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CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE PAISAGEM DO BAIXO
ACARÁ: UM ESTUDO DE CASO DA COMUNIDADE GUAJARÁ MIRI
Aline Soares de Limaa Joelson da Silva Nascimentob Marcia Aparecida da Silva
Pimentel c Sergio Luis Barbosa da Silvad José Galizae
a) Mestranda em Geografia pela Universidade Federal do Pará, professora EBTT do Instituto Federal de Ciência
e Tecnologia do Pará
b) Mestrando em Geografia pela Universidade Federal do Pará
c)Professora Dr. Da Faculdade de Geografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade
Federal do Pará
d) Especialização em Geografia e Meio Ambiente pela UFPA (Em andamento)
e) Representante quilombola de comunidades do Baixo Acará
Eixo: Solos, paisagens e degradação
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo caracterizar as unidades de paisagem do Baixo Acará, partindo do pressuposto
de análise dos recursos hídricos existentes na área da comunidade Guajará Miri, considerando a relevância
socioambiental que a mesma possui em um contexto de diversas comunidades quilombolas do munícipio de Acará,
Pará. Essa descrição geográfica levou em conta os aspetos das morfoestruturas do relevo que compõem o mosaico
de paisagens do local, além da cobertura vegetal, formação geológica e os diversos usos que se apresentam nestes
espaços através da realização de um trabalho de campo e uso de imagens de satélites da respectiva área. A partir
destes procedimentos metodológicos obteve-se como resultado que em Guajará Miri a população mantêm uma
relação sustentável com o uso dos recursos naturais da área, principalmente quando se refere ao uso dos recursos
hídricos, apresentando como implicação, uma área de areal que era de suma importância para um conjunto de
nascentes, mas que encontra-se degradada e pode gerar um efeito cascata no sentido de promover o
desaparecimento das mesmas e provocar um desequilíbrio ecossistêmico no ambiente.
Palavras Chaves: Unidades de Paisagem. Recursos Hídricos. Guajará Miri
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo caracterizar as unidades de paisagem do Baixo Acará,
partindo do pressuposto de análise dos recursos hídricos existentes na área da comunidade Guajará Miri.
Essa descrição geográfica irá levar em conta também aspetos das morfoestruturas do relevo que
compõem o mosaico de paisagens do local, além da cobertura vegetal, formação geológica e os diversos
usos que se apresentam nestes espaços através da realização de um trabalho de campo.
O trabalho de campo na ciência geográfica é uma ferramenta formidável, pois permite a
relação entre teoria e prática, fornecendo ao pesquisador uma experiência que consideramos
indispensável: o contato direto com o objeto de estudo. Este contato propicia a percepção e a vivência
do que foi estudado em sala de aula.
Trata-se, portanto, de uma experiência rica que, conforme afirma Alentejano e Rocha-Leão
(2006) vêm acompanhando a Geografia desde sua sistematização enquanto ciência. Da sistematização
da Geografia enquanto ciência até meados do século XX, o trabalho de campo orientava-se na
observação e na descrição dos fenômenos nas paisagens, resultado, portanto numa prática descritiva.
Com o advento da Geografia Crítica, o trabalho de campo, além da observação, perpassa também pela
interpretação e compreensão.
A fim de alcançar esses objetivos, foi organizado um roteiro de trabalho de campo de contendo
as principais atividades realizadas durante o trajeto ( figura 01 – Mapa de Localização e trajeto
percorrido), sendo instituída como metodologias a observação, anotações de campo, coleta de dado por
meio de visitas guiadas, registro fotográfico, marcação de pontos via GPS e relato de pesquisa em grupo.
Nas visitas guiadas, tivemos o auxílio da Professora Márcia e do Sr. José Galiza que discorreu sobre
características gerais da comunidade ora visitada.
Figura 01 – Mapa de Identificação da comunidade Guajará Miri e os pontos de deslocamento da
aula de campo.
Fonte: NASCIMENTO, J.S. 2018
A relevância social dessa análise socioambiental é ratificada pela necessidade de
subsidiar esta comunidade com estudos de fundamentação teórica e científica sobre os recursos
naturais existentes e orientar como deve ser o planejamento e manejo referente aos seus usos.
Um importante marco histórico é a titulação de terras quilombolas, realizada pelo ITERPA
(Instituto de Terras do Pará) em 2002, e, portanto, configura a pertinência de se estudar a área
com uma maior escala de detalhe.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Assim, para execução desta análise utilizou-se a metodologia quali-quantitativa, a partir
da utilização de dados primários e secundários. Os primeiros foram fundamentais para a
consecução dos objetivos, onde elaborou-se material cartográfico de localização da área em
estudo e das unidades de Paisagem, a partir dos recursos hídricos de Guajará Miri, todos com
escala de 1: 100.000. Os segundos, subsidiaram as análises da pesquisa a partir dos textos
referências sobre estas temáticas.
Como procedimentos metodológicos realizou-se: revisão de literatura das principais
referências sobre paisagens, uso de imagens de satélites Landsat, de cartas topográficas,
pesquisa de campo com objetivos exploratório de conhecer a realidade social e ambiental da
área, onde foram marcados pontos de GPS (Sistema de Posicionamento Global) e a partir destas
observações e literaturas, escreveu-se o texto.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 UM OLHAR SOBRE AS PAISAGENS E SUA COMPARTIMENTAÇÃO
As categorias geográficas são fundamentais para a elucidação de diversas questões relativas a
dinâmica sociedade-natureza, dentre estes termos, paisagem apresenta uma significativa importância e
será listado a evolução histórica do conceito nas diversas correntes do pensamento geográfico. O termo
paisagem, no âmbito da ciência Geográfica, tem origem na Geografia alemã com a terminologia
landchaft, atrelado a uma compreensão de natureza (SOBRINHO, 2007). O mesmo apresenta-se como
base epistemológica de estudos geográficos na Geografia Tradicional (1870-1950), em uma perspectiva
naturalista.
Cabe salientar, que os estudos de paisagem na Geografia tradicional apresentavam-se de forma
normativa e descritiva, dotada de um forte conteúdo empírico, este conceito chave passou por diversas
compreensões metodológicas ao longo das demais correntes do pensamento geográfico. A aplicação
desta categoria de análise na evolução e sistematização do conhecimento geográfico era associado, por
sinonímia, a natureza (SOBRINHO, 2007).
Esta surge como elemento integrador que busca demostrar a distribuição espacial e as relações
existentes entre os elementos que compõe o quadro natural, possibilitando a criação do termo paisagem
natural, além de uma outra visão que leva em consideração os aspectos humanos. Estas concepções
emergem da dicotomia existente na própria Geografia, influenciadas pelas correntes deterministas e
possibilistas, respectivamente.
Uma das defesas de Bertrand é o valor da visão holística da paisagem (síntese), contrapondo-
se à análise compartimentada, que é comumente encontrada na Geografia (BERTRAND, 1971). Nesse
sentido, Bertrand conceituou a paisagem como “[...] o resultado da combinação dinâmica, portanto
instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros,
fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução”. No decorrer dos seus
estudos sobre a paisagem, um conceito resgatado pelo autor foi o de geossistema, criado pelo soviético
V. B. Sotchava, em 1963, cuja definição se baseava na interconexão de fluxos de matéria e de energia
entre os elementos bióticos e abióticos (PASSOS, 1997).
Além destas designações do conceito de paisagem, observa-se que Bertrand observando a
complexidade existente no dinamismo das paisagens, elaborou uma nova proposta de abordagem. Em
1997, durante o VII Simpósio Nacional de Geografia Física Aplicada, realizado em Curitiba/PR, ele
apresentou uma forma de estudo baseada em um sistema tripolar e interativo: o Sistema GTP –
Geossistema, Território e Paisagem. Segundo Georges Bertrand e Claude Bertrand (2007), trata-se de
três entradas ou três vias metodológicas que correspondem à trilogia fonte / recurso / aprisionamento e
que são baseadas em critérios de antropização, de artificialização e de artialização.
Essa perspectiva integrada do conceito de paisagem, apresentou-se como uma necessidade do
momento histórico da própria ciência geográfica e por evolução da Geografia Física Moderna. Segundo
Corrêa (1995) a década de 1970 é marcada pelo surgimento da Geografia Crítica ou Marxista,
fundamentada no materialismo histórico e na dialética. Todas essas discussões apresentam influência
decisiva no esboço metodológicos das categorias geográficas.
Diante de toda esta discussão é relevante entender que não existe um único conceito
de paisagem, uma vez que é necessário considerar o recorte histórico o qual está sendo citado,
observando também a perspectiva de estudo dessa categoria de análise espacial e toda sua
evolução metodológica, que necessita que seja levado em consideração uma visão holística e
integrada da natureza.
Partindo de uma percepção integrada que todos os componentes que formam a
paisagem, é interessante compartimentá-la conforme características específicas: uso e
ocupação, caracterização dos recursos hídricos e os saberes proporcionados pela mesma.
3.2 RECURSOS HÍDRICOS E MANEJO
Discutir esta temática promove uma série de reflexões a respeito do conceito do que vem a ser
o recurso hídrico, sabe-se da importância alcançada pelo recurso água em nossa sociedade industrial
moderna. No entanto, para efeitos metodológicos é fundamental diferenciá-lo do conceito da água como
elemento natural. A esse respeito, Rebouças (2006) afirma que a utilização da definição recurso hídrica
está associada ao valor econômico alcançado por este recurso, o que converge com diversas discussões
realizadas sobre manejo dos mesmos.
É importante destacar, que este recurso tornou-se notável, sobretudo nas últimas três décadas,
o substancial incremento de estudos relativos aos recursos hídricos, bem como a eleição da bacia
hidrográfica como unidade territorial preferencial destes estudos, o que a tem tornado referência espacial
destacada, subsidiando tanto o planejamento territorial quanto fundamentando boa parte da legislação
ambiental no Brasil e em muitos países (MACHADO; TORRES, 2012).
Assim, o estudo detalhado de uma bacia hidrográfica, seja de suas características físicas, de
seus modelos de parcelamento, uso e ocupação do solo ou de suas características sociais e econômicas,
é fundamental para que se proceda à utilização e ao manejo mais adequado de recursos, especialmente
os hídricos (MACHADO; TORRES, 2012).
TERRA FIRME
Relacionado a isso, observa-se a legislação pertinente ao manejo dos recursos hídricos, uma
preocupação de análise integrada para o entendimento dos possíveis impactos de uso, riscos e
vulnerabilidades. O principal apontamento nesta direção é sobre a Política Nacional dos Recursos
Hídricos, lei nº 9.433/97, que orienta a gestão das águas no Brasil e através de suas definições especifica
formas de uso e permite identificação de aspectos relativos a qualidade da água e gerenciamento das
demandas existentes. O manejo neste contexto será relacionado as formas de uso.
Assim, a partir da análise de imagens, da pesquisa de campo e do subsídio da fundamentação
teórica, observou-se alguns aspectos importantes na área da comunidade quilombola Guajará Miri a
respeito dos diversos usos dos recursos hídricos disponíveis na comunidade. No entanto, antes disso
vamos salientar como ocorreu o processo de produção e reprodução do espaço nestes locais. Assim, faz-
se necessário uma pequena retrospectiva histórica da comunidade.
3.3 HISTÓRICO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO BAIXO ACARÁ: A PARTIR
DE GUAJARÁ MIRI
Discutir a titulação de comunidades quilombolas, significa fazer uma série de reflexões sobre
o direito à terra no Brasil e na Amazônia. No caso, do estado do Pará está problemática é pertinente, em
função de que segundo o ITERPA é o estado brasileiro com maior titulação de terra (um quantitativo de
53 comunidades) , e, portanto, área de estudo, importante para observar os usos e recursos do território,
nestas comunidades tradicionais.
Desta forma, cabe ressaltar os marcos legais que demarcam regularização de terras no Brasil
para destacar as especificidades na área de pesquisa. A nível nacional têm-se como instrumentalização
jurídica o artigo 68 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição
Federal do 1988 “aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras
é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”. Dando
assim, legitimidade a titulação destas áreas, realizadas por órgãos oficiais, como o ITERPA e o Instituto
de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
Assim, a partir destes regulamentação, tornou-se crescente este fenômeno de titulação destas
terras, e iniciou-se o processo de auto reconhecimento de várias áreas como remanescentes de
quilombos, e, portanto, que precisavam deste título coletivo. Na pesquisa de campo, pode-se perceber
essa característica, já que a partir de relatos de José Carlos Galiza, representante da comunidade Guajará
Miri, observou-se que este foi um passo relevante para os moradores se organizarem na forma de
associação para solicitarem seus direitos, pelos relatos de experiência este é o ponto crucial para estes
povos iniciarem uma mobilização.
Em relação ao Baixo Acará, localizado no município de Aracá, Pará na coordenadas
geográficas latitude 1º 29’32,85’’ e longitude 48º 22’ 33,84” ( Figura 02 – Mapa de localização do
município do Acará, observa-se a concentração de comunidades quilombolas, que agrupam um grande
contingente de famílias e que procuram por meio de instituições oficiais se apropriarem da legislação e
se inserir em órgão públicos para solicitar projetos e benfeitorias para estes espaços, entre elas, Guajará
Miri que é nosso foco de análise
Figura - 02 Mapa de localização do município do Acará, Pará
Fonte: Silva, 2019
Nesse sentido, José Carlos Galiza, importante liderança quilombola de Guajará Mirim,
coordenador administrativo da Malungu (organização estadual que é responsável pela articulação das
associações quilombolas do Pará) relata como ocorreu a reconstrução da identidade da população que
vive no local, como negros que lutam por seus direitos. Em suas falas, o mesmo afirmou que o lócus da
pesquisa “Não era uma comunidade de negros que fugiram da escravidão. Na realidade, aqui era uma
fazenda onde negros e negras foram escravizados. [...] E quando a escravidão se tornou um crime, os
escravocratas – porque não estava mais sendo lucrativo, ou por algum outro motivo – foram embora, e
os negros ficaram aqui nas terras. [...] Depois de um tempo, vai-se incorporando negros que vinham de
outras comunidades aqui mesmo da região.”
Segundo o documento Brasil Movimento Regional de la tierra ( 201?) A presença negra na
região do Baixo Acará inicia-se nos séculos XVIII e XIX. Por ser uma das principais áreas de produção
de cana-de-açúcar no período escravocrata, a região concentrou grande quantidade de negros
escravizados, cujos descendentes ali permaneceram até os dias de hoje.
José Carlos Galiza, ainda fez um breve relato histórico do surgimento dessas comunidades,
assim destacou que a comunidade quilombola de Guajará Mirim possui uma origem comum ao
quilombo vizinho de Itancoã Miri. No final do século XIX, na região, existia uma fazenda chamada
Itanquãm, propriedade do capitão Antônio Maciel de Farias, onde funcionava uma olaria. Os herdeiros
deste homem, após sua morte, arrendaram partes da fazenda para os seus antigos escravos que, na falta
de alternativas de subsistência em outras localidades, ali permaneceram.
Dentro do processo de titulação das terras a associação decidiu que os negros que
permaneceram na luta para conseguir a posse pela terra, conquistaram o direito de fixar residência e
utilizar os espaços coletivos da comunidade. Nesse sentido, as decisões são tomadas coletivamente e
contribuem para a construção de um sentimento de pertencimento ao lugar e de uma relação identitária
com o que eles são e o que representam em um contexto de busca por mais políticas de ações afirmativas
e representividade em diversos espaços institucionais.
3.4 UNIDADES DE PAISAGEM E USO DOS RECURSOS HÍDRICOS DE GUAJARÁ MIRI
Assim, diante deste processo de apresentação dos aspectos históricos de luta pelo
território dos quilombolas de Guajará Miri, cabe salientar a necessidade de conhecer os aspectos
dos recursos e saberes das territorialidades que foram impostas e estabelecidas nestes espaços.
Para isso, faz-se necessário utilizar análises a partir da definição das unidades de paisagem,
considerando os recursos hídricos das comunidades como parâmetros que permitem inferir
diversos indicadores para um prognóstico ambiental.
Nesse sentido, a paisagem é o ponto inicial para o conhecimento dos usos dos recursos,
uma vez que se parte de uma análise integrada levando em conta fatores como os canais fluviais
que percorrem esta área, a cobertura vegetal e as formas que estas se apresentam em imagens
de satélites.
Após a seleção da paisagem como conceito chave, parte-se para a análise de suas
diferenciações, como selecionou-se o usos do recursos hídricos, observou-se na pesquisa de
campo a relevância que os mesmos apresentam para a população tradicional que ali reside, já
que as várzeas, por exemplo, apresentam-se como componente importante da dinâmica local,
uma vez que os açaizais se estendo por extensas faixas dos rios que cortam esta região, além da
necessidade de consumo humanos deste.
Uma observação relevante a respeito dos recursos hídricos da comunidade, foi
exatamente a área de um areal que foi através de mecanismos legais cedido para exploração,
por uma empresa. Todo o lucro foi revertido em benefícios para a área. Mas, observou-se que
esta retirada de material já impactou na disponibilidade de água no local e pode ocasionar o
efeito cascata no sentido de desaparecimento de alguns canais fluviais importantes nesta região.
Estas delimitações de unidades de paisagem irão seguir os parâmetros da métrica das
paisagens e identificação das mesmas observadas, a partir da figura 03 que apresenta os
diferentes usos dos recursos pelas pessoas das comunidades, utilizando saberes tradicionais e
relevantes também para o extrativismo realizado como atividade econômica. Na mesma
observa-se, o gerenciamento dos recursos hídricos do Areal que a partir de um viés econômico,
beneficia a população local com os recursos para construção de obras infra estruturais, a várzea
é do rio Acará é importante como áreas extrativistas de Açaí, gerando renda. Na Terra firme,
localiza-se as moradias e a realização das atividades econômicas.
Figura 03 – Mapa das Unidades de Paisagem – Uso dos Recursos Hídricos
Fonte: Silva, 2019
5 AGRADECIMENTOS
Reitero a importância do apoio para a consecução do trabalho, dado pela Capes, Universidade
Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Faculdade de Geografia, Mestrado
Acadêmico em Geografia; e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará e a
realização deste importante evento acadêmico: Simpósio de Geografia Física Aplicada.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O território imaterial pertence ao mundo das ideias, das intencionalidades que
coordena e organiza o mundo material, transformando coisas e produzindo objetos na produção
do espaço e do território. Por isso os conflitos, as contradições quanto ao reconhecimento, não
de uma visão, um único caminho como a ciência tentar colocar uma singularidade, se impor
diante dos os conhecimentos, mas sim que existe pluralidade e diversidade e não uma hierarquia
das experiências humanas, no campo da política esses embates são ainda mais fortes e mais
complexos, pois os processos são seletivos e desiguais.
O território nasce com uma dupla conotação material e simbólica, relação de poder,
mas não apenas ao tradicional poder político, e sim poder no sentido mais concreto, de
dominação, funcional e quanto ao poder no sentido mais simbólico, de apropriação, carregando
as marcas do vivido, do valor de uso, de identidade, cultural, de representação.
A geografia faz parte de todo esse processo e possui uma importante contribuição para
a construção do conhecimento, para a análise do espaço, de uma essência epistemológica que
priorize as práticas dos sujeitos sociais, e que a pluralidade e a diversidade sejam questões
fundamentais como forma de interpretação da realidade e dos seus agentes que a produzem e a
edificam. Sendo em minha opinião a inserção da política e o seu reconhecimento indispensável
para a formação da cidadania da população, da afirmação de uma sociedade participativa, de
uma nação.
Desta forma, cabe salientar a importância de uma análise integrada da paisagem como
forma de subsidiar o planejamento ambiental e através de visitas e conversas nas comunidades
quilombolas contribuir para o uso sustentável dos recursos naturais, especialmente os recursos
hídricos de sumo interesse para a população que participa dos processos de produção e
reprodução dos espaços. Partindo destas discussões, observou-se impactos ambientais com
prognósticos futuros para desaparecimento de nascentes importantes da região.
É preciso reiterar também que instrumentos como o CAR (Cadastro Ambiental Rural)
devem neste contexto ser utilizados pelas instituições oficiais como mecanismo que permitam
gerenciar os recursos naturais de forma efetiva e real, ouvindo as comunidades no sentido de
realizar um mapeamento participativo adequado as necessidades e vivências dos grupos.
7 REFERÊNCIAS
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Caderno de Ciências da Terra, n. 13, p. 1-27, 1971.
______, Georges; BERTRAND, Claude. Uma geografia transversal e de travessias: o
meio ambiente através dos territórios e das temporalidades. Maringá: Massoni, 2007
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm#adct>
Acesso em: 04 dez. 2018.
______, Movimento Regional Brasil pela terra. Estudo do caso Quilombolas de
Guajará Mirim e a luta por seu território. Disponível em:
<https://porlatierra.org/docs/3401810b6b3be81608bcfb4da89446c9.pdf>. Acesso em:
04. dez. 2018.
CORRÊA, Roberto Lobato. Região e organização espacial. São Paulo, SP: Ática, 1995
TORRES, Fillipe Tamiozzo Pereira; MACHADO, Pedro José de Oliveira. Introdução a
hidrogeografia. São Paulo: Cengange Learning, 2012.
REBOUÇAS, A. da C. Água no Brasil: abundância, desperdício e escassez. Bahia Análise
e Dados, .... 3. ed. rev. e ampl. São Paulo, SP: Escrituras, 2006.
SOBRINHO, J. F. Relevo e Paisagem – Proposta Medodológica. Ed. Sobral. Sobral. 2007