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CAPÍTULOdos

2.1 O PROCESSO DE URBANIZA-ÇÃO NA AMÉRICA LATINA ECARIBE

O ainda acelerado crescimento da população e sua con-centração nas áreas urbanas, o desenvolvimento indus-trial e as mudanças nos níveis de consumo levaram aocrescimento da quantidade e variedade de resíduos

sólidos gerados pela população na Região de AméricaLatina e Caribe (ALC), com a concomitante demandade serviços para seu manejo adequado.

A população da Região da ALC teve um aumento con-siderável nas últimas décadas passando de 209 milhõ-es em 1960 para 518 milhões em 2001, como mostra aFigura 1 e Tabela 2.

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A SITUAÇÃO REGIONAL

Figura 1. Região da América Latina e Caribe:Evolução da população urbana e rural 1960-2001

Fonte: População Urbana e Rural: United Nations. World Urbanization Prospects: The 2001 Revision.A população de 2001 foi obtida da Avaliação de Resíduos. As definições de população urbana e rural foram fornecidas por cada país e podem ter variaçõ-es com respeito às usadas pelas Nações Unidas

Na Região da ALC, ocorre uma concentração gradativaporém bastante rápida da população nos centros urba-nos. Em 1975, 61% da população era urbana. Em 2001este percentual passou para 78,3%, o que quer dizerque cerca de 406 milhões de pessoas moram nas cida-des. A Região é uma das mais urbanizadas do planeta esua população aumenta em 8,4 milhões de habitantespor ano. Como mostra o Quadro 3, a maior concentra-ção na Região aparece para o ano 2002 na Cidade doMéxico (18,2 milhões de habitantes), São Paulo (18,1milhões), Buenos Aires (cerca de 13 milhões) e Rio deJaneiro (10 milhões). Além disso, as áreas metropolita-nas de Buenos Aires e Santiago concentram por voltade 35% da população de Argentina e Chile respectiva-mente. Lima concentra 30% da população total de Perue mais de 40% da sua população urbana. Por outrolado, países como Guatemala, Costa Rica, Haiti e

Honduras apresentam uma transição urbana incipientee lenta se comparada com o resto da Região, com umvalor inferior a 60% de população urbana. Para o anode 2005, estima-se que a Guatemala será o único paísda Região que não terá superado a marca dos 50% depopulação urbana, e sua característica rural continuaráa diferenciá-la do resto de países nos qüinqüênios sub-seqüentes.

No Caribe, ao nível dos países, o percentual da popula-ção urbana oscila entre um mínimo de 24% em SãoVicente e Granadinas e um máximo de 100% emBarbados e Ilhas Caiman, com uma média nos paísescaribenhos de 64,3%. No entanto, a diferenciação entreurbano e rural no Caribe é muito sutil e, em geral, háuma tendência de considerar o país como um todo.

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RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO REGIONAL DOS SERVIÇOS DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS MUNICIPAIS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

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C A P I T U L O 2 - A SITUAÇÃO REGIONAL

PaísPopulação

Urbana % UrbanaPopulação

Rural % RuralPopulação

Total

Anguilla a 12 100 0 0 12

Antigua e Barbuda a 24 32,0 51 68,0 75

Antilhas Holandesas b 153 70,7 64 29,3 217

Argentina a 32.316 89,2 3.908 10,8 36.224

Aruba b 104 100 0,0 0,0 104

Bahamas 271 88,0 37 12,0 308

Barbados 269 100,0 0,00 0,0 269

Belize 117 47,7 128 52,3 245

Bermuda b 63 100,0 0,0 0,0 63

Bolivia a 5.166 62,4 3.108 37,6 8.274

Brasil 140.959 81,8 31.426 18,2 172.386

Chile 13.216 85,8 2.186 14,2 15.402

Colômbia 30.676 71,5 12.218 28,5 42.894

Costa Rica 2.372 59,0 1.648 41,0 4.02

Cuba 8.462 75,3 2.781 24,7 11.243

Dominica 15 21,1 56 78,9 71

Equador a 7.431 61,1 4.725 38,9 12.156

El Salvador 3.387 54,0 2.889 46,0 6.276

Granada a 37 35,7 67 64,3 104

Guadalupe b 430 99,7 1 0,3 431

Guatemala 4.495 40,0 6.742 60,0 11.237

Guiana Francesa b 133 78,4 37 21,6 170

Guiana 293 37,9 479 62,1 772

Haiti 2.947 36,2 5.184 63,8 8.131

Honduras a 2.979 45,6 3.557 54,4 6.536

Ilhas Caiman 42 100,0 0 0,0 42

Ilhas Turcas y Caicos b 8 45,6 9 54,4 17

Ilhas Virgens Britânicas a 21 100,0 0 0,0 21

Islas Vírgenes EUA b 57 46,8 65 53,2 122

Jamaica 1.354 52,1 1.245 47,9 2.599

Martinica b 367 95,1 19 4,9 386

México 90.438 91,6 8.270 8,4 98.708

Montserrat b 2 18,9 6 81,1 8

Nicarágua 2.993 57,5 2.212 42,5 5.205

Panamá 1.830 63,1 1.071 36,9 2.901

Paraguai 3.147 54,0 2.683 46,0 5.83

Peru 18.263 69,3 8.084 30,7 26.347

República Dominicana 4.992 58,4 3.55 41,6 8.541

São Kitts y Nevis a 46 100,0 0 0,0 46

São Vicente e Granadinas a 29 24,8 88 75,2 117

Santa Lúcia a 80 50,3 79 49,7 159

Suriname 303 68,9 137 31,1 440

Trinidad y Tobago 1.267 100,0 0 0,0 1.267

Uruguai 3.158 94,5 183 5,5 3.341

Venezuela 21.055 87,1 3.114 12,9 24.169

Total 405.703 78,3 111.933 21,7 517.886

Tabela 2. População na Região da América Latina e Caribe – Dezembro 2001(Em mil habitantes)

a Censo 2001 realizado nestes países, cuja informação foi incluída na Avaliação de Resíduos.b OPAS, Programa Especial de Análise de Saúde. Situação da Saúde nas Américas: Indicadores Básicos 2001, Washington, D.C. Observação: A definição dos termos “urbano” e “rural” corresponde às empregadas em cada país. Apresentam-se valores indicados pelos paísescomo dados oficiais do Censo 2001 ou projeções para o ano 2000 e estimativas vigentes nesses países. Alguns valores de população da Avaliaçãode Resíduos podem ser diferentes dos Indicadores Básicos da OPAS para 2001. Fontes: Avaliação de Resíduos.

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RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO REGIONAL DOS SERVIÇOS DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS MUNICIPAIS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

O maior percentual de urbanização é observado naAmérica do Sul (83%), seguido da América Central(62%) e Caribe (56%). Este quadro é o resultado depolíticas nacionais de desenvolvimento que favorecemas grandes cidades onde estão os centros financeiros,os meios de comunicação, o melhor atendimento médi-co e as oportunidades de emprego. Por outro lado, tam-bém a migração teve efeitos na distribuição da popula-ção urbana. Aos processos migratórios intensivos depopulações carentes das regiões rurais para os princi-pais centros urbanos em busca de melhores condiçõeseconômicas, acrescentaram-se outros fluxos migrató-rios, como é o caso de um área urbana para outra, amigração dentro das cidades e a migração internacionale intra-regional.

Embora o processo de urbanização tenda a concentraras pessoas nos grandes centros urbanos, cerca de 47%da população urbana da ALC vive em cidades peque-nas e de porte médio de menos de 500.000 habitantes,concentrando-se nestas últimas 35% do total da popu-lação da Região. Nas últimas duas décadas, as cidadesde porte médio tiveram altas taxas de crescimento, eem algumas destas cidades começaram a aparecer osmesmos problemas das grandes cidades, devido a suamaior atividade econômica e a pressões demográficaspresentes.

Estima-se que para 2015, 80% da América Latina seráurbana com a seguinte distribuição:

• 16% da população total irá viver em 9 áreas metro-politanas grandes com mais de 5 milhões de habitan-tes (com a proporção estabilizada).

• 28% viverá em 122 cidades grandes entre 500.000 e5 milhões de habitantes (com aumento das propor-ções).

• 36% viverá nas cidades pequenas e médias, com até500.000 habitantes (com aumento das proporções),incluídos aqui dezenas de milhares de pequenospovoados com menos de 20.000 habitantes.

• 20% viverá em áreas rurais (com a proporção des-cendente mantida).

As cidades médias e pequenas irão experimentar omaior crescimento; são estas cidades as que apresentammaiores problemas no manejo de seus resíduos sólidosdada a limitada disponibilidade de recursos econômi-cos, técnicos e administrativos com que contam.

Uma situação de crescimento e urbanização muito par-ticular enfrentam os países do Caribe, dada sua limita-da área e forte dependência da atividade turística parasua sobrevivência econômica. A escassez de recursosterritoriais nas ilhas do Caribe faz com que exista umaforte competição entre a moradia, a infra-estrutura viá-ria, a agricultura tradicional e o turismo. Nos últimosanos, algumas das ilhas do Caribe têm experimentadoum crescimento econômico explosivo como conse-qüência da indústria turística que cria exigências na

Tabela 3. As 12 cidades com maior população da América Latina (*)

(*) Las populações correspondem às respectivas regiões ou áreas metropolitanas.Fonte: A Saúde nas Américas, OPAS, Publicação Científica e Técnica No. 587, 2002 (extraído de United Nations. World Population Prospects: The 2000Revision.

Cidade1996

População (milhares)2002

População (milhares)2008

População (milhares)

Cidade do México 16.876 18.259 19.371

São Paulo 16.777 18.182 18.590

Buenos Aires 12.003 12.819 13.519

Río de Janeiro 10.261 10.756 11.304

Lima 6.827 7.740 8.580

Bogotá 5.762 6.543 7.276

Santiago de Chile 5.131 5.709 6.183

Belo Horizonte 3.854 4.308 4.689

Guadalajara 3.526 3.991 4.209

Porto Alegre 3.418 - 4.182

São Domingos - 3.759 4.219

Guatemala - - 4.273

provisão de serviços básicos e no meio ambiente.Países como Barbados, com uma população estável de269.000 habitantes recebe anualmente 800.000 turistaspara estadia e outros 500.000 de cruzeiros, que produ-zem uma grande demanda de recursos naturais renová-veis e não renováveis. Barbados é um dos dez países domundo com maior carência de água, o que o coloca nogrupo dos seis países pequenos em situação de risco(CEPAL, setembro, 2002). Outros países menores comoas Ilhas Virgens Britânicas, com uma população totalpermanente de 20.467, tem uma população flutuanteque ultrapassa 38% da população estável, com o conse-qüente aumento da produção de resíduos sólidos esérias dificuldades para sua disposição. Estes pequenosestados insulares caracterizam-se pela sua fragilidade evulnerabilidade ecológica, de tal forma que são facil-mente afetados pela disposição de resíduos sólidos ede águas residuais em seu entorno, situação que estálevando estes países a buscar alternativas ecologica-mente viáveis de manejo de resíduos sólidos, parapoder manter seu patrimônio natural, que é a base dassuas economias.

Em 1995, a população urbana da América Latina eCaribe foi estimada em 357 milhões de habitantes de umtotal de 474 milhões, e a quantidade de resíduos sólidosurbanos gerada alcançou o valor de 275.000 toneladaspor dia. No ano de 2001, a população urbana da Regiãoda América Latina e Caribe chegou a ser de 406 milhõesde habitantes de um total de 518 milhões de pessoas e aAvaliação de Resíduos estima a geração de resíduos sóli-dos municipais em 369.000 toneladas por dia. Para oano 2015 projeta-se que a população da Região chegaráa 627 milhões de habitantes, dos quais cerca de 501 mil-hões serão urbanos (aproximadamente 80%); supondoque a quantidade diária de resíduos gerada por habitan-te seja mantida, seriam gerados mais de 446.000 tonela-das diárias de resíduos sólidos municipais.

Em relação aos resíduos perigosos, a situação é aindamais crítica em alguns países da ALC. Apenas noMéxico, estima-se que a geração total de resíduos peri-gosos de origem industrial alcance o volume de oitomilhões de toneladas anuais, não incluídos os resíduosda atividade mineradora5. Mesmo países de áreas epopulações menores encontram-se em situação crítica,

como é o caso de Trinidad e Tobago e Jamaica, cujaseconomias estão fortemente ligadas a processos indus-triais no setor energético, relativos à industria petrolí-fera e de gás natural, que acarretam a produção de umagrande quantidade de resíduos perigosos e não biode-gradáveis. No que diz respeito aos resíduos perigososhospitalares, um estudo realizado em 1993 pela OPASem 21 países da ALC estimou a produção de 220.547toneladas diárias deste tipo de resíduo6. É muito fre-qüente que os resíduos perigosos sejam dispostos con-juntamente com os resíduos sólidos municipais, semnenhum tratamento prévio, sendo ainda mais críticasua disposição indiscriminada no entorno.

O desenvolvimento econômico e urbano na Regiãoconduz a uma maior demanda dos serviços de limpezaurbana, o que coloca um grande desafio aos países paraproporcionar as condições apropriadas para o manejoadequado dos resíduos, minimizando assim os proble-mas ambientais e sanitários associados.

Enquanto a urbanização em si não deveria ter efeitossócio-econômicos ou ambientais negativos, é o cresci-mento urbano desordenado sem um planejamento ade-quado, em especial nas áreas pobres dentro e fora dascidades, o que produz os maiores problemas relaciona-dos com os resíduos sólidos e dificulta a prestação deserviços básicos adequados.

2.2 TENDÊNCIAS SÓCIO-ECONÔMICAS NA REGIÃO

De acordo com estimativas da Comissão Econômicapara América Latina e Caribe (CEPAL, março 2003),durante a década de noventa a América Latina experi-mentou um novo crescimento econômico comparadocom a década anterior. O Produto Interno Bruto (PIB)cresceu 3,2% por ano entre 1990 e 2000, comparadocom o crescimento de 1% durante os anos oitenta. OCaribe experimentou um fenômeno similar, emboracom taxa de crescimento média menor, da ordem de2% na década de noventa, comparada com 0,1% nadécada de oitenta. Este crescimento não foi suficientepara reduzir a diferença existente entre os países da

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5 México. Instituto Nacional de Ecologia (INE). Secretaria do Meio Ambiente, Recursos Naturais e Pesca. Programa para a minimização e mane-jo integrado dos resíduos industriais perigosos em México 1996-2000, México, D.F. INE, 1996.México, D.F. Comissão Ambiental Metropolitana. Manual de minimização, tratamento e disposição: conceito de manejo de resíduos perigosose industriais para o processamento químico. Setembro 1998.

6 OPAS. Resíduos perigosos e saúde em América Latina e Caribe. OPAS série ambiental 14. Washington, D.C. 1994.

Região e os países mais desenvolvidos, ou para superara pobreza na América Latina e Caribe.

Ao mesmo tempo, conseguiu-se um considerável pro-gresso na abertura das economias da Região da ALC.Apesar da Região significar apenas 5% das exportaçõ-es mundiais, o volume atual de exportações tem cresci-do com a maior taxa na história da Região, na casa dos8,9% ao ano entre 1990 e 1999. Do mesmo modo, aliberalização da economia e a globalização, marcadaspela desregulação das atividades nos setores de recur-sos intensivos, a privatização das atividades que tradi-cionalmente eram reservadas ao Estado e a aplicaçãode acordos de livre comércio, em particular o MercadoComum do Sul (MERCOSUL), a Comunidade Andina,o Mercado Comum Centro-americano e a ComunidadeCaribenha (CARICOM) têm contribuído para a integra-ção da economia na Região. Esta abertura econômicatrouxe como conseqüência um aumento no consumode bens, com o decorrente aumento da produção deresíduos sólidos.

Com poucas exceções, a maioria dos países da Região secaracterizam pela baixa qualidade na disposição finalde resíduos sólidos, o que se traduz em um passivoambiental expresso pela crescente degradação de solose entornos urbanos, contaminação de aqüíferos e daatmosfera, assim como em efeitos negativos na saúde dapopulação. Esta situação tem um alto custo econômiconão apenas a nível nacional, mas a nível internacional,em decorrência da contaminação associada a algunsprocessos tecnológicos de setores como mineração,exploração florestal e pesca, que não se orientam paraprocessos de produção mais limpos ou pela disposiçãoadequada de seus resíduos sólidos. As economias dospaíses podem ser prejudicadas se não cumprirem asexigências internacionais de comercio de caráterambiental. Da mesma forma, países com economiasbaseadas no turismo podem ser severamente afetadospor práticas inadequadas de manejo de resíduos.

A Região manteve seus padrões de exportação basea-dos no uso intensivo da mão de obra e a exploração derecursos naturais, o que influi na vulnerabilidade daseconomias nacionais por ser altamente dependente deuns poucos produtos ou mercados. Em geral, existemtrês padrões de especialização exportadora em AméricaLatina e Caribe: (i) comercialização de manufaturas(montagem de partes, peças e componentes), predomi-nantemente no México e alguns países da AméricaCentral e Caribe; (ii) comercialização de produtos

industrializados para comércio (diversos produtos) empaíses andinos (manufatura de tecnologia média e alta)no Brasil; e (iii) exportação de serviços (turismo, servi-ços financeiros, e transporte) em alguns países doCaribe e no Panamá.

À medida em que as economias da Região foram setransformando em parte integrante da economia global,os padrões de crescimento urbano resultaram emmudanças estruturais e morfológicas das cidades, queforam influenciados pela desregulação e privatizaçãode algumas áreas de produção e serviços, redução dosinvestimentos do Estado e descentralização ou descon-centração das áreas de responsabilidade estatal nesteaspecto. Estas mudanças não são estranhas aos serviçosde limpeza urbana que possuem um grande potencialpara a participação do setor privado, podendo trazerrepercussões significativas no desenvolvimento nacio-nal através de seus efeitos no emprego e nos ganhosobtidos pela diminuição dos custos das importações dematéria prima como conseqüência da reciclagem. Poroutro lado, a mudança nas economias da Região resul-tou em um aumento da quantidade de resíduos sólidose mudança na sua composição, tornando-se estes cadavez menos biodegradáveis e com maior concentraçãode contaminantes perigosos.

Durante a década de noventa, na maioria dos países daRegião as taxas de crescimento do PIB per capita forampositivas, embora a melhoria com relação à década de80 foi bem mais modesta. Não obstante, a Região estálonge de ser homogênea. Como mostra a Tabela 4, para1999 o PIB per capita flutuou entre US$ 435 no Haiti eUS$ 7.435 na Argentina (antes da crise). Essa situaçãonão mudou muito em 2001, quando o PIB do Haiti caiupara US$ 424 e a Argentina manteve ainda o maior PIBpor habitante na América Latina, com US$ 6.875. Umaflutuação similar ocorre no Caribe, que no ano 2001registra um PIB per capita de US$ 6.722 em Barbados ede US$ 735 na Guiana (CEPAL, março, 2003). Em 2003,o Caribe de língua inglesa teve em média um PIB percapita de US$ 7.540, sendo o maior para as IlhasVirgens Britânicas, com US$ 16.000, seguido deAntigua e Barbuda com US$ 11.000 e Anguilla comUS$ 8.600; o menor de todos é de São Vicente eGranadinas, com US$ 2.900. América Latina e Caribecontinuam a sofrer uma das distribuições de renda maisdesiguais no mundo, uma situação que não tem muda-do há várias décadas. Estas diferenças são também gri-tantes dentro dos países, como ocorre no Brasil que secaracteriza por padrões de alto desenvolvimento tecno-

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RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO REGIONAL DOS SERVIÇOS DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS MUNICIPAIS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

lógico, em contraposição com a miséria absoluta exis-tente em algumas regiões rurais e entre populaçõesindígenas, e nas periferias dos grandes centros urbanos.

Os níveis de renda per capita e de distribuição da rendaafetam a saúde da população, como se reflete nos indi-cadores de saúde (expectativa de vida ao nascer, morta-lidade infantil, entre outros), e os indicadores de edu-cação (nível de alfabetização), havendo uma relaçãodireta entre estes componentes.

Nos últimos anos, dependendo do país, observam-sealtos níveis de desemprego aberto e/ou uma expansãodo subemprego e do setor informal. No ano de 2001, odesemprego aberto na América Latina e Caribe foi esti-mado em 8,4%, o que constitui um aumento substan-cial comparado com os valores de 1997 e 1990, em queo desemprego esteve na casa de 7,8% e 5,8% respecti-vamente (CEPAL, 2002). A Figura 2 mostra o percen-tual de desemprego aberto urbano em alguns países daAmérica Latina e Caribe para o ano de 2001. A título decomparação, neste ano nos Estados Unidos a taxa dedesemprego foi de 4.8% (EUA, Ministério do Trabalho,

2001) e no Canadá de 7,2% (PNUD, HumanDevelopment Report, 2003).

Segundo dados da CEPAL (2002), o desemprego afetamais jovens, mulheres e membros de famílias pobres.Estima-se que um terço do crescimento do trabalhoinformal foi gerado por microempresas, das quais umpequeno percentual corresponde às microempresas decoleta e reciclagem de resíduos sólidos. Por sua vez, empaíses como Argentina, Colômbia e Peru, observou-seum incremento significativo na proporção de catado-res, conseqüência de um aumento desmedido dos índi-ces de pobreza e indigência, associado a uma situaçãocrítica de desemprego.

Em termos de estrutura operacional, tem continuado atroca de emprego na produção de bens para empregosno setor de serviços. Por volta do ano 1998, o setor ter-ciário representou 73% da força de trabalho na áreaurbana, e a proporção de postos de trabalho no setorindustrial diminuiu para valores similares aos doinício dos anos noventa.

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C A P I T U L O 2 - A SITUAÇÃO REGIONAL

Figura 2. Taxa de desemprego aberto urbano em países selecionados da América Latina e Caribe 2001

Fonte: Dados CEPAL, Anuário Estatístico da América Latina e Caribe, 2002.

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RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO REGIONAL DOS SERVIÇOS DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS MUNICIPAIS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

País PIB per cápi-ta(a) (1)

(dolares doano 1999)

PIB per cápi-ta(a) (1) (dola-

res do ano2001)

Índice deDesenvolvimento Humano(2)

2001

Pobreza(b)(2)

(%)Indigência (c)(2)

País (%)Coeficiente deGini(2)(3) (1999)

Taxa deAnalba-

fetismo(2) (%)

Anguilla … 8.6 … 18,0 2,0 0.31 2,0

Antigua e Barbuda … 11 0.798 … … 0.52 15,0

Argentina 7.435 6.875 0.849 34,8 19,5 0.53 3,1

Bahamas … … 0.812 … … … 4,5

Barbados 6.713 6.722 0.888 9,0 …. 0.39 3,0

Belice 1.546 2.825 0.776 25,3 9,6 0.51 6,3

Bolívia 952 943 0.672 58,6 37,3 0.6 13,3

Brasil 4.216 4.335 0.779 36,5 12,3 0.64 13,6

Chile 5.618 5.883 0.831 16,2 4,2 0.58 4,0

Colômbia 2.271 2.273 0.779 39 15 0.57 8,2

Costa Rica 3.701 3.654 0.832 21,1 6,4 0.49 4,8

Cuba 3.878 4.156 0.806 … … … 3,8

Dominica … 3.7 0.776 29 10 0.45 6,0

Equador 1.428 1.492 0.731 60,2 28,1 0.54 9,0

El Salvador 1.754 1.756 0.719 49,9 22,5 0.52 20,8

Granada … 5 0.652 24 2,6 0.5 2,0

Guatemala 1.551 1558 0.652 77 30 0.58 35,8

Guiana 741 735 0.74 35 19 … 1,3

Haiti 435 424 0.467 90,4 58,7 … 35,0

Honduras 694 709 0.657 66 49 0.57 22,7

Ilhas Caimán … … … 22,4 6,9 … 2,0

Ilhas VirgensBritânicas

… … … 16 0 0.23 2,0

Jamaica 2.4 2.8 0.757 17 6 … 14,2

México 4.576 4.722 0.8 31,3 12,2 0.57 5,5

Nicaragua 473 492 0.643 67,5 41,4 0.59 32,3

Panamá 3.274 3.271 0.788 27,5 12,3 0.56 7,9

Paraguai 1.602 1.55 0.751 33,7 15,5 0.54 6,5

Peru 2.309 2.309 0.752 41,5 15,7 0.5 10,1

RepúblicaDominicana

1.94 1.067 0.737 50,0 15,0 0.57 17,2

São Kitts y Nevis … 8.7 0.808 16 6,4 0.44 2,5

Santa Lúcia … 4.4 0.775 19 0,9 0.47 27,0

São Vicente y lasGranadinas

… 2.9 0.755 31 20 0.44 4,0

Suriname 1.35 … 0.762 … … 0.45 5,8

Trinidad e Tobago 5.116 5.773 0.802 31,0 … 0.4 6,2

Uruguai 5.983 5.587 0.834 16,0 1,0 0.44 2,4

Venezuela 3.036 3.121 0.775 53,7 16,6 0.49 6,8

Tabela 4. Indicadores sócio-econômicos selecionados para América Latina e Caribe

(a) A preços constantes de 1995.(b) Corresponde à população que tem gasto per capita menor que o de uma cesta básica, que considera gastos alimentares e não alimentares. Percentual

da população total.(c) Quando o gasto total per capita é menor que o custo per capita da cesta básica alimentar. Percentual da população total.… Informação não disponível.Fuentes: 1 CEPAL, Anuário Estatístico da América Latina e Caribe, 2002.

2 Avaliação de Resíduos. Os valores para o Índice de Desenvolvimento Humano foram obtidos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Human Development Report 2003. Os valores de pobreza e Coeficiente de Gini estão baseados em pesquisas feitas em domicílios.

3 PNUD, a Comissão Econômica para América Latina (CEPAL) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Para o objetivo do milênio de reduzir a pobreza na América Latina e Caribe, Santiago de Chile, fevereiro de 2003.

A pobreza na Região

Estima-se que cerca de 150 milhões de pessoas, quaseum em cada três indivíduos, encontram-se abaixo dalinha de pobreza na América Latina e Caribe, conside-rando o critério de renda inferior a dois dólares diá-rios7. As fortes crises econômicas que sofreram algunspaíses latino-americanos contribuíram para o aumentoda pobreza na Região, com o surgimento do fenômenodos novos pobres, gerado pelo súbito empobrecimentodos segmentos médios da população, como foi o caso daArgentina e do Uruguai. O componente de pobrezaextrema ou indigência afeta cerca da metade dos domi-cílios em situação de pobreza na Região. Os pobres daRegião formam um grupo heterogêneo dentro dos pai-ses, e ainda mais heterogêneo quando considerada aRegião como um todo.

Entre final dos anos 80 e meados dos anos 90, a incidên-cia da pobreza apresentou uma leve diminuição namaioria dos países da Região, com exceção daVenezuela e da área da Grande Buenos Aires naArgentina, onde a incidência aumentou, e o México,que permaneceu sem mudanças. Apesar dos esforçosrealizados pelos países da América Latina e Caribe parareduzir a pobreza, os resultados tem sido desalentado-res dados os elevados níveis de desigualdade na Região.

Quanto à evolução da desigualdade na distribuição derenda familiar em toda a América Latina, durante adécada passada as disparidades foram relativamentemenores e os níveis de desigualdade, medidos pelo coe-ficiente de Gini8, têm se mantido estáveis, com exceçãoda Bolívia, Equador, Paraguai e Venezuela, onde estecoeficiente mostrou um leve incremento. Em contraste,Honduras apresentou uma diminuição substancial dadesigualdade, da ordem de 8,3%9. Por outro lado, ospaíses do Caribe não sofreram grandes variações nesteaspecto.

América Latina e Caribe é a Região com a distribuiçãode renda mais desigual do mundo, “título” inalteradohá várias décadas. A disparidade na distribuição darenda não é grande apenas entre países, mas no interiordos mesmos (Tabela 4), como mostram os altos valoresdo coeficiente de Gini em países como Brasil (0,64),

Bolívia (0,60), México (0,59) e Granada (0,58). Atémesmo o coeficiente de Gini para o Uruguai (0,44) éconsiderado alto para as médias internacionais, quandocomparado com países de alta renda, cuja média nadécada de noventa alcança o valor de 0,34 (CEPAL,2003).

Cerca de 35% dos domicílios urbanos encontra-se emsituação de pobreza, concentrada nos bairros pobresurbanos e áreas periurbanas. Em países como Brasil eChile, os pobres urbanos constituem o maior percen-tual dos pobres da Região. Não obstante, a pobrezaainda é concentrada nas áreas rurais. Em vários paísesda ALC, mais de 50% dos pobres vive em áreas rurais.Em países como Bolívia, El Salvador, Equador, Haiti,Guatemala e Nicarágua, a pobreza ultrapassa 50% dapopulação sendo que um quarto da população encon-tra-se em extrema pobreza (Figura 3). Da mesma forma,os grupos indígenas estão desproporcionalmente repre-sentados entre os pobres, particularmente entre aquelesem situação de extrema pobreza. Freqüentemente, ospobres ficam excluídos da educação formal, atençãoem saúde, e serviços básicos essenciais, e para muitosdeles o setor informal é fonte de emprego.

Apesar da falta de manejo ou o manejo inadequado deresíduos sólidos trazer conseqüências apara a popula-ção inteira, são os pobres, e em especial as mulheres ecrianças, os mais vulneráveis a estes problemas. Osserviços de coleta nas áreas mais pobres têm menosprioridade do que nas áreas com maior densidade. Aacessibilidade nos locais mais pobres tende a ser pro-blemática dadas as más condições viárias e de moradia,e a falta de infra-estrutura para o armazenamento ecoleta de resíduos. Além disso, em muitos casos as pes-soas pobres, por necessidade, vem-se obrigadas a sesustentar economicamente do lixo, sem controle sani-tário algum, ficando expostos a riscos de saúde e seconvertendo em vetores de doenças.

Os desafios estão também marcados pelas desigualda-des, tanto em cobertura quanto na qualidade dos servi-ços prestados, presentes nas diferentes regiões dentrode um pais, em diferentes estratos econômicos dapopulação e em alguns casos, em diferentes gruposétnicos.

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C A P I T U L O 2 - A SITUAÇÃO REGIONAL

7 Baseada na renda como medida da pobreza, a linha de pobreza corresponde a uma renda diária de dois dólares e para pobreza extrema ouindigência é igual a um dólar diário.

8 O coeficiente de Gini mede a disparidade sobre a distribuição da renda ou consumo. Um valor de 0 significa igualdade perfeita e um valor de1,00 significa desigualdade perfeita.

9 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) e Instituto de PesquisaEconômica Aplicada (IPEA). Para o objetivo do milênio de reduzir a pobreza na América Latina e Caribe. Santiago do Chile, fevereiro de2003.

2.3 SAÚDE E EDUCAÇÃO

A maioria dos países da Região da ALC conseguiureduzir a mortalidade infantil para uma média regionalde 24,8 por cada 1.000 nascidos vivos, no período de1995-2000 (OPAS, 2002a). Não obstante, ainda existemmarcadas diferenças entre os países. Da mesma forma,a expectativa de vida ao nascer aumentou para mais de70 anos, embora não de maneira uniforme entre todosos paises. Um ponto em comum que influi nas taxas demortalidade e morbidade é o nível de renda dos países,verificado quando se comparam os quintis mais pobrescom os mais ricos.

As Tabelas de 5 a 7 mostram os indicadores de morta-lidade infantil, expectativa de vida ao nascer e analfa-betismo nos países da Região da ALC para o ano 2001.

Embora não se tenha estabelecido uma correlação dire-ta entre o manejo inadequado de resíduos sólidos,saúde e educação da população, dada a falta de estudosepidemiológicos adequados, as condições insalubresapresentadas pelos resíduos constituem uma ameaçareal e potencial para a saúde humana e o meio ambien-te. O lixo não coletado que fica depositado sem contro-le no ambiente origina um conjunto de problemas sani-tários que podem ser traduzidos no incremento da pre-valência de doenças como a dengue, leptospirose edoenças gastrintestinais.

Particularmente, o lixo é um meio propício para a pro-liferação do vetor da dengue, em particular os objetosque retêm água atuando como criadouros do mosquito,como é o caso de pneus e vasilhas ou embalagens des-cartadas. A incidência da dengue tem aumentado gra-

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RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO REGIONAL DOS SERVIÇOS DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS MUNICIPAIS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

Figura 3. Percentual de pobreza e indigência em países da América Latina e Caribe

Fonte: Avaliação de Resíduos: Base de dados da Avaliação de Resíduos correspondente à informação oficial registrada pelos países.Observação: Para Trinidad e Tobago a informação de indigência não está disponível. As Ilhas Virgens Britânicas e Barbados não têm indigência.

Esperança de vida ao nascer Países

50,0 a 59,9 Haití60,0 a 64,9 Bolívia, Guiana, 65,0 a 69,9 Bahamas, Brasil, Granada, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Peru, República Dominicana, São Kitts e Nevis70,0 a 74,9 Antigua e Barbuda, Argentina, Belize, Colômbia, Equador, El Salvador, México, Panamá, Paraguai, República

Dominicana, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai, Venezuela

75,0 y más Anguilla, Barbados, Dominica, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Caiman, Jamaica, Chile, Costa Rica, Cuba

dativamente na Região da ALC desde 1981, sendo quea epidemia alcançou seu ponto crítico em 1998, comum total de 741.794 casos, entre os quais 12.396 dedengue hemorrágica, e 151 falecimentos (OPAS,2002a). Entre 2000 e 2001, países como Brasil,Equador, Cuba, Costa Rica, El Salvador, Guatemala,Honduras, Nicarágua, e Peru notificaram epidemias dedengue. No Caribe, nesse mesmo ano, países comoAnguilla, Bahamas, Barbados, Belize, Suriname eTrinidad e Tobago tiveram casos de dengue. Considera-se que o controle dos vetores é a maneira mais efetivapara a prevenção e controle desta doença, que deve ter

uma componente de educação que provoque mudançasno comportamento da população e a redução das fon-tes. Neste sentido, é importante que sejam tomadas asmedidas profiláticas apropriadas para evitar a disposi-ção indiscriminada de resíduos nos lixões a céu aberto,como também nas casas.

As infecções intestinais são a terceira causa de mortali-dade no grupo de idade de 0 a 4 anos nos países debaixa renda, tanto de baixa e alta variação de renda, e aquarta causa de mortalidade nos países de alta renda ealta variação de renda (OPAS, 2002a).

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C A P I T U L O 2 - A SITUAÇÃO REGIONAL

Tabela 5. Taxa de mortalidade infantil (*) para o ano 2001 por grupos de países

(*) Mortes de crianças menores de 1 ano por cada mil crianças nascidas vivas.Fonte: Avaliação de Resíduos.

Tabela 6. Expectativa de vida ao nascer (*) em 2001 na América Latina e Caribe

(*) Número de anos de vida de uma pessoa que estivesse submetida às condições de mortalidade existentes.Fonte: Avaliação de Resíduos.

Taxa de mortalidade infantil Países

Menos de 10,0 Anguilla, Chile, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Caiman, CubaEntre 10,0 e 20,0 Antigua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados, Costa Rica, Dominica, Granada, México, Panamá,

São Kitts e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Trinidad e Tobago, Uruguai, Venezuela

Entre 20,0 e 30,0 Belize, Brasil, Colômbia, Guiana, Jamaica, Paraguai, SurinameEntre 30,0 e 40,0 Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Peru, República DominicanaEntre 40,0 e 50,0 -Entre 50,0 e 60,0 BolíviaEntre 60,0 e 70,0 -Más de 70,0 Haití

A causalidade destas doenças é complexa, sendoinfluenciada por fatores de diversas origens. É sabidoque as condições de pobreza e o nível de educação têmum papel preponderante no níveis de morbidade e mor-talidade da população, devido em grande parte ao escas-so e às vezes nulo acesso que os pobres têm aos serviçosbásicos de saúde, moradias dignas e saneamento básico,a dificuldade de observar práticas de higiene e a igno-rância dos riscos que enfrentam, sobretudo os indiví-duos que trabalham e vivem em contato com o lixo.

O manejo dos resíduos sólidos tem uma estreita relaçãocom os níveis de educação da população envolvida. AAvaliação de Resíduos mostrou que grande parte dospaíses da Região têm, em maior ou menor medida,algum componente de educação sanitária/ambientalrelacionada com os resíduos sólidos, seja no nível esco-lar (ensino fundamental, ensino médio), seja com pro-gramas e campanhas a nível municipal e nacional diri-gidas para diferentes idades. Informações detalhadaspor país sobre educação encontram-se na base de dadosda Avaliação de Resíduos e também nos respectivosrelatórios analíticos por país. Geralmente esta educação

tende a ser mais de caráter informal, sendo que poucospaíses, como Colômbia, Costa Rica, Chile, Cuba, ElSalvador, Guiana, Ilhas Caiman e Jamaica a incluem noprograma curricular regular. Mesmo quando existe umagrande variedade de programas e campanhas de tipoecológico, a população em geral não tem assimilado aidéia da sua responsabilidade sobre o manejo de resí-duos sólidos, e se mostra indiferente em relação a seushábitos de consumo.

A população analfabeta de mais de 15 anos continuoudiminuindo na Região. Não obstante, países como ElSalvador, Haiti, Honduras, Guatemala, Jamaica,Nicarágua, Panamá, República Dominicana e SantaLúcia ainda possuem taxas de analfabetismo maiores de20% (Figura 4). A importância do nível educacional dapopulação reside na grande influência que tem nos hábi-tos de higiene pessoal e limpeza da moradia e áreaspúblicas, como também na consciência ambiental, queacarreta uma demanda de melhores serviços e a melhorpreparação da comunidade para assumir sua participa-ção no manejo dos resíduos.

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RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO REGIONAL DOS SERVIÇOS DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS MUNICIPAIS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

Percentual de população analfabeta (%) Países

Menos de 5 Anguilla, Argentina, Bahamas, Barbados, Chile, Costa Rica, Cuba, Granada, Guiana, Ilhas Caiman, IlhasVirgens Britânicas, São Kitts e Nevis, São Vicente e Granadinas, Uruguai

Entre 5 e 10 Belize, Colômbia, Dominica, Equador, México, Panamá, Paraguai, Suriname, Trinidad e Tobago, VenezuelaEntre 10 e 15 Antigua e Barbuda, Brasil, Bolívia, Jamaica, PeruEntre 15 e 20 República DominicanaEntre 20 e 30 El Salvador, Honduras, Panamá, Santa LúciaMás de 30 Guatemala, Nicarágua, Haiti

Tabela 7. População analfabeta de 15 anos ou mais na América Latina e Caribe, agrupada por países, no ano 2001

Fonte: Avaliação de Resíduos.

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C A P I T U L O 2 - A SITUAÇÃO REGIONAL

Figura 4. Taxa de analfabetismo em pessoas de mais de 15 anos nos países da América Latina e Caribe – 2001

Fonte: Avaliação de Resíduos.