caracterizaÇÃo da caprinovinocultura em minas gerais - universidade federal de … · 2019. 11....

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1 Alessandro de Sá Guimarães CARACTERIZAÇÃO DA CAPRINOVINOCULTURA EM MINAS GERAIS Dissertação apresentada à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Medicina Veterinária. Área de concentração: Medicina Veterinária Preventiva. Orientadora: Prof a . Dr a Aurora Maria Guimarães Gouveia Belo Horizonte UFMG-EV 2006

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Alessandro de Sá Guimarães

CARACTERIZAÇÃO DA CAPRINOVINOCULTURAEM MINAS GERAIS

Dissertação apresentada à Escola de Veterinária daUniversidade Federal de Minas Gerais, como requisitoparcial para obtenção do grau de Mestre em MedicinaVeterinária.

Área de concentração: Medicina Veterinária Preventiva.

Orientadora: Profa. Dra Aurora Maria Guimarães Gouveia

Belo HorizonteUFMG-EV

2006

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G963c Guimarães, Alessandro de Sá, 1971- Caracterização da caprinovicultura em Minas Gerais / Alessandro de

Sá Guimarães . - 2006. 73 p. : il.

Orientadora: Aurora Maria Guimarães Gouveia Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária Inclui bibliografia

1. Caprino – Criação – Teses. 2. Ovino – Criação – Teses. I. Gouveia,Aurora Maria Guimarães. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escolade Veterinária. III. Título.

CDD – 636.390 8

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Assinaturas

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida e pela oportunidade de aprender cada dia mais.

Aos meus pais, Geraldo Nogueira Guimarães e Sônia Maria de Sá Guimarães pelo amor,carinho, ensinamentos e apoio constantes em todos os momentos da vida e pela confiançadepositada.

A minha querida filha Amanda Oliveira de Sá Guimarães, fonte de vida e de alegria.

A minha irmã Daniela de Sá Guimarães, pela amizade constante.

A minha companheira Carla Patrícia Ferreira pelo carinho e atenção demonstrados nessesanos.

À orientadora Aurora Maria Guimarães Gouveia, pelos ensinamentos técnicos, exemplo devida, sabedoria; profissionalismo e amizade..

Ao Prof. João Paulo Amaral Haddad pelos ensinamentos, pela amizade e por me receber emsua residência várias vezes nos momentos de maior necessidade.

Ao Prof. Rômulo Cerqueira Leite por me abrir as portas da Escola de Veterinária da UFMG,dando-me a oportunidade de realizar esse sonho.

Aos Profs. Alan Maia Borges e Renato Lima Santos pela amizade e valiosos conselhos durantetodo o processo.

A Ana Paula Ribeiro Marques pelo apoio fundamental com o Banco de Dados, possibilitando arealização desse trabalho.

Ao Fernando Henrique Melo Andrade Rodrigues de Albuquerque pelo apoio na organização doBanco de Dados.

A Senhora Maria Anita Guimarães (mãe de Aurora) e Fernando Guimarães Gouveia pelaamizade e hospitalidade com que me receberam em sua casa.

A Eliane, secretária de Aurora pela amizade e boa vontade em agendar as reuniões edigitação de dados dos questionários.

Ao Dr. Altino Rodrigues Neto, Diretor Presidente do Instituto Mineiro de Agropecuária, (IMA),por nos proporcionar o apoio técnico e financeiro, indispensáveis na realização deste trabalho.

A todos os Técnicos do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) pelo apoio na aplicação dosquestionários aos Caprinocultores e Ovinocultores de Minas Gerais.

À Nadia, pela amizade e apoio em todos os momentos deste mestrado.

À todas os funcionários do Colegiado de Pós-Graduação pela atenção, carinho e colaboraçãoem todos os momentos deste curso.

A todos os Caprinovinocultores e Ovinocultores que contribuíram na realização deste trabalho.

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A todos os professores que contribuíram direta ou indiretamente em minha formação pessoal eprofissional

A todas as pessoas que porventura não tenham sido mencionadas, mas participaram direta ouindiretamente na elaboração deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa dissertação a minha avó Luci Guimarães (em memória), exemplo de fé ededicação à família;

Ao meu avô Ilídio de Sá, homem de bom senso, honestidade, de palavras certas em momentoscertos:

Dedico também a minha avó Maria Nogueira Maia de Sá (em memória). Todas ascircunstâncias confirmam a eternidade da alma, mas insistimos em valorizar coisas terrenas:

Dedico também aos meus pais que sempre valorizaram a cultura como fonte de transformaçãodo ser humano, investindo o que tinham e o que não tinham na educação dos seus filhos.

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SUMÁRIOPág.

LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................RESUMO ...........................................................................................................ABSTRACT .......................................................................................................

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................2 LITERATURA CONSULTADA ........................................................................2.1 Características da produção de caprinos e ovinos - situação mundial e no

Brasil..................................................................................................................2.2 Aspectos zootécnicos da criação de pequenos ruminantes .............................2.3 Aspectos sanitários na criação de Caprinos e Ovinos......................................2.4 Alguns aspectos sócio-econômicos dos produtores de Caprinos e Ovinos .....3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................3.1 Marco amostral ..................................................................................................3.2 Amostragem e delineamento estatístico ...........................................................3.3 Entrevistas .........................................................................................................3.4 Análise de dados ..............................................................................................4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................4.1 Caracterização da Caprinocultura em MG........................................................4.1.1 Caprinocultura leiteira........................................................................................4.1.2 Características gerais do sistema de produção de Caprinos............................4.1.3 Aspectos sanitários dos rebanhos Caprinos .....................................................4.1.4 Algumas variáveis sócio-econômicas do caprinocultores.................................4.2 Caracterização da Ovinocultura em MG ...........................................................4.2.1 Características gerais do sistema de produção de Ovinos...............................4.2.2 Aspectos sanitários dos rebanhos Ovinos ........................................................4.2.3 Algumas variáveis sócio-econômicas dos ovinocultores ..................................5 CONCLUSÕES .................................................................................................6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................7 ANEXOS ...........................................................................................................

Anexo 1 – Relação de Médicos Veterinários participantes do Projeto .............LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Variáveis com pontuações utilizadas para caracterização de níveltecnológico das propriedades de ovinos e caprinos amostradas em MG,2001...................................................................................................................

Tabela 2 Efetivo dos rebanhos caprinos (cabeças) de MG, 2001 – 2003 .......................Tabela 3 Evolução do efetivo caprino (cabeças) por mesorregião de MG de 1997 –

2003...................................................................................................................Tabela 4 Quantidade de municípios e de propriedades com caprinos, amostrados

por Mesorregião do Estado de Minas Gerais, 2001..........................................Tabela 5 Distribuição de criadores de caprinos amostrados por região em MG, 2001 ...Tabela 6 Distribuição de criadores de caprinos por região amostrados em MG, 2001 ...Tabela 7 Classificação por nível tecnológico das propriedades de caprinos

amostradas em MG, pela Análise Discriminante em 151 municípios, 2001.....Tabela 8 Função Discriminante Linear por Grupo Tecnológico nas propriedades de

caprinos amostrados em MG, 2001 ..................................................................

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Tabela 9 Distribuição das propriedades de caprinos conforme higienização naordenha e tratamento preventivo de mastite em 151 municípios de MG,2001...................................................................................................................

Tabela 10 Distribuição das propriedades de caprinos de acordo com o regime decriação em 151 municípios de MG, 2001.........................................................

Tabela 11 Distribuição das propriedades de caprinos em 151 municípios de MG deacordo com a época de início da criação, 2001................................................

Tabela 12 Distribuição das propriedades de caprinos de acordo com a origem dosanimais em 151 municípios de MG, 2001. ........................................................

Tabela 13 Distribuição das propriedades de caprinos de acordo com tipos raciais nosrebanhos em 151 municípios de MG, 2001. .....................................................

Tabela 14 Distribuição das propriedades de caprinos quanto à existência, freqüênciae tipo de acompanhamento técnico em MG, 2001. ..........................................

Tabela 15 Distribuição dos caprinos por idade de desmame nas propriedades em 151municípios de MG, 2001....................................................................................

Tabela 16 Características das propriedades de caprinos de MG em relação àpresença de aprisco e instalações, 2001. .........................................................

Tabela 17 Principais alterações observadas nos caprinos nas 284 propriedades em151 municípios de MG, 2001.

Tabela 18 Distribuição das propriedades de caprinos de MG segundo as práticas demanejo utilizadas, 2001.....................................................................................

Tabela 19 Distribuição das propriedades de caprinos de MG segundo a prática devermifugação dos animais, freqüência e alternância dos produtos usados,2001...................................................................................................................

Tabela 20 Distribuição das propriedades de caprinos de MG conforme participaçãoem exposição e exigência de atestados sanitários na compra de animais,2001...................................................................................................................

Tabela 21 Distribuição dos caprinocultores de acordo com o grau de instrução, empropriedades de 151 municípios de MG, 2001. ................................................

Tabela 22 Principal fonte de renda dos criadores de caprinos, praticada de formaexclusiva ou consorciada com outras atividades agropecuárias em 151municípios de MG, 2001....................................................................................

Tabela 23 Principais fontes de informação dos caprinocultores em 151 municípios deMG, 2001. ..........................................................................................................

Tabela 24 Distribuição das propriedades de caprinos de MG de acordo com a idade eo peso de abate dos animais, 2001. .................................................................

Tabela 25 Distribuição das 284 propriedades de caprinos de acordo com asdificuldades de comercialização da carne em 151 municípios de MG, 2001. ..

Tabela 26 Efetivo dos rebanhos (cabeças) ovinos de MG,2001- 2003 .............................Tabela 27 Evolução do efetivo Ovino (cabeças) por mesorregião de MG de 1997 –

2003...................................................................................................................Tabela 28 Quantidade de municípios e de propriedades com ovinos amostrados por

Mesorregião em MG, 2001................................................................................Tabela 29 Distribuição de criadores de ovinos amostrados região em MG, 2001. ...........Tabela 30 Distribuição de criadores de ovinos por Região, amostrados em MG, 2001....Tabela 31 Classificação por nível tecnológico das propriedades de ovinos amostradas

em MG, pela Análise Discriminante em 142 municípios, 2001.........................Tabela 32 Função Discriminante Linear por Grupo Tecnológico nas propriedades de

ovinos amostradas em MG, 2001. ....................................................................Tabela 33 Distribuição das propriedades de ovinos de acordo com o regime de

criação nas propriedades de ovinos em 142 municípios de MG, 2001 ............Tabela 34 Distribuição das propriedades de ovinos de acordo com a época de início

da criação em 142 municípios de MG, 2001.....................................................

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Tabela 35 Distribuição das propriedades de ovinos de acordo com a origem dosanimais em 142 municípios de MG, 2001. ........................................................

Tabela 36 Distribuição das propriedades de ovinos de acordo com tipos raciais nosrebanhos em 151 municípios de MG, 2001. .....................................................

Tabela 37 Distribuição das propriedades de ovinos de MG quanto a existência efreqüência de acompanhamento técnico e tipo de profissional, 2001. .............

Tabela 38 Distribuição dos ovinos por idade de desmame nas propriedades em 142municípios de MG, 2001....................................................................................

Tabela 39 Características das 213 propriedades de ovinos de MG de acordo com apresença de aprisco e o tipo de piso, 2001.......................................................

Tabela 40 Principais alterações observadas nos ovinos nas 213 propriedades em 142municípios de MG, 2001....................................................................................

Tabela 41 Distribuição das propriedades de ovinos de MG de acordo com a prática devermifugação, freqüência e alternância de produtos, 2001. .............................

Tabela 42 Distribuição das propriedades de ovinos conforme participação emexposição, exigência de atestados e documentos sanitários na compra deanimais, 2001. ...................................................................................................

Tabela 43 Distribuição dos criadores de ovinos de acordo com o grau de instruçãonas propriedades em 142 municípios de MG, 2001. ........................................

Tabela 44 Principal fonte de renda dos criadores em 213 propriedades rurais onde acriação de ovinos é praticada de forma exclusiva ou consorciada comoutras atividades agropecuárias em 142 municípios de MG, 2001. .................

Tabela 45 Principal fonte de informação dos criadores de 213 propriedades comovinos em 142 municípios de MG, 2001. ..........................................................

Tabela 46 Distribuição das propriedades de ovinos de MG de acordo com a idade e opeso de abate dos animais, 2001. ....................................................................

Tabela 47 Distribuição das 213 propriedades de ovinos de acordo com asdificuldades de comercialização da carne em 142 municípios de MG, 2001. ..

LISTA DE FIGURASFigura 1 Localização dos municípios com propriedades de caprinos amostradas nas

doze mesorregiões de MG, 2001. .....................................................................Figura 2 Localização de municípios com propriedades de ovinos amostradas nas

doze mesorregiões em MG, 2001 .....................................................................Figura 3 Objetivos da produção em propriedades com caprinos em 151 municípios

de MG, 2001......................................................................................................Figura 4 Objetivos da produção em propriedades com caprinos nas regiões do

Norte e COS de MG, 2001. ...............................................................................Figura 5 Métodos de identificação dos animais nas propriedades de caprinos em

151 municípios de MG, 2001.............................................................................Figura 6 Métodos de identificação dos animais nas propriedades de caprinos do

Norte e COS de MG, 2001. ...............................................................................Figura 7 Métodos de reprodução utilizados nas propriedades de caprinos de 151

municípios de MG, 2001....................................................................................Figura 8 Faixa Etária de Caprinocultores de 151 municípios de MG, 2001....................Figura 9 Objetivos da produção em propriedades com ovinos em 142 municípios de

MG, 2001. ..........................................................................................................Figura 10 Objetivos da produção em propriedades com ovinos no Norte e COS de

MG, 2001. ..........................................................................................................Figura 11 Métodos de identificação dos animais nas propriedades de ovinos de MG,

2001...................................................................................................................Figura 12 Métodos de identificação dos animais nas propriedades de ovinos no Norte

e COS de MG, 2001. .........................................................................................Figura 13 Métodos de Reprodução utilizados nas propriedades de ovinos em 142

municípios de MG, 2001....................................................................................Figura 14 Faixa Etária dos Ovinocultores de 142 municípios de MG, 2001. ....................

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LISTA DE ABREVIATURAS

Caprileite/ACCOMIG = Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas GeraisADENE = Agência para Desenvolvimento do NordesteADENOR = Agência para Desenvolvimento do Norteµl = MicrolitroANUALPEC = Anuário Estatístico da PecuáriaBA = BahiaCAE = Artrite-Encefalite CaprinaCAEV = Vírus da Artrite-Encefalite CaprinaCAPRIMA = Associação dos Criadores de Cabras leiteiras da Zona da MataCE = CearáCOS = Centro-Oeste-SulDMVP = Departamento de Medicina Veterinária PreventivaDNA = Ácido desoxirribonucléicoDR = Delegacia RagionalEC = Ectima contagioso.ELISA = Enzime Linked Immunosorbent Assay (teste imunoenzimático)EMATER-MG = Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas GeraisEmbrapa = Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaESEC = Escritório SeccionalEV = Escola de VeterináriaFAPEMIG = Fundação de Apoio a Pesquisa de Minas GeraisFJP = Fundação João PinheiroGEPOC-NPSA = Grupo de Extensão da Pesquisa em Ovinos e Caprinos - Núcleo de Pesquisaem Sanidade Animalgp = glicoproteinaIA = Inseminação ArtificialIBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.ICB = Instituto de Ciências BiológicasIDGA = Imunodifusão em gel de ágar.IDH = Índice de Desenvolvimento HumanoIMA = Instituto Mineiro de AgropecuáriaLA = Língua AzulLC = Linfadenite caseosaLVPR = Lentivírus de Pequenos Ruminantes.MAF = Ministry of Agriculture and FisheriesMERCOSUL = Mercado Comum do Sul.MIDGA = Microimunodifusão em gel de ágarMG = Minas GeraisMV = Maedi-Visna.MVV = Vírus Maedi-VisnaNaCl = Cloreto de sódioN= NorteoC = Graus CelsiusOIE = Escritório Internacional de EpizootiasPE = PernambucoPI = PiauíPCR = Reação em Cadeia da PolimerasePH = Potencial hidrogeniônicoPB = ParaíbaRJ = Rio de JaneiroRN = Rio Grande do NorteRNA = Ácido ribonucléico.

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rpm = Rotações por minutoRS = Rio Grande do SulSEBRAE = Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena EmpresaSAG = Sistema AgroindustrialSFA-MG - Superintendência Federal da Agricultura- Minas GeraisSRD = Sem raça definida.SUDENE = Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste.UECE = Universidade Estadual do CearáUFRGS = Universidade Federal do Rio Grande do SulUFMG = Universidade Federal de Minas GeraisUFRPE = Universidade Federal Rural de PernambucoUnB= Universidade Federal da BahiaVLA = Vírus da Língua Azul

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RESUMOEm Minas Gerais, a criação de cabras leiteiras iniciou-se na década de 70, enquanto que acriação de caprinos e ovinos de corte tem apresentou expansão acentuada a partir de 1999,acarretando em alterações do ponto de vista zoo-sanitário, sócio-econômico e de mercado. Pormeio de análise detalhada de questionários e observação direta em propriedades de caprinos eovinos, localizadas em Minas Gerais, foi feita a caracterização da caprinocultura e ovinoculturano Estado; determinado-se características gerais dos sistemas de produção, aspectossanitários dos rebanhos e sócio-econômicos dos produtores. Estabeleceu-se também aclassificação do nível tecnológico das propriedades com validação pela Análise Discriminante eas principais variáveis necessárias para sua determinação. Minas Gerais compreende dozemesorregiões - Jequitinhonha, Norte de Minas, Vale do Mucuri, Campo das Vertentes, CentralMineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Noroeste de Minas, Oeste de Minas, Sul/Sudeste deMinas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata. Estas doze mesorregiõesforam agrupadas em Regiões Norte (quatro mesorregiões) e Centro-Oeste-Sul - COS (oitomesorregiões). Foram amostradas 284 propriedades de caprinos em 151 municípios e 213propriedades com criação de ovinos em 142 municípios; com aplicação de questionáriopreviamente testado. Foram selecionadas propriedades distribuídas em todo o estado, comcobertura em torno de 300 municípios. A amplitude da amostragem permitiu determinar ascaracterísticas da atividade. Os questionários foram aplicados por veterinários do InstitutoMineiro de Agropecuária, os dados foram armazenados em planilha Windows Excel, analisadosno sistema Epi-Info, determinando-se a freqüência das variáveis, com comparação utilizando oteste qui-quadrado. Foram selecionadas 13 variáveis para determinação do nível tecnológicodas propriedades, sendo as mesmas para caprinos e ovinos, com pontuações 1, 2, 3 emfunção da complexidade e conhecimento técnico para sua implantação.O nível tecnológico daspropriedades de caprinos e ovinos foi obtido dividindo-se os pontos adquiridos pelapropriedade pelo total de pontos máximo possível (22 para caprinos e 26 para ovinos) e opercentual final foi utilizado na classificação final de acordo com o seguinte ponto de corte:Nível tecnológico baixo (3), propriedades que obtiveram percentual entre 0 e 33%, Níveltecnológico médio (2), aquelas que obtiveram percentual entre 34 e 64% e nível tecnológicoalto (1) aquelas com percentual de 65 a 100%. A classificação das propriedades de caprinos eovinos foi validada no teste de Análise Discriminante com base no nível tecnológico. Das 219propriedades com caprinos classificadas, somente 15 (6,8%) classificaram-se como de altonível tecnológico. Das propriedades de ovinos, 2 (1,7%) foram classificadas como de alto nível,indicando a necessidade de maior tecnificação da atividade. Do ponto de vista zoo-sanitário,em ovinos e caprinos, a amostragem apontou : baixa freqüência de assistência técnica, commaior participação de veterinários no COS e técnicos agrícolas no Norte; desmame tardio, apartir dos cinco meses, com índices melhores no COS; o principal método de reprodução foi amonta natural. Como principais alterações em caprinos e ovinos foram citadas, nesta ordem:ectoparasitos, aborto, linfadenite caseosa, diarréia, mastite, pneumonia, ectima contagioso.Foram achados freqüentes, a criação conjunta de animais de distintas faixas etárias; nãoutilização de áreas de quarentenário; cura de umbigo deficiente; alto índice de vermifugação,porém com intervalos e alternância inadequados. Somente 11,3% dos caprinocultores e 11,7%dos ovinocultores exigem documentação sanitária na compra de animais, revelando-se fatorimportante do ponto de vista de defesa sanitária.Do ponto de vista de mercado, tanto osprodutores de caprinos quanto os de ovinos relataram como maiores entraves, a falta decompradores, falta de frigoríficos e preço baixo. Observou-se, para as duas espécies, idade deabate dos animais tardia (> 6 meses) e com peso fora do demandado.

Palavras-chave: Caracterização, Caprinocultura, Ovinocultura, Nível tecnológico, Variáveis,Minas Gerais.

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ABSTRACT

Dairy goat production has begun in the 70 s in Minas Gerais, while beef goats andsheep expanded only significantly from 1999, affecting market, economy, social andanimal health. Validated filled questionnaires applied by Vets of IMA were analised andthe properties were inspcted, in order to describe the general aspects of prodution,level of technology animal health and farmers socioeconomic status, for thecharacterization of caprine and ovine farming in Minas Gerais. The technologyemployed was evalueted using the Discriminating Analysis. The state of Minas Geraisis divided into 12 mesorregions – Jequitinhonha, Norte de Minas, Vale do Mucuri,Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Noroeste deMinas, Oeste de Minas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do RioDoce e Zona da Mata. Which were grouped into North of Minas (4 mesorregions) eCentral-West-South (8 mesorregions). 284 caprine farms in 151 municipalities and 213ovine farms in 142 municipalities were studied, totalling na influence área of 300minicipalities. Data were organized in Windows Excel, analysed using Epi-info andcompared by chi-aquared. Thirteen variables were choosen fr determinig thetechonology level, being the score 1, 2 or 3 according to the complexity/technicalknowlodge for its implementation, as obtained dividing the score by the total scorepossible (22 for caprines or 26 for ovines), values (%) used to classify farms as (3) lowtechnology, (2) average technology and (1) high technology, respectivaly, 0-33%, 34-64% and 65-100%. Fifteen caprine (6,8%) and two ovine farms (1,7%) were classifiedas employing high technology. Considering the animal health states, a low frequency oftechnical assistance, with more veterinarian suport in the North, ate weaning, startingat the age of 5 months. The best indexes were observed in the COS region and theprincipal reproduction strategy was natural mount. The major health problemsdetected, according to importance were ectoparasites, abortion, caseouslymphadenitis, diarrhea, mastitis, pneumonia and contagious ecthima. Animals ofdifferent ages were usually kept together no quarentene area was prepared, adefficient navel healing, high index of therapy against helminths but with improperintervals were observed. Only 11,3% of caprine farmers and 11,7% of ovine farmersdemanded health certification on the purchase of animals, revealing a very importantanimal health issue. Considering the commercial viewpoint, lack of buyers, lack ofprocessing plants and low prices were pointed out as the most serious.

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1 - INTRODUÇÃO

A importação de animais de raças exóticaspara o melhoramento dos rebanhos nativosé realizada para espécies zootécnicas deprodução em Minas Gerais que, a partir de1978, juntamente com outros estados daRegião Sudeste, foi pioneiro nodesenvolvimento tecnificado dacaprinocultura leiteira, importando caprinosde raças leiteiras procedentes de distintospaíses da Europa, Estados Unidos eCanadá, na busca do potencial genéticoleiteiro.

Atualmente, o crescimento desordenadodos rebanhos caprinos e ovinos voltados àprodução de carne, com a importação deanimais de diversos países (principalmenteEstados Unidos, África e Europa) e devárias regiões do Brasil, onde fatoresclimáticos, edáficos e culturais diversos têmproporcionado um intenso trânsito depequenos ruminantes no território nacional.

A ausência de uma legislação sanitáriaespécie-específica, trouxe gravesconseqüências, como a introdução dedoenças anteriormente exóticas nos plantéisnacionais, disseminação de patologiasanteriormente mais freqüentes nosrebanhos do Nordeste, resultando em perdade animais e restrições no comérciointernacional de animais e seus produtos,além das doenças já tradicionalmenteconhecidas, decorrentes de manejoinadequado.

A partir de 1999 as mudanças na forma deprodução de caprinos e ovinos introduziramnovos componentes (animais importados ede outros estados, agentes patogênicos,tecnologia) e relações de produção queculminaram em alterações no perfil sanitárioe produtivo. Assim, além dos problemassanitários clássicos, outros novos têm sidoidentificados. É necessário o conhecimentopleno dos aspectos zoosanitário e sócio-econômico atuais como forma de geraçãode padrões que permitam o necessáriodesenvolvimento da atividade dentro dosatuais e dos futuros padrões de exigência

mercadológica, com fundamentaçãoessencialmente científica. A caprinocultura eovinocultura vêm adquirindo papelimportante na pecuária mineira, sendonecessário o conhecimento da realidadedeste setor e o desenvolvimento deprogramas que permitam melhorescondições de produção e conseqüentecompetitividade em relação a outrosmercados.

A saúde animal deve ser entendida comoum conjunto de condições que determinamas características produtivas de umapopulação animal em um momento e numespaço concretos. Estudos para oesclarecimento destes processos esbarramna falta de dados relativos à quantidade elocalização de criatórios caprinos e ovinosnão registrados e, portanto,desconhecimento do real número decriadores e de suas demandas práticas.

Considerando a carência de dadosreferentes a caprinovinocultura em MG eressaltando-se as espécies caprina e ovinacomo as que melhor se adaptam àscondições físicas e climáticas locais, opresente projeto teve como objetivos:

• a demanda constante por informações eorientações requisitadas nasassociações de criadores e órgãosoficiais, não só em MG, mas em todo oPaís, com a finalidade de possibilitaruma vigilância epidemiológica efetiva,determinação de medidas profiláticasadequadas e maior controle de trânsito,comercialização e importação deanimais;

• contribuir, de forma prática, paraaumentar a eficiência através dotrabalho CONJUNTO entre órgãos depesquisa e ensino (UFMG), de extensãorural (EMATER), de defesa sanitária(IMA, SFA-MG e SEAPA) e público-alvo(Associações de Criadores – Caprileite/ACCOMIG/);

• concluir o ciclo de informação ou seja:buscar a demanda no setor produtivo,trabalhar a informação na forma depesquisa institucional, devolver

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resultados e soluções ao setorprodutivo;

• determinar, através do uso dequestionários , as característicaszoossanitárias e sócio-econômicas dossistemas de produção dacaprinovinocultura em MG, com ênfasena organização produtiva dos rebanhosinvestigados;

• depuração e análise estatística dosdados zootécnicos, de produção,econômicos e sanitários dacaprinovinocultura em MG;

• analisar os dados e descrever acaracterização dos sistemas deprodução da caprinovinocultura em MG;

• sugerir em um Documento Final aslinhas de pesquisas em função da(s)demanda(s) definida(s) pelos produtoresde caprinos e ovinos, a serencaminhado a FAPEMIG.

• retorno aos produtores, atendendodemandas das associações decriadores de caprinos e de ovinos(Caprileite/ACCOMIG e outrasassociações regionais), de informaçõese orientações sobre manejo sanitário ealimentar de caprinos e ovinos.-

• ampla divulgação dos resultados deforma a envolver e informar, de formasistemática, simultânea, sincrônica eeficiente as entidades correlatas com acaprinovinocultura em MG.

2 - LITERATURA CONSULTADA

Silva (1996) após análise do sistemaagroindustrial da caprinocultura no Brasil,bem como seus principais estrangulamentostecnológicos e não tecnológicos nos seusdiversos segmentos: processamento,produção, insumos e pesquisa chegou asseguintes conclusões: no segmentoPesquisa foi observado distanciamentoentre algumas instituições de pesquisa e osórgãos representativos dos caprinocultorese ovinocultores, enquanto algumasinstituições universitárias e centros depesquisa estaduais vêm promovendoesforços para criar maior aproximação com

os criadores através de parcerias eintrodução das inovações tecnológicasadequadas à caprinocultura e ovinoculturano Brasil. Segundo o autor, a pesquisainstitucional nos últimos 20 anos contribuiu,na prática, de forma muito tímida com acaprinocultura e ovinocultura no País, sendoimportante identificar, as demandasimediatas do produtor e assim direcionar osprojetos de pesquisa para que, de fato,esses impactos tecnológicos constituam-seem insumos de grande importância.

Organizando cronologicamente o quadrogeral da atividade, resumidamente, temos:

• 1974 - Proibição de importação desupérfluos, dentre eles os queijos deleite de cabra (Assis e Gouveia, 1994);

• 1975 - Produtores de MG-RJ-SP(Caprileite/ACCOMIG) - Importações decaprinos leiteiros exóticos paraformação do rebanho leiteiro emelhoramento genético; Introdução dovírus da CAE e dispersão nos rebanhosnacionais; Aumento da importação decaprinos devido às perdas causadaspela inexperiência (Assis e Gouveia,1994);

• 1984 - 1993 – CAE em todos os estadosda Federação (Gouveia, 2003);

• 1994- 2004 – Programa de Controle daCAE (PCAEV): EMBRAPA-Caprinos/EV-UFMG - Medidas decontrole da CAE em prevalência alta,média, baixa e nula (Gouveia et al,1994);

• 1998- 2000 – Embrapa Caprinos/EV-UFMG – Levantamentosoroepidemiológico no Ceará emcaprinos (Pinheiro et al 1999);

• 1998 -IMA e Caprileite/ACCOMIG – 147produtores de leite e 57 de caprinos decorte. Comparando resultados do IMA(1998), de Costa e Lobato (2000) noRS, de Pinheiro et al (1999) no CE e deMagalhães et al (1985) em MG e RJ -problemas técnicos e econômicosvoltados basicamente ao manejosanitário e alimentar.

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• 2000- 2002 - Levantamentosoroepidemiológico em municípios detrês mesorregiões de Minas Geraisincluídas na área de atuação da ADENE(extinta SUDENE) (Yorinori e Gouveia,2001).

O conhecimento dos perfis epidemiológicosda caprinocultura e ovinocultura em MG éfundamental para impedir a introdução deagentes infecciosos no Estado, através dacompra de caprinos e ovinos semadequados critérios sanitários, do trânsitoentre as unidades da Federação e dadispersão de doenças infecciosas entre osrebanhos, que são a causa da elevação dosgastos com medidas terapêuticas e decontrole (Assis e Gouveia, 1994). Hánecessidade de redução do alto custo deprodução (Silva, 1996), estando o mesmodiretamente relacionado, dentre outrosfatores, com a alta taxa de mortalidade ebaixa produtividade de origem sanitária enutricional (Pinheiro et al., 1999).

Por outro lado, os dados de caracterizaçãoda atividade em MG são escassos, ecarecem de suporte para orientar ações dePesquisa, Extensão e Defesa Sanitária,mercadológicas e Políticas Públicasindicadas como Prioritárias, no PlanoSetorial da Caprinocultura e Ovinoculturaem MG, proposto pela Secretaria daAgricultura (SEAPA-MG, 2005).

2.1 - Características da produção decaprinos e ovinos - situação mundial eno Brasil

Os ovinos e caprinos constituíammundialmente até 1996, o segundo e quartolugar respectivamente, em número deanimais. A criação de ovinos é relativamentebem representada em paísesdesenvolvidos, com animais mantidos sobregime extensivo em grandes áreas depastagens cultivadas. Países como aAustrália, Nova Zelândia, China, África doSul e Argentina, concentram a maioria dosrebanhos ovinos, onde a criação debovinos, aves e caprinos é menor. Oscaprinos, por sua vez, situam-se em grandemaioria, nos países em desenvolvimentocomo a Índia, a China e o Paquistão que

juntos, concentram 42% do rebanhomundial, e tendem a estar maisconcentrados em áreas secas tropicais esubtropicais, com terras pobres, poucovoltadas à agricultura (Morand-Fehr eBoyazoglu, 1999; Embrapa Caprinos, 2000).

A maior parte do rebanho ovino localiza-seem áreas temperadas, onde o principalproduto utilizado é a lã, seguida da carne,leite e pele. Nos trópicos, os ovinos sãogeralmente deslanados, com os maiorescontingentes na África, destacando-se osrebanhos da Etiópia, Sudão, Somália eNigéria (Oliveira e Lima, 1994). Aovinocultura e caprinocultura são atividadesexploradas em todos os continentes,entretanto, somente em alguns paísesapresenta expressividade econômica, sendona maioria dos casos, desenvolvida deforma extensiva, com pouca utilização detecnologia (Embrapa Caprinos, 2000).

Durante os últimos quinze anos,mundialmente, o número de caprinoscresceu na faixa de 50%, enquanto onúmero de ovinos decresceu 4%. Para amaioria das espécies de animaisdomésticos, o número tem diminuído empaíses desenvolvidos, seja como resultadoda saturação do mercado, necessidade deprodutos de qualidade ou regulamentoscomerciais, seja em função de grandesperdas no número de animais devido adoenças anteriormente erradicadas nessespaíses. Os caprinos entretanto, têmaumentado especialmente nos países que ohaviam praticamente erradicado nos séculosXIX e XX (Morand-Fehr e Boyazoglu, 1999).Com exceção dos caprinos, o número decriações animais para consumo temaumentado em uma velocidade menor doque a da população humana,particularmente nos países emdesenvolvimento (Morand-Fehr eBoyazoglu, 1999).

Apesar da dimensão territorial brasileira edas condições ambientais favoráveis aodesenvolvimento da atividade, secomparado à criação de bovinos (180milhões de cabeças), o Brasil possui umrebanho ovino e caprino pequeno, da ordemde 32 milhões de cabeças, o equivalente a

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3,3% do efetivo mundial que é superior a990 milhões de cabeças (EmbrapaCaprinos, 2000). Desde o último censoagropecuário realizado (IBGE, 1996), deacordo com entidades e associações decaprinovinocultores, o número de pequenosruminantes tem aumentadosignificativamente, principalmente nasregiões Sudeste e Nordeste do Brasil.

O efetivo caprino e ovino de MG, segundo oúltimo censo agropecuário realizado, é de61.414 e 125.226 cabeças respectivamente(Censo, 1996), entretanto, dados maisrecentes elevam estes números para108.177 e 145.633 cabeças (IBGE, 2003).

2.2 - Aspectos zootécnicos da criação decaprinos e ovinos

O rebanho ovino brasileiro está concentradona Região Sul, sendo efetivo do Rio Grandedo Sul o maior da região, seguido da RegiãoNordeste, destacando-se os estados daBahia (BA), CE, Piauí (PI) e Pernambuco(PE). Os rebanhos ovinos das regiões Sul eNordeste apresentam algumas diferenças,considerando os aspectos raciais e sistemasde exploração utilizados. No RS os ovinossão destinados principalmente para aprodução de lã, embora essa tendênciaesteja mudando pela maior valorização dacarne. No nordeste o rebanho ovino éconstituído principalmente por animaisdeslanados, destinados à produção decarne e pele. O rebanho caprino nacionalestá concentrado (89,8%) no Nordeste,principalmente nos estados da BA, PI, PE eCE (Embrapa Caprinos, 2000).

No semi-árido, o sistema predominante deprodução de ovinos e caprinos para corte éo extensivo, dependente da vegetação decaatinga e caracterizado pela utilização deanimais com genótipos não especializados.Este sistema está quase sempre associadoa cultivos de subsistência, com índices dedesempenho baixos associados à altamortalidade de animais e a idade tardia paraatingir o peso de abate (Guimarães Filho etal., 2000).

Os principais produtos oriundos daovinocultura e caprinocultura são a carne,

pele, leite e seus derivados, sendo comum oconsorciamento das espécies caprina eovina quando destinados à produção decarne. Apesar de um vertiginosocrescimento da demanda nos últimos anos,a carne ainda apresenta baixo consumo noBrasil. As peles de ovinos deslanados ecaprinos criados no Nordeste e em outrasregiões são consideradas as melhores domundo, podendo alcançar preçoscompensadores (Embrapa Caprinos, 2000).

Em MG, a produção de carne e pele decaprinos e de ovinos apresenta-se lucrativa,apesar dos baixos índices de produtividadedo rebanho devido aos custos mínimos deinvestimento (Azevedo et al., 1984; IMA,1998). Nas outras regiões do Estado,principalmente no Sul, Centro, Zona daMata, Zona Metalúrgica e Triângulo Mineiro,a caprinocultura é direcionada para aprodução de leite adotando um sistemamais tecnificado de criação (Azevedo et al.1984; Magalhães et al., 1985; IMA, 1998).

Segundo Silva (1996), na região Sudeste osrebanhos voltados à produção leiteira,adotam o sistema intensivo e em suagrande maioria, ficam restritas àproximidade das regiões metropolitanas eoutros centros urbanos, diferindo no manejoalimentar por utilizar em quase suatotalidade, ração comercial, elevando oscustos da produção.

Dentre os vários tipos raciais de caprinosencontrados em MG, destacam-se as raçasleiteiras Saanen, Toggenburg e PardaAlpina, além da presença de animais semraça definida (SRD), em grande número noNorte do Estado (Yorinori e Gouveia, 2001).Os tipos predominantes de ovinos ecaprinos para corte são resultantes damiscigenação de ecotipos nativos com asraças Anglonubiana, Bhuj e Jamnapari emais recentemente a Boer em caprinos ecom a raça Bergamácia e Dorper em ovinos(Gutierrez et al., 1981; Guimarães Filho etal., 2000).

Para o alcance da ampliação de mercadosconsumidores, faz-se essencial o perfeitocontrole tecnológico das produções, emtodos os níveis, onde a assistência técnica

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aparece como fator de peso. No norte deMG, 32% das propriedades amostradaspossuíam assistência técnica (Yorinori eGouveia, 2001).

A prática de identificação do rebanho é umadas maneiras de se obter o controle daprodução. Magalhães et al. (1985)observaram, em rebanhos leiteiros, grandenúmero de proprietários que efetuavam aidentificação de seus animais, ao passo queYorinori e Gouveia (2001), verificaramfreqüência baixa, sendo indicativa de baixonível tecnológico.

Em rebanhos da PB, RN e PE, grande partedos criatórios utiliza como método dereprodução, a monta natural em detrimentoda monta controlada (Souza Neto eGutierrez, 1987).

2.3 - Aspectos sanitários na criação decaprinos e ovinos

Estudo realizado por Pinheiro et al. (1999)em rebanhos caprinos no CE, demonstroualta taxa de mortalidade principalmenteentre animais jovens (22,8%),comprometendo o desenvolvimento daatividade em função do manejo sanitárioinadequado. Os autores ressaltam aindaque não há maiores preocupações com ahigiene e qualidade do leite mesmo emalguns rebanhos tecnificados.

Em MG, em etapa anterior deste trabalho,verificou-se que somente 4,7% dosentrevistados exigem a documentaçãosanitária na compra de animais, enquanto amaioria (91%), não reconhece a importânciadesta prática na manutenção da sanidadedo rebanho (Yorinori e Gouveia, 2001).

De acordo com as resoluções 65/94 e 66/94do MERCOSUL, os países membros dobloco devem certificar-se, em caso deexportação e importação de ovinos ecaprinos, de que o país de origem dosanimais esteja livre de determinadasenfermidades há pelo menos três anos,normas sanitárias estas que salientam aimportância econômica do controle eerradicação de enfermidades para a

obtenção da entrada do produto no mercadoexterno (Ribeiro, 1993).

Altos índices de mortalidade e a presençade extensa gama de patologias têm sidodescritos nos rebanhos ovinos e caprinos noBrasil. Ressaltando aqui a escassez dedados no País, pode-se citar em caprinos eovinos a ocorrência de Febre Aftosa (Silvaet al., 1988) Língua Azul (Cunha 1990;Costa e Lobato, 2000; Lobato et al., 2001;OIE 2001), Dermatite Pustular Contagiosa(Mazur e Machado, 1989), micoplasmoses(Nascimento et al., 1986), LinfadeniteCaseosa (LC) (Brown et al., 1989; Unanianet al., 1985), Clamidioses (Brown et al.,1989), Toxoplasmose (Machado e Lima,1987, Bahia et al., 1993; Vitor et al., 1999),Doença das Fronteiras (Brown et al., 1989),Eimeriose (Menezes e Lopes, 1996),Criptosporidiose (Vieira et al., 1997),Brucelose - B.abortus (Leite et al., 1984;Feitosa et al., 1991; Ferreira, 1996; Alves etal., 1997; Nascimento et al., 1997; Moura-Sobrinho et al., 2000; Gouveia, 2001),Leptospirose (Abreu et al., 1984), asLentiviroses de Pequenos Ruminantes(LVPR) (Moojen et al., 1986; Yorinori eGouveia, 2001; Sotomaior e Milczewski,1997). Os caprinos são susceptíveistambém à tuberculose, podendo funcionarcomo reservatório de infecção para bovinosou infectar diretamente o homem (Smith eSherman, 1994). Segundo Abrahão (1998),não há registros de M. bovis em cabras noBrasil. No entanto foram citados casos dainfecção em cabras, provavelmente emfunção do aleitamento de cabritos com leitede vaca sem tratamento térmico.

2.4 - Alguns aspectos sócio-econômicosdos criadores de caprinos e ovinos

Um dos entraves do desenvolvimento daprodução de caprinos é o nível deescolaridade dos produtores (Figueiredo,1990). Na BA, Tinôco (1983) verificou que56,8% dos produtores não possuíaminstrução; em MG e RJ, 62,5% dosprodutores de caprinos leiteiros tinhamcursado o nível superior (Magalhães et al.,1985) e no RN, 50% dos produtores tinhammenos de cinco anos de estudo (Baker eSouza Neto, 1987).

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Em três mesorregiões do Norte de MGverificou-se que 17,7% dos produtores nãotêm instrução, 48% possuem o primeirograu completo, 21% completaram osegundo grau e 10% têm nível superior.Observou-se ainda que a principal fonte derenda é proveniente das atividades rurais(77%), na maioria agricultura e pecuáriabovina, seguida da caprinocultura e outrasatividades (21%), que incluemcomerciantes, assalariados e autônomos(Yorinori e Gouveia, 2001).

Alguns critérios e pontuações importantespara determinar o nível tecnológico dacaprinocultura e ovinocultura em MG forambaseados dos parâmetros utilizados porSilva e Gouveia (2002) e Medeiros et al.(2005).

3 - MATERIAL E MÉTODOS

3.1 - Marco amostral

A área total do estado de MG (588.383,6km2) compreende 12 mesorregiõesJequitinhonha, Norte de Minas e Vale doMucuri, Campo das Vertentes, CentralMineira, Metropolitana de Belo Horizonte,Noroeste de Minas, Oeste de Minas,Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/AltoParanaíba, Vale do Rio Doce e Zona daMata que foram objeto de pesquisa dopresente trabalho. Nesta área em estudoestão localizadas as 17 DelegaciasRegionais (DR’s) e 202 EscritóriosSeccionais (ESEC’s) do IMA, cujosveterinários aplicaram um questionário noano de 2001 e seus dados serviram desubsídio para essa dissertação. O trabalhofoi realizado nas regiões produtoras decaprinos e/ou ovinos nas doze mesorregiõesde MG, que para efeito de análise, foramagrupadas em Regiões Norte e Centro-Oeste-Sul (Figura 1).

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Figura 1 -– Localização dos municípios com propriedades de caprinos, amostradas nas dozemesorregiões de Minas Gerais, 2001.

A Figura 1 apresenta as doze mesorregiõesde MG onde estão marcados os municípios(marrom) em que houve pelo menos umapropriedade de caprino amostrada comaplicação do questionário ao caprinocultorou responsável. A amostragem se mostrouhomogênea abrangendo 284 propriedades

em 151 municípios de MG. Considerando agrande extensão territorial e as diferençasedafo-climáticas e sócio-econômicas, paraefeito da análise, o Estado foi dividido emduas regiões, Norte (quatro mesorregiões) eCentro-Oeste-Sul (oito mesorregiões).

Figura 2 - Localização de municípios com propriedades de ovinos amostradas nas dozemesorregiões em Minas Gerais, 2001.

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A Figura 2 apresenta as doze mesorregiõesde MG onde estão assinalados osmunicípios (marrom) em que houve pelomenos uma propriedade de ovinoamostrada com aplicação do questionárioao ovinocultor ou responsável. Aamostragem se mostrou homogêneaabrangendo 213 propriedades em 142municípios de MG. Considerando a grandeextensão territorial e as diferenças edafo-climáticas e sócio-econômicas, para efeitoda análise, o Estado foi dividido em duasregiões, Norte (quatro mesorregiões, azul) eCentro-Oeste-Sul (oito mesorregiões,amarelo).

O efetivo caprino de MG, 108.177 cabeças,é composto basicamente por animais deraças leiteiras e de corte (IBGE, 2003). Oefetivo ovino é de 145.633 cabeças e suaprodução é voltada, na maioria, para aprodução de carne. Segundo IBGE (2001)MG possui 1600 rebanhos de ovinos e 1400rebanhos de caprinos.

3.2 - Amostragem e DelineamentoEstatístico

A ausência de uma listagem oficial ecadastramento centralizado doscaprinocultores e ovinocultores do Estado,tornou impossível a amostragem ao acaso.Para selecionar os produtores, utilizou-seamostragem não-probabilística, a partir defontes de informações obtidas no IMA,Caprileite/ ACCOMIG e EMATER, os quaisforneceram uma lista inicial de produtores, eestes foram a fonte para localização deoutros produtores.

Considerando a grande extensão territorial eas diferenças edafo-climáticas e sócio-econômicas, para efeito da análise o Estadofoi dividido em duas regiões, Norte (quatromesorregiões) e Centro-Oeste-Sul (COS)(oito mesorregiões).

3.3 - Entrevistas

As cartas de mobilização aos veterinários doIMA (Anexo 1) foram encaminhadas aosEscritórios Seccionais, juntamente com arelação disponível de criadores da região.

Quando da visita a cada fazenda, foiaplicado um questionário, previamentetestado (Pinheiro e Gouveia, 2001; Yorinorie Gouveia, 2001) abordando dados doprodutor, da propriedade e do rebanho. Noscriatórios que tiveram criação mista(caprinos e ovinos), foram preenchidos noquestionário, os dados referentes aosovinos e aos caprinos.

Na ocasião da visita à propriedade, foientregue uma carta inicial aos produtoresressaltando a importância do trabalho a serrealizado com os dados coletados em cadapropriedade.

3.4 - Análise dos dados

Os dados foram armazenados e analisadosutilizando os programas Windows Excel 98e Epi-info (Dean et al,1992), estabelecendo-se a freqüência de cada variável na amostralevantada. A comparação das freqüênciasfoi realizada pelo teste de qui-quadradoestabelecendo-se a freqüência de cadavariável na amostra levantada.

Foram selecionadas 13 variáveis paradeterminação do nível tecnológico, sendo asmesmas para caprinos e ovinos, compontuações 1, 2, 3 em função dacomplexidade e conhecimento técnico parasua implantação, ou seja, quanto mais difícilde ser implementada, maior foi suapontuação. A seleção das variáveis e suaspontuações foram baseadas em critériosutilizados por Laender e Gouveia (2002),Silva e Gouveia (2002) e Medeiros et al(2005).

O nível tecnológico das propriedades decaprinos e ovinos foi obtido dividindo-se ospontos adquiridos pela propriedade pelototal de pontos máximo possível (22 paracaprinos e 26 para ovinos) e o percentualfinal foi utilizado na classificação de acordocom o seguinte ponto de corte: níveltecnológico baixo (3), propriedades queobtiveram percentual entre 0 e 33%, níveltecnológico médio (2), aquelas queobtiveram percentual entre 34 e 64% e níveltecnológico alto (1) aquelas com percentualde 65 a 100%.

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Tabela 1 – Variáveis com pontuações utilizadas para caracterização de nível tecnológico daspropriedades de Ovinos e Caprinos amostradas em Minas Gerais, 2001.

Grupo Variável Ovinos Caprinos

Aprisco 2 1Assistência técnica 3 2

Infra-estrutura

Esterqueira ou piso ripado 3 2

Capineira 2 1Sal mineral 1 1

Alimentação

Divisão de pastagens 1 1

Sanidade Cura de umbigo 1 1Vermifugaçao 1 1Faz algum exame 3 3Faz alguma vacina 2 2

Produção Idade de desmame 2 2Monta controlada 3 3Faz estação de monta 2 2

A validação dos níveis tecnológicos foi feitapelo método de análise discriminante,possibilitando saber se determinadapropriedade foi classificada de forma corretaou errada e quais foram as variáveis quedeterminaram essa classificação, ou seja,aquelas que precisam ser mais bemtrabalhadas.

Algumas variáveis consideradas importantesna determinação do nível tecnológico foramexcluídas devido ao grande número deprodutores sem resposta, o quecomprometeria a qualidade da classificaçãofinal. Essas variáveis foram: tipo desuplementação fornecida, separação porfaixa etária, quarentenário, idade e peso deabate dos animais.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 – Caracterização da Caprinoculturaem MG.

A caprinocultura e a ovinocultura têm sidotradicionalmente tratadas como se fossem amesma atividade agropecuária sob adenominação de caprinovinocultura. Nestetrabalho optou-se por considerá-lasseparadamente, como deve ser, pois a

caprinocultura é uma atividade distinta daovinocultura com índices zootécnicos,manejos, nutrição distintos; portanto essetrabalho é constituído de duas partes sendoa primeira, a Caracterização daCaprinocultura em MG e a segunda, aCaracterização da Ovinocultura em MG.

Os questionários aplicados em todo oestado alcançaram uma abrangência físicapróxima de 45% do total dos municípios deMG, com cobertura em torno de 300municípios e buscaram, pela amplitude, umaamostragem que permitiu determinar ascaracterísticas da atividade.

O efetivo de caprinos e ovinos para corte epara leite apresenta-se distribuído em doisgrupos distintos, sendo um o sistematradicional, de grande importância social, e ooutro um sistema tecnificado para produção,de importância econômica, mais moderno eprodutivo, que cada vez mais vem sendotrabalhado como agronegócio paraprodução comercial de carne, pele e leite.Estes dois segmentos precisam de atençõesdistintas, mas apresentam, comocaracterística comum, o desconhecimentosobre manejo sanitário e alimentar.

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Tabela 2 – Efetivo dos rebanhos caprinos (cabeças) de Minas Gerais, 2001 – 2003Efetivo de MGEspécie

2001 2003Caprinos (Dados IBGE) 96634 108117Caprinos (Dados Anualpec) 88174 91104

A pouca informação tem limitado aimplantação de medidas profiláticas, sócio-econômicas e de mercado na atividadecaprina que esbarra na falta de dadosrelativos ao número e localização decriatórios de caprinos e no conseqüentedesconhecimento do real número decriadores e das condições e característicasde criação. Ao observar os dados deefetivos de rebanhos de caprinos em MGnos anos de 2001 e 2003 obtidos do IBGE eAnualpec pode-se observar divergênciaentre as duas fontes quanto ao número decaprinos em MG (Tabela 2).

A falta de um cadastro estadual com dadoscentralizados, relativos ao número elocalização de criatórios de caprinos,tradicionais ou tecnificados, é um fatorlimitante. Algumas instituições possuem“seu” cadastro, mas não existe um cadastro

geral de criadores de caprinos, envolvendoinclusive aqueles não registrados naAssociação Estadual de Criadores decaprinos responsável pelo Serviço Oficial deRegistro Genealógico em MG.

Como as cadeias produtivas dacaprinocultura e ovinocultura são frágeis epouco organizadas, dinamicamente, muitoscriadores iniciam a criação, enquanto outrostantos param de criá-los. Assim, aatualização dos dados por parte doprodutor, pelo menos anual, é desejável.Diversos mecanismos são possíveis parapossibilitar esta periodicidade. Uma boaopção é a centralização do Cadastro noórgão executor estadual (SEAPA-MG) e naAssociação Estadual de Criadores, todosvinculados ao MAPA. A forma de acesso aeste cadastro por outras instituiçõespúblicas deve ser avaliada e implementada.

Tabela 3 – Evolução do efetivo caprino (cabeças) por mesorregião de Minas Gerais de 1997 –2003

Mesorregião 1997 1999 2001 2003 % (1997-2003)Noroeste de Minas 3186 2589 3052 1961 -38,4

Norte de Minas 16878 19672 23164 38192 126,0Jequitinhonha 6143 5408 6729 7586 23,5Vale do Mucuri 2167 2179 2297 2130 -1,7

Triângulo Mineiro/AltoParanaíba

5278 5633 5915 6148 16,5

Central Mineira 1124 1400 1379 713 -36,6Metropolitana de Belo

Horizonte4362 6848 6386 6261 43,5

Vale do Rio Doce 15556 16017 15802 12945 -16,8Oeste de Minas 2435 3616 3810 3255 33,7

Sul/Sudoeste de Minas 7701 9230 9477 10331 34,1Campo das Vertentes 766 687 711 659 14,0

Zona da Mata 15269 17094 17912 17996 17,8Minas Gerais 80865 90373 96634 108177 33,8

IBGE (2004)

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A Tabela 3 mostra o crescimento dorebanho caprino em MG, dividido pormesorregiões. A partir de 1997 houve umcrescimento constante do número deanimais no estado, porém esse crescimentofoi concentrado em algumas regiões comoNorte de Minas, Sul/sudoeste de Minas eZona da Mata. O conhecimento da

distribuição do efetivo caprino pormesorregião é importante para que políticaspúblicas, sócio-econômicas ou sanitárias, eprivadas sejam direcionadas para essasregiões onde podem atingir um maiornúmero de animais e provavelmente decriadores.

Tabela 4 - Quantidade de municípios e de propriedades com caprinos por mesorregião emMinas Gerais, 2001

Municípios amostrados Propriedades amostradasMesorregiãon % n %

Central Mineira 4 2,6 4 1,4Campo das Vertentes 0 0,0 0 0,0

Jequitinhonha 8 5,3 26 9,1Metropolitana de BH 15 9,9 15 5,3

Norte de Minas 31 20,5 142 50,0Noroeste de Minas 2 1,3 2 0,7

Oeste de Minas 2 1,3 2 0,7Sul/Sudoeste de Minas 27 18,0 27 9,5

Triângulo/Alto Paranaíba 14 9,3 14 4,9Vale do Mucuri 3 2,0 4 1,4

Vale do Rio Doce 19 12,6 21 7,4Zona da Mata 26 17,2 27 9,9

Total 151 100 284 1001 Porcentagem em relação ao número total de Municípios amostrados2 Porcentagem em relação ao número total de unidades produtoras de Caprinos amostradas.

Os 284 criadores de caprinos incluídos naamostragem estão distribuídos em 12mesorregiões, abrangendo 151 municípios(Tabela 4), a maior concentração depropriedades amostradas situa-se naMesorregião Norte de Minas com 50,0%,

fato justificado pelo fato de também possuir35% do efetivo total do estado. As demaispropriedades amostradas estão distribuídasde forma homogênea pelas 11mesorregiões restantes.

Tabela 5 - Distribuição de criadores de caprinos amostrados por região em Minas Gerais, 2001Região Propriedades amostradas por região/ano

n %Norte1 174 61,3COS2 110 38,7Minas Gerais3 284 100,01Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas.2Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.

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A maioria (61,3%) das propriedades decaprinos de MG está localizada na regiãoNorte de MG, reforçando a tradição dessaregião como criadora de caprinos, ospequenos ruminantes têm um papel

importante na subsistência da populaçãodessa região que, de forma geral, é carentee tem nos caprinos uma fonte de renda e deproteína de origem animal.

Tabela 6 - Distribuição de criadores de caprinos por região amostrados em Minas Gerais, 2001Tipo de criação Minas Gerais1 Norte2 COS3

n % n % n %Somente caprinos 192a 67,6 112 64,4 80 72,7Caprinos e ovinos 92A 32,4 62 35,6 30 27,3Total 284 100,0 174 100,0 110 100,01Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.

Nas propriedades rurais amostradas emMG, a maioria dos criadores de caprinos(67,6%) criam somente esta espécie animal,enquanto que 32,4% criam caprinos eovinos (Tabela 6), indicando tendênciadesses criadores em se especializarem,pois são duas espécies distintas que

merecem manejos distintos. Vale considerarque a caprinocultura leiteira é uma atividademais tradicional no COS do Estado, tendosido introduzida na década de 80caracterizada pela criação semi-intensiva aintensiva de caprinos de raças exóticasespecializadas (Assis e Gouveia, 1994).

Tabela 7 – Classificação por nível tecnológico das propriedades de caprinos amostradas emMG, pela análise discriminante em 151 municípios, 2001

Nível tecnológicoVariável 1 (alto) 2 (médio) 3 (baixo)

Classificação correta 1 14 3 0Classificação correta 2 1 85 8Classificação correta 3 0 5 103Total 15/2191 (6,8%) 93/2191 (42,5%) 111/2191 (50,7%)Total correto 142/15 852/93 1032/111Percentual de corretos 93,3% 91,4% 92,8%1 Número total de propriedades classificadas= 2192Número total de propriedades classificadas corretamente= 202Percentual de corretos (112/117) = 92,2%

A Tabela 7 apresenta a validação daclassificação do nível tecnológico daspropriedades de caprinos, através dométodo de análise discriminante. Das 219propriedades classificadas, 15 (6,8%) foramclassificadas como de alto nível tecnológico,sendo que uma deveria ser de médio níveltecnológico (2) segundo análisediscriminante, das 93 (42,5%) classificadascomo de médio nível tecnológico, oito foram

classificadas incorretamente e três deveriamser de nível 1 e cinco de nível 3 e das 111(50,7%) classificadas de baixo níveltecnológico, oito deveriam ser de nível 2.

Laender e Gouveia (2002) trabalhando com172 propriedades de caprinos em trêsmesorregiões do Norte de MG encontraram34,9% (60/172) classificadas como de Bomnível tecnológico, 40,7% (70/172) como

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Regulares e 24,4% (42/172) como de Baixonível tecnológico. Esses resultados foramdiferentes dos encontrados nesse trabalho,pois o percentual de propriedadesclassificadas como de Alto nível tecnológicofoi menor (6,8%), o percentual depropriedades de Médio nível foipraticamente o mesmo (42,5%) e o depropriedades de Baixo nível foi maior(50,7%) (Tabela 7).Entretanto os critériosutilizados por estes autores foram diferentesdos aqui considerados e sem validação pelométodo de análise discriminante.

O percentual médio de acerto naclassificação geral das 219 propriedades decaprinos foi de 92,2%. Índices de acertoacima de 60% já são consideradosaceitáveis. As variáveis escolhidas comsuas respectivas pontuações podem serconsideradas muito confiáveis nacaracterização de propriedades de caprinosconforme apresentado nesse trabalho.Foram classificadas 219 das 284propriedades porque as demais tiveram nomínimo três variáveis sem resposta o quecomprometeria a qualidade da análise.

Tabela 8 – Função discriminante linear por grupo tecnológico nas propriedades de caprinosamostrados em Minas Gerais, 2001

Nível tecnológicoVariável 1 (alto) 2 (médio) 3 (baixo)

Aprisco 2,365 4,009 3,171Assistência técnica 4,402 2,464 0,382Piso Ripado ou Esterqueira 4,048 2,246 0,070Capineira 4,007 3,082 1,041Sal 2,652 3,638 2,677Divisão de pastagem 5,186 3,105 1,500Umbigo 1,694 1,059 0,802Verminose 4,366 5,340 4,787Algum exame 4,791 1,457 0,267Alguma vacina 3,371 2,431 0,956Idade de desmame 6,054 1,468 0,208Monta controlada 6,932 0,627 -0,098Estação de monta 14,249 0,797 -0,043

A Tabela 8 apresenta as variáveis utilizadasna classificação do nível tecnológico daspropriedades de caprinos divididas por níveltecnológico. Percebe-se que cada variáveltem um valor de acordo com o níveltecnológico, por exemplo, as variáveisestação de monta, monta controlada e idadede desmame são importantes para que umapropriedade seja classificada como de altonível tecnológico enquanto que o fato depossuir aprisco e de vermifugar os animaissão características importantes paraclassificar propriedades de baixo níveltecnológico. Existe uma lógica nessaclassificação, pois realizar montacontrolada, fazer estação de monta edesmamar animais precocemente sãomedidas de manejo que requerem

assistência técnica de qualidade comcontrole zootécnico rigoroso. Já avermifugaçao é uma medida importante,mas que não requer tanta informaçãoquanto a realização de estação de monta,ou seja, quanto maior o nível tecnológico,mais complexas são as variáveis adotadasna propriedade.

De acordo com os resultados pode-seconcluir que dez variáveis foram importantesna classificação e que três tiveram pesorelativamente baixo, como o uso de sal, ocorte e cura de umbigo e a fato de possuiraprisco não influenciando tanto e poderiamaté mesmo ser tiradas da lista. As variáveismais de maior peso foram a Montacontrolada, Estação de monta, Idade de

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desmame, Divisão de pastagem, Realizaçãode algum tipo de exame, Vermifugação,Assistência técnica, Presença de piso ripadoou esterqueira, Presença de capineira eVacinação.

4.1.1 Caprinocultura leiteira

Na Tabela 9 a maioria dos caprinocultoresentrevistados não forneceu informaçõesinerentes à ordenha, processamento de leitee tratamento de cabra seca o que pode serexplicado pelo grande número deprodutores de caprinos de corte amostrados(Figura 3).

Tabela 9 - Distribuição das propriedades de caprinos conforme higienização na ordenha etratamento preventivo de mastite em 151 municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variável Estraton % n % n %

Não 6 2,1 1a 0,4 5a 1,8Sim 37 13,0 6a 2,1 31a 10,9Não informado 241 84,8 167 58,8 74 26,0

Higienização naordenha e/ouequipamento

Total 284 100 174 61,3 110 38,7Não 56 19,7 14a 4,9 42a 14,8Sim 34 12,0 4a 1,4 30a 10,6Não informado 194 68,3 156 54,9 38 13,4

Realização delinha de ordenha

Total 284 100 174 61,3 110 38,7Não 64 22,5 19a 6,7 46b 16,2Sim 37 13,0 3a 1,1 34b 12,0Não informado 182 64,1 152 53,5 30 10,6

Imersão de tetaspós-ordenha

Total 284 100 174 61,3 110 38,7Não 83 29,2 21a 7,4 62a 21,8Sim 17 6,0 1a 0,4 16a 5,6Não informado 184 64,8 152 53,5 32 11,3

Tratamentopreventivo demamite emcabras secas Total 284 100 174 61,3 110 38,7

Não 82 28,9 18a 6,3 64a 22,5Sim 38 13,4 5a 1,8 33a 11,6Não informado 164 57,7 151 53,1 13 4,6

Sala deprocessamentode leite

Total 284 100 174 61,3 110 38,71Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A utilização de ordenhas mecânicas é umindicativo de tecnologia na propriedade,porém esse equipamento requer mão-obra-obra especializada e cuidados com ahigiene, sem a qual pode se tornar umproblema diminuindo a produção,aumentando a incidência de infecçõesmamárias, sendo fator de alto risco pararebanhos leiteiros positivos para CAE. Dos

43 produtores que informaram, 36 estão noCOS região caracteristicamente com maiorconcentração de caprinos leiteiros (Tabela9). Dentre os produtores que informaram,86,0% (37/43), fazem a higienização naordenha.

A realização de linha de ordenha é umamedida de manejo muito importante para a

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atividade leiteira, pois animais sadios e semmastite devem sempre ser ordenhadosprimeiro, seguidos dos que possuem mastitesubclínica e os com mastite clínica devemser ordenhados separadamente e o leitedescartado. Na amostra estudada somente12,0% dos produtores fazem linha deordenha. Dos 90 produtores que informaram56 (62,2%) não adotam linha de ordenha, oque é grave, principalmente nos plantéispositivos para CAE.

A imersão de tetas pós-ordenha emsoluções desinfetantes e o tratamentopreventivo em cabras secas são duasmedidas fundamentais no controle eprevenção da mastite no rebanho, aimersão pós-ordenha é importante naprevenção da mastite ambiental e otratamento de cabras secas protege o úbereno período seco e diminui casos de mastiteclínica na lactação seguinte. Somente

13,0% dos produtores amostrados fazemimersão de tetos pós-ordenha e 6,0% fazemtratamento preventivo contra mastite(Tabela 9). Dos 101 que informaram sobreessa variável, 80 (80,0%) estão no COS.

A presença de sala de processamento deleite é um indicativo de bom níveltecnológico, pois os produtores que apossuem sabem da importância de se obterum produto de qualidade. Dentre os 120produtores que informaram, 82 (68,3%) nãopossuem essa benfeitoria. O pouco númerode propriedades com salas de ordenhaexplica o fato das cabras serem ordenhadasnas baias e desmistifica o preconceito deboa parte da população quanto ao sabor doleite de cabra e seus derivados. Afabricação de derivados é uma alternativainteressante para agregar valor ao produto,aumentando a lucratividade final, tais comoqueijos, iogurte e doce de leite.

4.1.2 - Características gerais do sistema de produção de caprinos

Tabela 10 - Distribuição das propriedades de caprinos de acordo com o regime de criação em151 municípios de Minas Gerais , 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Regime de criaçãon % n % n %

Intensivo 20 7,0 03a 1,1 17b 5,9Semi-intensivo 110 38,7 91ª 32,0 19b 6,7Extensivo 99 34,9 80ª 28,2 19b 6,7Não informado 55 19,4 0a 0 55b 19,4Total 284 100 174 61,3 110 38,71Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Observou-se em MG maior freqüência dosregimes extensivo e semi-intensivo (73,6%).O Norte possui menor freqüência depropriedades com regime intensivo decriação, com produção de carne e pelesendo uma região de grandes extensões deterra, de baixa pluviosidade e compredominância de baixo nível tecnológico,com os animais criados em pastoreioextensivo durante o dia e com alguma

proteção do ambiente natural durante anoite, de forma consorciada (principalmentecaprinos com ovinos), manejo semelhanteao da caprinocultura nordestina (Pinheiro etal., 1999; Yorinori e Gouveia, 2001).

De acordo com Azevedo (1984), o sistemade exploração extensivo, voltado àprodução de carne e pele já se localizava,em meados da década de 80,

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principalmente no norte de MG. Magalhãeset al. (1985) comprovaram que rebanhos doRJ, Zona da Mata e Zona Metalúrgica emMG (atual Metropolitana de Belo Horizonte),são voltados à produção de leite e/ougenética, encontrando freqüências de54,2% dos criatórios de caprinos queadotavam o sistema intensivo e 45,8% o

sistema semi-intensivo, sendo que taldiferença pode ser explicada pelo fato deque nas regiões estudadas haviapredominância de raças leiteiras, bem comopode também estar refletindo o nível sóciocultural dos produtores, uma vez que 62,5%possuíam nível superior.

Figura 3 - Objetivos da produção em 284 propriedades com caprinos em 151 municípiosamostrados nas 12 mesorregiões Minas Gerais, 2001..

Norte COS

Figura 4 - Objetivos da produção nos rebanhos caprinos nas regiões Norte (174) e COS (110)de Minas Gerais, 2001.

Atualmente 1% dos caprinocultores de MGtem como finalidade a produção dereprodutores e matrizes (Figura 3), porémMagalhães et al (1985) encontraram 62,5%de caprinocultores com essa finalidade naregião da Zona da Mata de MG e RJ.Naquela época havia grande procura de

reprodutores para formação dos rebanhosleiteiros enquanto que hoje as propriedadescom finalidade leite possuem seus própriosreprodutores selecionados e comercializamsomente os melhores animais que podem,supostamente, serem melhoradores emoutras regiões.

0%

18%

18% 61%

1% 2%Carne

Leite

Pele

Mista leite/carne

Reprodutores/Matrizes

Não informado

1%

30%

1%41%

22%

5%

Carne

Leite

Pele

Mista leite/carne

Reprodutores/MatrizesNão informado

86%

10%0%

3%

1%0%

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Observando a Figura 3 percebe-se que amaioria dos caprinocultores de MG temcomo principal objetivo a produção de carne(61%), A caprinocultura para produção decarne está concentrada no Norte com 86%dos produtores voltados para essafinalidade enquanto que no COS elescorrespondem a 22,0%, ou seja, acaprinocultura do COS possui maior númerode produtores com finalidade leite (Figura4).

No Norte de MG a produção de carne e pelede caprinos possui baixos índices deprodutividade do rebanho, devido aosescassos investimentos (Azevedo, 1984).Nas outras regiões do Estado,principalmente no Sul, Centro, Zona daMata, Zona Metalúrgica e Triângulo Mineiro,a caprinocultura é direcionada para aprodução de leite, adotando um sistemamais tecnificado de criação (Azevedo, 1984;Magalhães et al., 1985; IMA, 1998).

Tabela 11 - Distribuição das propriedades de caprinos em 151 municípios de Minas Gerais deacordo com a época de início da criação

Minas Gerais1 Norte2 COS3Início da criaçãon % n % n %

1930-1970 14 5,0 13 a 4,6 01b 0,41971-1980 19 6,7 11 a 3,9 08 a 2,81981-1990 45 15,8 22 a 7,7 23 a 8,11991-2000 173 60,9 128 a 45,1 45 b 15,8>2000 25 8,8 0 a 0 25 b 8,8Não informado 08 2,8 0 0 08 2,8Total 284 100 174 61,3 110 38,71Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A caprinocultura de subsistência é umaatividade antiga em MG, com presença dacaprinocultura de corte concentrada noNorte de MG nas décadas de 60 e 70. Nofinal dos anos 70 e durante toda a décadade 80 começaram as importações decaprinos leiteiros da Europa e Canadá,animais que serviram de base paraformação do rebanho nacional; a partir dosanos 90 houve uma expansão dacaprinocultura por todo o estado,

basicamente de rebanhos tipo corteprovenientes de animais nacionais,adaptados `as condições ambientaisbrasileiras. Verificou-se que a maioria doscriadores ingressou na atividade nessadécada (60,9%) (Tabela 11), esse ingressorecente de produtores na atividade traz asvantagens desses criadores estaremmotivados e abertos a novas formas deprodução.

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Tabela 12 - Distribuição das propriedades de caprinos de acordo com a origem dos animais em151 municípios de Minas Gerais, 2001

1Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Tabela 13 - Distribuição das propriedades de caprinos de acordo com tipos raciais nosrebanhos em 151 municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COSTipo racialn % n % n %

Puro Nacional 6 1,5 3a 0,8 3a 0,8Puro Exótico 136 35,0 63 a 16,2 73b 18,8Mestiço 66 17,0 30 a 7,7 36 b 9,2Sem Raça Definida 176 45,2 144 a 37,0 32 b 8,2Não informado 5 1,3 1 0,3 4 1,01Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Observando-se a origem do rebanhocaprino, 94,7% das propriedadesamostradas possuem animais de origemnacional (Tabela 13) e verificando-sediferença significativa (p<0,05) entre osanimais importados no Norte (0,4%) e noCOS (4,2%), correspondendo aos animaisde raças exóticas leiteiras importados nadécada de 80, e em menor quantidade, oscaprinos de corte da raça Boer cujosprimeiros registros oficiais datam de 1999no Brasil e 2001 em MG.

O tipo racial predominante em MG é o SRD(45,2% das propriedades amostradas),seguido pelo tipo exótico (35,0%),representado predominantemente pelasraças Alpina, Saanen, Toggenburg

(predominantes no COS), Anglonubiana,predominante no Norte de MG (Yorinori eGouveia, 2001) e pelo tipo mestiço (17,0%)resultante dos cruzamentos entre raçasnativas, exóticas e SRD (Tabela 13).

Segundo Figueiredo (1990), o potencialgenético das raças nativas é melhoradopelo cruzamento entre raças nativas eexóticas, ressaltando-se que esta prática,pode por um lado permitir o melhoramentogenético, e por outro, possibilitar aintrodução de agentes infecciososfreqüentemente encontrados em raçasexóticas. Azevedo (1984) cita três raçaseuropéias de caprinos em MG (Saanen,Toggenburg, Alpina) destinadas à produçãode leite.

Minas Gerais1 Norte2 COS3Origem do rebanhon % n % n %

Importado 13 4,6 01a 0,4 12b 4,2Nacional 269 94,7 173 a 60,9 96 b 33,8Não informado 02 0,7 0 0 02 0,7Total 284 100,0 174 61,3 110 38,7

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Tabela 14 - Distribuição das propriedades de caprinos quanto à existência, freqüência e tipo deacompanhamento técnico em Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variável Estraton % n % n %

Sim 112 39,5 63ª 22,2 49a 17,3Não 168 59,1 111a 39,1 57a 20,0Não informado 04 1,4 0 0 04 1,4

Acompanhamentotécnico

Total 284 100 174 61,3 110 38,7Semanal 7 6,3 2 a 1,8 5a 4,5Quinzenal 6 5,3 2 a 1,8 4 a 3,6Mensal 27 24,1 22 a 19,6 5b 4,5Semestral 16 14,3 12 a 10,7 4 a 3,6Diariamente 7 6,3 1 a 0,9 6 b 5,3Bimestral 1 0,9 - - 1 a 0,9Quando precisa 44 39,3 23 a 20,5 21 a 18,7Não informado 4 3,6 1 0,9 3 2,7

Freqüência daassistência técnica

Total 112 100,0 63 56,3 49 43,5Veterinário 58 51,8 14 a 12,5 44b 39,3Zootecnista 3 2,7 1 a 0,9 2 a 1,8Agrônomo 9 8,0 7 a 6,3 2 a 1,8Técnico agrícola 42 37,5 41 a 36,6 1 b 0,9

Tipo de técnico

Total 112 100,0 63 56,3 49 43,51Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A maioria dos produtores de caprinosamostrados em MG não possuiacompanhamento técnico (59,1%). Dos 112que possuem algum tipo de assistênciatécnica, 44 (39,3%), chamam um técnicoquando necessário e 27 (24,1%),mensalmente. Ao comparar o Norte com oCOS não houve diferença significativa (p>0,05) entre essas regiões. No Norte, elaocorre mensalmente ou quando o produtorprecisa e, no COS, basicamente quandonecessário. Ficou evidenciado que oveterinário foi o profissional mais presentenas propriedades amostradas em MG

(51,8%) o mesmo acontecendo na regiãoCOS (87,8%, 44/49). No Norte o profissionalmais solicitado foi o técnico agrícola (65,1%,36,6/56,3) provavelmente pelo baixonúmero de veterinários e muitos técnicosagrícolas nessa região (Tabela 14).

Produtores que não possuem assistênciatécnica compõe o grupo de maior risco;pelos menores critérios sanitários a que sãosubmetidos e apresentam maior sujeiçãoaos processos de disseminação dedoenças.

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Figura 5 - Métodos de identificação dos animais nas propriedades de caprinos em 151municípios de Minas Gerais, 2001.

Norte COS

Figura 6 - Métodos de identificação dos animais nas propriedades com caprinos do Norte (174)e COS (110) nas doze mesorregioes de Minas Gerais, 2001.

Somente 27,1% (brincos, tatuagens,medalhas e outros) dos caprinocultoresamostrados em MG identificam seusanimais individualmente, utilizando brincos,tatuagens e medalhas (Figura 5). Entretantoobservando os estratos pode-se constatarque esse baixo percentual de identificaçãose deve principalmente à região Norte deMG, onde 90% não utilizam nenhum tipo deidentificação individual.

A identificação individual dos animais éfundamental para o controle da produção ea baixa freqüência de utilização reflete o

desconhecimento de sua importância porparte dos produtores de caprinos,principalmente destinados à produção decarne adotado no sistema extensivo, sendoindicativo de baixo nível tecnológico deprodução. Dados de Magalhães et al. (1985)em rebanhos basicamente leiteiros,demonstram que em 75% dos rebanhoscaprinos estudados no RJ e Zona da Matade MG, os proprietários identificavam osanimais. Vinte anos depois, na mesmaregião amostrada, 57,0% fazem algum tipode identificação individual (Figura 5).

1,4%4,6%7,7%6,7%

8,1%

71,5%

Não faz

Brinco

Tatuagem

Medalha

Outros

90%

4%1%

1% 2%2%

41%

15%15%

18%

9% 2%Não faz

Brinco

Tatuagem

Medalha

Outros

Não informado

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Tabela 15 - Distribuição dos caprinos por idade de desmame nas propriedades em 151municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Idade de desmamen % n % n %

Não faz 29 10,3 28a 9,9 01b 0,41 mês 03 1,1 0a 0 03b 1,12 meses 31 10,9 08a 2,8 23b 8,13 meses 43 15,1 14a 4,9 29b 10,54 meses 51 17,9 37a 13,0 14a 4,95 meses ou mais 102 35,8 68a 23,9 34a 11,9Não informado 25 8,9 17 6,0 08 2,8Total 284 100,0 174 60,5 111 39,51Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A idade de desmame dos animais é um indicador importante de ganho de peso, pois animaiscom melhor ganho de peso são desmamados mais cedo e, conseqüentemente, são abatidosmais cedo. O desmame na maioria das propriedades amostradas de MG é feito após cincomeses (Tabela 15); essa idade não é a ideal, pois em rebanhos de corte o desejado é que eleocorra no máximo aos três meses.

Nos rebanhos de corte esses animais devem ser abatidos no máximo com seis meses e compeso variando de 20 a 40 Kg. Nos rebanhos de leite os cabritos machos são desmamadosprecocemente e descartados ou criados para venda como reprodutores. Nos dois sistemas érecomendável a retenção de fêmeas para aumento do número de matrizes no próprio criatórioou de terceiros.

A freqüência de caprinocultores que não fazem nenhum controle do desmame foi maior noNorte que no COS (Tabela 15), ou seja, nessa região é freqüente que os produtores deixemque os cabritos desmamem naturalmente, sem um controle adequado de idade e peso paradesmamá-los. No COS houve maior freqüência de criadores que desmamam os animais aosum, dois ou três meses, demonstrando um melhor nível tecnológico, pois provavelmenteanotam a data do nascimento e ganho de peso.

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Figura 7 - Métodos de reprodução utilizados nas propriedades de caprinos em 151 municípiosde Minas Gerais, 2001.

Alcançar bons índices reprodutivos deve serum dos principais objetivos de qualquerpropriedade, pois quando a reprodução vaibem é sinal que os demais índices tambémvão e existem vários manejos reprodutivospossíveis, como a monta natural livre, montanatural controlada, monta dirigida einseminação artificial (IA). Na monta naturallivre, não há controle da paternidade econcorrência e brigas entre os machos. Namonta natural controlada um macho ficacom várias fêmeas. Na monta dirigida asfêmeas em cio, detectadas visualmente pelomanejador ou pelo uso de rufião, sãolevadas ao reprodutor, esse manejo tem asvantagens de um melhor controlezootécnico e evitar o desgaste doreprodutor, aumentando sua vida útil. A IA,método que permite ganho genético rápido,requer mão de obra especializada einvestimento inicial razoável, mas vemsendo difundida nos últimos anos naespécie caprina.

A estação de monta também é um manejofundamental para caprinos, consiste emdefinir um período em que as fêmeas sãocolocadas com os machos por 45 – 90 diascom o objetivo de concentrar as montas e

conseqüentemente os nascimentos,facilitando o manejo e a produção de lotesuniformes de animais. Permite tambémavaliar o desempenho de machos e fêmeas,possibilitando a seleção de animais comproblemas.

A monta natural (livre ou controlada) ainda éa mais usada na população amostrada(84,5%) e a monta dirigida (variávelindicadora de maior nível tecnológico) éadotada em apenas 12% das propriedades(Figura 7). Resultados semelhantes foramencontrados no Norte e COS, porém amonta natural é mais utilizada no Norte(94,2%, 164/174) e a monta dirigida e IAsão utilizadas no COS (26,4%, 29/110).Esses índices apontam as diferençasexistentes entre as regiões e que no COS omanejo reprodutivo está mais desenvolvido,com melhor utilização de técnicas quemaximizam o uso de reprodutores e de IAque aceleram ganhos genéticos dosrebanhos. Esse dado é indicativo de que hámuito para ser trabalhado quanto àimplantação de métodos reprodutivos comoa IA, que além de promover um avançogenético rápido permite o controle dedoenças sexualmente transmissíveis.

85%

12% 1% 2% Monta natural

Monta controlada

Inseminação artificial

Não informado

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Tabela 16 - Características das propriedades de caprinos de Minas Gerais em relação àpresença de aprisco e instalações, 2001

1Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

O abrigo coberto é importante nacaprinocultura para proteger os animais depredadores, roubos e de baixastemperaturas e chuvas. Para diminuir ocusto de construção dessas instalaçõespode-se construir um aprisco coberto paraos animais jovens e outro sem coberturapara os adultos, porém em regiões ondetemperaturas chegam abaixo de 22oC oucom chuvas freqüentes é preciso protegeros animais adultos de chuvas e ventos.

A presença e o tipo de aprisco para osanimais é um indicador do nível tecnológicoe a maioria das propriedades de MGpossuem aprisco (73,3%). Fato semelhanteocorreu no Norte (75,9%,132/174) e COS(69,1%, 76/110) (Tabela 16), portanto essaspropriedades possuem um local apropriadopara abrigar os caprinos, mesmo que esselocal não seja construído de formaadequada. Em MG a freqüência depropriedades que possuem aprisco foi maiorno Norte do que no COS, esses apriscossão basicamente de chão batido (41,7%,55/132) enquanto que no COS houve maiornúmero de propriedades com apriscosripados (63,5%, 64/85). O aprisco de chãopode necessitar de cama pela dificuldadede drenagem de líquidos dependendo do

tipo de solo, portanto, o custo demanutenção desses apriscos é maior epermanente quando comparado com ocusto de apriscos ripados.

Ao observar os dados obtidos pode-seconcluir que os produtores amostrados noNorte que fornecem sal mineralizado paraos animais estão em maior número do queos do COS, provavelmente por ser umaregião com rebanhos produtores de carneem sistema extensivo e condiçõesambientais desfavoráveis do ponto de vistanutricional. A alta freqüência de produtoresque utilizam sal mineralizado para oscaprinos pode ser justificada pelo fato doquestionário não diferenciar o tipo de saloferecido, sendo comum a utilização do salde bovinos para caprinos em função domenor custo.

O capim (capineira) também é umasuplementação muito usada em MG, porémhouve um grande número de produtoresque não informou qual capim utilizado, masdentre os que informaram o napier foi omais comum e a maioria absoluta estálocalizada na região COS. A silagem é bemutilizada em MG, porém ela é mais usada noNorte e feita basicamente de sorgo,

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variável Estraton % n % n %

Sim 208 73,3 132a 46,5 76a 26,8Não 73 25,7 42a 14,8 31a 10,9Não informado 03 1,0 0 0 03 1,0

Possui Aprisco

Total 284 100 174 61,3 110 38,7Chão batido 69 31,8 55 a 25,3 14b 6,4Ripado 124 57,1 70 a 32,2 54 b 24,9Cimentado 15 6,9 4 a 1,8 11 b 5,1Outro 4 1,8 3 a 1,4 1a 0,5

Tipo de Piso doAprisco

Não informado 5 2,3 - = 5 2,3

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enquanto que o milho é mais utilizado noCOS, talvez pelo fato de ser uma regiãoonde a seca é mais prolongada, fazendo dasilagem uma forma de conservação maissegura e duradoura para tempos deescassez.

4.1.3 - Aspectos sanitários dos rebanhoscaprinos

Foram citadas algumas enfermidades ealterações clínicas mais freqüentes nosrebanhos caprinos da região estudada.

Tabela 17 - Principais alterações observadas nos caprinos nas 284 propriedades em 151municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Principais alteraçõesobservadas nos caprinos n % n % n %

Ectoparasitos 154 54,3 36a 12,7 118b 41,6Aborto 141 49,7 95a 33,5 46b 16,2Linfadenite caseosa 103 36,2 85a 29,9 18b 6,3Diarréias freqüentes 84 29,5 50a 17,6 34a 11,9Mamites 73 25,7 30a 10,6 43b 15,1Pneumonias 56 19,7 27a 9,5 29b 10,2Ectima contagioso 49 17,3 42a 14,8 07b 2,5Ceratoconjuntivite 43 15,2 28a 9,9 15a 5,3Pododermatite 36 12,6 22a 7,7 14a 4,9Artrite 28 9,9 04a 1,4 24b 8,5Sintomas nervosos 15 5,3 07a 2,5 08a 2,8Não informado 30 10,5 13 4,6 17 5,91Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A Tabela 17 apresenta as alterações esintomas citados pelos proprietários dosrebanhos caprinos amostrados em MG, taiscomo aborto, LC, diarréias, mastites,pneumonias, pododermatites eectoparasitoses como piolhos, bicheiras,bernes e carrapatos. O COS teve maiornúmero de casos de artrites, pneumonias,mastites. Além de fatores climáticos acaprinocultura do COS é basicamenteleiteira, com animais puros ou provenientesde cruzamentos com raças européias e comsistema intensivo de produção favorecendoa incidência dessas enfermidades.

Grandes prejuízos econômicos sãooriginados pelas perdas fetais conseqüentesao aborto, o que pode ocorrer em até 50%de fêmeas prenhes de um rebanho (Silva e

Silva, 1983a). As causas de aborto podemser infecciosas ou não-infecciosas.Yorinori eGouveia, 2001, encontraram ocorrência deaborto em 41,2% das propriedadespesquisadas em três mesorregiões do Nortede MG, onde foram determinados algunssinais clínicos e doenças observadas pelosprodutores nos caprinos.

O sintoma clínico de maior freqüênciaobservado pelos proprietários em MG foi oaborto em 49,7% das propriedades (Tabela17). Pode-se perceber que o aborto foisignificativamente (p<0,05) mais freqüenteno Norte, região de sistema extensivo decriação, com menor possibilidade deocorrência de abortos infecciosos, mas quepodem ser justificados por carênciasminerais provocadas pelo uso de sal mineral

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inadequado para caprinos, pela presença deplantas tóxicas, importantes nos períodos deseca e por fatores mecânicos. Estes dadosdo semi-árido mineiro são semelhantes aosapresentados por Tinôco (1983) na BA(36,5% de abortos) e por Pinheiro et al.(2000) no CE (75,6% de abortos).

A LC ou mal do caroço foi a segundaenfermidade mais freqüente naspropriedades amostradas com 36,2%(Tabela 17). Observa-se que o atual índiceainda é semelhante ao encontrado há 20anos atrás (33,3%) por Magalhães et al(1985) em caprinos leiteiros de MG e RJ. Ocontrole da LC é feito basicamente pelodiagnóstico visual e incisão dos caroços quecontem grande quantidade de secreção edo agente Corynebacteriumpseudotuberculosis, devendo ser feita emlocal apropriado e com o máximo deassepsia possível.

A LC foi citada por 47,9% dos produtoresdo Norte de MG (Yorinori e Gouveia, 2001);concordando com a diferença significativaentre as regiões COS e Norte. Pode seinferir que a maior freqüência da LC noNorte se deva ao menor contato do produtorcom os animais em rebanhos de corte doque em rebanhos leiteiros, havendo menorvisualização do problema e,conseqüentemente, menor controle, alémda compra de animais sem controlesanitário de regiões onde essa enfermidadeé endêmica como o Nordeste brasileiro. Afreqüência de 29,9% encontrada naspropriedades no Norte de MG (Tabela 17)provavelmente é indicativo de trânsito doagente infeccioso do Nordeste para oSudeste.

A LC é uma moléstia crônica, debilitante econtagiosa, caracteristicamente supurativa einflamatória necrosante, que afeta um oumais linfonodos regionais superficiais e/ouviscerais, principalmente nos pulmões(Pépin et al., 1993; Nfi e Ndi, 1994). Umavez diagnosticada, torna-se endêmica e dedifícil erradicação, causando perdaseconômicas pela diminuição da produção,desvalorização da pele, baixa eficiênciareprodutiva, condenação de carcaças emorte (Nfi e Ndi, 1994; Gouveia, 2005b).

Tinôco (1983), verificou a presença da LCem 82,4% dos rebanhos caprinos na BA.enquanto no RN e PE, são citadas asrespectivas freqüências de 25% e 78%(Baker e Souza, 1987; Souza Neto, 1987).No CE, Pinheiro et al. (2000) encontraram66,9% de propriedades com caprinosportadores da enfermidade.

As perdas econômicas provenientes dasectoparasitoses, em particular naexploração caprina, são causadas pelamortalidade decorrente de altas infestaçõesou pela irritação causada aos animais,levando-os à queda de produtividade,predisposição à infecções secundárias,além de depreciação no valor comercial dapele (Vieira et al., 1998). Encontrou-se afreqüência de 54,3% das propriedades deMG em que foi citado algum tipo deectoparasitose, incluindo piolhos, bicheiras,bernes e carrapatos, porém vale ressaltarque sua freqüência é menor no Norte emfunção de fatores ambientais desfavoráveisaos ectoparasitos (Tabela 17). Magalhães etal. (1985) em MG e no RJ, verificaram apresença de 62,3% de bernes, 50% depiolhos e 37,5% de sarna em rebanhoscaprinos leiteiros.

Diarréias freqüentes foram encontradas em29,5% dos rebanhos amostrados de MG epodem ser provocadas por parasitosgastrintestinais, agentes infecciosos, máscondições de higiene das instalações, falhasde manejo como superlotação de animais,dentre outras.

Com 83,8% dos produtores realizandovermifugação em seus rebanhos (Tabela19) é possível inferir que as diarréias podemter outras causas, retirando-se as de origemparasitária, ou ainda, decorrentes de falhasno método de vermifugação, pois observou-se que algumas práticas de controle dosparasitos na fase ambiental incluindoalternância de vermífugo, rotação edescanso de pastagens, etc., não sãocorriqueiras na população amostrada.

Na região estudada foram encontrados25,7% dos rebanhos com fêmeas afetadaspela mastite (Tabela 17). Vale ressaltar quea mastite pode se apresentar de forma

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clínica ou subclínica, sendo essa últimamais freqüente, mais prejudicial e poucocontrolada pelos produtores, daí aimportância de se fazer o tratamento decabras secas, protegendo-as no períodoseco e diminuindo a ocorrência de casos demastite clínica durante a lactação. Éimportante destacar a mastite como umadas formas de manifestação da CAE,doença comum e pouco diagnosticada econtrolada em caprinos como confirmadonesse trabalho (Tabela 17). Magalhães etal.(1985), verificaram mastites em 62,5%dos rebanhos leiteiros amostrados em MG eRJ.Perdas em rebanhos de corte podem sercausadas por um baixo ganho de peso emortalidade de filhotes provenientes defêmeas com mastite (Larsgard e Vaabenoe,1993; Smith, 1993) e o mais freqüente é aevolução do quadro para a cronicidade.

A pneumonia em pequenos ruminantes érelativamente comum e está presente em19,7% dos rebanhos amostrados em MG(Tabela 17), porém sua freqüência foi maiornos rebanhos do COS, pois têm comoprincipal finalidade a produção de leite. Osistema de manejo adotado tem grandeinfluência na ocorrência desta enfermidade,sendo mais freqüente em sistemas maisintensivos de produção, climas mais frios oucom mudanças bruscas de temperatura enaqueles que não possuem instalaçõesadequadas ou manejo sanitário deficiente(Pinheiro et al., 2000). Outras enfermidadessão importantes na ocorrência dapneumonia, como o vírus da CAE,Mycoplasma sp e fatores mecânicos.

O EC, mais popularmente conhecido pelosprodutores como “boqueira”, foi constatadoem 17,3% dos criatórios amostrados de MG,porém sua freqüência foi maior no Norte doque no COS (Tabela 17), provavelmentepelo menor diagnostico e controle nosrebanhos extensivos e na compra deanimais. Apresenta-se geralmente leve ecom baixa mortalidade, podendo tambémcausar um quadro clínico severo (Mazur eMachado, 1989; Marques et al., 1996).

A ceratoconjuntivite é uma enfermidadeinfecciosa e contagiosa dos caprinoscaracterizada por reação inflamatória decaráter agudo, subagudo ou crônico daconjuntiva, afetando um ou ambos os olhos,com lacrimejamento intenso e ceratite. Asperdas econômicas são provenientes dosgastos com medicamentos, tempo e manejorequeridos com o tratamento e perda depeso dos animais afetados. A doença podedurar até 10 dias e o animal afetado deveser medicado diariamente, necessitando desubstancial mão-de-obra, principalmentequando há muitos animais acometidos(Domingues, 2005).

Nesse estudo a ceratoconjuntivite foiencontrada em 15,2% das propriedadesamostradas, com maior freqüência empropriedades do Norte, onde predominarebanhos de corte (Tabela 17).

A pododermatite é um processo inflamatóriocaracteristicamente crônico, que atinge asextremidades distais dos membros pélvicose torácicos dos caprinos, possui váriascausas predisponentes e determinantes,. Écausada pelas bactérias dos gênerosBacteróides (Dichelobacter nodosus) eFusiformis necrophorus (Pinheiro et al.,2003). Essa patologia foi citada em 12,6%dos rebanhos amostrados (Tabela 17),sendo pouco encontrada nos caprinos deleite pois, geralmente, seus cascos sãoaparados com freqüência, diminuindo oaparecimento da pododermatite.

Na Tabela 17 os sintomas nervosos tiveramfreqüência relativamente baixa (5,3%), masnormalmente estão presentes em caprinostanto de leite quanto de corte. Em rebanhosleiteiros as principais causas dessessintomas são as clostridioses e o vírus daCAE, já nos rebanhos de corte pode-seconsiderar as clostridioses, intoxicações porplantas tóxicas comuns em MG e doençascom sintomatologia nervosa como a raiva.Yorinori e Gouveia (2001) encontraramprevalência de 0,3% para CAE empropriedades leiteiras do Norte de MG,sendo pouco provável que esses sintomassejam causados por esse vírus.

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Tabela 18 - Distribuição das propriedades de caprinos de Minas Gerais segundo as práticas demanejo utilizadas, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variáveln % n % n %

Piquete para isolamentode animais doentes

48/284 16,9 19/284a 6,7 29/284b 10,2

Separação dos animaisjovens e adultos

69/284 24,3 14/284 a 5,6 55/284 b 19,4

Quarentenário 21/284 7,4 14/284 a 4,9 15/284 a 5,3Piquetes maternidade 81/284 28,5 40/284 a 14,1 41/284 b 14,4Corte e cura de umbigo 173/284 60,9 95/284 a 33,4 78/284 b 27,51Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Grande parte das enfermidades maisfreqüentes presentes nos rebanhos caprinos(Tabela 17) em MG ocorre em virtude daadoção de medidas sanitárias inadequadase da falta de informação dos produtores(Tabela 18). As práticas sanitárias em geral,demonstraram ser de pouca utilização noscriatórios de MG, destacando-se como

principais indicadores do baixo níveltecnológico empregado: a cura de umbigoineficiente, a criação conjunta de animais dedistintas faixas etárias, a não utilização deáreas para quarentenário e a redução daadoção de práticas adequadas de manejosanitário, quando comparadas com dadosda década de 80 (Magalhães et al., 1985).

Tabela 19 - Distribuição das propriedades de caprinos de Minas Gerais segundo a prática devermifugação dos animais, freqüência e alternância dos produtos usados, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variável Estraton % n % n %

Sim 238 83,8 143a 50,4 95b 33,4Não 35 12,3 30a 10,6 05b 1,8Não informado 11 3,9 01 0,3 10 3,5

Vermifugaçãodos Animais

Total 284 100 174 61,3 110 38,70 a 2 meses 46 19,3 23a 9,7 23 a 9,72,1 a 3 meses 68 28,6 41 a 17,2 27 a 11,33,1 a 4 meses 34 14,3 21 a 8,8 13 a 5,54,1 a 5 meses 41 17,2 39 a 16,4 2b 0,8>5 meses 30 12,6 - - 30 b 12,6Quando precisa 9 3,8 4 a 1,7 5 a 2,1Não informado 10 4,2 3 1,3 7 2,9

Freqüência daVermifugação

Total 238 100 131 55,0 107 44,9Sim 104 43,7 50 a 21,0 54 a 22,7Não 127 53,4 93 a 39,0 34 a 14,3Não informado 7 2,9 - 7 2,9

Alternância dosProdutosUsados

Total 238 100 143 60,1 95 39,91Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

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A verminose é um dos grandes problemassanitários dos caprinos, pois esses sãomuito sensíveis aos helmintos (Silva, 1996).Dentre eles, pode se destacar oHaemonchus contortus, Trichostrongylusspp e Oesophagostomun spp, como os maisprejudiciais. Em MG, a maioria dosprodutores entrevistados (83,8%) realiza avermifugação dos animais, demonstrandoque sabem que os helmintos podemprejudicá-los. Entretanto, o controle dessesparasitas deve obedecer a critérios, pois ouso indiscriminado não traz resultadossatisfatórios e acelera o processo deresistência aos antiparasitários.

Ficou demonstrado que boa parte doscaprinocultores de MG usa os anti-helmínticos em intervalos de tempo semjustificativas, que não trazem controle

adequado, pois as vermifugações devemser orientadas de acordo com a cargaparasitária e da época do ano.

Os produtores do Norte de MG vermifugammais que os do COS (Tabela 19), comfreqüência de vermifugaçao variando depoucos dias até mais de cinco meses emambas as regiões, sem alternarem produtos,principalmente no Norte, o que caracterizaum uso inadequado dos anti-helmínticos,pois estão sendo usados sem orientaçãotécnica. É fundamental que oscaprinocultores tenham informaçõessuficientes para minimizar os prejuízosprovocados pela verminose e para retardara resistência porque é muito difícil e onerosoo desenvolvimento de novos gruposquímicos no controle desses parasitas.

Tabela 20 - Distribuição das propriedades de caprinos de Minas Gerais conforme participaçãoem exposição e exigência de atestados sanitários na compra de animais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variável Estraton % n % n %

Sim 28 9,9 13a 4,6 15a 5,3Não 241 84,8 155a 54,5 86a 30,3Não informado 15 5,3 06 2,1 09 3,2

Participação EmExposições

Total 284 100 174 61,2 110 38,8Sim 32 11,3 08a 2,8 24b 8,5Não 236 83,1 160a 56,3 76b 26,8Não informado 16 5,6 06 2,1 10 3,5

Exigência deAtestadosSanitários naCompra

Total 284 100 174 61,2 110 38,8Guia de trânsito 05 15,6 01a 3,1 04a 12,5Exame CAE 14 43,7 02a 6,2 12b 37,5Exame tuberculose 02 6,2 02a 6,2 0a 0Exame brucelose 09 28,1 03a 9,4 06a 18,7Vacinação raiva 01 3,1 0a 0 01a 3,1

DocumentosSanitáriosExigidos naCompra

Vacinação aftosa 05 15,6 04a 12,5 01a 3,1

Total 32 100 8 25,0 24 75,01Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

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A participação dos produtores de caprinosem leilões e exposições está restrita asomente 9,9% dos produtores amostrados(Tabela 20). A freqüência de caprinocultoresem exposições ainda é muito pequena e osque participam provavelmente são osmesmos, aqueles que possuem animaiscom padrão zootécnico mais elevado paraparticipar desses eventos. Não houvediferença significativa entre as regiões Nortee COS nesse aspecto.

A presença de animais portadores deenfermidades infecciosas nesses locaispode representar um fator de risco para aintrodução de agentes infecciosos norebanho, provocando moléstias tais comoLíngua Azul, EC, LC e LVPR, dentre outras,daí a importância de se fazer a quarentenana entrada ou no retorno a propriedade. Adefinição de normas sanitárias para otransporte e entrada dos animais nosparques de exposição, é fundamental.

Na compra de animais, somente 11,3%exigem a documentação sanitária (Tabela20), portanto a maioria não reconhece aimportância desta prática para a sanidadedo rebanho. Ao se observar as regiõesNorte e COS pode-se comprovar que boaparte desses produtores também não exigeatestados sanitários, porém os criadores doCOS são significativamente maisconscientizados ao comprarem animais,principalmente em relação a CAE, poisexigem mais atestados do que oscaprinocultores do Norte.

Em função da proximidade e semelhançasgeográficas, a aquisição de caprinos decorte em estados do Nordeste brasileiro éfreqüente e a ausência de documentaçãosanitária na compra de caprinos ospredispõe a sérios riscos de introdução deagentes infecciosos relevantes. Osprodutores que exigem atestado sanitário nacompra de animais o exigem para doençascomo CAE, brucelose por B. abortus, febreaftosa, tuberculose e raiva (Tabela 20). NoBrasil, vale ressaltar que a vacinação contrafebre aftosa não é recomendada emcaprinos (MAPA, 1995).

O diagnóstico laboratorial tem importânciana compra ou no retorno de animais defeiras e exposições com o objetivo de evitara entrada de novas doenças no rebanho.Poucos caprinocultores amostrados em MGfazem exames para Brucelose (4,6%,13/284), CAE (5,9%, 17/284), Leptospirose(0,7%, 2/284) e Tuberculose (2,1%, 6/284),o que caracteriza desconhecimento dosprejuízos que doenças como a CAE podemocasionar e da baixíssima prevalência decaprinos soropositivos para B. abortus(Gouveia, 2001) em MG.

As vacinas são ferramentas fundamentaisno controle de doenças em qualqueratividade pecuária, sem as quais osprejuízos se agravam com disseminaçãodessas dentro e fora do rebanho. Ficaevidente a falta de controle de enfermidadesimportantes para a caprinocultura mineira.Poucos criadores amostrados vacinam seusrebanhos contra clostridioses (5,6%,16/284), leptospirose (0,3%, 1/284) e raiva(21,2%, 60/284).

Dos 284 produtores amostrados 69 (24,3%)vacinam contra febre aftosadesnecessariamente, uma vez que oPrograma Nacional de Erradicação de FebreAftosa preconiza como não obrigatória avacinação massiva e sistemática de ovinos,caprinos e suínos, mas tão somente emáreas de foco e perifocais (MAPA, 1993,1995). O resultado encontrado pode serindicativo de que informação presentenestas portarias não está chegando aopúblico alvo, constituído por produtoresrurais, veterinários de campo e do sistemapúblico. As restrições de trânsito impostaspelo programa de erradicação da FebreAftosa, podem, contudo, estar contribuindoindiretamente para o controle dadisseminação de outras doenças deimportância na caprinocultura eovinocultura, tais como a LinfadeniteCaseosa, Ectima Contagioso e a CAE,dentre outras.

Com a aplicação dos questionários, foidetectada uma demanda principal, odesconhecimento por parte dos produtoresdos critérios mais elementares para manejo

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sanitário e alimentar dos rebanhos, o quesinalizou a necessidade eminente dacontinuidade dos trabalhos com melhoraproveitamento do Serviço de ExtensãoRural.

Constitui um estrangulamento a serabordado e resolvido: diferenteslevantamentos soroepidemiológicos emcriações de caprinos e de ovinos do Brasil,de norte a sul, apontam problemassanitários e de manejo, e a baixa freqüênciade criatórios que possuem escrituração

(zootécnica e financeira), e representamimpacto negativo na produtividade dosmesmos (Gouveia, 2005a).

4.1.4 - Algumas variáveis sócio-econômicas dos caprinocultores

Em relação a algumas variáveisconcernentes ao perfil dos produtores,determinou-se neste trabalho, abordar setedos inúmeros fatores sócio-econômicos quecertamente afetam o modo de produção dosrebanhos.

Tabela 21 - Distribuição dos caprinocultores de acordo com o grau de instrução empropriedades de 151 municípios de Minas Gerais, 2001

1Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Pesquisando-se o grau de instrução doscaprinocultores de MG constatou-se queboa parte deles possui somente o primeirograu, nível de escolaridade consideradobaixo (Tabela 21). A região Norte possuimaior freqüência de criadores de caprinossem instrução e com primeiro grau e o COSpossui maior freqüência de criadores comnível universitário. Ë sabido que pessoascom maior grau de escolaridade têm maisfacilidade de assimilar informações e deaceitar novas tecnologias, portanto, a regiãoCOS deve ser mais receptiva a mudançassob esse aspecto. Novas formas deextensão devem ser propostas, visto que,diante do quadro geral obtido a partir

desses questionários, as pesquisas geradasnão estão chegando aos caprinocultores deMG, concordando com as afirmações deSilva (1996).

Magalhães et al. (1985) obtiveram, empropriedades leiteiras no RJ e MG, 4,2%sem instrução, 8,3% com o primeiro grau,25% com o segundo grau e 62,5% dosprodutores com grau de instrução superior.Na BA, Tinôco (1983) observou em trêsmunicípios estudados, uma média de 56,8%dos produtores sem instrução, 17% com oprimário incompleto e 41,6% com o primáriocompleto.

Minas Gerais1 Norte2 COS3Grau de instruçãon % n % n %

Sem instrução 36 12,7 34a 12,0 02b 0,7Primeiro grau 118 41,6 86a 30,3 32b 11,3Segundo grau 55 19,4 36a 12,7 19a 6,7Universitário 62 21,8 18a 6,3 44b 15,5Não informado 13 4,5 0 0 13 4,5Total 284 100 174 61,3 110 38,7

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Tabela 22 - Principal fonte de renda dos criadores de caprinos, praticada de forma exclusiva ouconsorciada com outras atividades agropecuárias em 151 municípios de Minas Gerais, 2001

1Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Constatou-se em MG que as atividadesrurais não são a principal fonte de renda doscaprinocultores tais como a agricultura,caprinocultura e ovinocultura enquanto queas atividades não agrárias representamimportantes fontes de renda (Tabela 22).Estatisticamente ficou demonstrado que oscriadores do COS utilizam mais a rendaproveniente dos caprinos que os do Norte,enquanto que os criadores de caprinos quetambém criam ovinos no Norte têm nosovinos uma importante fonte de renda.

Os caprinos permitem uma diversificação derecursos que podem proporcionar reduçãode riscos, atenuação da pobreza, maiorinteração entre os sistemas e propiciarmaior estabilidade às unidades de basefamiliar (Guimarães Filho et al., 2000).Sendo assim, a criação de caprinos pode seapresentar como alternativa para o Norte deMinas, além de ser uma boa opção para aprodução comercial de carne, cuja demandaé grande em São Paulo e no DistritoFederal, mercados hoje supridosparcialmente pelos Estados do Nordestebrasileiro e por carne importada.

Figura 8 - Faixa etária dos caprinocultores em 151 Municípios de Minas Gerais, 2001.

Na implantação de programas dedesenvolvimento, a faixa etária do públicocom o qual irá se trabalhar torna-se um fatorimportante, uma vez que no geral, os jovensdemonstram maior adaptabilidade àsmudanças. A faixa etária dos produtores deMG apresentou-se homogênea, com grandeparte situada no intervalo de 20-50 anos

(Figura 8). Ao se observar a estratificaçãonas regiões Norte e COS, essa tendência semanteve com uma concentração decriadores dentro desse limite. Não hádiferença significativa de idade doscaprinocultores entre as regiões Norte eCOS.

Minas Gerais1 Norte2 COS3Fonte de rendan % n % n %

Caprinocultura 20 7,0 02a 0,7 18b 6,3Caprinocultura/Ovinocultura 51 18,0 42a 14,8 09b 3,2

Caprinocultura/Agricultura 62 21,9 34a 12,0 28a 9,9Outras 191 67,4 119a 42,0 72a 25,4Não informado 06 2,2 03 1,1 03 1,1

23%6%20%

24% 27%

20-30 anos

31-40 anos

41-50 anos

51-60 anos

> 60 anos

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Tabela 23 - Principais fontes de informação dos caprinocultores em 151 municípios de MinasGerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Fonte de informaçãon % n % n %

Contatos interpessoais 106 37,3 56a 19,7 50b 17,6Reuniões 85 29,9 71 a 25 14 b 4,9Palestras 72 25,3 52 a 18,3 20 b 7,0Dias de campo 47 16,5 31 a 10,9 16 a 5,6Rádio 17 6,0 14 a 4,9 03 a 1,1Jornal 22 7,7 06 a 2,1 16 b 5,6TV 30 10,6 09 a 3,2 21 b 7,4Outra 37 13,0 23 a 8,1 14 a 4,9Não informado 05 1,8 0 0 05 1,81Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Quanto aos meios de comunicação pelosquais os caprinocultores têm preferência emreceber informações, observou-se fortetendência do contato direto entre produtorescomo meio de troca de informações eexperiências, dentre eles, contatosinterpessoais, reuniões, palestras e dias decampo. As opções por rádio, jornais etelevisão foram pouco freqüentes,demonstrando que os meios áudios-visuaissão menos utilizados do que o esperado. Avariável “Outra” na Tabela 23 compreenderevistas, jornais, cartilhas, mala direta,correio e sindicato. Desta forma, seexpressa o grande interesse na obtenção dedados sobre a melhor maneira de conduzirseus rebanhos.

Novas formas de extensão devem serpropostas utilizando os canais interpessoaiscomo melhor forma de alcançar oscaprinocultores, contribuindo para reversãodo quadro geral obtido a partir dessesquestionários, que apontam que aspesquisas geradas não estão chegando aocampo, indicando necessidade de maiorintegração das instituições responsáveispela pesquisa e pela extensão rural noEstado com as entidades de criadores decaprinos e ovinos. Já na década passadaSilva (1996) aponta a necessidade dereestruturação das formas de extensão rurale até hoje poucas mudanças foramobservadas nesse sentido.

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Tabela 24 - Distribuição das propriedades de caprinos de Minas Gerais de acordo com a idadee o peso de abate dos animais, 2001

1Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A idade e o peso de abate dos animais sãodois indicadores importantes do níveltecnológico, pois quanto mais cedo essesalcançarem o peso ideal melhor ascaracterísticas comerciais do animal e maiora lucratividade do produtor. Na populaçãoamostrada em MG constatou-se que 45,3%dos caprinos são abatidos entre seis e 12meses e 59,6% com peso de até 30 Kg(Tabela 24). Isso demonstra que oscaprinocultores não estão produzindoanimais desejados pelo mercadoconsumidor, aqueles de aproximadamente25-40 Kg e com idade máxima de seismeses. Pode-se considerar que osprodutores que abatem os animais acima de

12 meses são de baixo nível tecnológico, osque abatem animais entre seis e 12 mesessão de médio nível e os que abatem commenos de seis meses correspondem aosmais tecnificados. Porém no sistema leiteiro,os cabritos são descartados precocementee o estrato até 20 Kg agrupa esses animaise os cabritos de corte. Vale ressaltar queboa parte dos criadores não informou sobrea idade e peso de abate (Tabela 24),indicativo de que não possuem essasinformações e não reconhecem nelas meiosde agregar valor ao produto final. Arealidade nos estratos do Norte e COS foi amesma, com abate de animais de idade epeso acima dos desejados.

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variável Estraton % n % n %

< 6 meses 35 12,3 17a 5,9 18a 6,36 a 12 meses 129 45,3 91a 32,0 38b 13,4> 12 meses 32 11,3 16a 5,6 16a 5,6Não informado 88 31,0 50 17,6 38 13,4Total 284 100,0 174 61,3 111 38,7Até 20 Kg 86 30,3 49 a 17,3 37 a 13,021 a 30 Kg 83 29,3 61 a 21,5 22b 7,831 a 40 Kg 09 3,3 05 a 1,8 04 a 1,4> 40 Kg 02 0,7 01a 0,35 01a 0,3Não informado 104 36,6 58 20,4 46 16,2

Idade do Abate

Peso ao abate

Total 284 100 174 61,3 110 38,7

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Tabela 25 - Distribuição das 284 propriedades de caprinos de acordo com as dificuldades decomercialização da carne em 151 municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Dificuldades nacomercialização n % n % n %

Preço 20 7,0 01a 0,3 19b 6,7Falta de frigorífico na região 20 7,0 0a 0 20b 7,0Longa distancia do frigorífico 06 2,1 0a 0 06b 2,1Falta de comprador 28 9,9 0a 0 28b 9,9Falta de curtume 13 4,6 0a 0 13b 4,6Outras 06 2,1 0a 0 06b 2,1Não informado 223 78,5 173 60,9 50 17,61Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A maioria dos criadores de caprinos de MGnão informou quais são as principaisdificuldades encontradas nacomercialização dos animais (78,5%).Dentre os que informaram, as variáveisFalta de compradores e Falta de frigoríficosforam as dificuldades mais presentes(Tabela 25) e devem ser consideradas comcautela. A falta de compradores, sejam elesintermediários ou frigoríficos, é um dosprincipais obstáculos à comercialização dosanimais. No Brasil, a Região Nordeste,tradicional criadora de caprinos, possuiociosidade em seu parque industrial jáinstalado, com serviço de inspeção oficial,demonstrando que a presença deFrigoríficos na região, não tem garantido ofornecimento de animais padronizados ecom regularidade de oferta, requisitosbásicos para a fidelização do comprador.

Para que a caprinocultura possa sedesenvolver e transformar-se em umaefetiva alternativa econômica, a exemplo deoutros setores, torna-se fundamentalconhecer os custos que envolvem essaatividade. A ausência quase que total deinformações sobre custos efetivos deprodução na caprinocultura parece ser aregra em quase todas as regiões do país(Medeiros et al., 2005).

4.2 - Caracterização da Ovinocultura emMG

A pouca informação tem limitado aimplantação de medidas profiláticas, sócio-

econômicas e de mercado na atividadeovina que esbarra na falta de dadosrelativos ao número e localização decriatórios e no conseqüentedesconhecimento do real número decriadores e das condições e característicasde criação. Ao observar os dados deefetivos de rebanhos de ovinos em MG nosanos de 2001 e 2003 obtidos do IBGE eAnualpec pode-se observar divergênciaentre as duas fontes quanto ao número deanimais existentes em MG (Tabela 26).

A falta de um Cadastro Estadual com dadoscentralizados, relativos ao número elocalização de criatórios de ovinos,tradicionais ou tecnificados, é um fatorlimitante. Algumas instituições possuem“seu”cadastro, mas não existe um CadastroGeral de criadores de ovinos, envolvendoinclusive aqueles não registrados naAssociação Estadual de Criadores deOvinos responsável pelo Serviço Oficial deRegistro Genealógico em MG.

Tabela 26 - Efetivo dos rebanhos (cabeças)ovinos de Minas Gerais, 2001- 2003

Efetivo de MGEspécie2001 2003

Ovinos (Dados IBGE) 146389 145564Ovinos (Dados Anualpec) 122496 119147

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Tabela 27 - Evolução do efetivo ovino (cabeças) por mesorregião de Minas Gerais de 1997 –2003

Mesorregião 1997 1999 2001 2003 % (97-03)Noroeste de Minas 7404 3021 3749 3813 -48,5

Norte de Minas 12153 13750 14353 18268 50,5Jequitinhonha 18122 17088 13680 15483 -14,6Vale do Mucuri 15830 14139 14239 11810 -25,4

Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba 28323 29157 37187 46541 64,3Central Mineira 2411 2350 1881 2503 3,8

Metropolitana de Belo Horizonte 4637 5125 5440 8453 82,3Vale do Rio Doce 13338 13902 13666 10957 -17,8Oeste de Minas 1810 2156 1897 2997 65,6

Sul/Sudoeste de Minas 16351 16246 16930 18045 110,0Campo das Vertentes 949 879 1064 721 -24,0

Zona da Mata 6128 6061 6319 6042 -1,4Minas Gerais 127456 123874 130405 145633 114,0

Fonte: IBGE, 2004

A Tabela 27 mostra o crescimento dorebanho ovino em MG, por mesorregiões. Apartir de 1999 houve um crescimentoconstante do número de animais em MG,porém esse crescimento foi concentrado emalgumas regiões como Norte de Minas,Triangulo Mineiro/Alto Paranaíba,Metropolitana de BH e mais recentementeno Sul/Sudoeste de MG. Essas quatromesorregiões possuem 62,7% do total deovinos de MG e apresentaram crescimentoconstante de 1997 a 2003, sendo de 10,4%no Sul/Sudoeste de Minas, 50,3% no Nortede Minas, 64,3% no Triângulo Mineiro/AltoParanaíba e 82,3% na região Metropolitana

de Belo Horizonte. O Triângulo Mineiro/AltoParanaíba possui sozinho praticamente32% do efetivo ovino do Estado. Oconhecimento da distribuição do efetivoovino por mesorregião é importante paraque políticas públicas, sócio-econômicas ousanitárias e empresariais sejamdirecionadas para essas regiões ondepodem atingir um maior número decriadores e de efetivo de rebanho. Asmesorregiões Jequitinhonha, Vale do Mucurie Vale do Rio Doce possuem efetivossignificativos, mas apresentaramdecréscimos de 17,0%, 34,9% e 21,2%,respectivamente, entre 1997 e 2003.

Tabela 28 - Quantidade de municípios e de propriedades com ovinos amostrados pormesorregião em Minas Gerais, 2001

Mesorregião Municípios amostrados Propriedades amostradasn % n %

Central Mineira 4 2,8 06 2,8Campo das Vertentes 2 1,4 02 0,9

Jequitinhonha 8 5,6 33 15,5Metropolitana de BH 16 11,3 16 7,5

Norte de Minas 26 18,3 67 31,5Noroeste de Minas 3 2,1 03 1,4

Oeste de Minas 4 2,8 04 1,9Sul/Sudoeste de Minas 21 14,8 21 9,9

Triângulo/Alto Paranaíba 18 12,7 18 8,4Vale do Mucuri 2 1,4 03 1,4

Vale do Rio Doce 17 12,0 18 8,4Zona da Mata 21 14,8 22 10,3

Total 142 100 213 1001 Porcentagem em relação ao número total de Municípios amostrados2 Porcentagem em relação ao número total de unidades produtoras de Ovinos amostradas.

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Os 213 criadores de ovinos incluídos naamostragem estão distribuídos nas 12mesorregiões, abrangendo 142 municípios(Tabela 28), a maior concentração depropriedades amostradas situa-se no Nortede Minas com 31,5% e no Jequitinhonhacom 15,5%, estando as demais distribuídas

de forma homogênea pelas 10mesorregiões restantes.

As propriedades de ovinos estãodistribuídas de forma semelhante entre asregiões Norte e COS, portanto, apesar dissoa concentração de ovinos por mesorregiãofoi semelhante entre as duas regiões.

Tabela 29 - Distribuição de criadores de ovinos amostrados por região em Minas Gerais, 2001Região Propriedades amostradas por região

n %2

Norte1 106 49,8COS2 107 50,2Minas Gerais3 213 100,01Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas.2Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.3Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais.

Tabela 30 - Distribuição de criadores de ovinos por região, amostrados em Minas Gerais, 2001Modalidade Minas Gerais1 Norte2 COS3

n % n % n %Somente ovinos 121 56,8 44 41,5 77 72,0Ovinos e caprinos 92 43,2 62 58,5 30 28,0Total 213 100,0 106 100,0 107 100,01Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.

Dos 213 criadores amostrados, 92 (43,2%)criam ovinos e caprinos, o que pode serconsiderado uma característica de atividadeextensiva voltada para produção de carne epele, pois quando a finalidade é a produçãode leite a criação consorciada ocorre commenor freqüência. No Norte houve maiorfreqüência de propriedades com as duas

espécies, enquanto que no COS houvemaior freqüência de criadores que criamsomente ovinos. A criação exclusiva deovinos, indicada para o agronegócio,permite que o sistema de produção sejamais especializado com melhores índicesprodutivos.

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Tabela 31 – Classificação por nível tecnológico das propriedades de ovinos amostradas emMG, pela análise discriminante em 142 municípios, 2001

Nível tecnológicoVariável 1 (alto) 2 (médio) 3 (baixo)

Classificação correta 1 2 2 0Classificação correta 2 0 50 2Classificação correta 3 0 1 60Total 2/1171 (1,7%) 53/1171 (45,3%) 62/1171 (53,0%)Total correto 22/2 502/53 602/62Percentual de corretos 100% 94,3% 96,8%

1 Número total de propriedades classificadas= 1172Número total de propriedades classificadas corretamente= 112; Percentual de corretos (112/117) = 95,7%

A Tabela 31 apresenta a validação daclassificação do nível tecnológico daspropriedades de ovinos, através do métodode análise discriminante. Das 117propriedades classificadas, 2 (1,7%) foramclassificadas corretamente como de altonível tecnológico, das 53 (45,3%)classificadas como de médio níveltecnológico, três foram classificadasincorretamente, pois duas deveriam ser denível 1 e uma de nível 3 e das 62 (53,0%)classificadas de baixo nível tecnológico,duas deveriam ser de nível 2. Vale ressaltarque o percentual de propriedades decaprinos classificadas como de alto níveltecnológico foi maior do que o depropriedades de ovinos por ser acaprinocultura uma atividade com mais de30 anos em MG.

O percentual médio de acerto naclassificação geral das 117 propriedades decaprinos foi de 95,7%. Índices de acertoacima de 60% já são consideradosaceitáveis. As variáveis escolhidas comsuas respectivas pontuações podem ser

consideradas confiáveis na caracterizaçãode propriedades de caprinos conformeapresentado nesse trabalho. Foramclassificadas 117 das 213 propriedadesporque as demais tiveram no mínimo duasvariáveis sem resposta o quecomprometeria a qualidade da análise.

Laender e Gouveia (2002) trabalhando com103 propriedades de ovinos em trêsmesorregiões do Norte de MG encontraram19,4% (20/103) classificadas como de Bomnível tecnológico, 37,8% (39/103) comoRegulares e 42,8% (44/103) como de Baixonível tecnológico. Esses resultados foramdiferentes dos encontrados nesse trabalho,pois o percentual de propriedadesclassificadas como de Alto nível tecnológicofoi menor (1,7%), o percentual depropriedades de Médio nível foi maior(45,3%) e o de propriedades de Baixo nívelfoi maior (53,0%) (Tabela 7). Entretanto oscritérios utilizados por estes autores foramdiferentes dos aqui considerados e semvalidação pelo método de análisediscriminante.

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Tabela 32 - Função discriminante linear por grupo tecnológico nas propriedades de ovinosamostradas em Minas Gerais, 2001

Nível tecnológicoVariável 1 (alto) 2 (médio) 3 (baixo)

Aprisco 2,065 1,973 0,849Assistência técnica 5,525 2,839 0,489Piso Ripado ou Esterqueira 4,016 2,344 0,177Capineira 5,145 2,561 0,728Sal 1,811 3,651 4,361Divisão de pastagem 1,183 1,163 1,039Umbigo 4,462 2,302 0,786Verminose 7,035 5,172 3,527Algum exame -0,935 0,479 0,085Alguma vacina 0,533 1,302 0,428Idade de desmame 8,870 3,257 0,243Monta controlada 18,905 -0,137 -0,261Estação de monta 25,573 3,294 0,239

A Tabela 32 apresenta as variáveisutilizadas na classificação por níveltecnológico das propriedades de ovinos.Percebe-se que cada variável tem um valorde acordo com o nível tecnológico, porexemplo, as variáveis Estação de monta,Monta controlada e Idade de desmame sãoimportantes para que uma propriedade sejaclassificada como de alto nível tecnológicoenquanto que o ato de vermifugar e demineralizar os animais são característicasimportantes em propriedades de baixo níveltecnológico. Existe uma lógica nessaclassificação, pois realizar montacontrolada, fazer estação de monta edesmamar animais precocemente sãomedidas de manejo que requeremassistência técnica de qualidade comcontrole zootécnico rigoroso. Já avermifugaçao e a mineralizaçao sãomedidas importantes, mas que não

requerem tanta informação quanto arealização de estação de monta, ou seja,quanto maior o nível tecnológico, maiscomplexas são as variáveis adotadas napropriedade.

De acordo com os resultados pode-seconcluir que nove variáveis foramimportantes na classificação e que quatrotiveram peso relativamente baixo, como porexemplo, a realização de algum exame, ouso de vacinas, uso de sal e a divisão depastagens, influenciaram pouco e poderiamser tiradas da lista. As variáveis de maiorpeso foram a monta controlada, estação demonta, idade de desmame, vermifugaçao,assistência técnica, presença de capineira,corte e cura de umbigo, realização de algumtipo de exame, presença de piso ripado ouesterqueira e possuir aprisco.

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4.2.1 - Características gerais do sistema de produção de ovinos

Tabela 33 - Distribuição das propriedades de ovinos de acordo com o regime de criação naspropriedades de ovinos em 142 municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Regime de criaçãon % n % n %

Intensivo 02 0,9 0a 0 02a 0,9Semi-intensivo 70 32,3 42a 19,7 27a 12,7Extensivo 90 42,2 53a 24,9 37a 17,4Não informado 53 24,4 11 5,2 41 19,3Total 213 100,0 106 49,8 107 50,21Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Observou-se nas propriedades amostradasque 42,2% adotam o sistema extensivosendo esse sistema mais empregado paraovinos que para caprinos, pois os ovinossão criados principalmente para produçãode carne, por outro lado, os sistemas semi-intensivo e intensivo são mais adotadosentre os criadores de caprinos, superando oregime extensivo. As regiões Norte e COStambém têm o sistema extensivo comoprincipal forma de produção, pois visam aprodução de carne e pele (Tabela 33).

Em MG a exploração de ovinos de corte éencontrada nas regiões norte e nordeste,com tendências semelhantes à ovinoculturanordestina, com os animais criados empastoreio extensivo durante o dia e com

alguma proteção do ambiente naturaldurante a noite, de forma consorciada(principalmente caprinos com ovinos) paraprodução de pele e carne (Pinheiro et al.,1999; Yorinori e Gouveia, 2001).

Atualmente ocorre a existência de outrosistema em expansão, de nível tecnológicosuperior ao tradicional, formado por umnúmero ainda reduzido de produtoresvoltados principalmente para a seleção deanimais melhorados em que os sistemassemi-extensivo e intensivo são empregados,com apriscos de piso elevado comsubdivisões e práticas alimentaresdiferenciadas, com pastos cultivados esuplementação de qualidade.

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Figura 9 - Objetivos da produção em propriedades com ovinos em 142 municípios de MinasGerais, 2001.

Norte COS

Figura 10 - Objetivos da produção em propriedades com ovinos no Norte (106) e COS (107) deMG em 142 municípios de Minas Gerais, 2001.

Observando-se a Figura 9 percebe-se que amaioria dos produtores amostrados visa aprodução de carne (90,1%) e vale ressaltarque nenhuma propriedade de ovinoamostrada tem como objetivo a produção deleite. A criação de ovinos tipo leite e tipo lãtêm pouca expressão no Estado.

Resultados semelhantes foram obtidos nasregiões Norte e COS (Figura 10), semdiferença significativa entre elas. Aovinocultura de MG é predominantementevoltada para a produção de carne, comraças com conformação e potencial paraganho de peso, tendo a pele e lã comosubprodutos.

No Nordeste existem diversos curtumesespecializados e abatedouros/frigoríficoscom Serviço de Inspeção Federal (SIF) ouEstadual (SIE) voltados a caprinos e ovinos,enquanto em MG somente agora estasunidades da cadeia produtiva começam asurgir, possibilitando o corretoprocessamento e comercialização da carneem condições sanitárias adequadas e oaproveitamento comercial da valorizada pelede caprinos. Instalações destinadas aoabate de suínos têm sido adaptadas paraovinos.

0%0%

92%

1% 0% 7%2%

0%

1%0%

9%

88%

Carne

Leite

Mista leite/carne/lã

Reprodutores/Matrizes

Não informado

0%0,5%

1,4% 8%0%

90,1%

Carne Leite LãMista leite/carne/lãReprodutores/MatrizesNão informado

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Tabela 34 - Distribuição das propriedades de ovinos de acordo com a época de início dacriação em 142 municípios de Minas Gerais

Minas Gerais1 Norte2 COS3Início da criaçãon % n % n %

1930-1970 16 7,5 09a 4,2 07 a 3,31971-1980 16 7,5 08 a 3,8 08 a 3,81981-1990 30 14,1 13 a 6,1 17 a 8,01991-2000 119 55,8 68 a 31,9 51b 23,9>2000 18 8,4 0 a 0 18 b 8,4Não informado 14 6,6 08 3,8 06 2,8Total 213 100 106 49,8 107 50,21Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A ovinocultura de subsistência é umaatividade antiga em MG, com presençahistórica de animais de corte concentradosno Norte de MG desde as décadas de 60 e70. A Tabela 42 demonstra um grandecrescimento no número de criatórios deovinos em MG (55,8%) na década de 90,principalmente a partir de 1998, quecontinua até hoje com grande demanda de

animais e de carne ovina em MG e em todoo país. Esse aumento representativotambém foi observado nas regiões do Nortee COS de MG. Verificou-se que a maioriados criadores ingressou na atividade nadécada de 90 (55,8%) e esse ingressorecente na atividade traz as vantagensdesses criadores estarem motivados eabertos a novas formas de produção.

Tabela 35 - Distribuição das propriedades de ovinos de acordo com a origem dos animais em142 municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Origem do rebanhon % n % n %

Importado 03 1,4 0 a 0 03 a 1,4Nacional 197 92,4 97 a 45,5 100 a 46,9Não informado 13 6,1 09 4,2 04 1,9Total 213 100,0 106 49,8 107 50,21Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

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Tabela 36 - Distribuição das propriedades de ovinos de acordo com tipos raciais nos rebanhosem 151 municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COSTipo racialn % n % n %

Puro Nacional 91 35,4 35a 13,6 56b 21,8Puro Exótico 12 4,7 2 a 0,8 10 b 3,9Mestiço 42 16,3 12 a 4,7 30 b 11,7Sem Raça Definida 95 37,0 68 a 26,5 27 b 10,5Não informado 17 6,6 8 3,1 9 3,51Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Observando-se a origem do rebanho ovino,92,4% das propriedades possuem animaisde origem nacional (Tabela 36) semdiferença significativa entre os animaisimportados no Norte (0%) e no COS (1,4%),correspondendo aos animais de raçasexóticas de corte importados no final dadécada de 90. O grande número depropriedades com animais de origem

nacional se deve, principalmente, à raçaSanta Inês, utilizada nos criatórios de cortedo Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste doPaís.

Os tipos raciais predominantes em MG sãoo SRD (37,0%) e puro nacional (35,4%),representado predominantemente pela raçaSanta Inês (Tabela 44).

Tabela 37 - Distribuição das propriedades de ovinos de Minas Gerais quanto a existência efreqüência de acompanhamento técnico e tipo de profissional, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variável Estraton % n % n %

Sim 68 31,9 25a 11,7 43b 20,2Não 138 64,8 79a 37,1 59b 27,7Não informado 07 3,3 02 0,9 05 2,3

Acompanhamentotécnico

Total 213 100 106 49,8 107 50,2Semanal 4 5,9 - - 4 a 5,9Quinzenal 2 2,9 1a 1,5 1 a 1,5Mensal 15 22,0 8 a 11,8 7 a 10,3Semestral 7 10,3 5 a 7,3 2b 2,9Diariamente 2 2,9 - - 2 a 2,9Bimestral - - - - - -Quando precisa 34 0,5 10 a 14,7 24 a 35,3Não informado 4 5,9 1 1,5 3 4,4

Freqüência daassistência técnica

Total 68 100 25 36,8 43 63,2Veterinário 40 58,8 7 a 10,3 33b 48,5Zootecnista 6 8,8 1 a 1,5 5 a 7,3Agrônomo 7 10,3 3 a 4,4 4 a 5,9

Tipo de técnico

Técnico agrícola 15 22,0 14 a 20,6 1 b 1,5Total 68 100 25 36,8 43 63,2

1Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

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O acompanhamento técnico é fator decisivono sucesso da ovinocultura. Em MG, amaioria dos produtores de ovinos produzemsem acompanhamento técnico (64,8%,138/284). Dos 68 que possuem algum tipode assistência técnica, 15 (22,0%) chamamo técnico mensalmente e 15 (10,3%)semestralmente, demonstrando poucaorientação quanto a melhores sistemas decriação. Não houve diferença significativaquanto à freqüência da assistência entre oNorte e COS mas, semelhante àcaprinocultura, o profissional mais atuanteno COS foi o veterinário e no Norte otécnico agrícola (Tabela 37).

Na maioria das vezes os técnicos nãopossuem informação específica voltada aospequenos ruminantes domésticos,

principalmente no que se refere ao manejosanitário e geral. Pode-se perceber que aspropriedades de ovinos recebem, namaioria, acompanhamento por médicosveterinários. O fato de 58,8% (40/68) daspropriedades de ovinos receberemacompanhamento por veterinários podefacilitar o reconhecimento, diagnóstico eprevenção de doenças infecciosas. Amaioria dos criadores de ovinos da regiãoCOS também utiliza veterinários comoresponsáveis técnicos, facilitando o controlede doenças, com melhoria dos índices deprodutividade e o sistema de notificação deenfermidades; na região Norte os técnicosagrícolas são os mais solicitados (56%,14/25), o que pode dificultar o diagnóstico eo controle das principais enfermidades dosovinos da região.

Figura 11 - Métodos de identificação dos animais nas propriedades de Ovinos em 142municípios de Minas Gerais, 2001.

Norte COS

Figura 12 - Métodos de identificação dos animais nas propriedades de ovinos no Norte (106) eCOS (107) de Minas Gerais, 2001.

69,9%

13,2;%3,3%2,3%

3,3%

8%

Não faz

Brinco

Tatuagem

Medalha

Outros

Não informado

68%4%1%1%0%

26%

71%

12%6% 4% 2% 5%

Não faz

Brinco

Tatuagem

Medalha

Outros

Não informado

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Somente 16,9% dos ovinocultoresamostrados em MG identificam seusanimais (Figura 11). Realidade semelhantefoi encontrada no Norte e COS, onde 68% e71% respectivamente, não fazem nenhumtipo de identificação (Figura 12).

A identificação individual dos animais(variável indicadora de nível tecnológico

mais elevado, fundamental para o controleda produção) tem baixa freqüência deutilização, o que reflete o desconhecimentode sua importância, por parte dos criadoresde ovinos, onde erroneamente presume-seque a identificação individual seja menosnecessária, sendo, na realidade, indicativade baixo nível tecnológico de produção.

Tabela 38 - Distribuição dos ovinos por idade de desmame nas propriedades em 142municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Idade de desmamen % n % n %

Não faz 13 6,1 12a 5,6 01b 0,51 mês 03 1,4 0a 0 03a 1,42 meses 14 6,6 07a 3,3 07a 3,33 meses 35 16,2 10a 4,7 25b 11,74 meses 30 14,1 14a 6,6 16a 7,55 meses ou mais 77 36,1 32a 15,0 45a 21,1Não informado 41 19,2 31 14,5 10 4,7Total 213 100,0 106 49,8 107 50,21Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A idade de desmame dos animais é umavariável importante, pois reflete o manejoadotado na propriedade; aquelas maistecnificadas conseguem desmamar seuscordeiros com idade e peso ideais paraatender o mercado. Os ovinocultores de MGdesmamam seus animais principalmenteacima de cinco meses (36,1%, 77/213),porém é desejável que os animais sejamabatidos com peso variando de 35 a 40 Kge com idade máxima de seis meses, o quenão está sendo alcançado pelos produtoresamostrados nesse trabalho (Tabela 38).

O número de ovinocultores do Norte quenão fazem desmame dos animais foisignificativamente maior do que os do COS,ou seja, deixam os animais desmamaremnaturalmente. No COS o número deovinocultores que fazem desmame aos trêsmeses de idade foi comparativamentemaior, essa idade está dentro de uma faixadesejável para o desmame, desde que opeso também esteja, portanto, existe umgrupo de ovinocultores que produzemanimais com características que atendem asexigências do mercado, concentrados noCOS.

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91%

3%0% 6% Monta natural

Monta controlada

Inseminação artificial

Não informado

Figura 13 - Métodos de reprodução utilizados nas propriedades de ovinos em 142 municípiosde Minas Gerais, 2001.

A estação de monta também é um manejofundamental para ovinos com o objetivo deconcentrar as montas e conseqüentementeos nascimentos.

Em criatórios com animais bem nutridos esadios, as biotécnicas da reproduçãopodem exercer papel importante comoferramenta no controle de doenças, deobtenção de crias sadias a partir de animaiscronicamente infectados, além, é claro, deseu papel na aceleração do alcance deresultados zootécnicos melhorados(Gouveia, 2005c).

O método de reprodução mais empregadona população amostrada é a monta natural(91,0%) e a monta controlada dirigida(variável indicadora de maior níveltecnológico) é adotada em apenas 3,0% daspropriedades (Figura 13). Nos estratos doNorte e COS a realidade foi semelhante enão houve diferença entre esses rebanhos.A monta natural livre é um métodoindesejável, pois permite concorrência entrereprodutores e entre fêmeas experientes eas nulíparas, interferindo nos índices deconcepção e no controle zootécnico.

Tabela 39 - Características das 213 propriedades de ovinos de Minas Gerais de acordo com apresença de aprisco e o tipo de piso, 2001

1Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variável Estraton % n % n %

Sim 104 48,8 55a 25,8 49a 23,0Não 105 49,3 51a 23,9 54a 25,4Não informado 04 1,9 0 0 04 1,9

Possui Aprisco

Total 213 100 106 49,7 107 50,3Chão batido 49 47,1 29a 27,9 20 a 19,2Ripado 35 33,6 22 a 21,2 13 a 12,5Cimentado 16 15,4 2 a 1,9 14b 13,5Outro 3 2,9 1 a 1,0 2 a 1,9Não informado 1 1,0 1 1,0 0 0

Tipo de Piso doAprisco

Total 104 100 55 52,9 49 47,1

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Observando-se a Tabela 39 somente 48,8%dos criadores de ovinos de MG possuiaprisco e, dentre aqueles que possuem,houve uma tendência de serem de chãobatido (47,1%, 49/104) e ripados (33,6%,35/104), com poucos apriscos cimentados.Não houve diferença significativa entre asregiões Norte e COS quanto à presença ounão de aprisco.

Baseado nos dados, percebe-se que amaioria dos rebanhos ovinos recebe algumtipo de suplementação, sendo oconcentrado, a silagem e capim os tipos desuplementação mais fornecidos aosanimais. O número de criadores de ovinosdo COS que utilizam cana de açúcar,capineira, concentrado e sal mineralizado foisignificativamente maior que o do Norte, ouseja, possuem maiores informações quantoaos benefícios da suplementação sobre aprodutividade.

A capineira (capim) e a cana-de-açúcar sãomuito usadas em MG e a maioria dos

produtores que as utilizam está localizadana região COS. A silagem foi utilizada pelosprodutores do Norte e COS, porém valeressaltar que no Norte, eles preferemtrabalhar com sorgo e no COS com milho.

Ao observar os dados obtidos pode-seconcluir que os produtores amostrados noCOS que fornecem sal mineralizado para osanimais estão em maior número do que osdo Norte, porém o questionário nãoespecificou qual tipo de sal oferecido, pois écomum a utilização de sal próprio debovinos para ovinos em função do menorcusto.

4.2.2 - Aspectos sanitários dos rebanhosovinos

Foram citadas algumas enfermidades ealterações clínicas mais freqüentes nosrebanhos ovinos da região estudada.

Tabela 40 - Principais alterações observadas nos ovinos nas 213 propriedades em 142municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Principais alteraçõesobservadas nos 0vinos n % n % n %

Ectoparasitos 145 68,1 38 17,8 105 50,3Aborto 51 23,9 28a 13,1 23b 10,8Ceratoconjuntivite 42 17,9 17a 8,0 25a 11,7Ectima contagioso (boqueira) 29 13,6 29a 13,6 0b 0Pneumonias 22 10,3 2a 0,9 19b 9,4Artrite 20 9,3 12a 5,6 8a 3,7Diarréias freqüentes 20 9,3 8a 3,7 12a 6,6Mamites 17 8,4 0a 0 17b 8,4Pododermatite 15 7,0 0a 0 15b 7,0Linfadenite caseosa 13 6,1 1a 0,5 12b 5,6Oestrose 11 5,2 6a 2,8 1a 2,4Sintomas nervosos 3 1,4 0a 0 3a 1,4Nenhum 8 3,7 0a 0 8 a 3,7Não informado 43 20,2 30 14,1 13 6,11Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste de Minas,Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

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A Tabela 40 apresenta as alterações esintomas citados pelos ovinocultoresamostrados de MG tais como abortos,ceratoconjuntivites, pneumonias, diarréias,mastites, pododermatites e ectoparasitoses,porém ficou caracterizado, nesse trabalho,que os produtores de ovinos possuemmenos problemas de enfermidades eparasitismos do que os de caprinos,provavelmente pelo maior número depropriedades com sistema extensivo deprodução, que diminui a possibilidade decontágio e de observação pelos criadores.

Encontrou-se em MG a freqüência de 29,8%das propriedades com algum tipo deectoparasitose (Tabela 40), incluindomiíases, bernes, carrapatos e piolhos. Osectoparasitas como bernes, carrapatos epiolhos foram mais comuns em rebanhos doCOS, provavelmente influenciados porfatores climáticos, pois o clima no Norte deMG é desfavorável para o desenvolvimentodesses parasitas.

O sintoma clínico aborto foi observado pelosproprietários amostrados em 10,5% daspropriedades (Tabela 40), índice bastanteinferior ao encontrado nas propriedades deovinos. As causas do aborto podem serinfecciosas ou não-infecciosas, dentre asinfecciosas, podem-se citar alguns agentes:Brucella spp., Campylobacter fetus fetus,Campylobacter fetus jejuni, Chlamydiapsittaci, Listeria monocytogenes eToxoplasma gondii (Linklater e Smith, 1993)e dentre as não-infecciosas, destacam-se asdeficiências nutricionais (carências minerais,protéica e calórica), ingestão de plantastóxicas, estresse ambiental (Smith, 1993) efatores mecânicos (brigas e instalaçõesinadequadas), sendo que os dois primeiroscitados são incidentes na populaçãoamostrada. Yorinori e Gouveia, 2001,encontraram ocorrência de aborto em 41,2%das propriedades pesquisadas em trêsmesorregiões do Norte de MG, onde foramdeterminados alguns sinais clínicos edoenças observadas pelos produtores nosovinos. Na mesma região, Laender eGouveia, 2002, citam a ocorrência de abortoem ovinos em 34% das propriedades.

A ceratoconjuntivite também denominadaoftalmia contagiosa, ceratite ou queratite,mal do olho, doença do olho branco, entreoutras denominações é uma enfermidadeinfecciosa e contagiosa dos ovinoscaracterizada por reação inflamatória decaráter agudo, subagudo ou crônico daconjuntiva, afetando um ou ambos os olhos,com lacrimejamento intenso e ceratite. Asperdas econômicas são provenientes dosgastos com medicamentos, tempo e manejorequeridos com o tratamento e perda depeso dos animais afetados. A doença podedurar até 10 dias e o animal afetado deveser medicado diariamente, necessitando desubstancial mão-de-obra, principalmentequando há muitos animais acometidos.

Os agentes etiológicos envolvidos naceratoconjuntivite de ovinos podem serencontrados isolados ou associados,aumentando ou não a severidade daslesões. Bactérias dos gêneros Moraxella,Mycoplasma conjunctivae, Mycoplasmaagalactiae, Chlamydia psittaci eBranhamella. já foram descritas emrebanhos ovinos no Brasil. A mortalidade érara, porém a morbidade pode chegar a80%, sendo o pico de incidência da infecçãona terceira à quarta semana de surto. Nessetrabalho a ceratoconjuntivite foi encontradaem 8,6% das propriedades (Tabela 40), asegunda enfermidade mais observada.

O EC foi constatado em 6,0% daspropriedades amostradas (Tabela 40).Apresenta-se geralmente leve e com baixamortalidade, podendo também causar umquadro clínico severo (Mazur e Machado,1989; Marques et al., 1996). No Brasil,existe uma vacina comercial disponívelproduzida no RS, podendo-se fazer vacinasautógenas, produzidas a partir damaceração das crostas de ferimentos dosanimais acometidos.

A pneumonia em ovinos foi pouco comum epresente em 4,5% dos rebanhosamostrados de MG (Tabela 40). O sistemade manejo adotado tem grande influência naocorrência desta enfermidade, sendo maisfreqüente em sistemas intensivos e semi-intensivos, em locais de climas frios, com

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mudanças bruscas de temperatura, empropriedades que não possuem instalaçõesadequadas e cujo manejo sanitárioapresenta-se deficiente, como os ovinos sãocriados de forma extensiva, a incidência depneumonia tende a ser baixa entre eles.Outras enfermidades são importantes naocorrência da pneumonia, como o vírus daMaedi Visna, Mycoplasma sp e fatoresmecânicos provenientes de instalações malconstruídas, sem ventilação adequada oumal manejadas.

Diarréias freqüentes foram encontradas em4,1% dos rebanhos ovinos amostrados emMG (Tabela 40), percentual relativamentemenor que o encontrado nos caprinos,29,5%. Provavelmente a baixa incidência dediarréia entre os ovinos ocorreuprincipalmente pelo sistema de criaçãoextensivo.

Em ovinos, principalmente animais jovens,as diarréias são comuns, sendoresponsáveis pelas altas taxas demortalidade dos animais nas primeirassemanas de vida. Alguns fatores quecontribuem para seu aparecimento, incluemmanejo alimentar inadequado e condiçõesprecárias de higiene. Diarréias de origeminfecciosa variam em intensidade nasintomatologia e conseqüentemente, nasperdas econômicas, de acordo com oagente etiológico. Em função disso, éimportante que sejam desenvolvidaspesquisas para se definir a etiologia dasdiarréias em ovinos em MG.

Com 76,5% vermifugando seus animais(Tabela 41) é possível inferir que asdiarréias podem ter outras causas,retirando-se as de origem parasitária, ouainda, decorrentes de falhas no método devermifugação.

Em MG foram encontrados 3,7% dosrebanhos amostrados com fêmeas afetadaspela mastite (Tabela 40). Vale ressaltar quea mastite pode se apresentar de formaclínica ou subclínica. Perdas em rebanhosde corte podem ser causadas por um baixoganho de peso e mortalidade de filhotes

provenientes de fêmeas com mastite. Osmanejos nutricional, sanitário e condiçõesambientais, influenciam na capacidade dohospedeiro em responder às agressõescausadas pela mastite, aumentando suaincidência em rebanhos não controlados(Langoni, 2005).

A pododermatite, também conhecida comopietin, foot root e podridão dos cascos é umprocesso inflamatório caracteristicamentecrônico, que atinge as extremidades distaisdos membros pélvicos e torácicos doscaprinos, possui várias causaspredisponentes e determinantes, tais comopastos encharcados, instalações úmidas,áreas superlotadas e crescimentoexagerado dos cascos. É causada pelasbactérias dos gêneros Bacteróides(Dichelobacter nodosus) e Fusiformisnecrophorus que produzem inflamação nasextremidades (pele e cascos) dos animaisocasionando claudicação, podendo levá-losa óbito (Pinheiro et al, 2003). Apododermatite foi citada em 3,7% dosrebanhos amostrados (Tabela 40) tendosido menos freqüente nos ovinos do quenos caprinos. No interior da BA, 10,5% dosrebanhos ovinos apresentarampododermatite (Tinôco, 1983).

A LC ou mal do caroço foi uma enfermidadepouco freqüente nas propriedadesamostradas, encontrada em 2,7% dosrebanhos amostrados em MG, com maiorfreqüência significativa no Norte que noCOS (Tabela 40). A LC é uma doençacrônica que uma vez diagnosticada torna-seendêmica e de difícil erradicação causandoperdas econômicas pela diminuição daprodução, desvalorização da pele, baixaeficiência reprodutiva, condenação decarcaças e morte (Gouveia, 2005b).

A carência de informações dos produtoresrelativas ao controle e prevenção destaenfermidade, aliadas à falta de vacinascomerciais, tem contribuído para amanutenção da LC nos rebanhos ovinos.Atualmente existe uma vacina comercialespecífica para ovinos.

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Tabela 41 - Distribuição das propriedades de ovinos de Minas Gerais de acordo com a práticade vermifugação, freqüência e alternância de produtos, 2001.

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variável Estraton % n % n %

Não 34 16,0 27a 12,7 7b 3,3Sim 163 76,5 70a 32,9 93b 43,7Não informado 16 7,5 9 4,2 7 3,3

Vermifugação

Total 213 100 106 49,8 107 50.2> 4 meses 70 42,9 34 a 20,8 36 a 22,16 meses 38 22,7 24 a 14,7 14 b 8,612 meses 10 6,1 8 a 4,9 2b 1,2

Freqüência devermifugação

Aleatória 3 1,8 1 a 0,6 2 a 1,2Não informado 43 26,4 3 1,8 40 24,5Total 163 100 70 42,9 93 57,1Não 77 47,2 35 a 21,5 42 a 25,7Sim 72 44,2 35 a 21,5 37 a 22,7Não informado 14 8,6 - - 14 8,6

Alternância deprodutos

Total 163 100 70 43,0 93 57,01Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Na maior parte dos rebanhos ovinos, umdos grandes problemas sanitários aindacontinua sendo a verminose. destacando-seo Haemonchus contortus, Trichostrongylusspp e Oesophagostomun spp, como os maisprejudiciais. A vermifugaçao deve ser umadas principais práticas de manejo adotadana ovinocultura tecnificada baseada emexames de fezes (OPG), época do ano e aalternância de produtos, quando necessário,para retardar o processo de resistência doshelmintos aos antiparasitários e diminuir ainfestação das pastagens.

Em MG, a maioria dos produtoresamostrados, 76,5%, realiza a vermifugaçãodos animais caracterizando umaconsciência desses criadores em relaçãoaos prejuízos que os helmintos podemcausar, porém ficou demonstrado que essavermifugaçao é feita sem critérios, poisdeveria ocorrer baseada na cargaparasitária e época do ano. A maioria doscriadores das regiões do Norte (66,0%,70/106) e COS (86,9%, 93/107) vermifugaseus animais (Tabela 41).

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Tabela 42 - Distribuição das propriedades de ovinos de Minas Gerais conforme participação emexposição, exigência de atestados e documentos sanitários na compra de animais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variável Estraton % n % n %

Sim 14 6,5 06a 2,8 08b 3,7Não 184 86,4 92a 43,2 92b 43,2Não informado 15 7,0 08 3,7 07 3,3

Participação emExposições

Total 213 100 106 49,8 107 50,2Sim 25 11,7 06a 2,8 19b 8,9Não 173 81,2 92a 43,2 81b 38,0Não informado 15 7,1 08 3,8 07 3,3

Exigência deAtestados Sanitáriosna Compra

Total 213 100 106 49,8 107 50,21Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A participação dos produtores de ovinos emleilões e exposições é uma forma importantede divulgação de plantéis com animais dealto valor zootécnico, porém somente 6,5%dos ovinocultores amostrados participamdesses eventos (Tabela 42) provavelmentepor serem rebanhos comerciais.

Na compra de animais somente 11,7%exigem a documentação sanitária (Tabela42), enquanto que a maioria não reconhecea importância desta prática na manutençãoda sanidade do rebanho. A maioria doscriadores do Norte e COS não exigeatestados sanitários na aquisição deanimais, porém os ovinocultores do COSestão mais conscientizados quanto àimportância de se exigir atestados sanitáriosna compra de animais.

Demonstrou-se neste trabalho que emfunção da proximidade e semelhançasgeográficas, a aquisição de ovinos de cortede estados do Nordeste brasileiro éfreqüente e a ausência de documentaçãosanitária na compra de ovinos os predispõea sérios riscos de introdução de agentesinfecciosos relevantes. Os produtores queexigem atestados sanitários na compra deanimais o fazem para de brucelose,tuberculose, raiva e febre aftosa (Tabela42). No Brasil, vale ressaltar que a

vacinação contra febre aftosa não érecomendada (MAPA, 1995) em ovinos.

A falta de acesso ao diagnóstico pode serconseqüência de quatro situações: 1. Ocriador desconhece as informações técnicasexistentes, ou 2. Sabe da existência masdesconhece a importância econômica daadoção de medidas preventivas básicas decaráter nutricional e sanitário ou 3.Temacesso ao técnico extensionista, que porsua vez, tem dificuldade de encontrarlaboratórios que efetuem o diagnóstico dasprincipais doenças de ovinos, a maiorialigada ao setor de pesquisa emuniversidades e instituições públicas, muitasvezes não disponibilizados em rotina, outendo um custo unitário incompatível com ostestes de triagem, 4. O diagnóstico éefetuado, mas o criador não consegue nomercado as vacinas específicas para ovinosque deveriam ser utilizadaspreventivamente. Há pouca disponibilidadede produtos comerciais nacionais paradiagnóstico, tratamento e prevenção dedoenças, específicos para ovinos (Gouveia,2005c).

A adoção de medidas profiláticas como avacinação tem por objetivo diminuir osprejuízos e aumentar a resistênciaimunológica do rebanho. Entre osovinocultores amostrados somente 9,0%

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(19/213) fazem uso de vacinas contraclostridioses, 1,0% (2/213) vacina contraLeptospirose e 11,2% (24/213) vacinamcontra raiva. Esse quadro reflete odesconhecimento do uso de uma dasprincipais ferramentas de controle dedoenças que trazem grandes prejuízos paraa atividade. No Brasil, vacinação contra LCnão foi citada pelos ovinocultores apesar desua grande importância econômica.

Dos 213 produtores amostrados 31,0%vacinam contra febre aftosadesnecessariamente, As espécies debiungulados domésticas sujeitas a contrair aFebre Aftosa no Brasil por ordem desusceptibilidade são suínos, bovinos,bubalinos e pequenos ruminantes, portantoos suínos são os principais sentinelas dainfecção. Uma das causas da desnecessária

vacinação dos pequenos ruminantes podeser explicada por serem erroneamenteconsiderados sentinelas. Outroinconveniente são os granulomas formadosno local da vacinação O resultadoencontrado pode ser explicado pelodesconhecimento da informação presentenas portarias 121 (MAPA, 1993) e 713(MAPA, 1995).

4.2.3 - Algumas variáveis sócio-econômicas dos ovinocultores

Em relação a algumas variáveisconcernentes ao perfil dos produtores,determinou-se neste trabalho, abordar novedos inúmeros fatores sócio-econômicos quecertamente afetam o modo de produção dosrebanhos.

Tabela 43 - Distribuição dos criadores de ovinos de acordo com o grau de instrução naspropriedades em 142 municípios de Minas Gerais, 2001

1Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Pesquisando o grau de instrução em MGobservou-se uma tendência de maiornúmero de criadores de ovinos com primeirograu, mas havendo também uma divisãohomogênea entre os demais níveis deescolaridade, porém pode-se afirmar quehouve diferença significativa entre as duasregiões em relação aos produtores seminstrução que estão em maior número noNorte de MG, sem diferença quanto aosdemais níveis de escolaridade. Ë sabido

que pessoas com maior grau deescolaridade têm mais facilidade deassimilar informações e de aceitar novastecnologias, portanto, a região COS deveser mais receptiva a mudanças sob esseaspecto. Novas formas de extensão devemser propostas, visto que, diante do quadrogeral obtido a partir desses questionários,as pesquisas geradas não estão chegandoaos ovinocultores de MG, concordando comas afirmaçoes de Silva (1996).

Minas Gerais1 Norte2 COS3

Grau de instrução n % n % n %Sem instrução 23 10,8 21a 9,9 02b 0,9Primeiro grau 74 34,7 45a 21,1 29a 13,6Segundo grau 51 24,0 21a 9,9 30a 14,1Universitário 56 26,3 19a 8,9 37b 17,4Não informado 09 4,2 0 0 09b 4,2Total 213 100 106 49,8 107 50,2

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Tabela 44 - Principal fonte de renda dos criadores em 213 propriedades rurais onde a criaçãode ovinos é praticada de forma exclusiva ou consorciada com outras atividades agropecuáriasem 142 municípios de Minas Gerais, 2001

1Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Constatou-se em MG, que a principal fontede renda não é proveniente das atividadesrurais (75,0%) (Tabela 44), como agriculturae pecuária, demonstrando que os ovinossão uma fonte secundária de renda para oscriadores amostrados.

Os ovinos permitem uma diversificação derecursos que podem proporcionar reduçãode riscos, atenuação da pobreza, maiorinteração entre os subsistemas e propiciar

maior estabilidade às unidades de basefamiliar (Guimarães Filho et al., 2000).Sendo assim, a criação de pequenosruminantes pode se apresentar comoalternativa para a população mais carente,além de ser uma boa opção para aprodução comercial de carne ovina, cujademanda é grande no estado de São Pauloe no Distrito Federal, mercados hojesupridos parcialmente pelos estados doNordeste brasileiro.

Figura 14 - Faixa etária dos ovinocultores em 142 municípios de Minas Gerais, 2001.

A faixa etária dos produtores de ovinos deMG apresentou-se homogênea, com maiorpercentual situado no intervalo de 31-60anos; no Norte e COS houve umadistribuição homogênea dos produtores nafaixa etária de 31-60 anos (Figura 14).Somente na faixa etária de 31 a 40 anoshouve diferença significativa entre a regiãoNorte e COS, com maior freqüência destes

no Norte. Essa maior freqüência deprodutores de 31 a 40 anos pode ser umfator positivo e facilitador na divulgação denovas tecnologias, pois essa faixa etáriarepresenta uma idade de pessoas jovens ecapazes de absorver novas formas deprodução para a região onde elas estãolocalizadas.

Minas Gerais1 Norte2 COS3

Fonte de renda n % n % n %Caprinocultura 06 2,8 03a 1,4 03a 1,4Ovinocultura/Caprinocultura 19 8,9 10a 4,7 09a 4,2Agricultura/Caprinocultura 49 23,0 19a 8,9 30a 14,1Outras 160 75,1 82a 38,5 78a 36,6Não informado 05 2,4 01 0,5 04 1,9

26%

25% 28%

18%3% 20-30 anos

31-40 anos

41-50 anos

51-60 anos

> 60 anos

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Gefu (1982) na Nigéria, verificou havercorrelação entre a idade dos produtores e otamanho do rebanho, encontrando rebanhoscom maior número de animais pertencentesa proprietários com 36 anos ou mais erebanhos menores pertencentes à pessoascom menos de 36 anos, o que pode serexplicado devido aos anos de experiência

dos mais velhos e ao maior número decomponentes familiares que auxiliam noscuidados do rebanho. Na implantação deprogramas de desenvolvimento, a faixaetária do público com o qual irá se trabalhartorna-se um fator importante, uma vez queno geral, os jovens demonstram maioradaptabilidade às mudanças.

Tabela 45 - Principal fonte de informação dos criadores de 213 propriedades com ovinos em142 municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3

Fonte de informação n % n % n %Contatos interpessoais 80 37,5 32 a 15,0 48 a 22,5Reuniões 45 21,1 35 a 16,4 10b 4,7Palestras 56 26,3 39 a 18,3 17 b 7,98Dias de campo 33 15,5 19 a 8,9 14 a 6,6Rádio 08 3,8 04 a 1,9 04 a 1,9Jornal 27 12,7 07 a 3,3 20 b 9,4TV 30 14,1 09 a 4,2 21 b 9,85Outra 36 16,9 16 a 7,5 20 a 9,4Não informado 04 1,9 01 0,5 03 1,41Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

Estabeleceu-se também os meios decomunicação pelos quais os produtores têmpreferência em receber as informaçõesrelacionadas aos rebanhos de ovinos,ressaltando-se uma forte tendência aocontato direto entre produtores com maiorespossibilidades de trocas de informações eexperiências, proporcionado por contatosinterpessoais, reuniões, palestras e dias decampo. A televisão, jornais rádio forampouco freqüentes demonstrando que osmeios áudio-visuais estão sendo menosutilizados que o esperado (Tabela 45). Asoutras opções citadas pelos produtores(16,9%) compreendem revistas, jornais,cartilhas, mala direta e correio. Desta forma,se expressa a enorme carência deinformações sobre o modo de criação depequenos ruminantes por parte dosprodutores, que demonstram grande

interesse na obtenção de dados sobre amelhor maneira de conduzir seus rebanhos.

Novas formas de extensão devem serpropostas utilizando os canais interpessoaiscomo melhor forma de alcançar osovinocultores, contribuindo para reversão doquadro geral obtido a partir dessesquestionários, que apontam que aspesquisas geradas não estão chegando aocampo, indicando necessidade de maiorintegração das instituições responsáveispela pesquisa e pela extensão rural noEstado com as entidades de criadores decaprinos e ovinos. Já na década passada,Silva (1996) aponta a necessidade dereestruturação das formas de extensão rurale até hoje poucas mudanças foramobservadas nesse sentido.

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Tabela 46 - Distribuição das propriedades de ovinos de Minas Gerais de acordo com a idade eo peso de abate dos animais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Variável Estraton % n % n %

< 6 meses 11 5,2 6a 2,8 5a 2,36 a 12 meses 94 44,1 45a 21,1 49a 23,0> 12 meses 48 22,5 22a 10,3 26a 12,2Não comercializa 16 7,5 14a 6,6 2b 0,9Não informado 44 20,7 19 8,9 25 11,7

Idade do Abate

Total 213 100 106 49,8 107 50,2Até 10 Kg 5 2,3 4a 1,9 1a 0,511 a 15 Kg 10 4,7 7a 3,3 3a 1,416 a 20 Kg 25 11,7 13a 6,1 12a 5,621 a 25 Kg 20 9,34 12a 5,6 8a 3,726 a 30 Kg 41 19,2 19a 8,9 22a 10,331 a 35 Kg 17 8,0 4a 1,9 13b 6,136 a 40 Kg 8 3,7 2a 0,9 6a 2,8> 40 Kg 3 1,4 0a 0 3a 1,4Não abate 13 6,1 12a 5,6 1b 0,5Não informado 71 33,3 33 15,4 38 17,8

Peso Médio dosOvinos ao Abate

Total 213 100 106 49,8 107 50,21Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A idade e o peso de abate dos animais sãodois indicadores importantes do níveltecnológico, pois quanto mais tecnificada apropriedade mais cedo esses índices sãoalcançados e maior a lucratividade doprodutor. A maioria dos animais é abatidaentre os 6 e 12 meses e com os maisvariados pesos, com tendência de seremabatidos entre 26 e 30 Kg (Tabela 46),esses índices não são os requisitados pelomercado que procura animais de até 6meses e com peso aproximado de 35 Kg.

Não houve diferença entre os ovinocultoresdo Norte e COS quanto à idade de abate oque comprova que, nesse aspecto, elesestão no mesmo nível tecnológico e aindanão estão conscientes do tipo de produtoque o consumidor deseja. Vale ressaltar queboa parte dos criadores não informou sobrea idade e peso de abate (Tabela 46),indicativo de que não possuem essasinformações e não reconhecem nelas meiosde agregar valor ao produto final.

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Tabela 47 - Distribuição das 213 propriedades de ovinos de acordo com as dificuldades decomercialização da carne em 142 municípios de Minas Gerais, 2001

Minas Gerais1 Norte2 COS3Dificuldades nacomercialização n % n % n %

Preço 14 5,6 1a 0,5 13b 6,1Falta de frigorífico na região 26 12,2 1a 0 25b 11,7Longa distancia do frigorífico 8 3,8 0a 0 8b 3,7Falta de comprador 14 5,6 0a 0 14b 6,6Falta de curtume 10 4,7 0a 0 10b 4,7Outras 55 25,8 40a 18,8 15b 7,0Não comercializa 2 0,9 0a 0 2b 0,9Não informado 105 49,3 64 30,0 41 19,2Total 213 100 106 49,8 107 50,21Total das 12 mesorregiões de Minas Gerais2 Quatro Mesorregiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Noroeste de Minas3Oito Mesorregiões: Campo das Vertentes, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste deMinas, Sul/Sudeste de Minas, Triângulo/Alto Paranaíba, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.*Letras diferentes na mesma linha significam diferença significativa (p < 0,05) entre regiões.

A maior dificuldade encontrada nacomercialização dos animais é a falta defrigoríficos (12,2%), por isso eles sãovendidos vivos em mercados locais ouintermediários como citados na Tabela 47, ocomércio informal surge como umaalternativa para aqueles que não têm ondevender seus animais. A falta de constânciade oferta de animais de qualidade leva adificuldade de encontrar compradores paraadquirir esses animais.

Boa parte dos criadores de ovinos nãoinformou quais são as principais dificuldadesencontradas na comercialização dosanimais (49,3%). Dentre os que informaram,as variáveis falta de frigoríficos e falta decompradores foram as dificuldades maispresentes (Tabela 47) e devem serconsideradas com cautela. A falta decompradores, sejam eles intermediários oufrigoríficos, é um dos principais obstáculos àcomercialização dos animais.

Para que a ovinocultura possa sedesenvolver e transformar-se em umaefetiva alternativa econômica no contexto doagronegócio, a exemplo de outros setores,torna-se fundamental conhecer os custosque envolvem essa atividade. Anecessidade do controle dos custos derivanão apenas da preocupaçãomicroeconômica do controle da atividade em

si, mas também da necessidade de fornecerelementos para a emergência dagovernança contratual e da busca doequilíbrio distributivo no âmbito da cadeiaprodutiva. A ausência quase que total deinformações sobre custos efetivos deprodução na ovinocultura parece ser a regraem quase todas as regiões do país(Medeiros et al., 2005).

5 – CONCLUSÕES

A análise dos dados possibilitou acaracterização da caprinocultura eovinocultura em MG, a definição devariáveis importantes na categorização depropriedades segundo o nível tecnológico ea sugestão de ações em Pesquisa, DefesaSanitária, Extensão Rural eEmpreendedorismo, ancorada na demandados produtores.

O desconhecimento da importância daidentificação individual por parte doscriadores de caprinos e ovinos de corte, éindicativo de baixo nível tecnológico deprodução.

Na grande maioria das propriedadesamostradas em MG, o nível tecnológicoencontrado aliado à necessidade dosprodutores de ações educativas e deassistência técnica, revela a grande falha

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que vem ocorrendo nos trabalhos deextensão e educação sanitáriadesenvolvidos até então no Estado.

Os canais interpessoais são a melhor formade alcançar os produtores rurais,contribuindo para reversão do quadro geralencontrado.

O desconhecimento das Portarias 121(1993) e 713 (1995) do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento porparte dos produtores e técnicos quanto àvacinação contra febre aftosa em caprinos eovinos ficou evidente.

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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