caracterização de placa de rocha

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rocha

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  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 172

    10. PARMETROS TCNICOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS E SEUSIGNIFICADO PRTICO

    Entre os principais ensaios e anlises necessrios caracterizao

    (especificao) tecnolgica do material a ser utilizado na construo civil cabem

    destacar:

    Anlise petrogrfica; Anlise granulomtrica; Determinao de impurezas; Determinao de ndices fsicos (massa especfica aparente,

    porosidade aparente e absoro dgua);

    Determinao do desgaste por atrito (desgaste Amsler); Determinao do coeficiente de dilatao trmica; Determinao da resistncia ao impacto; Determinao da resistncia compresso uniaxial simples; Determinao da resistncia compresso uniaxial aps

    congelamento e degelo;

    Determinao do mdulo de deformabilidade esttico; Determinao da resistncia flexo; Determinao da velocidade de vibrao e da constante elstica de

    ultra-som em rochas

    10.1. ANLISE PETROGRFICA

    A petrografia permite a definio da natureza da rocha, identificao

    dos minerais existentes, seu fraturamento, seus graus de alterao e granulao,

    textura (ou trama) e estrutura (ou desenho e movimentao).

    A norma ABNT-NBR-12.768 sugere um roteiro para a realizao da

    anlise petrogrfica.

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 173

    Inicia-se a anlise petrogrfica com o exame macroscpico da rocha

    para identificao da estrutura, colorao e estado geral de sanidade do material,

    seguido do estudo de lminas delgadas ao microscpio ptico de luz transmitida

    para identificao e quantificao dos minerais, seu estado de alterao, sua

    granulao e avaliao microfissural da rocha, a natureza dos seus contatos e seu

    arranjo espacial. A microscopia pode ser combinada com outras tcnicas, caso da

    colorao seletiva de minerais e difratometria de raios-X, a cor da pedra determinada pela colorao predominante de seus minerais e pode ser afetada pela

    presena de constituintes mineralgicos friveis, alterados e alterveis ou solveis,

    que comprometem o lustro e o desempenho das rochas. A durabilidade da cor

    essencial nos revestimentos, sendo que o polimento da pedra favorece sua

    resistncia ao do tempo. A durabilidade da cor influenciada pela presena de

    minerais que se decompem facilmente liberando substncias que mancham as

    rochas, comprometendo no s o material de revestimento esteticamente, mas

    tambm em sua durabilidade. Dentre esses destacam-se os minerais sulfetados

    (piritas e calcopiritas) e xidos de ferro (Figura 58 e Foto 103).

    A cor tem importncia fundamental nas rochas ornamentais, por seu

    papel de acabamento e decorao. Rochas com cores raras, caso do azul (Granito

    Azul Bahia) e do verde escuro (Granito Verde Ubatuba so de elevado custo.

    FIGURA 58 ESQUEMA MOSTRANDO A ALTERABILIDADE DE MINERAISEM ROCHAS ORNAMENTAIS DE REVESTIMENTO, CUJACARACTERSTICA ESSENCIAL DEVE SER A ESTTICA

    ROCHA ORNAMENTALSEM DETERIORAO

    OXIDAO DE MINERAISFERROSOS

    COMPROMETENDO AAPARNCIA DO MATERIAL

    REAES

    COM AGENTESPOLUENTES E/OU

    MATERIAIS DELIMPEZA

    AGRESSIVOS

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 174

    A textura (trama) da rocha fundamental na caracterizao doselementos mineralgicos de uma rocha ornamental, de acordo com o grau de

    cristalizao, as dimenses absolutas e relativas, forma de seus constituintes, sua

    posio espacial e o tipo de contato entre eles. A textura define as espcies minerais

    que compem a rocha e o grau de fraturamento dos minerais e permite, entre outros

    aspectos avaliar qualitativamente a maior ou menor capacidade de absoro d'gua.

    As microfissuras, pequenas fraturas visualizadas na superfcie polidada rocha (Figura 59), ou a presena de fissuramento razoavelmente intenso (seja

    devido ao intemperismo fsico, ocorrido na jazida, seja no processo de lavra ou na

    prpria serragem), possibilitam a percolao de substncias fluidas quimicamente

    FOTO 103 MINERAIS OXIDADOS EM GRANITO DE PISO DE SACADA EM APARTAMENTO,REVESTIDA COM GRANITO - BOTUCATU, SP

    2,5 cm

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 175

    ativas pelo material rochoso, tais como gua carregando impurezas, produtos de

    limpeza, leos, agentes manchantes, etc.

    Decorrente dessa alterao, o granito muitas vezes perde sua aptido

    ao polimento, no apresentando um fechamento eficaz no polimento (Foto 104). Ao

    se procurar alcanar o grau de polimento desejado, promove-se uma solicitao

    mecnica excessiva que conduz a danos na trama mineralgica da superfcie da

    placa que inicialmente imperceptvel a olho nu manifesta-se, posteriormente pelo

    surgimento de aspereza na superfcie, perdendo lustro, ou pelo desenvolvimento de

    manchas pela percolao de substncias.

    A origem, quantidade, dimenses e o embricamento dos minerais, alm

    da porosidade influenciam a resistncia mecnica das rochas. Rochas silicificadas,

    cuja composio predominantemente quartzosa, como o granito so mais

    resistentes que as calcrias, como o mrmore. Em outro caso, duas rochas de

    mesma origem diferem-se quanto resistncia mecnica, de acordo com o tamanho

    relativo das partculas (minerais), pois pedras com granulometria fina so mais

    resistentes que as de granulometria grossa.

    FIGURA 59 ESQUEMAMOSTRANDO A OCORRNCIADE MICROFISSURAS, QUEAUMENTAM A POROSIDADE DAROCHA E INTENSIFICAM OPERCOLAMENTO DE FLUIDOSNO SEU INTERIOR

    FOTO 104 FOTO ILUSTRANDO OESQUEMA: MICRO EMACROFISSURAS EM MRMOREPREENCHIDAS POR CALCITADISSOLVIDA E REPRECIPITADA

    1 cm

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 176

    10.2. NDICES FSICOS

    Denominam-se ndices fsicos, na qualificao das rochas ornamentais,

    a densidade (ou massa especfica), a porosidade e a absoro dgua.Na determinao desses ndices segue-se a norma da ABNT NBR

    12.766, que especifica 10 amostras cilndricas com 5 a 7 cm de dimetro. Esses

    corpos-de-prova so lavados e levados estufa ventilada submetida a temperatura

    entre 110o e 115o C, por 24 horas. Aps a secagem so pesados (massa A) e, em

    seguida, so saturados em gua, com auxlio de bomba a vcuo por 24 horas, e

    pesados (massa B). Depois so submersos novamente e pesados (massa C).

    10 CORPOS DE PROVA

    MASSA A

    SATURAO (24 HORAS)

    PESAGEM AO AR MASSA B

    SUBMERSO

    PESAGEM SUBMERSA MASSA C

    PESAGEM AO AR

    ESTUFA (110O a 115O C)

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 177

    Esses valores obtidos so substitudos nas seguintes expresses,

    Massa especfica aparente seca: CB

    A (Kg/ m

    3)

    Massa especfica aparente saturada: CB

    B (Kg/ m

    3)

    Porosidade aparente (em %): 100CBAB

    Absoro dgua (em %): 100AAB

    A massa especfica expressa pela relao entre a massa da rocha eseu volume. Esse ndice reflete o estado de sanidade do material, pois rochas

    alteradas possuem massas especficas menores que as mesmas no estado so.

    Dessa maneira a massa especfica representa importante diagnstico para a

    caracterizao tecnolgica da rocha e preveno de problemas tcnicos aps seu

    assentamento.

    A maior densidade de uma rocha revela uma maior resistncia da

    mesma, por outro lado, representa inconvenientes para sua utilizao, pois refletir

    em maior peso morto, requerendo-se cuidados adicionais no dimensionamento das

    placas para compatibilizar com a resistncia dos dispositivos de ancoragem.

    Porosidade o volume de espaos "vazios" (poros) de uma rocha, eest relacionada ao tipo de rocha (Tabela 7) e seu grau de alterabilidade da rocha.

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 178

    TABELA 7 - POROSIDADE DE ALGUMAS ROCHAS(Fonte: POPP, 1984)

    Esta propriedade no determina, isoladamente que a rocha seja

    impermevel ou que apresente baixa absoro, pois estes fatores dependem alm

    da porosidade tambm de sua permeabilidade.

    Permeabilidade, por sua vez, a intensidade do fluxo de um fluidoatravs de uma rocha, isto , depende da maior ou menor conexo entre os

    espaos vazios de uma rocha. Esta conexo pode ser direta ou indireta. No caso de

    conexo direta, os poros se tocam diretamente. No caso de conexo indireta, o

    contato entre os poros promovido por microfraturas. Portanto, o grau de

    fraturamento e a disposio espacial (orientada ou no) das fraturas, caractersticas

    determinadas pela anlise petrogrfica, so fatores importantes para a porosidade.

    A porosidade e a permeabilidade so controladas, basicamente pela

    granulao, textura e sanidade da rocha.

    As Figuras 60 e 61 mostram a mudana da porosidade e

    permeabilidade em rochas compostas apenas por gros de uma mesma dimenso,

    apresentando apenas mudana de textura.

    As Figuras 62 e 63 mostram a alterao da porosidade e

    permeabilidade em relao s Figuras 60 e 61, pela variao das dimenses dos

    gros constituintes dessas rochas.

    As Figuras 64 e 65 mostram, novamente, a influncia de gros com

    mesmas dimenses e com dimenses variveis na porosidade e permeabilidade das

    rochas e ressalta a importncia do tipo de contato entre os minerais constituintes da

    rocha.

    ROCHA POROSIDADE (%)

    Granito 0,5% a 1,5%

    Arenito 10% a 20%

    Calcrio 5% a 12%

    Argila 45% a 50%

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 179

    A Figura 66 mostra a influncia da alterao ou reao de gros da

    rocha sob os efeitos de alterao natural (intemperismo) e artificial (produtos de

    limpeza) no aumento da porosidade e da permeabilidade das rochas.

    As Figuras 67 e 68 mostram uma maior porosidade e permeabilidade

    em rochas metamrficas em funo do aumento progressivo de sua deformao.

    FIGURA 60 - ROCHA SEDIMENTAR MUITO POROSA DE ALTAPERMEABILIDADE

    FIGURA 61 - DIMINUIO DA POROSIDADE E DA PERMEABILIDADEPELA MUDANA DA DISPOSIO DOS GROS DA FIGURAANTERIOR

    FIGURAS 62 E 63 - DIMINUIO DA POROSIDADE E DAPERMEABILIDADE DAS FIGURAS 59 E 60, PELA EXISTNCIA DEVARIAO NAS DIMENSES DOS GROS (COM GROS PEQUENOSOCUPANDO OS INTERSTCIOS ENTRE OS GROS MAIORES)

    FIGURA 62

    FIGURA 63

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 180

    FIGURA 64 - ROCHA COM TEXTURA DE CALAMENTO (OUSACARIDE), MUITO POROSA E PERMEVEL, PERMITINDO AMOVIMENTAO DE FLUIDOS AO LONGO DE CONTATOSRETILNEOS CONECTADOS (EXEMPLO: MRMORE CRISTALINO)

    FIGURA 66 - AUMENTO DA POROSIDADE E PERMEABILIDADE DAROCHA, PELA ALTERAO (OU REMOO) DE MINERAISSENSVEIS AOS AGENTES DO INTEMPERISMO OU DE ARTIGOS DELIMPEZA (EXEMPLO: GRANITO ALTERADO, NO QUAL OS MINERAISREMOVIDOS SO REPRESENTADOS EM PRETO)

    FIGURA 67 - AUMENTO DA PERMEABILIDADE DA ROCHA, PELAORIENTAO DOS CRISTAIS SEGUNDO PLANOS PARALELOS,FACILITANDO A PERCOLAO DOS FLUIDOS (EXEMPLO: GNAISSESE XISTOS)

    FIGURA 68 - AUMENTO DA PERMEABILIDADE DA PORDEFORMAO MAIS INTENSA, ACENTUANDO A ESTRUTURAPLANO-PARALELA DA ROCHA E GERANDO FRATURAS DECISALHAMENTO (EXEMPLO: GNAISSES MUITO DEFORMADOSCOMO NO CASO DA PEDRA MIRACEMA)

    FIGURA 65 - DIMINUIO DA POROSIDADE E DA PERMEABILIDADEDA ROCHA, PELA MUDANA DA TEXTURA DE CALAMENTO PARAUM TEXTURA ENGRENADA OU SERRILHADA E PELO AUMENTO DAVARIAO DAS DIMENSES DOS CRISTAIS CONSTITUINTES DAROCHA (EXEMPLO: GRANITO)

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 181

    A Figura 69 mostra os efeitos da deformao de gros inicialmente

    eqidimensionais, com a gerao de gros alongados e fratura de cisalhamento, que

    aumentam a permeabilidade da rocha.

    Nota-se, que usualmente os granitos empregados como revestimento

    de piso, comparadas aos componentes cermicos possuem baixa porosidade que

    geralmente no ultrapassa 1,5%.

    Ao contrrio das pedras naturais, que no so classificadas de acordo

    com a porosidade, os produtos cermicos so divididos em grs, semi-grs e

    normais, para materiais respectivamente com capacidade de absoro dgua

    menor que 1,5%, entre 1,5 e 4% e mais que 4%. Quanto menor a absoro de gua,

    melhores as qualidades mecnicas do piso, pois a porosidade interfere na

    resistncia mecnica na razo inversa de sua quantidade, ou seja:

    POROSIDADE RESISTNCIA

    =

    PRESSO

    PRESSO

    ESFERA

    ESFERADEFORMADA

    PLANOS DECISALHAMENTO

    FIGURA 69 - ESQUEMA EXEMPLIFICANDO O DESENVOLVIMENTO DE FRATURAS DECISALHAMENTO EM UMA ESFERA DEFORMADA CONCOMITANTEMENTE COM ODESENVOLVIMENTO DE HBITO ALONGADO

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 182

    Absoro dgua a propriedade pela qual certa quantidade delquido capaz de ocupar os vazios da rocha sendo expressa pela relao entre o

    volume de gua absorvida pelo volume de poros intercomunicantes.

    Rochas porosas devem ser evitadas em ambientes midos por

    permitirem a absoro de fluidos que mancham a rocha (Foto 105). A elevada

    absoro tambm acarreta uma baixa durabilidade da rocha e a progressiva reduo

    de sua resistncia mecnica ao longo do tempo.

    .

    FIGURA 105 - INFILTRAO DE GUA NA ENTRADA DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL,ACARRETANDO O MANCHAMENTO DAS PLACAS 30x30 cm) - BAURU - SP

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 183

    Os materiais cermicos tambm classificam seus produtos de acordo

    com a porcentagem de absoro dgua relacionando-a com a resistncia mecnica

    de cada revestimento (Tabela 8).

    TABELA 8 ABSORO DGUA(Fonte: Cermica: Tcnica e Arte, 1999a)

    CLASSE ABSORO DGUA (%) RESISTNCIA MECNICA

    B I a 10 Baixa

    Nas pedras, quando capacidade de absoro dgua ultrapassar

    valores acima de 0,4% h possibilidade da ocorrncia de manchamentos,

    principalmente, quando a fixao das pedras for executada com argamassa

    convencional. Por outro lado a prpria colorao da pedra pode evidenciar as

    manchas em maior ou menor intensidade. Os granitos claros (branco ou cinza, por

    exemplo), propiciam maior contraste decorrentes de manchas indelveis (Foto 106),

    ou de umidade (que podem desaparecer quando da evaporao da gua) do que os

    escuros (marrons e vermelhos, Foto 107), mesmo que a capacidade de absoro

    dgua seja semelhante.

    A rocha com maior ndice de absoro dgua e maior permeabilidade,

    seja pela presena de microfraturas ou pelas relaes de contato entre os gros,

    ser rapidamente deteriorada e poder perder as suas caractersticas principais

    (estticas: brilho, cor, capacidade de polimento e fsicas: resistncia abraso, ao

    ataque qumico e manchamento, dureza, resistncia trao), que lhe conferem a

    funo de embelezamento e proteo contra reagentes agressivos.

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 184

    FOTO 107 - PLACAS REVESTINDO (20x180 cm) ESPELHO DE DEGRAU EM RESIDNCIA,MANCHADAS PELA INFILTRAO DE GUA, PORM A TONALIDADE ESCURA DO MATERIALNO PERMITE A VISUALIZAO NTIDA DAS MANCHAS

    FOTO 106 - MACHAS EM PLACAS DE GRANITO (30x30 cm) REVESTINDO PISO EXTERNO,PROVOCADAS PELA ABSORO D'GUA NITIDAMENTE MARCADAS DEVIDO COLORAODA ROCHA (COR CLARA) - BAURU, SP

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 185

    Produtos cermicos fornecem ndices limtrofes de absoro dgua

    para os diferentes ambientes onde o material ser aplicado (Tabela 9), direcionando

    o arquiteto na escolha da cermica correta em cada espao, facilidade no oferecida

    no setor de rochas ornamentais.

    Num pas de clima tropical como o Brasil, a absoro d'gua muito

    importante, vista a alta pluviosidade. Esse fator, aliado poluio de regies

    urbanas e industriais, traz consigo cidos dissolvidos que corroem os minerais das

    pedras carbonticas (mrmores), quando em revestimentos externos, alm de

    provocar reaes com outros minerais ocasionando manchamentos (em alguns

    casos permanentes) e decomposies minerais.

    Nos pases do Hemisfrio Norte, de clima frio, a porosidade e a

    absoro dgua tambm representam fatores importantes a serem considerados. A

    gua ao congelar-se sofre um aumento de 10% do seu volume original, portanto

    materiais com ndices de absoro dgua superiores a 0,5% no tm utilizao

    recomendvel, pois o congelamento dgua nos interstcios dos gros pode provocar

    fissuras na rocha e comprometer sua resistncia e esttica.

    TABELA 9 TABELA DE RECOMENDAES (absoro dgua)(Fonte: Cermica: Tcnica e Arte, 1999a)

    AMBIENTES ABSORO DGUA (%)Paredes externas 0 a 3% (em regies sujeitas a neve)

    0 a 10% (em outras regies)

    Paredes internas 0 a 20%

    Pisos residenciais Banheiros: 0 a 6%Quartos e salas: 0 a 10%

    Cozinhas: 0 a 6%

    Quintais/terraos: 0 a 6%

    Escadas e rampas 0 a 6%

    Pisos para garagens e caladas 0 a 6%

    Piscinas 0 a 3% (em regies sujeitas a neve)0 a 20% (em outras regies)

    Pisos industriais 0 a 6%

    Pisos de cozinhas industriais e supermercados 0 a 6%

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 186

    10.3. RESISTNCIA AO DESGASTE ABRASIVO

    Abraso o desgaste superficial, por atrito, que as placas ptreas

    sofrem e est intimamente relacionada composio mineralgica da rocha (dureza

    dos mineras) e ao embricamento (trama) dos mesmos. A resistncia abraso

    mede, portanto, a capacidade que o material rochoso tem de no se desgastar

    atritado. Este aspecto especialmente importante nos casos dos pisos (trfego de

    pessoas, carros).

    De acordo com as diretrizes da Norma ABNT NBR-12.042, os ensaios

    visam verificar a reduo da espessura (em mm) que duas placas de rocha de 7 x 7

    x 2 cm apresentam aps um percurso abrasivo de 1.000 m. O equipamento utilizado

    denominado Mquina Amsler, que dispe de uma pista circular mvel de ao (1 m

    de permetro), onde so assentados, sob pequena presso, os dois corpos-de-

    prova. Estes sero desgastados pela ao de areia quartzosa. O valor do desgaste

    Amsler expresso pelo valor mdio da reduo de altura dos corpos-de-prova.

    Existe boa correlao entre o desgaste Amsler e a real abraso de pisos revestidos

    com rochas, uma vez que a abraso e funo tanto intensidade do trfego quanto da

    limpeza do ambiente (gros de quartzo preso sola do sapato).

    Rochas ricas em quartzo como os granitos apresentam menor

    desgaste abrasivo devido dureza deste material. J rochas ricas em minerais de

    baixa dureza (ver Figura 1) s podem ser utilizados como pisos em ambientes de

    baixo trfego e elevada limpeza. principalmente o caso dos mrmores.

    A no observncia dessas caractersticas, no momento da

    especificao, implica na ocorrncia de problemas futuros como perda de brilho das

    placas (Foto 108) e at mesmo escoreao da superfcie (Figura 70).

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 187

    ATRITO

    AREIAESBURACAMENTO

    PEDRA

    SITUAO 1 SITUAO 2

    FIGURA 70 ESQUEMA MOSTRANDO O APARECIMENTO DE PEQUENAS DEPRESSESEM PLACAS PTREAS DEVIDO AO SEU ELEVADO DESGASTE POR ABRASO. NESSASREAS OBSERVA-SE O EMPOAMENTO DE GUA, PERDA DE BRILHO, MANCHAS, ETC.

    FOTO 108 PERDA DE BRILHO DE PISO POLIDO, DEVIDO AO ATRITO DECORRENTE DE ALTOTRFEGO, EM HALL DE ENTRADA DE EDIFCIO - BOTUCATU, SP

    1,60 m

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 188

    ROCHAS ENSAIO: DESGASTE AMSLER (mm) Mdia Variao

    Granitos 0,7 0,3 2,0

    Mrmores 3,6 1,3 8,1

    O desgaste das rochas pode ser tambm provocado pela escarificao

    (arranque) dos gros minerais, o que est condicionado tanto composio, quanto

    textura da rocha. A textura metamrfica dos mrmores sobretudo do tipo

    sacaride, menos resistente escarificao que aquelas comuns nos granitos. Por

    outro lado a granada, de elevada dureza (antigamente as lixas eram feitas com p

    de granada) em relao aos feldspatos faz com que este mineral possa ser

    arrancado (escorificado) da textura rochosa.

    No caso dos pisos cermicos a durabilidade depende da relao entre

    a dureza e a intensidade do trfego sobre ele. Sendo um material com grande

    controle na produo, com composio e processo de fabrico diversificados, existem

    produtos com dureza varivel adaptados a diferentes situaes de trfego. A dureza

    das cermicas definida pelo seu valor (classe) PEI Porcelain Encemel Institute,

    nome do instituto nos EUA, onde foi desenvolvido um mtodo de avaliao visual

    subjetiva para estimar-se a dureza das cermicas. Assim, a classe PEI representa

    uma orientao em termos de desgaste. Sua classificao varia de 1 a 5, onde 5 a

    classe de maior resistncia ao desgaste, indicado para uso em locais de altssimo

    trfego (Tabela 11). Obviamente revestimentos verticais demandam produtos com

    PEI menor que os de cermica aplicados em revestimentos horizontais.

    TABELA 10 VALORES MDIOS E INTERVALOS DE VARIAO OBTIDOS PARAPROPRIEDADES TECNOLGICAS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE ROCHAS ORNAMENTIAS

    BRASILEIRAS(Fonte: Chiodi Filho, C., Rodrigues, E. P. , 1997)

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 189

    TABELA 11 CARACTERSTICAS DA RESISTNCIA AO DESGASTE (ABRASO) DA CLASSIFICAOPEI

    (Fonte: Cermica: Tcnica e Arte, 1999a)

    AMBIENTES RESISTNCIA ABRASO(PEI)

    Paredes externas No necessria

    Paredes internas No necessria

    Pisos residenciais Banheiros: 1Quartos e salas: 2

    Cozinhas: 3

    Quintais/terraos: 4

    Escadas e rampas 5

    Pisos para garagens e caladas 4

    Piscinas No necessria

    Pisos industriais 5

    Pisos de cozinhas industriais e supermercados 5

    10.4. RESISTNCIA AO IMPACTO

    A maior ou menor capacidade de uma rocha suportar ao mecnica

    instantnea (golpe ou impacto) denomina-se tenacidade, que por sua vez depende

    dos minerais formadores das rochas, bem como da trama (estrutura e textura)

    rochosa.

    A resistncia ao impacto determinada atravs da altura de queda de

    um corpo slido que provoca ruptura do corpo-de-prova.

    Estes ensaios, executados conforme as diretrizes da Norma ABNT-

    NBR 12.764, so realizados com 5 corpos-de-prova na forma de placas retangulares

    de 20x20x30 cm, apoiados em um colcho de areia de 10 cm de espessura e

    submetidas ao impacto pela queda de uma bola de ao de 1 Kg. A altura inicial da

    CLASSES DE RESISTNCIA ABRASO(PEI)

    1 = baixa2 = mdia

    3 = mdia alta4 = alta

    5 = altssima e de fcil limpeza

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 190

    queda de 20 cm, sendo aumentada de 5 em 5 cm at o fraturamento das placas

    (Figura 71). O resultado, denominado de mdulo de ruptura, a mdia aritmtica

    dos cinco testes e expresso em Kg/cm2.

    O valor da energia liberada pelo impacto de um corpo, que provoque a

    ruptura de uma placa importante para subsidiar o dimensionamento e a

    caracterizao dos materiais utilizados em revestimentos de pisos, soleiras, degraus,

    mesas, balces, pias. Quanto menores os valores encontrados, menor a resistncia

    ao choque do material, tornando-se, imprescindvel, cuidados quanto ao transporte,

    estocagem e colocao.

    AREIA

    1 Kg

    FIGURA 71 ESQUEMA ILUSTRANDOENSAIO DE IMPACTO EM PLACAS DEROCHA(Fonte: Frazo, E. B. & Paraguassu, A. B., 1998)

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 191

    PISOPLACAPTREA

    CONTRA -PISO

    IMPACTO(ao mecnica instantnea)

    SITUAO 1

    FIGURA 72 ESQUEMA ILUSTRANDO SOLEIRA REVESTIDA COM PEDRA EM AMBIENTE DEALTO TRFEGO PEDESTRE OU DE CARGAS

    PISOPLACAPTREA

    CONTRA -PISO

    POSSVEL FRATURA DO MATERIAL,RESULTANTE DE ESFORO

    SUPERIOR SUA RESISTNCIA DEIMPACTO

    SITUAO 2

    FRAGMENTOREMOVIDO PORFRATURAMENTO

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 192

    A resistncia ao impacto envolve muitos instantes da vida cotidiana:

    queda de objetos, carga nos cantos de degraus de escada por transeuntes, carga de

    automveis em parques, carga por equipamentos pesados, etc.

    FOTO 109 CANTO DE SOLEIRA FRATURADO POR EXCESSO DE CARGA INSTANTNEA EMESTABELECIMENTO COMERCIAL - BOTUCATU, SP

    10 cm

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 193

    IMPACTO(ao mecnica instantnea)

    PLACA

    CONTRA -PISO

    LASCAMENTOTRINCAMENTO

    SITUAO 1

    SITUAO 2A SITUAO 2B

    FIGURA 73 ESQUEMA ILUSTRANDO POSSVEIS CONSEQNCIAS DO IMPACTO SOBRE PISOREVESTIDO COM PLACAS PTREAS: LASCAMENTO (2A) OU TRINCAMENTO (2B) DA SUPERFCIEDO MATERIAL

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 194

    FOTO 110 FRATURAMENTO (SITUAO 2A DA FIGURA 72) EM CALADA NA ENTRADA DEGARAGEM RESIDENCIAL - BOTUCATU, SP

    FOTO 111 TRINCAMENTO (SITUAO 2B DA FIGURA 72) EM CALADA DE ENTRADA DEGARAGEM RESIDENCIAL - BOTUCATU, SP

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 195

    Nos revestimentos cermicos, sua resistncia ao impacto est

    intimamente ligada absoro dgua pelo material, sendo tanto maior quanto

    menor for a capacidade de absoro (Tabela 12).

    TABELA 12 RELAO ENTRE ABSORO DGUA E RESISTNCIA AO IMPACTO DEREVESTIMENTOS CERMICOS

    (Fonte: Cermica: Tcnica e Arte, 1999a)

    ABSORO(%)

    CLASSE MDULO DE

    RUPTURA (Kg/cm2)

    USO RECOMENDADO

    0 0,5% B I a 350 500 Piso e parede

    0,5 3% B I b 300 450 Piso e parede

    3 6% B II a 220 350 Piso e parede

    6 10% B II b 120 - 220 Parede

    O mdulo de ruptura uma caracterstica intrnseca de cada material.

    Entretanto, a resistncia ao impacto de uma pea como um todo no depende

    somente do mdulo, mas tambm de suas dimenses. Enquanto as dimenses das

    peas cermicas so geralmente padronizadas em 3 ou 4 formatos bsicos, o

    mesmo no ocorre nas rochas ornamentais, nas quais as dimenses das peas

    variam muito.

    Para revestimentos de parede a resistncia mecnica pode ser baixa.

    J em ambientes submetidos circulao de cargas (como pisos de garagens) e a

    impactos (cozinha, quartos de crianas, postos de gasolina) so necessrios

    revestimentos que suportem alta carga de ruptura.

    Quando uma pessoa com sapatos, em cujas solas esto grudados

    gros de areia, sobe uma escada os degraus so submetidos simultaneamente ao

    impacto e abraso. O mesmo vlido para os pneus de um carro que adentra uma

    garagem pouca distncia da rua.

    A resistncia ao impacto fortemente influenciada pela relao angular

    do corte da placa ptrea e seu plano de fraqueza mais proeminente (diaclasamento,

    foliao, acamamento, etc.).

    Os esquemas ilustrados nas Figuras 72 e 73 tambm se aplicam s

    cermicas quando no observadas as condies de submisso carga tanto por

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 196

    ocasio da especificao do material quanto por assentamento irregular,

    descontnuo (Fotos 112 e 113).

    FOTO 112 FRATURAMENTO DE PEA CERMICA EM GARAGEM - BOTUCATU, SP

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 197

    FOTO 113 FRATURAMENTO E LASCAMENTO DE LAJOTA CERMICA EM GARAGEM -BOTUCATU, SP

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 198

    10.5. RESISTNCIA COMPRESSO UNIAXIAL

    A resistncia compresso de rochas exprime a resistncia ruptura a

    material ptreo quando submetido a uma carga vertical contnua. Entretanto,

    raramente as placas de rocha so utilizadas como elementos estruturais (colunas,

    pilares) submetidos a esforos de compresso (Figura 74).

    Os ensaios de compresso uniaxial, orientados pela Norma ABNT-NBR

    12.767, visam quantificar o esforo (carga/unidade de superfcie) que provoca a

    ruptura da rocha, quando submetida compresso uniaxial. Para a execuo

    preparam-se cinco corpos-de-prova, de forma cbica com arestas de 7 cm, tambm

    podem ser adotados corpos cilndricos de 5 ou 7 cm de dimetro (), por 10 ou 12cm de altura (h) (Figura 75) . Esses corpos-de-prova so submetidos lentamente a

    cargas, em uma prensa hidrulica com capacidade de 200 t, at a sua ruptura.

    A tenso de ruptura calculada pela frmula e expressa em MPa:

    PILAR MACIODE ROCHA

    CARGA(COMPRESSO)

    LAJE DE PISO SUPERIOR OU COBERTURA

    PISO

    FIGURA 74 ESQUEMA ILUSTRANDO SITUAO DE COMPRESSO EM PILAR, OU COLUNA DEPEDRA

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 199

    As rochas que apresentam elevada resistncia compresso

    apresentam, geralmente, valores adequados de outras caractersticas, como baixa

    porosidade, alta resistncia flexo, etc. A resistncia compresso influenciada

    pela textura (granulao absoluta e relativa, Figuras 78 e 79, dos tipos de contatos

    interminerais, Figura 78, da disposio espacial dos minerais, Figura 79), e pela

    estrutura (foliao, xistosidade, gnaissificao, baldeamento, acamamento, Figura

    80) da rocha. Quanto granulao absoluta, rochas de granulao fina, mdia ou

    grossa, de um mesmo tipo petrogrfico, possuem resistncia decrescente

    compresso, respectivamente (Figura 76). Quanto granulao relativa, rochas

    eqigranulares so mais resistentes compresso uniaxial que rochas

    ineqigranulares ou porfirticas (Figura 77). Por outro lado, rochas com contatos

    intergranulares serrilhados (textura engrenada) resistem mais que rochas com

    contatos intergranulares dominantemente planares (trama poligonal ou de mosaico)

    (Figura 78), rochas formadas por minerais com arranjo espacial aleatrio resistem

    mais compresso uniaxial que rochas formadas dominantemente por minerais iso-

    orientados (Figura 79). Ela pode ser macia ou homognea (granitos, sienitos,

    basaltos), ou orientada ou heterognea (gnaisses, xistos, ardsias).

    onde: =r tenso de ruptura (MPa) P = esforo de ruptura (KN) aplicada pela prensa

    A = rea de carga do corpo-de-prova (m2) submetida ao esforo

    AP

    R =P

    REA (A) = 5 a 7 cm

    h = 10 a 12 cm

    FIGURA 75 - MEDIDAS DE CORPOSCILNDRICOS SUBMETIDOS AENSAIOS DE COMPRESSOUNIAXIAL

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 200

    P

    GRANULAOFINA

    P

    GRANULAOMDIA

    P

    GRANULAOGROSSA

    DIMINUIO DA COMPRESSO UNIAXIAL

    FIGURA 76 ESQUEMA ILUSTRANDO A INFLUNCIA DA GRANULAO DAROCHA NA MAIOR OU MENOR RESISTNCIA COMPRESSO UNIAXIAL

    DIMINUIO DA RESISTNCIA COMPRESSO UNIAXIAL

    FIGURA 77 ESQUEMA ILUSTRANDO A INFLUNCIA DO TAMANHODOS CRISTAIS NA MAIOR OU MENOR RESISTNCIA COMPRESSO UNIAXIAL

    P

    MINERAISEQIGRANULARES

    MINERAISINEQIGRANULARES

    OU PORFIRTICAS

    P

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 201

    A estrutura influencia decisivamente a resistncia compresso de

    uma rocha. Em rochas com estruturas planares (estratificao, foliao, xistosidade)

    a resistncia compresso uniaxial na direo perpendicular estrutura

    (acamamento, foliao, clivagem) ser sensivelmente maior que na direo paralela

    ou inclinada da estrutura planar, respectivamente (Figura 80).

    DIMINUIO DA RESISTNCIA COMPRESSO UNIAXIAL

    FIGURA 78 ESQUEMA ILUSTRANDO A INFLUNCIA DOSCONTATOS INTERMINERAIS NA RESISTNCIA COMPRESSOUNIAXIAL DE UMA ROCHA

    TRAMA ENGRENADA

    P

    TRAMA POLIGONALOU DE MOSAICO

    P

    AUMENTO DA RESISTNCIA COMPRESSO UNIAXIAL

    FIGURA 79 ESQUEMA ILUSTRANDO A INFLUNCIA DOARRANJO ESPACIAL DOS CRISTAS NA RESISTNCIA DA ROCHA COMPRESSO UNIAXIAL

    ARRANJO"ALEATRIO" OU

    "CATICO"

    P

    ARRANJO"ORIENTADO" OU

    "PARALELO" OU "ISO-ORIENTADO"

    P

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 202

    10.6. RESISTNCIA FLEXO

    A flexibilidade de um corpo exprime a sua resistncia quando submetido

    simultaneamente a compresso e trao resultantes da aplicao de uma carga em

    sua superfcie (Figura 81). Em outras palavras, exprime a sua capacidade de

    "vergar-se" antes de sua ruptura.

    P P P

    COMPRESSOPARALELA ESTRUTURA

    COMPRESSOOBLQUA

    ESTRUTURA

    COMPRESSOPERPENDICULAR

    ESTRUTURA

    AUMENTO DA RESISTNCIA COMPRESSO UNIAXIAL

    FIGURA 80 ESQUEMA ILUSTRANDO A INFLUNCIA DE UMA ESTRUTURA PLANAR NAMAIOR OU MENOR RESISTNCIA COMPRESSO UNIAXIAL DE UMA ROCHA

    P

    MATERIAL

    APOIO

    COMPRESSO (C)

    TRAO (T)

    SITUAO 1

    SITUAO 2

    FIGURA 81 ESQUEMA ILUSTRANDO MECANISMO DA FLEXO EM CORPO BI-APOIADO. EMRESPOSTA A UMA CARGA (P) SURGEM AS REAES (R) NOS APOIOS, ESFOROS DECOMPRESSO (C) NA PARTE SUPERIOR DO CORPO E ESFOROS DE TRAO (T) NASUPERFCIE OPOSTA (PARTE INFERIOR)

    R R

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 203

    As placas que revestem edificaes, e que so fixadas por ancoragem

    metlica, sem argamassa (Figura 82), sofrem a ao da fora dos ventos, sendo

    solicitadas flexo (Figura 83). Nestas condies o revestimento ter que ser

    relativamente flexvel para absorver tanto acomodaes de suporte quanto as foras

    do vento que exercem uma presso sobre a placa (fora/superfcie). As relaes

    entre a velocidade do vento e o mdulo de flexo mnimo do material a ser

    empregado so definidas pela Norma ABNT-NBR 6.123 (Foto 114).

    FIGURA 82 ESQUEMA MOSTRANDO OS PRONCIPAIS TIPOS DE ANCORAGEM DE PLACAS DEROCHA EM REVESTIMENTO DE FACHADAS: POR DISPOSITIVO METLICO (1) COMCHUMBADOR TIPO RABO DE ANDORINHA (2) OU TIPO PARAFUSO DE EXPANSO (3); PORGANCHO DE FIXAO (5) COM TELA METLICA (4)(Fonte: Frazo, E. B. & Paraguassu, A. B., 1998)

    1

    2

    3

    4

    5

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 204

    PAREDE(SUPORTE)

    PLACAS

    PEA METLICAPARA ANCORAGEM

    SITUAO 1

    PAREDE(SUPORTE)

    PLACAS

    PEA METLICAPARA ANCORAGEM

    VENTO

    SITUAO 2

    FIGURA 83 ESQUEMA ILUSTRANDO A FLEXO DE PLACAS ANCORADAS FACHADA SOB OEFEITO DA FORA DO VENTO

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 205

    As solicitaes de flexo tambm so grandes durante o polimento e

    transporte das chapas.

    Os ensaios utilizados para a caracterizao do mdulo de flexo de

    rochas submetidas a esforos flexivos, regulamentados pela Norma ABNT-NBR

    12.763, so dois:

    1) Ensaio de flexo por carregamento em 3 pontos. Opera corpos-de-prova

    de 20x10x5 cm (Figura 84), sob solicitao feita em 3 pontos de carregamento lento

    e progressivo at a sua ruptura. Este ensaio d indicaes sobre a resistncia

    potencial do bloco de rocha, mais do que do produto obtido (placas).

    Os corpos so medidos com um paqumetro e permanecem em estufa

    durante 24 horas aps serem serrados.

    FOTO 114 PLACA TRINCADA PELA FORA DO VENTO QUE SUPEROU SUA TENSO DERUPTURA NA FLEXO DA ROCHA(Fonte: Giafarov, P.F., 1997)

    7 cm

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 206

    Posteriormente os corpos so colocados em suportes (cutelos) paralelos entre si e

    perpendiculares ao eixo maior do corpo-de-prova (Figura 85). Os corpos so

    apoiados em dois cutelos inferiores (de reao) e um superior (de ao). Ento,

    abaixa-se o cutelo de compresso da prensa causando o rompimento do corpo-de-

    prova (Figura 86).

    FIGURA 84 - DIMENSES DO CORPO DE PROVA

    5 cm

    20 cm

    10 cm

    FIGURA 86 ESQUEMA DO ENSAIO DE FLEXO POR CARREGAMENTO EM 3 PONTOS(Fonte: Frazo, E. B. & Paraguassu, A. B., 1998)

    P

    b = 20 cm

    d = 5 cm

    L

    CORPO-DE-PROVA

    CUTELODE AO

    CUTELO DEREAO

    SUPORTEDO CUTELODE REAO

    FIGURA 85 - ESQUEMA DA DISPOSIO DOS SUPORTES DOS CUTELOS DE AO EREAO EM RELAO AO CORPO DE PROVA (VISTA EM PLANTA)

    20 cm

    10 cmCUTELO DE

    REAO SOB OCORPO DE

    PROVA

    VISTA SUPERIORDO CORPO DE

    PROVA

    CUTELO DEREAO SOB O

    CORPO DEPROVA

    CUTELO DE AOSOBRE O CORPO DE

    PROVA

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 207

    A tenso de ruptura flexo (R) calculada pela seguinte expresso:

    Os valores determinados indicam a tenso mxima de flexo que a rocha

    suporta. Esta tenso depende muito da superfcie e espessura de placas externas a

    serem ancoradas.

    No caso dos granitos, segundo a Norma Americana ASTM C 615,

    valores abaixo de 10,34 MPa so considerados restritivos, exigindo placas de

    espessuras maiores e reas menores, para suportar tais solicitaes (Fotos 115 e

    116)

    223bdPLR =

    onde:R = tenso de ruptura na flexo (MPa)P = fora de ruptura (KN)L = distncia entre os suportes inferioresb = largura do corpo-de-prova (m)d = espessura do corpo-de-prova (m)

    FOTO 115 PLACA POLIDA DE GRANITO"AMNDOA IMPERIAL" CARACTERIZADO POR R =11,3 MPa, BAIXA RESISTNCIA FLEXOQUANDO COMPARADO COM O LIMITEESPECIFICADO PELA NORMA ASTM C 615 (10,34Mpa)

    1 cm

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 208

    Os mrmores apresentam resistncias menores em relao aos granitos

    (Tabela 13).

    ROCHAS ENSAIO: RESIST. FLEXO (MPa) Mdia Variao

    Granitos 18 8 - 28

    Mrmores 18 6 - 28

    2O.) Ensaio de flexo por carregamento em 4 pontos. O ensaio segue as

    diretrizes da Norma ASTM 880 (Figura 89). Utilizam-se corpos-de-prova de

    espessura mnima de 2,5 cm, largura igual a 1,5 vezes a espessura e comprimento

    de 10 vezes a espessura (Figura 87). Este ensaio, executado nas mesmas

    condies do anterior, mais apropriado para avaliar a resistncia efetiva das

    placas e permitir seu melhor dimensionamento geomtrico.

    TABELA 13 VALORES MDIOS E INTERVALOS DE VARIAO OBTIDOS PARAPROPRIEDADES TECNOLGICAS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE ROCHAS ORNAMENTIAS

    BRASILEIRAS(Fonte: Chiodi Filho, C., Rodrigues, E. P., 1997)

    FOTO 116 PLACA POLIDA DE GRANITO "PRETOAPI" MUITO RESISTENTE FLEXO (R = 26,0MPa), QUANDO COMPARADO AO VALOR CRTICODETERMINADO PELA ASTM (10,34 Mpa)

    1 cm

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 209

    Os corpos devem permanecer em estufa durante 24 horas aps serem

    serrados. Posteriormente os corpos so colocados em suportes (cutelos) paralelos

    entre si e perpendiculares ao eixo maior do corpo-de-prova (Figura 88). Os corpos

    so apoiados em dois cutelos inferiores (de reao) e dois superiores (de ao).

    Ento, abaixa-se o cutelo de compresso da prensa, que deve ficar a meia distncia

    dos suportes de apoio e paralelos a este, causando o rompimento do corpo-de-prova

    (Figura 86).

    FIGURA 87 - DIMENSES DO CORPO DE PROVA

    2,5 cm

    d x 10 = 25 cm

    d x 1,5 = 3,75cm

    FIGURA 88 - ESQUEMA DA DISPOSIO DOS SUPORTES DOS CUTELOS DE AO EREAO EM RELAO AO CORPO DE PROVA (VISTA EM PLANTA)

    25 cm

    3,75 cmCUTELO DE

    REAO SOB OCORPO DE

    PROVA

    VISTA SUPERIORDO CORPO DE

    PROVA

    CUTELO DEREAO SOB O

    CORPO DEPROVA

    CUTELOS DE AOSOBRE O CORPO DE

    PROVA

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 210

    Aps o rompimento dos corpos-de-prova, utiliza-se a seguinte frmula

    para clculo da tenso mxima de flexo suportada pela amostra, antes da sua

    ruptura:

    A resistncia flexo bastante dependente da estrutura e da textura

    da rocha, assim como a resistncia compresso. Estruturas orientadas, ou

    bandadas, conduzem a resistncias diferentes, conforme as solicitaes se dem no

    plano perpendicular ou paralelo a estas (Figura 90). A textura que resultar de menor

    embricamento dos cristais, ou de granulao grossa, apresentar diferentes planos

    de fraqueza, pelos quais a rocha, ou a placa, pode se romper (Figura 91).

    243dPLR =

    onde:R = tenso de ruptura na flexo (MPa)P = fora de ruptura (KN)L = distncia entre os suportes inferioresd = espessura do corpo-de-prova (m)

    FIGURA 89 ESQUEMA DO ENSAIO DE FLEXO POR CARREGAMENTO EM 4 PONTOS

    P

    b = d x 10 cm

    d = 2,5 cm

    L

    CORPO-DE-PROVA

    P

    CUTELODE AO

    CUTELODE

    REAO

    SUPORTEDO CUTELODE REAO

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 211

    A resistncia flexo fator importante no dimensionamento das chapas

    de rochas ornamentais, pois, semelhana da resistncia compresso, o mdulo

    de flexo caracterstico para cada material.

    AUMENTO DA RESISTNCIA FLEXO

    FIGURA 90 ESQUEMA ILUSTRANDO A INFLUNCIA DA ORIENTAO DA ESTRUTURA DAROCHA NA MAIOR OU MENOR RESISTNCIA FLEXO (R)

    P

    TENSO PARALELA ESTRUTURA

    P

    TENSO OBLQUA ESTRUTURA

    P

    TENSO PERPENDICULAR ESTRUTURA

    DIMINUIO DA RESISTNCIA A ESFOROS DE PRESSO

    FIGURA 91 ESQUEMA ILUSTRANDO A MAIOR OU MENOR RESISTNCIA FLEXO EM FUNODA TEXTURA DA ROCHA

    P

    GRANULAO FINA

    P

    GRANULAO MDIA

    P

    GRANULAO GROSSA

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 212

    10.7. COEFICIENTE DE DILATAO TRMICA LINEAR

    As variaes de temperatura provocam variaes no volume dos

    objetos. Uma maior agitao entre as molculas (mais energia, mais calor, maior

    temperatura) faz com que haja aumento na distncia mdia entre elas e,

    conseqentemente do volume total do material. Este fenmeno chamado de

    dilatao trmica.

    As rochas, como a maioria dos materiais, apresentam variao de

    volume com a variao de temperatura, dilatando-se com o aquecimento e

    contraindo-se ao serem resfriadas. Este comportamento importante para

    revestimentos com pedras, seja em pisos ou paredes, que estejam sujeitos

    variao de temperatura.

    Uma placa ptrea (ou de outro material de revestimento), mantida

    numa temperatura T1 apresenta um comprimento inicial L1. Quando submetida a um

    acrscimo de temperatura T (sendo T2 > T1) seu comprimento sofre um acrscimode L, apresentando um comprimento final L2 (Figura 92).

    A determinao do coeficiente de dilatao trmica efetuada de

    acordo com a Norma ABNT NBR 12.765. So utilizados dois corpos-de-prova

    cilndricos de 3,2 cm de dimetro e 7 cm de comprimento. So aquecidos em gua,

    L1 L

    T1

    T2

    L2

    FIGURA 92 - ESQUEMA ILUSTRANDO A VARIAO DEVOLUME DE UMA PLACA PTREA EM FUNO DAVARIAO DE TEMPERATURA NELA INCIDENTE

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 213

    numa temperatura variando na faixa de 0o a 50oC, com o registro resultando nas

    variaes no comprimento do corpo-de-prova (Figura 93).

    Sabe-se que, para alguns slidos so necessrios pr-

    condicionamentos e uma programao de testes especficos, para uma correta

    avaliao do comportamento da expanso trmica. No caso das rochas, por

    exemplo, o efeito de histerese (microfraturamentos) comum devido a dilataes

    diferenciadas entre os gros minerais quando existe variao brusca de

    temperatura. No ensaio, evita-se a histerese variando a temperatura numa taxa

    constante de 0,3oC/min.

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 214

    A partir dos dados obtidos calcula-se o coeficiente de dilatao trmica

    linear pela grandeza:

    FIGURA 93 - ESQUEMA ILUSTRANDO EQUIPAMENTO UTILIZADO PARA OENSAIO DE DILATAO TRMICA(Fonte: NBR 12.765, 1992C.)

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 215

    A dilatao geralmente medida de modo linear e expressa na forma

    de um coeficiente, mas sua manifestao tridimensional, portanto volumtrica.

    O coeficiente de dilatao trmica de uma rocha depende de vrios

    parmetros:

    1. Da mineralogia da rocha e de sua composio mineralgica volumtrica (moda).

    Cada espcie mineral tem um coeficiente de dilatao trmica especfico e que

    varia de acordo com a direo cristalogrfica do mineral. Minerais do sistema

    cbico, onde todas as direes cristalogrficas so iguais, s apresentam um

    coeficiente trmico. Minerais dos sistemas tetragonal, trigonal e hexagonal, onde

    duas direes cristalogrficas so iguais e outra diferente, apresentam dois

    coeficientes de dilatao trmica. Minerais dos sistemas monoclnico, triclnico e

    ortorrmbico, onde as trs direes cristalogrficas so distintas, apresentam trs

    coeficientes de dilatao trmica (Figura 94).

    2. Da porosidade da rocha e de sua capacidade de absoro d'gua

    (permeabilidade).

    3. Da trama da rocha envolvendo tanto os contatos interminerais, quanto a

    disposio espacial da rocha.

    4. Da estrutura da rocha, principalmente quando lineares (clivagem, foliao,

    xistosidade, gnaissificao, bandeamento).

    5. Do grau de microfissuramento da rocha (100 x no de microfissuras / mm2).

    TLL

    o =

    onde: = coeficiente de dilatao trmica linear (mm/moC)L = diferena de comprimento (m)T = diferena de temperatura (oC) Lo = comprimento inicial (m)

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 216

    Rochas porosas, permeveis e microfraturadas tm coeficiente de

    dilatao trmica menor que rochas macias e compactas, pois parte do aumento do

    volume durante o aquecimento absorvido pelo fechamento dos poros e fissuras.

    O coeficiente de dilatao importante para dois aspectos do

    revestimento:

    1. O dimensionamento da espessura das juntas de dilatao entre placas

    sucessivas. Juntas muito delgadas entre blocos com alto coeficiente de dilatao

    fazem com que a temperaturas elevadas as placas se toquem com o surgimento

    de uma enorme compresso horizontal que pode fragment-las e/ou solt-las do

    seu substrato de assentamento (Figura 95 e Foto 117).

    LaLbLc

    FIGURA 94 - COEFICIENTES DE DILATAO LINEAR DE MINERAIS PERTENCENTES AOSISTEMA CRISTALOGRFICO CBICO (A), TETRAGONAL, HEXAGONAL E TRIGONAL(B) E MONOCLNICO, TRICLNICO E ORTORRMBICO (C)

    La = Lb = Lc

    A

    LaLb

    Lc

    La = Lb Lc

    B

    LaLb

    LcLa Lb Lc

    C

    LaLb

    Lc

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 217

    2. A durabilidade da rocha. Em rochas com elevado coeficiente de dilatao trmica

    sucessivamente aquecidos (durante o dia) e resfriados ( noite) ocorre uma

    gradual fadiga e enfraquecimento da trama da rocha, o que resulta na queda da

    sua qualidade tecnolgica e propicia uma maior infiltrao de agentes qumicos.

    Em rochas com forte estrutura planar, o processo de repetidas expanses e

    contraes pode levar ao destacamento de leitos rochosos com espessura

    milimtricas, paralelas estrutura planar (esfoliao, descascamento,

    escamamento).

    SITUAO 1 ESTADO INICIAL

    SITUAO 2 DILATAOTRMICA E TENSIONAMENTOENTRE AS PLACAS

    SITUAO 3 RETORNO AOESTADO INICIAL: OTENSIONAMENTO PROVOCOU ODESCOLAMENTO DA PLACACENTRAL

    FIGURA 95 ESQUEMA ILUSTRANDO O DESCOLAMENTO DE PLACAS DE REVESTIMENTOPTREO POR M DIMENSIONAMENTO DAS JUNTAS DE DILATAO

    PLACADESCOLADA

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 218

    FOTO 117 DESCOLAMENTO DE PLACA PTREA EM FACHADA DEBANCO - BAURU, SP

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 219

    DESCRIO DOMATERIAL

    COEFICIENTE DE DILATAOTRMICA LINEAR10-6x(1OC-1)(mm/m1OC)

    Basalto 5,4

    Diabsio 5,4

    Granito 6,0 - 9,0

    Quartzito 11,0

    Arenito 5,0 - 12,0

    Calcrio 5,0 - 8,9

    Mrmore 3,0 -15,0

    Alumnio 22,8 - 26,0

    FIGURA 96 ESQUEMA MOSTRANDO CONSEQNCIAS DADILATAO E CONCENTRAO TRMICA REPETIDA:AFROUXAMENTO DA TRAMA DA ROCHA E APARECIMENTO DEFISSURAS QUE COMPROMETEM A RESISTNCIA DO MATERIAL

    SITUAO 1 SITUAO 2

    AQUECIMENTO

    TABELA 14 - VALORES DE COEFICIENTES DE DILATAO TRMICA LINEAR DEALGUMAS ROCHAS E DO ALUMNIO

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 220

    FOTO 118 FRATURAMENTO DE ROCHA POR EXPOSIES TRMICAS - BOTUCATU, SP

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 221

    10.8. MDULO DE DEFORMABILIDADE ESTTICO

    O mdulo de deformabilidade (ou elasticidade) esttico caracteriza a

    faixa de carregamento que determinado material suporta antes de sofre uma

    deformao irreversvel (deformao plstica ou ruptura). Deformaes plsticas

    caracterizam materiais dcteis e rupturas materiais elsticos (ou quebradios)

    (Figura 97).

    As rochas, assim como os outros materiais, deformam-se quando

    submetidas a esforos compressivos estticos. O carregamento esttico, assim

    como a compresso uniaxial, no uma solicitao comum aos revestimentos de

    pedra, s ocorrendo quando esta assume papel estrutural na construo (pilares,

    colunas, pedestais) ou no caso de expanso trmica de placas ptreas sucessivas

    separadas por juntas de dilatao insuficientes.

    O ensaio segue as recomendaes da Sociedade Internacional de

    Mecnica de Rochas ISRM, cujo procedimento compatvel com a Norma ASTM

    D 3148.

    SITUAO 1 SITUAO 2 SITUAO 3

    FIGURA 97 ESQUEMA ILUSTRANDO UM CORPO EM ESTADOINICIAL, ANTES DA APLICAO DE ESFOROS (situao 1); ADEFORMAO ELSTICA DO MESMO DEVIDO APLICAO DECOMPRESSO ESTTICA EXERCIDA (situao 2); E ARECUPERAO DA FORMA INICIAL, APS CESSADA AAPLICAO DOS ESFOROS (situao 3)

    L

    L'

    P P

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 222

    Este ensaio visa determinar a deformabilidade da rocha quando

    submetida a esforos compressivos estticos. Utilizam-se, para tanto, corpos com

    forma cilndrica com faces planas dispostas perpendicularmente em relao ao seu

    eixo longitudinal. A relao altura/dimetro deve situar entre 2 e 3. O dimetro,

    preferencialmente, no deve ser inferior a 54 mm.

    Os corpos so submetidos a uma tenso equivalente cerca de 50 a

    75% da sua tenso de ruptura utilizando-se a mesma prensa hidrulica usada no

    ensaio de resistncia compresso uniaxial (Figura 98). Durante esse procedimento

    variaes no comprimento do corpo-de-prova so medidos continuamente com

    instrumentos especficos.

    FIGURA 98 - ESQUEMA ILUSTRANDO A PRENSA HIDRULICA UTILIZADA TANTOPARA O ENSAIO DE COMPRESSO UNIAXIAL COMO PARA A DETERMINAO DOMDULO DE DEFORMABILIDADE ESTTICO

    SENSOR DEDEFORMAOLONGITUDINAL"STRAIN GAGE"

    SENSOR DEDEFORMAOTRANSVERSAL

    "CLIP GAGE"

    PRATOSUPERIOR

    RTULA

    PRATOINFERIOR

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 223

    O mdulo de deformabilidade a relao entre a tenso de esforo (P) e a

    deformao longitudinal do material (L + L'). Quanto maior o valor do mdulo, menos

    deformvel a rocha.

    O ensaio permite obter uma curva do tipo deformao x tenso

    uniaxial, podendo-se calcular o mdulo atravs da expresso:

    O mdulo de deformabilidade esttica de importncia restrita no dia-a-dia do

    arquiteto pois muito rara a especificao de pilares de rochas macias em

    projetos. Quando utilizados estes pilares tm em sua maioria papel de decorao e

    no de sustentao. Mas, por outro lado, o valor do mdulo de deformabilidade de

    grande utilidade para a avaliao da qualidade de uma pedra destinada ao

    revestimento. Valores elevados de mdulos (baixa deformabilidade) sugerem, dentre

    outras caractersticas, baixa porosidade, altas resistncias mecnicas e baixo grau

    de alterao.

    ROCHAS ENSAIO: RESIST. FLEXO (MPa) Mdia Variao

    Granitos 37 20,5 - 47,0

    Mrmores 55,5 55,3 - 55,8

    =eE

    onde:eE = mdulo de deformabilidade esttico (Mpa) = incremento de tenso axial no intervalo

    considerado (Mpa) = incremento da deformao axial

    TABELA 15 VALORES MDIOS E INTERVALOS DE VARIAO OBTIDOS PARA MDULOSDE DEFORMABILIDADE ESTTICO DE GRANITOS E MRMORES

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 224

    10.9. DETERMINAO DA VELOCIDADE DE VIBRAO E DOCOEFICIENTE ELSTICO DE ULTRA-SOM EM ROCHAS

    Este ensaio regulamentado pela norma americana ASTM D2845, 90

    e destina-se a:

    1. medir a velocidade de vibrao das ondas de compresso e de cisalhamento na

    rocha, ou seja, a velocidade (V) de propagao de uma onda longitudinal, em um

    percurso (D), que efetivamente infinito (:) na extenso lateral (Figura 99). Pode-se, desta forma, estimar as condies fsicas (sanidade da rocha) em que se

    encontra o referido corpo-de-prova, atravs de alteraes observadas nas

    velocidades de vibrao das ondas;

    2. determinar as constantes elsticas de ultra-som. Essas constantes determinadas

    neste ensaio, so denominadas de ultra-som quando as freqncias de vibrao

    usadas so superiores ao alcance auditivo.

    Este mtodo vlido para determinar velocidades de ondas em rochas,

    embora as velocidades obtidas em rochas polidas possa sofrer influncia de fatores

    como direo e distncia percorridas.

    A principal vantagem do teste de ultra-som produzir velocidades de

    ondas de compresso e cisalhamento, alm de fornecer valores de ultra-som para a

    determinao das constantes elsticas de rochas compactas e homogneas.

    Geralmente os valores das constantes elsticas no esto de acordo

    com aqueles determinados por mtodos estticos em laboratrio ou "in situ". Do

    mesmo modo que a velocidade da onda medida no est de acordo com as

    D = :

    D

    FIGURA 99 - ESQUEMA ILUSTRANDO AS COMPONENTESLONGITUDINAL E LATERAL DE UMA ONDA

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 225

    velocidades ssmicas, porm oferecem grandes aproximaes. A avaliao das

    propriedades da rocha por ultra-som de grande valia para uma anlise prvia das

    propriedades estticas do material. Alm de ser importante para se estimar os

    efeitos da compresso uniaxial e da saturao de gua na velocidade de vibrao.

    A determinao da velocidade de ultra-som no corpo rochoso est

    relacionada com:

    a distncia e o tempo percorridos pelas ondas no corpo; as ondas de compresso e cisalhamento em espcies rochosas, incluindo, ainda

    as exigncias quanto instrumentao e os tipos de transdutores;

    os mtodos de preparao; a granulometria e a geometria espacial dos minerais da rocha.

    Os equipamentos para a realizao do teste (Figura 100) devem conter

    componentes eletrnicos e procedimentos de proteo compatveis para garantir a

    eficincia da transferncia de energia.

    FIGURA 100 - ESQUEMA ILUSTRANDO COMPONENTES DO EQUIPAMENTO DEDETERMINAO DAS CONSTANTES DE VIBRAES DE ONDAS DE ULTRA-SOM. OSELEMENTOS EM LINHA TRACEJADA SO OPCIONAIS , DEPENDENDO DO MTODOUTILIZADO PARA A MEDIO DO PERCURSO E SENSIBILIDADE DE VOLTAGEM DOOSCILOSCPIO(Fonte: ASTM D 2845, 1990)

    UNIDADEGERADORA

    DEVIBRAES

    alavancaproduo

    produoprincipal

    CORPO

    TRANSMISSO

    RECEPO

    AMPLIFICADOR

    TEMPO DECIRCUITOLENTO

    CONTADOR ELETRNICO

    comeo fim

    OSCILOSCPIO

    VIBRAO DIRETA

    VIBRAO TRANSMITIDA

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 226

    Da Figura 100 tm-se:

    1. uma unidade de gerao de vibrao eletrnica e uma voltagem externa ou

    amplificadores de potncia, caso necessrio. A repetio das vibraes devem

    ser fixadas em 60 repeties/segundo.

    2. transmissores responsveis pela converso de vibraes eltricas em mecnicas

    na transmisso, e o inverso na recepo (Figura 101).

    Condies ambientais como temperatura, umidade e impactos devem

    ser considerados na seleo do elemento de transmisso.

    3. amplificador de voltagem. Requer-se a amplificao da voltagem quando a

    potncia desenvolvida relativamente baixa.

    4. ctodo de oscilao de raios para visualizao das formas das ondas. Mostra a

    voltagem da vibrao aplicada nos transdutores de transmisso e a voltagem

    desenvolvida pelos mesmos.

    A proporo entre a distncia percorrida pela onda e a medida mnima

    lateral do corpo no deve exceder 5. A distncia percorrida pela onda deve ser 10

    vezes maior que a mdia granulomtrica do corpo-de-prova, para possibilitar a

    determinao da propagao das ondas.

    O tamanho dos gros da rocha, a freqncia de ressonncia dos

    transdutores e a medida lateral mnima do corpo-de-prova so fatores que podem

    afetar os resultados do ensaio.

    ROCHA T R

    VIBRAESELTRICAS

    VIBRAESELTRICAS

    VIBRAESMECNICAS

    VIBRAESMECNICAS

    FIGURA 101 - ESQUEMA ILUSTRANDO A FUNO DOSTRANSMISSORES (T) E RECEPTORES (R)

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 227

    10.9.1. DETERMINAO DA DISTNCIA PERCORRIDA EDENSIDADE

    Posicionam-se os transdutores no corpo-de-prova em linha

    perpendicular a cada superfcie. Mede-se a distncia percorrida pela onda de centro

    a centro de rea de contato dos transdutores (Figura 102).

    A densidade do corpo calculada atravs da massa e do volume do

    corpo-de-prova:

    10.9.2. DETERMINAO DA DURAO DA VIBRAO

    Aumenta-se a voltagem produzida pelo gerador de vibrao, o alcance

    do amplificador, e a sensibilidade do oscilador. Calcula-se um nvel otimizado, dando

    uma elevada na vibrao inicial para permitir um tempo de medio mais preciso.

    FIGURA 102 - ESQUEMA ILUSTRANDO O POSICIONAMENTO DETRANSMISSORES (T) E RECEPTORES (R) NA SUPERFCIE DOCORPO DE PROVA. NOTA-SE A MARCAO DA DISTNCIA (D)PERCORRIDA PELA ONDA

    ROCHA T R

    D

    vmd =

    onde:d = densidade (Kg/m3)m = massa do corpo-de-prova (Kg)v = volume do corpo-de-prova (m3)

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 228

    Mede-se o tempo de durao com uma preciso de 1 parte para 100

    de ondas de compresso e 1 parte para 50 de ondas de cisalhamento, usando

    circuitos lentos, juntamente com o osciloscpio. Pode-se, ainda, posicionar o

    contador para sua maior preciso.

    O osciloscpio usado com um circuito lento para mostrar ambas as

    vibraes, de compresso e de cisalhamento, desde a chegada da primeira vibrao

    transmitida, e medir o tempo de percurso.

    Zera-se o tempo do circuito incluindo ambos os transmissores, o

    dispositivo para medir o tempo de percurso e aplica-se uma correo na medida de

    durao de percurso. Este fator permanecer constante para um determinado nvel

    de tenso da rocha, se as caractersticas do circuito no se alterarem.

    A chegada da primeira onda transmitida corresponde onda de

    compresso. A amplitude da onda de cisalhamento para a de compresso pode ser

    aumentada e seu tempo de chegada determinada mais exatamente pela parte mais

    grossa dos elementos transdutores de cisalhamento. Este tipo de elemento gera

    alguma energia de compresso, assim ambas as ondas podem ser detectadas. A

    energia de transmisso entre o corpo-de-prova e cada transmissor pode ser

    melhorada usando-se uma fina camada de ligao tal como o vcuo, ou resina, e

    pressionando-se o transmissor contra o corpo-de-prova com uma pequena fora de

    assentamento.

    Para corpos submetidos a esforos uniaxiais as primeiras vibraes de

    ondas de compresso recebidas so bem definidas.

    10.9.3. DETERMINAO DA CONSTANTE ELSTICA DEULTRA-SOM

    A rocha pode ser isotrpica ou possuir um pequeno grau de anisotropia

    se a constante elstica for calculada. Para se estimar o grau de anisotropia da rocha

    mede-se a velocidade da onda de compresso em 3 direes ortogonais, e numa

    quarta direo orientada a 45o de uma das outras trs, para checagem. As equaes

    para uma mdia isotrpica no podem ser aplicadas se alguma das 3 velocidade de

  • Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 229

    ondas de compresso variar por mais de 2% do seu valor mdio. Para grandes

    anisotropias a porcentagem de possibilidade de erro na constante elstica seria

    grande.

    Para se calcular a propagao das velocidades de ondas de

    compresso (Vp) e de cisalhamento (Vs):

    Se o grau da velocidade de anisotropia menor que 2%, calcula-se a

    constante elstica assim:

    No relatrio do ensaio deve contar:

    identificao do corpo-de-prova, incluindo o tipo de rocha e localizao; ensaio de densidade do corpo; indicao gerais das condies de umidade do corpo; nvel de esforo do corpo; clculo da velocidade de vibrao para onda de compresso e cisalhamento com

    direes e medida;

    clculo da constante elstica de ultra-som (se o grau de anisotropia noultrapassar o limite permitido);

    clculo da mdia entre transmisso e a espcie; propriedades fsicas, composio, petrografia, se for determinado.

    p

    pp T

    LV =

    s

    ss T

    LV =

    onde:V = velocidade de propagao da vibrao (m/s)L = distncia percorrida pela vibrao (m)T = tempo de durao da vibrao (s)

    22

    22 )]43([ 2

    sp

    sps

    VVVVdV

    E =

    onde:V = velocidade de propagao da vibrao (m/s)L = distncia percorrida pela vibrao (m)T = tempo de durao da vibrao (s)