capitulo iii - a mÃ_quina comercial e principais intervenientes

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A MQUINA COMERCIAL E PRINCIPAIS INTERVENIENTES CAPITULO III

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CAPITULO III A MQUINA COMERCIAL E PRINCIPAIS INTERVENIENTES

1. Consideraes geraisPor mquina comercial consideramos todos os organismos, estruturas e meios de que um sistema econmico necessita para que o comrcio realize a sua funo econmica fundamental. Os intervenientes do comrcio so os agentes que tm o papel de, no quadro da mquina comercial existente, agir e dinamizar a actividade mercantil quer a nvel interno quer no mbito das relaes econmicas internacionais. Como veremos nos pontos seguintes, numa regio ou territrio comercial formado por pases que se interelacionam no contexto de programas de cooperao bilateral ou multilateral ou ainda dentro de um esquema mais vasto de integrao e globalizao econmica, uma mquina comercial essencialmente constituda por dois grandes grupos de unidades: -As empresas em geral e -Os organismos de controlo, dinamizao e e coordenao econmica.

1.1.Comerciante em nome individualEm termos jurdicos uma unidade comercial pode assumir a forma de empresa individual ou de empresa colectiva. do primeiro caso que ns estamos a tratar. Caracterizemos ento, e muito sumriamente, a forma de comerciante em nome individual destacando aqueles aspectos que maior interesse prtico podem ter para esta disciplina. Comerciante em nome individual todo aquele que possui e gere uma unidade comercial fazendo do comrcio a sua profisso habitual em seu nome e por sua conta prpria. Normalmente a vida da empresa individual est intimamente ligada vida do prprio comerciante no sentido de que o seu maior ou menor dinamismo, a sua disposio, a sua vontade, a sua idade, e em geral todos os aspectos e situaes psicolgicas da sua vida ntima afectam e repercutem-se na empresa. Da que em regra a responsabilidade do comerciante em nome individual no tenha limites (i.e. ilimitada) o que significa simplesmente que em caso de litgio nos tribunais respondem pelas obrigaes da empresa no s os bens directamente afectos actividade comercial como tambm os seus bens pessoais. As interdies a este tipo de comrcio abrangem : a) Trabalhadores do Aparelho do Estado b) Trabalhadores das empresas estatais c) Quadros dirigentes Outras caracteristicas -dimenso e complexidade muito reduzidas -carcter muito pessoal da direco ( dono que faz tudo)

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-responsabilidade ilimitada e individual (os bens pessoais do dono tambm respondem pelas dvidas da unidade comercial). -organizao e gesto quase empricas, isto , sem recurso a tcnicas avanadas (exemplo: organizao cientfica do trabalho, gesto mecanizada ou computarizada de stocks). - exerccio informal de funes econmicas e sociais essenciais s populaes nos locais onde no existem organizaes apropriadas para o efeito (v.g. crdito, depsito, recepo e distribuio de correio, etc.) 1.2.O empresrio em geral.

-

O empresrio como agente inovador. A inovao como elemento essencial do desenvolvimento do capitalismo. A concorrncia como processo incessante de competio e cooperao entre agentes econmicos que

se manifestam de vrias formas, no apenas em termos de quantidades e preos de produtos dados, mas tambm de lanamento de novos produtos, processos, tcnicas, formas de organizao, etc. "Convm notar que o empresrio no (necessriamente) nem o gestor (manager) nem o proprietrio dos meios de produo. O empresrio a pessoa ou a entidade responsvel pela estratgia da empresa, isto , pela direco do desenvolvimento da empresa. Considerando que a empresa se situa perante um contexto envolvente, o empresrio estabelece a relao com esse contexto mais propcia ao desenvolvimento da sua actividade, do seu negcio. O gestor o profissional tcnicamente habilitado para se ocupar de aspectos especficos do funcionamento da empresa: contabilidade e finanas, marketing, produo, pessoal, etc. O proprietrio contrata, elege ou escolhe o empresrio ou o gestor, mas no tem de ser uma ou outra coisa (embora, claro, possa acumular essas funes, sobretudo numa pequena ou mdia empresa - PME). Isto significa, por exemplo, que uma empresa pblica - propriedade do Estado - pode contratar um empresrio privado para gerir a actividade. Neste sentido, o empresrio no tem de ser um tcnico de gesto, embora seja conveniente conhecer algo dessas tcnicas. O que alm do mais significa que o bom empresrio no resulta tanto do estudo da gesto como da sua prtica bem sucedida, fruto de qualidades pessoais especficas", fim de citao.

1.3. As cooperativas. Diferentes tipos e o seu papel no comrcio

As cooperativas so organizaes de natureza colectiva que realizam uma actividade scio-econmica sem explorao do homem pelo homem e cujos membros so trabalhadores que em regime de livre associao contribuem com bens ou servios para a concretizao dos objectivos definidos na presente lei. As cooperativas tem por objecto prosseguir uma actividade econmica e desenvolver aces de ajuda mtua entre os respectivos membros, destinadas a promover o seu bem estar material, social e cultural.

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As cooperativas contribuem para o fortalecimento da aliana operrio-camponesa, para a construo do Socialismo e para a luta do Povo Moambicano contra todas as formas de explorao do homem pelo homem".

At finais dos anos 80 e incios da dcada 90, as cooperativas desempenharam um papel vital na vida do povo Moambicano porque elas e as empresas estatais constituiam a forma principal de organizao da vida econmica da nossa sociedade. A experincia de organizao cooperativa surgiu e desenvolveu-se bastante durante a luta de libertao nacional, precisamente nas zonas libertadas, onde as formas de organizao impostas pelo colonizador foram destrudas para dar lugar ao novo processo de vida econmica que veio a constitur exemplo e alavanca impulsionadora do movimento cooperativo lanado aps a proclamao da Independncia Nacional. Dentre os tipos de cooperativas previstos na nossa lei as cooperativas de prestao de servio e muito particularmente as cooperaticas de consumo foram a arma fundamental do povo que se acreditava iria introduzir uma dinmica e contedo novo na circulao de mercadorias. A explicao simples. Com efeito a socializao do campo e organizao da populao das cidades em moldes cooperativos na rea da distribuio dos produtos assegurava que os canais mais importantes da circulao da mercadorias estivessem nas mos do povo, permitindo assim uma melhor defesa e consolidao dos interesses da maioria da populao moambicana. 1.4 As Lojas do Povo, as empresas estatais, as empresas pblicas e seu papel no comrcio

1.4.1.As Lojas do Povo, como o prprio nome elucida, so propriedades do Povo; elas em alguns casos foram criadas pelo Governo para resolver problemas de circulao de produtos em geral e de gneros alimentcios em especial, em zonas de grandes aglomerados populacionais onde no havia agentes ditribuidores. Mas em muitos casos as Lojas do Povo surgiram como exigncia do prprio processo de transformao poltica e econmica, particularmente nos casos de unidades comerciais j existentes e que estavam a ser objecto de abandono e sabotagem dos seus proprietrios, agentes ou representantes. 1.4-2. As empresas estatais so unidades econmicas e sociais propriedades do Estado. Elas so criadas em diferentes sectores da actividade econmica e social, em particular nos considerados estratgicos, com o fim de materializarem com maior eficcia os objectivos fixados pelo plano, consolidar e desenvolver o nvel poltico, cientfico e cultural dos trabalhadores. O Estado afecta recursos materiais, financeiros e humanos para as empresas estatais realizarem os objectivos previstos nos estatutos. No entanto no exerccio das suas funes gozam de autonomia administrativa e financeira devendo a sua gesto guiar-se sempre pelos so princpios do clculo econmico. Esta uma caracterstica geral das empresas socialistas mas, numa situao como a que vivemos ento, serve para chamar a ateno para luta que devemos fazer contra algumas tendncias de considerar as

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empresas estatais como estruturas do Aparelho do Estado, que se gerem tal como estas, no tm objectivos lucrativos e em caso de dificuldades vo simplesmente s finanas do Estado ou ao banco central buscar dinheiro para pagar dvidas e resolver muitos outros problemas financeiros. 1.4.3.As empresas pblicas criadas pelo Estado, com capitais prprios ou fornecidos por outras entidades pblicas, realizam a sua actividade no quadro dos objectivos scio-econmicos do mesmo. 1.5. Principais diferenas entre empresas estatais e empresas pblicas: Alterao de jarges cujos exemplos dmos a propsito de cooperativas A figura de director geral da empresa estatal foi substituida na empresa pblica pelo

Conselho de Administrao, um rgo colegial dirigido por um Presidente, mais conhecido pela sigla PCA (Presidente do Conselho de Administrao) A subordinao directa e funcional ao rgo central do Estado que criou a empresa estatal tambm desaparece em favor da autonomia administrativa, financeira e patrimonial atribuida s empresas pblicas A preocupao ideolgica e poltica de natureza socialista (elevao do nvel tcnico, cientfico e cultural dos trabalhadores, participao destes na gesto da empresa, organizao e gesto planificada e centralizada) so substituidos na empresa pblica por motivaes lucrativas e de mercado. 2. As sociedades comerciais clssicas Actualmente, com o desenvolvimento e complexidade que a actividade comercial tem, as sociedades comerciais esto muito mais disseminadas do que a forma de organizao individual conhecida por comerciante em nome individual. Por outro lado as sociedades comerciais so unidades com personalidade jurdica prpria diferente da dos associados, o que implica desde logo que respondem pelas obrigaes das sociedades apenas os bens afectos a estas e no os bens pessoais dos scios. Portanto quando a distribuio de certos produtos se reveste de uma certa complexidade e exige meios materiais e recursos financeiros avultados, as exploraes comerciais do tipo familiar ou individual (cantineiro) so, em muitos casos e em muitos pases, substitudas por grandes organizaes societrias que tem um nome genrico de sociedades comerciais. Estas distinguem-se completamente das cooperativas socialistas e das empresas do Estado no s pelo carcter da propriedade social destas como tambm e sobretudo pelo novo tipo de relaes que se estabelecem no seio das cooperativas e empresas estatais e que se consubstanciam no desenvolvimento da personalidade e cultura de todos e na participao activa e consciente dos trabalhadores na organizao, na direco, na gesto e nos resultados. Por sociedades comerciais clssicas entendemos aquelas formas de sociedades tpicas e mais conhecidas entre ns, a saber:

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a)-Sociedades em nome colectivo b)-sociedades em comandita c)-Sociedades annimas d)-Sociedades por quotas

2.1 Sociedades em nome colectivoCaracterizam-se: a)-Pela responsabilidade ilimitada dos seus scios. Isto significa que o patrimnio particular dos scios tambm responde por todos os compromissos assumidos pela sociedade. b)-Pela responsabilidade solidria dos seus scios. Esta solidariedade significa que se o patrimnio social no for suficiente para o cumprimento integral das obrigaes da sociedade, os credores desta tem o direito de exigir de qualquer dos scios o reembolso do remanescente ou mesmo da totalidade dos crditos; em linguagem comum diz que os scios das sociedades em nome colectivo respondem um por todos e todos por um (responsabilidade solidria e ilimitada). Sociedades em comandita Caracterizam-se: a) Pela responsabilidade ilimitada de alguns dos scios, os chamados scios comanditados. b) Pela responsabilidade solidria dos scios comanditados. c) Pela responsabilidade limitada dos outros scios at ao valor do capital com que entram para a sociedade; estes scios tm o nome de comanditrios. Em resumo as sociedades em comandita so sociedades de responsabilidade mista: ilimitada e solidria em relao aos scios comanditados e limitada e no solidria relativamente aos scios comanditrios. Os scios das sociedades em nome colectivo so tambm, e por definio, scios comanditados. Sociedades annimas Caracterizam-se pela responsabilidade dos seus scios ser limitada ao valor das aces por que subscreveram o capital social. Sociedades por quotas Caracterizam-se: a) Pela responsabilidade limitada dos scios ao valor das quotas por que subscreveram o capital social, se todas as quotas foram integralmente realizadas, ou ento, b) Pela responsabilidade limitada dos scios ao valor do capital social que faltar realizar, no caso das quotas subscritas no estarem totalmente realizadas. c) Pela responsabilidade limitada dos scios ao valor das prestaes suplementares que forem exigveis nos termos dos estatutos da sociedade.

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Deve notar-se que nos tempos que correm as sociedades em comandita so as formas menos usuais de constituio de sociedades comerciais. Em Moambique no temos conhecimento da existncia de sociedades em comandita. As formas mais dominantes so as sociedades annimas, por quotas e em nome colectivo.

As modernas formas societrias Em muitos pases, em especial do mundo ocidental, tm-se desenvolvido formas diferentes de sociedades particularmente a partir dos anos 40; por isso preferimos incluir um ponto especial com a designao de modernas formas societrias. Agrupamento (ou coligao) de sociedades e aquisies1 refere-se a todo o tipo de associao entre sociedades juridicamente j constituidas ou simples aquisio de partes sociais de uma outra sociedade. Objectivo central Beneficiar das economias de escala2 resultantes de grandes combinaes de sociedades j existentes. As operaes e aquisies assumem formas mais variadas e normalmente levantam problemas jurdicos, econmicos e contabilsticos muitas vezes bastante complexos de tal maneira que os diferentes pases procuram resolv-los atravs de uma legislao mais ou menos rigorosa. Vejamos as formas mais usuais de agrupamento e aquisio: a) Absoro e aquisio Uma absoro d-se quando uma sociedade integra uma ou mais unidades empresariais mantendo-se apenas a personalidade jurdica da empresa integradora. Vrias razes podem levar a esta operao. Entre muitas destacamos: -Necessidade de aumento do capital da empresa integradora -Alargamento do mercado de vendas -Dificuldades econmicas e financeiras das empresas absorvidas Quando se trata de simples aquisio de partes sociais de uma empresa, sem extino jurdica desta, estamos em presena de uma participao financeira de que trataremos a seguir. A absoro pode ser horizontal, vertical ou mista. D-se a absoro horizontal quando a coligao se processa entre duas ou mais empresas afins, isto , que operam na mesma rea de produtos ou servios. O

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Em ingls mergers and acquisitions.

As economias de escala do-se quando h diminuies de de custos mdios no longo prazo e medida que o nvel de produo numa empresa aumenta e/ou quando a dimenso (em termos de instalao e capacidade instalada) cresce.

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efeito imediato reduzir o nmero de empresas em competio no mesmo tipo de produtos e consequentemente aumentar o grau de monoplio da empresa integradora. Este tipo de operao em geral fortemente regulamentado (leis que regulam as concentraes de empresas em defesa da concorrncia); os pedidos de fuso ou absoro de empresas esto sujeitos anlise e autorizao prvias por partes das autoridades governamentais que tm particular cuidado em impedir o desenvolvimento de prticas monopolsticas. A absoro vertical tem lugar quando a coligao se processa entre empresas que actuam na mesma rea de produtos ou servios mas em diferentes fases do ciclo produo-consumo. Exemplo tpico: uma empresa agro-industrial que produz acar decide absorver uma ou mais empresas grossistas e retalhistas por forma a ser ela prpria a fazer a distribuio e venda directa ao pblico. A absoro mista d-se quando duas ou mais empresas que actuam em reas diferentes (no afins e nem competitivas) se juntam para formar uma s. Exemplos: uma aucareira que absorve uma empresa de produo de lacticnios. Uma empresa especializada na produo de massas alimentcias que absorve uma outra que se dedica produo e venda de po e produtos de pastelaria, um caso particular de absoro mista em que os produtos de ambas as empresas, sendo diferentes, so no entanto complementares. b) Participaes financeiras Muitas vezes as sociedades, em vez de absorverem outras unidades empresariais, limitam-se a interessar-se por estas atravs de aquisio de partes sociais (normalmente compra de aces ou obrigaes) que rendem peridicamente dividendos ou juros. A quota parte ou valor com que uma determinada sociedade participa noutras unidades empresariais toma o nome de "Participao Financeira". Embora por definio esta forma especial de agrupamento de sociedades no implique o desaparecimento jurdico da sociedade na qual se faz a participao, a verdade que tm surgido casos em que as sociedades que detm participaes financeiras de determinado vulto acabam por exercer um domnio total ou parcial nas empresas em que participam; da que tambm haja legislaes que procuram restringir o domnio dessas empresas estabelecendo condies e limites de participao. c) Sociedades de colocao de capitais3 Para realizar determinados objectivos que uma sociedade por si s no tem capacidade financeira para o fazer, hoje em dia esto em voga agrupamentos de empresas que visam angariar recursos financeiros, e algumas vezes at ger-los com o fim de os aplicar em empreendimentos especficos.

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Investments trusts Noes de Comrcio7

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201 2extinguem-se

Estes agrupamentos ou so ad-hoc (realizados os fins por que se constituiram de leasing e outras sociedades financeiras)4. d) Consrcios

imediatamente) ou acabam por se constituir em sociedades com um prazo indeterminado (v.g. as sociedades

O consrio uma forma societria moderna que entre ns ainda no estava suficientemente implantada at ao lanamento do Program de Reabilitao Econmica (1987/90) e nem sequer havia legislao que a define e regulamenta. Noutros pases, em particular no continente americano e europeu, a prtica de contratos de consrcio j ganhou razes e est amplamente divulgada. Em Moambique s a partir do incio da dcada de 90 que os consrcios comearam a ocupar espao notrio nos modelos de constituio de sociedades. O contrato de consrcio d-se quando duas ou mais pessoas singulares ou colectivas, que exercem uma actividade prpria, se juntam para realizar um determinado nmero de tarefas ou objectivos especficos tais como: estudos de viabilidade econmica, realizao de projectos, gesto de fundos e empreendimentos, fornecimento de bens ou servios, investigao pura e pesquisa de recursos naturais. Dentre os membros associados deve ser nomeado um chefe (leader) cuja actividade e aco estendemse smente ao objecto do consrcio; isto quer dizer que o chefe no exerce a direco sobre qualquer das actividades prosseguidas individualmente pelos associados. O consrcio extingue-se normalmente pelos seguintes motivos: -Acordo das partes contratantes -Terminados os fins por que foi feita a associao -Expirado o prazo indicado no contrato, se no foi estipulada qualquer clusula de prorrogao -Por qualquer outra razo prevista na lei do pas regulador. Como exemplo cite-se o caso do Consrcio guas de Moambique recentemente criado para fazer a gesto eficiente e de qualidade internacional dos sistemas de abastecimento de gua das cidades de Maputo, Beira, Quelimane, Nampula e Pemba. Como se v, depois de muitos anos de gesto estatal, e tendo em conta a destruio dos sistemas e fontes de abastecimento de gua potvel provocada por 16 anos de guerra civil e agravado pelas recente cheias, reconheceu-se que a respectiva reabilitao, reposio e gesto eficiente exigiriam recursos e tcnicas for a do alcance do Estado; pelo que ese decidiu associar-ae a privados sob a forma de consrcio. e) Joint-venture5

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Sobre os contratos leasing (locao financeira veja-se captulo VI. 5 Em portugus traduz-se por empreendimento conjunto Noes de Comrcio8

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Joint-venture uma expresso muito conhecida entre ns, especialmente ao nvel das conversaes e contratos entre governos e empresas . uma forma de associao bastante vulgarizada nas relaes econmicas internacionais, segundo a qual duas ou mais sociedades se juntam para realizar uma determinada actividade comercial ou industrial com carcter momentneo ou mesmo por tempo indeterminado. O joint-venture uma forma societria que as partes interessadas utilizam normalmente para superar (beneficiando do dinamismo e flexibilidade que caracterizam a sua forma e estrutura) as peias burocrticas e requisitos jurdicos de constituio e funcionamento que so apangio das sociedades comerciais normais. Em linguagem corrente a expresso joint-venture est associada a um agrupamento entre empresas nacionais e estrangeiras para a realizao de uma determinada actividade ou negcio comercial. No comrcio internacional normal a associao em joint-venture entre sociedades ou empresrios para a realizao de operaes de comrcio externo utilizando contas conjuntas (joint accounts). Tratando-se de operaes de importao/exportao, uma das partes contratantes a vendedora (exportadora) e a outra (importadora). Nas operaes financeiras uma das partes fornece um determinado capital (financiador) e a outra utiliza e administra o montante envolvido, de acordo com o que se encontra estatuido no contrato de jointventure. Findo o contrato, quer porque os objectivos foram realizados quer porque o prazo acordado expirou, os resultados so repartidos entre as partes contratantes sob a forma de comisses ou lucros. Os joint-ventures tem em regra durao limitada mas nada obsta a que sejam prorrogveis por tempo indeterminado. Em termos prticos no h substanciais diferenas entre consrcios e joint-ventures. Ambos so formas de sociedade que se utilizam em actividades que envolvem grandes somas de dinheiro, capacidades tecnolgicas e know-how de ponta tais que cada associado individualmente considerado seria incapaz de possuir. f) Parcerias Pode dizer-se muito simplesmente que uma parceria um acordo informal entre duas ou mais pessoas singulares ou colectivas com o fim de discutirem e realizarem determinada actividade econmica ou social. uma forma moderna de associao tcita que vem ganhando grande simpatia entre os homens de negcios a partir de finais da dcada 90. No estdio embrionrio actual ela d-se com muita frequncia apenas ao nvel de contactos informais preliminares em que se procura que as partes intervenientes se situem em condies de igualdade negocial de tal modo que todos saiam ganhadores, s quando este requisito de fundo se verifica que o acordo toma o nome de parceria inteligente (winwin, isto , todos ganham). Naturalmente que a parceria inteligente para ter fora jurdica, obrigar as partes

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contratantes e fazer f em juzo, ter que ser formalizada atravs de qualquer um dos tipos de sociedade j consagrados no ordenamento jurdico dos pases. Tal como muitos conceitos tericos e paradigmas em gestao, a parceria inteligente no deixa de ser polmica e controversa. Do ponto de vista terico uma concepo moderna, valiosa e bem adaptada aos actuais processos de globalizao e eliminao de barreiras mobilizao de pessoas, capitais, bens e servios interpases. Em termos prticos, e tal como destacmos em relaa aos modelos de economia planificada e de mercado, a parceria win-win est enfermada de muitas imperfeies e dificuldades que a tornam invivel desde logo nos pases do 3 Mundo ainda sob profunda dependncia econmica de pases industrializados. Formas de associao de produtores e consumidores Quando a produo e venda se processam em regime de mercado de concorrncia, desencadeiam-se normalmente mecanismos especiais por parte dos produtores tendentes coordenao e defesa dos seus interesses no mercado. Paralelamente, em todos os pases, quer de economia de mercado, quer de economia centralmente planificada, so instituidos organismos estatais ou de iniciativa privada que visam dirigir e coordenar todas as actividades econmicas em defesa dos interesses dos consumidores em geral. Tambm em relao aos que no so produtores prpriamente ditos, mas que exercem outras actividades econmicas por conta de outrm ou trabalham por conta prpria, usual constituirem-se associaes de proteco dos seus interesses. De uma maneira geral em todas essas associaes pretende-se, para alm dos objectivos especficos de cada uma, o seguinte: -Manter informados os associados sobre a conjuntura dos mercados nacionais e estrangeiros. -Uniformizao ou aproximao de processos tecnolgicos com vista estandardizao dos produtos ou parte dos mesmos. -Intercmbio de tecnologias. -Coordenao das actividades e campanhas de marketing6 -Ampliao do mercado na rea de actuao dos associados. Posto isto vejamos ento algumas formas de associao de produtores e consumidores. g) Trusts

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Veja-se no captulo V a noo e objectivos do marketing

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O trust a forma de combinao ou fuso de empresas mais conhecida no mundo. Ela originria dos Estados Unidos da Amrica. Atravs dos trusts se associam empresas competitivas da mesma espcie, em rigor com o objectivo de criarem um monoplio ao nvel da produo e venda dos produtos da sua rea de actuao. Para o efeito as empresas associadas, que perdem por isso a sua autonomia administrativa e por vezes a sua prpria existncia jurdica (trusts de fuso) regulam minuciosamente os processos tecnolgicos de produo e fixam os preos a vigorar no mercado. Existem formas menos totalitrias de trusts; so os chamados trusts de combinao pelos quais as empreass associadas continuam a manter a sua individualidade jurdica. No entanto em qualquer dos casos a direco dos trusts normalmente assegurada por uma empresa me, chamada holding7 que na prtica acaba por exercer um controlo total sobre as empresas subsidirias pois que a holding que tem como principal objectivo criar condies para o domnio dos mercados e impor os preos, e ela que nomeia e controla as direces das subsidirias. Para evitar estas situaes, que acabam por constituir uma das desvantagens dos trusts, em alguns casos opta-se por uma direco rotativa pela qual todas as empresas subsidirias tm o direito de indigitar os seus representantes no conselho de direco central.Note-se que nos prprios Estados Unidos algumas formas extremas de trusts so consideradas ilegais e lesivas dos interesses pblicos. Existem por isso prticas restritivas contra os monoplios e leis anti-trusts. Os elementos que compem a direco das empresas coligadas, exactamente por fazerem a gesto do patrimnio das empresas que lhes foi confiado, so chamadas trustees8 e da o nome consagrado para essa forma de coligao. h) Empresas Holding9 Em lugar de adquirir a totalidade das aces, uma empresa pode possuir smente uma parte delas e actuar como uma companhia holding. Por definio uma empresa considerada subsidiria de uma outra chamada holding se e s se: -A empresa me associada da subsidiria e controla a composio do corpo directivo desta. -A empresa me detm mais de metade dos valores das aces que compem o capital da subsidiria. -O controlo do corpo directivo da subsidiria feito discricionriamente , isto a holding pode nomear, demitir ou substituir todos ou a maioria do elenco directivo sem prvio consentimento de qualquer outra entidade. H duas variantes de holding a saber: holding puro e holding misto. Diz-se que o holding puro quando a sociedade me no exerce qualquer explorao directa , apenas possue uma carteira de ttulos das7

Veremos a seguir os objectivos e caractersticas das companhias holding. 8 Derivado de verbo "to trust" que significa confiar. 9 Holding companies. Noes de Comrcio1 1

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sociedades afiliadas, podendo no entanto financiar as associadas por quaisquer formas que entender necessrias. O holding misto quando a empresa me exerce uma explorao directa 10 e tem, alm disso, o domnio sobre as afiliadas com as quais possvel fazer uma integrao quer horizontal quer vertical. O holding pode ser exercido em cadeia, quando a sociedade me detm uma parte do capital de uma ou mais sociedades subsidirias, as quais por sua vez possuem partes sociais de outras afiliadas. Em esquema ter-se-ia o seguinte:

Afiliada 1GRFICO N 6

Subsidiria 1.1 Subsidiria 2.1

Afiliada 2 Empresa Holding

Subsidiria 2.2

Do exposto concluimos que uma empresa holding a que possui suficiente poder de voto que lhe permite controlar uma ou mais sociedades. Embora em muitas leis que regulam esta forma de coligao de empresas se imponha a condio da companhia me deter a maioria do capital, a verdade que nem sempre necessrio possuir os 51% ou mais das aces para se poder ter o controlo das subsidirias. Em relao s grandes sociedades annimas, com uma disperso e vastido de nmero de accionistas, as empresas holding podem deter apenas 1/4 ou menos das aces em circulao e com isso possuirem um controlo absoluto das afiliadas. Como anteriormente falmos dos casos de absoro ou fuso de empresas, podemos agora entender que as formas societrias de holding possuem a vantagem de com uma pequena aplicao de capitais poderem exercer o controlo de outras empresas. Dentre as formas societrias at agora estudadas, podemos notar que no h diferenas substanciais entre as figuras de consrcio, joint-venture e empresa holding. Qualquer destas formas pode ser adoptada na prtica para realizar os objectivos que indicmos como sendo especficos de cada uma. Com efeito pode usar-se por exemplo o nome empresa holding para se referir a uma unidade concebida para exercer funes de coordenao e gesto das actividades de empresas coligadas tal como vimos no exemplo do Consrcio guas de Moambique.10

Entenda-se explorao directa no sentido de exerccio de uma activiadade econmica directa.

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j) Ringer ou corner11 Por definio semntica corner o acto de comprar ou controlar toda a quantidade de produtos disponveis num mercado com o objectivo de domin-lo. Do ponto de vista econmico-comercial um ringer ou corner uma combinao de capitais ou comerciantes que tem por objectivo fundamental fazer o cntrolo dos produtos da sua rea de comercializao normalmente atravs de uma variao artificial dos preos, ganhando assim lucros elevados. em certa medida um arranjo provocado entre os associados pelo qual em determinado momento lanam no mercado certas quantidades de mercadorias a preos baixos que uma parte dos associados compra na mira de que muitos outros comerciantes dos mesmo produtos se desembarace dos mesmos, vendendo-os a preos ainda mais baixos (com receio de novas descidas). Os "corners" (associados), que tomaram a iniciativa de provocar a baixa artificial dos preos, imediatamente a seguir afluem ao mercado para adquirir (aambarcar) quantidades ainda maiores para mais tarde venderem aos preos efectivamente vigentes no mercado que so mais altos do que os que eles impuseram por simulao. Nos pases em que estas operaes especulativas so permitidas (v.g. E.U.A., Alemanha e Inglaterra) existem regras muito rigorosas que definem as reas, os mercados e os limites de variao artificial dos preos. k) Pools12 Em termos puramente semnticos pool quer dizer arranjo ou combinao comercial entre partes competitivas para fixar preos e realizar operaes comerciais com o fim de eliminar a concorrncia. Pool uma combinao entre produtores que visa a eliminao dos competidores atravs da diviso do mercado quer no que respeita s compras (pool de compra) quer no que se refere s vendas (pool de vendas). Tambm se designa por pool a um fundo instituido com este fim. As empresas coligadas mantm a sua autonomia administrativa e financeira. Em Frana esta forma de associao chama-se comptoir Os pools foram muito usados nos E.U.A. at finais do sculo XIX, mas dados os abusos cometidos foram posteriormente banidos, estando hoje substituidos pelos trusts. Comparando o conceito de pool com o de corner nota-se que existe apenas uma diferena de profundidade de objectivos. O pool mais agressivo, isto , tem expressamente a inteno de eliminar concorrentes. Deve notar-se que a prtica econmica e comercial consagrou o termo pool para designar11

Termos equivalentes mas sem correspondentes em portugus. 12 Em portugus o termo "pool" significa cartel. Noes de Comrcio1 3

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simplesmente um grupo de pessoas organizadas informalmente e disponveis para realizar um determinado nmero de tarefas for a das suas actividades normais. Este tipo de pool normalmente muito flexvel em termos de composio dos elementos. Como exemplo tome-se o caso de um pool com engenheiros, arquitectos e economistas pronto para fazer um projecto de reabilitao de estradas sempre que uma certa instituio do Estado o requerer. l) Sindicatos Os sindicatos, em particular os industriais, so tambm coligaes de empresas que tm por objectivo essencial regular a produo, controlar os mercados e fixar os preos dos produtos. Se qualquer outra unidade industrial, que no pertena coligao, surge no mercado a fazer concorrncia, os sindicatos que normalmente dispem de maior poderio em termos de capitais e de produo em grande escala (beneficiando assim das chamadas economias de escala), utilizam o artifcio de baixar os preos dos produtos a fim de que os eventuais concorrentes (por disporem de menor potencial financeiro) se afoguem por no poderem continuar a vender a preos to baixos, ou se decidam a integrar-se no sindicato que passa assim a contar com mais um membro o que permite ao sindicato, assim alargado, possuir ainda um maior domnio dos mercados. Vemos assim que no fim de contas as coligaes como os trusts, os corners, os pools so formas ou variantes de sindicatos industriais. O sindicato tem semelhanas por exemplo com o pool, mas difere deste pelo simples facto de ser uma associao de produtores que compra a estes a sua produo a um determinado preo que o sindicato em seguida vende ao pblico de acordo com as condies do mercado. Em princpio no h actividade declaradamente especulativa e eliminatria tal como vimos em relao ao pool. Na prtica no entanto, e com o objectivo de aumentar o volume de vendas e conseguir maiores lucros, vrios sindicatos associam-se entre si e acabam por exercer forte influncia nos mercados chegando a combinar a diviso dos mesmos. ORGANISMOS DE CONTROLO E COORDENAO ECONMICA Assim como as empresas entre si criam e desenvolvem instrumentos para a defesa dos seus interesses e maximizao dos lucros, tambm usual criarem-se mecanismos de defesa, controlo e coordenao das actividades econmicas mas salvaguardando os interesses gerais dos pases e do pblico em particular. Em geral podemos dizer que todos os governos tm quase sempre uma posio de suspeita em relao s prticas monopolsticas no controladas, isto de pura iniciativa das empresas. Vejamops a seguir algumas formas de associao:

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m) Institutos Os institutos de carcter econmico destinam-se a coordenar as actividades de produo e comercializao, emitir certificados de origem e de qualidade dos produtos e promover a exportao dos mesmos. Em todo o mundo h uma gama muito vasta de instituies deste tipo com os nomes mais variados. Todos no entanto so organismos de coordenao econmica que se destinam a coordenar e at controlar as actividades econmicas directamente relacionadas com as reas e ramos que lhes competem (v.g. acar, algodo, arroz, trigo, minrios, carvo, petrleo, etc). Estes organismos podem ser de iniciativa dos interessados (empresas do mesmo ramo) ou podem ser instituidos pelo governo, casos em que tm actividades mais amplas que incluem o controlo e garantia da qualidade dos produtos, a verificao do cumprimento das leis e regulamentos relativos ao exercicio das actividades do ramo, arbitragem de conflitos de vria natureza, promoo de actividades de investigao cientfica, emisso de certificados ou garantias relativas aos produtos fabricados ou vendidos pelas empresas do ramo. Em Moambique foram criados , durante o perodo colonial, vrios institutos com objectivos e caractersticas indicadas (v.g. Instituto do Algodo, Instituto dos Cereais, Instituto do Acar). Bsicamente por razes de insuficincia de quadros capazes de dirigir correctamente esses organismos, na prtica acabaram por ser extintos ou votados ao esquecimento e as suas funoes foram sendo centralizadas e realizadas pelos ministrios de tutela das respectivas actividades. Hoje assiste-se a uma revitalizao progressiva desses institutos. n) Unies cooperativas As cooperativas so formas de organizao da produo (coperativas de produo) ou da distribuio e venda dos produtos (cooperativas de consumo) mais ou menos disseminadas em todo o mundo. S que divergem a concepo, os objectivos e contedo social de acordo com as pocas e sistemas polticos. Muito embora estas formas de organizao tenham conhecido a sua maior expanso e desenvolvimento na segunda metade do sculo XIX a verdade que a origem da cooperao entendida como forma de entre-ajuda e colaborao mtua entre as pessoas numa base voluntria e livre, pode encontrar-se nas sociedades primitivas. 3.8. Formas ou modalidades de interveno no comrcio

a) Grossista

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Comrcio por grosso a actividade comercial que consiste na aquisio de produtos directamente s unidades produtivas ou aos importadores para colocao nas mos do retalhista. Esta modalidade de comrcio pode ser realizada pelo prprio produtor (produtor grossista) ou por qualquer dos intervenientes do comrcio atrs descritos (grossistas prpriamente dito). O grossista vende sempre por atacado (tambm se diz venda por grosso) e raras vezes tem contacto directo com o consumidor, por isso os seus estabelecimentos comerciais em regra no tem as portas abertas ao pblico. b) Retalhista Comrcio a retalho actividade comercial que consiste na aquisio de bens, quer s unidades produtivas quer aos grossistas para venda directa ao pblico (consumidor final). Os retalhistas vendem em lojas, mercados ou outros lugares destinados ao comrcio, em geral abertos ao pblico. As mercadorias so transaccionadas em pequenas quantidades (tambm se diz por mido ou a retalho). c) Armazenista Os armazenistas so uma figura muito importante no comrcio de hoje. Eles compram mercadorias tambm por atacado, guardam em armazns prprios e em regra no abertos ao pblico e as revendem quer a grossistas quer a retalhistas. O que os distingue dos grossistas o facto de possuirem armazns o que nem sempre necessrio para se ser grossista. d) Armador Duma maneira geral, e como veremos com um pouco mais de pormenor no captulo "contratos mais usuais do comrcio", o transporte de mercadorias por via martima ou area, utilizando navios ou avies, deve ser prviamente organizado e formalizado atravs de um contrato que se chama fretamento. Os navios e avies, para realizarem qualquer operao de transporte devem ser devidamente preparados com antecedncia, adequando-os com espao, equipamento e estruturas apropriadas. Em linguagem comercial diz-se que os navios e avies devem ser armados. Portanto armador (proprietrio ou no do meio de transporte) todo aquele que realiza a tarefa de preparar e equipar navios e avies para a operao de transporte de mercadorias ou pessoas por via martima, fluvial ou area

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e) Transportador a actividade comercial que consiste em fazer deslocar por mar, terra ou ar, mediante uma retribuio estabelecida em contrato, quaisquer bens ou pessoas. O transportador comercial o agente fundamental e muitas vezes decisivo na circulao de mercadorias. f) Segurador A actividade seguradora uma funo econmica e social pela qual uma pessoa ou unidade econmica (segurador) se compromete, mediante uma retribuio estabelecida em contrato (chamada prmio de seguro), a entregar uma certa quantia em dinheiro ou espcie sempre que se verificar qualquer acontecimento fortuito e imprevisto de que resulte danos ou prejuzos outra contraparte (segurado) ou a um terceiro indicado pelo segurado (beneficirio). g) Despachante No comrcio de importao e exportao, que implica entrada e sada de mercadorias de um pas, na movimentao fsica de mercadorias por via de rios, lagos, terra e caminhos de ferro dentro de um territrio, muitas vezes torna-se necessrio proceder a um conjunto de formalidades burocrticas junto das autoridades alfandegrias para retirar as mercadorias dos locais onde esto armazenados e coloc-las em condies de seguirem para o seu destino final. Os procedimentos alfandegrios atingiram uma complexidade e especializao tais que hoje em dia a maioria dos interessados nas mercadorias delega essa tarefa de desalfandegao a especialistas que tem o nome de despachantes. Despachante portanto a pessoa que, em nome de um proprietrio ou interessado em determinadas mercadorias armazenadas ou guarda de uma instncia aduaneira, realiza junto das alfndegas todas as formalidades de regularizao e transporte das mercadorias at ao local designado pelo seu cliente. h) Agente e correspondente Na linguagem corrente utilizam-se as palavras agente e correspondente para designar muita coisa. Hoje em Moambique j muito frequente chamar-se agente econmico a todo aquele que se dedica a uma actividade econmica.

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Em comrcio, todos os intervenientes da actividade comercial so em geral considerados agentes de comrcio. No entanto o Cdigo Comercial de 1888, no artigo 256, diz sic: "Os comerciantes podem encarregar outras pessoas, alm dos seus gerentes, de desempenho constante, em seu nome e por sua conta, de algum ou alguns ramos do trfico a que se destina, devendo os comerciantes em nome individual particip-lo aos seus correspondentes. As sociedades que quiserem usar da faculdade concedida neste artigo, devem cosign-la nos seus estatutos". Portanto na terminologia comercial podemos dizer que agentes e correspondentes so pessoas, empresas ou quaisquer unidades econmicas que por designao ou em representao de alguma entidade, tm a misso de realizar actos de comrcio fora do seu domiclio, em regra no exterior do pas. As condies do exerccio dessa actividade esto normalmente indicadas nos contratos ou em outros documentos oficiais de nomeao. So muito correntes os seguintes exemplos de agentes e correspondentes: correspondentes de bancos (em capitais como Londres, Paris, Roma, Berlim, Harare);agente de navegao; agente de seguros; agente de uma companhia area; agentes de cmbios. i) Adido comercial Adidos comerciais so pessoas indigitadas pelos governos dos diferentes pases para realizar no estrangeiro todas as tarefas de dinamizao das relaes econmicas e comerciais. Para isso, analisam e propem medidas concretas para o desenvolvimento do comrcio externo. Os adidos funcionam normalmente junto das delegaes ou representaes diplomticas e consulares. j) Mandatrio comercial Um mandato comercial d-se quando uma pessoa se compromete a praticar um ou mais actos de comrcio por ordem de outrm. No mandato intervm normalmente pelo menos duas partes a saber: -O mandatrio, que aquele que assume o compromisso de praticar os actos de comrcio por mandato da outra parte. -O mandante que aquele por conta de quem o mandatrio actua, isto o que d ordens a outra parte. De entre os mandatrios mais usuais destacam-se os seguintes: os comissrios, os consignatrios, os depositrios, os agentes, os correspondentes, os gerentes, directores de empresas, directores comerciais, os empregados comerciais em geral. Ocupemo-nos rpidamente das figuras do comissrio e consignatrio. O comissrio o mandatrio do contrato de comisso; normalmente dedica-se compra de mercadorias por conta do mandante (compras comisso).

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O consignatrio o mandatrio do contrato de consignao; distingue-se do comissrio porque ele est bsicamente associado s vendas de mercadorias (vendas consignao). 3.9. Os brokers e jobbers; seu papel. A mediao de seguros Diremos em primeiro lugar que broker a abreviatura e sufixo da palavra inglesa stockbroker, enquanto que jobber a maneira mais simplificada ou sincopada de se referir ao stockjobber; por sua vez o termo ingls stock tem o significado de fundos pblicos que tanto podem ser representados por ttulos (aces e obrigaes por exemplo) como pelo prprio dinheiro. Os brokers so intermedirios do comrcio que actuam em diferentes mercados particularmente no comrcio internacional, nos mercados financeiros e nos de seguros. O broker, que em portugus se pode traduzir por mediador (corretor), actua como um agente dos seus clientes interessados em determinado negcio, por exemplo de compra ou venda de determinados ttulos nas bolsas. O broker tem ainda a caracterstica de no actuar directamente na bolsa; ele utiliza um outro tipo de intermedirio chamado jobber13 que quem est autorizado a negociar com os membros das bolsas. Os brokers e os jobbers so autnticas instituies nos mercados internacionais, em particular financeiros; ningum pode operar nesses mercados sem ser por seu intermdio. Normalmente h uma boa coordenao e diviso de tarefas entre estes mediadores: os jobbers so os que negoceiam fundos pblicos numa base grossista. As suas ligaes com os clientes s se fazem atravs dos brokers. O processo de funcionamento e relacionamento entre cliente/broker/jobber por vezes bastante complexo, mas pode resumir-se do seguinte modo: uma vez encontrado o cliente interessado em determinada transaco nas bolsas de fundos ou de mercadorias, o broker toma a operao em causa como sua e negoceia com o jobber com o qual discute as condies de compra e venda, em particular os preos. Em geral o broker contacta vrios jobbers e escolhe aquele que oferece melhores condies. O jobber que aceitar o negcio assume o risco das oscilaes do mercado uma vez que ele tambm negoceia por sua prpria conta e a sua renumerao resulta da diferena entre o preo de compra acordado com o broker e o de venda que ele conseguir no mercado. A renumerao do broker baseia-se na comisso estabelecida com o seu cliente logo que as condies do contrato estiverem completas por acordo entre o broker (mediador-corretor) e o jobber (biscateiro). evidente que o negcio s se considera concluido quando o cliente aceita as condies contratuais exaradas na nota de contrato - promessa estabelecida entre o broker e o jobber.13

Tambm conhecido por "dealer". Em portugus "jobber" tem o significado de agiota ou biscateiro. Noes de Comrcio1 9

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Mediao de seguros a actividade tendente realizao, assistncia ou realizao e assistncia de contratos de seguro entre pessoas, singulares ou colectivas, e as seguradoras. A mediao de seguros fica reservada aos mediadores de seguros, no podendo ser exercida por companhias de seguros e resseguros, agncias de companhias de seguros estrangeiras e mtuas de seguros. Mediador de seguro a pessoa, singular ou colectiva, que, reunindo as condies prescritas na presente legislao, exerce a atividade relativa mediao de seguros. Os mediadores de seguros, abreviadamente designados por mediadores, dividem-se apenas em duas categorias: a) Agentes de seguros; b) Corretores de seguros.

3.11. As bancarrotas do comrcio14 A actividade comercial, tal como qualquer outra actividade que envolva questes de gesto de dinheiro segundo o princpio do clculo econmico, est sujeita a inmeras contingncias algumas das quais podem conduzir a modificaes e transformaes profundas das unidades empresariais. Dentre os factos que podem provocar mudanas radicais destacam-se a dissoluo das sociedades com as consequentes liquidao e partilha. Como causas da dissoluo das sociedades comerciais: Findo o tempo porque foram constituidas no havendo prorrogao; Pela extino ou cessao do seu objecto; Por se achar preenchido o fim delas, ou ser impossvel satisfaz-lo; Pela falncia da sociedade; Pela diminuio do capital social em mais de dois teros, se os scios no fizerem logo entradas que Por acordo dos scios; Pela fuso com outras sociedades". Destaque especial falncia que uma das importantes causas da dissoluo das sociedades. Muito simplesmente d-se a falncia de uma empresa quando ela passa a operar normalmente sem produzir proveitos para suportar os custos do seu funcionamento. Em direito diz-se que a situao de

mantenham pelo menos num tero o capital social;

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Utilizamos o termo bancarrota por corresponder ao termo mais usado na lngua inglesa bankruptcy. Em portugus a traduo mais correcta falncia ou quebra. Noes de Comrcio2 0

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falncia o "estado dum comerciante que se encontra impossibilitado de solver os seus compromissos" (Cdigo do Processo Civil artigo 1.135). Causas

Cessao de pagamentos de seus compromissos financeiros Desaparecimento do comerciante ou ausncia no justificada sem deixar representantes legais para Rejeio, anulao e resciso da concordata.

assegurar a gesto da empresa.

Concordata um acordo realizado entre um devedor (em dificuldades financeiras) e todos ou parte dos seus credores, pelo qual o devedor se compromete a pagar a estes, dentro de certos prazos, toda ou parte da sua dvida. A concordata uma faculdade que a lei concede para proteger os devedores nos casos em que os estados potenciais de falncia so devidos a causas involuntrias e que lhes so alheias. Tipos de falncia: -Casual. Aquela que se d por razes independentes da vontade do comerciante (v.g. desvalorizao sbita da moeda, incndios, roubos). Se houver um estado de falncia casual a lei no submete o comerciante a qualquer processo penal. -Culposa. D-se quando o comerciante age nos seus negcios com incria e irresponsabilidade manifestas que prejudicam a situao financeira da sua empresa. Nestes casos a lei pode desencadear um processo de falncia culposa. -Fraudulenta. Esta ocorre quando o comerciante praticou actos de m f em manifesto prejuzo dos seus credores. A falncia fraudulenta a mais grave e da que, face da lei vigente, alm de o comerciante ficar sujeito aos procedimentos processuais normais, pode sofrer uma pena de priso celular de 2 a 8 anos. O termo bancarrota, do ingls "bankruptcy", tem o mesmo sentido que falncia. Com efeito "bankruptcy" significa um procedimento legal que protege os credores e alivia os devedores nos casos em que estes se revelam incapazes ou no querem pagar as suas dvidas. A bancarrota pode ser voluntria ou involuntria. voluntria quando solicitada (declarada em juzo) pelos devedores; involuntria quando a solicitao iniciativa dos credores. A frequncia das falncias no mundo comercial e industrial bastante grande, em particular ao nvel das pequenas unidades empresariais ou do tipo familiar. As causas fundamentais destas falncias, em 90% dos casos, esto ligadas inexperincia e m gesto de tal maneira que tais empresas no chegam a durar mais do que 5 anos. Para se ter uma ideia da dimenso das falncias basta dizer que estatsticas relacionadas com o mundo dos negcios referem que s nos E.U.A. cerca de 20% de novas empresas que normalmente

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sobrevivem, os outros 80%, que representam cerca de 0,5 milho de unidades empresariais, terminam em processos de falncia todos os anos. Grande negcio para os juristas!.

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