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CAPÍTULO 12 IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS PARA USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS Daniela Cristina Belchior Mota, Telmo Mota Ronzani Neste capítulo realizou-se uma apresentação das políticas públicas brasileiras sobre álcool e outras drogas, visando alcançar três propósitos: (1) distinguir as principais abordagens que caracterizam as políticas nesta área; (2) descrever as políticas atuais; (3) levantar questões sobre os desafios para a implementação de tais políticas. Para isso, além da consulta a documentos oficiais que descrevem as políticas públicas, constituíram material de referência a produção internacional e, sobretudo a nacional, haja vista a importância de se tomar por base exemplos contextualizados a nossa realidade. Especialmente, este capítulo objetiva apoiá-lo na sua reflexão sobre a implementação destas políticas em seu município. Nesse sentido, foram também fontes de referência a realização de pesquisas e capacitações, as quais oportunizaram conhecer a vivência de profissionais e revelaram limites e possibilidades para a construção de políticas na área de drogas em municípios de Minas Gerais. O passo no sentido de elucidar questões que desafiam a implementação das políticas brasileiras na área de drogas não é conclusivo e nem encerra a discussão, mas sim tem por finalidade contribuir para o debate em torno da construção destas políticas. Debate para o qual o seu envolvimento é necessário, fundamental, pois embora a implementação das políticas seja complexa, sabidamente pode-se afirmar que, quando bem sucedidas, conta com o engajamento de profissionais que atuam diretamente na realidade e que também são agentes de transformação essenciais neste processo. 1. Abordagens Políticas As políticas públicas para o uso de álcool e outras drogas são norteadas por ideologias que justificam determinadas abordagens em relação a este problema (Nascimento, 2006). Tais abordagens propõem diferentes perspectivas sobre quem é o usuário de drogas, quais os seus direitos e qual a maneira mais adequada de contribuirmos efetivamente para a prevenção e para a sua recuperação. Assim, é importante termos uma visão geral sobre estas abordagens, pois elas influenciam a construção das políticas públicas e as nossas práticas.

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Page 1: CAPÍTULO 12 IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ... · 2. Políticas Públicas Sobre Drogas ... atividades de repressão ao tráfico de drogas ilegais. Apesar da amplitude do

CAPÍTULO 12 – IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS

PARA USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

Daniela Cristina Belchior Mota, Telmo Mota Ronzani

Neste capítulo realizou-se uma apresentação das políticas públicas brasileiras sobre

álcool e outras drogas, visando alcançar três propósitos: (1) distinguir as principais

abordagens que caracterizam as políticas nesta área; (2) descrever as políticas atuais; (3)

levantar questões sobre os desafios para a implementação de tais políticas. Para isso, além da

consulta a documentos oficiais que descrevem as políticas públicas, constituíram material de

referência a produção internacional e, sobretudo a nacional, haja vista a importância de se

tomar por base exemplos contextualizados a nossa realidade.

Especialmente, este capítulo objetiva apoiá-lo na sua reflexão sobre a implementação

destas políticas em seu município. Nesse sentido, foram também fontes de referência a

realização de pesquisas e capacitações, as quais oportunizaram conhecer a vivência de

profissionais e revelaram limites e possibilidades para a construção de políticas na área de

drogas em municípios de Minas Gerais.

O passo no sentido de elucidar questões que desafiam a implementação das políticas

brasileiras na área de drogas não é conclusivo e nem encerra a discussão, mas sim tem por

finalidade contribuir para o debate em torno da construção destas políticas. Debate para o qual

o seu envolvimento é necessário, fundamental, pois embora a implementação das políticas

seja complexa, sabidamente pode-se afirmar que, quando bem sucedidas, conta com o

engajamento de profissionais que atuam diretamente na realidade e que também são agentes

de transformação essenciais neste processo.

1. Abordagens Políticas

As políticas públicas para o uso de álcool e outras drogas são norteadas por ideologias

que justificam determinadas abordagens em relação a este problema (Nascimento, 2006). Tais

abordagens propõem diferentes perspectivas sobre quem é o usuário de drogas, quais os seus

direitos e qual a maneira mais adequada de contribuirmos efetivamente para a prevenção e

para a sua recuperação. Assim, é importante termos uma visão geral sobre estas abordagens,

pois elas influenciam a construção das políticas públicas e as nossas práticas.

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No plano internacional, a abordagem de “combate ou guerra às drogas", protagonizada

pelo governo norte-americano, historicamente foi predominante na área de drogas. Tendo

como objetivo principal promover a abstinência de qualquer consumo de drogas ilícitas, nesta

abordagem as estratégias de ação foram caracterizadas pela postura proibicionista de

“tolerância zero”, tratando o tema exclusivamente como uma questão de polícia. Segundo os

defensores desta perspectiva, era necessário banir o uso de drogas no mundo, devido a ser

considerado moralmente incorreto. Com isso, justificavam-se medidas de punição que

visavam marginalizar e tratar o usuário de drogas como um criminoso (Marlatt, 1999).

Além da penalização na justiça criminal, a substituição do rótulo de “usuário criminoso”

pelo de “usuário doente”, visando o isolamento dos usuários em hospitais psiquiátricos, foi

igualmente embasada na idéia de que a punição seria uma medida eficaz e educativa. Neste

caso, a internação em tais instituições também trata-se de uma estratégia de segurança ao

indivíduo e à sociedade, não sendo isenta de concepções morais em relação ao usuário, e

também produzindo discriminação e repressão (Bucher & Oliveira, 1994; Nascimento, 2006).

A concepção do “combate às drogas”, que restringe a questão ao campo da segurança

pública, contrasta com a concepção do “problema das drogas”, que a situa no âmbito da saúde

pública. Nesta última, tanto as drogas lícitas quanto as ilícitas são tidas como uma ameaça não

à ordem social, mas sim à saúde da população no sentido amplo, visando em particular os

danos associados ao uso de tais substâncias (Bucher & Oliveira, 1994). Esta abordagem,

conhecida como redução de danos, não nega a evidência histórica de que todas as sociedades

humanas sempre conviveram com substâncias psicoativas, e busca lidar com o consumo de

drogas de uma maneira realista (Marlatt, 1999).

Deste modo, a redução de danos proporciona uma alternativa prática para os modelos

moral/criminal e de doença, pois desvia a atenção do uso de drogas em si para as

conseqüências ou para os efeitos do comportamento aditivo, os quais são avaliados em termos

de serem prejudiciais para o usuário e para a sociedade, e não por serem julgados como

moralmente incorretos (Silveira et. al., 2003). A abstinência não é considerada a única meta, e

os usuários são vistos como parte da comunidade e, portanto, protegê-los requer sua

integração na comunidade e não o seu isolamento (Marlatt, 1999).

No entanto, será que a abordagem proibicionista, de “combate às drogas”, não seria mais

eficaz do que a redução de danos? Diferentes fatores apontam que não. Primeiramente, a

multiplicidade de danos causados pelas substâncias lícitas, como álcool e tabaco, tem menor

ênfase no “combate às drogas” devido a sua orientação repressora em relação drogas ilícitas.

Destaca-se também que a exigência de abstinência dos usuários, somadas as abordagens

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agressivas que os tratava como criminosos, são notavelmente ineficazes (Marlatt, 1999;

Miller & Rollnick, 2001). Acrescenta-se ainda que a abordagem de justiça criminal não só

fracassou em diminuir a violência relacionada às drogas, como acabou por contribuir para o

seu aumento (Manchikanti, 2007; Marlatt, 1999).

Apesar disso, as primeiras intervenções do governo brasileiro nesta área demonstravam a

opção pela abordagem proibicionista, influenciada pela ocorrência de convenções

internacionais que reafirmavam a adoção de medidas de repressão à oferta e ao consumo de

drogas. A partir da década de 70, a legislação brasileira sobre o tema foi influenciada também

pela medicina, que passou a legitimar o controle e a repressão do uso de drogas. Com isso,

foram propostos diferentes dispositivos assistenciais, como hospitais psiquiátricos e centros

especializados de tratamento, mas observa-se que tais medidas foram voltadas para as drogas

ilícitas, excluindo o uso de álcool (Machado, 2006).

Na década de 90, em decorrência da alta transmissão de HIV entre usuários de drogas

injetáveis, a implementação das estratégias de redução de danos proporcionou visibilidade à

realidade da atenção ao usuário de álcool e outras drogas no setor público de saúde,

evidenciando a quase inexistência de ações destinadas ao enfrentamento deste problema

(Dias, 2003; Machado, 2006). Finalmente, no início do século XXI foram formuladas as

políticas nacionais para os usuários de álcool e outras drogas, inseridas no âmbito da saúde

pública e baseadas nos pressupostos da redução de danos. A figura a seguir sintetiza a

trajetória das ações brasileiras na área de drogas:

Figura 1 - Medidas do governo brasileiro na área de álcool e outras drogas

Fonte: Do autor.

Se do ponto de vista temporal estas perspectivas podem ser apresentadas linearmente,

ordenando sequencialmente as medidas do governo brasileiro na área de drogas, do ponto de

vista prático muitas vezes estas abordagens coexistem, sendo possível identificar nos dias

atuais a disputa entre ideologias contrárias na área de drogas. É o que podemos observar, por

exemplo, na moralização de usuários de álcool e outras drogas, que ocorre inclusive entre

Negligência Criminalização Psiquiatrização Redução de Danos Políticas Nacionais

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profissionais de saúde e gestores (Mota, 2011, Ronzani, Mota & Souza, 2009). E mesmo

através de posturas políticas consideravelmente questionáveis, como o apoio a internação de

usuários contra a sua vontade.

Em suma, a abordagem de justiça criminal rivalizou (e muitas vezes ainda rivaliza) com a

abordagem de saúde pública para que o uso e o usuário de drogas sejam tratados de uma

maneira moralista e policialesca. No entanto, como veremos a seguir, este tema complexo e

vasto requer diferentes políticas públicas e com distintos objetivos, devendo a repressão ser

direcionada ao tráfico e não ao usuário. Sabemos que a abordagem de saúde pública é uma

opção ética, além de ser eficaz na prevenção do uso de substâncias e na recuperação dos

usuários.

2. Políticas Públicas Sobre Drogas – Visão Geral

Como abordado anteriormente, as drogas podem ser classificadas em drogas lícitas, isto

é, que tem a sua comercialização permitida pelo Estado (como o álcool e o tabaco) e drogas

ilícitas, que tem a sua comercialização proibida (como a maconha e a cocaína). De acordo

com a sua natureza e finalidade, as políticas públicas nesta área podem ser classificadas em

duas categorias (Longest, 1998):

Políticas Alocatórias

Visam alocar recursos para as ações assistenciais, como o tratamento para dependentes e

a prevenção, e as ações educativas (Babor, 2003). Entre as políticas alocatórias, a inserção de

ações preventivas na rede assistencial apresenta-se como um desafio e há uma insuficiência na

rede assistencial para tratamento de usuários (Babor, 2007; Souza, 2010).

Políticas Regulatórias

Objetivam regulamentar o acesso as substâncias lícitas. Por exemplo, as leis que impõem

uma idade mínima para a compra de bebidas alcoólicas ou que proíbem o consumo de tabaco

em ambientes fechados se tratam de políticas regulatórias. Estudos que analisaram a

efetividade de tais políticas apontaram que são consideravelmente efetivas o aumento da

idade mínima para o consumo e a restrição do número de bares. Já estratégias como o

controle do conteúdo das propagandas e as advertências nos rótulos são menos efetivas

(Babor, 2003).

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Outra classificação possível envolve as seguintes categorias:

Políticas de Redução da Demanda

São ações que visam a prevenção do uso indevido de drogas lícitas e ilícitas, como

também disponibilizar ações assistenciais para tratamento, recuperação e reinserção social

(Brasil, 2002b).

Políticas de Redução da Oferta

Envolvem as ações de repressão ao tráfico das drogas ilícitas, tais como a apreensão de

maconha e cocaína (Brasil, 2002b). Tem-se demonstrado como as drogas ilícitas incrementam

atividades criminosas, tais como o tráfico de armas, o contrabando e as guerras além das

atividades ilícitas, sendo importante ações neste campo (Lima, 2008).

Portanto, na área de drogas, são necessárias diferentes ações governamentais que possam

regulamentar as drogas lícitas, criar ações assistenciais para drogas lícitas e ilícitas, e também

atividades de repressão ao tráfico de drogas ilegais. Apesar da amplitude do tema e das

diferentes opções de políticas públicas, durante muito tempo a abordagem desta questão se

restringiu a um único setor, como é o caso da segurança pública.

É fundamental reconhecermos a delimitação e as particularidades de cada campo de ação,

para que possamos avançar na consolidação destas políticas. Nos tópicos a seguir será

apresentado como estas diversificadas ações acontecem em nosso país.

3. O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas

O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD) é encarregado de

coordenar as atividades relacionadas com a prevenção do uso indevido e assistência aos

usuários, bem como a repressão do tráfico ilícito de drogas. Ou seja, no SISNAD são

articuladas e distribuídas ente os diferentes órgãos governamentais as ações na área de drogas

e, principalmente, estabelecido como a sociedade pode participar da elaboração das políticas

(Brasil, 2008).

Atualmente, o Ministério da Justiça é o órgão governamental central do SISNAD, sendo

que as ações redução da oferta tem a polícia federal como órgão executivo e as ações de

redução da demanda tem a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) como

órgão que as executa.

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No SISNAD, a formulação de políticas sobre drogas ocorre através do Conselho Nacional

sobre Drogas (CONAD). Através da participação de diferentes representantes da sociedade,

este conselho é responsável por formular consensos e propor estratégias para a redução da

demanda e para a redução da oferta de drogas. Na esfera estadual, existem os Conselhos

Estaduais sobre Drogas e os municípios são estimulados a implementarem o Conselho

Municipal sobre Drogas (Brasil, 2008). A figura a seguir faz um esboço da estrutura do

SISNAD:

Figura 2 - Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas

Fonte: Duarte & Branco (2006).

Como mostra a figura, cabe à SENAD exercer a secretaria executiva do CONAD. Na

função de secretaria executiva, a SENAD deve apoiar as ações no CONAD e coordenar a

atualização da Política Nacional sobre Drogas (Brasil, 2008).

3.1 Política Nacional Sobre Drogas

Redução da demanda SENAD

Redução da oferta Ministério da Justiça

Organizações públicas federais e representantes da sociedade civil

Plenário

Secretaria Executiva SENAD

CONSELHOS ESTADUAIS

Organizações públicas estaduais e representantes da sociedade civil

CONSELHOS MUNICIPAIS

Organizações públicas municipais e representantes da sociedade civil

CONAD

SISNAD

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A Política Nacional sobre Drogas ou PNAD teve o seu processo de formulação concluído

no ano de 2005. Entre os princípios que embasam a PNAD está a diferenciação entre o

usuário, a pessoa em uso indevido, o dependente e o traficante de drogas. Ou seja, a PNAD

reconhece que o uso de drogas é um fenômeno complexo, que de um lado envolve o tráfico,

para o qual medidas de repressão são necessárias, e de outro lado envolve o uso de drogas,

para o qual medidas assistenciais devem ser implementadas. Este foi um avanço fundamental,

isto é, o avanço de não tratar usuários e traficantes da mesma maneira. Segundo a PNAD os

usuários tem direitos a serem atendidos de acordo com as suas necessidades, de modo a

possibilitar a recuperação de sua saúde (Brasil, 2002b; Duarte & Branco, 2006).

A PNAD reconhece ainda que os usuários podem não ter o mesmo padrão de

envolvimento com as substâncias, uma vez que existem diferentes padrões de uso de

substâncias, não somente a dependência. Por isso, são necessárias diferentes ações

assistenciais, como a prevenção, o tratamento e a reinserção social, que possam atender os

usuários de acordo com o grau de problemas vivenciados pelo consumo de substâncias

(Brasil, 2002b).

Contudo, entre estas várias ações, qual é a mais importante para a PNAD? A prevenção é

considerada prioritária, por ser a ação de menor custo e também a mais efetiva, isto é, a ação

que tem mais chance de ser bem sucedida. Ao priorizar a prevenção, a PNAD destaca também

que uma das estratégias mais relevantes é a redução de danos. E para que todas estas ações

sejam as mais eficazes possíveis, a PNAD ressalta a realização de pesquisas e avaliações e a

parceria com a comunidade científica, como as Universidades (Brasil, 2002b).

Como forma de se normatizar todas estas mudanças, destaca-se a lei nº 11.343 / 2006, a

qual implementou o SISNAD e diferenciou usuários e traficantes. Antes desta lei, a partir do

porte de drogas os usuários deveriam ser castigados e colocados em uma prisão, assim como

os traficantes. Com esta lei, o porte de drogas ilícitas deve oportunizar ao usuário reflexão

sobre o seu uso de drogas, não devendo ser penalizados com a privação de liberdade. Assim,

os usuários não são encarcerados e sim encaminhados para penas alternativas, como por

exemplo a prestação de serviços à comunidade em instituições que tratam dependentes de

drogas (Brasil, 2008).

Para que os pressupostos desta política sejam implementados objetiva-se a articulação e a

integração entre diversos setores do governo, iniciativa privada, terceiro setor e comunidade,

visando ampliar a consciência para a sua consolidação (Brasil, 2002b).

3.2 Política Nacional sobre o Álcool

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A Política Nacional sobre o Álcool foi instituída em 2007 e os seus pressupostos estão de

acordo com a PNAD. Deste modo, nesta política os usuários tem direito as ações assistenciais

de que necessitarem, e a redução de danos é a abordagem que norteia as práticas (Brasil,

2007). As principais medidas desta política são as seguintes:

Realização de diagnóstico sobre o consumo de bebidas alcoólicas no Brasil, através da

realização de pesquisas.

Tratamento e reinserção social de dependentes.

Realização de campanhas de conscientização quanto aos danos causados pelo álcool.

Redução da demanda de álcool por populações vulneráveis, como por exemplo

crianças e adolescentes.

Prevenir os acidentes de trânsito correlacionados com o uso de bebidas alcoólicas.

Investimento na capacitação de profissionais.

Estabelecimento de parcerias com municípios e fortalecimento das relações

intergovernamentais.

Incentivar a regulamentação, o monitoramento e a fiscalização de bebidas alcoólicas.

Uma medida importante envolvendo o álcool foi a lei 11.705 / 2008, também conhecida

como “Lei Seca”. Segundo esta lei, o motorista que dirigir alcoolizado está sujeito a

penalidades, como ter o seu veículo apreendido, receber multas, ter suspenso o seu direito de

dirigir e o motorista poderá ainda ser detido por seis meses a três anos. Além disso, esta lei

proíbe vender bebidas em rodovias federais e obriga os locais que vendem bebidas alcoólicas

a divulgarem que é crime dirigir sob a influência de álcool (Brasil, 2008).

No caso das medidas voltadas para direção e álcool, há evidências que sugerem que não é

a severidade da penalização que promove a mudança de comportamento, e sim a certeza de

que haverá uma fiscalização. Podemos generalizar e dizer ainda que nenhuma política

regulatória é efetiva sem que haja fiscalização sistemática (Babor, 2003).

Para garantir os direitos assistenciais dos usuários, envolvendo ações como prevenção,

tratamento e recuperação, é fundamental que esta política esteja articulada com o setor de

saúde. Por isso, na a seguir será apresentada a política do Ministério da Saúde para os

usuários de álcool e outras drogas.

4. Políticas de Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas

A política sobre álcool e outras drogas foi operacionalizada segundo a lógica da Política

de Saúde Brasileira (Brasil, 2003b). No Brasil, a saúde é considerada um direito de todos e

um dever do Estado. Isto porque a saúde é uma das condições essenciais à vida digna sendo,

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portanto, um direito fundamental. O principal objetivo da política de saúde brasileira é

possibilitar a garantia deste direito por todos os brasileiros (Fleury & Ouverney, 2009).

Para a implementação da política de saúde foi criado Sistema Único de Saúde (SUS). O

SUS possui princípios e diretrizes, que visam orientar as suas ações, apresentadas a seguir:

Universalidade: assegura o direito à saúde a todos os cidadãos, independente de

condição de saúde, gênero, idade, religião, condições financeiras, etc.

Integralidade: significa que as ações assistenciais não devem visar somente a cura e a

reabilitação. Os usuários do sistema de saúde devem ter acesso a ações de promoção de saúde

e prevenção de doenças, que proporcionem um cuidado completo das suas necessidades.

Participação da comunidade: tanto no município, como no estado e também no nível

federal a sociedade tem o direito de participar da formulação e da implementação da política

de saúde, acompanhando as ações realizadas.

Descentralização, regionalização, hierarquização de ações e serviços de saúde: os

cidadãos tem direito a ter acesso a serviços de saúde em seu município e próximo a sua casa,

atendendo as suas necessidades de saúde. Caso seja necessário, deve ocorrer o atendimento

em unidades de saúde mais distantes, localizadas em outros municípios ou estados.

A política voltada para os usuários de álcool e outras drogas está também articulada à

Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Esta, por sua vez, tem como marco o

movimento de “Luta Antimanicomial”, o qual se posicionava contra os hospitais

psiquiátricos, pois estes eram locais desumanizados e que excluíam os portadores de

transtornos mentais da sociedade. Nesta política, destaca-se a lei n. 10.216, de 2002, a qual

dispõe sobre a proteção e os direitos dos portadores de transtornos mentais, entre eles os

usuários de álcool e outras drogas, e direciona o modelo assistencial em saúde mental,

buscando criar uma rede assistencial baseada em serviços extra-hospitalares (Brasil, 2003b).

As principais diretrizes da Política do Ministério da Saúde para Usuários de Álcool e

Outras Drogas são as seguintes:

Integralidade das ações, que vai envolver desde ações de promoção e prevenção,

destinadas à população geral, até ações assistenciais para aqueles usuários que necessitam de

tratamento.

Descentralização e autonomia dos estados e municípios para o desenvolvimento em

ações voltadas para álcool e outras drogas. Com o governo municipal se envolvendo

diretamente na estruturação dos serviços, eles se tornam mais próximos da realidade local.

Eqüidade do acesso dos usuários de álcool e drogas às ações de prevenção, tratamento

e redução de danos, de acordo com prioridades locais.

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Mobilizar a sociedade para participar da formulação das políticas, bem como

estabelecer parcerias locais para a implementação de ações.

A política do Ministério da Saúde também se baseia nos princípios de Redução de Danos,

pois não considera a abstinência a única possibilidade terapêutica. Para ser implementada,

esta política está organizada a partir do estabelecimento de uma rede de atenção aos usuários

de álcool e outras drogas (Brasil, 2003b)

4.1 A Rede Assistencial para os Usuários de Álcool e Outras Drogas

Como apresentado, a política para usuários de álcool e outras drogas tem como principal

enfoque o cuidado integral, o que envolve práticas de promoção, prevenção e reabilitação.

Para isso, é necessário que haja uma rede de atendimento aos usuários, isto é, serviços

articulados para atender as suas diferentes necessidades (Brasil, 2003b).

Podem fazer parte de uma rede de atenção aos usuários de álcool e drogas os seguintes

serviços:

Hospitais gerais.

Unidades Básicas de Saúde.

Casas de Passagem.

Serviços especializados públicos ou particulares.

Recursos da comunidade, como por exemplo os Alcoolicos Anônimos.

Centros de Atenção Psicossocial para Usuários de Álcool e Outras Drogas (CAPS ad)

Entre outros.

Entre estes serviços, os CAPS ad são os responsáveis por atender aos casos de usuários

com graves comprometimentos causados pelo uso indevido de álcool e outras drogas e,

principalmente, pela articulação de toda a rede de atendimento (Brasil, 2003b)

Um conjunto de funções dos CAPS ad é prestar tratamento intensivo para a população

que apresenta graves transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas.

Assim, os CAPS ad possuem funcionamento ambulatorial e de hospital-dia, devendo prestar

atendimento diário aos usuários dos serviços. Devem ainda oferecer cuidados aos familiares

dos usuários e enfatizar a reintegração social, utilizando, para tanto, recursos intersetoriais, ou

seja, de setores como educação, cultura, esporte e lazer (Brasil, 2003b).

A seguir são apresentadas as principais atividades do CAPS ad:

Prestar atendimento diário aos usuários dos serviços.

O CAPS ad possui leitos de repouso com a finalidade exclusiva de tratamento de

desintoxicação, para pacientes que não necessitam de tratamento hospitalar.

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Oferecer cuidados aos familiares dos usuários dos serviços.

Ênfase na reintegração social do usuário, utilizando, para tanto, recursos intersetoriais,

ou seja, de setores como educação cultura esporte e lazer.

Trabalhar a diminuição do estigma/preconceito relativos ao uso de substâncias

psicoativas.

Outro conjunto de ações a serem desempenhados pelos CAPS ad é o de articulador da

rede de atenção aos usuários. Deste modo, cabe ao CAPS ad a gestão do sistema de atenção

em álcool e outras drogas, devendo responsabilizar-se pela organização da demanda e da rede

de instituições de atenção a usuários de álcool e drogas, no âmbito de seu território. Isto

envolve aperfeiçoar as intervenções preventivas e coordenar, no âmbito de sua área de

abrangência e por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de serviços de

atenção a usuários de drogas (Brasil, 2003). Esta função do CAPS ad como ordenador da rede

assistencial foi representada na figura a seguir:

Fonte: Brasil (2003b).

Além dos CAPS ad, o Ministério da Saúde também instituiu o Programa Nacional de

Atenção Comunitária Integrada aos Usuários de Álcool e Outras Drogas. O seu objetivo é

regular o fluxo assistencial de toda a rede de serviços de saúde, incluindo os serviços de

Atenção Primária à Saúde e os hospitais. Este programa definiu também o papel dos CAPS

ad, isto é, um dispositivo estratégico para articulação de toda a rede assistencial (Brasil,

2003b).

Figura 3 - Rede de Atenção à Saúde

Mental

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Destaca-se que municípios com mais de 70.000 podem ter CAPS ad. No caso dos

municípios que não tiverem CAPS ad, está previsto a atenção aos usuários de álcool e outras

drogas na modalidade CAPS que estiver disponível no município (Brasil, 2003b).

5. Desafios para a Implementação das Políticas Públicas sobre Álcool e Outras Drogas

Uma política pública lança um propósito que deve referenciar as ações governamentais

para um setor. A sua construção envolve um ciclo, ou seja, uma sequência de etapas, que

podem ser sintetizados da seguinte forma (Howlett & Ramesh, 1995):

Formulação: Etapa em que se projeta os objetivos e se idealiza o que a política irá

fazer.

Implementação: Etapa em que a política é colocada em prática e vivemos a

experiência real de concretizá-la.

Avaliação: Nesta etapa é avaliado se a política atingiu os objetivos traçados na fase de

formulação.

A implementação trata-se de uma etapa de aprendizagem política, pois as políticas

públicas podem conter diversas limitações não previstas na etapa de formulação, tais como

ambiguidade de objetivos, problemas de coordenação intergovernamental, recursos escassos

(Giovanni, 2000). A avaliação, neste caso, pode revelar os “ciclos de aprendizagem”,

conduzindo à constante reformulação da política proposta (Frey, 1999; Silva & Melo, 2000).

Assim, enquanto a formulação é uma etapa de idealização, a implementação é um

processo dinâmico, no qual nos confrontamos com a realidade, que nos desafia a construção

das políticas públicas. A seguir foram apontados os principais desafios para a implementação

das políticas brasileiras na área de drogas.

5.1 Expansão e articulação dos CAPS ad com a rede assistencial

Em uma pesquisa realizada por Mota e Ronzani (2011) em um município de Minas

Gerais que possui um CAPS ad, atores-chave entrevistados destacaram a insuficiência deste

serviço diante da demanda de atendimentos, pois uma parcela considerável da população não

consegue ter acesso ao CAPS ad. De acordo com dados da Coordenação Nacional de Saúde

Mental, verifica-se que é um padrão que pode ser encontrado em outros municípios e regiões

brasileiras, pois em geral a cobertura assistencial é insuficiente (Brasil, 2009).

Além disso, há aspectos deficitários da estrutura dos CAPS, tais como falta de recursos

humanos, de recursos materiais e de medicamentos (CREMESP, 2010; Mota, 2011). A

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atuação do CAPS ad na articulação da rede também é questionável, pois este serviço

encontra-se desarticulado de diversos serviços que seriam fundamentais para se efetivar a

atenção integral aos usuários, tais como APS, hospitais e dispositivos socioassistenciais.

Deste modo, a oferta de recuperação dos usuários é pontual e insuficiente, e as práticas de

prevenção e reinserção social não são sistematizadas (Mota, 2011).

Tem-se questionado a efetividade do CAPS ad, seja como dispositivo para a atenção aos

usuários de álcool e outras drogas, e também no seu papel de articulador da rede

(CREMPESP, 2010; Moraes, 2008). Contudo, não é somente as deficiências do modelo

CAPS que explicam os obstáculos encontrados para a sua efetividade (Mercier, 1990 apud

Onocko-Campos & Furtado, 2005). Diversos estudos apontam que os obstáculos para a

atenção integral podem ser encontrados na organização dos serviços e na implementação das

políticas de saúde de uma forma geral e que reproduzem entraves comuns a diferentes níveis

do sistema de saúde (Bittencourt & Hortale, 2007; Cunha & Vieira-da-Silva, 2010; Spedo,

2009).

Mais do que um investimento na expansão de serviços, são necessárias medidas que

atuem na conjuntura na qual este serviço se insere, criando mecanismos que permitam que os

CAPS superem a função exclusivamente ambulatorial. Nesse sentido, um dos desafios é que

as políticas públicas atuais estabeleçam diretrizes claras e consistentes, que contribuam para

que os CAPS ad de fato sejam ordenadores da rede, cumprindo as finalidades para os quais

foram designados.

5.2 Fiscalização das comunidades terapêuticas e redefinição do seu papel na rede

assistencial

Como você observou, as políticas públicas que visam garantir o direito assistencial aos

usuários de álcool e outras drogas são muito recentes em nosso país. Mas sabemos que os

problemas relacionados ao abuso de substâncias já faziam parte da nossa sociedade muito

antes destas políticas serem formuladas. Por isso, questionamos: Como os dependentes de

álcool e outras drogas podiam ser tratados?

Por causa da negligência de políticas públicas nesta área, uma diversidade de serviços

não governamentais respondia pela atenção aos usuários de álcool e outras drogas. Ainda

hoje, em vários municípios brasileiros a rede pública para atendimento aos usuários é

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inexistente ou insuficiente. Segundo dados de um mapeamento realizado pela SENAD (2007),

aproximadamente 80% dos serviços disponíveis para tratamento de usuários de álcool e outras

drogas no Brasil são ofertados por Organizações Não Governamentais (ONGs), conforme

apontado no gráfico a seguir:

Figura 4 - Instituições brasileiras para atendimento aos usuários de álcool e outras

drogas

Fonte: SENAD (2007).

Entre estas instituições, a maioria delas é definida por seus dirigentes como comunidades

terapêuticas ou CT’s (38,3%) (SENAD, 2007). Originalmente, o tratamento nas CT’s visa

possibilitar uma convivência entre os residentes, os quais promovem uma ajuda-mútua e

participam ativamente do dia-a-dia da comunidade. As CT’s são amplamente difundidas, o

que parece estar associado, entre outros fatores, à possibilidade de reconstrução da rede social

a partir da convivência com os pares (Norton, 1997; Sanches, 2006). Nestes serviços deve ser

garantida a permanência voluntária dos residentes, bem como o encaminhamento à rede de

saúde para o caso de necessidade (Fracasso, 2006).

No entanto, nem todos usuários de álcool e outras drogas podem se beneficiar das CT’s,

pois há diversos fatores que podem implicar na adesão a esta modalidade de tratamento, tais

como a não utilização de medicamentos psicotrópicos para os quadros de abstinência, a falta

de identificação com a proposta terapêutica, entre outros (Norton, 1997; Sanches, 2006).

Destaca-se também que há diferentes dispositivos que se intitulam CT’s, sendo fundamental

que exista regulamentação do trabalho desenvolvido por estes serviços e que sejam

estabelecidos padrões de qualidade (Fracasso, 2006).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Tratamento Redução de

Danos

Prevenção

389

250

451

850

313

776

Governamentais ONGs

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Em suma, basicamente há três pontos para serem levados em consideração na discussão

sobre o papel das CT’s na rede assistencial: (1) as CT’s dependem da rede assistencial, e para

a atenção integral é incoerente contarmos exclusivamente com elas; (2) as CT’s precisam ser

fiscalizadas sistematicamente; (3) há usuários de drogas que se identificam e se beneficiam

das CT’s, mas há aqueles que não se adaptam.

Assim, para a garantia de princípios como a universalidade e a integralidade, é necessário

a expansão de serviços de tratamento públicos, o quais devem ser os responsáveis pela

organização da rede assistencial (Santos, 2011), envolvendo serviços de APS, hospitais,

dispositivos socioassistenciais e também recursos da comunidade, tais como as CT’s.

Contudo, o fato é que a escassez de serviços públicos faz com que as ONGs, sobretudo as

CT’s, sejam a única opção para encaminhamento de usuários. A partir de um estudo de caso

realizado em um município de pequeno porte de Minas Gerais, esta lógica foi representada na

figura a seguir:

Figura 5 - Visão Geral do Município C

Fonte: Do autor.

Possivelmente, muitos municípios brasileiros ainda reproduzem esta situação, na qual

a atenção aos usuários de drogas é muito mais uma questão de filantropia do que de direito

assistencial (Mota, 2011). Assim, é fundamental termos clareza sobre o papel das CT’s na

rede assistencial, isto é, como uma opção na rede complementar aos serviços públicos, mas

não como alternativa única.

5.3 Construção de estratégias de prevenção em longo prazo

Diversos dados apontam que a maior parte dos danos associados ao uso de substâncias se

refere a usuários que não chegam a se tornar dependentes (Humeniuk & Poznyak, 2004).

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Nesse sentido, as estratégias de prevenção são necessárias, essenciais, pois podem contribuir

para a redução de uma ampla gama de danos ocasionados pelo uso indevido de substâncias.

Experiências de implementação de práticas de prevenção ao uso de drogas apontaram,

contudo, que existem diversas barreiras que comprometem a implementação de práticas de

prevenção na rotina dos serviços de saúde (Ronzani, 2005; Ronzani, Mota & Souza, 2009).

Um destes obstáculos é a falta de institucionalização destas práticas, pois há uma escassez de

programas ou mesmo diretrizes que visem consolidá-la na rotina assistencial

Embora a prevenção seja claramente um dos principais objetivos das políticas públicas

sobre álcool e outras drogas, ainda é um desafio a construção de propostas consistentes que de

fato possibilitem a implementação de estratégias preventivas na rotina assistencial.

5.4 Consolidação do princípio de intersetorialidade

A intersetorialidade é considerada um aspecto muito importante para uma implementação

bem sucedida das políticas públicas, pois uma vez que a complexidade da realidade exige um

olhar que não se esgota no âmbito de uma única política, é necessário buscar uma visão

integrada dos problemas e de suas soluções (Comerlatto, 2007).

Além do setor de saúde, outro setor fundamental na abordagem do uso indevido de álcool

e outras drogas é o setor de assistência social. Tendo em vista os problemas sociais associados

ao uso indevido de substâncias (tais como violência e desemprego), verifica-se que este setor

tem sido o catalisador de demandas de usuários e familiares nesta área.

O setor de educação também tem sido apontado como espaço privilegiado para a adoção

de práticas preventivas e promocionais sobre o uso de drogas, sendo atuação preventiva no

âmbito escolar amplamente difundida. O setor de defesa social, por sua vez, pode ter um

papel chave na abordagem dos usuários de substâncias, seja na prevenção da criminalidade,

educação e reinserção social dos indivíduos privados de liberdade.

Contudo, ainda existem várias lacunas no processo de formulação e implementação das

políticas sociais e uma das principais debilidades é a falta de intersetorialidade, sendo um

desafio a sistematização de ações intersetoriais na área de drogas.

5.5 Atuação dos níveis estadual e federal nas políticas para usuários de álcool e outras

drogas

Assim como nas demais políticas públicas brasileiras, a autonomia do poder local é uma

das diretrizes principais da implementação das políticas voltadas para usuários de álcool e

outras drogas (Brasil, 2003b; Brasil, 2002b). Aliada a idéia de descentralização administrativa

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e de poder, a maior autonomia do poder local objetivou que os municípios tivessem

participação na decisão e na implementação das políticas públicas, que antes eram

rigidamente centralizadas no nível federal (Marques & Mendes, 2001).

É importante destacar, contudo, que o processo de descentralização se refere a um

fortalecimento das responsabilidades dos diferentes níveis governamentais e não a uma

transferência exclusiva de responsabilidade para o nível municipal (Jacobi, 2000 apud

Guimarães & Giovanella, 2004). Além disso, há uma forte heterogeneidade entre as gestões

municipais, em que contam não só com as ações dos atores locais envolvidos na execução das

políticas, mas também o papel dos demais níveis governamentais (Guimarães & Giovanella,

2004).

Nesse sentido, estudos têm demonstrado que os municípios podem ficar em uma situação

ambígua, pois, embora autônomos, são dependentes do nível federal, sobretudo,

financeiramente, ficando por isso com uma frágil capacidade de gerir as políticas públicas

(Almeida & Carneiro, 2003; Arretche, 2004; Marques & Mendes, 2001). Para a maior

efetividade das políticas é também fundamental que o nível federal crie normas e regras que

possam incentivar e pactuar a implementação, atuando como coordenador das relações

intergovernamentais (Arretche, 2003; Fonseca et al., 2007).

De uma maneira geral, dificuldades semelhantes para a implementação das políticas

públicas brasileiras estão associadas a atuação do nível estadual, no qual também se verifica

uma heterogeneidade de capacidade gestora. Há imprecisão e pouca clareza do papel do nível

estadual e pouca participação dos recursos estaduais no financiamento das políticas (Noronha,

Lima & Machado, 2009).

Portanto, para que a implementação de políticas em nível municipal seja bem sucedida, é

importante a complementaridade entre as esferas de governo, a fim de que os governos locais

tenham os recursos orçamentários e os meios políticos e institucionais necessários (Arretche,

2003; Milani, 2008). Este quadro também caracteriza as políticas públicas na área de drogas,

as quais poderão ser potencializadas caso haja maior participação financeira e na

normatização das ações de implementação pelos níveis federal e estadual.

5.6 Gestão participativa em álcool e drogas

Considerando a políticas proposta pela SENAD, os Conselhos Municipais sobre Álcool e

outras Drogas (COMAD’s) são apontados como espaços para a construção da política de

álcool e outras drogas e para oportunizar o debate entre os múltiplos atores, possibilitando a

vocalização dos problemas associados a este tema (BRASIL, 2005). Já na política do

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Ministério da Saúde, a gestão participativa na área de drogas tem a mesma rotina prevista pela

saúde mental, através da realização de conferências de saúde mental nos três níveis de

governo (Brasil, 2003b).

Estudos têm apontado, contudo, que muitas vezes os COMAD’s apresentam dificuldades

para a articulação do tema álcool e drogas nas demais políticas setoriais e para a construção

de redes entre as secretarias de governo e com as instituições da sociedade civil (Leal, 2006).

Tal qual em outros conselhos, mesmo após a sua implementação os COMAD’s tem

dificuldades de superar a fase inicial, perdurando as atividades que visam a sua organização

interna (Mota, 2011; Tatagiba, 2002).

Em relação as conferências de saúde mental, um aspecto comum é a forte presença de

grupos técnicos e de atores institucionais, sendo predominada por profissionais que utilizam

este espaço para as suas reivindicações trabalhistas, assim como nas conferências de saúde

geral (Stralen et al., 2010). As conferências de saúde mental, de um maneira geral, tem se

caracterizado pela repetição dos princípios constitucionais da reforma psiquiátrica. Tais

conferências acabam não oportunizando um debate de questões importantes relacionadas ao

campo das políticas de drogas (Mota, 2011).

Enquanto os COMAD’s tendem a reduzir a discussão das políticas de drogas ao próprio

conselho, tendo dificuldades de se integrarem ao cenário político mais amplo, as conferências

de saúde mental são predominadas por temáticas e atores que deixam a margem questões

próprias das políticas de drogas. Deste modo, a participação social na área de drogas ainda é

frágil e incipiente, sendo um desafio torná-la mais efetiva.

5.7 Formação de recursos humanos

Poucos profissionais são treinados para a abordagem de usuários de álcool e outras

drogas e, consequentemente, a maioria dos profissionais não se sente capaz de atuar nesta

área. A falta de qualificação repercute não só na deficiência de conhecimentos como também

na manutenção de práticas ineficazes, e mesmo na idéia de que o uso de drogas seja uma

questão moral. Por isso, é essencial capacitar os profissionais adequadamente, através de

abordagens contextualizadas à realidade das instituições em que atuam (Souza, 2010,

Ronzani, 2005).

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Outro desafio considerável é a articulação com gestores e gerentes que ofereçam suporte

aos profissionais na rotina institucional, pois o engajamento dos mesmos pode contribuir

significativamente para que os conhecimentos e habilidades adquiridos em capacitações sejam

implementados (Ronzani, 2005; Ronzani, Mota e Souza, 2009).

6. Considerações Finais

Neste capítulo procurou-se apresentar as principais abordagens políticas na área de

drogas. Observamos que as políticas atuais visam garantir os direitos dos usuários, rompendo

com abordagens que restringiam esta temática a uma questão de justiça criminal. Haja vista a

escassez de recursos para que os usuários tenham garantidos os seus direitos assistenciais,

muitos são os desafios para a implementação destas políticas.

Investir em diretrizes que consolidem os pressupostos das políticas de drogas é

fundamental para que elas avancem além da fase de formulação e passem a fazer parte do

“mundo real”. É importante que sejam estabelecidas regras, leis e normas, que vão definir, por

exemplo, como vai ser disponibilizado o financiamento para a realização de ações previstas

pela política. Ou irão estabelecer qual o papel de cada nível do governo, o que o estado deve

fazer, o que cabe ao município (Souza, 2006; Viana & Baptista, 2009). É necessário criar

linhas programáticas que estabeleçam com consistência de que modo consolidar a prevenção,

ou que pactuem o fluxo assistencial para acesso ao tratamento e aos dispositivos assistenciais

necessários para que a atenção seja integral.

Tendo em vista que em diversos municípios brasileiros a implementação destas políticas

é incipiente, para a sua consolidação será necessário uma sistematização de ações que

possibilitem melhor articular e pactuar o envolvimento de todos neste processo.

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