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Caracterização Fisiográfica da Bacia Hidrográfica do Rio do Mosquito, Palmeiras do Tocantins – TO. BARBOSA1, Guilherme Silva; MACIEL2, Girlene Figueiredo; MAFRA3, Wesley Adonai; PICANÇO4, Aurélio Pessoa; SCHIESSL5, Maikon Adão. RESUMO O objetivo deste trabalho foi realizar a caracterização fisiográfica dos principais elementos da bacia hidrográfica do rio mosquito. Os cálculos dos principais índices físicos da bacia foram obtidos a partir de bases de dados digitais da Secretaria de Planejamento do Estado Tocantins (SEPLAN), cartas topográficas e imagens de satélites. A área de drenagem é de 420,15 km², perímetro de 97,5 km, padrão de drenagem tem forma dentrítica, baixa densidade de drenagem (0,85km/km²), declividade do canal principal de 5,3 m/km, altitude oscila entre 134 m e 387 m, o curso da água principal apresenta uma extensão de 53,1 km e de acordo com a classificação de Strahler a bacia é de quinta ordem e vazão durante o período seco em torno de 2,5 m³/s. Palavras chave: Índices físicos; Declividade; Drenagem. 1. Introdução

O estado do Tocantins apresenta características ambientais, no tocante a hidrografia, favoráveis ao aproveitamento das águas superficiais de seus principais rios para geração de energia elétrica, bem como seu uso, para irrigação e exploração das terras férteis viabilizando a implantação de projetos agrosilvipastoril.

Assim sendo, o comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica é função de suas características geomorfológicas (forma, relevo, área, geologia, rede de drenagem, solo, dentre outros) e do tipo da cobertura vegetal (LIMA, 1986). Segundo Garcez e Alvarez (1988), bacia hidrográfica é um conjunto de áreas com declividade no sentido de determinada seção transversal de um curso de água, medidas as áreas em projeção horizontal. Pode ser conhecida também como: bacia de captação, bacia imbrífera, bacia coletora, bacia de drenagem superficial, bacia hidrológica ou bacia de contribuição.

As características físicas e bióticas de uma bacia possuem importante papel nos processos do ciclo hidrológico, influenciando, dentre outros, a infiltração, a quantidade de água produzida como deflúvio, a evapotranspiração e os escoamentos superficial e sub-superficial.

Segundo Alves e Castro (2003), os parâmetros físicos de uma bacia hidrográfica podem revelar indicadores físicos específicos para determinado local, de forma a qualificarem as alterações ambientais .

De acordo com Villela e Mattos (1975), as características físicas de uma bacia constituem elementos de grande importância para avaliação de seu comportamento hidrológico, pois, ao se estabelecerem relações e comparações entre eles e dados hidrológicos

1 Graduando de Engenharia Ambiental-UFT; e-mail: [email protected] 2 Prof. Assistente – Eng.Ambiental-UFT; e-mail:[email protected] 3 Graduando de Engenharia Ambiental-UFT; e-mail: [email protected] 4 Prof. Adjunto de Eng. Ambiental-UFT; e-mail: [email protected] 5 Graduando de Engenharia Ambiental-UFT; e-mail: [email protected]

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conhecidos, podem-se determinar indiretamente os valores hidrológicos em locais nos quais faltem dados.

Este trabalho teve como objetivo principal realizar um estudo dos índices físicos mais relevantes para caracterização fisiográfica da bacia hidrográfica do Rio Mosquito – Palmeira do Tocantins.

2. Material e Métodos

2.1 Caracterização da Área de Estudo A área em estudo localiza-se na região norte do estado do Tocantins e está inserida

no município de Palmeiras do Tocantins e representa 56,2% do território desse município. Esse fato evidencia a importância da bacia hidrográfica para a comunidade local, que tem sua economia voltada para a agricultura familiar.

A bacia do Rio Mosquito está delimitada pelos paralelos de 06º35’26”- 06º36’55”S e os meridianos de 47º28’02”- 47º29’21”W, seu exutório apresenta as coordenadas de 06º 35´24” Sul e 47º 27´44” oeste e altitude de 134 metros.

O trabalho foi desenvolvido com a utilização de materiais como, carta topográfica da região, levantamento bibliográfico sobre o tema, e também com o auxílio de softwares, como Excel®, e ArcView®.

O mapa base utilizado foi a carta de Wanderlândia de edição de 1979, obtido no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na escala de 1:100.000.

A precipitação média Anual é de 1700 mm e a temperatura média do ar 28ºC e é classificada como uma área potencial para conservação (SEPLAN, 2009).

Figura 1 – Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Mosquito.

Segundo a classificação climática proposta por Köppen, o clima predominante na

região é Aw – Tropical de verão úmido (entre os meses de outubro e abril) e período de estiagem no inverno (entre os meses de maio e setembro), ou seja, inverno seco e chuvas máximas no verão.

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2.2. Métodos

Na determinação dos principais fatores físicos da bacia, área de drenagem (A) e perímetro (P), utilizou-se de um sistema de informação geográfica, no caso, lançou-se mão do software ArcView 9.2, que facilitou o processo de delineamento, em imagem georreferenciada, do divisor topográfico da microbacia, obtendo-se dessa forma, os citados índices. A partir desses pode-se determinar os demais índices utilizados nessa pesquisa, como mostra a tabela a seguir:

Tabela 1 – Fórmulas de parâmetros fisiográficos para a caracterização da bacia e do rio. Parâmetros para a Bacia Equação de Estimativa

Coeficiente de Compacidade

A

P,Kc 280=

Fator de Forma 2L

AKf =

Declividade Total (m/m)

L

HDt

∆=

Declividade Média – Método das Áreas (%)

2

12

L

A

I

n

ii

eq

=∑=

Densidade de Drenagem (km/km2) A

LDd

∑=

Densidade Hidrológica (rios/km2) A

nDh =

Índice de Circularidade 2

5712

P

A.,Ic =

Extensão do Escoamento Superficial (km) ∑

=L

AI

4

Tempo de concentração (horas) (Vem Te Chow,)

=i

L,Tc 87730

Índice de Sinuosidade (%) ( )L

ELI vs

−=

100

Índice de Sinuosidade (m/m)

vs d

LI =

Onde: P = perímetro; A = área; L = comprimento do canal principal; n = número de canais; Ev = comprimento do canal em linha reta ou dv que é distância vetorial; i = declividade do canal principal, ∆H = diferença de altitude (canal).

3. Resultados

Os resultados obtidos nesta pesquisa podem ser observados, de forma sucinta, através da Tabela 2.

De acordo com os resultados, pode-se afirmar com razoável segurança que a bacia hidrográfica do rio do mosquito apresenta condições pouco favoráveis a ocorrência de

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enchentes, quando consideramos o padrão de precipitação reinante na região, uma vez que o coeficiente de compacidade (Kc=1,33), não tão afastado da unidade (1,00), mas estabelece uma relação de conforto ao analisarmos em conjunto o índice de circularidade (Ic=0,55) e o fator de forma que em média é de 0,15 e decresce ao aproximar-se do exutório. A característica alongada da bacia é reiterada pelo índice de circularidade máximo de 0,55. Na escala 1:100.000 a classificação segundo Strahler (Villela e Mattos, 1975) é rio de “quinta ordem”.

A sinuosidade dos canais é influenciada pela carga de sedimentos, pela compartimentação litológica, estruturação geológica e pela declividade dos canais segundo Lana (2001). O índice de sinuosidade obtido de 1,47 m/m enquadra o canal como pouco tortuoso (valores superiores a 2,0 indicam canais tortuosos). O mesmo índice em valor percentual de 32,02 corresponde a um rio classe III, pouco sinuoso conforme classificação de Christofoletti (1981).

A densidade de drenagem encontrada na bacia hidrográfica do rio mosquito foi de 0,85 km/km2. De acordo com Villela e Mattos (1975), esse índice pode variar de 0,5 km/km2 em bacias com drenagem pobre a 3,5 km/km2, ou mais, em bacias bem drenadas, indicando, assim, que a bacia em estudo possui baixa capacidade de drenagem. Valores baixos de densidade de drenagem estão geralmente associados a regiões de rochas permeáveis e de regime pluviométrico caracterizado por chuvas de baixa intensidade ou pouca concentração da precipitação.

Tabela 2 – Resultados da Fisiografia da Bacia do Rio Mosquito. Parâmetros para a Bacia Valor Estimado

Área (A) 420,15 km2 Perímetro (P) 97,51 km Extensão do Rio Principal (L) 53,14 km Comprimento Axial da Bacia (Ev) 36,12 km Comprimento da Malha Fluvial (( )∑L 360,90 km Número Total de Canais (n) 112 canais Ordem da Bacia (STRAHLER) 5ª Coeficiente de Compacidade (Kc) 1,33 Fator de Forma (Kf) 0,15 Declividade Total (m/km) 5,3 Declividade Média (%) 12,4 Altitude Máxima (m) 387 Altitude Mínima (m) 134 Altitude Média (m) 238 Densidade de Drenagem (km/km2) 0,85 Densidade Hidrológica (rios/km2) 0,26 Índice de Circularidade 0,55 Extensão do Escoamento Superficial (km) 1,97 Tempo de concentração – Ven Te Chow (horas) 7,46 Índice de Sinuosidade (%) 32,02 Índice de Sinuosidade (m/m) 1,47

A altitude na bacia hidrográfica variou de 134 m a 387 m, sendo a altitude média de

238 m. De acordo com Castro e Lopes (2001),a altitude media influencia no balanço de energia, ela é influenciada na quantidade de radiação que recebe, e consequentemente influencia na evapotranspiração, temperatura e precipitação.

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4. Conclusão • A análise dos dados e a interpretação dos resultados obtidos nas condições atuais da

bacia hidrográfica permitiram concluir que a bacia hidrográfica do Rio Mosquito possui a forma alongada, evidenciando menor risco de cheias em condições normais de pluviosidade anual;

• A declividade média encontrada na bacia foi de 12,4%, caracterizando o relevo como ondulado, drenagem fraca (Dd = 0,85 km/km2) e precipitação anual de 1.700 mm. Esses parâmetros têm grande influência sobre o escoamento superficial e, conseqüentemente, sobre o processo de erosão, que resulta em perdas de solo, água, matéria orgânica, nutrientes e microfauna, provocando, assim, assoreamento e eutrofização dos corpos d´água;

• O padrão de drenagem formado pelos cursos d´água caracteriza-se como do tipo dendrítico, com médio grau de ramificação (ordem 5). 6. Referências Bibliográficas ALVES, Julia Maria de Paula; CASTRO, Paulo de Tarso Amorim. Influência de feições geológicas na morfologia da bacia do rio Tanque (MG) baseada no estudo de parâmetros morfométricos e análise de padrões de lineamentos. Revista Brasileira de Geociências, v. 33, n. 2, p. 117-127, 2003. CASTRO, Paulo San`tAnna e Castro; LOPES, José Dermeval. Recuperação e conservação de nascentes. Viçosa, MG: CPT, 2001. 84p. GARCEZ, Lucas Nogueira. ALVAREZ, Guilhermo Acosta. Hidrologia, Ed. Edgard Blucher, São Paulo,1988 - 291 pgs. Lana, Cláudio Eduardo.; Maria de Paula; CASTRO, Paulo de Tarso Amorim. A. Análise morfométrica da bacia do Rio do Tanque, MG - Brasil. Rem: Rev. Esc. Minas. [online]. Apr./June 2001, vol.54, no.2 [cited 16 June 2006], p.121-126. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0370-44672001000200008&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0370-4467. Acesso em 13 maio. 2010. LIMA, Walter de Paula. Princípios de hidrologia florestal para o manejo de bacias hidrográficas. São Paulo: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 1986. 242p. SEPLAN - TO. ATLAS DO TOCANTINS: Subsídios ao Planejamento da Gestão Territorial. Abril de 2008. Disponível em :< http://www.seplan.to.gov.br> Acesso em 16 de Setembro de 2009. VILLELA,Swami Marcondes,;MATTOS Arthur. Hidrologia Aplicada, Ed. McGraw-Hill, São Paulo,1975 - 245 pgs.