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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOFÍSICA E GEODINÂMICA TESE DE DOUTORADO CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA E SEDIMENTAR DE UMA PLATAFORMA TROPICAL: ÁREA PIRANGI (NORDESTE DO BRASIL) GUILHERME CHEREM SCHWARZ PIERRI Orientadora: Profa Dra. HELENICE VITAL DG / PPGG / UFRN Tese n o 46/PPGG. Natal/RN Outubro, 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOFÍSICA E GEODINÂMICA

TESE DE DOUTORADO

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA E SEDIMENTAR DE UMA PLATAFORMA TROPICAL: ÁREA PIRANGI

(NORDESTE DO BRASIL)

GUILHERME CHEREM SCHWARZ PIERRI

Orientadora:

Profa Dra. HELENICE VITAL DG / PPGG / UFRN

Tese no46/PPGG.

Natal/RN Outubro, 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOFÍSICA E GEODINÂMICA

TESE DE DOUTORADO

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA E SEDIMENTAR DE UMA PLATAFORMA TROPICAL: ÁREA PIRANGI (NORDESTE DO BRASIL)

GUILHERME CHEREM SCHWARZ PIERRI

Tese de Doutorado apresentada em 09 de

Outubro de 2015, ao Programa de Pós-

Graduação em Geodinâmica e Geofísica

(PPGG) da UFRN, para obtenção do título

de Doutor em Geodinâmica e Geofísica com

área de concentração em Geodinâmica.

Comissão Examinadora:

Profa. Dra. HELENICE VITAL (DG/PPGG/UFRN - Orientadora)

Profa. Dra. TEREZA CRISTINA MEDEIROS DE ARAUJO (DOCEAN/UFPE)

Profa. Dra. TATIANA SILVA LEITE (DOL/UFRN)

Prof. Dr. LEÃO XAVIER DA COSTA NETO (IFRN/CNAT/DIAREN)

Prof. Dr. MOAB PRAXEDES GOMES (DG/PPGG/UFRN)

Prof. Dr. VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO (DGCT/UFPE)

Natal/RN Outubro, 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA

TESE DE DOUTORADO Tese de doutorado desenvolvida na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, tendo sido subsidiada pelos seguintes agentes financiadores:

Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), Financiadora de estudos e Projetos – FINEP e PETROBRAS, por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP para o Setor de Petróleo e Gás (PRH – ANP/MCTI);

Programa de Formação em Geologia, Geofísica e Informática para o Setor Petróleo e Gás na UFRN (PRH22);

Programa Estratégico em Ciências do Mar 207-2010. Rede Recifes (UFRN – UFPE – UFBA) Mapeamento e Caracterização de Recifes da Plataforma Continental Jurídica Brasileira (CAPES).

Projeto Plataforma N-NE – Caracterização Fisiográfica da Plataforma Continental (Rede O5 – FINEP/CNPq/CTPETRO);

Auxílio de pesquisa CNPq – Caracterização Geológica e Geofísica de áreas submersas rasas do Estado do Rio Grande do Norte (Processo nº303481/2009.9).

INCT AmbTropic – Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia “Ambientes Marinhos Tropicais” (Heterogeneidade Espaço-Temporal e Respostas a Mudanças Climáticas (CNPq – FAPESB – CAPES);

Avaliação do estado de conservação das áreas recifais de Pirangi/RN - ecologia, manejo e restauração (Fundação Boticário de Proteção a Natureza)

Projeto Ponta de Pirangi – Realização ONG Oceânica (Petrobras – Programa Petrobras Ambiental);

Projeto Heterogeneidade Espaço–Temporal da Linha de Costa e do Substrato Plataformal Adjacente a Ponta Negra, Natal, RN - SOS Ponta Negra (CNPq, Processo 486451/2012-7, Chamada Universal 14/2012)

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Agradecimentos _______________________________________________________________

Quero prestar agradecimentos ao Programa de Pós Graduação em

Geodinâmica e Geofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela

oportunidade de desenvolver este trabalho, em nome dos coordenadores

Professores Zorano Sérgio de Souza, Helenice Vital e da secretária Nilda Araújo

Lima pelo carinho sempre presente.

Ao programa de recursos humanos PRH22 da Agência Nacional do

Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) e à Coordenação de Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão de bolsas de doutorado e

doutorado sanduíche no exterior (PDSE).

À orientadora Dra. Helenice Vital pela orientação, apoio e contribuição em

todas as etapas de desenvolvimento do trabalho, além da oportunidade de integrar a

equipe do laboratório Ggemma, com a participação em projetos, atividades de

campo no mar e colaboração com os demais alunos da graduação e pós-graduação.

À orientadora no exterior, Dra. Luciana Esteves, pelo apoio durante o

desenvolvimento das atividades na Bournemouth University/UK e também

posteriormente a este período. Agradeço também a oportunidade de participar em

projetos desta universidade auxiliando os alunos de graduação e pós em atividades

de campo e laboratório.

Meus agradecimentos aos colegas de laboratório do Ggemma (Grupo de

Pesquisa em Geologia, Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental), pela

importante contribuição no dia-a-dia, nas atividades de preparação para campo,

durante as atividades de campo, no processamento, análise e discussões. Agradeço

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a todos e em especial aos técnicos Canindé, Juninho e Júnior e aos colegas

Camilinha, João Paulo, André, Moab, Elaine, Narelle, Myrli, Henrique, Tiago,

Francisco, Isabelles, Polegar, Vanessa, Andressa, Éverton... meu muito obrigado à

todos!

Aos membros da banca, professores Tereza Cristina Medeiros de Araujo,

Tatiana Silva Leite, Leão Xavier da Costa Neto, Moab Praxedes Gomes e Valdir do

Amaral Vaz Manso pela valorosa contribuição para as melhorias do trabalho na

versão final, muito obrigado!

Agradeço à Organização Não-Governamental Oceânica e às equipes do

projeto Ponta de Pirangi em suas fases 1 e 2 pelo apoio, motivação, amizade e a

troca de ideias durante todo este período! Em nome de Liana, Maurão, Guido, Taty,

Cira, CyCy, Baxinha, Carol, Jéssica, Alina, Aninha, Tiego, Lígia, os queridos

companheiros Bonilha, Marlova, Fred, Mr. David e a todos aqueles que se dedicam

ao voluntariado e às gerações futuras! Lembrando que a principal motivação para o

desenvolvimento deste trabalho é a nossa luta pela conservação marinha!

Ao grupo do LABECE (Laboratório de bentos e cefalópodes) CB – UFRN em

nome da Professora Tatiana Leite e dos colegas Alina Barboza e Guido Grimaldi

pela ajuda nas discussões e desenvolvimento.

Ao carinho, acolhida e amizade da família Kleiton, Cecília, Pedrinho e

Joãozinho, como é bom ter vocês por perto! Às revisoras Siomara e Mari, pela

paciência e o carinho! E à minha querida família pelo apoio incondicional de sempre,

a presença no coração em todos os momentos e a manutenção da saudade em

níveis toleráveis, mesmo com a distância física que nos separou nestes anos!

Gratidão!

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Sumário

Lista de Tabelas i

Lista de Figuras ii

Lista de Abreviações iv

Resumo v

Abstract vi

1. Introdução 1

1.1. Apresentação do trabalho 1

1.2. Objetivo Geral 3

1.3. Objetivos Específicos 3

1.4. Hipóteses científicas 4

1.5. Delimitação do estudo 5

1.6. Organização da Tese 6

2. Contextualização 7

2.1. Contextualização geológica e geomorfológica da Plataforma Continental Leste do Rio Grande do Norte

7

2.2. Aspectos da heterogeneidade da Plataforma Continental Leste do Rio Grande do Norte

8

2.3. Considerações sobre o clima e a dinâmica plataformal 12

2.4. Integração de informações abióticas e bióticas em estudos de Geo-Habitat

13

2.5. Informações bióticas pretéritas disponíveis para Pirangi 20

3. Materiais e métodos 23

3.1. Organização da estratégia de amostragem 23

3.2. Amostras sedimentares (coleta e análise) 26

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3.3. Aquisição e processamento dos dados hidroacústicos 28

3.4. Integração dados abióticos e bióticos para o mapeamento de habitat 33

4. Geomorfologia da plataforma continental adjacente a Pirangi 36

4.1. Batimetria local – Sonar Monofeixe 36

4.2. Batimetria em detalhe – sonar multifeixe 42

4.3. Geomorfologia da Plataforma 45

5. Heterogeneidade do substrato plataformal adjacente a Pirangi 50

5.1. Análise sedimentar – tipo de substrato, composição e textura 50

5.2. Análise textural em detalhe – Sonar de varredura lateral 55

5.3. Heterogeneidade da Plataforma 59

6. Geomorfologia, substrato e habitat associados 65

6.1. Habitat associados aos fundos consolidados de Pirangi 79

7. Conclusões 85

8. Recomendações 91

Referências Bibliográficas 92

Anexo 1 115

Anexo 2 139

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i

Lista de Tabelas

Tabela Legenda Pág

1 Fácies mapeadas para a área de estudo de acordo com classificação proposta por Vital et al., (2005), adaptada de Freire et al., (1997).

28

2 Dados das amostras sedimentares coletadas para composição dos mapas de teores de carbonato e matéria orgânica e mapa faciológico.

52

3

Integração das informações dos trabalhos de Azevedo (2011), Barboza (2014), Grimaldi (2014) e Souza (2015) para a região de Pirangi, contendo os atributos avaliados para as superfícies recifais praiais, intermarés/rasas e fundas.

68

4

Integração das informações dos trabalhos de Azevedo (2011), Barboza (2014), Grimaldi (2014), Souza (2015) com as informações abióticas descritas nos capítulos 4 e 5 para as superfícies consolidadas da região de Pirangi. Prof(m) – Profundidade em metros; Dist(km) – Distância da costa em Km; Rug – Índice de rugosidade; Caf – Cobertura por algas folhosas e filamentosas (em %); Cac – Cobertura por algas calcárias (em %); Esp – Macrofauna de esponjas (indivíduos/40m²); Cob. Bêntica dominante – Cobertura bêntica dominante; Parâmros da Ictiofauna: (Rsp) – Riqueza de espécies (nº de espécies), (AT) – Abundância total de peixes, (BT) – Biomassa total em Kg.

71

5 Habitat de substratos consolidados da plataforma (interna e externa).

74

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ii

Lista de Figuras

Figura Legenda Pág

1.1 Mapa de localização da área de estudo contendo os vértices que a delimitam.

5

3.1 Esquema de aquisição de informações para análise de características abióticas e bióticas da plataforma (Modif. de Harris & Baker, 2012).

24

3.2

Mapa de localização das informações abióticas coletadas na área de estudo, mostrando as linhas de aquisição de sonar monofeixe, pontos de coletas sedimentares e áreas de aquisição de dados dos sonares multifeixe e de varredura lateral.

26

3.3 (A) Draga do tipo Van Veen com capacidade de 5kg utilizada na coleta de amostras. (B) Classificação e análise visual das amostras coletadas.

27

3.4

(A) Embarcação do tipo Troller utilizada na aquisição de dados; (B) Operação de lançamento de sensor de velocidade do som na coluna d’água para calibragem da aquisição; (C) Sonar de varredura lateral utilizado; (D) Estação de trabalho para aquisição de dados de sonar de varredura lateral; (E) Instalação equipamento multifeixe na lateral da embarcação, com apoio de mergulhador; (F) Controle durante a aquisição de dados de multifeixe através de interfaces do software Hypack e tela de acompanhamento de distribuição dos feixes.

32

3.5 Esquema geral para a produção de mapas de habitat bentônicos proposto por Brown et al., (2011) adaptado de MESH (2008).

35

4.1

Mapa de isóbatas gerado a partir dos dados do ecobatímetro monofeixe e respectivos perfis topográficos perpendiculares à costa, de A (Sul) à K (Norte), com eixos verticais em metros e horizontais em quilômetros. Observa-se no mapa em planta, tracejado em verde, os lineamentos recifais e em azul, o paleo-canal. As principais feições encontradas estão destacadas nos perfis topográficos.

39

4.2

Modelo digital do terreno (MDT) regional, obtido a partir dos dados de batimetria monofeixe. Observa-se no MDT as principais feições e a morfologia da área de estudo, além da distribuição dos principais lineamentos recifais, tracejados em branco.

41

4.3

Mapas de declividade evidenciando a distribuição de áreas planas e inclinadas, com destaque para os degraus ou batentes inclinados da plataforma externa (gradientes 1:50 à 1:15), as duas vertentes principais E-W do paleo-canal e a elevada inclinação próxima à costa (gradiente 1:20).

41

4.4

Modelos digitais de elevação para os dados de batimetria multifeixe, evidenciando em detalhe as quatro áreas levantadas: A – Barreirinhas, Mestre Vicente; B – Pedra do Velho; C – Pedra do Lima e sem nome; D – Pedras do Felipe, Fogo e Antonio Novo.

41

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iii

5.1 Mapa de porcentagem de conteúdo de CaCO3 nas amostras, contendo locais de coleta das amostras sedimentares, principais pontos de pesca, áreas recifais, além das isóbatas na área de estudo.

53

5.2 Mapa de porcentagem de conteúdo de matéria orgânica nas amostras, contendo os locais de coleta das amostras sedimentares, principais pontos de pesca e áreas recifais, além das isóbatas na área de estudo.

53

5.3 Mapa faciológico contendo os locais de coleta das amostras sedimentares, principais pontos de pesca e áreas recifais, além das isóbatas na área de estudo.

54

5.4

Área (1) mapeada através do método sonar de varredura lateral após processamento com a leitura dos diferentes padrões observados. As áreas recifais encontram-se em vermelho e as pequenas dunas submersas em amarelo no mapa de leitura dos padrões. Superfícies recifais de Barreirinhas tracejadas em vermelho e feições dunares em amarelo no detalhe.

58

5.5

Área (2) mapeada através do método sonar de varredura lateral após processamento e posterior leitura dos diferentes padrões observados. As áreas recifais encontram-se em vermelho no mapa de leitura dos padrões. Superfícies recifais de Pedra Fogo tracejadas em vermelho.

58

6.1

Distribuição das superfícies recifais e sua relação com profundidade e distância da costa (A); distância da costa e tipo de cobertura bentônica – algas folhosas e filamentosas (B); algas calcárias (C); esponjas (D). Os gráficos mostram as linhas de tendência para cada parâmetro e as linhas tracejadas, delimitando os alinhamentos 1, 2, 3 e 4 encontrados na área.

70

6.2

Dendograma de análise de agrupamento (seguindo método de Ward, 1963) para as superfícies recifais analisadas. Integrando profundidade, distância da costa e cobertura por esponjas, além de algas calcárias, filamentosas e folhosas. Os recifes referentes aos quatro alinhamentos estão diferenciados por cores conforme legenda.

72

6.3

Dendograma de análise de agrupamento (seguindo método de Ward, 1963) para as superfícies recifais analisadas. Integrando apenas os parâmetros bióticos (cobertura por esponjas, algas calcárias, filamentosas e folhosas). Os recifes referentes aos quatro alinhamentos estão diferenciados por cores conforme legenda.

73

6.4

Mapa de habitat para a área de estudo. (A) Habitat da plataforma rasa; (B) Habitat da plataforma externa – recifes fundos dominados por algas; (C) Habitat da plataforma externa – recifes fundos dominados por algas e esponjas.

77

6.5

Habitat de fundo consolidado na região de Pirangi. (A) recifes praiais (arenitos de praia – beachrocks); (B) recifes praiais (arenitos ferruginosos) e intermarés; (C) recifes intermarés (parrachos de Pirangi); (D) recifes rasos; (E) recifes rasos (sedimentos mistos); (F) recifes fundos dominados por algas (Barreirinhas); (G) recifes fundos dominados por algas (Mestre Vicente); (H) recifes fundos dominados por algas e esponjas. Imagens cedidas pelo Projeto Ponta de Pirangi.

78

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iv

Lista de Abreviações – Legendas dos mapas

AP: Área da pesquisa

Am: Amostras sedimentares

Fo: Pequenas dunas submersas ou feições sedimentares onduladas

Rf: Recifes submersos fundos

Rrv: Recifes submersos rasos

Rrp: Possíveis áreas com ocorrência de recifes rasos

Ri: Recifes intermarés

Rp: Recifes praiais

HabRFa: Habitat dos recifes fundos dominados por algas

HabRFae: Habitat dos recifes fundos dominados por algas e esponjas

Fm: Possíveis Áreas com ocorrência de fanerógamas marinhas

Pi: Plataforma interna

Pi-e: Interface entre plataforma interna e externa

Pe: Plataforma externa

Bat: Isolinhas batimétricas

Ppm: Pontos de interesse para pesca e mergulho

Lr: Lineamentos recifais

Pc: Paleo-canal

Abreviações para fácies sedimentares:

LL1x: Lama de origem mista silici-bioclástica

AS1b: Areia siliciclástica

AS2b: Areia silici-bioclástica

AB1b: Areia bioclástica

AB2a: Areia bioclástica com grânulos

CB2: Cascalho bioclástico

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v

Resumo

O avanço das técnicas de investigação submarina vem motivando uma série de

pesquisas para o reconhecimento detalhado das características de Plataformas

Continentais em todo o mundo. A Plataforma Continental tropical brasileira,

especificamente, carece de informações neste nível, apesar de sua relevância,

tanto para exploração de recursos naturais, quanto para conservação marinha.

Esta tese, desenvolvida na área Leste da Plataforma do Rio Grande do Norte,

utiliza dados inéditos adquiridos a partir de métodos hidroacústicos (sondas

mono, multifeixe e de varredura lateral) e amostras sedimentares,

apresentando uma análise detalhada da paisagem submarina e das

características da cobertura sedimentar. Integram às informações abióticas,

padrões de distribuição biótica, que possibilitaram a caracterização de habitat

para fundos consolidados na área de Pirangi. Este setor da plataforma,

considerado raso e estreito, possui uma divisão nítida entre os sedimentos

superficiais, que recobrem as zonas interna (terrígenos) e externa (biogênicos).

Evidenciando as variações de nível do mar, antigas posições de linha de costa

estão preservadas em quatro alinhamentos recifais, além de um paleo-canal

formado em período de mar baixo, conservado ainda hoje pelo pequeno aporte

sedimentar. A plataforma faminta por sedimentos apresenta ainda feições

onduladas, pequenas dunas submersas compostas por cascalhos bioclásticos.

A avaliação conjunta de parâmetros abióticos e do padrão de distribuição da

cobertura bêntica, baseada em grupos foco, permitiu a individualização de

habitat para as superfícies recifais, demonstrando uma sucessão de habitat

desde os recifes praiais até os recifes fundos. Esta análise pode ser replicada

para outras áreas de Plataforma Continental e contribuir para o delineamento

de planos de gestão, para o necessário manejo sustentável de recursos

naturais, bem como para a delimitação de propostas de conservação marinha.

Palavras-Chave: Plataforma Continental; geomorfologia submarina;

paleolinhas de costa; cobertura sedimentar; habitat de substratos consolidados

da plataforma tropical.

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vi

Abstract

The advance on marine underwater research techniques has motivated many

efforts aiming to detail and recognize the Continental Shelf features worldwide.

The Brazilian tropical Continental Shelf specifically lacks information at this

level, despite its importance, both for natural resources exploitation, as for

marine conservation. This thesis, developed in the eastern Rio Grande do Norte

Continental Shelf (Northeastern Brazil), uses new data acquired from

hydroacoustic methods (singlebeam, multibeam and side scan sonars) and

sedimentary samples, presenting a detailed analysis of the underwater

landscape and sedimentary coverage. Combine biotic distribution patterns with

abiotic information, enabling habitat classification for hard sea-bottoms at

Pirangi area. This narrow and shallow shelf sector has a sharp division between

the surface sediments that covers the inner (terrigenous) and external

(biogenic) zones. Pointing out the sea level variations, ancient shorelines are

preserved in four reef alignments (beachrocks), plus a palaeochannel formed

during low sea-level periods, still conserved by the small sand supply. The

sediment-starved shelf also presents wavy features, small submerged dunes

composed by bioclastic gravel. The assembled evaluation of abiotic parameters

and distribution pattern of benthic coverage, based on specific groups, allowed

the individualization of habitats for reef surfaces, showing a habitat succession

from coastal to offshore reefs. This analysis can be replicated to other

Continental Shelf areas and contribute for management plans, for the

necessary natural resources sustainable management, as well to the

delimitation of marine conservation proposals.

Keywords: Continental Shelf; marine geomorphology; palaeo-shorelines;

sediment coverage; hard-bottom tropical shelf habitats.

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1

Capítulo 1 – Introdução _________________________________________________________________

1.1. Apresentação do trabalho

A crescente necessidade de compreender em detalhe as características

das plataformas continentais e avaliar o aumento do impacto das ações humanas

sobre estas áreas tem motivado esforços em todo o mundo, incentivando a

pesquisa marinha. Com vistas a suprir lacunas científicas, conhecer os recursos

disponíveis, desenvolver estratégias de manejo e gestão, além de garantir a

soberania nacional sobre estas áreas, o governo brasileiro vem lançando

sucessivos editais para fomentar as Ciências do Mar.

Neste sentido, esta tese, intitulada “Caracterização Geomorfológica e

Sedimentar de uma plataforma tropical: Área de Pirangi (Nordeste do Brasil)”,

desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e

Geofísica da UFRN, objetiva contribuir com algumas iniciativas nacionais e

internacionais, adicionando informações e análises inéditas para este trecho da

plataforma brasileira.

A tese encontra-se inserida nos objetivos gerais da Rede Recifes (UFRN,

UFBA e UFPE, CAPES Ciencias do Mar I), cujo interesse é a caracterização de

corpos recifais – possíveis indicadores de variações de nível do mar – distribuídos

na plataforma continental jurídica brasileira; e do Instituto Nacional de Ciência e

Tecnologia INCT AmbTROPIC - Ambientes marinhos tropicais, contribuindo na

avaliação da heterogeneidade dos substratos plataformais e compreensão

integrada de sua geodiversidade, biodiversidade e história evolutiva na região

nordeste do Brasil; que envolve mais de 20 instituições de ensino e pesquisa.

Este estudo segue também às diretrizes do grupo de estudos em geologia e

biologia marinha para mapeamento de habitat (GeoHab), que envolve uma série

de instituições ao redor do globo, em um fórum multidisciplinar, para o intercâmbio

de conhecimentos e ideias que apoiam o mapeamento de habitat e a gestão

sustentável dos Oceanos.

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2

Os resultados obtidos e a análise realizada nesta tese podem ser

utilizados como base para manejo de recursos e gestão de atividades em áreas

de plataforma, além de propostas para conservação marinha, auxiliando inclusive

no delineamento de unidades de conservação. Além disso, espera-se colaborar

para o desenvolvimento sustentável de atividades de extração mineral, alocação

de estruturas e demais usos para a indústria, dragagens e suporte a obras

costeiras, alimentação artificial de praias, navegação, além de proporcionar

informações para atividades relacionadas ao turismo sub-aquático e de

observação.

O relatório sobre áreas prioritárias para conservação do Ministério do

Meio Ambiente - MMA (2010) aponta para a necessidade de conservação dos

ambientes recifais da plataforma Nordeste, inserindo a região dos recifes de

Pirangi, como área prioritária para conservação no Brasil. O Projeto Ponta de

Pirangi, desenvolvido pela Organização Não-Governamental Oceânica, através

do Programa Petrobras Ambiental, também distingue esta área como de grande

relevância para a conservação, incluindo em sua análise a proposta de uma

unidade de conservação marinha para Pirangi, contudo aponta carência de

informações para composição desta proposta. Corroborando esta necessidade de

informações, Harris & Baker (2012) incluem o Atlântico Sul, especialmente as

áreas tropicais, como regiões desprovidas de informações que integrem dados

abióticos e bióticos para o reconhecimento de possíveis habitat.

O reconhecimento de padrões ambientais e dos respectivos habitat, são

de grande relevância para o manejo e estratégias de conservação. Diversos

autores (e.g. Roberts et al., 2002; Gray, 2004; Garcia, 2006; Wahl, 2009; Harris &

Baker, 2012) reiteram a relevância de áreas consolidadas ou substratos rígidos

(recifes), em plataformas continentais tropicais, como áreas de grande

importância para o equilíbrio ambiental.

Recentemente, uma série de estudos vem sendo realizados na porção

norte ou setentrional da plataforma continental potiguar como, por exemplo, a

caracterização da plataforma, através de imagens de satélite (e.g. Vianna et al.,

1991; Testa & Bosence, 1998; Tabosa et al., 2007; Gomes & Vital, 2010);

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3

caracterização dos sedimentos superficiais (e.g. Testa & Bosence, 1998; Vital et

al. 2002a; Vital et al., 2005); investigação de beachrocks ou recifes submersos e

sua relação com antigos níveis do mar (e.g. Caldas et al. 2006; Santos et. al.,

2007; Cabral Neto et al. 2010 e 2013); morfologia da plataforma (e.g. Gomes &

Vital 2010; Gomes et al. 2015); processos da plataforma (e.g. Testa & Bosence,

1999; Lima & Vital, 2006; Tabosa, 2006) e estratigrafia com sísmica de alta

resolução (e.g. Schwarzer et al., 2006; Vital et al., 2008).

Enquanto a plataforma setentrional potiguar, conforme mencionado,

abarca uma grande gama de esforços de pesquisa, motivados principalmente

pelas atividades da indústria do petróleo e gás natural na bacia potiguar, a

plataforma leste foi pouco estudada e suas características ainda são

reconhecidas apenas em caráter regional. Portanto, há pouca informação

disponível na literatura sobre este importante trecho da plataforma leste do Rio

Grande do Norte, precisamente no que diz respeito à sua geomorfologia, suas

principais feições e distribuição, sua sedimentologia (em escala de detalhe) e a

integração destas informações abióticas com informações bióticas.

1.2. Objetivo Geral

Investigar os padrões da geomorfologia, heterogeneidade do substrato e

a relação entre as principais características abióticas e bióticas da plataforma

continental Leste do Rio Grande do Norte, especificamente na área de Pirangi,

integrando-as ao mapeamento de habitat de fundos consolidados.

1.3. Objetivos Específicos

Identificar as principais feições do fundo marinho e sua distribuição

espacial na plataforma, através de métodos hidroacústicos e avaliação

morfométrica e textural;

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Compreender o padrão de distribuição dos sedimentos superficiais na

plataforma, através de análises do tipo, composição, faciologia e matéria orgânica

nos sedimentos;

Analisar as informações abióticas, integrando-as a informações bióticas

prévias para, com base nas características físicas e biológicas, individualizar

habitat de fundos consolidados, formatando o mapa de habitat para este trecho da

plataforma.

1.4. Hipóteses científicas

Atendendo aos objetivos da tese, são observadas as seguintes hipóteses

científicas:

A geomorfologia da plataforma leste do Rio Grande do Norte possui

características que a assemelham às plataformas da Paraíba e Pernambuco,

distintas das porções nordeste e setentrional da plataforma potiguar.

A distribuição da cobertura sedimentar superficial, neste trecho da

plataforma, demonstra predomínio de cobertura recente carbonática sobre

depósitos continentais relíquias, podendo este trecho ser considerado uma

plataforma faminta (em decorrência de déficit de sedimentação terrígena atual).

As áreas recifais distribuídas ao longo da plataforma continental leste

potiguar podem ser relacionadas a lineamentos areníticos encontrados a sul e

norte desta área, conformando assim alinhamentos contíguos, que se referem a

antigas linhas de costa.

A distribuição de habitat de fundos consolidados nesta porção da

plataforma está relacionada a características abióticas como profundidade,

distância da costa e heterogeneidade do substrato.

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1.5. Delimitação do estudo

A área de estudo está localizada na região oriental (Leste) do Estado do Rio

Grande do Norte, com limites no continente entre os municípios de Natal e Nísia

Floresta e externo, em área próxima a quebra da plataforma continental (Figura

1.1). A área está delimitada pelos seguintes vértices: 1 - 5,88ºS e 35,15ºW; 2 -

5,88ºS e 34,99ºW; 3 - 6,01ºS e 34,97ºW; 4 - 6,01ºS e 35,10ºW, em coordenadas

geográficas e datum de referência WGS84.

Figura 1.1. Mapa de localização da área de estudo contendo os vértices que a delimitam.

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1.6. Organização da Tese

A tese está dividida em seis capítulos, além dos dois anexos contendo os

artigos gerados. O capítulo 1 apresenta o tema, a motivação, relevância,

justificativa, além dos objetivos, hipóteses científicas e a delimitação do estudo.

O capítulo 2 apresenta a contextualização do trabalho quanto às

características gerais da geologia, geomorfologia, heterogeneidade da plataforma

leste potiguar, considerações sobre o clima e a dinâmica da plataforma. Além

disso, uma revisão sobre a integração de informações abióticas e bióticas em

estudos de geo-habitat e os dados bióticos disponíveis na literatura para a região.

No capítulo 3 está descrita a metodologia utilizada, abordando em detalhe

as etapas de planejamento, aquisição de dados, processamento, análise e

integração.

A partir do capítulo 4 são expostos os resultados obtidos para

geomorfologia da plataforma continental adjacente à Pirangi (capítulo 4); a

heterogeneidade do substrato plataformal adjacente à Pirangi (capítulo 5); e a

integração das informações abióticas (geomorfologia e substratos) aos padrões

de biodiversidade em fundos consolidados (capítulo 6). Nestes capítulos é

realizada a discussão dos resultados, comparando a plataforma leste potiguar a

outras plataformas tropicais de margem passiva do Brasil e do Mundo.

O capítulo 7 apresenta as conclusões, ressaltando a contribuição e

ineditismo da tese na abordagem deste tema e o capítulo 8, as recomendações

para trabalhos futuros.

O material anexo conta com os dois artigos gerados a partir da tese. O

primeiro abordando o detalhamento das características abióticas, intitulado

“Morfologia e Heterogeneidade da Plataforma Tropical Brasileira – Estudo de

caso: Área Pirangi, Setor Leste do Rio Grande do Norte”, submetido para a

Revista Brasileira de Geofísica. O segundo aborda a integração de informações

abióticas e bióticas intitulado “Geodiversidade e os recursos naturais da

plataforma continental brasileira, setor leste do Rio Grande do Norte, com ênfase

nos substratos consolidados”, submetido para a Revista da Gestão Costeira

Integrada.

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Capítulo 2 – Contextualização _________________________________________________________________

2.1. Contextualização geológica e geomorfológica da Plataforma

Continental Leste do Rio Grande do Norte

Um dos primeiros usos para o termo Plataforma Continental surgiu

durante a famosa expedição Challenger, ocorrida entre os anos 1873 e 1876, na

qual Murray & Renard (1891) relataram que na profundidade de 100 braças

(correspondente a 200 metros), havia uma separação entre os depósitos de

águas rasas e os de águas profundas, delimitando assim o limite externo das

áreas continentais. O termo foi propriamente estabelecido somente na década de

1950, quando Wiseman & Ovey (1952) definiram as plataformas continentais

como a porção submersa dos continentes, a qual se estende desde a linha de

marés baixas, até o local onde ocorre um grande aumento de declividade, onde

iniciam as áreas profundas dos oceanos.

A morfologia das plataformas continentais é o resultado de uma complexa

relação entre processos de curto e longo termo, tais como: condições

hidrodinâmicas, transporte sedimentar, variações no nível relativo do mar, fluxos

de entrada e saída de sedimentos, atividades biológicas e características

geológicas (Pratson et al. 2007; Shattner et al. 2010).

As plataformas apresentam uma série de feições submersas, de diversas

origens, formadas no período atual, remanescentes de períodos de regressão

marinha (períodos no qual estiveram expostas, sem cobertura das águas) ou

transgressão marinha (subida relativa de nível do mar) (Posamentier et al. 1988;

Ashley, 1991; Karner & Driscoll, 1999). As feições da plataforma apresentam-se

em alguns casos recobertas por sedimentação recente, em outros parcialmente

ou expostas, sem cobertura sedimentar.

Estes locais também abrigam uma vasta quantidade de recursos naturais

de importância inclusive econômica, os quais podem se encontrar em risco devido

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às rápidas mudanças naturais e ao impacto negativo de atividades humanas. O

estudo das características da plataforma é, portanto, essencial para aprimorar

nossa capacidade de compreender os diversos processos naturais envolvidos e

prever cenários futuros com a maior exatidão possível, tanto no sentido do uso

como da conservação (Harris & Whiteway, 2009; Barrie et. al., 2013; Chiocci &

Chivas, 2014).

Especificamente, a plataforma leste do Rio Grande do Norte está inserida

na província morfológica nordeste da Margem Equatorial Brasileira, sendo sua

largura e profundidade basicamente relacionadas ao comportamento tectônico e

às condições deposicionais desta margem passiva (Martins & Coutinho, 1981).

É localizada em uma área de tectônica relativamente estável,

geologicamente inserida na bacia Pernambuco-Paraiba, entre as sub-bacias de

Natal e Canguaretama (Matos, 1999). A origem desta bacia – e de outras da

margem leste brasileira – é relacionada à abertura do Oceano Atlântico Sul e

considerada um dos últimos resquícios da ligação entre os continentes Americano

e Africano (Karner & Driscoll, 1999; Matos, 1999).

Como consequência da estabilidade e baixa taxa de deposição, a

transição para o talude continental na região da área de estudo, ocorre de

maneira abrupta, com acentuada declividade. Também por ser uma plataforma

relativamente estreita, a circulação oceânica eventualmente pode atingir a costa

(Martins & Coutinho, 1981).

2.2. Aspectos da heterogeneidade da Plataforma Continental Leste do

Rio Grande do Norte

Pesquisas a respeito da heterogeneidade da plataforma brasileira tiveram

início no século passado, com trabalhos de caracterização, utilizando

prioritariamente amostragens sedimentares (Branner, 1904; Kempf et al., 1967;

Mabesoone, 1971; Coutinho & Kempf, 1972; Milliman, 1975; Milliman &

Summerhayes, 1975; França et al., 1976).

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As características da geologia costeira e plataformal potiguar foram

primeiramente descritas por Darwin (1841) e Branner (1904), os quais reportaram

a ocorrência das linhas de arenitos sobre ou próximas às praias, como superfícies

rochosas basicamente horizontais, de matriz arenosa, análogas a depósitos

praiais. A paisagem costeira, limítrofe à plataforma potiguar, é composta pelas

dunas arenosas, recobrindo vastas áreas litorâneas e as escarpas em alto ângulo

das falésias, posteriormente descritas como material do período Mioceno,

reconhecido como Formação Barreiras (Bigarella & Andrade, 1964; Ab'Saber,

1969; Suguio et al., 1986).

A pesquisa geológica avançou nas décadas de 1960 e 1970 (Kempf, et

al., 1967; Mabesoone & Coutinho, 1970; Coutinho & Kempf, 1972), demonstrado

que os lineamentos de arenitos de praia (beachrocks) se estendiam desde a

costa, ao longo da plataforma, até as proximidades com a quebra da plataforma.

Neste mesmo período foi reconhecida a origem biogênica – carbonática,

dominante nos sedimentos superficiais da plataforma (Coutinho & Kempf, 1972).

Os lineamentos supracitados são distribuídos pela plataforma da região

nordeste do Brasil, em posições correlatas, representando antigas linhas de costa

formadas durante períodos de diferentes níveis médios do mar (Mabesoone,

1964; Kempf et al., 1967; Mabesoone & Coutinho, 1970; Coutinho & Kempf, 1972;

Dominguez et al., 1990; Vianna et. al., 1991, Testa, 1997; Testa & Bosense 1999;

Barreto et al., 2001; Amaral, 2002; Caldas, 2002; Vital et. al., 2002; Ferreira

Junior, 2005; Caldas et al., 2006; Stattegger et al., 2006; Vital et al. 2007, 2008 e

2010 Gomes & Vital, 2010; Cabral Neto et. al., 2010 e 2013).

A plataforma aberta, estreita e rasa do setor nordeste brasileiro, que

envolve o Rio Grande do Norte, recebe relativamente pouca quantidade de

sedimentos continentais, devido à dinâmica climática atual (árido

comparativamente a períodos anteriores), sendo basicamente recoberta por

sedimentos carbonáticos recentes e sedimentos terrígenos relíquias, os quais são

restritos à faixa interna ou compõem depósitos relíquias distribuídos na plataforma

(Milliman, 1975; Milliman & Summerhayes, 1975; Martins & Coutinho, 1981; Vital

et al., 2010, Vital, 2014). Em termos gerais, os sedimentos da plataforma variam

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sua composição em lamas e areias terrígenas (ao longo da costa), para cascalhos

bioclásticos em direção às áreas média e externa da plataforma (Kempf et al.,

1967; Mabesoone & Coutinho, 1970; Coutinho & Kempf, 1972; Milliman &

Summerhayes, 1975; França, 1979; Martins & Coutinho, 1981).

Em décadas recentes, pesquisas comprovaram a característica

carbonática dos sedimentos superficiais nas áreas intermediárias e externas da

plataforma, assim como apresentaram as variações de nível do mar ao longo do

período Quaternário, baseadas nos lineamentos de arenitos de praia. Ademais,

estes trabalhos verificaram, através de datação e análise microscópica,

características e idades da matriz dos arenitos de praia, viabilizando desta forma

o estabelecimento das posições de antigas linhas de costa (Barreto et al., 2001;

Vital et al., 2005, 2008 e 2010; Stattegger et al., 2006; Gomes & Vital, 2010;

Cabral Neto et al., 2013).

Amostragens sedimentares, sensoriamento remoto e levantamentos

geofísicos realizados na década de 1990 apontam evidências de que o fluxo e o

transporte sedimentar, de maneira geral, ocorrem de sul para norte ao longo da

plataforma e que a plataforma interna é recoberta por sedimentos de origem mista

(terrígenos e biogênicos), enquanto que, em profundidades mais acentuadas, os

sedimentos carbonáticos dominam (França et al., 1976; Vianna et al., 1991,

Testa, 1997; Testa & Bosence, 1998 e 1999; Vital et al., 2010).

Seguindo a classificação de Johnson & Baldwin's (1996) para

plataformas, em termos de regimes de energia hidrodinâmica, a área da

plataforma leste potiguar é classificada como plataforma mista, dominada por

correntes oceânicas. A depender do período do ano e das observações em

diferentes escalas e tempo, as ondulações oceânicas, ventos e correntes de

marés, também influenciam, ainda que em menor escala, a sua hidrodinâmica

Nichols (2009). A presença de sedimentos de granulometria grossa, bem

selecionados e formas onduladas de fundo, demonstram a forte atuação das

correntes e a característica de alta energia hidrodinâmica ao longo da plataforma

(Testa & Bosence, 1999; Vital et al., 2010, Vital, 2014).

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Dunas submersas, de tamanho variável e formadas por sedimentos

terrígenos, foram mapeadas a cerca de 80 quilômetros a norte da área de estudo

por Testa & Bosence (1999). Atualmente submerso, este material sugere que, em

um momento de nível de mar baixo, a plataforma esteve exposta, o que viabilizou

a formação de depósitos eólicos devido à grande disponibilidade de sedimentos

continentais para retrabalhamento pelos ventos (Testa, 1997).

Os fundos carbonáticos são associados à presença de organismos que

secretam o carbonato. As águas quentes, oligotróficas e com extensa zona fótica

da região, contribuem para a presença destes tipos de organismos, os quais

fornecem conchas, esqueletos, talus, foraminíferos, dentre outros, para a

formação da natureza sedimentar (Ginsburg & James, 1974; Milliman, 1977;

Wilson et al., 2012). Assim como outras plataformas tropicais, com pouca

influência de rios e/ou águas continentais, depósitos de algas calcáreas (bancos

de rodolitos) representam grande parte da cobertura sedimentar superficial

(Milliman, 1977; Testa 1997; Testa & Bosence, 1999; Vecsei, 2000; Amado-Filho

et al., 2012).

As áreas recifais localizadas em plataformas tropicais e subtropicais

podem também prover uma quantidade significativa de sedimentos superficiais

para áreas próximas, uma vez que se constituem em importantes locais para a

agregação de organismos que assimilam e secretam carbonato (Testa & Bosence

1998; McKergow et al., 2005; Hewins & Perry, 2006; Browne et al., 2013).

A particularidade atual de déficit ou insuficiente entrada de sedimentos na

plataforma pode ser observada a partir da característica erosional da costa,

evidenciada pelas falésias vivas ou ativas e escarpas erosivas nos campos de

dunas frontais, bem como pelo fato das praias apresentarem-se com pequenas ou

inexistentes áreas secas ou emersas (Vital, 2005; Vital et al., 2006; Pierri, 2008).

Nesta região, junto ao litoral, é frequente a presença de lineamentos recifais,

formados por arenitos de praia ou beachrocks com intercalações ou intrusões de

arenitos ferruginosos (material proveniente da Formação Barreiras). Estas

estruturas rígidas – proteções naturais à ação das ondas – dissipam a energia

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das ondas reduzindo assim a retração da costa em alguns locais (Ferreira Junior,

2005; Pierri, 2008).

Além dos arenitos de praia, os arenitos ferruginosos provenientes da

erosão das falésias oferecem uma estrutura rígida que protege a costa das ondas

incidentes, possibilitando a conformação de baías e enseadas ao longo do litoral

(Bigarella, 1975; Diniz, 1998; Amaral, 1999; Ferreira Junior, 2005; Pierri, 2008).

2.3. Considerações sobre o clima e a dinâmica plataformal

Na região leste do Rio Grande do Norte, incluindo a região litorânea e a

plataforma, o sistema atmosférico é marcado pela presença da Zona de

Convergência Intertropical (ITCZ).

A ITCZ surge a partir da convergência dos ventos alísios de nordeste e

sudeste, contribuindo para que as correntes oceânicas resultantes, nesta região,

tomem o sentido da variante norte da Corrente Sul Equatorial (SEC), ou seja, as

águas fluem prioritariamente para norte (Nobre & Shukla, 1996; Castro & Miranda,

1998; Knoppers et al., 1999).

Servain et al., (1990) caracteriza as águas oligotróficas aquecidas,

provenientes da SEC. Estas águas, que compõem o ambiente marinho na região,

atingem altas temperaturas na superfície, variando de 26,5ºC no inverno para

28,5ºC no verão. Devido à alta insolação e ao clima relativamente seco, a

salinidade é elevada oscilando entre 36 e 37, com pequenas variações durante o

período chuvoso (Março a Julho).

A posição da ITCZ varia sazonalmente, localizando-se mais a norte entre

os meses de Agosto e Setembro e próxima da linha do equador entre Março e

Abril, exercendo também o controle das chuvas durante a estação úmida nesta

área (Nobre & Shukla,1996).

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Períodos de incremento nas correntes e na velocidade do vento são

observados em três condições específicas: (1) durante o movimento para norte da

ITCZ entre Julho e Setembro-Outubro, quando os ventos atingem a costa com

grande intensidade; (2) durante marés de sizígia, coincidentes com o período

supracitado quando, segundo o conhecimento local dos pescadores, ocorrem

eventos de picos de ventanias, com consequente aumento na velocidade das

correntes e da turbidez, desde a superfície até o fundo. Estes eventos ocorrem

com duração aproximada de três dias e atingem desde a costa até 15 a 20

quilômetros costa afora; (3) durante tempestades periódicas, geralmente

relacionadas aos períodos de verão (Janeiro a Março), quando a ITCZ está

variando para sul (Nimer, 1979; Nobre & Shukla, 1996; Mcgregor & Nieuwolt,

1998; Castro & Miranda, 1998).

Pianca et al., (2010), baseada em uma série de dados do satélite NOAA

WaveWatch III, identificou que as ondas desta porção da plataforma propagam-se

predominantemente nas direções dos quadrantes SE e S, durante o outono,

inverno e primavera e, com uma variação de alguns dias apenas durante os

verões, para os quadrantes N, NE e E. O período das ondas varia basicamente

entre seis e oito segundos (com máximos de 14 segundos), e sua altura média

varia entre um e três metros, com as maiores ondas modeladas atingindo 3,4

metros ao largo da costa, propagadas no inverno e provenientes de SE.

Os ventos predominantes de SE e E que atingem a área,

consequentemente geram ondulações e correntes superficiais na direção NE e W

e, de acordo com Bittencourt et al., (2005), são responsáveis pelo maior potencial

de deriva de sedimentos em toda a costa nordeste do Brasil.

2.4. Integração de informações abióticas e bióticas em estudos

de Geo-Habitat

A investigação das plataformas continentais, enquanto esforço global para

o reconhecimento dos recursos naturais, encontra avanços importantes nas

pesquisas relacionadas às espécies marinhas e sua distribuição, como o Ocean

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Biogeographic Information System – (OBIS, 2013) e o Census Of Marine Life –

(Ausubel et al., 2010). Entretanto, o conhecimento sobre os ambientes marinhos,

em especial no Atlântico Sul Oriental, ainda apresenta locais pouco pesquisados

ou em fase de reconhecimento (Harris & Baker, 2012).

Nosso conhecimento da extensão, amplitude geográfica e funcionamento

ecológico dos habitat bentônicos, continuam ainda hoje muito pobres, devido a

limitações impostas pelos métodos convencionais de aquisição de informações no

fundo do mar. Estima-se que apenas 5 a 10% dos fundos marinhos são

mapeados a uma resolução similar aos estudos em terra (Wright & Heyman,

2008; Harris & Baker, 2012). Consequentemente, o manejo efetivo de recursos e

a proteção de importantes ecossistemas, ainda encontram-se extremamente

defasados por não haver informações satisfatórias e precisas para a formatação

de leis reguladoras (Harris & Whiteway, 2009; Brown et al., 2011).

Áreas rasas, com a presença de recifes, depósitos rochosos emersos ou

localizados nas porções intermarés, fundos carbonáticos ou arenosos, são habitat

relativamente fáceis de serem mapeados ou detectados através de ferramentas

de sensoriamento remoto, devido à ausência ou pequena lâmina d’água os

recobrindo. Todavia, existem inúmeras áreas recifais ou depósitos submersos

ainda desconhecidos, localizados em profundidades um pouco maiores ou locais

de elevada turbidez, invisíveis aos sensores remotos.

Um importante meio de análise morfométrica e caracterização do fundo

marinho é a avaliação da geomorfologia, através da batimetria, que permite dividir

áreas da plataforma em regiões que refletem características biológicas distintas,

uma vez que espécies bentônicas demonstram preferências por determinadas

condições de topografia e profundidade (Wilson et al., 2007; Brown et al., 2011).

O mapeamento das feições de fundo e dos habitat é uma importante

ferramenta para identificar pontos de elevada biodiversidade ou possíveis

distribuições espaciais de organismos, notadamente se utilizadas correlações

com diferentes padrões físicos e oceanográficos (Greene et al., 2007).

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Padrões de comunidades bentônicas e habitat costa afora são difíceis de

prever, devido à ausência de grandes variações abióticas, causadas, por

exemplo, por oscilações de maré. Todavia, as mudanças nestas áreas, são

graduais, sem descontinuidade na composição de fauna entre comunidades

vizinhas (Glemarec, 1973; Van Hoey et al., 2004).

Atualmente áreas mais profundas estão sendo mapeadas em detalhe,

através do uso de técnicas de geofísica. Contudo, estas áreas são conhecidas

apenas pontualmente e documentadas em poucos estudos ao redor do globo.

Para integrar informações biológicas e geológicas de um dado local, é necessário

estudar e mapear possíveis habitat, compreendendo fatores ambientais e

características que controlam sua biodiversidade (Kenny et al., 2003; Anderson et

al., 2008).

É comum relacionar tipos de sedimento e padrões de energia

hidrodinâmica aos atributos físicos das áreas bentônicas inconsolidadas e a

padrões ou comunidades biológicas. Locais de alta energia e maior granulometria

são relacionados à fauna bentônica de organismos filtradores e locais de baixa

energia com menor granulometria à fauna bentônica de comedores de depósitos

(Stride, 1982).

A área de estudo é carente de informações sobre a biodiversidade

associada aos ambientes sedimentares, contudo substratos inconsolidados

planos ou apresentando bancos de areia e formas de fundo onduladas (marcas

de onda, dunas), são feições muito comuns nesta área. Estes substratos são o

habitat mais comum dos oceanos, apresentando elevada biodiversidade,

principalmente associada à micro e meso-fauna bentônica, entretanto sua riqueza

e importância é ainda subestimada e pouco conhecida (Snelgrove, 1999).

O termo habitat pode ser definido como o local onde um organismo é

encontrado prioritariamente. O conceito de habitat incorpora tanto aspectos

ambientais bióticos e abióticos, comportamentos espécie-específicos e é também

dependente da escala espacial (Begon et al., 2005). Mesh (2008) define

mapeamento de habitat marinhos como a criação de mapas do fundo do mar,

mostrando o cenário da distribuição e extensão dos diversos habitat e os limites

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distintos que separam habitat adjacentes. Neste contexto, o termo habitat é

definido como condições físicas e ambientais que suportam uma comunidade

biológica particular.

Consequentemente, no contexto do mapeamento de habitat bentônico, o

termo não possui uma definição fixa, podendo ser utilizado para descrever uma

gama de diferentes atributos, desde o mesmo espaço geográfico até diferentes

escalas temporais e espaciais. Por exemplo, a borda de alguma feição de fundo

que compreende o habitat de determinada espécie, o fundo inconsolidado base

para determinada comunidade etc.

O conceito de biótopo se assemelha ao de habitat, o qual pode ser descrito

como a combinação de um habitat abiótico e sua comunidade de espécies

associada (Connor et al., 2004).

Em contraste aos habitat terrestres, habitat marinhos bentônicos tendem a

ser estruturados por suas características geomorfológicas bi ou tridimensionais

unidas aos parâmetros hidrográficos, o que os torna significativamente mais

desafiadores para se compreender e mapear. Como exceções, pode-se elencar

as estruturas biogênicas, tais como áreas de recifes de coral ou de esponjas ou

de habitat rasos, dominados por algum tipo de vegetação (i.e. fanerógamas

marinhas). Na maioria dos casos, características bióticas – baseadas em

características de nichos ou espécies foco – precisam ser inferidas através de

correlação espacial e/ou modeladas entre as espécies e condições abióticas

(Zajac, 2008).

Para ilustrar tal desafio, pode-se exemplificar que a caracterização do

crescimento de estruturas coralíneas (ou recifes de algas e/ou de esponjas em

superfícies submersas) conjuntamente à caracterização e mapeamento dos

ambientes abióticos, ainda não é descrita de maneira integrada aos habitat para o

Oceano Atlântico tropical (Harris & Baker, 2012). Este tipo de estudo integrado é

mais comum em regiões temperadas, tendo como locais de interesse específico o

Caribe, o Mar Vermelho e regiões do Oceano Pacífico (Brown et al., 2011; Gibbs

& Cochram, 2012; Collier & Humber, 2012; Nichol et al., 2012; Brooke et al.,

2012).

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Considera-se que habitat marinhos bentônicos são áreas críticas para o

gerenciamento e sustentabilidade do uso dos recursos naturais marinhos vivos e

não vivos. De acordo com Harris & Baker (2012), são habitat comuns na

plataforma tropical: formas de leito de pequena a grande escala (marcas

onduladas a dunas subaquosas), recifes de corais, vales e canyons submarinos,

platôs, bancos de fanerógamas, de rodolitos, áreas escarpadas, cabeços recifais,

recifes de arenito (beachrocks) ou superfícies rochosas de origem diversa.

O processo de produção de mapas de habitat bentônicos permeia

disciplinas como oceanografia, ecologia, biologia, geologia, geofísica e

hidrografia. Envolve a combinação de dados de fontes e escalas diversificadas,

relacionadas à distribuição de características abióticas e bióticas, para a produção

de mapas com representações espaciais simplificadas do fundo marinho (Brown

et al., 2011; Heyman & Kobara, 2012; Nichol, et al., 2012).

O mapeamento de áreas rochosas distribuídas na plataforma e o

reconhecimento de suas características é também uma ferramenta para a

determinação do tipo de fauna associada ao fundo, permitindo detectar, por

exemplo, uma série de recursos pesqueiros que podem estar relacionados a este

ambiente (Yamanaka et al., 2012).

Existe um claro desejo em se desenvolver esquemas de classificação e

métodos baseados em segmentação automática de imagens, baseados no

conceito básico de biótopo (Greene et al., 1999; Anderson et al., 2008; Last et al.,

2010). Contudo revisões como as de Fraschetti et al., (2008) e Brown et al.,

(2011), sugerem que as propostas de esquemas de classificação ainda são vagas

e em escalas não compatíveis, referindo-se basicamente às feições geológicas do

fundo, ou muito detalhadas, referindo-se à biodiversidade no nível de espécies.

Esta técnica ainda não é amplamente aceita para efetiva implementação em

iniciativas de conservação marinha, uma vez que geralmente não considera as

naturais variações sazonais nas estruturas de assembleias e comunidades.

Ainda que a classificação automática ou automatizada não seja

totalmente aceita ou confiável, Greene et al., (2007) e Anderson et al., (2008),

recomendam que os mapas de habitat marinho bentônico devam ser criados

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utilizando Sistemas de Informações Geográficas (SIG). Ainda segundo os autores

supracitados, os mapas devem apresentar a descrição de cada habitat,

permitindo caracterizá-los de forma acurada e, se possível, normatizada, para o

estabelecimento de comparações entre estudos e cooperação entre

pesquisadores.

Convenciona-se, portanto, que para a produção dos mapas de habitat

bentônicos, são necessárias informações das características bióticas do fundo

marinho, utilizando, para tal, dados validados in-situ, os quais devem ser

relacionados de alguma forma às camadas de informações abióticas e

ambientais.

A seleção das técnicas de amostragem ou validação in-situ dependem de

um grande número de variáveis, como por exemplo, a proposta do levantamento,

disponibilidade de equipe, área de recobrimento para o levantamento, custo

operacional, entre outros. Estas variáveis, assim como a escala de obtenção de

dados, irão influenciar de maneira significativa a caracterização biótica (Brown et

al., 2011).

Os mapas de habitat marinho são úteis em um panorama atual de

declínio nos estoques pesqueiros oceânicos e degradação dos habitat associados

ao fundo marinho, provocados pelos mais diversos usos da plataforma e de áreas

mais profundas. Estes mapas, que levam em conta características bióticas e

abióticas, tem uma importância crítica na identificação de possíveis habitat,

essenciais para a manutenção de estoques e da saúde marinha, facilitando o

gerenciamento e a determinação de áreas efetivas para conservação (Kenny et

al., 2003; Anderson et al., 2008; Greene et al., 2007; Harris & Whiteway, 2009).

A distribuição de grupos foco para mapeamento de habitat ao longo das

plataformas continentais, integrando a análise de características ambientais,

abióticas com informações bióticas é a principal abordagem de grande parte dos

estudos sobre geo-habitat ao redor do globo (Kenny, et al., 2003; Gray, 2004;

Anderson et al., 2008; Harris & Whiteway, 2009; Last et al., 2010; Brown et al.,

2011; Harris & Baker, 2012). Tais estudos, em sua maioria, visam embasar a

definição de estratégias governamentais de manejo e conservação destas áreas.

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Segundo Harris & Whiteway (2009), este tipo de mapeamento deve levar

em consideração determinados aspectos, tais como: ocorrência de espécies em

perigo ou risco de extinção e/ou espécies protegidas por lei, identificação de

determinados habitat propícios para estas espécies, mapeamento de feições

submersas distintas ou locais propícios para alta biodiversidade.

Nesse sentindo, a conservação da geodiversidade também deve ser

incluída no manejo de usos de recursos marinhos (Gray, 2004). Assim como

diversos parques e reservas são criados com base na geodiversidade terrestre

(por exemplo, Grand Canyon National Park nos Estados Unidos, Twelve Apostles

Marine National Park na Austrália, e os parques brasileiros da Serra da Capivara,

da Furna Feia e Geoparque Seridó) a geodiversidade marinha deve também ser

considerada na criação de Unidades de Conservação Marinhas, conforme

enfatizado por Schobbenhauss & Silva (2012).

Com relação aos estudos integrando características abióticas e bióticas

para a compreensão de geo-habitat, na última conferência do grupo GeoHab em

Salvador, Brasil, no início deste ano, foi possível verificar o aumento do esforço

científico para a compreensão de lacunas que envolvem esta temática, na

plataforma continental do nordeste do Brasil.

Os principais temas abordados foram: heterogeneidade e mapeamento de

habitat (Leão et al., 2015; Leite et al., 2015 Valle & Dominguez, 2015); relações

entre a biodiversidade e geodiversidade (Batista et al., 2015; Brandão et al., 2015;

Viana et al., 2015); processamento de dados hidroacústicos, com finalidade em

mapeamento de ambientes submersos para estudos de habitat (Porpilho et al.,

2015; Silva et al., 2015); mapeamento de variáveis no estabelecimento de

padrões para a presença de comunidades bióticas (Eichler et al., 2015; Fonseca

et al., 2015); relação entre feições submersas como os vales incisos e os recifes

(Belchior et al., 2015; Camargo et al., 2015); além de planejamento espacial

marinho como estratégia de manejo e conservação (Ferreira et al., 2015). Os

trabalhos, na sua maioria em fases iniciais, reforçam o interesse neste tema,

entretanto apenas um deles incluiu a área da plataforma que engloba Pirangi,

realizando uma análise na composição de foraminíferos (Eichler et al., 2015).

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2.5. Informações bióticas pretéritas disponíveis para Pirangi

Para a proposta de um mapa de habitat, as informações abióticas

adquiridas neste trabalho foram integradas às de biodiversidade disponíveis para

Pirangi.

Na região, destacam-se os trabalhos realizados por grupos de pesquisa

da UFRN, tais como o Diagnóstico Ambiental de Pirangi, do ano de 2006 (Amaral

et al., 2006; Mendes et al., 2006), o qual analisou o ambiente costeiro e os recifes

rasos emersos e submersos de Pirangi. Outro importante trabalho, neste sentido,

foi realizado pela ONG Oceânica, através do Projeto Ponta de Pirangi,

patrocinado pela Petrobras (Programa Petrobras Ambiental). O Projeto Ponta de

Pirangi motivou uma série de pesquisas por grupos da UFRN, desenvolvidas com

intuito de compreender os padrões de biodiversidade bentônica e ictiológica em

áreas recifais (e.g. Torquato, 2010; Azevedo, 2011; Souza, 2015), com destaque

para os trabalhos desenvolvidos pelo LABECE (Laboratório de bentos e

cefalópodes) CB – UFRN com financiamento da Fundação Boticário (Barboza,

2014 e Grimaldi, 2014).

Estes trabalhos levantaram informações sobre fauna bentônica e

diversidade de peixes em alguns pontos próximos à costa (recifes rasos) e

afastados (recifes profundos), através da realização de mergulhos, obtenção de

fotografias e vídeos subaquáticos, além da avaliação de rugosidade, cobertura

bentônica, dentre outros aspectos relacionados à biodiversidade. Evidenciaram

também a cobertura de organismos bentônicos associados às áreas recifais rasas

e fundas, classificando esta cobertura de acordo com a presença de grupos de

algas, esponjas, corais e áreas recifais desprovidas de cobertura animal. São

produtos inéditos e base para discussão da cobertura bentônica associada aos

recifes da plataforma leste Potiguar.

Azevedo (2011) e Barboza (2014) caracterizaram a cobertura viva nos

recifes intermarés e rasos de Pirangi, dando ênfase à diversidade principalmente

da cobertura vegetal dos recifes e à diversidade de macrofauna bentônica

associada. Avaliaram fatores físicos e biológicos que influenciam na distribuição e

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abundância dos organismos, além dos impactos provocados na cobertura viva

pela atividade turística intensiva.

Grimaldi (2014) caracterizou sete formações recifais localizadas entre 15

e 28 metros de profundidade. Este autor fez um estudo detalhado sobre ecologia

(principais componentes da comunidade bentônica), diversidade de espécies,

particularidades estruturais, biológicas e o tipo de utilização humana para cada

formação recifal. Especificamente, o trabalho levantou informações referentes ao

tipo de cobertura do substrato, megafauna de invertebrados bentônicos,

comunidades coralíneas, ictiofauna e parâmetros físico-químicos.

Torquato (2010) e Souza (2015) realizaram um levantamento detalhado

sobre a ictiofauna associada à subtratos rochosos, com ênfase nos recifes rasos

e fundos e também na relação entre a profundidade e posição dos recifes

(próximos e afastados) com relação à costa.

Esta região caracteriza-se como uma área utilizada principalmente para

atividades pesqueiras, sejam elas para captura de espécies demersais, como a

cavala, o serra e o galo-do-alto, bem como para espécies ligadas ao fundo, como

as ciobas, dentões, ariacós e serigados. O recurso bentônico mais explorado é a

lagosta, sendo comum a instalação de armadilhas de pesca (conhecidas como

marambaias) nas áreas de restinga marinha (Garcia, 2006; Grimaldi, 2014).

Mergulho recreativo e atividades de transporte marítimo também são comuns

nesta área.

Outro importante elemento a ser citado é que este setor da plataforma é

local importante para migração, alimentação e desova de tartarugas, envolvendo

as espécies que ocorrem no Oceano Atlântico, conforme evidenciam alguns

trabalhos promovidos pelo projeto Tartarugas Marinhas -TAMAR (Marcovaldi et

al., 2010; da Silva et al., 2011; Marcovaldi et al., 2012; Santos et al., 2013). As

praias e a plataforma são de extrema importância para a manutenção da

população das tartarugas-de-pente, visto que é a região responsável pela maior

parte das desovas desta espécie na costa Brasileira. As tartarugas-de-pente

também utilizam esta área em grande parte de seu ciclo de vida, incluindo os

períodos pré e posterior às desovas.

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Estas tartarugas alimentam-se basicamente de esponjas, a principal

cobertura viva presente nos recifes fundos, conforme descrito anteriormente. Esta

é uma das espécies de tartarugas marinhas mais ameaçadas, principalmente

devido ao valor comercial de seu casco (Marcovaldi et al., 2012 e Santos et al.,

2013).

Mamíferos marinhos utilizam esta área para passagem, alimentação e

reprodução, como por exemplo golfinhos, peixes-boi e baleias jubarte. As baleias

utilizam a área como passagem, em profundidades superiores a 14 metros e a

uma distância de cerca de sete quilômetros da costa, entretanto geralmente

utilizam as áreas externas à plataforma, neste setor; já os golfinhos são

facilmente vistos próximos às baías ou enseadas nos períodos de alimentação e;

os peixes-boi, próximos a desembocaduras de rios e bancos de fanerógamas,

ainda não mapeados para esta área (Medeiros, 2006; Nascimento, 2006;

Marques & Creed, 2008; de Lima et al., 2011).

Nos recifes intermarés ocorre intensa atividade de turismo, com limites de

visitação estabelecidos através de Termo de Ajuste de Conduta. Esta atividade

gera impacto de pisoteamento de espécies relacionadas ao fundo e turbidez por

ressuspensão de sedimentos na área anterior aos recifes (Azevedo, 2011;

Barboza, 2014). Além destas atividades, vale salientar que o local é também de

uso militar, com lançamentos de foguetes e treinamentos ligados às atividades do

CLBI (Centro de Lançamentos da Barreira do Inferno).

A contextualização demonstra que há uma relação entre as

características ambientais, abióticas e bióticas. Portanto esta tese, de maneira

inédita para a região de Pirangi, objetiva o aprofundamento do conhecimento

abiótico e, a partir das informações disponíveis sobre a biota, a integração de

informações no plano espacial, com a proposta de um mapa de habitat seguindo

diretrizes do grupo GeoHab e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia –

Ambientes Marinhos Tropicais.

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Capítulo 3 – Materiais e Métodos _________________________________________________________________

3.1. Organização da estratégia de amostragem

Dentre as técnicas de aquisição de dados e de mapeamento do leito

marinho empregadas em estudos prévios, destacam-se o largo emprego do

sensoriamento remoto, o qual utiliza métodos ativos e passivos, como imagens

aéreas, orbitais e aquisição através de laser (Lee et al., 1999; Mumby et al., 1999;

Noemberg et al., 2010); a aplicação da geofísica, que emprega batimetria com

sondas mono ou multifeixe, sonar de varredura lateral e perfiladores de

subsuperfície (Souza, 2006; Anderson, et al., 2008; Blondel, 2009); a utilização de

veículos operados remotamente e veículos autônomos subaquáticos (Pascoal et

al., 2000; Paull et al., 2014); assim como técnicas de avaliação em escala local ou

pontual, como amostradores de fundo (e.g. dragas e corers), câmeras

subaquáticas de foto ou vídeo e o mergulho científico (avaliações in-situ).

Estas técnicas podem ser divididas em quatro grupos distintos:

1 – Sensoriamento remoto

2 – Geofísica (métodos hidroacústicos, sonares)

3 – Fotografias e vídeos subaquáticos

4 – Amostragens diretas pontuais

Para a organização dos métodos de aquisição de dados para este

trabalho foi montado o esquema a seguir (Figura 3.1), onde:

C - Condições para realização da pesquisa: capacidade de se realizar

levantamentos, estabilização de base de dados, análise das condições e recursos

disponíveis.

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P – Planejamento para aquisição: estabelecimento prévio da área de estudo,

seleção das melhores ferramentas e técnicas a serem utilizadas (geofísica,

amostragens).

S – Geração de produtos padrão: batimetria mono e multifeixe, dados de sonar de

varredura lateral, fotografias e/ou vídeos, amostragens, reconhecimento da

paisagem marinha.

I – Integração e Interpretação: utilização de ferramentas ou técnicas para

mapeamento, análise através de softwares de geoprocessamento, utilização de

modelos globais genéricos ou regionais (adaptados para o local).

D – Uso de dados pré-existentes, revisão de dados já coletados para a área:

fotografias e/ou vídeos, dados oceanográficos, amostras sedimentares, amostras

de biota ou trabalhos relacionados. Estes dados auxiliam também na formatação

de produtos (S).

A – Armazenamento de dados e disponibilização: publicação de artigos, mapas e

publicações acessíveis, mapas reutilizáveis (utilização de extensões usuais).

Figura 3.1. Esquema de aquisição de informações para análise de características abióticas e bióticas da plataforma (Modificado de Harris & Baker, 2012).

Para atingir os objetivos da tese, o estudo compreendeu a obtenção de

novos dados para avaliação de feições em detalhe utilizando métodos

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hidroacústicos, mapas batimétrico local, de análise sedimentar e de habitat,

através de integração de informações abióticas e bióticas.

Nas últimas décadas os métodos hidroacústicos entraram em cena e tem

sido utilizados em diversas pesquisas, com aplicação em áreas relativamente

pequenas, mas possibilitando o detalhamento de informações sobre o fundo do

mar (Moscon & Bastos, 2010; Amado-Filho et al., 2012; Dominguez et. al., 2013;

Nagai et al., 2014; Vital, 2014; Bastos et. al., 2015). Os métodos hidroacústicos

(e.g. sonar de varredura lateral, mono- e multifeixe, perfiladores de sub-superfície)

são utilizados em todo o mundo para investigação dos ambientes marinhos em

detalhe, entretanto a plataforma continental brasileira, em grande parte de sua

extensão, ainda carece de informações deste tipo (Harris & Baker, 2012).

As técnicas empregadas nesta tese envolvem o reconhecimento da

geomorfologia, a partir da elaboração de carta batimétrica e do modelo digital de

terreno (MDT) com dados de sondas mono e multifeixe; o reconhecimento da

heterogeneidade do substrato, por meio da análise sedimentar e dos dados

sonográficos, utilizando mapa faciológico, mapas de teores de carbonato e

matéria orgânica, além de mapas gerados com auxílio de sonar de varredura

lateral. Informações geradas sobre os dados abióticos foram posteriormente

integradas aos dados bióticos (descritos previamente no capítulo 2 do presente

trabalho), conforme proposta de mapeamento de habitat para a região da

plataforma continental Potiguar.

Para a aquisição de dados foram utilizadas duas embarcações, sendo

uma delas embarcação de pesca (conhecida localmente como bote), com

tamanho de 50 pés e uma outra embarcação do tipo Troller de 57 pés (Figura

3.4A e D).

A figura 3.2 apresenta a localização e abrangência da coleta de

informações abióticas na área de estudo, apresentando as linhas de aquisição de

batimetria monofeixe, pontos de amostragem sedimentar, além das áreas de

aquisição de dados com os sonares multifeixe e de varredura lateral.

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Figura 3.2. Mapa de localização das informações abióticas coletadas na área de estudo, mostrando as linhas de aquisição de sonar monofeixe, pontos de coletas sedimentares e áreas de aquisição de dados dos sonares multifeixe e de varredura lateral.

3.2. Amostras sedimentares (coleta e análise)

Distribuídas espacial e homogeneamente por toda a área de estudo em

uma malha amostral aproximadamente regular, foi coletado o total de 30 amostras

de sedimentos. Próximo à costa, com o propósito de coletar maior variedade na

composição sedimentar, os pontos amostrais distribuíram-se de maneira irregular.

Nos demais locais, a amostragem seguiu um espaçamento regular, com uma

distância de 2.5 quilômetros entre as amostras. A amostragem foi realizada

utilizando uma draga do tipo Van-Veen com capacidade de 5kg (Figura 3.3A).

Primeiramente, as amostras coletadas passaram por análise visual à

bordo quanto à origem (terrígenas, biogênicas) e, a posteriori, por granulometria

(lama, areia, cascalho), quando possível a diferenciação (Figura 3.3B). Em

seguida, as amostras foram levadas ao laboratório para processamento e análise

das seguintes características: tamanho de grão e conteúdos de carbonato de

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cálcio (CaCO3) e matéria orgânica (MO). A análise sedimentológica foi realizada

no laboratório de sedimentologia do Museu Câmara Cascudo – UFRN.

Figura 3.3. (A) Draga do tipo Van Veen com capacidade de 5kg utilizada na coleta de amostras. (B) Classificação e análise visual das amostras coletadas.

A análise do tamanho de grão seguiu o método tradicional de

peneiramento (e.g. Sahu, 1965; Sengupta & Veenstra, 1968; Guy, 1969), no qual

os sedimentos finos (< 0,063 mm) foram separados e pesados e as frações

maiores passaram por peneiramento a seco.

O conteúdo de carbonato de cálcio foi estimado utilizando-se o método de

dissolução através de ácido, conforme descrito por Maccarthy (1933) e adaptado

especificamente para sedimentos da plataforma por Van Iperen & Heldes (1985).

Já o conteúdo de matéria orgânica nas amostras foi estimado através do método

de perda ao fogo em mufla, à temperatura de 550ºC, em conformidade ao

processo descrito por Heiri et al., (2001).

O mapa de textura sedimentar – ou mapa faciológico – foi criado a partir

da análise das amostras coletadas, utilizando a classificação textural de

sedimentos inicialmente proposta por Larsonneur (1977). A terminologia deste

mapa foi desenvolvida para a plataforma brasileira por Dias (1966) e para a

plataforma do Ceará e Rio Grande do Norte por Freire et al., (1997),

posteriormente adaptada por Vital et al., (2005), de acordo com as características

específicas da plataforma potiguar (Tabela 1).

A B

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Os sedimentos coletados foram classificados de acordo com sua origem

com as seguintes nomenclaturas: terrígenos (siliciclásticos de concentração

inferior a 30% de conteúdo carbonático); biogênicos (bioclásticos de concentração

superior a 70% de conteúdo carbonático); mistos (silici-bioclásticos) e de acordo

com seu tamanho: lamas (inferior a 0,06mm), areia lamosa, areia (fina, média,

grossa), areia com grânulos e cascalho (superior a 2mm). A classificação para

esta plataforma apresenta as seguintes fácies: lama mista (silici-bioclástica), areia

siliciclástica, areia silici-bioclástica, areia bioclástica, areia bioclástica com

grânulos e cascalho bioclástico. Os mapas foram construídos com auxílio do

software Surfer 10, utilizando o método de interpolação de dados kriging.

Este método proporciona a determinação do padrão sedimentar ao longo

da área de estudo, favorecendo a identificação da heterogeneidade do substrato e

a compreensão do ambiente deposicional.

Tabela 1. Fácies mapeadas para a área de estudo de acordo com classificação proposta por Vital et al., (2005), adaptada de Freire et al., (1997).

Abreviatura Fácies %CaCO3

LL1x Lama Mista Silici-Bioclástica 30 - 50%

AS1b Areia Siliciclástica < 30%

AS2b Areia Silici-Bioclástica 30 - 50%

AB1b Areia Bioclástica > 70%

AB2a Areia Bioclástica com Grânulos > 70%

CB2 Cascalho Bioclástico > 70%

3.3. Aquisição e processamento dos dados hidroacústicos

Sistemas batimétricos com ecobatímetros monofeixe realizam um único

registro de profundidade a cada pulso acústico. Emitindo pulsos de forma

contínua, resulta em linhas ou seções batimétricas levantadas no percurso da

navegação. Os dados de monofeixe foram utilizados para a produção de mapas e

figuras que permitem uma visão geral da morfologia e feições da plataforma na

área de estudo. Os dados referentes à construção da carta batimétrica foram

obtidos a partir da eco-sonda Hydrotac (Odom Hydrographic Sistems) operada na

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frequência de 200KHz, com resolução vertical do feixe de 1cm (erro aproximado

embutido).

A calibração e correção da velocidade do som na coluna d’ água (Figura

3.4B) foi proferida durante a aquisição dos dados, por meio de lançamento, a

cada três horas, de sonda com sensor de velocidade (Teledyne Odom

Hydrographic), com calibração efetiva em 25 metros de coluna d’água. O

recobrimento total da área de estudo foi possível através da aquisição de 14

linhas que seguiram orientação perpendicular à costa, com espaçamento de 1

quilômetro de distância entre as linhas. A extensão aproximada do levantamento

foi de 15 quilômetros a partir da costa, em direção leste e profundidade máxima

de 65 metros, cobrindo uma área total de 300km2.

Para aquisição dos dados sonográficos, utilizou-se sonar de varredura

lateral (Figura 3.4C) 4100 da EdgeTech (Processador 272-TD). Este tipo de

equipamento consiste em uma sonda – também chamada de peixe ou torpedo –

que opera com altas frequências (entre 100 a 500 KHz), incorporando circuitos

para transmissão e posterior recebimento de ondas em um sinal conhecido como

backscatter ou imagem do assoalho oceânico (Blondel, 2009).

No mapeamento dos tipos de fundo, as imagens de sonar de varredura

lateral são convencionalmente interpretadas, com a divisão de áreas ou zonas de

textura similar ou variações do registro, percebidas a olho nu, após

processamento prévio para melhoria de contraste, ganho e retirada de ruídos. A

interpretação é então relacionada a atributos geológicos, com validação a partir

de amostragens (Todd et al., 1999; Pickrill & Todd, 2003; Roberts et al., 2005;

Blondel, 2009), sendo uma técnica amplamente reconhecida em diversos estudos

como um método eficaz para caracterização de formas de fundo e de padrões

sedimentares em plataformas continentais (Stefanon, 1985; Blondel & Murton,

1997; Cochrane & Lafferty, 2002; Conway et al., 2007; Cook et al., 2008; Blondel,

2009).

Os dados foram coletados em duas áreas que totalizaram 33km2,

utilizando a frequência de 100KHz. Para o recobrimento destas áreas, foram

necessárias 15 linhas paralelas de aquisição, espaçadas em aproximadamente

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100 metros de distância entre elas. A primeira área (1) é localizada a oito

quilômetros em direção leste desde Pirangi do Norte (sul) e 11 quilômetros na

mesma direção, desde a costa da Barreira do Inferno (norte), conformando uma

área retangular de 6,5 quilômetros de comprimento por 1,85 quilômetro de

largura, entre as profundidades de 14 e 24 metros. A segunda área (2) segue a

mesma orientação da primeira (aproximadamente N-S) e a mesma posição com

referência à costa, porém localizada a dois quilômetros offshore desde a primeira,

com profundidades variando entre 22 a 34 metros, de comprimento similar e

largura ligeiramente maior (2,8 quilômetros).

Para a composição dos mosaicos de imagens e análise dos dados brutos,

foi utilizado o software SonarWiz Map versão 5 (Chesapeake technology Inc.),

sendo possível a aplicação de processamento para melhoria no contraste e

correção angular.

O método de aquisição de dados batimétricos através do sistema

multifeixe apresenta uma série de vantagens com relação ao monofeixe, dentre

elas a característica de recobrimento total, possibilitando a criação de modelos

digitais de terreno com dados contínuos, sem a necessidade de interpolação

(Kenny et al., 2003; Anderson et al., 2008; Brown et al., 2011). No entanto, devido

ao custo elevado e à complexidade do equipamento e sua operacionalização,

esta é uma alternativa relativamente mais onerosa e sua aplicação geralmente

está associada a locais específicos para obtenção de dados precisos (Kenny et

al., 2003).

Levantamentos com método multifeixe possuem ampla aplicação,

atendendo a caracterizações sedimentares, geomorfológicas e geológicas

marinhas (e.g. Biju-Duval et al., 1982; Davis et al., 1996; Goff et. al.,1999;

Gardner et al., 2003; Dartnell & Gardner, 2004), à industria de exploração mineral

no mar (e.g. Augustin et. al., 1996; Rutledge & Leonard, 2001), além de gestão,

conservação e mapeamento de habitat marinhos (e.g. Mitchell & Clarke, 1994;

Kostylev et al., 2001; Kenny et al., 2003; Greene et al., 2007; Anderson et al.,

2008; Brown et al., 2011; Harris & Baker, 2012).

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O levantamento com sistema multifeixe foi realizado, no presente estudo,

por meio de equipamento da marca Reson, modelo seabat 8124, o qual dispõe de

80 feixes distribuídos em um varredura angular máxima de 120° (ou 100° efetivos

para sobreposição) e frequência de 200 KHz. O espaçamento entre linhas para a

cobertura total, neste sistema, varia de acordo com a profundidade. Quanto maior

a profundidade, maior o espaçamento entre linhas, as quais devem seguir uma

orientação paralela às isóbatas.

Neste trabalho foram adquiridas linhas entre as isóbatas de 12 e 38

metros de profundidade. O levantamento foi concentrado em quatro pequenas

áreas, cobrindo uma área total de 17.5km2, onde já haviam sido identificados

recifes submersos ou pontos de pesca, cobrindo as áreas imageadas com sonar

de varredura lateral (1 e 2), além de outras duas áreas de relevante interesse

(Pedra do Lima e Pedra do Velho).

O software Hypack (Figura 3.4F) foi utilizado na aquisição e

processamento posterior à coleta dos dados. Silva et al., (2013) descreve os

procedimentos para aquisição, processamento e geração dos mapas em detalhe,

utilizados neste trabalho. Os mapas batimétricos foram construídos com auxílio

dos softwares Hypack no modo hysweep (para eliminação dos ruídos e

incertezas) e Oasis Montaj (Geosoft), para realização da interpolação bidirecional

nos dados brutos. Também foram utilizados os softwares Surfer 10 (Golden

Software), para geração dos modelos tridimensionais e, por fim, o software

ArcGIS (ESRI) foi empregado para integrar os dados espaciais (mapas

batimétricos, de sedimentologia, dados sonográficos). O datum de referência

WGS84 foi utilizado para a coleta de dados e geração dos mapas.

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Figura 3.4. (A) Embarcação do tipo Troller utilizada na aquisição de dados; (B) Operação de lançamento de sensor de velocidade do som na coluna d’água para calibragem da aquisição; (C) Sonar de varredura lateral utilizado; (D) Estação de trabalho para aquisição de dados de sonar de varredura lateral; (E) Instalação do equipamento multifeixe na lateral da embarcação, com apoio de mergulhador; (F) Controle durante a aquisição de dados de multifeixe através de interfaces do software Hypack e tela de acompanhamento de distribuição dos feixes.

A B

C D

E F

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3.4. Integração de dados abióticos e bióticos para o mapeamento de

habitat

O conhecimento dos habitat se inicia através do reconhecimento da

topografia marinha, ou batimetria da região, assim como das feições do leito

marinho, adquirindo amostras sedimentares relacionadas a estes ambientes e

realizando fotografias ou filmagens subaquáticas (Harris & Baker, 2012). O

mapeamento da geomorfologia ou diversidade geológica do fundo marinho

(geodiversidade) é o principal instrumento utilizado para a compreensão dos

diferentes habitat (Pickirll &Todd, 2003; Kostylev & Hanna, 2007).

Conforme apontam Kenny et al., (2003), Greene et al., (2007), Anderson

et al., (2008) e Harris & Baker (2012) a escala de mapeamento de habitat pode

variar de megahabitat (envolvendo províncias fisiográficas, como a plataforma NE

do Brasil); mesohabitat (composta por canyons, montes submarinos, grandes

feições de fundo); macrohabitat (tais como recifes, cabeços, marcas de ondas,

dunas submersas); até microhabitat (características internas a uma rocha, poça

de maré, ou um organismo como, por exemplo, esponjas). O detalhamento

abiótico nesta tese encontra-se no nível de macrohabitat.

O mapa de habitat, integrando os dados abióticos e bióticos, é definido

através da composição macrobêntica séssil de áreas consolidadas, baseada em

classificação por grupos únicos (eg. cobertura por algas, e/ou esponjas). Esta

definição foi selecionada por ser a maneira mais precisa de diferenciação entre as

superfícies consolidadas, de acordo com os estudos de biota para a região.

Mapas de habitat para espécies ou grupos únicos são essencialmente

representações espaciais onde condições ambientais atendem as necessidades

específicas. Em teoria, esta é a aproximação mais simples para a produção de

mapa de habitat bentônico porque a escala do mapa é definida pela

espécie/grupo foco. Em particular esta aproximação funciona bem para espécies

sésseis como corais, organismos fixos epifaunais (algas, esponjas), ou espécies

de movimento lento, onde existe uma relação próxima entre características

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ambientais e do substrato na distribuição geográfica destes organismos (Brown et

al., 2011).

Brown et al., (2011), em revisão sobre os métodos utilizados para a

construção de mapas de habitat bentônicos, categoriza as diferentes estratégias

utilizadas conforme os seguintes grupos: mapeamento a partir de controle ou

características abióticas (1); integração de informações abióticas e bióticas com

posterior predição de habitat – classificação não-supervisionada (2); e predição de

habitat prévia à integração de informações – classificação supervisionada (3).

De modo que ainda não há um método amplamente aceito ou

reconhecido como ideal para este tipo de mapeamento (Kenny et al., 2003;

Anderson et al., 2008; Brown et al., 2011; Harris & Baker, 2012), estas três

estratégias podem ser consideradas válidas e testadas para diferentes áreas.

Este trabalho levou em consideração as propostas de classificação de

habitat em conformidade aos estudos de Greene et al., (2007) e Anderson et al.,

(2008), os quais incluem a utilização de sistema de informação geográfica para

integração dos dados abióticos e bióticos. Contudo, a interpretação das camadas

de informação não foi realizada de forma automatizada e sim considerando os

limites de cada feição mapeada, seguindo o esquema adaptado de Brown (et al.,

2011) (Figura 3.5). O mapa de habitat proposto leva em consideração tanto a

estratégia 2, quando da integração de camadas de informações abióticas, como a

estratégia 3, quando do uso de informações bióticas coletadas in-situ, auxiliando

na supervisão da classificação proposta.

Para avaliação estatística foi realizada a análise de agrupamento

utilizando método de Ward (1963) e distância euclidiana, no programa Statistica

7.1. Esta análise considerou os padrões de agrupamento entre os recifes com

base nas seguintes variáveis: distância da costa, porcentagem de cobertura de

algas (folhosas, filamentosas e calcárias), além da densidade de cobertura de

esponjas. Os dados foram padronizados (centrados e reduzidos) para serem

expressos na mesma escala de valores (Zar, 1999). Os recifes Pedra sem Nome,

João Ninguém e Antônio Novo foram excluídos da análise devido à ausência de

dados em algum dos parâmetros analisados.

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O software ArcGIS foi utilizado para a análise das variáveis ambientais e

integração de dados. Esta ferramenta possibilita reunir em um mesmo plano

espacial, informações de fontes diversificadas, com distribuições pontuais,

distribuídas em áreas além da interpolação destas informações. Esta técnica,

integrando biodiversidade e geodiversidade, oferece como produto uma boa

aproximação para o estudo e mapeamento de habitat marinhos (Roff et al., 2003;

Kenny et al., 2003 Greene et al., 2007; Anderson et al., 2008; Harris & Whiteway,

2009; Rice et al., 2011; Brown et al., 2011).

Figura 3.5. Esquema geral para a produção de mapas de habitat bentônicos proposto por Brown et al., (2011) adaptado de MESH (2008).

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Capítulo 4 – Geomorfologia da Plataforma Continental adjacente a Pirangi

_________________________________________________________________

Para a caracterização geomorfológica da plataforma continental adjacente

a Pirangi, foram utilizadas as informações geradas a partir dos dados

provenientes da batimetria local (sonar monofeixe) e da batimetria em detalhe

(sonar multifeixe).

4.1. Batimetria local – Sonar Monofeixe

Os dados de monofeixe possibilitaram a produção de mapas e figuras que

oferecem uma visão geral da morfologia e feições da plataforma na área de

estudo. O mapa de batimetria em planta (Figura 4.1) apresenta a distribuição das

isóbatas e localiza os perfis topográficos de (A a K), distribuídos ao longo da área

de sul para norte, exibindo as principais feições, em cortes perpendiculares à

costa. O modelo digital do terreno, apresentado na figura 4.2, oferece uma visão

tridimensional da morfologia de fundo, com a variação de profundidade

representada em escala de cores. Os mapas de declividade (Figura 4.3)

evidenciam a distribuição das áreas planas e inclinadas, através da escala de

cores com variação angular.

Na figura 4.1 observa-se a distribuição dos alinhamentos recifais em

planta. Os recifes praiais, acompanhando a linha de costa. Os recifes intermarés

e rasos, anexos aos praiais no extremo sul, a 1,3 quilômetro da praia de Pirangi

do norte (perfil D), 2 quilômetros desde a Ponta do Flamengo (perfil F) e variando

de 2,5 a 4 quilômetros da costa nos perfis de G a K. O alinhamento entre Pedra

do Felix e Badejo, passando por Barreirinhas a aproximadamente 8,5 quilômetros

da costa na porção sul e 12 quilômetros nas porções central e norte. E por fim o

alinhamento entre Pedra Fogo e do Lima/João Ninguém entre 14,5 e 16

quilômetros de distância da costa. Os três alinhamentos da plataforma seguem o

sentido SSE-NNW.

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Desde a linha de costa até os recifes intermarés de Pirangi, na porção sul,

a área é relativamente rasa, sendo visível um canal com profundidade média de 2

a 4 metros, atingindo um máximo de 7 metros entre a costa e os recifes

intermarés (Figura 4.1, perfis C, D e E).

Em direção costa afora destes recifes a profundidade aumenta

rapidamente, variando desde a superfície até 14 metros em cerca de 300 metros

de distância (gradiente aproximado de 1:20), similar à locais de talude continental.

Esta característica é observada nos perfis C, D e E, partindo dos recifes

intermarés e nos demais perfis, desde o limite com a praia.

Este gradiente inclinado, apresenta em sua base um vale submerso ou

paleo-canal (Figura 4.1 tracejado em azul - observado nos perfis de B a H), com

sentido S-N. A borda oeste dista 1,6 quilômetro da costa no perfil B e 6

quilômetros no perfil H e a borda leste 3,7 quilômetros no perfil B e 8 quilômetros

no perfil H. A partir do perfil H o paleo-canal muda seu sentido para E-W não

sendo observado nos perfis subsequentes.

A profundidade média observada nos perfis de B à H para o paleo-canal é

de 4 metros variando entre 2 e 5 metros e a largura de aproximadamente 2

quilômetros no trecho S-N. Os perfis D e E evidenciam uma ramificação do canal

no sentido E-W, com variação de largura similar, até o limite E da área de estudo.

Nota-se que o paleo-canal possui uma única origem, com duas ramificações no

sentido E-W.

Após o relevo positivo promovido pela borda leste do paleo-canal (perfis B

a H), e nos perfis A, e de I a K, desde o limite com as praias, a topografia

apresenta-se praticamente estável (gradiente de variação de 1:1000), até cerca

de 10 a 12 quilômetros da costa. Neste ponto, foi observado em todos os perfis,

um controle topográfico, relacionado ao lineamento de recifes de Barreirinhas,

Pedra do Felix, Pedra dos Meros, Cabeço do Leandro e Badejo. Este controle

promove incremento na profundidade e no gradiente (1:500), desde

profundidades entre 14 e 20 metros, até profundidades entre 28 a 30 metros,

onde ocorre um novo aumento na declividade.

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Algumas feições foram identificadas ao longo desta área

aproximadamente plana, como grandes marcas de ondas ou pequenas dunas

submersas (entre 1 e 2,5 metros de altura), observadas nos perfis A, B, C, E, F, G

e I, além de superfícies recifais, observadas nos perfis A, B, F, G, H, I, J e K. O

relevo dos recifes varia entre 0,5 e 2,5 metros dependendo da rugosidade e da

cobertura viva presentes nestes locais.

Em direção costa afora, a uma distância de 17 quilômetros, a

profundidade varia rapidamente de 30 a 50 metros, apresentando topografia com

rampas e degraus e gradiente médio de 1:200. Em alguns locais as rampas são

muito acentuadas apresentando gradientes de 1:50 à 1:15, similar a locais de

talude continental.

Nos perfis de B a E, a uma distância de 16 quilômetros da costa, é

observada uma variação local negativa e posteriormente positiva, com

aproximadamente 4 a 5 metros de mudança topográfica entre as bordas leste e

oeste e largura de cerca de 1 quilômetro. Esta feição localiza-se no limite costa

afora da ramificação sul do paleo-canal.

O mapa batimétrico em planta apresenta além das isóbatas (Bat), linhas

tracejadas com as principais feições morfológicas (alinhamentos recifais – Lr e

paleo-canal – Pc), a posição dos perfis perpendiculares à costa, os principais

pontos de pesca na região (Ppm), além das superfícies recifais mapeadas para a

área de estudo.

Os recifes mapeados são classificados como: recifes praiais, aqueles

localizados sobre a linha de costa ou praia atual (Rp); recifes intermarés, aqueles

diariamente expostos ou recobertos pela ação das marés (Ri); recifes submersos

rasos, aqueles localizados nas áreas inframaré até 4 metros de profundidade

(Rrv); recifes submersos rasos, com localização aproximada através de

comunicação pessoal com pescadores da região, porém ainda não validados

(Rrp) e; recifes submersos fundos, aqueles mapeados em profundidades maiores

que 12 metros (Rf).

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Figura 4.1. Mapa de isóbatas gerado a partir dos dados do ecobatímetro monofeixe e respectivos perfis topográficos perpendiculares à costa, de A (Sul) à K (Norte), com eixos verticais em metros e horizontais em quilômetros. Observa-se no mapa em planta, tracejado em verde, os lineamentos recifais e em azul, o paleo-canal. As principais feições encontradas estão destacadas nos perfis topográficos.

Badejo

Controle Topográfico

Paleo canal

Paleo Canal ou Vale Submerso Cabeço do

Leandro

João Ninguém

Duna submersa

Recife submerso

Recife intermarés

Recife raso

Ramificação Norte do Paleo canal

Controle Topográfico

Barreirinhas

Pedra do Velho

Duna submersa

Recifes?

Mestre Vicente

Baixas

Degrau prévio a quebra da Plataforma

Duna submersa

Pedra do Felipe

Antonio Novo

Pedra Fogo

Recifes?

Recifes?

Paleo-canal externo

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O aspecto tridimensional do modelo digital do terreno - MDT (Figura 4.2) favorece

a observação em ângulo da morfologia de fundo, feições principais e sua

distribuição na plataforma. Nesta figura observa-se a incisão e a forma do paleo-

canal submerso, que se inicia próximo ao extremo sudoeste, apresentando no

início orientação S-N e em seguida duas subdivisões no sentido E-W até a porção

externa da plataforma.

A plataforma é praticamente plana após a área costeira, apresentando um

embaiamento submerso a profundidades entre 10 e 12 metros, acompanhando a

enseada de Cotovelo-Pium. A partir deste ponto até profundidades em torno de

16 metros, a feição mais proeminente é o paleo-canal, quando iniciam rampas e

batentes, mais frequentes em direção costa afora, com o aumento da

profundidade no limite leste da área.

Duas superfícies recifais podem ser observadas claramente, localizadas

entre as duas vertentes E-W do paleo-canal: Barreirinhas, a uma profundidade de

14 a 15 metros e outro recife, mais profundo a cerca de 24 metros. Outra

superfície recifal que se destaca próxima à costa são os recifes intermarés e

rasos, próximo ao limite sudoeste e ao início da incisão do paleo-canal. Os

lineamentos recifais principais observados na plataforma, estão representados por

estas três superfícies mapeadas, sendo possível observá-los através da linha

tracejada em branco.

Apresentado na figura 4.3 em três visões tridimensionais com diferentes

ângulos, o mapa de declividade, mostra na coloração vermelha as maiores

variações em rampas (4 a 4,6º), associadas à proximidade com a costa e aos

degraus/batentes, na porção externa da plataforma. O limite costa afora dos

recifes intermarés e rasos apresenta inclinação topográfica de gradiente 1:20. Nas

áreas dos degraus externos, as rampas apresentam variações de 1:50 na porção

nordeste e 1:15 na porção sudeste. Também é possível observar as bordas dos

vales do paleo-canal e sua distribuição S-N e posteriormente E-W em suas duas

ramificações. As demais variações estão relacionadas aos controles topográficos

ligados aos alinhamentos recifais.

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Figura 4.2. Modelo digital do terreno (MDT) regional, obtido a partir dos dados de batimetria monofeixe. Observa-se no MDT as principais feições e a

morfologia da área de estudo, além da distribuição dos principais lineamentos recifais, tracejados em branco.

Figura 4.3. Mapas de declividade evidenciando a distribuição de áreas planas e inclinadas, com destaque para os degraus ou batentes inclinados da

plataforma externa (gradientes 1:50 à 1:15), as duas vertentes principais E-W do paleo-canal e a elevada inclinação próxima à costa (gradiente 1:20).

Paleo-canal

Recifes intermarés

Barreirinhas

Recifes

Paleo-canal externo

Degraus (1:50) Recifes

Barreirinhas

Recifes intermarés Paleo-canal

Degraus (1:15)

Gradiente (1:20)

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4.2. Batimetria em detalhe – sonar multifeixe

Os mapas gerados a partir da sonda multifeixe (figura 4.4) mostram

informações em detalhe para quatro áreas, que envolvem os recifes ou locais de

pesca: Barreirinhas e Mestre Vicente (A); Pedra do Velho (B); Pedra do Lima e

sem nome (C) e Antonio Novo e Pedras Fogo e Felipe (D).

As superfícies recifais, de maneira geral, se elevam pouco em relação ao

fundo e neste levantamento algumas superfícies foram mapeadas apenas em

parte, não sendo possível o reconhecimento da totalidade de seus limites. No

capítulo 5, através de dados de sonar de varredura é possível a delimitação exata

das superfícies recifais mapeadas.

A área que envolve os recifes de Barreirinhas e Mestre Vicente (Figura

4.4A) apresenta pequenas ondulações (menores que 1,5 metro), podendo ser

relacionadas a marcas de ondas ou pequenas dunas submersas. As superfícies

recifais surgem a partir de elevações que se iniciam em cerca de 18 metros de

profundidade. Mestre Vicente apresenta formato aproximadamente circular, com

rugosidade de cerca de 2 metros em relação ao fundo, atingindo 16 metros de

profundidade em seu topo. Barreirinhas é composto de quatro áreas recifais, das

quais três foram observadas em sua totalidade e a área principal mapeada

parcialmente. A rugosidade dos recifes de Barreirinhas é de aproximadamente 2

metros em relação ao fundo, e o topo da superfície recifal atinge cerca de 14

metros de profundidade. O conjunto do corpo recifal apresenta orientação NNW-

SSE, similar à da linha de costa. Estes corpos recifais são descritos com mais

detalhes no capítulo 5.

O entorno de Pedra do Velho (Figura 4.4B) apresenta detalhes dos vales

norte e sul do paleo-canal entre 15 e 17 quilômetros da costa. Nesta área é

possível observar os vales que exibem variação negativa de 2 a 3 metros, com

sentido de drenagem (E-W) em direção à quebra da plataforma. Pedra do Velho

localiza-se na margem sul do paleo-canal sul, apresenta uma variação positiva de

2 metros no relevo em relação à margem do canal e pequena rugosidade de

aproximadamente 1 metro, com o topo atingindo entre 20 e 21 metros de

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profundidade. Localizada 15 quilômetros a leste da praia de Pium e 2,5

quilômetros a leste dos recifes de Barreirinhas e Mestre Vicente, os mais

próximos, esta superfície recifal não está alinhada às demais, apresentando

orientação ESE-WNW.

A área de Pedra do Lima (Figura 4.4C), localizada no extremo sudeste da

área de estudo exibe as superfícies recifais que compõem Pedra do Lima e Pedra

sem nome, além de relevo pouco acidentado no entorno. Pedra do Lima se

apresenta com três áreas recifais totalizando 1,3ha, rugosidade de cerca de 2

metros, elevando-se desde 23 metros de profundidade com o topo das estruturas

a 21 metros. A distância destes recifes em relação à costa é de 13,6 quilômetros

em direção leste desde Pirangi do Sul. Os recifes de Pedra do Lima encontram-se

no mesmo alinhamento dos recifes Pedra do Felipe e Pedra Fogo,

aproximadamente 13 quilômetros para sul e com alinhamento similar. Seguindo o

mesmo alinhamento, a uma distância de 1,5 quilômetro para sul, surge a Pedra

sem nome (Figura 4.4C), uma pequena área recifal com cerca de 0,5ha e

profundidade entre 22 e 23 metros, com pequena rugosidade (cerca de 1 metro).

Pedras do Felipe, Fogo e o ponto de pesca Antonio Novo, observados na

Figura 4.4D, foram mapeadas em uma área mais externa da plataforma, sendo

possível a observação de dois degraus ou batentes bem pronunciados, o primeiro

entre as isóbatas de 24 e 26 metros e o segundo relacionado a Antonio Novo,

com variação de 30 à 34 metros. Antonio Novo é um local reconhecido de pesca,

não classificado como recife, apresentando-se como uma área de grande

declividade em formato côncavo. Apenas parte dos recifes Pedra do Felipe e

Fogo, com profundidade de cerca de 20 metros e 2 metros de rugosidade, foram

mapeados neste levantamento. Também foi encontrada uma pequena superfície

recifal com topo a 26 metros de profundidade, localizada 500 metros a sul de

Antonio Novo.

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Figura 4.4. Modelos digitais de elevação para os dados de batimetria multifeixe, evidenciando em detalhe as quatro áreas levantadas: A –

Barreirinhas, Mestre Vicente; B – Pedra do Velho; C – Pedra do Lima e sem nome; D – Pedras do Felipe, Fogo e Antonio Novo.

A B

C D

Pedra sem nome

Pedra do Lima

Antonio Novo

Pedra Felipe Pedra Fogo

Recife isolado

Pedra do Velho

Barreirinhas

Mestre Vicente

Paleo-canal

Localização das áreas levantadas:

A B

C

D

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4.3. Geomorfologia da Plataforma

A plataforma continental Leste do Rio Grande do Norte, apresenta a

mesma orientação e é contígua as plataformas da Paraíba e Pernambuco, o que

lhe confere muitas similaridades, tanto referentes ao perfil batimétrico e largura,

como às características dos substratos.

Como características gerais, este trecho da plataforma apresenta largura

relativamente reduzida, entre 15 e 35 quilômetros, pouca profundidade (média

entre 13 e 25 metros) e declividade suave, entre 0,2 a 0,5º até a porção externa

(profundidades entre 40 e 60 metros), quando ocorre relativo aumento de

declividade devido à presença de batentes relacionados à quebra da plataforma

(Knoopers et al., 1999; Manso et al., 2003; Araújo et al., 2004; Vital et al., 2010;

Monteiro, 2011).

Seguindo um padrão comum para plataformas tropicais mistas de

margem passiva (Sanders, 1968; Knoppers et al., 1999; Orpin et al., 2004), tanto

em sua porção interna, como externa, a plataforma leste potiguar, apresenta-se

com baixo gradiente de variação no relevo em grande parte de sua área. Os

maiores gradientes (de 3 a 4,6º de variação), foram encontrados nas áreas

próximas às praias, posteriormente ao alinhamento dos recifes intermarés e rasos

e, na área externa da plataforma, onde se apresentaram degraus ou batentes.

O aumento no gradiente de declividade com rampas bem pronunciadas e

presença de degraus ou batentes, em áreas vizinhas à quebra da plataforma

nordeste do Brasil (Manso et al., 2003; Araújo et al., 2004; Morais et al., 2009;

Vital et al., 2010; Gomes & Vital, 2010), sugere o início da quebra junto ao limite

leste da área de estudo, a partir dos perfis G e H.

Ao norte dos perfis G e H, em profundidades entre 50 e 60 metros, foram

encontrados os referidos batentes ou degraus com rampas em gradiente de

variação angular (1:15), similares aos de talude continental. Este limite ocorre

entre 20 e 22 quilômetros da costa, ao largo das praias de Pium e Barreira do

Inferno. Ao sul do perfil G ocorre uma mudança na orientação da costa em

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direção leste, com o mesmo comportamento observado na porção externa da

plataforma, não evidenciando a proximidade com a quebra.

Ocorrendo desde a zona litorânea até a quebra, geralmente alinhados

com a linha de costa atual, ou a alinhamentos litorâneos pretéritos, os arenitos de

praia, representam feições proeminentes na morfologia da plataforma.

Diversos autores referem-se a estas superfícies, como antigas linhas de

costa (Mabesoone, 1964; Kempf et al., 1967; Mabesoone & Coutinho, 1970;

Hopley, 1986), marcando a posição do nível do mar no decorrer do histórico de

variações eustáticas (transgressões e regressões marinhas), também

influenciadas por tectonismo e isostasia (modificações no equilíbrio do nível

relativo dos continentes).

Estes arenitos são originados em zonas intermarés, quando ocorre a

cimentação do sedimento praial pela presença de carbonato de cálcio,

preservando a evidência da posição da linha de costa no período da calcificação

(Ferreira Júnior, 2005; Gomes & Vital, 2010; Cabral Neto, 2014).

As variações eustáticas, ou de nível do mar, são controladas basicamente

por períodos glaciais e interglaciais, promovendo a exposição ou recobrimento

das águas sobre a área da plataforma continental. O último período glacial

máximo (aproximadamente 12.000 anos atrás) promoveu a regressão marinha

para a borda das plataformas continentais rasas tropicais (Tintelnot, 1995;

Fleming et al., 1998; Hanebuth et al., 2009; Clark et al., 2009).

Este evento permitiu com que a plataforma permanecesse emersa

durante parte do período Quaternário, proporcionando o transporte e deposição

de sedimentos terrígenos em locais de talude continental, além da formação de

vales fluviais e linhas de costa em diferentes posições. Posteriormente a este

período máximo glacial ocorreram variações de nível do mar, com rápidas subidas

de nível (transgressão marinha) até a posição atual (Bezerra et al., 2003; Barreto

et al., 2004; Caldas et al., 2006; Sttatteger et al., 2006).

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Durante períodos transgressivos ocorreram momentos de estabilização,

marcados pela presença dos lineamentos de arenitos de praia, seguidos de uma

variação na inclinação do perfil da plataforma, formatando um controle topográfico

(Sttatteger, et al., 2006; Camargo et al., 2007).

Os arenitos de praia, observados junto às praias e costa afora do Rio

Grande do Norte são correlatos petrograficamente e petrologicamente, portanto

concordantes quanto à composição e formação ou processo diagenético (antigos

depósitos de praia), representando paleo-linhas de costa possivelmente formadas

entre 12 e 7mil anos atrás (Stattegger et al., 2006; Santos et al., 2007; Gomes &

Vital, 2010; Cabral Neto, 2010; 2013; Gomes et al., 2015).

Na área de estudo, a distribuição dos corpos recifais apresenta um

padrão de lineamentos no sentido NNW – SSE, em um total de quatro, similar à

linha de costa atual.

O primeiro alinhamento ocorre adjacente às praias e foi classificado por

Bezerra et al., (2003) como depósito do período Holoceno médio, datados de

5.600 – 7.400 anos antes do presente (corpos mais extensos) e 4.380 – 5310

anos antes do presente (corpos menores). O segundo, que envolve os recifes

intermarés e rasos, próximo à praia na porção sul, entre 800m e 1,2 quilômetro da

costa na área central e a uma média de 2,5 a 3,5 quilômetros na porção norte. O

terceiro alinhamento encontra-se a profundidades entre 13 e 20 metros nos quais

fazem parte os recifes de Barreirinhas e Pedra dos Meros e o quarto, mais

profundo (20 a 32 metros), seguindo o alinhamento de Pedra Fogo, Felipe e do

Lima.

A posição do terceiro alinhamento, com um posterior controle topográfico

bem marcado (promovendo variações na ordem de 2 a 4 metros) ao longo de

toda a área, sugere um nível de estabilização da costa a uma profundidade de 20

metros. Apresenta orientação similar a da linha de costa atual (NNW-SSE),

entretanto com um padrão mais retilíneo para a linha de costa pretérita.

Posteriormente ao quarto alinhamento, também é marcada a presença de um

nível de estabilização, com variação similar ao terceiro já a profundidades em

torno de 25 metros. Níveis de estabilização localizados em situações bastante

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similares aos encontrados são observados desde a plataforma do Ceará até

Pernambuco (Araújo & Freire, 1997; Caldas, 2002; Manso, et al., 2003; Araújo, et

al., 2004; Ferreira Júnior, 2005; Camargo et al., 2007; Morais et al., 2009; Vital et

al., 2010; Cabral Neto et al., 2013; Gomes et al., 2015).

Também ocorrem superfícies recifais de forma isolada, como Pedra do

Velho, além de conjuntos de recifes próximos como em Barreirinhas e Pedra Fogo

(descritos em detalhe no capítulo 5). Estes conjuntos podem representar feições

recifais únicas, caso as porções entre eles estejam recobertas por sedimentos,

podendo ser retrabalhados eventualmente por correntes de fundo que exponham

a área total. Como exemplo, caso o corpo recifal principal de Barreirinhas esteja

unido aos recifes próximos, a superfície recifal poderá atingir estimados 23.5ha e

2 quilômetros de perímetro, cerca de oito vezes maior do que a observada

(2.9ha).

Outro importante componente da geomorfologia na área é o vale

submerso ou paleo-canal encontrado. Estes vales são formatados em períodos de

nível do mar mais baixos que o atual e frequentemente relacionados a períodos

de maior competência e vazão dos rios (Mayewski, et al., 2004; Anderson et al.,

2011). Os vales incisos são comuns na plataforma tropical brasileira, compondo

feições de grande relevância para a compreensão da evolução histórica desta

plataforma (Schwartzer et al., 2006; Lima & Vital, 2006; Camargo et al., 2007;

Gomes, 2009; Vital et al., 2010; Gomes & Vital, 2010).

O paleo-canal mapeado pode estar relacionado ao vale fluvial do Rio

Pirangi, entretanto a incisão do canal na plataforma ocorre próxima ao extremo

sul da área e deslocada, com relação à posição da desembocadura, em

aproximadamente 3 quilômetros para sul. Após assumir a orientação S-N

inicialmente, em determinado ponto o canal subdivide-se em dois ramos, com

direção de drenagem E-W, distando cerca de 4 quilômetros um do outro. Esta

alteração pode estar relacionada ao abandono de um dos canais em determinado

período, provocado por variação na drenagem ou por deposição sedimentar.

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A mudança de orientação observada no paleo-canal pode demonstrar

algum controle geológico orientando os canais inicialmente em sentido S-N, para

posteriormente tomarem o sentido E-W nas áreas médias e externas da

plataforma leste de Pernambuco ao Rio Grande do Norte (Manso et al., 2003;

Schwartzer et al., 2006; Lima & Vital, 2006; Camargo et al., 2007; Monteiro,

2011). Este canal, especificamente, pode ter tomado o sentido S-N devido à

barreira física promovida pelos recifes costeiros, hoje em posição intermaré ou

rasa (até 4 metros de profundidade).

A preservação da forma do paleo-canal submerso esta relacionada à

ausência ou pequena taxa de deposição sedimentar atual nesta área, assim como

descrito para outros paleo-canais encontrados em plataformas mistas próximas,

onde os sedimentos constituintes são em grande parte relíquia de períodos

deposicionais anteriores ao atual (Swift & Thorne, 1991; Schwartzer et al., 2006;

Lima & Vital, 2006; Camargo et al., 2007; Vital et al., 2010; Gao & Collins, 2014).

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Capítulo 5 - Heterogeneidade do substrato plataformal adjacente a Pirangi

_________________________________________________________________

5.1. Análise sedimentar – tipo de substrato, composição e textura

A análise verifica uma distribuição de sedimentos mais grossos na porção

exterior da plataforma enquanto que, na plataforma interna, notadamente nas

proximidades com a costa predominam areias médias e finas. Na plataforma

interna a superfície do leito marinho (desde a costa até 13 a 15 metros de

profundidade) é composta basicamente por sedimentos terrígenos, com as

menores concentrações de carbonato encontradas próximo à costa (concentração

menor a 7,5%) e em amostras coletadas nas profundidades localizadas entre 8 e

12 metros (<21%), demonstrando assim grande influência continental na

composição dos sedimentos de superfície.

Seguindo o alinhamento dos recifes intermarés e rasos – a partir da costa

até a distância aproximada de 500 metros costa afora no setor sul e por volta de

2,5 quilômetros na extremidade norte – ocorre aumento da concentração de

carbonatos em uma área relativamente rasa (variando entre 2 e 7 metros de

profundidade). Tal aumento é principalmente observado na amostra AM01,

localizada sobre o alinhamento dos recifes (ver tabela 3), contendo 85,31% de

carbonato, bem como, nas amostras vizinhas ao alinhamento, com concentrações

variando entre 31,2% (AM16) a 56,75% (#1). Esta mistura com elevada

concentração de carbonato se deve a presença dos recifes, enquanto importante

agregador de organismos fonte de carbonatos.

Mudanças no padrão sedimentar são observadas após as profundidades

localizadas entre 13 e 15 metros (Figura 5.1), havendo predominância de

sedimentos biogênicos na fração cascalho. As amostras desta porção externa da

plataforma são basicamente compostas por cascalhos biogênicos em frações

maiores que 2mm, algas calcáreas (rodolitos).

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Referente aos teores de matéria orgânica (Figura 5.2), o mapa revela

níveis mais baixos de concentração na plataforma interna (até 5,3%), elevando

sua concentração a partir de aproximadamente 13 metros de profundidade. Os

valores mais elevados são encontrados na plataforma externa (concentração

entre 7 e 9%), com o valor máximo localizado no extremo nordeste (área próxima

à quebra da plataforma), conforme amostra #9.

Importante ressaltar a similaridade encontrada entre teor de carbonato e

matéria orgânica. As amostras onde foram encontrados maiores teores de

carbonatos similarmente apresentaram maiores teores de matéria orgânica.

Somente as amostras AM01 e #12 (ver tabela 3) apresentaram padrão divergente

ao descrito, onde foram observados baixo teor de matéria orgânica (menor que

1%) e elevado teor de carbonato (superior a 85,31%), provavelmente devido a

uma característica pontual da amostragem.

Referente aos padrões texturais encontrados (mapa faciológico, Figura

5.3), apenas a porção interior dos recifes rasos e intermarés apresentou lama de

origem basicamente mista (entre 40 e 48% de carbonato) – LL1x. Nas demais

áreas próximas à costa foi observado predomínio de areias siliciclásticas finas a

médias, até profundidades de 13 a 15 metros – AS1b.

Os sedimentos de origem terrígena foram localizados restritamente a uma

distância de 4,5 quilômetros na área central e a uma estreita faixa nas porções

norte e sul (cerca de 2 quilômetros), sendo em sua grande maioria areias

siliciclásticas – AS1b. Sobre e também no entorno dos recifes rasos e intermarés,

ocorre presença de areias silici-bioclásticas e bioclásticas (AS2b e AB2b) em uma

zona de mistura, promovida pela presença da superfície recifal e organismos

associados. Com o aumento da profundidade – após 15 metros – ocorre uma

sucessão de fácies, transitando de areias silici-bioclásticas (AS2b) para cascalhos

bioclásticos (CB2), os quais dominam a cobertura sedimentar da plataforma

externa.

A tabela 2 exibe os pontos de coleta de sedimentos nas duas campanhas

realizadas e suas características composicionais em porcentagem, além da fácies

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correspondentes aos locais amostrados. Estes dados foram interpolados para a

geração dos mapas apresentados na sequência.

Tabela 2. Dados das amostras sedimentares coletadas para composição dos mapas de teores de carbonato e matéria orgânica e mapa faciológico.

Campanha 1

Amostra % Mat. Orgânica % Carbonatos %>2mm Fácies Observação

AM01 0,68 85,31 12,41 AB2a

AM02 1,12 7,04 6,45 AS1b

AM03 2,58 2,27 8,82 AS1b

AM04 8,12 73,42 45,24 CB2

AM05 9,23 95,62 85,12 CB2 Rodolitos

AM06 8,57 94,70 22,41 CB2 Rodolitos

AM07 8,49 98,36 26,17 CB2 Rodolitos

AM09 8,02 96,82 57,49 CB2 Rodolitos

AM10 8,36 90,47 61,36 CB2 Rodolitos

AM11 2,29 3,25 5,14 AS1b

AM12 2,51 7,54 8,95 AS1b

AM14 3,08 48,10 1,15 LL1x

AM15 2,13 40,69 3,81 LL1x

AM16 2,47 31,20 12,64 AS2b

AM17 2,06 36,37 15,79 AS2b

Campanha 2

Amostra % Mat. Orgânica % Carbonatos %>2mm Fácies Observação

#1 5,30 56,75 27,47 AS2b Rodolitos

#2 2,49 18,78 9,52 AS1b

#3 2,39 21,09 8,69 AS2b

#4 2,08 16,93 1,17 AS2b

#5 8,99 98,23 65,43 CB2 Rodolitos

#6 8,45 95,53 60,03 CB2 Rodolitos

#7 8,33 99,10 30,65 CB2 Rodolitos

#8 7,96 93,91 12,51 CB2

#9 14,39 98,14 19,75 CB2

#10 8,56 93,38 31,08 CB2 Rodolitos

#11 7,04 94,57 23,59 CB2 Rodolitos

#12 0,15 97,14 34,60 CB2 Rodolitos

#13 8,21 97,02 28,21 CB2 Rodolitos

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Figura 5.1. Mapa de porcentagem de conteúdo de carbonato nas amostras, contendo os locais de coleta das amostras sedimentares, principais pontos de pesca e áreas recifais, além das isóbatas para a área de estudo.

Figura 5.2. Mapa de porcentagem de conteúdo de matéria orgânica nas amostras, contendo os locais de coleta das amostras sedimentares, principais pontos de pesca e áreas recifais, além das isóbatas para a área de estudo.

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Figura 5.3. Mapa faciológico contendo os locais de coleta das amostras sedimentares, principais pontos de pesca e áreas recifais, além das

isóbatas para a área de estudo.

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5.2. Análise textural em detalhe – Sonar de varredura lateral

As imagens obtidas através de sonar de varredura lateral permitiram uma

melhor identificação da forma e textura de diferentes feições de fundo em duas

áreas de recobrimento em formato retangular. Foi possível a diferenciação e

determinação de limites entre as diferentes superfícies consolidadas e

inconsolidadas, devido à variação nos padrões de reflexão entre os contatos.

A área 1, entre as profundidades de 14 e 24 metros, está localizada a

uma distância de oito quilômetros de Pirangi do Norte (parte sul) e 11 quilômetros

da Barreira do Inferno (parte norte), medindo 6,5 quilômetros de comprimento e

1,85 quilômetro largura. A área 2, entre as profundidade de 22 e 34 metros, dista

2 quilômetros para leste da área 1, seguindo mesma orientação (norte-sul),

posição referente à costa e comprimento, porém largura um pouco maior (2,8

quilômetros), conforme demonstrado na Figura 5.5.

Na área 1, a maior superfície recifal encontrada foi a de Barreirinhas

(Figura 5.4), localizada a 12 quilômetros a leste da praia de Cotovelo, desde o

ponto mais próximo em terra (Pirangi do Sul) em direção ENE. Barreirinhas surge

a uma profundidade de 14 a 15 metros, apresentando feições recifais próximas,

com textura divergente da superfície carbonática do entorno. O recife principal

segue a orientação NW-SE, com aproximadamente 340 metros de comprimento e

100 metros de largura em sua porção NW, estreitando a largura para 40 metros

no centro e 30 metros na porção SE. A área estimada deste corpo principal é de

19.046m2 ou 1.9ha com um perímetro de 750 metros. Além do recife principal

quatro outras superfícies recifais de características similares foram encontradas

no entorno a uma curta distância (150 a 300 metros). Estes recifes mostram áreas

de 5.639m2, 3.340m2, 807m2 e 446m2.

A 750 metros de distância, em direção NNE, localiza-se o recife de Mestre

Vicente, posicionado 13 quilômetros costa afora desde a praia de Pium. Este

recife surge a uma profundidade de 18 metros em formato circular, com

dimensões de 60 metros de comprimento e 55 metros de largura. Mestre Vicente

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apresenta textura e rugosidade similares aos recifes que compõem Barreirinhas.

A área deste recife é de 2.137m2 ou 0.21ha e seu perímetro é de 187 metros.

Pedra dos Meros é um recife isolado, localizado no mesmo alinhamento

de Barreirinhas, porém a 3,25 quilômetros ao norte e a uma profundidade de 18

metros. Apresenta-se levemente alongado, medindo 36 metros de comprimento

por 25 metros de largura, com área de 650m2 e perímetro de 96 metros. Próximo

a esta formação, dois outros recifes foram observados a 240 metros de distância

em direção ENE, com formato similar ao principal e áreas um pouco menores

(415m2 e 200m2). A textura de Pedra dos Meros e dos recifes próximos é

relativamente mais rugosa do que a dos demais encontrados na área 1.

Na área 2 foram mapeadas feições já reconhecidas como pontos de

pesca ou mergulho e outras superfícies recifais até então desconhecidas. No

extremo noroeste, na área de Pedra Fogo (Figura 5.5) foi encontrado o

alinhamento de cinco corpos recifais estreitos com orientação SSE-NNW,

distantes de 15 a 50 metros entre si. As dimensões destes recifes são variáveis,

com o menor apresentando área de 583m2, perímetro de 105 metros, largura de

25 metros e comprimento de 45 metros. O recife principal apresenta área de

3.660m2, perímetro de 331 metros, largura média de 30 metros e comprimento de

150 metros. Os demais corpos recifais ali encontrados apresentam áreas de

2.307m2, 726m2 e 681m2. Estes recifes ocorrem a profundidades de cerca de 23

metros, apresentando rugosidade de aproximadamente 2 metros em relação ao

fundo.

Pedra do Felipe é um recife alongado, com formato similar ao dos recifes

de Pedra Fogo, com comprimento de 145 metros, largura média de 17 metros,

área de 1.966m2 e perímetro de 302 metros. Esta superfície recifal está a 25

metros de profundidade, apresenta rugosidade similar e segue a mesma

orientação de Pedra Fogo, do qual dista cerca de 1 quilometro para sul. Tanto

Pedra Fogo como Pedra do Felipe estão a uma distância de 16,2 quilômetros a

leste da praia da Barreira do Inferno.

Antonio Novo é um local de pesca conhecido na região, porém não consta

nos registros de multifeixe e sonar de varredura como uma superficie recifal e sim,

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como uma área de variação acentuada no relevo, formando um pequeno

embaiamento a profundidades entre 30 e 36 metros. O embaiamento possui

orientação N-S, largura de 500 metros e uma variação de cerca de 6 metros no

relevo que ocorre em menos de 100 metros de distância. A área de Antonio Novo

foi a superfície mapeada mais externa com relação a costa, encontrando-se a 15

quilômetros de distância de Pirangi do Sul em direção ENE.

Além destes, outros recifes ainda não conhecidos foram mapeados: três

alinhados com Antonio Novo, com áreas de 4.919m2, 2.274m2 e 1.895m2, um

alinhado a Pedra do Felipe com 728m2 e outro próximo a este com 645m2.

A textura das áreas recobertas pelos sedimentos inconsolidados

apresenta em grande parte da área 2, basicamente superfícies carbonáticas

planas enquanto na área 1 há uma mescla de superfícies onduladas (marcas de

onda e pequenas dunas) (Figura 5.4). A variação textural promovida pelas marcas

onduladas é clara, mostrando a orientação basicamente no sentido NW-SE,

pouco largas, de 8 a 50 metros, com alturas entre 1 a 2,5 metros e com grande

variação em seus comprimentos, de 20 a 800 metros.

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Figura 5.4. Área (1) mapeada através do método sonar de varredura lateral após processamento com a leitura dos diferentes padrões

observados. As áreas recifais encontram-se em vermelho e as pequenas dunas submersas em amarelo no mapa de leitura dos padrões.

Superfícies recifais de Barreirinhas tracejadas em vermelho e feições dunares em amarelo no detalhe.

Figura 5.5. Área (2) mapeada através do método sonar de varredura lateral após processamento e posterior leitura dos diferentes padrões

observados. As áreas recifais encontram-se em vermelho no mapa de leitura dos padrões. Superfícies recifais de Pedra Fogo tracejadas em

vermelho.

Área 1

0 1,5 3km

Dunas

Barreirinhas Barreirinhas

Dunas submersas

Mapa de Localização na área de pesquisa:

Pedra Fogo

Fundos planos

0 1,5 3km

Mapa de localização na área de pesquisa:

Área 2

Recifes

Dunas Subm.

Pedra

Superfície carbonática plana

Recifes

Recifes

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5.3. Heterogeneidade da Plataforma

As subdivisões da plataforma nesta porção do Nordeste do Brasil podem

ser caracterizadas, conforme discutido por Knoopers et al. (1999), Testa &

Bosence (1999), Araújo et al. (2004), Gomes & Vital (2010), Vital et al., (2010),

Vital (2014) e Gomes et al., (2015) em plataforma interna, média e externa, em

conformidade às características sedimentares, distribuição de alinhamentos

recifais, padrões de declividade e variações de profundidade encontrados.

A amostragem sedimentar proporcionou a identificação de áreas com

material terrígeno, sedimentos mistos e predominantemente carbonáticos, de

finos a grossos, demonstrando que a área de plataforma interna (sedimentos

terrígenos) é bastante estreita com relação à distribuição observada em setores

mais ao norte da plataforma potiguar (Testa & Bosence, 1999; Vital et al., 2005).

Entretanto é similar à observada para setores ao sul, envolvendo as plataformas

de Pernambuco e Paraíba (Manso et al., 2003; Araújo et al., 2004; Almeida &

Manso, 2011; Monteiro, 2011), onde a plataforma carbonática em alguns pontos

atinge menos de 1 quilômetro de distância da costa.

Próximo à área costeira observa-se a contribuição promovida pela

presença dos recifes intermarés e rasos à mistura sedimentar, tanto em porções

sobre os recifes, como também em uma área recoberta por sedimentos finos

(LL1x), anterior aos recifes. A ocorrência de sedimentos mistos próximos à costa

acontece principalmente devido aos recifes configurarem importantes áreas para

fixação e decomposição de organismos carbonáticos (algas, cnidários,

crustáceos, moluscos) (Wild, et al., 2005). O recobrimento por sedimentos finos

ocorre em uma área relativamente profunda comparativamente a áreas próximas,

devido à barreira hidrodinâmica promovida pelos recifes que bloqueiam a energia

da ondulação proveniente de E e SE (predominante neste local).

Feições sedimentares onduladas foram encontradas na área 1 da

plataforma externa através do levantamento por sonar de varredura lateral, em

profundidades localizadas entre 14 e 24 metros. Estas feições possuem uma

forma alongada, com padrão de orientação SE-NW, apresentando entre 1 a 2,5

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metros de altura e grande variação em seu comprimento, desde 20 metros até

800 metros. De acordo com Flemming (1978) e Ashley (1991), devido a sua

forma, organização e tamanho, são feições análogas a pequenas dunas

submersas ou grandes marcas de onda (mega-ripples). As pequenas dunas que

compõem o relevo cárstico da plataforma externa são geralmente estreitas, com

largura variável entre 8 e 50 metros e conformam um campo de dunas submersas

longitudinais.

Nas porções nordeste e norte da plataforma potiguar foram encontradas

feições similares a estes campos de dunas submersos, tanto em formato

longitudinal, quanto transversal, com distribuição mais abrangente e em locais

geralmente mais rasos, da plataforma interna ou média (Testa & Bosence, 1999;

Gomes & Vital, 2010; Gomes, et al., 2015). Entretanto, estes depósitos

apresentam matriz siliciclástica ou mista, divergindo das encontradas nesta

porção, de matriz carbonática.

Feições dunares submersas, de matriz siliciclástica, geralmente estão

relacionadas à deposição eólica durante períodos de nível do mar mais baixo,

sendo, portanto, sedimentos de deposição relíquia (Goff et al., 1999; Kubicki,

2008; Vital et al., 2010; Nichol et al., 2012). Já estas formas encontradas em

áreas de sedimentação superficial carbonática podem estar superficialmente

recobrindo sedimentos terrígenos relíquias ou estarem sendo formados por

correntes de fundo competentes. Na área 2 mais externa, não foram encontradas

tais feições, apenas largas áreas planas de cobertura superficial carbonática e

áreas consolidadas recifais espaçadas, provavelmente devido incompetência no

transporte e retrabalhamento sedimentar por correntes de fundo nestas porções

de maior profundidade.

O mapa faciológico (Figura 5.3) exibiu o padrão de distribuição das

diferentes fácies encontradas, demonstrando padrão de sedimentos mais finos

próximos à costa e grossos em sua porção externa. O mapa evidencia, ainda, o

limite para os sedimentos costeiros terrígenos, localizados a 2 quilômetros da

costa nos extremos sul e norte e a 4,5 quilômetros na porção central. Este fato,

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portanto, corrobora a subdivisão da plataforma em interna e externa a partir das

características sedimentares.

A plataforma nordeste do Brasil, em sua porção carbonática, consiste

primariamente de algas dos tipos halimeda, lithothamnium e rodolitos, fragmentos

de corais, conchas de moluscos e foraminíferos (Nascimento et al., 2010), sendo

algas do gênero Halimeda (Chlorophyta, Halimedaceae) e os rodolitos as maiores

responsáveis deste tipo de deposição, inclusive com a formação de bancos

exclusivamente compostos por rodolitos (Amancio, 2007). A respeito da região

nordeste potiguar, Testa & Bosence (1999) classificaram os sedimentos da

plataforma localizada a cerca de 60 quilômetros ao norte da área de estudo, como

algas vermelhas coralíneas, Halimeda e algas coralíneas articuladas,

representando assim mais de 80% da matriz sedimentar.

Nesse sentido, sugere-se que os sedimentos calcáreos os quais

recobrem as plataformas tropicais são geralmente relacionados à fragmentação

ou decomposição de algas calcáreas (Halfar et al., 2000). As amostras da porção

externa da plataforma apontam que na área de estudo, os rodolitos recobrem uma

vasta área e são os principais constituintes do fundo carbonático. Este material

que recobre o fundo, juntamente com a dissolução de carbonatos na água, pode

eventualmente formar lâminas rígidas, transformando assim o fundo

inconsolidado em consolidado – superfície cárstica – reconhecido por alguns

autores como recifes de algas (Goreau 1963; Hillis-Colinvaux, 1986; Bjork et al.,

1995).

Foraminíferos e algas coralíneas dominam as áreas de plataforma

externa na região setentrional do rio grande do norte (Gomes et al., 2015),

ocorrendo a cobertura de rodolitos principalmente após os 10 metros de

profundidade, enquanto que halimeda e rodolitos dominam as porções médias e

externas da região nordeste da plataforma potiguar (Testa & Bosence, 1999). Na

área estudada, o domínio se configura por rodolitos, a partir de 15 metros de

profundidade ao longo de toda a porção externa da plataforma, até o limite da

área de estudo a profundidades compreendidas entre 38 e 50 metros.

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Observado com valores menores em áreas de sedimentação terrígena e

maiores na plataforma externa, de sedimentação biogênica, o padrão de

distribuição de matéria orgânica pode ser relacionado à constituição destes

sedimentos e sua relação com os organismos vivos associados (Premuzik et al,.

1982). Os sedimentos predominantemente siliciclásticos não oferecem um

substrato tão consistente para colonização por organismos bentônicos, porém o

fundo carbonático constitui um importante substrato para a fixação de tais

organismos (i.e. algas e esponjas) (Premuzik et al,. 1982; Wild et al., 2005).

Esta região da plataforma apresenta muitas similaridades na sua

morfologia, principalmente com as plataformas da Paraíba e Pernambuco

(conforme descrito no capítulo 4), exibindo uma clara transição entre a área

recoberta por sedimentos de origem terrígena e biogênica, entre as isóbatas de

13 a 15 metros, em uma zona relativamente estreita (cerca de 2 quilômetros).

Este tipo de transição sedimentar, de areias terrígenas siliciclásticas finas a

médias para sedimentos carbonáticos compostos por cascalhos bioclásticos ou

rodolitos, é observada em várias plataformas mistas tropicais ao redor do globo

(Marshall et al., 1998; Coffey & Read, 2004; Nichol et al., 2012; Brandano &

Ronca, 2014), podendo estar diretamente relacionada à capacidade de

suprimento sedimentar recente.

O controle da distribuição do padrão de sedimentos superficiais

(terrígenos – biogênicos) na área de estudo não se dá pela presença de paleo

linhas de costa ou controles estruturais, como proposto por Ferro et al., (1999)

para plataformas mistas. Devido à pequena distribuição dos sedimentos

terrígenos, característica erosiva da costa, além de ocorrência de fundos

rochosos, paleo-vales não preenchidos e feições sedimentares lineares ou

onduladas relíquias, a plataforma pode ser considerada “faminta” por sedimentos,

assim como descrito para áreas próximas (Araújo, et al., 2004; Chaves et al.,

2006; Vital et al., 2008) e também áreas similares em outras plataformas

(Martinez & Cochram, 1988; Swift e Thorne, 1991; Riggs et al., 1998; Goff et al.,

1999; Denny et al., 2013; Reis et al., 2013; Gao & Collins, 2014) que apresentam

os sedimentos terrígenos relíquias, sem contribuição significativa de sedimentos

continentais recentes.

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A morfologia e composição sedimentar atual da plataforma é fortemente

influenciada por processos de eustasia com relativas variações de nível do mar no

decorrer do período Quaternário, quando eventos de regressão e transgressão

marinha determinaram padrões de sedimentação distintos para estas áreas

(Araújo & Freire, 1997; Riggs et al., 1998; Caldas et al., 2006; Vital et al., 2010;

Anderson et al., 2011; Nichol et al., 2012; Gao & Collins, 2014). Através do tempo

geológico a superfície da plataforma encontra-se em equilíbrio, ou seja, as

variáveis – mudanças do nível de base, entrada e saída de sedimentos, energia

hidrodinâmica e transporte sedimentar resultante – são combinadas para

constituir a morfologia de fundo e os depósitos sedimentares. Estas variáveis

definem características de erosão/deposição que variam ao longo do tempo Swift

& Thorne (1991).

A alternância na sedimentação carbonática e siliciclástica sobre a

plataforma ocorre seguindo diferentes domínios – dependentes da oscilação

eustática – com domínio de sedimentação siliciclástica em períodos de mar baixo

(quando a plataforma é exposta) e de sedimentação carbonática em períodos de

mar alto (quando a plataforma é submersa) (Wilson, 1967; Swift & Thorne, 1991;

Schlager, 2005; Nichol et al., 2012; Gao & Collins, 2014). A amplitude do domínio

carbonático, em períodos de mar alto, é dependente da deposição de sedimentos

continentais e de condições propícias para o desenvolvimento da deposição

biogênica (Gao & Collins, 2014). Em muitos casos a topografia cárstica

representa a superfície máxima regressiva, do último máximo glacial (Schlager,

2005).

Na área externa da plataforma, é notório o domínio de sedimentação

carbonática, inclusive em locais com a presença do campo de pequenas dunas

submersas longitudinais. Em alguns trabalhos anteriores, na plataforma potiguar,

estes campos de dunas foram descritos como estruturas eólicas formadas em

período de nível do mar baixo (Vital et al., 2008; Gomes & Vital, 2010) ou grandes

marcas de ondas ou dunas longitudinais – de constituição carbonática – formadas

por correntes de fundo competentes (Testa & Bosence, 1999). Devido à amplitude

e distribuição destes sedimentos carbonáticos na área que compreende as

profundidades de 14 e 24 metros, acredita-se que foram formadas de maneira

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similar às encontradas na porção nordeste da plataforma, conforme descrito por

Testa & Bosence (1999).

A característica sedimentar atual demonstra que os sedimentos

carbonáticos podem estar recobrindo inclusive áreas de sedimentação relíquia

terrígena. Isto corrobora a característica de elevada produção carbonática

recente, contribuindo para a formação dos sedimentos superficiais (Gao & Collins,

2014; Bastos, et al., 2015; Gomes et al., 2015). De tal modo, o controle da

sedimentação na plataforma se dá pela ausência de deposição terrígena

significativa recente e competência da sedimentação carbonática atual.

Por também não apresentar padrões diversos com relação à declividade –

tão claramente como em outros setores da plataforma a norte – sugere-se que

esta porção seja subdividida quanto à sua composição sedimentar bem marcada,

em plataforma interna (sedimentos terrígenos) e externa (sedimentos

carbonáticos), assim como outras plataformas tropicais de margens passivas ao

redor do globo e com características similares, como padrões de clima seco e

pequena descarga fluvial (Martinez & Cochram, 1988; Riggs et al., 1998; Marshall

et al., 1998; Orpin et al., 2004; Wheatcroft & Sommerfield, 2005; Gao & Collins,

2014).

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Capítulo 6 - Geomorfologia, substrato e habitat associados

_________________________________________________________________

A plataforma continental Leste do Rio Grande do Norte possui como

característica principal, fundos inconsolidados com limites bem definidos para a

sedimentação terrígena – siliciclástica e biogênica – carbonática, com os limites

da plataforma interna e externa demarcados de acordo com sua composição

sedimentar. Esta plataforma também apresenta superfícies rígidas, rochosas,

conformando fundos consolidados, ocorrendo desde a zona litorânea até a sua

quebra. De modo geral, estas superfícies (arenitos de praia – beachrocks),

ocorrem alinhadas à linha de costa atual ou a alinhamentos litorâneos pretéritos.

Representam antigas linhas de costa e marcam a posição relativa do nível do mar

no decorrer do histórico de variações eustáticas, também influenciadas por

tectonismo e isostasia.

Trabalhos prévios sobre a biodiversidade de Pirangi são estritamente

relacionados a estas superfícies consolidadas, com análises realizadas desde as

praias até profundidades de 26-28 metros. As informações bióticas provenientes

desses trabalhos possibilitam uma visão integrada destas superfícies, permitindo

uma comparação das informações pontuais (características bióticas) às

informações espaciais (características ambientais). Neste capítulo, são integradas

características abióticas e bióticas de fundos consolidados, relacionando-as aos

dados de habitat das superfícies mapeadas.

Na área de estudo, a distribuição das superfícies consolidadas se

apresenta em quatro lineamentos no sentido NNW – SSE, similares à linha de

costa atual. O primeiro alinhamento ocorre adjacente às praias; o segundo

envolve os recifes intermarés e rasos; o terceiro encontra-se a profundidades

compreendidas entre 12 e 18 metros, nos quais fazem parte os recifes de

Barreirinhas e Pedra dos Meros e o quarto, mais profundo (22 a 28 metros),

segue o alinhamento de Pedra Fogo, Felipe e do Lima.

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De acordo com Azevedo (2011) e Barboza (2014), os platôs, superfícies

dos beachrocks das áreas praiais, apresentam em suas porções emersas rochas

nuas e, nas áreas intermarés, cobertura variável de fauna e flora, sendo o

zoantídeo Zoanthus sociatus e algas ramificadas (algas pardas ramificadas

podem atingir 85% de cobertura neste substrato) os mais representativos (média

de cobertura de 20.6% e 20%, respectivamente). Já nas áreas submersas rasas,

estão presentes cobertura de areia, rodolitos e algas folhosas e filamentosas.

Ainda segundo os autores supracitados, esta superfície, em sua porção

intermarés, apresenta grande densidade de invertebrados bentônicos dos grupos

gastropoda (mollusca) e malacostraca (crustacea), com média de 14,1 e 7,1

indivíduos/m2, respectivamente, além de conter ouriços-do-mar. As áreas recifais

rugosas apresentam rocha nua (emersa) e, nas áreas intermarés, ainda um

predomínio de rocha nua (85%), seguido pela cobertura de algas filamentosas

(11,6%). Os grupos mais representativos da fauna intermarés encontrada neste

ambiente foram as cracas (maxillopoda -crustacea) e bivalvia (mollusca), com

média de 3049,8 e 54,2 indivíduos/m2, respectivamente, além de gastrópodes e

caranguejos.

Segundo Guimaldi (2014), os principais organismos bentônicos que

recobrem os substratos dos recifes fundos são as algas e esponjas, sendo os

corais encontrados com baixa abundância, se comparados aos demais grupos. As

algas, em seus principais grupos encontrados (folhosas e calcárias), recobrem

cerca de 72,15% dos substratos rochosos (com variação de ±18,65%); as

esponjas em suas variadas espécies recobrem 13,62% (±8,43%) e os corais

pétreos apenas 0,72% (±1,08%).

Na avaliação da complexidade recifal através do método de observação,

as maiores rugosidade e complexidade de habitat foram encontradas no recife

Pedra do Felipe enquanto que, as menores, foram observadas nos recifes Pedra

do Velho e Pedra do Felix. A maior variedade de formas de crescimento foi

encontrada no recife Mestre Vicente. Este apresentou grande cobertura de algas

folhosas (60,4%), seguido dos recifes Pedra do Lima (56,77%) e Pedra do Felix

(42,24%); já a Pedra do Felipe foi o recife que apresentou maior quantidade de

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cobertura por algas calcárias (45,21%), representando o dobro do recobrimento

por algas folhosas. A pedra do Felix foi o recife com maior cobertura de algas

filamentosas (25,8%) (Grimaldi, 2014).

Quanto à megafauna de invertebrados bentônicos, a maior abundância de

indivíduos por metro quadrado foi encontrada em Mestre Vicente, com 170

indivíduos/40m2. Já a Pedra do Lima apresentou 88 ind./40m2 e a Pedra do Felix

69,6 ind./40m2, sendo os recifes vastamente recobertos por esponjas, com

exceção do Cabeço do Leandro, onde os corais pétreos apresentaram cobertura

equivalente às esponjas. Quanto à riqueza de invertebrados, os recifes mais ricos

são: Cabeço do Leandro, com oito táxons encontrados e Pedra do Felipe com

sete, os demais apresentaram apenas quatro, dentre os onze grupos avaliados

(ascídias, caranguejos, camarão palhaço, corais duros e moles, esponjas,

estrelas do mar, gastrópodes, lagostas, ouriços, poliquetas e polvos) (Grimaldi

Op. cit.).

Cinco das feições recifais identificadas por Grimaldi (2014) foram

selecionadas para mapeamento de detalhe através de métodos hidroacústicos

(sonar de varredura lateral e batimetria multifeixe) e discutidas nesta tese. São os

recifes considerados fundos: Barreirinhas, Mestre Vicente, Pedra do Felipe, Pedra

do Velho e Pedra do Lima.

Souza (2015) em sua avaliação da estrutura da comunidade de peixes de

Pirangi, considerou as características de variação da complexidade estrutural do

habitat, cobertura de substrato e megafauna de invertebrados bentônicos ao

longo do gradiente de profundidade e distância da costa. Para esta avaliação

foram levantadas informações nos recifes praiais, rasos, intermarés e fundos

(Barreirinhas e Cabeço do Leandro).

A estrutura ictiofaunística mostrou predomínio de peixes comedores de

invertebrados (invertívoros) nos recifes fundos, um equilíbrio entre invertívoros e

herbívoros (comedores de algas) nos recifes rasos e intermarés e maior

quantidade de herbívoros associados aos recifes praiais (Souza, 2015). Este

trabalho corroborou as informações de cobertura bentônica para as áreas praiais,

rasas e fundas, demonstrando a sucessão observada nos trabalhos anteriores.

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A tabela 3 apresenta uma síntese dos elementos levantados nos

trabalhos de Azevedo (2011), Barboza (2014), Grimaldi (2014) e Souza (2015) na

região de Pirangi, concernentes às superfícies consolidadas praiais,

intermarés/rasas e fundas quanto à cobertura bentônica principal, composição da

megafauna dos invertebrados bentônicos, parâmetros da ictiofauna associada ao

fundo consolidado, biomassa por grupo trófico de peixes recifais e a abundância

de indivíduos jovens e adultos.

Tabela 3. Integração das informações dos trabalhos de Azevedo (2011), Barboza (2014),

Grimaldi (2014) e Souza (2015) para a região de Pirangi, contendo os atributos avaliados

para as superfícies recifais praiais, intermarés/rasas e fundas.

Superfícies Consolidadas

Praiais Intermarés Fundas Atributo

Cobertura Bentônica

45% 40% 45% Algas folhosas

17% 25% 5% Algas filamentosas

1% 0,50% 20% Esponjas

Composição da Megafauna de Invertebrados

Bentônicos

30% 48% 0% Coral mole

48% 38% 10% Coral duro

8% 2% 70% Esponjas

3% 5% 0% Ouriços

3% 2% 0% Gastrópodes

3% 1% 2% Lagostas

2% 2% 0% Polvos

1% 0% 10% Ascídias

2% 2% 8% Outros

Parâmetros da Ictiofauna Associada aos Fundos

Consolidados

45 51 54 Nº de espécies

0,98 1,41 1,98 Densidade (Ind./m2)

2,8 2,71 3,06 Diversidade – Índice:

(Shannon-Wiener)

11,1 25,5 152,6 Biomassa (g/m2)

Biomassa por Grupo Trófico de Peixes Recifais - (g/m2)

2,5 5,5 55 Invertívoros

5 13 24 Herbívoros

0,5 1,5 33 Planctívoros

1,6 1,5 21 Carnívoros

0,5 1,5 17 Onívoros

0,5 1 2,6 Piscívoros

0,5 1,5 0 Detritívoros

Porcentagem de Indivíduos

55% 45% 13% Jovens

45% 55% 87% Adultos

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As informações bióticas disponíveis para Pirangi apresentam algumas

características que diferenciam as superfícies consolidadas entre si. Com relação

à cobertura bentônica, as áreas de recifes praiais exibem basicamente rochas

nuas, já as intermarés e rasas, algas folhosas e filamentosas, com maior

quantidade de algas pardas nos recifes intermarés. As superfícies recifais fundas

apresentam uma relação distinta entre cobertura bentônica por algas e esponjas.

No terceiro alinhamento, há maior predomínio de algas folhosas, seguido de

filamentosas e calcárias. Já no quarto alinhamento, há uma maior cobertura por

esponjas, e também um maior recobrimento por algas calcárias. Quanto à

composição da macro e megafauna bentônica há variações notáveis entre as

superfícies mapeadas. Nos recifes praiais, moluscos gastrópodes e bivalves

recobrem alguns locais. Já nos intermarés e rasos há uma variação entre

moluscos e crustáceos, além de corais duros e moles. E nos recifes fundos há um

predomínio de cobertura de esponjas que aumenta gradualmente com a

profundidade.

A figura 6.1 mostra a distribuição das superfícies recifais em relação à

profundidade, distância da costa, cobertura bentônica e características da

ictiofauna (riqueza de espécies e abundância total), evidenciando as tendências

de aumento na cobertura de esponjas e de algas calcárias e a redução na

cobertura de algas folhosas e filamentosas desde os recifes praiais até os mais

distantes e profundos. Também fica evidente o aumento na abundância de

ictiofauna com a distância da costa. A tabela 4 apresenta a integração de

informações abióticas e bióticas com base nos dados obtidos para esta tese e nos

trabalhos prévios, demonstrando as características principais quanto à

profundidade no topo das superfícies recifais, distância da costa, rugosidade

relativa, tipo de recobrimento bentônico e os componentes principais da

macrofauna e ictiofauna associada aos quatro alinhamentos recifais.

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Figura 6.1. Distribuição das superfícies recifais e sua relação com profundidade, distância da costa (A), além do tipo de cobertura bentônica por (B) algas folhosas e filamentosas; (C) algas calcárias; (D) cobertura de esponjas; (E) à abundância total de ictiofauna associada aos corpos recifais; e (F) à riqueza de espécies de ictiofauna. Os gráficos mostram as linhas de tendência para cada parâmetro e as linhas tracejadas, delimitando, em alguns gráficos os alinhamentos 1, 2, 3 e 4 encontrados na área.

As tendências obtidas nos gráficos de regressão linear, em conjunto com

valores do coeficiente de determinação (R²), demonstram alta relação entre

profundidade e distância da costa (R²= 0,932), boa relação entre aumento na

abundância de ictiofauna (R²= 0,633) e na cobertura por algas calcáreas (R²=

0,55), além da redução na cobertura de algas folhosas e filamentosas (R²= 0,426)

com o aumento na distância da costa. Ocorre também uma tendência de aumento

na cobertura de esponjas com a distância da costa, entretanto o baixo valor no

coeficiente de determinação (R²= 0,2) exige maior esforço amostral para

confirmação desta tendência. Não há relação entre riqueza de espécies de

ictiofauna com o aumento na distância da costa.

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Tabela 4. Integração das informações dos trabalhos de Azevedo (2011), Barboza (2014), Grimaldi (2014), Souza (2015) com as informações abióticas descritas nos capítulos 4 e 5 para as superfícies consolidadas da região de Pirangi. Prof(m) – Profundidade em metros; Dist(km) – Distância da costa em Km; Rug – Índice de rugosidade; Caf – Cobertura por algas folhosas e filamentosas (em %); Cac – Cobertura por algas calcárias (em %); Esp – Macrofauna de esponjas (indivíduos/40m²); Cob. Bêntica dominante – Cobertura bêntica dominante; Parâmros da Ictiofauna: (Rsp) – Riqueza de espécies (nº de espécies), (AT) – Abundância total de peixes, (BT) – Biomassa total em Kg.

Alinhamentos Superfícies

Consolidadas Prof.(m) Dist.(km) Rug Caf Cac Esp

Cob. Bêntica dominante

Macrofauna dominante

Ictiofauna

RSp AT BT

1 Praial Recifes Praiais - - - 63 6 0 Rocha

nua/Algas Moluscos - - -

2 Intermarés e

Rasos

Recifes Intermarés

0 - 2 0,8 - 2 - 68 5 2 Algas pardas ramificadas

Moluscos/ Crustáceos

- - -

Recifes Rasos 2 - 7 0,5 - 4 - 68 5 2 Algas Folhosas Filamentosas

S/ dominância - - -

3 Barreirinhas –

Cabeço do Leandro

Barreirinhas 15,6 9 3,4 45 22 60 Algas Folhosas

/ Calcárias Esponjas 45 649 137

Mestre Vicente 20,3 9,92 3,6 70 8 170 Algas Folhosas Esponjas 30 1138 377

Pedra dos Meros 18 12 - 45 20 25 Algas S/ dominância - - -

Cabeço do Leandro

16,8 8,3 3,2 40 30 35 AlgasCalcárias

/ Folhosas Esponjas/corais 37 617 202

Pedra do Félix 20,9 13,76 2,13 60 17 70 Algas Folhosas Filamentosas

Esponjas 31 1452 81

Badejo 18 8 - 45 20 25 Algas S/ dominância - - -

Buraco 18 7,5 - 45 20 25 Algas S/ dominância - - -

Pedra do Velho 28 14,83 2,8 50 25 25

Algas Folhosas / Calcárias

Esponjas 32 1367 57

4 Pedra do Felipe – Pedra do Lima

Pedra do Felipe 25,8 16,3 4 25 45 45 AlgasCalcárias Esponjas/corais 50 2773 1250

Pedra Fogo 25,5 16 - 25 45 45 AlgasCalcárias S/ dominância - - -

Pedra do Lima 25,7 13,56 3,47 50 15 90 Algas Folhosas Esponjas 27 894 60

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A avaliação de agrupamentos, integrando variáveis bióticas (cobertura por

esponjas e algas) e abióticas (profundidade e distância da costa) observadas para

cada recife (Figura 6.2) possibilita observar um conjunto que agrega as

superfícies recifais próximas da costa (praiais, intermarés e rasas) e outro

conjunto que engloba os recifes fundos. Nesta análise a separação entre os

alinhamentos três e quatro não é tão clara, inserindo os recifes Pedra do Felix e

Mestre Vicente no conjunto dos recifes fundos e isolando os recifes de Pedra do

Felipe e Fogo dos demais. O índice de correlação cofenética para esta análise foi

de 0,82 indicando que o método de Ward (1963) para agrupamento de variáveis

foi adequado.

Figura 6.2. Dendograma de análise de agrupamento (seguindo método de Ward, 1963) para as superfícies recifais analisadas. Integrando profundidade, distância da costa e cobertura por esponjas, além de algas calcárias, filamentosas e folhosas. Os recifes referentes aos quatro alinhamentos estão diferenciados por cores conforme legenda.

Já na avaliação por agrupamentos retirando a variável abiótica (Figura 6.3),

o índice de correlação entre os recifes aumenta, reduzindo a escala de distância

euclidiana do gráfico em dendograma. O corte para individualização dos grupos

AL. 1 AL. 2 AL. 3 AL. 4

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mostra a separação em três grupos de características similares (raso,

intermediário e fundo).

Figura 6.3. Dendograma de análise de agrupamento (seguindo método de Ward, 1963) para as superfícies recifais analisadas. Integrando apenas os parâmetros bióticos (cobertura por esponjas, algas calcárias, filamentosas e folhosas). Os recifes referentes aos quatro alinhamentos estão diferenciados por cores conforme legenda.

Retirando a característica ou variável geográfica (abiótica), os recifes

possuem maior similaridade entre eles, não sendo clara a separação por

alinhamentos. As características de composição de ictiofauna, não fizeram parte

desta análise em dendograma, devido à falta de informações para todas as

superfícies recifais, o que inviabiliza a adição desta variável.

A partir da análise das informações disponíveis, foi possível organizar as

informações pontuais e espaciais, caracterizando os habitat da plataforma interna

e externa conforme seus atributos (abióticos e bióticos). Assim, enquanto os

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habitat foram definidos a partir da individualização dos atributos físicos e da

caracterização da cobertura viva (composição bentônica) das superfícies

consolidadas mapeadas, as superfícies inconsolidadas foram individualizadas

apenas com base em sua constituição sedimentar.

Importante ressaltar a presença de um habitat ainda não estudado nesta

área, entretanto relatado por pescadores locais e de grande relevância para a

manutenção dos peixes-boi marinhos – as superfícies inconsolidadas com

presença de bancos de fanerógamas marinhas, encontrados na plataforma

interna.

A tabela 5 relaciona os habitat encontrados na plataforma interna e

externa da área de estudo.

Tabela 5. Habitat de substratos consolidados da plataforma (interna e externa).

Características Plataforma interna Plataforma externa

Profundidade 0 a 13-15 metros 13-15 a 50 metros

Sedimentares Sedimentos terrígenos /

siliciclásticos Sedimentos biogênicos /

carbonáticos

Faciológicas Lamas, areias finas a

médias Areias médias a cascalhos

Habitat

Recifes praiais Recifes submersos (algas) 13

a 20 metros Recifes intermarés

Recifes rasos Recifes submersos (algas e esponjas) 20 a 32 metros Bancos de fanerógamas

marinhas

Fundos inconsolidados siliciclásticos

Fundos inconsolidados carbonáticos

Os habitat foram organizados conforme as principais características

abióticas e bióticas para a plataforma interna e externa, com a seguinte descrição:

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Plataforma interna (Pi) (Figura 6.4A): Superfície sedimentar terrígena, em

sua maioria composta por areias siliciclásticas finas a médias (AS1b), com

sedimentos mistos próximos a áreas recifais costeiras (AS2b e AB2b) e

sedimento lamoso misto (LL1x) nas áreas anteriores aos recifes. Estende-se

desde as praias até profundidades de 13 a 15 metros.

*Características faciológicas descritas no Capítulo 5 (Figura 5.2).

Além do fundo inconsolidado, a plataforma rasa apresenta os seguintes

habitat de fundos consolidados: recifes praiais (Rp): superfícies recifais mistas

(beachrocks – áreas planas e arenitos ferruginosos – áreas rugosas) encontradas

junto às praias, exibindo rochas nuas em grande parte de sua área, com a

presença de alguns organismos como moluscos (gastrópodes e bivalves) e

crustáceos; recifes intermarés (Ri): como os anteriores, são superfícies recifais,

compostas por beachrocks (superfícies planas) e em algumas áreas com

incrustações significativas de arenito ferruginoso (superfícies rugosas),

localizadas em áreas intermarés próximas às praias (300 metros a 2 quilômetros

de distância de sul para o norte). Exibem algas folhosas e filamentosas, com

relevante quantidade de algas pardas, além de moluscos, crustáceos e corais

duros e moles; recifes rasos (Rrv): compostos por superfícies recifais mistas,

análogas aos recifes intermarés quanto à conformação física, contudo

apresentando maior quantidade de cobertura viva, principalmente relacionada a

algas filamentosas, além dos corais duros e moles. Algumas áreas próximas aos

recifes rasos apresentam bancos de fanerógamas (Fm), locais importantes para a

manutenção do peixe-boi marinho.

Plataforma externa (Figuras 6.4B e C): Superfície sedimentar carbonática,

composta em grande porcentagem por algas calcáreas e outros organismos

relacionados ao fundo e à coluna d’água (areia grossa/cascalho carbonáticos) –

fácies AB2a, CB2. Estende-se desde o limite com a plataforma rasa ou interna (13

a 15 metros) até a quebra da plataforma (mais de 50 metros). Esta superfície é

reconhecida localmente como restinga biodetrítica marinha e apresenta-se plana

em grande extensão, ou com a formação de mega-ripples ou pequenas dunas

submersas (Fo).

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Além do fundo inconsolidado, a plataforma externa apresenta os

seguintes habitat de fundos consolidados: recifes submersos – cobertura de algas

(HabRFa) (Figura 6.4B) que constituem superfícies recifais com conformação e

tamanho variáveis, ocorrendo de forma espaçada desde os 13 até os 20 metros

de profundidade, integram o alinhamento de Pedra do Felix, passando por

Barreirinhas até Cabeço do Leandro e Badejo. Apresentam uma porcentagem de

cobertura de algas maior, relativamente a esponjas e corais, com predomínio de

algas folhosas, filamentosas e também calcárias em alguns recifes. Recifes

submersos fundos - cobertura de algas e esponjas (HabRFae) (Figura 6.4C) que

são superfícies recifais localizadas em profundidades maiores que 20 metros,

comparativamente aos recifes do terceiro alinhamento, apresentam maior

quantidade de cobertura por esponjas, e também de recobrimento por algas

calcárias. É notável o predomínio das esponjas na composição da macrofauna,

que aumenta gradativamente com a profundidade. Este habitat integra o

alinhamento entre os recifes Pedra Fogo, Felipe e Pedra do Lima.

A figura 6.4. exibe os habitat em planta, distribuídos ao longo da

plataforma: recifes fundos dominados por algas (HabRFa); recifes fundos

dominados por algas e esponjas (HabRFae); recifes rasos mapeados (Rrv) e

ainda não mapeados (Rrp); recifes intermarés (Ri); recifes praiais (Rp); áreas de

ocorrência de fanerógamas marinhas, através de informações de pescadores

locais (Fm); e pequenas dunas carbonáticas submersas ou feições sedimentares

onduladas (Fo). Contém também as isóbatas (Bat) e os principais pontos de

pesca na região (Ppm).

Também são representados na figura 6.4 os setores da plataforma

conforme sua característica de cobertura sedimentar superficial: interna (Pi);

interface entre a plataforma interna e externa (Pi-e) e; a plataforma externa (Pe).

A figura 6.5 exibe as fotos dos habitat de fundo consolidado para a região.

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Figura 6.4. Mapa de habitat para a área de estudo. (A) Habitat da plataforma rasa; (B) Habitat da plataforma externa – recifes fundos dominados por algas; (C) Habitat da plataforma externa – recifes fundos dominados por algas e esponjas.

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Figura 6.5. Habitat de fundo consolidado. (A) recifes praiais (arenitos de praia); (B) recifes praiais (arenitos ferruginosos) e intermarés; (C) recifes intermarés (parrachos de Pirangi); (D) recifes rasos; (E) recifes rasos (sedimentos mistos); (F) recifes fundos dominados por algas (Barreirinhas); (G) recifes fundos dominados por algas (Mestre Vicente); (H) recifes fundos dominados por algas e esponjas. Imagens cedidas pelo Projeto Ponta de Pirangi.

Rp

Ri

Rp

Ri Rrv

Rrv

HabRFa

HabRFa HabRFae

A B

C D

E F

G H

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6.1. Habitat associados aos fundos consolidados de Pirangi

Embora as pesquisas relacionadas aos padrões bióticos possuam

abordagem, análise, métodos e direcionamentos distintos, foi possível avaliar na

área de estudo, a distribuição espacial de grupos e espécies bentônicas,

integrando tais dados a informações abióticas (i.e. batimetria, declividade,

sedimentologia, textura). As análises bióticas integradas permitiram uma visão

geral, desde as zonas rasas até as mais profundas, da composição da

macrofauna bêntica e grupos tróficos associados (i.e. ictiofauna).

A descrição e análise dos parâmetros integrados permitiu avaliar os

quatro alinhamentos recifais de acordo com as características de cobertura

bentônica, demonstrando que com o aumento da distância da costa há

consequente tendência de aumento na cobertura por algas calcárias e esponjas e

redução na cobertura de algas folhosas e filamentosas.

A análise de agrupamento integrando profundidade, distância da costa e

cobertura bentônica distinguiu os recifes costeiros e fundos (Figura 6.2).

Entretanto, ao avaliar apenas as características bióticas (Figura 6.3) a

individualização entre os alinhamentos três e quatro não ficou clara nesta análise,

devido basicamente à grande quantidade de esponjas recobrindo os recifes de

Mestre Vicente e Pedra do Felix em comparação com os demais do terceiro

alinhamento. Os recifes Pedra do Felipe e Fogo, por apresentarem maior

quantidade de algas calcárias também se apresentaram isolados dos demais. A

avaliação de correlação recifal poderia mostrar resultados mais satisfatórios, caso

houvesse à disposição, dados de ictiofauna para todas as superfícies

consolidadas.

As superfícies que conformam os habitat de fundos consolidados na área

de estudo, possuem característica arenítica, base para incrustação da cobertura

biótica, como algas, esponjas e, em menor escala, corais. Estes organismos

promovem suporte para uma série de outras espécies marinhas se fixarem e

contribuem de maneira significativa para a cadeia trófica associada (Wahl, 2009).

Tews et al., (2004) recomendam que a diversidade de espécies marinhas é

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dependente da heterogeneidade e diversidade dos habitat disponíveis. Assim,

quanto mais heterogêneo, rugoso, com composições variadas de fundo,

profundidades e fatores físicos/biológicos como a incidência de correntes e

ressurgência, mais rico em diversidade este habitat pode ser.

Como característica-chave para definição dos habitat da região de

Pirangi, destaca-se a clara separação entre os sedimentos superficiais terrígenos

até 13 a 15 metros e carbonáticos até a quebra da plataforma, além das

peculiaridades de cada formação recifal distribuída ao longo da área. Sendo uma

plataforma tropical relativamente estreita, rasa e com a zona fótica atingindo sua

quebra, a área de estudo apresenta características de ambiente marinho tropical

de águas rasas (Sanders, 1968).

A diferenciação da sucessão biótica, em conjunto com os aspectos

abióticos avaliados, foram utilizados na definição dos habitat de fundo

consolidado para este trecho da plataforma. Entretanto, vale ressaltar a

importância dos habitat de fundo inconsolidado, ainda pouco conhecidos para

esta região.

Superfícies sedimentares carbonáticas, como a encontrada na área

externa da plataforma estudada, pode ser considerada uma superfície “viva”, rica

em organismos constituintes da micro e meso epifauna e infauna bentônicas

(Snelgrove, 1999; Wahl, 2009). Esta superfície, reconhecida localmente como

restinga biodetrítica marinha, é composta de fragmentos de algas (rodolitos), além

de macro e micro-organismos carbonáticos e recoberta por algas e esponjas.

Estes substratos são um habitat comum nas plataformas tropicais, apresentando

elevada biodiversidade (Wilkinson & Cheshire, 1990; Snelgrove, 1999; Brooke et

al., 2012). Todavia, para a área de estudo, sua riqueza e importância ainda são

subestimadas e pouco conhecidas.

Nesta porção da plataforma brasileira (rasa e fótica – desde as

proximidades com a costa até 30 metros de profundidade), há uma variação

positiva na rugosidade, heterogeneidade e complexidade nos habitat de fundos

consolidados (dos recifes praiais até os fundos), com o aumento da profundidade

e distância da costa (Grimaldi, 2014; Souza, 2015). Ademais, ocorre uma

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sucessão de recobrimentos, partindo de rochas nuas (recifes praiais), algas

folhosas e filamentosas (recifes intermarés e rasos) para algas folhosas,

filamentosas e calcáreas, além de esponjas (recifes fundos dominados por algas)

e por fim algas calcárias e esponjas em grande quantidade (recifes fundos

dominados por algas e esponjas) (Azevedo, 2011; Barboza, 2014; Grimaldi, 2014;

Souza, 2015), que também se reflete na composição da ictiofauna associada ao

fundo.

A variação na composição dos substratos recifais costeiros é largamente

dependente do período de exposição, rugosidade e níveis de stress ambiental aos

quais os organismos associados ao fundo estão submetidos (Wahl, 2009). Os

habitat dos recifes intermarés possuem áreas relativamente planas, que

permanecem aproximadamente de três a quatro horas emersas, durante as

marés baixas, além de áreas rugosas (com incrustações de arenitos

ferruginosos), as quais permanecem aproximadamente sete horas expostas, em

alguns locais (Barboza, 2014).

O maior tempo de exposição ocasiona temperaturas mais elevadas e

justifica a alta densidade de crustáceos, conhecidos como cracas, encontrados

nas áreas intermarés rugosas, uma vez que são organismos adaptados a essas

condições de estresse (Stephenson & Stephenson, 1972; Anderson, 1994; Wahl,

2009). Apesar das condições adversas (impacto de ondas, grandes variações

físico-químicas e de temperatura diárias, estresse relativo a tempo de exposição

aérea), a topografia acidentada do substrato das áreas intermarés, principalmente

àquelas rugosas, permite a formação de poças de maré que atuam como micro-

habitat (Nybakken & Bertness, 2004), possibilitando a ocorrência de espécies

também adaptadas a estas condições e assim, aumentando a biodiversidade local

deste habitat.

Apesar de cada recife apresentar características próprias, é possível, a

partir das informações disponíveis em Grimaldi (2014) e Souza (2015), apontar

que os recifes localizados em maiores profundidades possuem, em geral,

característica de maior recobrimento por esponjas. As esponjas são um

componente estrutural e funcional importante nos recifes fundos de Pirangi,

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devido à alta diversidade de espécies, abundância de indivíduos e biomassa

(Grimaldi, 2014). A abundância de esponjas evidencia locais com elevado

material em suspensão disponível para organismos filtradores (Wilkinson &

Cheshire, 1990; Gili & Coma, 1998; Carballo, 2006).

A alta energia hidrodinâmica desta região da plataforma brasileira (Testa

& Bosence, 1998 e 1999; Knoopers et al., 1999; Bittencourt et al., 2005; Vital et

al., 2008), com correntes de fundo capazes de remobilizar os sedimentos desde a

plataforma externa, contribui – juntamente com a disponibilidade de matéria

orgânica – para uma maior quantidade de esponjas a recobrir os recifes fundos.

Habitat de recifes recobertos por algas e esponjas são apontados como

locais fundamentais para a ciclagem do carbono. As esponjas são capazes de

filtrar o carbono particulado na água, contribuindo para o controle do processo de

acidificação dos oceanos (Reiswig, 1981; Wilkinson & Cheshire, 1990; Wahl,

2009).

Wilkinson & Cheshire (1990), como também Nichol et al., (2012)

encontraram um padrão de sucessão na cobertura de esponjas oposto ao

observado na área de Pirangi, indicando maior biomassa e distribuição de

esponjas na plataforma interna e uma diminuição na ocorrência destes

organismos com o aumento da distância da costa, tanto na região leste como

oeste da plataforma australiana.

No entanto, é reportado por Wilkinson & Cheshire Op. cit., Wahl (2009) e

Nichol et al., (2012) que maiores quantidades de matéria orgânica disponíveis no

meio, e/ou maior remobilização sedimentar por correntes de fundo ocasionam

aumento no desenvolvimento das esponjas na plataforma. Observando o mapa

de conteúdo de matéria orgânica nas amostras (figura 5.2), percebe-se o

incremento na distribuição deste componente nos sedimentos das áreas externas

da plataforma.

Os recifes do Atlântico (plataforma continental de Belize) apresentam

similaridades com a área de estudo, referente à biomassa de esponjas, exibindo

incremento a partir dos 10 metros de profundidade até próximo aos 20 metros

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(Wilkinson & Cheshire, 1990). Entretanto, diferentemente da plataforma leste

potiguar, onde é notável o aumento gradativo na quantidade até os recifes mais

fundos (26 a 28 metros), na plataforma de Belize, após os 20 metros, ocorre

diminuição na abundância destes organismos.

Comparando a distribuição de esponjas sobre substratos consolidados

em plataformas tropicais do Atlântico (Caribe) e do Pacífico (leste da Austrália),

Wilkinson & Cheshire Op. cit. observaram que as áreas recobertas por esponjas

no Atlântico desenvolvem biomassa de cinco a seis vezes superior à encontrada

na área da Grande Barreira de Corais.

Quanto à ictiofauna, ocorre aumento na densidade, diversidade e

biomassa dos recifes praiais e rasos para os recifes fundos (Grimaldi, 2014;

Souza, 2015). A grande presença de indivíduos adultos associados aos recifes

fundos (Souza, 2015), além dos grupos tróficos mais frequentemente

encontrados, invertívoros, seguidos dos herbívoros, corroboram a inter-relação

entre os habitat bentônicos mapeados e a composição ictiofaunística (Garcia,

2006; Grimaldi, 2014; Souza, 2015).

Torquato (2010) aponta que os recifes costeiros apresentam diversas

espécies em estágio juvenil, de importância comercial, e algumas espécies, tais

como o Lutjanus analis, em situação vulnerável, de acordo com a lista vermelha

publicada pela International Union for Conservation of Nature (IUCN). A

diversidade de peixes entre as áreas recifais praiais e intermarés é similar, sendo

as áreas de maior complexidade, os recifes intermarés, com maior número de

espécies e índices de biodiversidade como rugosidade, variedade de forma de

crescimento, altura, categoria de refúgio, cobertura viva e substrato duro –

apresentam estrutura de assembleia de peixes mais complexa (Torquato, 2010;

Souza, 2015).

A abundância e diversidade encontradas nas áreas próximas aos recifes

fundos demonstram indícios de sobre-pesca, com elevada abundância de

hemulídeos (invertívoros), de pequeno porte, além de baixa abundância de

espécies de peixes de maior porte, carnívoros e herbívoros (espécies alvo da

pesca) (Torquato, 2010; Grimaldi, 2014; Souza, 2015).

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De acordo com Garcia, (2006), a maior diversidade de espécies de peixes

na plataforma potiguar se encontra associada às áreas recifais costeiras e fundas,

sendo 61% das espécies estritamente dependentes dos recifes ao longo do seu

ciclo de vida e 89% associadas a eles em alguma etapa da vida.

Ainda segundo Garcia Op. cit., a ictiofauna desta região é intimamente

relacionada à dos estados vizinhos, notadamente Paraíba e Pernambuco,

havendo uma grande probabilidade de conexão faunística entre os recifes

situados na plataforma desta região. Garcia indica que a similaridade

ictiofaunística é determinada pela analogia de habitat da plataforma e

características similares na físico-química da água do mar.

A inter-relação entre o habitat bentônico e comunidades faunísticas

integrantes da coluna d’água (zona nerítica epipelágica) demonstra a importância

das superfícies consolidadas para a alimentação destes grupos, evidenciando o

fator bottom-up (recife é base para a comunidade de peixes associada)

(Snelgrove, 1999; Wahl, 2009; Grimaldi, 2014). Last et al., (2010) propõem que

como definição de riqueza de habitat deve-se considerar a classificação

hierárquica baseada na biodiversidade bentônica (fator bottom-up), para aplicação

no planejamento e gestão da plataforma.

A presença de espécies e comunidades que compõem os habitat da área

estudada pode ser extrapolada e predita para áreas de características similares

(Kraan et al., 2010; Brown et al., 2011). Desta forma, o mapa de habitat gerado

proporciona uma visão integrada dos fatores abióticos e bióticos conhecidos para

o local, contendo uma previsão de distribuição para as espécies analisadas e

composição dos habitat ao longo da plataforma.

O mapa de habitat sugerido deve ser considerado para gerenciamento e

conservação marinha e deve ser utilizado em conjunto com outras informações

disponíveis referentes ao uso de recursos marinhos como a pesca, características

físicas e geo-políticas locais e regionais (Harris & Whiteway, 2009; Rice et al.,

2011; Yamanaha et al., 2012).

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Capítulo 7 – Conclusões _________________________________________________________________

A tese revelou os padrões da geomorfologia e heterogeneidade do

substrato da região de Pirangi – plataforma continental Leste do Estado do Rio

Grande do Norte – utilizando métodos hidroacústicos para o mapeamento de

feições submersas em detalhe (batimetria mono e multifeixe, dados de sonar de

varredura lateral), informações detalhadas para avaliação dos sedimentos

superficiais, quanto ao tipo, granulometria, composição, textura e matéria

orgânica. E de forma inédita, para este trecho da plataforma brasileira, integrou a

estas informações dados pretéritos sobre a biodiversidade da área, com a

elaboração de um mapa de habitat com ênfase nos fundos consolidados.

De maneira geral, a contiguidade entre esta região e as plataformas da

Paraíba e Pernambuco, lhe confere muitas similaridades, referentes ao perfil

batimétrico, largura, declividade, feições distribuídas ao longo da plataforma e

características dos substratos. A plataforma leste potiguar exibe baixo gradiente

de variação no relevo em grande parte de sua área, além de ser estreita e seus

substratos dominados por sedimentação carbonática recente. Nesta porção, a

largura observada até a quebra da plataforma é de 20 a 22 km, com referência

aos perfis G e H (pág. 43), onde em profundidades na ordem de 50 a 60 metros

observou-se gradiente de variação angular de 1:15 (análogo à regiões de talude

continental). Este limite ocorre ao largo das praias de Pium e Barreira do Inferno.

Ao sul do perfil G ocorre uma mudança na orientação da costa em direção leste,

não sendo possível a observação da quebra da plataforma.

Quanto à avaliação da composição sedimentar, também foram

observadas similaridades entre este trecho da plataforma e as plataformas dos

estados vizinhos a sul, contudo distinções em relação as áreas nordeste e

setentrional do Rio Grande do Norte. Nesta porção da plataforma leste do Rio

Grande do Norte, os sedimentos de origem terrígena estão distribuídos em uma

estreita faixa, que variou de 2 quilômetros de distância da costa nos setores norte

e sul a 4,5 quilômetros na porção central. Esta característica é similar à

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observada para setores ao sul da área de estudo, onde a plataforma com

cobertura prioritariamente carbonática se inicia, em alguns pontos, a menos de 1

quilômetro de distância da costa.

Ocorrendo desde a zona litorânea até a quebra, geralmente alinhados

com a linha de costa atual, os arenitos de praia, representam feições

proeminentes na morfologia. Os corpos recifais exibem padrão de lineamentos no

sentido NNW-SSE, similares ao da linha de costa atual e estão distribuídos em

um total de quatro alinhamentos. O primeiro localiza-se próximo ou sobre a praia

atual, o segundo conforma os recifes intermarés e rasos, o terceiro em uma

porção mais afastada (13 a 20 metros) envolve os recifes Barreirinhas e Pedra

dos Meros e o quarto, mais profundo (20 a 32 metros), segue o alinhamento de

Pedra Fogo, Felipe e do Lima. Os alinhamentos encontrados confirmam a

hipótese de contiguidade para linhas de costa pretéritas, observada em estudos

prévios para regiões de plataforma a sul e a norte da área, apresentando, porém,

algumas variações tanto na posição com relação à costa, como na profundidade

relativa atual.

Períodos glaciais e interglaciais controlam variações eustáticas ou de

nível do mar, promovendo a exposição aérea ou recobrimento da plataforma

pelas águas. A exposição da plataforma em momentos de nível do mar baixo

propiciou o transporte e deposição de sedimentos terrígenos ao longo de toda a

plataforma, até áreas de talude continental, formando vales fluviais e situando a

linha de costa em diferentes posições. Desde o último período glacial máximo a

aproximados 12 mil anos atrás, quando a plataforma esteve emersa, houveram

sucessivos períodos de transgressão marinha (subida ou variação positiva do

nível do mar), marcada por momentos de estabilização. Em alguns destes

momentos, condições ótimas para a formação dos lineamentos areníticos

preservaram na paisagem costeira e marinha as posições relativas de linhas de

costa, no período geológico recente.

Outro importante componente preservado na geomorfologia da plataforma

de Pirangi é o vale submerso ou paleo-canal encontrado. Estes vales são

formados em períodos de nível do mar mais baixo que o atual e são

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frequentemente relacionados a períodos de maior competência e vazão dos rios.

A preservação desta feição na plataforma esta relacionada à ausência ou

pequena taxa de deposição sedimentar atual nesta área, assim como descrito

para outros paleo-canais encontrados em plataformas mistas próximas, onde os

sedimentos constituintes são em grande parte relíquias de períodos deposicionais

anteriores.

O paleo-canal pode estar relacionado ao vale fluvial do Rio Pirangi,

entretanto a incisão do canal na plataforma ocorre próxima ao extremo sul da

área e deslocada com relação à posição da desembocadura, em

aproximadamente três quilômetros para sul. Após assumir a orientação S-N

inicialmente, em determinado ponto o canal subdivide-se em dois ramos, com

direção de drenagem E-W, distando cerca de quatro quilômetros um do outro.

Esta alteração pode estar relacionada ao abandono de um dos canais em

determinado período, provocado por variação na drenagem ou por deposição

sedimentar. A mudança de orientação observada no paleo-canal pode demonstrar

algum controle geológico orientando os canais inicialmente em sentido S-N, para

posteriormente tomarem o sentido E-W nas áreas médias e externas da

plataforma leste de Pernambuco ao Rio Grande do Norte. Este canal,

especificamente, pode ter tomado o sentido S-N devido à barreira física

promovida pelos recifes costeiros, hoje em posição intermaré ou rasa (até 4m de

profundidade).

Pequenas dunas submersas ou mega-ripples foram reportadas entre

profundidades de 14 a 24 metros, com composição carbonática. Estes relevos

são descritos em áreas mais rasas e próximas à costa para a plataforma nordeste

potiguar. As pequenas dunas com orientação NNW-SSE ocorrem já em uma área

externa da plataforma. Estas formas encontradas em áreas de sedimentação

superficial carbonática podem estar superficialmente recobrindo sedimentos

terrígenos relíquias ou em formação por correntes de fundo competentes.

Devido à pequena faixa de distribuição dos sedimentos terrígenos (uma

característica de déficit sedimentar), além de ocorrência de fundos rochosos,

paleo-vale não preenchido e feições sedimentares lineares ou onduladas

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formadas por sedimentação carbonática atual, a plataforma pode ser considerada

“faminta” de sedimentos. Assim como descrito para áreas próximas e que

apresentam os sedimentos terrígenos relíquias, sem contribuição significativa de

sedimentos continentais recentes. A característica sedimentar demonstra a

elevada produção carbonática, contribuindo para a formação dos sedimentos

superficiais e ausência de contribuição continental recente.

O padrão de distribuição das diferentes fácies encontradas exibe

sedimentos mais finos próximos à costa e grossos em sua porção externa.

Evidencia, ainda, o limite para os sedimentos costeiros terrígenos a dois

quilômetros da costa nos extremos sul e norte e a 4,5 quilômetros na porção

central. Por também não apresentar padrões diversos com relação à declividade –

tão claramente como em outros setores da plataforma a norte – sugere-se que

esta porção seja subdividida quanto à sua composição sedimentar bem marcada,

em plataforma interna (sedimentos terrígenos) até o limite entre 13 e 15 metros de

profundidade e plataforma externa (sedimentos carbonáticos) até a quebra, assim

como outras plataformas tropicais de margens passivas ao redor do globo e com

características similares, como padrões de clima seco e pequena descarga fluvial.

Quanto à integração das informações abióticas com as bióticas, embora

as pesquisas relacionadas aos padrões de biodiversidade possuam abordagem,

análise, métodos e direcionamentos distintos, foi possível avaliar a distribuição

espacial de grupos e espécies bentônicas, integrando tais dados a informações

abióticas (i.e. batimetria, distância da costa, declividade, sedimentologia, textura).

As análises bióticas integradas permitiram uma visão geral, desde as zonas rasas

até as mais profundas, da composição da macrofauna bêntica e grupos tróficos

associados.

Como característica-chave para definição dos habitat da região, destaca-

se a clara separação entre os sedimentos superficiais terrígenos e carbonáticos,

além das peculiaridades de cada formação recifal distribuída ao longo da área. A

diferenciação da sucessão biótica, em conjunto com os aspectos abióticos foi

utilizada na definição dos habitat de fundo consolidado para este trecho da

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plataforma, entretanto, vale ressaltar a importância dos habitat de fundo

inconsolidado, ainda pouco conhecidos para esta região.

A distribuição de grupos foco (i.e. cobertura de algas e esponjas) foi

utilizada para o mapeamento dos habitat de fundos consolidados, integrando a

análise de características ambientais. As superfícies que conformam os habitat de

fundos consolidados na área de estudo possuem característica arenítica, base

para incrustação da cobertura biótica (algas, esponjas e, em menor escala,

corais). Estes organismos promovem suporte para uma série de outras espécies

marinhas se fixarem e contribuem de maneira significativa para a cadeia trófica

associada. A inter-relação entre o habitat bentônico e comunidades faunísticas

integrantes da coluna d’água (zona nerítica epipelágica) demonstra a importância

das superfícies consolidadas para a alimentação destes grupos, evidenciando o

fator bottom-up.

Nesta porção da plataforma brasileira (rasa e fótica – desde as

proximidades com a costa até 30 metros de profundidade), há uma variação

positiva na rugosidade, heterogeneidade e complexidade nos habitat de fundos

consolidados (dos recifes praiais até os fundos), com o aumento da profundidade

e distância da costa. Ocorre uma sucessão de recobrimentos, partindo de rochas

nuas (recifes praiais), algas folhosas e filamentosas (recifes intermarés e rasos)

para algas folhosas, filamentosas e calcáreas, além de esponjas (recifes fundos

dominados por algas) e, por fim, algas calcárias e esponjas em grande

quantidade (recifes fundos dominados por algas e esponjas), que também se

reflete na composição da ictiofauna associada ao fundo. A alta energia

hidrodinâmica, com correntes de fundo capazes de remobilizar os sedimentos

desde a plataforma externa, contribui – juntamente com a disponibilidade de

matéria orgânica – para uma maior quantidade de esponjas a recobrir os recifes

fundos.

A análise dos parâmetros abióticos e bióticos integrados permitiu avaliar

os quatro alinhamentos recifais de acordo com as características de cobertura

bentônica, demonstrando que com o aumento da distância da costa há

consequente aumento na cobertura por algas calcárias e esponjas e redução na

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cobertura de algas folhosas e filamentosas. A análise de agrupamento integrando

profundidade, distância da costa e cobertura bentônica distinguiu os recifes

costeiros e fundos.

De maneira geral, foi possível caracterizar e individualizar os habitat para

fundos consolidados, com base nas características físicas e na cobertura

bentônica por grupos foco, apresentando a distribuição espacial destes habitat no

mapa produzido. O mapa de habitat gerado proporciona uma visão integrada dos

fatores abióticos e bióticos conhecidos para o local, contendo uma previsão de

distribuição para as espécies analisadas e composição dos habitat ao longo da

plataforma. Desta forma, a presença de espécies e comunidades que compõem

estes habitat pode ser extrapolada e predita para áreas de características

similares na plataforma tropical brasileira.

A compreensão do ambiente abiótico de Pirangi, com a contribuição desta

tese, hoje apresenta um nível de detalhe que pode colaborar na aquisição de

novas informações bióticas, para a compreensão da distribuição espacial de

espécies e grupos associados aos substratos, além dos organismos que vivem na

coluna d’água. É importante ressaltar que os estudos para a integração de

informações bióticas e abióticas neste trecho da plataforma ainda encontram-se

em fases iniciais e para uma melhor compreensão da distribuição de habitat e

avaliações estatísticas utilizando séries de variáveis, ainda são necessários

maiores esforços amostrais, tanto em superfícies consolidadas, como em

superfícies inconsolidadas.

O mapa de habitat sugerido deve ser considerado para gerenciamento e

conservação marinha e utilizado em conjunto com outras informações disponíveis

referentes ao uso de recursos marinhos como a pesca, características físicas e

geo-políticas locais e regionais. Esta análise auxilia na avaliação de áreas mais

ou menos sensíveis à exploração, contribuindo para o planejamento nos setores

público e privado de atividades na plataforma continental, de forma a minimizar

possíveis impactos ambientais, como por exemplo, na instalação de estruturas

físicas próximas a áreas recifais.

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Capítulo 8 – Recomendações _________________________________________________________________

A aquisição de informações através de técnicas hidroacústicas, deve ser

realizada para toda a plataforma, expandindo a análise e proporcionando uma

visão ampla e fidedigna do fundo marinho;

Coletas de amostras dos substratos consolidados, para análise da petrografia

e datação, permitiriam o conhecimento do tipo de rocha que compõe o

substrato e sua correlação com a estratigrafia da região, além da confirmação

das datas aproximadas de formação das linhas de costa submersas;

Estudos integrados em oceanografia, dinâmica da plataforma, físico-química,

levantamentos faunísticos e florísticos, de dinâmica de populações e de

comunidades, além de avaliação de estoques pesqueiros, auxiliariam no

reconhecimento de padrões, melhorando a compreensão sobre o ambiente

plataformal;

A normatização ou padronização de técnicas para aquisição de informações

bióticas favoreceria a integração de dados em diferentes escalas e planos

espaciais, para comparações e análises estatísticas com maior número de

variáveis representativas e confiáveis e formatação de modelos preditivos;

Intensificar os estudos sobre os controles que envolvem os habitat e os

efeitos/influência de cada habitat no ambiente marinho;

Mapear habitat restritos e fundamentais para a manutenção de espécies

vulneráveis, como locais de alimentação de tartaruga-de-pente, de vida e

crescimento de espécies comerciais com estoques em declínio, áreas de

fanerógamas marinhas (ambiente essencial para a vida do peixe-boi

marinho), áreas de passagem de Baleias-Jubarte e de vida e alimentação de

espécies de cetáceos, por exemplo.

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ANEXO 1 _________________________________________________________________

Artigo:

Morphology and Heterogeneity of the Brazilian Tropical Shelf – Case

Study: Pirangi area, Eastern sector of Rio Grande do Norte Shelf

* Artigo submetido em Agosto de 2015 à RBGf (Revista Brasileira de Geofísica),

em inglês. O artigo está em fase de revisão. As figuras são referenciadas com a

numeração do corpo da tese, evitando repetições neste documento.

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Morphology and Heterogeneity of the Brazilian Tropical Shelf – Case Study: Pirangi

area, Eastern sector of Rio Grande do Norte Shelf

Guilherme Cherem S. Pierri1; Helenice Vital

2; Luciana S. Esteves

3

1 ; 2 Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica – PPGG-CCET, Departamento de Geologia, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário, Natal, RN, Brasil. [email protected]; [email protected] /

3 Bournemouth University – Faculty of Science and Technology - Talbot Campus, Poole,

Dorset, UK. [email protected].

Resumo

Este estudo apresenta em detalhes inéditos a caracterização geomorfológica e

sedimentar de uma área da plataforma continental tropical, no setor leste do Rio Grande

do Norte, adjacente as praias de Pirangi e Cotovelo. Em particular, dados obtidos através

de sísmica de alta resolução (sonares de varredura lateral, mono- e multi-feixe)

possibilitaram a identificação de diferentes formas e tipos de substratos, tanto rochosos

(e.g. recifes, arenitos de praias), evidenciando possíveis antigas linhas de costa, quanto

inconsolidados (e.g. substrato plano, marcas de ondas, dunas submersas) que fornecem

indicação quanto à hidrodinâmica local. A integração dos resultados obtidos permitiram

subdividir esta porção da plataforma continental brasileira em plataforma interna e

externa. A plataforma interna é caracterizada pela presença predominante de sedimentos

terrígenos, com extensão média de 3 km (sul) a 6.5 km (norte) e limitada pela

profundidade de 15 m; enquanto a externa, se estende até a quebra da plataforma, em

média a profundidade de 50 m, e é recoberta por sedimentos 100% carbonáticos, de

origem biogênica. Este estudo avança no conhecimento da morfologia e sedimentos

associados de uma área da plataforma continental tropical brasileira, a qual ainda é

pouco conhecida e atualmente sob pressão de crescentes usos, como pesca, navegação,

poluição da água e exploração mineral. As informações fornecidas podem ser

consideradas de base para comparação com outros estudos, bem como projetos de uso

e gestão do espaço marítimo.

Palavras-chave: plataforma continental; geomorfologia submarina; paleolinhas de costa,

cobertura sedimentar

Abstract

This study presents, with unprecedented detail, the geomorphic and sedimentological

characterisation of an area from the NE Brazilian tropical shelf situated on the eastern

sector of Rio Grande do Norte State. In particular, data obtained from side-scan, single-

and multi-beam sonars allowed identification of some contrasting areas, such as rocky

substrate (e.g. reefs, beachrocks), evidencing possible palaeo-shorelines, and

unconsolidated sandy substrate (e.g. flat bottom, ripples, submerged dunes), give an

indication of hydrodynamics. Data integration allow the division of the study area in inner

and outer shelf. The inner shelf is characterised by a dominant siliciclastic sediment cover

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limited by 15 m depth, while the outer shelf extend until the shelf break, and is essencially

(100%) carbonatic of biogenic origin. This study advances the knowledge of the

morphology and associated sediments of an area of the tropical Brazilian shelf, which is

little understood, and currently under pressure from fishing, navigation, water pollution and

oil exploration. The information provided serve as baseline and comparison to other

studies, further management and conservation projects for this marine environment.

Keywords: continental shelf; submarine geomorphology; palaeo-shorelines, sediment cover.

Introduction

Continental shelves represent an important global zone between the continent dominated

by humankind and the ocean. They host a continuously increasing quantity of natural

resources of economic significance that may be at risk both by rapidly changing natural

processes and by anthropogenic impact. Therefore using and deciphering shelf records is

essential in order to increase our ability to understand the various natural processes and

geohazards, their modification by human activities, and our predictive capacity for

avoiding and mitigating undesirable future perturbations (Barrie et al., 2013; Chiocci &

Chivas, 2014). To achieve this goal is imperative the knowledge and systematic map of

the shelves. The use of high technology to recognize and mapping the seabed,

hydrodynamic characterization, and identification of geologic and oceanographic controls

of the continental shelf is essential to the development of offshore activities related, e.g. to

mineral exploration, oil and gas industry, renewable energy, and management of these

resources as well (e.g. Biju-Duval et al., 1982; Augustin et al., 1996; Blondel & Murton,

1997; Goff et al., 1999; Rutledge & Leonard, 2001; Cochrane & Lafferty, 2002; Lafferty et

al., 2006; Harris & Baker, 2012). The hydroacustical methods (e.g. side–scan sonar,

single- or multi-beam bathymetry, sub-bottom profiling) has been used worldwide to

investigate such marine environments. However, the Brazilian Continental shelf extension

was little surveyed until now. Despite the research on this shelf begun in the last century

(e.g. Branner J. C.1904; Coutinho & Kempf, 1972; França et al., 1976; Kempf et al., 1967;

Mabesoone, 1971; Milliman & Summerhayes, 1975), only in the last decades modern

methods has been applied, limited to small areas (e.g. Moscon & Bastos, 2010; Amado-

Filho et al., 2012; Dominguez et al. 2013; Nagai et al., 2014; Vital, 2014; Bastos et al.,

2015). The continental shelf adjacent to the Rio Grande do Norte state is an example of

this discrepancy, while where a lack of data, specially observed regarding its eastern

margin, several studies were conducted on the northern margin, based on satellite images

(Vianna et al., 1991; Tabosa et al., 2007), surface sea bed sediment sampling (Testa &

Bosence, 1998; Vital et al., 2005), to specific reefs investigations (e.g. Santos et al. 2007;

Cabral Neto et. al., 2011 and 2014), shelf morphology (Gomes et al. 2010, 2015), shelf

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processes (e.g. Testa & Bosence, 1999; Lima & Vital, 2006; Tabosa, 2006), or high

resolution seismic-stratigraphy (Schwarzer et al., 2006; Vital et al., 2008). The aim of this

paper, with a view to filling this gap, is to map the morphology and heterogeneity of an

area on the eastern sector of the Rio Grande do Norte State shelf. The data collected

covers the shelf from the coast to shelf break (Fig. 1), and the most prominent features

are the intertidal reefs of Pirangi. The geographical coordinate limits for the area are: 1 -

5,88ºS 35,15ºW; 2 - 5,88ºS 34,99ºW; 3 - 6,01ºS 34,97ºW; 4 - 6,01ºS 35,10ºW, Datum

WGS84. The use of hydroacoustical methods for mapping submerged features are also

new for this area and the knowledge from this research should be compared to the

already gathered in other nearby areas. The expanded information about high-accuracy

sedimentology and geomorphology maps will provide an important knowledge for

management and conservation purposes.

(FIGURA 1.1 – TESE)

Figure 1. Location of the study area.

Climatic and oceanographic settings

The Eastern Rio Grande do Norte littoral and shelf has the atmospheric system marked by

the presence of the Intertropical Convergence Zone (ITCZ), and its oceanic currents lies

in the direct pathway of the northern variant of the oligotrophic South Equatorial Current

(SEC). The ITCZ rises from the convergence of the north-easterly and south-easterly

trade winds. The position of the ITCZ changes seasonally, being located farther north in

August-September and closest to the Equator in March-April, exerting a significant control

of the rainfall and wind regimes at the study site Nobre & Shukla (1996). Periods of

enhanced currents and wind speed are observed under three conditions: (1) during the

northward movement of the ITCZ (July-September); (2) during spring tides when

coinciding with strong winds (widely reported by local fishermen to result in, strong

currents and increased water turbidity, along the coast and up to 15-20 km offshore,

lasting 3 days); and (3) during periodic storms, often linked to the summer period

(January-March), when ITCZ is changing the movement to southward (Nimer, 1979;

Nobre & Shukla, 1996; Mcgregor & Nieuwolt, 1998). Pianca et al. (2010), based on data

from NOAA WaveWatch III, identify that the waves in the northeastern sector off Brazilian

shelf are dominated by SE and E quadrants, during the autumn, winter and spring and

with more evenly pattern during the summer with incidence of waves from the N, NE and

E quadrants; the wave periods vary mainly from 6 to 8s with longest periods reaching 14s;

the average wave heights vary from 1 to 3m with the biggest modeled waves reaching

3.4m off the coast, from the SE quadrant in the winter times. According to Servain et al.

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(1990), the marine environment in the area is characterized by high temperatures of

surface waters, ranging from 26.5° Celsius in the winter to about 28.5° Celsius in the

summer; and the high salinity ranges between 36 and 37 and has seasonably variations

during the year, due to wet and dry seasons.

Receiving relatively low amount of continental sediments, the shelf is almost entirely

covered by biogenic carbonate material (Milliman & Summerhayes, 1975; Martins &

Coutinho, 1981; Vital et al., 2010, Vital, 2014). The high-energy hydrodynamic setting

results in coarse-grained, well-sorted sediments and wavy bed forms. Following the

Johnson & Baldwin's (1996) classification of shelves, in terms of hydrodynamic energy

regimes, the area could be classified as an oceanic current-dominated shelf. However,

depending on the time of year and the observations time scale, oceanic, wind and tidal

currents will all have influence on the hydrodynamics at different times of the year Nichols

(2009).

At present, coastal retreat is evidenced by active sea cliffs and scarped sandy dunes

(Vital, 2005; Vital et al., 2006; Pierri, 2008). Prominent features (beachrock and sandstone

reef-like ferruginous arenites) are common in intertidal areas and across the shelf, acting

as natural breakwaters, dissipating wave energy and reducing coastal retreat at some

places Ferreira Junior (2005).

Geological setting

The study area is placed in a tectonically stable low latitude tropical area, and geologically

inserted in the Pernambuco-Paraiba Basin between the sub-basins Natal and

Canguaretama (Matos, 1999). The Origin of this basin and the others from the Brazilian

eastern margin is related to the opening of the South Atlantic Ocean and considered one

of the last links between the American and African continents. The geological settings of

the coastline and continental shelf was first described by Darwin (1841) and Branner

(1903), who reported the occurrence of beach-rock lines (usually horizontal rocky

surfaces, with sandy matrix analog to beach deposits) on the beach face, sandy dunes

covering a wide area along the littoral and the steep coastal cliffs (later described as part

of Barreiras Formation), observed from the North to South East Brazilian coast (Bigarella

& Andrade, 1964; Ab'Saber, 1969; Suguio et al., 1986). Plus the beach-rock, the

ferruginous sandstone provided by the sea cliff erosion, offers hard structures to protect

the coast from incident waves, allowing the formation of coves and bays (Zeta form bays –

), that sets the Rio Grande do Norte coastline (Bigarella, 1975; Diniz, 1998; Amaral,

1999; Ferreira Junior, 2005; Pierri, 2008). The geological research on this continental

shelf advanced in the 1960’s and 1970’s (Kempf, et al., 1967; Mabesoone & Coutinho,

1970 and Coutinho & Kempf, 1972), demonstrating that the beach-rock lines extend from

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the coast, across the shelf until close to the shelf break. It was reported then that the shelf

is dominantly covered by biogenic carbonates Coutinho & Kempf (1972). Beach-rocks

lineaments along the NE Brazilian shelf are found at specific water depths across the

intertidal zone (such as the Pirangi reefs) to the edge of the shelf. Studies suggest these

beach-rock lineaments represent palaeoshorelines formed during periods of sea level

stands (eg. Mabesoone 1964; Kempf, et al., 1967; Mabesoone & Coutinho, 1970;

Coutinho & Kempf, 1972; Dominguez, et al., 1990; Vianna, et al., 1991, Testa, 1997;

Testa & Bosense 1997; Barreto, et al., 2001; Amaral, 2002; Caldas, 2002; Vital, et al.,

2002; Ferreira Junior, 2005; Caldas et al. 2006; Stattegger et al., 2006; Vital, et al., 2007,

2008 and 2010 Gomes & Vital, 2010; Cabral Neto et al., 2010 and 2014). Sampling,

remote sensing, geophysical surveys undertaken in the 1990’s, suggested evidences for

the sediment stream from south to north along the shelf and that the inner shelf (up to

15m depth) was covered by mixed sediments, while carbonate dominates at greater

depths (Vianna et al., 1991, Testa, 1997; Testa & Bosence, 1998 and 1999). Further

investigations in the last decades confirmed the carbonate characteristic of the surface

sediments along the middle and outer shelf; stated the variations in sea level along the

quaternary period based on the formation of beach-rocks lines; and verified the relics of

ancient beaches and shorelines with beach-rocks microscope analysis and dating.

(Barreto, et al., 2001; Vital, et al., 2005, 2008 and 2010; Stattegger et al., 2006; Gomes &

Vital, 2010; Cabral Neto et. al., 2014). The continental shelf of Rio Grande do Norte

presents a mix of siliciclastic and bioclastic sedimentary coverage. Shallow and coastal

areas mainly exhibits terrigenous sediments (siliciclastic), however, changes in

composition are viewed along the shelf, due to bioclasts deposition and terrigenous and/or

relict sediments coverage (when the shelf was exposed to coastal processes of

sedimentary deposition), in the past and nowadays (Kempf et al., 1967; Coutinho &

Kempf, 1968; Mabesoone & Coutinho, 1970; Franca et al., 1976; Testa & Bosence, 1998;

Vital et al., 2010). Since the last maximum glacial, rising sea levels and warmer climate

have resulted in an input of bioclastic sediments that dominates the middle and outer shelf

(Coutinho & Kempf, 1968; Mabesoone & Coutinho, 1970; Mabesoone, 1971; Testa,

1997).

Submerged dunes of varying height formed of terrigenous siliciclastic sediment were

mapped about 100km to the north of the study area Testa & Bosence (1998). This

material suggests the deposition during a lower sea-level, when the shelf was exposed to

winds and to a greater amount of coastal sediments (which were deposited), showing the

relevance of the Quaternary period in the composition of the shelf surface sediments

Testa (1997). The carbonate sea beds are generally associated with the presence of

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organisms that secrete carbonate in their decomposition. The presence of these

organisms in most of tropical Brazilian shelf is due to the hot waters and the photic zone,

an ideal environment to support the development and presence of carbonate-secreting

benthic and pelagic marine organisms, contributing for the nature of the sediment with

shells, skeletons, algae thallus, foraminifera, and so on (Ginsburg & James, 1974;

Milliman, 1977; Wilson et al., 2012). As other low latitude shelves, with little fluvial

influence, deposits of calcareous algae (rhodolith banks), represents a greater part of the

carbonate surface sediments (Milliman, 1977; Testa 1997; Testa & Bosence, 1999;

Vecsei, 2000; Amado-Filho, et al., 2012). The presence of submerged reefs in tropical or

sub-tropical shelves (important sites for organisms aggregation), can also provide a

substantial amount of superficial carbonate sediments to nearby areas (Testa & Bosence

1998; McKergow, et al., 2005; Hewins & Perry, 2006; Browne et al., 2013).

Methods

This study involves data collection and analysis of: sediment samples, side-scan sonar

images and bathymetry from single and multi-beam echo sounders to identify bed forms

and sediment patterns. The methods for data collection and analysis described in this

section were selected and applied with the objective of characterizing the morphology and

seabed heterogeneity of the continental shelf. A 50’ fishermen’s boat and a 57’ fishing

Troller boat were used to support scuba diving, sediment sampling, single-, multi-beam

and side-scan surveys. Data obtained from side-scan, single- and multi-beam sonar

systems are commonly used to distinguish bed form patterns in both hard and soft

substrates. These data provide roughness, height and length of structures information,

texture and other characteristics. When a different bed type was identified, scuba diving

and photographic surveys helped validating the pattern interpretation, especially when the

presence of submerged reefs was suspected. (Fig. 2) shows the types and locations of

the different data collected.

(FIGURA 3.2 – TESE)

Figure 2: Detailed study area map showing locations of data collection. Sediment sampling, side

scan sonar (areas 1 and 2) and multi-beam area. Furthermore shows the diving survey sites, side-

scan and single-beam survey lines (profiles A, B, C, D).

Sediments (Samples collection and processing)

30 sediment samples were collected across the study area. Closer to the coast, the

sampling points distribution was irregular than further offshore, to capture the larger

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variation observed in sediment patterns. Between the coastal and intertidal reefs of

Pirangi and the edge of the shelf, sediment samples were collected at a regular spacing of

2.5km (Fig. 2). Samples were collected using a 5 kg Van-Veen grab, visually described on

board and taken to the laboratory for processing and analysis to measure: grain size,

calcium carbonate (CaCo3) and organic matter (OM) content. Sedimentological analyses

were performed at the Sedimentology Laboratory (Camara Cascudo Museum) - UFRN.

Grain size analysis was conducted following the traditional sieving method (e.g. Sahu,

1965; Guy, 1969; Sengupta & Veenstra, 1968), in which fine sediments (< 0.063 mm)

were separated through wet sieving and the courser fractions were measured through dry

sieving. The calcium carbonate content was estimated using the method of acid

dissolution described first by Maccarthy (1933), and adapted specifically for shelf

sediments by Van Iperen & Helder (1985). The organic matter content was estimated

using the method of loss on ignition described in Heiri et. al. (2001).

The facies map was created using the textural classification of sediments initially

proposed by Larsonneur (1977). This terminology was adapted for the Brazilian shelf by

Dias (1996), and for Ceará and Rio Grande do Norte shelf by Freire et al., (1997),

modified by Vital et al., (2005) due to the characteristics of this shelf. The sediments

collected were classified according to their origin: terrigenous (siliciclastic <30% CaCo3

content), biological (bioclastic >70% CaCo3 content) or mixed (silici-bioclastic), and their

grain-size distribution as: mud (<0.06mm), sandy mud, sand (fine, medium, coarse), sand

with granules and gravel (>2mm). The classification for this shelf shows the following

facies: mud, siliciclastic sand, silici-bioclastic sand, bioclastic sand, bioclastic sand with

gravel and bioclastic gravel. All the maps were built with kriging interpolation method

using Surfer 10 software.

The aim of this classification is to determine the sediment pattern along the bottom

surface, assisting in the understanding of the present depositional environment, the

geomorphology, and subsequently to identify the associated habitats.

Geophysical data (Collection and processing)

Bathymetry data were obtained using single-beam echo sounder Hydrotac (Odom

Hydrographic Systems) operated at 200 kHz frequency and 1cm vertical beam resolution

(approximate error). The speed of sound variation correction in water and the calibration

was performed through the launch of SVP at the beginning of each day's activity and in an

intermediate interval during the collection. A total of 14 survey lines were conducted

perpendicularly to the coast, spaced approximately 1km alongshore and extending about

15km eastwards to circa 35m depth, covering 300km2 in total.

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Fifteen side-scan sonar survey lines (spaced 100 m apart) covered two areas and

overlapped three of the four areas where multi-beam data were collected as shown in

(Fig. 2). The side-scan sonar surveys covered approximately 33km2. Operational details of

side-scan sonars, how data are used to characterize bedforms and sediment patterns are

described in (Stefanon, 1985; Blondel & Murton, 1997 and Cochrane & Lafferty, 2002).

The side-scan system used was the 4100 model from Edgetech (Processor 272-TD). The

tow fish works with high-frequency, incorporating circuits for transmitting and receiving a

standard 100 kHz and a higher 500 kHz side-scan frequency. It was selected a 50-meter

shallow tow cable for the field work. The equipment was towed in a velocity between 4

and 6 knots with 10m cable distance from the boat or 14m from the DGPS antenna,

inputting an average difference in the position of 14m. Discover software, a modular

acquisition and processing package, compatible with the Edgetech system was used

during the data collection. For the mosaic composition SonarWiz Map 5 software was

used (Chesapeake technology Inc.) where was applied post-processing tools as contrast,

gains and angular correction for data analysis.

Multi-beam surveys were concentrated in four small areas (Fig. 2), covering a total area of

approximately 17.5km2, where reef features were identified. Multi-beam collection method

is widely described as an important tool to explore and discover specific features in the

sea floor, for a wide range of purposes from oil & gas industry (Augustin et al., 1996;

Rutledge & Leonard, 2001) to marine conservation, habitat mapping (Mitchell & Clarke,

1994; Kostylev et al., 2001; Greene et al., 2007; Harris & Baker, 2012) and

characterisation of seafloor geology and sedimentology (Biju-Duval et al., 1982; Davis et

al., 1996; Goff et al.,1999; Gardner et al., 2003 and Dartnell & Gardner, 2004). The data

were collected from 11 to 14 April 2012. The system used RESON 8124 seabat echo

sounder, has a cross-sectional area, with maximum angular scan of 120° (100° effective)

80 beams in a 200kHz frequency. HYPACK Software was used for data collection and

processing, with the procedures described by Silva et al., (2013). Using this interface the

navigation lines for acquisition were planned between 12 to 38m depth. The spacing

between lines, for full coverage, was variable due depth changes, following the isobaths in

a parallel orientation. The bathymetric maps were made using HYPACK Hysweep mode,

Oasis Montaj software (Geosoft), Surfer (Golden Software), and ArcGIS (ESRI) for

assembling the generated images. The bidirectional interpolation was generated in a

datasheet on Oasis Montaj. This datasheet was used to produce tridimensional models for

the bathymetric maps in Surfer. Finally using the Arcgis was possible to integrate these

multi-beam data with single-beam, side scan and sedimentology data enabling their

integration for the results interpretation. Data collection and processing for the production

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of maps were undertaken in ArcGIS. All data were collected using datum WGS84 and

UTM metric coordinates system, Zone 25 South.

Results

Morphology

Single beam data provides an overview of the shelf bathymetry (Fig. 3). From shoreline to

the inter-tidal reefs of Pirangi, in the southern portion, the area is relatively flat and shallow

(0-4m depth). Off to these reefs, depth increases rapidly changing from reef surface to

14m depth in about 300m, 1:20 gradient, similar to continental slopes. Depth gradually

changes from 14m to 30m, across 14km, or 1:1000 gradient. Through the seafloor of this

gently sloping area, the following features were identified: flat surfaces, mega-ripples or

small submerged dunes (between 1 to 2.5m height) and few offshore reefs. The relief of

these reefs can vary between 0.5 to 2m depending on the roughness and their live

coverage. Further offshore (outer shelf), 2km wide, the depth sharply changes from 30 to

40-42m preceding the break, (1:200 gradient). Then, the shelf breaks in a steeper slope,

showing 1:15 to 1:50 gradient (Fig. 4a,b). The central and northern portions, after Pirangi

intertidal reefs, comprising the coastal area of Cotovelo beach and Barreira do Inferno, the

variation in depth without the influence of reefs presents a diverse pattern. The depth

increases rapidly from beach up to a distance of 1km (14m depth), 1:50 to 1:70 gradient.

Middle and outer shelf, shows similar pattern as the southern area, (1:1000 gradient) till

30m depth, and then also presenting similar pattern until the shelf break (Fig. 4c,d).

(FIGURA 4.1 – TESE)

Figure 3. Single-beam bathymetry for the study area.

(FIGURA 4.1 – TESE)

Figure 4. Slope profiles across the shelf. (a) Southern profile from Ponta de Ilha Verde; (b) South

profile from Pirangi do Sul; (c) Central profile from Ponta do Flamengo; and (d) Northern profile

from Cotovelo/Pium beach.

Sediment cover, composition and texture

The sediment distribution analysis showed a distribution of coarser sediments in the

middle and outer shelf while the occurrence of medium and fine sand dominates in the

coastal and inner shelf. The seabed surface in the inner shelf (from the coast until a depth

of about 13-15m) is basically composed of terrigenous sediments, with lower

concentrations of carbonate (<21%) in samples at depths between 8 and 12m, and lowest

close to the coast (<7.5%) showing the largest continental influence in the composition of

the surface sediments. Following the alignment of the intertidal and further the shallow

reefs of Pirangi (from the shore till a distance of about 500m offshore in the southern area

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and about 2.5 km in the north end), in a relatively shallow area (ranging from 2 to 7m

depth) occurs an increase in the concentration of carbonate, mainly observed in sample

01 (located over the alignment of Pirangi reefs) with 85.31% of CaCO3, but also in the

neighboring samples of this alignment, with concentrations ranging from 31.2 to 56.75%.

Mixed sediment found is due to the presence of coastal and intertidal reefs, which offer’s

an important gather for organisms (source of carbonates). After a depth of about 13m

there is a change in the sediment pattern, with the predominance of gravel and sandy

sediments. In some samples (e.g. sample 5), more than 90% of the sample consists of

sediment coarser than 2 mm (biogenic gravel – rodoliths, halimeda). It can be seen in the

carbonate content analysis (Fig. 5) mainly carbonate sediments (> 90%) at a depth higher

than 13-15m, suggesting that the outer shelf sediments are from biogenic origin.

The organic matter (Fig. 6) shows lower levels in the inner shelf, increasing from the depth

of about 13m, and higher values in the medium and outer shelf. The samples that had

higher levels in calcium carbonate showed also the highest values for organic matter (7

and 9%), only the sample number 01 showed a diverse pattern, with low value of organic

matter (<1%) and high carbonate (85.31%).

The 9A sample located next to the northeast corner of the study area (close to the shelf

break) had the highest amount of organic matter (14.3%), however the sample 12A

located in an area with similar characteristics had the lowest value content found in all

samples (0.15%). This difference could be due the method, punctual sampling, which

allows or not the gathering of organisms in the sediment sampling. Two areas with diverse

sediment pattern were identified in the study area. The first one (inner shelf), close to the

coast untill a depth of 13-15 meters with the predominance of terrigenous sediments and

the middle-outer shelf, where the sediment pattern is basically carbonatic. There is an

area with a punctual higher percentage of carbonates near the coastline, related to the

intertidal and shallow reefs. The sedimentary facies map (Fig. 7) shows the pictorial

representation of the main sedimentological characteristics as origin and grain size

distribution.

(FIGURA 5.1 – TESE)

Figure 5. CaCo3 content.

(FIGURAS 5.2 – TESE)

Figure 6. Organic Matter content.

(FIGURAS 5.3 – TESE)

Figure 7. Faciology map.

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Sonar Data - Side scan and multi-beam sonars

The side scan-sonar imaging allow a better identification of different seabed features on

this shelf. The first area recovered (1), is approximately 8km off the coast of Pirangi do

Norte (southern part) and 11km off Barreira do Inferno (northern part), conforming a

6.5km long and 1.85km wide rectangular area, from 14 to 24m depth. The second area (2)

follows the same orientation as the first (approximately N-S) and the same position with

reference to the coast, but placed 2km eastwards, from 22 to 34m depth, similar length

and a bit larger 2.8km width (Fig. 8).

In the area (1), the largest reef surface found was Barreirinhas reef (Fig. 9), located 12km

eastwards off Cotovelo beach, or 8.5km from the closest point on land (Pirangi do Sul)

towards E-NE. Barreirinhas arises in a depth of 13 to 14m, presenting low roughness (0.5-

1m), diverging from the carbonate plans around with a smooth reef texture. It follows NW-

SE orientation, with nearly 340m length, 100m width in their NW, varying to 48m in the

center and 30m in the SE. The estimated area is 19046m2 or 1.9ha and 750m perimeter.

Besides the main reef, was found four other reef surfaces in a short distance of 150 to

300m. These reefs show areas of 5639, 3340, 807 and 446m2 respectively. About 750m

away from Barreirinhas, towards (N-NE), 13km eastwards off Pium beach, is placed

another reef surface, known as Mestre Vicente. This reef arises at 18 to 20m depth, about

60m long and 55m wide (almost in a round shape), showing texture and roughness a bit

more irregular than Barreirinhas. The area is 2137m2 or 0.21ha and 187m perimeter.

Meros reef (or stone) is an isolated reef, approximately in the same alignment as

Barreirinhas, 3.25km towards north. It arises in a slightly elongated shape (36m length,

25m wide), at 18m depth, with 650m2 area and 96m perimeter. Nearby this reef was

observed the presence of two other reefs, 240m towards E-NE with similar arrangement

but slightly smaller area of 415 and 199m2 respectively. The texture and roughness is

sharper than the other reefs found in area 1, arising circa 1.5m from the seafloor.

In the area (2) were also found some rocky surfaces linked with fishing and diving spots

and some unknown features. In the extreme northeast was mapped Pedra fogo (Fig. 10),

an area with 5 aligned reef bodies following the orientation (S-SE - N-NW) spaced 15 to

200m. The size and length of these reefs are variable; the smallest has an area of 583m2,

presenting a 25m wide and 45m long elongate shape and 105m perimeter. The main reef

has an area of 3660m2, N-S orientation, average width of 30m, 150m long and 331m

perimeter, the other reef bodies presents areas of 681, 726 and 2307m2. These reefs

arises at circa 23m depth, and presents a huge roughness, about 2m height.

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Pedra do Felipe, a slim reef body around 145m length and 17m average width (1966m2

area and 302m perimeter), arises at 25m depth and follows the same orientation as Pedra

Fogo (1km southwards). As Pedra Fogo, has high roughness compared to other reefs and

a texture showing shades that reveals the 2m average height of this reef. Antonio Novo

reef is found 1.5 km eastward from Pedra do Felipe, arising at 32 to 34m depth and close

to the shelf break. A slender reef (N-S orientation), showing a sharp steep between the

west and east part, and a curved shape on its southern face. Has approximate 350m

length and 55m average width, 18236m2 area or 1.82ha and 900m perimeter. This is the

farthest offshore reef mapped, 15km off (Pirangi do Sul) towards E-NE. There are some

unknown reefs, aligned with Antonio Novo with 1895, 2274 and 4919m2 respective areas,

other one aligned with Pedra do Felipe with 728m2 and another close to, with 645m2. The

unconsolidated sediment texture shows mainly flat carbonate seabed in area (2) and a

mix of flat and wavy features in area (1) (Fig. 9). Changes on texture by wavy features are

clear, showing a NW-SE orientation, they are not wide, presents a huge variation on its

lengths from 20-30m to 800m and the height vary from 1 to 2.5m. These features can be

classified as mega ripples or small submerged dunes according to Ashley (1991).

(FIGURAS 5.4 e 5.5 – TESE)

Figure 8. Side scan sonar data.

Figure 9. Barreirinhas reefs in detail.

Figure 10. Pedra Fogo reefs in detail.

Detailed geomorphology from three selected small reef areas in the study site (Pedra do

Lima, Pedra do Velho and Pedra sem nome) was obtained from the multibeam sonar

imaging (Fig. 11). Pedra do Lima is a small rocky area arising between 26 and 28m,

13.6km eastwards off Pirangi do sul. This reef is aligned with Pedra do Felipe and Pedra

Fogo, nearly 13km southwards from Pedra do Felipe. Pedra do velho arises at 24 to 26m

depth, 15km eastwards off Pium beach (the nearest reef is Barreirinhas, 2.5km

westwards). Pedra sem nome is the southernmost reef mapped, very close to the eastern

border of the study area. This reef arises at depth between 26 and 28m, sited 13km

eastwards off Ponta de Ilha Verde.

(FIGURAS 4.4 – TESE)

Figure 11. Multi-beam sonar data.

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Discussion

Paraiba and Pernambuco shelves presents similarities with southern Rio Grande do

Norte, being a contiguous stretch, with the same bathymetric settings, littoral and shelf

orientation (N-S) (Knoopers et al., 1999; Araújo et al., 2004; Vital et. al., 2010). The Rio

Grande do Norte northern shelf (E-W) orientation has some differences, being wider,

shallower and presenting siliciclastic sands for a longer distance (till 25km offshore),

possible due to the large amount of sediment available compared to the (N-S) shelf (Testa

& Bosence, 1998; Vital et al., 2005; Gomes & Vital, 2010).

Even though some differences, according to the authors above, the shelf from

Pernambuco to Rio Grande do Norte, presents siliciclastic sands in shallow waters (inner

shelf), and mixed or carbonate sands in offshore areas (middle and outer shelf); fine

sediments as mud are restricted to river mouths and filling submarine canyons. Hard

features as beach-rocks and unconsolidated (plain or wavy) surfaces, with diverse

orientation to the coast, are also common through this shelf. In the study area, the same

pattern was found, and the shelf division can be defined according to the features, type of

sediment and depth: inner shelf from the coast till 13m (siliciclastic sands); middle shelf, a

narrow strip from 13 to 15m with sand/gravel (mix of bio-siliciclastic sediments) and outer

shelf (all carbonate sediments - bioclastic gravel) from 15 to 40m or the limit between the

shelf break and the slope. The transition zone between inner and outer shelf is narrower

than 2km and has no remarkable features, so we can classify this shelf only in inner

(including the transition zone) and outer or external shelf.

The calcareous sediments covering the seafloor of tropical shelves are mainly related to

the fragmentation of carbonate algae Halfar et al. (2000). Covered entirely by algae and

their particles carbonate seafloors, are a common feature in the surface of tropical

shelves, with the algae representing both an essential matrix for sediment and supporting

organic matter cementing, eventually forming reefs Bjork et al, (1995). According to some

authors (when consolidated), these carbonate areas may also being referred as algal reef

or reef-like (originated through algal material) (Goreau 1963; Hillis-Colinvaux, 1986).

Nascimento et al., (2010), points out that samples of northeastern Brazilian shelf (which

are predominantly carbonate), consists primarily of carbonatic algae as Halimedas,

lithothamnium and rhodoliths, fragments of coralline algae and some few shell fragments.

The genus Halimeda (Chlorophyta, Halimedaceae) stands out in the formation of this type

of sediment, further the fragments of calcareous algae known as rhodoliths, can build up

by large expanses of sandy bottoms, including forming rhodolith banks Amancio (2007).

More than 80% of the carbonate sediment matrix in a shelf area 60km northwards to the

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study area is composed by coralline red algae, Halimeda sp. and articulated coralline

algae Testa & Bosence (1997).

The sediment sampling allowed to identify areas with terrigenous material, mixed

sediments and predominantly carbonatic sediment, moreover with low or high

hydrodynamism (fine to coarse sediments). The faciology map (Fig 7) featuring the

surface sediment composition pattern along the shelf, shows: the coastal terrigenous

sediments and the coastal and intertidal reefs contribution to the mixing of sediments in

the inner shelf, the middle shelf (division between coastal and marine sediments) and the

carbonate outer shelf dominated by bioclastic sediment. Despite the siliciclastic sands at

the inner shelf, the intertidal and shallow reefs alignment changes the coastal sediment

composition in some samples, presenting mixed sediments, or mainly bioclastic carbonate

due to the substrate for colonization of many organisms that precipitate carbonates

(calcareous algae, cnidarians, molluscs, crustaceans and echinoderms). The carbonate

seabed live coverage indicate the presence of calcareous algae or shell particles and also

the possibility of submerged reef areas, from 13m or 2km off the coast till the shelf break.

The presence of fine sand or muddy sand in the area is observed in samples located just

prior to the shallow and intertidal reefs (Pirangi). The finer particles with mixed

composition (terrigenous/biogenic), 40-50% carbonate are found in a zone protected by

the waves, an area of higher depth compared to the adjacent areas. The organic matter

pattern with lower values near the coast and greater in the middle and outer shelf, may be

linked to the constitution of the sediments Wild et al. (2005). The predominantly

siliciclastic sediments does not offer a consistent substrate for benthic organisms; in the

other way, the carbonate seafloor constitutes an important substrate for benthic

organisms as sponges and algae.

The physical attributes of benthic areas with unconsolidated and consolidated substrates

can be correlated with biological communities or biological coverage patterns. For

example high energy patterns and larger grain size can be correlated with benthic filter

feeding organisms, whilst local low energy environments with smaller grain size can be

linked with benthic deposit feeders Stride (1982).

Sedimentary rhythmic features, spaced along the survey, are found mostly in the outer

portion of the side-scan sonar area (1) at depths between 16 and 24m. These wavy

features, according to their appearance are similar or analogs to small submerged dunes

or mega-ripples (Ashley, 1990). The features have elongated shape, SE-NW orientation

trend, presents (1 to 2.5m) variation on height, huge 20-30 to 800m variation on length,

being a lot longer than wide. Similar features were found by (Testa & Bosence, 1998 and

Gomes & Vital, 2010) in a wider and shallower area northwards from the study site

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(mainly in the inner and middle shelf), a siliciclastic or mixed sediment environment

instead of the carbonate outer shelf at the study site. These features can be related to

relic sediments, deposited during low sea-level times, but may be driven by bottom

currents (due to the carbonate nature). In the outer shelf (area 2), was found a large flat

carbonate bottom and some spaced reefs, with no sedimentary rhythmic features.

As some authors refers to the beach-rock surfaces as palaeo-shorelines (Mabesoone,

1964; Kempf et al., 1967; Mabesoone & Coutinho, 1970), taking place from the littoral to

the shelf break, mainly aligned to the coast. The reefs all over the area show N-NW – S-

SE orientation trend, and presents four main lineaments following the same as the

coastline. The shallow-intertidal, following Pirangi reef trend; Barreirinhas reef trend (12-

15m depth); Pedra-Fogo and Felipe reefs trend; and Antonio Novo reef trend. The trends

can be supported moreover by the beach-rocks surfaces observed along the coastline

and the rocky fishing spots spread in the shelf. Along the Rio Grande do Norte littoral and

shelf many authors also presents these trends and refers the reefs as palaeo-shorelines

indicating sometimes their age and location (Caldas, 2002; Ferreira Júnior, 2005; Vital et

al., 2008; Cabral Neto et al., 2014). Sometimes the reefs arises as sets of reefs, which

could be close but isolated surfaces, but also, single greater reef surfaces, if the bottom

currents acts over the sediments, exposing all the merged area. I.e. If main Barreirinhas

and nearby reefs sets a single one, all the reef would be about 235000m2 or 23.5ha area

and estimated perimeter of 2km, much bigger than the observed. This characteristic could

be found in Pedra fogo reefs, and some other’s as described.

Conclusions

This work revealed the morphology and heterogeneity on the eastern margin of Rio

Grande do Norte continental shelf, through the use of sedimentary sampling and

geophysical methods, gathering the adjusted bathymetry and shelf profile; sediment

calcium carbonate and organic matter content; mapping the shelf faciology; and the

submerged features in detail, showing the main patterns and distribution along the shelf.

The geodiversity on this scale is new for this stretch, the high-accuracy sedimentology

and geomorphology information provided, can be linked or compared to the already

gathered along the tropical Brazilian shelf and be used as knowledge for management

and conservation purposes. Single-beam bathymetry displayed the submarine relief of the

entire area, showing its profile. A well-pronounced depth variation, adjacent to the coast,

in the central and north portion; and a shallow reef-protected area in the south, with the

edge just after the reefs. Both areas presenting a smooth relief (the south one off the

coastal reefs and central/north off the beaches) till close to the shelf break. The inner shelf

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(shallow waters), covered by terrigenous sediment and outer shelf (offshore waters), by

biogenic sediments can be defined by the transition (terrigenous-siliciclastic/carbonate-

biogenic), between 13 and 15m, with a variable distance off the coast of 3km in the south

to 6.5km in the north portion. There’s a zone with mixed sediments starting in the southern

portion (Ilha Verde), connected to Pirangi reefs, following the S-N alignment, which shows

the biogenic contribution provided by coastal reefs to the sediment composition. The

carbonate surface sediments cover the outer shelf, presenting mainly flat areas but also

some wavy features, between 16 to 24m. This sediment is provided by biogenic particles

and fragments spread all over the area. Siliciclastic sediment or mixed sediment

(carbonate/siliciclastic) revealed lower content of organic matter, in the other way the

carbonate sediments showed higher content, possible due to the occurrence of organisms

such as algae or sponges mixed with and contributing to the maintenance of these

sediments. Through geophysical records was possible to evaluate the reef areas, size,

perimeter, orientation, texture and roughness. The side-scan and multi-beam sonars data

revealed submerged hard structures, and a diversity of sedimentary surfaces. Some of

these rocky/reef areas are well known as fishing or scuba diving sites. The reef surfaces

observed has an average height between 0.5 to 2.5m above seafloor, and usually longer

than wide, with similar orientation to the coastal zone (NW-SE). Beyond the reef surfaces

the most common pattern found in the covered area are the sedimentary surfaces (soft

bottons) with variable configurations of unconsolidated sediments. The reefs trend and

distribution along the shelf (at least 4 main reef alignments) suggests that they can be

linked with other reefs along Rio Grande do Norte, Paraiba and Pernambuco shelves,

conforming contiguous potential palaeo-shorelines

Acknowledgments

This work has been developed as part of a doctoral Thesis held at Rio Grande do Norte

Federal University (Post-Graduation program on Geodynamics and Geophysics),

undertaken with The National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP),

FINEP (Brazilian Agency for Innovation) and PETROBRAS (Brazilian multinational energy

corporation) grant, through (PRH22 ANP/MCT - human resources program). The work

was also supported by The Science and Technology National Institute (INCT AmbTropic –

CNPq, FAPESB, CAPES), the overseas scholarship (Program of Overseas Sandwich -

PDSE) by the Federal Agency for Support and Evaluation of Graduate Education

(CAPES) and the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq)

and with the participation of the Ponta de Pirangi conservation project developed by NGO

Oceanica and Bournemouth University – Faculty of Science &Technology. The author

would like to thank the worthy support given by the co-authors in the development of this

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article and all the support given in the fieldwork, data processing and analysis by

GGEMMA (Marine Geology, Geophysics and Environmental Lab Group – UFRN) staff.

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ANEXO 2

_________________________________________________________________

Artigo:

Geodiversidade e os recursos naturais da plataforma continental

brasileira, setor leste do Rio Grande do Norte, com ênfase nos

substratos consolidados

Geodiversity and natural resources of the Brazilian continental shelf,

eastern sector of Rio Grande do Norte State, with emphasis on hard-

bottoms

* Artigo submetido em Setembro de 2015 à RGCI (Revista de Getão Costeira

Integrada), em português. O artigo está em fase de revisão. As figuras são

referenciadas com a numeração do corpo da tese, evitando repetições neste

documento.

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Geodiversidade e os recursos naturais da plataforma continental brasileira,

setor leste do Rio Grande do Norte, com ênfase nos substratos

consolidados

Geodiversity and natural resources of the Brazilian continental shelf, eastern sector

of Rio Grande do Norte State

Guilherme Cherem Schwarz Pierri1; Helenice Vital2; Guigo de Gregório Grimaldi3; Alina

Rocha Pires Barboza3; Tatiana Silva Leite3; Luciana Slomp Esteves4.

1 ; 2 Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica – PPGG-CCET, Departamento de Geologia,

UFRN, Natal, RN, Brasil. [email protected]; [email protected] / 3Programa de Pós Graduação

em Ecologia, Departamento de Biociências, UFRN, Natal, RN, Brasil. [email protected], [email protected], [email protected] /

4 Bournemouth University - Faculty of Science and Technology - Talbot Campus, Poole/UK.

[email protected].

i. Abstract

The main focus of this work is to advance the understanding of biotic and abiotic controls

influencing the geodiversity of tropical continental shelves. The coast and continental shelf

of the Rio Grande do Norte State, in the Brazilian Northeast Region, experiences growing

pressures from oil and gas exploration and other economic activities (e.g. wind farms)

leading to increased concerns about the conservation of natural habitats and living

resources that support local communities. It is then timely to map areas of important

geodiversity and address the current knowledge gap on influencing factors. The

methodology includes sediment sampling, high-resolution geophysical and biological data.

The results indicate a very shallow and narrow shelf, with two distinct areas: the inner

shelf dominated by siliciclastic sediments and the outer shelf mainly constituted by

biogenic carbonates. In both areas, the presence of reefs contributes to the geodiversity

and biodiversity from the shore to the shelf break. A wide flat seafloor covered by

unconsolidated substrates is the dominant submarine landscape. Bedforms such as

ripples and small submerged dunes are observed locally, from 2m to 42m depth. The

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geodiversity maps and the understanding of biotic and abiotic controls are powerful tools

to inform the valuation, management and conservation efforts.

Keywords: marine biodiversity and geodiversity; tropical shelf habitats; continental shelf.

ii. Resumo

A compreensão dos controles bióticos e abióticos e o mapeamento de potenciais habitats

para a plataforma continental nordeste brasileira é a proposta deste trabalho. A área de

pesquisa situa-se no setor Este da plataforma brasileira adjacente ao Estado do Rio

Grande do Norte, a sul da capital Natal, reconhecida como área prioritária para

conservação, devido principalmente a presença de recifes distribuídos desde a costa até

a quebra da plataforma. A metodologia incluiu amostragem sedimentar, dados geofísicos

de alta resolução e dados bióticos. Os resultados mostram uma plataforma muito rasa e

estreita, de superfície plana composta dominantemente por substrato inconsolidado.

Observa-se uma marcada divisão nos sedimentos superficiais, sendo a plataforma

interna (entre 0 e 15 m de profundidade), recoberta por sedimentos siliciclásticos e a

plataforma externa (entre 15 e 50 m de profundidade), recoberta por sedimentos

bioclásticos, essencialmente carbonáticos. A presença de recifes, adjacentes ou

próximos às praias, em zonas intermarés e submersos, até 32m de profundidade

notadamente gera alterações nas características do fundo marinho que contribuem para

a geodiversidade e biodiversidade da plataforma. Associados aos recifes foram

identificadas formas de leito, como marcas de ondas e dunas submersas. Os mapas

apresentados neste estudo oferecem informação de base para avaliação, gerenciamento

e propostas de conservação na plataforma potiguar. Também proporcionam uma visão

espacial dos controles bióticos e abióticos para futuros estudos nas áreas de

oceanografia, geodiversidade e biodiversidade em ambiente de plataformas continentais

tropicais.

Palavras-chave: biodiversidade e geodiversidade marinha; habitats da plataforma

tropical; plataforma continental.

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1. Introdução

A investigação das plataformas continentais, um esforço global para o reconhecimento

dos recursos naturais, encontra avanços importantes nas pesquisas relacionadas às

espécies marinhas e sua distribuição, como o Ocean Biogeographic Information System –

(OBIS, 2013) e o Census Of Marine Life – (Ausubel et. al. 2010). Entretanto, o

conhecimento sobre os ambientes marinhos, em especial no Atlântico Sul Oriental, ainda

apresenta locais pouco pesquisados ou em fase de reconhecimento. O mapeamento das

feições de fundo e dos habitats é uma ferramenta importante para identificar hotspots de

biodiversidade ou possíveis distribuições espaciais de organismos, particularmente se

utilizado baseando-se em correlações com diferentes padrões físicos e oceanográficos

(Greene et. al. 2007).

O crescimento de corais, algas e esponjas em superfícies rochosas submersas,

conjuntamente a caracterização e mapeamento de ambientes com a cobertura biológica

ainda não é descrito de uma forma integrada aos habitats para o oceano Atlântico tropical

(Harris & Baker, 2012). Este tipo de estudo integrado é mais comum em regiões

temperadas e locais de interesse específico no Caribe, Mar Vermelho e em regiões do

Oceano Pacífico (Gibbs & Cochram, 2012; Collier & Humber, 2012; Brooke et. al. 2012).

A área de estudo é carente de informações sobre a biodiversidade associada aos

ambientes sedimentares, contudo substratos inconsolidados, planos ou apresentando

bancos de areia e formas de fundo onduladas (marcas de onda, dunas) são feições muito

comuns nesta área. Estes substratos são o habitat mais comum dos oceanos,

apresentando elevada biodiversidade, principalmente associada à micro e meso-fauna

bentônica, entretanto sua riqueza e importância é ainda subestimada e pouco conhecida

(Snelgrove, 1999). É comum relacionar tipos de sedimento e padrões de energia

hidrodinâmica aos atributos físicos das áreas bentônicas inconsolidadas a padrões ou

comunidades biológicas, como a relação entre locais de alta energia e maior

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granulometria à fauna bentônica de organismos filtradores e locais de baixa energia com

menor granulometria à fauna bentônica de comedores de depósitos (Stride, 1982).

Áreas recifais rasas, depósitos rochosos emersos ou localizados nas porções intermarés,

fundos carbonáticos ou arenosos, são habitats relativamente fáceis de serem mapeados

ou detectados através de ferramentas de sensoriamento remoto. Todavia, existem

inúmeras áreas recifais ou depósitos submersos ainda desconhecidos, localizados em

profundidades um pouco maiores ou locais de elevada turbidez, invisíveis aos sensores

remotos. Atualmente áreas mais profundas estão sendo mapeadas em detalhe, através

do uso de técnicas de geofísica, apesar disso, estas áreas são conhecidas apenas

pontualmente e documentadas em poucos estudos ao redor do globo. Para integrar

informações biológicas e geológicas de um local, o ideal é estudar e mapear possíveis

habitats, compreendendo fatores ambientais e características que controlam sua

biodiversidade (Kenny et. al. 2003).

A área de estudo está localizada no Setor Oriental do Estado do Rio Grande do Norte,

nordeste do Brasil, limitada no continente pela linha de costa e costa afora pela quebra

da plataforma continental (Figura 1). Os limites em coordenadas geográficas, graus

decimais, da área de estudo são os vértices 1 - 5,88ºS e 35,15ºW; 2 - 5,88ºS e 34,99ºW;

3 - 6,01ºS e 34,97ºW; 4 - 6,01ºS e 35,10ºW, Datum WGS84. Esta região caracteriza-se

pela presença de recifes intermarés, explorados turisticamente há décadas, circundados

por um substrato marinho com diferentes feições submersas, ainda não mapeadas ou

pouco conhecidas, como lineamentos de recifes e áreas com coberturas sedimentares de

composição siliciclástica e/ou bioclástica, com variada granulometria (de argila até

cascalho).

(FIGURA 1.1 – TESE) Figura 1. Localização da área de estudo.

Os habitats marinhos bentônicos são áreas críticas para o gerenciamento e

sustentabilidade do uso dos recursos naturais marinhos vivos e não vivos. De acordo

com (Harris & Baker, 2012), habitats comuns na plataforma tropical são: formas de leito

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de pequena a grande escala (marcas onduladas a dunas subaquosas), recifes de corais,

vales incisos e canyons submarinos, platôs, bancos de fanerógamas, de rodolitos, áreas

escarpadas, cabeços recifais, recifes de arenito (beachrocks) ou superfícies rochosas.

(Heyman & Kobara, 2012; Nichol, et. al. 2012) relatam a importância do mapeamento de

habitats, através de parâmetros físicos e biológicos em conjunto. Segundo (Harris &

Whiteway, 2009) o mapeamento deve levar em consideração determinados aspectos, tais

como: ocorrência de espécies em perigo ou risco de extinção e/ou espécies protegidas

por lei, identificação de determinados habitats propícios para estas espécies,

mapeamento de feições submersas distintas ou locais propícios para alta biodiversidade.

Os mapas de habitat marinho são úteis em um panorama atual de declínio nos estoques

pesqueiros oceânicos e degradação dos habitats associados ao fundo marinho,

provocados pelos mais diversos usos da plataforma e de áreas mais profundas. Estes

mapas, que levam em conta características bióticas e abióticas, tem uma importância

crítica na identificação de possíveis habitats, essenciais para a manutenção de estoques

e da saúde marinha, facilitando o gerenciamento e a determinação de áreas efetivas para

conservação (Kenny et. al. 2003; Anderson et. al. 2007; Greene et. al. 2007).

(Greene et. al. 2007) sugerem que mapas marinhos de habitat bentônico criados com

Sistemas de Informações Geográficas (SIG) devem ter atributos que permitam

caracterizá-los de forma acurada, também sugerem que a caracterização do fundo

marinho para este tipo de mapa deve ser normatizada para que se possa estabelecer

comparações entre estudos e cooperação entre pesquisadores.

A conservação da geodiversidade também deve ser incluída no manejo de usos de

recursos marinhos (Gray, 2004). Assim como muitos parques e reservas são criados com

base na geodiversidade terrestre (e.g. Grand Canyon National Park-Estados Unidos,

Twelve Apostles Marine National Park-Australia, ou Parque da Serra da Capivara,

Parques da Furna Feia e Geoparque Seridó-Brasil) a geodiversidade marinha deve

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também ser considerada na criação de Unidades de Conservação Marinhas, como

enfatizado por Schobbenhauss & Silva (2012).

O mapeamento das áreas rochosas na plataforma e de suas características físicas

também é relacionado como ferramenta para a determinação inclusive do tipo de

recursos pesqueiros que podem estar associados a este ambiente (e.g. Yamanaka et. al.

2012).

Na região, destacam-se os trabalhos realizados por grupos de pesquisa da UFRN, como

o Diagnóstico Ambiental de Pirangi, no ano de 2006 (Amaral et. al. 2006; Mendes et. al.

2006) com o estudo do ambiente costeiro e dos recifes rasos emersos e submersos de

Pirangi e o trabalho realizado pela ONG Oceânica através do Projeto Ponta de Pirangi,

patrocinado pela Petrobras – Programa Petrobras Ambiental, que levantou informações

sobre fauna bentônica e diversidade de peixes em alguns pontos próximos à costa

(recifes rasos) e afastados (recifes profundos)através de mergulho, utilizando fotografias,

vídeos, avaliação de rugosidade, cobertura bentônica, dentre outros aspectos

relacionados à biodiversidade (e.g. Azevedo, 2011; Barboza, 2014; Grimaldi, 2014; Pierri,

2015; Torquato, 2010). Estes trabalhos evidenciaram a cobertura de organismos

bentônicos associados às áreas recifais rasas e fundas, classificando esta cobertura de

acordo com a presença de grupos de algas, esponjas, corais e áreas recifais desprovidas

de cobertura animal. Foi um trabalho pioneiro nesta região da plataforma e base para

discussão da cobertura bentônica associada aos recifes da plataforma leste Potiguar.

Este projeto motivou uma série de pesquisas desenvolvidas no âmbito da compreensão

dos padrões de biodiversidade bentônica e ictiológica em áreas recifais, além da

geodiversidade da plataforma, que são aqui utilizados na discussão deste trabalho.

Trabalhos como de (Azevedo, 2011; Barboza, 2014) caracterizaram a cobertura viva nos

recifes intermarés e rasos de Pirangi, dando ênfase à diversidade principalmente da

cobertura vegetal dos recifes e à diversidade de macrofauna bentônica associada,

avaliando fatores físicos e biológicos que influenciaram na distribuição e abundância dos

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organismos, além dos impactos provocados na cobertura viva pela atividade turística

intensiva. (Grimaldi, 2014) caracterizou sete formações recifais localizadas entre 15 e 28

metros de profundidade. Este autor fez um estudo detalhado sobre ecologia (principais

componentes da comunidade bentônica), diversidade de espécies, particularidades

estruturais, biológicas e o tipo de utilização humana para cada formação recifal.

Especificamente levantou informações referentes ao tipo de cobertura do substrato,

megafauna de invertebrados bentônicos, comunidades coralíneas, ictiofauna e

parâmetros físico-químicos. Cinco das feições recifais identificadas por (Grimaldi, Op. cit.)

foram selecionadas para mapeamento de detalhe através de métodos geofísicos (sonar

de varredura lateral e batimetria multifeixe) e são aqui discutidas neste estudo:

Barreirinhas, Mestre Vicente, Pedra do Felipe, Pedra do Velho e Pedra do Lima.

2. Metodologia

A metodologia utilizada consistiu em integrar as informações já disponíveis de

biodiversidade adquiridas durante o Projeto Ponta de Pirangi com levantamentos

geológicos e geofísicos do substrato plataformal (detalhes em Pierri, 2015), incluindo

coleta de amostras de sedimentos do fundo marinho, batimetria mono e multi-feixe e

imageamento com sonar de varredura lateral, fotografias e vídeos nas áreas de recifes

costeiros, intermarés e costa afora (Figura 2).

(FIGURA 3.2 – TESE) Figura 2. Mapa da área de estudo apresentando a localização dos

diferentes levantamentos realizados. Map showing the location of different surveys carried on the

studied area.

Foram coletadas 30 amostras de sedimentos, distribuídas na plataforma, abrangendo

desde áreas costeiras até próximas à quebra da plataforma, com a finalidade de se obter

uma caracterização sedimentar. Para a coleta foi utilizado um amostrador pontual do tipo

draga Van Veen (capacidade de 5 kg). Os dados de batimetria monofeixe foram

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adquiridos perpendicularmente a costa. Ao todo foram adquiridas 14 linhas ao longo da

área de estudo em espaçamento de 1km entre elas, utilizando o ecobatímetro Odom

Hydrographic Systems modelo Hydrotrac, na freqüência de 200 kHz, cobrindo toda a área

de estudo.

Duas áreas principais foram imageadas com sonar de varredura lateral EdgeTech

(modelo 272-TD), na plataforma ao largo de Pirangi e Barreira do Inferno. Os perfis foram

adquiridos com resolução de 100 MHz, em um total de 15 linhas paralelas e uma área de

aproximadamente 33km2. A primeira área (1) é localizada 8km em direção leste desde

Pirangi do Norte (sul) e 11km na mesma direção desde a costa da Barreira do Inferno

(norte), conformando uma área retangular de 6.5km de comprimento por 1.85km de

largura, entre as profundidades de 14 e 24m. A segunda área (2) segue a mesma

orientação da primeira (aproximadamente N-S) e a mesma posição com referência à

costa, porém localizada 2km offshore desde a primeira, com profundidades variando de

22 a 34m, comprimento similar e largura um pouco maior (2.8km).

O levantamento com sonar multifeixe (Reson, modelo SeaBat 2184), foi realizado em

quatro áreas distintas, cobrindo as áreas imageadas com sonar de varredura lateral (1 e

2) e outras duas áreas, totalizando 17,5km2. Uma localizada no intervalo entre a área 1 e

a área 2 do levantamento de sonar de varredura, recobrindo a região do recife de Pedra

do Velho e outra área localizada a cerca de 2.8km para sul da área 2, recobrindo as

pedras do Lima e sem nome.

Dentre os trabalhos referentes ao estudo da biodiversidade, as metodologias que

envolvem a aquisição de dados levam em consideração amostragens direcionadas à

fauna e flora bentônica e ictiofauna, através de sensos visuais, análise por transectos de

10 e 20m, 2x20m e 5x30m (Hill & Wilkinson, 2004; Munro, 2005; Ferreira & Maida, 2006),

avaliação de fotografias e vídeos, além do uso de quadrados amostrais de variados

tamanhos (Preskitt, et. al. 2004; Parravicini et. al. 2009), em diferentes pontos de

amostragem (áreas emersas, intermarés e submersas), entretanto sempre relacionados a

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substratos consolidados. Foram utilizados para cruzamento de dados métodos

computacionais de contagem de indivíduos (Kohler & Gill, 2006) e de categorização de

substrato por porcentagem de cobertura (Huff, 2011). Os ambientes amostrados foram os

recifes localizados nas praias da área de estudo, nas áreas intermarés (Recifes de

Pirangi) e nas áreas offshore (Recifes fundos). O mapa de habitats proposto neste

trabalho leva em consideração a interpretação dos métodos utilizados para o esquema de

classificação de (Greene et. al. 2007) que inclui ferramenta de informação geográfica,

integrando dados abióticos, incluindo tanto geofísicos (sonar de varredura lateral, mono e

multi-feixe), quanto geológicos (amostras de sedimentos) e bióticos (in-situ, fotos,

vídeos). A escala de mapeamento de habitat pode variar de megahabitat (províncias

fisiográficas como a plataforma NE do Brasil); mesohabitat (canyons, montes submarinos,

grandes feições de fundo); macrohabitat (recifes, cabeços, marcas de ondas, dunas

submersas) até microhabitat (características internas à uma rocha, poça de maré, ou um

organismo ex. esponja). O mapa proposto no estudo encontra-se no nível de

macrohabitat. De acordo com (Harris & Baker, 2012), para iniciar o conhecimento de

habitats, primeiramente é importante conhecer a batimetria, as feições do leito marinho,

adquirir amostras sedimentares relacionadas a estes ambientes e realizar fotografias ou

filmagens subaquáticas. O mapeamento da geomorfologia ou diversidade geológica do

fundo marinho (geodiversidade) é o principal atributo utilizado para a compreensão de

diferentes habitats. O software ArcGIS foi utilizado para a análise das variáveis

ambientais e compilação de dados. Esta ferramenta é importante para auxiliar a análise

dos dados integrados, reunindo em um mesmo plano espacial, informações

diversificadas. Esta técnica, integrando biodiversidade e geodiversidade, oferece como

produto uma boa aproximação para o estudo e mapeamento de habitats marinhos (Roff,

et. al. 2003; Greene et. al. 2007; Harris & Whiteway, 2009; Rice et. al. 2011).

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3. Resultados

A caracterização realizada por (Pierri, 2015) envolveu dados abióticos como os obtidos

através da batimetria mono-feixe, que ofereceram um panorama geral do perfil submarino

da plataforma (supporting information). Foi possível identificar uma área muito rasa

(máximo 4m de profundidade) na faixa entre a praia e os recifes intermarés de Pirangi, na

porção sul da área de estudo. Na porção costa afora aos recifes a profundidade aumenta

rapidamente, variando em um curto espaço, da ordem de 300m, de 0-1m para 14m, a

uma declividade de 20:1. Em seguida, a profundidade varia gradativamente de 14m até

30m em uma distância de cerca de 14km, sem a presença de escarpas, com declividade

de 1000:1. Esta grande área com pequena variação de profundidade apresenta uma

série de feições, tais como: áreas planas, marcas de onda ou pequenas dunas

submersas, com altura entre 1 e 2.5m, comprimento variável entre 20-30m e 800m e

alguns recifes submersos. A plataforma externa apresenta uma área de cerca de 2km de

largura, onde a profundidade varia mais rapidamente de 30 para 40-42m, próximo à

quebra da plataforma (variação de 200:1). Após esta área ocorre a quebra da plataforma,

com a profundidade aumentando rapidamente (variação de 15:1 a 50:1). Nas áreas

central e norte, após os recifes intermarés de Pirangi, compreendendo as Praias do

Cotovelo, Pium e Barreira do Inferno, a variação em profundidade, sem influência de

recifes, apresenta um padrão diferente. A profundidade aumenta rapidamente desde a

costa até cerca de 1km de distância desde o nível do mar até 14m (variação de 70:1).

Costa afora o padrão de profundidades é semelhante ao já descrito para o setor mais ao

sul.

A análise sedimentar mostrou uma distribuição de sedimentos mais grossos na

plataforma externa (areia média a cascalhos) e areias finas a médias na plataforma rasa,

próximos à costa, com os padrões demonstrados no mapa faciológico (supporting

information).

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A superfície inconsolidada na plataforma rasa (desde a costa até uma profundidade de

13-15m) é basicamente composta por sedimentos terrígenos, com baixa concentração de

carbonato (<21%) em amostras com profundidades entre 8 e 12m, e menores próximas à

costa (<7.5%) demonstrando a maior influência continental na composição dos

sedimentos superficiais. Padrão alterado para sedimentos mistos, somente no lineamento

dos recifes costeiros de Pirangi. As áreas consolidadas da plataforma rasa podem ser

divididas em recifes praiais, intermarés e rasos - As áreas recifais costeiras possuem

basicamente dois tipos de substrato rígido: platôs recifais (beach-rocks) e recifes rugosos

(beach-rocks com incrustações ou predomínio de blocos areníticos ferruginosos) (Figura

3a, b). De acordo com (Azevedo, 2011; Barboza, 2014), os platôs, superfícies de beach-

rocks, apresentam em suas porções emersas rochas nuas, nas áreas intermarés

cobertura variável de fauna e flora, sendo o zoantídeo Zoanthus sociatus e as algas

ramificadas, com média de cobertura de 20.6% e 20%, respectivamente, os mais

representativos (algas pardas ramificadas podem atingir 85% de cobertura neste

substrato) e nas áreas submersas rasas, cobertura de areia, rodolitos e algas folhosas e

filamentosas. Esta superfície em sua porção intermarés, apresenta grande densidade de

invertebrados bentônicos dos grupos gastropoda (mollusca) e malacostraca (crustacea),

com média de 14.1 e 7.1 indivíduos/m2, respectivamente, além dos ouriços-do-mar. As

áreas recifais rugosas apresentam rocha nua (emersa) e nas áreas intermarés, ainda um

predomínio de rocha nua (85%), seguido pela cobertura de algas filamentosas (11.6%).

Os grupos mais representativos da fauna intermarés encontrada neste ambiente foram as

cracas (maxillopoda -crustacea) e bivalvia (mollusca), com média de 3049.8 e 54.2

indivíduos/m2, respectivamente, além dos gastrópodes, e caranguejos.

Em contrapartida, a plataforma externa (>13-15m de profundidade) em sua quase

totalidade é recoberta por sedimentos de origem biogênica (>90% carbonatos)

(fsupporting information). Variadas configurações na superfície sedimentar, como áreas

planas, marcas de onda e pequenas dunas submersas (até 2m de altura), além de

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estruturas submersas rígidas ou consolidadas foram observadas a partir dos registros

dos sonares de varredura lateral e multifeixe. As estruturas recifais observadas possuem

uma altura entre 0.5 e 2.5m em média em relação ao fundo e usualmente são mais

longas do que largas, com uma orientação em relação à costa geralmente no sentido

(NW-SE).

A maior superfície recifal encontrada foi o recife de Barreirinhas, localizado a 12km em

direção leste desde a praia do Cotovelo, ou 8.5km desde o ponto mais próximo em terra

(Pirangi do Sul) em direção E-NE. Barreirinhas tem uma profundidade entre 13 e 14m,

seguindo a orientação NW-SE, com comprimento aproximado em 340m e largura

variando entre 100m em seu extremo NW, 48m no centro e 30m no extremo SE. A área

estimada é de 19.046m2 ou 1.9ha e com um perímetro de 750m. Além do recife principal

foram encontrados outros quatro recifes em uma distância pequena de 150 a 300m do

corpo principal, podendo significar que toda esta área seria um corpo recifal único com

uma área aproximada de 23.5ha. Alguns recifes, como a Pedra do Felipe, Pedra Fogo e

outros ainda sem nome, possuem um padrão similar, seguindo a orientação (N-NW – S-

SE) com o corpo alongado e estreito, aproximadamente 6 a 10 vezes mais longo do que

largo. A maior parte dos recifes encontrados apresentou pequena área em comparação

com Barreirinhas (<1ha). O recife de Antonio Novo apresentou uma configuração diversa,

com uma escarpa abrupta da parte oeste para leste, com cerca de 10m e foi o que se

localizou mais próximo à quebra da plataforma. As superfícies recifais submersas fundas

(13 a 32m de profundidade) diferem-se entre si nos aspectos referentes à profundidade,

área, rugosidade e complexidade de habitat, tipo de cobertura viva e riqueza de espécies

(Figura 3c, d).

(FIGURA 6.5 B,C,D,F,H – TESE)

Figura 3. Exemplos de biodiversidade associada à cobertura de substratos rochosos (recifes de arenito – beachrocks e arenitos ferruginosos) na área de estudo. (A) Superfície dos recifes intermarés de Pirangi; (B) Região inframarés dos recifes da Ponta de Ilha Verde; (C) Biodiversidade associada aos recifes de barreirinhas (cerca de 13m de profundidade) – recobertos basicamente por algas e (D) Biodiversidade associada aos recifes da pedra sem nome (cerca de 22m de profundidade) – recobertos por algas e esponjas / Examples of biodiversity associated with

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rocky surfaces (beach-rocks and beach-rocks plus ferruginous arenites) at study site. (A) Intertidal reefs of Pirangi; (B) Subtidal shallow reefs of Ponta de Ilha Verde; (C) Biodiversity on Barreirinhas reefs (about 13m depth) basically covered by algae; and (D) Biodiversity on Pedra sem nome reefs (about 22m depth) cobered by algae plus sponges.

Os principais organismos bentônicos que recobrem os substratos dos recifes fundos são

as algas e esponjas, sendo os corais encontrados com baixa abundância relativamente

aos outros grupos. As algas, em seus principais grupos encontrados (folhosas e

calcárias) recobrem cerca de 72.15% dos substratos rochosos (com variação de

±18.65%); as esponjas em suas variadas espécies recobrem 13.62% (±8.43%) e os

corais pétreos apenas 0.72% (±1.08%). Na avaliação da complexidade recifal através do

método de observação, as maiores rugosidade e complexidade de habitat foram

encontradas no recife Pedra do Felipe, a menor rugosidade nos recifes Pedra do Velho e

Pedra do Felix e maior variedade de formas de crescimento no recife Mestre Vicente.

Este apresentou grande cobertura de algas folhosas (60.4%), seguido dos recifes Pedra

do Lima (56.77%) e Pedra do Felix (42.24%), já a Pedra do Felipe foi o recife que

apresentou maior quantidade de cobertura por algas calcárias (45.21%), representando o

dobro do recobrimento por algas folhosas. A pedra do Felix foi o recife com maior

cobertura de algas filamentosas (25.8%) (Grimaldi, 2014).

Quanto à megafauna de invertebrados bentônicos, a maior abundância de indivíduos por

metro quadrado foi encontrada em Mestre Vicente, com 170 indivíduos/40m2. Já a Pedra

do Lima apresentou (88 ind./40m2) e a Pedra do Felix (69.6 ind./40m2), sendo os recifes

vastamente recobertos por esponjas, com exceção do Cabeço do Leandro, onde os

corais pétreos apresentaram cobertura equivalente às esponjas. Quanto à riqueza de

invertebrados, os recifes mais ricos são: Cabeço do Leandro, com oito táxons

encontrados e Pedra do Felipe com sete, os demais apresentaram apenas quatro, dentre

os onze grupos avaliados (ascídias, caranguejos, camarão palhaço, corais duros e moles,

esponjas, estrelas do mar, gastrópodes, lagostas, ouriços, poliquetas e polvos) (Grimaldi

op. cit.).

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A partir da análise das informações disponíveis de geo/biodiversidade e com base nas

classificações de habitat propostas por (Anderson et. al. 2007 e Greene et. at. 2007) é

possível organizar as informações para os controles abióticos e bióticos da plataforma

(Tabela 5 – TESE) e sugerir os seguintes habitats para a plataforma sul potiguar (Figura

4):

(FIGURA 6.4 – TESE)

Figura 4. Mapa de habitats para a área de estudo. (A) Habitats da plataforma rasa; (B) Habitats da plataforma externa – recifes fundos dominados por algas; (C) Habitats da plataforma externa – recifes fundos dominados por algas e esponjas. Legenda (AP): área da pesquisa; (Fo): feições sedimentares onduladas; (Rf) recifes fundos; (Rrv): recifes rasos validados; (Rrp): recifes rasos possíveis; (Ri): recifes intermarés; (Rp) recifes praiais; (HabRFa): habitat dos recifes fundos dominados por algas; (HabRFae): habitat dos recifes fundos dominados por algas e esponjas; (Fm): possíveis áreas com fanerógamas marinhas; (Pr): plataforma rasa; (Pr-e): interface plataforma rasa e externa; (Pe): plataforma externa; (Bat): isolinhas batimétricas; (Ppm): pontos de interesse para pesca e mergulho; (Urbe): urbanização; (Água): corpos d’água, rios; (UCs): limites das unidades de conservação terrestres; (Mun): limites municipais.

A plataforma leste potiguar pode ser dividida em rasa ou interna e externa de acordo com

a característica sedimentar, integrado a este ambientes, são encontrados diferentes

habitats.

Plataforma rasa (Figura 4A): Superfície sedimentar terrígena, em sua maioria composta

por areias finas a médias, com sedimentos mistos próximos a áreas recifais costeiras e

sedimento lamoso nas áreas anteriores aos recifes. Estende-se desde as praias até a

profundidade de 13 a 15m. Além do fundo inconsolidado, a plataforma rasa apresenta os

seguintes habitats: recifes praiais - superfícies recifais mistas (beach-rocks e arenitos

ferruginosos) encontradas junto às praias; recifes costeiros intermareais: superfícies

recifais mistas, localizadas em áreas intermarés próximas às praias (300m a 2km de

distância do sul para o norte), compostos por beach-rocks (superfícies planas) e em

algumas áreas com incrustações significativas de arenito ferruginoso (superfícies

rugosas); recifes rasos: superfícies recifais mistas, análogos aos recifes intermareais,

contudo apresentando maior quantidade de cobertura viva, principalmente relacionada à

algas. De acordo com informações locais, algumas áreas próximas aos recifes rasos

apresentam bancos de fanerógamas, locais importantes para a manutenção do peixe-boi

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marinho. Plataforma externa (Figuras 4B e C): Superfície sedimentar carbonática,

composta em grande porcentagem por algas calcáreas e outros organismos relacionados

ao fundo e à coluna d’água (areia grossa/cascalho carbonáticos). Extende-se desde o

limite com a plataforma rasa ou interna (13 a 15m) até a quebra da plataforma (> 50m).

Esta superfície é reconhecida localmente como restinga biodetrítica marinha, é o tipo de

fundo mais comum encontrado na área de estudo. Este ambiente apresenta-se plano em

grande extensão, ou com a formação de marcas de onda, mega-ripples ou pequenas

dunas submersas. Além do fundo inconsolidado, a plataforma extrena apresenta os

seguintes habitats: recifes submersos - cobertura algas (Figura 4B) e cobertura

algas/esponjas(Figura 4C): Superfícies recifais com conformação e tamanho variáveis,

ocorrendo de forma espaçada desde os 13m de profundidade até a quebra da

plataforma, alguns com área relativamente grande como o de Barreirinhas e outros se

apresentando como cabeços ou rochas isoladas. Os recifes em menor profundidade (13-

20m) apresentam uma porcentagem de cobertura de algas maior, relativamente a

esponjas e corais, já os localizados em profundidades maiores (>20m) apresentam maior

quantidade de recobrimento por esponjas e algas. Tanto recifes intermareais, como

submersos possuem orientação N-NW/S-SE, predominantemente.

4. Discussão

Conhecer e definir quais são os controles biológicos, geológicos e oceanográficos para

mapear habitats ou bioregiões não é uma tarefa simples. Ainda hoje não existem técnicas

satisfatórias ou esquemas de classificação confiáveis que oferecem respostas para este

problema de pesquisa. O desafio de encontrar respostas e compreender os fatores que

podem exercer controle, sobre a geodiversidade e a biodiversidade da plataforma

continental leste do Rio Grande do Norte, tornam o tema desta pesquisa de grande

interesse para a comunidade científica. Com o mapeamento das diferentes feições e

habitats é possível avaliar quais são as áreas mais ou menos sensíveis à exploração e

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prioritárias para a conservação. Desta forma contribuindo para o planejamento nos

setores público e privado de atividades offshore, de forma a minimizar possíveis impactos

ambientais na instalação de estruturas físicas próximas a áreas recifais, como campos de

exploração de petróleo, usinas eólicas, etc.

Para definição de habitats, é imprescindível uma consistente série temporal e espacial de

dados abióticos e bióticos, que possibilitem a estruturação de um esquema de

classificação o mais próximo possível da realidade (Greene et. al. 1999). Isto já é uma

realidade para alguns grupos de pesquisa nos EUA, Canadá, Europa e Oceania

(Austrália e Nova Zelândia), porém não é o que ocorre para a América do Sul e em

particular o Nordeste do Brasil onde se encontra inserida a área de estudo, visto que

tanto dados abióticos, como bióticos nesta plataforma ainda encontram-se em um estado

inicial de aquisição e validação.

A plataforma continental Leste do Rio Grande do Norte, apresenta a mesma orientação

(N-S) e contiguidade com as plataformas da Paraíba e Pernambuco, o que lhe confere

muitas similaridades, tanto referentes ao perfil batimétrico e largura, como às

características dos substratos inconsolidados e consolidados. Esta região da plataforma

tropical brasileira apresenta como características principais, a presença de sedimentos

superficiais terrígenos (siliciclásticos) na plataforma interna e biogênicos (carbonáticos),

recobrindo a plataforma externa, além de lineamentos de recifes areníticos desde a zona

costeira até a quebra da plataforma (Araújo et al. 2004; Cabral Neto et al. 2014; Knoopers

et al. 1999; Pierri, 2015; Vital et al. 2010; Vital 2014). Sendo uma plataforma tropical

relativamente estreita, rasa e com a zona fótica atingindo sua quebra, a área de estudo

apresenta características de ambiente marinho tropical de águas rasas (Sanders, 1968).

Como características-chave para definição de habitats, aponta-se a separação clara entre

os sedimentos constituintes da superfície (terrígenos até 13-15m e carbonáticos até a

quebra da plataforma), além das peculiaridades de cada formação recifal ao longo de

toda a área. A superfície sedimentar carbonática, reconhecida localmente como restinga

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biodetrítica marinha, pode ser considerada uma superfície “viva”, rica em organismos

constituintes da micro e meso epifauna e infauna bentônica (sentido de Snelgrove, 1999),

recoberta por algas e esponjas e compostas geralmente por (fragmentos de algas, macro

e micro-organismos). Esta superfície é moldada conforme a hidrodinâmica local, exibindo

áreas planas e formações de marcas de onda: ripples, mega-ripples ou pequenas dunas

submersas, conforme classificação proposta por Ashley (1990). As formas de fundo

inconsolidado encontradas são análogas a áreas correspondentes da plataforma a norte

e sul da área de estudo (Amaral, 1999; Araújo et al. 2004; Gomes & Vital, 2010;

Knoopers et al. 1999; Testa & Bosence, 1999; Vital et. al. 2010; Vital 2014),

diferenciando-se entretanto em relação ao Setor Norte, quanto a extensão, por ser muito

mais estreita, e sem distinção definida da plataforma média, como apresentada no setor

Norte (Gomes & Vital, 2010; Testa & Bosence, 1999; Vital et. al. 2010; Vital 2014 ).

De acordo com (Dayton, 1971), as regiões da plataforma onde há substratos rígidos,

geralmente são locais com maior biodiversidade e/ou biomassa por metro quadrado.

Superfícies rochosas irregulares proporcionam locais ideais para a fixação de organismos

filtradores, já que estas estruturas podem formar barreiras hidrodinâmicas, permitindo

que haja maior fluxo ou circulação de água. Fundos complexos e irregulares também

promovem uma interessante proteção natural para organismos juvenis e invertebrados,

sendo locais propícios para o crescimento e desenvolvimento destes organismos.

Comparado com locais de altas latitudes, as superfícies consolidadas presentes nas

plataformas tropicais, apresentam maior diversidade de espécies e representam locais

prioritários para conservação (e.g. Roberts et. al. 2002; Wahl, 2009; MMA, 2010).

A variação na composição dos substratos recifais costeiros é bastante dependente do

período de exposição, rugosidade e níveis de stress ambiental nos quais os organismos

associados ao fundo se encontram. A cobertura viva do substrato dos recifes rasos e

intermarés de Pirangi é basicamente composta por algas, principalmente vermelhas e

pardas, seguido de algas verdes e corais (Azevedo, 2011). Áreas recifais intermarés,

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compostas por beach-rocks, são relativamente planas e permanecem aproximadamente

de três a quatro horas emersas durante as marés baixas, em contraste com as áreas

recifais rugosas (com incrustações de arenito ferruginoso sobre a base de beach-rock),

que permanecem aproximadamente sete horas expostas, em alguns locais, (Barboza,

2014). Maior tempo de exposição ocasiona temperaturas mais elevadas e justifica a alta

densidade de cracas (Maxillopoda), encontradas nas áreas intermarés rugosas, uma vez

que são organismos adaptados a essas condições de estresse (Stephenson &

Stephenson, 1972; Anderson, 1994). Apesar das condições adversas (impacto de ondas,

grandes variações físico-químicas e de temperatura diárias, estresse relativo a tempo de

exposição aérea), a topografia acidentada do substrato das áreas intermarés,

principalmente àquelas rugosas, permite a formação de poças de maré que atuam como

micro-habitats (Nybakken & Bertness, 2004), possibilitando a ocorrência de espécies

também adaptadas a estas condições e assim, aumentando a biodiversidade local nos

recifes. As formações encontradas nos recifes fundos possuem característica arenítica,

base para incrustação da cobertura viva, como algas, esponjas e, em menor escala,

corais. Estes organismos promovem suporte para uma série de espécies marinhas se

fixarem e contribuem de maneira significativa para a cadeia trófica associada. As

esponjas são um componente estrutural e funcional importante nos recifes fundos, devido

à alta diversidade de espécies, abundância de indivíduos e biomassa (Grimaldi, 2014). A

grande abundância de esponjas evidencia locais de alta energia hídrica, sugerindo locais

com elevado material em suspensão disponível para organismos filtradores. É possível, a

partir das informações, apontar que os recifes localizados a maiores profundidades

possuem em geral maior recobrimento por esponjas, comparativamente, entretanto cada

recife possui características próprias. Não há ainda relações claras entre rugosidade,

riqueza e diversidade de substrato, apenas similaridades de forma e a possibilidade de

constituírem os mesmos alinhamentos, referentes a antigas linhas de costa. Por exemplo,

o alinhamento (barreirinhas, mestre vicente, pedra do felix, meros e cabeço do leandro),

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entre 13 e 20m de profundidade e (pedra do felipe, fogo, do lima, sem nome), entre 22 e

28m.

O mapa de habitats sugerido (Figura 4) deve ser considerado para conservação marinha

e gerenciamento e deve ser utilizado em conjunto com outras informações disponíveis,

referentes ao uso de recursos marinhos como a pesca, características físicas e geo-

políticas locais e regionais (Rice et. al. 2011). (Tews et. al. 2004) recomendam que a

diversidade de espécies marinhas é dependente da heterogeneidade e diversidade de

habitat disponível, ou seja, quanto mais heterogêneo, rugoso, com composições variadas

de fundo, profundidades e fatores físicos/biológicos como a incidência de correntes e

ressurgência, mais rico em diversidade este habitat pode ser.

O ecossistema bentônico e seus habitats são de extrema importância para a gestão e

conservação marinha. A aplicação de tecnologias que envolvem dados geográficos em

sistemas de informação integrados para áreas oceânicas é proposta por (Harrys &

Whiteway, 2009), incluindo dados biofísicos globais e informações locais onde dados já

estão disponíveis, como no sistema OBIS (Ocean Biogeographic Information System –

OBIS, 2013). (Last et. al. 2010) propõem que como definição de riqueza de habitats deve-

se considerar a classificação hierárquica baseada na biodiversidade bentônica (fator

bottom-up), para aplicação no planejamento/gerenciamento da plataforma. A ictiofauna

encontrada demonstra a importância dos recifes como suporte à fauna marinha (fator

bottom-up – recife é base para a comunidade de peixes), influenciando fortemente a

comunidade de espécies integrantes da zona nerítica epipelágica. A diversidade de

peixes entre as áreas recifais praiais e intermarés é similar, sendo as áreas de maior

complexidade, os recifes intermarés (maior número de espécies e índices de

biodiversidade como rugosidade, variedade de forma de crescimento, altura, categoria de

refúgio, cobertura viva e substrato duro), as que apresentam uma estrutura de

assembleia de peixes mais complexa Torquato (2010). Os recifes costeiros apresentam

diversas espécies em estágio juvenil, de importância comercial e algumas como o

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Lutjanus analis que se encontra em situação vulnerável, de acordo com a lista vermelha

publicada em 2008 pela International Union for Conservation of Nature (IUCN). A

abundância e diversidade encontradas nas áreas próximas aos recifes fundos,

demonstram indícios de sobre-pesca, com elevada abundância de hemulídeos,

invertívoros de pequeno porte e baixa abundância de espécies de peixes de maior porte,

carnívoros e herbívoros (espécies alvo da pesca) (Grimaldi, 2014). De acordo (Garcia,

2006), a maior diversidade de espécies de peixes na plataforma potiguar, está associada

aos recifes (costeiros e fundos), sendo 61% das espécies estritamente dependentes dos

recifes ao longo do seu ciclo de vida e 89% associadas a eles em alguma etapa da vida.

Também segundo (Garcia op. cit.), a ictiofauna desta área é intimamente relacionada a

dos estados vizinhos, principalmente Paraíba e Pernambuco, havendo uma grande

probabilidade de conexão faunística entre os recifes situados na plataforma desta região.

O autor indica que a similaridade ictiofaunística é determinada pela analogia de habitats

da plataforma e características similares na físico-química da água do mar.

Este setor da plataforma é local importante para migração, alimentação e desova de

tartarugas, envolvendo as espécies que ocorrem no Oceano Atlântico, como evidenciam

alguns trabalhos promovidos pelo projeto Tartarugas Marinhas -TAMAR (Marcovaldi et.

al. 2010; da Silva et. al. 2011; Marcovaldi et. al. 2012; Santos et. al. 2013). As praias e a

plataforma são de extrema importância para a manutenção da população das tartarugas-

de-pente, visto que é a região responsável pela maior parte das desovas desta espécie

na costa Brasileira. As tartarugas-de-pente utilizam também esta área em grande parte

de seu ciclo de vida, incluindo os períodos pré e posterior às desovas. Estas tartarugas

alimentam-se basicamente de esponjas, conforme descrito anteriormente, a principal

cobertura viva presente nos recifes fundos. Esta é uma das espécies de tartarugas

marinhas mais ameaçadas, principalmente devido ao valor comercial de seu casco.

(Marcovaldi et. al. 2012 e Santos et. al. 2013). Mamíferos marinhos utilizam esta área

para passagem, alimentação e reprodução, como os golfinhos, peixes-boi e baleias

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jubarte. As baleias aparecem a profundidades superiores à 14m e a uma distância de

cerca de ao menos 7km da costa, já os golfinhos são facilmente vistos próximos às baías

nos períodos de alimentação e os peixes-boi, próximos a desembocaduras de rios e

bancos de fanerógamas, ainda não mapeados para esta área (Medeiros, 2006;

Nascimento, 2006; Marques & Creed, 2008; de Lima et. al. 2011).

A área é utilizada principalmente para as atividades de pesca, seja ela para captura de

espécies demersais, como a cavala, o serra e o galo-do-alto, assim como para espécies

mais ligadas ao fundo, como as ciobas, dentões, ariacós e serigados. O recurso

bentônico mais explorado são as lagostas, sendo comum o uso de armadilhas de pesca

instaladas nas áreas de restinga marinha, reconhecidas localmente como marambaias.

(Garcia, 2006; Grimaldi, 2014). Mergulho recreativo e atividades de transporte marítimo

são comuns nesta área. Ademais, o local é também de uso militar, com lançamentos de

foguetes e treinamentos ligados às atividades do CLBI (Centro de Lançamentos da

Barreira do Inferno). Nos recifes intermarés ocorre intensa atividade de turismo, com

limite estabelecido através de Termo de Ajuste de Conduta. Esta atividade também gera

impacto de pisoteamento de espécies relacionadas ao fundo e turbidez por ressuspensão

de sedimentos na área anterior aos recifes (e.g. Azevedo, 2011; Barboza, 2014).

A conservação da biodiversidade marinha no Brasil ainda é considerada incipiente, a

despeito da legislação existente e das áreas protegidas marinhas implantadas. As

unidades de conservação são escassas em número e extensão e, em alguns casos, não

tiveram seus planos de manejo elaborados/implementados ou carecem ainda de

infraestrutura para efetivá-las. A gestão da atividade pesqueira é precária, com baixa

articulação das comunidades envolvidas. As principais iniciativas de conservação incluem

a identificação de áreas-chave para a conservação da biodiversidade, inventários,

monitoramento intensivo da atividade pesqueira, educação ambiental, a criação de áreas

protegidas e a melhoria de gestão daquelas já existentes Amaral & Jablonski (2005).

Para haver a possibilidade efetiva de conservação ambiental, é fundamental a

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compreensão das interações homem x ambiente, a integração dos saberes locais e

reconhecimento dos valores culturais, sociais e econômicos. Pesquisadores ligados ao

meio acadêmico, instituições governamentais, não governamentais, associações de

pescadores, demais representações locais e o setor privado devem dialogar e perceber o

papel de cada um nesta função integradora.

O reconhecimento das espécies ameaçadas e os respectivos habitats, são de grande

relevância para manejo e estratégias de conservação. Uma série de autores (e.g..

Roberts et. al. 2002; Gray, 2004; Garcia, 2006; Wahl, 2009; Harris & Baker, 2012)

reiteram a relevância dos recifes em plataformas continentais tropicais como áreas de

grande importância para o equilíbrio trófico e estoques pesqueiros. O relatório sobre

áreas prioritárias para conservação MMA (2010) aponta para a necessidade de

conservação dos ambientes recifais da plataforma Nordeste, inserindo a região dos

recifes de Pirangi, como área prioritária para conservação no Brasil.

5. Conclusão

A plataforma Leste do Rio Grade do Norte, na região de Pirangi, é muito rasa e estreita,

pode ser dividida em interna e externa conforme sua característica sedimentar superficial

(terrígena e carbonática). A plataforma interna é caracterizada pela presença

predominante de sedimentos terrígenos (siliciclásticos), classificados como areias finas a

médias, com extensão média de 3 km (sul) a 6.5 km (norte) e limitada pela profundidade

de 13-15m; enquanto a externa, recoberta por sedimentos carbonáticos de origem

biogênica, em sua maioria cascalhos, se estende desde o limite com a interna até a

quebra da plataforma, em média a profundidades em torno de 50m. A decomposição de

organismos como as algas carbonáticas contribuem de forma significativa na manutenção

das áreas inconsolidadas da plataforma carbonática, reconhecida localmente como

restinga biodetrítica marinha, base para uma série de organismos marinhos e o principal

recurso pesqueiro da região, a lagosta. As áreas recifais costeiras, intermarés e

submersas são importantes para a manutenção dos organismos juvenis, incluindo

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espécies ameaçadas. Já as áreas recifais profundas são importantes locais de pesca,

contando com espécies comerciais já em tamanho para captura. Os recifes costeiros

apresentam grandes quantidades de algas vermelhas e pardas, além de crustáceos e

moluscos associados ao ambiente; os recifes submersos a profundidades entre 13 e 20m

apresentam predominância na cobertura de algas; já os recifes mais fundos apresentam

um aumento significativo na cobertura de esponjas, além das algas. A partir de dados

bióticos e abióticos de base, é possível através das técnicas de mapeamento do leito

marinho e análise das variáveis físicas, buscar uma avaliação espacial entre as áreas

recifais e os diferentes níveis de complexidade do substrato. Avaliar, por exemplo, de

acordo com as características da coluna d´água, profundidade e rugosidade, áreas mais

propícias à fixação de diferentes grupos ou coberturas bentônicas. O mapeamento de

habitats é considerado uma ferramenta de grande utilidade para a gestão e planejamento

de uso de áreas marinhas. Os mapas de habitats são estritamente dependentes da

densidade e qualidade das informações abióticas e bióticas disponíveis e o uso de

metodologias que possibilitem validação e comparação dos resultados com outros locais

é fundamental. Por ser uma abordagem relativamente recente, técnicas de mapeamento

de habitats estão sendo aplicadas de formas variadas. As informações determinantes

para a conformação do habitat não são completamente reconhecidas; além das

informações disponíveis ainda não se mostrarem conclusivas. Desta forma, o mapa

construído para este trabalho indica os habitats a partir de dados pontuais e espaciais

sobre o ambiente, necessitando adensamento dos estudos da plataforma que

promoverão alterações neste mapa. Este trabalho oferece um avanço no

reconhecimento da plataforma potiguar, através da proposta de unificar informações de

base abióticas e bióticas disponíveis, indicando características gerais da plataforma e

seus habitats. A integração de grupos de pesquisa para o conhecimento dos habitats

marinhos é primordial. O reconhecimento deste ecossistema marinho da plataforma

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tropical é relevante para futuros planos de conservação, uso e gerenciamento do espaço

marinho.

6. Agradecimentos

Este trabalho foi elaborado como parte de tese de doutorado do primeiro autor, realizado

no Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG) da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com bolsa da Agência Nacional do Petróleo,

Gás Natural e Bio-combustíveis (ANP), através do Programa de Recursos Humanos

(PRH-22 ANP/MCT) e patrocínio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e

Corporação Multinacional Brasileira de Energia, Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras). O

trabalho também teve apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT Amb

Tropic) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e

Ministério da Ciência e Tecnologia, e do projeto para conservação desenvolvido pela

ONG Oceânica (Ponta de Pirangi). O primeiro autor agradece a Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela participação no programa

de doutorado sanduíche (PDSE) na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Bournemouth

University (UK). Os autores agradecem ainda a infraestrutura disponibilizada pela UFRN

através do Laboratório de Geologia, Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental

(GGEMMA/UFRN) e do Laboratório de Biologia Pesqueira (LABIPE/UFRN), bem como

ao suporte oferecido pelas equipes destes laboratórios em atividades de coleta,

processamento e análise dos dados.

7. Referências Bibliográficas

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