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Capítulo 22 Meta-Heurística Otimização por Enxame de Partículas Aplicada ao Planejamento Florestal Flávio Augusto Ferreira do Nascimento * , Julio Eduardo Arce, Andrea Nogueira Dias, Afonso Figueiredo Filho, Gabriel de Magalhães Miranda e Celso Carnieri Resumo: Neste cap´ ıtulo investigou-se a aplica¸ ao da meta-heur´ ıstica Otimiza¸ ao por Enxame de Part´ ıculas (PSO) na resolu¸ ao do problema de planejamento florestal. Foram avaliadas as abordagens do algoritmo com momento de in´ ercia e com fator de contri¸ ao, combinadas a duas topologias de vizinhan¸ca denominadas de gbest e lbest. Estas combina¸ oes foram comparadas ` a meta-heur´ ıstica simulated annealing (SA) e ao algoritmo exato branch-and-bound. Os resultados alcan¸ cados indicam que o algoritmo PSO ´ e uma ferramenta vi´ avel para solu¸c˜ ao do problema e que apresenta resultados superiores ao algoritmo SA. Palavras-chave: Planejamento florestal, Modelo tipo I, Otimiza¸ ao por enxame de part´ ıculas. Abstract: In this chapter we investigate the application of metaheuristic Particle Swarm Optimization (PSO) to solve the problem of forest planning. We evaluated the algorithm approaches moment of inertia and constriction factor, combined with two neighborhood topologies called lbest and gbest. These combinations were compared to the metaheuristic simulated annealing (SA) and the exact algorithm branch- and-bound. The results indicate that PSO algorithm is a viable tool for solving the problem, and it has better results than the SA algorithm. Keywords: Forest planning, Model type I, Particle swarm optimization. 1. Introdução O planejamento da sequˆ encia futura de colheitas em uma floresta ´ e umas das in´ umeras atividades do gestor florestal, sendo uma etapa fundamental para o manejo adequado de cultivos florestais. Com tal planejamento, ´ e poss´ ıvel definir, por exemplo, se o neg´ ocio florestal pode ou n˜ ao ser considerado vi´ avel. Este tipo de problema consiste em determinar quais talh˜ oes ou unidades de manejo florestal devem ser colhidos em cada per´ ıodo do tempo, de forma a alcan¸ car a maximiza¸ ao do retorno financeiro, a minimiza¸ ao de custos, dentre outros in´ umeros objetivos, ao mesmo tempo em que se respeitam as restri¸c˜ oes do problema, como por exemplo, a manuten¸ ao da produ¸ ao de madeira durante todos os anos do horizonte de planejamento. O problema de planejamento florestal pode se tornar complexo por diversas quest˜ oes. Segundo Silva et al. (2009), entre os fatores que dificultam a tomada de decis˜ ao no ambiente das empresas florestais, citam-se o elevado n´ umero de vari´ aveis ou alternativas de manejo (diferentes idades de corte, espa¸ camentos, ´ epocas e intensidades de desbastes, entre outros), os m´ ultiplos objetivos a serem atingidos (minimizar custos, maximizar receitas, atender a legisla¸c˜ ao, entre outros), a necessidade de aumento da eficiˆ encia do processo e a escassez de t´ ecnicas de aux´ ılio ` a tomada de decis˜ ao. O sequenciamento da colheita florestal ´ e um problema de otimiza¸c˜ ao combinat´ oria que ´ e NP-hard, ou seja, n˜ ao existe um algoritmo exato capaz de obter a solu¸ ao ´ otima em tempo computacional razo´ avel. Nos anos recentes, pesquisas com t´ ecnicas meta-heur´ ısticas se mostraram adequadas para a resolu¸c˜ ao de problemas florestais, cabendo citar as abordagens via simulated annealing (Rodrigues et al., 2004a; Pereira, 2004), algoritmo gen´ etico (Rodrigues et al., 2004b; Ducheyne et al., 2004; Gomide et al., 2009; Silva et al., 2009) e busca tabu (Rodrigues et al., 2003; Bettinger et al., 2007), cujo conjunto genericamente ´ e denominado de SA-GA-TS. O foco deste cap´ ıtulo ´ e apresentar avan¸ cos similares considerando a abordagem denominada otimiza¸ ao por enxame de part´ ıculas (PSO, Particle Swarm Optimization ). Em 1995 os pesquisadores James Kennedy (um psic´ ologo social) e Russel Eberhart (um engenheiro eletricista), inspirados pelas teorias da inteligˆ encia coletiva, criaram um novo m´ etodo de otimiza¸c˜ ao * Autor para contato: [email protected] Lopes et al. (Eds.), Meta-Heurísticas em Pesquisa Operacional (2013) DOI: 10.7436/2013.mhpo.22 ISBN 978-85-64619-10-4

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Capítulo 22

Meta-Heurística Otimização por Enxame de PartículasAplicada ao Planejamento Florestal

Flávio Augusto Ferreira do Nascimento∗, Julio Eduardo Arce, Andrea Nogueira Dias,Afonso Figueiredo Filho, Gabriel de Magalhães Miranda e Celso Carnieri

Resumo: Neste capıtulo investigou-se a aplicacao da meta-heurıstica Otimizacao por Enxame dePartıculas (PSO) na resolucao do problema de planejamento florestal. Foram avaliadas as abordagens doalgoritmo com momento de inercia e com fator de contricao, combinadas a duas topologias de vizinhancadenominadas de gbest e lbest. Estas combinacoes foram comparadas a meta-heurıstica simulated annealing(SA) e ao algoritmo exato branch-and-bound. Os resultados alcancados indicam que o algoritmo PSO euma ferramenta viavel para solucao do problema e que apresenta resultados superiores ao algoritmo SA.

Palavras-chave: Planejamento florestal, Modelo tipo I, Otimizacao por enxame de partıculas.

Abstract: In this chapter we investigate the application of metaheuristic Particle Swarm Optimization(PSO) to solve the problem of forest planning. We evaluated the algorithm approaches moment ofinertia and constriction factor, combined with two neighborhood topologies called lbest and gbest. Thesecombinations were compared to the metaheuristic simulated annealing (SA) and the exact algorithm branch-and-bound. The results indicate that PSO algorithm is a viable tool for solving the problem, and it hasbetter results than the SA algorithm.

Keywords: Forest planning, Model type I, Particle swarm optimization.

1. Introdução

O planejamento da sequencia futura de colheitas em uma floresta e umas das inumeras atividades do gestorflorestal, sendo uma etapa fundamental para o manejo adequado de cultivos florestais. Com tal planejamento,e possıvel definir, por exemplo, se o negocio florestal pode ou nao ser considerado viavel. Este tipo de problemaconsiste em determinar quais talhoes ou unidades de manejo florestal devem ser colhidos em cada perıododo tempo, de forma a alcancar a maximizacao do retorno financeiro, a minimizacao de custos, dentre outrosinumeros objetivos, ao mesmo tempo em que se respeitam as restricoes do problema, como por exemplo, amanutencao da producao de madeira durante todos os anos do horizonte de planejamento.

O problema de planejamento florestal pode se tornar complexo por diversas questoes. Segundo Silva et al.(2009), entre os fatores que dificultam a tomada de decisao no ambiente das empresas florestais, citam-se oelevado numero de variaveis ou alternativas de manejo (diferentes idades de corte, espacamentos, epocas eintensidades de desbastes, entre outros), os multiplos objetivos a serem atingidos (minimizar custos, maximizarreceitas, atender a legislacao, entre outros), a necessidade de aumento da eficiencia do processo e a escassezde tecnicas de auxılio a tomada de decisao.

O sequenciamento da colheita florestal e um problema de otimizacao combinatoria que e NP-hard, ouseja, nao existe um algoritmo exato capaz de obter a solucao otima em tempo computacional razoavel.Nos anos recentes, pesquisas com tecnicas meta-heurısticas se mostraram adequadas para a resolucao deproblemas florestais, cabendo citar as abordagens via simulated annealing (Rodrigues et al., 2004a; Pereira,2004), algoritmo genetico (Rodrigues et al., 2004b; Ducheyne et al., 2004; Gomide et al., 2009; Silva et al.,2009) e busca tabu (Rodrigues et al., 2003; Bettinger et al., 2007), cujo conjunto genericamente e denominadode SA-GA-TS. O foco deste capıtulo e apresentar avancos similares considerando a abordagem denominadaotimizacao por enxame de partıculas (PSO, Particle Swarm Optimization).

Em 1995 os pesquisadores James Kennedy (um psicologo social) e Russel Eberhart (um engenheiroeletricista), inspirados pelas teorias da inteligencia coletiva, criaram um novo metodo de otimizacao

∗Autor para contato: [email protected]

Lopes et al. (Eds.), Meta-Heurísticas em Pesquisa Operacional (2013) DOI: 10.7436/2013.mhpo.22 ISBN 978-85-64619-10-4

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denominado otimizacao por enxame de partıculas. O metodo e baseado em uma populacao de agentes,denominados de partıculas, que mudam sua posicao no espaco de busca do problema, de acordo com a propriaexperiencia e a experiencia das partıculas vizinhas que constituem o enxame (Muller, 2007).

Segundo Mendes (2004), a PSO apresenta algumas vantagens em relacao a outras meta-heurısticas: (1)simplicidade de implementacao; (2) existencia de poucos parametros a serem ajustados; (3) utilizacao de umapopulacao relativamente pequena; e (4) necessidade de um numero relativamente pequeno de avaliacoes dafuncao objetivo para a convergencia.

O objetivo deste capıtulo e avaliar o algoritmo PSO na resolucao de um problema de planejamento florestal,comparando-o a meta-heurıstica Simulated Annealing (SA) e ao algoritmo exato Branch-and-Bound (B&B).

2. Metodologia

2.1 Fonte de dados

O estudo foi desenvolvido em uma empresa florestal localizada na regiao norte do Estado de Santa Catarina.A empresa possui plantios com as especies Pinus Taeda e Pinus elliottii. Para a formulacao do problemaconsiderou-se apenas parte da area total de plantios. Cerca de 498.000 ha de plantios da especie P. Taedaforam utilizados. Adotou-se este criterio para simplificar a resolucao do problema, principalmente para acomparacao das meta-heurısticas com o algoritmo B&B.

2.2 Descrição do problema de planejamento florestal

O problema de planejamento florestal empregado se baseia no manejo de areas homogeneas denominadastalhoes (Figura 1). Um talhao consiste de uma area contınua com caracterısticas semelhantes, tais como,material genetico e idade das arvores, classe de produtividade, declive, altitude, dentre outros e, ainda,submetida ao mesmo regime de manejo. Este regime de manejo pode ser composto, por exemplo, por umdesbaste, onde e retirado um determinado percentual das arvores do talhao, aos nove anos de idade, seguidodo corte raso, onde todas as arvores remanescentes do talhao sao removidas, aos 17 anos de idade. Ao longo dotempo os talhoes sao submetidos sucessivamente as atividades de plantio, desbaste e cortes raso. O conjuntodestas opcoes de manejo e denominado prescricao ou regime de manejo.

Figura 1. Exemplo de area florestal dividida em 22 talhoes.

Os desbastes e cortes rasos realizados em uma area florestal produzem materia-prima para abastecer aindustria de processamento desta madeira. Consequentemente, estas etapas geram receitas com a venda damadeira e custos referentes ao plantio das mudas pos-corte raso. Com base nestas receitas, nos custos e nataxa de juros e possıvel determinar o momento economico ideal para se realizar cada desbaste e corte raso.No entanto, e imprescindıvel que a producao de madeira mantenha-se equilibrada durante o tempo. Nestesentido, o desafio do gerente florestal e decidir qual e o momento ideal de realizar cada intervencao em seustalhoes de modo a manter producao constante ao mesmo tempo em que se obtem o maximo retorno financeirodo empreendimento como um todo.

Johnson & Scheurman (1977), apos levantamento do estado da arte, denominaram estes problemas emdois tipos: modelo tipo I e modelo tipo II. Enquanto no modelo tipo I a variavel de decisao e a area do talhaoa ser manejada sob determinada prescricao, no modelo tipo II a decisao e em relacao a idade dos talhoes. Napresente pesquisa foi utilizado o modelo tipo I. Originalmente o problema, por utilizar variaveis contınuas, seconfigura como de Programacao Linear, facilmente solucionado por meio do algoritmo Simplex. No entanto,esta formulacao pode apresentar solucoes que dividem os talhoes em duas ou mais prescricoes de manejo,quando pode ser desejavel manter a integridade destes talhoes ao longo do horizonte de planejamento. Nestesentido, a variavel de decisao pode ser alterada de modo a representar prescricao de manejo para determinadotalhao, neste caso, toda a area deste talhao.

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Meta-heurística otimização por enxame de partículas aplicada ao planejamento florestal 357

Seguindo a formulacao do modelo tipo I, optou-se como funcao objetivo do problema a utilizacao damaximizacao do valor periodico equivalente global da floresta (Silva et al., 2005), um criterio de avaliacaoeconomica frequentemente utilizado na area florestal, conforme apresentado na Equacao 1.

maxV PEG =

M∑i=1

N∑j=1

Cij ·Xij (1)

onde: VPEG = valor periodico equivalente global da floresta; Cij = valor periodico equivalente de cada talhaoi, manejado sob a prescricao j; Xij = talhao i assinalado a prescricao j; M = numero de talhoes; N = numerototal de prescricoes de manejo j no talhao i.

Uma das restricoes do problema permite que apenas uma alternativa de manejo seja alocada para cadaunidade de manejo. Esta restricao e apresentada na Equacao 2.

N∑j=1

Xij = 1 ∀i=1,2,...M (2)

onde:

Xij =

{1,se a prescricao j for adotada no talhao i,

0,caso constrario.(3)

Ha tambem um conjunto de restricoes que impoem cotas de producao anual, estabelecendo nıveis desejaveisde producao em cada ano do horizonte de planejamento. A forma escolhida para definir esta restricao foi incluirum par de limites inferior e superior na producao, como apresentado nas Equacoes 4 e 5.

M∑i=1

N∑j=1

V Tijk ·Xij >= Pmink (k = 1, 2, 3, . . . , n) (4)

M∑i=1

N∑j=1

V Tijk ·Xij <= Pmaxk (k = 1, 2, 3, . . . , n) (5)

onde: V Tijk = volume total (m3) produzido pelo i-esimo talhao assinalado na j-esima prescricao de manejo,no inıcio do ano k; Pmink = producao mınima estabelecida para o ano k, em m3; Pmaxk = producao maximaestabelecida para o ano k, em m3; n = horizonte de planejamento, em anos.

2.3 Codificação do problema

O problema de planejamento florestal consiste basicamente em decidir qual prescricao de manejo deve seradotada em cada talhao. A quantidade de prescricoes para cada talhao depende da idade dos mesmos, dadefinicao das opcoes de manejo e do horizonte de planejamento do problema. Neste trabalho optou-se porutilizar como opcoes de manejo as idades do desbaste entre 9 e 11 anos, bem como as idades de corte final entre16 e 22 anos. Estas opcoes estao de acordo com o manejo atualmente utilizado pela empresa que forneceu osdados.

Para a formulacao do problema a variavel de decisao Xij assume valor igual a um se a prescricao de manejoj for adotada para o talhao i, e zero caso contrario. Somente uma prescricao de manejo pode ser escolhidapara cada talhao. Assim, esta alternativa escolhida pode ser entendida como a posicao que e alterada durantea movimentacao das partıculas, no caso do algoritmo PSO, e na geracao das solucoes candidatas vizinhas, nocaso do algoritmo SA. Na Figura 2 e apresentada uma solucao possıvel considerando esta codificacao adotadapara o problema.

2.4 O algoritmo otimização por enxame de partículas

A PSO e uma tecnica que se baseia no movimento coletivo de um grupo de partıculas: o enxame de partıculas.Cada membro deste enxame e movimentado atraves do espaco de busca do problema por duas forcas. Umaos atrai com magnitude aleatoria para a melhor localizacao ja encontrada por ele proprio (pbest) e outra paraa melhor localizacao encontrada na sua vizinhanca (gbest). A posicao e a velocidade de cada partıcula saoatualizadas a cada iteracao ate todo o enxame convergir (Castro & Tsuzuki, 2007). Cada partıcula possui doiscomponentes basicos: a posicao em que se encontra (xp) e a velocidade (vp). No algoritmo original (Kennedy& Eberhart, 1995), a cada iteracao estes dois componentes sao atualizados pelas Equacoes 6 e 7.

v(it+1)p = v(it)p + c1 · rand(it)1 · [pbestp − x(it)p ] + c2 · rand(it)2 · [gbestp − x(it)p ] (6)

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358 Nascimento et al.

Figura 2. Exemplo de codificacao de uma solucao para o problema de planejamento florestal.

x(it+1)p = x(it)p + v(it+1)

p (7)

onde: vp = velocidade da partıcula p; xp = posicao da partıcula p; c1 e c2 = coeficientes cognitivos e social;rand = funcao aleatoria de distribuicao uniforme entre 0 e 1; pbestp = melhor posicao que a partıcula p jaobteve durante a busca; gbestp = melhor posicao encontrada na vizinhanca da partıcula p; e it = iteracaoatual.

De acordo com Sierakowski (2006), as constantes positivas denominadas de coeficientes cognitivo e social,respectivamente c1 e c2, sao as constantes de aceleracao que variam a velocidade de uma partıcula em direcaoao pbest e gbest, de acordo com a experiencia passada. Ainda segundo este autor, nao sao fatores crıticospara determinar a convergencia do algoritmo. Porem, um ajuste correto destes valores pode levar a umaconvergencia mais rapida do algoritmo

A posicao xp de cada partıcula e composta por um conjunto de coordenadas que representa uma solucaopontual dentro do espaco de busca. A cada iteracao esta posicao e avaliada de acordo com uma funcao deaptidao (fitness). Caso esta posicao seja melhor que a ja encontrada, ela e armazenada em pbestp.

O algoritmo inicia cada partıcula com valores aleatorios de posicao e velocidade. A posicao e limitadapelo tamanho do espaco de busca do problema, enquanto a velocidade e limitada pelo valor do coeficientevelocidade maxima (Vmax). Depois de inicializado, o algoritmo entra em um loop ate alcancar o criterio deparada estabelecido. Dentro do loop cada partıcula avaliara sua posicao atual (ou solucao atual) em relacao amelhor posicao ja encontrada por ela mesma, isso permite que o valor de pbest seja atualizado. Cada partıculatambem avaliara a qualidade da melhor solucao encontrada na sua vizinhanca, permitindo a atualizacao dovalor de gbest. A avaliacao da qualidade de uma posicao (ou solucao) e realizada por meio da funcao de fitnessou aptidao. Apos atualizar o valor de velocidade com os novos valores de pbest e gbest, cada partıcula ira sedeslocar para uma nova posicao. O fluxograma basico de funcionamento do algoritmo PSO e apresentado naFigura 3.

Como a codificacao do problema exige que a posicao tenha valores inteiros e, ainda, as Equacoes develocidade 6 e 7 podem apresentar valores contınuos, a posicao das partıculas (xp) e sempre arredondada parao valor inteiro mais proximo.

2.4.1 Abordagens testadas do algoritmo PSO

Diversas pesquisas tem sido conduzidas com o intuito de realizar variacoes no algoritmo original da PSO. Estasmodificacoes buscam superar alguns pontos fracos do algoritmo, melhorando o seu desempenho e diminuindoa quantidade de parametros a serem ajustados. Neste trabalho foram testadas duas variacoes do algoritmoPSO: a abordagem com o momento de inercia (Shi & Eberhart, 1998) e com o fator de constricao (Clerc &Kennedy, 2002), denominados neste trabalho de PSOw e PSOx, respectivamente.

O desenvolvimento da PSOw foi motivado pela obtencao de melhor controle sobre o processo de busca doalgoritmo e, ainda, a reducao ou ate mesmo a eliminacao da importancia de Vmax. Shi e Eberhart (1998)propuseram esta modificacao que inclui um parametro denominado momento de inercia (w). Apenas a Equacaode velocidade e modificada e passa a assumir a Equacao 8.

v(it+1)p = w · v(it)p + c1 · rand(it)1 · [pbestp − x(it)p ] + c2 · rand(it)2 · [gbestp − x(it)p ] (8)

onde: w = momento de inercia.

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Meta-heurística otimização por enxame de partículas aplicada ao planejamento florestal 359

Figura 3. Fluxograma basico do algoritmo PSO.

Segundo Eberhart & Shi (2000), o parametro w atua sobre a velocidade fazendo com que, dependendo doseu valor, as partıculas explorem maiores ou menores areas do espaco de busca. De acordo com estes autores,melhores desempenhos tem sido encontrados configurando inicialmente w com um valor relativo alto (p.ex.:0,9), o que corresponde a maiores areas de busca, e gradualmente diminuindo w para valores menores (p.ex.:0,4), onde a busca passa a ser direcionada a encontrar um otimo local.

O algoritmo PSO com fator de constricao (PSOx) foi desenvolvido como uma forma de evitar o uso doparametro Vmax. Segundo Poli et al. (2007), a razao do uso do parametro Vmax, como forma de limitar adinamica das partıculas nao foi totalmente compreendida. Se o algoritmo for executado sem uma restricao paraa velocidade, de algum modo, a velocidade aumenta rapidamente a nıveis inaceitaveis em poucas iteracoes.Como forma de limitar a movimentacao das partıculas, Clerc & Kennedy (2002) criaram um coeficientedenominado de fator de constricao. A Equacao de velocidade muda para a Equacao 9.

v(it+1)p = χ · {v(it)p + c1 · rand(it)1 · [pbestp − x(it)p ] + c2 · rand(it)2 · [gbestp − x(it)p ]} (9)

onde: χ = coeficiente de constricao que e calculado pela Equacao 10:

χ =2 · k

|2− ϕ−√ϕ2 − 4 · ϕ|

(10)

onde: k ∈ [0, 1], ϕ = c1 + c2, ϕ > 4Segundo Mendes (2004), a maioria das pesquisas que usam o metodo de constricao costumam configurar

ϕ igual a 4,1 (tendo assim c1 = c2 = 2, 05) e k = 1 o que determina um χ ≈ 0, 729. Isto e algebricamenteequivalente a usar o momento de inercia com w = 0, 729 e c1 = c2 ≈ 1, 49445.

Estas duas abordagens tambem foram avaliadas com duas topologias de vizinhanca (Figura 4): estrela (ougbest) e cırculo (ou lbest). Segundo Guo et al. (2006), a topologia gbest (Figura 4a), e a relacao totalmenteconectada de vizinhanca. Cada partıcula tem todas as outras partıculas como vizinhas. Isto implica que

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a melhor posicao global das partıculas e igual para todas as partıculas. Tambem segundo estes autores, atopologia lbest (Figura 4b) conecta cada partıcula com seus vizinhos imediatos. Para dois vizinhos a topologiaem cırculo corresponde a um anel. O fluxo da informacao e extremamente reduzido comparado com a topologiaem estrela. Isto faz com que o tempo para uma nova melhor posicao global se propague para o outro lado doanel seja igual a metade do tamanho do enxame.

Figura 4. Topologias de vizinhanca.

2.5 O algoritmo simulated annealing

Como forma de comparar o desempenho do algoritmo PSO o problema de planejamento florestal foi tambemresolvido com a meta-heurıstica simulated annealing (SA). A SA foi escolhida por ter demonstrado bonsresultados em inumeras pesquisas com este tipo de problema (Rodrigues et al., 2004a; Pereira, 2004; Pukkala& Kurttila, 2005; Falcao & Borges, 2003; Liu et al., 2006; Heinonen & Pukkala, 2004). As ideias que formama base para o algoritmo SA foram publicadas primeiramente por Metropolis et al. (1953). De acordo comBettinger et al. (2002) o algoritmo emprega uma abordagem de Monte Carlo, fazendo uma busca local naqual um subconjunto de solucoes e explorado pela movimentacao de uma solucao para uma solucao vizinha.Para evitar permanecer “preso” em otimos locais o algoritmo pode aceitar, ocasionalmente, solucoes inferiores,permitindo, assim, o distanciamento de um maximo (ou mınimo) local. Na Figura 5 e apresentado o fluxogramade funcionamento do algoritmo SA

2.5.1 Movimentos

Os movimentos sao os procedimentos de geracao de solucoes candidatas. O algoritmo SA gera e avaliaapenas uma solucao vizinha candidata a cada iteracao. Neste trabalho a geracao da solucao vizinha foiimplementada da seguinte forma: aleatoriamente escolhe-se um talhao e nele e modificada a alternativa demanejo anteriormente escolhida. Aquela alternativa de manejo do talhao escolhido que possuıa valor iguala 1 passa a assumir valor zero e uma nova alternativa e escolhida para receber valor 1. Este procedimentogarante que somente uma alternativa de manejo seja escolhida para cada talhao.

Quando a solucao candidata e melhor que a solucao atual ela e aceita. Caso contrario, ela e aceita somentese o valor da constante Z for maior que um numero aleatorio (r) distribuıdo uniformemente no intervalo entre0 e 1, sendo Z calculado com a Equacao 11.

Z = e{f(x′)−f∗(x)}/T (11)

onde: f(x′) = valor da funcao objetivo da solucao candidata; f∗(x) = valor da funcao objetivo da melhorsolucao encontrada ate a presente iteracao e T = temperatura.

2.5.2 Temperatura

De acordo com Rodrigues et al. (2004a), a temperatura (T ) e um dos principais parametros da SA. Estatemperatura comeca com um valor alto, permitindo que movimentos de pior qualidade (ou que piorem afuncao objetivo) tenham maiores chances de serem escolhidos, sendo a mesma gradativamente reduzida atea convergencia do algoritmo, o que equivale a diminuir as chances de escolha de um movimento de baixaqualidade a medida que o algoritmo progride.

Dois parametros sao utilizados para definir a temperatura (T ) em um dado instante: a temperatura inicial(T0) e a taxa de reducao da temperatura (TR). A cada iteracao a temperatura e calculada por meio daEquacao 12.

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Meta-heurística otimização por enxame de partículas aplicada ao planejamento florestal 361

Figura 5. Fluxograma do algoritmo SA.

Tk = T0 · (1−TR100

)k (12)

onde: Tk = temperatura na iteracao k; T0 = temperatura inicial; TR = taxa de reducao da temperatura,expressa em porcentagem; e k = iteracao atual.

2.6 Parâmetros utilizados nas meta-heurísticas

Os parametros utilizados nos algoritmos sao apresentados na Tabela 1. Foram testadas duas abordagenscombinadas a duas topologias de vizinhanca para a PSO. No caso da topologia lbest cada partıcula foiconectada a outras duas partıculas.

Para o algoritmo SA foram testados diferentes valores dos parametros T0 e TR, sendo apresentadas nestapesquisa as duas melhores configuracoes.

A cada iteracao a PSO avalia a funcao objetivo tantas vezes quanto for o tamanho da populacao. Comoforma de aplicar uma comparacao mais justa entre as meta-heurısticas, configurou-se a quantidade de iteracoesda SA de forma a igualar as avaliacoes da funcao objetivo das duas meta-heurısticas, no caso, 150.000 iteracoes.

2.7 Função de avaliação

Com as meta-heurısticas testadas nao e possıvel trabalhar diretamente com restricoes. Uma estrategia para queestes algoritmos gerenciem restricoes e utilizando funcoes de penalidade. Assim, a funcao-objetivo penalizadafp(x) e obtida com a modificacao da funcao objetivo f(x), na forma da Equacao 13.

fp(x) = f(x)− vp · V T (13)

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362 Nascimento et al.

Tabela 1. Parametros utilizados nas meta-heurısticas.

ParametroMeta-heurıstica

PSOw PSOx SA(1) SA(2)

Populacao 50 50Coeficiente cognitivo (c1) 2 2,05Coeficiente social (c2) 2 2,05Inercia inicial (wini) 0,9Inercia final (wfin) 0,4Vmax 10% 100%Iteracoes 3.000 3.000 150.000 150.000Avaliacoes da FO 150.000 150.000 150.000 150.000temperatura inicial (T0) 1x107 1x107

Taxa de reducao de Temperatura (TR) 0,125 0,25

onde: fp(x) = valor da funcao-objetivo penalizada para a solucao x; f(x) = valor da funcao-objetivo doproblema; vp = penalizacao (R$/m3) para cada unidade de producao violada; V T = violacao total (m3) dasrestricoes de producao (mınima e maxima).

2.8 Avaliação do algoritmos

Foram efetuadas 30 execucoes independentes para cada meta-heurıstica testada. A partir desta amostra, odesempenho dos algoritmos foi comparado com base na media, desvio padrao, coeficiente de variacao (CV(%)),valor maximo e mınimo do VPE das solucoes obtidas. Aplicou-se o teste nao parametrico de Kruskall-Wallis,seguido do teste de Dunn, um procedimento nao parametrico de comparacoes multiplas semelhante ao testede Tukey. Para os dois testes foi adotado o nıvel de significancia de 5%. Para o teste de Kruskal-Wallis foiutilizado o software R, enquanto o teste de Dunn foi executado conforme descrito em Callegari-Jacques (2003).

As meta-heurısticas tambem foram avaliadas em relacao ao algoritmo exato branch-and-bound,implementado no software Extended LINGO versao 9.0. Foram utilizadas duas medidas: a Eficacia, queavalia a qualidade da solucao da meta-heurıstica em relacao ao otimo global, e a Eficiencia, que compara ostempos de processamento meta-heurısticas e do branch-and- bound, utilizando para ambos os mesmos recursoscomputacionais.

3. Resultados

A estrutura do problema teste gerou 68 restricoes e 9.123 variaveis de decisao. O solver do LINGO foiinterrompido apos 619 horas e 48 minutos (aproximadamente 26 dias) de processamento. Com este tempo foialcancada uma solucao com VPE no valor de R$ 511.387,60, sendo realizadas mais de 725 milhoes de iteracoes.Nao ha como saber o quao proxima do otimo global esteja esta solucao. No entanto, e de se esperar que aposeste tempo de processamento tenha sido alcancada uma boa solucao e que esta se aproxime do otimo global.A eficacia dos algoritmos (Tabela 2) foi comparada com esta solucao.

Tabela 2. Eficacia das abordagens testadas.

AbordagemEficacia(%) Tempo medio de solucao

Maxima Media Mınima (segundos)

PSOw gbest 96,20 94,09 91,69 223PSOw lbest 95,85 94,56 92,97 225PSOx gbest 96,24 94,53 92,28 224PSOx lbest 95,29 93,94 92,68 228SA(1) 93,57 92,39 90,54 183SA(2) 93,42 92,42 90,72 183

A abordagem PSOw lbest apresentou a melhor media e a maior eficacia mınima. Isto se deve ascaracterısticas da topologia lbest. Nessa topologia, cada partıcula esta conectada a apenas outras duas vizinhaso que faz com que a informacao demore mais tempo para ser propagada por todo o enxame. Maior diversidadede solucoes e mantida durante a execucao do algoritmo, impedindo o agrupamento de partıculas em umamesma regiao e evitando os otimos locais.

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Meta-heurística otimização por enxame de partículas aplicada ao planejamento florestal 363

O algoritmo SA apresentou resultados inferiores em relacao as abordagens do algoritmo PSO testadas.No entanto, a implementacao da SA nesta pesquisa pode ser considerada uma das mais simples e, nestesentido, pode ser melhorada para se obter melhores resultados. O algoritmo SA tem como maiores vantagensa facilidade de implementacao e o fato de basear-se em procedimentos simples que podem resultar em menorestempos de processamento do algoritmo.

Um problema da abordagem SA empregada foi de ter apresentado, para as duas configuracoes de seusparametros, apenas oito solucoes viaveis das 30 execucoes dos algoritmos. Isto e um indicativo que esta meta-heurıstica pode facilmente ficar presa em otimos locais. No entanto, uma possıvel melhoria seria reiniciaraleatoriamente a solucao atual apos determinado numero de iteracoes em que o algoritmo nao conseguemelhorar a funcao objetivo.

As estatısticas de comparacao sao apresentadas na Tabela 3. A abordagem que apresentou a melhorsolucao foi a PSOx gbest, muito embora tenha apresentado o maior CV(%), indicando maior variacao nassolucoes encontradas. Isto significa que, apesar de encontrar boas solucoes, esta abordagem tambem podeapresentar solucoes ruins. Isto pode ser explicado pela fragilidade da topologia gbest em ficar presa em otimoslocais, ocasionando em muitas execucoes solucoes de baixa qualidade. No entanto, as melhores solucoes foramencontradas com esta topologia. Por concentrar rapidamente uma maior quantidade de partıculas em umamesma regiao do espaco de busca, esta topologia permite um melhor refinamento na busca de melhores solucoesem relacao a lbest.

Tabela 3. Media, desvio padrao, coeficiente de variacao, e valores maximos e mınimos do VPE dasabordagens/topologias avaliadas.

Abordagem Media (R$) Desv. pad. (R$) CV(%) Maximo (R$) Mınimo (R$)

PSOw gbest 481.142,91 6.008,29 1,2488 491.944,94 468.899,38PSOw lbest 483.578,43 3.539,56 0,7320 490.157,38 475.420,19PSOx gbest 483.406,29 6.113,17 1,2646 492.148,84 471.917,97PSOx lbest 480.380,68 2.992,55 0,6230 487.285,22 473.931,53SA(1) 472.482,96 4.939,06 1,0453 478.507,25 463.002,94SA(2) 472.602,29 4.738,31 1,0026 477.741,13 463.906,84

De acordo com a prova nao parametrica de Kruskal-Wallis, ao nıvel de 5% de significancia (p-valor <0,05), ao menos uma das abordagens e diferente das demais. Como forma de diferenciar as meta-heurısticastestadas, aplicou-se o teste de Dunn, cujos resultados sao apresentados na Tabela 4.

Tabela 4. Resultados do teste de Dunn.

Algoritmos Soma de postos Postos Medios Comparacao dos grupos

PSOw lbest 2136 71,2000 a*

PSOx gbest 2099 69,9667 aPSOw gbest 1634 54,4667 aPSOx lbest 1391 46,3667 a bSA(1) 138 17,2500 bSA(2) 136 17,0000 b* Abordagens seguidas de mesma letra nao diferem estatisticamente pelo

teste de Dunn ao nıvel de significancia de 5%

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 4 todas as abordagens do algoritmo PSO avaliadasnao diferem estatisticamente entre si, considerando os nıveis de probabilidade empregados. A PSOx lbestapresentou as piores solucoes dos algoritmos PSO. Desta forma, seu desempenho foi tambem consideradoestatisticamente igual ao algoritmo SA.

Percebe-se do ponto de vista de usuario dos algoritmos que, apesar de estatisticamente iguais, estesapresentam diferencas que resultam em melhores ou piores resultados. Neste sentido, sao apresentadas nasFiguras 6 e 7 as distribuicoes das solucoes encontradas com cada uma das meta-heurısticas utilizando graficosde pontos e Box Plot. Neste ultimo, pode-se observar, alem da mediana, a posicao das solucoes em relacaoaos percentis 25 e 75 % e a amplitude das solucoes com os valores maximos e mınimos de VPE.

Quanto mais concentradas sao as solucoes, ou seja, quanto menor a amplitude de solucoes da meta-heurıstica, mais ela pode ser considerada confiavel. Isto quer dizer que menos execucoes sao necessarias paraconseguir boas solucoes. E obvio que, aumentando o numero de execucoes, a probabilidade de encontrarmelhores solucoes tambem aumenta, ate certo limite. No entanto, ha sempre o problema de tempo deprocessamento. Problemas reais de planejamento florestal usualmente contem centenas ou milhares de

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Figura 6. Grafico de pontos das solucoes obtidas com as meta-heurısticas testadas.

Figura 7. Box Plot das solucoes obtidas com as meta-heurısticas testadas.

variaveis que podem requerer longo tempo de processamento. Neste sentido, o usuario ao escolher a meta-heurıstica e aplicar ao seu problema, deve levar em consideracao estas ponderacoes.

Pode-se observar nas Figuras 6 e 7 que para a meta-heurıstica PSO a topologia lbest pode ser consideradamais confiavel em relacao a gbest, apesar desta ultima ter apresentado os melhores resultados. A meta-heurıstica SA, apesar dos resultados inferiores, pode ser considerada viavel para a solucao de problemas deplanejamento florestal pelos resultados apresentados de eficacia e eficiencia.

4. Conclusões

• A meta-heurıstica PSO pode ser empregada na solucao de problemas de planejamento florestal comvariaveis inteiras;

• A meta-heurıstica SA apresentou resultados inferiores a PSO, no entanto a mesma pode tambem seraplicada a problemas de planejamento florestal. Sugere-se que modificacoes sejam feitas ao algoritmoimplementado nesta pesquisa para melhores resultados;

• A PSOx gbest e uma abordagem indicada para o problema de planejamento florestal com variaveisinteiras, por ter apresentado o melhor valor para a funcao objetivo, assim como a abordagem PSOwlbest, por ter apresentado o melhor valor de media e valor mınimo;

• A topologia de vizinhanca gbest possui maior capacidade de obter melhores solucoes, enquanto atopologia lbest consegue evitar os otimos locais e com isso, apresenta maior homogeneidade nas solucoes.

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Notas Biográficas

Flavio Augusto Ferreira do Nascimento e graduado em Engenharia Florestal e mestre em Ciencias Florestais(Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, 2005 e 2010, respectivamente). Atualmente e doutorandoem Engenharia Florestal (Universidade Federal do Parana – UFPR). Ele tem interesse na area de meta-heurıstica eotimizacao combinatoria, principalmente com aplicacoes em problema de gestao e planejamento florestal.

Julio Eduardo Arce e graduado em Ingenierıa Florestal (Universidad Nacional de La Plata, 1993), mestre e doutorem Engenharia Florestal (UFPR, 1997 e 2000, respectivamente). Atualmente e Professor Associado da UniversidadeFederal do Parana no curso de Engenharia Florestal nas areas de manejo florestal, planejamento florestal e pesquisaoperacional.

Andrea Nogueira Dias e graduada em Engenharia Florestal (Universidade Federal de Vicosa – UFV, 1997),mestre e doutor em Ciencias Florestais (UFV, 2000 e 2005, respectivamente). Atualmente e Professor Adjunto daUniversidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO).

Afonso Figueiredo Filho e graduado, mestre e doutor em Engenharia Florestal (Universidade Federal do Parana,1976, 1983 e 1991, respectivamente). Atualmente e Professor Associado da UNICENTRO e Professor Senior naUFPR. Trabalha na area de manejo florestal.

Gabriel de Magalhaes Miranda e graduado em Engenharia Florestal (Universidade Federal de Vicosa – UFV,1997), mestre e doutor em CienciasFlorestais (UFV, 2000 e 2003, respectivamente). Atualmente e Professor Adjuntoda UNICENTRO.

Celso Carnieri e graduado em Matematica e em Engenharia Agronomica (Universidade Federal do Parana, 1970e 1971, respectivamente), mestre em Matematica (Instituto Nacional de Matematica Pura e Aplicada, 1973) edoutor em Engenharia Eletrica, na area de Otimizacao (Universidade Estadual de Campinas, 1989). Atualmente eprofessor Senior do Programa de Pos-Graduacao em Metodos Numericos em Engenharia da UFPR. Atua nas areas deplanejamento florestal otimizado, programacao linear, modelos de transporte, programacao dinamica e programacaointeira.