capítulo 2 disposições gerais

45
DIREITO DAS SUCESSÕES Profª Karla Karoline Soares Dalto

Upload: dimensson-costa-santos

Post on 06-Jun-2015

1.281 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: Capítulo 2   disposições gerais

DIREITO DAS SUCESSÕES

Profª Karla Karoline Soares Dalto

Page 2: Capítulo 2   disposições gerais

TÍTULO I - DA SUCESSÃO EM GERAL

CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS

Page 3: Capítulo 2   disposições gerais

1 - ABERTURA DA SUCESSÃO

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Herança: somatório em que se incluem os bens e as dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e ações de que era titular o falecido, e as que contra ele foram propostas, desde que transmissíveis. Compreende portanto o ativo e o passivo (Zeno Veloso)

Page 4: Capítulo 2   disposições gerais

1 - ABERTURA DA SUCESSÃO

• Na impossibilidade de se admitir patrimônio sem titularidade, mediante ficção jurídica, ocorre a transmissão imediata da propriedade da herança automaticamente com a morte do de cujus, independentemente de aceite dos herdeiros, que podem inclusive ignorar o fato.

Page 5: Capítulo 2   disposições gerais

1 - ABERTURA DA SUCESSÃO

• Não há que se falar em herança de pessoa viva, embora possa ocorrer a abertura da sucessão do ausente, presumindo-lhe a morte;

• Ausente: pessoa que desaparece de seu domicílio sem dar notícia de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhe os bens(art. 22, CC/02)

• Pressupostos da abertura da sucessão: morte natural ou presumida (art. 6° CC/02) e existência de herdeiros;

Page 6: Capítulo 2   disposições gerais

2 - SUCESSÃO DO AUSENTE

1°) Medidas acautelatórias – nomeação de curador;

2°) Sucessão Provisória – 1 ano da arrecadação dos bens; 3 anos havendo procurador;

3°) Sucessão Definitiva – Após 10 anos da abertura da sucessão ou provando-se que o ausente contava 80 anos de idade, e que de 5 datam as últimas notícias dele. A sucessão definitiva deve durar 10 anos.

Page 7: Capítulo 2   disposições gerais

3 - CONSTATAÇÃO DA MORTE

• Em regra é indispensável, para que se possa considerar aberta a sucessão a prova da morte real – atestado de óbito;

• Em caso de ser extremamente provável a morte de quem estava em perigo, a Lei de Registro Público, prevê o procedimento de justificação. (art. 7°, I e II, CC/02 e morte presumida)

Page 8: Capítulo 2   disposições gerais

4 - MOMENTO DA TRANSMISSÃO DA HERANÇA

• “A morte, a abertura da sucessão e a transmissão da herança aos herdeiros, por uma ficção jurídica, ocorre num só momento” (Zeno Veloso);

• Os herdeiros, tornam-se donos da herança ainda que não saibam que o autor da sucessão morreu, mas precisam aceitar a herança, ou repudiá-la

Page 9: Capítulo 2   disposições gerais

4 - MOMENTO DA TRANSMISSÃO DA HERANÇA

•Se houver renúncia por parte do herdeiro, tem-se por não verificada a transmissão mencionada.

Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão.

Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança.

Page 10: Capítulo 2   disposições gerais

4 - MOMENTO DA TRANSMISSÃO DA HERANÇA

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Quanto aos legatários a situação é diferente: adquirem a propriedade dos bens infungíveis desde a abertura da sucessão; a dos infungíveis, só pela partilha. A posse, em ambos os casos deve ser requerida aos herdeiros, que só serão obrigados a entregá-la por ocasião da partilha e depois de comprovada a solvência do espólio (CC, art. 1.923, §1°)

Page 11: Capítulo 2   disposições gerais

4 - MOMENTO DA TRANSMISSÃO DA HERANÇA

Art. 1.923. Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo, salvo se o legado estiver sob condição suspensiva.

§ 1o Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar por autoridade própria.

Page 12: Capítulo 2   disposições gerais

5 - COMORIÊNCIA

Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

Principal efeito: não tendo havido tempo para a transferência de bens entre os comorientes, um não herda do outro.

Page 13: Capítulo 2   disposições gerais

5 - COMORIÊNCIA

• Para que se configure a comoriência não é mister que as mortes tenham ocorrido no mesmo lugar.

Page 14: Capítulo 2   disposições gerais

6 - TRANSMISSÃO DA POSSE: O PRINCÍPIO DA “SAISINE”

• PRINCÍPIO DA SAISINE: O próprio defunto transmite ao sucessor a propriedade e a posse da herança (não é necessária qualquer declaração, de qualquer pessoa).

Page 15: Capítulo 2   disposições gerais

6 - TRANSMISSÃO DA POSSE: O PRINCÍPIO DA “SAISINE”

• REQUISITOS PARA A TRANSMISSÃO:

a) Existência de um herdeiro quando da delação;

b) Herdeiro capaz de herdar.

Page 16: Capítulo 2   disposições gerais

6 - TRANSMISSÃO DA POSSE: O PRINCÍPIO DA “SAISINE”

O princípio da saisine harmoniza-se com os arts. 1.206 e 1.207, pelos quais o sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor, com os mesmos caracteres.

Page 17: Capítulo 2   disposições gerais

6 - TRANSMISSÃO DA POSSE: O PRINCÍPIO DA “SAISINE”

• O inventariante administra o espólio, tendo a posse direta dos bens que o compõem, enquanto os herdeiros adquirem a posse indireta. (art. 1.197, CC).

• Havendo necessidade de recorrer aos interditos possessórios, compete primeiramente ao inventariante, mas o herdeiro também tem legitimidade para promover a ação possessória relativa aos bens do espólio.

Page 18: Capítulo 2   disposições gerais

6 - TRANSMISSÃO DA POSSE: O PRINCÍPIO DA “SAISINE”

• Em decorrência do princípio da saisine, temos que:

Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.

A lei do dia da morte rege todo o direito sucessório, que se trate:

a) De fixar a vocação hereditária;b) Determinar a extensão da quota hereditária

Page 19: Capítulo 2   disposições gerais

6 - TRANSMISSÃO DA POSSE: O PRINCÍPIO DA “SAISINE”

• A situação definitivamente constituída não pode ser afetada ou comprometida por fato novo ou lei nova.

Ex: Situação de adotivos antes e depois da CF.

OBS: Quanto à elaboração do testamento, suas formalidades ou capacidade de testar, segue a lei do tempo em que o testamento é feito. Contudo, se a disposição for válida de acordo com a lei anterior, mas a lei vigente ao tempo da morte negar-lhe validade, será considerada como não escrita.

Page 20: Capítulo 2   disposições gerais

6 - TRANSMISSÃO DA POSSE: O PRINCÍPIO DA “SAISINE”

• SÚMULA 112, STF

“O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão”

Page 21: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

1. LEGÍTIMA E TESTAMENTÁRIA.

Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.

•Quanto à fonte, a sucessão pode ser:a) LEGÍTIMA: decorrente da lei;b) TESTAMENTÁRIA: decorrente de manifestação de última vontade, expressa em testamento ou codicilo

Page 22: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.

Page 23: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• SUCESSÃO LEGÍTIMA:- Morrendo pessoa ab intestato, transmite-

se a herança a seus herdeiros legítimos, expressamente indicados na lei (art. 1.829), de acordo com uma ordem preferencial (ordem de vocação hereditária);

- Em caso do testamento caducar ou for julgado nulo

Page 24: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

- Dá-se por disposição de última vontade.

- Havendo herdeiros necessários (ascendentes, descendentes ou cônjuge), divide-se a herança em duas partes iguais e o testador só poderá livremente dispor de uma metade é a chamada quota disponível.

Page 25: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• SUCESSÃO MISTA:

- Ocorre quando é simultaneamente legítima e testamentária, ou seja, quando o testamento não compreender todos os bens do de cujus, pois os não incluídos passarão aos herdeiros legítimos.

Page 26: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

•LIBERDADE DE TESTAR

Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.

Page 27: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• Se o testador for casado no regime de comunhão universal de bens, o patrimônio do casal será dividido em duas meações, e só poderá dispor, em testamento, integralmente, da sua, se não tiver herdeiros necessários e da metade, correspondente a um quarto do patrimônio do casal, se os tiver.

Page 28: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• Por igual, de acordo com o art. 1.790, há que ser considerada a parte que ao companheiro(a) caiba quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, que a ele(a) já pertence como condômino.

Page 29: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

Page 30: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• SUCESSÃO A TÍTULO UNIVERSAL E A TÍTULO SINGULAR

a) A título universal: Quando o herdeiro recebe a totalidade, fração ou parte alíquota da herança;

b) A título singular: o testador deixa ao beneficiário um bem certo e determinado, denominado legado.

Page 31: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• SUCESSÃO A TÍTULO UNIVERSAL E A TÍTULO SINGULAR

- A sucessão legítima sempre é a título universal;

- A sucessão testamentária pode ser a título universal ou singular;

Page 32: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• SUCESSÃO CONTRATUAL

O nosso direito proíbe outras formas de sucessão, especialmente a contratual – pacta corvina.

Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

Page 33: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• SUCESSÃO CONTRATUAL

EXCEÇÃO:

Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.

Page 34: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• SUCESSÕES ANÔMALAS OU IRREGULARES:É disciplinada por normas peculiares e próprias,

não observando o ordem de vocação hereditária estabelecida no art. 1.829 do CC

Exs: Art. 5°, XXXI – CF (herança de estrangeiro, se aplicará lei estrangeira se mais favorável);

Lei 9.610/98 – direitos autorais, prescrevendo que pertence a domínio público obras da autores falecidos que não tenham deixado sucessores

Page 35: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• ESPÉCIES DE SUCESSORES;a) Legítimo: indicado pela lei em ordem

preferencial (art. 1.829, CC)b) Testamentário ou instituído: é o

beneficiado pelo testador no ato de última vontade, sem individuação do bem;

c) Legatário: pessoa contemplada por testamento de bem individualizado;

Page 36: Capítulo 2   disposições gerais

7 - ESPÉCIES DE SUCESSÃO

• ESPÉCIES DE SUCESSORESd) Herdeiro necessário, legitimário ou

reservatário: todo parente em linha reta não excluído da sucessão por indignidade ou deserdação, bem como o cônjuge;

e) Herdeiro universal: é o herdeiro único, que recebe a totalidade da herança, mediante ato de adjudicação lavrado no inventário (lei ou renúncia dos demais)

Page 37: Capítulo 2   disposições gerais

8 - LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

Deve ser conjugado com o art. 96 do CPC.

Cumpre salientar que a abertura da sucessão não é o mesmo que abertura do inventário (embora haja uma convergência entre a regra material e processual)

Page 38: Capítulo 2   disposições gerais

8 - LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO

Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.

Page 39: Capítulo 2   disposições gerais

8 - LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO

Parágrafo único. É, porém, competente o foro:

I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;

II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em lugares diferentes.

Page 40: Capítulo 2   disposições gerais

8 - LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO

• Na hipótese de pluralidade domiciliar, permitiu o legislador a abertura do inventário em qualquer foro correspondente a um dos domicílios do finado – Determinada por prevenção.

• Predomina na jurisprudência que é relativa a competência.

Page 41: Capítulo 2   disposições gerais

8 - LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO

Art. 1.043. Falecendo o cônjuge meeiro supérstite antes da partilha dos bens do pré-morto, as duas heranças serão cumulativamente inventariadas e partilhadas, se os herdeiros de ambos forem os mesmos.

§ 1o Haverá um só inventariante para os dois inventários.

§ 2o O segundo inventário será distribuído por dependência, processando-se em apenso ao primeiro.

Page 42: Capítulo 2   disposições gerais

8 - LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO

Art. 1.044. Ocorrendo a morte de algum herdeiro na pendência do inventário em que foi admitido e não possuindo outros bens além do seu quinhão na herança, poderá este ser partilhado juntamente com os bens do monte.

Page 43: Capítulo 2   disposições gerais

8 - LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO

• O juízo do inventário, pelo caráter universal da sucessão (CC, art. 91) atrai todas as ações que lhe sejam relativas (CPC, art. 96).

Page 44: Capítulo 2   disposições gerais

9 - FORO COMPETENTE PARA O INVENTÁRIO

- A divisão geodésica (arts. 946, II, e 967 e segs. Do CPC);- Ação de nulidade de partilha ou sobrepartilha (art. 2.027, CC);- Ação anulatória de decisão que concede alvará para venda de bens

em inventário;- Ação dos sonegados (art. 1.994, CC);- Ação de nulidade ou anulação de testamento;- Prestação de contas do inventariante e do testamenteiro;- Os pedidos de herdeiros e legatários quanto a substituições e sub-

rogações de ônus, com relação a bens da herança;- Ação de petição de herança e entrega de legados;- Ação de exclusão do herdeiro por indignidade, bem como a

deserdação;- Nomeação de tutor, quando o de cujus tenha deixado herdeiros órfãos;- Pedidos de alienação dos bens herdados por incapazes;- Notificação do art. 1.087 do CC;- Ação de anulação de partilha e ações conexas.

Page 45: Capítulo 2   disposições gerais

9 - FORO COMPETENTE PARA O INVENTÁRIO

• NÃO SÃO CAUSAS DE ATRAÇÃO DE COMPETÊNCIA:

- As prestações de contas requeridas pelo inventariante contra herdeiros;

- Prestações de contas do mandatário do de cujus e entre este e um dos sócios;

- Para a execução do formal de partilha (juízo comum);

- Para as ações de cobrança contra o espólio;- Para ação de investigação de paternidade, exceto

se cumulada com pedido de herança;- De modo geral, para todos os feitos em que não

exista qualquer conexidade com o inventário.