoramento, poderão ser realizadas
melhorias contínuas para que a área atraia mais clientes e, com isso, seja alcançada a
meta de aumentar o número de compras realizadas pela área de Compras.
É importante observar que estes acordos não são exatamente iguais aos acordos dos
contratos de terceirização devido à falta de multas e bonificações entre as áreas, que
não foram estabelecidas por causa da dificuldade, já que na relação entre elas não
estão envolvidos pagamentos pelos serviços realizados.
Excluído: 7
Excluído: 11
Conclusão
106
8. CONCLUSÃO
O desenvolvimento deste trabalho permitiu à aluna aprofundar os conhecimentos
adquiridos durante a graduação e aplicá-los na prática. Um importante aspecto a se
destacar é a diversidade de teorias utilizadas para o desenvolvimento do mesmo, o que
contribuiu para o aprimoramento da aluna.
Primeiramente estudamos sobre terceirização e seus principa is aspectos. Em seguida,
estudamos sobre sistemas de produção, desempenho e métodos para elaboração de
indicadores. Por fim, pudemos, através de bibliografias, verificar as características dos
acordos de níveis de serviço e sua importância, que está aumentando gradativamente
devido à intensificação de terceirizações e, conseqüentemente, à necessidade da
contratante em gerenciar e monitorar sua gama de fornecedores.
Como resultado final do trabalho, temos um check list composto por duas partes:
Parte A – Fase de Diagnóstico e Parte B – Desenvolvimento dos Acordos de Níveis
de Serviço. Seu objetivo será dar suporte à área de Planejamento e Estratégia de
Suprimentos a realizar alguns dos processos de terceirização do Grupo Abril,
possibilitando-a de atingir melhores resultados nos processos realizados.
Para verificarmos a viabilidade e aplicabilidade do check list, escolhemos a área de
Compras do Grupo devido às necessidades do gerente da área de Suprimentos, à
disponibilidade de informações e às circunstâncias do momento em que iríamos
aplicá-lo. Porém, apesar do check list ser desenvolvido para os processos de
terceirizações, a área escolhida não será terceirizada em um futuro breve. Entretanto,
suas características nos possibilitou escolhê-la, pois é uma área que presta serviços
para todo o Grupo Abril, ou seja, é como se fosse uma empresa terceira.
Como resultado desta aplicação, obtivemos uma rede de acordos de níveis de serviço,
que foram desenvolvidos considerando tanto as necessidades dos clientes internos
quanto as do gerente da área e dos compradores. Para cada um destes acordos,
estabelecemos os indicadores, suas metas e periodicidades.
Conclusão
107
Um dos pontos considerados durante o desenvolvimento dos acordos foi a
necessidade em estabelecer um número mínimo e suficiente de indicadores, pois sabe-
se que, quanto maior ao quantidade, maior a possibilidade em não monitorá-los
devido ao custo e ao tempo perdido.
Apesar do objetivo do trabalho ter sido desenvolver o check list para os processos de
terceirização, pudemos notar, a partir de sua aplicação, que este pode ser utilizado por
todas as áreas prestadoras de serviços que pretendem monitorar e melhorar o nível de
serviço prestado.
Portanto, tivemos como resultado final, um check list genérico que ajudará não só a
área de Planejamento e Estratégia de Suprimentos nos processos de terceirização,
como também todas as áreas internas que prestam serviços para todo o Grupo Abril.
Lista de Referências
108
LISTA DE REFERÊNCIAS
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or buy decision. Management Decision, v.38, n.1, p. 43-50, 2000.
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Bibliografia Recomendada
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