caracterização geofísica da dorsal de são paulo e seu significado

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA MARINHA CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOFÍSICA NATALIA REIS DE AMORIM CARACTERIZAÇÃO GEOFÍSICA DA DORSAL DE SÃO PAULO E SEU SIGNIFICADO EVOLUTIVO NA BACIA DE SANTOS NITERÓI, AGOSTO DE 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA MARINHA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOFÍSICA

NATALIA REIS DE AMORIM

CARACTERIZAÇÃO GEOFÍSICA DA DORSAL DE

SÃO PAULO E SEU SIGNIFICADO EVOLUTIVO NA

BACIA DE SANTOS

NITERÓI,

AGOSTO DE 2013

i

NATALIA REIS DE AMORIM

CARACTERIZAÇÃO GEOFÍSICA DA DORSAL DE

SÃO PAULO E SEU SIGNIFICADO EVOLUTIVO NA

BACIA DE SANTOS

Monografia referente à disciplina Projeto Final II

apresentada ao Curso de Graduação em Geofísica

da Universidade Federal Fluminense, como

requisito para obtenção do título de Bacharel em

Geofísica.

Orientador: Prof. Drª. ELIANE DA COSTA ALVES.

NITERÓI,

AGOSTO DE 2013

ii

NATALIA REIS DE AMORIM

CARACTERIZAÇÃO GEOFÍSICA DA DORSAL DE SÃO

PAULO E SEU SIGNIFICADO EVOLUTIVO NA BACIA DE

SANTOS

Monografia referente à disciplina Projeto Final II

apresentada ao Curso de Graduação em Geofísica

da Universidade Federal Fluminense, como

requisito para obtenção do título de Bacharel em

Geofísica.

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________________________

Prof. Drª. Eliane da Costa Alves / LAGEMAR (UFF)

_______________________________________________________________

Prof. Dr. Rogério de Araujo Santos / LAGEMAR (UFF)

______________________________________________________________

Prof. Dr. Cleverson Guizan Silva / LAGEMAR (UFF)

NITEROI,

AGOSTO DE 2013

iii

AGRADECIMENTOS

Aos meus queridos pais, Levi e Lia, que ao longo de toda minha trajetória não

mediram esforços para investir na minha educação para que eu me tornasse uma profissional

mais qualificada para o mercado de trabalho. Palavras não são capazes de sintetizar a minha

gratidão e o meu amor por vocês.

A minha família em geral, por sempre me apoiar e me motivar.

Ao meu namorado, Bruno Petrocelli, por todo amor e companheirismo durante estes

anos de faculdade. Agradeço-o por toda a paciência nesta reta final, e por toda a

solidariedade, pois embora estivesse passando pelas mesmas circunstâncias de conclusão de

curso e elaboração da monografia, não hesitou em me ajudar quando solicitado.

A minha orientadora, Prof. Eliane Alves por ter aceitado o convite para me orientar, e

por toda paciência e conselhos ao longo destes meses de preparação da monografia.

Aos professores da banca examinadora, Prof. Dr. Rogério Santos e Prof. Dr. Cleverson

Guizan, pelas sugestões e considerações.

A empresa Schlumberger por fornecer licenças do software Petrel à Universidade

Federal Fluminense, tornando possível a elaboração e conclusão deste projeto final.

Aos colegas, Fernanda Aparecida e Camilo Aristizabal, por cederem seu tempo me

auxiliando na construção da monografia.

Aos grandes amigos que fiz durante a faculdade, por todo o companheirismo ao longo

destes quatro anos e meio, tornando o dia-a-dia mais prazeroso e divertido. Nossos momentos

jamais serão esquecidos!

iv

RESUMO

A Dorsal de São Paulo é uma cadeia vulcânica de topografia expressiva, com direção

aproximada E-W, localizada na porção sudeste da Margem Continental Brasileira. Em parte,

encontra-se aflorante no assoalho oceânico, limitando a porção sudeste da bacia de Santos. O

mapeamento e caracterização dessas estruturas limítrofes são de fundamental importância,

uma vez que individualizam os processos tectono-sedimentares ocorridos em uma bacia. Para

a investigação deste papel desenvolvido pela Dorsal de São Paulo, realizou-se, primeiramente,

uma compilação bibliográfica da área de estudo fornecendo o embasamento teórico necessário

para análise dos resultados obtidos. Dentre estes, destacam-se os mapas e perfis batimétricos,

a interpretação das linhas de sísmica de reflexão multicanal 2D, correlação aos poços 356 e

515 do Deep Sea Drilling Project (DSDP) e os mapas do topo do embasamento e de isóbata

total (em tempo duplo). Em conjunto, foram interpretados mapas de anomalia ar-livre e

anomalia bouguer previamente processados. A observação de todos os resultados permitiu

inferir que a Dorsal de São Paulo consiste em uma estrutura de expressividade batimétrica,

entre as longitudes 39,75ºW e 43,15ºW. A partir destes limites, só se torna possível seu

mapeamento através de método sísmico de reflexão, identificando seu prolongamento tanto a

leste quanto a oeste. A continuidade das porções aflorantes e soterradas da Dorsal de São

Paulo segue um alinhamento coincidente ao segmento fóssil da Zona de Fratura do Rio

Grande (ZFRG), o que corrobora a hipótese de que a cadeia vulcânica seja uma expressão

tectono-magmática ao longo da descontinuidade crustal, com evidências de reativações

tectônicas até, pelo menos, o Mioceno Médio. O magmatismo responsável pela formação da

Dorsal construiu uma cadeia vulcânica de topografia irregular, funcionando de maneira

diferente ao longo do tempo geológico como barreira sedimentar à Bacia de Santos. Pelo

menos até o Aptiano, a extensão total da Dorsal de São Paulo foi barreira à deposição

evaporítica nas bacias sedimentares localizadas ao seu norte, em conjunto com o Alto de

Florianópolis. Contudo, a análise geofísica não permitiu qualquer inferência a respeito da

relação tectônica entre essas duas feições.

Palavras-chave: Dorsal de São Paulo | Bacia de Santos | Interpretação Sísmica | Batimetria |

Barreira Sedimentar.

v

ABSTRACT

The São Paulo Ridge is a volcanic chain with an expressive topography and an approximate

direction E-W, located in the southeastern portion of Brazilian Continental Margin. It is

outcropping on the ocean floor, limiting the southeastern of the Santos basin. The mapping

and characterization of these limit structures are very important, since they individualize the

tectonic and sedimentary processes that occur in a basin. To investigate the role developed by

São Paulo Ridge, firstly it was performed a bibliographic compilation of the study area

providing the necessary theoretical background for the results analysis. Among these, we

highlighted the maps and bathymetric profiles, the interpretation of multichannel 2D seismic

profiles, through the correlation with the wells 356 and 515 from the Deep Sea Drilling

Project (DSDP) and the maps of the basement's top and of total isobath (two way travel time).

Furthermore, it was interpreted free-air and bouguer anomaly maps previously processed. The

observation of all the results allowed to infer that the São Paulo Ridge consists of an

expressive bathymetric structure, between the longitudes 39,75°W to 43,15°W. From these

limits, its mapping is only possible by seismic reflection method, identifying its prolongation

both to east and west. The continuity of the outcropping and buried portions of the São Paulo

Ridge follows an alignment coincident to the fossil segment of Rio Grande Fracture Zone

(RGFZ), which supports the hypothesis that the volcanic chain is a tectonic and magmatic

expression along the crustal discontinuity, with evidences of tectonic reactivation until, at

least, the Middle Miocene. The magmatism responsible for the Ridge´s formation built a

volcanic chain with irregular topography, performing as a sedimentary barrier to Santos basin

differently over geological time. At least until the Aptian, the full extent of São Paulo Ridge

was responsible for promoting the evaporite deposition in sedimentary basins located to its

north, with the assistance of Florianópolis High. However, the geophysical analysis did not

allow any inference about the tectonic relationship between those two features.

Keywords: Sao Paulo Ridge | Santos Basin | Seismic Interpretation | Bathymetry |

Sedimentary Barrier.

vi

LISTA DE FIGURAS

Fig.1

Mapa batimétrico da MCSB com localização de suas bacias sedimentares constituintes e

os altos estruturais (destacados em vermelho) que as delimitam. Em amarelo dispõe-se a

área de estudo. Fonte: Levemente modificado de Alves et al., 2011 - dados topográficos e

batimétricos de Smith e Sandwell, 1997.

4

Fig.2

Mapa esquemático da Margem Sudeste-Sul Brasileira com as principais feições

estruturais ilustradas no limite entre Bacia de Santos e Bacia de Pelotas. (Fonte: Silveira e

Machado, 2004).

5

Fig.3

Seção sísmica interpretada ilustrando a localização do Platô de São Paulo sobre crosta

continental e a espessa sequência evaporítica restrita à bacia de Santos. Fonte: (Machado,

2010; modificado de: Mohriak e Szatimari, 2008)

8

Fig.4 Mapa topo-batimétrico da região sudeste brasileira com o perfil batimétrico regional

orientado na direção SW-NE (A-B) ao longo da ERG. Fonte: (Mohriak et al, 2011). 9

Fig.5

Mapa contendo as principais feições da MCSB. Segundo Gamboa e Rabonowitz (1981) o

Alto de São Paulo (Dorsal de São Paulo), a Plataforma de Florianópolis, a ocorrência de

rochas alcalinas em Santa Catarina e os rios Paraguai e Uruguai possuem um alinhamento

controlado pela ZFRG. Fonte: (Fontana, 1996).

11

Fig.6

Esquema da evolução da Margem Continental Brasileira divergente. (a) início do

estiramento litosférico com pequenos depósitos sedimentares. (b) primeiras intrusões

basálticas. (c) evolução para um ambiente marinho restrito, com deposição da sequência

transicional. (d) início do espalhamento oceânico pela intrusão de crosta oceânica. (e)

evolução para fase drifte/margem passiva. Fonte: Mohriak, 2003.

15

Fig.7

Mapa batimétrico regional a partir da Margem Sudeste Brasileira, destacando as principais

estruturas topográficas que são encontradas na Bacia de Santos e em regiões adjacentes.

Fonte: Zalán, 2005.

16

Fig.8

Mapa do embasamento pré-cambriano da Bacia de Santos com identificação da Charneira

de Santos e das Zonas de Transferência definidas por Macedo (1989) e Pereira & Macedo

(1990). Fonte: Pereira & Feijó (1994).

18

Fig.9 Carta Estratigráfica da Bacia de Santos. Fonte: Gamboa et al., 2008. 19

Fig.10 Mapa de Batimetria da MCSB e suas principais feições destacadas, incluindo a Dorsal de

São Paulo. Fonte: Alves, 2002. 20

Fig.11

Interpretação sísmica da linha do 59-LEPLAC realizada por Basseto et.al (2000),

indicando a morfologia ao sul da Dorsal de São Paulo retrabalhada pelas correntes de

fundo, e o papel desempenhado pela feição como barreira à circulação. Fonte: Levemente

modificado de Basseto et. al, 2000.

21

Fig.12

Reconstruções paleogeográficas do Barremiano ao Neo-aptiano, mostrando as principais

fases tectonossedimentares no Atlântico Sul e o papel exercido pela Dorsal de São Paulo

como barreira estrutural Fonte: Dias, 2005.

24

Fig.13

Distribuição das nove linhas selecionadas do projeto LEPLAC e dos dois poços utilizados

do DSDP. Tal distribuição foi escolhida para propor uma melhor investigação e

mapeamento da estrutura em estudo. Fonte: Mapa batimétrico com dados retirados de

Smith e Sandwell (1997).

26

vii

Fig.14

Correlação do topo das unidades do poço 356 (DSDP) à linha sísmica L-511. Desenho da

plataforma de petróleo meramente ilustrativa. Fonte: Petrel, dados do LEPLAC e do

DSDP.

30

Fig.15

Correlação do topo das unidades do poço 515 (DSDP) à linha sísmica L-509. O refletor

representado pela cor verde (Topo do Cretáceo) não fora mapeado através do DSDP, mas

sim pela análise do mapeamento sísmico realizado por outros autores (Alves, (1999);

Alves, (2002); Schanzembach, (2010); Pereira (2010) para s mesmas linhas. Desenho da

plataforma de petróleo meramente ilustrativa. Fonte: Petrel, dados do LEPLAC e do

DSDP.

31

Fig.16 Identificação sismo-estratigráfica da terminação padrão dos refletores. Fonte: (Machado,

2010) 32

Fig.17 Mapa batimétrico com a disposição dos perfis topográficos sobre Dorsal de São Paulo. 33

Fig.18

Perfis batimétricos de A a E, transversais à Dorsal, com identificação de suas cristas e do

rebaixamento do relevo, associado a passagem do Canal de São Paulo. Fonte: Google

Earth.

34

Fig.19 Seção sísmica L-046 interpretada (Dip), com identificação da porção soterrada da Dorsal

de São Paulo. 35

Fig.20

Seção sísmica L-045 interpretada (Dip), com identificação da porção soterrada da Dorsal

de São Paulo. Os refletores mapeados anteriores ao Mioceno médio pincham perante à

feição de estudo.

36

Fig.21 Seção sísmica L-044 interpretada (Dip), com identificação da porção soterrada da Dorsal

de São Paulo, funcionando, ainda assim, como barreira a alguns refletores mapeados. 37

Fig.22 Seção sísmica L-511 interpretada (Dip), com identificação da porção aflorante da Dorsal

de São Paulo. 38

Fig.23

Seção sísmica L-059 interpretada (Strike), com identificação da porção aflorada da Dorsal

de São Paulo, funcionando como barreira à Bacia de Santos (NE) e à bacia oceânica da

Argentina (SW).

39

Fig.24 Seção sísmica L-042 interpretada (Dip), ainda identificando porções aflorantes da Dorsal

de São Paulo. 40

Fig.25 Seção sísmica L-041 interpretada (Dip), voltando a identificar expressões soterradas da

Dorsal de São Paulo nas linhas mais a leste 41

Fig.26 Seção sísmica L-509 interpretada (Strike), com identificação da porção soterrada da Dorsal

de São Paulo, sendo recoberta por todos os refletores mapeados. 42

Fig.27 Seção sísmica L-039 interpretada (Dip), com expressão soterrada da Dorsal de São Paulo

no extremo leste da área de estudo. 43

Fig.28

Mapa batimétrico com a localização da Dorsal de São Paulo e as principais feições

fisiográficas limitadas por ela. Fonte: Alves et al., 2011 (dados batimétricos de Smith e

Sandwell, 1997).

44

Fig.29

Mapa de Isóbata total da área de estudo. As cores frias indicam menor espessura do pacote

sedimentar, enquanto que as cores quentes apontam maior espessura. Na parte central do

mapa são destacados dois baixos, associados às porções aflorantes da Dorsal de São Paulo

com ausência de deposição sedimentar.

46

Fig.30 Mapa do topo do Embasamento com o alinhamento das expressões da Dorsal de São Paulo

hachurada. 47

viii

Fig.31

Evidências de reativação tectôno-magmática existentes, pelo menos, até o Mioceno Médio,

ao longo das porções soterradas da Dorsal de São Paulo. Os refletores mapeados

encontram-se em conformidade com o topo da feição. A) Perfil L-041. B) Perfil L-0509.

49

Fig.32

Evidências de reativação tectôno-magmática associada ao soerguimento da Dorsal de São

Paulo. A terminação dos refletores mapeados encontra-se em forma de pinch-out em

direção ao topo da feição. A) Perfil L-045 B) Perfil L-042.

49

Fig.33 Mapa de Anomalia Ar-Livre com identificação da anomalia positiva que representa a

Dorsal de São Paulo pela linha preta. Fonte: Levemente modificado de Alves et al. 2011. 50

Fig.34

Mapa de Anomalia Bouguer com mapeamento dos limites crustais feitos por Alves et al.

(2011). A Dorsal de São Paulo, encontrada no limite crosta-transicional/crosta-oceânica, é

identificada pela linha preta. Fonte: Levemente modificado de Alves et al. 2011.

51

ix

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1

2. OBJETIVO 3

3. ÁREA DE ESTUDO 4

4. CONTEXTO MORFOLÓGICO 5

4.1 ALTO DE FLORIANÓPOLIS 6

4.2 PLATÔ DE SÃO PAULO 7

4.3 ELEVAÇÃO DO RIO GRANDE 8

4.4 ZONA DE FRATURA DO RIO GRANDE 10

4.5 BACIAS OCEÂNICAS 11

5. EVOLUÇÃO DO ATLÂNTICO SUL 13

6. BACIA DE SANTOS 16

7. ESTUDOS PRÉVIOS SOBRE DORSAL DE SÃO PAULO 20

7.1 ASPECTOS MORFOLÓGICOS 20

7.2 COMPOSIÇÃO 22

7.3 COMPORTAMENTO SÍSMICO 22

7.4 ORIGEM 22

7.5 CONFIGURAÇÃO BARREIRA 23

x

8. BASE DE DADOS E METODOLOGIA 25

8.1 DADOS SÍSMICOS 25

8.2 DADOS DE POÇO 26

8.3 PERFIS BATIMÉTRICOS 28

8.4 ASSOCIAÇÕES DE DADOS 28

8.5 SISMOESTRATIGRAFIA 32

9. RESULTADOS 33

10. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 44

11. CONCLUSÃO 52

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54

13. ANEXOS 59

1

1. INTRODUÇÃO

A atual dependência mundial de combustíveis fósseis - que representam 87% do

abastecimento da energia primária mundialmente consumida - fomenta o investimento de

empresas multinacionais na exploração das bacias sedimentares. Com elevado dispêndio de

recursos, tais companhias buscam informações a respeito da geologia e geofísica de

subsuperfície, que, em conjunto, indiquem a existência da acumulação de hidrocarbonetos.

Com intuito de minimizar os riscos exploratórios atrelados a possível falta de retorno

financeiro, o entendimento prévio da origem e evolução das bacias sedimentares brasileiras

torna-se cada vez mais requisitado por esse setor, em busca de esclarecimento e

familiarização com a gênese e dinâmica de seus sistemas petrolíferos.

Neste sentido, a porção sudeste da Margem Continental Brasileira (MCSB) tem se

destacado com as descobertas promissoras do pré-sal, que em decorrência do avanço

tecnológico, possibilitou investigações sob lâminas d’água cada vez maiores, identificando

plays em águas ultra profundas não antes possíveis de alcançar. Dentro deste contexto, Gomes

et al. (2002) destacam essas regiões de águas ultra profundas especificamente na Bacia de

Santos, como área potencial à exploração de hidrocarbonetos. Em função disso, a

compreensão da evolução tectônica e sedimentar da bacia, influenciada pelos altos estruturais

que a compartimentam, é de extrema importância na acurácia de encontro de rochas

reservatório.

Em função de ainda não se encontrar um expressivo acervo bibliográfico sobre a

Dorsal de São Paulo dedicado a sua caracterização, busca-se neste projeto final o estudo sobre

esta feição, abordando seu papel no desenvolvimento tectono-sedimentar das bacias

adjacentes. Propõe-se aqui, caracterizá-la geológica e geofisicamente através de: revisão

bibliográfica que envolva tanto a evolução da bacia quanto as feições estruturais

representativas da MCSB; correlação dos dados de poço adquiridos pelo Deep Sea Drilling

Project (DSDP) aos dados geofísicos de sísmica de reflexão multicanal 2D, procedentes dos

levantamentos do Projeto LEPLAC – Plano de Levantamento da Plataforma Continental

Brasileira, coletados em parceria entre a Marinha do Brasil e a PETROBRAS; assim como a

correlação com dados de batimetria e gravimetria existentes na região de estudo.

2

Dentre as bibliográficas pesquisadas, destacam-se Kumar et al. (1977), Perch-Nielsen

et al. (1977), Barker et al. (1983), Alves (2002) e Machado (2010), pois, ao utilizarem e

interpretarem dados de regiões adjacentes, fizeram importantes considerações a respeito da

Dorsal de São Paulo e forneceram o embasamento teórico necessário para compreender,

confirmar e confrontar a análise dos resultados obtidos a estudos anteriores associados à

feição.

3

2. OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo principal a caracterização geofísica e o mapeamento

da Dorsal de São Paulo, para compreensão de seu papel na compartimentação tectônica da

bacia de Santos, e consequentemente, na evolução sedimentar da mesma, uma vez que lhe

conferiu circunstâncias deposicionais individualizadas. Como objetivo mais específico, foca-

se a região sul e distal da Bacia de Santos, para entender o significado que essa estrutura

representa na evolução tectono-estratigráfica da Margem Continental Brasileira. Para tal,

inicialmente, algumas metas devem ser definidas, elencando os pormenores necessários para o

alcance do objetivo maior:

(a) Elaboração de perfis batimétricos que contribuam para identificação do registro

morfológico da feição no assoalho oceânico.

(b) Correlação das unidades litoestratigráficas dos furos 356 e 515, previamente

mapeadas pelo DSDP, aos perfis sísmicos reunidos.

(c) Interpretação das sequências sísmicas (identificação das unidades) a partir da

análise das linhas sísmicas de reflexão 2D, com caracterização dos padrões

sismoestratigráficos dos refletores perante à Dorsal de São Paulo.

(d) Confecção de mapas do topo do embasamento e de isóbata total (tempo duplo),

auxiliando no mapeando e na compreensão evolutiva da Dorsal de São Paulo nas porções

aflorantes e soterradas.

4

3. ÁREA DE ESTUDO

A região de estudo se concentra na Margem Sudeste Brasileira e áreas oceânicas

adjacentes, no limite entre as Bacias de Santos e Pelotas. Mais especificamente, focam-se as

porções mais distais das bacias, onde se localiza a feição Dorsal de São Paulo. O local

contempla um retângulo que pode ser visualizado na figura 1.

A área em questão abrange as porções aflorantes da Dorsal de São Paulo - previamente

mapeadas por Kumar et al.(1979), Basseto et al. (2000) e Alves (1981 e 2002) – e extensões

laterais onde são investigados seus prolongamentos.

Figura 1: Mapa batimétrico da MCSB com localização de suas bacias sedimentares constituintes e os altos

estruturais (destacados em vermelho) que as delimitam. Em amarelo dispõe-se a área de estudo. Fonte:

Levemente modificado de Alves et al., 2011 - dados topográficos e batimétricos de Smith e Sandwell, 1997.

5

4. CONTEXTO MORFOLÓGICO

A porção sudeste da Margem Continental Brasileira (MCSB) é a mais ampla dentre

seus setores, com uma área de, aproximadamente, 1.155.000 km². Suas províncias clássicas

constituintes - plataforma, talude e sopé continental - refletem uma evolução tectônica de

margem passiva, associada à formação de bacias sedimentares do tipo rifte com espessos

pacotes sedimentares, alcançando até 13 km de espessura (Chang et al., 1992). Dentre as

bacias existentes na área, destacam-se a Bacia de Santos e a Bacia de Pelotas, possivelmente

limitadas pela feição objetivo deste estudo – Dorsal de São Paulo.

Com períodos de intensa atividade tectono-magmática, tornou-se possível a construção

de subprovíncias fisiográficas de relativa expressão regional MCSB (Machado, 2010), como

pode ser visualizado na figura 2. Neste contexto, são ressaltados o Platô de São Paulo, o Alto

de Florianópolis e a Elevação do Rio Grande (ERG), em função da proximidade e possíveis

relações tectônicas que apresentam com a Dorsal.

Figura 2: Mapa esquemático da Margem Sudeste-Sul Brasileira com as principais feições estruturais ilustradas

no limite entre Bacia de Santos e Bacia de Pelotas. (Fonte: Silveira e Machado, 2004).

Já em domínios oceânicos, dentre as estruturas fisiográficas existentes, destaca-se a

Zona de Fratura do Rio Grande (ZFRG), algumas vezes citada na literatura como Zona de

6

Fratura de Florianópolis, responsável por separar a Bacia de Santos e Bacia de Pelotas. Uma

vez que Alves (1981) e Gamboa & Rabonowitz (1981) sugerem que tanto o Alto de

Florianópolis quanto a Dorsal de São Paulo são continuidade à oeste do lineamento do ZFRG,

propõe-se neste tópico, também, uma revisão sobre esta estrutura.

4.1) Alto de Florianópolis

O Alto de Florianópolis é a porção mais proximal de um arco do embasamento, com

direção aproximada WNW-ESE, prolongando-se rumo a Plataforma de Florianópolis

(Gonçalves et al., 1979; Asmus e Guazeli, 1979; apud Machado, 2010; Silveira e Machado,

2004; Machado, 2010). Esta união, Alto-Plataforma de Florianópolis, consiste em um amplo

anticlinal do embasamento raso com cerca de 250 km de largura. No mesmo paralelo em que

se localiza (28º S), disposta mais a leste, encontra-se a Dorsal de São Paulo. Em conjunto,

essas feições formam um lineamento de construções vulcânicas com direção E-W

denominado Lineamento de Florianópolis (Gamboa, 1977; Kumar et al. 1977; Asmus 1978),

responsável por delimitar estruturalmente as Bacias de Santos e Pelotas (Gonçalves et al.,

1979; Azevedo, 2004; Machado, 2010).

Embora seja menos evidente em mapas de anomalias gravimétricas a continuidade

lateral do sistema Alto-Plataforma de Florianópolis-Dorsal de São Paulo, na porção

continental emersa são notadas atividades vulcânicas eo-cretácicas, indicando a presença de

importantes anomalias térmicas, como, por exemplo, os derrames basálticos da Serra Geral

(130-110 Ma na parte emersa e 90-50 Ma na porção imersa; Asmus e Guazelli, 1979; apud

Machado, 2010), e os enxames de diques de diabásio do Arco de Ponta Grossa (129 Ma;

Kumar et al. 1977).

Além disso, ainda no continente emerso e ao longo da mesma faixa latitudinal do

Lineamento de Florianópolis, constata-se um contexto estrutural marcado por áreas

soerguidas e subsidentes do embasamento cristalino pré-cambriano (Asmus e Guazelli, 1979;

apud Machado, 2010). Tal arcabouço estrutural teria representado condições suficientes para

acumulação de esforços durante o rifteamento continental neocomiano, que teria se propagado

sob forma de lineamento estrutural e Zona de Fratura Rio Grande por longas distâncias além

da margem continental (Machado, 2010).

7

A respeito da influência na sedimentação exercida isoladamente pelo Alto de

Florianópolis, Machado (2010) afirma, através de mapas estruturais e de isópacas, que o alto

do embasamento desempenhou a função de barreira sedimentar às bacias de Santos e Pelotas

até o Albiano Inferior/Médio. A partir de então, é notada a entrada de uma delgada

sedimentação, até ao Paleoceno Inferior, quando se observa um espessamento do pacote

sedimentar, com a ausência do Alto de Florianópolis como estrutura limitante.

4.2) Platô de São Paulo

O Platô de São Paulo é um proeminente platô marginal localizado na porção sudeste

da MCB, entre as latitudes 23º e 28ºS (Kumar et al. 1977), estando contido até as regiões mais

profundas das bacias de Campos e Santos. Estende-se por cerca de 1000 km desde o sul da

cadeia Vitória-Trindade até a Dorsal de São Paulo, com largura que aumenta no mesmo

sentido, de 125 até 550 km (Nunes, 2004). Já seu limite externo é marcado por uma escarpa

relativamente íngreme, que corresponde ao limite leste da presença do sal Aptiano (Leyden et

al., 1976; apud Alves, 1999).

Com uma morfologia bastante acidentada, o Platô de São Paulo exibe uma topografia

irregular em função de processos halocinéticos relacionados aos evaporitos do Aptiano e,

também, pela presença de afloramentos de rochas do embasamento (Kumar et al., 1979)

(figura 3). A espessa sequência evaporítica limita a resposta do método geofísico acústico,

não permitindo a fácil visualização entre contatos crosta continental, transicional e oceânica

com as técnicas de aquisição e processamento convencionais (Alves, 1999)

Estudos mais antigos realizados por Kumar et al. (1977) sugeriam que o Platô era

localizado sobre crosta oceânica. Entretanto, a hipótese de que ele seja sobreposto a crosta

continental estirada vem sendo reforçada nas últimas três décadas. Mais recentemente, Karner

(2000) e Meisling et al. (2001) contribuíram com pesquisas relacionadas a este tema. O

primeiro indica que o Platô de São Paulo esteja localizado sobre um limite continental-

oceânico, baseado nas terminações das zonas de fratura. Enquanto que o segundo desenvolve

conceitos previamente apresentados por Demercian (1996), indicando a presença de uma

cadeia vulcânica, denominada Avedis, com direção NE-SW, na porção distal do Platô,

associada a um centro de espalhamento abortado implantado sobre crosta continental estirada.

8

A respeito de sua estratigrafia, as histórias geológicas da bacia de Santos e do próprio

Platô de São Paulo levaram Kumar e Gamboa (1979) a concluir que essas duas regiões são

estruturalmente contínuas e que a área ocupada pelo platô foi um depocentro que evoluiu para

um platô marginal desde o término da deposição evaporítica no Atlântico sul.

Figura 3: Seção sísmica interpretada ilustrando a localização do Platô de São Paulo sobre crosta continental e a

espessa sequência evaporítica restrita à bacia de Santos. Fonte: (Machado, 2010; modificado de: Mohriak e

Szatimari, 2008)

4.3) Elevação do Rio Grande (ERG)

A Elevação do Rio Grande corresponde à maior feição batimétrica positiva localizada

no Atlântico Sul, mais especificamente entre as bacias oceânicas da Argentina e do Brasil.

Seu topo chega a alcançar lâminas d’água inferiores a 1000 m, onde a profundidade média do

assoalho oceânico adjacente é aproximadamente 4000 m (Mohriak et. al, 2011). Desta forma,

em comparação com o relevo circundante, a Elevação modifica de forma considerável o

acamamento planar do domínio abissal oceânico (Alves, 1981), conforme verificado na figura

4.

Segundo Alves (1981), no aspecto estrutural, a ERG consiste em uma província

vulcânica limitada a norte e a sul por duas descontinuidades crustais de direção E-W,

denominadas, respectivamente, por ZFRG e Zona de Fratura do Chuí. É dividida em três

segmentos, com sua porção central e leste se elevando a mais de 3500 m do fundo submarino,

ao passo que sua porção oeste é a de menor expressão topográfica. Em escalas mais restritas

(dezenas de km), ela apresenta um padrão batimétrico bastante complexo, dominado por uma

alta concentração de montes submarinos, vales encaixados e escarpas esculpidas (Alves,

1981).

9

Figura 4: Mapa topo-batimétrico da região sudeste brasileira com o perfil batimétrico regional orientado na

direção SW-NE (A-B) ao longo da ERG. Fonte: (Mohriak et al, 2011).

Interpretações sísmicas realizadas por Mohriak et al. (2011) na região sugerem a

existências de estruturas extensionais na crosta oceânica, formando hemi-grabéns tanto no

cume quanto nos flancos da Elevação, provavelmente associados a uma maior propagação do

rifte na direção NW durante o Paleógeno e Neógeno. Também durante o Paleógeno,

ocorreram intrusões ígneas e cones vulcânicos tanto em crosta oceânica quanto em crosta

continental, comprovando a existência de pulsos tectônicos e de atividade magmática em

escala regional (Souza et al. 1993 apud Mohriak et al. 2011).

Ainda a partir de interpretações sísmicas, Mohriak et al. (2011) destacam uma espessa

sedimentação Eôcenica-Oligocênica no ápice e nos flancos da feição. Ademais, camadas

vulcânicas são identificadas no Eoceno (Fodor & Thiede, 1977), enquanto que o

embasamento vulcânico propriamente dito está associado aos refletores mergulhantes

atrelados aos derrames basálticos formados a partir do centro de espalhamento oceânico. Eles

são observados anomalamente rasos e provavelmente constituíram uma ilha subaérea durante

o Santoniano (Barker et al. 1981, apud Mohriak et al. 2011).

10

Segundo Mohriak et al. (2011) teorias alternativas a respeito da origem da ERG

incluem: espessamento de crosta oceânica devido ao magmatismo excessivo na região;

alterações composicionais de rochas do manto superior; edifícios vulcânicos com raízes

crustais profundas no manto; tectônica extensional com cisalhamento dextral associado a

falhas transformantes; e por fim, uma hipótese mais remota que considera o abandono de

fragmento de crosta continental das zonas de rifteamento.

4.4) Zona de Fratura do Rio Grande (ZFRG)

As zonas de fratura são depressões estreitas e profundas que cortam ortogonalmente os

flancos de uma dorsal mesoceânica e se propagam em direção às margens continentais

opostas. São fundamentais no esclarecimento da dinâmica de abertura dos oceanos,

envolvendo a configuração estrutural de bacias marginais e oceânicas (Francheteau e Le

Pichon, 1972, Cande et al., 1988; apud Alves (1999). Em termos morfológicos, são definidas

por extensas e estreitas faixas de cadeias e depressões, recobertas ou não por sedimentos

(Alves, 1999).

O Sistema de Zonas de Fratura do Rio Grande consiste em um sistema triplo de

descontinuidades transformantes, sendo identificado como um dos lineamentos oceânicos

mais importantes do Atlântico Sul. Dentre o SZFRG, apenas uma de suas Zonas de Fratura

prolonga-se para as regiões mais rasas – ZFRG- limitando as bacias sedimentares de Santos e

Pelotas (Alves, 2002).

Inicialmente, a ZFRG foi sugerida por Kumar et al. (1977) com base no alinhamento

E-W da Dorsal de São Paulo, seu limite norte. Gamboa e Rabinowitz (1981) a caracterizaram

pela morfologia rugosa do embasamento entre as latitudes 26° e 27° S, podendo ser mapeada

continuamente de 21° a 32° W. Neste mesmo trabalho, os autores sugerem que além da

Dorsal de São Paulo, o Alto de Florianópolis e alguns lineamentos onshore são contidos nesse

mesmo alinhamento tectônico (Figura 5). Na região a norte e a nordeste da ERG, a zona de

crosta fraturada pode ser definida e mapeada pelas estruturas do embasamento observadas nos

perfis sísmicos, como cristas e calhas, onde as diferenças no relevo são da ordem de 1500 m,

além de uma larga região tectonizada com mais de 100 km (Gamboa e Rabinowitz, 1981). A

existência de tais escarpamentos permite a identificação dos principais altos do embasamento

11

e calhas intervenientes definindo estruturas lineares contínuas numa área de topografia

acidentada (Kumar et al. 1981).

A respeito do tectonismo da ZFRG, Alves (2002) sugere que evidências geológicas

relacionadas à Zona de Transferência de Florianópolis e a mudança de orientação do Rio

Paraná e Uruguai teriam a sua origem vinculada à reativação magmática do SZFRG (na porção

oceânica) e da zona de deformação (no bordo Continental adjacente), que podem ter servido

como um conduto para o magmatismo do Hotspot de Tristão da Cunha em função da

Passagem da Placa Sul-Americana.

Figura 5: Mapa contendo as principais feições da MCSB. Segundo Gamboa e Rabonowitz (1981) o Alto de São

Paulo (Dorsal de São Paulo), a Plataforma de Florianópolis, a ocorrência de rochas alcalinas em Santa Catarina e

os rios Paraguai e Uruguai possuem um alinhamento controlado pela ZFRG. Fonte: (Fontana, 1996).

4.5) Bacia Oceânica

Segundo Alves (1981), adjacentes à MCSB dispõem-se duas bacias oceânicas: a do

Brasil, no segmento setentrional, representada por um piso de colinas abissais e por uma área

de elevações oceânicas (ERG e Dorsal de São Paulo); a Bacia da Argentina, na porção

meridional, também formada por uma pequena região de colinas abissais e pelo extremo norte

da planície abissal de mesmo nome. Comunicando as duas bacias, interpõem-se por entre as

elevações submarinas duas passagens abissais: a do São Paulo (mais restrita) e a do Rio

Grande, onde se encontra o Canal Vema.

12

As planícies abissais são áreas de relevo planar, nivelado por depósitos distais de

correntes de turbidez e por sedimentos transportados por correntes de fundo. Segundo Le

Pichon et al. (1971), o Canal Vema é uma feição erosiva estreira formada pela atividade da

Corrente de Fundo da Antártica (AABW) que flui em alta velocidade, a 4200m de

profundidade, transversalmente ao prolongamento da ZFRG. Ele é o principal transportador

de sedimentos em suspensão oriundos das camadas nefelóides detectadas na bacia da

Argentina e localmente da própria erosão dos sedimentos marginais. Ao chegar à bacia do

Brasil, a AABW pode bifurcar-se sendo um ramo do fluxo para norte ao longo da margem

oeste da bacia e o outro para leste ao longo da relativamente profunda ZFRG (Johnson e

Rasmussen, 1984; apud Alves, 1999).

O relevo da bacia oceânica, modelado por processos sedimentares, é interrompido em

algumas áreas por altos topográficos de origem ígnea. Derrames basálticos sobre extensas

áreas geraram elevações vulcânicas oceânicas, enquanto colinas e montes submarinos,

isolados, em agrupamentos, ou formando cadeias, são expressões fisiográficas de vulcanismo

local, ocorrendo em todas as províncias da região oceânica (Alves, 1999).

13

5. EVOLUÇÃO TECTONO-SEDIMENTAR DO ATLÂNTICO SUL

Para melhor compreensão do contexto tectono-sedimentar envolvendo a Dorsal de São

Paulo, a respeito de sua gênese e posterior evolução, torna-se necessária uma revisão sobre o

desenvolvimento do Atlântico Sul, retomando estágios precedentes à separação do

supercontinente Gondwana até a formação do Oceano Atlântico.

As bacias marginais brasileiras são produtos do estiramento litosférico gradativo, que

se iniciou ao sul e se propagou a norte, culminando com a separação efetiva do

supercontinente Gondwana, iniciada no Jurássico Superior e prorrogada até Cretáceo Inferior

(Ponte & Asmus 1976; Ojeda, 1980). Este estiramento foi marcado por pulsos tectônicos de

natureza distensiva que afetaram toda a costa do Atlântico, criando diferentes tipos de

margens ao longo das porções sul-sudeste, central e norte.

No caso específico da atual margem continental sudeste brasileira, o rifteamento atuou

entre o período de 150-130 Ma (Mascle et al., 1988 apud Mohriak, 2003). Mohriak (2003)

propõe um modelo evolutivo para a região dividindo-o em cinco fases principais com

diferentes características tectono-sedimentares. Tais etapas encontram-se simplificadamente

ilustradas na figura 6. Como resultado, esses sub-eventos da evolução do Atlântico Sul

levaram à separação da massa continental, formando os continentes sul-americano e africano.

A primeira fase é caracterizada pelo início dos fenômenos distensivos da litosfera. O

modelo conceitual admite, primeiramente, um pequeno soerguimento astenosférico, com

consequente afinamento litosférico regionalmente distribuído, levando a geração de falhas na

crosta superior atreladas a depocentros com uma sedimentação rift pouco espessa.

Na fase posterior, o estiramento litosférico acentua-se e, simultaneamente, há a

extrusão de lavas basálticas. A maior incidência de falhas mais expressivas leva a formação

de semi-grabéns preenchidos por sedimentos continentais de origem lacustre. A partir da

terceira etapa o rifteamento cessa, embora ainda haja extensão litosférica. A continuidade de

tal fenômeno, atrelada a uma maior incidência de grandes falhas, favorece a rotação de blocos

da fase rifte, sendo estes cobertos por camadas sedimentares menos rotacionados.

Ao final do evento de rifteamento, já incluído na sub-etapa quatro, o centro de

espalhamento meso-Atlântico inicia a intrusão de crosta oceânica. Conforme citado por

14

Mohriak (2003), em algumas bacias essas primeiras manifestações estão atreladas ao

vulcanismo subaéreo, responsável pela origem de grandes volumes de rocha com refletores

mergulhantes em direção ao mar (Seaward Dipping Reflectors - SDR). Concomitante a este

fenômeno, ocorrem episódios de magmatismo continental e oceânico, reativação de falhas e

erosão do pacote rifte por uma discordância regional que arrasa a topografia anterior,

separando ambientes de deposição tipicamente continental (lacustrino e fluvial) de ambientes

transicionais e marinhos.

Na etapa cinco, com o aumento gradativo da paleobatimetria, ocorre deposição

característica de margens passivas: após a instalação da plataforma carbonática, há

acumulação de sedimentos marinhos de águas profundas. Já ao final do Cretáceo, a margem

sudeste é alimentada por intenso aporte sedimentar advindo dos soerguimentos das Serras do

Mar e da Mantiqueira, levando a progradação de siliciclásticos em direção a quebra da

plataforma.

15

Figura 6: Esquema da evolução da Margem Continental Brasileira divergente. (a) início do estiramento

litosférico com pequenos depósitos sedimentares. (b) primeiras intrusões basálticas. (c) evolução para um

ambiente marinho restrito, com deposição da sequência transicional. (d) início do espalhamento oceânico pela

intrusão de crosta oceânica. (e) evolução para fase drifte/margem passiva. Fonte: Mohriak, 2003.

16

6. BACIA DE SANTOS

A Bacia de Santos consiste em uma bacia sedimentar pertencente à Margem Sudeste

Brasileira (Figura 7), localizada entre os paralelos 23º e 28º sul, que engloba uma área com

cerca de 350.000 km², dentre os quais 200.000 km² encontram-se em lâminas d’água até 400

m, e 150.000 km² entre cotas de 400 m a 3000 m (Mohriak, 2003). Sua origem remonta ao

Juro-Cretáceo, sendo semelhante às demais bacias desta porção da margem, formadas durante

o episódio de rifteamento e separação do supercontinente Gondwana (Nunes et al., 2004)

Figura 7: Mapa batimétrico regional a partir da Margem Sudeste Brasileira, destacando as principais estruturas

topográficas que são encontradas na Bacia de Santos e em regiões adjacentes. Fonte: Zalán, 2005.

Geologicamente, a bacia de Santos é definida como uma depressão, limitada ao norte

pelo Alto de Cabo Frio, que a separa da Bacia de Campos, e ao sul pelo Lineamento

Florianópolis, formado por grandes feições regionais que a limitam da Bacia de Pelotas

(Gamboa et al. 2008). Na direção leste, a bacia estende-se até o limite oriental do Platô de São

Paulo, enquanto que a oeste encontra-se limitada pela Serra do Mar, feição responsável por

confiná-la ao domínio oceânico (Nunes et al., 2004).

17

Em termos estruturais, a bacia pode ser dividida em duas porções distintas: uma parte

mais interna, rasa, próxima à zona litorânea, onde o pacote sedimentar não ultrapassa 2000 m

de espessura; e uma mais externa, profunda, onde o embasamento encontra-se a mais de 8000

m de profundidade (Leyden et al., 1971; apud Alves, 2002; Ponte & Asmus, 1976; Alves,

2002). Essas duas partes individualizadas são separadas por um sistema de falhamentos

normais com mergulhos sintéticos, comportando-se como uma charneira. Esta feição

tectônica, que apresenta direção coincidente a linha de costa e encontra-se localizada na parte

intermediária da plataforma continental, é denominada de Charneira de Santos ou Charneira

Cretácea (Alves, 2002), uma vez que confina a sedimentação Cretácea à porção leste (Nunes

et al. 2004).

Como o processo de distensão da crosta na região ocorreu com uma direção

preferencial E-W, infere-se que o estiramento tenha tido componentes transtracionais, uma

vez notada a obliquidade das falhas pré-existentes (Macedo, 1989; Pereira & Macedo, 1990).

Essa extensão diferencial da crosta continental durante a fase rifte favorecera a implantação

de três importantes zonas de transferências (Z.T) na bacia: Z. T. do Rio de Janeiro, Z. T. de

Curitiba e Z. T. de Florianópolis (Macedo, 1989; Pereira & Macedo, 1990; Alves, 2002),

como podem ser visualizadas na figura 8. Tais zonas se formaram para acomodar os

diferentes deslocamentos entre os blocos crustais de reologias distintas (Nunes et al., 2004).

Na área oceânica, essas zonas de transferências podem estar relacionadas aos prolongamentos

para oeste das Zonas de Fraturas Oceânicas, como, por exemplo, pode ser o caso da Z. T. de

Florianópolis associada ao SFRG e dos prolongamentos da Z. T. do Rio de Janeiro associados

a Z F de Martim Vaz. (Alves, 2002).

Como observado no tópico anterior, a evolução tectono-sedimentar da bacia de Santos

tem suas características balizadas pelo desenvolvimento da Margem Sudeste do Brasil durante

o Mesozóico. Todos os mega processos comumente envolvidos na formação de uma margem

passiva deixaram seus registros na sedimentação da bacia. Além deles, outras variáveis de

mesma importância como a eustasia, o tectonismo local e o clima se combinaram para reger a

estratigrafia hoje conhecida (Alves, 2002).

Para ilustração e estudo mais aprofundado da estratigrafia da Bacia de Santos, optou-

se por abordar a carta estratigráfica usada por Gamboa et al. (2008), retirada de Pereira e

Feijó (1994) com algumas alterações (figura 9). Em geral, pode-se dividi-la em três fases

principais: rifte, constituída por derrames basálticos e sedimentação lacustre; transicional,

18

formada por depósitos evaporíticos; e margem passiva/drifte, com presença de deposição

carbonática, sedimentação clástica e sedimentos marinhos de águas profundas.

Figura 8: Mapa do embasamento pré-cambriano da Bacia de Santos com identificação da Charneira de Santos e

das Zonas de Transferência definidas por Macedo (1989) e Pereira & Macedo (1990). Fonte: Pereira & Feijó

(1994).

Em comparação com a bacia localizada ao seu sul - bacia de Pelotas - é importante

ressaltar que apesar da semelhança no que diz a respeito aos traços gerais de sua evolução

divergente (Fontana, 1996), suas estratigrafias se apresentam distintas, notavelmente pela

inexistência da sequência transicional em Pelotas. A justificativa para essa ausência será

detalhada adiante, no tópico Estudos prévios sobre a Dorsal de São Paulo.

A fase transicional, que consiste na passagem da fase rifte para margem passiva,

ocorreu em um ambiente marinho restrito, marcando o início da fase de subsidência termal. O

clima árido vigente na época atrelado as periódicas transgressões marinhas responsáveis por

invadir o golfo existente favoreceram o desenvolvimento da bacia evaporítica a partir da bacia

de Santos em direção ao norte (Ponte & Asmus, 1976; Gamboa et al. 2009). Especificamente

em Santos foram depositados espessos pacotes salíferos (Formação Ariri), em um curto

período, com duração aproximada de 500 mil anos (Gamboa et al. 2009). A magnitude da

espessura de sal formada in situ possui um significado geotectônico importante, indicando

que este período foi marcado por uma taxa de subsidência anomalamente elevada, coincidente

com o início da formação de crosta oceânica (Gamboa et al., 2009).

19

Figura 9: Carta Estratigráfica da Bacia de Santos. Fonte: Gamboa et al., 2008.

20

7. ESTUDOS PRÉVIOS SOBRE DORSAL DE SÃO PAULO

A Dorsal de São Paulo é uma feição proeminente na batimetria da Margem

Continental Sudeste brasileira (MCSB) (figura 10), sendo responsável por separar a bacia

oceânica da Argentina, a seu sul, da Bacia de Santos, a seu norte (Gamboa & Rabonowitz,

1981). Consiste em uma cadeia linear do embasamento submarino, com orientação

aproximada E-W, se estendendo por cerca de 220 km ao sul do Platô de São Paulo (Gamboa

& Rabonowitz, 1981; Alves, 1981).

Figura 10: Mapa de Batimetria da MCSB e suas principais feições destacadas, incluindo a Dorsal de São Paulo.

Fonte: Alves, 2002.

7.1 Aspectos Morfológicos

A partir de estudos geofísicos realizados pelo DSDP (Gamboa et al., 1977), fora

constatada uma fisiografia irregular no fundo oceânico onde aflora a Dorsal de São Paulo.

21

Segundo Gamboa et al. (1977), ela apresenta características morfológicas distintas quando se

comparam seus flancos norte e sul. O flanco norte da Dorsal encontra-se soterrado pela

sequência deposicional do Platô de São Paulo, apresentando uma discrepância altimétrica de

500 m em relação à profundidade dominante do Platô (Kumar e Gamboa, 1979). Por outro

lado, o flanco sul contém uma topografia muito íngreme, aprisionando o retrabalhamento da

Corrente de Fundo da Antártica (AABW) na bacia oceânica (Gamboa e Kumar, (1977).

Ao sul da escarpa da Dorsal de São Paulo, desenvolveu-se o Canal homônimo,

resultado da ação da AABW que flui da bacia da oceânica da Argentina em direção à bacia

oceânica Brasileira (Pereira, 2010). Parte dessas correntes advindas do sul é impedida de fluir

em direção à Dorsal, que em função de seu “papel barreira”, forma um complexo de sistemas

de correntes secundárias capazes de retrabalhar os sedimentos da região, provocando

ondulações no fundo oceânico, conforme observado na figura 11 (Basseto et al. 2000).

Em relação à morfologia do embasamento, nesta região adjacente à Dorsal,

imediatamente ao seu sul, identifica-se um vale profundo contínuo e paralelo, seguido por

duas cavas e dois altos, alternados e soterrados (Gamboa e Rabinowitz, 1981; Alves, 1981).

Segundo Kumar et al. (1977), essas estruturas, em conjunto, parecem definir o

comportamento de uma zona de fratura.

Figura 11: Interpretação sísmica da linha do 59-LEPLAC realizada por Basseto et.al (2000), indicando a

morfologia ao sul da Dorsal de São Paulo retrabalhada pelas correntes de fundo, e o papel desempenhado pela

feição como barreira à circulação. Fonte: Levemente modificado de Basseto et. al, 2000.

22

7.2 Composição

No aspecto composicional, apesar do furo 356 do DSDP não ter alcançado rochas

ígneas do embasamento, análises petrográficas de alguns fragmentos de basalto coletados na

seção sedimentar associados à Dorsal de São Paulo, em conjunto com dragagens realizadas

pelo Lamont-Doherty Geological Observatory no flanco sul da mesma feição indicam sua

composição máfica (Kumar et al. 1977). Kumar et al. (1977) sugerem, ainda, que estas

rochas tenham idade máximo entre o Aptiano e o Eo-Albiano (110-105 M.A).

7.3 Comportamento Sísmico

Através de mapeamentos sísmicos prévios realizados na região (Kumar et al. 1989;

Alves, 1981; Basseto et al. 2000; Alves 2002), possibilitado por levantamentos mono e

multicanal, nota-se que a expressão topográfica da cadeia é mais evidente entre os meridianos

42º30’W e 40ºW (Basseto et al. 2000). A partir desses limites, seu relevo torna-se

gradativamente menos significativo, até ser sobreposto pelo pacote sedimentar.

Diversos autores relacionam a origem da Dorsal de São Paulo a manifestações

geológicas ocorridas na ZFRG (Gamboa e Rabinowitz, 1981; Alves, 1981 e 2002; Fodor,

1984; Gomes et al., 1993; Basseto et al., 2000; Pereira, 2010), uma vez notadas suas

orientações E-W coincidentes, e morfologias do embasamento correlacionáveis. No mesmo

contexto, como observado no tópico 4, Gamboa e Rabinowitz (1981) e Alves (1981) sugerem,

que o Alto de Florianópolis e alguns lineamentos continentais também façam parte deste

mesmo trend tectônico – ZFRG.

7.4 Origem

Ainda que não tenha sido possível a datação precisa das rochas da Dorsal de São

Paulo, estudos mais aprofundados procuraram entender qual a origem desses eventos

geológicos responsáveis pela formação da cadeia vulcânica. Fodor (1979) sugere que ela

possa representar o regime tectônico vertical de intrusões de rocha do manto superior e,

assim, estaria relacionada a atividades hidrotermais da Zona de Fratura. Contudo, Gomes et

al. (1993) a define como a cicatriz mais expressiva das atividades magmáticas ao longo da

Zona de Fratura do Rio Grande e questiona se este vulcanismo não seria correlacionável ao da

Formação Serra Geral da Bacia do Paraná. Já Basseto et al. (2000) afirma que cadeia

vulcânica é resultado do magmatismo ao longo da descontinuidade crustal, apresentando suas

23

raízes no embasamento ígneo, sem, no entanto, indicar datação para o vulcanismo.

Corroborando com Kumar (1977), Alves (2002) sugere a formação da Dorsal associada ao

vulcanismo no segmento fóssil da Zona de Fratura de Rio Grande decorrente do magmatismo

da Pluma de Tristão da Cunha.

7.5 Configuração Barreira

Durante o Aptiano, a sedimentação ao longo da Margem Continental Brasileira foi

afetada por uma serie de restrições à circulação marinha aberta. Como resultado há a

deposição da espessa camada evaporítica cobrindo a sedimentação rift, desde a bacia marginal

de Santos até a bacia Sergipe-Alagoas (Ponte e Asmus, 1976; Basseto et al. 2000; Gamboa et

al. 2009). Neste sentido, diversos autores (Gamboa e Rabinowitz, 1981; Basseto, 2000;

Alves, 2002; Azevedo, 2004; Dias, 2005; Gamboa et. al, 2009; Machado; 2010, Pereira,

2010) indicam a participação da Dorsal de São Paulo como feição restritiva.

Especificamente segundo Dias (2005), a Dorsal de São Paulo em conjunto com o Alto

de Florianópolis tiveram fundamental importância na deposição evaporítica, impedindo a

incursão marinha efetiva no golfo existente. Uma vez que o limite meridional do sal se

posiciona mais ao sul no Brasil do que na África, o mesmo autor infere que o limite sul dos

evaporitos foi delimitado exclusivamente pelo conjunto Dorsal de São Paulo - Alto de

Florianópolis, que nesta época, segundo Kumar et al. (1979) estavam no nível do mar ou

próximo a ele. Dias (2005) sugere que não houve contribuição da Elevação do Rio Grande (no

lado brasileiro), e, nem da Cadeia Walvis (no lado africano) (figura 12). Estas últimas feições

são provavelmente mais jovens, implantadas sobre crosta oceânica de idade, pelo menos,

Neocretácea.

24

Figura 12: Reconstruções paleogeográficas do Barremiano ao Neo-aptiano, mostrando as principais fases

tectonossedimentares no Atlântico Sul e o papel exercido pela Dorsal de São Paulo como barreira estrutural

Fonte: Dias, 2005.

25

8. BASE DE DADOS E METODOLOGIA

Para desenvolvimento do trabalho e alcance do objetivo principal, foram interpretados

e integrados dados geofísicos – Perfis Sísmicos Multicanal 2D, Dados de Poço (DSDP, furos

356 e 515, com mapeamento de suas unidades realizado previamente), Mapa e perfis

batimétricos, Mapas de métodos potenciais (Anomalia Bouguer e Ar-Livre) - após a

compilação bibliográfica da área de estudo e sua respectiva revisão.

Esquema 1: Procedimento básico para a reunião da base de dados e alcance do objetivo principal.

8.1 DADOS SÍSMICOS

Ao todo, foram reunidas nove linhas sísmicas do Plano de Levantamento da

Plataforma Continental Brasileira IV (LEPLAC), que imageiam feições aflorantes e

soterradas da Dorsal de São Paulo, além de apresentar o contraste estratigráfico entre as

Bacias de Santos e a bacia oceânica da Argentina. Na figura 13 se encontra a localização das

linhas selecionadas.

O projeto LEPLAC foi planejado com o intuito de adquirir maiores informações sobre

a geologia marinha na zona exterior ao limite da plataforma continental jurídica brasileira (a

partir das 200 milhas náuticas), o que atribuiu a ele uma grande importância econômica e

estratégica.

26

Figura 13: Distribuição das nove linhas selecionadas do projeto LEPLAC e dos dois poços utilizados do DSDP.

Tal distribuição foi escolhida para propor uma melhor investigação e mapeamento da estrutura em estudo. Fonte:

Mapa batimétrico com dados retirados de Smith e Sandwell (1997).

8.2 DADOS DE POÇO

Com o intuito de correlacionar o topo das unidades interpretadas às linhas sísmicas

selecionadas, datando os refletores que correspondam ao mesmo evento geológico, foram

utilizados os poços 356 e 515 do DSDP, localizados na figura 13, e que coincidem,

respectivamente, com os perfis sísmicos L-511 e L-509. O Deep Sea Drilling Project foi um

dos principais projetos responsáveis por investigar, através da sondagem, regiões profundas

do oceano, aumentando consideravelmente o volume de informações que até então se obtinha

sobre feições vulcânicas e/ou estruturais do assoalho oceânico.

O furo 356 se localiza nas coordenadas 28°17.22’S e 41°05.28’W, ao flanco norte da

Dorsal de São Paulo, alcançando uma coluna sedimentar de 741 m do Platô de mesmo nome

27

(Perch-Nielsen et al. 1977). A datação máxima destes sedimentos foi Albiana, não

apresentando quaisquer registros do embasamento ígneo associados à Dorsal. Na tabela

abaixo (Tabela 1) se encontra um resumo das principais informações cronoestratigráficas

identificadas por Perch-Nielsen et al. 1977 relacionadas ao furo 356.

Unidades

litológicas

(m)

Profundidade

abaixo do fundo

do mar (m)

Espessura

(m) Idade Descrição litológica

1 0-93 93 Pleistoceno - Mioceno

Inferior Calcário oolítico

2 93-222 129 Eoceno Superior - Eoceno

Inferior

Calcário silíco e calcário siílico

oolítico

3 222-294.5 72.5 Eoceno Inferior Calcários silicificados

4 294.5-432 137,5 Paleoceno Superior -

Maestrichiano Calcários nano-foraminíferos

5 432-665 233 Maestrichiano -

Santoniano Calcário margoso

6 665-708 43 Coniciano - Turoniano

Médio

Argila escura-acinzentada e

conglomerados com seixos

argilosos

7 708-? ? Albiano Superior Marga dolomítica e cálcario

argiloso

Tabela 1: Resumo litológico e estratigráfico do poço 356. Fonte: Adaptado de Perch-Nielsen et al. 1977

Já o furo 515, localizado nas coordenadas geográficas 26°14.31’S e 36°30.17’W,

situa-se sobre a bacia oceânica do Brasil, a 200 km ao norte da desembocadura do Canal

Vema. Ao contrário do poço anterior, conforme identificado por Barker et al. (1983), as

camadas mais antigas alcançadas pelo furo foram datadas do Eoceno Inferior. Já a coluna

sedimentar apresenta uma espessura total de 636,4 m (Barker et al. 1983). A tabela a seguir

(Tabela 2) apresenta o resumo litológico do poço 515, com as principais características

analisadas por Barker et al. (1983).

28

Unidades

litológicas

(m)

Profundidade

abaixo do

fundo do mar

(m)

Espessura

(m) Idade Descrição litológica

1 0-180 180

Mioceno

Superior ao

Quaternário

Lama terrígena acizentada

castanha e camadas

intermitentes de carbonato

biogênico na parte superior

2a 180-531 351

Oligoceno

Superior ao

Mioceno

Médio

Argila biossilicosa escura

cinza esverdeada e argilito

com ocasionais camadas

ricas em nanoplancton e

raras camadas ricas em

foraminíferos

2b 531-615 84 Oligoceno

Superior

Argilito terrígeno

esverdeado

escuro a cinza

3 617-636 19 Eoceno Argilito calcário

zeolítico cinza

esverdeado

Tabela 2: Resumo litológico e estratigráfico do poço 515. Fonte: Modificado de Barker et al. (1983).

8.3 PERFIS BATIMÉTRICOS

A fim de comparar a expressão topográfica da Dorsal de São Paulo tanto na batimetria

quanto no método sísmico, analisando suas porções aflorantes e soterradas, foram elaborados

cinco perfis batimétricos através do software Google Earth, orientados com a direção NW-SE,

dispostos transversalmente à feição foco da pesquisa (figura 17).

É importante ressaltar que o mapa Batimétrico, onde são encontradas as linhas

sísmicas sobrepostas; o mapa de Anomalia Ar-livre e o mapa de Anomalia Bouguer foram

cedidos por Alves et al. 2011, tendo sido processados a partir dos dados de Smith e Sandwell

(1997).

8.4 ASSOCIAÇÕES DOS DADOS

Inicialmente, para a reunião adequada dos dados sísmicos e de poço, foi realizado uma

etapa prévia de georreferenciamento através do software ArcGIS padronizando ambos os

29

sistemas de coordenadas para a projeção Policônica, utilizando o South Atlantic Datum 69.

Pelo programa Google Earth foram traçados os caminhos onde se desejava visualizar o

comportamento morfológico da Dorsal de São Paulo, para a confecção dos perfis batimétricos

coincidentes.

Após a padronização dos sistemas de coordenadas, os nove perfis sísmicos e os topos

das unidades dos poços 356 e 515 foram importados ao software Petrel, responsável por

possibilitar a correlação dos dados, interpretação dos refletores e de falhamentos, elaboração

do mapa do topo do embasamento e de isóbata total, em tempo duplo. As seções sísmicas

originais foram cortadas de acordo com a zona de interesse, já que algumas delas se

prolongavam até a plataforma continental, não havendo necessidade de seus mapeamentos.

Em relação às informações retiradas dos furos do DSDP, foram utilizados os

mapeamentos prévios das unidades propostos por Nielsen et al. (1977) - Poço 356 - e Barker

et al. (1983) - Poço 515 - correlacionados às sísmicas do próprio projeto, mono e multicanal,

fornecendo o tempo duplo dos refletores com a datação associada, conforme exibido nas

correlações retiradas dos respectivos projetos -356 e 515- contidos no tópico Anexos. Esta

amarração foi capaz de identificar quatro refletores a norte da Dorsal de São Paulo (Poço 356

x L-511), correlacionados ao pacote sedimentar do Platô de mesmo nome, como visualizado

na figura 14. Enquanto que no domínio sedimentar oceânico foram observados três refletores

bem definidos (Poço 515 x L-509), exemplificados na figura 15.

30

Figura 14: Correlação do topo das unidades do poço 356 (DSDP) à linha sísmica L-511. Desenho da plataforma

de petróleo meramente ilustrativa. Fonte: Dados do LEPLAC e do DSDP.

A partir da correlação feita nesses dois contextos estratigráficos distintos e, reforçadas

pela análise de mapeamentos sísmicos já realizados na área de estudo (Alves, (1999); Alves,

(2002); Schanzembach, (2010); Pereira (2010)), foram interpretados os refletores

correspondentes ao fundo do mar e ao embasamento, identificados através das reflexões de

alta amplitude e com o auxílio da análise por atributos sísmicos; seguidos pelo Topo do

Albiano, Topo do Cretáceo, Topo do Eoceno Inferior e Topo do Eoceno Superior,

relacionados ao poço 356. Já na bacia oceânica, foram mapeados o Topo do Eoceno, Topo do

Oligoceno Superior e Topo de Mioceno Médio atrelados ao furo 515. Para esta região, tentou-

se, ainda, mapear o Topo do Cretáceo, corroborado pela interpretação deste refletor feita pelos

referidos autores (Figura 15).

31

Figura 15: Correlação do topo das unidades do poço 515 (DSDP) à linha sísmica L-509. O refletor representado

pela cor verde (Topo do Cretáceo) não fora mapeado através do DSDP, mas sim pela análise do mapeamento

sísmico realizado por outros autores (Alves, (1999); Alves, (2002); Schanzembach, (2010); Pereira (2010) para

s mesmas linhas. Desenho da plataforma de petróleo meramente ilustrativa. Fonte: Dados do LEPLAC e do

DSDP.

Os mapeamentos do topo do embasamento e do fundo oceânico ao longo das nove

linhas do LEPLAC permitiram a criação superfícies regionais que indicassem a profundidade

destes horizontes, em tempo duplo, para toda a área de estudo, embora a malha sísmica não

fosse regular e satisfatoriamente densa. Na elaboração destes mapas, foi usado o algoritmo de

interpolação por convergência, padrão usado pelo software Petrel. Uma vez criados, gerou-se

o mapa de isóbata total, através da subtração das superfícies citadas. Tanto o mapa do topo do

embasamento quanto mapa de isóbata podem ser visualizados no tópico 11 - Discussão e

Análise de Resultados.

32

8.5 SISMOESTRATIGRAFIA

Para melhor compreensão da configuração barreira desempenhada pela Dorsal de São

Paulo ao longo do tempo geológico, são utilizados preceitos de sismoestratigrafia atrelados ao

padrão das reflexões sísmicas e identificação da geometria de suas terminações, baseadas no

trabalho de Vail et al. (1977) e Catuneanu (2008). Segundo Vail et al. (1977) a estratigrafia

sísmica ou sismoestratigrafia é definida como um método de interpretação dos dados

sísmicos, o qual possibilita uma melhor compreensão da evolução tectono-sedimentar de uma

bacia. O mesmo autor afirma, ainda, que as reflexões sísmicas são geradas a partir do

contraste de impedância das rochas, consistindo principalmente em superfícies de

acamamento e discordâncias. As superfícies de acamamento correspondem a uma

paleossedimentação, que são praticamente síncronas em quase toda sua extensão. As

discordâncias são superfícies de erosão ou não-deposição, implicando na ausência física de

certo intervalo deposicional.

Vail e Mitchum (1977) definem três etapas a serem seguidas na interpretação

sismoestratigráfica (Figura 16): (1) Análise das seqüências sísmicas, que consiste em

determinar os limites de uma sequência; (2) Análise de fácies sísmicas; (3) Análise das

mudanças relativas do nível do mar, que consiste em construir correlações

cronoestratigráficas e variações relativas do nível do mar nas bacias regionais e compará-las

com dados globais. Dentre essas, para esta pesquisa, são utilizadas somente as duas primeiras.

Figura 16: Identificação sismo-estratigráfica da terminação padrão dos refletores. Fonte: (Machado, 2010)

33

9. RESULTADOS

Neste tópico são exibidos os resultados obtidos na pesquisa, que serão discutidos no

capítulo posterior. Dentre eles encontram-se cinco perfis batimétricos perpendiculares ao

alinhamento da Dorsal de São Paulo, localizados na figura 17 e as interpretações das nove

linhas sísmicas selecionadas (Figs. 19 a 27), contendo o mapeamento da feição de estudo e

dos principais refletores correlacionados aos poços do DSDP. Para uma melhor organização

da nomenclatura de todos os perfis, eles são encontrados disponibilizados na tabela abaixo:

MÉTODO PERFIS

BATIMETRIA A B C D E

SÍSMICA DE REFLEXÃO 2D DIP

L-046 L-045

L-044 L-042

L-511 L-39

L-41

STRIKE L-509 L-059A

Tabela 3: Distribuição dos resultados adquiridos de acordo com o método geofísico.

Figura 17: Mapa batimétrico com a disposição dos perfis topográficos sobre a Dorsal de São Paulo.

34

Figura 18: Perfis batimétricos de A a E, transversais à Dorsal, com identificação de suas cristas e do

rebaixamento do relevo, associado a passagem do Canal de São Paulo. Fonte: Google Earth.

35

Figura 19: Seção sísmica L-046 interpretada (Dip), com identificação da porção soterrada da Dorsal de São Paulo.

36

Figura 20: Seção sísmica L-045 interpretada (Dip), com identificação da porção soterrada da Dorsal de São Paulo. Os refletores mapeados anteriores ao Mioceno médio

truncam perante a feição de estudo.

37

Figura 21: Seção sísmica L-044 interpretada (Dip), com identificação da porção soterrada da Dorsal de São Paulo, funcionando, ainda assim, como barreira a alguns refletores

mapeados.

38

Figura 22: Seção sísmica L-511 interpretada (Dip), com identificação da porção aflorante da Dorsal de São Paulo.

39

Figura 23: Seção sísmica L-059 interpretada (Strike), com identificação da porção aflorada da Dorsal de São Paulo, funcionando como barreira à Bacia de Santos (NE) e à

Bacia oceânica da Argentina (SW).

40

Figura 24: Seção sísmica L-042 interpretada (Dip), ainda identificando porções aflorantes da Dorsal de São Paulo.

41

Figura 25: Seção sísmica L-041 interpretada (Dip), voltando a identificar expressões soterradas da Dorsal de São Paulo nas linhas mais a leste.

42

Figura 26: Seção sísmica L-509 interpretada (Strike), com identificação da porção soterrada da Dorsal de São Paulo, sendo recoberta por todos os refletores mapeados.

43

Figura 27: Seção sísmica L-039 interpretada (Dip), com expressão soterrada da Dorsal de São Paulo no extremo leste da área de estudo.

44

10. DISCUSSÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

Através da batimetria, foi possível verificar que a Dorsal de São Paulo se destaca entre

as longitudes 39,75ºW e 43,15ºW, onde são encontradas suas porções aflorantes; se

estendendo por aproximadamente 300 km à sudeste da bacia de Santos (figura 28). A partir

desses limites longitudinais, a feição perde expressão topográfica, não podendo mais ser

visualizada nos perfis batimétricos pela cobertura sedimentar. Mesmo assim, ainda, é possível

identificar sua orientação no assoalho oceânico (E-W) pela cicatriz do canal paralelo

adjacente a sua feição no lado sul (figura 28). Levando em consideração estudos feitos por

Gamboa e Rabinowitz (1981) e Alves (1981), esta depressão do relevo é definida como um

vale contínuo e paralelo identificado ao sul da Dorsal, denominado Canal de São Paulo.

Figura 28: Mapa batimétrico com a localização da Dorsal de São Paulo e as principais feições fisiográficas

limitadas por ela. Fonte: Alves et al., 2011 (dados batimétricos de Smith e Sandwell, 1997).

45

Nos perfis batimétricos A, B, C, D e E observados no capítulo anterior (figura 18),

tanto o cume da cadeia vulcânica Dorsal, quanto o vale encontram-se bem definidos,

marcados por uma discrepância altimétrica máxima de 2093 m no Perfil D (figura 18).

Apesar de não se notar quaisquer mudanças significativas na batimetria a partir das

longitudes 39,75ºW e 43,15ºW, através da sísmica de reflexão foi possível identificar o

prolongamento da Dorsal de São Paulo soterrada, tanto em direção a Margem Continental

Brasileira como em direção a Bacia Oceânica do Brasil. Como nas linhas sísmicas onde ela

aflora (L-511, L-59A, L-42, respectivamente, Figuras 22, 23 e 24), sua fisiografia é melhor

definida em comparação ao método batimétrico, já que este é limitado à morfologia do relevo

oceânico, identificou-se as características morfológicas do embasamento com maior precisão,

possibilitando o mapeamento de sua extensão ao longo da mesma faixa latitudinal, ainda que

soterrada. Esta variação de espessura do pacote sedimentar ao longo da Dorsal pode ser

verificada no mapa de isóbata total, correspondente ao mapa de espessura em tempo, na figura

29.

Conforme notado primeiramente por Kumar et al. (1977) e ratificado ao longo dos

perfis sísmicos supracitados, o flanco sul da Dorsal de São Paulo é caracterizado por uma

expressiva escarpa de falha do embasamento, que pela peculiaridade apresentada , ajudou a

distinguir e mapear as expressões do embasamento relacionadas a Dorsal nas demais linhas

sísmicas. Esta escarpa de falha está associada a um rebaixamento crustal, favorecendo o fluxo

de água da Corrente de Fundo da Antártica (AABW) pelo Canal de São Paulo. Já o flanco

norte, em sua porção aflorante, serve como barreira sedimentar a Bacia de Santos.

46

Figura 29: Mapa de Isóbata total em tempo duplo da área de estudo. As cores frias indicam menor espessura do

pacote sedimentar, enquanto que as cores quentes apontam maior espessura. Na parte central do mapa são

destacados dois baixos, associados às porções aflorantes da Dorsal de São Paulo com ausência de deposição

sedimentar.

Seguindo estes mesmos padrões sísmicos, mapeou-se o prolongamento da Dorsal de

São Paulo nas demais linhas sísmicas, onde suas expressões são encontradas soterradas

(figuras 19,20,21,25,26,27). O alinhamento da feição pode ser visualizado no mapa do topo

do embasamento construído, e ilustrado na figura 30. Através deste mapa constata-se que a

partir das linhas onde a Dorsal de São Paulo aflora, o cume da feição perde expressão

altimétrica, gradativamente, tanto para leste quanto para oeste, mantendo a orientação

aproximada E-W. Este alinhamento coincide com a orientação do segmento fóssil da ZFRG

(visto no tópico 3 – Contexto Morfológico), comprovando que a Dorsal de São Paulo possa

ser uma expressão tectono-magmática da própria zona de fratura, o que já fora anteriormente

47

sugerido por Gamboa e Rabinowitz, 1981; Alves, 1981 e 2002; Fodor, 1984; Gomes et al.,

1993; Basseto et al., 2000.

Figura 30: Mapa do topo do Embasamento com o alinhamento das expressões da Dorsal de São Paulo

hachurada.

Em relação à configuração barreira exercida pela Dorsal de São Paulo, observa-se que

a topografia irregular apresentada na direção E-W pode ser uma evidência morfológica que

indique um vulcanismo mais expressivo em algumas regiões do que em outras, fazendo com

que a feição atuasse como barreira sedimentar em tempos geológicos distintos. As linhas L-

42, L-59, e L-511, mostram porções aflorantes da Dorsal que atuam como barreira sedimentar

até o Recente, impedindo a passagem de sedimentos da Bacia de Santos à Bacia oceânica da

Argentina.

Na sua porção mais à leste, na Bacia oceânica do Brasil, o prolongamento da Dorsal

de São Paulo coincide com os prolongamentos do segmento fóssil da ZFRG para a

Cordilheira Mesoatlântica. Nesta área, observa-se que a Dorsal se comportou como barreira

sedimentar, pelo menos até o final do Cretáceo (Figura 25). Nas expressões de relevo da

Dorsal encontradas a leste da L-041, os refletores mapeados mais recentes que o Topo do

48

Cretáceo sobrepõem a feição, sem indicar qualquer ação limítrofe posterior (Figura 26, L-

509; e Figura 27, L-039).

Para oeste, em direção à Margem Continental Brasileira, na região da bacia oceânica

da Argentina, a Dorsal de São Paulo atuou como uma barreira sedimentar até, pelo menos, o

final do Oligoceno Superior (Figura 20, L-045). A figura 19 (L-046) evidencia que o

segmento da Dorsal nessa porção para a margem continental apenas se configura como

barreira até o Cretáceo, já que todos os refletores mapeados encontram-se sobrepostos à

cadeia.

Embora o pacote evaporítico que individualiza o Platô de São Paulo não tenha sido

mapeado nos perfis sísmicos, ele foi identificado na porção norte da região mapeada, na Bacia

de Santos. Em direção à Dorsal, o pacote salífero afina gradativamente, não sendo mais

identificado na região imediatamente à norte da feição. Gamboa e Kumar (1977) já haviam

observado que o diapirismo característico do Platô de São Paulo não era notado adjacente à

Dorsal. De acordo com os mesmos autores, apesar da deposição salífera ser favorecida ao

longo dessas regiões mais rasas, o aporte de sedimentos da fase marinha fez com que o sal

migrasse para as áreas mais profundas da bacia, o que justifica o afinamento da camada

próximo a Dorsal de São Paulo.

A interpretação da sísmica de reflexão evidencia que todo o segmento da Dorsal de

São Paulo sofreu reativação tectônica-magmática até pelo menos Mioceno Médio (Figura 31).

Outras evidências que corroboram com esses eventos geológicos são as terminações dos

refletores contra a Dorsal, em ambos os flancos da feição, indicando uma reativação associada

a um soerguimento da cadeia, conforme é verificado na figura 32. Machado (2010) também

observou eventos de reativação na mesma faixa latitudinal, nas áreas próximas ao Alto de

Florianópolis. Na bacia rasa local, o referido autor constatou falhas do embasamento que

atingiram até o Mioceno Inferior.

49

Figura 31: Evidências de reativação tectôno-magmática existentes, pelo menos, até o Mioceno Médio, ao longo

das porções soterradas da Dorsal de São Paulo. Os refletores mapeados encontram-se em conformidade com o

topo da feição. A) Perfil L-041. B) Perfil L-0509.

Figura 32: Evidências de reativação tectôno-magmática associada ao soerguimento da Dorsal de São Paulo. A

terminação dos refletores mapeados encontra-se em forma de pinch-out em direção ao topo da feição. A) Perfil

L-045 B) Perfil L-042.

50

A análise de mapas de métodos potenciais retirados de Alves et. al, 2011, permite fazer

algumas considerações em relação ao comportamento apresentado pela Dorsal de São Paulo.

Através do mapa de Anomalia Ar-Livre (Figura 33) é possível identificar os contrastes, em

caráter regional, de densidade das rochas. Notam-se regiões com maior aporte deposicional

representados pelos baixos gravimétricos (cores frias) e regiões com embasamento soerguido

representado pelos altos gravimétricos (cores quentes). O segmento da Dorsal de São Paulo é

evidenciado pela anomalia positiva circulada em preto na figura 33, seguido pelo baixo

gravimétrico de orientação E-W que caracteriza o rebaixamento do embasamento atrelado a

ZFRG, associado ao Canal de São Paulo. A orientação notada e prolongada à leste da Dorsal

corrobora com a orientação que fora identificada pelo Mapa do Topo do Embasamento

(Figura 30).

Figura 33: Mapa de Anomalia Ar-Livre com identificação da anomalia positiva que representa a Dorsal de São

Paulo pela linha preta. Fonte: Levemente modificado de Alves et al. 2011.

No mapa de anomalia ar-livre associada a Dorsal não apresenta qualquer continuidade

a oeste, sendo interrompida por um baixo gravimétrico que indica o aumento do pacote

51

sedimentar em direção a Margem Continental Sudeste Brasileira, o que também foi

identificado através do Mapa de Isóbata total (Figura 29). Apesar de estarem dispostos ao

longo da mesma zona latitudinal, não é possível identificar uma relação gravimétrica da

Dorsal de São Paulo com o Alto de Florianópolis.

Segundo Alves et al. (2011), através da características crustais a partir do mapa de

Anomalia Bouguer (Figura 34), foram identificados três tipos de crosta baseados na variação

de intensidade da anomalia no aspecto das cores: continental, transicional e oceânica, com os

valores da anomalia crescentes nesta ordem. Seguindo o lineamento da Dorsal de São Paulo,

sugere-se que a mesma encontra-se definindo o limite crosta transicional-crosta oceânica na

região do Platô de São Paulo. Para leste esse lineamento ainda pode ser inferido pelo

segmento crustal caracterizado pela ZFRG.

Figura 34: Mapa de Anomalia Bouguer com mapeamento dos limites crustais feitos por Alves et al. (2011). A

Dorsal de São Paulo, encontrada no limite crosta-transicional/crosta-oceânica, é identificada pela linha preta.

Fonte: Levemente modificado de Alves et al. 2011.

52

11. CONCLUSÃO

Considerando o objetivo principal deste projeto final, e a partir da integração do

referencial teórico e dos resultados obtidos, é possível afirmar que a Dorsal de São Paulo

consiste em uma cadeia vulcânica de orientação E-W, com extensão aproximada de 300 km,

definindo tanto o limite sudeste da Bacia de Santos como a transição entre a crosta

transicional e a crosta oceânica. Suas porções aflorantes são destacadas na morfologia do

assoalho oceânico através de uma expressão topográfica significativa quando comparada com

a profundidade dominante do relevo ao seu sul, alcançando discrepâncias altimétricas

máximas de 2093 m.

Por meio da batimetria, constata-se que a feição é aflorante entre as longitudes

39,75ºW e 43,15ºW, com uma morfologia destacada pelo escarpamento do seu flanco sul

seguido por um rebaixamento do relevo, onde flui o Canal de São Paulo. A partir dessas

longitudes, a Dorsal de São Paulo diminui gradativamente sua evidência na fisiografia, sendo

soterrada pelo pacote sedimentar tanto em direção à Margem Continental Brasileira, a oeste,

quanto em direção a bacia oceânica do Brasil, a leste. Contudo, através do método sísmico de

reflexão, foi possível mapear e caracterizar os prolongamentos da feição em ambas as

direções.

As orientações encontradas no mapeamento sísmico das porções aflorantes e

soterradas da Dorsal de São Paulo e no mapa de anomalia Ar-Livre coincidem com o

alinhamento do segmento fóssil da Zona de Fratura de Rio Grande, o que reafirma a hipótese

de que a Dorsal possa ser uma expressão tectono-magmática ao longo desta descontinuidade

crustal.

Provavelmente, o magmatismo responsável pela formação da cadeia vulcânica

apresentou-se irregular ao longo da Zona de Fratura do Rio Grande, sendo mais intenso nas

porções de topografia elevada. Esta irregularidade topográfica fez com que as porções da

Dorsal de São Paulo se comportassem diferentemente como barreira sedimentar ao longo do

tempo geológico. Nas porções em que se encontrada aflorante, a Dorsal funciona como

barreira sedimentar até o Recente, confinando a sedimentação da bacia de Santos. Nas demais

regiões, tanto em direção a Margem Continental Brasileira (no domínio da Bacia oceânica da

53

Argentina) quanto em direção à Bacia Oceânica do Brasil, a Dorsal se comportou como

barreira sedimentar em momentos geológicos distintos. Pelo menos até o Aptiano, a extensão

total da Dorsal de São Paulo, bem como o Alto de Florianópolis, confinaram a deposição

evaporítica as bacias sedimentares localizadas a norte.

Apesar de não ter sido constatada qualquer relação de um lineamento tectônico entre a

Dorsal de São Paulo e o Alto de Florianópolis por meio dos métodos geofísicos utilizados,

evidências de reativações tectono-magmáticas foram identificadas ao longo de todo o

segmento mapeado da Dorsal de São Paulo, ocorrendo, pelo menos, até o Mioceno Médio.

Semelhante ao que foi observado nas regiões proximais da Margem Continental Brasileira, no

Alto de Florianópolis, datados até, pelo menos, o Mioceno Inferior.

54

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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59

13. ANEXOS

Anexo A: Correlação do perfil sísmico monocanal à seção litoestratigráfica obtida pelo testemunho do

furo 356. Fonte: Nielsen et al. (1977)

60

Anexo B: Correlação do perfil sísmico monocanal à seção litoestratigráfica obtida pelo testemunho do

furo 515. Fonte: Barker et al. (1983).