caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

136
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS FACULDADE DE VETERINÁRIA PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA CLÍNICA E REPRODUÇÃO ANIMAL “CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DOS PARVOVÍRUS ASSOCIADOS AOS CASOS DE GASTRENTERITE EM FILHOTES DE CÃES E GATOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO” TATIANA XAVIER DE CASTRO Orientadoras: Norma Vollmer Labarthe Rita de Cássia N.C.Garcia Niterói 2010

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Page 1: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS

FACULDADE DE VETERINÁRIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA – CLÍNICA E REPRODUÇÃO

ANIMAL

“CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DOS PARVOVÍRUS ASSOCIADOS AOS

CASOS DE GASTRENTERITE EM FILHOTES DE CÃES E GATOS NO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO”

TATIANA XAVIER DE CASTRO

Orientadoras:

Norma Vollmer Labarthe

Rita de Cássia N.C.Garcia

Niterói 2010

Page 2: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

III

TATIANA XAVIER DE CASTRO

“CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DOS PARVOVÍRUS ASSOCIADOS AOS

CASOS DE GASTRENTERITE EM FILHOTES DE CÃES E GATOS NO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO”

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito para a obtenção do Grau de Doutor. Área de Concentração: Cirurgia e Clínica Médica Veterinária, Sub- Área: Clínica Veterinária.

Orientadoras:

Norma Vollmer Labarthe

Rita de Cássia N.C.Garcia

Niterói 2010

Page 3: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

TATIANA XAVIER DE CASTRO

“CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DOS PARVOVÍRUS ASSOCIADOS AOS CASOS DE

GASTRENTERITE EM FILHOTES DE CÃES E GATOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO”

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito para a obtenção do Grau de Doutor. Área de Concentração: Cirurgia e Clínica Médica Veterinária, Sub- Área: Clínica Veterinária.

BANCA EXAMINADORA

Dra Norma Vollmer Labarthe (UFF) – Orientadora

Dra Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia (UFF) – Orientadora

Dr. Aloysio de Mello F. Cerqueira (UFF)

Dr. Marcelo de Lima (UFF)

Dr. José Paulo Gagliardi Leite (FIOCRUZ)

Dr. Jonimar Pereira Paiva (Universidade Castelo Branco)

Dra Flavya Mendes-de-Almeida (UFF - Suplente Interna)

Dr. Eduardo de Mello Volotão (FIOCRUZ - Suplente Externo)

Niterói

2010

Page 4: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

V

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROPP

Este trabalho foi realizado no Departamento de Microbiologia e Parasitologia do Instituto Biomédico –

UFF, em cooperação com o Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental, Instituto Oswaldo Cruz

(IOC) por Tatiana Xavier de Castro, sob orientação da Dra

. Norma Vollmer Labarthe e Dra

.Rita de

Cássia Nasser Cubel Garcia.

C355 Castro, Tatiana Xavier de Caracterização molecular dos parvovírus

associados aos casos de gastrenterite em

filhotes de cães e gatos no Estado do Rio de

Janeiro/ Tatiana Xavier de Castro; orientadora

Norma Vollmer Labarthe. – 2010.

124 f.

Dissertação (Mestrado em Cirurgia e Clínica

Médica Veterinária)- Universidade Federal

Fluminense,2010.

Orientadora: Norma Vollmer Labarthe

1.Parvovírus canino. 2.Gastroenterite

3.Diagnóstico. 4. Vírus da panleucopenia felina.

I. Título.

CDD 636.08960194

Page 5: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

VI

Aos meus pais e irmã, pelo apoio incondicional

durante esta etapa da minha vida.

Page 6: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

VII

AGRADECIMENTOS

A Deus pela força de superar todos os obstáculos e continuar sempre buscando

meus objetivos.

À minha família por todo o amor, carinho e compreensão ao longo desta etapa da

minha vida.

À Profa Dra Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia pelo apoio e presença marcante

nestes 11 anos de convivência.

À Dra Norma Labarthe pelo apoio e orientação não somente neste projeto, mas ao

longo de todo o meu desenvolvimento profissional.

Ao Dr. José Paulo Gagliardi Leite pela oportunidade oferecida de desenvolver a

etapa determinante deste projeto no Instituto Oswaldo Cruz.

Aos colegas do laboratório de Virologia da Universidade Federal Fluminense por

todos os bons momentos compartilhados no laboratório.

Aos colegas do laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do Instituto Oswaldo

Cruz pela paciência e boa vontade em transmitir os ensinamentos que

permitiram a realização deste projeto.

À todos os médicos veterinários que gentilmente nos enviaram amostras fecais de

casos de gastrenterite, possibilitando a realização deste estudo.

Ao Curso de Pós-Graduação em Cirurgia e Clínica Médica Veterinária da Faculdade

de Medicina Veterinária, por esta oportunidade de crescimento profissional e

pessoal.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ao

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ)

pelo auxílio financeiro durante a elaboração do projeto.

Page 7: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

VIII

“Ora Lege Lege Lege Relege Labora et Invenies".

"Reza, lê, lê, lê, relê, trabalha e encontrarás"

Gaston Bachelard, livro mudo da alquimia, 1677.

Page 8: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

IX

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA, f. VI

AGRADECIMENTOS f. VII

EPÍGRAFE f.VIII

SUMÁRIO, f. XI

LISTA DE FIGURAS, f. XII

LISTA DE QUADROS, f. XIII

LISTA DE TABELAS, f. XIV

LISTA DE APÊNDICE, f. XV

LISTA DE ANEXOS, f.XVI

RESUMO, f. XVII

ABSTRACT, f. XIX

1 INTRODUÇÃO, f.20

2 HIPÓTESE, f. 24

3 OBJETIVOS, f.25

3.1- OBJETIVO GERAL, f.25

3.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS, f.25

4 REVISÃO DA LITERATURA, f.26

4.1.– CLASSIFICAÇÃO, f.26

4.2 – MORFOLOGIA DO VÍRUS, f.26

4.3 – REPLICAÇÃO DO VÍRUS, f.28

4.4 – EVOLUÇÃO DO VÍRUS E SURGIMENTO DOS TIPOS ANTIGÊNICOS, f. 30

4.5 – ANÁLISE DE HOMOLOGIA DE NT E AA DOS PARVOVÍRUS CANINOS(CPV) f.35

Page 9: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

X

4.6 – TRANSMISSÃO, PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, f.40

4.7 – IMUNIDADE E PROFILAXIA, f. 43

4.8- DIAGNÓSTICO LABORATORIAL f. 45

5-MATERIAL E MÉTODOS, f.49

5.1- AMOSTRAS CLÍNICAS, f.49

5.2- REAGENTES E SOLUÇÕES, f.50

5.2.1- TAMPÃO TRIS-CA++ 0,01M PH 7,2, f.50

5.2.2- TAMPÃO SALINA-BORATO (BABS) PH 9.0, f.50

5.2.3- TAMPÃO VAD PH 6.0, f.51

5.2.4- CAOLIM 25%, f.51

5.2.5- TAMPÃO L2 PH 6,4, f.51

5.2.6- TAMPÃO TRIS-HCL 0,1 M PH 6,4, f.52

5.2.7- TAMPÃO NAOH 10N, f.52

5.2.8- SÍLICA, f.52

5.2.9- ETANOL 70%, f.53

5.2.10- EDTA 0,5M PH 8,8, f.53

5.2.11- TAMPÃO TRIS-BORO-EDTA (TBE) 10 X PH 8,4, f.53

5.2.12- AGAROSE A 1,5%, f.54

5.2.13- SOLUÇÃO DE BROMETO DE ETÍDIO, f.54

5.2.14- TAMPÃO CORANTE AZUL DE BROMOFENOL , f.54

5.3- INICIADORES DE CADEIA UTILIZADOS NA PCR PARA CARACTERIZAÇÃO GENÔMICA,

F.55

5.4 - MÉTODOS, f.56

5.4.1- SUSPENSÃO FECAL A 10%, f.56

Page 10: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

XI

5.4.2 - REAÇÃO DE HEMAGLUTINAÇÃO E INIBIÇÃO DA HEMAGLUTINAÇÃO (HA/HI), f.56

5.4.3 - REAÇÃO EM CADEIA PELA POLIMERASE (PCR) PARA A DETECÇÃO DO GENOMA DO PARVOVÍRUS

CANINO. f.57

5.4.3.1. - EXTRAÇÃO DO ÁCIDO NUCLEICO. f.57

5.4.3.2- REAÇÃO EM CADEIA PELA POLIMERASE (PCR). f.58

5.4.4- SEQUENCIAMENTO PARCIAL DO GENE QUE CODIFICA PARA A PROTEÍNA DE CAPSÍDEO VP2 DOS

PARVOVÍRUS CANINO E FELINO. f.59

5.4.5- ANÁLISE FILOGENÉTICA DAS AMOSTRAS DOS PARVOVÍRUS CANINO E FELINO. f.61

6- RESULTADOS. f.63

6.1- TRIAGEM DE AMOSTRAS CPV POSITIVAS PARA SEQUENCIAMENTO. f.63

6.2- CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS DE CPV EM AMOSTRAS FECAIS DE CÃES NÃO VACINADOS COM

GASTRENTERITE, f.65

6.3- MONITORAMENTO DOS TIPOS DE PARVOVIRUS CANINO (CPV) EM FILHOTES DE CÃES VACINADOS

COM GASTRENTERITE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. f.70

6.4 -CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DOS PARVOVÍRUS EM AMOSTRAS DE FELINOS DOMÉSTICOS NO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO E COMPARAÇÃO COM OS TIPOS DE CPV DE AMOSTRAS CANINAS. f.77

7- DISCUSSÃO. f.81

8- CONCLUSÕES. f.89

9- OBRAS CITADAS. f.90

10- APÊNDICES. f.104

11-ANEXOS. f.108

Page 11: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

XII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fotomicrografia eletrônica de partículas de parvovírus canino (CPV) em amostra fecal de um

cão com gastrenterite (WILLI, 1998); B- Modelo da partícula viral; C- Modelo dinâmico da

montagem do capsídeo icosaédrico do CPV (www. people.brandeis.edu). f.27

Figura 2 Etapas da expressão gênica e replicação dos parvovírus autônomos (MORAES & COSTA,

2007). f.29

Figura 3 Organização genômica e mapa de transcrição do parvovírus canino (REED; JONES;

MILLER, 1988) f.30

Figura 4 Representação do capsídeo viral com os AA que alteraram durante a evolução do CPV.

Resíduos que variaram entre FPV e CPV estão em azul, resíduos que variaram entre CPV-2

e CPV-2a estão em verde e em amarelo os resíduos que ainda continuam variando

(PARRISH & KAWAOKA, 2005). f.32

Figura 5 Análise genética e os hospedeiros do vírus da panleucopenia felina (FPLV) e parvovirus

canino (CPV) desde a sua origem no final da década de 70, até os dias atuais (HOELZER&

PARRISH, 2010). f.34

Figura 6 Relação filogenética entre os parvovírus de carnívoros, baseada no gene que codifica para

a proteína de capsídeo VP2. FPLV (vírus da panleucopenia felina); BFPV (parvovírus da

raposa azul); RPV (parvovírus do racoon) (HOELZER& PARRISH, 2010). f.39

Figura 7 Fluxograma da patogenia da infecção pelo parvovírus canino (CPV) (MACARTNEY;

MCCANDLISH; THOMPSON, 1984; POLLOCK; COYNE, 1993; SMITH-CARR et al., 1997).

f.41

Figura 8 Localização da seqüência dos iniciadores de cadeia utilizados neste estudo f.55

Figura 9 Fluxograma de detecção, caracterização e análise de homologia de nt e AA das amostras

de parvovírus canino e felino utilizadas neste estudo. f.43

Figura 10 Comparação entre as sequências nucleotídicas dos isolados de CPV-2c detectados na

América do Sul. Em destaque as mutações pontuais detectadas nos diferentes isolados.

f.68

Figura 11 Dendograma construído a partir da análise de um fragmento (563 pb) do gene que codifica

para a proteína de capsideo VP2 das amostras de CPV de cães não vacinados e amostras

de CPV no GenBank. A barra na parte inferior da figura é proporcional à distância genética.

f.69

Figura 12 Sequências nucleotídicas da amostra caracterizada como CPV-2b selvagem (RJ901/08) e

amostra CPV-2b vacinal (vacina Duramune® Max5) Em destaque a mutação pontual no nt

Page 12: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

XIII

4494, presente na cepa vacinal. f.74

Figura 13 Dendograma elaborado a partir das análise de um fragmento (563 pb) do gene que codifica

para a proteína de capsideo VP2 de 37 cães vacinados, quatro vacinas para CPV e

amostras padrão e recombinantes de CPV obtidas no GenBank. A barra na parte inferior da

Figura é proporcional à distância genética. f. 76

Figura 14 Dendograma elaborado a partir das análise de um fragmento (1171 pb) do gene que

codifica para a proteína de capsideo VP2 das seis amostras felinas deste estudo junto com

as amostras caninas e isolados felinos e caninos obtidos no Genbank. Em destaque as

amostras caninas que apresentaram mutações de AA importantes na determinação do

espectro de hospedeiro dos parvovirus. A barra na parte inferior da Figura é proporcional à

distância genética. f. 80

Page 13: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

XIV

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Principais mutações descritas no genoma do parvovírus canino (CPV) durante sua

evolução (TRUYEN et al., 1998; BUONAVOGLIA et al., 2001; MOON et al., 2008;

HOELZER& PARRISH, 2010). f.38

Quadro 2 Descrição dos iniciadores utilizados na reação em cadeia pela polimerase (PCR) neste

estudo, com o tamanho em pares de base (pb) de seus respectivos produtos. f.56

Page 14: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

15

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuição das 69 amostras fecais caninas positivas por HA/HI e PCR analisadas neste

estudo conforme o sexo, faixa etária, raça, condição vacinal dos cães e tipo de CPV (CPV-

2a, 2b e 2c) caracterizado na amostra fecal. f.64

Tabela 2 Diferenças de nucleotídeos e aminoácidos encontradas no produto amplificado de 563

bp de VP2 nas 32 amostras de parvovirus canino de cães não vacinados apresentando

gastrenterite e isolados obtidos no GenBank. f.66

Tabela 3 Idade e condição vacinal dos cães e tipo de parvovírus canino detectado nas 37

amostras fecais coletadas de cães vacinados no Rio de Janeiro no período de 1995-

2009. f.70

Tabela 4 Caracterização genômica dos parvovirus caninos detectados nas 37 amostras de cães

vacinados e nas quatro amostras de vacinas a partir da análise da sequência parcial do

gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2. f. 72

Tabela 5 Diferenças de nucleotídeos e aminoácidos encontradas no fragmento de 1171 pb do

gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2 em seis amostras felinas e quatro

amostras caninas coletadas em 2004-2005. f. 78

Page 15: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

16

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice 1 Ficha de identificação do animal. f. 105

Apêndice 2 Tabela de aminoácidos. f.106

Apêndice 3 Aprovação do COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ANIMAL (PRÓ-REITORIA DE

PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO), f. 107

Page 16: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

17

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 Número de acesso do GenBank das amostras de parvovírus canino (CPV) e felino

(FPLV) caracterizadas neste estudo. f.109

Anexo 2 Distribuição cronológica dos tipos de CPV no Brasil de 1980 a 2009. A tabela oi

formulada tendo como base o estudo atual e estudos anteriores (PEREIRA et al., 2007;

STRECK et al., 2009). A linha contínua indica predominância do tipo. A linha tracejada

indica uma menor circulação do tipo. f.110

Anexo 3 Carta de aceite e trabalho submetido para publicação no periódico Brazilian Journal of

Mirobiology: “Partial VP2 sequencing of canine parvovirus (CPV) strains circulating in

the State of Rio de Janeiro, Brazil: detection of the new variant CPV-2c”. f.111

Anexo 4 Carta de aceite e trabalho submetido para publicação no periódico Research in

Veterinary Science: “Monitoring of canine parvovirus (CPV) strains detected in

vaccinated puppies in Brazil”.f. 118

Anexo 5 Carta de submissão e trabalho “First Characterization of parvovirus strains from

domestic cats in Brazil.” para publicação no periódico Journal of Veterinary Diagnostic

Investigation. f. 124

Page 17: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

18

RESUMO

A infecção pelo Parvovírus Canino (CPV) é a principal causa de gastrenterite viral em filhotes de cães e novos tipos antigênicos vem sendo descritos substituindo os tipos antigos destes vírus. A circulação do CPV e do vírus da Panleucopenia Felina (FPLV) em cães e gatos no Estado do Rio de Janeiro, bem como a descrição de casos de gastrenterite em felinos associados aos novos tipo de CPV torna necessária uma avaliação contínua das amostras de parvovírus (FPLV e CPV) circulantes nestas espécies. Portanto, este trabalho teve como objetivo realizar a caracterização molecular dos parvovírus detectados em amostras fecais de cães e gatos com até um ano de idade com gastrenterite no Estado do Rio de Janeiro no período de 1995-2009. Após confirmação laboratorial da infecção pelo parvovírus por hemaglutinação/ inibição da hemaglutinação (HA/HI), 69 amostras fecais de cães foram submetidas à reação em cadeia pela polimerase (PCR) e sequenciamento parcial do gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2 para caracterização dos tipos de CPV. Seis amostras fecais de felinos domésticos, também foram submetidas ao sequenciamento parcial da mesma região para caracterização dos parvovírus associadas à infecção nesta espécie. A análise de dois aminoácidos (AA) 426 e 555 do CPV em 32 amostras fecais de cães não vacinados coletadas no período de 1995-2009 demonstrou uma substituição do tipo CPV-2a pelo tipo 2b e a primeira descrição do tipo CPV-2c na população canina no Rio de Janeiro. Para monitoramento dos tipos de CPV em 37 cães vacinados, a análise dos AA 297, 300, 305, 426 e 555 permitiu a caracterização dos tipos CPV-2a em 23 amostras e CPV-2b em 14 amostras. Mutações sinônimas foram detectadas nos AA 440 e 574. As mutações detectadas nos tipos estudados aparentemente não afetaram os AA relacionados a antigenicidade do vírus e não parecem comprometer a capacidade global das vacinas em proteger os filhotes contra os tipos em circulação. Os parvovírus detectados em seis amostras felinas foram caracterizadas com FPLV por sequenciamento, porém a detecção de mutações não-sinônimas em resíduos importantes para a determinação do espectro de hospederio em duas amostras felinas e uma canina indica que os CPV e FPLV estão sujeitos a importantes eventos evolutivos e enfatizam a importância do monitoramento contínuo e da caracterização molecular desse parvovírus de maneira a permitir a identificação de possíveis mudanças genéticas e antigênicas que possam interferir na eficácia das vacinas para CPV. Estes resultados também reforçam a idéia de que somente o sequenciamento oferece ampla informação sobre a caracterização e análise filogenética dos parvovírus em circulação na população canina e felina.

Palavras–chave: Parvovírus Canino (CPV); Vírus da Panleucopenia felina (FPLV); Gastrenterite; Caracterização Molecular; Sinais clínicos.

Page 18: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

19

ABSTRACT

Canine Parvovirus (CPV) infection is the major cause of viral enteritis in puppies and new antigenic types have been described in substitution of the old types of these viruses. The aim of this study was to realize the genomic analysis of CPV strains in enteritis puppies in the State of Rio de Janeiro. The circulation of CPV and FPLV in dogs and cats in Rio de Janeiro, and the description of cases of enteritis in cats associated with the new types of CPV requires a continuous evaluation of parvovirus (FPLV and CPV) circulating in these species. Therefore, the aim of this study was to perform the molecular characterization of parvovirus detected in fecal samples of dogs and cats up to one year of age with enteritis in the State of Rio de Janeiro. After laboratory confirmation of CPV infection by hemagglutination/ hemagglutination inhibition tests (HA/HI), 69 fecal samples from dogs with one year of age were submitted to polymerase chain reaction (PCR) and partial sequencing of the gene coding for VP2 capsid protein for characterization of the types of CPV in clinical samples. Six fecal samples from domestic cats up to six months old were also subjected to partial sequencing of the same region for characterization of parvovirus infection associated with this species. The analysis of two amino acids (AA) 426 and 555 of CPV in 32 fecal samples collected from unvaccinated puppies collected during 1995-2009 showed a progressive replacement of CPV type-2a by the 2b type and the first description of CPV-2c in the canine population in Rio de Janeiro. In order to investigate CPV types in 37 puppies with parvoviral infection despite vaccination, the analysis of residues 297, 300, 305, 426 e 555 allowed the characterization of CPV-2a in 23 samples and CPV-2b in another 14. Synonymous substitutions in the AA 440 and 574 were detected. All CPV-2a showed a non-synonymous mutation in residue 297

(SerAla). The mutations detected in CPV strains collected from vaccinated puppies apparently did not affect the amino acid residues related to antigenicity of CPV, and did not compromise the overall ability of current vaccines in protect puppies against the circulating types. The parvovirus strains detected in six cat samples were confirmed by sequencing as FPLV but the detection of non-synonymous mutations in feline and canine parvovirus strains indicate that CPV and FPLV are subject to important evolutionary events and emphasize the importance of continuous surveillance and genetic characterization of these parvovirus in order to detect possible genetic and antigenic changes with potential effect on CPV vaccine effectiveness. These results also reinforce that only sequence analysis provides full information for characterization and phylogenetic analysis of parvovirus circulating in dog and cat population.

Key-words: Canine Parvovirus (CPV); Feline Panleukopenia Virus (FPLV); Enteritis; Molecular Characterization; Clinical Signs.

Page 19: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

20

1- INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a emergência de novos vírus deixou de ser um tema

apenas do meio científico e acadêmico e passou a ser discutido também pela

população leiga mundial. Um dos mecanismos responsáveis pelo aparecimento de

uma virose emergente resulta da capacidade de determinados vírus em ampliar

seu espectro de hospedeiros (transposição da barreira de espécie), adquirindo a

habilidade de se replicar e disseminar eficientemente em outras espécies de

hospedeiro (PARRISH& KAWAOKA, 2005).

Entre os vírus com genoma DNA de fita simples, os parvovírus de

carnívoros constituem-se em importante modelo para explicar como múltiplas

mudanças de aminoácidos na proteína de capsídeo podem contribuir para a

emergência de um novo patógeno (PARRISH & KAWAOKA, 2005). O parvovírus

canino (CPV) é um exemplo de sucesso na transposição da barreira de

hospedeiro (PARRISH & KAWAOKA, 2005; HOELZER; PARRISH, 2010), já que é

considerado uma variante do vírus da panleucopenia felina (FPLV) que adquiriu a

capacidade de replicação em cães após a passagem em um hospedeiro carnívoro

selvagem (HORIUCHI et al., 1998; TRUYEN et al., 1998; STEINEL et al., 2001;

IKEDA et al., 2002).

Desde 1920, o FPLV já era conhecido como agente de doença em gatos

domésticos (Felis catus) (VERGE; CHRISTOFORI, 1928). Após o aparecimento

do CPV em 1978, a doença entérica associada a infecção pelo CPV em cães foi

considerada patologicamente semelhante a doença causadas pela vírus da

panleucopenia felina vírus (FPLV) em gatos e anticorpos policlonais e estudos de

“in vivo” proteção cruzada logo mostrou que o CPV e FPV estavam estreitamente

relacionados antigenicamente (PARRISH, 1999). Neste período, PARRISH et al.

Page 20: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

21

(1985) observaram que as amostras de CPV que circularam nos Estados Unidos

da América (EUA) entre 1978 a 1980 eram de um único tipo, atualmente

denominadas de “tipo antigo” ou CPV-2. Um novo tipo, CPV-2a, rapidamente

substituiu o tipo “antigo” em circulação e passou a prevalecer na população canina

logo após 1980. A partir de 1984 um novo tipo CPV-2b surgiu (PARRISH, 1988;

PARRISH, 1995-a) e estes tipos 2a e 2b co-existiram em várias populações no

mundo em diferentes proporções não sendo observada vantagem evolutiva de um

tipo em relação ao outro (STEINEL et al., 1998).

Em 2001, um terceiro tipo de CPV (CPV-2c) foi descrito na Itália

(BUONAVOGLIA et al., 2001) e já existem relatos da circulação deste tipo na

população canina em diferentes países, incluindo na América do Sul (DECARO et

al., 2006, 2007; HONG et al., 2007; MEERS et al., 2007; PÉREZ et al., 2007;

VIEIRA et al., 2008; CALDERON et al., 2009). Na Itália, o tipo 2c está substituindo

o tipo 2b na população canina e tal disseminação sugere que esse tipo apresenta

uma vantagem evolutiva, em comparação com os demais (DECARO et al., 2006-

b, 2007-a).

A manifestação clínica da infecção pelo CPV e a intensidade dos sinais

clínicos podem variar, mas a gravidade do quadro clínico (vômito, anorexia, apatia,

diarréia hemorrágica líquida) faz com que o proprietário do filhote procure o

atendimento de um médico veterinário (CASTRO et al., 2007, DESARIO et al.,

2005; MOON et al., 2007).

Os estudos que investigaram o potencial patogênico do CPV-2c

apresentaram resultados discordantes. Enquanto os primeiros relatos sugeríam

uma baixa patogenicidade, nos casos mais recentes tem-se observado sinais

clínicos mais graves (DECARO et al., 2006; KAPIL et al., 2008; DECARO et al.,

2009). Portanto, a circulação de novos tipos de CPV, bem como a descrição de

uma diversidade de sinais clínicos relacionados à infecção pelos diferentes tipos

(CASTRO et al., 2007; MOON et al., 2007; PÉREZ et al., 2007), torna necessário

não somente o diagnóstico laboratorial da infecção por CPV, mas também o

estudo dos sinais clínicos associados a infecção pelos novos tipos.

Desde os primeiros surtos de enterite por CPV, houve uma evolução gradual

na profilaxia da parvovirose canina, e atualmente vacinas de vírus vivo modificado

Page 21: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

22

ou “Modified Live Virus“ (MLV), constituídas de CPV-2 (tipo antigo) ou CPV-2b são

amplamente utilizadas em vários países, inclusive no Brasil. A detecção de CPV

em animais vacinados através das metodologias usadas na rotina como a reação

de hemaglutinação (HA) e o ensaio imunoenzimático (EIA) é um complicador no

diagnóstico, pois o vírus vacinal é eliminado nas fezes de 3 a 9 dias pós

vacinação e pode ser detectado por estas técnicas, que não distinguem o CPV

vacinal do selvagem (DECARO et al., 2006-a).

Além disso, com a emergência do novo tipo 2c em vários países, alguns

trabalhos sugerem que as vacinas disponíveis não conferiam proteção à infecção

por este tipo, uma vez que surtos de enterite em filhotes vacinados foram

associados à presença do CPV-2c (DECARO et al., 2006-b, 2008-a). Portanto, o

monitoramento das amostras de CPV circulantes, principalmente naqueles casos

em que os animais apresentam enterite por CPV apesar da vacinação, é essencial

para a avaliação da eficácia das vacinas frente ao desafio com os novos tipos do

vírus.

Estudos realizados após 1996 têm demonstrado que vários de surtos

panleucopenia felina não não foram associados ao FPLV e sim aos novos tipos de

CPV em circulação (CPV-2a 2b e 2c) (TRUYEN et al., 1996; NAKAMURA;

SAKAMOTO; IKEDA, 2001; GAMOH et al., 2003-b; DECARO et al., 2010). Estes

estudos sugerem que, embora o CPV-2 tenha perdido a capacidade de se replicar

em células de origem felina, os novos tipos de CPV voltaram a causar doença em

gatos domésticos, com sinais clínicos semelhantes aos causados pelo FPLV.

Entretanto, o potencial patogênico do CPV nestes hospedeiros não está claro

(NAKAMURA; SAKAMOTO; IKEDA, 2001; GAMOH et al., 2003-b).

Em estudos conduzidos por um período de 15 anos (1995 a 2009), o CPV

foi associado a 32 a 55% dos casos de diarréia em filhotes de cães com até 6

meses de idade no Estado do Rio de Janeiro (CASTRO et al., 2007; SILVA, 2010).

Da mesma forma, um estudo realizado em 2006 com 159 amostras fecais de

felinos domésticos confirmou a circulação do FPLV associado a casos de enterite

nesta mesma região (MIRANDA, 2006).

A co-circulação do FPLV e CPV na população canina e felina neste Estado,

bem como a recente descrição de casos graves de enterite em felinos domésticos

Page 22: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

23

associados ao tipo novo CPV-2c na Itália (DECARO et al., 2010) torna necessária

uma avaliação contínua das amostras de parvovírus (FPLV e CPV) circulantes na

população felina para determinação do padrão de evolução destes parvovírus no

Rio de Janeiro e da sua importância epidemiológica.

Neste estudo os parvovírus detectados em amostras fecais coletadas de

filhotes de cães com enterite no período de 15 anos (1995-2009) e de gatos

domésticos foram caracterizados através do sequenciamento parcial da proteína

de capsídeo VP2 evidenciando a circulação dos novos tipos CPV-2a e 2b e a

primeira descrição do novo tipo 2c na população canina do Estado do Rio de

Janeiro.

As amostras obtidas de cães que apresentaram enterite por CPV apesar da

vacinação também foram caracterizadas em busca de alterações no gene que

codifica para a proteína VP2 que pudessem resultar em alterações antigênicas

capazes de interferir na eficácia das vacinas constituídas pelos tipo antigo (CPV-

2). Os tipos de CPV caracterizados nas amostras fecais de cães vacinados e não

vacinados foram relacionados aos sinais clínicos apresentados pelos cães,

buscando a associação entre o tipo de CPV e a gravidade do quadro clínico.

Seis amostras felinas coletadas em 2004 foram estudadas juntamente com

quatro amostras caninas coletadas no mesmo ano em busca de CPV associado a

infecção em gatos, bem como possíveis mutações nos parvovírus detectados em

felinos.

Page 23: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

24

2- HIPÓTESE

As mudanças de nucleotídeos (nt) e aminoácidos (AA) observadas na

proteína de capsídeo VP2 do parvovírus canino (CPV) favorecem o surgimento de

novos tipos de CPV no Estado do Rio de Janeiro.

A ocorrência de mutações em AA importantes na deteminação do espectro

de hospedeiro no CPV faz com que o CPV readquira a capacidade de se replicar

em felinos.

Page 24: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

25

3- OBJETIVOS

3.1- Objetivo Geral:

Realizar a caracterização molecular dos parvovírus detectados em

amostras fecais de filhotes de cães e gatos (até um ano de idade)

portadores de gastrenterite no Estado do Rio de Janeiro.

3.2- Objetivos específicos:

Realizar o diagnóstico laboratorial dos casos de gastrenterite associados ao

parvovírus canino.

Caracterizar através do sequenciamento parcial da proteína de capsídeo

VP2, os tipos de parvovírus canino associados a casos de gastrenterite em

amostras fecais de filhotes de cães no Estado do Rio de Janeiro no período

de 1995 a 2009.

Caracterizar os tipos de parvovírus canino detectados em amostras fecais

de filhotes de cães vacinados apresentando sinais clínicos de gastrenterite

no Estado do Rio de Janeiro no mesmo período.

Realizar a caracterização molecular das amostras de parvovírus detectadas

em felinos domésticos no Estado do Rio de Janeiro.

Page 25: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

26

4- REVISÃO DA LITERATURA

4.1– Classificação

Os parvovírus patogênicos de animais estão classificados na família

Parvoviridae, sub-família Parvovirinae, gênero Parvovirus, sendo que o vírus da

panleucopenia felina (FPLV), vírus da enterite do mink (MEV) e parvovírus canino

(CPV), juntamente com o parvovírus da raposa azul (blue fox parvovirus-BFPLV),

raccoon parvovirus (RPV) e raccoon dog parvovirus (RDPV) formam o Subgrupo

dos Parvovírus Felinos (VAN REGENMORTEL et al., 2000; MORAES & COSTA,

2007).

4.2 – Morfologia do vírus

As partículas de CPV quando visualizadas pela microscopia eletrônica

(ME) são esféricas, não envelopadas, com diâmetro variando de 18 a 26 nm e

capsídeo de simetria icosaédrica (Figura 1). A massa molecular da partícula viral

completa é de 5,0 a 6,2 X 106 daltons e a densidade do vírion em gradiente de

cloreto de césio é de 1,39 a 1,42 g/cm3 (SIEGL , 1984).

O capsídeo é constituído pelas proteínas VP1 (84 kDa) e VP2 (67 kDa),

sendo 5-6 cópias de VP1 e 54–55 cópias de VP2. A VP1 é muito semelhante à

VP2, com a adição de 154 aminoácidos na região amino terminal. Nas partículas

infecciosas de CPV, a clivagem de 15-20 aminoácidos na região amino terminal de

VP2 gera a proteína VP3 de 63 kDa (PARADISE; RHODE; SINGER, 1982; TSAO;

CHAPMAN; AGBANDJE, 1991). Esta clivagem parece ser essencial à

infectividade do vírus porque expõe sequências ricas em Glicina, importantes na

interação com a membrana celular (WU & ROSSMAN, 1993). A proteína VP2

além de ser o sítio de ligação ao receptor, confere ao vírus a propriedade

Page 26: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

27

hemaglutinante e contém os epítopos responsáveis pela indução de anticorpos

neutralizantes (LOPEZ DE TURIZO et al., 1991).

O genoma viral consiste de um único filamento de ácido

desoxiribonucleico (DNA), linear e de aproximadamente 5.150 nucleotídeos (nt),

contendo nas extremidades 3’ e 5’ sequências palindrômicas de aproximadamente

150 nt (REED; JONES; MILLER,1988).

A B C

Figura 1. Fotomicrografia eletrônica de partículas de parvovírus canino

(CPV) em amostra fecal de um cão com gastrenterite (WILLI, 1998); B-

Modelo da partícula viral; C- Modelo dinâmico da montagem do capsídeo

icosaédrico do CPV (www. people.brandeis.edu).

Como consequência de sua estrutura simples, os parvovírus são resistentes

à inativação, sendo estáveis a variações de pH (3,0-9,0), a temperatura de 56oC/

60 minutos e ao tratamento com solventes orgânicos (SIEGL, 1984). GORDON &

ANGRICK (1986) demonstraram que o CPV pode manter-se infeccioso por até

cinco meses no ambiente. Os parvovírus são sensíveis à formalina (0,2%),

hipoclorito de sódio (1:30) e radiação ultravioleta (SIEGL, 1984).

Page 27: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

28

4.3 – Replicação viral

A infecção pelos CPV e FPLV está associada à habilidade do capsídeo viral

adsorver-se ao receptor de transferrina (Tf), uma glicoproteína de superfície

celular expressa na maioria das células do organismo, responsável pelo transporte

de ferro para o interior da célula (HUEFFER& PARRISH, 2003; PARRISH &

KAWAOKA, 2005).

Em células com intensa atividade mitótica tais como da cripta do epitélio

intestinal e do tecido hematopoético, estes receptores podem ser encontrados em

níveis elevados, representando os principais alvos do CPV e FPLV nos animais.

Após a ligação destes vírus ao receptor de Tf ocorre a formação de um complexo

(vírus-receptor) que é rapidamente transportado para um sistema endossomal no

interior da célula. Os tipos novos de CPV são capazes de se ligarem tanto ao

receptor de Tf canino como felino, enquanto o FPLV liga-se apenas a receptores

de Tf felinos. Por essa razão o FPLV não é capaz de infectar cães e de se replicar

em cultura de células caninas (HUEFFER& PARRISH, 2003; PARRISH&

KAWAOKA, 2005).

O genoma dos parvovírus não codifica a enzima necessária para a etapa

inicial da replicação do DNA, a DNA polimerase, que é responsável pela síntese

da fita de DNA complementar ao DNA viral fita simples. Como a DNA polimerase

celular é somente expressa durante a mitose, a primeira e crucial etapa da

replicação viral, portanto, requer a divisão celular (fase S tardia ou G2 do ciclo

mitótico). Em animais jovens o tecido linfóide e particularmente o epitélio do

intestino delgado apresentam intensa proliferação celular (STEINEL et al., 2001).

A replicação do genoma dos parvovírus ocorre no núcleo da célula

infectada, onde as sequências palindrômicas terminais dobram sobre si mesmas,

formando uma estrutura semelhante a um grampo (“hairpin”), que atuam como

iniciadores para a DNA polimerase celular. Nestas regiões de DNA de fita dupla

tem início a replicação com a formação de uma fita complementar. A replicação

continua com a formação de intermediários de dupla fita que, posteriormente, são

enzimaticamente clivados gerando DNA de fita simples. A fita negativa por

Page 28: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

29

convenção, dá origem a duas fitas positivas e duas fitas negativas (YOUNG, 1988)

(Figura 2).

Figura 2. Etapas da expressão gênica e replicação dos parvovírus

autônomos (MORAES; COSTA, 2007).

O genoma dos parvovírus canino e felino contém dois promotores (P4 e

P38), que dirigem a síntese das proteínas não estruturais (NS1 e NS2) e

estruturais (VP1 e VP2), respectivamente (REED; JONES; MILLER, 1988). Dois

ácidos ribonucleicos (RNAm) transcritos a partir da extremidade 3` do genoma

codificam a síntese das proteínas NS1 e NS2, importantes para a replicação do

DNA viral. Dois outros RNAm transcritos a partir da extremidade 5´ do genoma

dirigem a síntese das proteínas estruturais. Estas proteínas são codificadas por

sequências de leitura aberta (ORF) que se sobrepõem: nucleotídeo (nt) 2285-4786

para VP1 e nt 2786-4786 para VP2 (REED; JONES; MILLER, 1988; AGBANDJE;

PARRISH; ROSSMANN, 1995) (Figura 3).

Page 29: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

30

Figura 3. Organização genômica e mapa de transcrição do parvovírus canino

(REED; JONES; MILLER, 1988)

A síntese das proteínas estruturais ocorre no citoplasma da célula, porém

a montagem de novas partículas virais acontece no núcleo e a liberação por lise

celular. A replicação viral em cultura de células pode ser observada pela presença

de corpúsculos de inclusão intranucleares corados pelo método de May Grunwald

Giemsa (APPEL; SCOTT; CARMICHAEL,1979).

Alguns aspectos do processo de replicação do vírus, incluindo a ausência

de algumas subunidades da DNA polimerase da célula hospedeira, a rápida

replicação do genoma e a natureza fita simples do genoma viral resultam em

uma baixa fidelidade de replicação dos parvovírus caninos, facilitando o

aparecimento de mutações (HOELZER; SHACKELTON; PARRISH, 2008;

HOELZER & PARRISH, 2010).

4.4- Evolução do vírus e surgimento dos tipos antigênicos

O CPV é um exemplo de sucesso na transposição da barreira de hospedeiro

(PARRISH & KAWAOKA, 2005), já que é considerado uma variante do FPLV

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

VP1 VP2 P4 P38

3’ 5’

NS-1 NS-2 VP-1

VP-2

mRNA

4.9Kb

3.3Kb

3.0Kb

3.0Kb

Page 30: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

31

(HORIUCHI et al., 1998; TRUYEN et al., 1998; STEINEL et al., 2001; IKEDA et al.,

2002). O CPV e FPLV são geneticamente idênticos em 98% do seu genoma e

diferem em cerca de 8-10 aminoácidos (PARRISH, 1988; 1990; 1995).

Durante os anos de 1978 e 1979, surtos de uma doença fatal em cães,

caracterizada por causar miocardite em animais entre 3 e 16 semanas de idade ou

gastrenterite hemorrágica em animais mais velhos, foram descritos na América do

Norte, Europa e Austrália. Os vírus isolados dos casos de miocardite neonatal

causaram gastrenterite em cães após infecções experimentais, indicando que as

duas síndromes eram causadas pelo mesmo tipo de vírus (ROBINSON; WILCOX;

FLOWER,1980; PARRISH et al.,1995). Em 1980, esta doença já tinha uma

distribuição mundial (SIEGL, 1984; APPEL & PARRISH, 1987).

Os sinais clínicos e patológicos da gastrenterite em cães eram similares

aos observados na infecção pelo FPLV em gatos e do vírus da enterite do Vison

(Mink enteritis vírus ou MEV). Poucos meses após a descrição da doença,

partículas semelhante aos parvovírus foram observadas por ME em amostras

fecais de cães com as formas miocárdica e entérica da doença, respectivamente.

Naquela época, o novo vírus foi denominado parvovírus canino tipo 2 (CPV-2) a

fim de diferenciá-lo do vírus mínimo do cão (CPV-1), descrito anteriormente (BINN

et al., 1970).

A hipótese mais aceita é que o CPV tenha surgido de uma mutação do

FPLV ou de outro parvovírus estritamente relacionado após a passagem em um

hospedeiro carnívoro, tal como sub-espécies de Neovison vison (Schreber,1777),

(visons e doninhas), Alopex lagopus (Linnaeus, 1758) (raposas do Ártico) ou

Vulpes lagopus (Huxley,1880) (raposas vermelha) (HORIUCHI et al., 1998;

TRUYEN et al., 1998; IKEDA et al., 2002).

No Brasil, os primeiros casos de gastrenterite hemorrágica foram

observados em São Paulo em 1979, mas a disseminação do vírus na população

canina ocorreu a partir de 1980 (ANGELO et al., 1980; HAGIWARA et al., 1980).

Quanto as mudanças no espectro de hospedeiro de felinos para caninos,

mudanças nos AA nas posições 80 (Lys→Arg), 93 (Lys→Asn), 103 (Val→Ala),

323 (Asp→Asn), 564 (Asn→Ser) e 568 (Ala→Gly) de VP2 conferiram ao CPV a

capacidade de se ligar ao receptor de Tf canino e com isso replicar e infectar

Page 31: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

32

células caninas, mas o vírus perdeu a capacidade de infectar células felinas

(PARRISH et al., 1991; TRUYEN; PARRISH, 1992; CHANG; SGRO; PARRISH,

1992; AGBANDJE; PARRISH; ROSSMANN, 1995; HUEFFER; PARRISH, 2003;

PARRISH; KAWAOKA, 2005) (Figura 4).

Logo após o aparecimento do CPV em 1978, PARRISH et al. (1985)

observaram que as amostras que circularam nos Estados Unidos da América

(EUA) entre 1978 e 1980 eram de um único tipo (denominadas de “tipo antigo” ou

CPV-2). Entretanto, as amostras obtidas após 1980 podiam ser distinguidas das

anteriores pela reatividade com anticorpos monoclonais e diferenças no perfil

genômico após digeridas com endonucleases de restrição. Este novo tipo (CPV-

2a) rapidamente substituiu o tipo “antigo” em circulação e passou a prevalecer na

população canina (Figura 4).

Figura 4. Representação do capsídeo viral com os aminoácidos (AA) que

alteraram durante a evolução do do parvovírus canino (CPV). AA que

variaram entre o vírus da panleucopenia felina (FPLV) e CPV estão em azul,

AA que variaram entre CPV-2 e CPV-2a estão em verde e em amarelo os AA

que continuam variando (PARRISH& KAWAOKA, 2005)

Page 32: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

33

A partir de 1984 um novo tipo surgiu (CPV-2b) (PARRISH, 1988; 1995).

Substituições nos AA 87 (Met→Leu), 300 (Gly→Ala), 305 (Tyr→Asp) e 555

(Val→Ile) ocorreram na evolução do parvovírus canino tipo antigo (CPV-2) para o

tipo novo (CPV-2a), e 426 (Asn→Asp) e 555 (Ile →Val) na emergência do tipo 2b

a partir do 2a (TRUYEN, 1999).

Estes novos tipos (CPV-2a e CPV-2b) tem sido detectados em vários

países (PARRISH et al., 1995). A co-existência destes tipos em várias populações

no mundo em diferentes proporções mostra que não houve uma vantagem

evolutiva de um tipo em relação ao outro (STEINEL et al., 1998). Além disso, estes

novos tipos extenderam o espectro de hospedeiro do CPV que adquiriu também a

capacidade de infectar a espécie felina (PARKER & PARRISH, 1997) (Figura 5).

Desde o final da década de 1980, os tipos novos de CPV (2a e 2b) têm sido

isolados de felinos domésticos e selvagens no Japão, Alemanha, EUA, Taiwan,

Vietnã e Itália, demonstrando que estes têm a capacidade de se replicar em

tecidos felinos, ao contrário do tipo antigo que não era capaz de se replicar nestes

tecidos (MOCHIZUKI et al.,1993; MOCHIZUKI et al., 1996; TRUYEN et al., 1996-a;

TRUYEN; PLATZER; PARRISH, 1996; IKEDA et al., 1999; IKEDA et al., 2000;

STEINEL et al., 2000; GAMOH et al., 2003; BATINALLI et al., 2006; DECARO et

al., 2010).

A primeira descrição de um parvovírus canino infectando gatos ocorreu em

1996 (TRUYEN et al., 1996-b) e atualmente 5% dos parvovírus isolados de gatos

com gastrenterite detectados na Alemanha e EUA e 3% dos isolados no Japão

foram form caracterizados como tipos 2a ou 2b (TRUYEN et al., 1996-b; TRUYEN;

PLATZER; PARRISH,1996; GAMOH et al., 2003).

Em 2001, mais um tipo de CPV (CPV-2c) foi relatado na Itália e já existem

trabalhos descrevendo sua circulação na população canina da Espanha, Reino

Unido, Vietnã, Austrália, Tunísia, Índia e América do Sul. (MARTELLA et al., 2004;

DECARO et al., 2006-b; MEERS et al., 2007; PERES et al., 2007; TOUIHRI et al.,

2009; CALDERON et al., 2009; NANDI et al., 2010).

O CPV-2c apresenta uma mudança de AA na posição 426 (Asp→Glu) da

proteína de capsídeo VP2, região importante para o estabelecimento das

Page 33: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

34

propriedades antigênicas do CPV (BUONAVOGLIA et al., 2001). Na Itália, o tipo

2c está substituindo o tipo 2b na população canina e tal disseminação sugere que

a mudança de AA na posição 426 tenha dado ao vírus uma maior adaptação ao

hospedeiro canino, em comparação com as outros tipos (DECARO et al., 2006-b,

2007-a; DECARO et al., 2009-a). Este tipo 2c também já foi associado à infecção

em felinos, que desenvolveram quadro clínico grave de gastrenterite e

panleucopenia (DECARO et al., 2010) (Figura 5).

Figura 5. Análise genética e hospedeiros do vírus da panleucopenia felina

(FPLV) e parvovirus canino (CPV) desde a sua origem no final da década de

70, até os dias atuais (HOELZER& PARRISH, 2010).

Page 34: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

35

A infecção por CPV-2c já foi descrita na Argentina (CALDERON et al.,

2009) e no Uruguai (PÉREZ et al., 2007) em cães com gastrenterite hemorrágica

e foi detectada em casos de gastrenterite em filhotes de cães no Rio Grande do

Sul, (STRECK et al., 2009). Até o momento, infecções relacionadas ao tipo CPV-

2c ainda não foram descritas no Estado do Rio de Janeiro.

Várias mudanças continuam ocorrendo nas amostras de CPV-2a e 2b que

circulam na população canina em todo o mundo desde a década de 1980, embora

nem todas estejam associadas à variações antigênicas (TRUYEN et al., 2000;

BATILLANI et al., 2001; MARTELLA et al., 2004; PARRISH & KAWAOKA, 2005;

WANG et al., 2005; BUONAVOGLIA, C. 2006; DECARO et al., 2007).

Casos de co-infecção por diferentes tipos de parvovírus em um mesmo

hospedeiro também foram anteriormente descritos. URL et al. (2003) detectatam

pela PCR o tipo antigo CPV-2 e FPLV simultaneamente em uma amostra de

tecido nervoso de um felino apresentando hipoplasia cerebelar e panleucopenia.

Em 2006, em Portugal, os tipos novos CPV-2b e 2c foram detectados em uma

amostra fecal de um cão com gastrenterite não vacinado (VIEIRA et al., 2008-b) e

na Itália, BATINALLI et al. (2007) detectaram em duas amostras fecais de filhotes

(um cão e um gato) com sinais clínicos de gastrenterite a presença simultânea dos

tipos CPV-2a e 2c.

4.5 - Análise de homologia de nt e AA dos parvovírus caninos (CPV).

Por técnicas de mapeamento de nucleotídeo e sequênciamento, o acúmulo

de mutações pontuais tem sido observado em isolados de CPV desde a década

de 1980. Algumas destas mutações podem ser silenciosas, não provocando

mudança na sequência de AA (mutações sinônimas) ou podem levar a alteração

do AA (mutações não-sinônimas) (PARRISH et al.,1991; BATINALLI et al., 2002).

Após 1990, os novos tipos em circulação (CPV-2a e 2b) passaram a

apresentar uma mutação no gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2

(AA 297 Ser→Ala). Esta mutação representou uma vantagem evolutiva, e se fez

presente em mais de 90% dos isolados de CPV até o ano de 2000 (TRUYEN,

1999; HOELZER; PARRISH, 2010). Estas variantes (297 Ser→Ala) foram

Page 35: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

36

inicialmente denominadas de “Novo CPV-2a” e “Novo CPV-2b” , entretanto esta

nova nomenclatura não é adotada por todos os autores.

Uma outra variante de CPV-2a, apresentando uma alteração no gene que

codifica para a proteína de capsídeo VP2 na posição 4449 (AA 555 Ile→Val) foi

descrita em 2001 (BUONAVOGLIA et al., 2001; DESARIO et al., 2005; MEERS et

al., 2007), e também substituiu o tipo anterior CPV-2a (AA 555 Ile) em circulação

(DECARO et al., 2009-a). O resíduo 555 se localiza em um sítio antigênico da

proteína de capsídeo VP2, e esta mudança Ile→Val 555 representa uma reversão

à sequência original do vírus (CPV-2) (Quadro 1). (BUONAVOGLIA et al., 2001;

MARTELLA et al., 2005-a).

As diferentes mutações que ocorreram no genoma do CPV de 1978 até

hoje estão descritas no Quadro 1.

O acúmulo de mutações também permite o agrupamento das amostras em

diferentes grupos. Os isolados de CPV são normalmente divididos em dois grupos

maiores, sendo o primeiro composto pelo tipo CPV-2 e o segundo, claramente

distinto, contendo outros isolados CPV-like que se originaram de um ancestral

comum CPV-2a (HOELZER;PARRISH, 2010) (Figura 6).

Algumas características do genoma viral dos parvovírus como tamanho e

tipo do genoma viral (único filamento de DNA), ocorrência de metilação em

algumas regiões do genoma (DUFFY; SHACKLETON; HOLMES, 2008; HOELZER;

SHACKELTON; PARRISH, 2008), a co-circulação de diferentes tipos de parvovírus

em uma mesma população canina e felina (STEINEL et al., 1998; HOELZER;

PARRISH, 2010) e a co-infecção de diferentes tipos em um mesmo indivíduo

(BATINALLI et al., 2007; VIEIRA et al., 2008-b) são fatores que podem favorecer o

aparecimento de mutações.

Estudos demostram que o CPV apresenta taxas de mutação dos genes que

codificam para as proteínas de capsídeo VP1/ VP2 de 2x 10-4 e 8x10-5

substituições/ sítio/ ano respectivamente (HOELZER; PARRISH, 2010), valores

comparáveis aos observados em vírus de genoma RNA e valores superiores ao

FPLV (PARRISH; KAWAOKA, 2005; DUFFY,S.; SHACKLETON, A.; HOLMES,E.

2008).

Page 36: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

37

Um estudo realizado com isolados brasileiros de CPV-2a e 2b apresentou

valores ainda maiores, de 2,4x 104 substituições/ sítio/ ano para os genes que

codificam para as proteínas de capsídeo VP1 e VP2 (PEREIRA; LEAL; DURIGON,

2007).

Para outras proteínas não estruturais (NS1 e NS2) as taxas de mutações do

CPV e FPLV são idênticas (7,9 x 10-5 substituições/ sítio/ ano), sugerindo que os

genes que codificam para estas proteínas estão sujeitos a uma menor pressão

seletiva (SHACKELTON et al., 2005).

Page 37: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

38

Quadro 1. Principais mutações descritas no genoma do parvovírus canino

(CPV) durante sua evolução (TRUYEN et al., 1998; BUONAVOGLIA et al.,

2001; MOON et al., 2008; HOELZER; PARRISH, 2010).

Aminoácido e tipo

de substituição

Nome do vírus mutante Ano da

primeira

descrição

Importância e prevalência

relativa na população

80 Arg→ Lys FPLV para CPV-2 1978 Mudança de espectro de hospedeiro de felinos para caninos. Habilidade de se replicar somente em cães. Alterações na ligação com o receptor celular de transferrina (TRUYEN et al., 1998; HOELZER; PARRISH, 2010)

93 Lys→Asn

103 Val→ Ala

323 Asp→ Asn

564 Asn→Ser

568 Ala→ Gly

87 Met→ Leu CPV-2 para CPV-2a 1979 100% a partir de 1980. Novo tipo antigênico Habilidade de se replicar em felinos (TRUYEN et al., 1998; HOELZER; PARRISH, 2010)

101 Ile →Thr

300 Ala →Gly

305 Asp →Tyr

426 Asn →Asp CPV-2a para CPV-2b 1984 30 a 80% entre 1984 e 2005 Novo tipo antigênico Habilidade de se replicar em felinos. (TRUYEN et al., 1998; HOELZER; PARRISH, 2010)

297 Ser →Ala CPV-2a e 2b 1990 Superior a 90% até 2000 (TRUYEN et al., 1998; HOELZER; PARRISH, 2010)

555 Ile → Val CPV-2a e 2b 2001 Reversão à sequência original do vírus (CPV-2) Prevalência não estimada (BUONAVOGLIA et al., 2001; HOELZER; PARRISH, 2010)

426 Asp →Glu CPV-2c 2001 Prevalência não estimada Novo tipo antigênico. Habilidade de se replicar em felinos. (BUONAVOGLIA et al., 2001; HOELZER; PARRISH, 2010)

440 Thr→Ala CPV-2a 2008 Associado à sinais clínicos mais graves.Prevalência não estimada (MOON et al., 2008)

Page 38: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

39

Figura 6. Relação filogenética entre os parvovírus de carnívoros, baseada no

gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2. FPLV (vírus da

panleucopenia felina); BFPLV (parvovírus da raposa azul); RPV (parvovírus

do racoon) (HOELZER; PARRISH, 2010).

Page 39: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

40

4.6 – Transmissão, patogenia e manifestações clínicas

Estudos de infecção experimental em filhotes de cães demostraram que a

infecção natural ocorre pela via oral, com replicação inicial do vírus nos tecidos

linfóides da orofaringe dois dias após a infecção (PI). A seguir, uma intensa

viremia é observada 3-5 dias PI, disseminando o vírus para outros tecidos: medula

óssea, tecido linfóide e intestino delgado (MACARTNEY; MCCANDLISH;

THOMPSON, 1984). Embora geralmente se manifeste como uma doença entérica,

a infecção pelo CPV é uma enfermidade com disseminação sistêmica, com as

manifestações clínicas surgindo 5 dias PI (POLLOCK; CARMICHAEL, 1990;

POLLOCK; COYNE, 1993).

No trato intestinal, a replicação viral nas células do epitélio germinativo das

criptas do intestino delgado resulta em morte celular, levando à destruição do

epitélio e, consequentemente, achatamento das vilosidades intestinais. Quando

ocorre a atrofia das vilosidades, o intestino delgado perde a capacidade de

absorção, pois o epitélio germinativo responsável por substituir o epitélio maduro

foi destruído. Devido à reposição celular, que ocorre de 1-3 dias, esta perda

normalmente é limitada (POLLOCK; COYNE, 1993) (Figura 7).

Page 40: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

41

Figura 7. Fluxograma da patogenia da infecção pelo parvovírus canino (CPV)

(MACARTNEY; MCCANDLISH; THOMPSON, 1984; POLLOCK; COYNE, 1993;

SMITH-CARR et al., 1997).

O vírus pode ser detectado nas fezes a partir do 3o e 4o dias pós infecção

(PI), antes do aparecimento dos sinais clínicos. A maior concentração do vírus nas

fezes é observada entre o 4o e 6o dias PI (APPEL; PARRISH, 1987; POLLOCK;

COYNE, 1993). A transmissão fecal-oral ocorre quando animais infectados liberam

partículas virais nas fezes que permanecem no ambiente por longos períodos e

que contaminam animais saudáveis pela ingestão de água ou alimentos

contaminados (MURPHY et al., 1999).

Pela necessidade de células em atividade mitótica para a replicação, o CPV

apresenta tropismo por tecidos de animais jovens ou recém-nascidos, ou tecidos

de animais adultos com intensa proliferação (TSAO; CHAPMAN; AGBANDJE,

1991). Os tipos de CPV-2a, 2b e 2c apresentam patogenia e distribuição tecidual

semelhante, sugerindo um mesmo comportamento biológico desses tipos no

hospedeiro (DECARO et al., 2007).

Os filhotes de cães entre seis semanas e seis meses de vida são os mais

Transmissão oral

Replicação viral em nódulos linfáticos

(orofaringe) 1-2 dias pós infecção (PI)

Viremia 3-5 dias PI

6-10 dias PI

Linfonodos e

Medula óssea Intestino

Necrose de Células Linfóides

e Linfopenia

Necrose do epitélio germinativo

e diarréia

Infecção secundária, septicemia e morte Recuperação

Page 41: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

42

suscetíveis e a forma clínica predominante da infecção pelo CPV é a gastrenterite,

que se caracteriza pela eliminação de fezes de consistência diminuída com ou

sem melena. A diarréia hemorrágica em filhotes de cães pode ser considerada um

indicativo da infecção por CPV (CARMICHAEL; BINN, 1981; PARRISH, 1995-b;

GUILFORD; STROMBECK, 1996; McCAW; HOSKINS, 1998). Em estudo anterior

realizado em nosso laboratório, foram observados os sinais clássicos em 70% dos

animais infectados por CPV. Os demais animais apresentaram sinais entéricos de

gravidade variada (CASTRO et al., 2007).

Os primeiros sinais clínicos geralmente são inespecíficos, observados entre

o 4º e 5º dias PI e incluem anorexia, apatia e febre (MCARTNEY et al., 1984;

MARTIN et al., 2002; PRITTIE, 2004). Vômito e diarréia ocorrem após 24 a 48

horas e levam a desidratação rapidamente, além de serem associados com a

rápida destruição de células em mitose do intestino e medula óssea (SHERDING,

1989; POLLOCK; COYNE, 1993).

A leucopenia, que ocorre comumente nas infecções pelo CPV tem sua

intensidade associada à gravidade dos sintomas clínicos, o que costuma ocorrer

entre o 5° e o 8° dias da infecção. Observa-se uma redução de moderada a

acentuada nesses tipos celulares em decorrência da destruição das células

precurssoras na medula óssea e em outros órgãos e tecidos com função

linfoproliferativa como timo, linfonodos e baço (GODDARD et al., 2008).

Quando a infecção pelo CPV evolui favoravelmente, a recuperação

hematológica ocorre entre 1 a 6 dias após o início do tratamento quando observa-

se frequentemente leucocitose reativa (LATIMER, 1995). Após o período das

manifestações clínicas, que geralmente dura de seis a sete dias, o animal

recupera o seu estado geral.

Os sinais clínicos observados após a infecção pelo FPLV estão associados

a duas síndromes típicas. Quando o FPLV infectava fetos ou felinos recém-natos

ocorria hipoplasia cerebelar, com manifestação clínica de ataxia (JOHNSON;

MARGOLIS; KILHAM, 1967; KILHAM; MARGOLIS; COLBY,1971). Contudo,

quando a infecção ocorria em filhotes com mais de 15 dias de idade, a doença

Page 42: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

43

caracterizava-se por anorexia, febre, vômito, diarréia hemorrágica e leucopenia

(JOHNSON; MARGOLIS; KILHAM,1967; CARPENTER, 1971).

Apesar dos tipos CPV-2a e CPV-2b terem sido isolados de gatos com

sintomatologia clínica compatível com parvovirose, a patogenicidade destes vírus

em felinos domésticos ainda é discutida (MOCHIZUKI et al., 1993; MOCHIZUKI et

al., 1996). Enquanto alguns estudos de infecção experimental demonstraram que

CPV-2a e 2b eram capazes de infectar felinos mas não causavam manifestações

clínicas claras, apenas uma leucopenia transitória (CHALMERS et al. 1999;

SAKAMOTO; ISHIGURO; MOCHIZUKI, 1999); outros observaram óbito em 2/3

animais inoculados com uma amostra de CPV-2b isolada de um gato com

infecção pelo parvovírus (GAMOH et al., 2003).

Da mesma forma, DECARO et al. (2010) foram capazes de detectar CPV-

2c em uma amostra fecal de um filhote de gato que veio a óbito após um quadro

grave de gastrenterite hemorrágica. Por esta razão, a circulação dos novos tipos

de CPV em felinos domésticos, principalmente associada a doença clínica deve

ser monitorada.

4.7 – Imunidade e profilaxia

Vacinas contra FPLV estão disponíveis no mercado desde a década de

1950 e devido a similaridade antigênica entre o CPV-2 e o FPLV, vacinas com

FPLV inativado chegaram a ser utilizadas em cães no início da década de 80. A

primeira vacina contra CPV (CPV-2) foi disponibilizada no mercado em 1979,

aproximadamente um ano após a emergência deste agente na população canina

(HOELZER; PARRISH, 2010) e ficou comprovado que a vacina inativada

constituída por CPV apresentou melhores resultados que a vacina produzida com

FPLV (MOORE, 1983; BURTONBOY et al., 1991).

No fim da década de 1980, uma vacina atenuada foi desenvolvida com o

tipo CPV-2a e permaneceu no mercado por 10 anos, Durante este período,

nenhuma vantagem imunológica foi observada com o uso da vacina constituída

Page 43: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

44

por este tipo em relação a vacina constituída pelo tipo antigo (CPV-2) (LARSON;

SHULTZ, 2008).

A presença de anticorpos maternos é considerada a causa mais comum de

falha vacinal em filhotes de cães e gatos (SCHULTZ, 2009). Vários estudos

mostraram que títulos de anticorpos séricos > 80 pela reação de inibição da

hemaglutinação (HI) são considerados protetores e títulos > 10 já interferem na

imunização com vacinas inativadas para CPV-2 (POLLOCK; COYNE, 1993). Os

filhotes que nascem de cadelas com baixos títulos de anticorpos podem tornar-se

suscetíveis ao vírus selvagem após quatro a seis semanas de vida, enquanto

filhotes de cadelas com altos títulos de anticorpos podem permanecer imunes à

infecção por até 12-20 semanas após o nascimento (MURPHY et al., 1999). Este

intervalo pode durar algumas semanas, durante as quais os cães não respondem

a imunização ativa mas estão vulneráveis a infecção (BUONAVOGLIA et al.,

1992; LARSON; SHULTZ,1997).

Na tentativa de reduzir este período de suscetibilidade, quatro anos após o

surgimento do CPV-2, vacinas constituídas pelo vírus atenuado (MLV ou Modified

Live Virus) foram elaboradas a partir de amostras isoladas no início da década de

80. Na década de 1990, vacinas constituídas por vírus modificado e com alto

título (107 TCID50/dose) e baixa passagem (HTLP) foram desenvolvidas com o

mesmo objetivo (BURTONBOY et al., 1991; BUONOVOGLIA et al., 1992).

A primeira vacina constituída pelo tipo CPV-2b foi desenvolvida no final da

década de 90. Sabe-se que os CPV-2a e 2b podem ser eliminados nas fezes a

títulos muito superiores que o CPV-2 (CARMICHAEL, 1994), provavelmente como

uma conseqüência da adaptação dos tipos de CPV ao hospedeiro canino o que

explicaria porque a tipo 2b foi mais eficiente em superar o bloqueio dos anticorpos

maternos (DECARO et al., 2005-a).

Atualmente, vacinas constituídas pelo tipo antigo do vírus (CPV-2) ou pelo

tipo CPV-2b estão disponíveis no mercado para a prevenção da parvovirose

canina. Não existem até o momento vacinas licenciadas constituídas pelos tipos

2a ou 2c (LARSON; SHULTZ, 2008).

Page 44: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

45

Em 2006, um surto de gastrenterite em filhotes nascidos de cadelas

imunizadas com o tipo CPV-2 foi associado à presença do CPV-2c (DECARO et

al., 2006-b). Em 2007, um novo surto por CPV-2c com alta mortalidade foi relatado

por DECARO et al. (2008-a) desta vez acometendo adultos jovens (com idade de

seis meses a dois anos), que haviam recebido múltiplas doses de vacina MLV

constituída pelo tipo antigo CPV-2. Na mesma época, estudos baseados em

infecção experimental demostraram que as vacinas constituídas por CPV-2 e 2b

protegeram os filhotes frente ao desafio com o tipo 2c (LARSON; SHULTZ, 2008;

SPILBEY et al., 2008). Um estudo realizado por SCHULTZ et al. (2010) também

demonstrou que a vacinação com os tipos CPV-2 e 2b conferem proteção contra

os tipos novos circulantes (CPV-2a, 2b e 2c).

4.8 – Diagnóstico Laboratorial

De modo a confirmar o diagnóstico clínico destes animais e acompanhar a

circulação dos tipos de CPV, faz-se necessário a realização do diagnóstico

laboratorial. Este consiste principalmente na detecção direta do vírus a partir de

amostras fecais coletadas dos casos agudos da infecção, pois nesta fase, a

quantidade de vírus eliminada pelo animal doente pode alcançar até 109 TCID50/g

de fezes (POLLOCK; COYNE, 1993).

Os métodos utilizados para o diagnóstico são: a) observação das partículas

virais pela ME, b) reação de HA seguida pela reação de HI c) ensaios

imunoenzimáticos (EIE), d) isolamento em cultura de células e e)PCR

(TERRAMOTO et al., 1984; APPEL; PARRISH, 1987; DURIGON et al., 1987;

MOCHIZUKI; HASHIMOTO; ISHIDA, 1993; MOCHIZUKI, 2006; DECARO et. al.,

2009-b; SCHIMITZ et al., 2009).

Devido a propriedade de aglutinar hemácias de suínos e macaco Rhesus

(Macaca mulatta), o teste de HA é um dos mais utilizados rotineiramente para o

diagnóstico rápido da parvovirose canina. Entretanto o resultado positivo pelo HA

deve ser confirmado pelo HI, com um soro imune específico. Ainda, a reação de

Page 45: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

46

HI com anticorpos monoclonais permite a diferenciação antigênica das amostras

de CPV (CARMICHAEL; JOUBERT; POLLOCK, 1980; DURIGON et al., 1987).

O diagnóstico também pode ser realizado através do isolamento viral em

cultura de células, tanto de origem canina (Madin-Darby canine kidney - MDCK)

quanto felina (Crandell feline kidney – CRFK) (CARMICHAEL; JOUBERT;

POLLOCK, 1980; MOCHIZUKI et al., 1984; DURIGON et al., 1987). Atualmente,

testes comerciais baseados em EIE e imunocromatográficos estão disponíveis no

mercado para a rápida detecção do CPV nas fezes, o que facilita o diagnóstico em

clínicas e hospitais veterinários (DESARIO et al., 2005; DECARO et al.,2009-b;

SCHIMITZ et al., 2009).

Técnicas baseadas na amplificação do genoma viral mostraram ser

altamente sensíveis e a PCR além de permitir a detecção do genoma do CPV em

amostras de fezes, possibilita a distinção entre o tipo antigo (CPV-2) presente em

algumas vacinas e os novos tipos (CPV-2a, 2b e 2c) em circulação (SENDA et al.,

1995; PEREIRA et al., 2000; BUONAVOGLIA et al., 2001; COSTA et al., 2005;

DESARIO et al., 2005; PEREIRA; LEAL; DURIGON, 2007). Metodologias de PCR

quantitativa também tem sido utilizada no diagnóstico, para a detecção, tipagem e

quantificação de DNA do CPV em fezes de cães com diarréia. Estas metodologias

possibiltam determinar o número de cópias do genoma viral durante o período de

eliminação do vírus nas fezes, o que é importante para a avaliação da eficácia de

vacinas (DECARO et al., 2006-a; 2007-a).

Os primeiros estudos realizados para diferenciação dos tipos de CPV

circulantes em CPV-2, CPV-2a e CPV-2b, utilizavam anticorpos monoclonais e

mapeamento com enzimas de restrição (PARRISH et al., 1985; 1988). A análise

das mudanças de nucleotídeos responsáveis pelas substituições de aminoácidos

na proteína VP2 do capsídeo viral (PARRISH et al.,1988) permitiu a elaboração de

pares de iniciadores específicos para tipagem das amostras de CPV através da

PCR (P2For/P2Rev e P2abFor/P2abRev) que foram então utilizados para a

distinção entre o tipo antigo (CPV-2) e novos de CPV (2a e 2b) (MOCHIZUKI et

al., 1993; SENDA et al., 1995; COSTA et al., 2005).

Page 46: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

47

Posteriormente, PEREIRA et al. (2000) desenharam um novo par de

iniciadores para a tipagem do CPV-2b, baseado nas duas mudanças pontuais do

genoma viral que correspondem aos AA 426 e 555 e que permitem a

diferenciação dos tipos 2a e 2b. A PCR com estes pares de iniciadores

(P2abFor/P2abRev e P2bFor/P2bRev) foi amplamente utilizada no laboratório de

virologia (Universidade Federal Fluminense) e por outros grupos de pesquisa para

tipagem molecular das amostras de CPV em circulação até a implementação do

sequenciamento genômico (BUONAVOGLIA et al 2001; COSTA et al., 2005;

PÉREZ et al.,2007; CALDERON et al., 2009).

BUONAVOGLIA et al. (2001) detectaram por sequenciamento uma

mutação no AA426 (Asp-Glu) em duas amostras fecais de cães com gastrenterite

por CPV. Estas amostras foram inicialmente tipadas como 2b pela reação com

anticorpos monoclonais e PCR, mas apresentavam um perfil atípico após digestão

do produto de PCR com enzimas de restrição. Este mutante, detectado na Itália,

foi denominado de CPV-2c (426-Glu) e já se disseminou na população canina em

vários países (MARTELLA et al., 2004; DECARO et al., 2006-b; MEERS et al.,

2007; PÉRES et al., 2007; TOUIHRI et al., 2009; CALDERON et al., 2009; NANDI

et al., 2010).

A caracterização molecular dos CPV por de técnicas de sequenciamento foi

então difundida e estudos que compararam a tipagem pela PCR convencional e a

caracterização por sequenciamento demonstraram que a PCR não foi capaz de

identificar a mutação no resíduo 426 que caracteriza o novo tipo 2c

(BUONAVOGLIA et al., 2001) e as amostras 2c foram erroneamente tipadas como

CPV-2b por esta metodologia (DESARIO et al., 2005; MEERS et al., 2007).

Através do sequenciamento, BUONAVOGLIA et al. (2001) detectaram pela

primeira vez uma variante do tipo CPV-2a (555 Ile→Val). Estudos retrospectivos

em diferentes países evidenciaram que esta variante CPV-2a (555 -Val) já

circulava na população canina desde o início da década de 1990 (TRUYEN, 1999;

DESARIO et al., 2005; MEERS et al., 2007; HOELZER; PARRISH, 2010) e que

esta variante também era amplificada pelo par de iniciadores P2b, o qual se

pensava ser específico para o CPV-2b.

Page 47: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

48

Com a descrição do CPV-2c e da variante CPV-2a (555 Val) ficou claro que

somente o sequenciamento do gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2

permitiria a identificação dos tipos de CPV em circulação (DESARIO et al., 2005;

MEERS et al., 2007).

O sequênciamento genômico é considerado o método mais fidedigno para a

caracterização das amostras de parvovírus canino e felino e se baseia na

determinação da seqüência de nucleotídeos do gene que codifica para as

proteínas de capsídeo VP2 permitindo definir com precisão o tipo de parvovírus

presente na amostra e a análise da relação de homologia de nt e AA do recente

isolado com as amostras de parvovírus disponíveis em bancos de dados

(GenBank) (IKEDA et al., 2000; STEINEL et al., 2000; BATTILANI et al., 2002;

NAKAMURA et al., 2004; SHACKELTON et al., 2005; WANG et al., 2005;

DECARO et al., 2008-b; DECARO et al., 2009-a; DECARO et al., 2010)

Para a diferenciação dos tipos novos de CPV (2a, 2b e 2c), a análise da

região do genoma que codifica para a proteína de capsídeo VP2, contendo os AA

426 e 555 vem sendo amplamente utilizada (BUONAVOGLIA et al., 2001; PÉRES

et al., 2007; VIEIRA et al., 2008-a; CALDERON et al., 2009). Uma vez que o tipo

antigo do vírus (CPV-2) ainda é amplamente utilizado na preparação de vacinas

atenuadas, a análise de outros AA informativos (297, 300 e 305) da proteína VP2

pode ser necessária para a determinação do tipo do vírus.

Page 48: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

49

5- MATERIAL E MÉTODOS

5.1- Amostras clínicas:

Para a realização deste estudo, foram incluidas 51 amostras fecais diarréicas

de cães com até um ano de idade pertencentes a coleção do Laboratório de

Virologia, Depatamento de Microbiologia e Parasitologa, Universidade Federal

Fluminense, obtidas de 1995 a 2007 cujas fichas apresentavam dados clínicos

completos e que foram consideradas positivas para CPV por HA/HI (título de HA >

512).

Além destas, foram incluídas amostras de fezes diarréicas obtidas de cães

com até um ano de idade obtidas durante a realização deste estudo ( 2008-2009).

As amostras foram coletadas de diferentes clínicas e Hospitais veterinários das

cidades de Niterói, Rio de Janeiro e município de Duque de Caxias. As amostras

foram coletadas após defecação espontânea e mantidas a –20ºC até o envio ao

laboratório onde ficavam estocadas nas mesmas condições até o processamento.

Cada amostra foi acompanhada de uma ficha preenchida pelo responsável pela

coleta, contendo dados de identificação do animal, data de coleta da amostras,

sinais clínicos e histórico das vacinas que recebeu (Anexo 1).

Page 49: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

50

Seis amostras de gatos domésticos (cinco com gastrenterite e um

assintomático) com até seis meses de idade coletadas no ano de 2004 de um

abrigo para felinos na cidade do Rio de Janeiro e previamente confirmadas como

positivas para parvovírus por HA/HI e PCR (MIRANDA, 2006) também foram

incluidas neste estudo.

Este projeto obteve a aprovação do COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

ANIMAL (PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO) sob o número

0081/09 (Apêndice 2).

5.2- Reagentes e Soluções

5.2.1- Tampão Tris-Ca++ 0,01M pH 7,2

Tris-base (Invitrogen®).............................................................................. 1,21 g

Cloreto de Cálcio (Vetec®) 0,0015M......................................................... 0,02 g

Água Milli-Q q.s.p....................................................................................... 1000,00 mL

Em um béquer de 2000mL os reagentes foram adicionados e homogeneizados com

agitador magnético. O pH 7,2 foi ajustado com ácido clorídrico P.A. (Merck®) antes de

completar o volume final em proveta de 1000mL. A solução foi transferida para frasco

com vedação, autoclavada a 121ºC por 20 min e foi estocada em geladeira a 4ºC.

5.2.2- Tampão salina-borato (BABS) pH 9.0

Cloreto de sódio (Vetec)1,5M.............................................................. 80,0 mL

Ácido bórico (Merck) 0,5 M................................................................... 100,0 mL

Hidróxido de Sódio (Merck) 1,0 M....................................................... 24,0 mL

Soroalbumina bovina (BSA) (Sigma®).................................................... 2,0 g

H2O destilada q.s.p. ............................................................................... 1000,0 mL

As três soluções foram preparadas separadamente. Antes de adicionar a

Page 50: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

51

soroalbumina bovina, esta foi dissolvida em banho-maria a 37ºC. A solução foi

estocada a 4ºC.

5.2.3-Tampão VAD pH 6.0

Solução A:

Cloreto de sódio (Vetec)...................................................................... 8,77 g

Fosfato de sódio dibásico P.A. (Vetec)................................................. 80,40 g

H2O destilada q.s.p................................................................................. 1000,00mL

Solução B:

Cloreto de sódio (Vetec)...................................................................... 8,77 g

Fosfato de sódio monobásico P.A. (Vetec) ......................................... 41,40 g

H2O destilada q.s.p ................................................................................ 1000,00mL

As soluções foram preparadas separadamente e estocadas a 4oC. Para pH 6,0,

125 mL da solução A foi misturado a 875 mL da solução B.

5.2.4- Caolim 25%

Caolim P.A (Vetec)................................................................................ 2,5 g

Água destilada q.s.p................................................................................ 10,0 ml

Os reagentes foram homogeneizados e acondicionado em tubo Falcon® em

geladeira a 4ºC até sua utilização.

5.2.5- Tampão L2 pH 6,4

Isotiocianato de guanidina (Invitrogen®) ............................................... 120,0 g

Tris-HCl 0,1 M pH 6,4.............................…………………...................… 100,0 mL

Em um béquer de 250 ml foram adicionados os reagentes e homogeneizados em

Page 51: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

52

agitador magnético. O conteúdo foi transferido para proveta de 250 ml e o volume

final completado com Tris-HCl 0,1 M pH 6,4. O tampão foi acondicionado em

frasco âmbar e conservado em tempeatua ambiente. Esta solução é estável por 1

semana.

5.2.6- Tampão Tris-HCl 0,1 M pH 6,4

Tris-base (Invitrogen®)............................................................................... 12,11g

Água destilada q.s.p................................................................................... 1000,00mL

Em um béquer de 1000 mL, foram dicionados os reagentes e homogeinezados em

agitador magnético. O conteúdo foi transferido para proveta de 2000mL e o volume

final completado. O pH foi ajustado a pH 6,4 com ácido clorídrico P.A. (Merck ),

antes de completar o volume final. A solução foi autoclavada a 121ºC por 20 min e

estocada a 4o C.

5.2.7- NaOH 10N

Hidróxido de Sódio (Merck)……………………….................................. 10,0 g

Água destilada q.s.p................................................................................ 200,0 mL

5.2.8- Sílica

Dióxido de Sílica...................................................................................... 60,0 g

Água destilada q.s.p. .............................................................................. 500,0 mL

O reagente foi homogeneizado e mantido em repouso para sedmentação por 24 h.

Após este período, 430 mL da solução foram aspirados por sucção e

desprezados. O volume foi completado para 500 mL com água destilada,

homogeneizado e mantido em repouso para sedmentação por 5 h. 440 mL da

solução foram aspirados por sucção e desprezados. O sedmento foi ajustado a pH

2,0 pela adição de 600 L de ácido clorídrico 37% (Merck) e aliquotado 10 mL da

Page 52: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

53

solução em frascos de cor âmbar. Os frascos foram autoclavados e estocados à

temperatura ambiente.

5.2.9- Etanol 70%

Etanol P.A. (Merck®) ............................. ................................................ 70,0 mL

Água destilada q.s.p. .............................................................................. 30,0 mL

Os regentes foram homogeneizados em béquer de 250mL. O volume final foi

ajustado em proveta de 250 mL. A solução foi mantida a -20ºC.

5.2.10- EDTA 0,5M pH 8,8

Ácido etilenodiamino tetra-acético (Sigma®) ......................................... 146,1g

Água destilada q.s.p. ............................................................................. 1000,0mL

Em um béquer de 1000 ml foram adicionados EDTA e 300 mL de água destilada.

O pH 8,8 foi ajustado com hidróxido de Sódio (Merck) e a solução foi

homogeneizada com agitador magnético. A solução foi transferida para proveta de

1000 mL e o volume final ajustado. A solução foi aliquotada em frascos com tampa

e autoclavado a 121ºC por 20 min. Os frascos foram mantidos em geladeira a 4ºC.

5.2.11- Tampão Tris-Boro-EDTA (TBE) 10 X pH 8,4

Tris-base (Invitrogen®) .......................................................................... 108,0 g

Ácido Bórico (Merck).......................................................................... 5,5 g

EDTA 0,5M pH 8,8 (Sigma®) ..........................…………....................... 40,0 mL

H2O destilada q.s.p............................................................................... 1000,0 mL

Em um béquer de 2000 mL foram adicionados os reagentes e homogeneizados

com agitador magnético. O conteúdo foi transferido para uma proveta de 1000 mL,

completado o volume final e transferido para frasco com vedação. A solução final

Page 53: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

54

foi conservada a 4ºC e diluída para 0,5 X no momento do uso.

5.2.12- Agarose a 1,5%

Agarose ................................................................................................... 1,5 g

Tampão TBE 0,5 X pH 8,4 ..................................................................... 100,0 mL

A agarose foi pesada, colocada em erlenmeyer. Foram adicionados 100 mL de

tampão TBE 0,5X. O erlenmeyer foi levado ao forno de microondas. A mistura foi

resfriada a 50ºC e colocada na cuba de eletroforese, evitando a formação de

bolhas.

5.2.13- Solução de brometo de etídio

Brometo de etídio 10 mg/mL (Invitrogen®).............................................. 15,0 µL

Água destilada q.s.p................................................................................ 300,0 mL

5.2.14- Tampão corante azul de Bromofenol

Azul de Bromofenol (Shandom So)......................................................... 0,1 g

Xylene Cyanol FF (Sigma®).................................................................... 0,1 g

EDTA 0,2 M pH 8 (Sigma®).................................................................... 10,0 mL

Glicerol P.A. (Sigma®)............................................................................. 50,0 mL

Água destilada q.s.p. ............................................................................. 100,0 mL

Os reagentes foram gentilmente homogeneizados em um béquer de 250 mL até a

completa dissolução. Alíquotas de 10 ml foram acondicionadas em frascos âmbar

e mantidas em temperatura ambiente.

Page 54: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

55

5.3 Iniciadores de cadeia utilizados na reação de PCR para caracterização

genômica

Para a caracterização genômica das amostras de CPV e FPLV foram

selecionados quatro pares de iniciadores, descritos na Figura 8 e Quadro 2.

Para a distinção entre os tipos antigo e novos de CPV foram usados os

seguintes iniciadores específicos: P2: tipo antigo (CPV-2); P2ab: tipos novos (2a,

2b e 2c) (SENDA et al., 1995) (Figura 8 e Quadro 2).

Para sequenciamento, foram escolhidos pares de iniciadores já descritos

em literatura (BUONAVOGLIA et al., 2001), que amplificam dois fragmentos do

gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2. O par de iniciadores

555For/555Rev amplifica uma região do gene que codifica dois resíduos

importantes para a caracterização dos novos tipos do CPV (AA 426 e AA 555). O

par de iniciadores HFor/HRev, amplifica uma outra região do genoma que codifica

para três resíduos importantes (AA297, AA300 e AA305) (BUONAVOGLIA et al.,

2001).

Figura 8. Localização da sequência dos iniciadores de cadeia utilizados

neste estudo.

HFor/HRev

P2For/ P2Rev 3025 3706

P2abFor/P2abRev 3025

3706

3556 4166

555For/555Rev 4003 4561

5’ 3’

0 1000 2000 3000 4000 5000

Page 55: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

56

Quadro 2. Descrição dos iniciadores utilizados na reação de PCR utilizados

neste estudo, com o tamanho em pares de base (pb) de seus respectivos

produtos.

Iniciador Sequencia Posição Tamanho do amplicon

Especificidade

P2For *

P2Rev

GAAGAGTGGTTGTAAATAATA CCTATATCACCAAAGTTAGTAG

(3025-3045)

(3685-3706)

681 pb FPLV

CPV-2

P2abFor *

P2abRev

GAAGAGTGGTTGTAAATAATT

CCTATATAACCAAAGTTAGTAC (3025-3045)

(3685-3706)

681 pb CPV-2a, CPV-2b

CPV-2c

H For **

H Rev

CAGGTGATGAATTTGCTACA

CATTTGGATAAACTG GTGGT

3556-3575

4183-4166

608 pb

555 For **

555 Rev

CAGGAAGATATCCAGAAGGA

GTGCTAGTTGATATGTAATAAACA

4003-4022

4585-4561

563 pb

* SENDA et al., 1995, * * BUONAVOGLIA et al., 2001

5.4 – Métodos

5.4.1- Suspensão fecal a 10%:

Inicialmente foi preparada uma suspensão a 10% de cada amostra fecal em

solução Tris-Ca++ 0,01M pH 7,2. A seguir adicionou-se igual volume de

clorofórmio e após agitação em vortex por 1 minuto, as suspensões foram

centrifigadas a 1000 rpm por 15 minutos, e os sobrenadantes acondicionados em

tubo plástico de 1,5 ml1 até o momento da análise (CARMICHAEL; JOUBERT;

POLLOCK, 1980).

5.4.2 - Reação de Hemaglutinação e Inibição da Hemaglutinação:

Para triagem das 100 amostras coletadas no decorrer do estudo (2008-

2009), o teste de hemaglutinação (HA) foi utilizado para a detecção direta de

parvovírus canino nas suspensões fecais, de acordo com o descrito em SANTOS

et al. (1997). As suspensões fecais foram diluídas em microplacas de 96

1 Eppendorf®

Page 56: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

57

cavidades, utilizando-se diluições seriadas em tampão BABS pH 9,0. Após as

diluições, adicionou-se 50 l de suspensão de hemácias de suínos a 0,5% em

tampão VAD (pH 6,0). A mistura foi incubada por 18 horas a 4ºC e o título da

reação foi determinado como sendo o inverso da maior diluição da suspensão

fecal capaz de causar a aglutinação total das hemácias. Amostras com títulos

menores ou iguais a oito foram consideradas negativas, enquanto amostras com

títulos maiores ou iguais a 16 foram analisadas pelo HI para confirmação do

diagnóstico.

O teste de (HI) foi utilizado para confirmar as amostras positivas por HA. O

soro imune de coelho ou cobaio foi previamente inativado a 56ºC por 30 minutos,

tratado com suspensão de caolim a 25% em BABS e suspensão de hemácias a

50% em VAD (SANTOS et al., 1997). A seguir foram feitas diluições seriadas do

soro de cobaio (25l) em BABS (pH 9,0) na microplaca de 96 cavidades.

Adicionou-se igual volume de suspensão fecal diluída para conter 8

UHA/ 50l do vírus. Após incubação a 37ºC por duas horas, adicionou-se em

todas as cavidades da microplaca 50l de suspensão de hemácias a 0,5%. As

placas foram incubadas a 4ºC por 18 horas para posterior leitura. Cada microplaca

continha controles de soro, vírus e hemácia.

5.4.3 - Reação em cadeia pela polimerase para a detecção do

genoma do parvovírus canino:

A fim de confirmar os resultados positivos no HA/HI de todas as amostras

fecais de cães incluidas, a PCR foi realizada com dois pares de iniciadores para

distinguir entre o tipo antigo (P2For/P2Rev) e tipos novos de CPV

(P2abFor/P2abRev).

5.4.3.1. - Extração do ácido nucleico:

Após o preparo da suspensão fecal a 10%, procedeu-se a extração do

genoma viral através do método de Boom que utiliza isotiocianato de guanidina e

Page 57: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

58

sílica (BOOM; SOL; SALIMANS, 1990) com algumas modificações (COSTA et al.,

2005).

Em tubo plástico de 1,5 mL2, a 200 L da suspensão fecal a 10% foi

adicionado 200 L de fenol/clorofórmio3, seguido de homogeneização em vórtex.

Após centrifugação por 2 minutos, transferiu-se o sobrenadante para um outro

tubo e em seguida foram adicionados 15 L de sílica e 1 mL de tampão L2 pH 6,4.

Os reagentes foram homogeneizados em vórtex e mantidos à temperatura

ambiente por 30 minutos com agitação constante.

A seguir, as amostras foram centrifugadas a 14.000 x g/ 20 segundos e os

sobrenadantes decantados. As amostras foram sucessivamente lavadas em

500L de etanol 70% (2x) e acetona P.A. (1x) mantidos a –20ºC. Os tubos foram

incubados a 56ºC/15 minutos para a secagem completa dos sedimentos e, então,

adicionou-se a cada tubo 50L de água estéril4. Após nova centrifugação a

14.000 x g/3 minutos, os eluatos foram coletados em tubos plásticos tipo

Eppendorf e estocados a -20ºC para posterior uso na PCR.

Cada reação de extração de DNA foi realizada com um controle positivo

(vacina CPV-2b disponível comercialmente no Brasil 5) e um negativo (água

estéril6).

5.4.3.2- Reação em cadeia pela polimerase

Após extração do genoma a reação de PCR foi realizada em termociclador

automático7. Inicialmente, 10L do extrato foi incubado com 1L de cada par de

iniciador (20 picomol) a 94ºC/2 minutos, seguido de rápido resfriamento a 4ºC por

2 minutos. A reação de amplificação foi realizada em um volume final de 50L

2 Eppendorf® 3 Invitrogen®

4 Milli-Q®

5 Duramune®

Max5 FortDodge 6 Milli-Q®

7 Perkin Elmer

Page 58: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

59

contendo 50 mM KCl2, 10mM Tris-HCl pH 8,3, 1,5mM MgCl2 8, 200µM de cada

dNTP 9 e 0,5U de Taq DNA Polimerase Platinum II10. A PCR consistiu de 30 ciclos

de incubação a 94ºC por 30 segundos, 55ºC por 2 minutos e 72ºC por 2 minutos e

extensão final de 10 minutos a 72ºC. Cada reação de PCR foi realizada com um

controle positivo (vacina CPV-2b disponível comercialmente no Brasil11) e um

negativo (água estéril12).

A cada produto da reação de PCR (amplicon) foi adicionado 1µL de corante

azul de bromofenol e os mesmos foram submetidos a eletroforese em gel de

agarose a 1,5% em tampão TBE 0,5 % por 50 minutos a 84 volts. Utilizou-se como

padrão de corrida o DNA Ladder de 100 pb13. O gel foi corado em solução de

brometo de etídio a 0,5 g/mL, os produtos amplificados visualizados em

transiluminador (UV)14.

5.4.4- Sequenciamento parcial do gene que codifica para a

proteína de capsídeo VP2 dos parvovírus canino e felino:

Todas as amostras de 1995-2007 cujos resultados foram confirmados pela

PCR; as seis amostras felinas coletadas em 2004; e as amostras fecais obtidas no

período de 2008-2009 (HA>512; HI> 40 e confirmadas pela PCR) com dados

clínicos completos foram submetidas ao sequenciamento parcial do gene que

codifica para a proteína de capsídeo VP2.

A reação de amplificação com os iniciadores 555For/555Rev foi realizada

em um volume final de 50L, com a mistura de reagentes15: PCR buffer 1x (50 mM

KCl2, 10mM Tris-HCl pH 8,3), 1,5mM MgCl2 , 200µM de cada dNTP16, 1L de cada

8 Invitrogen 9 Invitrogen 10 Invitrogen 11 Duramune®

Max5 FortDodge 12 Milli-Q®

13 Invitrogen 14 Labnet 15 Invitrogen 16 Invitrogen

Page 59: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

60

par de iniciador (20 picomol) e 0,5U de Taq DNA Polimerase Platinum II17. A PCR

foi realizada em termociclador automático e consistiu de uma etapa inicial de

incubação a 94ºC por 10 minutos, 40 ciclos de a 94ºC por 30 segundos, 50ºC por

1 minuto e 72ºC por 1 minuto seguido por extensão final de 10 minutos a 72ºC.

A reação de amplificação com os iniciadores HFor/HRev foi realizada em

um volume final de 50L, com a mistura de reagentes18: PCR buffer 1x (50mM

KCl2, 10mM Tris-HCl pH 8,3), 1,5mM MgCl2, 200µM de cada dNTP, 1L de cada

par de iniciador (20 picomol) e 0,5U de Taq DNA Polimerase Platinum II. A PCR

foi realizada em termociclador automático e consistiu de uma etapa inicial de

incubação a 94ºC por 10 minutos, 40 ciclos de a 94ºC por 30 segundos, 52oC por

1 minuto e 72oC por 1 minutos seguido por extensão final de 10 minutos a 72oC.

Para análise dos produto amplificado nas reações com os iniciadores

555For/555Rev e HFor/HRev, 1µL de corante azul de bromofenol foi adicionado a

10 µL de cada amostra e as mesmas foram submetidas a eletroforese em gel de

agarose a 1,5% em tampão TBE 0,5 % por 50 minutos a 84 volts. Os produtos

amplificados foram visualizados em transiluminador UV 19 e a quantificação do

DNA nas amostras foi realizada utilizando “Low DNA Mass”20.

Para a purificação do produto amplificado pela técnica de PCR, foi utilizado o

Kit comercial QIAQuick PCR purification kit 21. Para o sequenciamento direto dos

produtos amplificados e purificados foi utilizado o kit comercial “Big Dye

Terminator v3.1 Cycle Sequencing Kit”22 conforme orientação do fabricante. Foram

usados os mesmos iniciadores de cadeia utilizados na reação de PCR. Os

produtos da reação de sequência foram purificados com as colunas CENTRI-SEP

23 conforme orientação do fabricante.

17 Invitrogen 18 Invitrogen 19 Labnet 20 Invitrogen 21 QIAGEN®

22 Applied Biosystems®, CA, USA 23 Princeton Separations®, CA, USA

Page 60: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

61

Os cromatogramas das sequências foram obtidos a partir do sequenciador

automático de 48 capilares ”ABI Prism 3730 Genetic Analyzer” 24 do serviço da

“Plataforma de Sequenciamento de DNA PDTIS/FIOCRUZ” conforme OTTO et al.,

(2008).

Todas as amostras foram sequenciadas nas duas direções (5’→ 3’e 3’→ 5’).

Após o alinhamento com as sequências padrões, as regiões correspondentes aos

iniciadores foram retiradas.

Todas as sequências obtidas neste trabalho foram depositadas no

GenBank (www.ncbi.nlm.nih.gov/GenBank) e cada amostra sequenciada foi

identificada com a sigla do Estado de origem (RJ), seguido pelo número da

amostra no laboratório e pelo ano de coleta.

5.4.5-Análise da homologia de nt e AA entre as amostras dos parvovírus

canino e felino:

As sequências nucleotídicas (e as aminoacídicas deduzidas a partir das

mesmas) foram alinhadas utilizando o método CLUSTAL W, contido no programa

Bio Edit (HALL et al., 1999). As sequências protótipos representantes dos

diferentes tipos de CPV e FPLV, descritas em diferentes países, foram resgatadas

no site do NCBI (National Center for Biotechnology Information)

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov) através dos seus números de acesso ou mediante a

utilização da ferramenta BLAST (Basic Local Aligment Search Tool), disponível no

GenBank.

As relações de homologia de nt e AAs entre as diferentes sequências foram

determinadas mediante a utilização do programa MEGA v.4.0 (TAMURA et al.,

2007) através do método de reconstrução filogenética Neighbor-Joining. A

distância genética entre as diferentes amostras foi calculada mediante o modelo

Kimura-dois-parâmetros como modelo de substituição nucleotídica. A significância

estatística das diferentes filogenias obtidas foi estimada através de 2.000 réplicas

de bootstrap.

24 Applied Biosystems, Foster City, CA, USA

Page 61: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

62

Todas as etapas de detecção, caracterização e análise de homologia de nt e

AA das amostras de CPV e FPLV utilizadas neste estudo estão demostradas na

Figura 9.

Figura 9. Fluxograma de detecção, caracterização e análise de homologia de

nt e AA das amostras de parvovírus canino e felino utilizadas neste estudo.

Suspensão fecal 10% (-20°C)

HA

< 8

> 16

POSITIVO

PCR com pares de iniciadores P2For/P2Rev e P2abFor/P2abRev

Extração do Genoma Isotiocianato de Guanidina e Sílica

PCR para Sequenciamento com pares de iniciadores 555For/555Rev e HFor/HRev

Sequenciamento (Plataforma de Sequenciamento de

DNA PDTIS/ FIOCRUZ)

Análise de homologia de nt e AA

Amostras fecais caninas (2008-2009)

NEGATIVO HI

HI< 20 HI>40

51 amostras caninas 1995-2007

HA>512 HI> 40

6 amostras felinas 2004

HA>512 HI> 40

Page 62: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

63

6- RESULTADOS

6.1- Triagem de amostras CPV positivas para sequenciamento

Das 100 amostras fecais de cães coletadas no período de 2008-2009, 43

foram positivas por HA/HI e PCR e destas, 18 amostras foram incluidas para

caracterização por sequenciamento (HA > 512 e dados clínicos completos).

Portanto, um total de 69 amostras fecais de cães foram analisadas: 51

coletadas entre 1995-2007 e 18 de 2008-2009. A distribuição das 69 amostras

caracterizadas neste estudo de acordo com o sexo, faixa etária e histórico de

vacinação está demonstrada na Tabela 1.

Todas as 69 amostras apresentaram amplificação somente com o par de

iniciador P2ab, específico para os tipos novos de CPV.

Page 63: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

64

Tabela 1. Distribuição das 69 amostras fecais caninas, positivas por HA/HI e

PCR analisadas neste estudo conforme o sexo, faixa etária, raça, condição

vacinal dos cães e tipo de CPV (CPV-2a, 2b ou 2c) caracterizado na amostra

fecal.

Amostras fecais caninas

CPV-2a CPV-2b CPV-2c Total (%)

Sexo

Macho 15 6 0 21 (30%)

Fêmea 26 21 1 48 (60%)

Faixa etária (meses)

< 2 12 6 0 18 (26%)

>2 - <4 21 15 1 37 (54%)

> 4 8 6 0 14 (20%)

Raça

SRD 12 7 1 20 (29%)

Labrador Retriever 4 4 0 8 (12%)

Poodle 4 4 0 8 (12%)

Cocker Spaniel 2 4 0 6 (8%)

Rottweiler 6 0 0 6 (8%)

Pastor Alemão 5 0 0 5 (8%)

Outras raças 8 8 0 16 (23%)

Vacinação

Sim 22 15 0 37 (54%)

Não 19 12 1 32 (46%)

SRD: Sem Raça Definida

Outras Raças: Fila Brasileiro (2); Golden Retriever de Labrador (2); Pit Bull (2); Teckel (2);

Yorkshire Terrier (2) Bull Terrier (2); Bulldog Francês (2); Dálmata (1); Shit-zu (1).

Page 64: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

65

6.2- Caracterização dos tipos de parvovírus canino (CPV) em amostras fecais

de cães não vacinados apresentando gastrenterite.

Um total de 32 amostras fecais de filhotes de cães não vacinados

apresentando quadro clínico de gastrenterite (16 machos e 16 fêmeas), coletadas

no período de 1995 a 2009, foram amplificadas pela PCR com os iniciadores

555For/ 555Rev para realização do sequênciamento parcial do gene que codifica

para a proteína de capsídeo VP2.

As sequências obtidas de amostras de cães não vacinados foram

depositadas no GenBank (número de acesso: FJ977046-FJ977077) e

comparadas com amostras protótipos de CPV: CPV-2, 1978 (M38245), CPV-2a,

1983 (M24000), CPV-2a, 2007, BR (DQ340434), CPV-2b, 2008, BR (FJ236068),

CPV-2c, 2007, URU (EF375482), CPV-2c, 2008, ARG (FJ349322), CPV-2c, 2008,

BR (EU797727).

As principais diferenças observadas entre as sequências parciais do gene

que codifica para a proteína de capsídeo VP2 geradas neste estudo e as

sequências obtidas a partir das amostras protótipos de diferentes locais, estão

descritas na Tabela 2.

A análise por sequênciamento do fragmento de 563 pb do gene que codifica

para a proteína VP2, que abrange as regiões 426 e 555, permitiu a caracterização

dos novos tipos de CPV nas 32 amostras estudadas. Todas as 12 amostras

coletadas de 1995 a 2003 foram caracterizadas como CPV-2a. De 2004 a 2006,

tanto CPV-2a (4) quanto CPV- 2b (4) foram detectados. A partir de 2006, nove das

12 amostras foram caracterizadas como CPV-2b (Tabela 2).

Todas as amostras caracterizadas como CPV-2a apresentaram mutação

Guanina (G) no nucleotídeo 4449 do gene que codifica para VP2, o que resulta em

uma alteração não sinônima no resíduo 555 (Ile→Val) (Tabela 2).

Aproximadamente 59% das amostras estudadas (19/32) apresentaram uma

substituição sinônima de adenosina (A) por guanina (G) no nt 4508, resíduo 574.

Outras 12 amostras (nove CPV-2b, duas CPV-2a e uma CPV-2c) apresentaram

Page 65: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

66

outra mutação sinônima, uma inserção de adenosina (A) no nt 4104 – resíduo

440. (Tabela 2).

Tabela 2. Diferenças de nucleotídeos e aminoácidos encontradas no produto

amplificado de 563 bp do gene que codifica para VP2 nas 32 amostras de

parvovirus canino de cães não vacinados apresentando gastrenterite e

isolados obtidos no GenBank.

Sequencias GenBank

(Protótipo)

tipo AA 426

(nt 4062)

AA 440

(nt4104)

AA 555

(nt 4449)

AA 574

(nt4508)

M38245 (EUA) 1978 CPV-2 AAT (Asn) - GTA (Val) A

M24000 (EUA) 1983 CPV-2a AAT (Asn) - ATA (Ile) A

DQ340434 (BR) 2007 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) A

FJ236068 (BR) 2008 CPV-2b GAT(Asp) - GTA (Val) A

EF375482 (URU) 2007 CPV-2c GAA (Glu) - GTA (Val) A

EU797727 (BR) 2008 CPV-2c GAA (Glu) - GTA (Val) A

FJ349322 (ARG) 2008 CPV-2c GAA (Glu) - GTA (Val) -

Amostra tipo 426

(nt 4062)

440

(nt4104)

555

(nt 4449)

574

(nt4508)

RJ004/95 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) G

RJ083/96 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) G

RJ126/97 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) G

RJ129/97 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) G

RJ164/98 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) G

RJ167/98 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) A

RJ183/99 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) A

RJ223/99 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) G

RJ251/00 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) A

RJ305/01 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) A

RJ369/02 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) A

RJ426/03 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) A

RJ542/04 CPV-2b GAT (Asp) A GTA (Val) A

RJ596/04 CPV-2b GAT (Asp) A GTA (Val) A

RJ630/05 CPV-2b GAT (Asp) A GTA (Val) A

RJ708/06 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) A

RJ736/06 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) A

RJ738/06 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) G

RJ803/06 CPV-2a AAT (Asn) - GTA (Val) G

RJ814/06 CPV-2b GAT (Asp) - GTA (Val) A

RJ815/07 CPV-2b GAT (Asp) - GTA (Val) A

Page 66: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

67

RJ818/07 CPV-2b GAT (Asp) A GTA (Val) A

RJ825/07 CPV-2b GAT (Asp) - GTA (Val) A

RJ868/08 CPV-2a AAT (Asn) A GTA (Val) G

RJ893/08 CPV-2a AAT (Asn) A GTA (Val) G

RJ898/08 CPV-2b GAT (Asp) A GTA (Val) A

RJ913/08 CPV-2b GAT (Asp) - GTA (Val) G

RJ925/08 CPV-2b GAT (Asp) A GTA (Val) A

RJ926/08 CPV-2b GAT (Asp) A GTA (Val) A

RJ933/08 CPV-2b GAT (Asp) A GTA (Val) G

RJ934/08 CPV-2c GAA (Glu) A GTA (Val) A

RJ944/09 CPV-2b GAT (Asp) A GTA (Val) G

Uma amostra coletada no fim de 2008 (RJ934/08) apresentou o códon GAA

no AA 426 da proteína de capsídeo VP2. A presença do códon para Ácido

Glutâmico caracterizou a amostra como CPV-2c (Glu-426). A comparação desta

amostra 2c (RJ934/08) com os demais tipos de CPV-2c descritos na América do

Sul demonstrou 100% de similaridade em aminoácidos na região sequenciada

(Figura 10).

A análise de homologia de nt e AA realizada a partir das sequências

parciais de VP2, das amostra de cães não vacinados (Figura 11) demonstrou que

a amostra 2c deste estudo (RJ934/08) e os demais isolados CPV-2c da América

do Sul se agruparam. Estas amostras se inseriram em um grupo maior com

outras dez amostras CPV-2b deste estudo (coletadas de 2004 a 2008), uma

amostra CPV-2b de 2007 do Rio Grande do Sul (FJ23608) e o isolado CPV-2

(M38245).

Das 18 amostras caracterizadas como CPV-2a neste estudo (Tabela 2), 13

agruparam-se com demais isolados de CPV-2a (M240000, DQ340434,

DQ340408) (Figura 11). A única amostra de cão não vacinado coletada em 2009

(RJ944/09) permaneceu isolada filogeneticamente das demais (Figura 11).

Page 67: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

68

Figura 10. Comparação entre as sequências nucleotídicas dos isolados de

parvovírus canino tipo 2c detectados na América do Sul. Em destaque em

vermelho as mutações pontuais detectadas nos diferentes isolados.

Page 68: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

69

RJ004/95

RJ369/02

RJ164/98

RJ736/06

CPV-2A (DQ340408)

RJ305/01

RJ223/99

RJ251/00

RJ183/99

RJ893/08

RJ129/97

CPV-2A (M24000)

RJ083/96

RJ167/98

CPV-2 (EU659116)

CPV-2A (DQ340434)

RJ126/97

CPV-2 (M38245)

RJ818/07

RJ926/08

RJ815/07

CPV-2C (EU797727)

CPV-2C (EF375482)

RJ934/08

CPV-2C (FJ349322)

RJ814/06

CPV-2B (FJ236068)

RJ825/07

RJ596/04

RJ925/08

RJ630/05

RJ542/04

RJ898/08

RJ426/03

RJ708/06

RJ933/08

RJ913/08

RJ738/06

RJ803/06

RJ868/08

RJ944/09

82

40

64

27

61

35

7

4451

17

7

25

0.005

Figura 11. Dendograma construído a partir das análise de um fragmento (563

pb) do gene que codifica para a proteína de capsideo VP2 das amostras de

parvovírus canino de cães não vacinados e amostras de CPV no GenBank. A

barra na parte inferior da figura é proporcional à distância genética.

Page 69: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

70

6.3 - Monitoramento dos tipos de Parvovirus Canino (CPV) em filhotes de

cães vacinados apresentando gastrenterite no Estado do Rio de Janeiro

Para a realização deste estudo, 37 amostras de cães vacinados

consideradas positivas para CPV pelas técnicas de HA/HI e PCR foram

analisadas.

As amostras foram coletadas de filhotes com idade entre dois e 10 meses

que haviam recebido uma (20), duas (12) ou três (5) doses de vacina. Dos cinco

filhotes que receberam três doses de vacina, três apresentavam idade inferior a

quatro meses no momento da última dose, um apresentava mais de quatro meses

e para o último, este dado não estava disponível (Tabela 3).

Em relação ao tipo de CPV utilizado na preparação da vacina, verificou-se

que 20 filhotes receberam vacina mono ou polivalente constituída com CPV-2.

Outros três receberam vacina constituída pelo tipo CPV-2b. Para 14 filhotes, este

dado não estava disponível (Tabela 3).

Dos 27 filhotes cuja data da última vacinação era conhecida, para cinco o

intervalo entre a vacinação e o aparecimento dos sinais clínicos foi de três a nove

dias. Para outros 22 animais este intervalo foi superior a 10 dias (Tabela 3).

Tabela 3. Idade e condição vacinal dos cães e tipo de parvovírus canino

detectado nas 37 amostras fecais coletadas de cães vacinados no Rio de

Janeiro no período de 1995-2009.

Amostra Idade

(Meses)

Tipo de CPV da vacina

Número de doses de

vacina

Intervalo entre vacinação e

aparecimento dos sintomas

Tipo de CPV detectado

RJ304/01 2 CPV-2b 1 3- 9 dias CPV-2a

RJ006/95 2 CPV-2 1 > 9 dias CPV-2a

RJ353/01 2 CPV-2 1 > 9 dias CPV-2a

RJ735/06 2 ND* 1 > 9 dias CPV-2b

RJ833/07 2 CPV-2 1 > 9 dias CPV-2b

RJ834/07 2 CPV-2 1 > 9 dias CPV-2a

RJ936/08 2 ND 1 > 9 dias CPV-2b

Page 70: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

71

RJ905/08 2 ND 1 ND CPV-2a

RJ302/01 2 CPV-2 2 > 9 dias CPV-2a

RJ688/06 3 CPV-2 1 3- 9 dias CPV-2b

RJ089/96 3 CPV-2 1 > 9 dias CPV-2a

RJ705/06 3 CPV-2 1 > 9 dias CPV-2b

RJ840/07 3 ND 1 > 9 dias CPV-2b

RJ914/08 3 ND 1 > 9 dias CPV-2b

RJ948/09 3 CPV-2 1 > 9 dias CPV-2b

RJ242/00 3 CPV-2 1 ND CPV-2a

RJ741/06 3 ND 1 ND CPV-2a

RJ349/01 3 ND 2 3- 9 dias CPV-2a

RJ835/07 3 CPV-2 2 3- 9 dias CPV-2b

RJ107/97 3 CPV-2 2 > 9 dias CPV-2a

RJ928/08 3 ND 2 ND CPV-2b

RJ001/95 3 CPV-2 3 > 9 dias CPV-2a

RJ159/98 4 ND 1 > 9 dias CPV-2a

RJ339/01 4 ND 1 > 9 dias CPV-2a

RJ371/02 4 ND 2 ND CPV-2a

RJ951/09 4 CPV-2b 2 ND CPV-2a

RJ209/99 4 CPV-2 3 3- 9 dias CPV-2a

RJ014/95 4 CPV-2 3 > 9 dias CPV-2a

RJ892/08 4 ND 3 ND CPV-2a

RJ83/07 6 CPV-2 1 > 9 dias CPV-2b

RJ355/02 6 CPV-2 2 > 9 dias CPV-2a

RJ706/06 6 CPV-2 2 > 9 dias CPV-2b

RJ931/08 6 CPV-2 2 > 9 dias CPV-2b

RJ336/01 6 ND 2 ND CPV-2a

RJ446/04 6 ND 2 ND CPV-2a

RJ901/08 7 CPV-2b 1 ND CPV-2b

RJ422/03 10 CPV-2 3 > 9 dias CPV-2a

*ND- Informação não disponível

Inicialmente, para a caracterização dos novos tipos de CPV nas amostras, as

diferenças nos AA 426 e 555 foram analisadas após PCR e sequenciamento com

o par de iniciadores 555For/555Rev para o gene que codifica para VP2.

As sequências obtidas a partir de amostras de cães vacinados foram

depositadas no GenBank (número de acesso:FJ998133-FJ998169). Quatro

Page 71: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

72

vacinas constituídas de duas diferentes cepas de CPV e utilizadas no Brasil foram

também submetidas a amplificação com o par de iniciadores 555For/555Rev e

sequenciadas: Octa-Cino-Vacin®, Biovet (CPV-2); Recombitec®, Merial (CPV-2);

Vanguard®, Pfizer (CPV-2) and Duramune® Max5 FortDodge (CPV-2b) (Tabela 4).

As principais alterações nucleotídicas observadas entre as sequências

parciais de VP2 geradas neste estudo a partir das 37 amostras clínicas, quatro

amostras vacinais e os isolados obtidos no GenBank, estão descritas na Tabela 4.

Tabela 4. Caracterização genômica dos parvovírus caninos detectados nas

37 amostras de cães vacinados e nas quatro amostras de vacinas a partir da

análise da sequência parcial do gene que codifica para a proteína de

capsídeo VP2 .

Sequências de CPV

obtidas do GenBank

Tipo AA 297

nt 3675

AA 300

nt 3685

AA 305

nt 3699

AA 426

nt 4062

AA 555

nt 4449

AA 574

nt 4458

M38245 CPV-2 T (Ser) C (Ala) G (Asp) AAT(Asn) GTA(Val) A

M24000 CPV-2a T (Ser) G (Gly) T (Tyr) AAT(Asn) ATA (Ile) A

DQ340434 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT Asn) GTA(Val) A

DQ340409 CPV-2b G (Ala) G (Gly) T (Tyr) GAT(Asp) GTA(Val) A

Ab437433 (Recombinante)

CPV-2/CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT Asn) GTA(Val) A

Ab437434 (Recombinante)

CPV-2/CPV-2b G (Ala) G (Gly) T (Tyr) GAT(Asp) GTA(Val) A

Octa-Cino-Vacin®,

Biovet CPV-2 NR** NR NR AAT(Asn) GTA(Val) A

Recombitec®,

Merial

CPV-2 NR NR NR AAT(Asn) GTA(Val) A

Vanguard®,

Pfizer

CPV-2 NR NR NR AAT(Asn) GTA(Val) A

Duramune® Max5

FortDodge CPV-2b* G (Ala) G (Gly) T (Tyr) GAT(Asp) GTA(Val) A

Amostras

Tipo detectado

297

nt 3675

300

nt 3685

305

nt 3699

426

nt 4062

555

nt 4449

574

nt 4508

RJ001/95 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ006/95 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ014/95 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ089/96 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ107/97 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ159/98 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

Page 72: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

73

RJ209/99 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ242/00 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ302/01 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ304/01 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) A

RJ336/01 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) A

RJ339/01 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ349/01 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) A

RJ353/01 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) A

RJ355/02 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ371/02 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ422/03 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ446/04 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) A

RJ688/06 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ705/06 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ706/06 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ735/06 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) G

RJ741/06 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) A

RJ833/07 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ834/07 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

RJ835/07 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ837/07 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ840/07 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ892/08 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) A

RJ901/08 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ905/08 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) A

RJ914/08 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ928/08 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ931/08 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ936/08 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ948/09 CPV-2b NR NR NR GAT (Asp) GTA(Val) A

RJ951/09 CPV-2a G (Ala) G (Gly) T (Tyr) AAT (Asn) GTA(Val) G

* Substituição A→G no nucleotídeo 4494 (AA570)

** NR = não realizado

Dos 20 cães que receberam vacina constituída por CPV-2, oito apresentaram

Asp-426 e Val-555 e foram caracterizadas como CPV-2b. Doze amostras

apresentaram Asn-426 e Val-555 e a análise destes dois resíduos não foi

Page 73: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

74

suficiente para a caracterização do tipo de CPV na amostra. Para as três amostras

de animais que receberam vacina constituída de CPV-2b, duas foram

caracterizadas como CPV-2a. Para o outro filhote que recebeu vacina constituída

por CPV-2b, a infecção pelo 2b selvagem foi confirmada através da análise do

resíduo 570 (nt 4494), já que o tipo 2b utilizado nesta vacina (Duramune® CPV-2b)

possui uma mutação característica neste AA (nt 4494 A-G) (Figura 12).

Figura 12. Sequências nucleotídicas da amostra caracterizada como

parvovírus canino 2b selvagem (RJ901/08) e amostra CPV-2b vacinal (vacina

Duramune® Max5) Em destaque a mutação pontual no nt 4494, presente na

amostra vacinal.

Para os 14 filhotes cuja informação sobre o tipo da vacina não estava

disponível, cinco foram caracterizados como CPV-2b selvagem pela análise do

resíduo 570 (nt 4494). Nove amostras apresentaram Asn-426 e Val-555 e também

não puderam ser caracterizadas pela análise dos resíduos 426 e 555.

Page 74: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

75

Portanto, para 21 amostras (12 de animais vacinados com o tipo CPV-2 e

nove de filhotes sem informação sobre o tipo da vacina) uma segunda região do

genoma da VP2 foi sequenciada a partir dos iniciadores HFor/Hrev. Pela análise

desta região todas as amostras foram caracterizadas como CPV-2a (Tabela 4).

Nas 18 amostras coletadas de 1995 a 2004, somente o tipo CPV-2a foi

detectado. De 2006 a 2009, ambos CPV-2a (5) e CPV-2b (14) foram detectados,

sendo o tipo 2b predominante.

Todas as amostras caracterizadas como CPV-2a em filhotes vacinados

apresentaram uma mutação não sinônima no resíduo 297 (Ser→Ala) e no residuo

555 (Ile→Val) (Tabela 4).

Uma mutação sinônima no nt 5408 (A→G), resíduo 574 também foi

observada em 15/37 amostras (14 CPV-2a e uma CPV-2b) (Tabela 4).

O dendograma das sequências parciais de VP2 em 37 amostras de cães

vacinados, quatro vacinas para CPV e isolados obtido no GenBank demonstrou

que todas as amostras CPV-2b agruparam-se junto com a vacina CPV-2b 25,

outras amostras CPV-2b e CPV-2c da América do Sul. As vacinas constituídas

por CPV-2 26 se mantiveram distantes filogeneticamente das demais amostras

clínicas e protótipos de CPV (Figura 13).

As amostras de CPV-2b e CPV-2c, coletadas após 2006, agruparam

juntamente com variantes recombinantes descritas recentemente em animais

vacinados (CPV-2/CPV-2a e CPV-2/2b) (MOCHIZUCK et al., 2008) (Figura 13).

25 Duramune®Max 26 Vanguard® Octa-cino-vac® e Recombitec®

Page 75: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

76

CPV-2C (EF375482)

CPV-2C (FJ349322)

CPV-2C (EU797727)

RJ835/07

RJ706/06

RJ936/08

RJ833/07

RJ840/07

Duramune Max5 FortDodge

CPV-2B (FJ236068)

CPV-2 (M38245)

RJ735/06

RJ837/07

CPV recombinante AB437433

CPV recombinante AB437434

RJ688/06

RJ928/08

RJ901/08

RJ948/09

RJ914/08

RJ931/08

RJ705/06

RJ339/01

CPV-2 (EU659116)

RJ107/97

RJ355/02

RJ446/04

RJ905/08

RJ741/06

RJ001/95

RJ242/00

RJ892/07

RJ834/07

RJ951/09

RJ422/03

CPV-2A (M24000)

RJ336/01

CPV-2A (DQ340434)

RJ014/95

RJ371/02

RJ302/01

RJ353/01

RJ089/06

RJ304/01

RJ159/98

CPV-2A (DQ340408)

RJ349/01

RJ209/99

RJ006/05

Vanguard Pfizer

Octa-Cino-Vacin Biovet

Recombitec Merial

86

65

65

41

64

64

64

3

64

3

64

2

0.005

Figura 13. Dendograma elaborado a partir das análise de um

fragmento (563 pb) do gene que codifica para a proteína de capsideo VP2 de

37 cães vacinados, quatro vacinas para parvovírus canino e amostras

padrão e recombinantes de CPV obtidas no GenBank. A barra na parte

inferior da figura é proporcional à distância genética.

Page 76: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

77

6.4 – Caracterização molecular dos parvovírus em amostras de gatos

domésticos no Estado do Rio de Janeiro e comparação com os tipos de

parvovírus encontrados em amostras caninas.

As sequências obtidas a partir das seis amostras fecais de felinos domésticos

(cinco com sinais clínicos de gastrenterite e um assintomático) coletadas em 2004

na cidade do Rio de Janeiro foram comparadas com outras amostras de CPV

obtidas de cães no ano de 2004-2005 e com isolados felinos e caninos obtidos no

GenBank de diferentes países: FPLV EUA (M38246), FPLV Japão (AB000064),

FPLV Argentina (EU018145), FPLV França (AY606131), FPLV Itália (EU498693),

FPLV Alemanha (AY742937), CPV-2 M38245, CPV-2A M24000, CPV-2a

(F306449), CPV-2b (FJ236068), CPV-2c (EU797727).

As sequências foram comparadas também com isolados recombinantes

recentemente descritos em felinos (OHSHIMA; MOCHIZUKI, 2008) (EF988660) e

primatas (FJ231389) (YANG, 2009) (Tabela 5).

As amostras felinas foram caracterizadas FPLV através da análise das

regiões 300, 305, 323, 564 e 568. Entretanto, duas amostras apresentaram

mutações não-sinônimas em resíduos importantes para a caracterização dos tipos

de parvovírus caninos: a amostra felina RJ620/04 apresentou uma substituição de

nt (3909 G→A) que gerou uma mudança na região 375 (Asp→ Asn), semelhante

às amostras de CPV-2; a amostra RJ606/04 apresentou uma substituição de nt

(4062 A→G) que gerou uma mudança na região 426 (Asn→Asp), semelhante ao

tipo CPV-2b.

As quatro amostras caninas foram caracterizadas pela análise dos resíduos

426 e 555 como CPV-2a (1) e CPV-2b (3). Duas amostras caninas apresentaram

uma mutação não-sinônima no resíduo 297 (Ser→Asn). A amostra canina

RJ596/04 apresentou também duas mutações não-sinônimas em AA importantes

para definição do espectro de hospedeiro entre FPLV e CPV: resíduos 564

(Ser→Asn) e 568 (Gly→Ala), normalmente observados nos FPLV.

Page 77: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

78

Tabela 5. Diferenças de nucleotídeos e aminoácidos encontradas no

fragmento de 1171 pb do gene que codifica para a proteína de capsídeo VP2

dos parvovírus detectados em seis amostras felinas e quatro amostras

caninas coletadas em 2004-2005.

297 300 305 323 375 426 555 564 568

Número de

Acesso GenBank

nt

3675

T-Ser

A-Asn

3685

C-Ala

G-Gly

3699

G-Asp

T-Tyr

3753

G-Asp

A-Asn

3909

G-Asp

A-Asn

4062-64

AAT-Asn

GAT-Asp

GAA-Glu

4449

G-Val

4477

A-Asn

G-Ser

4489

C-Ala

G-Gly

FPLV M38246 EUA Ser Ala Asp Asp Asp Asn Val Asn Ala

FPLV AB000064 JAP Ser Ala Asp Asp Asp Asn Val Asn Ala

FPLV EU018145 ARG Ser Ala Asp Asp Asp Asn Val Asn Ala

FPLV AY606131 FRA Ser Ala Asp Asp Asp Asn Val Asn Ala

FPLV EU498693 ITA Ser Ala Asp Asp Asp Asn Val Asn Ala

FPLV AY742937 GER Ser Ala Asp Asp Asp Asn Val Asn Ala

FPLV FJ231389 Recombinante Primata

Ser Ala Asp Asn Asp Asn Val Ser Ala

FPLV EF988660 Recombinante Felino

Ser Ala Asp Asp Asp Asn Val Asn Ala

CPV-2 M38245 Ser Ser Asp Asn Asn Asn Val Ser Gly

CPV-2a M24000 Ser Gly Tyr Asn Asp Asn Ile Ser Gly

CPV-2a F306449 Ser Gly Tyr Asn Asp Asn Val Ser Gly

CPV-2b FJ236068 Ser Gly Tyr Asn Asp Asp Val Ser Gly

CPV-2c EU797727 Ser Gly Tyr Asn Asp Glu Val Ser Gly

Amostra

297

300

305

323

375

426

555

564

568

Tipo

RJ606/04 Ser Ala Asp Asp Asp Asp Val Asn Ala FPLV

RJ616/04 Ser Ala Asp Asp Asp Asn Val Asn Ala FPLV

RJ617/04 Ser Ala Asp Asp Asp Asn Val Asn Ala FPLV

RJ618/04 Ser Ala Asp Asp Asp Asn Val Asn Ala FPLV

RJ620/04 Ser Ala Asp Asp Asn Asn Val Asn Ala FPLV

RJ628/04 Ser Ala Asp Asp Asp Asn Val Asn Ala FPLV

RJ446/04 Ser Gly Tyr Asn Asp Asn Val Ser Gly CPV-2a

RJ542/04 Asn Gly Tyr Asn Asp Asp Val Ser Gly CPV-2b

RJ596/04 Asn Gly Tyr Asn Asp Asp Val Asn Ala CPV-2b

RJ630/05 Ser Gly Tyr Asn Asp Asp Val Ser Gly CPV-2b

Page 78: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

79

A análise de homologia de nt e AA foi realizada a partir do gene que

codifica para VP2 com as amostras felinas, caninas e isolados felinos e caninos de

outros países obtidos no GenBank. Todas as seis amostras felinas sequenciadas

formaram juntas um grupo distante dos demais isolados felinos de outros países e

dos tipos caninos. As amostras RJC542, que apresentou uma mutação não

sinônima no AA 297 e a RJC596/04 que apresentou três mutações não sinônimas

(AAs 297, 564 e 568), permaneceram distantes das demais amostras e isolados

de CPV e FPLV. O dendograma das sequências parciais de VP2 de felinos é

descrito na Figura 14.

Page 79: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

80

RJF616/04

RJF617/04

RJF618/04

RJF620/04

RJF606/04

RJF628/04

FPV EU018145 ARG

FPV M38246

FPV M38246 USA

FPV AB000064 JAP

FPV EU498693 ITA

FPV REC EF988660

FPV AY606131 FRA

FPV AY742937 GER

RJC542/04

RJC596/04

RJc446/04

FPV REC MONKEY FJ231389

RJC630/05

CPV-2c EF599098

CPV-2a M24000

cpv-2 M38245

CPV-2b DQ340409

CPV REC AB437433

CPV REC AB437434

96

88

53

40

80

69

37

63

56

47

83

34

49

64

92

59

49

61

40

32

48

0.002

Figura 14. Dendograma elaborado a partir das análise de um

fragmento (1171 pb) do gene que codifica para a proteína de capsideo VP2

das seis amostras felinas e quatro amostras caninas deste estudo e isolados

felinos e caninos obtidos no GenBank. Em destaque as amostras caninas

que apresentaram mutações em AA importantes na determinação do

espectro de hospedeiro dos parvovírus. A barra na parte inferior da figura é

proporcional à distância genética.

Page 80: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

81

7- DISCUSSÃO

Desde que emergiu em 1978 como um novo patógeno de cães, o CPV

apresenta um modelo contínuo de evolução, com o aparecimento e circulação de

novos tipos e variantes na população canina (TRUYEN, 1999; HOELZER;

PARRISH, 2010).

Neste estudo, ao comparar os resultados obtidos na PCR com os pares de

iniciadores P2For/P2Rev e P2abFor/P2abRev com a caracterização dos tipos

através do sequenciamento neste estudo observou-se que a PCR foi capaz de

diferenciar com sucesso os tipos antigo (CPV-2) e novos (CPV-2a, 2b e 2c) do

vírus, o que é importante para a confirmação do diagnóstico da infecção por CPV

em animais que receberam vacinas constituídas pelo tipo antigo. Entretanto,

somente o sequenciamento parcial do gene que codifica para VP2 permitiu a

observação de mutações sinônimas e não-sinônimas, essenciais para

caracterização dos tipos novos e para o estudo filogenético das amostras.

Este é o primeiro estudo de caracterização molecular dos tipos e variantes

de parvovírus em circulação no Estado do Rio de Janeiro por sequenciamento e

através da análise do fragmento do gene que codifica para a proteína VP2, foi

possível detectar os três tipos de CPV (2a, 2b e 2c), além da variante CPV-2a

(555-Val).

Neste trabalho, a caracterização de amostras de CPV coletadas no período

de 1995 a 2009 evidenciou o ressurgimento do tipo 2b na população canina após

Page 81: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

82

2004, sua co-circulação com o tipo 2a até 2008 e a descrição do tipo 2c em 2008.

Sabe-se que o tipo 2b foi descrito no período de 1980 a 2000 em co-circulação

com o tipo 2a no Brasil até 1986. Após este período ocorreu uma substituição

gradual do tipo 2b pelo 2a, até que em 1990 o tipo 2b não foi mais detectado

(PEREIRA; LEAL; DURIGON, 2007). (Anexo 2).

Em vários aspectos, a história epidemiológica do CPV no Brasil se

assemelha ao de outros países, evidenciando um processo de substituição de

variantes por outras mais adaptadas e evolução de novos tipos. A razão desta

substituição está relacionada à vantagens replicativas adquiridas por estas

mutações e uma disseminação mais eficiente do vírus no ambiente (PEREIRA;

LEAL; DURIGON, 2007; OHSHIMA et al., 2008).

Os resultados deste trabalho também representam a primeira descrição do

tipo CPV-2c no Estado do Rio de Janeiro. Este tipo foi detectado pela primeira vez

na Argentina em 2003 (CALDERON et al., 2009), Uruguai em 2007 (PÉRES et al.,

2007) e no Rio Grande do Sul no início de 2008 (STRECK et al., 2008). A

proximidade geográfica destas regiões e a observação deste novo tipo no Rio de

Janeiro no final de 2008 evidencia a expansão do CPV-2c pelo país e sua

circulação com os demais novos tipos antigênicos 2a e 2b.

Além das mutações já descritas e utilizadas na caracterização dos tipos,

duas mutações sinônimas foram observadas nas amostras estudadas (resíduos

440 e 574). O resíduo 440 se localiza na região de loop GH da proteína VP2, que

apresenta maior variabilidade entre os parvovírus de carnívoros (BATTILANI et al.,

2002). Estas mutações não foram correlacionadas ao tipo do CPV detectado (2a,

2b ou 2c) e a consequência fenotípica destas mutações ainda não está clara, mas

sua permanência na população canina estudada pode representar uma adaptação

local destas variantes.

Ao realizar a análise de homologia de nt e AA das amostras de cães não

vacinados, o tipo CPV-2c detectado no Rio de Janeiro formou com os demais 2c

da América do Sul um grupo independente, que pode ser explicado pelas poucas

diferenças de nucleotídeos observadas entre esses isolados. Este grupo se inseriu

em um grupo maior de amostras 2b. As mutações pontuais, mesmo as sinônimas

Page 82: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

83

(AA 440 e 574), são provavelmente responsáveis pela formação do grupo maior

que agregou as variantes de CPV-2b mais recentes.

A ocorrência de mutações aleatórias, selecionadas pela pressão

imunológica parece ser o principal mecanismo de evolução dos parvovírus

(SHACKELTON et al., 2005; HOELTZER; PARRISH, 2010).

Em um ambiente com alta taxa de mutação e condições termodinâmicas

instáveis, a entidade auto-replicante chega a um máximo de aptidão replicativa.

Esta entidade auto-replicante não é representada por uma única partícula viral

mas por um conjunto de varias partículas virais que irão se destacar de acordo

com as vantagens adaptativas que o seu fenótipo traga em relação ao ambiente

ou com a sua capacidade de produzir progênies (MAS et al., 2010).

A diversidade genética viral que surge a partir destas mutações é

importante para a sobrevivência da população viral como um todo. A presença de

pressões seletivas, como a pressão imunológica favorecem o aparecimento de

mutações com benefícios em seus fenótipos. Esses mutantes são esperados para

sobreviver e agir como os fundadores para a próxima geração (MAS et al., 2010).

Antes da descrição de variantes recombinantes de CPV na natureza,

somente a alta taxa de mutação do genoma DNA e a seleção positiva das

mutações foram os mecanismos associados ao surgimento e evolução da CPV

(SHACKELTON et al., 2005)

Em 2008 foi descrito pela primeira vez a ocorrência de amostras

recombinantes de CPV (CPV-2/2a e CPV-2/2b) provenientes de amostras clinicas

de cães diarréicos que haviam recebido vacinas atenuadas constituídas por CPV-

2 (MOCHIZUKI et al., 2008). Para que ocorra o evento de recombinação é

fundamental que a célula intestinal seja co-infectada pelos tipos selvagens e pelo

tipo vacinal e a administração da vacina provavelmente ocorreu durante o período

de incubação da infecção (MOCHIZUKI et al., 2008) e este é um risco potencial

geral do uso de vacinas atenuadas que não se limita ao CPV.

Com a co-circulação dos novos tipos (2a, 2b e 2c) no Brasil, existe a

discussão se as possíveis mudanças antigênicas decorrentes de mutações

genéticas que levaram ao aparecimento destes tipos poderiam ou não alterar de

forma significativa as propriedades antigênicas dos vírus interferindo na eficácia

Page 83: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

84

das vacinas constituídas pelo tipo antigo (CPV-2) (DECARO et al., 2006-a; 2008;

MEERS et al., 2007; PÉRES et al., 2007; LARSON; SCHULTZ, 2008;

CALDERON et al., 2009; SCHULTZ et al., 2010). Além disso, não se sabe se as

vacinas atualmente disponíveis poderiam proteger os cães contra a infecção por

variantes recombinantes, o que torna ainda mais importante o monitoramento

genômico dos tipos de CPV em cães vacinados (MOCHIZUKI et al., 2008).

Os tipos vacinais não foram detectados em nenhuma das amostras

estudadas, mesmo naquelas cinco coletadas de três a nove dias após a

vacinação, período no qual é possível se detectar o vírus vacinal nas fezes por HA

(CARMICHAEL; JOUBERT; POLLOCK, 1981) não evidenciando a ocorrência de

reversão à virulência nos casos de enterite pós vacinação nesse estudo.

Resultados similares foram descritos por DECARO et al. (2006), que

demonstraram a alta estabilidade e baixo risco de reversão à virulência das

vacinas atenuadas atualmente disponíveis.

A mutação no AA 297 (297 Ser→Ala), observada em todas as amostras de

CPV-2a nos cães vacinados vem sido descrita desde 1990 e se tornou

predominante nos tipos 2a e 2b em diferentes países (BATINALLI et al., 2002;

MARTELLA et al., 2005-a), incluindo Brasil (PEREIRA; LEAL; DURIGON, 2007).

Apesar da observação de mutações pontuais ao longo do fragmento

genômico sequenciado, estas alterações aparentemente não afetaram os AA

importantes relacionados à antigenicidade do vírus e não parecem comprometer

a capacidade das vacinas em proteger os filhotes contra os tipos de CPV em

circulação.

Entretanto, a análise de homologia de nt e AA das amostras fecais de cães

vacinados e das vacinas demonstrou que a vacina constituída com o tipo novo do

vírus (CPV-2b) se localizou filogeneticamente mais próxima dos tipos de CPV em

circulação do que as vacinas constituídas pelo tipo antigo do vírus (CPV-2). As

vacinas constituídas pelo CPV tipo antigo são produzidas com cepas isoladas no

início da década de 80, o que explica a distância de homologia de nt e AA

observada.

Page 84: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

85

Analisando os dados clínicos dos animais, foi possível observar que a

maioria das amostras (37 amostras ou 54%) foi coletada de filhotes com dois a

quatro meses de idade. Nesta faixa etária, muitos animais ainda não completaram

o protocolo de vacinação sugerido de três doses com intervalos de 21 a 30 dias

(MOORE, 1983; DAVIS-WURZLER, 2006).

Além disso, durante o período de suscetibilidade os anticorpos maternos

adquiridos via colostro nos primeiros dias de vida do filhote são capazes de

bloquear o vírus vacinal mas não são capazes de proteger o cão da infecção pelo

vírus selvagem (MOORE, 1983; DAVIS-WURZLER, 2006). Estes anticorpos

permanecem em circulação no cão até no máximo os quatro meses de vida,

quando decrescem à níveis indetectáveis. Portanto nesta idade (quatro meses) os

casos de “falha vacinal” podem ocorrer a despeito do protocolo de vacinação

adotado pelo clínico (CHAPPUIS, 1998). Por esta razão, os filhotes devem

receber múltiplas doses de vacina para CPV, iniciando com dois meses de idade

e, uma vez que os anticorpos maternos podem persistir até o 4º mês de vida, o

protocolo vacinal não deve ser interrompido antes desta idade (MOORE, 1983;

DAVIS-WURZLER, 2006).

De fato, dos cinco cães que receberam três doses de vacina para CPV,

somente um possuía idade superior a quatro meses no momento da terceira

dose. Uma vez que este cão era um filhote da raça Rottweiller, esta aparente

falha vacinal pode estar relacionada a uma maior suscetibilidade em cães desta

raça, que parecem ser refratários à imunização, apesar da adoção do protocolo

vacinal recomendado (MOORE, 1983; DAVIS-WURZLER, 2006).

Os cães vacinados podem eliminar vírus vacinal nas fezes, acompanhado

ou não de uma variante selvagem (DECARO et al., 2006-a). A maioria dos testes

utilizados rotineiramente no diagnóstico da infecção pelo CPV (HA/HI, EIE e

testes imunocromatográficos) não são capazes de distinguir o tipo vacinal do

selvagem e casos de gastrenterite logo após a vacinação podem ser

diagnosticados erroneamente como infecção pelo CPV (CARMICHAEL;

JOUBERT; POLLOCK, 1980; DECARO et al., 2006-a).

Page 85: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

86

Conforme observado, somente o sequenciamento parcial do gene que

codifica para a proteína de capsídeo VP2 permitiu realizar a distinção entre o

CPV-2b selvagem e vacinal (DESARIO et al., 2005, MEERS et al., 2007).

Os casos de infecção por CPV nos animais vacinados neste estudo não

foram relacionados a mutações nos tipos dos vírus em circulação, mas podem ser

atribuídos a um protocolo vacinal incompleto, com a administração da última dose

antes do 4º mês de vida do filhote.

Devido a alta resistência do vírus no ambiente, principalmente em abrigos e

canis (SIELG, 1984) é essencial que os proprietários minimizem a exposição dos

filhotes a locais contaminados, principalmente filhotes da raça Rottweiller

(MOORE,1983; DAVIS-WURZLER,2006), até o término do esquema de vacinação

e a infecção pelo CPV em animais vacinados deve ser continuamente monitorada

a fim de acompanhar o potencial efeito das possíveis mudanças antigênicas

decorrentes de mutações genéticas sobre a eficácia das vacinas.

Embora os FPLV e CPV sejam altamente relacionados a nível genético,

apresentam um padrão de evolução completamente diferente. Enquanto o FPLV,

desde a sua primeira identificação em 1920 não sofreu mudanças significativas

nas propriedades antigênicas e biológicas e evolui mantendo sua especificidade

de hospedeiro, o CPV, desde o seu aparecimento no final de 1970, tem vindo

evoluído progressivamente sob pressão seletiva, dando origem a variantes

antigênicas que substituiram o CPV-2 original e readquiriram a capacidade de se

replicar em felinos (DECARO et al., 2008).

Um estudo anterior realizado com 159 amostras fecais de felinos

domésticos confirmou por HA/HI e PCR, a presença de parvovírus associados a

casos de gastrenterite no Rio de Janeiro em seis amostras fecais de gatos

domésticos (MIRANDA et al., 2006).

Apesar da recente descrição de casos graves de gastrenterite em felinos

domésticos associados ao CPV-2c (DECARO et al., 2010), neste estudo não foi

evidenciada a infecção por CPV em gatos e todas as seis amostras felinas foram

caracterizadas como FPLV.

Page 86: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

87

Entetanto em três amostras fecais foram caracterizados tipos de CPV e

FPLV com mudanças em AA importantes inesperadas: duas amostras felinas

apresentaram alterações em regiões importantes para a determinação do espectro

de hospedeiro (375 e 426), observadas somente nos CPV-2 e CPV-2b

respectivamente. Da mesma forma, uma amostra canina coletada em 2004

(RJC596/04) também apresentou duas mutações, nos resíduos 564 e 568,

esperadas somente em amostras de FPLV, e a análise de homologia de nt e AA

mostrou que esta amostra se localizou mais próxima dos isolados felinos que as

demais amostras caninas.

Como o FPLV e CPV circulam na população canina e felina no Rio de

Janeiro (MIRANDA, 2006; CASTRO et al., 2007; SILVA, 2010), uma das

explicações para o aparecimento destas mutações é a ocorrência de

recombinação entre os parvovírus.

O surgimento de variantes recombinantes de CPV em amostras selvagens

foi observado pela primeira vez em 2008 por Mochizuki et al. em cães vacinados

com CPV-2 e os tipos detectados foram caracterizados como recombinantes CPV-

2/2a e CPV-2/2b.

Posteriormente foi descrito a partir de uma amostra diarréica de um felino

doméstico, o primeiro recombinante FPLV/CPV constituído por uma combinação

do gene que codifica para NS1/NS2 do CPV-2b e do gene que codifica para VP2

do FPLV (OSHIMA; MOCHIZUKI, 2008).

Em 2009, foi um parvovírus felino recombinante (FPLV) foi associado a um

surto de enterite hemorrágica em primatas jovens e as mutações observadas em

AA importantes para determinação de espectro de hospedeiro nestes isolados

provavelmente permitiram que esta variante recombinante cruzasse a barreira

inter-espécie causando surto de doença grave em primatas (YANG et al., 2009).

A frequência com que foram observadas mutações nas amostras felinas

deste estudo (2/6) reforçam a idéia de que os FPLV da mesma forma que os CPV

também estão sujeitos a importantes eventos evolutivos.

Page 87: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

88

A importância dessas mutações deve ser evidenciada através de futuras

análises moleculares de outras regiões do genoma, assim como pelo estudo de

infectividade destes vírus em cultivo celular de origem canina e felina.

Portanto, o contínuo monitoramento e caracterização molecular das

amostras de CPV e FPLV são necessários não somente para a identificação de

possíveis mudanças genéticas e antigênicas que possam interferir na eficácia das

vacinas, mas também para trazer uma melhor compreensão sobre os mecanismos

que impulsionam a evolução dos parvovírus no Brasil.

Page 88: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

89

8-CONCLUSÕES

A infecção pelo CPV foi confirmada pelas técnicas de HA/HI e PCR em 43%

(43/100) das amostras fecais diarreicas analisadas entre 2008-2009.

Pela PCR foi possível diferenciar os tipos antigo (CPV-2) e novos (CPV-2a, 2b

e 2c), porém somente o sequenciamento parcial do gene que codifica para a

proteína VP2 permitiu a caracterização dos novos tipos de CPV e a detecção

de mutações sinônimas e não-sinônimas nas amostras.

Foi evidenciada a co-circulação dos tipos 2a e 2b e descrito pela primeira vez

o tipo CPV-2c na população canina do Estado do Rio de Janeiro.

As mutações observadas nos parvovírus (CPV) detectados nas amostras

fecais de cães vacinados não afetaram os AA relacionados à antigenicidade

do vírus e não comprometeram a capacidade global das vacinas em proteger

os filhotes contra os tipos em circulação.

Todas as amostras fecais de gatos domésticos deste estudo foram

caracterizadas como FPLV.

Duas amostras caracterizadas como FPLV e uma amostra canina coletadas no

mesmo período das felinas (2004) apresentaram mutações não-sinônimas em

resíduos importantes para a determinação do espectro de hospedeiro.

Page 89: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

90

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Page 102: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

103

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Page 103: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

104

10- APÊNDICES

Page 104: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

105

APÊNDICE 1 - Ficha de identificação do animal UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

PROTOCOLO DE PARVOVIROSE CANINA

Registro Data de coleta

/ /

1 – CLÍNICA Nome: ______________________________________ Local: ______________________ 2 – PROPRIETÁRIO DO ANIMAL Nome: __________________________________________________________________ Endereço: _________________________________________ Bairro: ______________ Cidade: _______________________ Estado: _____ Telefone: ___________________ 3 – ANIMAL Nome: _________________ Idade (meses): ______ Sexo: ____ Raça_____________ Moradia: ( ) casa ( )apto Finalidade do cão: ( ) guarda ( ) companhia ( ) outros Local predominante de passeio do cão: ( )rua ( )praia ( )praça ( )outros ( )Não passeia 4– VACINAÇÃO

Nome da vacina Data Nome da vacina Data

/ / / /

/ / / /

/ / / /

/ / / /

5– SINAIS CLÍNICOS

OCORRÊNCIA EM DIAS: TEMPERATURA: OC

VÔMITO ANOREXIA APATIA ( ) sim ( ) não ( ) sim ( ) não ( ) sim ( ) não

DIARRÉIA CONSISTÊNCIA DAS FEZES ( ) Ausente ( ) Hemorrágica ( ) Outra ( ) Líquida ( ) Pastosa

6– RESULTADO

Data: / / ( ) negativo ( ) positivo Título de HA:

7 – OBSERVAÇÕES

Page 105: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

106

APÊNDICE 2 – Tabela de aminoácidos

Aminoácido abreviação

Valina Val

Leucina Leu

Triptofano Trp

Prolina Pro

Isoleocina Leu

Metionina Met

Fenilalanina Fen

Alanina Ala

Treonina Ter

Glicina Gli

Asparagina Asn

Glutamina Gln

Cisteína Cis

Serina Ser

Tirosina Tir

Arginina Arg

Histidina His

Lisina Lis

Ácido Glutâmico Glu

Ácido Aspártico Asp

Page 106: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

107

APÊNDICE 3 – Aprovação do COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ANIMAL

(PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO)

Page 107: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

108

11- ANEXOS

Page 108: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

109

ANEXO 1- Número de acesso do GenBank das amostras de parvovírus

canino (CPV) e felino (FPLV) caracterizadas nesse estudo.

Amostra Acesso

GenBank

RJ001/95 (FJ998133)

RJ004/95 (FJ977046)

RJ006/95 (FJ998134)

RJ014/95 (FJ998135)

RJ083/96 (FJ977047)

RJ089/96 (FJ998136)

RJ107/97 (FJ998137)

RJ126/97 (FJ977048)

RJ129/97 (FJ977049)

RJ159/98 (FJ998138)

RJ164/98 (FJ977050)

RJ167/98 (FJ977051)

RJ183/99 (FJ977052)

RJ209/99 (FJ998139)

RJ223/99 (FJ977053)

RJ242/00 (FJ998140)

RJ251/00 (FJ977054)

RJ302/01 (FJ998141)

RJ304/01 (FJ998142)

RJ305/01 (FJ977055)

RJ336/01 (FJ998143)

RJ339/01 (FJ998144)

RJ349/01 (FJ998145)

RJ353/01 (FJ998146)

RJ355/02 (FJ998147)

RJ369/02 (FJ977056)

RJ371/02 (FJ998148)

RJ422/03 (FJ998149)

RJ426/03 (FJ977057)

RJ446/04 (FJ998150)

RJ542/04 (FJ977058)

Amostra Acesso

GenBank

RJ596/04 (FJ977059)

RJ606/04 (DQ658146, GQ415003)

RJ616/04 (DQ658147, GQ415004)

RJ617/04 (DQ658151, GQ415008)

RJ618/04 (DQ658148, GQ415005)

RJ620/04 (DQ658149, GQ415006)

RJ628/04 (DQ658150, GQ415007)

RJ630/05 (FJ977060)

RJ688/06 (FJ998151)

RJ705/06 (FJ998152)

RJ706/06 (FJ998153)

RJ708/06 (FJ977061)

RJ735/06 (FJ998154)

RJ736/06 (FJ977062)

RJ738/06 (FJ977063)

RJ741/06 (FJ998155)

RJ803/06 (FJ977064)

RJ814/06 (FJ977065)

RJ815/07 (FJ977066)

RJ818/07 (FJ977067)

RJ825/07 (FJ977068)

RJ833/07 (FJ998156)

RJ834/07 (FJ998157)

RJ835/07 (FJ998158)

RJ837/07 (FJ998159)

RJ840/07 (FJ998160)

RJ868/08 (FJ977069)

Amostra Acesso

GenBank

RJ892/07 (FJ998161)

RJ893/08 (FJ977070)

RJ898/08 (FJ977071)

RJ901/08 (FJ998162)

RJ905/08 (FJ998163)

RJ913/08 (FJ977072)

RJ914/08 (FJ998164)

RJ925/08 (FJ977073)

RJ926/08 (FJ977074)

RJ928/08 (FJ998165)

RJ931/08 (FJ998166)

RJ933/08 (FJ977075)

RJ934/08 (FJ977076)

RJ936/08 (FJ998167)

RJ944/09 (FJ977077)

RJ948/09 (FJ998168)

RJ951/09 (FJ998169)

Page 109: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

110

ANEXO 2- Distribuição cronológica dos tipos de CPV no Brasil de 1980 a 2009. A tabela foi formulada tendo como

base o estudo atual e estudos anteriores (PEREIRA et al., 2007; STRECK et al., 2009). A linha contínua indica

predominância do tipo. A linha tracejada indica uma menor circulação do tipo.

Período estudado em anos

Tipo de

CPV

19

8

0

19

8

1 19

8

2 19

8

3 19

8

4 19

8

5 19

8

6 19

8

7 19

8

8 19

8

9 19

9

0 19

9

1 19

9

2 19

9

3 19

9

4 19

9

5 19

9

6 19

9

7 19

9

8 19

9

9 20

0

0 20

0

1 20

0

2 20

0

3 20

0

4 20

0

5 20

0

6 20

0

7 20

0

8 20

0

9 CPV- 2

CPV-2a

CPV-2a

Val-555 CPV-2b

CPV-2c

?

Page 110: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

111

ANEXO 3 - Carta de aceite e trabalho: “Partial VP2 sequencing of canine

parvovirus (CPV) strains circulating in the State of Rio de Janeiro, Brazil:

detection of the new variant CPV-2c”.

[BJM] Editorial Review of Article - Accept

Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 2010 9:52

De:

"Silvio Arruda Vasconcellos" <[email protected]>

Para:

"Tatiana Xavier de Castro" [email protected]

Tatiana:

We have now completed the review of your submission "BJM-1001 – PARTIAL VP2

SEQUENCING OF CANINE PARVOVIRUS (CPV) STRAINS CIRCULATING IN THE

STATE OF RIO DE JANEIRO: DETECTION OF THE NEW VARIANT CPV-2c."

Our decision is to accept.

Additional comments on the paper, based on the editorial and peer review, are found by

logging in to the journal web site:

Submission URL:

http://submission.scielo.br/index.php/bjm/author/submission/20989

Brazilian Journal of Microbiology

?

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112

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113

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114

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115

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116

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117

Page 117: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

118

ANEXO 4 - Carta de aceite e trabalho submetido para publicação no

periódico Research in Veterinary Science: “Monitoring of canine parvovirus

(CPV) strains detected in vaccinated puppies in Brazil”.

RVSC-09-544R1 Decision

Sexta-feira, 4 de Junho de 2010 6:59

De: "Research in Veterinary Science" [email protected] Para: [email protected]

Research in Veterinary Science

Ms. No. RVSC-09-544R1, "MONITORING OF CANINE PARVOVIRUS (CPV)

STRAINS DETECTED IN VACCINATED PUPPIES IN BRAZIL"

Dear Ms Castro,

I am pleased to be able to inform you that your manuscript

has been accepted as Research Paper for publication in

Research in Veterinary Science.

The manuscript will be transferred to our Production

Department. Proofs will be sent to you in due course.

With kind regards,

Carmel Mathew Maria Jude

Journal Manager

Research in Veterinary Science

Page 118: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

119

Page 119: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

120

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121

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122

Page 122: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

123

ANEXO 6- Carta de submissão do trabalho “First Characterization of

Page 123: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

124

ANEXO 5- Carta de submissão e artigo científico “First characterization of

parvovirus strains from domestic cats in Brazil.” para publicação no

periódico Journal of Veterinary Diagnostic Investigation.

Journal of Veterinary Diagnostic Investigation - Manuscript ID 10-0214

Segunda-feira, 7 de Junho de 2010 17:35

De: "[email protected]" <[email protected]> Para: [email protected]

07-Jun-2010

Dear Mrs. Castro:

Your manuscript entitled "FIRST CHARACTERIZATION OF

PARVOVIRUS STRAINS FROM DOMESTIC CATS IN BRAZIL" has been

successfully submitted online and is presently being given

full consideration for publication in the Journal of

Veterinary Diagnostic Investigation in chronological order.

Your manuscript number is 10-0214.

Please mention the above manuscript number in all future

correspondence or when contacting the Editorial Office for

questions. If there are any changes in your street address or

e-mail address, please log in to Manuscript Central at

http://mc.manuscriptcentral.com/jvdi and edit your user

information as appropriate.

You can also view the status of your manuscript at any time

by checking your Author Center after logging in to

http://mc.manuscriptcentral.com/jvdi.

Thank you for submitting your manuscript to the Journal of

Veterinary Diagnostic Investigation.

Sincerely,

Journal of Veterinary Diagnostic Investigation Editorial

Office

Page 124: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

125

“First Characterization of parvovirus strains from domestic cats in Brazil.”

Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia1*;

* Corresponding Author

E-mail address: [email protected]

Running Title: Parvovirus from cats in Brazil

Suzana Carvalho de Miranda1;

Tatiana Xavier de Castro1;

Gláucio Lopes Júnior1;

Norma Vollmer Labarthe3

;

José Paulo Gagliardi Leite2

1 Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Instituto Biomédico, Universidade

Federal Fluminense, Rua Prof. Ernani Pires de Melo, 101 24210-130 – Niterói, Rio de

Janeiro, Brazil. Tel 55 21 2629-2432 2

Programa de Biodiversidade e Saúde and

3Laboratorio de Virologia Comparada e Ambiental, IOC, Fundação Oswaldo Cruz. Av

Brasil, 4365 - 21040-360, Manguinhos, Rio de Janeiro, Brazil.

ABSTRACT

The aim of this study was to characterize parvovirus strains from domestic cats in

Brazil. Fifty-one kittens fecal samples were initaially submitted to hemagglutination/

hemagglutination-inhibiton (HA/HI) tests. The parvovirus strains detected in 6/51 samples

were then tested by HA in a range of different pH conditions and temperature, submitted to

Page 125: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

126

a PCR genotyping by using four sets of primers, and to partial sequencing of capsid protein

VP1/VP2 gene. In addition, the phylogeny carried on a fragment of VP2 protein gene was

analyzed. The pH dependence of HA was observed in only one sample and for all the six

samples the HA titers remained constant at 4oC and 37

oC. A PCR typing approach was

unable to distinguish FPLV from CPV as four samples were amplified by all set of primers,

including those considered specific for the new types of CPV. Six samples were confirmed

as FPLV strains by sequencing but two samples showed amino acid changes in residues

which have been described in CPV strains. An additional 11 synonymous and six non

synonymous substitutions were also detected in brazilian FPLV strains. Phylogenetic

analysis based on nucleotide sequences showed that Brazilian feline samples form a cluster

distinct from the other FPLV or CPV isolates in other countries. The detection of

anomalous FPLV strains might indicate a direction in which evolution is leading FPLV.

Our findings also reinforce that only sequence analyses give ample information for FPLV

characterization.

KEYWORDS

Brazil; Characterization; Feline Parvovirus, Phylogenetic analysis.

INTRODUCTION

Feline panleukopenia virus (FPLV) and canine parvovirus (CPV) are responsible for a

highly contagious gastro enteric disease mainly in puppies and kittens. FPLV-induced

disease in cats has been known since before 1920’s. CPV, a host-range variant of FPLV,

emerged as a new virus of dogs in the late 1970’s. Soon after the appearance, the original

Page 126: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

127

CPV-2, was subsequently replaced by new variants, termed CPV-2a and CPV-2b. In the

early 2000’s a novel CPV mutant (CPV-2c) emerged in Italy 2,18

.

FPLV and CPV are more than 98% identical in nucleotide and amino acid

sequences18

. There are six amino acid changes between FPLV and CPV in the open read

framing encoding structural proteins (residues 80, 93, 103, 323, 564 and 568) 6, 12

. Another

five or six amino acid changes differ the new variants CPV2a/2b/2c (residues 87, 300,305,

426 and 555) from the original CPV-2 18

.

FPLV and CPV isolates may also differ in the pH and temperature dependence of the

hemagglutination (HA). FPLV-like isolates hemagglutinate only in buffers with pHs below

6.8 while CPV isolates hemagglutinate at all pH value between 6,0 and 8,0. CPV isolates

are also able to HA at 4oC or 37

oC

6, 18, 23.

Although the original CPV had lost the ability to replicate in feline cells, several

reports have demonstrated that these new CPV variants have gained the ability to infect,

replicate and cause disease in domestic cats with clinical signs similar to feline

panleukopenia 1,10, 16, 30

.

Natural infections of domestic and wild felines with CPV like viruses have been

described 10, 13, 16, 26

, but FPLV has remained the more prevalent parvovirus casing disease

in cats 11

.

Despite of widespread vaccination, CPV is responsible for approximately 46% of

the enteritis cases among young dogs in the state of Rio de Janeiro, Brazil 4,8

. Data

regarding parvovirus infection in feline population has not been reported in Brazil yet. The

purpose of this study was to perform the characterization of parvovirus strains from

domestic cats.

Page 127: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

128

MATERIALS AND METHODS

A total of 51 fecal samples from unvaccinated domestic cats up to one year old (46

diarrheic and five asymptomatic) were collected at Rio de Janeiro city during 2004-2005.

The samples were screened for the presence of parvovirus by hemagglutination (HA) test

using borate-buffered saline (BBS) and “virus-adjusting-diluent” pH6.0 as diluents for

antigen and swine erythrocytes respectively. The positive samples were also tested by HA

at different pHs (6.0 and 7,4) with incubation at 4oC and 37

oC

23.

For genome detection, viral DNA was extracted from 10% fecal suspensions in Tris-

Ca2+

using a combination of phenol/chloroform/isoamyl-alcohol (Invitrogen®) and

silica/guanidin thyocianate 7.

A PCR genotyping approach based on four sets of primers was used. Initially, the

primer set VPF/VPR (2285-4530), which amplifies FPLV as also the old and new types of

CPV was used for the first amplification 15

. The amplicon was submitted to a nested-PCR

assay using a differential set of primers in order to distinguish FPLV from the old and new

types of CPV: FMF/FMR (3113-3810), P2 (3025-3706) and P2ab (3025-3706) 16,24

. While

the primer set FMF/FMR was used for identifying FPLV, the primer set P2 was used for

CPV-2 and primer set P2ab was used for both CPV-2a and CPV-2b.

For sequencing analysis, two regions of VP1/VP2 protein gene were amplified using three

different sets of primers: M1 (2949-2960) & M2 (3128-3150), M13 (3629-3658) & M14

(4082-4111)26

and 555F (4003-4022) & 555R (4585-4561)2. The PCR products were then

purified using the QIAQuick® PCR purification kit (QIAGENTM

, Valencia, CA, USA) and

subjected to direct sequencing in both directions by using BigDye terminator® v1.1 Cycle

Sequencing kit (Applied Biosystems, CA, USA)17

.

Page 128: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

129

A partial consensus sequence of VP2, obtained by the assembling of the nucleotide

sequences of different amplicons was aligned and analyzed by BioEdit Sequence

Alignment Editor 7.0.1 ( bioedit.html). For comparison, sequences of FPLV and CPV

strains were selected from GenBank as listed in Table 1.

The unrooted phylogenetic tree was generated from a 1170 bp fragment of the VP2

gene according to Neighbor-Joining method and subjected to 2000 bootstrap samplings.

The nucleotide sequences generated in this study have been deposited in GenBank

under accession numbers: RJF606/04 (DQ507872, DQ658146, GQ415003), RJF616/04

(DQ507873, DQ658147, GQ415004), RJF617 (DQ507874, DQ658148, GQ415008)

RJF618/04 (DQ507875, DQ658148, GQ415005), RJF620/04 (DQ507876, DQ658149,

GQ415006), RJF628/04 (DQ507877, DQ658150, GQ415007).

RESULTS

Six feline fecal samples (from a total of 51) initially screened by HA were

confirmed as positive by HI test. These positive samples were tested by HA at different pHs

and temperatures. The pH dependence of HA was observed in only one sample, BRF618,

which HA titer decreased 32-fold at pH 7.4 than at pH 6.0.

In order to identify and differentiate the parvovirus strains detected in fecal samples, a

PCR genotyping approach was used. All samples examined were amplified with the

primers set FMF/FMR. While two feline samples (RJF617/04 and RJF628/04) were

amplified with the primers set VPF/VPR and P2, other four samples (RJF606/04,

RJF616/04, RJF618/04 and RJF620/04) were also amplified with the primers set P2ab

which are specifically for detection of the new types of CPV.

Page 129: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

130

Sequencing analysys showed that most amino acids residues which allow

differentiation between feline and canine parvovirus were conserved including 80-Val, 93-

Lys, 103-Val, 323-Asp, 564-Asn and 568-Ala. All these samples were characterized as

FPLV. In addition, only one sample (RJF616/94) had an amino acid change on residue 93

(LysAsn) as described in CPV strains (Table 1).

Considering the nucleotide changes observed in the sequence, two non synonymous

substitutions were found in all FPLV isolates: residues 91 (Ala→Ser) and 101 (Ile→Thr).

Other two synonymous substitutions at residues 363 (A→G) and 368 (A→G) were also

observed. An additional 11 synonymous substitutions and seven non synonymous

substitutions were also detected. One sample (RJF620/04) displayed the amino acid change

AspAsn at residue 375, which has been considered typical of CPV strains (Table 1).

The phylogenetic tree based on nucleotide sequence showed that Brazilian feline

samples form a cluster distinct from the other FPLV or CPV isolates (Figure 1).

DISCUSSION

This is the first study on sequence analysis of FPLV strains in Brazil. Since its first

identification in 1920, FPLV has not undergone significant changes in its antigenic and

biological properties 25

. It is known that FPLV strains display a pH and temperature

dependence of the hemagglutination (HA) which allows its distinction from CPV isolates

3,22,23,28. However, in this study we used more recent isolates of FPLV and the pH-

dependence and requirement for low temperature of FPLV HA, as reported by other

authors, were not observed.

These results suggest that differences in HA pattern should not be used as a single

parameter to characterize FPLV strains. Likewise, a PCR typing approach was also unable

Page 130: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

131

to distinguish FPLV from CPV. Four samples showed amplification with all set of primers

including those considered specific for detection of the new types of CPV.

To confirm the genomic identity of these FPLV isolates from cats, we performed the

sequencing of two regions of the VP2 genome involved in controlling canine and feline

host range (residues 93 and 323) as also the pH difference of HA (residues 323 and 375)

12,18,20.

Non-synonymous substitutions detected in residues 91 (Ala →Ser) and 101 (Ile→Thr)

were also reported in FPLV isolates after 2006 from Italy and Argentina 9. This change in

AA 101 is also present in the new CPV variants 5,11,14

. The exact phenotypic consequence

of these mutations is not clear yet, and it may represent a host-adaptation of FPLV strains.

Although CPV infection in puppies is widespread in Brazil 4,21,27

, the sequences

analyzed in this study showed no evidence of CPV infection in kittens. Nevertheless,

changes at residues 93, 101 and 375 could be observed and it is well known that these AA

changes affect parvovirus host range and hemagglutination 19,29,30

.

The phylogenetic analysis using reference strains of both FPLV and CPV showed

that all Brazilian strains form a distinct cluster which may reflect their geographic origin.

This study demonstrate that although FPLV showed a certain degree of genetic

stability1, the detection of anomalous strains with mutations at residues that affect

parvovirus host range might indicate a direction in which evolution is leading FPLV. Our

findings also reinforce that only sequence analyses give ample information for FPLV

characterization. The continued epidemiological surveillance of the distribution of these

parvoviruses is may provide new insights into the mechanisms that drive FPLV evolution

in Brazil.

Page 131: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

132

ACKNOWLEDGMENTS

This study was supported by the “Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico” (CNPq), by the “Universidade Federal Fluminense- Pró-Reitoria

de Pesquisa e Pós-Graduação” (UFF-PROPP), by the “Fundação de Amparo à Pesquisa

Carlos Chagas Filho” (Faperj), and “Instituto Oswaldo Cruz - Fundação Oswaldo Cruz”

(IOC-FIOCRUZ). Suzana C. Miranda and Tatiana X. Castro were fellowship recipients of

“Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior” (CAPES). We also thank

Dr. Marcelo de Lima for the critical revision and helpful discussion of the manuscript.

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Page 135: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

136

Amostra Nt 2981 3032 3057 3065 3087 3679 3705 3782 3787 3827 3836 3837 3875 3878 3890 3909 3968

AA 65 82 91 93 101 298 307 332 334 347 350 351 363 364 368 375 395

FPLV-b

M38246 (USA,

1967)

TCA

Ser

GTA

Val

GCA

Ala

AAA

Lys

ATT

Ile

GAA

Glu

GGA

Gly

AGA

Arg

GCT

Ala

GCG

Ala

CAA

Gln

GGG

Gly

GGA

Gly

GCG

Ala

GAA

Glu

GAT

Asp

ACA

Thr

FPLV

AB000070

(JAP, 1996)

─ ─ ─ ─ ACT

Thr

─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─

FPLV

AY606131

(FRA,2004)

─ ─ ─ ─ ACT

Thr

─ ─ ─ ─ GCA

Ala

─ ─ ─ ─ ─ ─ ─

FPLV

AY742937

(GER, 2005)

─ ─ ─ ─ ACT

Thr

─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ GCA

Ala

─ ─ ─

FPLV

EU018145

(ARG, 2008)

─ ─ TCA

Ser

─ ACT

Thr

─ ─ ─ ─ GCA

Ala

─ ─ ─ ─ ─ ─ ─

FPLV

EU498693

(ITA, 2008)

─ ─ ─ ─ ACT

Thr

─ ─ ─ ─ GCA

Ala

─ ─ ─ ─ ─ ─ ─

RJF606/04 TCC

Ser

─ TCA

Ser

─ ACT

Thr

─ ─ AGC Ser ─ ─ ─ ─ GGG

Gly

GCA

Ala

GAG

Glu

─ ─

RJF616/04 ─ GTG

Val

TCA

Ser

AAC

Asn

ACT

Thr

─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ GGG

Gly

GCA

Ala

GAG

Glu

─ ─

RJF617/04 ─ ─ TCA

Ser

─ ACT

Thr

─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ GGG

Gly

GCA

Ala

GAG

Glu

─ ─

RJF618/04 ─ ─ TCA

Ser

─ ACT

Thr

GCA

Ala

AGA

Arg

─ GAT

Asp

─ ─ CCG

Pro

GGG

Gly

GCA

Ala

GAG

Glu

─ ACC

Thr

RJF620/04 ─ ─ TCA

Ser

─ ACT

Thr

─ ─ AGG

Arg

─ GCT

Ala

CAG

Gln

─ GGG

Gly

GCA

Ala

GAG

Glu

AAT

Asn

RJF628/04 ─ ─ TCA

Ser

─ ACT

Thr

─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ GGG

Gly

─ GAG

Glu

─ ─

Table 1: Synonymus and non- synonymus substitution detected in the partial VP2 sequences of FPLV strains generated in this study and other sequences

obtained from the GenBank database. Accession numbers of reference strains are showed. ( ─ ) indicate identical nucleotide and amino acid.

Page 136: Caracterização molecular dos parvovírus associados aos casos de

1

RJ606

RJ628

RJ616

RJ617

RJ618

RJ620

FPV EU018145 ARG

FPV M38246 USA

FPV AB000064 JAP

FPV AY606131 FRA

FPV EU498693 ITA

FPV AY742937 GER

CPV-2a M24000

CPV-2c EF599098

CPV-2 M38245

CPV-2b DQ340409

96

75

51

45

92

66

63

53

52

99

63

73

0.002

Figure 1: Phylogenetic tree constructed from a 1170 bp fragment of the VP2 gene nucleotide sequence of the

Brazilian FPLV strains generated in this study and other sequences obtained from the GenBank database.

Accession numbers of reference strains are indicated. Principal bootstrap values are shown.