caracteristicas dos Àcidos hÜmicos de … · 8 — notas de zoogeografia e de história das...

83
CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE ALGUNS SOLOS DE ANGOLA JUNTA DO ULTRAMAR RUi PINTO RICARDO TVDOS. ENSA1OS DOCUMENTOS L I S B O A — 196

Upload: buique

Post on 19-Jul-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

CARACTERISTICAS DOSÀCIDOS HÜMICOSDE ALGUNS SOLOS

DE ANGOLA

JUNTA DÉDO ULTRAMAR

RUi PINTO RICARDO

TVDOS. ENSA1OSDOCUMENTOS

L I S B O A — 196

Page 2: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

JUNTA DE INVESTIGAÇSES DO ULTRAMARRUA DA JUNQUEIRA. 86

L I S B O A Preço: 20$00

i

Page 3: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

ERRATAS

Pagina Linha Onde se le:

24 29 ABBCQuadro 1 11 (em KCIN)

32 14 espectrofotómetros deBeekman,

55 21-22 carga n e g a t i v a de 20m. e.

64 7-8 verificaram que todosos h id rogen ioes dosâcidos hûmicos estâoionizados a pH 8,1.

65 12 dos hidrogenioes troeâ-veis.

71 21 e 23 suspensâo

Deve ler-se:

ABC(em KC1 N)e spe et ro f otómetro

Beekman,carga negativa corres-

pondente a 20 m. e.verificaram que os âci-

dos h û m i c o s estâocompletamente ioni-zados a pH 8,1.

dos âcidos hûmicos.

dispersäo

Page 4: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

ESTUDOS, ENSAIOSE

D O C U M E N T O S

N: 87

CARÄCTERISTICAS DOS ÄCIDOS

HÜMICOS DE ALGUNS SOLOS

DE ANGOLA

Page 5: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

VOLUMES JA PUBLICADOS NA COLECCÄODE «ESTUDOS, ENSAIOS E DOCUMENTOS»:

1 — Contribuicöes para o conhecimento da flora de Moçambique — I — porF. Asctnsào Meudonça.

2 — A spectos do problema da erosäo do solo em Africa — por J. Botelhoda Costa.

3 — A cerca da casa e do povoa nento na Guiné — por Francisco Tenreiro4 — Exploraçôes botanicus em Timor — por Ruy Cinatti Vaz Monteiro

Gomes.6 — Reconhecimento preliminar das formacöes flor estais no Timor Portuguis

— por Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes.6 — Madeiras coloniais — por Luis de Seabra e Manuel P. Ferreirinha7 — Contribution à la connaissance lithologique de l'archipel du Cap- Ver

— por L. Berthois.8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guiné

Portuguesa — por F. Frade.9 — Resenha geogrdfica do distrito da Beira — por Egberto Rodrigues

Pedro e Alfredo Esteves de Sousa.10 — A propósito da cultura do amendoim no piano de valorizaçào econô-

tnica de Moçambique — por F. Monteiro Grilo.11 — Estudo do sistema tRaydish e das redes hiperbólicas — por Joaquim

B. V. Soeiro de Brito.12 — Contribuicöes para o conhecimento da flora de Moçambique. II— por

F. Ascensâo Mendonça.13 — Os bambus na industria da celulose — por Luis de Seabra.14 — Os moluscos de dgua doce do ultramar portugués. I — Introduçâo

G ener alidades — por J. Fraga de Azevedo e Lidia do CarmoM. de Medeiros.

16 — O carneiro do feijào — por A. F. Teixeira Constantino.16 — Os insectos do tabaco armazenado — por A. Antunes de Almeida.17 — Contribuiçdo para o estudo da defesa fitossanitdria da copra do ultramra

portugués — por J. M. Cardoso da Costa.18 — A tntomofauna dos produtos armazenados. Os Tribolium spp. (Coleop-

tera, Tenebrionidae) — por F. L. de Faria Estâcio.

Page 6: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

19 — Contribuiçâo para o estudo da ecologia de Pachytneru9 acaciae Gylt(Coleoptera, Bruchidae) — por Jorge Cancela da Fonseca.

20 — Brachystegia spp. de Moçambique — por Manuel Nogueira Ramos.21 — Cretaceous and tertiary nautiloids from Angola—by A. K. Miller

and Lee B. Carpenter.22 — Estudos sobre a cultura do châ em Moçambique — por Helder Lains

e Silva.23 — Ensaios sobre a titulaçdo de vacinas contra a peripneumonia contagiosa

dos bovinos — por Antonio Martins Mendes.24 — Les roches phosphatées d'Angola — por Edmond Dartevelle.25 — Primeiro recon 'ecimento petrogrâfico da circunscriçâo do Barué — por

Alexandre Borges e A. V. Pinto Coelho.26 — Acerca do equilibrio bioecológico dos povoamentos de tcibes* Borassua

spp. na Guiné Portuguesa — por J. F. Castel-Branco e G. C.Tordo.

27 — Movimentos associativos na Africa 1 Ugra — por Silva Cunha.28 — Contribuiçâo para o estudo do micro plancton marinho de Moçambique

— por Èstela de Sousa e Silva.20 — A entomofauna dos produtos armaxenados. Dermestes maculatus

Deg. e Dermestes ater Beg. (Coleoptera, Dermestidae) — por J.Monteiro Guimarâes.

30 — Contribuiçâo para o estudo do problema florestal da Guiné Portuguesa— por J. A. Tavares de Carvalho e J. S. de F. Pereira Nunes.

31—Os moluscos de àgua doce do ultramar português. II — Moluscos doSul do Save (Moçambique) — por J. Fraga de Azevedo, Lldia doCarmo M. de Medeiros e Manuel M. da Costa Faro.

32 — Seroantropologia das ilhas de Cabo Verde. Mesa-redonda sobre o hörnerncàbo-verdiano — por Almerindo Lessa e Jacques Ruffié.

33 — A experimentaçào no Posto de Culturas Regadas do Vale do Limpopo— por Antonio Henriques de Sousa Falcào.

34 — O clima e o solo de Timor. Suas relaçôes com a agricultura — por Fir-mino Antonio Soares.

35 — A entomofauna dos produtos armazenados. Oryzaephilus mercator(Fauv.) e Oryzaephilus surinamensis (L.) (Coleoptera, Cucujidae)— por M. M. Cordeiro.

26 — A entomofauna dos produtos armazenados. Tenebroides mauritaniens(L.) (Coleoptera, Ostomidae) — por F. S. Neves Evaristo.

37 — Impressôes digitais nos indigenas da Guiné Portuguesa — por Leopol-dina Ferreira Paulo.

38 — Contribuiçâo para o estudo da fertilidade da mul her indigena no ultramarportuguês — por F. Figueira Henriques, A. Sarmento, J. J. PaisMor ais, N. Alves Morgado e Eduino de Brito.

39 — Vida do eritrócito humano estudada com o uso do crómio radioactivo— por F. A. Carvâo Gomes e F. M. Bragança Gil.

40 — Aspectos da defesa fitossanitdria dos produtos armazenados em Angola— por J. P. Amaro e A. J. Soares de Gouveia.

Page 7: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

41 — Subsidios para o estudo do regime hidrogrifico do porto da Beira — porJ A. Barahona Femandes.

42 — Primeiro reconhecimento petrogrâfico da serra da Gorongosa (Moçam-bique) — por A. Vasconceloa Pinto Coelho.

43 — Pastas celulósicas de gramineas. Estudo laboratorial de algumas espé-cies da métropole e ultramar — por Luis de Seabra e Manuel Lopesda Silva.

44 — Études sur les mallophages. Observations sur les Cuclotogaster (Ischno-cera, Philopteridae), parasites des galliformes des genres Francoli-nus et Pternistis — por Joâo Tendeiro.

45 — Estudo do sistema *Tellurometer* — por Joaquim B. V. Soeiro deBrito.

46 — Glossàrio internacional dos termos usados em anatomia de madeira— por Manuel P. Ferreirinha.

47 — Cianófitas de S. Tome e Principe — por Joaquim Sampaio.48 — Contribution à la connaissance de la géologie de la province portugais»

de Timor — par Robert Gageonnet et Marcel Lemoine.49 — O feijâo de Angola. Panorama actual da sua cultura, comircio e arma-

xenamento — por A. T. Constantino.60 — A grupamento e caracterixaçào itnica dos indigenas de Moçambique —

por Antonio Rita-Ferreira.61 — Acerca de uma classificaçâo fitossanitdria do armazenamento — por

Amflcar Lopes Cabrai.52 — Minerais de fracçào argilosa de solos de Angola. 1 — Curvas de desi-

drataçào — por J. M. Bastos de Macedo, E. P. Cardoso Francoe J. C. Soveral Dias.

53 — Caracterizaçào das principais unidades pedolôgicas do tEsboço da car tados solos de S. Tome e Principe* — por José Carvalho Cardoso.

64 — Subsidio para o estudo da peripneumonia contagiosa dos bovinos cmAngola — por Antonio Martins Mendes.

65 — A entomofauna dos produtos armazenados. Corcyra cephalonica (Staint)(Lepidoptera, Pyralidae) — por Maria Manuela Carmona.

66 — Arte cristä na India Portuguesa — por Carlos de Azevedo.57 — Mahamba — Tentativa de interpretaçâo artistica e psicológica de do-

cumentes de arte dos Negros Africanos — por Antonio de Oliveira.58 — Possibilidades de aplicaçâo das espécies ultramarinas nos diversas indus-

trias da madeira — por Luis de Seabra.59 — Influência dos tratamentos insecticidas no poder germinativo das semen-

tes (o caso particular do trigo) — por Antonio Henriques Pinto deMatos.

60 — O comércio tnundial de madeiras tropicais africanas — por Manuel P.Ferreirinha.

61 — O f err o em Medicina — I parte — por Carlos Trincâo et alii.62 — O f err o em Medicina — II parte — por Carlos Trincâo et alii.63 — O feijäo de Angola—Alteracäo das suas qualidades culindrias durante

o armazenamento — por A. Teixeira Constantino.

Page 8: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

64— Estudos de hidrobiologia no Ultramar Portuguis — Contactes com labo-ratórios estrangeiros — por Rui Monteiro.

65 — Études sur les mallophages africains — por Joào Tendeiro.66 — Para a caracterizaçâo dos condiçôes fitossanitdrias do armazenamento

— por A. L. Cabrai, M. I. S. Moreira, A. G. Costa e A. S. deCarvalho.

67 — Foraminiferos da costa de Moçambique — por J. M. Braga.68 — Condiçôes fitossanitdrias de produtos ultramarinos em armazéns do porto

de Lisboa (Alcantara-Norte) —por Amilcar Lopes Cabrai e A. J.Soares de Gouveia.

69—Le thon patudo Parathunnus obesns (Lowe) et sa pêche — por Fernando Frade.

70 — Prospecçoes e ensaios expérimentais apicolas em Angola — por J. F. Ro-sârio Nunes e G. C Tordo, com uma «Nota prefiminar» de F. Frade.

71 — Agricultures e Pescadores Portugueses na cidade do Rio de Janeiro (es-tudo comparativo) — por Raquel Soeiro de Brito.

72 — Contribuiçâo para o estudo dos diatomàceas do la go Niassa (Moçambi-que) — por Maria Inès Monteiro.

73 — Contribution to the theory of certain non-linear differential equations— por Rui Pacheco de Figueiredo.

74 — A spectos do povoamento branco de Angola — por Ilidio do Amaral.75 — Notas sobre a criaçdo de gado bovino em Angola— por J. B. Vieira

da Silva.76 — Prospecçào parasitológica em Timor — Subsidios para o estudo da fauna

parasitológica dos seus animais domésticos — por H. R. B. deCabrier da Silva.

77 — Contribuiçâo para o conhecimento da flora da Guiné Portuguesa —por Ester Pereira de Sousa.

78 — Contribuiçâo para o estudo da Tineola bisselUella (Hummel) e seu combat*— por M. de Lourdes N. Baptista Pereira.

79 — A lagarta dos coqueiros (Nephantis serinopa Meyrick) na îndia Por-tuguesa— por A. J. F. Castel-Branco.

80 — Sobre a «medicina» e magia dos Quiocos — por Eduardo dos Santos,81 — Estudos sobre a etnologia do Ultramar Português (volume I) — por An-

tonio de Almeida, Eduardo dos Santos, Mario Milheiros, Antonioda Silva Rego e Antonio Scarpa.

82 — Reconhecimento orizicola do distrito de Goa — por M. S. Portela Feijâo.83 — Conspectus da entomofauna cabo-verdiana — l.a parte — por A. Couti-

nho Saraiva.84 — Estudos sobre etnologia do Ultramar Português (vol. II) — por A. dos

Santos, Santa Rita, Ilidio Lopes, F. Frade, Diogo d'Orey, A. daSilva Rego, G. J. Janz e Antonio de Almeida.

85—Contribuiçâo para o estudo da genese dos minerais da argua — por J.M. Bastos de Macedo e M. A. Monteiro de Lemos.

86 — Contribuiçâo para o estudo das espécies angolanas do género CulîcoidesLatreille, i8oç (Diptera: Ceratopogonidae) — por Vitor ManuelPais Caeiro.

Page 9: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

JUNTA DE INVESTIGATES DO ULTRAMAR

CARACTERISTICAS DOS ÄCIDOS

HÜMICOS DE ALGUNS SOLOS

DE ANGOLA

POR

RUI PINTO RICARDO

L I S B O A — 1 9 6 1

Page 10: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

INDICE

NOTA PRELIMINAR 13INTRODUÇÂO 15MATERIAL E MÉTODOS 19

I. — MATERIAL 19II. — MÉTODOS 31

1. — Método de extracçào dos âcidos hûmicos 312. — Métodos para estudo dos âcidos hûmicos 32

ESTUDO DOS ÂCIDOS HÛMICOS 37

I. —CARACTERIZAÇAO DOS ACIDOS HÜMICOS PORESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÂO 37

II. — COMPOSIÇAO QUlMICA ELEMENTAR 47

1. — Carbono 472. •— Azoto 493. •— Hidrogénio : 514. — Relaçdo C/N 525. — Cinza 53

III. — TROCA CATIÓNICA 55IV. — ALGUMAS CARACTERÎSTICAS FÎSICAS 69V. — FLOCULAÇAO 75

RÉSUMÉ 79SUMMARY 83BIBLIOGRAFIA 87

Page 11: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

NOTA PRELIMINAR

O presente estudo efectuou-se nos laboratórïos de QuimicaAgricola e de Pedologia do Institute Superior de Agronomia, ïnte-grado nos pianos de trabalhos do Centro de Estudos de PedologiaTropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da Junta de Inves-tigaçôes do Ultramar.

Durante a sua execuçâo foi possivel contar com a valiosa ajudade diversas pessoas, as quais desejo manifestar a minha gratidâo.

Os maiores agradecimentos sâo para os Profs. JOAQUIM VIEIRA

BOTELHO DA COSTA e Luis ANÎBAL VALEN TE ALMEIDA, do Insti-tuto Superior de Agronomia. Ao Prof. Luis AN'IBAL VALENTE AL-

MEIDA agradeço a ideia do trabalho, além dos esclarecimentosa todo o momento dispensados; ao Prof. JOAQUIM VIEIRA BOTELHO

DA COSTA agradeço o interesse com que acompanhou a sua reali-zaçâo e as sugestôes dadas.

Ao Prof. J. CARRINGTON DA COSTA, entâo presidente da Comis-säo Executiva da Junta de Investigates do Ultramar, agradeço asfacilidades concedidas.

Ao engenheiro agrónomo JOSÉ ANTONIO CASTANHO PÓVOAS

agradeço a colaboraçâo que me deu nos trabalhos laboratoriais.A outras pessoas que de qualquer modo me auxiliaram apre-

sento também os meus agradecimentos.Finalmente, manifesto-me reconhecido a minha Mulher pela

ajuda e pelo apoio moral que me dispensou.

Estud., Ens. e Doc. — 87 13

Page 12: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

INTRODUÇAO

Como se sabe, os solos «Ferralïticos» dominantes nas regiôestropicais hümidas, têm fraca ou nula réserva minerai e sâo consti-tuidos por uma fracçâo mineral com capacidade de troca baixa oumuito baixa; além disso, na maioria dos casos, possuem teor emferro e alumînio tâo elevado que, pràticamente, todo o fósforo inor-gânico neles existente esta sob a forma de fosfatos de ferro e dealuminio.

Num meio minerai desta natureza, os elementos nutritivos deque as plantas precisam para um desenvolvimento regular näoexistirâo ém quantidade adequada, mas, se a matéria orgânicaestiver presente em proporçâo conveniente, as condiçôes de nutriçâoserâo mais favorâveis. A matéria orgânica, devido à sua extraor-dinâria capacidade de adsorçâo, farâ subir a valor elevado o nivelde bases do solo; por outro lado, em virtude da complexaçâo doferro e do alumînio por alguns dos seus constituintes, aumentarâde modo significativo as disponibilidades de fósforo; além disso,libertando por decomposiçâo toda a espécie de nutrientes, determi-narâ também desta forma uma subida do potencial nutritivo do solo.

Nos solos virgens, o nivel de matéria orgânica dépende, alémde outros factores, da propria vegetaçâo que tem de alimentar, e,desta forma, a matéria orgânica e a vegetaçâo estâo nos referidossolos num estado de equilïbrio. Em tais condiçôes de equilibrio,mesmo para teores relàtivamente baixos de matéria orgânica, as

Estud., Ens. e Doc.—-87 15

Page 13: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

plantas encontram os elementos de que necessitam para prosperar,adquirindo a vegetaçâo aquele aspecto exuberante que fez nascero mito da extraordinâria fertilidade dos solos «Ferraliticos».

Pode dizer-se que existe de facto alguma fertilidade, mas essafertilidade é apenas o resultado do equilibrio matéria orgânica dosolo-vegetaçâo. Ela desaparecerâ muito ràpidamente com a culturado solo, uma vez destruida a vegetaçâo natural e desde que nâo serecorra aos fertilizantes.

Se a matéria orgânica é a base,da fertilidade no solo virgem,no solo cultivado também deve desempenhar acçâo importante. Umaagricultura que concentre a sua atençâo exclusivamente na adubaçâoquimica, nâo procurando simultâneamente manter no solo um niveladequado de matéria orgânica, é capaz de nâo assegurar. as pro-duçôes mais favorâveis, em virtude de se perder, por arrastamentoou insolubilizaçâo, uma parte apreciâvel dos elementos nutritiyosadicionados pelos adubos.

Com algum fundamento, pode dizer-se que nos solos, •donn*nantes das regiôes tropicais hûmidas (solos «Ferraliticos») cabe àmatéria orgânica um papel de relevo no contrôle da fertilidade. Poresse facto, a matéria orgânica dos solos «Ferraliticos» dévia ter mere-cido desde hâ muito uma atençâo especial, mas verifica-se que sâo.muito escassas as informaçôes existentes a seu respeito nos diversospaïses e territórios das zonas tropicais, inclusive nas nossas pro-vincias ultramarinas. Sucede o mesmo em relaçâo à matéria orgânicados outros tipos de solos tropicais.

Na provincia de Angola, o estudo sistemâtico dps solos ini-ciou-se em 1946. Uma missâo constituida pelos Profs. JOAQUIM

VIEIRA BOTELHO DA COSTA e ÂRIO LOBO AZEVEDO, do InstitutoSuperior de Agronomia, procedeu nesse ano ao reconhecimentopreliminar dos solos da regiâo planâltica (7). De 1947 a 1951 rea?

»lizaram-se estudos laboratoriais nas amostras de solos colhidas pelamissâo, utilizando-se para isso os laboratórios de Quimica Agricolae de-Fisica Agricola do Instituto Superior de Agronomia, dirigidos.

16 Estud., Ens. e Doc. —: 87

Page 14: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümieos de solos de Angola

respectivamente, pelos Profs. Luis ANÏBAL VALENTE ALMEIDA

e JoAQUiM VIEIRA BOTELHO DA COSTA. A partir de 1951, graçasao apoio material da Junta de Investigates do Ultramar, o estudodos solos de Angola intensificou-se de forma notâvel, continuandoa fazer-se em intima ligaçâo com o Instituto Superior de Agronomia.

Conhecendo-se a importância da matéria orgânica nos solosdas regiöes tropicais, logo em 1947 foi traçada uma linha de inves-tigaçâo para a matéria orgânica dos solos de Angola, mas os estudoscorrespondentes só puderam ser iniciados em 1949 (2, 33). Porrazöes diversas, tais estudos experimentaram uma interrupçâo dealguns anos, sendo retomados em 1957 com o estudo que agora seapresenta e com outros que se estâo realizando.

Sobre a matéria orgânica dos solos de Angola, além dos nos-sos trabalhos, existem ainda trabalhos efectuados por SCHEF-

FER (35, 36).

Na fase actual dos conhecimentos, tem grande interesse umacaracterizaçâo fïsico-quimica dos âcidos hümicos, em especial dosâcidos hümicos dos solos «Ferralïticos».

Neste trabalho, além de amostras de âcidos hûmicos de solos«ferralïticos», estudam-se também duas amostras respeitantes a«barros pretos» e uma respeitante a «turfassolo». Embora os solos«ferralïticos», devido as suas caracteristicas e à sua maior repre-sentaçâo em Angola, sejam os que mais importa estudar, entendemosnâo limitar o estudo aos âcidos hûmicos de tais solos. Escolheram-seâcidos hûmicos de «barros pretos» e «turfassolo», nâo só por dize-rem respeito a solos que interessam imenso à agricultura angolana,mas ainda por dizerem respeito a solos muito diferentes dos «ferra-lïticos» e, assim, poder-se averiguar, simultâneamente, até que pontograndes diferenças entre os solos se reflectem nos respectivos âcidoshûmicos.

Para cada amostra procedeu-se à sua caracterizaçâo por espec-trofotometria de absorçâo, fez-se anâlise quimica elementar, deter-

Estud., Ens. e Doe. — 87 17

Page 15: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

minaram-se certas constantes fisicas e investigou-se a floculaçâoe a variaçâo da capacidade de troca com o pH. Todos estes aspectossâo pela primeira vez investigados em relaçâo a solos das nossasprovincias ultramarinas, e alguns deles mesmo em relaçâo a solosdas regiöes tropicais.

A terminologia que se adoptou é a terminologia correntementeseguida pelos investigadores alemäes, empregando-se os termoscom o mesmo significado que eles lhes atribuem:

Matéria orgànica do solo é o conjunto de todas as substânciasorgânicas, de origem animal ou vegetal, existentes no solo.

Humus é a fracçâo da matéria orgànica resistente à decompo-siçâo, de cor escura, de natureza heterogénea e com propriedadescoloidais.

Quimicamente, o humus é muito complexo, admitindo-se que sepode fraccionar em:

1. — Âcidos hûmicos: Fracçâo solüvel em soluçôes diluidas dealcalis (a frio) e precipitâvel por soluçôes diluidasde âcidos minerais;

2. — Âcidos fûlvicos: Fracçâo que permanece em soluçâo apôsacidificaçâo do extracto alcalino;

3. — Humina: Fracçâo insolûvel em soluçôes diluidas de alcalis(a frio).

Os âcidos hûmicos, por seu turno, consideram-se formados porâcidos hûmicos cinzentos e âcidos hûmicos pardos. distinguindo-seuns dos outros: a) pela cor, que é negra nos âcidos hûmicos cin-zentos e pardo-escura nos pardos; b) pela sensibilidade aos electrô-litos (os âcidos hûmicos cinzentos floculam com menor concentraçâoiônica); c) pela composiçâo quimica; etc.

É ainda frequente distinguir nos âcidos hûmicos uma fracçâodispersâvel em alcool, fracçâo essa que se désigna âcido hemato-melânico.

18 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 16: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

MATERIAL E MÉTODOS

l. —MATERIAL

O material estudado no presente trabalho compreende seteamostras de âcidos hûmicos extraidas de «turfassolo», «barrospretos» e solos «ferraliticos» de Angola.

TURFASSOLOS

Estuda-se uma amostra de âcidos hûmicos de «turfassolo»(amostra 1), extraida de uma amostra do horizonte superficial doperfil 42/55 B.A.C, pertencente à série 1 do Colonato Europeuda Cela (37).

Os «Turfassolos» sâo constituidos por «turfa ou material turfosode cor parda, pardo-escura ou castanha a negra, sobre materialturfoso pardo ou imediatamente sobre camada minerai acinzentadacom manchas ferruginosas» (6).

Os «turfassolos» da série 1 do Colonato Europeu da Celacaracterizam-se ainda por terem reacçâo muito fortemente ou extre-mamente âcida, relaçâo C/N menor que 20, conteüdo elevado decinza e percentagem de azoto relativamente grande (37).

Dâ-se a seguir a descriçâo do perfil 42/55 B.A.C, ao quai per-tence a amostra de onde se extrairam os âcidos hûmicos.

Estud., Ens. e Doc. — 87 19

Page 17: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hümicos de solos de Angola

Perfil 42/55 B.A.C.

Localizacäo — Santos — anhara ( Cela )

Descricäo geral:

Arnos tra Profundidade(m)

0,00 — 0,10

0,10 — 0,95

0,95 — 1,00

Caracteristicas

Camada orgânica pouco decomposta, castanho-ane-grada, constituida por um enfeltrado de colmose raizes.

Grau de humidade: encharcado.

Camada orgânica pardo-anegrada com material bas-tante decomposto (aumentando a decomposiçâo coma profundidade), penetrado por abundantissimas rai-zes finas, muito finas e médias; consistência espon-josa.

Grau de humidade: encharcado.

Terra cinzento-clara, argilosa, muito plâstica, fechada.Abundantes raizes finas.

Grau de humidade: encharcado.

Observacäo—Lençol freâtico a 0,10 m.

Topografia — Terreno piano.Vegetaçâo — Vegetaçâo herbâcea densa em que predominam

gramineas diversas e espécies de outras familias.Clima — Tropical hümido (B1( da classificaçâo de Thornth-

waite) (21).

BARROS PRETOS [Gravinigra]

Estudam-se duas amostras de âcidos hûmicos de «barros pre-tos» (amostras 2 e 3). A amostra 2 foi extraida de uma amostrado horizonte superficial de perfil pertencente ao agrupamento H2do distrito da Huila (9); a amostra 3 de uma amostra do horizontesuperficial de perfil pertencente ao agrupamento AP30 (8).

20 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 18: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

Os «Barros pretos» säo «solos minerais de horizonte A1 muitonitidamente diferenciado, frequentemente espesso, mais ou menosargiloso, sen do a argila muito fortemente i1) a fortemente (2)sialïtica, com predomïnio de minerais 2 : 1 (incluindo sempre mont-morilonóides ), cinzento-escuro a cinzento (cinzento-escuro a negroquando hûmido) ; de consistência dura ou muito dura, grande com-pacidade (excepto, por vezes, em porçâo superficial delgada),abrindo fendas mais ou menos largas e fundas durante estaçôessecas e com evidência de infiltraçâo de materiais de nïveis supe-riores para niveis inferiores do perfil (incluindo superficies polidaspor deslizamento de materiais)» (9).

Os «barros pretos» dos agrupamentos H2 e AP30 caracteri-zam-se ainda por terem teor em matéria orgânica baixo ou médio,no horizonte superficial, e muito baixo ou baixo, inferiormente;reacçâo fortemente alcalina ou levemente alcalina (raramente neu-tra, e só no horizonte superficial); grau de saturaçâo muito alto,sendo o câlcio a base prédominante; e por terem normalmenteacumulaçôes de carbonato de câlcio (8, 9).

Dâ-se a seguir a descriçâo dos perfis de «barros pretos» a quepertencem as amostras de onde se extrairam os âcidos hümicos.

(*) SiO2/Al2Os> 3,5; SiOi/R2O3 > 2.(2) SiO2/Al2O3 : 2,4 — 3,4; SiO2/R2Os > 2.

Estud., Ens. e Doc. — 87 21

Page 19: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

Perfil pertencente ao agrupamento H2

[BARROS PRETOS, rochas do complexo gabro-plagioclasitico]

Localizaçâo — Estrada Pocolo-Chibia, a cerca de 26,0 km dePocolo (Huila).

Descriçâo gérai:

Amostta Profundidade(m) Caracteristicas

0,00 — 0,03

0,03 — 0,30

0,30—1,35

1,35—1,55

Cinzento a cinzento-escuro (7,5 YR 5/0-4/0) (s): argi-loso, com algum saibro e cascalho de rocha revesti-dos por material calcârio; estrutura granulosa médiae fina, forte; consistência dura; fechado; efervesccn-cia fraca com HCl; sem raizes.

Grau de humidade: seco.

Cinzento a cinzento-escuro (7,5 YR 5/0-4/0) (s); argi-loso, com algum saibro e cascalho de rocha revesti-dos por material calcârio; com fendilhamento verti-cal largo; compacidade grande; consistência muitodura; fechado; efervescência fraca com HCl; compoucas raizes médias.

Grau de humidade: seco.

Cinzento a cinzento-escuro (7,5 YR 5/0-4/0) (s); argi-loso, com algum saibro e cascalho de rocha reves-tidos por material calcârio; sem estrutura e semfendilhamento; compacidade relativamente grande;consistência muito firme (h); fechado; efervescênciafraca com HCl; com raras raizes médias.

Grau de humidade: medianamente fresco.

Rocha eruptiva bâsica alterada, dando irregularmenteefervescência com HCl, passando com a profundi-dade a rocha dura.

Topografia — Zona quase plana.Geologie — «Complexo gabro-anortositico» (29).

22 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 20: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hütnicos de solos de Angola

Vegetacäo — Mata mista, aberta, de «espinheiras» (Acaciaspp.) e «mutiati» [Colophospermum Mopane (Kirk.) Leonard.],com estrato graminoso fraco.

Clima — Tropical sub-hûmido chuvoso (C2, da classificaçâode Thornthwaite) (21).

Perfil pertencente ao agrupamento AP30

[BARROS PRETOS, rochas calcârias]

Localizaçâo — Estaçâo Experimental de Cultura Algodoeira —Catete (Luanda).

Descricäo gerat:

Profundidade(m) Caracterfsticas

0,00 — 0,20

0,20 — 0,90

0,90—1,40

Cinzento-escuro (s); argiloso, com algum cascalhocalcârio e quartzoso; estrutura anisoforme gros-seira; compacidade relativamente grande; consistên-cia muito dura; pouco poroso; efervescência f ra cacom HCl; com algumas raizes finas.

Grau de humidade: seco.

Cinzento (s); argiloso, com algum cascalho calcârioe quartzoso; com anastomosado de fendas finase algum fendilhamento vertical médio; compacidadegrande; consistência muito dura (s); fechado; comraras concreçôes calcârias pequenas e brandas; efer-vescência fraca com HCl; sem raizes.

Grau de humidade: pouco fresco.

Cinzento (s); argiloso, com algum cascalho calcârioe quartzoso e raras pedras miûdas de calcârio; com-pacidade relativamente grande; consistência muitofirme (h); fechado; efervescência fraca com HCl;sem raizes.

Grau de humidade: muito fresco.

Topografia — Cimo de encosta com déclive suave.Geologia — «Terciârio médio e inferior» (29). Tem-se o solo

como derivado de rocha calcâria.

Estud., Ens. e Doc. — 87 23

Page 21: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos kümicos de solos de Angola

Vegetaçâo — Maciço cerrado de arbustos de varias espécies,predominando arbustos espinhosos.

Clima — Tropical semiârido ( D, da classif icaçâo de Thornth-waite) (21).

SOLOS FERRALITICOS

Estudam-se quatro amostras de âcidos hûmicos de solos «fer-raliticos» (amostras 4, 5, 6 e 7). A amostra 4 foi extraida de umaamostra do horizonte superficial de perfil de solo amarelo, perten-cente ao agrupamento H62 do distrito da Huila; a amostra 5 deuma amostra do horizonte superficial de perfil de solo alaranjado,pertencente ao agrupamento H65 do distrito da Huila; a amostra 6de uma amostra do horizonte superficial de perfil de solo laranja,pertencente ao agrupamento H73 do distrito da Huila (9); e aamostra 7 de uma amostra do horizonte superficial de perfilde solo vermelho, pertencente ao agrupamento Hb31 do distritode Huambo (10).

Os solos «Ferraliticos» säo «solos minerais com réserva mineralfraca ou inexistente; argila com relaçâo molecular SiO2/Al2Os porvezes próxima mas geralmente inferior a 2 e relaçâo molecularSiO2/R2O3 por vezes próxima mas em geral inferior a 1,8, e cons-tituida essencialmente por caulinite e óxidos, os quais induem fre-quentemente, mas nâo sempre, gibsite (excepcionalmente com mine-rais 2 : 1 ou alofana, mas em proporçâo tâo diminuta que nâo afectasensîvelmente o comportamento fisico-quimico do material); capa-cidade de troca da fracçâo minerai baixa ou muito baixa; graude saturaçâo de bases em geral inferior a 50 % [...]; vulgar-mente com menos de 11 % de limo e relaçâo limo/argila inferiora 0,20 [...]» (10).

Os solos «Ferraliticos» «têm perfil ABBC ou AC [...]; hori-zontes subsuperficiais em geral sem estrutura aparente ou com es-trutura granulosa mais ou menos fina e, menos vulgarmente, aniso-

24 Estud.. Ens. e Doc. — 87

Page 22: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hütnicos de solos de Angola

forme, mas näo se verificando estrutura anisoforme com peliculasargilosas bem desenvolvidas; em geral com consistência mais fracado que a de solos fersialiticos (x) [e especialmente do que a desolos sialîticos (2)] com proporçâo de argila semelhante, mas podemincluir horizontes em via de endurecimento, ou que endurecem porexposiçâo ao ar, ou ainda concreçôes, e impermes ou bancadas maisou menos duras [...]; cor em geral amarela, vermelha ou inter-média, sob o horizonte A ou desde a superficie [•••]» (10).

Os solos «ferralïticos» dos agrupamentos H62, H65, H73e Hb31 caracterizam-se ainda por terem teor em matéria orgânicabaixo ou médio no horizonte superficial, diminuindo com a profun-didade e tornando-se quase sempre muito baixo a partir de cercade 0,40 m; reacçâo levemente âcida ou medianamente âcida nohorizonte superficial (raramente neutra ou fortemente âcida), e me-dianamente âcida ou fortemente âcida inferiormente (raramentelevemente âcida ou muito fortemente âcida); e grau de saturaçâomoderado no horizonte superficial (raramente baixo ou alto) e baixoou muito baixo nos horizontes inferiores (9, 10).

Os solos «Ferralïticos» sâo «Fracamente ferrâlicos» quandoapresentam horizontes cuja argila tem relaçâo molecular SiO2//Al2Oa superior a 1,3 ou «Ferrâlicos tipicos» quando apresentamhorizontes com argila de relaçâo molecular SiO2/Al^Oa inferiora 1,3 (10).

Dâ-se a seguir a descriçâo dos perfis de solos «ferralïticos» aque pertencem as amostras de onde se extraîram os âcidos hûmicos.

(!) Solos com argila fersialitica — argila geralmente com relaçôes SiO2//A12O3 > 2 e SiO2/R2Os < 2.

(2) Solos com argila sialitica—argila com relacöes SiO2/Al2O3> 2e SiO2/R2Os > 2.

Estud., Ens. e Doc. —87 25

Page 23: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hümicos de solos de Angola

Perfil pertencente oo agrupamenro H62

[FRACAMENTE FERRALICOS AMARELOS OU ALARANJADOS, rochasdo complexo gabro-plagiodasitico]

Localizacäo — Estrada Vila Paiva Couceiro-Sâ da Bandeira,a cerca de 33,0km de Vila Paiva Couceiro (Huila).

Descriçâo gérai:

Profundidade(m) Caiacteristicas

0,00 — 0,05

0,05—0,15

0,15—1,05

Cinzento (10 YR 5/1) (s); argiloso; estrutura aniso-forme fina e média; compacidade média; consistên-cia ligeiramente dura; fechado; com alguns estolhose raizes finas.

Grau de humidade: seco.

Transiçâo.

Amarelo-pardacento (10YR 6/6) (s); argiloso; com-pacidade relativamente pequena; consistência muitobranda; fechado; com bastantes raizes finas, médiase grossas, as quais rareiam corn a profundidade.

Grau de humidade: seco.

Topografia — Zona quase plana.Geologia — «Complexo gabro-anortosïtico» (29).Vegetaçao — Mata aberta com porte médio da formaçâo «Mato

de elementos vârios com diversas espécies do género Acacia disse-minadas (Hiemilignosa)» (17). Estrato graminoso em tufos comdesenvolvimento médio.

Clima — Tropical hûmido ( B1, da classificaçâo de Thornth-waite) (21).

26 Estud., Erts. e Doc. — 87

Page 24: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûtnicos de solos de Angola

Perfil pertencente ao agrupamento H65

[FRACAMENTE FERRALICOS AMARELOS OU ALARANJADOS, rochaseruptivas quartziferas]

Localizaçâo — Estrada Caconda-Cuima, a cerca de 43,5 kmde Caconda (Huila).

Descriçâo gérai:

Amostra Profundidade(m) Caracteristicas

0,00 — 0,08

0,08 — 0,140,18

0,14—0,350,180,35 — 1,20

1,20 — 1,60

Cinzento-pardacento-claro (10YR 6/2) (s); franco--arenoso; compacidade irregularmente pequena emuito pequena; consistência branda; quase fechado;com bastantes raizes finas e médias.

Grau de humidade: seco.

Pardo-acinzentado (10YR 5/3) (s); franco-arenoso,com rarissimo saibro quartzoso; compacidade rela-tivamente pequena; consistência branda; levementeporoso; com poucas raizes finas.

Grau de humidade: seco.

Transiçâo.

Amarelo-avermelhado (7,5 YR 7/8) (s); argilo-are-noso; compacidade variando de média a relativa-mente pequena com a profundidade; consistência noestado seco ligeiramente dura; levemente poroso;sem raizes.

Grau de humidade: variando de seco a medianamentefresco com a profundidade.

Amarelo-avermelhado (7,5 YR 6/8) (s); argiloso;compacidade pequena; consistência no estado secomuito branda; levemente poroso; sem raizes.

Grau de humidade: muito fresco.

Topografia — Cimo de encosta suave.Geologia — «Granitos, granodioritos e quartzodioritos» (ante-

câmbricos e nâo datados) (29).Vegetaçâo — Mata aberta e baixa da formaçâo «Hiemilignosa

do tipo Bedinia~Brachystegia~Combretum» (17), apresentando es-

Estud., Ens. e Doc. — 87 27

Page 25: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

trato graminoso fraco. Identificaram-se: Berlinia spp., Brachyste-gia sp., Erythrophloeum africanum Harms e Uapaca sp.

Clitna — Tropical hûmido (B1, da classificaçâo de Thornth-waite) (21).

Perfil pertencente ao agrupamento H73

[FRACAMENTE FERRÂLICOS LARANJA, rochas eruptivas ou cristalofili-cas, quartziferas]

Localizaçao — Estrada Caconda-Cuima, a cerca de 1,0 km deCaconda (Huila).

Descriçâo gérai:

Profundidade(m)

0,00 — 0,07

0.07 — 0,28

0,28 — 0,70

0,70—1,55

Caracteristicas

Pardo (10YR 5/3) (s); franco-arenoso, com poucosaibro quartzoso; compacidade muito pequena; con-sistência branda; levemente poroso; com algumasraizes médias e finas.

Grau de humidade: seco.

Transiçâo.

Laranja (5YR 5/8) (s); argilo-arenoso, com poucosaibro quartzoso; compacidade média; consistêncialigeiramente dura; levemente poroso; coin poucasraizes médias.

Grau de humidade: seco.

Laranja (5YR 5/8) (s); argilo-arenoso, com bastantesaibro quartzoso; compacidade pequena; consistên-cia no estado seco branda; levemente poroso; comraras raizes médias.

Grau de humidade: pouco fresco.

Topografia — Terreno com déclive muitissimo suave.Geologia — «Granitos, granodioritos e quartzodioritos» (ante-

câmbricos e nâo datados) (29).Vegetaçao — Mata secundâria, fechada, da formaçâo «Hiemi-

lignosa do tipo Berlinia-Brachystegia-Combretum» (17), com es-

28 Estud.. Ens. e Doc. — 87

Page 26: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hiimicos de solos de Angola

trato graminoso fraco. Identificaram-se Berlinia sp., Brachyste-gia spp., Cryptosepalum pseudotaxus Bak. f. e Psocospermum Hun-dtii Exell & Mendonça.

Clima — Tropical hümido (B l t da classificaçâo de Thornth-waite) (21).

Perfil pertencente ao agrupamento Hb31

[FERRALICOS T1PICOS VERMELHOS, rochas lâvicas]

Localizacäo — Picada para Chipuri, a cerca de 3,4 km da es-trada Vila Teixeira da Silva-Lunge (Huambo).

Descrigäo geral:

Amostra Profundidade(m) Caracterlsticas

0,00 — 0,12

0,12—0,35

0,35 — 0,95

0,95 — 2,15

Pardo-avermelhado-escuro (5 YR 3/4) (s); franco--argiloso, com rarissimo saibro negro; compacidademinima; consistência muito branda; com abundantesraizes finas.

Grau de humidade: quase seco.

Pardo-avermelhado-escuro (5 YR 3/4) (s); franco--argiloso, com rarissimo saibro negro; compacidaderelativamente pequena; consistência branda; leve-mente poroso; com muitas raizes finas e poucasmédias.

Grau de humidade: quase seco.

Pardo-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) (s) ; franco--argiloso, com rarissimo saibro negro; compacidadepequena; consistência branda; pouco poroso; combastantes raizes finas e poucas médias.

Grau de humidade: pouco fresco.

Pardo-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) a vermelho--escuro (2,5 YR 3/6) (s); argiloso, com rarissimosaibro negro; compacidade pequena; consistênciabranda ou muito branda (s), e muito friâvel (h);levemente poroso; com raras raizes finas.

Grau de humidade: bastante fresco.

Estud., Ens. e Doc. — 87 29

Page 27: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

Topografia — Encosta com déclive acentuado.Gologia — Em correspondência com a formaçâo «Sienitos, sie-

nitos nefelinicos» ( pôs-pérmicos ) (29).Perto do local do perfil encontraram-se carbonatites e rochas

com caracteristicas lâvicas.Vegetaçâo — Savana ( gramïneas formando estrato denso e

alto, e algumas ârvores das espécies Terminalia bracht]stemmaWelw. e Hymenocardia acida Tul.).

Clima — Temperado-quente hûmido ( B2, da classificaçâo deThornthwaite ) (21).

** *

No quadro 1 apresentam-se dados analiticos das amostrasde solos.

30 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 28: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

QUADRO 1

Amostras

Profundidade (cm) 0-10 0-3 0-20 0-5 0-8 0-7 0-12

Areia grossa (i) (°/0)

Areia fina (1) (°/0)

Limo WC/o)

Argila (')(«/„)

Carbonatos (2) (em CaCOa) (°/o)

Matéria orgânica (3) («/„)

pH (i) (em H2O)

pH (4) (em KCIN)

Câlcio de troca (5) (m. e. por 100 g)

Magnésio de troca (5) (m. e. por 100 g)

Potâssio de troca (5) (m. e. por 100 g)

Sódio de troca (5) (m. e. por 100 g)

Hidrogénio de troca (6) (m. e. por 100 g)

Soma de bases de troca (5) (m. e. por 100 g) (S)

Capacidade de troca catiónica (5) (m. e. por 100 g) (T)

Grau de saturaçâo (5) (»/0) (V)

Ferro livre (6) (°/0)

Carbono orgânico total (7) (°/o)Azoto total (8) (o/o)

C/N

0,0

42,2

4,5

4,2

16,1

9,3

6,3

3,1

62,8

34,8

97,6

35,7

24,47

2,088

11,7

4,5

12,5

9,5

68,1

3,6

1,8

8,5

6,8

29,6

4,5

0,3

0,2

0,0

34,6

34,6

100,0

0,36

1,04

0,076

13,7

1,18,4

11,1

76,2

1,6

1,6

8,4

6,8

32,6

1,3

0,3

0,7

1,3

34,9

36,2

96,4

0,45

0,92

0,076

12,1

4,8

18,2

11,4

61,7

0,0

3,9

6,5

5,5

5,9

4,7

0,2

0,1

3,8

10,9

14,7

74,1

1,10

2,28

0,168

13,6

56,7

23,4

2,1

16,4

0,0

1,4

6,2

5,2

0,9

0,8

0,1

0,1

2,3

1,9

4,2

45,2

0,26

0,84

0,054

15,6

35,5

39,2

3,1

19,6

0,0

2,6

6,3

5,4

2,3

1,3

0,3

0,1

3,4

4,0

7,4

54,1

0,44

1,48

0,098

15,1

13,4

27,8

18,3

35,1

0,0

5,4

5,9

5,0

3,0

2,5

0,2

0,1

11,4

5,8

17,2

33,7

4,43

3,15

0,186

16,9

TV. B. — Os resultados referem-se à terra seca a 100-105°C.

f1) Método International, usando soluçâo de hexametafosfato e carbonato de sódio com dispersante (4).(2) Calcimetro Scheibier.(3) Calculou-se multiplicando a percentagem de carbono orgânico pelo factor 1,724.(4) Medido com eléctrodo de vidro (solo/soluçâo: 1/2,5).(5) Método de Mehlich (26).(6) Extraido pelo método de Mackenzie (23) e determinado colorimètricamente pelo âcido tloglicólico (39).(') Método de combustäo por via seca.(8) Método de Kjeldahl.

Estud., Ens. e Doe. • 8 7

Page 29: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

II. — MÉTODOS

1. Método de extracçôo dos âcidos hümicos.

Os âcidos hümicos extraïram-se com soluçâo de soda câus-tica a 0 ,5%.

Antes da extracçâo as amostras de solo foram tratadas, portrès vezes, com soluçâo 1 N de âcido cloridrico, deixando-se a solu-çâo em contacte com a amostra de urn dia para o outro. Findo estetratamento procedeu-se à remoçâo do âcido, por lavagem comâgua destilada.

As amostras assim tratadas foram agitadas durante cincominutos com a soluçâo de soda câustica (para as amostras 1, 2e 3, 100 ml de extractante por cada grama de terra; para as amos-tras restantes, 20 ml). A amostra e a soluçâo ficaram em contactodurante a noite, e no dia seguinte decantou-se o lïquido sobrena-dante, o quai foi imediatamente centrifugado para remover impu-rezas em suspensâo. Esta operaçâo de extracçâo foi repetida duasou très vezes, numero que se verificou ser suficiente para umaquase total extracçâo dos âcidos hûmicos.

O extracto de soda, depois da centrifugaçâo, foi levado apH 2 com âcido cloridrico diluido, e o precipitado hûmico formadoseparou-se por centrifugaçâo e lavou-se varias vezes nos tubos dacentrïfuga com soluçâo 0,1 N do mesmo âcido cloridrico. O preci-pitado foi entâo dissolvido na soda câustica a 0,5 %, e o conjunto

Estud., Ens. e Doc. — 87 31

Page 30: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

das operaçôes referidas (centrifugaçâo durante uma hora, preci-pitaçâo e lavagens com âcido cloridrico diluido, e dissoluçâo coma soluçâo extractante) efectuou-se mais quatro vezes. Corn seme-lhante técnica procurou-se obter âcidos hümicos suficientementepurificados.

Depois da ultima lavagem do precipitado hümico com a solu-çâo 0,1 N de âcido clorïdrico, procedeu-se a lavagens com peque-nas porçôes de âgua destilada até se observarem sinais de dispersâo.Passou-se entâo o material para sacos de celofane, dialisou-se,secou-se em estufa de vâcuo à temperatura ambiente e triturou-seem pó fino.

2. Métodos para estudo dos âcidos hümicos.

Caracterizaçào dos âcidos hümicos por espectrofototnetria deabsorçâo — Efectuou-se num espectrofotómetros de Beekman, mo-delo DU.

Os âcidos hümicos dissolveram-se em soluçâo de soda câusticaa 0,5 %. Os respectivos espectros de absorçâo foram expresses emcurvas de absorçâo de soluçôes 0,01 %.

Carbono (C) — Determinado microanaliticamente pelo métodode combustâo por via seca, utilizando-se um aparelho Heraeus.O CO2 libertado foi medido gravimètricamente.

Azoto (N) — Método de Kjeldahl. O material foi digeridoem âcido sulfürico concentrado. Como catalisador usou-se sulfatode cobre.

Hidrogénio (H) — Determinado microanaliticamente pelo mé-todo de combustâo por via seca, utilizando-se um aparelho Heraeus.A mediçâo do hidrogénio fez-se gravimètricamente.

Fósfoto (P)—Ataque com âcido nïtrico e âcido per-clórico (34).

32' Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 31: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümieos de solos de Angola

A determinaçâo do fósforo foi feita por método colorimétricobaseado no azul-de-molibdénio, conforme a técnica seguida por M I -RANDA ( 28 ), modificada no que respeita à eliminaçâo do ferro ( 1 ).Utilizou-se um espectrofotómetro Beekman, modelo B.

Fcrro (Fe) — Determinado colorimètricamente, no extractopara doseamento do fósforo, pelo âcido tioglicólico (39). Utilizou-seum colorïmetro fotoeléctxico Engel, da Kipp & "Zonen.

Aluminio (Al) — Determinado, no extracto para doseamentodo fósforo, pelo método colorimétrico do atuminon (41). As leiturasforam feitas num colorimetro fotoeléctrico Engel, da Kipp ö Zonen.

Capacidade de troca catiónica — Foi determinada por saturaçâocom o iäo ßa++.

Durante 18 horas, num agitador de vaivém, agitaram-se amos-tras de âcidos hûmicos (équivalentes a 0,1 g de material secoa 100°C e isento de cinza) corn 50 ml de soluçâo N/200 de BaCl2,à quai se adicionaram quantidades convenientes de HCl ouBa(OH)2, de forma a obterem-se diferentes valores de pH. Ter-minada a agitaçâo, as amostras foram centrifugadas. Em seguidatomou-se uma parte alïquota da soluçâo lïmpida sobrenadante,determinando-se nela o Ba existente. Entâo, 6s âcidos hûmicosforam ressuspensos na soluçâo restante e o pH foi medido ime-diatamente.

O bârio adsorvido obteve-se por diferença entre a quantidadeexistente na soluçâo original e a encontrada na soluçâo depois dacentrifugaçâo.

A determinaçâo do bârio foi feita colorimètricamente (26), uti-lizando-se um colorimetro fotoeléctrico Engel, da Kipp & Zonen.

O pH foi medido com eléetrodo de vidro, utilizando-se umpotenciómetro Beekman modelo H2.

O tempo de 18 horas e a técnica de agitaçâo, utilizados nadeterminaçâo, foram estabelecidos com base no estudo das condiçôesde equilibrio da reacçâo.

Estud., Ens. e Doc. — 87 33

Page 32: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

Viscosidade (a 20°C) —Calcularam-se a viscosidade relativa,a viscosidade especifica e o numéro de viscosidade, em hidrossoles0,5 % e 1,0 %.

Para estes câlculos, mediu-se o tempo de escorrimento doshidrossoles hümicos e da âgua com um viscosimetro capilar deOstwald.

Densidade (a 20°C) —calculou-se pela expressäo

, P — Po

Ps = Po + c , em que

Ps — densidade a (20°C) de hidrossole 0,5%. determinadapelo método do picnómetro;

Po — densidade do solvente à temperatura de 20°C;c — concentraçâo do hidrossole, expressa em g/ml;p —densidade dos acidos hümicos (incognita).

Numero de expansibilidade — Os acidos hûmicos, devido àembebiçâo com âgua, aumentam de volume.

Definimos numéro de expansibilidade como a relaçâo entreo volume efectivo ocupado pelos âcidos hûmicos quando dispersosem âgua e o seu volume real.

O volume efectivo calculou-se pela equaçâo de EINSTEIN, mo-dificada por MEYER e MARK [LUTZ (22)]:

0T\rci = 1 + 2 , 5 , em que

V—<t>t\,ci — viscosidade relativa, de hidrossole de concentraçâo

conhecida;0 — volume efectivo ocupado pelos âcidos hümicos;V — volume total de hidrossole.

O volume real calculou-se a partir da densidade dos respectivosâcidos hümicos.

34 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 33: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

Equivalente de humidade — Determinado por centrifugaçâo,durante trinta minutos, com velocidade equivalente a mil vezes aforça da gravidade, em amostras de âcidos hümicos saturadas comâgua.

A centrifugaçâo das amostras fez-se em centrifuga Interna-cional modelo ME, utilizando-se recipientes com caracterïsticasidênticas as dos utilizados nos solos (5), mas com dimensôes muitomenores (1,9 cm X 1,9 cm X 2,4 cm). O f undo de rede dos recipien-tes foi tapado com papel de filtro Whatman n.° 542.

Percentagem a 15 atmosferas — Método da membrana depressâo.

Trabalhou-se com amostras de âcidos hûmicos saturadas comâgua. A pressâo foi aplicada gradualmente, mantendo-se nas 15atmosferas até deixar de se verificar libertaçâo de âgua.

Floculaçao — No estudo da floculaçâo foi apenas observada aestabilidade de hidrossoles hûmicos em presença do cloreto de bârio.

Durante dois minutos agitaram-se porçôes de 50 ml de hidros-sole dialisado 0,04 %, com diferentes quantidades de cloreto debârio. A floculaçao foi medida apôs 24 horas de repouso, determi-nando-se para isso a porçâo de âcidos hümicos näo floculadose subtraindo-a à totalidade existente no hidrossole.

Para determinar a porçâo de âcidos hûmicos nâo floculados,dispersaram-se com soda câustica os âcidos hümicos duma parte ali-quota da suspensâo, fazendo-se em seguida a sua mediçâo colori-métrïca.

O colorimetro utilizado foi um colorimetro fotoeléctrico Engel,da Kipp & "Zonen.

Os resultados apresentados referem-se aos acidos hümicossecos a 100°C e isentos de cinza.

Estud., Ens. e Doc. — 87 35

Page 34: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

ESTUDO DOS ÂCIDOS HÛMICOS

l—CÄRACTERIZACÄO DOS ÂCIDOS HÛMICOSPOR ESPECTROFOTOMETR1A DE ABSORCÄO.

SPRINGER [RETORTILLO (32)] chamou a atençâo para o factode a cor dos âcidos hûmicos variar de pardo-escura a negra, con-soante a sua riqueza em âcidos hematomelânicos, âcidos hûmicospardos e âcidos hûmicos cinzentos, e definiu métodos para caracte-rizar tal propriedade dos âcidos hûmicos, os quais permitem ter umaideia da proporçâo em que os diferentes constituantes entram na suacomposiçâo.

De acordo com o que se acaba de referir, a caracterizaçâo dosâcidos hûmicos pode fazer-se pelo farbquotient (*) (F.Q.), queé o quociente de dois coeficientes de extinçâo, medidos na mesmasoluçâo de humato-TVa em regiôes espectrais afastadas (32). Oscomprimentos de onda prefendos para a determinaçâo de F.Q. sâoos de 463 m^ e 619 mu, mas outros podem ser utilizados, tais como463 e 729 mix (30), 463 e 623 my. (31), 472 e 664 mu (36), etc.

Além da caracterizaçâo pelo farbquotient, os âcidos hûmicospodem ser também caracterizados pela relaçâo

^ 4 6 3 ^666

*-572

Quociente de cor.

Estud., Ens. e Doc. — 87 37

Page 35: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

ou pela indinaçâo da curva tipica de cor (1) na zona correspondenteaos comprimentos de onda de 463 m ^ e 619 my- (32). Uma medidadesta indinaçâo pode obter-se pela diferença das ordenadas dacurva referentes a 463 mu e 619 m;*, ou, o que é o mesmo, porlog F.Q.:

log * 4 M - lK,

(463/619).619

Os valores das constantes acabadas de définir, apresentadospor SPRINGER [RETORTILLO (32)] para os âcidos hematomelânicos,âcidos hümicos pardos e âcidos hûmicos cinzentos, estâo reunidosno quadro 2.

QUADRO 2

Âcidos hematomelânicos ...

Âcidos hûmicos pardos ...

Âcidos hûmicos cinzentos

4,40

3,00 - 4,20

1,70-2,20

log -£iü

0,64

0,48 - 0,62

0,23 - 0,34

** 4M

• 2,37

1,62-2,30

0,70-1,15

Comparando tais valores corn os referentes aos âcidos hûmicosestudados (quadro 3), pode deduzir-se que estes sâo constituidospor uma mistura de âcidos hûmicos pardos e âcidos hûmicos cin-zentos, e possivelmente por pequena quantidade de âcidos hemato-

(!) Curva de absorçâo dos âcidos hûmicos, tendo por abcissas os com-primentos de onda e por ordenadas os logaritmos dos respectivos coeficientesde extinçâo.

38 Estud., Ens. e Doc. — 87

-\

Page 36: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, E. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

melânicos. Deduz-se ainda que a percentagem de âcidos hûmicoscinzentos aumenta pela ordern:

«Turfassolo» < Solos «ferraliticos» < «Barros pretos».

QUADRO 3

Amostras

1234567

Ku,

K.,,

3,442,892,863,003,243,172,94

log K'a

0,540,460,460,480,510,500,47

^4«i — Kg*»

K BJI

1,941,581,551,711,861,781,66

Relativamente aos âcidos hûmicos dos solos «ferraliticos» estu-dados, verifica-se que a percentagem de âcidos hûmicos cinzentosvaria no mesmo sentido do ferro livre doseado nas amostras de solo.Estes resultados sâo aceitâveis, dado que os âcidos hûmicos que seligam as argilas pelos sesquióxidos de ferro (ou de aluminio) sâoprincipalmente âcidos hûmicos cinzentos (13).

Na fig. 1 representam-se as curvas de absorçâo de soluçôesde humato-Afa dos âcidos hûmicos estudados, as quais sâo curvastipicas de cor, e no quadro 4 encontram-se os valores para o traçadodessas curvas.

Todas as curvas mostram igual desenvolvimento, o que indicaque os vârios âcidos hûmicos, seja quai for a sua origem, têm asmesmas própriedades ópticas. O poder de absorçâo de luz é sempremâximo na regiâo ultravioleta e diminui com o aumento do compri-mento de onda. A diminuiçâo é brusca até cerca de 225 m[x; torna-seentâo muito menos brusca até 280-300 mu; e volta a ser mais bruscaa partir deste comprimento de onda, mas sem tornar o aspectoinicial.

Estud., Ens. e Doc. — 87 39

Page 37: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

ACtDOS HÜMICOS DE TUflfASSOLOAmoftra 1 o <. o

ÀCIDOS' HÜMICOS DE BARROS PRETOS

Ans ma 2

ACIDOS HÙMICOS DE SOLOS FERRAUÎICOStracameritç ferraiicos

Amottro ^ • • •

Amoitro S »Amoitro 6 • • - — •

terr i l ico h'pko

74O 7OO 660 b2O S8O 5<O 5OO 46O <2O 3BO 3<O 300 7b'" 22O

COHPRIHENTO DE ONDA (m JU )

FIGURA 1

40 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 38: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âctdos hümicos de solos de Angola

-(©©©©©©©©OOOOO©©©©TTTTTTTTTTTÎTTTTTTTTÎTTTMrln0JNO0)^N"*«Q0«W*00Ha0tDIMQ0ce"d'O01t3)CDilHNHOC

) COCGOCOCS œKHOîCOaONIXOiO-^^MWOÎININNMrHHHHHr1 rô " " f "" " " T T T " Ó " " " " " T " " " " " " " ~ T * T " " " " *T O" Ó" o" o"o" o" cTo" o" o" ©"©"©" ©"©~ cT o* cT ©"©" o" ©" ©* ©"

.-Tó"©"©**©" o" ©*Q o"o"ö"o"e"o" o"o"c> cTo"o"o"o*cq_co_t> co oo co os

îîiîîîîïïîïïlîffîïïiïïïïïHHHOOOOO

D-COcOîCCO iI cTcTd'o'o' I &0&Oe£<£&0<£&Oc5oOOOOOOOOr*T*r*r*

t Cï ^ ^^ ^ i ß ^J J ^^ ^ ^ i 5 OO t T ^ 0^ CO t CO ©^ O^ ©Naa00'*mWrJ«NCDOOt'C0HOON<0«iQHt»-nOŒWH31N©tClCi0' 'iiC0CJMNIM

ït-cqONOco:

1-HOOOOOOOOOOOOOO TTTTTTîTTÎTTTTTTTTTTïf

oQ

ïr-NMOOONOHOOMOHODMMH. . . _ . . . . . _ _ _ _ . _. . . . . .SWNOtóHNOÏCNCOmHfflMNinIS 00 CO 00 00 00 t^ t1^ tO CO lO " ^ CO CO C*l ^H ^^ ^H ^^ C ï ^ [' 'i • ' ^^ ^^ c^ O*l CO CO CO " ^ ^^ J lO CO CO £** t^ 00

gN^COOt-NWOOCÖNOHOOMOHODC•iffiOSWOOWC-OißflNOltONCDMHOe

:q1fffffffffïfffffîf3©©©©©©©00©©©©0©0©©0©©©©©©©00©000©©©0

COOO-CDCOCOCCCOii I O O O O O O O O O O O O O O O O O O

O) « CQ IN O ® »ft N^O)MN0Û1*C0'*H' fC(M0WQOCOWHOff) ©0>NM00r^N'*XNHiHW0rH00t>.I>t*I>eO œiC iû ' J lMMNHOOOOO4 " " T ' ' r d 1 | ' ' r ö ' ' ' r ' ö ' ' " 1J1TTÎTTÎTTTTÎTTTÎÎÎTTÎ

iHOOOOOOOOOOOCOOOOOOOOO

TTTTTTTTÎTTTTTTTTTTTTÏÏTTOOCOCOCOI>^J»tß(M'*COCötOiHOSOa5iOCOCOOCOcaOaJCO"*-!ll(?JOOOOSI>COiß"3 .

o co co o as t co as tc co © f c ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ w „ ^ \ ^ ^ ^ T ^ ' ~ i ' - t i - l ' - t ' - t ^ ^ c ^ o _ o _T co" co" có" co" c " N" of i-T r-T T-T r-T ó" o" o" o" o" o ö* ö" ö" o" o" o" o*o'cro'c?o'o'o"'ö'o'ö*o'o~

J ï 'laoinoioooooooooooooowwoooooNOOOOoo^tDOOOÄO!:

Estud., Ens. e Doe. — 87 41

Page 39: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

Nos âcidos hûmicos extraidos das amostras de «barros pretos»a diminuiçâo do poder de absorçâo de luz entre 225 m;x e 280-300 mué nîtidamente mais suave do que nos restantes âcidos hûmicos.

lima diferença bem evidenciada pelas curvas de absorçâo é aque diz respeito ao poder de absorçâo de luz dos varies âcidoshûmicos. As curvas que correspondem aos âcidos hûmicos extraidosdas amostras de «barros pretos» apresentam os mais elevados coefi-cientes de extinçâo e a que corresponde aos âcidos hûmicos extraidosda amostra de «turfassolo» apresenta os coeficientes de extinçâomais baixos; as curvas correspondentes aos âcidos hûmicos extraidosdas amostras de solos «ferraliticos» apresentam coeficientes deextinçâo intermédios. A ordem segundo a quai aumenta o poderde absorçâo de luz é, pois:

«Turfassolo» < Solos «ferraliticos» < «Barros pretos».

O poder de absorçâo de luz das soluçôes de humato-2Va dâ umamedida da intensidade do torn escuro dos respectives âcidos hûmicos.Desta maneira, pode dizer-se que os âcidos hûmicos extraidos daamostra de «turfassolo» sâo menos escuros do que os extraidos dasamostras de solos «ferraliticos» e uns e outros menos escuros doque os extraidos das amostras de «barros pretos». Como é com-preensivel, esta variaçâo na intensidade do tom escuro dos âcidoshûmicos dâ-se no mesmo sentido da variaçâo do seu teor em âcidoshûmicos cinzentos.

Considera-se possïvel medir a intensidade relativa do tornescuro dos âcidos hûmicos estudados, partindo das curvas trans-missâo-concentraçâo das respectivas soluçôes de humato-TVa (fig. 2,quadro 5). Verifica-se nestas curvas que uma transmissâo de 30 %,por exemplo, corresponde a diferentes quantidades de âcidoshûmicos:

«Barros pretos» (valor médio) 4,79 mgSolos «ferraliticos» (valor médio) 9,14 mg«Turfassolo» 12,85 mg

42 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 40: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

: f -, r r T f

, v.\ I W î11 s i i I m Ase !s . 'si s8 I

i g•S 5

1s 11 i i ~ I

Estud.. Ens. e Doc. — 87 43

Page 41: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

Isto quer dizer que, devido a diferença na intensidade do torn es-curo, as diversas soluçôes de humato-Afa têm de ter concentraçâodiferente para apresentarem a mesma opacidade. Tomando-se comounitârio o valor correspondente aos âcidos hûmicos extraidos das

QUADRO 5

0,94

2,82

4,69

6,57

8,45

12,01

16,89

18,77

21,87

91,0

76,6

65,7

53,5

45,2

32,5

20,5

17,1

12,8

Amostra 2

If"a

0,24

0,49

0,98

1,96

2,94

3,92

4,90

6,86

8,81

94,8

90,2!

80,9

65,5

52,0

42,0

34,2

22,2

14,0

Amoslra 3 . Amostra 4

0,22,

0,45

0,90

1,79

2,69

3,58

4,48

5,55

6,27

93,5

88,8

80,7

60,6

46,2

35,9

27,4

20,0

16,1

0,99

2,98

4,97

6,96

8,94

10,83

12,52

15,01

17,78

B 2

89,1

70,5

55,0

43,5

34,0

27,0

21,7

16,0

11,5

0,98

1,96

2,93

4,89

6,84

9,78

11,34

13,00

16,23

88,1

79,1

69,1

55,5

43,2

29,7

25,0

20,5

13,6

Amostra 6

I!o A

0,48

0,96

2,87

4,78

6,69

8,60

10,51

12,42

14,33

95,0

89,7

70,8

55,8

45,1

35,2

27,7

21,8

17,1

Amostra 7

2 a

0,47

0,93

1,87

2,80

4,67

6,54

8,40

10,27

12,14

92,5

85,3

72,3

61,9

45,5

33,5

24,1

17,1

12,5

amostras de «barros pretos», verifica-se que, para efeitos de inten-sidade do torn escuro, 1,0 unidade (em peso) de âcidos hûmicosextraidos das amostras de «barros pretos» vale tanto como 1,9unidades de âcidos hûmicos extraidos das amostras dos solos «ferra-liticos» e como 2,7 unidades de âcidos hûmicos extraidos da amostrade «turfassolo». Se 1 kg, por exemplo, de âcidos hûmicos de «barros

44 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 42: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

pretos» provocar determinado escurecimento de solo, o mesmo es-curecimento só se conseguirâ com cerca de 2 kg de âcidos hûmicosno caso dos solos «ferralïticos» e cerca de 3 kg no caso do «tur-fassolo».

O que acaba de referir-se pôe em evidência que o escurecimentodo solo, por influência da sua matéria orgânica, é relativamente maisintenso nos «barros pretos» do que nos outros solos estudados, oque se justifica por serem os respectivos âcidos hûmicos os maisricos em âcidos hûmicos einzen tos.

Estud., Ens. e Doc. — 87 45

Page 43: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

II. — COMPOSIÇAO QUIMICA ELEMENTAR

Os âcidos hûmicos sâo principalmente constituidos por carbono,oxigénio, hidrogénio e azoto, e por pequenas quantidades de outroselementos que se encontram na respectiva cinza.

A cinza compôe-se, quase sempre, de ferro, aluminio, fósforo,silicio, enxofre, e mesmo câlcio, magnésio e outras bases. Porém,é impossivel precisar se os elementos doseados pertencem ao ma-terial orgânico, a complexos organo-inorgânicos ou a colóides inor-gânicos do solo que contaminem os âcidos hûmicos. É natural que astrès fracçôes contribuant, em proporçâo maior ou menor, para oselementos encontrados na cinza. Os métodos analiticos utilizadosnâo permitem, no entanto, separar as porçôes dos vârios elementoscorrespondentes a cada uma das fracçôes referidas.

1. — Carbono.

SPRINGER (40) encontrou para âcidos hûmicos cinzentos extrai-dos de «tchernoziom» e «turfassolo» teores em carbono de 61,6 e62,6 % e para âcidos hûmicos pardos dos mesmos solos teores de60,2 e 59,4 %. Valores encontrados por FLAIG et al. (15) tambémpara âcidos hûmicos cinzentos e pardos (extraidos de «tchernoziom»e «podzol») sâo sensivelmente iguais:

Âcidos hûmicos cinzentos de «tchernoziom» .... 61,6-62,6%Âcidos hûmicos cinzentos de «podzol» 61,8 %Âcidos hûmicos pardos dé «tchernoziom» 57.0-57,6 %Âcidos hûmicos pardos de «podzol» 59.4 %

Estud., Ens. e Doc. — 87 47

Page 44: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hümicos de solos de Angola

As determinaçôes de carbono em amostras de âcidos hümicoscinzentos e pardos revelam assim que os âcidos hümicos cinzentossäo mais ricos em carbono do que os pardos, independentementeda sua origem. Sucede, porém, que a mesma conclusâo parece nâo sepoder tirar das determinaçôes efectuadas directamente em âcidoshûmicos extraïdos de diversos tipos de solos, pois nem sempre osâcidos hümicos que se consideram mais ricos em âcidos hümicoscinzentos apresentam teor em carbono mais elevado do que os quese consideram essencialmente constituidos por âcidos hümicospardos.

Como se sabe, os âcidos hümicos cinzentos predominam nosâcidos hûmicos dos «Tchernozioms» e «Rendzinas» e os âcidoshümicos pardos encontram-se em grande quantidade, ou mesmo comoos ünicos âcidos hûmicos, nos âcidos hûmicos dos «Solos PardosFlorestais», «Podzois» e «Turfassolos». Ora verifica-se, por dadosde FORSYTH (16), FLAIG et al. (15), AMBROZ (3) e NEHRING (30),

que os âcidos hûmicos de «tchernozioms» e «rendzinas» têm teor emcarbono de 57,7-60,1 % e que os de «solos pardos florestais»,«podzois» e «turfassolos» têm teor de 51,0-63,5 %. Apesar de osmenores teores de carbono se encontrarem nos âcidos hümicos quese consideram com predomïnio de âcidos hümicos pardos, é nestestambém que se encontram os teores mais elevados.

No caso dos âcidos hümicos estudados, o carbono varia de55,16 a 59,25 % (quadro 6). Estes valores säo da mesma ordernde grandeza dos referidos para «tchernozioms», «rendzinas», «solospardos florestais», «podzois» e «turfassolos».

Verifica-se no nosso caso que hâ relaçâo entre o teor em car-bono e a riqueza em âcidos hümicos cinzentos. O carbono aumentasegundo a ordern:

«Turfassolo» < Solos «ferralîticos» < «Barros pretos»,

e esta é também a ordern segundo a quai aumenta a percentagemde âcidos hûmicos cinzentos.

48 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 45: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

2. — Azoto.

Ao définir âcidos hûmicos cinzentos e pardos, SPRINGER

[RETORTILLO (32)] afirma que os âcidos hûmicos cinzentos secaracterizam por conteûdo em azoto maior do que os âcidos hûmicospardos.

QUADRO 6

Atnostras

1

2

3

4

5

6

7

CCM

55,16

59,09

59,25

56,28

56,54

56,97

57,70

NCAO

4,15

2,25

2,28

3,52

3,39

3,66

3,39

C/N

13,3

26,3

26,0

16,0

16,7

15,6

17,0

HCAO

4,97

3,74

3,12

4,54

4,68

4,76

4,78

P*C/.;

0,16

0,06

0,10

0,07

0,10

0,18

0,39

Fe»CAO

0,48

0,19

0,08

0,11

0,43

1,46

2,29

Al*CAO

1,35

0,42

'0,19

0,13

0,41

0,76

1,03

Cinza»CAO

3,5

1,1

0,5

0,5

1,5

3,9

5,9

•Valores referidos aos âcidos hûmicos secos a 100°C, com cinza.

Resultados de outros autores nâo permitem a mesma conclusâo,levando a pensar que a origem dos âcidos hûmicos influi grande-mente na sua riqueza em azoto. Entre estes resultados contam-se osde MEYER (27) e os de FLAIG et al. (15).

MEYER (27), trabalhando com diversos materiais, obteve osseguintes valores para o azoto:

Âcidos hûmicos cinzentos de «tchernozioms» 2,3-2,6 %Acidos hûmicos pardos de «tchernozioms» 3,0-3,5 %Âcidos hûmicos pardos de «kasselerbraun», «hu-

minkohle» e «turfassolo» 0,7-1,6 %

Estud., Ens. e Doc. — 87 49

Page 46: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

FLAIG et al. (15), trabalhando com «tchernozioms» e «podzois»,obteve valores da mesma natureza:

Âcidos hûmicos cinzentos de «tchernozioms» ... 2,27-2,83 %Âcidos hûmicos cinzentos de «podzois» 2,18 %Âcidos hûmicos pardos de «tchernozioms» 4,08-4,19 %Âcidos hûmicos pardos de «podzois» 1,89 %

Desta forma, o ponto de vista de SPRINGER [RETORTILLO (32)]tem de ser considerado com réserva, tanto mais que dados récentesobtidos pelo mesmo autor (40) nâo o confirmam claramente. Essesdados, que dizem respeito a preparaçôes de âcidos hûmicos cin-zentos e âcidos hûmicos pardos de «tchernozioms» (2,76 % e2,70 % de azoto, respectivamente), continuam a mostrar seremos âcidos hûmicos cinzentos mais ricos em azoto do que os par-dos, mas revelam, por outro lado, que a diferença pode nâo sermuito evidente.

O teor em azoto de âcidos hûmicos extraidos de amostras desolos diferindo bastante quanto à natureza do material hûmicoapoia o que acaba de referir-se. Valores de 3,12-5,00 % em «tcher-nozioms» e «rendzinas» (40, 30, 3, 15) e de 1,56-4,50 % em «solospardos florestais», «podzois» e «turfassolos» (16, 30, 3) mostramque sâo os âcidos hûmicos em que predominam os âcidos hûmicospardos os que apresentam o mais baixo teor em azoto, mas mostramtambém que, em bastantes casos, âcidos hûmicos daquele mesmotipo podem apresentar valores de azoto iguais, ou superiores, aosobservados nos âcidos hûmicos ricos em âcidos hûmicos cinzentos.

Os conteûdos em azoto dos âcidos hûmicos estudados (qua-dro 6) säo da mesma ordem de grandeza dos correspondentes aosâcidos hûmicos discutidos acima — variam de 2,25 a 4,15 %. Todosos valores estâo dentro dos limites referidos para os âcidos hûmicosde «solos pardos florestais», «podzois» e «turfassolos», e algunsdeles coincidem também com os referidos para os âcidos hûmicos de«tchernozioms» e «rendzinas».

50 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 47: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

Verifica-se, por outro lado, que os acidos hümicos com maioresquantidades de acidos hümicos cinzentos sâo os mais pobres cmazoto. Com efeito, o azoto aumenta pela ordern

«Barros pretos» < Solos «ferraliticos» < «Turfassolo»,

e é segundo esta ordern que diminui a percentagem de âcidoshûmicos cinzentos.

Estes resultados estâo, assim, também em desacordo com aafirmaçào de SPRINGER de terem os âcidos hûmicos cinzentos maiorteor em azoto do que os âcidos hümicos pardos.

MATTSON 6 KOUTLER-ANDERSSON (24) admitem que o amo-niaco libertado no solo pela decomposiçâo dos residuos végétaisé parcialmente fixado por compostos nâo azotados, constituindoassim fonte importante do azoto encontrado nas substânciashûmicas. Estudando as condiçôes que regulam esta fixaçâo, verifi-caram que a oxidaçâo simultânea do material fixador a favorecia,e que, contràriamente, quanto maior fosse o grau de oxidaçâo domaterial originârio mais ela séria dificultada. Embora o mecanismosugerido por MATTSON Ö KOUTLER-ANDERSSON (24) nâo deva sero ûnico responsâvel pelo aparecimento do azoto nas substânciashûmicas, nâo hâ dûvida que ele se processa no solo. Desta maneira,a riqueza em azoto das substâncias hûmicas pode variar muito, poisdépende fortemente da amónia libertada durante a decomposiçâo,da intensidade dos fenómenos de oxidaçâo e do grau de oxidaçâodo material originârio.

3. — Hidrogénio.

O hidrogénio (quadro 6) apresenta valores ligeiramente supe-riores aos valores do azoto — varia de 3,12 % a 4,97 %.

Tal como sucede com o azoto, as menores percentagens dehidrogénio encontram-se nos âcidos hümicos extraidos das amostrasde «barros pretos» (3,12-3,74 %) e a maior nos âcidos hümicos

Estud., Ens. e Doc. — 87 51

Page 48: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

extraidos da amostra de «turfàssolo» (4,97%). As percentagensde hidrogénio dos âcidos hümicos extraidos das amostras de solos«ferraliticos» apresentam valores intermédios (4,54-4,78 % ) .

4. — Relaçâo C/N.

Os valores da relaçâo C/N dos acidos hümicos estudados(quadro 6) variam de 13,3 a 26,3. Os acidos hümicos extraidos dasamostras de «barros pretos» apresentam as relaçôes mais altas(26,0 e 26,3) e os extraidos da amostra de «turfàssolo» a relaçâomais baixa (13,3). Os âcidos hümicos extraidos das amostras dossolos «ferraliticos» apresentam relaçôes com valores intermédios(15,6-17,0).

Se compararmos estas relaçôes com as respeitantes as amostrasde solo de onde se extraïram os âcidos hümicos ( quadro 1 ), verif i-ca-se que, no caso dos solos «ferraliticos» e «turfàssolo», as relaçôescorrespondentes aos âcidos hümicos sâo ligeiramente maiores doque as correspondentes as amostras de solo (16,8-13,6, 16,7-15,6,15,6-15,1, 17,0-16,9 e 13,3-11,7); e que no caso dos «barros pretos»a diferença entre as relaçôes é bastante grande — o seu valor é de26,3 e 26,0 nos âcidos hümicos e de 13,7 e 12,1 nas amostrasde solo.

Tendo em atençâo que no solo os detritos orgânicos que acom-panham o humus apresentam relaçâo C/N particularmente elevada,e admitindo, como é usual, que a humina tem uma relaçâo sensivel-mente igual à dos âcidos hümicos e a fracçâo fûlvica relaçâo umtanto maior, só se podem compreender as diferenças encontradasse se aceitar que uma fracçâo mais ou menos importante do azotodoseado nos solos nâo corresponde a azoto orgânico, mas sim aazoto minerai fortemente fixado pelos colóides argilosos. No casodos «barros pretos», em que a diferença entre as relaçôes é grande,a percentagem de azoto sob tal forma deve ser apreciâvel; no casodos solos «ferraliticos» jâ o mesmo nâo sucederâ.

52 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 49: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

Parece ainda ser possïvel concluir-se dos valores da relaçâoC/N que a humificaçâo da matéria orgânica dos solos de onde seextraîram os âcidos hûmicos estudados (e muito provàvelmente damatéria orgânica da maioria dos solos das regiöes tropicais ) originahumus de relaçâo C/N elevada, e nâo de relaçâo C/N à volta de10, usualmente admitida como a relaçâo caracteristica do humus dossolos das zonas temperadas.

Vem a propósito observar ser conveniente rever a ideia quese tem de que a relaçâo C/N da matéria orgânica dos solos daszonas temperadas se estabiliza num valor proximo de 10, pois areferida relaçâo nos âcidos hûmicos extraîdos desses solos tambémapresenta, com frequência, valores altos. Na realidade, resultadosobtidos por SPRINGER (40), NEHRING (30) e FLAIG et al. (15) mos-tram para âcidos hûmicos de «tchernozioms» relaçôes de 14,8 a 19,5,de «rendzinas» 13,1 a 16,0, de «solos pardos florestais» 13,0 a 29,2e de «podzois» 16,4 a 28,4.

5. — Cinza.

A cinza dos âcidos hûmicos estudados é quase totalmente cons-tituïda por fósforo, ferro e aluminio, e é possivel que também con-tenha silicio e enxofre. Nâo tem câlcio nem magnésio.

Nâo se pode precisar se os elementos doseados entram ou nâona constituiçâo da molécula hûmica e, no caso afirmativo, se ésômente uma porçâo desses elementos ou se é a sua totalidade quedelà fazem parte. Contudo, parece ser admissïvel dizer-se que frac-çâo importante da cinza représenta impureza, possivelmente devidoa contaminaçâo dos âcidos hûmicos por colóides inorgânicos do solo.

As percentagens de carbono, azoto e hidrogénio dos âcidoshûmicos tomam valores obedecendo a certas normas, reflectindoassim o estado de equilibrio que os âcidos representam na evoluçâoda matéria orgânica.

Da mesma maneira, se o fósforo, o ferro e o aluminio determi-nados fizessem parte da molécula hûmica, as suas percentagens

Estud., Ens. e Doe. — 87 53

Page 50: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

deviam formar conjuntos de valores menos dispersos do que osobservados e, simultâneamente, agrupar-se em subconjuntos delimites estreitos correspondendo aos tipos de âcidos hûmicos jâdefinidos — de «barros pretos», de solos «ferraliticos» e de «tur-fassolo». Ora isso nâo acontece. Nos âcidos hûmicos extraidos dasamostras de «barros pretos» o fósforo toma valores de 0,06 %e 0,10 %, o ferro de 0,19 % e 0,08 % e o aluminio de 0,42 % e0,19 %; nos âcidos hûmicos extraidos das amostras de solos «ferra-liticos» as percentagens destes elementos variam desde os menoresvalores encontrados para os âcidos hûmicos dos «barros pretos» atévalores bastante maiores — fósforo de 0,07 a 0,39%, ferro de0,11 % a 2,29 % e aluminio de 0,13 % a 1,03 %; e no caso dosâcidos hûmicos extraidos da amostra de «turfassolo» as percenta-gens de fósforo e ferro tomam valores iguais a alguns dos obser-vados em âcidos hûmicos dos solos «ferraliticos» (0,16 % e 0,48 %,respectivamente) e a percentagem de aluminio excède qualquer dasencontradas ( 1,35 % ).

Por outro lado, verifica-se que as percentagens dos elementosem discussâo nâo estâo correlacionadas com as percentagens decarbono ou azoto, elementos que constituem, indiscutivelmente, amolécula hûmica.

A ûnica correlaçâo existente é entre a percentagem de fósforoe a percentagem de ferro mais aluminio.

Desta maneira, parece ser vâlido admitir-se que fracçâo impor-tante do fósforo, e bem assim do ferro e do aluminio, constituiimpureza dos âcidos hûmicos.

É possivel que percentagem elevada dos elementos referidosprovenha dos fosfatos de ferro e de aluminio do solo, devido à suasolubilizaçâo pela soluçâo de soda câustica utilizada na extracçâodos âcidos hûmicos. Tais fosfatos serâo fortemente retidos pelasmicelas de âcidos hûmicos, e as repetidas precipitacöes e dissolucöes,efectuadas durante a preparaçâo do material, nâo conseguirâo elimi-nâ-los integralmente.

54 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 51: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

III. — TROC A CATIÓNICA

É normal referir-se que a matéria orgânica tem capacidade deadsorçâo catiónica grande. A matéria orgânica manifesta clevadacapacidade de adsorçâo de catiôes devido à natureza da sua fracçâoactiva —• o humus.

A noçâo de que o humus apresenta grande capacidade deadsorçâo é essencialmente baseada na determinaçâo da capacidadede troca catiónica em amostras de solos minerais, com e sem des-truiçâo da matéria orgânica, e em amostras de solos orgânicos, e sómuito raramente se apoia em determinaçôes feitas no humus ou nassuas fracçôes.

A capacidade do humus para adsorver catiôes é dévida à exis-tência de cargas eléctricas negativas, provenientes, ao que se pensa,da ionizaçâo de grupos —COOH e —OH. A capacidade de adsor-çâo aumenta continuamente com o aumento da actividade hidroge-niónica do meio, admitindo-se que até pH 7,0 provém da ionizaçâodos carboxilos e que acima de pH 6,0 é essencialmente dévida àionizaçâo dos oxidrilos.

COLEMAN 6 MEHLICH (12) indicam que a capacidade de trocacatiónica é quase nula a pH um pouco inferior a 4,0 e que aumentalinearmente com a subida de pH. Para pH 4,0 referem uma carganegativa de 20 m. e. por 100 g e para pH 6,0 de 100 m. e. por 100 g.

Entre os estudos mais completos sobre a adsorçâo catiónica dohumus conta-se o de RIDALEVSKAYA & TISCHENCO [JOFFE (20)], que

Estud., Ens. e Doc.—87 55

Page 52: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hümicos de solos de Angola

trabalharam com âcidos hümicos extraïdos de «tchernoziom», «solopodzólico» e «turfassolo». Determinaram a capacidade de trocacatiónica a pH 4,5', 6,4 e 8,1, utilizando soluçôes tamponizadas deBaCl2 0,1 N, e verificaram que para todos os valores de pH a capa-cidade de troca dos âcidos hümicos de «tchernoziom» e «solo pod-zólico» era maior do que a dos âcidos hümicos de «turfassolo» eque, dos âcidos hümicos dos dois primeiros solos, apresentavammaior capacidade de troca os provenientes de «tchernoziom («Tcher-noziom»: 292,2-590,5 m. e. por 100 g. «Solo podzólico»: 243,0-548,7m. e. por 100 g. «Turfassolo»: 170,0-400,0 m. e. por 100 g).

As diferenças na capacidade de troca catiónica estâo intima-mente associadas a diferenças na composiçâo. Quanto maior for oconteüdo dos âcidos hümicos em grupos —COOH e —OH maiorsera a sua capacidade de troca.

Nos âcidos hümicos estudados, a capacidade de troca catiónicaaumenta de modo continuo com o pH, tal como é usual verificar-se,atingindo valores bastante elevados a partir de determinados valoresde pH (quadro 7).

A capacidade de troca nâo é a mesma para os diverses âcidoshümicos. Qualquer que seja o pH, aumenta sempre pela ordern(quadro 7, fig. 6):

«Turfassolo» < Solos «ferraliticos» < «Barros pretos».

Esta ordern é a mesma segundo a quai aumenta o teor dos âcidoshümicos em âcidos hümicos cinzentos. Como a capacidade detroca esta associada à presença de grupos —COOH e —OH,o seu aumento pela ordern indicada sera motivado por um maiorconteüdo de grupos —COOH e —OH nas amostras com teoresmais elevados em âcidos hümicos cinzentos.

A diferença entre a capacidade de troca dos vârios âcidoshûmicos aumenta de modo significativo com o aumento de pH.Enquanto a pH 3,0 os valores mâximo e mïnimo da capacidade detroca diferem de 134,7 m. e. por 100 g, a pH 6,0 diferem de 233,1m. e. por 100 g e a pH 9,0 de 290,7 m. e. por 100 g.

56 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 53: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

1og

êIi a

2

<<

• •

2

1<

CO

03

1

CM

|

2o

H

H

H

(H

ai o. o

a "

a

" §

S;• « a .

a ,C o

IT H

a;

a-»

a;S

§••»•U O. o

S3

g,-52

ttj °

(m, 1

as• C i .

a-». o

• & .

CM

ofr-t

OT ^

CM"

T f

vO"

or^C M .

I Or-t

CM

qcf

or-t

ci

O>co"

ooCN

I O

vô"cn

oT H

<N"

•tfO

I OT H

of

CO

I O

oO5^

CM"

I O

r-tIO

oaiCM

O

VO

oco

T f

I O

o^CM

CM"o

or-CM"

^

of

o00^

CM

(32

có"VO

o

of

oaï

o

en"

00^

I O

,05

en

ïo

oCM

en

I O

oco

,_

CJi

I O

r>CM

co_• * "

oT H

VO0 0 .

CM"

cocTr-t

O

" * "

oIO^

• *

CM

co"r-t

O

^ *

CO

aïo

vO(32

of

qof

I O00^

of

VO

oo"CM

I OVO^

of

0 0

ci"T H

CM

I O

CO

O2

CM"a>

o

VO

<D

ca

*o^1VO

I >CM

l O

CO

CO

aït>^

ooVO

œufT H

I O

£%r0 0CM

O0 0

co"

CO_

lO"0 0CM

O

oCMCM

OVO

CÓ"

,_,

CM

O(NCÓ"

o

vo"

co

oen

CB

CM

OCM

CD

CO

SCN

OT H ^

co"

CMCO0 0

en

VOIO^

• * "

^ H

aïco

o1VO .

CO

0 0

o

l >

CM00"

co

I O

en

0 0

5co

oo"

o

ocn

voco_oo"

I O

có"CO

oC2

VO

aï-tf

vO. 0 0

T f

CD

có"VOT f

Or^

tS

T f

CÓ"

CO

VOO _

OJ"

mCOCO

en

vocqoo"

coc>"com

,20

C!

t .OCO

co

I OI O

oo"

0 0co

VOTf^

a>

r-tVO

VO

enCÓ"

CM

ofCOT f

VOr-t

«f

t .COVO

en

VO

co

10,

o

en

ocoœ

T f

r^r-t

Or-t

r-t

p .

16,

T f

VOOci"

T f

87,

co

of -

cocT>o

oT H

oc?

VO

T f "COVO

I Ocnoo"

I O

of»

o0 0

cTiH

CO

aï0 0

o

cT

P .

VOT f

O

o"TH

r.ofVOT f

O

10,

CM00"T f

ooo_c f

aïcnCD

oT H

10,

1

oCO

oC1^

10,

- *

• *

o^*t-H

TH

Estud., Ens. e Doc. — 87 57

Page 54: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

Para os valores da capacidade de troca obtidos, a capacidadede troca nâo varia linearmente com o pH, ao contrario do que dizemCOLEMAN & MEHLICH (12). Os referidos valores, normalmente, pa-recem seguir uma linha sigmoidal (figs. 3-5).

Nâo se tentou ajustar curvas sigmoidais porque nem todos osdados indicam esse tipo de curva, procedendo-se antes ao ajusta-mento de exponenciais. As exponenciais ajustadas, referentes aosdiversos acidos hümicos, sâo as seguintes:

Âcidos hümicos de «turfassolo» (fig. 3)

pH = 2,724 e 00037 T (Fi* = 1.701,05)

Âcidos hümicos de «barros pretos» (fig. 4)

pH = 2,026 e °.°024 T (Fi;i8 = 511,72)

Âcidos hümicos de solos «ferralïticos» (fig. 5)

pH = 2,434 e °-0034 T (Fi;38 = 1.365,80)

Mostram as curvas p/i-capacidade de troca catiónica (figs.3-5) que a variaçâo de T respeitante à variaçâo de uma uni-

. dade de pH diminui com a subida de pH. Quer dizer, a variaçâo émaior na zona dos menores valores de pH. O valor de pH 7,0marca um limite, pois verifica-se que a capacidade de troca aumentamuito mais ràpidamente até esse valor do que dai para cima. DepH 3,0 a pH 7,0 a capacidade de troca aumenta de 3 a aproxima-damente 10 vezes, ao passo que de pH 7,0 a pH 11,0 nâo chegaa duplicar.

Estando a capacidade de troca ligada à ionizaçâo dos car-boxilos e oxidrilos, e sendo por volta de pH 7,0 que quase ter-mina a ionizaçâo dos primeiros e se inicia a dos segundos, é possïvelque se encontre na mudança de mecanismo a explicaçâo para asdiferenças observadas.

Como se acabou de dizer, ao passar-se de pH 3,0 para pH 7,0a capacidade de troca aumenta de 3 a cerca de 10 vezes. Esta diver-

58 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 55: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

Estud.. Ens. e Doc.—^ 59

Page 56: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

i I

60 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 57: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

\

\

À

V

\\ °;

•A

\

E u.

Estud., Ens. e Doc. — 87 61

Page 58: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

ô l3D , ,

62 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 59: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

sidade de aumento esta ligada, como nâo podia deixar de ser, àdiferente natureza dos âcidos hûmicos. Os âcidos hûmicos de «tur-fassolo» sâo aqueles em que a capacidade de troca aumenta maisràpidamente (a pH 7,0 o valor de T é 9,8 vezes maior do que apH 3,0) e os de «barros pretos» aqueles em que o aumento é maislento (a pH 7,0 o valor de T é apenas 3,2 vezes maior do que ovalor a pH 3,0); o aumento da capacidade de troca dos âcidoshûmicos de solos «ferralïticos» é mais lento do que o dos primeirose mais râpido do que o dos segundos (aumenta 5,1 vezes).

Entre pH 7,0 e pH 11,0, como jâ se disse também, o aumentoda capacidade de troca é pequeho, mas intéressa agora salientarque, contràriamente ao que se passa entre pH 3,0 e pH 7,0, ele é damesma grandeza em todos os âcidos hûmicos: a pH 11,0 o valorde T é sempre 1,4 vezes maior do que o valor a pH 7,0.

Embora, como se notou, a variaçâo da capacidade de troca como pH nâo seja uniforme em nenhum dos âcidos hûmicos, o que acabade referir-se mostra que tal variaçâo é mais uniforme nos âcidoshûmicos de «barros pretos» do que em qualquer dos outros âcidoshûmicos (a capacidade de troca aumenta 3,2 vezes de pH 3,0 apH 7,0 e 1,4 vezes de pH 7,0 a pH 11,0) e que a variaçâo maisirregular se verifica nos âcidos hûmicos de «turfassolo» (a capaci-dade de troca aumenta 9,8 vezes de pH 3,0 a pH 7,0 e apenas1,4 vezes de pH 7,0 a pH 11,0).

Deduz-se também das curvas pH-capacidade de troca catió-nica (figs. 3-5) que os âcidos hûmicos estudados apresentam capa-cidade de troca nula para valores de pH relativamente baixos, cercade 1 unidade inferiores ao valor indicado por COLEMAN & MEHLICH

(12) para anulamento da carga negativa do humus. Tais va-lores sâo:

Âcidos hûmicos de «turfassolo» pH 2,72Âcidos hûmicos de «barros pretos» pH 2,03Acidos hûmicos de solos «ferraliticos» pH 2,43

Estud., Ens. e Doc. — 87 63

Page 60: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

Quanto ao mâximo valor da capacidade de troca, nada se podeprecisar, dado que a capacidade de troca aumenta sempre até aosvalores de pH a que foram levadas as determinaçôes (pH 10,0-11,0).Deve contudo referir-se que semelhante aumento da capacidade detroca até pH 10,0-11,0 parece estar em desacordo com as observa-çôes de RYDALEVSKAYA & TISCHENCO [JOFFE (20)], pois estes auto-res verificaram que todos os hidrogeniöes dos âcidos hûmicos estâoionizados a pH 8,1.

De tudo aquilo que se disse, dado o grande alcance que issotern sob o ponto de vista prâtico, é de salientar o facto de a capaci-dade de troca catiónica atingir nos âcidos hûmicos valores bastanteelevados.

A maior capacidade de troca dos âcidos hûmicos de «barrospretos», em comparaçâo com os de «turfassolo» e solos «ferraliticos»,confere-lhes superioridade quanto a esta caracteristica.

A diferença entre a capacidade de troca catiónica dos âcidoshûmicos jâ foi discutida; mas, tomando em consideraçâo que o pHé maior nos «barros pretos» do que nos restantes solos (quadro 1 ),intéressa referir que, nas condiçôes naturais, tal diferença é aindamais marcada.

Os «barros pretos» têm pH 8,4-8,5, os solos «ferraliticos»pH 5,9-6,5 e o «turfassolo» pH 4,5 (quadro 1). Para tais valoresde pH a capacidade de troca catiónica dos âcidos hûmicos é: «barrospretos», cerca de 585 m. e. por 100 g; solos «ferraliticos», 260-290m. e. por 100 g; «turfassolo», 134,0 m. e. por 100 g (fig. 6). Mos-tram estes valores que, nas condiçôes naturais, os âcidos hûmicosde «barros pretos» têm uma capacidade de adsorçâo dupla da mani-festada pelos âcidos hûmicos de solos «ferraliticos» e quadruplaa quintupla da manifestada pelos âcidos hûmicos de «turfassolo».Hâ que contar, evidentemente, com o abaixamento da capacidade detroca dos âcidos hûmicos devido à sua interacçâo com os colóidesinorgânicos, mas, se isso pode modificar urn tanto o panorama aorelacionarem-se os valores entre o «turfassolo» é os restantes solos,

64 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 61: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hümicos de solos de Angola

näo o modificarâ grandemente entre os «barros pretos» e os solos«ferraliticos».

* *

MEHLICH (25), estudando em amostras de solos e de colóidesdo solo a variaçâo da percentagem de saturaçâo de bases com o pH,verificou que os âcidos hümicos extraidos de uma amostra de turfaapresentavam percentagem de saturaçâo minima (0 %) a cerca depH 3,3 e percentagem de saturaçâo mâxima (100%) a cercade pH 7,0.

Jâ se viu que, nos âcidos hûmicos estudados, a capacidade detroca catiónica continua a aumentar para valores de pH superioresa 7,0, indicando que a tal pH ainda se nâo deu a compléta ionizaçâodos hidrogeniôes trocâveis. Viu-se mesmo que näo foi possivel pre-cisar o termo do fenómeno, pois a capacidade de troca aumentousempre até aos valores de pH 10,0 e pH 11,0 a que se levou o ensaio.

QUADRO 8

1

2 e 3

4, 5, 6 e 7

pH 3,0

10,2

31,7

19,8

pH 3,5

26,6

44,1

34,4

Grau de saturaçâo (°/

pH 4,0

40,7

54,9

47,0

pH 4,5

53,2

64,4

58,2

pH 5,0

64,4

72,9

68,1

•)

pH 5,5

74,5

80,6

77,1

pH 6,0

83,7

87,6

85,4

pH 6,5

92,1

94,0

93,0

Atendendo ao que se expos, calculou-se para os diversos âcidoshümicos o grau de saturaçâo (V % ) em relaçâo à capacidade detroca a pH 7,0. No quadro 8 estâo reunidos os valores calculadose na fig. 7 apresentam-se as respectivas curvas (pH-giau de satu-raçâo).

Estud., Ens. e Doc. — 87 65

Page 62: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

7,001

6.00H

5,00H

4,00H

3,OO A

ACIDOS HÜMICOS DE TURFASSOLO

ACIDOS HÜMICOS DE BARROS PRETOS o -o

ACIDOS HÜMICOS DE SOLOS FERRALITICOS °— 0

2,0011O 20 3O 4O 5O 60

GRAU DE SATURAÇÂO

7O 6O 9O 100

FIGURA 7

Page 63: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

Verifica-se pelo exame das curvas que, para qualquer valor dograu de saturaçâo, o pH dos âcidos hûmicos aumenta sempre pelaordern:

«Barros pretos» < Solos «ferraliticos» < «Turfassolo».

Sâo necessârias quantidades diferentes de bases para se atingiro mesmo valor de pH nos âcidos hûmicos de «turfassolo», solos«ferralïticos» e «barros pretos» — nos primeiros menor quantidadedo que nos segundos; nos primeiros e segundos menores quanti-dades do que nos terceiros. Quer isto dizer que os âcidos hûmicosde «turfassolo» têm menor força âcida do que os âcidos hûmicos dossolos «ferraliticos» e que uns e outros têm menor força âcida doque os de «barros pretos».

Embora existam as diferenças apontadas, intéressa referir queas curvas se encontram pouco afastadas umas das outras, e na zonacorrespondente à curva obtida por MEHLICH (25). Até pH 4,0 todasas curvas ocupam posiçâo inferior relativamente à de MEHLICH ( 25 ).De pH 4,5 a pH 7,0 a curva obtida por MEHLICH (25) quase coin-cide com a curva respeitante aos âcidos hûmicos de solos «ferra-lïticos».

Estud., Ens. e Doc. — 87 67

Page 64: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

IV. — ALGUMAS CARACTERISTICAS FiSICAS

FLAIG (14), baseando-se em estudo da viscosidade de soleshümicos, conclui que as particulas dos âcidos hümicos têm formaesférica e säo dotadas de certa porosidade. Observaçôes do mesmoautor com microscópio electrónico confirmam as deduçôes feitas apartir da viscosidade.

Por outro lado, HÉNIN (18) afirma que o microscópio electró-nico revelou que as particulas de certos humus têm forma alongada.

Os esferocolóides e os colóides lineares diferem bastantequanto ao fenómeno da viscosidade.

A viscosidade de soluçôes de esferocolóides, com uma concen-traçâo de 1-2 %, é baixa, ao passo que a viscosidade dos colóideslineares, mesmo em soluçôes 0,5-1,0 %, apresenta valores altos.FLAIG (14) indica para os esferocolóides numéros de viscosidadecompreendidos entre 0,025 e 0,20 e para os colóides linearesnuméros de viscosidade variando de 0,50 a 50.

Intéressa também referir que o numero de viscosidade no casodos esferocolóides é constante para baixas e moderadas concen-tracöes, enquanto que no caso dos colóides lineares aumenta sem-pre com o aumento de concentraçâo da soluçâo coloidal. STAUDIN-

GER e colaboradores [JIRGENSONS & STRAUMANIS (19)] estabele-ceram o valor constante de 0,025 para o numero de viscosidadedos esferocolóides, observando que säo possiveis maiores valoresquando as particulas estäo hidratadas.

Estud., Ens. e Doe. — 87 69

Page 65: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

De acordo com o que acaba de se referir, os numéros de vis-cosidade obtidos (quadro 9) indicam que os âcidos hûmicos estu-dados sâo constituîdos por partîculas esféricas e que estas se apre-sentam hidratadas quando em soluçâo.

QUADRO 9

Amostras

1

o

3

4

6

7

Concentraçâo (*)(%)

0,5

1,0

0,5

1,0

0,5

1,0

0,5

1,0

0,5

1,0

0,5

1,0

0,5

1,0

Viscosidaderelativa(VI rel.)

1,126

1,270

1,0901,185

1,085

1,179

1,108

1,231

1,112

1,240

1,106

1,227

1,1021,214

Viscosidadeespedficam esp.)

0,126

0,270

0,090

0,185

0,085

0,179

0,108

0,231

0,112

0,240

0,106

0,227

0,102

0,214

Numero deviscosidade

0,25

0,27

0,18

0,19

0,17

0,18

0,22

0,23

0,22

0,24

0,21

0,23

0,20

0,21

(*) Valores referidos aos âcidos hûmicos secos a 100°C, com cinza.

Os âcidos hûmicos extraidos das amostras de «barros pretos»sâo os menos susceptïveis de hidrataçâo e os extraidos da amos-tra de «turfassolo» os que podem hidratar-se mais intensamente.Os âcidos hûmicos extraidos das amostras de solos «ferraliticos»comportam-se de maneira intermédia.

70 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 66: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

Como jâ se disse, STAUDINGER indica que o numero de vis-cosidade normal em esferocolóides é 0,025, correspondendo a umahidrataçâo desprezâvel, e FLAIG (14) réfère que os valores mâxi-mos säo da ordern de 0,20, correspondendov inevitàvelmente, àmâxima hidrataçâo das particulas.

Mediçôes de viscosidade, em âcidos hûmicos naturais e sin-téticos, deram a FLAIG (14) numéros de viscosidade compreendi-dos entre 0,10 e 0,23. Os numéros de viscosidade referentes aosâcidos hûmicos aqui estudados sâo da mesma ordern de grandezados de FLAIG (compreendidos entre 0,17 e 0,27 — quadro 9) e, talcomo aqueles, dâo indicaçâo de uma hidrataçâo alta das particulas.

Esta hidrataçâo alta das particulas de âcidos hûmicos, dadoque se trata de esferocolóides, permitiu a FLAIG (14) concluir daporosidade das particulas hûmicas. Da mesma maneira, podedizer-se que as particulas dos âcidos hûmicos estudados näo säocompactas, mas que têm uma estrutura aberta, mais ou menosporosa.

Como resultado da fixaçâo de âgua, as particulas de âcidoshûmicos expandem-se e passam a ocupar maior volume do queno estado seco.

BOUTARIC & THÉVENET (11), investigando uma suspensâo decolóides hûmicos extraïdos de estrume artificial, calcularam queo volume ocupado pelos colóides hûmicos na suspensâo era cercade 6 vezes o volume que ocupavam no estado seco.

Os valores encontrados para a expansibilidade das amostrasde âcidos hûmicos estudados concordam com as observaçôes da-queles autores. De facto, verificou-se que em condiçôes de satu-raçâo os âcidos hûmicos aumentaram o seu volume de 8,5 a 11,0vezes, relativamente ao volume ocupado no estado seco (quadro 10).Os âcidos hûmicos extraidos das amostras de «barros pretos» sâoos menos expansiveis e os extraidos da amostra de «turfassolo»os mais expansiveis; os âcidos hûmicos extraidos das amostras desolos «ferraliticos» apresentam expansibilidade intermédia. Como

Estud., Ens. e Doc. — 87 71

Page 67: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

näo podia deixar de ser, a expansibilidade varia no mesmo sentidoda hidratacäo.

O fenómeno da fixaçâo de âgua pelas particulas hûmicas,com a consequente expansibilidade destas, pöe em evidência anatureza hidrofilica dos âcidos hümicos. Deve contudo referir-se,tal como fizeram BouTARic & THÉVENET (11) ao apreciarem ocomportamento do colóide hûmico por eles preparado, que os âci-dos hümicos estudados näo podem considerar-se colóides tipica-mente hidrófilos.

QUADRO 10

Amostras

1

2

3

4

5

6

7

Densidade (•)

1,14

1,24

1,28

1,09

1,20

1,13

1,22

Numero deexpansibilidade

11,0

8,6

8,5

9,1

10,4

9,4

9,6

Equivalentede bumidade

(%)

528

494

518

528

603

547

528

Percentagema 15 atmosferas

C/o)

92

87

89

70

85

77

93

Capaddadeutilizavel

(%)

436

407

429

458

518

470

435

(*) Valores referidos aos âcidos hûmicos, com cinza.

BOUTARIC & THÉVENET (11) comparam o valor 6 da expan-sibilidade observada na preparaçâo hümica com os valores normaisdos colóides tipicamente hidrófilos, como a goma arabica (ondeobservaram o valor 34), a gelatina, o amido, etc., e sâo assim leva-dos a afirmar que os colóides hümicos experimentam certa expan-sibilidade em contacto com a âgua, mas que essa expansibilidadeé muito inferior à dos colóides tipicamente hidrófilos. Entendempor esse facto, e baseando-se ainda noutras propriedades, que oscolóides hûmicos devem ser considerados ora como fracamentehidrófilos, ora como colóides hidrófobos.

72 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 68: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

Como jâ se indicou, os numéros de expansibilidade dos âcidoshûmicos estudados variam entre 8,5 e 11,0. Estes valores sâo maisaltos do que o encontrado pelos autores referidos, mas sâo aindamuito inferiores aos usuais em colóides hidrófilos tipicos. Pode entäodizer-se que os âcidos hûmicos estudados possuem carâcter hidro-filico mais pronunciado do que a amostra de BOUTARIC & THÉVE-

NET (11), mas também nâo chegam a ser tipicamente hidrófilos.

O carâcter hidrofilico dos âcidos hûmicos é ainda revelado pelanatureza dos valores do equivalente de humidade e da percentagema 15 atmosferas (quadro 10).

O equivalente de humidade varia entre 494 e 603 %. Apesarde nâo serem grandes as diferenças entre os équivalentes de humi-dade dos diversos âcidos hûmicos, verifica-se que os âcidos hûmicosextraidos das amostras de «barros pretos» sâo os que apresentammenores valores e os extraidos das amostras de solos «ferraliticos»os que apresentam maiores valores. O equivalente de humidade dosâcidos hûmicos extraidos da amostra de «turfassolo» é igual aosmenores équivalentes de humidade encontrados para os âcidos hû-micos dos solos «ferraliticos».

No que respeita à percentagem a 15 atmosferas, nâo hâ umaseparaçâo dos seus valores de acordo com os vârios tipos de âcidoshûmicos — de «turfassolo», de «barros pretos» e de solos «ferra/-lïticos». Além disso, também se nâo verifica que a sua variaçâo sede no mesmo sentido em que varia o equivalente de humidade.

A percentagem a 15 atmosferas vai de 70 a 93 %, correspon-dendo estes valores extremos aos âcidos hûmicos extraidos dasamostras de solos «ferraliticos». Nos âcidos hûmicos de «barrospretos» e de «turfassolo» as percentagens a 15 atmosferas estâocompreendidas entre o mâximo e o minimo indicados, sendo osvalores referentes aos âcidos hûmicos de «barros pretos» menoresdo que o obtido para os âcidos hûmicos de «turfassolo».

Admitindo que a diferença equivalente de humidade — percen-tagem a 15 atmosferas constitui uma medida da capacidade utili-

Estud., Ens. e Doc. — 87 73

Page 69: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

zâvel, os valores obtidos mostram que a capacidade dos âcidoshûmicos para fixarem âgua utilizâvel pelas plantas é muito grandee ligeiramente menor nos âcidos hûmicos de «barros pretos» quenos de solos «ferraliticos» e «turfassolo».

A capacidade utilizâvel dos âcidos hûmicos é superior a 400 %(quadro 10). Este valor détermina uma capacidade utilizâvel dosolo de cerca de 4 % por cada 1 % de âcidos hûmicos nele exis-tentes.

Considerando os âcidos hûmicos integrados nas respectivasamostras de solo, é admissivel pensar que a interacçâo dos colóidesinorgânicos com o material hûmico altere os valores das constantesde humidade dos âcidos hûmicos, obtidos por determinaçâo directa.Nâo obstante, a capacidade utilizâvel dos âcidos hûmicos é de talmaneira elevada que nâo é arriscado dizer-se que, embora se deuma diminuiçâo do seu valor, essa diminuiçâo nâo deve ter muitosignificado.

Um nivel elevado de matéria orgânica, com grau de humifi-caçâo alto, parece poder garantir boa réserva de âgua para asplantas, especialmente nos solos «ferraliticos», que, para igual teorde argila, tendem a ter menor capacidade utilizâvel que os solossialiticos.

SILVA E SOUSA (38), num estudo recente sobre «Caracteristi-cas da retençâo de humidade em solos do distrito da Huila (An-gola)», verificou que em solos «ferraliticos» com 2,5-4,0 % dematéria orgânica o efeito da matéria orgânica sobre a capacidadeutilizâvel do solo é muito nitido para teores de argila inferioresa 40 % e quase imperceptivel para teores de argila mais altos.

Admitindo que o grau de humificaçâo da matéria orgânicaé da mesma ordem de grandeza em todas as amostras de solo estu-dadas, os dados obtidos por SILVA E SOUSA (38) pöem em realcea acçâo exercida pela argila na imobilizaçâo parcial dos constituin-tes da matéria orgânica que intervêm nos fenómenos da retençâode humidade.

74 Estud.. Ens. e Doc. — 87

Page 70: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

V. — FLOCULAÇÂO

Como se sabe, a estabilidade das soluçôes coloidais é normal-mente determinada pela carga eléctrica e pelo grau de hidrataçâodas particulas, pesando mais ou menos cada um destes factoresconforme as caracteristicas do colóide. Nalguns casos, porém, podeser apenas determinada pelo grau de hidrataçâo.

Os hidrossoles de âcidos hûmicos com que foram efectuadosos ensaios de floculaçâo apresentavam os seguintes valores de pH:

Âcidos hûmicos de «turfassolo» 4,30Âcidos hûmicos de «barros pretos» 3,70-3,90Âcidos hûmicos de solos «ferraliticos» 4,00-4,15

Para tais valores de pH as particulas de âcidos hûmicos têmcarga eléctrica efectiva negativa, correspondente a cerca de 122 m. e.por 100 g («turfassolo»), 246-268 m. e. por 100 g («barros pretos»)e 147-158 m. e. por 100 g (solos «ferraliticos») (fig. 6).

Mostram as curvas de floculaçâo (*) (fig. 8) que, quandose adiciona aos hidrossoles hûmicos uma quantidade de floculante

(x) Os valores com que foram traçadas estas curvas encontram-se noquadro 11.

Estud., Ens. e Doc. — 87 75

Page 71: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

a,

rbo

100

9O

00

O 60K

2 5OOOi «o-

3O

2O

I0

ACIDOS HUMICOS DE TURFASSOLO

Amosfra 1

ÂCIDOS HÜMICOS DE BARROS PRETOS

Amostra 2 . • - -

Amostro 3 • — — •— -

ACIDOS HUMICOS DE SOLOS FERRALITICOSfracamente ferrâlicos

Amojtra A + +•—_ +

Amostro 6 B_-—••——c

ferrâlico ti'picoAmosiro 7 A • -—-^

2OO 4OO 6OO 8OO 1OOO

ba C l 2 AD IC IONADO ( m . e . por l O O q )

15OO

FIGURA 8

Page 72: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

equivalente as cargas indicadas, a percentagem de acidos hümicosfloculada é pequena:

Âcidos hümicos de «turfassolo» 3 %Acidos hümicos de «barros pretos» < 18 %Âcidos hümicos de solos «ferraliticos» < 3 %

Este facto permite entäo concluir que, no caso dos acidoshümicos estudados, a estabilidade dos seus hidrossoles é essencial-mente governada pela hidrataçâo.

QUADRO 11

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 6 Amostra 7

Î: 82

Ï«s a'

0 , 0

82i

1 a

"So«

110 o

1.4

2,9

10,6

23,2

44,3

62,2

81,4

91,3

96,5

97,2

106,6

426,2

532,8

564,7

596,7

639,3

745,9

852,4

1 065,5

1 598,3

2,8

6,0

6,8

21,0

52,7

70,5

86,3

93,8

97,5

98,8

102,1

204,2

255,3

306,3

337,0

367,6

398,2

428,9

490,1

816,9

4,0

6,8

13,9

32,0

45,2

72,6

84,1

91,8

96,7

100,0

111,7

223,3

290,4

335,0

357,3

379,7

413,2

446,7

558,4

893,4

3,0

5,6

18,5

35,1

46,1

60,5

75,8

84,4

98,5

99,5

53,7

248,2

301,8

348,8

402,4

503,0

657,3

771,3

1 006,0

1 475,0

3,2

3,4

9,0

17,7

38,5

77,0

89,5

90,8

95,8

96,8

104,7

314,1

418,8

450,2

471,2

523,6

575,9

628,3

837,7

1 047,0

2,8

3,0

10,3

29,1

41,5

56,7

74,3

83,8

93,6

96,4

214,2

374,9

471,2

535,5

567,6

589,2

642,6

749,7

856,8

1 071,0

Conclui-se ainda das curvas de floculaçâo (fig. 8) que oshidrossoles hûmicos de «barros pretos» sâo os mais fàcilmente flo-culâveis e os de «turfassolo» os mais dificilmente floculâveis; e que

Estud., Ens. e Doc. — 87 77

Page 73: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola

os de solos «ferraJiticos» apresentam comportamento intermédio.Esta maior ou menor facilidade de floculaçâo coïncide com o menorou maior grau de hidrataçâo e esta também relacionada com a maiorou menor riqueza dos âcidos hûmicos em âcidos hûmicos cinzentos.

A diferença de estabilidade dos hidrossoles dos vârios âcidoshûmicos é bem evidenciada pelas curvas de floculaçâo (fig. S).Enquanto nos âcidos hûmicos de «barros pretos» sâo precisos420-470 m. e. de BaCl2 por 100 g de material para se conseguiruma floculaçâo de 90 %, no caso dos âcidos hûmicos de solos «fer-raliticos» sâo precisos 730 m. e. por 100 g e no dos âcidos hûmicosde «turfassolo» 800 m. e. por 100 g para se obter a mesma percen-tagem de floculaçâo. Além disso, pràticamente toda a quantidadede âcidos hûmicos de «barros pretos» esta floculada com 800--900 m. e. de BaCl2 por 100 g, ao passo que nos âcidos hûmicosdos outros solos 1 000-1 500 m. e. de BaCl2 por 100 g nâo conse-guem a floculaçâo total.

O comportamento dos colóides do solo, no que se réfère àfloculaçâo e dispersâo, exerce grande influência em algumas dascaracteristicas do solo e em muitos dos fenômenos que nele seobservam. Desta maneira, as diferenças que se apontam quantoà estabilidade dos hidrossoles dos diversos âcidos hûmicos podeminteressar para um melhor estudo dos respectivos solos.

78 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 74: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RÉSUMÉ

On a étudié sept échantillons d'acides humiques extraits deshorizons superficiels d'un profil de «tourbe», de deux profils d'«argi-les lourdes noires» et de quatre profils de «sols ferrallitiques» de laprovince portugaise d'Angola.

Pour l'étude des acides humiques on a mesuré l'extinctiondans les longueurs d'onde entre 215 my. et 760 my., après quoi l'ona tracé les courbes d'absorption (courbes typiques de couleur) etl'on a calculé quelques constantes colorimétriques, tel que le quo-tient de couleur — «farbquotient»; l'on a déterminé le carbone,l'azote, 1'hydrogène, le phosphore, le fer et 1''aluminium, et à partirdes valeurs de carbone et azote l'on a calculé le rapport C/N; l'ona mesuré la viscosité, après quoi l'on a défini l'hydratation et legonflement; l'on a déterminé la densité, l'humidité équivalent etl'humidité en équilibre avec une force de 15 atmosphères; pourterminer, l'on a étudié la floculation et la variation de la capacitéd'échange cationique avec le pH.

Les acides humiques des trois groupements de sols ont pre-senté-des différences dans presque tous les aspects étudiés.

Tous les échantillons se composent par des acides humiquesgris et acides humiques bruns, et possiblement des acides hymato-mélaniques. Les acides humiques d'«argiles lourdes noires» sontles plus riches en acides humiques gris et ceux de «tourbe» lesmoins riches.

Estud., Ens. e Doc. — 87 79

Page 75: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

L'intensité du ton foncé des acides humiques augmentecomme suit:

«Tourbe» < «Sols ferrallitiques» < «Argiles lourdes noires».

Quant à la composition chimique élémentaire, les acides humi-ques d'«argiles lourdes noires» sont les plus riches en carbone(59,09 et 59,25%) et les plus pauvres en azote et hydrogène(N — 2,25 et 2,28 %. H — 3,74 et 3,12 %); ceux de «tourbe» sontles plus pauvres en carbone (55,16%) et les plus riches enazote et hydrogène (N— 4,15 %. H — 4,97 % ) . Les acides humi-ques des «sols ferrallitiques» présentent des valeurs intermédiaires(C — 56,28 à 57,70 %; N — 3,39 à 3,66 %; H — 4,54 à 4.78 % ) .

Les pourcentages de phospore, fer et aluminium n'ont pas unedistribution semblable au carbone, à l'azote et à l'hydrogène; aussiadmet-on qu'une quantité apréciable du total déterminé n'appartientpas à la molécule humique.

Les acides humiques ont une capacité d'échange variant con-tinuellement avec le pH. À pH 2-3 ils ont une capacité de 0 m.e.par 100 g et à pH 10-11 une capacité de 400-600 m.e. par 100 g.Par ailleurs, le pH et la capacité d'échange sont relationnés selondes fonctions exponentielles. Pour toutes les valeurs de pH, lesacides humiques d'«argiles lourdes noires» sont ceux qui ont laplus grande capacité d'échange et ceux de «tourbe» la plusi petite.

Les donnés de viscosité indiquent que les particules des acideshumiques sont sphériques et plus au moins poreuses. Elles retien-nent, en solution, grande quantité d'eau et se gonflent, augmentantleur volume de 8,5 à 11,0 fois.

Les acides humiques d'«argiles lourdes noires» sont les moinssusceptibles d'hydratation et ceux qui gonflent le moins; ceux de«tourbe» les plus susceptibles d'hydratation et qui gonflent le plusToutefois, la différence est légère.

80 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 76: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto —- Acidos hûmicos de solos de Angola

L'humidité équivalente varie de 494 à 603 %; l'humidité enéquilibre avec une force de 15 atmosphères, varie de 70 à 95 %.

En ce qui concerne l'absorption d'eau et le gonflement, lesacides humiques ne se comportent pas comme des colloïdes typi-quement hydrophiles.

La résistance des acides humiques à la floculation est surtoutgouvernée par l'hydratation. Les acides humiques d'«argiles lour-des noires» sont les plus faciles de floculer et ceux de «tourbe» lesplus difficiles.

Estud., Ens. e Doc. — 87 81

Page 77: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

SUMMARY

In the present study seven samples of humic acids extractedfrom surface horizons of one profile of a «peaty soil», two of«heavy black clay soils» and four of «ferrallitic soils» from Angola(Portuguese West Africa) were studied.

In order to characterized the humic acids, extinction measure-ments (within the range 215-760 mix) were made, absorption carvesdrawn from the results obtained and some colorimetric constantscalculated (such as «farbquotient» ) ; quantitative determinationsfor carbon, nitrogen, hydrogen, phosphorus, iron and aluminiumwere made and the ratio C/N worked out; hydration and volumeexpansion were defined in terms of viscosity measurements; mois-ture equivalent and 15 atmospheres percentage determined, theavailable capacity being calculated from these two constants; flo-culation was observed as well as the variation of cation exchangecapacity with the pH.

The humic acids of the three groups of soils show differencesin most of the studied features.

All the samples present gray humic acids, brown humic acidsand probably haematomelanic acids in their composition. The humicacids of «heavy black clay soils» show the highest proportion ofgray humic acids and those of the «peaty soil» show the lowest one.

Estud., Ens. e Doc. — 87 83

Page 78: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

The order of intensity of the dark colour of the humic acidsis the following:

«Peaty soil» < «Ferrallitic soils» < «Heavy black clay soils».

With regard to the elementary chemical composition it canbe seen that the humic acids of the «heavy black clay soils» presentthe highest percentage of carbon (59.09-59.25 %) and the lowestpercentage of nitrogen and hydrogen (N : 2.25-2.28 %. H : 3.74--3.12 % ) , and that the humic acids of the «peaty soil» show thelowest percentage of carbon (55.16 %) and the highest percentageof nitrogen and hydrogen (iV : 4.15 %. H :4 .97%). The carbon,nitrogen and hydrogen contents in humic acids of «ferrallitic soils»are 56.28-57.70 %, 3.39-3.66 % and 4.54-4.78 %, respectively.

The percentages of phosphorus, iron and aluminium do notpresent an even distribution as it happens with carbon, nitrogenand hydrogen and so it can be assumed that an important pro-portion of the total data does not belong to the humic molecule.

The humic acids show a continuously increasing cation ex-change capacity with the pH, ranging from 0 m.e. per 100 g at pH2.0-3.0 to 400-600 m.e. per 100 g at pH 10.0-11.0. In all humicacids the pH and the cation exchange capacity are related throughexponential functions. For any pH value the humic acids of the«heavy black clay soils» show the highest cation exchange capa-city and those of the «peaty soil» show the lowest one.

The viscosity data indicate that the particles of the humicacids are spherical and more or less porous. In solution they retaina large amount of water and swell with an increase in their volumefrom 8.5 to 11.0 times.

Although the differences between the several humic acidsstudied are small, the humic acids of the «heavy black clay soils»are the least susceptible to hydration and swelling and those ofthe «peaty soil» arc the most susceptible ones.

84 Estud., Ens. e Doc. — 87

Page 79: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Âcidos hümicos de solos de Angola

As far as swelling is concerned, the humic acids do not behaveas typical hydrophilic colloid.

The moisture equivalent of the humic acids varies from 49-4 %to 603 %, the 15 atmospheres percentage from 70 % to 93 % andthe available capacity from 417% to 518%.

The resistence of the humic acids to floculation is mainly tohydration. The humic acids of the «heavy black clay soils» are themost easily floculated and those of the «peaty soil» are the mostdifficult to floculate.

Estud., Ens. e Doc. — 87 85

Page 80: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

BIBLIOGRAFIA

(1) ALMEIDA, L. A. V., PÓVOAS, J. A. C , & RICARDO, R. P. — «A determinaçào dofósforo total em solos tropicaisi, Garcia de Orta, 6: 697-704, 1958.

(2) ALMEIDA, L. A. V., & RICARDO, R. P. — «La matière organique des terresnoires d'Angola», Actes et C. R. Vf Cong. Int. Science du Sol, 2 : 335--341, 1954.

•(3) AMBROZ, Z. — [Quantitative and qualitative composition of humus in some soiltypes, mainly forest soils. II]. Sborn. csl. Akad. zemed. Ved. Lesn.,3: 21-32, 1957. In Soils and Fertilizers, 21: 283, 1958.

(4) BALBINO, L. R. — «Anâlise mecânica dos solos», Agros, 36: 139-148, 1953.(5) BOTELHO DA COSTA, J. V. — A Agua no Solo. Lisboa. Livraria Sä da Costa.

1952.(6) BOTELHO DA COSTA, J. V. — Licöes da Cadeira de Pedologia e Conservaçâo do

Solo. (Ciclostilado). Lisboa. Instituto Superior de Agronomia. 1955.(7) BOTELHO DA COSTA, J. V., & AZBVEDO, A. L.—Relatório do Trabalho de

Campo da Missâo Agrológica a Angola (1946). (Dactilografado). Lisboa.Junta de Exportaçâo dos Cereais. 1947.

f8) BOTELHO DA COSTA, J. V., AZEVEDO, A. L., & ALMEIDA, L. A. V. — Solos deAngola. Contribuiçâo para o seu Estudo. Lisboa. Junta de Investigatesdo Ultramar. 1953.

(9) BOTELHO DA COSTA, J. V., AZEVEDO, A. L., FRANCO, E. P. C , & RICARDO,R. P. — Carta Geral dos Solos de Angola. 1 — Distrito da Huila. Lisboa.Junta de. Investigates do Ultramar. 1959.

(10) BOTELHO DA COSTA, J. V., AZEVEDO, A. L., FRANCO, E. P. C , & RICARDO,R. P. — Carta Geral dos Solos de Angola. II — Distrito de Huambo. Lisboa.Junta de Investigacôes do Ultramar. 1961. (Em publicaçâo).

(11) BouTARic, A., & THÉVENET, S. — «Recherches physico-chimiques sur les col-loïdes humiques», Ann. Agron., 7: 18-32, 1937.

(12j COLEMAN, N. T., & MEHLICH, A. — «The chemistry of soil pH», U. S. Dep.Agric. Yearbook, 72-79, 1957.

(13) DUCHAUFOUR, PH. — Précis de Pédologie. Paris. Masson & O8 , Éditeurs. 1960.

Nâo fol possïvel consultar dlrectamente os trabalhos assinalados com umasterisco (•).

Estud., Ens. e Doc. — 87 87

Page 81: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola

(14) FLAIO, W. — Contribution al E studio de los Âcidos Huminicos. Madrid.Instituto de Edafologia y Fisiologia Vegetal, 1955.

(15) FLAIO, W., SCHEFFER, F., & KLAMROTH, B.— «Zur Kenntnis der Huminsäuren.viii-Mitteilung. Zur Charakterisierung der Huminsäuren des Bodens»,Z. PflErnähr. Düng., 71: 33-57, 1955.

(16) FORSYTH, W. G. C. — «The characterization of the humic complexes of soilorganic matter», J. Agric. Sei., 37: 132-138, 1947.

(17) GOSSWEILER, J. — Carta Fitogeogrâfica de Angola. Luanda. Governo Geralde Angola. 1939.

(18) HÉNIN, M. S. — «Remarques sur l'humus et la matière organique des sols»,C. R. Acad. Agric. Fr., 44: 36^1, 1958

(19) JIRGENSONS, B., & STRAUMANIS, M. E. — A Short Textbook of Colloid Che-mistry. London. Pergamon Press. 1954.

(20) JOFFE, J. S — Pedology. 2nd edition. New Brunswick. Pedology Publica-tions. 1949.

(21) LEAL, F. A., & QUEIRÓS, D. X. — O Clima de Angola. Luanda. Serviço Meteo-rológico de Angola. 1955.

(22) LUTZ, J. F. — «The physico-chemical properties of soils affecting soil erosion»,Mo. Exp. Sta. Res. Bui, 212, 1934.

(23) MACKENZIE, R. C. — «Free iron-oxide removal from soils», / . Soil. Sei., 5 :167-172, 1954.

(24) MATTSON, S., & KOUTLER-ANDERSSON, E. — «The acid-base condition in vege-tation, litter and humus, v — Products of partial oxidation and ammoniafixation», Ann. Agr. Coll. Swed., 10: 284-332, 1942.

(25) MEHLICH, A. — «Base unsaturation and pH in relation to soil type», Soil Sei.Soc. Amer. Proc, 6: 150-156, 1941.

(26) MEHLICH, A. — «Rapid determination of cation and anion exchange propertiesand pH of soils», / . Assoc. Official Agr. Chem., 36: 445-457, 1953.

*(27) MEYER, L. — [Characterization of gray and brown humic acids], ForschDienst.Sonderh., 17: 36-37, 1941. In Soils and Fertilizers, 7: 201, 1944.

(28) MIRANDA, V. H. B. — O Fósforo em Solos de Angola. Contribuiçâo para o seuEstudo. (Ciclostilado). Lisboa. Relatório Final do Curso de EngenheiroAgrónomo. Instituto Superior de Agronomia. 1954.

(29) MOUTA, F. — Noticia Explicativa do Esboço Geológico de Angola. Lisboa.Junta de Investigates do Ultramar. 1954.

(30) NEHRING, K. — «Untersuchungen an aus verschiedenen Bodentypen isoliertenHuminsäuren», Z. PflErnähr. Düng., 69: 71-86, 1955.

(31) REISSIO, H. — «Charakterisierung der Humuskomponente von Schwarzerdenverschiedener Herkunft», Z. PflErnähr. Düng., 74: 112-127, 1956.

(32) RETORTILLO, N. M. — «Contribución al estudio de las turbas espafiolas»,An. Inst. Edaf. Ecol. Fis. veg., 7: 3-81, 1948.

(33) RICARDO, R. P. — Contribuiçâo para o Estudo da Matéria Orgânica das uTerrasNegros* de Angola. Relatório Final do Curso de Engenheiro Agrónomo.(Ciclostilado). Lisboa. Instituto Superior de Agronomia. 1951.

(34) RICKEY, G. F., & AVENS, A. W. — «Photometric determination of total phos-phorus in feeding stuffs and fertilizers», / . Assoc. Official Agr. Chem.,38: 898-903, 1955.

(35) SCHEFFER, F., & HALFTER, G. — «Untersuchungen überdie Humusformen einigerTropenböden (Angola)», Bodenk. PflErnähr., 18: 257-267, 1940.

(36) SCHEFFER, F., SUNKEL, R., & WELTE, E. — «Über Humuseigenschaften in Bödender wechselfeuchten Tropen», Die Naturwissenschaften, 45: 274-275, 1958.

88 Estud., Ens. e Doc.—87

Page 82: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola

(37) SILVA, C, MACEDO, J. M. B., FORTE, J. J. F., PEREIRA, F. S. L., RODRIGUES,R. V., & MIRANDA, V. H. B. — Carta Agrológica da Cela (zona estudadaem 1955). (Ciclostilado). Lisboa. Brigada Agrológica da Cela. Ministériodo Ultramar. 1957.

(38) SILVA E SOUSA, M. E. — Caracteristicas da Retençâo de Humidade em Solosdo Distrito da Butta, (Angola): Relatório Final do Curso de EngenheiroAgrónomo. (Ciclostilado). Lisboa. Instituto Superior de Agronomia. 1961.

(39) SNELL, F. D., & SNELL, C. T. — Colorimetric Methods of Analysis. 3nd edition,New York. D. Van Nostrand Company, Inc. 1951.

(40) SPRINGER, U. — «Über Kompostbuminsäuren aus verschiedenen planzlichenAusgangsstoffen», Z. PflErnähr. Düng., 69: 66-71, 1955.

(41) YARDLEY, J. T. — Ammonium Aurine Tricarboxylate (zAluminont). Reagent forAluminium. Essex. Hopkin & Williams Ltd. 1952.

Estud., Ens. e Doc. — 87 89

Page 83: CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE … · 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guin ... Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da

Bertrand (Irmlos), Lda. — Lisboa