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CARACTERIZAÇÃO DAS BACIAS DOS RIOS COLÔNIA E SALGADO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA ESTUDOS DE CONFLUÊNCIAS UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E MEIO AMBIENTE - MDR&MA ILHÉUS - BAHIA 2016

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CARACTERIZAÇÃO DAS BACIAS DOS RIOS

COLÔNIA E SALGADO E SUAS

CONTRIBUIÇÕES PARA ESTUDOS DE

CONFLUÊNCIAS

, ILHÉUS - BAHIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E MEIO AMBIENTE -

MDR&MA

ILHÉUS - BAHIA

2016

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KAIQUE BRITO SILVA

CARACTERIZAÇÃO DAS BACIAS DOS RIOS COLÔNIA, SALGADO E CACHOEIRA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA ESTUDOS DE

CONFLUÊNCIAS

ILHÉUS – BAHIA

2016

Dissertação de Mestrado do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente – PRODEMA como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Neylor Alves Calasans Rego

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S586 Silva, Kaique Brito. Caracterização das bacias dos Rios Colônia, Salgado e Cachoeira e suas contribuições para es- tudos de confluências / Kaique Brito Silva. – Ilhéus, BA: UESC, 2016. 67f. : il. Orientadora: Neylor Alves Calasans Rego. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadu- al de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Inclui referências.

1. Água – Análise. 2. Bacias hidrográficas. 3. Recursos hídricos – Aspectos ambientais. I. Título. CDD 628.161

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[...] Eu posso estar completamente enganado, eu posso estar correndo pro lado

errado. Mas a dúvida é o preço da pureza, e é inútil ter certeza.

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Agradecimentos

Isabel, Edivaldo, Ana, Meire, João, Neylor, Wildes, Jonatas, Marjore, Maria, Jorge,

William Gama, Pollyanna, Franklin, Karine, Giovanna, Anderson, João B., Sandra,

Daniela, Fábio Allan, Luciano, Mayara, Landim, Maurício, Marcos Vilanova, Marcos

Lavigne, Thalita, Augusto, Victor Dill, Gabriel, Marlessom, Leo, Aninha, Tatiana

Alves, Vanessa Paim, Rafael, Pedro, Tássio, S.João, Adilson, Schumarcher.

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Lista de Figuras

1 Processo de formação da vazão ............................................................... 8

2 Entrada e saída de água do sistema......................................................... 10

3 Exemplo de confluência: Rio Negro e Solimões e Amazonas................ 11

4 Esquema de inozação do pontencial Hidrogeniônico................................ 15

5 Esquema gráfico do Flow Direction com direção e profundidade............. 24

6 Esquema de leitura de fluxos do Flow Analisys......................................... 24

7 Esquema cartografado do Flow Analisys................................................. 25

8 Esquema de análise de fluxo de efluentes no Qual2K............................. 28

9

10

Bacia e sub-bacias hidrográficas do rio Cachoeira – BA...........................

Local da confluência no município de Itapé – BA....................................

30

31

11 Imagem do ponto de confluência dos rios Colônia e Salgado................... 32

12 Esquema de Coleta nos rios em estudo.................................................... 37

13 Equação de mistura ambientada em MS-DOS.......................................... 40

14 Áreas das bacias do rio Colônia (2339km²) e Salgado (1020km²)......... 41

15 Tipologia Climática da Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira – BA....... 43

16 Geologia da Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira – BA............................ 44

17 Geomorfologia da Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira........................ 45

18 Pedologia da Bacia Hidrográfica do rio Cachoeira.................................... 46

19 Classes da paisagem da Bacia Hidrográfica do rio Cachoeira.................. 47

20 Hidrografia e Hidrogeologia da Bacia hidrográfica do Rio Cachoeira.. 49

21 Batimetria da confluência dos Rios Salgado, Colônia e Cachoeira...... 51

22 Modelo Tridimensional da confluência dos rios em estudo....................... 52

23 Vazão e Concentração Total no rio Colônia............................................ 57

24 Vazão e Concentração Total no rio Salgado............................................. 57

25 Vazão e Concentração Total no rio Cachoeira.......................................... 58

26 Comparação entre os valores observados e reais para Alcalinidade........ 59

27

28

Comparação entre os valores observados e reais para Cálcio.................

Comparação entre os valores observados e reais para Cloretos..............

60

61

29 Comparação entre os valores observados e reais para Sílica.................. 62

30 Comparação entre os valores observados e reais para Fosfato.............. 63

31 Comparação entre os valores observados e reais para Sódio................ 64

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32 Comparação entre os valores observados e reais para Potássio.............. 65

33 Comparação entre os valores observados e reais para OD..................... 66

34 Comparação entre os valores observados e reais para Nitrito.................. 67

35 Comparação entre os valores observados e reais para Nitrato................ 68

36 Comparação entre os valores observados e reais para Amônia............... 69

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Quadros e Tabelas

Quadro 1 Valores do ponto 1 da coleta realizada por Barbosa (2005).................. 8

Quadro 2 Valores do ponto 1 da coleta realizada por Lúcio (2010).................... 8

Quadro 3 Elaboração dos perfis ambientais e ferramentas utilizadas................... 33

Quadro 4 Índices Fisiográficos e suas aplicabilidades.......................................... 35

Quadro 5 Índices Fisiográficos da Bacia do rio Cachoeira.................................... 50

Tabela 1 Aparelhos medidores de qualidade de água in situ e suas funções... 38

Tabela 2 Dados da 1ª coleta de amostras de água.............................................. 53

Tabela 3 Dados da 2ª coleta de amostras de água.............................................. 54

Tabela 4 Dados da 3ª coleta de amostras de água.............................................. 55

Tabela 5 Dados da 4ª coleta de amostras de água.............................................. 56

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Sumário

- RESUMO.................................................................................................. I

- ABSTRACT.............................................................................................. II

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1

1.1 Água, Bacia Hidrográfica e Confluência............................................... 1

1.2 Escopo tecnológico................................................................................ 3

2. OBJETIVOS............................................................................................. 4

2.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 4

2.2 Objetivos específicos............................................................................. 4

3. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................... 5

3.1 Trabalhos da Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira............................ 5

3.2 Relações Precipitação-Vazão................................................................ 9

3.3 Confluências de Rios............................................................................. 12

3.4 Variáveis Qualitativas da água.............................................................. 14

3.4.1 Parâmetros Físicos................................................................................... 14

3.4.1.1 Temperatura............................................................................................. 14

3.4.1.2 pH............................................................................................................. 14

3.4.1.3 Condutividade Elétrica.............................................................................. 15

3.4.2 Parâmetros Biogeoquímicos.................................................................... 16

3.4.2.1 Oxigênio Dissolvido.................................................................................. 16

3.4.2.2 Cálcio........................................................................................................ 17

3.4.2.3 Cloretos.................................................................................................... 17

3.4.2.4 Amônia, Nitrito e Nitrato........................................................................... 18

3.4.2.5 Sílica........................................................................................................ 19

3.4.2.6 Sódio........................................................................................................ 19

3.4.2.7 Potássio.................................................................................................... 20

3.5 Modelos Hidrológicos............................................................................ 21

3.5.1 O modelo Streeter Phelps......................................................................... 22

3.5.2 A ferramenta Flow Analisys...................................................................... 23

3.5.3 QUAL2E.................................................................................................... 25

3.5.4 QUAL2K.................................................................................................... 28

4. ÁREA DE ESTUDO.................................................................................. 30

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4.1 Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira.................................................... 30

4.2 Confluência dos rios Salgado e Colônia.............................................. 31

5 METODOLOGIA....................................................................................... 33

5.1 Caracterização Geoambiental................................................................ 33

5.2 Indicies Fisiográficos ............................................................................ 35

5.3 Parâmetros de Qualidade da água........................................................ 37

5.4 Balanço de massa................................................................................... 40

5.4.1 Normalização dos dados.......................................................................... 41

5.5 Comparação real/observado.................................................................. 42

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................. 43

6.1 Caracterização Geoambiental................................................................ 43

6.1.1 Clima......................................................................................................... 43

6.1.2 Geologia.................................................................................................... 44

6.1.3 Geomorfologia.......................................................................................... 45

6.1.4 Pedologia.................................................................................................. 46

6.1.5 Paisagem da Bacia Hidrográfica.............................................................. 47

6.1.6 Hidrogeologia e Índices Fisiográficos....................................................... 48

6.2 Morfologia da Confluência..................................................................... 51

6.3 Parâmetros Analisados.......................................................................... 53

6.3.1 Coleta1...................................................................................................... 53

6.3.2 Coleta 2..................................................................................................... 54

6.3.3 Coleta 3..................................................................................................... 55

6.3.4 Coleta 4..................................................................................................... 56

6.3.5 Relação vazão/concentração................................................................... 57

6.4 Validação do Modelo.............................................................................. 59

7 CONCLUSÕES......................................................................................... 70

8 REFERÊNCIAS........................................................................................ 72

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RESUMO

A forma sistêmica de uma bacia hidrográfica forja o percurso de corpos d’água para

um ponto em comum, trazendo para o exutório toda uma gama de componentes

presentes na Litosfera, como elementos e compostos químicos, sedimentos e

efluentes.Essa visão sistemica sustenta a abordagem Geoambiental no estudo dos

recursos hídricos. Entretanto, antes do exutório, os rios de uma BH se conectaram

através de diversos pontos de tributação e confluências, condicionando diversos

tipos de mistura e modificando característica da água antes de depois de cada ponto

de encontro. Entender e comprender a mistura das água apresenta-se como tarefa

complexa: dessa forma, a utilização do modelos hidrológicos auxiliam na

visualização do comporamento das águas em estudo. É nessa concepção que um

dos objetivos deste trabalho foi visualizar concentrações de parâmetros de qualidade

da água em coletas nos rios Colônia e Salgado e submetê-las a mecanismos de

mistura que estão inseridos nos modelos hidrológicos. Esse processo gerou um

valor que é esperado no rio Cachoeira (rio a jusante da confluência), e

posteriormente foi comparado com valores reais de coleta in lócus. Foram

determinados 11 parâmetros químicos (Alcalinidade, Ca, Cl, NO2-, NO3-, NH4, SiO2,

PO4, Na, K, OD) e 4 parâmetros físicos (Temperatura, CE, pH e vazão) nas águas

dos rios Colônia, Salgado e Cachoeira. Submetidos os parâmetros químicos a

equação de mistura, o modelo se aproximou de forma satisfatória dos valores reais

em 9 dos 11 atributos testados. Apenas o Cálcio e Alcalinidade foram modeladas de

forma mediada devido a processos biogeoquímicos presentes na confluência. A

abordagem geoambiental permitiu visualizar os atributos (Geologia e uso do solo)

que moldam de forma majoritária as características das águas que chegam até o

ponto de confluência. A diferença na composição da paisagem das bacias dos rios

Salgado e Colônia influência diretamente nas características hidrológicas estudadas.

Para uma leitura de ambientes em confluências, a abordagem geoambiental de uma

bacia é estritamente necessária no sentido de identificar os processos naturais que

moldam as características.

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ABSTRACT

The systemic form of a basin forge the route of water bodies to a common point,

bringing the exutório whole range of components present in the lithosphere, as

chemical elements and compounds, sediments and efluentes.Essa systemic vision

supports the approach Geoambinetal in the study of water resources. However,

before the exutório, rivers of BH is connected through various points of taxation and

confluences, conditioning various types of mixing and modifying characteristic of

water before and after each meeting. Understanding and comprender the mixture of

water presents a complex task: thus, the use of hydrologic models assist in the

visualization of water comporamento study. It is this conception that one of the

objectives of this study was to see concentrations of water quality parameters in

collections in Cologne and Salt rivers and subjecting them to mixing mechanisms that

are inserted into hydrological models. This process generated a value that is

expected in the Cachoeira River (river downstream of the confluence), and was later

compared with actuals collection in locus. Chemical parameters were determined 11

(Alkalinity, Ca, Cl, NO2-, NO3-, NH4, SiO 2 PO4, Na, K, RE) and 4 physical

parameters (temperature, EC, pH and flow rate) in the waters of the rivers Cologne,

Salt and waterfall. Undergoing chemical parameters mixing equation, the model

approached satisfactorily the real values in 9 of the 11 attributes tested. Only the

calcium and alkalinity were modeled mediated form due to biogeochemical

processes present at the confluence. The geo-environmental approach enabled to

view attributes (Geology and land use) that shape the majority form the

characteristics of the water that reaches the point of confluence. The difference in

landscape composition of river basins Salgado and Cologne directly influence the

hydrological characteristics studied. For a reading environments confluences, the

geo-environmental approach to a basin is strictly necessary to identify the natural

processes that shape characteristics.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Água, Bacia Hidrográfica e Confluência

Atualmente, a ciência moderna tem permeado caminhos interdisciplinares que

congregam os mais diversos tipos de ferramentas a fim de desenvolver métodos e

técnicas que possibilitem a prevenção e resolução de problemas de caráter

ambiental. Entender como os processos antrópicos influenciam, talvez

negativamente, nos sistemas naturais tem se mostrado uma tarefa complexa de

difícil resolução, e que sugere um aumento no entendimento das relações

sociedade-natureza. Esse novo modelo de conduzir o conhecimento é derivado

principalmente de problemáticas relacionadas à manutenção de diversos recursos

naturais.

Dentro desse escopo, há algumas décadas surgiu uma preocupação

majoritária em relação à água, no que concerne o seu uso e disponibilidade.

Classificada como um bem de sobrevivência (consumo) primordial para a

sustentação da vida, atualmente tem sido questionada e analisada a sua qualidade

no abastecimento das populações e se discutido um possível esgotamento de sua

forma potável em determinadas regiões do planeta. É de longe o maior plano de

fundo de trabalho das ciências ambientais atuais (SILVA et al, 2015).

Essa complexidade surge a partir do momento que se percebe que a

qualidade e quantidade da água são condicionadas por diversos fatores

socioambientais que modelam os territórios: Atividades de uso do solo distintas,

urbanização, padrões culturais do uso da água, regime pluviométrico, riqueza

hidrográfica e aqüífera, são alguns dos vetores com pesos distintos fundamentais

para a manutenção hídrica de determinada região.

Compreender e analisar o estado atual desse recurso requerem um esforço

que sugere a interdisciplinaridade citada: As Ciências Ambientais, Humanas, Exatas

e Ciências da Terra estão, em algum ponto de abordagem, contribuindo para uma

melhor gestão da água nas regiões do planeta, principalmente através das

tecnologias atuais que simulam diversas situações hídricas, seja em rios ou

reservatórios (naturais ou artificiais).

Para tais análises, surgem as Bacias Hidrográficas (BH’s) como notadamente

os melhores recortes espaciais no que concernem estudos de qualidade e

quantidade de água (CHRISTOFOLETTI, 1980; PIRES, 2002). Delimitadas entre

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interflúvios e vales, apresentam Clima, Geologia, Geomorfologia e o arranjo

Hidrológico específicos em cada região, determinando características peculiares à

água super e sub superficial. Além disso, visualizar as BH’s é acompanhar os

diferentes caminhos que a água percorre no ambiente, agregando ou diluindo

parâmetros que condicionam sua qualidade. É essa complexidade que reforça a

necessidade de também haver caracterizações Geoambientais da bacia em estudo

(GUERRA, 1995).

A forma sistêmica de uma BH (se não fractal) forja o percurso de corpos

d’água para um ponto em comum, trazendo para o exutório toda a gama de

componentes presentes na Litosfera, como elementos e compostos químicos,

sedimentos e efluentes. Entretanto, antes do exutório, os rios se conectaram através

de diversos pontos de tributação e confluências, condicionando diversos tipos de

mistura e modificando característica da água antes de depois de cada ponto de

encontro. Guerra e Guerra (2011) ainda apontam que, para estudos em bacias

acima de 50 km², é importante uma compartimentação da mesma em sub-bacias a

partir dos maiores rios tributários, pois os pontos de confluência podem revelar

comportamentos mais detalhados de cada porção da BH, contribuindo para gestões

ambientais mais detalhadas.

Nessa concepção, os estudos em confluência estão basicamente voltados

para a mistura e balanço de parâmetros de qualidade que ocorre em seu bojo. Os

poucos trabalhos que utilizaram metodologias para analisar confluências como os de

Boyer et al. (2010) e Yuanfeng et al (2015), determinam parâmetros em rios

formadores e modelam (simulam) situações no rio receptor, utilizando equações de

mistura (ou adaptações) e balanço qualiquantitativo de massa. Geralmente, o

objetivo desses trabalhos são as análises de diluição de efluentes e contaminantes

em rios de importância regional ou estuários que sofrem perturbações antrópicas.

Mas segundo Mosley (1976), analisar confluências serve também para identificar

processos naturais, como dissolução de minerais das rochas, deposição de

elementos químicos no fundo da coluna d’água, morfologia de canais fluviais e limite

biogeográfico de organismos vivos. Ou seja, identificar misturas de diversos tipos é

perceber o quanto conservativo ou não o sistema confluente no que concerne a

potencializar ou mitigar degradações ao estado natural da água.

Um dos objetivos desse trabalho é compreender o deslocamento e mistura de

determinados parâmetros na confluência dos rios Colônia, Salgado e Cachoeira, sul

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da Bahia. Além de contribuir para os estudos nesse tipo de entroncamento

hidrográfico, as informações levantadas podem abrir leques para estudos

qualiquantitativo nas bacias dos rios Colônia e Salgado (rios a montante).

1.2 Escopo tecnológico

Para estudos sobre a água em BH’s, há algumas décadas têm sido criadas

ferramentas computacionais (softwares) definidas como modelos hidrológicos.

Construídos através de linguagem matemática, os modelos são produzidos no intuito

de representar simplificadamente uma realidade hídrica, alimentados por

informações como: Precipitação, Vegetação, Geologia e Uso do Solo. São aplicados

geralmente em estudos de sistemas lóticos, como estimativas do potencial de

autodepuração dos rios, simulação de cenários futuros e processos de

gerenciamento da qualidade da água (ORFEO e STEUVAX, 2002).

Considerando que tais ferramentas são empregadas em bacias hidrográficas,

concebe-se também que de alguma forma as confluências são introduzidas e

retrabalhadas nessas equações. Entretanto, em meio a inúmeras equações que

alimentam esses softwares, observa-se que os pontos de tributação são tratados de

forma unidimensional, isto é, são interpolados através de dados coletados nos rios

que antecedem a confluência e não revela a mistura real dos parâmetros analisados

no rio a jusante (BEZERRA et al., 2009).

Considerando esse mecanismo dos modelos, observa-se que apesar da

preocupação em demonstrar valores próximos à realidade, as equações globais

inseridas nos modelos nunca concebem realidades mais detalhadas. Ou seja: o

valor observado no modelo hidrológico para o rio após a confluência naturalmente

difere do real.

É nessa concepção que um dos objetivos deste trabalho foi visualizar

concentrações de parâmetros em coletas de água nos rios Colônia e Salgado e

submetê-las a mecanismos de mistura que estão inseridos nos modelos

hidrológicos. Esse processo gerou um valor que é esperado no rio Cachoeira (rio a

jusante da confluência), e posteriormente foi comparado com valores reais de coleta

in lócus. Assim, esse mecanismo geral de modelar o encontro das águas superficiais

pôde ser retrabalhado para a realidade hidrológica da área de estudo, em Itapé.

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2. Objetivos

2.1.Objetivo Geral

Modelar e analisar o comportamento dos parâmetros fisicoquímicos das

águas dos rios Colônia, Salgado e Cachoeira em sua confluência,

considerando as feições geoambientais das bacias hidrográficas em estudo.

2.2. Objetivos Específicos

- Caracterizar os componentes geoambientais das bacias de

contribuição do rio Cachoeira e obtenção dos Índices Fisiográficos;

- Determinar concentrações de parâmetros Biogeoquímicos e medir as

vazões nos rios Colônia e Salgado e Cachoeira;

- Utilizar a equação de mistura para simular concentrações no rio

Cachoeira e comparar os dados simulados com os coletados.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Trabalhos na Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira

A Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira hoje concentra cerca de 500.000

habitantes (IBGE 2012). É notável a sua importância perante o desenvolvimento

sócio-econômica na região, onde seus corpos hídricos subsidiam atividades como

pesca, irrigação e abastecimento para consumo populacional em todas os 11

municípios integrantes da mesma.

Nota-se um anseio por parte de órgãos públicos e civis pela restituição da

qualidade ambiental da BH, considerando principalmente o papel que o rio

Cachoeira (principal) desempenha nas diversas paisagens da microrregião Ilhéus-

Itabuna. A Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC subsidia ações de cunho

científico que vão, desde tentar mapear o rio e sua bacia, até projetos que analisam

a qualidade das águas nos Rios Salgado, Colônia e Cachoeira.

Observam-se trabalhos como o de Paula e Silva (2012), que disponibiliza

informações sobre as diversas fácies ambientais que compõe toda a Bacia.

Observando características como a Fisiografia e Geologia, por exemplo, o autor

explica que é possível acompanhamento das diferentes tipologias fluviais presentes

nos distintos usos da terra. Já o trabalho realizado por Lucio et al (2012) retrata as

variações no espaço e no tempo acerca da química das águas superficiais do Rio

Cachoeira, com a finalidade de atribuir os efeitos diversos das atividades antrópicas

sob a qualidade da água de forma a incentivar políticas públicas de revitalização e

preservação do mesmo. No entanto, a maioria dos trabalhos produzidos na BH do

rio Cachoeira e seus formadores são multidisciplinares, a exemplo dos estudos de

Pinho (2001) com IQA, Queiroz et al. (2012) com Biogeoquímica do rio Cachoeira,

Araújo et al. (2015) com a cadeia de Nitrogênio, Rego et al. (2010) Salinidade e

perda de solo na Bacia Hidrográfica do Rio Colônia e Barbosa et al. (2008) com a

Tipologia Fluvial da Bacia Hidrográfica do Rio Salgado .

Na primeira década do presente século, foram desenvolvidas

majoritariamente pesquisas de cunho hidrológico, visando disponibilizar as

características qualitativas das águas dos princirpais rios da BH e as implicações de

seu uso e consumo. Visualizar os resultados obtidos nessas pesquisas revela-se

como necessário para um enquadramento científico de cunho histórico-comparativo

com os dados levantados nessa dissertação.

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Pinho (2001) em sua dissertação de mestrado avaliou a qualidade da água ao

longo do rio Cachoeira, em oito pontos de coleta desde a cidade de Itapé até o

estuário na Baía do Pontal, em Ilhéus. Segundo a autora, o pH variou de 6 a 9,4. O

trabalho revela ainda que com o pH não existiu diferença significativa entre as

medições nos pontos de coleta, mas sim diferenças sazonais. Para a Condutividade

elétrica foram encontrados valores na faixa de 200 a 1.400 μS/cm. A média da

temperatura da água variou de 21,9ºC no inverno até 33,8ºC nos meses mais

quentes. A temperatura do ar, ao longo do percurso do rio variou de 21,9ºC no

inverno até 39ºC no verão. Os valores de oxigênio dissolvido variaram entre 0,40 até

12,20 mg/l. A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) variou de 1 até 18,50 mg/l. O

fósforo total determinado apresentou valores entre 0 a 0,64 mg/l. O resíduo total (ou

Sólidos Totais Dissolvidos) variaram de 109 a 4.661 mg/l. Os coliformes totais

variam de 230 a 240.000 UFC/100ml, e os coliformes termotolerantes variam de 40

a 160.000 UFC/ml.

Figueiredo (2004) em sua dissertação de mestrado avaliou o risco de

Salinização dos solos na Bacia Hidrográfica do Rio Colônia, formador do rio

Cachoeira. A determinação dos valores de condutividade elétrica ao longo de 10

pontos amostrais revelou valores entre 64 e 5.160 μS/cm, gerando assim quatro

classes de risco de salinização de solos: 9,62% da área da BH na classe de baixo

risco; 35,53% de médio risco de salinização; 39,86% de alto risco de salinização;

14,99% da área da bacia corresponde a risco muito alto de salinização do solo.

Valença (2003) em sua dissertação de mestrado analisou parâmetros fisico-

químicos e microbiológicos da água do rio Salgado (formador do rio Cachoeira) e

suas relações com a saúde da população ribeirinha da cidade de Ibicaraí. Segundo

a autora, a temperatura média do ar foi 32,17ºC e da água 29,40°C durante o

período pesquisado. O Oxigênio dissolvido variou de 3,70 até 10,48 mg/L, a DBO de

1,91 até 9,05 mg/L, o pH apresentou um caráter de neutro a básico com os valores

entre 5,6 e 8,9. Os valores de condutividade elétrica apresentaram-se elevados: 70,5

a 3.520,0 μS/cm, média geral de 721,50 μS/cm. O número de coliformes total

variaram de 0 a 7.000.000 UFC/100ml, com média geral de 279.101UFC/100ml e

termotolerantes apresentou-se elevados de acordo com os padrões legalmente

estabelecidos. 2.000 a 8.000.000 UFC/100 ml média geral de 690.944,44 UFC/100

ml.

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Santos (2005) também delineou uma pesquisa na bacia do rio Salgado, desta

vez com o objetivo de identificar suas fácies hidrogeoquímicas. A idéia central da

pesquisa era “consolidar” o caráter salino da água considerando diversos fatores

geoambientais. Em dez campanhas de campo, foram coletadas amostras de água

em 15 pontos, sendo determinados os valores dos seguintes parâmetros físico-

químicos de qualidade da água: CE, pH, Temperatura, STD, Ca, Mg, K, Na,

Alcalinidade, Bicarbonato e Cloretos. Os resultados que foram determinados no

ponto que correspondem à confluência em estudo, estão mais bem detalhados no

tópico Resultados Parciais no intuito de comparar e indentificar padrões de

ocorrências, dez anos após.

Mais recentemente, Lúcio (2010) desenvolveu um trabalho cujo tem foi

“Biogeoqúimica do Rio Cachoeira”. Segundo a autora, o objetivo do estudo foi

avaliar as variações espaço-temporais da química das águas superficiais e as

implicações no metabolismo do Rio Cachoeira. Para tanto foram determinados, em

seis pontos de coleta ao longo do rio, o seguintes elementos: a) parâmetros

abióticos (oxigênio dissolvido, pH, condutividade elétrica e temperatura); b)

formas orgânicas e inorgânicas, dissolvidas e particuladas de nitrogênio e fósforo;

c) íons maiores, especificamente os cátions e ânions Ca+2, Mg+2, K+, Na+, Cl-, NH4+,

NO2-, NO3

-, PO4-, SO4

-2 e HCO3-. Assim como os dados de Santos (2005), os valores

determinados por Lúcio (2010) do ponto que corresponde à confluência dos rios

estudados nesse trabalho estão mais bem detalhados no tópico Resultados Parciais.

Optou-se por apresentar os dados determinados por Barbosa (2005) no intuito

de comparar com os dados dessa pesquisa. Especificamente, o ponto que equivale

a foz do rio Salgado (que é um dos pontos da confluência em estudo) foi descrito

pelo autor como o ponto 1 de coleta de amostras. Nesse ponto foram encontrados

os seguintes valores (Quadro 1):

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Quadro 1 - Valores do ponto 1 da coleta realizada por Santos (2005)

Condutividade Elétrica 2,62 µS/cm

pH 7,74

Temperatura 27,1 ºC

STD 2,45 mg/l

Calcio 23,1 mg/l

Magnésio 18 mg/l

Potássio 9 mg/l

Sódio 107 mg/l

Alcalinidade 139 mg/l

Bicarbonato 170mg/l

Cloretos 101 mg/l

Ferro 1,78 mg/l

Sulfato 0,3 mg/l

O Quadro 2 traz os valores determinados por Lúcio (2010). Segundo a autora,

dentro dos seis pontos de coleta analisados no período de um ano, o ponto 1 da

pesquisa localizou-se imediato a confluência dos rios Colônia e Salgado. Dessa

forma, os valores apresentados nesse local expõem dados que de forma direta

podem orientar os resultados obtidos ao longo da presente pesquisa. Foram

determinados os seguintes valores.

Quadro 2 – Valores de determinação dos parâmetros no ponto 1 por Lúcio (2010)

Parâmetro Média dos valores

Temperatura 28,1 ºC

Condutividade Elétrica 500 µS.cm-1

pH 7,2

Oxigênio Dissolvido 7,7 mg/l

Calcio 341,7 µm/L-1

Magnésio 654 µm/L-1

Sódio 1719,3 µm/L-1

Potássio 87,7 µm/L-1

Bicarbonatos 1198,3 µm/L-1

Cloretos 2706,4 µm/L-1

Sulfato 297,4 µm/L-1

Fosforo Inorgânico 6,7 µm/L-1

Nitrogênio Inorgânico 27,8 µm/L-1

Nitrito 2,3 µm/L-1

Nitrato 19,8 µm/L-1

Fosforo 8,1 µm/L-1

Amonia 5,7 µm/L-1

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3.2 Relações Precipitação-Vazão

Uma Bacia Hidrográfica deve ser compreendida também como um sistema de

retenção hídrica, principalmente quando é analisada através da relação clima-vazão,

onde o entendimento das fases do ciclo hidrológico mostra como acontece à entrada

e saída de água do sistema (LIMBERGER e SILVA, 2012).

As noções de precipitação, escoamento (superficial e subsuperficial),

evapotranspiração, e interceptação e armazenamento são imprescindíveis na

análise da dinâmica de fluxo aquático que abastecem os corpos d’água e são

liberados simultaneamente, onde o tempo desse processo obedece às condições

climáticas e geográficas do ambiente estudado. A Figura 1 mostra simplificadamente

à relação clima (precipitação)-vazão em cursos d’água.

Figura 1 – Processo de formação da vazão em corpos d´água. Fonte: Adaptado de Calasans et al (2002).

Calasans et al. (2002) traz a definição de Clima como uma generalização das

condições atmosféricas ou meteorológicas (precipitação, temperatura, pressão

atmosférica, umidade, velocidade e direção do vento) de uma determinada área em

uma escala de tempo. Fatores geográficos (altitude, latitude, cadeias orográficas,

maritimidade e continentalidade) são determinantes para a tipologia climática de

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uma área, sendo assim, de forma simplificada, o clima como a média temporal dos

fenômenos do tempo atmosférico em um arranjo de interação atmosfera-superfície

terrestre.

Já a vazão, é a precipitação pluviométrica (chuva, neve e granizo) lançada

nos corpos d’água que assume variadas formas de caminhamentos entre a

superfície e subsuperfície. Desse modo, a vazão total de uma BH é conhecida como

hidrógrafa e pode ser dividida em escoamento superficial e vazão de base, onde a

soma dos dois índices formam a vazão total (HEWELLET e HIBBERT, 1967).

O escorrimento superficial é o deslocamento imediato da água através dos

corpos d’água em superfície, com uma alta variação temporal de vazão, classificada

como fluxo direto ou imediato. Dependendo das características climáticas, de

vegetação, relevo, hidrografia, e tipologia geológica, os corpos d’água podem se

apresentar com perene ou rios intermitentes (CASSETI, 2005).

Já a vazão de base, é sustentada pelo fluxo subterrâneo, mas o processo de

interceptação (ou fluxo de tronco) é um vetor de contribuição hídrica do sistema. A

interceptação é basicamente o contanto da precipitação com a Biosfera terrestre,

onde a mesma escorre pelos vegetais e atinge o solo e posteriormente preenche os

espaços vazios no subsolo, formando um sistema de retenção hídrica de pequena

variação temporal.

Por fim, evapotranspiração é um processo integrante do ciclo hidrológico

caracterizado pela perda de água através do processo de vaporização da água no

estado líquido ou sólido. Essa noção inclui a evaporação líquida de rios e lagos, de

solos com vegetação ou exposição total, água interceptada na superfície dos

vegetais e da sublimação de geleiras.

Todos esses processos apresentados montam o processo natural conhecido

como ciclo hidrológico, presente em inúmeras bibliografias que contemplam o uso

sustentável de recursos em BH’s. A identificação da quantidade de entrada e saída

de água do sistema é fundamental para prever futuros problemas relacionados a

capitação e abastecimento básico. A figura 2 mostra simplificadamente as direções

da água na relação clima-vazão.

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Figura 2 - Entrada e saída de água do sistema: p=precipitação, et=evaporação, s= armazenamento, q=vazão, gi=contribuição subterrânea e go=fluxo de base. Fonte: Adaptado de Calasans et al (2002).

Conforme apresentado, a relação clima e vazão é estritamente relevante no

estudo das BH’s visando à manutenção da água como fonte fundamental para as

condições de sobrevivência. Intervenções de grande magnitude devem

prioritariamente buscar entender esses componentes na busca de uma quantificação

dos mesmos como subsídios a um melhor aproveitamento da água, não interferindo

nesse sistema constantemente tratado como auto-sustentável.

Segundo Chevalier (2001), o a análise do fluxo hidrológico dentro de uma

bacia hidrográfica deve estar intrisencamente relacionada com mapas ou

informações topográficas, geológicas, pedológicas, de vegetação e uso do solo.

Atrelado a isso, Ronchail et al (2005) esclarece que o tempo de concentração

(tempo necessário para que toda área de drenagem passe a contribuir para a vazão

na seção estudada) é condicionado por tais fatores: área da bacia, cobertura

vegetal perfil longitudinal do rio principal, do índice de circularidade da bacia, da

declividade média do terreno, extensão dos afluentes, da rugosidade do canal, e da

distância entre o fim do canal e o divisor de águas

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3.3 Confluências de Rios

Denomina-se confluência de rios ou canais fluviais o ponto cartesiano onde

ocorre o encontro de dois ou mais rios convergindo para um canal fluvial em comum,

sendo esse de 2º ordem ou maior (Figura 3). É um desenho obrigatório na noção de

Bacia hidrográfica. A ausência de confluência em BH se dá com a ocorrência de

canal de ordem zero, com seu exutório diretamente no oceano (GUERRA &

GUERRA, 2011).

Figura 3 – Exemplo de confluência: Rio Negro e Solimões e Amazonas

Estudos em confluências apresentam grande relevância decorrente das

possíveis análises sobre qual formador hidrográfico pode estar influenciando

majoritariamente nas características físico-químicas do canal fluvial receptor. Dessa

forma, entende-se também que a qualidade da água serve de indicador de BH’s

tributárias perturbadas ambientalmente, o que facilita na identificação de

degradações e em planos de mitigação, recuperação e gestão ambiental da área.

Bristow (1993) afirma que três elementos morfológicos podem ser facilmente

identificados nas confluências: barras de desembocaduras nas confluências,

separação das barras de confluências, barras no meio do canal após a confluência.

Segundo Bigarella e Ab’saber (1984) os sedimentos depositados pelos rios

são classificados em dois grupos: 1) os depósitos de acréscimo vertical, que

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contribuem para o espessamento dos depósitos de planície de inundação pela

deposição de material da carga suspensa durante as cheias quando as águas

transbordam os diques marginais; e 2) os de acréscimo lateral que resultam da

migração do canal e da redistribuição dos sedimentos disponíveis. Desses

processos de acréscimo lateral resultam as barras de meandros, as barras de canais

e as ilhas.

De forma geral não são vastos os trabalhos que observam as confluências em

cunho hidrológico. De forma geral os artigos indexados em bases de manuscritos

científicos (Elsevier, WebScience e ScienceDirect) com o termo “River Confluence”

retratam apenas dinâmica fluviais, sem analisar sucintamente processos de mistura

ou balanço de massa. Fernandes et al (2004) desenvolveu um estudo na Bacia

Hidrográfica do rio Amazonas observando a mistura sedimentar do Rio Amazonas e

seus tributários como limites biogeográficos para espécies de peixes elétricos.

Barros (2006) conduziu sua dissertação de mestrado realizando o balanço do fluxo

de sedimentos na confluência dos rios Paraná e Ivaí. Paes et al (2008) observou que

na junção dos rios paraná e Paranapanema o encontro dos fluxos faz surgir poços

de escavação (scour hole) padronizados pela Força Inercial de Coriólis.

Compodonico e Pasquini (2015) através do método de assinatura isotrópica

estudaram a concentração e dissolução de cátions no ponto de encontro entre dois

grandes rios: Paraná e Paraguai. Yuanfeng Zhang et al (2015) simulou valores de

hiperconcentrações de sedimentos no rio Amarelo (China) ocasionado por tributários

de bacias degradadas. Em seguida, considerando um regime pluviométrico mais

intenso, avaliou o potencial dos mesmos em transportar os sedimentos depositados.

O trabalho analisado que se aproxima de alguns dos objetivos propostos

nessa dissertação é o de Lane et al (2008) m, intitulado “Causes of rapid mixing at a

junction of two large rivers: Rio Paraná and Rio Paraguay”. Aqui, observou-se que as

vazões dos efluentes são as condicionantes de morfodinâmica sedimentar e do

tempo e distância de para a mistura dos efluentes, com estudo do caso para o DBO.

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3.4 Variáveis qualitativas da água

3.4.1 Parâmetros físicos

3.4.1.1 Temperatura

A Temperatura desempenha fundamental importância para os sistemas

aquáticos continentais. Além de ser um indicador do estado vital da água, define o

comportamento que diversos elementos abióticos e organismos vivos possuem em

diferentes cenários hidrotérmicos. De forma geral, a temperatura é majoritariamente

o parâmetro regulador no sistema biogeoquímico da água.

Biologicamente, a maior parte dos organismos aquáticos (peixes, anfíbios,

algas, plânctons e macrófitas) tem sua temperatura regulada pelo meio externo, no

caso, a água. Por tanto, nestes organismos a velocidade de suas reações

metabólicas dependem diretamente da variação ou estabilidade térmica da água

naquele ambiente (VOGEL, 1992). Torna-se importante também pelo fato de que

todos os organismos possuem faixas de temperatura ótimas para reprodução, sendo

que a principal conseqüência do aumento da temperatura da água de rio é a sua

relação com a perda de oxigênio (BRANCO, 1993).

No que concerne ao meio geoquímico, a temperatura influencia na cinética

das reações químicas e biológicas que ocorrem. A lei de Van’t Hoff postula que as

reações químicas têm sua velocidade dobrada sempre que a temperatura é elevada

de 100ºC. Assim, todos os processos vitais que se realizam em um organismo são,

dentro de certos limites, ativados. A maior parte dos organismos possui faixas de

temperatura ótimas para sua reprodução. De acordo com Branco (1986), a principal

conseqüência da elevação da temperatura da água de um manancial relaciona-se

com a perda de oxigênio.

3.4.1.2 pH

O Potencial Hidrogênionico, segundo Vogel (1992), é o logaritmo (na base 10)

do inverso da concentração do íon hidrogênio, ou é igual ao logaritmo da

concentração do íon hidrogênio com o sinal negativo. Segundo Vogel (1992), uma

solução neutra é aquela em que o pH é igual a 7; uma solução ácida, apresenta pH

menor que 7 e uma alcalina possui pH maior que 7. De acordo com Esteves (1998),

a água pura contém concentrações idênticas de íons H+ e OH-, sendo, portanto,

classificada como neutra (Figura 4).

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Figura 4 – Esquema de inozação do pontencial Hidrogeniônico

O pH pode ser considerado como uma das variáveis ambientais mais

importantes e, ao mesmo tempo, das mais difíceis de se interpretar. Esta

complexidade na interpretação dos valores de pH se deve ao grande número de

fatores que podem influenciá-lo.

3.4.1.3 Condutividade Elétrica

Este parâmetro está relacionado com a quantidade de íons encontrados na

água, os quais conduzem corrente elétrica. A medida de condutividade não mostra

qual o íon presente e sim a quantidade de íons na água. Quanto maior a quantidade

de íons na água, maior a capacidade da mistura de transmitir corrente elétrica

(MASTERTON & SLOWINSKI, 1978).

Os íons são levados para o corpo d'água devido às chuvas, ou através do

despejo de esgotos. Através das chuvas, por exemplo no cerrado, os íons livres de

alumínio e ferro são levados para o sistema hídrico, aumentando a condutividade.

Mantendo-se constante a concentração iônica, uma alteração na temperatura do

sistema, implica no aumento da condutividade. Estas variações diferem para cada

íon, mas segundo Vogel (1992), o aumento de 10C na temperatura do sistema,

corresponderá a um acréscimo de 2% na condutividade.

A água pura no estado líquido possui condutividade elétrica bem baixa,

apenas centésimos de micromhos/cm a 250C. As condutividades de eletrólitos forte,

em concentrações baixas como 0,1 mol/litro, são pelos menos 100.000 vezes

maiores que a da água pura.

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3.4.2 Parâmetros Biogeoquímicos

3.4.2.1 Oxigênio Dissolvido

De acordo com von Sperling (1996), o oxigênio dissolvido é o principal

parâmetro de caracterização dos efeitos da poluição por despejos orgânicos. Dentre

os gases dissolvidos na água, o oxigênio é um dos mais importantes na dinâmica e

na caracterização de ecossistemas aquáticos. As principais fontes de oxigênio que

alimentam a água são a atmosfera e a fotossíntese. Em relação à perda, o consumo

pela decomposição de matéria orgânica (oxidação) e respiração de organismos

aquáticos e oxidação de íons metálicos são as principais formas de perda desse

elemento na água.

Outra fonte importante de oxigênio nas águas é a fotossíntese de algas. Este

fenômeno ocorre em águas poluídas ou, mais propriamente, em águas eutrofizadas,

ou seja, aquelas em que a decomposição dos compostos orgânicos lançados levou

à liberação de sais minerais no meio, especialmente os de nitrogênio e fósforo, que

são utilizados como nutrientes pelas algas. Em decorrência da fotossíntese, no

período noturno observa-se uma redução na concentração de OD, voltando ao seu

nível normal durante o período diurno pela liberação do O2.

Valores da concentração de oxigênio dissolvido nas águas representam uma

informação fundamental, pois é a presença ou a ausência de oxigênio que fixa as

vias de mineralização aeróbica e anaeróbica da matéria orgânica e o tipo de

fotossíntese. Cabe frisar que as atividades fotossintéticas decorrem de processos

bem distintos: em situação óxica, a energia luminosa provoca fotólise das moléculas

d’água produzindo prótons, os quais são utilizados como agentes redutores do CO2

e moléculas de oxigênio; em situação anóxica, há fotólise de moléculas de ácido

sulfúrico, que fornecem prótons e liberam sulfatos (PINHO, 2000).

A solubilidade do O2 em meio aquático depende de dois fatores: temperatura

e pressão. O oxigênio é um gás pouco solúvel em água; sob pressão de 1 atm, seu

coeficiente de solubilidade varia entre 14,6 mg/L a 0º C até 7,6 mg/L a 30ºC. Em

águas poluídas, a quantidade de oxigênio dissolvido é consequentemente menor

que em condições naturais (REGO, 2007).

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3.4.2.2 Cálcio

Cálcio (Ca) é o terceiro elemento do 2º grupo da Tabela periódica. A

abundância média do Cálcio na crosta da Terra é de 4,9%, nos solos 1,7%, nos

corpos hídricos superficiais cerca de 15 mg/L e em águas subterrâneas é de 1 a

<500mg/L. As formas mais comuns de cálcio são o carbonato de cálcio (calcita) e

carbonato de cálcio e magnésio (dolomita). Compostos de cálcio são amplamente

utilizados na indústria farmacêutica, construção civil, produção de Sal, pigmentos,

fertilizantes e rebocos.

A solubilidade de carbonato de cálcio é controlada pelo pH e CO2 dissolvido.

O cálcio é necessário na nutrição animal sendo componente essencial para ossos e

estruturas conchas e plantas. A presença de cálcio no abastecimento de água é

oriunda da passagem sobre os depósitos de calcário, dolomita ou gipsita. Pequenas

concentrações de carbonato de cálcio combate a corrosão de tubos de metal,

estabelecendo um camada protetora. A precipitação de calcita em caldeiras, tubos e

trocadores de calor pode causar sérios danos materiais e por isso a concentração de

cálcio em águas domésticas e industriais é frequentemente controlada empregando

métodos de abrandamento químico, com resinas de troca iônica ou osmose reversa.

Não existe no Brasil um padrão de potabilidade de água específico para o Cálcio,

mas existe o limite máximo de 500mg/L para a dureza total que é o somatório das

concentrações de Ca e Mg calculados como CaCO3.

3.4.2.3 Cloretos

O Cloreto (Cl-) é um dos principais ânions que ocorrem naturalmente na água.

Nas águas superficiais são fontes importantes as descargas de esgotos sanitários,

sendo que cada pessoa expele através da urina cerca 6 g de cloreto por dia, o que

faz com que os esgotos apresentem concentrações de cloreto que ultrapassam a 15

mg/L.

Diversos são os efluentes industriais que apresentam concentrações de

cloreto elevadas como os da indústria do petróleo, mineração, química,

farmacêuticas, curtumes, etc. Nas regiões costeiras, através da chamada intrusão da

língua salina, são encontradas águas com níveis altos de cloreto. Nas águas

tratadas, a adição de cloro puro ou em solução leva a uma elevação do nível de

cloreto, resultante das reações de dissociação do cloro na água.

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Para as águas de abastecimento público, a concentração de cloreto constitui-

se em padrão de potabilidade, segundo a Portaria 518 do Ministério da Saúde.

Da mesma forma que o sulfato, sabe-se que o cloreto também interfere no

tratamento anaeróbio de efluentes industriais, constituindo-se igualmente em

interessante campo de investigação científica. A concentração de cloreto pode ser

utilizada como indicador da contaminação por esgotos sanitários, podendo-se

associar a elevação do nível de cloreto em um rio com o lançamento de esgotos

sanitários.

3.4.2.4 Amônia, Nitrito e Nitrato (Nitrogênio)

O nitrogênio pode ser encontrado nas águas nas formas de nitrogênio

orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato. As duas primeiras chamam-se formas

reduzidas e as duas últimas, formas oxidadas. Pode-se associar a

idade>deslocamento da poluição com a relação entre as formas de nitrogênio. Ou

seja, se for coletada uma amostra de água de um rio poluído e as análises

demonstrarem predominância das formas reduzidas significa que o foco de poluição

se encontra próximo.Se prevalecer nitrito e nitrato, ao contrário, significa que as

descargas de esgotos se encontram distantes. Nas zonas de autodepuração natural

em rios, distinguem-se as presenças de nitrogênio orgânico na zona de degradação,

amoniacal na zona de decomposição ativa, nitrito na zona de recuperação e nitrato

na zona de águas limpas.

No que concerne a qualidade da água, os Nitratos (NO3-) são altamente

tóxicos, causando uma doença chamada metahemoglobinemia, onde o nitrato se

reduz a nitrito na corrente sangüínea, competindo com o oxigênio livre, tornando o

sangue azul. Por isso, o nitrato é padrão de potabilidade, sendo 10 mg/l o valor

máximo permitido pela Portaria 518.

A Amônia (NH3) é um tóxico bastante restritivo à vida dos peixes, sendo que

muitas espécies não suportam concentrações acima de 5 mg/L. Além disso, como

visto anteriormente, a amônia provoca consumo de oxigênio dissolvido das águas

naturais ao ser oxidada biologicamente, a chamada DBO de segundo estágio. Por

estes motivos, a concentração de nitrogênio amoniacal é importante parâmetro de

classificação das águas naturais e normalmente utilizado na constituição de índices

de qualidade das águas.

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Já o nitrito (NO2-) é um composto que apresenta variações de concentração

na água, sendo um estado intermediário da oxidação da amônia a nitrato e da

redução do nitrato à amônia.

3.4.2.5 Sílica

Em águas superficiais, a Sílica (SiO2) pode aparecer em 3 formas distintas:

reativa ou solúvel, coloidal e suspensa (ex. areia). A sílica solúvel é aquela que

reage com os reagentes analíticos (molibdato) por estar dissolvida e dissociada,

enquanto que as demais não apresentam reação.

A abundância média de sílica em diferentes tipos de rochas é de 7 a 80%, em

solos típicos 50 a 80%, e em águas superficiais e subterrâneas 14 mg/L. É uma

substância essencial aos animais e plantas e sua concentração no corpo humano é

de 260 ppm.

A sílica dissolvida em água pode formar diversos ácidos silícicos no equilíbrio

como o ácido monosilícico (H4SiO4): SiO2 + H2O ⇔ H4SiO4. Depois de formado o

ácido monosilícico tende a sofrer ionização: H4SiO4 ⇔ H3SiO4-+H+. Assim o ácido

monosilicico é pouco ionizado em níveis de pH da água natural. A pH 8,5 sua

ionização é em torno de 10% e entre pH 9 e 10 é aproximadamente 50%. À medida

que o pH aumenta, mais ácido silícico se dissocia provocando aumento na

solubilidade da sílica em água, que pode estar presente na forma insolúvel.

A Sílica também se encontra em diversas formas litocristalinas, como no

Quartzo, Tridimita, Critobalita, Moganita, Coesita e Amorfa, sendo o quartzo e a

amorfa as forma mais comuns. Independentemente de como a sílica esteja presente

na água, ela não apresenta risco nenhum a saúde humana, não existindo restrições

ao seu consumo seja na água ou em alimentos. Na forma sólida a sílica amorfa e

coloidal é utilizada em medicamentos e como aditivo em alimentos.

3.4.2.6 Sódio

Sódio (Na) é o terceiro elemento do grupo 1 da tabela periódica, tem um

número atômico de 11 e massa atômica de 22,99 e valência de 1. A abundância

média de sódio em águas superficiais é de 6,3 mg/L, e em águas subterrâneas é

geralmente 5mg/L. A dissolução do Sódio em pelas águas é ocasionada pela

ocorrência de rochas silicatadas ricas em minerais de Feldspato (Gnaisses).

Compostos de sódio são usados em muitas aplicações, incluindo soda cáustica, sal,

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20

fertilizantes e produtos químicos de tratamento de água.

Compostos de sódio são muito solúveis e podem atingir concentrações tão elevadas

quanto 15000 mg/L em equilíbrio com bicarbonato de sódio. Quando necessário, o

sódio pode ser removidos da água pelo processo de troca iônica, osmose reversa ou

por destilação.

Permeabilidade do solo pode ser prejudicado por uma proporção elevada de

sódio. É um elemento essencial as plantas, animais e ao homem que apresenta uma

concentração média de 0,14% no seu corpo. A proporção de sódio em relação aos

cátions totais é importante na agricultura e na fisiologia humana. O padrão de

potabilidade fixado pela Portaria 518 do Ministério da Saúde é de 200 mg/L.

3.4.2.7 Potássio

O Potássio (K) é o quarto elemento do grupo 1 da tabela periódica, tendo

número atômico 19 e massa atômica de 39,10. Sua valência é 1. A concentração

média de Potássio em águas superficiais é em torno de 2,3 mg/L, e em águas

subterrâneas tem uma entre de 0,5 a 10 mg /L. O ocorre em águas subterrâneas

como resultado da dissolução de minerais, da decomposição de matéria vegetal e

de resíduos agrícolas. O potássio é comumente associado com minerais de

alumínio, como feldspatos. É um elemento essencial para plantas e animais sendo

um componente vital para a nutrição humana.

Geralmente é associada a sua ocorrência devido aos mesmos processos que

disponibilizam o sódio. As mesmas rochas que são decompostas pelos fenômenos

geológicos como o intemperismo e lixiviação pela água contendo ácido carbônico,

apresentam cristais de Feldspato. No final destes processos o potássio em vez de

ser arrastado para os rios e depois para o mar, como ocorre com o sódio, acaba

ficando retido no solo por absorção em outros minerais, geralmente por troca iônica.

O seu raio atômico maior que o do sódio o torna preferencial nestes

mecanismos de absorção pelo solo e inclusive também pelas plantas terrestres que

apresentam cinzas ricas em carbonato de potássio. Plantas marinhas originam

cinzas contendo carbonato de sódio. No Brasil não há regulamentação para o

elemento em água potável e efluente.

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21

3.5 Modelos Hidrológicos

A avaliação do comportamento de constituintes dissolvidos e em suspensão

em corpos hídricos iniciou pelo desenvolvimento de modelos hidrológicos do tipo

“caixa-preta”, em que a remoção ou conservação do parâmetro era avaliada pelo

balanço de massa existente no fluxo entre a entrada e saída de uma dada seção

molhada. O comportamento de substancias em rios pode ser estimado através de

modelos matemáticos estocásticos ou determinísticos.

Os modelos estocásticos consistem em tratamento estatístico de dados de

modo que se possa definir, por exemplo, tendências sazonais da concentração de

poluentes. Tais modelos podem ser utilizados na otimização de programas de

monitoramento, possibilitando estabelecer prioridades de coleta e analise de água,

bem como a freqüência amostral ideal (AMARAL, 2003).

Ja os modelos determinísticos possibilitam descrever a hidrodinâmica e o

transporte de solutos ou materiais em suspensão dentro do sistema hidrográfico.

Tais modelos apresentam-se como as ferramentas mais adequadas de diagnostico e

prognostico de ambientes fluviais, pois, uma vez calibrados, diversos cenarios

podem ser gerados, bastando-se que para isso sejam modificadas as entradasf

ornecidas ao modelo (AMARAL, 2003).

Segundo Tucci (2005), os calculos indexados que governam os fluxos em

corpos d’agua são concebidos com o objetivo de aplicar os principios basicos de leis

de conservacao de tres grandezas fundamentais que formam o eixo fluido na

Mecanica do Contínuo: energia, massa e quantidade de movimento. Entretanto, para

a maioria dos propositos praticos, a aplicacao de duas dessas leis é suficiente para

a modelação matematica (DIAS, 2007). Geralmente a representação dos modelos

hidrológicos pode ser de três, duas e mais comumente uma dimensão, em função

das características físicas e morfológicas do canal fluvial e da dificuldade em

conectar dados xyz.

No que concerne a mistura de água de efluentes, as formulações

matematicas utilizadas pouco consideram a variação temporal. Ela considera,

sobretudo, as características espaciais e físicas da água. Dessa forma, os modelos

expostos adiante foram escolhidos por trazer em seu escopo mecanismos que

podems ser utilizados para analisar a hidrodinâmica de elementos em confluências

de rios, que é ambiente proposto a ser analisado nesse trabalho.

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3.5.1 O modelo Streeter Phelphs

Esse modelo foi desenvolvido por Streeter e Phelps em 1925, e é considerado

o pioneiro para os modelos matemáticos atuais de qualidade da água, como o

avançado Qual2K. Inicialmente, ele relacionava a quantidade de oxigênio dissolvido

em lagos e rios com as descargas de esgotos domésticos nesses sistemas.

O modelo é aplicável a rios de escoamento uniforme e composto por duas

equações diferenciais ordinárias: uma modela a oxidação da parte biodegradável da

matéria orgânica e a outra, o fluxo de oxigênio proveniente da dinâmica da

reaeração atmosférica. Essas equações são nomeadas de, respectivamente,

equações de demanda bioquímica de oxigênio e de reaeração (BEZERRA et al.,

2008).

Entretanto, a contribuição do Streeter Phelphs para os estudos de balanço de

massa de parâmetros é observada a partir da Equação 1, onde o mesmo considera

o deslocamento do DBO levando em conta a vazão e a conexão entre efluentes. Ou

seja, é uma estimativa em valor numérico da concentração de DBO após a junção

dos efluentes.

Equação 1

𝐿𝑐 =𝐿𝑎𝑄𝑎 + 𝐿𝑏𝑄𝑏

𝑄𝑎 + 𝑄𝑏

La = concentração de DBO no efluente A antes da descarga Qa = vazão do efluente A Lb = concentração de DBO no efluente B antes da descarga Qb = vazão do efluente B Lc= concentração de DBO resultante da mistura dos efluentes a e b.

Apesar da grande simplicidade, esse princípio é considerado o marco dos

modelos de qualidadede água e vêm sendo continuamente aperfeiçoado, pois

diversos pesquisadores em seguida observaram que tal equação permite visulalizar

misturas na concetração de diversos parâmetros.

Bezerra et al. (2008) desenvolveram um programa, na linguagem Object

Pascal e Ma-tlab, onde foram adaptadas condições de contorno no modelo Streeter-

Phelps, representando anaerobiose e contribuições de múltiplas fontes pontuais de

efluentes em determinado rio.

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Binotto (2012) em sua dissertação de mestrado utilizou o modelo para avaliar

a capacidade de autodepuração rio Jacutinga, calculando o valor estimado de

parâmetros físicos, químicos e biológicos frente aos padrões de qualidade

estabelecidos pela resolução CONAMA nº 357/05.

3.5.2 A ferramenta indexada Flow Analisys (ArcGis)

O software ArcGis é um sistema de Sistema de Informação Geográfica – SIG

desenvolvido pela empresa Europeia Esry em Dezembro de 1999 (16 anos). Desde

seu lançamento passou por 19 versões, sendo a mais atual de número 10.1. Sua

função inicial era representar elementos sócio-ambientais do espaço Geográfico,

como por exempo ruas, fronteiras, relevo e Hidrografia. Entretanto, devido a sua

ótima funcionalidade e interface, o promoveram como o SIG mais completo do

mercado e constantemente era carregado com novas ferramentas, principalmente

módulos de Analise Espacial em suas recentes versões. Os Arquivos

georreferenciados que são manipulados em seu ambiente são chamados de

Shapefiles.

Um dos módulos inseridos em seu sistema é um “Tollbox” (caixa de

ferramenta) de nome Hidrology. Essa ferramenta foi concebida a partir da 10ª versão

do ArGis, com o intuito de modelar simplificademante a Hidrologia de uma Bacia

Hidrográfica, considerando a vazão e o coeficiente de escoamento superficial.

O Hidrology Possui sete entradas de alimentação na versão 9.3 do ArcGis

(versão utilizada nesse trabalho): Basin - preenchida com dados fisiográficos da BH

analisada; Fill - dados vazão; Watersheed, gera o desenho da BH com os rios;

Stream Order - ordem hierárquica e influência dos tributários a partir de suas

extensões; Sink; Flow Acumulation - acumulação hídrica na bacia considerando

vazão e precipitação; Flow Analisys - análise dos fluxos inseridos com diversas

características (Figura 1). Esse último está em foco nesse trabalho por demonstar

um sistema de junção de fluxos em tributações.

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Figura 5 - Esquema gráfico do Flow Direction com direção e profundidade

Diferente do Street Phelps, o Flow Direction - por ser um modelo geográfico,

não leva em consideração a presença de parâmetros na água. Entretanto o seu

sistema de junção de tributários e confluências surge como o ideal para análises em

que as vazões devem ser calculadas levando em conta características como a

Geologia e Geomorfologia. Como mostra a figura 6, o fluxo nunca é somado e sim

divido pela razão ente altitude/velocidade/Geologia (porosidade). Ess lógica evita a

unidimensionalidade somatória dos valores de vazão. Esse processo atribuiria à

jusante da confluência o valor soma dos rios formadores.

Figura 6 – Esquema de leitura de fluxos do Flow Analisys.

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Após a análise, cada rio tem um valor de fluxo atribuído e cada vertice de

tributação apresenta o valor calculado, servindo de valor base para o seguimento do

fluxo (Figura 7.

Figura 7 – Esquema cartografado do Flow Analisys

3.5.3 QUAL2E

Esse é um modelo unidimensional de estado permanente, desenvolvido pela

Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA), que permite simular

diferentes cenários de desenvolvimento na bacia, levando em conta tanto fontes

pontuais quanto difusas de poluição (FLECK et al., 2013a). É o mais conhecido e

utilizado atualmente e, depois de ajustado à bacia com dados coletados, propicia

intervenções em locais onde é importante concentrar esforços no planejamento e na

tomada de decisões dentro da bacia, por meio da simulação de cenários.

O modelo Qual2E se baseia em equações diferenciais ordinárias para

sistemas unidimensionais e de fluxo constante, ou seja, a concentração do material

em estudo é homogênea numa mesma seção transversal (SARDINHA et al., 2008).

Pode ser utilizado como uma ferramentapara caracterizar a qualidade da água de

uma bacia hidrográfica para vários parâmetros simultaneamente, tanto para o rio

principal, como para seus tributários.

Esse modelo é capaz de simular 15 variáveis de qualidade de água, a saber:

OD (Oxigênio Dissolvido), DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), temperatura,

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algas e clorofila, nitrogênio orgânico, amônia, nitrito, nitrato, fósforo orgânico, fósforo

dissolvido, coliformes, três constituintes conservativos e mais um constituinte não

conservativo arbitrário.

O modelo resolve a equação de balanço de massa por diferenças finitas.

Nesse método, as derivadas parciais de uma equação diferencial são substituídas

por aproximações de diferenças finitas, baseadas em expansões de séries de Taylor

nos pontos de interesse.

Cada componente de qualidade da água é integrada no espaço e no tempo.

O primeiro ermo da equação representa a variação do constituinte ao longo do

tempo; o segundo e o terceiro termos representam o transporte de um constituinte

quanto à dispersão e quanto à advecção, respectivamente; o quarto termo

corresponde às reações cinéticas, ou melhor, à geração e à extinção do constituinte

por meio de reações físicas, químicas ou biológicas com outras grandezas

ou com o próprio fluido; e o último termo se refere aos lançamentos e às captações.

O modelo Qual2E é de domínio público e possui uma interface gráfica que

permite ao usuário entrar com diferentes valores dos coeficientes envolvidos no

balanço de massa dos constituintes, bem como dados climatológicos, geográficos,

fatores de correção de temperatura, entre outros. É de fácil compreensão e

manuseio, permitindo que seja utilizado por diversos profissionais ou comitês de

bacias hidrográficas, sem maiores dificuldades, minimizando o investimento em

programas de modelagem de qualidade da água (REIS, 2009; LEITE, 2004).

Reis (2009) detalha as três etapas básicas para modelagem completa

utilizando esse modelo, as quais são: discretização, calibração e validação. Teixeira

e Porto (2008) esclarecemnque a calibração é uma das etapas mais trabalhosas,

pois é nela que são ajustados os parâmetros das equações matemáticas que

representam a realidade física, química e biológica de um corpond’água ao sistema

em estudo. Essa etapa requer do usuário sensibilidade quanto aos processos de

autodepuração dos rios e dos processos de qualidade das águas, dependendo de

uma combinação de dados hidráulicos, hidrológicos e de qualidade da água,

demandando tempo e certa estrutura de apoio de campo, laboratorial e

computacional.

O Qual2E pode ser operado em regime permanente ou dinâmico. Ao utilizá-lo,

o usuário pode optar por uma dessas duas modalidades. No caso da modalidade

dinâmica, os dados climatológicos locais são fornecidos em intervalos regulares,

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desse modo, o balanço de calor apresenta uma resposta diária do sistema hidráulico

no que diz respeito às condições de mudança de temperatura. Já no caso

permanente, os dados climatológicos médios são fornecidos pelo usuário apenas

uma vez, sendo que os mesmos são utilizados pelo modelo em todas assimulações

(BÁRBARA, 2006; LIMA, 2001). Knapik et al. (2008) e Baumle (2005) calibraram o

Qual2E para os parâmetros OD e DBO em estudo da qualidade da água do rio

Iguaçu (bacia do Alto Iguaçu), na região metropolitana de Curitiba. Knapik et al.

(2008) fazem uma análise crítica sobre o processo de calibração, destacando como

critérios distintos podem produzir resultados absolutamente diferentes para a

reprodução da realidade física, química e biológica. A abordagem de Baumle (2005)

foi desenvolvida sob a perspectiva da análise de benefícios econômicos de cenários

futuros de medidas em despoluição hídrica.

Lima (2001) também o utilizou com o objetivo de avaliar e prognosticar a

qualidade da água do rio Cuiabá em função do recebimento das cargas pontuais

geradas ao longo dos seus principais tributários e, Reis (2009), para fazer a

modelagem matemática da qualidade da água no alto rio das Velhas, localizado na

bacia do rio São Francisco, em Minas Gerais, de forma a gerar uma ferramenta de

apoio à gestão de recursos hídricos.

Em 2002, Gastaldini et al. utilizaram o modelo Qual2E com o objetivo de gerar

uma ferramenta de apoio ao gerenciamento da qualidade da água na bacia

hidrográfica do rio Ibicuí, principal afluente do rio Uruguai no território brasileiro.

Foram simulados os parâmetros OD, DBO, nitrato, nitrito, fósforo, ferro, alumínio e

coliformes termotolerantes. Como resultado da previsão, as concentrações dos

parâmetros indicaram como medida preventiva o tratamento de efluentes nas

localidades das sub-bacias do rio. Lima (2001) e Reis (2009) colocam algumas

limitações no uso prático do modelo Qual2E, tais como: simula apenas períodos de

tempo durante os quais tanto a vazão do rio como as cargas poluidoras são

essencialmente constantes, não considerando a variação desses parâmetros; utiliza

simplificações e aproximações para a simulação dos resultados, as quais se

constituem nas maiores fontes de erro entre os dados calculados e observados,

acarretando falhas na calibração e não prevê a contribuição de cargas não pontuais

presentes em quase todas as bacias a serem modeladas.

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3.5.4 QUAL2K

O Qual2K também é um modelo unidimensional de simulação de qualidade

da água de regime permanente, podendo ser utilizado em rios e tributários. Assim

como o Qual2E, é executado dentro do ambiente Microsoft Windows, utiliza o Excel

como interface gráfica e todas as operações são programadas na linguagem “Visual

Basic” (SILVINO, 2008).

Sendo assim, o Qual2K surge como uma versão mais moderna do modelo

Qual2E, contudo, além das variáveis abrangidas pelo QUAL2E, o QUAL2K

considera outros parâmetros como condutividade, sólidos inorgânicos suspensos,

matéria orgânica particulada, patógenos, alcalinidade, carbono inorgânico total e

biomassa, nitrogênio e fósforo de algas de fundo (VALORY, 2013; KNAPIK et al.,

2008).

Para sistemas com tributários, o sistema é numerado em ordem ascendente,

sendo o início na nascente do canal principal. Quando uma junção com um tributário

é alcançada, a numeração continua à nascente do rio tributário. É válido observar

que tanto o rio principal quanto os tributários são numerados de forma consecutiva

seguindo um esquema de seqüenciamento similar (Figura 8).

Figura 8 – Esquema de análise de fluxo de efluentes no Qual2K

19

18

17

16

19

18

17

16

1

5

4

3

2

1

5

4

3

2

20

28

27

26

21

29

20

28

27

26

21

29

12

1514

13

12

1514

13

87

6

87

6

9

11

109

11

10

24

2322

25

HW#1

HW#2

HW#3

HW#4

(a) A river with tributaries (b) Q2K reach representation

Ma

in s

tem

Trib1

Trib2

Trib3

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Silvino (2008) fez a calibração desse modelo para as variáveis OD, DBO e

Escherichiacoli na bacia do rio Coxipó, no município de Cuiabá-MT. A partir da

simulação de diversos cenários, concluiu-se que o crescimento populacional

contribui para a deterioração da qualidade da água e que é preciso investir bastante

em melhorias no saneamento básico para amenizar os

efeitos da poluição.

O modelo foi utilizado também por Sardinha et al. (2008) para modelar à

autodepuração do Ribeirão do Meio (Leme-SP), avaliando possíveis entradas

antropogênicas em suas águas superficiais. Foram identificadas as zonas de

autodepuração e a necessidade de tratamento de esgotos em nível secundário.

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4. ÁREA DE ESTUDO

4.1 Bacia hidrográfica do Rio Cachoeira

A Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira localiza-se na região sul do estado da

Bahia. Drena uma área de aproximadamente 4.222 km2 e perímetro de 370 km, com

o rio principal Colônia/Cachoeira atingindo extensão de 181 km numa amplitude de

altitude de 720 m (CALASANS et al., 2002).

O rio Colônia, considerando a confluência como referência, nasce na direção

sudoeste e, após estender-se por 120 km, banhando os municípios de Itororó,

Itapetinga, Itajú do Colônia e Itapé, tem sua confluência com o rio Salgado em Itapé,

no distrito de Estiva. Logo então, passa então a receber o nome de rio Cachoeira por

ser o canal fluvial de maior extensão da bacia, uma convenção morfométrica.

Já o Rio Salgado, contribuinte do sentido oeste, tem sua nascente no

município de Firmino Alves e apresenta um curso de 88 km, banhando os municípios

de Santa Cruz da Vitória, Floresta Azul, Ibicaraí e Itapé, onde finalmente tem sua

confluência com o rio Colônia (Figura 9).

O resultante rio Cachoeira percorre cerca de 50 km após a confluência,

banhando as cidades de Itapé, Itabuna e Ilhéus, tem a sua foz no local conhecido

como Coroa Grande ou Baía do Pontal (município de Ilhéus), onde encontram suas

águas com as dos rios Santana e Fundão e posteriormente o Oceano Atlântico.

Figura 9 – Bacia e sub-bacias hidrográficas do rio Cachoeira – BA.

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4.2 Confluência

A confluência dos rios Salgado e Colônia, que forma o rio cachoeira ocorre no

município de Itapé, numa distância de 2,5 km da sede (Figura 10). O ponto

geodésico da confluência corresponde às coordenadas geográficas UTM 45212978

leste e 8332395 sul, inserida no banco de dados da SUDENE-BA na folha

cartográfica “Itabuna” (escala 1:100.000).

O ponto de confluência está nos domínios da propriedade particular Fazenda

Olaria, e em sua margem perpassa a BA 120, não pavimentada, que liga Itapé a

cidade de Itajú do Colônia (Figura 11).

Figura 10 – Local da confluência no município de Itapé – BA.

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Figura 11 – Imagem do ponto de confluência dos rios Colônia e Salgado.

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5. METODOLOGIA

5.1 Caracterização Geoambiental

Os mapas de informações Geoambientais das bacias hidrográficas em estudo

e os demais presentes ao longo do presente trabalho foram elaborados no software

de Sistemas de Informações Geográficas - SIG ArcGis 9.3, usando os módulos

ArcMap e ArcScene.

O módulo ArcMap serve para manipulação de camadas cartográficas em

geral, desde informações vetoriais (linhas, pontos e polígonos) que correspondem a

elementos políticos (fronteiras, rodovias, áreas, limites etc.), até arquivos matriciais

sem fronteiras definidas, como as imagens de satélite georreferênciadas. Nessa

etapa os mapas exportados são bidimensionais (XY).

Já o ArcScene de forma geral é utilizado para modelar representações em

três dimensões (3D), tais associadas a Modelos Digitais de Elevação - MDE’s e

morfologias de terreno. São nesses tipos de arquivos, por exemplo, que melhor se

observa os vales e interflúvios de uma área (SILVA et al., 2015). São montados com

arquivos matriciais ou grades triangulares que simulam a visualização de alturas

(XYZ). O Quadro 3 mostra qual a ferramenta utilizada para a representação de cada

face geoambiental da BH’ do Rio Cachoeira.

Quadro 3 – Elaboração dos perfis ambientais e ferramentas utilizadas

Módulos do ArcGis 9.3 utilizados

Perfil ambiental ArcMap (2D) ArcScene (3D)

Geologia X

Geomorfologia X

Pedologia X

Hipsometria X

Hidrografia X

Pluviometria X

Vegetação e uso do solo X

Morfologia da confluência X

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As informações sobre a Geologia, Geomorfologia, Pedologia Hipsometria e

Hidrografia foram adquiridas junto à base de dados cartográficas da CPRM –

Companhia de Pesquisas em Recursos Minerais do ano de 2010. No ArcMap,

realizou-se a sobreposição de tais dados sobra os limites da Bacia Hidrográfica do

rio Cachoeira.

Os valores da Pluviometria foram adquiridos junto as estações meteorológicas

e postos pluviométricos apresentados no tópico “Relação Precipitação Vazão”.

Os dados referentes à Vegetação e Uso do Solo a serem considerados nas

bacias hidrográfica do rio Colônia e Salgado foram apropriados de: verificação de

tipos de uso do solo em campo; Técnicas de Sensoriamento Remoto sobrepondo

imagens de satélite LandSat 8 TM, com resolução espacial de 30 metros (dados

vetoriais+rasterizados); bancos de dados digitais vetorizados da CPRM, BA_SEI,

IBGE (2010) & SUDENE disponibilizando elementos cartográficos lineares (curvas

de nível, hidrografia, etc.) a serem inseridos nos mapas resultantes.

Os dados batimétricos da morfologia de confluência construídos

tridimensionalmente foram tratados e corrigidos no módulo ArcMap, especificamente

na ferramenta Geoestatistical analyst > Ordinary Krigagem, sendo a Krigagem

Ordinária o método de interpolação Geoestatística dos dados de morfometria do

fundo dos canais. A Krigagem é recomendada para elaboração de mapas com

menos de 10 pontos de referência, pois tal método regionaliza as informações

gerando valores em pontos desconhecidos. No caso da confluência em estudo,

foram medidas oito profundidades. O outro método de interpolação disponível no

Geoestatistical analyst é o IDW – Distância Inversa, que funciona com exatidão com

10 ou mais pontos de referências, criando relações diretas entre os pontos e

gerando valores repetidos aos mesmos no espaço não observado.

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5.2 Índices Fisiográficos

Os dados fisiográficos da Bacia Hidrográfica do rio Cachoeira foram

identificados a partir dos parâmetros de análises morfométricos a seguir: área de

drenagem, perímetro total, comprimento dos canais fluviais, perfis latitudinal e

longitudinal e declividade. Esses valores são importados dos mapas de hidrografia e

hipsometria, considerando a área da bacia e a camada de canais fluviais importadas

das bases cartográficas

Os índices fisiográficos determinados foram os descritos em Singh (1992),

sendo estes: densidade de drenagem – Dd; coeficiente de compacidade – Kc; fator

de forma – Kf; tempo de concentração – Tc; perfil longitudinal do rio principal – Ic. O

Quadro 4 traz a formulação matemática e a utilidade de cada coeficiente

apresentado.

Quadro 4 – Indíces fisiográficos e suas aplicabilidades

Índice Fisiográfico Definição Fórmula Utilidade

Coeficiente de Compacidade (Kc):

É definido como sendo a relação entre o perímetro da bacia e a circunferência de área igual à da bacia.

𝐾𝑐 =P

C= 0,28 ∗

P

√A

Onde;

P = perímetro da bacia A = área da bacia C = circunferência

O coeficiente Kc = 1 corresponde a uma bacia circular. Numa circular o tempo de concentração é homogêneo para todos os pontos da bacia e, assim, há possibilidade de cheias maiores. Portanto, quanto mais próximo for o Kc da unidade maior, maior será a susceptibilidade da bacia hidrográfica à enchentes.

Fator de Forma (Kf):

É definido como sendo a relação entre a largura média e o comprimento axial da bacia hidrográfica.

𝐾𝐹 =A

L2

Onde;

A = área da bacia L = extensão do curso d’água mais longo

O fator de forma constitui-se num outro índice indicativo da maior ou menor tendência para enchentes de uma bacia, comparando a forma com um quadrado. Uma bacia com fator de forma baixo deve ser alongada e, por isso, fica menos sujeita a enchentes

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Densidade de Drenagem (Dd)

É definida como a relação entre a extensão total dos cursos d’água e a área da bacia

𝐷𝑑 =Lt

A

Onde;

Lt = extensão total dos cursos d’água A = área da bacia

Um alto índice de densidade de drenagem significa que existe mais água circulando na bacia, porque existe a capacidade de erodir e estabelecer mais cursos de água. Este fator depende também das condições de relevo, cobertura e tipo de solo, já que estes influenciam a geração de escoamento

Tempo de Concentração (Tc)

O tempo de concentração de uma bacia hidrográfica é definido como o tempo (em minutos) necessário para água que precipita no ponto mais distante da bacia, deslocar-se até a seção principal.

Tc = 57 𝐿

𝐻 0.385

Onde; L = extensão do curso principal H = desnível

Para estudos que visam a promoção de quantidade na bacia, é importante entender o tempo que a água leva para perder o ponto de saturação.

Perfil Longitudinal do

Rio Principal (Ic)

O perfil longitudinal do rio (m/km) principal determina a variação de altitude do curso d´água ao longo do seu comprimento

Ic =desnível

comprimento

A partir do perfil, são determinadas as declividades do rio principal e, se houver necessidade, de outros trechos de rio.

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37

5.3 Parâmetros de Qualidade de água

Para identificação das informações hidrológicas quali-quantitativas dos rios

Salgado, Colônia e Cachoeira, foram estabelecidos pontos nos rios para quatro

campanhas de coleta e análise in locus, geometricamente próximos ao ponto de

confluência hidrográfica. Esse número de coletas foram projetados para contemplar

um período de 6 meses entre Agosto de 2015 e Dezembro de 2015, observando

assim 2 períodos climatológicos sazonais. Optou-se pelas convenções expostas por

Boyer et al. (2010), que defende que em tributações de até 50 m de largura o ideal é

observar a mistura dos efluentes num deslocamento de 200 m a jusante (Figura 12).

Figura 12 – Esquema de Coleta nos rios em estudo.

O objetivo inicial era determinar diversos componentes biogeoquímicos da

água, dentre eles os principais cátions e ânions. Entretanto, devido à disponibilidade

limitada de aparelhos e métodos disponíveis no corpo estrutural da Universidade

onde é realizado o presente trabalho, foi possível determinar apenas os parâmetros

mostrados do Quadro 3.

Cabe salientar nesse momento que o objetivo macro do trabalho é entender o

deslocamento, fluxo e mistura de qualquer característica presente na coluna d’água

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na confluência. Para alimentação do modelo (3º Objetivo específico) o ideal é a

correlação entre 10 parâmetros independentemente de sua tipologia química.

Para as coletas de amostras d’água que determinaram as propriedades

químicas foram utilizados recipientes plásticos de 500 ml. Em campo,

Multiparâmetros e condutivímetros digitais disponíveis no Laboratório de

Climatologia serviram para identificação de alguns parâmetros in lócus (Tabela 1).

Tabela 1 – Aparelhos medidores de qualidade de água in lócus e suas funções.

A análise qualitativa das coletas de água na confluência foi realizada no

Centro de Biogeoquímica Marinha da Uesc e Empresa Municipal de Água – Itabuna.

Os parâmetros escolhidos, como mencionado, correspondem à disponibilidade de

determinação dos mesmos por parte dos laboratórios. A formulação matemática

apresentada no tópico seguinte simula valores de n elementos, o que permite que o

presente trabalho não caminhe visando índices de qualidade de água. Entretanto,

em momentos posteriores, surgirá a necessidade de esclarecer a importância e as

implicações ambientais de cada parâmetro analisado (Quadro 3).

Quadro 3 – Laboratórios contatados para análises qualitativas.

Parâmetros de qualidade Aparelho Multiparâmetro

Condutivímetro

Temperatura

pH

Oxigênio Dissolvido

Condutividade Elétrica

X

X

X

X

Parâmetro Laboratório

PH EMASA

CE EMASA

Calcio (Ca) EMASA

Alcalinidade EMASA

Cloretos EMASA

Nitrito, Nitrato e Amônia Biogeoquimica Marinha

Sódio Química Analítica

Potássio Química Analítica

Silicato Biogeoquimica Marinha

Fosfato Biogeoquimica Marinha

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5.4 Equação de mistura (balanço de massa)

Como exposto no 3º objetivo específico, a equação de balanço de massa

descrita em Silva (2007) e proposta por Kelman (1997) será utilizada na simulação

do balanço quantitativo dos parâmetros físico-químicos analisados na confluência

em estudo. De forma genérica, a mesma disponibiliza valores à jusante do encontro

de dois efluentes, que no caso do presente trabalho são os rios Salgado e Colônia.

Em seguidas, os valores foram comparados com os valores reais (coletados no rio

Cachoeira).

A escolha dessa equação foi baseada no pressuposto de que tal formulação

matemática é adotada para calcular o fluxo dos efluentes em tributações e

confluências dentro de alguns dos principais modelos hidrológicos de qualidade de

água, como o StreterPhelps e Hydrology e Qual2E. Em modelos mais detalhados,

como o Qual2k e o apresentado por Indian (1979), retratam o encontro das águas de

maneira exponencial, com mais fatores de calibração para entrada e saída de

energia no sistema.

A equação de mistura propõe simulações de diversos tipos de lançamentos

de efluentes líquidos e suas movimentações verticais e horizontais na coluna d’água.

Segundo Roques (2006), é possível que a presença dessas influências esteja

agregando uma gama de elementos (reações químicas) com características físico-

químicas e biológicas distintos dos naturalmente presentes no corpo d’água.

Entretanto, a variação da quantidade de efluente lançado, bem como da

concentração de diversas substâncias, o lançamento poderá ser incompatível com

as resoluções vigentes sobre o uso da água ou com os objetivos de qualidade que a

sociedade determinou por meio do enquadramento dos corpos hídricos.

Dessa forma, é fundamental que se conheçam os impactos qualitativos e

quantitativos que cada usuário da água causará a bacia, bem como os tipos de

atividades desenvolvidas em seus domínios, considerando holisticamente cada

parâmetro de qualidade e suas gêneses de lançamento. Logo após a identificação

dos impactos individuais, é fundamental simular e entender como ocorrerá as

influências desses usos nos corpos hídricos (ROQUES, 2006).

O que está apresentado adiante, no que concerne à quantificação dos

impactos qualitativos do lançamento de efluentes, está apoiado em conceitos

propostos por Kelman (1997) e desenvolvidos por Cardoso da Silva e Monteiro

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(2004), onde as interferências qualitativas no corpo hídrico são “transformadas” em

equivalentes quantitativos. Esse método potencialmente facilita a análise do

deslocamento de parâmetros nas confluências hidrográficas.

O balanço qualitativo tem como ponto de partida a Equação 2 de balanço de massa:

Cmistura= CaQa+CbQb Qa+ Qb

(Equação 2) onde, Ca = concentração de um determinado parâmetro de qualidade no efluente a; Qa = vazão do efluente a; Cb = concentração de um determinado parâmetro de qualidade no efluente b; Qb = vazão do efluente b; Cmistura = concentração de um determinado parâmetro de qualidade na mistura resultante dos efluentes a e b.

Como apresentado no quadro 3, foram dez parâmetros escolhidos para

simulação de mistura na confluência. Visando ainda o 3º objetivo específico, cada

um dos dez foi submetido à equação de mistura, resultando em valores que

posteriormente foram comparados com os valores reais.

Na necessidade de um processamento ágil da formulação matemática

exposta na equação 2, foi elaborado um software em linguagem computacional MS-

DOS que calcula a mistura observada simplificadamente (Figura 13). Esse pequeno

modelo tem um tamanho de 69 Kbytes e foi definido para fazer os cálculos dos

parâmetros continuadamente. Surgiu de uma parceria entre o Laboratório de

Climatologia da UESC e o NBCGIB – Núcleo de Biologia Computacional e Gestão

de Informações Biotecnológicas (NBCGIB).

Figura 13 – Equação de mistura ambientada em MS-DOS.

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5.4.1 Normalização dos dados

Considerando a abordagem geoambiental do trabalho, tornou-se necessária a

normalização dos dados de coleta apresentados pela área das microbacias que

formam a jusante da confluência. As concentrações dos elementos submetidos ao

balando de massa foram empregadas aos km² de cada sub-bacia.

Visualizar a normalização auxilia no entendimento da contribuição de cada

atributo geoambiental, sobretudo Geologia e Geomorfologia, nos valores de

concentração das variáveis identificados na coluna d’água. A Figura 14 mostra a

área de cada sub-bacia.

Figura 14 – Áreas das bacias do rio Colônia (2339km²) e Salgado (1020km²).

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5.5 Comparação real/observado

Para análise comparativa entre os dados simulados (x) e os dados coletados

(y) e em seguida estimar a diferença (erro absoluto), utilizou-se o método de

regressão linear, onde o coeficiente de Correlação de Pearson (p) foi escolhido para

definir a dependência e razão entre as variáveis. Padronizando os dados em

estruturas ordinárias em função de sua média (Zx, Equação 3), a correlação das

variáveis qualitativas da água foram calculadas através de Equação 4:

Zx =𝑋1−𝑋′

Sx

(Equação 3)

Pra visualizar os erros absolutos das variáveis xy, utilizou-se a média dos

valores de cada variável físico-química (Equação 5); onde X1 representa o valor da

1ª observação de dados, X’ a média dos valores e Sx indica o valor do desvio

padrão. Aplica-se também aos valores Y;

𝑟 =1

𝑛 − 1∑

𝑋𝑖 − 𝑋′

𝑆𝑥

𝑌𝑖 − 𝑌′

𝑆𝑦

(Equação 4)

O valor estimado do erro absoluto foi definido nesta etapa por explanar de forma

descritiva a diferença entre os valores X e Y. Dificilmente os valores de um modelo (seja em

qualquer propósito) reproduzem de forma real os valores encontrados em um meio natural,

principalmente quando o objeto de estudo está relacionado com a água.

Refinando o resultado do erro (diferença dos valores médios da regressão), utiliza-se

o coeficiente de determinação conhecido como r² (em caso de regressão linear simples,

como nesse trabalho), onde esse disponibiliza uma informação adicional a variância da

regressão (em casos de dispersão desuniformes no gráfico), como maneira de se verificar

se o modelo proposto na pesquisa descreve as ocorrências naturais das concentrações.

O valor de r² varia no intervalo de 0 a 1. Valores próximos de 1 indicam que o modelo

proposto é adequado para descrever o fenômeno (dados reais). O r² indica a porcentagem

(ou proporção) da variação de Y que é explicada pela regressão, ou quanto da variação na

variável dependente Y está sendo "explicada" pela variável independente X.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Caracterização Geoambiental

6.1.1 Clima

Segundo a classificação de Koppen (1948), a Bacia Hidrográfica do rio

Cachoeira apresenta dois tipos climáticos definidos pelos valores de pluviosidade

anual: Clima Tropical de Floresta (Af) em seu baixo e médio curso, com valores

pluviométricos anuais em torno de 1900 mm; Clima tropical Sub-úmido (Aw) com

valores em torno de 900 mm durante o ano. Esses valores de série histórica

climatológica podem ser observados nos trabalho de Santos (2005), Figueiredo

(2002) e (Rego, 2007). Ambos os estudos, além de observações in locus com

pluviômetros instalados nos municípios da bacia, lançaram mão de dados do INPE e

do Setor de Meteorologia da CEPLAC tabulados dos últimos 60 anos (Figura 15).

Esse cenário pluviométrico indica que as duas bacias que formam a

confluência estão submetidas às mesmas intempéries atmosféricas, e de forma

homogenia drenam valores similares de precipitação média anual. As diferenciações

do Ciclo Hidrológico em ambas iniciam através das características litológicas de

ambas.

Figura 15 – Tipologia Climática da Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira – BA

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6.1.2 Geologia

A Geologia da Bacia é constituída predominantemente de rochas ígneas,

intrusivas da família do Ortognaisse. A exceção litológica é a região de acumulo

hídrico (manguezal) no baixo curso da Bacia, dominado por sedimentos de cunho

marinho-continental. As rochas ígneas da Bacia são rochas antigas, datadas do

período Arqueano, especificamente a era do Proterozóico (4,5 milhões de anos).

São basicamente dois grandes grupos: O cinturão Itabuna – Itapetinga e o

Complexo Ibicuí (Figura 16).

As rochas dos dois grandes grupos afloram como ocorrências de ortognaisses

(de composição quartzítica) e derivados de mesma mineralogia ao longo de todos os

cursos da bacia. Em algumas classificações é denominado um complexo de cunho

(escudo) Cristalino. Destaca-se o gnaisse, onde o rio Cachoeira tem o seu curso

quase totalmente inserido. Trata-se de um litotipo fitado com faixas claras de quartzo

e feldspato e faixas escuras ricas em biotitas e anfibólio. As variações mais distintas,

como o Basalto e o Quartzito são resultados de metamorfismos mais recentes,

aglutinado cristais de quartzo. Esse litotipo condiciona uma Hidrologia fissural, com

falhas geológicas lineares, moldando a hidrografia para o tipo Dentrítica (MELPHI,

1963).

Figura 16 – Geologia da Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira – BA

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6.1.3 Geomorfologia

A composição geomorfológica da bacia constitui-se basicamente em quatro

classes: a) morros, colinas e serras, no alto e médio curso; b) vale encaixado do rio

Cachoeira, no baixo curso, entre o distrito do Salobrinho e Ilhéus. Segundo Casseti

(2005), essas feições são produtos da dissecação do relevo no Embasamento

Cristalino, sendo que especificamente na região de estudo há predominância de

rochas gnaisses datadas do Proterozóico (2,5 b.a).

Os morros e as colinas são definidos como relevo de mares de morro

(AB’SABER, 1969), caracterizados por formas de “meia-laranja” ou “mamelonar”.

Ocorrem em toda parte central da bacia do rio Cachoeira, denotando o caminho

hidrográfico dos rios principais. Entretanto, é observada uma predominância na

bacia do Salgado, revelando um relevo mais esculpido (ou amadurecido) comparado

a outras porções (Figura 17).

Já as serras, são os compartimentos mais altos, geralmente apresentados

como zonas de interflúvios. As serras do Limoeiro e Almadina ao norte, e a Serra

das Lontras ao sul são os principais complexos orográficos da Bacia do rio

Cachoeira. Observam-se ao longo da bacia do rio Salgado uma grande ocorrência

dessa classe, o que indica um relevo menos esculpido (juvenil) comparado as outras

áreas (CASSETI, 2005).

Figura 17 - Geomorfologia da Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira

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6.1.4 Pedologia

Na área de estudo foram identificadas cinco classes de solos, cada uma com

feições mineralógicas e estratigráficas condicionadas pelos regimes pluviométricos

observados na Figura 12. De forma geral, trata-se de solos médio-profundo e

profundo, com horizontes definidos pela intensidade de lixiviação (Figura 15).

No alto e médio curso da bacia observam-se majoritariamente a ocorrência de

Argissolos Vermelho-Amarelo e Chernossolos. Esses solos são constituídos

texturalmente por 50% de partículas tamanho areia/quartzo em mistura com argila.

O fator em comum dessas classes é o horizonte B textural, que indica uma atividade

permeabilidade regular, mas que preserva a fração argila. Além disso, a retenção de

minerais de argila nessa classe de solo é atrelado com a clivagem e permeabilidade

dos gnaisses com minerais de quartzo (Figura 18). Aqui, as precipitações

pluviométricas disponibilizam água em menor quantidade para as reações químicas,

remoção dos constituintes solúveis do sistema solo.

No baixo curso da bacia, os sedimentos quartzíticos apresentam-se muito

intemperizados devido a um regime pluviométrico mais intenso. Com a lixiviação de

nutrientes mais efetivas, formam-se solos profundos classificados como Latossolos,

com altas concentrações de óxidos de Ferro e Alumínio, o que indica

permeabilização mais intensa e abastecimento contínuo do fluxo de base.

Figura 18 – Solos da Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira

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6.1.5 Paisagem da Bacia Hidrográfica

O Geoprocessamento para representação do uso do solo da Bacia do Rio

Cachoeira mapeados em imagem de satélite Landsat 8 apresentou 7 classes

distintas, representadas na Figura 19.

Figura 19 – Classes da paisagem da Bacia Hidrográfica do rio Cachoeira

Considerando 100% como todas as classes, a área destinada a Agropecuária

ocupa cerca de 63% de toda a paisagem, em seguida 17 % de área de Cabruca

(Ecoprodução de Cacau), 12 % de Fragmentos Florestais da Mata Atlântica em

Estágios de Primários e/ou de regeneração, 5% de zonas urbanas e 3 % de Áreas

Alagadas (Brejos e Mangues).

O compartimento norte da área em estudo, inserido nos limites da Bacia do

Rio Salgado, detém 40 % das áreas vegetadas mapeadas. São basicamente zonas

de serras que abrigam diversos tributários do rio Salgado, nos municípios de

Floresta Azul, Ibicaraí e Barro Preto. Do ponto de vista Hidrológico, é aceito que a

presença de vegetação auxilia na retenção de água no sistema hidrológico no nível

de fluxo de base. Possivelmente isso explica os valores de vazão (tópico 6.3) mais

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elevados quando comparados com os dados hidrológicos do Rio Colônia, mesmo

esse apresentando maior área de drenagem.

Em contrapartida, a zona de maior área desmatada que é destinada a

Agropecuária apresentou 71% de sua área dentro dos domínios da Bacia do Rio

Colônia. A ausência da vegetação possivelmente explica os valores de vazão

menores quando comparados aos números da Bacia do rio Salgado no ponto de

confluência (exutório de Ambas). Aqui, as áreas com vegetação se restringem

fragmentos florestais (Ilhas) presentes geralmente nos topos de algumas serras,

acentuando a homogeneização da paisagem.

Os municípios que compõe o alto (Itapetinga e Itororó) e médio curso (Itajú do

Colônia e Firmino Alves) da Bacia do rio Colônia tem pautado seu escopo

econômico em atividades pecuaristas na ultima década, o que geograficamente

explica os índices de desmatamento elevados.

6.1.6 Hidrologia e índices Fisiográficos

O arranjo hidrográfico da bacia apresenta-se como de tipologia Dentrítica ou

“arborecente”. Esse padrão é caracterizado pelas confluências dos canais fluviais

em ângulos agudos - iguais ou menores a 90º, com os rios principais simulando

troncamento e os tributários, ramificações (CHRISTOFOLETTI, 1980). Como

exposto anteriormente, a Litologia condiciona um entalhamento mais lento e

uniforme devido à resistência erosiva do Embasamento Cristalino, e entre morros e

serras, a densidade de drenagem da área apresenta-se como média (Quadro 4).

Em relação à Hidrogeologia, as falhas geológicas demonstram linearidades

de cisalhamento nos sentidos N>S e SO>NE em praticamente toda a área da bacia.

Cabe frisar que, segundo (Mattos 2013), o deslocamento hídrico em subsuperfície

não é condicionado à força gravitacional, denotando assim um fluxo heterogêneo

mesmo no sentido de compartimentos de maior altitude.

Considerando essa noção, observa-se que o rio Colônia segue sobreposto a

uma falha por cerca de 30 km (Figura 20) disponibilizando água de forma perene.

Esse lineamento segue até o rio Salgado, próximo ao ponto de confluência. Esse

envolto sugere que, ainda que de forma reduzida, deva ocorrer uma influência sobre

as características hidroquímicas entre ambos. Em diversos outros pontos podem ser

observados a mesma dinâmica.

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Figura 20 – Hidrografia e Hidrogeologia da Bacia hidrográfica do Rio Cachoeira

No que se refere aos dados territoriais, a Quadro 4 apresenta os índices

fisiográficos obtidos na da Bacia do Rio Cachoeira.

Quadro 4 - Índices Fisiográficos da Bacia do rio Cachoeira

Perímetro - P (em km)

370

Desnível da bacia - DH (em m) 720

Tempo de Concentração – TC (em horas)

30.6

Extensão total dos cursos d’água - LL (em km)

1.931

Declividade do Rio Principal (m/km)

3,98

Fator de Forma - KF 0,129

Coeficiente de Compacidade - KC

1,594

Densidade de Drenagem – DD (km/km²)

0,457

Conforme pode ser observado no quadro 4, a Bacia do Rio Cachoeira

apresenta baixa possibilidade de ocorrência de enchentes devido ao alto coeficiente

de compacidade (Kc) e baixo fator de forma (Kf), significando que o tempo de

concentração é bastante heterogêneo, isto é, o escorrimento superficial apresenta

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tempos diferenciados de chegada a área de deságüe além da forma mais alongada

da Bacia.

Outros fatores, porém, influenciam a formação de enchentes, tanto que as

cidades de Itabuna e Ilhéus sofrem com as cheias do Rio Cachoeira. Práticas

agrícolas que não utilizam técnicas de conservação de água e solo, desmatamento

das nascentes e desenvolvimento urbano levam à impermeabilização do solo,

aumentando a quantidade de água que escoa superficialmente. Aliado a estes

fatores, a ocupação desordenada da área de inundação natural do rio, durante os

anos de seca, deixa a população dessas áreas expostas às enchentes.

Uma das características mais marcantes do Rio Colônia/Cachoeira é a

diferença acentuada de declividade ao longo da bacia. Da nascente do Rio Colônia

até os primeiros 20 km, a declividade é bastante acentuada apresentando um valor

médio de aproximadamente de 2.9%. A partir deste ponto até a área de deságüe, a

declividade é bastante baixa com um valor estimado de 0.125%.

Diante destas características, pode-se concluir que a velocidade da água nos

primeiros 20 km do Rio Colônia é bastante elevada, com alto poder erosivo e de

transporte de sedimentos. Da confluência com o Rio do Meio até a confluência com

o Ribeirão Água Preta, a declividade do Rio Colônia é muito baixa (0.05%)

propiciando a ocorrência de altas lâminas de água com baixa velocidade e grande

potencial para deposição de sedimentos.

Entre as confluências com o Ribeirão Água Preta e o Rio Salgado a

declividade aumenta (0.64%), voltando a decrescer acentuadamente até a foz

(0.05%). A aceleração das águas no trecho entre o Ribeirão Água Preta e o Rio

Salgado, aliada às águas do Rio Salgado, quando encontram a planície do trecho

final, contribuem para formar uma zona de inundação maior capaz de acomodar as

grandes vazões, mas provocando, esporadicamente enchentes em Itabuna e Ilhéus.

O tempo de concentração obtido (30.6 horas) indica que qualquer trabalho de

prevenção e/ou previsão de enchentes terá um curto prazo para que se possa tomar

algum tipo de providência, praticamente um dia de antecedência se forem utilizados

dados de chuva. No caso de se utilizar os dados dos postos fluviométricos, esse

intervalo deve ser menor, pois a onda de cheia já está em deslocamento.

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6.2 Morfologia da Confluência

Conforme apresentado na Metodologia, os valores batimétricos da

confluência foram submetidos a interpolação por Krigragem, sendo convertidos no

ArcScenne para pontos xyz que permitem uma visualização tridimensional. As cotas

estão expostas na Figura 21. Os efeitos lineares visualizados na imagem são

tentativas de simular faixas rochosas.

Figura 21 – Batimetria da confluência dos Rios Salgado, Colônia e Cachoeira

Considerando um centróide na confluência, as cotas mais profundas

observadas estão imediatamente antes e depois da junção dos rios. O ponto mais

profundo foi identificado no rio Salgado, com 3,39 m. O local de menor profundidade

foi observado no rio Colônia, com 0,40 m.

De forma geral, no que concernem as definições geomorfológicas de

amadurecimento do relevo, o padrão hidrográfico dentrítico revela que a área de

estudo pode ser classificada como de relevo juvenil, pouco esculpida (erodida).

Nota-se claramente a presença de rochas nos leitos dos rios e a falta de

seguimentos anastomosados (GUERRA e GUERRA, 2011). Isso explica a amplitude

de aproximadamente 3 metros de profundidade das cotas batimétricas, observando,

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por exemplo, os superlativos de valores em menos de 20 metros de distância no

exutório do rio Colônia.

O valor mais profundo identificado no rio Salgado é explicado pelo canal que,

naquela posição, apresenta menor largura e possivelmente o esculpimento no leito

fluvial é realizado com maior energia e fluxo. Além disso, a ausência de rochas

possibilita a formação de concavidade, bem como o acúmulo de sedimentos. Esse

ponto foi observado in locus como a faixa mais cumprida de fundo arenoso, com

cerca de 30 metros.

Por outro lado, o valor mais raso está relacionado com a presença das

rochas nos rios, aflorando constantemente, mesmo em épocas de vazões maiores.

Esse arranjo é produtor de diversos seguimentos de escoamento na mesma seção

molhada do rio. Geralmente os fundos de rio com essas características

apresentaram ocorrências de seixos rolados.

O Modelo Digital de Terreno da Figura 22 revela a morfometria calculada para

os valores de entrada batimétrica. Observa-se que a profundidade é elevada é

mediana na porção de encontro dos rios. As partes mais rasas visualizadas no

modelo são faixas de rochas, nos três rios.

Figura 22 – Modelo Tridimensional da confluência dos rios em estudo

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53

6.3 Parâmetros Analisados

Visando o 3º objetivo específico, ao todo foram determinados 11 parâmetros

químicos (Alcalinidade, Ca, Cl, NO2-, NO3-, NH4, SiO2, PO4, Na, K, OD) e 4

parâmetros físicos (Temperatura, CE, pH e vazão) nas águas dos rios Colônia,

Salgado e Cachoeira. Os parâmetros químicos foram utilizados no intuito de validar

a mistura proposta pela formulação matemática (modelo, Equação 3 ) para estimar o

comportamento do balanço de massa em confluências, onde as colunas “Mistura

Observada” corresponde aos valores estimados pelo modelo para o Rio Cachoeira.

6.3.1 Coleta 1

A coleta do mês de Agosto foi realizada em um anunciado período de início

de estiagem, evento climatológico relacionado ao aquecimento das águas do oceano

Pacífico (El nino). A produção hídrica do rio Colônia foi de cerca de 400 L/s e do rio

Salgado foi cerca de 800 L/s, condicionando a vazão de 870 L/s no rio Cachoeira.

A bacia do rio Salgado mesmo detendo menor área geográfica, apresentou

valores de vazão maiores quando comparados com a bacia do rio Colônia (Tabela

2). Esse comportamento foi identificado nas 3 campanhas de campo seguintes. Os

parâmetros avaliados compõem os dados iniciais da discussão sobre a variação dos

valores determinados, melhores discutidos quando comparados com os dados das

campanhas seguintes.

Tabela 2 – Dados da 1ª coleta de amostras de água

Parâmetros Rio Colônia Rio Salgado Mistura estimada Mistura observada

Alcalinidade (mg/l) 54 51 52,02 37

Calcio-Ca (mg/l) 43 29 33,7 34

Cloretos (mg/l) 85 83 83,6 81

Nitrito-NO2 (mg/L) 0,0096 0,01 0,01 0,01

Nitrato-NO3(mg/L) 0,47 0,51 0,49 0,49

Amônia-NH4 (mg/L) 0,05 0,069 0,06 0,067

Sílica-SIO2 (mg/L) 2,25 2,93 2,69 2,83

Fosfato-PO43 (mg/L) 0,14 0,12 0,12 0,15

Sódio-Na (mg/l) 171,5 191,3 184,6 253,4

Potássio-K (mg/L) 22,09 11,1 14,79 12,54

O.D. (mg/l) 6,5 2,8 4,04 4,2

pH 7,66 7,54 - 7,53

C.E.(µs/cm) 0,45 0,39 - 0,4

Temperatura (ºC) 27,9 27,7 - 27,8

Vazão (m³/s) 0,4 0,79 - 0,87

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54

6.3.2 Coleta 2

A segunda campanha de campo ocorreu no mês de Setembro, ainda dentro

do período inicial de estiagem ocorrido na região. Entretanto, os valores de vazão se

mantiveram similares aos valores da 1ª campanha de campo, com um modesto

crescimento (Tabela 3).

Tabela 3 – Dados da 2ª coleta de amostras de água

Parâmetros Rio Colônia Rio Salgado Mistura estimada Mistura observada

Alcalinidade (mg/l) 63 59 60,38 44,1

Calcio-Ca (mg/l) 40 26 30,85 32,1

Cloretos (mg/l) 94 88,4 90,34 88,1

Nitrito-NO2 (mg/L) 0,008 0,004 0,005 0,004

Nitrato-NO3(mg/L) 0,65 0,53 0,57 0,62

Amônia-NH4 (mg/L) 0,1 0,09 0,09 0,09

Sílica-SIO2 (mg/L) 2,49 2,18 2,28 2,13

Fosfato-PO4 (mg/L) 0,09 0,23 0,18 0,19

Sódio-Na (mg/L) 182,1 189,7 187,06 188,4

Potássio-K (mg/l) 18,5 13,4 15,16 13,9

O.D. (mg/l) 5 2,8 3,53 3,7

pH 6,5 7 - 6,9

C.E.(µs/cm) 0,6 1,1 - 1,3

Temperatura (ºC) 25,8 25,5 - 25,7

Vazão (m³/s) 0,43 0,81 - 0,88

No balanço de massa, em relação a 1 ª campanha, nos três rios houveram

aumento nos valores de concentração da Alcalinidade (Carbonato de cálcio),

Cloretos (composto de Cloro), Nitrato e Amônia. Com exceção da Amônia, são

constituintes de presença controladas majoritariamente por características

ambientais da Bacia (dissolução). Especificamente, os valores de carbonato de

cálcio são regulados pela presença de uma bacia cárstica no alto curso das bacias.

Já a Amônia tem sua variação fortemente atrelada com a presença de áreas

urbanas e pastagens (que predomina a paisagem da área em estudo), sendo a urina

de mamíferos o principal agente disponibilizador desse composto químico.

O Sódio apresentou diminuição nos valores de concentração, mas ainda

obtiveram-se valores elevados em decorrência da presença de rochas máficas

(ortognaisses) que compõe a litologia e toda a Bacia. São valores muito próximos ao

encontrados por Barbosa (2005) em um trabalho na Bacia do Rio Salgado.

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55

6.3.3 Coleta 3

A 3ª campanha de campo foi realizada no mês de Novembro, em meados do

período de estiagem anunciado. De forma geral, os valores de concentração dos

parâmetros diminuíram de forma acentuada, seguindo a redução das vazões dos

rios Salgado e Colônia (Tabela 4).

Tabela 4 – Dados da 3ª coleta de amostras de água

Parâmetros Rio Colônia Rio Salgado Mistura estimada Mistura observada

Alcalinidade (mg/l) 42 41 41,4 39

Calcio-Ca (mg/l) 37 30 32,9 31

Cloretos (mg/l) 54 46 49,2 51

Nitrito-NO2 (mg/L) 0,008 0,005 0,006 0,006

Nitrato-NO3(mg/L) 0,63 0,47 0,53 0,53

Amônia-NH4 (mg/L) 0,12 0,08 0,09 0,11

Sílica-SIO2 (mg/L) 3,2 2,18 2,59 2,56

Fosfato-PO4 (mg/L) 0,07 0,015 0,03 0,04

Sódio-Na (mg/L) 28,7 79,12 58,5 56

Potássio-K (mg/l) 2,12 3,4 2,87 3,24

O.D. (mg/l) 0,7 1,6 1,23 1,3

pH 7,78 7,49 7,45

C.E.(µs/cm) 0,28 0,25 0,27

Temperatura (ºC) 27,2 26,9 27,6

Vazão (m³/s) 0,29 0,42 0,46

Nesse momento, os únicos parâmetros que demonstraram um aumento em

sua concentração foram a Sílica e o Nitrito. Hidrologicamente, se aceita que,

quando um elemento ou composto é disponibilizado por processos de dissolução em

leitos rochosos, sua concentração aumenta em vazões reduzidas. Entretanto,

apenas a Sílica representou esse fenômeno.

No cenário em estudo, a fonte de Sílica são os quartzitos (representação

amarela, Figura 13) que estão sobrepostos as Serras que ainda apresentam

Fragmentos Florestais e são conectadas pelas falhas geológicas (Figura 17). Ou

seja, arbitrariamente, se aceita que possivelmente essas concentrações são

condicionadas por fluxos de dissoluções dessas áreas, mesmo com os números de

vazão diminuídos no ponto de confluência.

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56

Já o Nitrito indica que nesse cenário de vazão reduzida, houve um aumento

nas oxidações e reduções químicas entre a Amônia e o Nitrato, denotando uma

atividade biogeoquímica intensa possivelmente ligada a eutrofização dos rios.

6.3.4 Coleta 4

A 4ª campanha de campo foi realizada no mês de Dezembro, época ainda

submetida à estiagem ocorrente no segundo semestre de 2015. As vazões

apresentaram-se acentuadamente reduzidas considerando a dimensão regional dos

rios. Nos rios Salgado, Colônia e Cachoeira, a produção de água foi de 280L/s,

340l/s e 400l/s, respectivamente (Tabela 5), fluxo reduzido pela metade comparado

com os dados da 1ª coleta.

Tabela 5 – Dados da 4ª coleta de amostras de água

Parâmetros Rio Colônia Rio Salgado Mistura estimada Mistura observada

Alcalinidade (mg/l) 40 36 37,8 32,1

Calcio-Ca (mg/l) 37 28 30,1 30,1

Cloretos (mg/l) 47 43 44,8 44,2

Nitrito-NO2 (mg/L) 0,01 0,009 0,009 0,007

Nitrato-NO3(mg/L) 0,54 0,44 0,48 0,47

Amônia-NH4 (mg/L) 0,1 0,1 0,1 0,11

Sílica-SIO2 (mg/L) 2,8 2,04 2,38 2,43

Fosfato-PO4 (mg/L) 0,06 0,01 0,03 0,04

Sódio-Na (mg/L) 25,3 58,9 43,7 43,1

Potássio-K (mg/l) 2,11 2,9 2,54 2,54

O.D. (mg/l) 0,8 1,4 1,2 1,1

pH 7,3 7,4 7,1

C.E.(µs/cm) 0,43 0,35 0,57

Temperatura (ºC) 26,5 26,3 26,3

Vazão (m³/s) 0,28 0,34 0,4

No Balanço de massa, apenas o Nitrito e a Amônia não acompanharam o

decréscimo de concentração juntamente com a vazão. Eu um estado de

escoamento superficial lento e homogêneo, os valores de Nitrito indicam uma

atividade biogeoquímica muito intensa.

O comportamento exposto indica que na água dos rios houve uma intensa

decomposição dos dejetos depositados por peixes, plantas e outros organismos

invertebrados; com um regime de vazão reduzida, os dejetos são transformados e

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57

Amonia e rapidamente em Nitrito por bactérias conhecidas como Nitrosomonas,

abundantes nesse ecossistema lótico.

Resultante desse processo conhecido como Ciclo do Nitrogênio na água, o

Nitrato apresentou redução dos valores pelo fato de que o baixo oxigênio dissolvido

auxilia a presença e ação das Bactérias denitrificantes, que reduz o NO3- para N.

6.3.5 Relação vazão/concentração

Um panorama geral das concentrações dos 11 parâmetros submetidos ao

balanço de massa evidenciados de acordo com a vazão nos rios Salgado, Colônia e

Cachoeira, é apresentado nas Figuras 23, 24 e 25. As concentrações seguiram

tendências de valores estritamente relacionadas com as vazões nos rios Colônia e

Salgado, ou seja: quanto maior a vazão observada, maior também foi a

concentração geral das variáveis físico-químicas.

Figura 23 - Vazão e Concentração Total no rio Colônia

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Vazão 0,4 m³/s Vazão 0,43 m³/s Vazão 0,29 m³/s Vazão 0,28 m³/s

Co

nce

ntr

ação

to

tal (

mg/

l)

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58

Figura 24 - Vazão e Concentração Total no rio Salgado

Entretanto, no rio Cachoeira, especificamente na 2ª campanha realizada no

mês de Setembro de 2015, observou-se uma diminuição da concentração total dos

parâmetros quando o valor da vazão do rio apresentou-se como o maior observado

(Figura 25).

Figura 25 - Vazão e Concentração Total no rio Cachoeira

Visualizando os valores de vazão da 1ª e 2ª campanha percebe-se que a

variação hidrológica foi efetivamente baixa. Respectivamente, os valores de

concentração total foram 422mg/l e 375mg/l. A diferença encontrada está ligada ao

pico no valor de Sódio determinado na 1ª medida de campo (253 mg/l),

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Vazão 0,79 m³/s Vazão 0,81 m³/s Vazão 0,42 m³/s Vazão 0,34 m³/s

Co

nce

traç

ão t

ota

l (m

g/l)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Vazão 0,87 m³/s Vazão 0,88 m³/s Vazão 0,46 m³/s Vazão 0,4 m³/s

Co

nce

ntr

ação

To

tal (

mg/

l)

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59

possivelmente resultado da presença de efluentes de um laticínio a 90 m do ponto

de confluência (Figura 12).

Concomitante a esse comportamento, os valores de Cálcio, Nitrito, Sílica e

Oxigênio Dissolvido também apresentaram reduções. O Cálcio e a Sílica têm sua

presença na coluna d’água ligada a processos de dissolução litológica, e a

diminuição dos valores pode simplesmente ser resultado de variações temporais no

fluxo desses elementos.

Já o Nitrito e o Oxigênio Dissolvido são considerados massas não

conservativas: essa definição é utilizada quando os elementos são matrizes

energéticas de processos naturais biogeoquímicos. Ou seja, mesmo numa vazão

homogenia, a redução desses valores pode ser explicada pela mudança de cenário

biológico entre a confluência e o ponto de coleta a jusante, no rio Cachoeira.

6.4 Validação do Modelo

Conforme postulado como plano de fundo da pesquisa, a sustentação

científica efetuou-se com a validação da formulação matemática que visou estimar

(modelar) os valores dos parâmetros submetidos ao balanço de massa a serem

encontrados no rio Cachoeira.

De forma geral, os dados inseridos nas tabelas 2, 3, 4 e 5 apresentam uma

visão de como se comportou os dados simulados pelo modelo quando comparados

com os valores coletados no rio Cachoeira. Entretanto, submetê-los a uma

regressão linear, além de atribuir uma confiabilidade ao modelo, evidencia de forma

mais clara o quanto a equação de mistura conseguiu descrever o comportamento

natural da confluência.

6.4.1 Alcalinidade

A Alcalinidade total foi dada pela presença de Carbonato de Cálcio (CaCO3).

O coeficiente de determinação (r²) apresentou valor de 0,667 (numa escala entre 0 e

1). Na Figura 26, apresentou-se como um modelo que se aproxima 66,7% das

variáveis dependente (valores reais). É um valor positivo, mas indicou uma

modelagem mediana, considerando com os valores acima de 7 são definidos como

de correlação forte.

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60

Figura 26 – Comparação entre os valores observados e reais para Alcalinidade

Normalizando os valores de Alcalinidade das quatro coletas pela área

das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram

de 0,19 mg/l por km² e 0,18 mg/l por km².

6.4.2 Cálcio

Os dados modelados para o Cálcio apresentaram um coeficiente de

determinação de 0, 651. Foi o valor mais baixo encontrado entre os atributos físico-

químicos analisados. Mesmo com os valores de amplitude entre 30,1mg/l e 34/mg/l

(que indicam um conservação dos valores na coluna d’água) o coeficiente observou

uma variação entre os valores visivelmente dispersos no gráfico (Figura 27).

Figura 27 – Comparação entre os valores observados e reais para Cálcio

R² = 0,667

15

20

25

30

35

40

45

50

15 25 35 45 55 65

Valo

resr

reais

(m

g/l)

Valores estimados (mg/l)

R² = 0,651

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

26 28 30 32 34 36

Valo

res r

eais

Valores estimados (mg/l)

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61

Os “outputs” do gráfico que nitidamente influenciaram numa redução do

coeficiente obtidos foram os dados da 2ª e 3ª campanha de campo, onde os valores

reais foram diferentes em 1mg/l em relação aos valores estimados pelo modelo. Na

2ª campanha foi estimado um valore de 30,85 mg/l e o real foi de 32,1 mg/l; na 3ª

coleta, o valor estimado foi de 32,9 mg/l e o rela foi de 31 mg/l.

Normalizando os valores de Cálcio das quatro coletas pela área das bacias

dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram de 0,15mg/l

por km² e 0,11 mg/l por km².

6.4.3 Cloretos

Os valores observados para os compostos químicos de Cloro indicaram um

coeficiente de determinação de r² 0, 997 (Figura 28). Ou seja, isso indica que o

modelo proposto conseguiu se aproximar 99,7% dos valores reais. É um valor de

correlação considerado muito forte, ou seja, um ajuste de valores que validam a

equação para determinar os valores de Cloretos à jusante da confluência.

Figura 28 – Comparação entre os valores observados e reais para Cloretos

No gráfico apresentado fica evidente a ocorrência das concentrações nos dois

cenários de vazão apresentados. Os dois valores acentuados correspondem ao

período de vazão próximo aos 800l/s, observados nas campanhas de Agosto e

Setembro. Já os dois pontos no início do gráfico, representam as concentrações no

períodos de estiagem, com vazões inferiores 470 l/s, observadas nos meses de

Novembro e Dezembro.

R² = 0,997

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 20 40 60 80 100

Val

ore

s re

ais

(mg/

l)

Valores estimados (mg/l)

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62

Normalizando os valores de Cloretos obtidos nas quatro campanhas pela área

das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram

de 0,27mg/l por km² e 0,25 mg/l por km².

6.4.4 Sílica

Os dados de Sílica estimados pelo balanço de massa apresentaram um

coeficiente de determinação de r² 0, 917 quando comparados com os dados reais do

rio Cachoeira. Ou seja, o modelo conseguiu estimar aproximadamente 92% dos

valores coletados a jusante da confluência (Figura 29), considerado um valor de

modelagem satisfatório.

Figura 29 – Comparação entre os valores observados e reais para Sílica

O comportamento dos valores de Sílica no gráfico acompanha sensivelmente

as alterações da vazão no rio Cachoeira. Diferente dos agrupamentos dos pontos

observados nos valores de Cloretos, por exemplo, os números apresentaram um

comportamento progressivo, o que influenciou diretamente no valor de 0, 917 do

coeficiente de determinação.

Normalizando os valores de Sílica obtidos nas quatro campanhas pela área

das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram

de 0,01 mg/l por km² e 0,009 mg/l por km², respectivamente. Os valores de Sílica,

que tem sua origem estritamente de dissolução das rochas, indicaram uma leve

similaridade de contribuição geoambiental.

R² = 0,917

1,5

1,7

1,9

2,1

2,3

2,5

2,7

2,9

2 2,25 2,5 2,75

Val

ore

s re

ais

(mg/

l)

Valores estimados (mg/l)

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63

6.4.5 Fosfato

Os valores observados para o Fosfato indicaram um coeficiente de

determinação de r² 0, 983 (Figura 30). Ou seja, isso indica que o balanço de massa

conseguiu se aproximar 98,3% dos valores reais do rio Cachoeira. É um valor de

correlação considerado forte e satisfatório, ou seja, um ajuste de valores que

validam a equação para determinar os valores de Fosfato à jusante da confluência.

Figura 30 – Comparação entre os valores observados e reais para Fosfato

Observa-se que todos os valores de Fosfato encontrados são números

fracionados e abaixo do valore de 1mg/l, o que poderia tendenciar a modelagem

para números aproximados. Entretanto, mesmo numa pequena escala numeral, os

valores estiamados e reais acompanharam significativamente a linha de tendência, e

refletiram a razão com a vazão.

Normalizando os valores de Fosfato obtidos nas quatro campanhas pela área

das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram

de 0,0035mg/l por km² e 0,0036 mg/l por km². Notou-se uma contribuição maior de

Fosfato pela Bacia do Rio Salgado, menor em área geográfica.

6.4.6 Sódio

O Sódio foi o atributo analisado que mais apresentou concentração nos rios

da confluência em estudo, resultado da dissolução do Ortognaisse que predomina

na Bacia Hidrográfica do rio Cachoeira. Em relação a modelagem feita com o

balanço de massa, a comparação entre os valores estimados e reais apresentaram

R² = 0,983

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0 0,05 0,1 0,15 0,2

Val

ore

s re

ais

(mg/

l)

Valores Estimados (mg/l)

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64

um coeficiente de determinação de r²0,925. Ou seja, o modelo se aproximou 92,5%

dos dados encontrados no rio Cachoeira (Figura 31).

Figura 31 – Comparação entre os valores observados e reais para Sódio

O valor real analisado na 1ª campanha de campo certamente influenciou para

que o coeficiente de determinação não atingisse uma porcentagem maior: o valor de

253,4 mg/l diferenciou em 70mg/l o valor estimado pelo modelo (183,6 mg/l), ponto

esse podendo ser observado como o “output” superior da Figura 31. Na outras 3

coletas, os valores não apresentaram diferenças significativas, o que proporcionou

um valor de correlação muito forte.

Normalizando os valores de Sódio obtidos nas quatro campanhas pela área

das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram

de 0,39mg/l por km² e 0,50 mg/l por km². Notou-se uma contribuição maior de Sódio

pela Bacia do Rio Salgado, menor em área geográfica, mas que historicamente

apresenta valores desse atributo elevados.

6.4.7 Potássio

Os valores observados para o Potássio indicaram um coeficiente de

determinação de r² 0, 994 (Figura 32). Dessa forma, o número indica que o balanço

R² = 0,925

0

50

100

150

200

250

300

0 50 100 150 200

Val

ore

s re

ais

(mg/

l)

Valores estimados (mg/l)

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65

de massa conseguiu se aproximar 99,4% dos valores reais do rio Cachoeira. É um

valor de correlação considerado muito forte e satisfatório, ou seja, um ajuste de

valores que validam a equação para determinar os valores de Potássio à jusante da

confluência.

Figura 32 – Comparação entre os valores observados e reais para Potássio

No gráfico apresentado fica evidente a ocorrência das concentrações nos dois

cenários de vazão apresentados, comportamento observado também nos valores de

Cloretos. Os dois valores acentuados correspondem ao período de vazão próximo

aos 800l/s, observados nas campanhas de Agosto e Setembro. Já os dois pontos no

início do gráfico, representam as concentrações no períodos de estiagem, com

vazões inferiores 0,47 m³/s, observadas nos meses de Novembro e Dezembro.

Normalizando os valores de Potássio obtidos nas quatro campanhas pela

área das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores

foram de 0,04 mg/l por km² e 0,03 mg/l por km² respectivamente.

R² = 0,994

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Val

ore

s re

ais

(mg/

l)

Valores estimados (mg/l)

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66

6.4.8 Oxigênio dissolvido

Analisando os valores modelados para as concentrações de Oxigênio

Dissolvido, os mesmos apresentaram um coeficiente de determinação de r² 0, 998

(Figura 33). Assim, indicou que a equação de mistura (balanço de massa) conseguiu

se aproximar 99,8% dos valores reais do rio Cachoeira. É um valor de correlação

considerado muito forte e satisfatório no que concerne a calibração e validação de

modelos matemáticos.

Figura 33 – Comparação entre os valores observados e reais para Oxigênio Dissolvido

As concentrações de Oxigênio Dissolvido acompanharam sensívelmente as

mudanças de vazão do rio Cachoeira; os fluxos de 400, 460, 870 e 800 Litros

definiram diretamente o comportamento dos pontos no gráfico. Similares aos dados

de Potássio e Cloretos, o OD também variou conforme os períodos das campanhas

de campo. Cabe lembrar que o OD é matéria prima para as trocas energéticas no

meio aquoso no que se refere às atividades biogeoquímicas, sendo consumido

intensamente por organismos, e reduzido conforme diminui a vazão do rio.

Normalizando os valores de OD obtidos nas quatro campanhas pela área das

bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram de

0,001 mg/l por km² e 0,0008 mg/l por km² respectivamente.

R² = 0,998

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

0 1 2 3 4 5

Val

ore

s re

ais

(mg/

l)

Valores Estimados (mg/l)

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6.4.9 Nitrito

Os valores observados para o Nitrito indicaram um coeficiente de

determinação de r² 0, 854 (Figura 34). Ou seja, isso indica que o balanço de massa

conseguiu se aproximar 85,4% dos valores reais do rio Cachoeira. É um valor de

correlação também considerado forte.

Figura 34 – Comparação entre os valores observados e reais para Nitrito

Considerando que os valores dos atributos analisados anteriormente (com

excessão da Alcalinidade e Cálcio) atingiram níves acima de 0,9 no coeficiente de

determinação do modelo, a redução desse valor pode ser explicada através dos

usos do Nitrito na coluna d’água.

Sendo elencado como um estágio intermediário entre a Amônia e o Nitrato, o

Nitrito varia com muita rapidez de valor por ser produzido e ao mesmo tempo

consumido por organismos aquáticos. Ou seja: os dados de entrada para o modelo

correspondente ao rio Salgado e Colônia, previram valores que mudaram até chegar

ao ponto de coleta do Rio Cachoeira por se inserirem em ciclos biogeoquímicos.

Mas de forma geral, o modelo previu valores próximos aos reais.

Normalizando os valores de Nitrito obtidos nas quatro campanhas pela área

das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram

de 0,00034 mg/l por km² e 0,00027 mg/l por km² respectivamente.

R² = 0,854

0

0,002

0,004

0,006

0,008

0,01

0,012

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012

Val

ore

s R

eai

s (m

g/l)

Valores Estimados (mg/l)

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6.4.10 Nitrato

Os valores observados para o Nitrato indicaram um coeficiente de

determinação de r² 0, 967 (Figura 35). Esse valor indica que mais uma vez o balanço

de massa modelou satisfatoriamente a mistura das águas, e conseguiu se aproximar

em 96,7% dos valores reais encontrados no rio Cachoeira. Dentre os três

parâmetros da cadeia do Nitrogênio analisados nesse trabalho, o Nitrato é que

naturalmente deveria apresentar valores de concentração mais altos, pois é o

estágio final dos processos de amonificação e Nitrificação.

Figura 35 – Comparação entre os valores observados e reais para Nitrato

Normalizando os valores de Nitrato obtidos nas quatro campanhas pela área

das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram

de 0,0022 mg/l por km² e 0,0019 mg/l por km² respectivamente. Mesmo visualizando

a contribuição das bacias, as determinações de Nitrato em geral só considram sua

ocorrência em soluções aquosas.

R² = 0,967

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

0,55

0,6

0,65

0,46 0,48 0,5 0,52 0,54 0,56 0,58

Val

ore

s R

eai

s (m

g/l)

Valores Estimados (mg/l)

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6.4.11 Amônia

Analisando os valores modelados para as concentrações Amônia, os mesmos

apresentaram um coeficiente de determinação de r² 0, 998 (Figura 36). Assim,

indicou que a equação de mistura (balanço de massa) conseguiu se aproximar

99,8% dos valores reais do rio Cachoeira. É um valor de correlação considerado

muito forte e satisfatório no que concerne a calibração e validação de modelos

matemáticos.

Figura 36 – Comparação entre os valores observados e reais para Amônia

Normalizando os valores de Amônia obtidos nas quatro campanhas pela

área das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores

foram de 0,00036 mg/l por km² e 0,00033 mg/l por km² respectivamente.

R² = 0,998

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

0 1 2 3 4 5

Val

ore

s R

eai

s (m

g/l)

Valores Estimados (mg/l)

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7. CONCLUSÕES

Em relação aos dados Geoambientais levantados bem como os índices

Fisiográficos, a Bacia Hidrográfica do rio Cachoeira revela-se uma bacia de atividade

hídrica intensa, de caratér Juvenil, com esculpimento dos rios em fase Juvenil,

Geologia e Geomorfologia em fases de entalhamento e Hidrogeologia ricas em

falhas geológicas multidirecionais. Mesmo apresentando 3 tipologias climáticas, a

precipitação é intensa durante todo o ano, o que diretamente influência numa

dinâmica hidrológica agudizada e uma disponibilidade perene de elementos e

compostos químicos nos corpos d’água em seus domínios.

A diferença na composição da paisagem das bacias dos rios Salgado e

Colônia influência diretamente nas características das águas dos seus principais

rios. Por exemplo, os benefícios da presença de fragmentos florestais para a

produção de água foram percebidos na bacia do rio Salgado; já na bacia do rio

Colônia, notou-se que a desfragmentação do uso do solo reduziu a produção hídrica

e consequentemente alterou processos naturais em função do fluxo d’água.

Em relação à morfologia da confluência dos rios Salgado e Colônia, a

Batimetria revela que em relação aos fluxos d’água não há predominância de força

de esculpimento de apenas um dos rios, mas ambos têm disponibilizado energia

para deslocamento dos fluxos de materiais.

No que concerne a modelagem do balanço de massa da confluência dos rios

Salgado e Colônia (para visualizar as características do rio Cachoeira), conclui-se

que o modelo de mistura adotado para estimar a concentração após a confluência

foi considerando satisfatório (r² acima de 0,9) para nove dos onze parâmetros

submetidos a análises. Dessa forma, pode ser efetivado como um método para

estudos em encontros de água desde que os dados de vazão sejam considerados

no trabalho, servindo como uma simples e ágil ferramenta para gestão dos recursos

hídricos.

Para os atributos Cálcio e Alcalinidade, o valor de 0,6 do coeficiente de

determinação indica que para uma melhor proximidade com o valor real é

necessária uma modelagem baseada em séries históricas, baseando-se em

correlações com atributos que interajam com esses elementos.

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Conclui-se que para uma leitura de ambientes em confluências, a abordagem

geoambiental de uma bacia é estritamente necessária no sentido de identificar os

processos naturais que moldam as características hídricas até os exutórios, pois

apenas modelar as misturas na coluna d’água não responde a anseios onde o

escopo da pesquisa são as Ciências Ambientais.

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