caracterizaÇÃo morfolÓgica e antigÊnica do vÍrus...

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TAIS PINHEIRO DE ARAUJO CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E ANTIGÊNICA DO VÍRUS JURUAÇÁ, ISOLADO DE MORCEGO NO ESTADO DO PARÁ. Belém Pará 2006

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TAIS PINHEIRO DE ARAUJO

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E ANTIGÊNICA DO VÍRUS JURUAÇÁ,

ISOLADO DE MORCEGO NO ESTADO DO PARÁ.

Belém – Pará

2006

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TAIS PINHEIRO DE ARAUJO

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E ANTIGÊNICA DO VÍRUS JURUAÇÁ,

ISOLADO DE MORCEGO NO ESTADO DO PARÁ.

Dissertação apresentada ao Curso

de Pós-Graduação em Patologia

das Doenças Tropicais do Núcleo

de Medicina Tropical da

Universidade Federal do Pará como

requisito para a obtenção do grau

de Mestre em Patologia das

Doenças Tropicais.

Orientador: Prof. Dr. Pedro

Fernando da Costa Vasconcelos

Belém – Pará

2006

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Araújo, Tais Pinheiro de Caracterização morfológica e antigênica do vírus Juruaçá,

isolado de morcego no Estado do Pará/ Tais Pinheiro de Araújo; Orientador, Pedro Fernando da Costa Vasconcelos. – Belém, 2006. 123f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Núcleo de Medicina Tropical, Belém, 2006. 1. Arbovírus – Pará. 2. Morcego – Pará. 3.Virologia. I. Título.

CDD.21 ed. 576.6484

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TAIS PINHEIRO DE ARAUJO

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E ANTIGÊNICA DO VÍRUS JURUAÇÁ,

ISOLADO DE MORCEGO NO ESTADO DO PARÁ.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Patologia das Doenças

Tropicais do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará como

requisito para a obtenção do grau de Mestre em Patologia das Doenças Tropicais,

pela comissão formada pelos professores:

Orientador: Prof. Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas Instituto Evandro Chagas

Prof. Dr. Alexandre da Costa Linhares Seção de Virologia Geral Instituto Evandro Chagas

Prof. Dra. Rita Catarina Medeiros de Souza Núcleo de Medicina Tropical, UFPA Hospital Universitário João de Barros Barreto

Prof. Dr. Juarez Antonio Simões Quaresma Laboratório de Imunopatologia Núcleo de Medicina Tropical, UFPA

Suplente:

Profa. Dra. Ana Cecília Ribeiro Cruz Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas Instituto Evandro Chagas

Belém – Pará

2006

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DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação de mestrado

à minha família, que sempre está presente

nos momentos mais especiais e decisivos, e

em especial à minha mãe (in memoriam), a

quem devo tudo o que sou.

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AGRADECIMENTOS

À Deus pelo dom da vida, pelo infinito amor tão fiel, amigo e misericordioso

que faz Sua luz brilhar no meu caminho; porque nos momentos mais difíceis de

minha vida me sustentou com Seus braços santos, fortes e poderosos.

Aos meus pais, pelo carinho, amor e dedicação, que acompanharam cada

etapa de minha vida, apoiando e fortificando sempre; pela brilhante educação que

me deram, fazendo com que cada vez mais eu busque o sucesso profissional e

pessoal. Em especial à minha mãe, que mesmo em outro plano continua a me

iluminar e orientar em todos os momentos da minha vida.

A minha tia Stella, que toma conta do meu bem-estar e sempre torce por mim.

Aos meus irmãos Daniel e Igor, pelo carinho e convivência durante as várias

fases das nossas vidas.

Ao meu orientador, Dr. Pedro Vasconcelos, agradeço pelo apoio e atenção,

por dar-me a oportunidade de ampliar meus conhecimentos, contribuindo

sobremaneira na minha formação e caráter profissional.

À Dra. Amélia Travassos da Rosa, pela amizade, apoio, pelos primeiros

ensinamentos em arbovírus e sorologia, além das lições e experiência de vida.

Ao José Antonio Diniz, pela amizade, dedicação e paciência ao transmitir os

ensinamentos técnicos do laboratório, bem como pelo incentivo nos momentos

difíceis do desenvolvimento do trabalho, buscando sempre a melhoria profissional e

pessoal.

À Dra. Ana Cecília Cruz e ao Dr. Juarez Quaresma, pela amizade, apoio e

contribuição para a realização deste trabalho.

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Aos amigos da seção de microscopia eletrônica: Ádila Dias, Ana Lúcia

Wanzeler, Crislaine Pinheiro, Daisy Silva, Francinete Alves, Ilce Moreira, Márcio,

Patrícia Ramos, Sueli Kataoka e Zaire, por todo o apoio prestado nas horas de

aflição e pelas alegrias nos momentos de descontração.

Aos amigos da seção de arbovirologia e febres hemorrágicas, por toda a

ajuda prestada, e em especial ao Basílio Buna, Geraldo Mendes, Luiz Roberto, Lívia

Carício, Eliana Pinto e Helena Vasconcelos.

À Dra. Lourdes Gomes e Ceyla Castro da Seção de Virologia Geral/IEC pela

contribuição para a realização deste trabalho.

À Profa. Maria Irene Weyl pela amizade e contribuição na revisão desta

dissertação.

À Celiane Tapety pela amizade e apoio na finalização deste trabalho.

À Secretaria de Pós-Graduação do NMT/UFPA.

À CAPES pelo apoio financeiro.

Ao Instituto Evandro Chagas, onde descobri uma paixão de trabalho que é a

pesquisa científica no campo da virologia.

Aos demais funcionários do IEC e a todos que contribuíram para o meu

crescimento profissional e pessoal, o meu eterno agradecimento.

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EPÍGRAFE

“Há aqueles que lutam um dia, e por isso são bons...

Há aqueles que lutam muitos dias e por isso são muito

bons...

Há aqueles que lutam anos, e são melhores ainda...

Porém, há aqueles que lutam toda a vida...

Esses são imprescindíveis...”

Bertold Brecht

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SUMARIO

LISTA DE FIGURAS ix

LISTA DE TABELAS xv

LISTA DE ABREVIATURAS xvi

RESUMO xx

ABSTRACT xxi

1 INTRODUÇÃO 1

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3

2.1 GENERALIDADES SOBRE VÍRUS E CLASSIFICAÇÃO VIRAL 3

2.2 VÍRUS NÃO CLASSIFICADOS 15

2.3 A ORDEM CHIROPTERA 16

2.4 VÍRUS ISOLADOS DE MORCEGOS 20

2.5 FAMÍLIA PICORNAVIRIDAE 26

2.6 O SISTEMA NERVOSO CENTRAL 35

3 OBJETIVOS 38

3.1 GERAL 38

3.2 ESPECÍFICOS 38

4 MATERIAL E MÉTODOS 39

4.1 AMOSTRA 39

4.1.1 Isolamento do vírus em camundongo albino suíço recém-

nascido

40

4.1.2 Título Viral 41

4.1.3 Preparo do Soro Homólogo 42

4.1.4 Preparo de Antígeno (Sucrose-Acetona) 42

4.2 ISOLAMENTO EM CULTIVOS CELULARES 43

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4.2.1 Cultivos de Linhagens Permanentes 43

4.2.2 Cultivo Primário de Astrócito 44

4.2.3 Cultivo Primário de Microglias 45

4.2.4 Cultivo Primário de Neurônios 45

4.2.5 Infecção dos Cultivos Celulares 46

4.3 TESTES FÍSICO-QUÍMICOS 46

4.3.1 Sensibilidade ao Desoxicolato de Sódio (DCA) 46

4.3.2 Teste de Hemaglutinação (HÁ) 47

4.4 TESTES SOROLÓGICOS 49

4.4.1 Fixação do Complemento (FC) 49

4.4.2 Inibição da Hemaglutinação (IH) 51

4.4.3 Imunofluorescência Indireta (IFI) 52

4.4.4 Imunofluorescência Indireta com dupla marcação 53

4.5 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO 55

4.5.1 Cortes ultrafinos 55

4.5.1.1 Cérebro de camundongo albino suíço recém-nascido 55

4.5.1.2 Cultivos Celulares 57

4.5.2 Contrastação Negativa 58

4.5.3 Imunomicroscopia Eletrônica 59

4.6 HISTOPATOLOGIA 60

4.6.1 Exame Histopatológico 60

4.6.2 Imunohistoquímica 62

4.7 BIOLOGIA MOLECULAR 63

4.7.1 Precipitação e Semi-Purificação viral 63

4.7.2 Extração do Ácido Nucleico viral 64

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4.7.3 Reação de Transcrição Reversa (RT) com oligonucleotídeo

Random Hexâmero

65

4.7.4 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) 65

5 RESULTADOS 67

5.1 CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS 67

5.1.1 Suscetibilidade dos camundongos albinos suíços 67

5.1.2 Suscetibilidade dos cultivos celulares 67

5.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS 73

5.2.1 Presença de hemaglutinina 73

5.2.2 Sensibilidade ao desoxicolato de sódio 73

5.3 CARACTERÍSTICAS SOROLÓGICAS 73

5.4 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS 76

5.4.1 Contrastação negativa 76

5.4.2 Imunomicroscopia eletrônica 77

5.4.3 Cortes ultrafinos 77

5.5 CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS 78

5.5.1 Exame histopatológico 78

5.5.2 Imunohistoquímica 84

5.6 CARACTERÍSTICAS MOLECULARES 86

6 DISCUSSÃO 88

7 CONCLUSÕES 96

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Simetria viral. (a) Diagrama de um vírus em forma de bastão

com simetria helicoidal; (b) Vírus com simetria icosaédrica,

apresentando nucleocapsídeo circundado pelo envelope

lipoprotéico; (c) Nucleocapsídeo com simetria icosaédrica,

mostrando ácido nucléico e capsômeros

4

Figura 2 O caminho das descobertas iniciais de novos agentes

infecciosos em humanos

6

Figura 3 Classificação esquemática para vírus de animais. Sumário

das principais características de 21 famílias representativas

de vírus que infectam vertebrados e uma que infecta inseto.

Nem todas as famílias virais são mostradas na figura

9

Figura 4 Classificação de Baltimore. Todos os vírus devem produzir

ARNm que pode ser traduzido por ribossomos celulares.

Neste sistema de classificação, a única via de vários

genomas virais para ARNm define classes específicas de

vírus com base na natureza e polaridade de seus genomas

11

Figura 5 Representação esquemática de 5 membros de uma classe

politética caracterizada por 5 propriedades, 1-5. Cada

membro apresenta diversas dessas propriedades, mas

nenhuma propriedade em comum está presente em todos os

membros da classe. A propriedade que falta em cada caso é

representada pela área cinza

13

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Figura 6 (a) Morcego fitófago Artibeus jamaicensis. (b) Morcego

insetívoro Molossus molossus

17

Figura 7 Morcegos hematófagos. (a) Desmodus rotundus. (b) Diphylla

ecaudata

19

Figura 8 Morcego hematófago Diaemus youngi 19

Figura 9 Estrutura e organização genômica do poliovirus 30

Figura 10 Representação esquemática do vírion de poliovirus 32

Figura 11 Estratégia de replicação do poliovirus, membro da família

Picornaviridae

33

Figura 12 Localização geográfica da região de Porto Trombetas,

município de Oriximiná, na qual se isolou o vírus Juruaçá

39

Figura 13 Camundongos albinos suíços recém-nascidos utilizados para

as tentativas de isolamento viral no IEC. (a) Manutenção dos

camundongos em gaiolas. (b) Inoculação da suspensão viral

via i.c

41

Figura 14 Representação esquemática do teste de sensibilidade ao

DCA. (a) Vírus envelopado submetido ao DCA, resultando na

perda da infectividade viral e na sobrevivência dos

camundongos; (b) vírus não envelopado submetido ao DCA,

resultando na manutenção da infectividade viral e morte dos

animais

47

Figura 15 Representação esquemática da técnica de Hemaglutinação

(HA)..

48

Figura 16 Representação esquemática do teste de Fixação do

Complemento (FC)

50

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Figura 17 Representação esquemática da técnica de Inibição da

Hemaglutinação (IH)

52

Figura 18 Representação esquemática do teste de Imunofluorescência

Indireta (IFI) utilizado para a detecção de antígeno viral em

cultivo celular

53

Figura 19 Representação esquemática do processamento para

Microscopia Eletrônica de Transmissão

57

Figura 20 Representação esquemática da técnica de Contrastação

Negativa

59

Figura 21 Representação esquemática da técnica de Imunomicroscopia

Eletrônica

60

Figura 22 Representação esquemática do exame histopatológico para

a técnica de Hematoxilina-Eosina (HE)

61

Figura 23 Representação esquemática da técnica de

Imunohistoquímica

63

Figura 24 Marcadores celulares. (A) Micrografia mostrando

imunomarcação de GFAP em cultivo de astrócitos. (B)

Micrografia de microglias marcadas com isolectina B4

conjugada com ITCF. (C) Micrografia de fluorescência

mostrando imunomarcação de neurofilamentos em cultivo de

neurônios

68

Figura 25 Micrografia de fluorescência mostrando ausência de

marcação em cultivo de microglias não infectadas com o

vírus Juruaçá

69

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Figura 26 Dupla marcação. (A) Marcação de microglias com isolectina

B4 conjugada com ITCF. (B) Micrografia de fluorescência

com marcação para antígenos do vírus Juruaçá usando

segundo anticorpo conjugado com rodamina. (C)

Sobreposição das imagens A e B confirmando a infecção de

microglias com o vírus Juruaçá (5 dias p.i.).

70

Figura 27 Micrografia de fluorescência mostrando ausência de

marcação em cultivo de astrócitos não infectados com o vírus

Juruaçá

71

Figura 28 Imunofluorescência indireta com dupla marcação em cultivo

de astrócitos. (A) Micrografia de fluorescência com marcação

para GFAP usando segundo anticorpo marcado com

rodamina. (B) Micrografia de fluorescência com marcação

para antígenos do vírus Juruaçá usando segundo anticorpo

conjugado com ITCF. (C) Sobreposição das imagens A e B

em maior aumento confirmando infecção de cultivo de

astrócitos com o vírus Juruaçá (5 dias p.i.)

72

Figura 29 Contrastação negativa do vírus Juruaçá obtida de fluido de

cultivo de astrócitos (6 dias p.i.)

76

Figura 30 Imunomicroscopia eletrônica do vírus Juruaçá com seu soro

homólogo, mostrando partículas virais circundadas por um

halo denso de anticorpos (setas).

77

Figura 31 Micrografia eletrônica do vírus Juruaçá em cortes ultrafinos

de cérebro de camundongo albino suíço (8 dias p.i.). Notar

partículas virais desprovidas de envelope no citoplasma

78

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celular (seta)

Figura 32 Aspectos histológicos dos animais controles e infectados. (A)

Histologia do sistema nervoso central de camundongo

controle. (B) Histopatologia mostrando reação glial

constituindo área algo nodular em cérebro de camundongo

infectado (7 dias p.i.). (C) Histopatologia mostrando núcleos

de aspecto picnótico (apoptóides) (a) e cariorrexe (necrose)

(c) (6 dias p.i.). (D) Histopatologia mostrando hipertrofia de

células endoteliais e congestão vascular (6 dias p.i.). (E)

Histopatologia mostrando marginação leucocitária

característica (6 dias p.i.). (F) Histopatologia mostrando

proeminente hipertrofia de endotélio (6 dias p.i.)

80

Figura 33 Aspectos histológicos dos animais controles e infectados.

(A) Histologia do miocárdio de camundongo controle. (B)

Histopatologia mostrando miocárdio com leve alteração

histológica representada, sobretudo por discreto infiltrado

linfomononuclear (6 dias p.i.). (C) Histologia do fígado de

camundongo controle. (D) Histopatologia do fígado

mostrando congestão em espaços porta e áreas acinares

com rarefação celular conseqüentes à necrose lítica

(retângulo) (6 dias p.i.). (E) Histologia do baço de

camundongo controle. (F) Histopatologia mostrando baço

com congestão e hiperplasia linfóide moderada (6 dias p.i.)

82

Figura 34 Aspectos histológicos dos pulmões e rins dos animais

controles e infectados. (A) Histologia do pulmão de

84

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camundongo controle. (B) Histopatologia mostrando pulmão

com congestão e relativo colabamento e espessamento de

tabiques alveolares (5 dias p.i.). (C) Histologia do rim de

camundongo controle. (D) Histopatologia mostrando rim com

congestão glomerular e leve edema de células de

revestimento dos túbulos (6 dias p.i.)

Figura 35 Imunohistoquímica em cortes de cérebro de camundongo

infectado com o vírus Juruaçá 7º dia p.i. (A) Padrão de

imunomarcação em tecido, mostrando múltiplas células gliais

e neurônios com imunomarcação citoplasmática positiva. (B)

Padrão granular de depósito do antígeno viral mostrando

evidente localização citoplasmática, notar ausência de

marcação característica nuclear. (C) Área de extenso edema

onde se observa nítida predominância de células positivas

quando comparadas às áreas com menor intensidade de

lesões. (D) Neurônios com marcação citoplasmática positiva

para o vírus Juruaçá, notar imunoreação em prolongamentos

proximais do dendrito apical (setas)

86

Figura 36 Produto de PCR em gel de agarose a 1,5% corado por

brometo de etidium. Identificação das amostras: Faixa 1:

Controle negativo, Faixa 2: Padrão de peso molecular (123

bp DNA Ladder), Faixa 3: Amostra viral com primers HK2 e

HK3, Faixa 4: Amostra viral com primers HK2 e HK10

87

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Vírus não grupados, não classificados isolados na

Amazônia Brasileira pela Seção de Arbovirologia e Febres

Hemorrágicas do IEC

16

Tabela 2 Distribuição das famílias de morcegos no mundo 18

Tabela 3 Vírus isolados de morcegos 25

Tabela 4 A família Picornaviridae: gêneros, espécies representativas

e doenças que causam

26

Tabela 5 Interpretação dos resultados do teste de FC 50

Tabela 6 Oligonucleotídeo correspondente a região não traduzida 5’

do genoma de Poliovirus

66

Tabela 7 Resultados negativos pelo teste de IH para diversos vírus

das famílias Togaviridae, Flaviviridae e Bunyaviridae para o

vírus Juruaçá

74

Tabela 8 Soros imunes de diversos vírus de diferentes famílias com

resultados negativos pelo teste de FC para o vírus Juruaçá

75

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xvi

LISTA DE ABREVIATURAS

ADN: Ácido Desoxiribonucléico

ARN: Ácido Ribonucléico

ARNm: ARN mensageiro

BSA: Albumina bovina

C6/36: Linhagem celular contínua de clone de células de Aedes albopictus

Ca2+: Íons cálcio

CaCl2: Cloreto de cálcio

CBS: Solução salina tamponada com cacodilato de sódio

CEPAN: Comitê de Ética para Pesquisas com Animais

CITV: Comitê Internacional de Taxonomia Viral

cm2: Centímetro quadrado

CO2: Gás carbônico

CsCl: Cloreto de césio

DAB: Sistema revelador composto por 3,3’diaminobenzidina

DCA: Desoxicolato de sódio

DGV: Dextrose Gelatina Veronal

DL50/0,02 mL: Dose letal capaz de matar 50% dos camundongos infectados

EUA: Estados Unidos da América

ECP: Efeito citopático

EEE: Vírus da encefalite eqüina leste

EMC: Vírus da encefalomiocardite

FC: Fixação do complemento

FUNASA: Fundação Nacional de Saúde

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xvii

g: Grama

GFAP: Glial fibrilary acidic protein (Proteína acídica fibrilar glial)

HA: Teste de hemaglutinação

HE: Hematoxilina-Eosina

H2O2: Peróxido de hidrogênio

i.c.: Intracerebral

i.p.: Intraperitoneal

IEC: Instituto Evandro Chagas

IFI: Imunofluorescência indireta

IH: Inibição da hemaglutinação

IL: Interleucina

ITCF: Isotiocianato de fluoresceína

M: Molar

Meio 199: Meio nutriente 199

Meio D-MEM/F12: Meio Mínimo Essencial modificado por Dulbecco e suplementado

com a mistura de nutriente F-12

Meio L-15: Meio Leibowitz

MET: Microscópio eletrônico de transmissão

mg: Miligrama

Mg2+: Íons magnésio

MgCl2: Cloreto de magnésio

mL: Mililitro

mM: Milimolar

mm3: Milímetro cúbico

MML: Vírus Montana myotis leukoencephalitis

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xviii

N: Neutralização

NaCl: Cloreto de sódio

nm: Nanômetro

NMT: Núcleo de Medicina Tropical

NTR: Nontranslated region (Região não traduzida)

O2: Oxigênio

ORFs: Open Read Frames (Cadeias abertas para leitura)

PBS: Solução salina fosfatada tamponada

PCR: Reação em Cadeia da Polimerase

PEG-8000: Polietileno glicol 8000

p.i.: Pós-inoculação

pH: Potencial hidrogeniônico

PTA: Ácido fosfotúngstico

r.p.m.: Rotação por minuto

RT: Reação de Transcrição Reversa

SBF: Soro bovino fetal

SESP: Serviço Especial de Saúde Pública

SN: Sistema nervoso

SNC: Sistema nervoso central

SNP: Sistema nervoso periférico

SVS: Secretaria de Vigilância em Saúde

TA: Temperatura ambiente

TBE: Tris-ácido bórico-EDTA

TNF: Fator alfa de necrose tumoral

UI: Unidade internacional

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xix

UFPA: Universidade Federal do Pará

UTMB: University of Texas Medical Branch

Vero: Linhagem celular contínua de rim de macaco Cercophitecus aethiops

VEE: Vírus da encefalite eqüina venezuelana

ºC: Grau Celsius

g: Micrograma

L: Microlitro

m: Micrômetro

%: Percentagem

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xx

RESUMO

O vírus Juruaçá (AN 401933) foi isolado a partir de um lote de vísceras de um

morcego capturado na região de Porto Trombetas, município de Oriximiná, Estado

do Pará, em 1982, sendo considerado um vírus não grupado/ não classificado. O

objetivo deste trabalho foi classificar o vírus Juruaçá em um táxon viral, baseando-se

nas suas propriedades morfológicas, físico-químicas, antigênicas e moleculares,

bem como descrever as alterações anatomo-patológicas associadas à infecção

experimental. Camundongos recém-nascidos mostraram suscetibilidade à infecção

pelo vírus Juruaçá por inoculação i.c., iniciando os sintomas com quatro dias p.i. e

culminando com morte dos animais oito dias p.i.. O vírus não é sensível à ação do

DCA e consegue aglutinar hemácias de ganso em pH 5,75. Pelos testes de IH e FC,

o vírus não se relaciona com nenhum arbovírus ou outros vírus de vertebrados

conhecidos testados, reagindo apenas com o seu soro homólogo. O vírus não causa

ECP em linhagens de células Vero e C6/36, e IFI destas células também foi

negativa. Entretanto, o vírus Juruaçá replica em cultivo primário de células do SNC

de camundongo (astrócitos e microglias), confirmada por IFI com dupla marcação.

Cultivos de neurônios não se mostraram susceptíveis à infecção pelo vírus Juruaçá,

porém a presença do antígeno viral nestas células foi confirmada por

imunohistoquímica. A microscopia eletrônica de transmissão revelou a presença de

partículas esféricas, com um diâmetro médio de 23-30nm. Alterações anatomo-

patológicas foram observadas principalmente no SNC de camundongos infectados

experimentalmente com o vírus Juruaçá. O resultado do RT-PCR sugere que o vírus

Juruaçá pode ser um novo vírus pertencente à família Picornaviridae, gênero

Enterovirus,

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xxi

ABSTRACT

Juruaçá virus (BE AN 401933) was isolated from pooled organs of an unidentified bat

captured during field work in Porto Trombetas, Oriximiná, Pará State, in 1982, and

remains unclassified/ungrouped. The aims of this work were to classify Juruaçá virus

in a viral taxon taking in account its morphological, physicochemical, antigenic and

molecular properties, as well as, to describe the pathological alterations. This agent

is pathogenic only for infant mice, and the animal’s death occurs with eight days post-

inoculation. It’s not related to any of the arthropod borne viruses with which it has

been tested by serological tests, such as complement fixation (CF) and

hemagglutination inhibition (HI). Positive reactions were only observed with its

homologous serum. Juruaçá virus is not sensitive to sodium desoxicolate and can

hemagglutinate goose cells at pH 5.75. The virus didn’t show any cytophatic effect

and immunofluorescence was negative in Vero and C6/36 cell lines, but it replicates

in brain tissue primary culture cell line (astrocytes and microglias), confirmed by

immunofluorescent assay (IFA). Culture of neuronal cells appears not to be infected

by Juruaçá virus; however, infection of these cells was confirmed by

imunohistochemistry. By transmission electron microscopy and negative stain, the

virus is a spherical particle, with mean diameter of 23-30nm. Pathological alterations

were observed mainly in the central nervous system of newborn mice experimentally

infected with Juruaçá virus. The molecular results of RT-PCR suggest that Juruaçá

virus is a possible new virus belonging to the family Picornaviridae, genus

Enterovirus.

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1 INTRODUÇÃO

Com a intensificação das descobertas de novos vírus no mundo, tornou-se

necessário a criação do Comitê Internacional de Taxonomia Viral (CITV) para

regulamentar os critérios utilizados na classificação e normatização viral. Este

comitê registra as características do maior número de possíveis novos vírus

isolados nas diversas regiões do mundo, visto que vírus não classificados podem

ser verdadeiros patógenos, reconhecidos ou não para homens e animais, ou

também podem representar famílias virais desconhecidas, registros duplicados ou

até mesmo contaminantes microbianos (Zeller et al., 1989a).

Várias técnicas têm sido utilizadas para a caracterização viral, que vão desde

as clássicas como os testes físico-químicos e sorológicos até às mais modernas de

biologia molecular. Dentre as técnicas clássicas, a microscopia eletrônica

desempenhou um grande papel na classificação taxonômica viral, pela contribuição

no detalhamento da morfologia das partículas virais.

A Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do Instituto Evandro

Chagas (IEC) tem acompanhado o desenvolvimento da virologia ao longo dos

últimos 50 anos. Estes estudos foram iniciados em 1954, a partir de convênio

firmado entre o então Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), hoje Secretaria de

Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, e a Fundação Rockfeller

(Shope, 1998), objetivando a investigação dos arbovírus na Amazônia e avaliação

da sua importância como problema de saúde pública, fornecendo suporte

laboratorial à vigilância epidemiológica desses vírus. O IEC tem contribuído para a

caraterização de arbovírus e outros vírus de vertebrados na Amazônia Brasileira,

sendo que alguns destes agentes ainda permanecem sem classificação definida,

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2

como é o caso do vírus Juruaçá, isolado de morcego, que é o objeto de nosso

estudo.

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3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 GENERALIDADES SOBRE VÍRUS E CLASSIFICAÇÃO VIRAL

Um vírus é um biosistema elementar que possui algumas propriedades de

sistemas vivos, tais como um genoma e capacidade de adaptação às mudanças

ambientais (Van Regenmortel, 2000), sendo considerados partículas passíveis de

subexistirem extracelularmente, capazes de adentrar e alterar os processos

metabólicos normais das células, objetivando recodificá-los para a sua própria

replicação. São compostos por um capsídeo proteico que protege o genoma viral, o

qual é constituído por ácido ribonucleico (ARN) ou ácido desoxirribonucleico (ADN),

sendo que muitos tipos virais podem ainda apresentar um envelope lipoprotéico

como um terceiro componente, o qual ainda possui glicoproteínas na forma de

projeções (Falke, 1979). A simetria do vírus é estabelecida pela forma e a

composição das subunidades protéicas que compõe o capsídeo, podendo ser de

forma helicoidal, icosaédrica ou estruturas complexas (Harrison et al., 1996; Pelczar

Jr et al., 1997) (Figura 1).

Apesar de todas estas características, isso não significa que os vírus

deveriam ser considerados como organismos, visto não possuírem atributos

essenciais de organismos vivos, tais como a habilidade de capturar e armazenar

energia livre, e não possuírem autonomia característica que resulta da presença de

um conjunto de atividades metabólicas integradas (Van Regenmortel, 2003).

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4

Figura 1 - Simetria viral. (a) Diagrama de um vírus em forma de bastão com simetria helicoidal; (b)

Vírus com simetria icosaédrica, apresentando nucleocapsídeo circundado pelo envelope lipoprotéico;

(c) Nucleocapsídeo com simetria icosaédrica, mostrando ácido nucléico e capsômeros.

Fonte: Pelczar Jr et al., 1997

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5

Os vírus foram reconhecidos como entidades biológicas distintas há pouco

mais de um século, entretanto, evidências de infecções virais têm sido encontradas

dentre os relatos primordiais das atividades humanas. No final do século XIX, a

existência de um mundo microbiano diverso de bactérias, fungos e protozoários já

era bem estabelecido.

O primeiro relato de um agente patogênico menor que qualquer bactéria

conhecida foi feito em 1892, através de experimentos realizados pelos cientistas

Adolf Mayer (1843-1942), Dimitrii Ivanowsky (1864-1920) e Martinus Beijerinck

(1851-1931) com a doença do Mosaico do Tabaco (um vírus de planta). Estes

cientistas contribuíram para o desenvolvimento de um novo conceito: um agente

filtrável e muito pequeno para ser observado à microscopia óptica, mas capaz de

causar doença por se multiplicar em células vivas, que na época foi chamando por

Beijerinck de contagium vivum fluidum, para enfatizar sua natureza infecciosa e

propriedades reprodutivas e físicas distintas. Posteriormente, os agentes que

passavam através de filtros que retêm bactérias foram chamados de vírus

ultrafiltráveis, mais tarde simplificado apenas para vírus, que em latim significa

veneno (Levine, 1996; Flint et al., 2000).

Walter Reed identificou o primeiro vírus humano em 1901, o vírus da febre

amarela, em Cuba, e nesta mesma ocasião foi comprovada a transmissão da

doença através de mosquitos (Flint et al., 2000). Outros vírus humanos foram

identificados neste século (Figura 2), apesar da dificuldade do processo, como pelo

perigo na manipulação experimental.

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Figura 2 - O caminho das descobertas iniciais de novos agentes infecciosos em humanos.

Fonte: Flint et al., 2000

Com a crescente descoberta de novos vírus houve a necessidade da criação

de um sistema unificado de taxonomia viral. Em 1966, durante um congresso de

microbiologia realizado em Moscou, foi estabelecido o Comitê Internacional de

Nomenclatura Viral, posteriormente chamado de Comitê Internacional de Taxonomia

Viral (CITV). Desde 1971, o CITV, operando em nome da comunidade de

virologistas tem produzido seus relatórios descrevendo a situação corrente da

taxonomia viral, criando o Código Internacional de Nomenclatura Viral (Matthews,

1982). De acordo com Murphy (1996) e Pringle (1999), a classificação é baseada em

critérios primários e secundários.

Os critérios primários são:

1) A natureza do genoma viral (ADN ou ARN);

2) O tipo de fita do genoma viral (dupla ou simples, circular ou linear);

Ano

Núm

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escobert

as

Introdução dos

eficientes métodos

bacteriológicos de

Koch

Descoberta de

Ivanowsky sobre o

TMV

Fungi (17)

Bacteria (50)

Protozoa (11)

Vírus filtráveis (19)

Rickettsiae (4)

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7

3) A facilidade na transcrição reversa;

4) A polaridade do genoma (positiva, negativa ou “ambisense”).

Os critérios secundários são caracterizados por:

1) Morfologia: Tamanho e forma do vírus; presença ou ausência de envelope

viral e espículas; simetria e estrutura do capsídeo.

2) Propriedades físicas e físico-químicas: Massa molecular do vírus;

densidade de flutuação do vírus (em CsCl e sacarose, entre outros); coeficiente de

sedimentação; estabilidade a variações de pH, calor, íons divalentes, detergentes,

solventes e radiação.

3) Propriedades secundárias do genoma: número e tamanho de

segmentos; tamanho do genoma ou dos segmentos; seqüência nucleotídica;

presença de elementos repetidos no genoma; taxa de Guanina + Citosina do

genoma; presença ou ausência e tipo de cap 5´ terminal; presença ou ausência de

proteínas ligadas covalentemente ao terminal 5´; presença ou ausência de cauda

poli A no terminal 3´; presença de isomerização (retrovírus).

4) Proteínas: Número, tamanho e atividade funcional de proteínas estruturais

e não estruturais; seqüências completa ou parcial de aminoácidos; detalhe das

atividades funcionais de proteínas especiais, em particular, transcriptase,

transcriptase reversa, hemaglutinina, neuraminidase e as de atividade de fusão; tipo

de propriedade de glicosilação, fosforilação e metilação das proteínas; estrutura

tridimensional da proteína.

5) Lipídios e carboidratos: Composição e teor dos lipídeos e açúcares

existentes.

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6) Replicação viral e organização genômica: Organização do genoma;

estratégia de replicação; número e posição das seqüências de leitura aberta (open

read frames – ORFs); característica de transcrição e tradução; sítio de acúmulo de

proteínas virais; sítio de montagem, maturação e liberação da partícula viral.

7) Propriedades antigênicas: relações sorológicas obtidas através de testes

sorológicos.

8) Propriedades biológicas: hospedeiro natural, modo de transmissão em

natureza, relação entre vetores, distribuição geográfica, patogenicidade, tropismo

tecidual, patologia e histopatologia.

Um sumário das principais características de algumas famílias virais pode ser

observado na figura 3.

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9

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Existem ainda outros modos de classificação dos vírus. Pelo primeiro,

baseado no tropismo do vírus e modo de transmissão, estão os vírus entéricos

(transmitidos pelo trato fecal-oral), os vírus respiratórios (transmitidos por via aérea),

os vírus oncogênicos (transmitidos através de contato direto, seja sexual,

inoculação, ou ainda por meios desconhecidos) e os arbovírus (transmitidos por

picada de artrópodes) (Murphy, 1996), e pelo segundo, o Sistema de Classificação

de Baltimore que é baseado no sistema genético de cada vírus e descreve a relação

obrigatória entre o genoma viral e seu ARNm (Figura 4).

Este tipo de classificação é raramente utilizado em vírus de animais, pois

apenas fornece características adicionais de definição. Entretanto, os princípios

incluídos nesta classificação são importantes, especialmente as designações de

polaridades positivas e negativas, amplamente utilizadas na descrição dos genomas.

A classificação de Baltimore é sobreposta na nomenclatura do CITV, havendo

complementação da classificação (Flint et al., 2000).

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Figura 4 - Classificação de Baltimore. Todos os vírus devem produzir ARNm que pode ser traduzido

por ribossomos celulares. Neste sistema de classificação, a única via de vários genomas virais para

ARNm define classes específicas de vírus com base na natureza e polaridade de seus genomas.

Fonte: Flint et al., 2000

O oitavo relato do CITV, publicado em 2005, apresenta um esquema de

taxonomia viral compreendendo 3 ordens, 73 famílias, 9 subfamílias, 287 gêneros e

1938 espécies virais (Fauquet et al., 2005). Através deste relato, três categorias de

vírus de diversas taxonomias têm sido definidas: espécies tipos, as quais se

referem à espécie tipo usada na definição do táxon; outras espécies, inclui aqueles

vírus que na base da evidência presente definitivamente pertencem ao táxon, e

tentativas de espécies que, referem-se aos vírus para os quais há uma evidência

presuntiva mas não conclusiva de pertencerem ao táxon.

Um grupo de famílias com características em comum constitui uma ordem, e

para a sua designação utiliza-se o sufixo –virales. Até o presente, existem três

ordens aprovadas pelo CITV: a Caudovirales, que compreende as famílias

Myoviridae, Siphoviridae e Podoviridae; Mononegavirales, a qual pertencem as

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famílias Bornaviridae, Filoviridae, Paramyxoviridae e Rhabdoviridae; e Nidovirales,

que engloba as famílias Coronaviridae e Arteriviridae (Van Regenmortel et al., 2000).

Uma família é constituída por um grupo de gêneros (organizados ou não em

subfamílias), os quais compartilham diversas propriedades em comum e distintas

dos membros das outras famílias. Para a sua designação utiliza-se o sufixo –viridae

para a sua designação (Mayo, 1996). Certas famílias como Poxviridae,

Herpesviridae, Parvoviridae, Paramyxoviridae e Retroviridae possuem subfamílias,

cujos nomes apresentam-se agregados ao sufixo –virinae, e permitem uma

hierarquia taxonômica mais complexa através da complexidade intrínseca das

relações entre seus membros (Murphy, 1996).

Um gênero é um grupo de espécies que apresentam características em

comum, porém distintas dos membros de outros gêneros, e emprega-se o sufixo –

virus para a sua designação (Mayo, 1996). O critério usado para a criação de

gêneros difere entre as famílias, mas a base para a sua definição é a evidência

filogenética comum entre os seus membros (Murphy, 1996).

Uma espécie viral é definida como uma classe politética de vírus que

possuem uma linhagem de replicação e ocupam um nicho ecológico particular (Van

Regenmortel, 1989). Conceitua-se uma classe politética como aquela cujos

membros possuem diversas propriedades em comum, mas não há uma propriedade

que seja necessariamente compartilhada por todos os membros e que, por estarem

ausentes em outras espécies, pode ser usada como uma propriedade peculiar de

uma dada espécie (Van Regenmortel, 1989; Van Regenmortel et al., 1997) (Figura

5). Para o reconhecimento de uma espécie viral como uma classe politética

consideram-se as propriedades antigênicas como a reatividade sorológica entre

vírus individuais, e as propriedades biológicas como o espectro de hospedeiros, o

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tropismo tecidual, os tipos de vetores e a via de transmissão (Van Regenmortel,

1990). A categoria de espécie tem sido aceita como o nível taxonômico mais baixo e

fundamental na classificação viral (Van Regenmortel & Fauquet, 2002).

Figura 5 - Representação esquemática de 5 membros de uma classe politética caracterizada por 5

propriedades, 1-5. Cada membro apresenta diversas dessas propriedades, mas nenhuma

propriedade em comum está presente em todos os membros da classe. A propriedade que falta em

cada caso é representada pela área cinza.

Fonte: Van Regenmortel, 2000

Na taxonomia viral formal, os nomes das ordens, famílias, subfamílias e

gêneros são sempre escritos em itálico e a primeira letra dos nomes é capitalizada.

Mayo & Horzinek (1998) ampliam esta convenção tipográfica aos nomes das

espécies objetivando melhor sinalização visual de que espécies são táxons virais

reconhecidos, assim como são gêneros e famílias. De acordo com a regra 3.40 do

Código Internacional de Classificação e Nomenclatura Viral (1998):

“Nomes de espécies são escritos em itálico e tem a primeira letra da

primeira palavra capitalizada. Outras palavras não são capitalizadas ao

menos que sejam nomes próprios, ou partes de nomes próprios.”

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A identificação viral é um processo comparativo dos isolamentos individuais

com os membros das espécies virais estabelecidas, logo mutantes ou variantes

patogênicas que são claramente distintas do vírus tipo selvagem serão geralmente

reconhecidas e consideradas em termos de taxonomia, como sendo a mesma

espécie viral (Van Regenmortel & Mahy, 2004).

O CITV tem publicado ao longo dos anos diversas listas de abreviações

recomendadas de nomes de vírus. Inicialmente, estas abreviações se referiam aos

nomes de vírus comuns, mas posteriormente as listas publicavam as abreviações

para os nomes das espécies virais. Embora os nomes dos vírus e das espécies

virais correspondentes sejam usualmente os mesmos, não necessariamente pode

ser desta maneira, podendo gerar questionamentos de que nomes de espécies não

deveriam ser abreviados. Por este motivo o CITV recomenda que as abreviações

sejam aplicadas somente aos nomes dos vírus (Van Regenmortel & Mahy, 2004).

A substituição da palavra vírus pelo nome do gênero, no qual a espécie está

classificada é uma tentativa de padronização do sistema binominal de nomenclatura

viral (Van Regenmortel, 2001), principalmente em relação às espécies virais. Este

sistema, no entanto, gera muitas divergências e críticas entre alguns virologistas

(Bos, 1999; 2000), pois apesar de ser aplicável à maior parte dos gêneros de vírus

reconhecidos pelo CITV, algumas mudanças devem ser introduzidas em alguns

gêneros a fim de se evitar nomes questionáveis ou redundantes (Van Regenmortel &

Fauquet, 2002).

Alguns vírus, como os arbovírus, são classificados de acordo com suas

propriedades antigênicas ou segundo suas características físico-químicas. A

classificação antigênica é baseada principalmente nos testes de inibição da

hemaglutinação (IH), fixação do complemento (FC) e neutralização (N),

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genericamente rotulados de testes convencionais ou de primeira geração (Casals,

1957). De acordo com os resultados, quando dois ou mais vírus mostram

cruzamento sorológico passam a constituir um grupo antigênico e, dentro de cada

grupo antigênico existem membros que exibem relacionamento mais próximo,

formando subgrupos ou complexos (Calisher & Karabatsos, 1988).

2.2 VÍRUS NÃO CLASSIFICADOS

Muitos vírus ainda não foram caracterizados apesar dos vários estudos já

realizados. A Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC reúne um

acervo de cerca de 11.000 isolamentos de arbovírus e outros vírus de vertebrados,

obtidos de pelo menos 196 tipos diferentes de vírus. Destes, 100 são novos para a

Ciência e 34 são associados com infecções humanas (Travassos da Rosa et al.,

1997). Entretanto existem vírus que permanecem sem classificação taxonômica

definida, a saber: Codajás, Galibi, Marajó, Tracambé, Uruará, Mucura, Iriri, Papura,

Cajazeiras e o vírus Juruaçá (Be AN 401933) (Travassos da Rosa et al., 1998) que é

o objeto de nosso estudo (Tabela 1).

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Tabela 1 - Vírus não grupados e não classificados isolados na Amazônia Brasileira

pela Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC.

Vírus

Artrópodes

Vertebrado

silvestre

Chiroptera Mosquito Flebotomíneo

Codajás

Galibi

Marajó

Tracambé

Uruará

Mucura

Iriri

Papura

Cajazeiras

Juruaçá

Fonte: Adaptado de Travassos da Rosa et al., 1998.

2.3 A ORDEM CHIROPTERA

A palavra Chiroptera significa mão (chiro) transformada em asa (ptera) e têm

como representantes os morcegos, únicos mamíferos com capacidade de vôo,

graças à transformação de seus braços em asas. Os morcegos habitam a maioria

das regiões temperadas e tropicais dos hemisférios, e são encontrados em quase

todos os continentes, exceto na Antártica (Eisenberg & Redford, 1999). Dentre os

mamíferos, apenas os roedores (ordem Rodentia) se sobrepõem aos morcegos em

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número de espécies, com 1.800 representantes (Nowak & Paradiso, 1983; Hill &

Smith, 1984; Nowak, 1994; FUNASA, 1998).

A ordem Chiroptera é subdividida em duas subordens, a Megachiroptera

(encontrada no Velho Mundo), é representada por uma única família, a Pteropodidae

com 170 espécies, todas frugívoras (Figura 6); e a Microchiroptera, que compreende

todas as outras 17 famílias, englobando mais de 800 espécies, encontradas no

Velho Mundo, no Novo Mundo, ou em ambos (Tabela 2) (FUNASA, 1998; Eisenberg

& Redford, 1999). Dentre as quase 1000 espécies de morcegos existentes no

mundo, aproximadamente 140 são encontradas no Brasil, distribuídas entre nove

famílias, sendo apenas três hematófagas (FUNASA, 1998).

Devido a sua variedade alimentar, os morcegos são classificados em

frugívoros, nectarívoros, insetívoros, carnívoros, hematófagos e piscívoros (Sulkin,

1962), ressaltando que não se trata de uma classificação sistemática, pois algumas

famílias de morcegos podem incluir diversas espécies das diferentes classes

mencionadas.

Figura 6 – (a) Morcego fitófago Artibeus jamaicensis. (b) Morcego insetívoro Molossus molossus.

Fonte: FUNASA, 1998.

(b)

(a)

Fo

to:

W.

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to:

W.

Uie

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(b)

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18

Tabela 2 - Distribuição das famílias de morcegos no mundo.

Velho Mundo Novo Mundo Mundial

Pteropodidae

Rhinopomatidae

Nycteridae

Megadermatidae

Rhinolophidae

Hipposideridae

Craseonycteridae

Mystacinidae

Myzopodidae

Thyropteridae

Natalidae

Furipteridae

Mormoopidae

Phyllostomidae

Noctilionidae

Emballonuridae

Vespertilionidae

Molossidae

Fonte: Eisenberg & Redford,1999.

A maioria dos morcegos é do tipo insetívoro e estão presentes em todo o

mundo, auxiliando o controle das populações de diversos tipos de insetos, como

besouros, mariposas, percevejos e pernilongos (FUNASA, 1998). Os morcegos ditos

fitófagos (nectarívoros e frugívoros) são encontrados nas regiões tropicais e

subtropicais do mundo e promovem a polinização das flores e a dispersão das

sementes de plantas (Reis & Guillaumet, 1983; FUNASA, 1998).

Os morcegos hematófagos compreendem apenas três espécies: Desmodus

rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngii (Figuras 7 e 8), são restritas à

América Latina e atacam vertebrados endotérmicos (aves e mamíferos silvestres ou

rurais). Estes morcegos desempenham papel importante nos ecossistemas naturais,

através do auxílio no controle das populações de vertebrados herbívoros, evitando

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que superpopulações dessas presas destruam a vegetação e, conseqüentemente, o

ecossistema (FUNASA, 1998).

Figura 7 – Morcegos hematófagos. (a) Desmodus rotundus. (b) Diphylla ecaudata.

Fonte: FUNASA, 1998.

Figura 8 – Morcego hematófago Diaemus youngi

Fonte: FUNASA, 1998.

Os morcegos podem transmitir diversos agentes infecciosos ao homem como:

vírus, leptospiras, rickettsias, e criptococos (Tamsitt & Valdivieso, 1970),

histoplasmas, tripanossomos, brucelas, cândidas e salmonelas (Constantine, 1988).

Entretanto, a doença mais grave transmitida pelos morcegos é a raiva humana, e os

Fo

to:

W.

Uie

da

Fo

to:

W.

Uie

da

(a) (b)

Fo

to:

W.

Uie

da

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20

morcegos ocupam o segundo lugar na transmissão da doença humana na América

Latina, superados apenas pela transmissão pelos cães.

2.4 VÍRUS ISOLADOS DE MORCEGOS

De 1906 a 1908, em Santa Catarina, região sul do Brasil, bovinos e eqüinos

morreram de raiva paralítica e morcegos foram observados se aproximando dos

animais à luz do dia para tentar mordê-los. Carini (1911) suspeitou que os morcegos

pudessem estar envolvidos na transmissão, porém, o vírus da raiva só foi isolado a

partir de amostras do cérebro do morcego Phyllostoma superciliatum por Haupt &

Rehaag em 1925. A primeira epidemia de raiva humana transmitida por morcegos

hematófagos foi registrada em Trinidad na década de 1930, com registro de 55

óbitos (Verteuil & Urich, 1935).

O vírus da raiva tem sido isolado de morcegos hematófagos, frugívoros e

insetívoros em diversas regiões do mundo (Brass, 1994). No Brasil, recentemente foi

registrado um surto de raiva humana nos municípios de Portel e Viseu, Estado do

Pará, totalizando 22 mortes, das quais 10 foram confirmadas laboratorialmente como

infecção pelo vírus da raiva causada pela variante 3 (compatível com morcego

hematófago Desmodus rotundus), caracterizando assim, o maior surto de raiva

humana transmitida por morcego registrado no país e o maior no mundo em um

período curto de um mês. Registrou-se também o isolamento viral em morcego não

hematófago (Platyrrhinus sp.) (Wada et al., 2004; Travassos da Rosa et al., 2004).

Mais de 50 vírus diferentes têm sido isolados de morcegos sendo a maioria

vírus de ARN pertencentes a famílias distintas (Tabela 3).

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Dentre a família Flaviviridae, o vírus Rio Bravo foi obtido de morcego

insetívoro (Tadarida braziliensis) nos Estados Unidos da América (EUA) e em

Trinidad (Burns & Farinacci, 1956; Price, 1978). O vírus Entebbe bat foi isolado de

Tadarida limbata na Uganda, local onde também foram isolados o vírus Dakar bat

(de morcego Scotophilus nigrita) e o vírus Bukalasa bat (de morcego Tadarida

pumila) (Wiliams et al., 1964). O vírus Montana myotis leukoencephalitis (MML) foi

isolado de Myotis lucifugus nos EUA (Bell & Thomas, 1964). Há isolamento de uma

cepa do vírus da febre amarela em morcego Epomophorus na Etiópia (Andral et al.

1968). Sulkin et al. (1966) e Allen et al., (1970) isolaram o vírus da encefalite de St.

Louis em Tadarida b. mexicana nos EUA e o vírus da encefalite japonesa de

Miniopterus schreibersi e Rhinolophus c. cornutus no Japão (Sulkin et al., 1970). O

vírus do Nilo ocidental foi isolado de morcego Rousettus leschenaulti (Paul et al.,

1970) e o vírus Doença da floresta de Kyasanur foi obtido de morcegos frugívoros e

insetívoros (Pavri & Singh, 1968; Rajagopalan et al., 1969). No Cambodia isolou-se

de morcego frugívoro Cynopterus brachyotis angulatus o vírus Phnom-Penh bat

(Salaun et al., 1974). O vírus Ilhéus também possui um isolamento de morcego

(Vasconcelos et al., 1998), bem como os vírus Sokuluk (Lvov et al., 1973a), Jugra,

Hypr, Carey Island (Karabatsos, 1985). O vírus Yokose também já foi isolado de

morcego no Japão (Tajima et al., 2005). Dentre as tentativas de espécies da família

o vírus Tamana bat também foi isolado de morcego insetívoro (Pteronotus parnellii)

em Trinidad (Price, 1978).

O Arenavirus Tacaribe já foi isolado de morcego em diversas ocasiões de

morcegos Artibeus lituratus e Artibeus jamaicensis em Trinidad (Downs et al.,1963;

Theiler & Downs, 1973).

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Os vírus Lagos bat, Kern Canyon e a tentativa de espécie do Vesiculovirus

Mount Elgon (Rhabdoviridae) foram isolados de Eidolon helvum (Nigéria), Myotis

(EUA) e Rhinolophus (Quênia), respectivamente (Boulger & Porterfield, 1958; Theiler

& Downs, 1973). O Lyssavirus Australian bat foi isolado de Pteropus alecto na

Austrália (Fraser et al., 1996). Há ainda o relato de isolamento em morcego do vírus

Gossas (Karabatsos, 1985), sendo que este vírus ainda não foi assinalado dentro de

um gênero da família Rhabdoviridae, assim como o vírus Kern Canyon. O também

Lyssavirus Duvenhage tem sido isolado de morcegos insetívoros africanos (Meredith

et al., 1971; Van der Merwe, 1982; Amengual et al., 1997) e o vírus European bat

possui diversos isolamentos em morcegos em vários países da Europa (Amengual et

al., 1997).

Da família Herpesviridae foram isolados o vírus Água Preta de morcego

Carollia subrufa (Huth & Araújo, 1971) em Belém, Pará e o vírus Parixá de

Lonchophylla thomasi na região de Altamira, Pará (Machado, 1998). Tandler (1996)

identificou um Citomegalovirus em Myotis lucifugus.

Na família Bunyaviridae, os vírus Catú, Guamá (Theiler & Downs, 1973;

Karabatsos, 1985; Travassos da Rosa et al., 1998) e Mojuí dos Campos

(Karabatsos, 1985; Zeller et al., 1989b; Wanzeller et al., 2002) foram isolados de

morcegos no Pará. Calisher et al. (1971) isolaram o vírus Nepuyo de morcegos

Artibeus em Honduras. O vírus Kaeng Khoi foi isolado de Chaerephon plicata e

Taphozus theobaldi na Tailândia em 1969, e novamente na mesma região em 1970-

71 por Williams et al. (1976) e mais recentemente no Cambodia por Osborne et al.

(2003). Kalunda et al. (1986) isolaram o vírus Kasokero de Rousettus aegyptiacus

em Uganda. Há o registro de isolamento do Phlebovirus da febre do Vale do Rift em

morcegos na Guiné, África em 1981-83 (Boiro et al., 1987; Fontenille et al., 1998). O

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Hantavirus Hantaan foi isolado do pulmão de morcegos insetívoros Eptesicus

serotinus e Rhinolophus ferrum-equinum (Kim et al., 1994). Existe isolamento em

morcegos dos vírus Issyk-Kul (Lvov et al., 1973b), Keterah e Yogue (Karabatsos,

1985), que ainda não possuem classificação dentro da família.

Na família Togaviridae, gênero Alphavirus, o vírus Chikungunya foi obtido de

Scotophilus sp. no Senegal, sendo o primeiro arbovírus conhecidamente patogênico

ao homem isolado em morcego (Theiler & Downs, 1973). Depois deste registro,

diversos arbovírus também já foram isolados de morcegos. O vírus da encefalite

eqüina venezuelana (VEE) já foi isolado de Artibeus e Desmodus durante epizootias

(Correa-Giron et al., 1972; Sanmartin et al., 1967) e em enzootias no México e

Guatemala também foram registradas infecções naturais em morcegos por vírus

VEE (Scherer et al., 1971; Seymour et al., 1978). No Brasil, a variante IF do

complexo VEE foi isolada de Carollia perspicillata (Calisher et al., 1982). O vírus da

encefalite eqüina leste (EEE) também já foi isolado de morcego, bem como os vírus

Sindbis (Blackburn et al., 1982), Cabassou, e Highlands J (Karabatsos, 1985).

O vírus Ife foi isolado de morcegos Eidolon helvum na África Central e

caracterizado como tentativa de espécie do gênero Orbivirus, na família Reoviridae

(Kemp et al., 1988), bem como o vírus Fomede, isolado de Nycteris nana, na Guiné

(Boiro et al., 1986; Zeller et al., 1989c) e o vírus Japanaut (Karabatos, 1985).

Na família Coronaviridae o vírus Bocas foi isolado de Myotis lucifugus

(Karabatsos, 1985).

Pavri et al. (1971) isolaram uma cepa de parainfluenza em lote de vísceras de

morcego frugívoro Rosettus leschenaulti, na Índia. O vírus Mapuera, isolado de

Sturnira lilium no Pará, também foi caracterizado como pertencente à família

Paramyxoviridae (Karabatsos, 1985; Zeller et al., 1989a; Henderson et al., 1995). Os

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morcegos Pteropus estão implicados como prováveis hospedeiros naturais do vírus

Nipah (Field et al., 2001; Yob et al., 2001; Wong et al., 2002), bem como do vírus

Menangle (Philbey et al., 1998; Halpin et al., 1999), visto a detecção de anticorpos

neutralizantes para esses vírus em morcegos. Mais recentemente, Chua et al. (2002)

conseguiram isolar o vírus Nipah da urina deste mamífero. Há o registro de

isolamentos de outros dois Paramyxovirus, o vírus Hendra, o qual também somente

se detectava anticorpos neutralizantes em morcegos (Young et al., 1996), mas foi

isolado de Pteropus por Halpin et al. (2000); e o Tioman, isolado da urina do

morcego frugívoro Pteropus hypomelanus (Chua et al., 2001).

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Tabela 3 - Vírus isolados de morcegos.

Família Vírus Referência

Togaviridae Chikungunya Theiler & Downs, 1973 VEE Correa-Giron et al., 1972; Sanmartin et al., 1967; Scherer et

al., 1971; Calisher et al., 1982 Sindbis Blackburn et al., 1982 EEE, Cabassou e

Highlands J Karabatsos, 1985

Flaviviridae Rio Bravo Burns & Farinacci, 1956; Price, 1978 Entebbe bat, Dakar

bat e Bukalasa bat Wiliams et al., 1964

MML Bell & Thomas, 1964 Febre amarela Andral et al. 1968 Encefalite de St.

Louis Sulkin et al., 1966; Allen et al., 1970

Encefalite japonesa Sulkin et al., 1970 Nilo ocidental Paul et al., 1970 Doença da floresta

de Kyasanur Pavri & Singh, 1968; Rajagopalan et al., 1969

Phnom-Penh bat Salaun et al., 1974 Ilhéus

1 Vasconcelos et al., 1998

Sokuluk Lvov et al., 1973a Jugra, Hypr e Carey

Island Karabatsos, 1985

Yokose Tajima et al., 2005 Tamana bat Price, 1978 Bunyaviridae Catú

1 e Guamá

1 Theiler & Downs, 1973; Karabatsos, 1985; Travassos da Rosa et al., 1998

Mojuí dos Campos1

Karabatsos, 1985; Zeller et al., 1989b; Wanzeller et al., 2002 Nepuyo Calisher et al., 1971 Kaeng Khoi Williams et al., 1976; Osborne et al., 2003 Kasokero Kalunda et al., 1986 Febre do Vale do Rift Boiro et al., 1987; Fontenille et al., 1998 Hantaan Kim et al., 1994 Issyk-Kul Lvov et al., 1973b Keterah e Yogue Karabatsos, 1985 Rhabdoviridae Raiva

1 Carini, 1911; Haupt & Rehaag, 1925; Verteuil & Urich, 1935; Brass, 1994

Lagos bat, Kern Canyon e Mt. Elgon

Boulger & Porterfield, 1958; Theiler & Downs, 1973

Australian bat Fraser et al., 1996 Gossas Karabatsos, 1985 Duvenhage Meredith et al., 1971; Amengual et al., 1997 European bat Amengual et al., 1997 Herpesviridae Água Preta

1 Huth & Araújo, 1971

Parixá1

Machado, 1998 Citomegalovirus Tandler, 1996 Arenaviridae Tacaribe Downs et al.,1963; Theiler & Downs, 1973 Reoviridae Ife Kemp et al., 1988 Fomede Boiro et al., 1986; Zeller et al., 1989c Japanaut Karabatsos, 1985 Coronaviridae Bocas Karabatsos, 1985 Paramyxoviridae Mapuera

1 Karabatsos, 1985; Zeller et al., 1989a; Henderson et al., 1995

Tioman Chua et al., 2001 Nipah

2 Field et al., 2001; Yob et al., 2001; Chua et al., 2002

Hendra Young et al., 1996; Halpin et al., 2000 Menangle

2 Philbey et al., 1998; Halpin et al., 1999

¹ Vírus isolados de morcegos na região Amazônica Brasileira

² Vírus que aparentam ser de morcegos frugívoros

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2.5 FAMÍLIA PICORNAVIRIDAE

A família Picornaviridae compreende os menores vírus de ARN conhecidos e

é uma das maiores e mais importantes famílias de patógenos humanos e agrícolas

(Rueckert, 1996) (Tabela 4). O prefixo pico designa uma unidade muito pequena de

mensuração, equivalente a 10-12. Atualmente a família é dividida em nove gêneros:

Aphtovirus, Cardiovirus, Rhinovirus, Enterovirus, Hepatovirus, Parechovirus,

Erbovirus, Kobuvirus e Teschovirus (Fauquet et al., 2005).

Tabela 4 – A família Picornaviridae: gêneros, espécies representativas e doenças

que causam.

Gênero Espécie representativa

Doença (s) Hospedeiro natural

Enterovirus Poliovirus Poliomielite Humano

Coxsackievirus Miocardite, pancreatite, meningite

Humano

Rhinovirus Rhinovirus Resfriado comum Humano

Cardiovirus Vírus da encefalomielite de Theiler

Encefalomielite Camundongo

Aphtovirus Vírus da febre aftosa Febre aftosa Ungulados de cascos fendidos

Erbovirus Vírus da rinite eqüina B Doença respiratória aguda

Cavalos

Kobuvirus Vírus Aichi Gastroenterite Humano

Teschovirus Porcine teschovirus Encefalomielite Porcos

Hepatovirus Vírus da hepatite A Hepatite Humano

Parechovirus Parechovirus humano Gastroenterite, doença respiratória

Humano

Fonte: Adaptado de Whitton, J.L.; Cornell, T.; Feuer, R., 2005.

No gênero Aphtovirus destaca-se o vírus da febre aftosa, que infecta

principalmente biungulados (bovinos, suínos e caprinos), mas tem sido isolado de

pelo menos 70 espécies de mamíferos, ocasionando lesões vesiculares, às vezes

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associadas com miocardite aguda fatal em animais jovens. Raramente infecta

humanos.

Dentre os Cardiovirus, o vírus da encefalomiocardite (EMC) tem sido isolado

de mais de 30 espécies, incluindo mamíferos, pássaros e insetos, ocorrendo

miocardite e encefalite em camundongos e outros animais. Este vírus possui dois

subgrupos biológicos e ambos infectam camundongos, sendo que um causa uma

polioencefalomielite aguda e fatal e o outro causa uma desmielinização persistente

crônica na substância branca. O vírus de Theiler também tem cepas que se

diferenciam de acordo com a doença que causam em camundongos. Um grupo

(cepas GDVII e FA) causa uma encefalomielite rápida e fatal (Theiler & Gard, 1940;

Jarousse et al., 1998). Cepas do segundo grupo (DA, BeAn, TO4 e WW) são

atenuadas e causam uma doença bifásica (Lipton, 1975; Jarousse, et al., 1998;

Jnaoui et al., 2002). O vírus da encefalomielite humana de Vilyuisk, divergente do

vírus Theiler, tem sido implicado como causa de doença neurológica degenerativa

em humanos na Sibéria.

Os Rhinovirus causam um resfriado comum e outras doenças do trato

respiratório humano.

Nos Hepatovirus, o protótipo, representado pelo vírus da hepatite A, infecta

células epiteliais do intestino e hepatócitos de primatas, promovendo febre, icterícia,

dor abdominal, e ocasiona uma infecção persistente in vitro mas não in vivo.

Os Parechovirus se multiplicam primariamente no trato gastrointestinal

causando diarréia, frequentemente com complicações respiratórias, sendo

particularmente prevalente em crianças jovens.

Entre os Enterovirus destacam-se os enterovirus de origem humana, os vírus

da poliomielite (3 sorotipos), os coxsackievirus A (23 sorotipos) e B (6 sorotipos), os

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echovirus (31 sorotipos) e os enterovirus 68 a 72 (Melnick, 1983; Rueckert, 1996;

Gomes et al., 1997). Estes agentes tem distribuição mundial e são transmitidos

principalmente pela via fecal-oral, comprometendo vários órgãos e ocasionando

diferentes quadros clínicos, como por exemplo poliomielite (formas inaparentes e

subclínicas até paralisias), meningite, febre exantemática, miocardite, entre outros.

Os coxsackievirus são extremamente infecciosos para camundongos recém-

nascidos; geralmente o tipo A causa miosite generalizada e o tipo B uma miosite

local. Os poliovírus infectam certos tipos de células nervosas, causando sérios

danos ou completa destruição das mesmas. No cérebro, a formação reticular, os

núcleos vestibular e cerebelar profundo são os mais frequentemente afetados.

Quase não se observa alteração no córtex, com exceção do córtex motor (Gomes &

Vasconcelos, 1997).

O gênero Erbovirus é representado pelo vírus da rinite eqüina B, o gênero

Kobuvirus pelo vírus Aichi, e o gênero Teschovirus pelo vírus Porcine teschovirus

(13 sorotipos).

Os picornavírus possuem ARN de fita simples, esféricos, simetria icosaédrica,

diâmetro de 22-30 nm, são estáveis em pH ácido, não envelopados, ou seja,

resistentes à solventes, tais como éter e desoxicolato de sódio, são rapidamente

inativados pela luz ultravioleta, infectam uma variedade de tipos celulares de origem

humana e animal e podem ou não possuir hemaglutininas. Receptores de eritrócitos

têm sido parcialmente caracterizados para Coxsackievirus B3 e Echovirus 7, assim

como para o vírus EMC. Este último se liga à eritrócitos humanos via glicoforina A, a

principal sialoglicoproteína distribuída na membrana que é primariamente

responsável pelos antígenos do grupo sanguíneo MN (Rueckert, 1996). A presença

de receptores de eritrócitos não demonstra um papel conhecido na patogênese viral.

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O genoma dos picornavírus é uma molécula de ARN, única, contínua, linear e

de polaridade positiva, constituindo diretamente um ARNm para a síntese de

proteínas virais. Compreende uma faixa de aproximadamente 7.209 à 8.450

nucleotídeos, e são compostos por 30% de adenina, 24% de citosina, 22,5% de

guanina e 23,5% de uracila. Sua extremidade 3’ é poliadenilada e 5’ tem um

oligopeptídeo codificado pelo vírus ligado covalentemente denomidado VPg (Virion

protein genome) (Rueckert, 1996). O genoma é monocistrônico e apresenta em

ambas as extremidades da cadeia zonas não codificadoras chamadas NTR

(Nontranslated region – região não traduzida). No centro encontra-se uma zona

codificadora que possui um total de 11 genes que dão lugar a uma poliproteína de

247 kdaltons e, após um processo proteolítico originará três proteases virais (2A, 3C

e 3CD) e 11 proteínas finais com diversas funções. Cerca de 71% dos nucleotídeos

são comuns entre os três sorotipos de poliovirus, e os aminoácidos que os codificam

são comuns em 88%. Esta zona possui três domínios maiores denominados P1, P2

e P3 que darão lugar a três produtos primários: o P1 codifica a síntese de proteínas

do capsídeo e agrupa os genes 1A, 1B, 1C e 1D; o P2 codifica a síntese de

proteínas da morfogênese e agrupa os genes 2A, 2B e 2C; e o P3 codifica a síntese

de VPg, proteases e replicases, agrupando os genes 3A, 3B, 3C e 3D (Figura 9)

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Figura 9 – Estrutura e organização genômica do poliovirus.

Fonte: Flint et al., 2000

Exceto os poliovírus, que requerem pH entre 4,5 e 8,5 e a presença de íons

monovalentes no meio, inicialmente ocorre a adsorção do vírus aos sítios receptores

da membrana plasmática, influenciados pelo baixo pH e dependentes de íons de

cálcio e magnésio. Depois da adsorção, os picornavírus entram na célula através de

diversas rotas, incluindo endocitose mediada por clatrina e caveolae (DeTulleo &

Kirchhausen, 1998; Bayer et al., 2001; Joki-Korpela et al., 2001; Marjomäki et al.,

2002; Stuart et al., 2002; Pietiäinen et al., 2004; O’ Donnell et al., 2005), seguindo do

desnudamento do mesmo e liberação do ARN viral dentro do citoplasma, onde irá

ocorrer o processo de replicação, utilizando diversas moléculas de superfície celular

como receptores (Rossmann et al., 2002).

Através do uso de ribossomos e outras proteínas da maquinaria celular do

hospedeiro, o ARN viral (que é o próprio ARNm), direciona para a síntese de uma

poliproteína que é proteoliticamente clivada. A tradução da mensagem viral não é

restrita à um único ribossomo, pois polissomos com até 40 ribossomos têm sido

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descritos em células infectadas com poliovírus. Esta poliproteína origina os

precursores protéicos P1, P2 e P3. A clivagem de P3 é autocatalítica e forma mais

três proteínas menores que são: proteinase, 3C ou 3CD (necessária para a clivagem

de proteínas virais), proteína, 3AB (precursora de VPg e provavelmente necessária

para a síntese de ARN) e uma RNA polimerase, 3D (requerida para a cópia do ARN

(-) poli U em 5’ a partir do seu complementar (ARN (+) 3’ poli A)). Este ARN é

chamado de intermediário replicativo (IR) e no retículo endoplasmático liso servirá de

molde para a formação simultânea de ARN (+) para a tradução, e alguns para a

síntese adicional de ARN (-).

Para a organização do capsídeo viral, o precursor da proteína P1 clivado por

proteínas virais para formar uma subunidade 5s (protômero imaturo) composta por

três agregados protéicos (VP0, VP3 e VP1). Esta clivagem é lenta devido as

concentrações de P1 e da proteinase necessária (3C ou 3CD) serem baixas. Após o

aumento da atividade da proteinase, a concentração de protômeros imaturos 5s se

eleva e forma pentâmeros, requeridos no empacotamento de VPg-ARN para a

formação de provirions. A formação das partículas virais infecciosas é acompanhada

de clivagem de maturação de VP0 (em VP4, 3, 2 e 1), que originam as quatro

subunidades características dos picornavírus (Figura 10). Partículas virais

completas, que freqüentemente formam cristais no citoplasma das células

infectadas, são finalmente liberadas para o exterior através de lise celular (Figura

11).

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Figura 10 – Representação esquemática do vírion de Poliovirus.

Fonte: Flint et al., 2000.

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33

Figura 11 - Estratégia de replicação do Poliovirus, membro da família Picornaviridae.

Fonte: Adaptado de Flint et al., 2000.

A maioria dos picornavírus induz mudanças morfológicas características nas

células infectadas. Um dos efeitos iniciais é a marginação da cromatina,

caracterizado pela perda de textura homogênea microscópica do material nuclear

que se acumula dentro do envelope nuclear. Podem aparecer vesículas

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34

membranosas no citoplasma, que se iniciam às proximidades do envelope nuclear e

se espalham até o citoplasma estar inteiramente envolvido. (Rueckert, 1996).

As doenças são caracterizadas pela especificidade do hospedeiro e um

determinado conjunto de sintomas (síndrome), os quais podem geralmente ser

correlacionados com infecção em tecidos específicos (tropismo celular). Por

exemplo, poliovírus infectam células nasofaríngeas e do intestino, e são estas

células que o vírus normalmente usa para se propagar em natureza. A forma

paralítica do poliovirus também tem alta especificidade pelas células do corno

anterior da medula espinhal, o que contribui para as características paralíticas

especiais da doença. Um tipo similar de especificidade é visto nos Coxsackievirus,

os quais, como os poliovírus, infectam as células nasofaríngeas, mas, ao contrário

dos poliovírus, tem uma propensão por músculos do coração e esqueléticos, e ainda

são capazes de infectar camundongos recém-nascidos, mas não adultos (Rueckert,

1996).

Os mecanismos responsáveis pelo tropismo celular não estão totalmente

esclarecidos. Há inúmeros relatos de infecções ditas abortivas ou restritas nas quais

o ARN viral sofre desnudamento com sucesso e inicia uma infecção, que em

seguida é abortada em uma etapa crítica do ciclo de replicação. Isto implica na

necessidade de moléculas celulares específicas na multiplicação do vírus, que

poderiam ser fatores do hospedeiro envolvidos na função de proteinase viral ou

proteínas virais envolvidas na síntese do seu ARN (Rueckert, 1996).

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35

2.6 O SISTEMA NERVOSO CENTRAL

O sistema nervoso central (SNC) é envolvido em um grande número de

infecções virais, através das seguintes características: 1) neuroinvasividade, quando

o vírus possui a capacidade de invadir o SN a partir de sítios periféricos de

replicação; 2) neurotropismo, que é a habilidade de um vírus em infectar o SN

periférico (SNP) ou sítios específicos do SNC, e 3) neurovirulência, que refere-se à

habilidade de um vírus em produzir doença neurológica. Dentre os vírus que

primariamente causam doença neurológica ao homem podemos citar os membros

da família Picornaviridae (Polivovirus, Coxsackievirus, Echovirus), Togaviridae (Vírus

das encefalites eqüinas leste, oeste e venezuelana), Flaviviridae (Vírus do Nilo

ocidental, encefalite de St Louis, encefalite japonesa), Rhabdoviridae (Raiva),

Retroviridae (HIV 1 e 2, HTLV-2), Herpesviridae (Varicella-zoster, Herpes simples,

Epstein-Barr, citomegalovirus), entre outras.

O SNC é composto por dois distintos grupos celulares: os neurônios e as

células da glia, sendo estas últimas caracterizadas por quatro tipos:

oligodendrócitos, ependimócitos, astrócitos e microglia. A interação entre essas

células e os neurônios é responsável por diversas funções no processamento de

informações, garantindo a funcionalidade cerebral e o desenvolvimento do SNC

(Kandel, 1991; Lent, 2001).

O neurônio é a unidade morfofuncional do SNC responsável pela produção e

condução dos sinais elétricos, com habilidade de codificar o que se passa no

ambiente externo e no interior do corpo (Gartner et al., 1999; Lent, 2001). Apresenta

morfologia variada, dependente da localização no sistema nervoso. Os neurônios

possuem um corpo celular no qual se encontra a maioria das organelas

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intracelulares, e deles partem longos e numerosos prolongamentos, chamados

neuritos, os quais são representados pelos axônios e pelos dendritos.

Os oligodendrócitos possuem corpo celular pequeno e com poucos

prolongamentos e participam na formação da bainha de mielina que envolve os

axônios dos neurônios na substância branca do cérebro (Kimelberg & Norenberg,

1989).

Os ependimócitos também são células da glia e formam uma camada de

células que limita o espaço ventricular do cérebro dos vertebrados (Reichenbach,

1989). Por estarem presentes, mesmo no cérebro de indivíduos adultos, uma

subpopulação destas células é associada com a possível função precursora neural

do sistema nervoso (Momma et al., 2000).

Os astrócitos podem ser divididos de acordo com a sua morfologia e função

em dois grupos: astrócitos fibrosos, de corpo celular pequeno e com prolongamentos

longos e finos, encontrados na substância branca, e astrócitos protoplasmáticos, que

apresentam um corpo celular maior, com prolongamentos finos e ramificados, sendo

encontrados na substância cinzenta (Marin-Padilla, 1995). Os astrócitos possuem

diversas funções no SNC, desde os primórdios embrionários até a fase adulta.

Podem secretar fatores de crescimento para neurônios, modulando a sobrevivência

e a diferenciação dos mesmos (Gomes et al, 1999), além de funcionarem como

células acessórias nas reações imunes, produzindo moléculas de resposta

inflamatória (Aloisi et al., 2001).

As microglias, sob condições fisiológicas, são encontradas inativas e

distribuídas por todo o SNC. No seu processo clássico de fagocitose são

encontradas moderadamente ativadas. Proliferam alterando para uma morfologia

amebóide e fagocitam células que são lesadas ou desnecessárias. O início da

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ativação microglial ainda não foi estabelecido, embora algumas citocinas estejam

envolvidas, promovendo ativação ou inibição (Nakamura, 2002).

Infecção em astrócitos já foi observada pelo Citomegalovirus induzindo a

produção de fator transformador do crescimento beta (Kossmann et al., 2003). Os

astrócitos também estão associados como reservatórios para herpes vírus 6 humano

(Donati, et al., 2005). O vírus Theiler infecta microglias, astrócitos e oligodendrócitos

in vivo (Aubert et al., 1987). A cepa GDVII infecta principalmente neurônios, onde o

capsídeo viral determina a habilidade na infecção de neurônios em cultivos primários

(Jarousse et al., 1998). As cepas atenuadas DA e BeAn são encontrados na

segunda fase da doença em macrófagos, oligodendrócitos e astrócitos (Jarousse, et

al., 1998; Jnaoui, et al., 2002). Os Coxsackievirus B3 infectam principalmente

neurônios, provocando extensa morte neuronal em camundongos recém-nascidos

(Feuer et al., 2003).

Na infecção por HIV os astrócitos podem servir como reservatório para o

vírus, produzindo uma infecção restrita em oligodendrócitos e neurônios, embora

haja estudos controversos (Nitkiewicz et al., 2004; Borgmann, et al., 2005; Kramer-

Hammerle, et al., 2005; Seth & Major, 2005). Nos coronavírus a neurovirulência está

associada com a habilidade diferencial do vírus em induzir citocinas pró-inflamatórias

(Interleucina 12 [IL-12] p40, fator alfa de necrose tumoral [TNF], IL-6, IL-15 e IL-

1beta) em astrócitos e microglias também no cérebro e medula espinhal de

camundongos (Li, et al., 2004). Replicação do vírus do Nilo ocidental foi observada

em neurônios e astrócitos, mas não em células microgliais, entretanto, as mesmas

induziram a produção de IL-6, TNF e quimiocinas, influenciando desta maneira a

neuropatogênese da infecção (Cheeran, et al., 2005).

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38

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Caracterizar o vírus Juruaçá, isolado de morcego, baseando-se em suas

propriedades morfológicas, físico-químicas, antigênicas e moleculares, bem como

aspectos histopatológicos.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar a caracterização viral utilizando testes sorológicos e físico-químicos;

Determinar sistemas de cultivos celulares sensíveis à replicação viral;

Caracterizar ultraestruturalmente as partículas virais a partir de cultivos

celulares e tecidos de cérebro de camundongos albinos suíços recém-nascidos

infectados pelo vírus Juruaçá;

Caracterizar o ácido nucléico viral a partir de cérebro de camundongos

albinos suíços recém-nascidos infectados pelo vírus Juruaçá;

Avaliar alterações anatomo-patológicas em camundongos albinos suíços

recém-nascidos experimentalmente infectados pelo vírus Juruaçá;

Classificar, preliminarmente, o vírus Juruaçá em um táxon viral.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 AMOSTRA

O vírus Juruaçá (BE AN 401933) foi isolado de um morcego capturado no dia

03 de maio de 1982, às proximidades do Igarapé do Batata, localizado no km 15, na

região de Porto Trombetas, município de Oriximiná (longitude - 57º29’ O e latitude -

1º12’ S), mesorregião Baixo Amazonas, Pará, Brasil (Figura 12).

Figura 12 – Localização geográfica da região de Porto Trombetas, município de

Oriximiná, onde o morcego foi capturado.

Fonte: http://www.guianet.com.br/pa/mapapa.htm e http://www.aondefica.com/mapaparaax.asp

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Até o momento da utilização o material coletado foi acondicionado em botijão

criobiológico contendo nitrogênio líquido e posteriormente estocado em freezer

mecânico à temperatura de –70ºC.

O vírus foi isolado em camundongos albinos suíços recém-nascidos, a partir

de um lote de fragmentos de vísceras (baço, coração, fígado e rins) de morcego, não

identificado em família. Inicialmente foi feita uma triagem sorológica contra vírus de

diferentes gêneros e famílias, não se obtendo nenhum cruzamento sorológico,

postergando assim, o processo de caracterização viral à época em que o vírus foi

isolado.

4.1.1 Isolamento do vírus em camundongo albino suíço recém-nascido

Todos os procedimentos foram executados observando-se as normas e

critérios pré-estabelecidos e exigidos pelo Comitê Internacional de Biossegurança ,

sendo também aprovado pelo Comitê de Ética para Pesquisas com Animais

(CEPAN) do IEC para a execução de procedimentos de isolamento e técnicas

sorológicas destinadas a agentes infecciosos pertencentes ao nível de

biossegurança 2.

O estoque viral foi estabelecido a partir de suspensões de cérebro de

camundongos infectados com o vírus Juruaçá, proveniente da quinta passagem, do

estoque da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC.

Essas suspensões de cérebro de camundongos infectados foram feitas a

partir da maceração de cérebro de camundongo infectado na proporção de 1:10 em

solução fosfato salina tamponada (PBS) pH 7,2 contendo albumina bovina a 0,75%,

estreptomicina (100 g/mL) e penicilina (100 UI/mL); sendo centrifugadas a 8.000

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r.p.m. durante 15 minutos à 4ºC, e em seguida, foram inoculadas por via

intracerebral (i.c.) em camundongos albinos suíços recém-nascidos (dois a três dias

de idade). Os camundongos foram observados diariamente até manifestarem sinais

de doença (paralisia, tremores, retardo no crescimento, entre outros), observando-se

as convenções: E = estragado; ? = desaparecido; D = doente; M = moribundo; + =

morto; = sacrificado, quando então foram acondicionados a –70ºC para posterior

manipulação (Figura 13).

Figura 13 – Camundongos albinos suíços recém-nascidos utilizados para as tentativas de isolamento

viral no IEC. (a) Manutenção dos camundongos em gaiolas. (b) Inoculação da suspensão viral via i.c.

Fonte: Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas - IEC

4.1.2 Título Viral

A titulação viral foi realizada a partir do preparo de diluições seriadas de 10

vezes (10 –1 a 10 – 7) de suspensão de cérebro de camundongo infectado em PBS

pH 7,2 contendo albumina bovina e antibióticos, como descrito anteriormente. O

volume de 0,02 mL das diluições foi inoculado via i.c. em grupos de seis

(a)

(b)

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camundongos recém-nascidos. O título viral foi calculado pelo método descrito por

Reed & Muench (1938) e expresso como DL50/0,02 mL, que representa a dose letal

para 50 % dos camundongos infectados.

4.1.3 Preparo do Soro Homólogo

O soro homólogo foi produzido a partir de quatro inoculações de 0,2 mL de

suspensão de cérebro de camundongo infectado na proporção de 1:10 em solução

de NaCl a 0,85%, via intraperitonial (i.p.), em camundongos albinos suíços adultos

(três a quatro semanas de idade), administradas num intervalo de uma semana. Ao

final da última inoculação, os animais foram anestesiados e sangrados por punção

cardíaca e o sangue coletado foi centrifugado a 8.000 r.p.m. durante 10 minutos

para a obtenção do soro, e depois armazenado a –20ºC para posterior uso (Casals,

1967). A especificidade do soro foi comprovada pelo teste de FC e IFI.

4.1.4 Preparo de Antígeno (Sucrose-Acetona)

Para a sua realização foram utilizados 2g de cérebros de camundongos

infectados em uma solução de sucrose a 8,5%, num volume correspondente a

quatro vezes o peso final de cérebros infectados (8 mL). Em seguida colocou-se esta

mistura em acetona pura, num volume igual a 20 vezes a quantidade final da mistura

sucrose-antígeno (200 mL), agitando-se e guardando-se a mistura por cinco minutos

a 4ºC. Depois deste tempo, a acetona foi decantada e reposta em mesmo volume,

permanecendo o material em repouso por uma hora a 4ºC. Decantou-se a acetona e

o material precipitado foi colocado para secar em uma bomba de vácuo por uma

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hora, sendo posteriormente hidratado por 30 minutos a 4ºC, utilizando-se uma

solução de NaCl a 0,85% num volume correspondente a duas vezes o peso inicial

de cérebros infectados (4 mL). O material foi centrifugado por 10 minutos a 8.000

r.p.m. a 4ºC, separando-se o sobrenadante que foi conservado a – 70ºC até o uso.

4.2 ISOLAMENTOS EM CULTIVOS CELULARES

Para o crescimento viral em cultivos celulares foram utilizadas linhagens

contínuas derivadas de vertebrados como a Vero (rim de macaco Cercophitecus

aethiops); a linhagem originária de invertebrado clone C6/36 (Aedes albopictus),

além de cultivo primário de astrócitos, microglias e neurônios de camundongo albino

suíço recém-nascido.

4.2.1 Cultivos de Linhagens Permanentes

A linhagem de células Vero foi mantida em estufa a 37 ºC, contendo uma

atmosfera de 95% de O2 e 5% de CO2, sendo semanalmente tripsinizada. As células

foram mantidas com o uso de meio 199 acrescido de 2% de L-glutamina (200 mM),

10% de soro bovino fetal (SBF), penicilina (100 UI/mL) e estreptomicina (100g/mL)

(Lennette, 1995).

A linhagem C6/36 foi mantida em meio Leibowitz (L-15), acrescido de triptose

fosfato, aminoácidos não essenciais, estreptomicina (100 g/mL), penicilina (100

UI/mL) e 5% de SBF, para o meio de crescimento e 2% para o meio de manutenção

(Beaty et al., 1989). Essas células foram mantidas em temperatura ambiente (TA),

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sem necessidade de atmosfera de CO2 e repicadas a cada sete dias não sendo

utilizada a etapa de tripsinização.

4.2.2 Cultivo Primário de Astrócito

Os cultivos primários de astrócitos foram preparados a partir de cérebro de

camundongo albino suíço recém-nascido. Inicialmente foi retirado o órgão, através

da decapitação dos animais, seguido da extração da calota craniana e das

meninges. O encéfalo foi picotado em solução de PBS acrescida de 0,6% de glicose

e os fragmentos foram dissociados mecanicamente através do uso de pipetas

pasteurs, em solução PBS/glicose acrescida de tripsina 0,02M. As células

dissociadas foram colocadas em estufa a 37ºC por cinco minutos e posteriormente

centrifugadas a 3000 r.p.m. por 3 minutos a 4 ºC e ressuspensas em meio

DMEM/F12 (Gibco) - suplementado com 30 mM de glicose, 2 mM de glutamina, 3

mM de bicarbonato de sódio, penicilina (100 µg/mL), estreptomicina (100 UI/mL),

fungizon (2,5 µg/mL) e 10% de SBF.

As células foram contadas em câmara de Neubauer e plaqueadas à

densidade de 103 células por poço de uma placa de cultura de 24 poços (1,9 cm2 por

poço) e 105 células por garrafa de cultura (25 cm2), previamente tratadas com poli-L-

lysina a 0,0025% (Sigma). As células foram mantidas em estufa a 37ºC sob

atmosfera úmida e 5% de CO2 (Moura Neto et al., 1983) e a observação foi diária em

microscópio invertido Axiovert S100 (Zeiss).

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4.2.3 Cultivo Primário de Microglias

Para o preparo de cultivo de células da microglia foi utilizada a técnica

descrita por Lima et al. (2001) com adaptações. As microglias foram obtidas de

garrafas de cultivo primário de astrócito envelhecidas (2 semanas). As microglias

foram soltas por agitação manual por 5 minutos. O sobrenadante foi coletado e

centrifugado a 3.000 r.p.m. por 5 minutos. As células foram dissociadas e

plaqueadas com D-MEM/F-12 contendo 10% de SBF. O cultivo foi mantido em

estufa a 37ºC sob atmosfera úmida e 5% de CO2 e observado em microscópio

invertido Axiovert S100 (Zeiss).

4.2.4 Cultivo Primário de Neurônios

Para o cultivo de neurônios foram utilizados camundongos embrionários (15-

16 dias de vida intra-uterina). Primeiramente anestesiou-se o camundongo fêmea

prenha, seguido do sacrifício do animal por deslocamento cervical. O útero com os

fetos foi retirado e colocado em PBS-glicose, seguido da dissecação dos fetos para

a obtenção do encéfalo. Retirou-se as meninges e dissociou-se o encéfalo com

auxílio de pipeta Pasteur em PBS-glicose. Centrifugou-se a suspensão de células a

3.000 r.p.m. por três minutos. Desprezou-se o sobrenadante e o precipitado foi

ressuspenso em meio Neurobasal (Gibco), de acordo com o protocolo adaptado de

Brewer (1997). As células foram contadas em câmara de Neubauer e plaqueadas,

sendo a manutenção do cultivo feita em estufa a 37ºC sob atmosfera úmida e 5% de

CO2 e observado em microscópio invertido Axiovert S100 (Zeiss).

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46

4.2.5 Infecção dos cultivos celulares

Após o estabelecimento de uma monocamada celular foi feita a inoculação do

vírus nos cultivos celulares, onde uma suspensão de cérebro de camundongo

infectado foi adicionada na proporção de 1:10 com o meio de manutenção adequado

para cada tipo celular. Seguindo-se a inoculação, os cultivos celulares foram

mantidos à 37ºC em atmosfera úmida de 5% CO2, com exceção do clone C6/36

(mantido em TA), e observados diariamente ao microscópio óptico invertido (LEICA,

modelo BMIRB) com objetivo de visualizar efeito citopático (ECP). Para a

confirmação da presença do vírus nas células infectadas, foram realizados testes de

imunofluorescência indireta (IFI). O controle foi feito a partir da inoculação de

suspensão de cérebro de camundongo normal.

4.3 TESTES FÍSICO-QUÍMICOS

4.3.1 Sensibilidade ao Desoxicolato de Sódio (DCA)

O teste de sensibilidade ao desoxicolato de sódio (Theiler, 1957), tem como

objetivo verificar a presença ou ausência de envelope viral (Figura 14). Inicialmente

foi feita uma suspensão de cérebros de camundongos infectados com o vírus

Juruaçá a 1:5 em PBS pH 7,2 contendo albumina bovina a 0,75%, estreptomicina

(100g/mL) e penicilina (100UI/mL), a qual vai foi centrifugada a 10.000 r.p.m.

durante 1 hora a 4ºC. Em seguida foi feita uma mistura de volumes iguais da

suspensão 1:5 do vírus estoque e DCA (1:500), e outra de volumes iguais da

referida suspensão viral e albumina bovina a 0,75% em PBS (controle negativo sem

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DCA). Estas misturas foram mantidas em banho-maria a 37ºC por 1 hora, sendo

posteriormente realizadas diluições seriadas de 10 vezes, as quais foram inoculadas

0,02 mL em camundongos albinos recém-nascidos via i.c. O cálculo do título foi

baseado no método de Reed & Muench (1938) e expresso como DL50/0,02mL, ou

seja, a dose capaz de matar 50% dos animais inoculados, em que a positividade é

representada pelas amostras que apresentaram um índice logarítmico igual ou

superior a 1,8.

Figura 14 – Representação esquemática do teste de sensibilidade ao DCA. (a) Vírus

envelopado submetido ao DCA, resultando na perda da infectividade viral e na sobrevivência

dos camundongos; (b) vírus não envelopado submetido ao DCA, resultando na manutenção da

infectividade viral e morte dos animais.

4.3.2 Teste de Hemaglutinação (HA)

O teste de HA tem como objetivo constatar a presença ou ausência de

hemaglutininas na superfície viral. Este teste é utilizado baseado na técnica de

Clarke & Casals, seguindo as modificações estabelecidas por Shope (1963).

(a) (b)

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Para a realização do teste de HA utilizou-se uma placa de 96 orifícios, sendo

primeiramente acrescentado 25 μL do antígeno do vírus Juruaçá preparado pelo

método de sucrose-acetona em cada poço da primeira coluna da placa. Em seguida,

foi acrescentado, em todos os orifícios, 25 μL de albumina bovina (BSA) a 0,4% pH

9,0. Com o auxílio de microdiluidores foi realizada a diluição do antígeno a partir da

primeira coluna da placa. Nas fileiras correspondentes, acrescentou-se 25 μL das

soluções de pH (5,75; 6,0; 6,1; 6,2; 6,4; 6.8 e 7.0) acrescidas de glóbulos de ganso

em solução de Dextrose-Gelatina-Veronal (DGV) na proporção de 1:5. Agitou-se a

placa por 15 segundos deixando em seguida em repouso, para finalmente realizar a

leitura, considerando o resultado positivo quando há aglutinação dos glóbulos, e

negativo quando há sedimentação dos mesmos, formando um botão (Figura 15).

Figura 15 – Representação esquemática da técnica de Hemaglutinação (HA).

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49

4.4 TESTES SOROLÓGICOS

4.4.1 Fixação do Complemento (FC)

O teste de FC é utilizado segundo a microtécnica modificada por Fulton &

Dumbell, como descrita por Shope & Sather (1979) (Figura 16). Utilizou-se o

antígeno do vírus Juruaçá preparado pelo método de sucrose-acetona, o qual foi

diluído nas proporções de 1:8, 1:16, 1:32 e 1:64. Paralelamente, foi feita uma

diluição seriada do soro em veronal 1:5, sendo em seguida, inativado por 20 minutos

a 60ºC. Numa placa, foram misturados 25L do soro, 50L de duas unidades de

complemento de cobaia e 25L do antígeno viral, permanecendo a placa em

repouso overnight (~16h) a 4ºC.

Posteriormente, preparou-se o sistema hemolítico, constituído de hemácias

de carneiro (2,5%) e hemolisina (1:400), que é um anticorpo anti-hemácias de

carneiro, e em seguida, sensibilizado em banho-maria a 37ºC por 15 minutos, bem

como as placas, também incubadas em estufa 37ºC por 15 minutos. Após esse

tempo, adicionou-se 50L do sistema hemolítico em cada orifício da placa, a qual foi

colocada para incubar a 37ºC durante 30 minutos, sendo agitada a cada 10 minutos.

Por fim, guardou-se a placa a 4ºC e realizou-se a leitura após três horas. A

interpretação dos resultados é baseada no percentual de hemólise observado

(Tabela 5).

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50

Figura 16 – Representação esquemática do teste de Fixação do Complemento (FC).

Tabela 5 - Interpretação dos resultados do teste de FC.

Percentagem de

hemólise

Interpretação em

cruzes

Resultado

0 % 4 Reação positiva

25 % 3 Reação positiva

50% 2 Reação negativa

75% 1 Reação negativa

100% 0 Reação negativa

Fonte: Beaty et al., 1989

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51

4.4.2 Inibição da Hemaglutinação (IH)

Para o tratamento do soro, colocou-se 50L do soro num tubo 13x100 mm e

acrescentou-se 0,45 mL de solução de NaCl a 0,85%. Com auxílio de uma seringa

de 1mL e agulha nº26, retirou-se do tubo a mistura de soro e NaCl e adicionou-se 12

volumes (6 mL) de acetona gelada. Com a mesma seringa e agulha, verteu-se o

soro misturado com NaCl no tubo contendo acetona, tampando e agitando o tubo.

Deixou-se em repouso a 4ºC por 5 minutos e, após este tempo, centrifugou-se por 2

minutos a 600 r.p.m.. Desprezou-se o sobrenadante e recolocou-se 6 mL de

acetona, permanecendo a mistura em repouso a 4ºC por 1 hora. Centrifugou-se 5

minutos a 1.500 r.p.m. e novamente desprezou-se o sobrenadante. Colocou-se para

secar no vácuo durante 1 hora e hidratou-se com solução borato salina pH 9,0 com a

quantidade de 0,5 mL, podendo ser utilizado imediatamente ou acondicionado a

-20ºC até o uso.

Para a preparação das soluções de pH, utilizou-se hemácias de ganso,

centrifugadas durante 10 minutos a 1.800 r.p.m. e os glóbulos foram lavados 4 vezes

em DGV (um volume de glóbulos e três volumes de DGV). No final, após as

lavagens, as hemácias foram suspendidas 1:5 em DGV e guardadas a 4ºC em

geladeira.

O soro e antígenos foram devidamente identificados nas microplacas, nas

quais colocou-se 25L do soro teste e 25 L do antígeno diluídos, cobrindo-se a

placa para evitar evaporação e incubando-a a 4C, overnight. Após esse período,

colocou-se 50L de glóbulos de ganso diluídos (1:40) no pH apropriado e agitou-se

a placa. Deixou-se em repouso a TA por 30 minutos e observou-se a formação do

botão, cuja leitura é interpretada como positiva (Figura 17).

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52

Figura 17 – Representação esquemática da técnica de Inibição da Hemaglutinação (IH).

4.4.3 Imunofluorescência Indireta (IFI)

Foram utilizados os cultivos celulares infectados e controles crescidos sobre

lamínulas em placas de quatro poços segundo a técnica de IFI descrita por Gubler et

al. (1984) (Figura 18).

Em seguida, as amostras foram fixadas em metanol durante 15 minutos a

-20ºC e posteriormente em acetona por cinco minutos à mesma temperatura. Em

seguida as lamínulas foram passadas rapidamente em PBS e imersas em soluções

de BSA nas concentrações de 1% e 3% em PBS pH 7,4 durante 10 minutos em TA.

Após esse período o material foi incubado por um período de 12h a 4ºC com o

primeiro anticorpo (soro homólogo), que foi diluído na proporção de 1:10 em

PBS/BSA 1% pH 8,0. Posteriormente, as lamínulas foram lavadas em PBS/BSA nas

concentrações de 3% e 1% durante 10 minutos cada lavagem em TA. O segundo

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53

anticorpo (anticorpo anti-camundongo conjugado com isotiocianato de fluoresceína -

ITCF) (ICN) foi incubado por 30 minutos, sendo diluído na proporção de 1:100 em

PBS/BSA 1% pH 8,0. O material foi lavado em PBS/BSA nas concentrações de 3% e

1% durante 10 minutos cada lavagem em TA. Depois as lamínulas foram lavadas em

PBS por 10 minutos a TA. e rapidamente em água destilada, sendo posteriormente

montadas em lâminas com n-propil-galato. As amostras foram observadas em

microscopia de epifluorescência (Zeiss, Axiophot).

Figura 18 – Representação esquemática do teste de Imunofluorescência Indireta (IFI) utilizado para a

detecção de antígeno viral em cultivo celular.

4.4.4 Imunofluorescência Indireta com dupla marcação

As amostras foram fixadas em metanol durante 15 minutos a -20ºC e

posteriormente em acetona por cinco minutos à mesma temperatura. Foi feita uma

Anticorpo conjugado

à ITCF

Anticorpo específico

Antígeno

Microscópio de Fluorescência

Cultivo de células infectadas

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etapa de bloqueio com PBS/BSA 3% adicionado de soro normal de cabra na

proporção 1:1 por 30 minutos a TA. Adicionou-se o anticorpo primário anti-Juruaçá

(1:10) e os anticorpos contra marcadores celulares, no caso de neurônio foi usado

anti neurofilamento diluído 1:200 (Sigma) e para astrócitos anticorpos para proteína

acídica fibrilar glial (glial fibrilary acidic protein – GFAP) (Dako) na diluição 1:100. O

material permaneceu incubado durante 12h a 4ºC. Após etapas de lavagem com

PBS e novo bloqueio com PBS/BSA 3% com soro normal de cabra, foi adicionado o

anticorpo secundário anti-IgG de camundongo conjugado com rodamina (Zymed)

diluído 1:50, incubado juntamente com o anticorpo anti-IgG de camundongo

conjugado com ITCF (ICN) diluído 1:100 por 1 hora a TA. O material foi lavado em

PBS/BSA 1% durante 10 minutos em TA. Depois as lamínulas foram lavadas em

PBS por 10 minutos a TA e rapidamente em água destilada, sendo posteriormente

montadas em lâminas com n-propil-galato. As amostras foram observadas em

microscopia de epifluorescência (Zeiss, Axiophot).

Para o cultivo de microglia, o procedimento foi semelhante, excetuando-se a

incubação do primeiro anticorpo (anti-Juruaçá) que foi feita sem a adição simultânea

de marcador celular. Na segunda etapa do teste foram utilizados o anticorpo

secundário anti-IgG de camundongo conjugado com rodamina diluído 1:50 (Zymed)

e a isolectina B4 conjugada a ITCF (Vector) diluída 1:100 por 1 hora a TA. Seguiram-

se as etapas de lavagem, montagem das lâminas e observação das mesmas em

microscopia de epifluorescência (Zeiss, Axiophot).

Os controles negativos das reações de IFI foram feitos subtraindo o primeiro

anticorpo (anticorpo específico). Para controle negativo do vírus foram utilizados

cultivos não infectados. Para controle negativo de isolectina B4 e neurofilamento

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55

utilizou-se cultivo de astrócitos, e para controle de GFAP utilizou-se cultivo de

microglias.

4.5 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO

A microscopia eletrônica é de grande importância para a classificação viral

visto a sua contribuição no estudo detalhado da morfologia das partículas. A técnica

de contrastação negativa (Brenner & Horne, 1959) permite o estudo de propriedades

físicas essenciais à classificação viral, como: tamanho e forma das partículas;

simetria do capsídeo; visualização de estruturas de superfície; e presença ou

ausência de envelope viral. Os cortes ultrafinos de cultivos celulares e tecidos

infectados complementam o estudo da morfologia viral e contribuem para o

entendimento do processo de morfogênese das partículas.

4.5.1 Cortes Ultrafinos

4.5.1.1 Cérebro de camundongo albino suíço recém-nascido

Camundongos albinos suíços recém-nascidos foram inoculados via i.c. com

0,02 mL de uma suspensão viral 1:10 preparada com PBS pH 7,2, contendo

albumina bovina e antibióticos. Ao apresentarem sinais da doença, os animais foram

coletados, sendo retirado o cérebro para seguir com o processamento de rotina para

microscopia eletrônica. Como amostra controle, camundongos albinos suíços recém-

nascidos foram inoculados via i.c. com 0,02 mL de uma solução de PBS pH 7,2,

contendo albumina bovina e antibióticos sem vírus.

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56

Fragmentos de aproximadamente 1mm3 de cérebro de camundongo infectado

e controle foram fixados pela técnica de imersão em solução de glutaraldeído a 2,5%

mais paraformaldeído a 4% em tampão PHEM 0,1 M pH 7,2 (Karnovsky,1965) por

30 minutos TA, seguido de sua refixação em glutaraldeído a 2,5% e CaCl2 em

tampão cacodilato de sódio (CBS) 0,1 M pH 7,2 por 1 hora; pós-fixação em tetróxido

de ósmio a 1%, ferrocianeto de potássio 0,8% e tampão CBS 0,1 M pH 7,2 por 1

hora a 4ºC, protegido da luz (Hepler, 1980); contrastação em bloco em acetato de

uranila a 5% diluída em acetona 50% por 1 hora a 4ºC na ausência de luz;

desidratação em série crescente de acetona (50%, 70%, 90% e três vezes de 100%)

por 10 minutos cada etapa; infiltração em série crescente de epon-acetona – 1:2,

1:1, 2;1 – até epon puro (Luft, 1961) por 12 horas cada diluição; e inclusão na

mesma resina, deixando polimerizar a 60ºC por 48 horas.

Após trimagem manual dos blocos, foram obtidos cortes ultrafinos na faixa de

70 nm com o auxílio de um ultramicrótomo (Reichert Ultracuts, Leica) e navalha de

diamante (Drukker International). Os cortes foram coletados em grade de cobre de

400 malhas, sendo em seguida contrastados positivamente com acetato de uranila

a 5% e citrato de chumbo pH 12,0 (Reynolds, 1963) e visualizados ao microscópio

eletrônico de transmissão (MET) (Zeiss, modelo EM 900) (Figura 19) sob orientação

do Dr. José Antonio Picanço Diniz, da Seção de Microscopia Eletrônica do IEC.

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57

Figura 19 – Representação esquemática do processamento para Microscopia Eletrônica de

Transmissão.

Fonte: Adaptado de Bozzola & Russel, 1999

4.5.1.2 Cultivos Celulares

Foram utilizadas garrafas de cultura celular de 25 cm2 contendo uma

monocamada confluente de células. As células infectadas foram inoculadas, na

proporção de 1:10, com uma suspensão de cérebro de camundongo infectado. As

garrafas foram coletadas em diferentes dias para seguir com o processamento. As

células controle foram inoculadas, também na proporção 1:10, com uma suspensão

de cérebro de camundongo normal (não infectado), sendo processadas

simultaneamente com as células infectadas.

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58

Após a remoção do meio de cultura, as células infectadas e controles foram

lavadas rapidamente com tampão PHEM 0,1 M, para retirar as células mortas. Ainda

aderidas à garrafa, as células foram fixadas, como descrito. Em seguida, as células

foram desprendidas da parede da garrafa, com o auxílio de um raspador de células,

e processadas como descrito anteriormente, adicionando-se etapas de

centrifugação.

4.5.2 Contrastação Negativa

Para a realização da técnica de contrastação negativa foram utilizados

sobrenadantes provenientes de cultivos celulares infectados com o vírus Juruaçá.

Uma gota do material foi colocada sobre uma grade de cobre de 400 malhas,

revestida por uma película plástica de formvar reforçada por uma delgada camada

de carbono (Almeida, 1980). Após um minuto, o excesso de material foi retirado com

uma tira de papel filtro, sendo em seguida adicionada uma gota de ácido

fosfotúngstico (PTA) a 2%, pH 6,6, por um minuto (Brenner & Horne, 1959). O

excesso também foi retirado com uma tira de papel filtro, sendo o material,

posteriormente, observado em MET (Zeiss, modelo EM 900) (Figura 20).

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59

Figura 20 – Representação esquemática da técnica de Contrastação Negativa.

4.5.3 Imunomicroscopia Eletrônica

Fluidos celulares infectados com o vírus e não infectados (controle) foram

centrifugados a 12.000 r.p.m. por 15 minutos a 4ºC. O sobrenadante foi utilizado

para a diluição do soro homólogo da amostra em estudo, sendo este diluído a 1:250,

1:500 e 1:750. A mistura permaneceu sob homogeneização em aparelho

homogeneizador overnight a 4ºC. Após este período, a mistura foi centrifugada a

12.000 r.p.m. por 30 minutos a 4ºC, sendo o sobrenadante desprezado e o pellet

formado foi ressuspenso em água destilada e processado segundo a técnica de

contrastação negativa (Brenner & Horne 1959) (Figura 21).

Microscópio Eletrônico de

Transmissão Fluido de células infectadas +

Ácido fosfotúngstico (PTA) Grade de cobre

(400 malhas)

+

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60

Figura 21 – Representação esquemática da técnica de Imunomicroscopia Eletrônica.

4.6 HISTOPATOLOGIA

4.6.1 Exame Histopatológico

Para a realização do exame histopatológico foram utilizados camundongos

albinos suíços recém-nascidos inoculados com a amostra viral, como descrito

anteriormente. A cada dia após a inoculação, foram colhidos camundongos

infectados e camundongos controles (não infectados) para exame histopatológico

utilizando microscopia óptica, os quais foram fixados em paraformol a 4% através de

perfusão dos animais, e as amostras obtidas de cérebro, coração, rins, pulmões,

fígado e baço foram coradas pela técnica de Hematoxilina-Eosina (HE), que consiste

na passagem do tecido em diversas soluções de álcool, iniciando com álcool a 50%

Fluido celular infectado + soro

homólogo

Ácido fosfotúngstico

(PTA)

Grade de cobre

(400 malhas)

Microscópio Eletrônico de

Transmissão

+

Centrifugação

Fluido de células infectadas

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61

até o etanol absoluto (100%), seguido de duas passagens em xilol à TA, com

posterior imersão em dois banhos de parafina à 60ºC e inclusão e formatação de

blocos de parafina, que após resfriados foram seccionados utilizando micrótomo

rotativo (Jung Histocult 820 – Leica), para obtenção de cortes de 5 m de espessura

que foram corados pela técnica de HE (Prophet et al., 1992, Michalany, 1998)

(Figura 22). Os cortes foram analisados sob supervisão de médico anatomo-

patologista do Núcleo de Medicina Tropical (NMT) da Universidade Federal do Pará

(UFPA).

Figura 22 – Representação esquemática do exame histopatológico para a técnica de Hematoxilina-

Eosina (HE).

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62

4.6.2 Imunohistoquímica

A técnica utilizada foi a do sistema da peroxidase como descrito por Hsu et al.

(1981) (Figura 23), em que os cortes de tecidos foram desparafinizados com banhos

em xilol e re-hidratados em álcool absoluto, seguido de lavagens em PBS e H2O2 por

5 minutos em cada incubação para reduzir a ação da peroxidase endógena. Em

seguida, os cortes foram incubados em tampão cítrico e tratados com tripsina e

novamente lavados em PBS. O anticorpo primário policlonal para o vírus Juruaçá

(soro hiperimune anti-Juruaçá 1:800) foi adicionado e incubado a 4ºC por 20

minutos, seguido de lavagens em PBS e aplicação do sistema LSAB (Dako, EUA)

conjugado à peroxidase. A reação foi revelada com a imersão das lâminas em DAB

(3,3’diaminobenzidina) (Dako, EUA) por três minutos. Posteriormente os cortes

foram desidratados e contra-corados com hematoxilina 1:1 por um minuto, lavados

em água amoniacal e água destilada, sendo montadas em seguida com Entelan

(Merck). O exame das lâminas foi realizado sob supervisão de médico anatomo-

patologista do NMT da UFPA.

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63

Figura 23 – Representação esquemática da técnica de Imunohistoquímica.

4.7 BIOLOGIA MOLECULAR

4.7.1 Precipitação e Semi-Purificação viral

A técnica foi executada segundo Pinto (2000), com algumas modificações.

Foram utilizados trinta cérebros de camundongos albinos suíços recém-nascidos

infectados com o vírus Juruaçá, os quais foram macerados em solução salina a

0,9% e centrifugados a 5.000 r.p.m. por 30 minutos a 4ºC. Ao sobrenadante obtido

(74 mL) foi adicionado polietileno glicol 8000 (PEG-8000) a 50% e NaCl a 23% (p/v)

pela adição de 37g e 17,02g dos respectivos reagentes. A mistura foi incubada

durante 1 hora a temperatura de 4ºC em agitador automático objetivando uma

melhor homogeneização da solução. Posteriormente realizou-se a centrifugação

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64

deste material a 5.000 r.p.m. por 30 minutos a 4ºC, decantou-se o sobrenadante e

adicionou-se Tris-ácido bórico-EDTA (TBE). A amostra foi ultracentrifugada a 30.000

r.p.m. por 6 horas a 4ºC. Após este período, foi adicionado mais TBE à amostra que

foi novamente ultracentrifugada a 30.000 r.p.m. por 6 horas a 4ºC. O sobrenadante

foi desprezado e o precipitado obtido foi rehidratado em 1 mL de água livre de

RNase, estocando-se a mesma a -70ºC para posterior extração do ARN viral.

4.7.2 Extração do Ácido Nucleico viral

Para o isolamento do ARN viral utilizou-se a técnica do TRIZOL LS reagente

(Gibco). Em tubos contendo 250l de amostra foi adicionado 750l de TRIZOL LS e

agitados por 15 segundos, sendo este responsável por lisar as células. Após 5

minutos à TA, foram adicionados 200l de clorofórmio e novamente agitados, e os

tubos deixados à TA por 10 minutos.

Posteriormente, os tubos foram centrifugados a 12.000 r.p.m. por 15 minutos

para separação das fases. A fase aquosa foi transferida para novos tubos, e nestes

foram adicionados 500l de isopropanol para a precipitação do ARN, sendo em

seguida agitados e centrifugados a 12.000 r.p.m. por 10 minutos. Após a

centrifugação, o isopropanol foi retirado cuidadosamente para não perder o

precipitado. Em seguida, adicionou-se 1mL de etanol 75% para a lavagem do

precipitado, centrifugou-se a 7.500 r.p.m. por 5 minutos e o etanol foi descartado. Os

tubos foram deixados à TA para secar o precipitado. Adicionou-se 20 l de água livre

de RNAse para eluir o ARN que foi estocado à - 70C até o momento do uso. Todos

os materiais e reativos usados estavam livres de RNases.

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65

4.7.3 Reação de Transcrição Reversa (RT) com oligonucleotídeo Random

Hexâmero

O teste de RT foi realizado usando oligonucleotídeo Random Hexâmero

(Invitrogen). O método seguiu as orientações do fabricante. Inicialmente foi colocado

5l de ARN viral em microtubo e adicionado os seguintes reativos: 1 l de

olidonucleotídeo random hexâmero, 1 l de uma mistura de dNTPs (A, C, G e T) 10

mM e 5 l de água livre de RNase. A seguir foi deixado a 65 ºC por 5 minutos e

colocado no gelo rapidamente; fez-se uma centrifugação rápida e adicionou-se 4 l

de tampão 5X, 2 l de DTT 0,1 M e 1 l de inibidor de RNase (RNase

OUT/Invitrogen) 40 U/l. Em seguida foi incubado a 25 ºC por 2 minutos e

posteriormente adicionado 1 l (200 U) da enzima transcriptase reversa superscript

II, seguida de uma incubação a 25 ºC por 10 minutos e logo a seguir incubada a

42ºC por 50 minutos. Terminada a transcrição a reação foi aquecida a 70 ºC por 15

minutos. Para eliminar ARN não transcrito foi feita uma incubação com a enzima

RNase H a 37 ºC por 20 minutos. O cDNA produzido foi armazenado a -20 ºC até o

momento do uso.

4.7.4 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

Após a síntese do cDNA, preparou-se a mistura para a realização da PCR

contendo: tampão 1X, MgCl2 2mM, dNTPS 1mM, iniciador sense HK-2 e HK-10 0,2

M, iniciador anti-sense HK-3 0,2 M (Tabela 6), enzima platinum TAQ DNA

polimerase (2,5U), água livre de RNAse e DNAse para um volume final de 30l e foi

adicionado em cada tubo de cDNA sintetizado, e estes foram imediatamente levados

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66

ao termociclador. O programa para amplificação consistiu de uma desnaturação

prévia de 94C por 2 minutos, seguido de 35 ciclos, cada um composto por etapas

de desnaturação a 94C por 30 segundos, hibridização a 55C por 30 segundos e

extensão a 72C por 2,5 minutos, seguido de um ciclo de extensão final de 72C por

5 minutos. O produto de PCR foi analisado em gel agarose a 1,5% corado com

brometo de etídio, e visualizado em transiluminador.

Tabela 6 - Oligonucleotídeo correspondente a região não traduzida 5’ do

genoma de Poliovirus.

Oligonucleotídeo

iniciador

Seqüência Posição no

genoma

HK-2 (sense) 5´- caagcacttctgtttccccgg – 3´ 162-182

HK-3 (anti-sense) 5´- attgtcaccataagcagcca – 3´ 577-596

HK-10 (sense) 5´- cgactactttgggtgtccgt – 3´ 538-557

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67

5 RESULTADOS

5.1 CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS

5.1.1 Suscetibilidade dos camundongos albinos suíços

Os camundongos albinos suíços recém-nascidos apresentaram

suscetibilidade à infecção pelo vírus Juruaçá quando inoculados pela via i.c. Os

animais adoeceram no 4º dia pós-inoculação (p.i.) e apresentaram tremores e

paralisia flácida, culminando com a morte no 8º dia p.i.. O título viral dos animais

inoculados foi de 5,6 DL50/0,02 mL.

5.1.2 Suscetibilidade dos cultivos celulares

Os cultivos celulares Vero, C6/36 e cultivos primários de astrócito, neurônio e

microglia inoculados com o vírus Juruaçá não apresentaram ECP. Embora tenha

sido observada ausência de ECP nos cultivos celulares de microglias e astrócitos

mantidos por aproximadamente 60 dias p.i., a presença de antígenos virais foi

confirmada por IFI. Os marcadores celulares para astrócitos, microglias e neurônios

foram evidenciados pelo uso de anti-GFAP, isolectina B4 e anti-neurofilamento,

respectivamente em cultivos controle (Figura 24) e infectado.

Em experimentos de dupla marcação para antígenos virais e proteínas

marcadoras foi observada em cultivo de microglias uma intensa marcação

citoplasmática para antígenos virais (Figuras 25 e 26), enquanto que no cultivo de

astrócitos foi verificada uma marcação de menor intensidade, caracterizada por

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68

pequenos pontos de fluorescência no citoplasma, próximos ao núcleo da célula

(Figuras 27 e 28).

Figura 24 - Marcadores celulares. (A) Micrografia mostrando imunomarcação de GFAP em cultivo de

astrócitos. (B) Micrografia de microglias marcadas com isolectina B4 conjugada com ITCF. (C)

Micrografia de fluorescência mostrando imunomarcação de neurofilamentos em cultivo de neurônios.

50 µm

50 µm

30 µm (B)

(C)

(A)

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69

Figura 25 – Micrografia de fluorescência mostrando ausência de marcação em cultivo de microglias

não infectadas com o vírus Juruaçá.

50 µm

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70

Figura 26 – Dupla marcação. (A) Marcação de microglias com isolectina B4 conjugada com ITCF. (B)

Micrografia de fluorescência com marcação para antígenos do vírus Juruaçá usando segundo

anticorpo conjugado com rodamina. (C) Sobreposição das imagens A e B confirmando a infecção de

microglias com o vírus Juruaçá (5 dias p.i.).

30 µm

30 µm 30 µm (A) (B)

(C)

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71

Figura 27 – Micrografia de fluorescência mostrando ausência de marcação em cultivo de astrócitos

não infectados com o vírus Juruaçá.

50 µm

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72

Figura 28 – Imunofluorescência indireta com dupla marcação em cultivo de astrócitos. (A) Micrografia

de fluorescência com marcação para GFAP usando segundo anticorpo marcado com rodamina. (B)

Micrografia de fluorescência com marcação para antígenos do vírus Juruaçá usando segundo

anticorpo conjugado com ITCF. (C) Sobreposição das imagens A e B em maior aumento confirmando

infecção de cultivo de astrócitos com o vírus Juruaçá (5 dias p.i.).

30 µm

30 µm

30 µm (A) (B)

(C)

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73

5.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS

5.2.1 Presença de hemaglutinina

O teste de HA do vírus Juruaçá mostrou-se positivo para a presença de

antígenos virais a partir de cérebros infectados num título de 1:80. O antígeno foi

preparado pela técnica de sucrose-acetona utilizando pH de 5,75 e incubação a

37ºC.

5.2.2 Sensibilidade ao desoxicolato de sódio

Tanto o vírus Juruaçá tratado com DCA e o ensaio controle do vírus sem DCA

apresentaram títulos de 5,3 DL50/0,02 mL, mostrando que o vírus Juruaçá não é

sensível à este solvente, indicando ausência de envelope viral.

5.3 CARACTERÍSTICAS SOROLÓGICAS

Em relação ao teste de IH, apesar de não ter se encontrado positividade para

nenhum dos vírus de diferentes famílias testados contra o vírus Juruaçá (Tabela 7),

foi feito um estudo com 200 amostras de soros de morcegos oriundos da soroteca

da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC e provenientes da mesma

área e obtidos no mesmo período em que o vírus Juruaçá foi isolado, obtendo-se

uma reação positiva 1:20 em um dos soros testados contra o vírus Juruaçá.

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74

Tabela 7 - Resultados negativos pelo teste de IH para diversos vírus das famílias

Togaviridae, Flaviviridae e Bunyaviridae para o vírus Juruaçá

Família Vírus

Togaviridae Sindbis, Mucambo, encefalite eqüina leste, Mayaro,

Chikungunya, Highlands J, Una

Flaviviridae Entebbe bat, Rio Bravo, encefalite de St. Louis, encefalite

japonesa, Nilo ocidental, Dakar bat, Saboya, febre amarela,

Ilhéus

Bunyaviridae Maguari, Nepuyo, Oropouche, Oriboca, Caraparú, Itaqui,

Marituba, Apeú, Tlacotalpan, Punta Toro, febre do Vale do Rift

Por FC o vírus Juruaçá não apresentou cruzamento sorológico com nenhum

dos soros de arbovírus e outros vírus de vertebrados isolados na Amazônia

Brasileira (Tabela 8). A reação positiva restringiu-se ao soro homólogo da amostra

viral em estudo quando testado com antígeno de cérebro e o título foi de 4096/64.

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75

Tabela 8 – Soros imunes de diversos vírus de diferentes famílias com resultados

negativos pelo teste de FC para o vírus Juruaçá.

Família Vírus

Togaviridae Sindbis, Trocará, encefalite eqüina leste, encefalite eqüina

venezuelana, Tonate, Chikungunya, Highlands J, Aurá, Una

Flaviviridae Doença da floresta de Kyasanur, Tamana bat, Montana

myotis leukoencephalitis, Entebbe bat, Rio Bravo, encefalite

de St Louis, encefalite japonesa, Nilo Ocidental, Jugra, Dakar

bat, Cacipacoré, Saboya, Yaounde, Uganda S

Bunyaviridae Lukuni, Maguari, Wyeomyia, Tucunduba, Nepuyo, Melao,

Catú, Guamá, Guaratuba, Mirim, Oropouche, Mojuí dos

Campos, Yogue, Issyk-kul, Arumowot, Gabek Forest, Mucura,

Soldado, Bandia, Witwatersrand

Reoviridae Chenuda, Irituia, Ife, Japanaut, Codajás, Tracambé, Acado-

like, Abadina, Arkonam, Bauline, Bluetongue, febre do

carrapato do Colorado, Changuinola, Corriparta, D’Aguillar,

Eubenangee, Doença hemorrágica epizoótica, Eyach, Gurupi,

Ieri, Jacareacanga, Kasba, Kemerovo, Lebombo, Lipovinik,

Minnal, Mitchell River, Mono Lake, Orungo, Palyam, Pata,

Tribec, Tembe, Seletar, Vellore, Wallal, Wad Medani,

Warrego

Rhabdoviridae Lagos bat, raiva, Piry, Kwatta-like, Kern Canyon, Gossas, Mt

Elgon bat, Iriri, Itacaiunas, Curionópolis

Arenaviridae Tacaribe, Coriomeningite linfocítica

Orthomyxoviridae Araguari

Herpesviridae Água Preta, Parixá, Herpes simples

Paramyxoviridae Mapuera

Poxviridae Cotia

Picornaviridae Parechovirus 1 e 2, Enterovirus, Poliovirus, Coxsackievirus,

Ljungan, GDVII, Viliusik, EMC

Não Grupados/

Não Classificados

Quaranfil, Estero Real, Matucare, Cajazeiras, Marajó, Papura,

Galibi, Rio Preto da Eva, Breu Branco

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76

5.4 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

5.4.1 Contrastação negativa

Fluidos dos diversos tipos de cultivos celulares trabalhados foram utilizados

para a realização da técnica de contrastação negativa, porém, só foram encontradas

partículas virais em sobrenadante de cultivos primários de astrócitos. As partículas

virais observadas apresentaram formato esférico e diâmetro médio em torno de 23-

30 nm (Figura 29)

Figura 29 - Contrastação negativa do vírus Juruaçá obtida de fluido de cultivo de astrócitos (6 dias

p.i.).

50nm

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77

5.4.2 Imunomicroscopia eletrônica

A reação antígeno-anticorpo entre o sobrenadante de cultivo de astrócitos

infectados (6 dias p.i.) com o vírus Juruaçá e o seu respectivo soro homólogo

mostraram numerosos agrupamentos de partículas virais com morfologia esférica,

circundadas por um halo denso de anticorpos na diluição 1:500. (Figura 30)

Figura 30 – Imunomicroscopia eletrônica do vírus Juruaçá com seu soro homólogo, mostrando

partículas virais circundadas por um halo denso de anticorpos (setas).

5.4.3 Cortes ultrafinos

A análise por microscopia eletrônica de transmissão dos cortes ultrafinos de

cérebro de camundongo albino suíço recém-nascido infectado com o vírus Juruaçá

mostrou partículas virais visíveis a partir do 4º dia p.i. apresentando morfologia

esférica, medindo aproximadamente 23-30 nm de diâmetro localizadas no

citoplasma celular, não sendo observada a presença de envelope viral (Figura 31).

100 nm 50 nm

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78

Figura 31 - Micrografia eletrônica do vírus Juruaçá em cortes ultrafinos de cérebro de camundongo

albino suíço (8 dias p.i.). Notar partículas virais desprovidas de envelope agrupadas no citoplasma

celular (seta).

5.5 CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

5.5.1 Exame histopatológico

A partir dos animais controles e infectados, secções de tecido foram obtidas

do cérebro, pulmões, coração, fígado, baço, rins e submetidas à análise

histopatológica. Não foram observadas alterações histológicas significativas nas

vísceras dos animais do grupo controle. Nos animais infectados não se notaram

alterações nos animais perfundidos até o 3º dia p.i.

150 nm

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79

A análise histopatológica do cérebro de animais infectados revelou alterações

cuja intensidade e freqüência variaram ao longo do curso da infecção.

No 4º dia p.i. verificou-se uma reatividade glial com tendência à formação de

nódulos gliais, leve espongiose, com vasos proeminentes e presença de células

neuronais com aspecto apoptótico (condensação citoplasmática, picnose nuclear de

células isoladas).

A partir do 5º dia p.i., observou-se a presença de esboços de nódulos gliais,

com glia ativada e proeminente, acompanhado de leve à moderada espongiose. Os

vasos mostraram endotélio hipertrofiado, com freqüente marginação leucocitária e

congestão, além de neurônios apresentando aspecto necrótico com cariorrexis

nuclear, por vezes com aspecto apoptótico, e presença de raros neutrófilos no

parênquima.

Do 6º ao 8º dia p.i. intensificaram-se as lesões (Figura 32). De fato, os

animais perfundidos apresentaram intenso aspecto espongiótico e comprometimento

do parênquima cerebral associado à proeminência vascular, necrose e apoptose

neuronal, além de infiltrado por células inflamatórias com polimorfonucleares

(neutróflios).

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80

Figura 32 - Aspectos histológicos dos animais controles e infectados. (A) Histologia do sistema

nervoso central de camundongo controle. (B) Histopatologia mostrando reação glial constituindo área

algo nodular em cérebro de camundongo infectado (7 dias p.i.). (C) Histopatologia mostrando

núcleos de aspecto picnótico (apoptóides) (a) e cariorrexe (necrose) (c) (6 dias p.i.). (D)

Histopatologia mostrando hipertrofia de células endoteliais e congestão vascular (6 dias p.i.). (E)

Histopatologia mostrando marginação leucocitária característica (6 dias p.i.). (F) Histopatologia

mostrando proeminente hipertrofia de endotélio (6 dias p.i.).

8m

20m 20m

c

a

a

20m

100m 100m (A)

(C)

(B)

(D)

(E) (F)

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81

A análise histopatológica dos demais órgãos dos animais infectados revelou

alterações que variaram de discreta à moderada intensidade em geral acompanhada

de discreto infiltrado inflamatório misto (Figura 33).

O miocárdio não mostrou alterações histológicas significativas entre os

animais controles e inoculados independente da sobrevida dos mesmos. Há,

entretanto discreto infiltrado com predomínio de linfomononucleraes entre as fibras

miocárdicas dos animais infectados.

O fígado dos animais infectados pelo vírus Juruaçá mostrou freqüente

congestão vascular acompanhada de tumefação celular e por vezes alterações

vacuolares sugestivas de degeneração gordurosa (esteatose). Há focos de necrose

lítica por vezes circundados por infiltrado inflamatório predominantemente

linfomononuclear.

O baço dos animais infectados mostra congestão e hiperplasia de células

linfóides de intensidade moderada.

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82

Figura 33 - Aspectos histológicos dos animais controles e infectados. (A) Histologia do miocárdio de

camundongo controle. (B) Histopatologia mostrando miocárdio com leve alteração histológica

representada, sobretudo por discreto infiltrado linfomononuclear (6 dias p.i.). (C) Histologia do fígado

de camundongo controle. (D) Histopatologia do fígado mostrando congestão em espaços porta e

áreas acinares com rarefação celular conseqüentes à necrose lítica (retângulo) (6 dias p.i.). (E)

Histologia do baço de camundongo controle. (F) Histopatologia mostrando baço com congestão e

hiperplasia linfóide moderada (6 dias p.i.).

(A) (B)

(C) (D)

(E) (F)

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83

A análise histológica pulmonar dos animais infectados mostrou congestão e

tabiques alveolares espessados à custa de infiltrado inflamatório linfomononuclear

conferindo aspecto característico de pneumonite viral. Por vezes esse

espessamento se intensificava pelo colabamento das paredes alveolares formando

áreas sólidas mais proeminentes (Figura 34).

O rim demonstrou leve congestão de glomérulos associadas à tumefação de

células de revestimento dos túbulos e discreto infiltrado inflamatório

linfomononuclear (Figura 34).

Todas as vísceras examinadas dos animais do grupo controle (não

infectados) mostraram aspectos de normalidade e sem alterações teciduais.

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84

Figura 34 - Aspectos histológicos dos pulmões e rins dos animais controles e infectados. (A)

Histologia do pulmão de camundongo controle. (B) Histopatologia mostrando pulmão com congestão

e relativo colabamento e espessamento de tabiques alveolares (5 dias p.i.). (C) Histologia do rim de

camundongo controle. (D) Histopatologia mostrando rim com congestão glomerular e leve edema de

células de revestimento dos túbulos (6 dias p.i.).

5.5.2 Imunohistoquímica

A partir da análise histopatológica que evidenciou o acomentimento

predominante do sistema nervoso central, sem evidências de lesões importantes de

outros órgãos (coração, fígado, rim, pulmão e baço), foi processado técnica

imunohistoquímica no tecido neural.

O padrão de imunomarcação revelou nítida positividade representada pelo

depósito de material acastanhado e granular, sobretudo nas áreas mais acometidas

reveladas pela análise histopatológica. A positividade para a técnica foi

(A) (B)

(C) (D)

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85

citoplasmática, marcando tanto neurônios quanto células gliais. Por vezes foi

observado imunomarcação positiva nítida no citoplasma de células piramidais que

evidenciava as porções proximais do dendrito apical, sendo esse padrão também

observado em neurônios não piramidais, ou seja, marcação positiva das porções

proximais dos dendritos (Figura 35). Não foi observado imunomarcação evidente de

axônios.

Quanto à intensidade do padrão de imunohistoquímica, este foi diretamente

proporcional à intensidade das alterações histopatológicas, com pico evidente no 7º

ao 8º dia p.i.

Células inflamatórias dio tipo linfócitos e neutrófilos não apresentaram

positividade pela técnica.

Os animais controles não apresentaram imunomarcação evidente.

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86

Figura 35 - Imunohistoquímica em cortes de cérebro de camundongo infectado com o vírus Juruaçá

7º dia p.i. (A) Padrão de imunomarcação em tecido, mostrando múltiplas células gliais e neurônios

com imunomarcação citoplasmática positiva. (B) Padrão granular de depósito do antígeno viral

mostrando evidente localização citoplasmática, notar ausência de marcação nuclear. (C) Área de

extenso edema onde se observa nítida predominância de células positivas quando comparadas às

áreas com menor intensidade de lesões. (D) Neurônios com marcação citoplasmática positiva para o

vírus Juruaçá, notar imunoreação em prolongamentos proximais do dendrito apical (setas).

5.6 CARACTERÍSTICAS MOLECULARES

De acordo com os resultados morfológicos descritos anteriormente (item 5.4)

mostrando a semelhança do vírus Juruaçá com os membros da família

Picornaviridae, definiu-se uma estratégia de análise para identificar o tipo viral dentro

de um gênero desta família. Neste sentido, utilizou-se a técnica de RT-PCR onde a

síntese de cDNA por RT foi feita utilizando oligonucleotídeos iniciadores randômicos

hexâmeros e para o PCR foram utilizados oligonucleotídeos específicos para o

25m

1 m 1 m

1 m (A) (B)

(C) (D)

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87

gênero Enterovirus correspondente à região não traduzida 5’ do genoma de

Poliovirus.

Na PCR foram realizadas duas reações com duas associações de iniciadores

HK2 com HK3 e HK2 com HK10 (Tabela 6), que produziram dois produtos de PCR

com peso molecular semelhantes de 1,23 kb, sendo que na amplificação do HK2

com HK3 foram observadas duas bandas de peso molecular diferentes, uma de 1,23

kb e outra de 922 pb (Figura 36).

Figura 36 – Produto de PCR em gel de agarose a 1,5% corado por brometo de etidium. Identificação

das amostras: Faixa 1: Controle negativo, Faixa 2: Padrão de peso molecular (123 bp DNA Ladder),

Faixa 3: Amostra viral com iniciadores HK2 e HK3, Faixa 4: Amostra viral com iniciadores HK2 e HK10.

1230 1107 984 861 738 615 492

369

246

123

1230 pb

1 2 3 4

922 pb

pb

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88

6 DISCUSSÃO

O estudo do vírus Juruaçá foi iniciado em 1982 quando foi obtido o seu

isolamento em camundongos albinos suíços recém-nascidos, a partir de vísceras de

morcegos. Na época em que foi isolado, procederam-se testes sorológicos clássicos

em uma tentativa de caracterização viral, entretanto, não foi obtida nenhuma

evidência sorológica que pudesse sugerir o táxon ao qual este vírus poderia

pertencer.

No presente trabalho foi desenvolvido um estudo experimental mais amplo do

vírus Juruaçá, incluindo outras metodologias, como microscopia eletrônica,

imunomarcação, técnicas moleculares e o uso de cultivos primários de células do

sistema nervoso central de camundongos albinos suíços.

Inicialmente nos propusemos a realizar um estudo de susceptibildade de

cultivos celulares de linhagens contínuas e cultivos primários de células do sistema

nervoso central ao vírus Juruaçá, além de infeção experimental em camundongos

albinos suíços recém-nascidos que continuam sendo usados extensivamente no

estudo de arbovírus e outros vírus de vertebrados.

As células Vero e C6/36 usadas rotineiramente no isolamento de arbovírus e

outros vírus de vertebrados não foram sensíveis à infecção pelo vírus Juruaçá. A

ausência de ECP e a não detecção de antígenos virais pelas técnicas de IFI e FC,

sugerem que tais linhagens celulares não apresentam receptores para este vírus.

O uso de cultivos primários de cérebros de camundongos albinos suíços,

além de constituir um sistema alternativo eficiente para o isolamento de vírus que

infectam o SNC, permite também a identificação do tropismo viral e estudos in vitro

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89

da interação vírus-célula, mesmo dentre populações subcelulares dos hemisférios

cerebrais (Diniz et al., 2002).

Em estudos de neurotropismo viral usando cultivo primário de células do

SNC, Graves et al. (1986) demonstraram que o vírus Theiler (gênero Cardiovirus)

infecta liticamente neurônios, oligodendrócitos e persistentemente astrócitos e

macrófagos. Nossos resultados também sugerem uma infecção persistente em

astrócitos e microglias com a ausência de ECP, porém em relação à infecção com

neurônios pelo vírus Juruaçá, difere dos de Graves et al. uma vez que não foi

observado ECP nem foram detectados antígenos virais por IFI. Ainda em relação à

susceptibilidade em neurônios nossos resultados também diferem dos de Jarousse

et al. (1998) com a cepa GDVII do vírus Theiler que infecta principalmente neurônios

causando completa destruição do cultivo celular com 24 horas p.i.. e com a cepa

atenuada DA que infecta neurônios sem causar morte celular aparente.

Apesar de microglias apresentarem uma intensa marcação citoplasmática

para antígenos virais por IFI, partículas virais não foram observadas por técnicas de

microscopia eletrônica (contrastação negativa e cortes ultrafinos). Embora cultivos

de astrócitos não tenham apresentado uma intensa marcação por IFI, foi detectada a

presença de partículas virais nos fluidos analisados por contrastação negativa.

Estes resultados preliminares obtidos a partir da infecção de cultivos primários

de células do SNC, quando comparados com os resultados da histopatologia e

imunohistoquímica sugerem que neurônios só expressam receptores para o vírus

Juruaçá in vivo, enquanto que as células gliais expressam tais receptores in vivo e in

vitro. Todavia novos estudos de infecção experimental em cultivo primário de

neurônios devem ser realizados para confirmação desta hipótese.

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90

A atividade hemaglutinante do vírus Juruaçá utilizando-se eritrócitos de

ganso foi observada em antígeno de sucrose-acetona proveniente de cérebros de

camundongos recém-nascidos infectados, na faixa de pH 5,75, demonstrando desta

maneira presença de proteínas hemaglutinantes (hemaglutininas) atuando como

antígenos. Assim, com o objetivo de detectar a circulação do vírus Juruaçá na

população de morcegos que habitavam a mesma área e proximidades à época em

que o vírus foi isolado, 200 soros de morcegos provenientes da soroteca da Seção

de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC foram testados através da técnica

de IH e uma amostra foi positiva, o que nos leva a supor que nesta região, pelo

menos durante este período, o vírus Juruaçá estava circulando na população de

morcegos.

Os resultados de FC demonstraram que o vírus Juruaçá pode ser um novo

vírus, uma vez que não houve cruzamento sorológico entre o antígeno deste vírus

com nenhum dos soros hiperimunes de vírus de diversas famílias testados, bem

como de vírus não grupados, não classificados e isolados de morcegos, cedidos do

acervo da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC e Departamento

de Patologia da University of Texas Medical Branch (UTMB) em Galveston-Texas,

ocorrendo reação sorológica somente com o soro homólogo da amostra.

A análise físico-quimica foi feita utilizando DCA, que por ser um sal biliar com

propriedade lipossolúvel, atua na bicamada lipídica e danifica o envelope viral,

interferindo na infectibilidade das partículas. Uma vez que se observou infectividade

após o tratamento do vírus com este solvente, há fortes indicações que o vírus

Juruaçá trata-se de um vírus não envelopado.

Para confirmar a evidência da ausência de envelope e caracterizar

morfologicamente o vírus em estudo, realizamos a análise ultraestrutural do tecido

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nervoso de camundongos infectados com o vírus Juruaçá, em cortes ultrafinos, a

qual revelou a presença de partículas virais esféricas não envelopadas,

apresentando em média 23-30 nm de diâmetro, sendo essas características

compatíveis com membros da família Picornaviridae (Fauquet et al., 2005). O vírion

Ifoi visualizado apenas no citoplasma de células do SNC a partir do 4º dia p.i., o que

condiz com o tempo de aparecimento das lesões teciduais observadas no estudo

histopatológico dos animais infectados com o vírus Juruaçá.

Os achados acima foram corroborados pela análise morfológica por

contrastação negativa de fluido de cultivos primários de astrócitos, que também

mostrou a presença de partículas virais com as mesmas características daquelas

encontradas nos cortes ultrafinos. A imunomicroscopia eletrônica apresentou uma

reação antígeno-anticorpo, com formação de um halo denso de anticorpos anti-

Juruaçá ligados à superfície viral confirmando a especificidade do soro hiperimune.

O conjunto dos resultados obtidos nos leva a relacionar o vírus Juruaçá aos

vírus pertencentes à família Picornaviridae, que apresentam tropismo por diversos

tecidos e células.

Os estudos experimentais em camundongos recém-nascidos infectados com

o vírus Juruaçá para avaliar as alterações anatomo-patológicas, demonstraram que

a partir do 4º dia p.i. são observadas alterações progressivas, principalmente no

cérebro dos animais, apresentando leve espongiose com vasos proeminentes e

presença de células neuronais com aspecto apoptótico, evoluindo para intenso

aspecto espongiótico e comprometimento do parênquima cerebral associado à

proeminência vascular, necrose e apoptose neuronal, além de infiltrado inflamatório

polimorfonuclear com oito dias p.i., semelhante aos poliovírus, que apesar de

geralmente causarem uma gastroenterite, em certos casos eles invadem

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secundariamente o sistema nervoso, lesando especificamente os neurônios motores

inferiores e ocorrendo gliose duradoura nos cornos anteriores afetados da medula

espinhal (Girolami et al., 1996).

Em outros estudos de neurotropismo, realizados com macacos, observou-se

nas células mais atingidas uma cromatólise difusa que leva a desintegração

neuronal, além de infiltrado inflamatório polimorfonuclear e linfomononuclear

acompanhada de congestão vascular e microhemorragias (Diament & Kok, 1996),

como observado no cérebro de camundongos infectados com o vírus Juruaçá.

Ainda no gênero Enterovirus, temos outros membros que também podem

ocasionar lesões no cérebro, como o vírus Coxsackie A7. Na literatura encontra-se

descrito a presença de alterações neuro-histológicas em alguns casos - e quando

estão presentes são semelhantes àquelas produzidas pelos poliovírus – bem como

haver relatos de pancardirtes difusas e pneumonites.

Já os Coxsakievirus B ocasionam principalmente miocardites e

meningoencefalites, e com menor freqüência, alterações no pâncreas, adrenais,

fígado e pulmões, ocorrendo dilatações dos ventrículos e do miocárdio, com

infiltração de neutrófilos, macrófagos e eosinófilos, sendo as lesões focais, com o

SNC mostrando meninges congestas, edema e células inflamatórias, sendo citados

também focos de hemorragia e congestão no parênquima pulmonar com necrose do

epitélio bronquiolar e necrose aguda centro lobular do fígado (Fechner et al., 1963;

Baker & Philips, 1979; Waldman & Granato, 1996).

Os demais órgãos dos animais infectados com o vírus Juruaçá revelaram

alterações que variaram de discreta à moderada intensidade em geral acompanhada

de parco infiltrado inflamatório misto.

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Assim sendo utilizamos outra importante ferramenta no nosso estudo, que foi

a análise por imunohistoquímica, a qual revelou padrão de positividade que coincidiu

com as áreas de maior acometimento do SNC observadas na histopatologia,

sobretudo com os achados de nódulos gliais. O padrão de imunomarcação foi

difuso, acometendo todas as áreas cerebrais, entretanto com nítida preferência por

áreas onde predomina os achados de nódulos gliais e maior intensidade de infiltrado

inflamatório. De fato, corpos neuronais, bem como células gliais apresentaram

positividade característica para essa técnica, o que pode indicar que a ativação da

resposta imune específica cerebral é desencadeada no processo de

reconhecimento, processamento e mecanismos efetores da resposta imune.

Esses achados podem em parte confirmar os resultados obtidos in vitro que,

aponta para um papel fundamental da resposta imune na indução da lesão neuronal,

uma vez que em cultivos primários não houve ECP. Entretanto, a avaliação do

fenótipo celular específico, bem como do perfil citocínico são ainda necessários para

as correlações imunopatológicas adequadas, identificação do papel das principais

células imunes e citocinas envolvidas na indução da lesão celular específica durante

a infecção.

Foi nítida a constatação de que o vírus Juruaçá ocasionou lesão

principalmente no SNC e com menos intensidade nos demais órgãos. As alterações

histopatológicas descritas no experimento com camundongos recém-nascidos

inoculados com o vírus Juruaçá, se mostraram condizentes com os dados da

literatura sobre alterações teciduais provocadas por membros da família

Picornaviridae, gênero Enterovirus.

Os experimentos desenvolvidos com o vírus Juruaçá in vitro (com células sem

ECP) e in vivo (com morte dos animais) se comportaram de maneira diferente,

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sugerindo a possibilidade de que as lesões observadas nos animais infectados com

o vírus Juruaçá possam ter sido ocasionadas por mecanismos imunes, como

descrito por Palma et al. (2003), que observou uma potente habilidade do vírus

Theiler (gênero Cardiovirus) em rapidamente induzir a expressão de citocinas pró-

inflamatórias em cultivo de astrócitos de camundongos principalmente IL-2, IL-1,

IFN-, TNF- e IL-6, assim como também foi demonstrado nos estudos in vivo de

Begolka et al. (1998), Chang et al. (2000), Theil et al. (2000) e Kim et al. (2001).

Outras células gliais como microglias e oligodendrócitos também são capazes

de expressar níveis significantes de citocinas pró-inflamatórias como resposta à

infecção pelo vírus Theiler, embora os níveis de citocinas induzidas possam variar

dependendo do tipo celular (Palma et al., 2003).

Um outro exemplo de doença de base imunopatológica é verificado na

infecção pelo vírus da hepatite A (gênero Hepatovirus), para o qual se observou que

o vírus não interrompe a tradução celular do hospedeiro e aparenta ser

relativamente não citopático em células de cultura de tecido, onde o dano

hepatocelular e consequente icterícia resulta da destruição imunopatológica dos

hepatócitos infectados, talvez por células T CD8+ vírus-específicas que tenham sido

identificadas no fígado infectado (Kurane et al., 1985; Karayiannis et al., 1986;

Whitton et al., 2005). Por outro lado, Coxsackievirus têm sido associado com o

desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 1 pela expressão de citocinas e

quimiocinas que podem atuar como iniciadores de uma reação autoimune contra as

células beta das ilhotas de Langerhans (Serreze et al., 2004; Varela-Calvino et al.,

2004; Olsson et al., 2005). O vírus Juruaçá não demonstrou ECP em culturas

primárias de células do SNC de camundongos, já no tecido cerebral de

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camundongos infectados, foi observada uma intensa destruição celular culminando

ao final da infecção (8º dia) com um quadro de inflamação generalizada.

Embora não tenha sido realizado experimentos para avaliar a alteração da

expressão de citocinas, os resultados deste trabalho sugerem que os animais

infectados com o vírus Juruaçá estejam morrendo não só pela presença do vírus

mas também por uma resposta imune do hospedeiro, o que poderá ser comprovado

em futuros testes qualitativos e quantitativos relacionados à expressão de citocinas

pró-inflamatórias e fenótipo da resposta imune na infecção pelo vírus Juruaçá.

Todos os resultados obtidos indicaram para a família Picornaviridae, gênero

Enterovirus, dessa forma direcionamos a análise molecular utilizando

oligonucleotídeos iniciadores específicos para o gênero Enterovirus, correspondente

à região não traduzida 5’ do genoma de Poliovirus, que é uma região extremamente

conservada (Dorner et al., 1982). Nosso resultado do RT-PCR sugere que o vírus

Juruaçá pode ser um novo vírus pertencente ao gênero Enterovirus, pois obtivemos

fragmentos de cDNA a partir do ARN do vírus Juruaçá com oligonucleotídeos

iniciadores específicos de Poliovirus. Entretanto, estudos visando o sequenciamento

nucleotídico devem ser feitos posteriormente, para confirmar sua relação genética

com os membros do gênero Enterovirus.

Todos os resultados obtidos, apresentados e discutidos nesta dissertação

sugerem que os estudos de caracterização antigênica, ultraestrutural e molecular

básicos realizados, indicam uma classificação taxonômica preliminar na família

Picornaviridae, gênero Enterovirus, para o vírus Juruaçá.

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7 CONCLUSÕES

Camundongos albinos suíços recém-nascidos são sensíveis à replicação do

vírus Juruaçá, quando inoculados pela via i.c.;

Células Vero e C6/36 não foram suscetíveis à infecção pelo vírus Juruaçá;

O vírus Juruaçá infecta persistentemente astrócitos e microglias em cultivos

primários;

Experimentos de cultivos primários de neurônios não foram conclusivos em

relação à infecção pelo vírus Juruaçá;

O vírus Juruaçá apresentou tropismo por neurônios e células gliais em

camundongos albinos suíços recém nascidos;

Alterações anatomopatológicas e reações imunohistoquímicas realizadas

indicam o SNC de camundongos albinos suíços como principal alvo da infecção,

caracterizada por uma doença imune-inflamatória;

O vírus Juruaçá apresenta hemaglutininas para eritrócitos de ganso em pH

5,75;

O vírus Juruaçá apresenta morfologia compatível com os membros da família

Picornaviridae;

Nossos resultados sugerem que o Juruaçá é um novo vírus isolado de

morcego, pertencente à família Picornaviridae, gênero Enterovirus.

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