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XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DO CAFÉ CONILON CLONAL CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO DUPLO Izaias dos Santos Bregonci 1 , Vitor José Brum 2 , Alaert Zini Júnior 3 , Cíntia Machado Oliveira 4 , Juliano Gonçalves dos Santos 5 , Edvaldo Fialho dos Reis 6 1 INCAPER, Engº Agrº, MS. Produção Vegetal, Av. Olívio Correa Pedrosa, 556, Centro, CEP.: 29500-000, Alegre-ES. Tel.: (28) 3552-4125; [email protected] 2 CEFETSP, Engº Agrº, MS. Produção Vegetal. [email protected] 3 Engº Agrº, MS. Produção Vegetal, Alegre-ES. [email protected] 4 CCA-UFES/PPGPV, [email protected] 5 Engº Agrº, [email protected] 6 Engº Agr., DS. Professor do Depto. de Engenharia Rural do CCA-UFES. Alegre-ES. [email protected] Resumo- Esse trabalho foi realizado em uma propriedade rural no município de São Gabriel da Palha, ES, e teve como objetivo avaliar características agronômicas do café conilon clonal cultivado em espaçamento simples e duplo. A amostragem sistemática foi feita em 5 fileiras alternadas em cada área amostral representativa dos respectivos espaçamentos, correspondendo às repetições. A parcela foi composta por 6 pontos amostrais na fileira, que no espaçamento simples correspondia a 6 plantas e no espaçamento duplo a 12 plantas. As avaliações foram feitas no dia 25 de março de 2006. A análise estatística utilizada foi o teste t de Student. O espaçamento simples e o duplo não influenciam a altura de planta e o diâmetro da copa, mas o espaçamento duplo apresenta plantas com maior raio externo. O espaçamento duplo proporciona a condução de 17,6 mil hastes produtivas por hectare, permitindo uma melhor utilização do espaço disponível para crescimento das plantas. Palavras-chave: Coffea canephora; conilon; café clonal, espaçamento Área do Conhecimento: Ciências Agrárias Introdução A cultivar conilon, pertencente à espécie de café (Coffea canephora Pierre ex Froenher), também conhecida como robusta, é de fecundação cruzada obrigatória (BRAGANÇA et al., 2001; FERRÃO et al., 2007). Assim, plantios de lavouras oriundas de mudas por sementes apresentam grande variabilidade genética entre plantas (FERRÃO et al., 2004), mostrando-se desuniformes sob vários aspectos: arquitetura da parte aérea; tamanho e maturação de frutos; resposta à nutrição mineral; tolerância a seca; além de outras características agronômicas. Desse modo, pesquisadores do Incaper, iniciaram em 1985 o programa de melhoramento genético do café conilon, resultando em lançamento no ano de 1993 das primeiras variedades clonais: EMCAPA 8111; EMCAPA 8121 e EMCAPA 8131, respectivamente de maturação precoce, intermediária e tardia (FONSECA et al. 2004a). A partir dessa data inicia-se a implantação de Jardins Clonais pelo Estado, sendo um dos pioneiros e o maior na atualidade, com 30 mil matrizes, o da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha-ES – Cooabriel,- (FONSECA et al., 2004b). Esses jardins clonais deram um grande impulso à renovação do parque cafeeiro do conilon capixaba. Atualmente, estima-se que 40% do parque cafeeiro de conilon do Espírito Santo seja formado por variedades melhoradas provenientes do Incaper e, que 30% sejam de materiais clonais (FONSECA et al., 2004b). O cafeeiro conilon apresenta ramos verticais (ortotrópicos) ou hastes, onde estão inseridos os ramos horizontais (plagiotrópicos) ou produtivos. O conilon possui diversas hastes verticais ou caules, o que o caracteriza como arbusto multicaule: sendo uma das características de diferenciação do cafeeiro arábica (FERRÃO et al., 2007). A poda de produção e seleção de brotações em café conilon já são práticas consagradas entre os cafeicultores dessa espécie. É certo que essas técnicas podem passar por inovações e aperfeiçoamentos, mas é inquestionável a necessidade de renovação das hastes que se tornaram pouco produtivas, o que normalmente ocorre com aquelas que já sustentaram três ou mais colheitas sucessivas. Segundo Silveira et al. (1993) e Ferrão et al. (2004) entre as vantagens da poda estão: aumento da vida útil do cafeeiro, melhoria do arejamento e luminosidade no interior da copa, diminuição do efeito da bienalidade de produção, redução da altura e do diâmetro da planta, revigoramento e melhoria da produtividade da lavoura. Este trabalho teve como objetivo avaliar as características agronômicas do café conilon clonal cultivado em espaçamento simples e duplo.

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XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba

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CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DO CAFÉ CONILON CLONAL CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO DUPLO

Izaias dos Santos Bregonci 1, Vitor José Brum 2, Alaert Zini Júnior 3, Cíntia Machado

Oliveira 4, Juliano Gonçalves dos Santos 5, Edvaldo Fialho dos Reis 6

1INCAPER, Engº Agrº, MS. Produção Vegetal, Av. Olívio Correa Pedrosa, 556, Centro, CEP.: 29500-000, Alegre-ES. Tel.: (28) 3552-4125; [email protected]

2CEFETSP, Engº Agrº, MS. Produção Vegetal. [email protected] 3Engº Agrº, MS. Produção Vegetal, Alegre-ES. [email protected]

4 CCA-UFES/PPGPV, [email protected]

5Engº Agrº, [email protected] 6Engº Agr., DS. Professor do Depto. de Engenharia Rural do CCA-UFES. Alegre-ES. [email protected]

Resumo- Esse trabalho foi realizado em uma propriedade rural no município de São Gabriel da Palha, ES, e teve como objetivo avaliar características agronômicas do café conilon clonal cultivado em espaçamento simples e duplo. A amostragem sistemática foi feita em 5 fileiras alternadas em cada área amostral representativa dos respectivos espaçamentos, correspondendo às repetições. A parcela foi composta por 6 pontos amostrais na fileira, que no espaçamento simples correspondia a 6 plantas e no espaçamento duplo a 12 plantas. As avaliações foram feitas no dia 25 de março de 2006. A análise estatística utilizada foi o teste t de Student. O espaçamento simples e o duplo não influenciam a altura de planta e o diâmetro da copa, mas o espaçamento duplo apresenta plantas com maior raio externo. O espaçamento duplo proporciona a condução de 17,6 mil hastes produtivas por hectare, permitindo uma melhor utilização do espaço disponível para crescimento das plantas. Palavras-chave: Coffea canephora; conilon; café clonal, espaçamento Área do Conhecimento: Ciências Agrárias Introdução

A cultivar conilon, pertencente à espécie de café (Coffea canephora Pierre ex Froenher), também conhecida como robusta, é de fecundação cruzada obrigatória (BRAGANÇA et al., 2001; FERRÃO et al., 2007). Assim, plantios de lavouras oriundas de mudas por sementes apresentam grande variabilidade genética entre plantas (FERRÃO et al., 2004), mostrando-se desuniformes sob vários aspectos: arquitetura da parte aérea; tamanho e maturação de frutos; resposta à nutrição mineral; tolerância a seca; além de outras características agronômicas. Desse modo, pesquisadores do Incaper, iniciaram em 1985 o programa de melhoramento genético do café conilon, resultando em lançamento no ano de 1993 das primeiras variedades clonais: EMCAPA 8111; EMCAPA 8121 e EMCAPA 8131, respectivamente de maturação precoce, intermediária e tardia (FONSECA et al. 2004a). A partir dessa data inicia-se a implantação de Jardins Clonais pelo Estado, sendo um dos pioneiros e o maior na atualidade, com 30 mil matrizes, o da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha-ES – Cooabriel,- (FONSECA et al., 2004b). Esses jardins clonais deram um grande impulso à renovação do parque cafeeiro do conilon capixaba. Atualmente, estima-se que 40% do

parque cafeeiro de conilon do Espírito Santo seja formado por variedades melhoradas provenientes do Incaper e, que 30% sejam de materiais clonais (FONSECA et al., 2004b).

O cafeeiro conilon apresenta ramos verticais (ortotrópicos) ou hastes, onde estão inseridos os ramos horizontais (plagiotrópicos) ou produtivos. O conilon possui diversas hastes verticais ou caules, o que o caracteriza como arbusto multicaule: sendo uma das características de diferenciação do cafeeiro arábica (FERRÃO et al., 2007).

A poda de produção e seleção de brotações em café conilon já são práticas consagradas entre os cafeicultores dessa espécie. É certo que essas técnicas podem passar por inovações e aperfeiçoamentos, mas é inquestionável a necessidade de renovação das hastes que se tornaram pouco produtivas, o que normalmente ocorre com aquelas que já sustentaram três ou mais colheitas sucessivas. Segundo Silveira et al. (1993) e Ferrão et al. (2004) entre as vantagens da poda estão: aumento da vida útil do cafeeiro, melhoria do arejamento e luminosidade no interior da copa, diminuição do efeito da bienalidade de produção, redução da altura e do diâmetro da planta, revigoramento e melhoria da produtividade da lavoura.

Este trabalho teve como objetivo avaliar as características agronômicas do café conilon clonal cultivado em espaçamento simples e duplo.

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Metodologia

O trabalho foi realizado em uma propriedade rural no município de São Gabriel da Palha (SGP), região norte do Estado do Espírito Santo, situada à altitude de 182 m e coordenadas UTM: 351359 E e 7907269 N. A região possui temperatura média anual das mínimas variando de 11,8 a 18,0 °C, temperatura média anual das máximas de 30,7 a 34,0 °C e precipitação anual média de 1.172 mm (INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNCICA E EXTENSÃO RURAL, 2008a).

O solo é classificado como latossolo vermelho amarelo distrófico, textura argilosa (FEITOZA, 1999)

As lavouras de café conilon clonal (CCC) em estudo foram implantadas em outubro de 1999. As correções de solo e adubações foram feitas seguindo recomendações de Prezotti e Bragança (1995). As mudas foram procedentes do viveiro de mudas da Cooabriel, cujo jardim de matrizes foi implantado com variedades clonais do INCAPER. Essas lavouras de CCC são formadas pelas variedades: EMCAPA 8111; EMCAPA 8121 e EMCAPA 8131, respectivamente de maturação precoce, intermediária e tardia, possuindo as seguintes características agronômicas: altura entre 2,42 m e 2,49 m; diâmetro da copa entre 2,91 m e 3,14 m e produtividade variando de 58 a 60 sacas piladas por hectare – essas informações foram adaptadas de Bragança et al. (1993), citado por Andrade Neto (1995) e Bragança et al. (2001). As variedades, com todos os clones que as compõem, encontram-se plantadas aleatoriamente em toda as lavouras, em virtude do agricultor ter recebido as mudas sem a devida identificação dos clones.

O sistema de condução e produção adotado pelo proprietário é semelhante para todas as lavouras de café conilon existentes na propriedade, em termos de: controle de invasoras, adubações mediante análise de solo e foliar, poda, seleção de brotos e irrigação suplementar através de sistema de irrigação localizada.

Delimitou-se e identificou-se duas lavouras com espaçamentos distintos, denominando-as de áreas amostrais, designando de ES o espaçamento simples (2,50 m x 2,00 m) com 2.000 plantas por hectare (NPha2) e ED o espaçamento duplo (3,00 m x 2,00 m x 1,00 m), com 4.000 plantas por hectare (NPha4). Foi deixado bordadura de duas linhas de plantas e de duas plantas na linha para cada espaçamento. Utilizou-se de amostragem sistemática, amostrando-se cinco fileiras alternadas em cada área amostral, representando as repetições. Cada repetição foi composta por 6 pontos amostrais na fileira, que no espaçamento simples correspondeu a 6 plantas e no

espaçamento duplo a 12 plantas. Os pontos amostrais correspondiam às plantas localizadas na 3ª, 6ª, 9ª, 12ª, 15ª e 18ª posição na fileira. Para cada característica avaliada fez-se uma média por repetição.

No dia 25 de março de 2006 fez-se avaliação das características: altura de planta; diâmetro da copa; número de hastes (ramos ortotrópicos) em produção e número de hastes até um ano. A altura de planta era medida sempre na haste em produção, localizada na posição central e na mais ereta dentre as existentes, medidas a partir do nível do solo até a sua extremidade, com auxílio de uma trena afixada em régua de madeira. O diâmetro é o resultado da soma do raio interno e raio externo. As medidas dos raios correspondem à projeção horizontal sobre o solo dos ramos plagiotrópicos pertencentes às hastes em produção mais inclinadas para as entrelinhas do cafezal. As medidas dos raios seguiam sempre o mesmo sentido, de forma que o raio interno no espaçamento duplo corresponde à medida na fileira mais fechada.

As médias das características avaliadas foram comparadas entre os tratamentos utilizando-se o teste t de Student a 5% de probabilidade através do software SAEG 9.1 (EUCLYDES, 2004). Resultados

A altura de planta apresenta média de 2,16 m (ŝ ± 0,25 m) para o espaçamento simples e 2,07 m (ŝ ± 0,12 m) para o espaçamento duplo. E, a média do diâmetro da copa é de 2,74 m (ŝ ± 0,16 m) para o espaçamento simples e 3,04 m (ŝ ± 0,64 m) para o espaçamento duplo (Figura 1). Observa-se que não há diferença significativa entre os dois espaçamentos, para essas duas características.

2,16 a

2,74 a

2,07 a

3,40 a

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

ALT DIAC

Dim

ensõ

es (

m)

ES ED

Figura 1 – Altura de planta (ALT) e diâmetro da copa (DIAC) de café conilon clonal em espaçamento simples (ES) e espaçamento duplo (ED), SGP, 2006.

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Desmembrando-se o diâmetro da copa da planta em raio interno e raio externo pode-se observar na Figura 2 que não há diferença significativa entre os espaçamentos para o raio interno, os quais apresentam médias e desvios padrões de: 1,39 m (± 0,35 m) para o espaçamento simples e 1,62 m (± 0,39 m) para o espaçamento duplo. Entretanto, há diferença significativa entre os espaçamentos para o raio externo, os quais apresentam médias e desvios padrões de: 1,35 m e ± 0,21 m, para o espaçamento simples e 1,78 m e ± 0,30 m, para o espaçamento duplo (Figura 4).

1,39a1,62a

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

ES ED

Rai

o in

tern

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m)

ES ED

1,35b1,78a

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2,0

3,0

4,0

ES ED

Rai

o ex

tern

o (

m)

ES ED

Figura 2 – Raio interno e raio externo do café conilon clonal em espaçamento simples (ES) e espaçamento duplo (ED), SGP, 2006.

Os valores médios de hastes por planta (Figura 3), divididos em hastes de 1 ano, hastes produtivas (de 2 e 3 anos) e o número de hastes totais por planta mostram que não há diferença significativa para o número de hastes de 1 ano entre os dois espaçamentos estudados, enquanto hastes em produção e total por planta é maior para o espaçamento simples.

8,6 a

5,4 a

3,2 a

6,2 b

4,4 b

1,8 a

0

2

4

6

8

10

HT HP HÁ

Has

tes

por

plan

ta (

nº)

ES ED

Figura 3 – Número de haste total (HT), haste em produção (HP) e haste de um ano (HA) em plantas de café conilon clonal, plantado em espaçamento simples (ES) e espaçamento duplo (ED), SGP, 2006.

Multiplicando-se os valores de hastes por planta pelo respectivo NPha dos espaçamentos em estudos, teremos número de hastes por hectare, o qual não mostra diferença significativa para haste com idade menor que 1 ano (HAha) entre os espaçamentos, mas diferem em hastes produtivas (HPha) e hastes totais (HTha). Desse modo, tem-se valores médios, respectivamente de HAha, HPha e HTha, para o espaçamento simples: 6.400; 10.800 e 17.200, e para o espaçamento duplo: 7.200; 17.600 e 24.800 (Figura 4).

17,2b

10,8b

6,4a

24,8a

17,6a

7,2a

0

5

10

15

20

25

30

HTha HPha HAha

Has

tes

por

ha (

x 1.

000)

ES ED

Figura 4 – Número de haste total (HTha), haste em produção (HPha) e haste de um ano (HAha) por hectare, em lavoura de café conilon clonal, plantado em espaçamento simples (ES) e espaçamento duplo (ED), SGP, 2006.

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Discussão

Brum (2007) em avaliação da variedade EMCAPA 8131, plantada em espaçamento de 3,5 m x 1,5 m, consorciada com pupunheira em diferentes espaçamentos, encontrou diferença significativa para altura de planta entre tratamentos. O monocultivo apresentou altura de planta de 2,03 m, enquanto o cafeeiro sombreado pela pupunheira, esta plantada no espaçamento de 6,0 m por 1,0 m, apresentou altura de planta de 2,64 m. Esse mesmo autor não encontrou diferença significativa para o diâmetro de copa nos diferentes arranjos de sombreamento estudados, os quais variaram de 2,37 m a 2,81 m. Observa-se que os valores encontrados no presente trabalho, para altura de planta e diâmetro da copa estão bem próximos do acima referenciado, bem como daqueles citados para essas variedades.

O espaçamento duplo impõe um maior auto-sombreamento às plantas. Desse modo, verifica-se uma tendência das plantas a vergarem mais para as entrelinhas do plantio, aumentando o raio externo, em contraposição ao espaçamento simples. Isso se deve à busca das plantas por luminosidade. Segundo Larcher (2000) a radiação afeta o desenvolvimento de inúmeras formas, a exemplo da determinação da direção do crescimento (fototropismo e acompanhamento do movimento solar). Isso permite que haja um rearranjo do espaço disponível para as plantas.

As recomendações de Silveira et al. (1993), Silveira e Rocha (1995) e Fonseca et al. (2007) quanto ao número de hastes produtivas que se deve manter por planta, abordam alguns fatores determinantes para essa decisão, e citam como principais fatores influenciadores: o espaçamento, a arquitetura da planta, o nível de fertilização do solo e a irrigação. Contudo, não estabelecem números fixos ou rígidos, mas, dão como indicativo o número de hastes em produção por hectare para se alcançar maiores produtividades, que a depender da combinação dos fatores, deve estar entre 10 a 12 mil hastes. Entretanto, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (2008b) cita entre 12 a 15 mil hastes produtivas por hectare. Desse modo, dividindo-se esses valores pelos números de plantas por hectare do espaçamento simples (2.000) e do espaçamento duplo (4.000) teremos como ideal, respectivamente, entre 5,0; 6,0 e 7,5 hastes em produção por planta e 2,5; 3,0 e 3,8 hastes em produção por planta. Podemos então observar que o espaçamento simples estaria dentro dos critérios recomendados, enquanto o duplo encontra-se com valores superiores ao recomendado.

Alterações dos arranjos espaciais para o cafeeiro conilon, já validados pela pesquisa,

precisam ser devidamente testados e avaliados antes de serem usados em grande escala. Mudanças de espaçamentos levam a modificações fisiológicas e morfológicas das plantas, implicando em mudança no modelo do sistema de condução. Isso fica evidenciado no espaçamento duplo quando se observa: o estiolamento e o incipiente número de hastes verticais menores que um ano; tendência de vergamento das hastes verticais produtivas para as entrelinhas, apresentando um raio externo maior; mudanças no microclima das lavouras, devido ao maior auto-sombreamento, maior umidade do solo, menor arejamento na lavoura; etc. Tudo isso gera conseqüências positivas e negativas que precisam ser devidamente conhecidas para que se consiga extrair delas melhores resultados. Conclusão

O espaçamento simples e o duplo não diferem significativamente entre si para altura de planta e diâmetro da copa, mas as plantas apresentam maior raio externo no espaçamento duplo.

O espaçamento duplo proporciona a condução de 17,6 mil hastes produtivas por hectare.

Pode-se inferir que o espaçamento duplo permite uma melhor utilização do espaço disponível para crescimento das plantas.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Senhor Jamir Antônio Prata, proprietário do imóvel rural, que gentilmente os recebeu em sua propriedade e deu total apoio à realização desse estudo e ao INCAPER pela logística. Referências - ANDRADE NETO, A. P. M.; BRAGANÇA, S. M.; FOSECA, A. F. A.; SARAIVA, J. S. T. Variedades. In: COSTA, E. B. et al. (coord.). Manual técnico para a cultura do café no Estado do Espírito Santo . Vitória, ES: SEAG-ES, 1995. P. 15-18. - BRAGANÇA, S. M.; CARVALHO, C. H. S.; FONSECA, A. F. A.; FERRÃO, R. G. Variedades clonais de café Conilon para o Estado do Espírito Santo. Pesquisa Agropecuária Brasileira , Brasília, v. 36, p. 765-770, maio 2001. - BRUM, V. J. Café conilon em sombreamento com pupunheira . 2007. 149 f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2007.

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- EUCLYDES, R. F. Sistema para análises estatísticas . Versão 9.1. Viçosa: FUNARBE; UFV, 2004. - FEITOZA, L. R.(coord.). Mapa das unidades naturais do Espírito Santo . [S.I.: s.n.], 1999. - FERRÃO, R. G.; FONSECA, A. F. A.; FERRÃO, M. A. G.; DE MUNER, L. H.; VERDIM FILHO, A. C.; VOLPI, P. S.; MARQUES, E. M. G.; ZUCATELI, F. Café conilon : técnicas de produção com variedades melhoradas. Vitória, ES: Incaper, 2004, 60 p. (Incaper: Circular Técnica, 03-I). - FERRÃO, M. A. G.; FERRÃO, R. G.; FONSECA, A. F. A.; VERDIM FILHO, A. C.; VOLPI, P. S. Origem, dispersão geográfica, taxonomia e diversidade genética de Coffea canephora. In: Ferrão, R. G. et al. (ed.). Café conilon . Vitória, ES: Incaper, 2007. p. 66-91. - FONSECA, A. F. A.; FERRÃO, M. A.; FERRÃO, R. G.; VERDIM FILHO, A. C.; VOLPI, P. S.; ZUCATELI, F. Conilon Vitória ‘Incaper 8142’: variedade clonal de café conilon. Vitória, ES: Incaper, 2004a, 24 p. (Incaper: Documentos, 127). - FONSECA, A. F. A.; FERRÃO, R. G.; FERRÃO, M. . G.; SILVA, A. E. S.; DE MUNER, L. H.; VERDIM FILHO, A. C.; VOLPI, P. S. Jardins clonais de café conilon : técnicas para formação e condução. Vitória, ES: Incaper, 2004b, 53 p. (Incaper: Circular Técnica, 04-I). - FONSECA, A. F. A.; FERRÃO, R. G.; LANI, J. A.; FERRÃO, M. A. G.; VOLPI, P. S.; VERDIM FILHO, A. C.; RONCHI, C. P.; MARTINS, A. G. Manejo da cultura do café conilon: espaçamento, densidade de plantio e podas. In: Ferrão, R. G. et al. (ed.). Café conilon . Vitória, ES: Incaper, 2007. p. 257-277. - INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL. Caracterização climática do município de São Gabriel da Palha. Disponível em: <http://siag.incaper.es.gov.br/sgpalha_carac.htm>. Acesso em: 08 ago. 2008a. - INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL. Poda programada de ciclo para o café conilon . Vitória, ES, 2008b. 1 folder. (Incaper: Documentos nº 163). - LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal . São Carlos: RiMa, 2000. 531 p.

- PREZOTTI, L. C.; BRAGANÇA, S. M. Nutrição. In: COSTA, E.B. et al. (coord.). Manual técnico para a cultura do café no Estado do Espírito Santo . Vitória, ES: SEAG-ES, 1995. p. 42-53. - SILVEIRA, J. S. M.; CARVALHO, C. H. S.; BRAGANÇA, S. M.; FONSECA, A. F. A. A poda do café conilon . Vitória, ES: EMCAPA. 1993. 14 p. (EMCAPA, Documentos, 80). - SILVEIRA, J. S. M.; ROCHA, A. C. Podas. In: COSTA, E.B. et al. (coord.). Manual técnico para a cultura do café no Estado do Espírito Santo . Vitória, ES: SEAG-ES, 1995. p. 54-62.