64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013

CARACTERIZAÇÃO DA ANATOMIA FOLIAR DE ESPÉCIES DE BROMELIACEAE OCORRENTES EM PEDRO II, PI

Nelcyelle F. da C. Oliveira¹*, Assis G. Azevedo Neto², Marisa F. de O. Silva², Ana L. V. Pereira², Maria de F. de O. Pires³, Gardene M. de Sousa

¹Graduanda em Ciências Biológicas UESPI, Bolsista PIBIC-CNPq. ²Graduandos em Ciências Biológicas UESPI. ³Profa. Dra. UESPI Orientadora, 4Professora Dra. Co-orientadora UFPI, *nellcynhag3@hotmail.com

Introdução

Bromeliaceae é uma família predominantemente neotropical, ocorrendo no Brasil cerca de 43 gêneros e 1.244 espécies [1]. Seus representantes estão presentes nos diferentes ambientes, desde mesófilos a xéricos [2,3]. O município de Pedro II está localizado na porção norte do estado do Piauí, possui a única reserva de opala nobre do país. Tendo em vista que muitas áreas de extração de opala foram abandonadas, o Arranjo Produtivo Local da Opala (APL) tem como um de seus objetivos a recuperação dessas áreas degradadas. Neste contexto, a análise anatômica de representantes de Bromeliaceae ocorrentes nestas áreas é de fundamental importância para uma melhor interpretação sobre o comportamento ecológico destas espécies, bem como a caracterização anatômica das mesmas.

Metodologia

Exemplares de Encholirium erectiflorum Sm LB., Bromelia karatas L, Bromelia sp., Neoglasiovia variegata (Arruda) Mez, foram coletadas na Fazenda Buriti no município de Pedro II, Piauí. As folhas coletadas das espécies foram fixadas em FAA 50 e conservadas em álcool 70%. Os cortes histológicos foram realizados à mão livre, corados com Fucsina básica/Azul de Astra e montados com glicerina 50%. Foram realizados teste histoquímicos com Lugol para detectar amido, Sudan IV para suberina, fluroglucina acidificado para lignina e ácido clorídrico para detectar cristais de oxalato de cálcio.

Resultados e Discussão

Nas espécies estudadas a superfície da lâmina foliar é constituída por um complexo epiderme-hipoderme esclerificado, sendo mais desenvolvido na superfície adaxial. Esse complexo exerce um papel semelhante ao da cutícula contribuindo para a redução das perdas de água pela transpiração [4]. Tal fato vem a corroborar com nossas observações já que estas plantas ocorrem em ambiente xérico e com intensa radiação solar. Folhas hipoestomáticas e escamas peltadas em ambas as faces da lâmina foliar, características comuns à família Bromeliaceae [5], foram também observadas nas espécies analisadas no presente trabalho. Em todas as espécies analisadas os estômatos estão posicionados em depressões da epiderme. Provavelmente, a posição dos estômatos em sulcos da epiderme esteja relacionada a fatores ambientais, já que as mesmas desenvolvem-se em área de transição caatinga/cerrado. Uma hipoderme aquífera foi encontrada voltada para a face adaxial. Parênquima aquífero também é uma característica de plantas xerófitas [4,6,7]. As espécies estudadas apresentaram parênquima clorofiliano, posicionado na região abaxial do mesofilo, estes são interrompidos por camadas longitudinais de

células braciformes, que estão dispostas de forma intercalada aos feixes vasculares. Os feixes vasculares são colaterais e dispõem-se em uma única série em todas as espécies estudas, concordando com a caracterização de [5] para a família. Na maioria das espécies as unidades vasculares de grande porte são circundadas por uma dupla bainha: uma interna constituída por fibras e uma externa formada por células parenquimáticas (endoderme). N. variegata apresenta apenas a bainha de fibras. Idioblastos contendo ráfides e drusas foram encontrados em E. erectiflorum,Bromelia sp. e B. karatas.

Conclusões

Os resultados obtidos no presente trabalho constataram caracteres da anatomia foliar comuns à família Bromeliaceae como: presença de escamas peltadas nas duas faces da lâmina foliar, unidades vasculares colaterais e dispostas em uma única série. Outros caracteres como estômatos em sulcos da epiderme, complexo epiderme–hipoderme esclerificado e hipoderme aquífera, provavelmente sejam características relacionadas ao ambiente onde tais plantas ocorrem.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de iniciação científica concedida à primeira autora; ao suporte financeiro do projeto O Impacto da Mineração de Opala na Riqueza e Diversidade de Bromélias no Município de Pedro II – PI e à Fazenda Buriti pelo apoio logístico.

Referências Bibliográficas

[1] Sousa, V.C. & Lorenzi, H. 2008. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG II. 2.ed. Nova Odessa. Instituto Plantarum. [2] Smith, L.B. & Downs, R.J. 1974. Pitcairnioideae (Bromeliaceae). Flora Neotrópica 14(1): 1-658. [3] Benzing, D.H. 2000. Bromeliaceae: profile of an adaptive radiation. Cambridge. University Press. [4] Fahn, A. & Cutler, D.F. 1992. Xerophytes. Encyclopedia of plant anatomy. Berlin. Gebrüder Bornhaeger. [5] Tomlinson, P.B. 1969. Commelinales – Zingiberales. Pp.493-294. In: C.R. Metcalfe (ed.) Anatomy of Monocotyledons. Oxford. Clarendon Press. [6] Esau, K. 1974. Anatomia das plantas com sementes. São Paulo. Edgard Blücher. [7] Menezes, N.L.; Silva, D.C. & Pinna, G.F.M. 2003. Folha. Pp. 303-324. In: Appezzato-da-Glória, B. & Carmelo-Guerreiro, S. M. (ed.). Anatomia vegetal. Viçosa. Editora da Universidade de Viçosa.