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SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO E SUPLEMENTAÇÃO DIETÉTICA DE FITASE SOBRE A EFICIÊNCIA NUTRICIONAL E PRODUTIVA DE FRANGOS DE CORTE Domingos Urquiza de Carvalho Filho Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Ciência Animal, Área de Concentração: Produção Animal, Linha de Pesquisa: Exigências Nutricionais e Avaliação de Alimentos para Ruminantes e Não Ruminantes. Teresina, Piauí - Brasil Fevereiro, 2014

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SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO E SUPLEMENTAÇÃO DIETÉTICA DE FITASE SOBRE

A EFICIÊNCIA NUTRICIONAL E PRODUTIVA DE FRANGOS DE CORTE

Domingos Urquiza de Carvalho Filho

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Ciência Animal da Universidade Federal do

Piauí, como parte dos requisitos para a obtenção

do título de Doutor em Ciência Animal, Área de

Concentração: Produção Animal, Linha de

Pesquisa: Exigências Nutricionais e Avaliação de

Alimentos para Ruminantes e Não Ruminantes.

Teresina, Piauí - Brasil

Fevereiro, 2014

SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO E SUPLEMENTAÇÃO DIETÉTICA DE FITASE SOBRE

A EFICIÊNCIA NUTRICIONAL E PRODUTIVA DE FRANGOS DE CORTE

Domingos Urquiza de Carvalho Filho

Orientador: Prof. Dr. Agustinho Valente de Figueirêdo

Co-Orientador: Prof. Dr. João Batista Lopes

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Ciência Animal da Universidade Federal do

Piauí, como parte dos requisitos para a obtenção

do título de Doutor em Ciência Animal, Área de

Concentração: Produção Animal, Linha de

Pesquisa: Exigências Nutricionais e Avaliação de

Alimentos para Ruminantes e Não Ruminantes.

Teresina, Piauí - Brasil

Fevereiro, 2014

FICHA CATALOGRÁFICA

Universidade federal do Piauí

Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castelo Branco

Serviço de Processamento Técnico

Carvalho Filho, Domingos Urquiza de.

Sistema de climatização e suplementação dietética de fitase

sobre a eficiência produtiva de frangos de corte / Domingos

Urquiza de Carvalho Filho. – 2014.

62 f.

Tese (Doutorado em Ciência Animal) - Universidade Federal

do Piauí, 2014.

Orientador: Prof. Dr. Agustinho Valente de Figueirêdo.

Co-Orientador: prof. Dr. João Batista Lopes.

1. Frango de Corte - Desempenho. 2. Ácido fítico. 3.

Estresse por calor. 4. Fósforo. 5. Metabolizabilidade.

I. Título.

CDD 636.5

C331s

Sistema de climatização e suplementação dietética de fitase sobre a eficiência nutricional e

produtiva de frangos de corte

DOMINGOS URQUIZA DE CARVALHO FILHO

Tese aprovada em: 20/02/2014

Banca Examinadora:

___________________________________________________

Prof. Dr. Agustinho Valente de Figueirêdo

(Orientador) DZO/CCA/UFPI

_______________________________________________________

Profa. Dra. Maria Nazaré Bona Alencar Araripe

(Membro) DZO/CCA/UFPI

____________________________________________________

Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa

(Membro) CCA/UFPB

________________________________________________________

Profa. Dra. Lidiana de Siqueira Nunes Ramos

(Membro) IFPI

_____________________________________________________

Prof. Dr. Marcos Antonio Delmondes Bomfim

(Membro) CCAA/UFMA

“Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, capacita os

escolhidos. Fazer ou não fazer algo, só depende de nossa vontade e

perseverança”

Albert Einstein

Dedico este trabalho a Marilene Gomes de Carvalho

Urquiza e Mateus de Carvalho Urquiza (esposa e

filho) pela compreensão, sobretudo nos momentos de

minha ausência, em todos os momentos desta e de

outras jornadas.

A meus pais, Domingos Urquiza de Carvalho e Luiza

Moreira de Carvalho, pelos conceitos e virtudes.

A minha irmã, Eliete Urquiza de Carvalho, pela ajuda

incondicional em minha formação.

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo auxílio e proteção em todos os momentos de minha vida;

A Universidade Federal do Piauí e seu corpo docente, pela minha graduação e pós-graduações;

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo

financiamento das pesquisas que resultou na elaboração desta tese;

Ao professor Dr. Agustinho Valente de Figueirêdo, pela orientação, amizade, confiança,

ensinamentos e abertura de horizontes;

Ao professor Dr. João Batista Lopes, pelo projeto, significativa co-orientação, incentivo,

confiança e disponibilidade;

Ao professor Dr. Márvio Lobão Teixeira de Abreu, pelos ensinamentos incondicionais;

Ao Professor Dr. William Costa Neves, pela receptividade, amizade e apóio;

Ao Professor MSc. Acrísio de Miranda Sampaio, pelo acolhimento, amizade e apoio;

Aos amigos Miguel Arcanjo Moreira Filho, Elvania Maria da Silva Costa, Snaylla Natyelle de

Oliveira Almendra, Daniela Cristina Pereira Lima, Ramon Rego Merval, Vania Batista de Sousa

Lima, Tyssia de Sousa Alves, Pedro Eduardo Bitencourt, Jassan Sousa Silva, Ana Carolina

Carvalho Santos, Antonio de Carvalho Pereira, Genilson Bezerra de Carvalho, Izaquiel A. da

Silva, Sandra Regina Gomes da Silva, Jackelline Cristina Ost Lopes, Tatiele Pereira Araújo, pela

convivência prazerosa e preciosa colaboração na execução dos experimentos e análises.

Aos Técnicos do Laboratório de Nutrição Animal do CCA/UFPI, Lindomar de Morais Uchoa e

Manoel José de Carvalho, e do Laboratório de Bromatologia da Embrapa meio Norte Luis José

Duarte, pelo convívio saudável e orientações na preparação das amostras e análises.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal pelos ensinamentos e

convívio;

Ao secretário do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Luís Gomes da Silva, e

demais servidores da Secretaria, pela amizade e forma competente de bem informar;

A todos os contemporâneos da Pós-Graduação, da Comunidade Universidade (Docente, Discente

e Servidor), pelo apóio, amizade e convivência afetuosa, que direta ou inderetamente

colaboraram na execução do projeto ou proporcionaram-me alegria, conforto e alta estima

durante esta etapa importante na minha vida.

Muito Abrigado!

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS x

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS xii

RESUMO xiv

ABSTRACT xvi

1. INTRODUÇÃO 1

2. REVISÃO DE LITERATURA 2

2.1. A enzima fitase 2

2.2. Efeito da suplementação de fitase nas dietas de frangos de corte sobre o

desempenho, mineralização óssea, excreção de minerais e características de

carcaça

3

2.3. Efeito da suplementação de fitase nas dietas de frangos de corte sobre a

disponibilidade e metabolizabilidade de nutrientes 4

2.4. Estress em frangos de corte provocado pelo calor 7

3. CAPÍTULO 1 – Suplementação dietética de fitase na metabolização de nutrientes

nas fases inicial e crescimento de frangos de corte em estresse por

calor

9

Resumo 9

Abstract 10

Introdução 11

Material e Métodos 13

Resultados e Discussão 16

Conclusões 22

Referências Bibliográficas 23

4. CAPÍTULO 2 – Fitase em dietas para frangos de corte de 1 a 21 dias alojados em

ambientes com diferentes sistemas de climatização 28

Resumo 28

Abstract 29

Introdução 29

Material e Métodos 30

Resultados e Discussão 32

Conclusões 38

Referências 39

5. CAPÍTULO 3 – Níveis dietéticos de fitase para frangos de corte de 1 a 41 dias

alojados em ambientes com diferentes sistemas de climatização 42

Resumo 42

Abstract 43

Introdução 43

Material e Métodos 45

Resultados e Discussão 48

Conclusões 54

Referências 54

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 57

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS 58

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1

Tabela 1. Composição das dietas experimentais para frangos de corte nas fases inicial e

crescimento 14

Tabela 2. Valores de energia metabolizável aparente corrigida para o balanço de

nitrogênio (EMAn) e coeficiente de metabolizabilidade da matéria seca

(CMMS) de dietas com redução de 20% de fósforo disponível,

suplementadas com fitase, para frangos de corte nas fases inicial e de

crescimento

16

Tabela 3. Consumo, excreção e coeficiente de retenção aparente do nitrogênio (CRN)

em dietas com redução de 20% de fósforo disponível, suplementadas com

fitase, para frangos de corte nas fases inicial e de crescimento

18

Tabela 4. Consumo, excreção e coeficiente de retenção aparente do cálcio (CRCa) em

dietas com redução de 20% de fósforo disponível, suplementadas com fitase,

para frangos de corte nas fases inicial e de crescimento

19

Tabela 5. Consumo, excreção e coeficiente de retenção aparente do fósforo (CRP) em

dietas com redução de 20% de fósforo disponível, suplementadas com fitase,

para frangos de corte nas fases inicial e de crescimento

21

CAPÍTULO 2

Tabela 1. Composição das dietas experimentais para frangos de corte nas fases pré-

inicial e inicial 31

Tabela 2. Temperatura e umidade relativa do ar no interior dos galpões, a partir do 12º

dia de vida das aves 32

Tabela 3. Variáveis de desempenho, viabilidade da criação e índice de eficiência

produtiva de frangos de corte de 1 a 21 dias de idade, submetidos a dietas

com fósforo disponível reduzido, suplementadas com fitase, alojados em

ambientes com climatização diferente

33

Tabela 4. Incorporação de proteína bruta, cálcio e fósforo na carcaça de frangos de corte

aos 21 dias de idade, submetidos a dietas com fósforo disponível reduzido,

suplementadas com fitase, alojados em ambientes com climatização diferente

35

Tabela 5. Teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama de frangos de corte de 1 a 21

dias de idade, submetidos a dietas com fósforo disponível reduzido,

suplementadas com fitase, alojados em ambientes com climatização diferente

37

CAPÍTULO 3

Tabela 1. Composição das dietas experimentais para frangos de corte nas fases pré-

inicial e inicial 46

Tabela 2. Composição das dietas experimentais para frangos de corte nas fases de

crescimento e final 47

Tabela 3. Temperatura e umidade relativa do ar no interior dos galpões, a partir do 12º

dia de vida das aves 48

Tabela 4. Variáveis de desempenho, viabilidade da criação, índice de eficiência

produtiva e temperatura média da pele de frangos de corte de 1 a 41 dias de

idade, submetidos a dietas com fósforo disponível reduzido, suplementadas

com fitase, alojados em ambientes com climatização diferente

49

Tabela 5. Rendimento de carcaça, dos principais cortes e da gordura abdominal de

frangos de corte aos 41 dias de idade, submetidos a dietas com fósforo

disponível reduzido, suplementadas com fitase, alojados em ambientes com

climatização diferente

51

Tabela 6. Incorporação de proteína bruta, cálcio e fósforo na carcaça de frangos de corte

de 1 a 41 dias de idade, submetidos a dietas com fósforo disponível reduzido,

suplementadas com fitase, alojados em ambientes com climatização diferente

52

Tabela 7. Teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama de frangos de corte de 1 a 41

dias de idade, submetidos a dietas com fósforo disponível reduzido,

suplementadas com fitase, alojados em ambientes com climatização diferente

53

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS

ºC – Graus Celsus

% – Percentual

Ca – Cálcio

Ca:Pd – Relação Cálcio Fósforo Disponível

CA – Conversão Alimentar

CMMS – Coeficiente de Metabolizabilidade da Matéria Seca

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CR – Consumo de Ração

CRCa – Coeficiente de Retenção Aparente do Cálcio

CRN – Coeficiente de Retenção Aparente do Nitrogênio

CRP – Coeficiente de Retenção Aparente do Fósforo

EB – Energia Bruta

EL – Efeito Linear

EM – Energia Metabolizável

EMAn – Energia Metabolizável Aparente Corrigida para o Balanço de Nitrogênio

EQ – Efeito Quadrático

FTU – Unidade de Atividade de Fitase

g – Grama

GP – Ganho de Peso

h – Horas

IEP – Índice de Eficiência Produtiva

Kg – Quilograma

MS – Matéria Seca

N – Nitrogênio

NS – Não Significativo

P – Fósforo

PB – Proteína Bruta

Pd – Fósforo disponível

SAS – Statistical Analysis System

SNK – Student-Newman-Keuls

TGI – Trato Gastrointestinal

TMC – Temperatura Média Corporal

TMP – Temperatura Média da Pele

VC – Viabilidade da Criação

SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO E SUPLEMENTAÇÃO DIETÉTICA DE FITASE

SOBRE A EFICIÊNCIA NUTRICIONAL E PRODUTIVA DE FRANGOS DE CORTE

RESUMO - Dois ensaios de metabolimos e dois de desempenho foram conduzidos para avaliar

o efeito de diferentes níveis de inclusão de fitase em dietas para frangos de corte com redução de

20% do fósforo disponível. Nos ensaios de metabolismos avaliou-se a energia metabolizável

aparente corrigida para o balanço de nitrogênio, coeficiente de metabolizabilidade da matéria

seca, consumo, excreção e coeficiente de retenção aparente do nitrogênio, do cálcio e do fósforo,

em frangos de corte sob estresse por calor. Para as fases inicial e de crescimento foram

selecionados, respectivamente, 125 e 100 frangos machos, da linhagem Ross, mantidos em dietas

que atendiam suas exigências, e no 13º dia (fase inicial) e 23º dia de vida (fase de crescimento)

foram alojados em gaiolas metabólicas preparadas com comedouros e bebedouros tipo calha e

bandejas coletoras de excretas. As aves foram distribuídas em delineamento de blocos ao acaso e

tratadas com cinco níveis de fitase (0, 1000, 2000, 3000 e 4000 FTU/kg da dieta) e cinco

repetições. A unidade experimental foi constituída de cinco aves na fase inicial e quatro na fase

de crescimento. As aves receberam dietas isonutritivas à base de milho e farelo de soja,

formuladas para atender as exigências nutricionais, exceto para fósforo disponível, que foi

reduzido em 20% da exigência. Cada período experimental teve duração de oito dias, sendo

quatro para adaptação das aves às gaiolas e às dietas e quatro para a coleta das excretas. As

dietas suplementadas com fitase reduzem a energia metabolizável aparente corrigida para o

balanço de nitrogênio e diminuem a excreção de fósforo, em frangos de corte em estresse por

calor, nas fases inicial e de crescimento. Os ensaios de desempenhos foram conduzidos com aves

alojadas em ambientes com climatização diferente, e avaliou-se as variáveis de desempenho,

viabilidade da criação, índice de eficiência produtiva, incorporação de proteína bruta, cálcio e

fósforo na carcaça e teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama das aves aos 21 e 41 dias de

idade, além disso, a temperatura média da pele, rendimento de carcaça e dos principais corte para

os frangos aos 41 dias. Para cada ensaio foram selecionados 640 pintos de um dia que foram

alojados em boxes distribuídos uniformemente em dois galpões, ambos equipados com

ventiladores e um continha nebulizadores. O delineamento experimental utilizado foi o

inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 x 2, cinco níveis de fitase (0, 1000, 2000, 3000 e

4000 FTU/kg de ração), associados a dois ambientes (galpão com ventilação e nebulização e

galpão com ventilação sem nebulização), quatro repetições e 16 aves na unidade experimental.

As aves receberam dietas isonutritivas à base de milho e farelo de soja, formuladas para atender

as exigências nutricionais, exceto para fósforo disponível, que foi reduzido em 20% da

exigência. Aos 21 dias o ambiente com ventilação e nebulização melhora o ganho de peso, a

viabilidade da criação e o índice de eficiência produtiva, além de aumentar a incorporação de

proteína bruta e fósforo na carcaça. A suplementação de fitase até 4000 FTU/kg em dietas com

fósforo disponível reduzido em 20% da exigência, na fase e 1 a 21 dias, aumenta o ganho de

peso, o índice de eficiência produtiva e a incorporação de proteína bruta na carcaça, e reduz os

teores de fósforo na cama. Aos 41 dias o ambiente com ventilação e nebulização reduz a

temperatura média da pele, melhora a viabilidade da criação e as variáveis de desempenho de

frangos de corte, além de aumentar a incorporação de proteína bruta e fósforo na carcaça das

aves, porém, eleva os teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama, em relação ao ambiente

com apenas ventilação. A suplementação com fitase até 4000 FTU/kg, em dietas com 80% dos

níveis recomendados de fósforo disponível, para frangos de corte na fase de 1 a 41 dias, aumenta

o rendimento de peito.

Palavras-chave: coeficiente de retenção, estresse por calor, fitato, poluição ambiental

AIR CONDITIONING SYSTEM AND SUPPLEMENT PHYTASE OF DIET ON

NUTRITION AND EFFICIENCY OF PRODUCTION BROILER

ABSTRACT - Two trials metabolimos and two performances were conducted to evaluate effect

of different inclusion levels of phytase in diets for broilers with 20% reduction in available

phosphorus. Tests metabolisms evaluated apparent metabolizable energy corrected for nitrogen

balance, metabolization coefficient of dry matter intake, excretion and apparent retention

coefficient of nitrogen, calcium and phosphorus in broilers under heat stress. For initial and

growth were selected, respectively, 125 and 100 male broilers, Ross, maintained on diets that

meet his requirements, and on day 13 (early stage) and 23 days of life (growth phase) were

housed prepared in metabolic cages with feeders and drinkers gutter and excreta collection trays.

Birds were distributed in a randomized block design and treated with five levels of phytase (0,

1000, 2000, 3000 and 4000 FTU/kg diet) and five replications. Experimental unit consisted of

five birds in the initial phase and four in the growth phase. Birds were fed diets isonutrient maize

and soybean meal, formulated to meet the nutritional requirements, except for available

phosphorus, which was reduced in 20% of requirement. Each experimental period lasted eight

days, four for adaptation of poultry cages and diets and four for collection of excreta. Diets

supplemented with phytase reduce apparent metabolizable energy corrected for nitrogen balance

and decrease excretion of phosphorus in broilers under heat stress, in the initial and growth.

Performance tests were conducted with birds housed in different environments with air

conditioning, and evaluated performance variables, feasibility of creating, productive efficiency,

incorporation of crude protein, calcium and phosphorus in the housing and levels of nitrogen,

calcium and phosphorus in the bed of birds after 21 and 41 days of age, moreover, average

temperature of skin and carcass main cutting chickens after 41 days. For each test were selected

640 day-old chicks were housed in cages distributed evenly in two sheds, both equipped with

fans and one contained nebulizers. Experimental design was completely randomized in a

factorial 5 x 2, five levels of phytase (0, 1000, 2000, 3000 and 4000 FTU/kg feed), associated

with two environments (shed with ventilation and fogging and shed with ventilation without

fogging), four replicates and 16 birds in each experimental unit. Birds were fed diets isonutrient

maize and soybean meal, formulated to meet nutritional requirements, except for available

phosphorus, which was reduced in 20% of requirement. At 21 days environment with ventilation

and fogging improves weight gain, feasibility of creating and productive efficiency, and increase

incorporation of crude protein and phosphorus in carcass. Phytase supplementation to 4000

FTU/kg in diets with available phosphorus reduced by 20% of requirement, and in phase 1 to 21

days, weight gain increases, productive efficiency and incorporation of crude protein in carcass,

and reduces phosphorus concentration in bed. At 41 days environment ventilated and fogging

reduces skin temperature, improves feasibility of creating and performance variables of broilers,

in addition to increasing incorporation of crude protein and phosphorus in carcass birds,

however, raises levels of nitrogen, calcium and phosphorus in bed, on environment with only

ventilation. Phytase supplementation to 4000 FTU/kg in diets with 80% of recommended levels

of available phosphorus for broiler during 1-41 days increased breast meat yield.

Keywords: retention coefficient, heat stress, phytate, environmental pollution

1. INTRODUÇÃO

A pesquisa em nutrição animal tem buscado um melhor aproveitamento dos nutrientes de

dietas com formulação de custo mínimo, e que minimize o impacto ambiental. O ácido fítico

(C6H12O24P6) é uma molécula presente nos ingredientes de origem vegetal, composta por grupos

fosfato altamente ionizáveis (BUSO et al., 2011). A ligação do ácido fítico com um nutriente dá

origem ao sal denominado fitato, sendo este composto um potente agente quelante de minerais,

tais como, cálcio, cobre, zinco, manganês, ferro e magnésio, além de se complexar com

nutrientes como proteínas, aminoácidos, enzimas e amido (SELLE e RAVIDRAN, 2007; LELIS

et al., 2010), formando complexos insolúveis e prejudicando a digestibilidade destes nutrientes

(LAURENTIZ et al., 2009; TEIXEIRA et al., 2013).

A fitase é uma enzima produzida por plantas, bactérias, fungos e leveduras, capaz de

hidrolisar o ácido fítico e seus sais (fitato) e disponibilizar nutrientes a ele complexados (CASEY

e WALSH, 2004). A fitase endógena inexiste ou tem baixa atividade no trato digestório dos

monogástricos, necessitando ser adicionada à ração com o objetivo de melhorar o

aproveitamento dos nutrientes ligados ao fitato (RAVINDRAN et al., 2006; FUKAYAMA et al.,

2008) e minimizar a excreção dos mesmos para o ambiente (LAURENTIZ et al., 2009;

OLIVEIRA et al., 2009; SILVA et al., 2012). A fitase presente nos vegetais é desconsiderada na

formulação das rações para as aves, por encontrar-se em pequena quantidade e apresentar-se com

grande variação em sua concentração, até mesmo dentro de uma mesma espécie vegetal

(BARRIER-GUILLOT et al., 1996). O trigo e o arroz são ricos em atividade de fitase, porém, o

milho e a soja contem pouca ou nenhuma atividade da enzima (SELLE et al., 2000).

Estudos têm sido conduzidos com o objetivo de avaliar os efeitos da suplementação de

fitase sobre a disponibilidade de nutrientes presentes nos ingredientes vegetais, e os resultados

apontam, na maioria dos casos, para um incremento na disponibilidade do fósforo, de alguns

cátions, aminoácidos e energia (FUKAYAMA et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2008; SANTOS et

al., 2011b).

A fitase é proveniente de diferentes culturas de microrganismos, sendo mais comum, da

cultura do fungo Aspergillus sp, e sua ação pode diferir em função da estabilidade térmica e

proteolítica, dos níveis de inclusão da enzima, da concentração de ácido fítico nos ingredientes

da ração, da idade do animal, pH do trato gastrointestinal, entre outros fatores, motivo pelo qual,

faz-se necessário estudos sobre sua atuação em diferentes substratos (BUSO et al., 2011).

Esta pesquisa foi segmentada e deu origem a três capítulos, sendo o primeiro intitulado

de “Suplementação dietética de fitase na metabolização de nutrientes nas fases inicial e

crescimento de frangos de corte em estresse por calor”, o objetivo era avaliar o efeito da inclusão

de diferentes níveis de fitase nas dietas sobre a energia metabolizável aparente corrigida para o

balanço de nitrogênio, coeficiente de metabolizabilidade da matéria seca, consumo, excreção e

coeficiente de retenção aparente do nitrogênio, do cálcio e do fósforo, em frangos de corte sob

estresse por calor, nas fases inicial e de crescimento. O Segundo, intitulado “Fitase em dietas

para frangos de corte de 1 a 21 dias alojados em ambientes com diferentes sistemas de

climatização” com o objetivo de avaliar o efeito da inclusão de diferentes níveis de fitase nas

dietas de frango de corte, alojados em ambientes com climatização diferente, sobre as variáveis

de desempenho, viabilidade da criação, índice de eficiência produtiva, incorporação de proteína

bruta, cálcio e fósforo na carcaça e teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama das aves aos 21

dias de idade. E o terceiro, com o título de “Níveis dietéticos de fitase para frangos de corte de 1

a 41 dias alojados em ambientes com diferentes sistemas de climatização”, foi conduzido com o

objetivo de avaliar o efeito da inclusão de diferentes níveis de fitase nas dietas de frango de

corte, alojados em ambientes com climatização diferente, sobre as variáveis de desempenho,

viabilidade da criação, índice de eficiência produtiva, temperatura média da pele, rendimento de

carcaça e dos principais corte, incorporação de proteína bruta, cálcio e fósforo na carcaça e

teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama das aves aos 41 dias de idade.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. A enzima fitase

A fitase é uma fosfatase produzida por microrganismos ou plantas que hidrolisa o ácido

fítico e seus sais (fitatos), formando geralmente inositol, inositol monofosfato e fósforo

inorgânico, além dos nutrientes antes ligados à sua estrutura (CASEY e WALSH, 2004). A

atividade desta enzima é expressa em FTU (Unidade de Atividade de Fitase – quantidade de

enzima necessária para liberar um micromol de fósforo inorgânico por minuto de reação a partir

de fitato de sódio a uma temperatura de 37oC e pH 5,5) (BUSO et al., 2011).

As fitases microbianas são produzidas por várias espécies de bactérias e fungos

geneticamente modificados ou não (PANDEY et al., 2001). As fontes mais promissoras de fitase

são as provenientes das bactérias Bacillus sp., Enterobacter sp. e Escherichia coli; das leveduras

Arxula adeninivorans e Hansenula polymorpha e dos fungos filamentosos Arpergilus sp.,

Penicillium sp. e Talaromyces thermophilus (BUSO et al., 2011). As fitases bacterianas

apresentam maior estabilidade térmica (em especial fitase de Bacillus sp.) e maior estabilidade à

ação proteolítica (em especial fitase de Escherichia coli) em relação às fitases fúngicas

(IGBASAN, 2000).

A suplementação de fitase nas dietas possibilita a hidrólise do fitato e o aumento na

disponibilidade de fósforo e de outros minerais, além de melhorar a eficiência da utilização de

proteínas, aminoácidos e energia pelas aves (SELLE e RAVINDRAN, 2007). Essa enzima

também é usada na intenção de diminuir a excreção de fósforo e nitrogênio pelos monogástricos

e de reduzir os custos das dietas na produção destes animais (HANNAS e PUPA, 2003).

2.2. Efeito da suplementação de fitase nas dietas de frangos de corte sobre o desempenho,

mineralização óssea, excreção de minerais e características de carcaça

A prática da suplementação com fitase busca reduzir o custo das dietas e minimizar a

descarga de poluentes no meio ambiente. As dietas teriam níveis mais reduzidos de minerais,

energia, proteínas e/ou aminoácidos, em decorrência de uma maior disponibilidade destes

nutrientes pela ação da enzima sobre o fitato, com obtenção do mesmo desempenho de uma dieta

com nível nutricional convencional.

Em geral na literatura especializada têm-se demonstrado o efeito positivo da

suplementação desta enzima sobre o desempenho das aves em níveis que variam de 250 FTU/kg

a 1000 FTU/kg da dieta (LAN et al., 2002; FUKAYAMA et al., 2008; LAURENTIZ et al.,

2009). Esta diferenciação nos níveis utilizados ocorre em função de inúmeros fatores, entre eles:

culturas de microrganismos utilizadas para a produção da enzima; estabilidade e atividade da

enzima sobre o fitato; e concentração de ácido fítico nos ingredientes da dieta (ANGEL et al.,

2002; FUKAYAMA et al., 2008).

Ravindran et al. (2001) verificaram melhora no ganho de peso de pintos de sete a 28 dias,

alimentados com dieta deficiente em lisina e suplementada com 500 FTU/kg. A melhor

conversão alimentar foi atingida com a suplementação de 750 FTU/kg, enquanto que o consumo

de ração não foi afetado pela suplementação enzimática.

Lan et al. (2002), ao suplementarem dietas deficientes em fósforo disponível (0,24% na

fase inicial e 0,23% na fase de crescimento) com 0, 250, 500, 750 e 1000 FTU/kg, observaram

que no período total do experimento, a suplementação de 250 FTU/kg aumentou o ganho de peso

em 14,8%.

Fukayma et al. (2008) testaram duas dietas, uma controle positivo e uma controle

negativo com redução de 2% na energia metabolizável; 0,93% de PB; 36% de Pd e 6,25% de

cálcio em relação a dieta controle positivo. À dieta controle negativo foi adicionada três níveis

de fitase (500, 750 e 1000 FTU/kg), os autores observaram que a adição de 750 FTU/kg de ração

proporcionou o máximo desempenho e os melhores resultados de mineralização e resistência

ósseas dos tíbios-tarsos dos frangos de corte aos 20 dias de idade.

Para Laurentiz et al. (2009), a adição de 500 FTU/kg de ração melhorou o desempenho de

frangos de corte quando os níveis de Pd da ração foram reduzidos em 18 e 36% em relação ao

recomendado, e que a suplementação de fitase em rações com Pd reduzido possibilitaram a

redução da excreção de fósforo, contribuindo para a redução da capacidade poluente da cama de

frangos.

Dietas para frangos de corte nas fases de 8 a 21 e 8 a 35 dias de idade com redução

percentual de até 14% da PB, 34% de Ca e 34% de Pd, suplementadas com aminoácidos e fitase,

reduzem a excreção de nitrogênio e fósforo, sem prejudicar o desempenho e a mineralização

óssea, contudo o nível de redução de 14% da PB aumenta a gordura abdominal das aves aos 35

dias (GOMIDE et al., 2011).

Níveis de 14% de PB; 0,30% de Pd e 0,70% de Ca em dietas formuladas seguindo o

conceito de proteína ideal, suplementadas com fitase (500 FTU/kg) para frangos de corte dos 22

a 42 dias, não afetaram o desempenho nem as características de carcaça, reduzem a excreção de

fósforo, porém, aumenta a gordura abdominal (SILVA et al., 2012).

No ambiente, o nitrogênio e o fósforo do ácido fítico disponibilizado pela microbiota do

solo, por lixiviação, contaminam os mananciais de água e favorecem o crescimento exacerbado

de algas, provocando aumento de matéria orgânica, que ao sofrer degradação aumenta a

demanda bioquímica de oxigênio, podendo provocar morte nos seres aquáticos (LELIS et al.,

2009).

2.3. Efeito da suplementação de fitase nas dietas de frangos de corte sobre a disponibilidade

e metabolizabilidade de nutrientes

Diversos pesquisadores relataram em seus estudos o efeito da fitase aumentando a

disponibilidade do fósforo fítico de ingredientes vegetais (SILVA et al., 2008; LELIS et al.,

2010; GOMIDE et al., 2011; MENEGHETTI et al., 2011). Entretanto, no que diz respeito à

atividade da fitase sobre a disponibilidade de outros minerais, os resultados tem sido

contraditórios, indicando a necessidade de mais investigações sobre o assunto.

De acordo com Sebastian et al. (1998), a atuação da fitase sobre a disponibilidade do

fósforo e de outros minerais está ligada a alguns fatores inerentes ao animal (espécie, tipo, idade,

nível dietético de vitamina D3), bem como, aos ingredientes e processamento da ração. Para uma

maior solubilização do fitato no trato digestório das aves é preciso manter os níveis de Ca e P das

dietas nos limites mínimos necessários, pois a alta concentração de Ca ou a elevada relação Ca:P

eleva o pH intestinal, reduz a fração solúvel dos minerais e sua disponibilidade para absorção

(MITCHEL e EDWARS Jr., 1996).

Outro aspecto importante a considerar é o nível de enzima a ser adicionado, que deve

estar de acordo com o nível de redução nutricional estabelecido. A ação da fitase é dose

dependente, e aumenta à medida que se eleva os níveis de suplementação na dieta. Em

contrapartida, à medida que os níveis nutricionais são reduzidos abaixo da exigência do animal,

ocorre uma maior retenção do nutriente pelo organismo para que sejam mantidas as funções

fisiológicas, e neste caso, níveis mais altos de fitase podem ser necessários para que os efeitos da

enzima sejam efetivos (SHOENER et al., 1993).

Shirley e Edwards Jr. (2003) verificaram que a suplementação de 1200 FTU/kg da dieta

melhorou a retenção do fósforo, do nitrogênio e a energia metabolizável aparente,

respectivamente, em 157%, 134% e 106%. Entretanto, não é regra admitir que quanto mais alto

os níveis da enzima, maior a disponibilidade de minerais, pois a inter-relação entre os cátions

multivalentes fornecidos em uma dieta, pode reprimir a atuação da fitase (POINTLLART et al.,

1984).

A menor utilização de proteínas e aminoácidos na ausência de fitase ocorre pelo fato do

complexo fitato-proteína tornar indisponível a molécula a ele aderido. É possível que a interação

entre o ácido fítico e proteínas seja dependente do pH, e esteja em função da espécie iônica da

proteína, sendo mais susceptíveis à complexação, as moléculas que apresentem cátions

bivalentes (RAVINDRAN, 1999). Outra hipótese, que justifica a menor utilização da proteína,

diz respeito à inibição de algumas enzimas digestivas endógenas (pepsina e tripsina), devido à

natureza inespecífica do complexo fitato-proteína; bem como, o efeito quelatante do ácido fítico

sobre os íons Ca2+

, necessários para a ativação destas enzimas (SELLE e RAVINDRAN, 2007).

Tejedor et al. (2001) avaliaram duas fontes distintas de fitase: fonte 1, com 500 FTU/kg e

fonte 2, com 750 FTU/kg da dieta, e constataram aumento nos coeficientes de digestibilidade da

proteína bruta de 1 e 1,7%, respectivamente. Lan et al. (2002) verificaram que a suplementação

de 250 FTU/kg em dieta deficiente de Pd, melhorou a digestibilidade da proteína bruta em 8,9%,

em relação à digestibilidade observada nas aves que consumiram dieta com nível convencional

de fósforo disponível (0,354%), sem fitase.

Ao avaliar a digestibilidade ileal aparente de ingredientes com diferentes quantidades de

ácido fítico para frangos de corte, Ravindran (1999) observou que independente do ingrediente

avaliado, a digestibilidade dos aminoácidos foi aumentada com a adição de 1200 FTU/kg.

Entretanto Biehl e Baker (1997) verificaram que embora com este mesmo nível de

suplementação tenha melhorado a digestibilidade dos aminoácidos nas aves em dieta a base de

farelo de soja, o mesmo não ocorreu em dieta à base de farelo de amendoim, e inferiram que a

eficiência da fitase sobre a digestibilidade dos aminoácidos pode depender não somente do nível

de enzima adicionado, mas também, da fonte protéica empregada, tendo em vista que a

localização do fitato nesta fonte pode dificultar a atuação da enzima, além da interferência de

outros fatores antinutricionais.

Frangos de corte alimentados com dietas deficientes em lisina, a base de farelo de trigo,

farelo de soja e sorgo, aos 28 dias de idade apresentaram efeito linear positivo nos níveis de 250

a 1000 FTU/kg, na digestibilidade do nitrogênio e de todos os aminoácidos (RAVINDRAN et al.

2001). Em contraste, Zhang et al. (1999) avaliaram dietas à base de milho e farelo de soja com

níveis convencionais de nutrientes ou deficientes em lisina, aminoácidos sulfurosos e energia

metabolizável (2%, 1% e 0,5% da dieta, respectivamente) suplementadas com 600 FTU/kg, e

não encontraram diferenças na digestibilidade ileal da proteína e de aminoácidos em frangos de

corte ao 42 dias de idade.

A suplementação de fitase em dietas deficientes ou não em energia proporciona aumento

na utilização da energia metabolizável aparente (ZHANG et. al., 1999; RAVINDRAN et al.,

2001). Os efeitos desta enzima sobre a utilização da energia não é completamente conhecido. A

melhora na digestibilidade das proteínas é em parte, responsável pelo aumento da energia

disponível, porém, Ravindran et al. (2000) mostraram que a fitase promove aumento na

utilização da energia independente dos efeitos sobre a digestão de aminoácidos, e segundos estes

autores, isso ocorre porque no trato digestório, os minerais complexados ao ácido fítico formam

com os lipídios reações de saponificação que prejudicam a utilização dos ácidos graxos. A fitase,

neste caso, age liberando o complexo fitato-mineral, impedindo a formação de sabões metálicos,

o que possibilita uma melhor utilização da energia derivada dos lipídios.

2.4. Estresse em frangos de corte provocado pelo calor

Dentre os fatores ambientais, os térmicos, influenciados pela radiação térmica,

temperatura, umidade e movimentação do ar, são os que afetam mais diretamente as aves, uma

vez que comprometem a manutenção da homeotermia (OLIVEIRA NETO et al., 2000). O

ambiente de conforto é caracterizado quando o calor proveniente do metabolismo é dissipado

para o ambiente sem prejuízos de desempenho. Esta situação de conforto é evidenciada, a partir

da 2ª semana de vida, em locais com temperaturas de 18 a 23ºC e umidade relativa do ar de 50 a

70%, valores dificilmente obtidos nas instalações avícolas do nordeste brasileiro, sobretudo no

período seco (OLIVEIRA NETO et al., 2000; OLIVEIRA et al., 2006b).

Quando expostas às altas temperaturas, na tentativa de dissipar calor, as aves aumentam a

área superficial corporal, mantendo as asas afastadas do corpo, eriçando as penas e

intensificando a circulação periférica (WELKER et al., 2008). A perda de calor não evaporativo

pode ocorrer com o aumento da produção de urina, caso em que a perda de água é compensada

pelo maior consumo de água fria (OLIVEIRA NETO et al., 2000). Outra resposta fisiológica

importante, diz respeito ao aumento na frequência respiratória, com perdas excessivas de dióxido

de carbono, capaz de diminuir a pressão parcial de CO2, e provocar queda na concentração de

ácido carbônico e íon hidrogênio do sangue. Os rins, por sua vez, aumentam a excreção de

bicarbonato (HCO3

-) e reduzem a excreção de H

+ na tentativa de manter o equilíbrio ácido-base

da ave, esta alteração no equilíbrio ácido-base é denominada alcalose respiratória (BORGES et

al., 2003).

Aves expostas a altas temperaturas diminuem seu consumo de ração para reduzir a

produção de calor metabólico e manter a homeotermia, o que interfere negativamente no ganho

de peso e na conversão alimentar (OLIVEIRA et al., 2006a). De acordo com Oliveira Neto et al.

(2000), independente do nível energético da ração, altas temperaturas ambiente influenciam

negativamente o desempenho, o rendimento de peito e o peso dos órgãos metabolicamente

ativos, bem como, aumentam a deposição de gordura abdominal em frangos de corte.

A temperatura ambiente modifica a retenção de energia, proteína e gordura no corpo

animal, além de provocar mudanças adaptativas fisiológicas, entre elas, a modificação no

tamanho dos órgãos, o que também contribui para alterar a exigência nutricional, visto que o

gasto de energia pelos tecidos metabolicamente ativos como fígado, intestino e rins são maiores

que aquele associado à carcaça (BALDWIN et al., 1980). A esse respeito, Oliveira et al. (2006a),

constataram que em frangos de corte, os processos termorregulatórios associados à redução no

peso dos órgãos metabolicamente ativos das aves, constituem ajustes eficientes para manutenção

da homeotermia, quando a temperatura ambiente aumenta de 16 para 32ºC.

Como o fósforo participa dos processo de utilização e transferência de energia, com

relevância no transporte de ácidos graxos, na absorção e deposição de gorduras e na formação de

proteínas (RUNHO et al., 2001), em situação de estresse por calor em que o consumo de ração é

afetado, o atendimento da exigência desse mineral, em função de seu papel metabólico, é crucial

para a produtividade. Entretanto, há carência de informações da ação da fitase na

disponibilização do fósforo fítico das dietas para frangos de corte em estresse por calor.

3. CAPÍTULO 1

Suplementação dietética de fitase na metabolização de nutrientes nas fases

inicial e crescimento de frangos de corte em estresse por calor1

Dietary phytase supplementation on nutrient metabolism in early and growth of broilers

under heat stress

Domingos Urquiza de Carvalho Filho2*

, Agustinho Valente de Figueirêdo3, João Batista Lopes

3,

Daniela Cristina Pereira Lima2, Snaylla Natyelle de Oliveira Almendra

2, Pedro Eduardo

Bitencourt2 e

Vânia Batista de Sousa Lima

2

1Parte da tese de Doutorado em Ciência Animal do primeiro autor, Universidade Federal do Piauí (UFPI),

Teresina, PI. 2 Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, PI, Brasil. E-mail: [email protected] *autor para correspondência. 3 Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, PI, Brasil.

RESUMO

Os experimentos foram conduzidos para avaliar o efeito da inclusão de diferentes níveis

de fitase nas dietas sobre as variáveis: energia metabolizável aparente corrigida para o balanço

de nitrogênio, coeficiente de metabolizabilidade da matéria seca, consumo, excreção e

coeficiente de retenção aparente do nitrogênio, do cálcio e do fósforo, em frangos de corte sob

estresse por calor nas fases inicial e crescimento. As aves foram distribuídas em delineamento de

blocos ao acaso e tratadas com cinco níveis de fitase (0, 1000, 2000, 3000 e 4000 FTU/kg da

dieta) e cinco repetições. Os frangos receberam dietas isonutritivas à base de milho e farelo de

soja, formuladas para atender as exigências nutricionais, exceto para fósforo disponível, que foi

reduzido em 20% da exigência. Cada período experimental teve duração de oito dias, sendo

quatro para adaptação das aves às gaiolas e às dietas e quatro para a coleta das excretas. As

dietas suplementadas com fitase reduzem a energia metabolizável aparente corrigida para o

balanço de nitrogênio e diminuem a excreção de fósforo das aves sob estresse por calor, nas

fases inicial e crescimento.

Palavras-chave: avicultura, excreção, fitato, fósforo

ABSTRACT

The experiments were conducted to evaluate effect of different inclusion levels of

phytase in diets on the variables apparent metabolizable energy corrected for nitrogen balance,

metabolization coefficient of dry matter, intake, excretion and coefficient of apparent retention

of nitrogen, calcium and phosphorus in broilers under heat stress in early and growth. Birds were

distributed in a randomized block design and treated with five levels of phytase (0, 1000, 2000,

3000 and 4000 FTU/kg diet) and five replications. Isonutrient chickens fed diets based on corn

and soybean meal, formulated to meet nutritional requirements, except for available phosphorus,

which was reduced in 20 % of requirement. Each experimental period lasted eight days, four for

adaptation of poultry cages and diets and four for collection of excreta. Diet supplemented with

phytase reduces apparent metabolizable energy corrected for nitrogen balance and decrease

phosphorus excretion of birds under heat stress, initial and growth.

Keywords: poultry, excretion, phytate, phosphorus

Introdução

Nas formulações das dietas para frangos de corte, os ingredientes mais utilizados são

milho e farelo de soja, e aproximadamente 66% do fósforo destes grãos estão armazenados na

forma de ácido fítico (Buso et al., 2011). A ligação do ácido fítico a um nutriente dá origem ao

sal denominado fitato. Esta molécula é um potente agente quelante de cálcio, cobre, zinco,

magnésio, manganês e ferro, complexa-se também com proteínas, aminoácidos e carboidratos,

além de inibir a atividade de algumas enzimas digestivas como a pepsina, a tripsina e alfa-

amilase (Lelis et al., 2010). Os complexos são insolúveis e prejudicam a disponibilidade desses

nutrientes, com reflexo nas variáveis de desempenho dos animais monogástricos (Teixeira et al.,

2013).

A incorporação de fósforo inorgânico à dieta das aves faz-se necessário devido à reduzida

disponibilidade deste mineral nos ingredientes de origem vegetal. Entretanto, esta suplementação

pode elevar os teores de fósforo nas excretas (Laurentiz et al., 2009; Gomide et al., 2011), e se

não for dado destino adequado à cama, pode ocorrer elevação excessiva deste mineral nos

mananciais de água e provocar eutrofização (Lelis et al., 2009).

O organismo das aves não produz fitase, todavia o uso de fitase exógena na dieta tem sido

eficiente em hidrolizar o fitato e disponibilizar fósforo, cálcio e outros minerais, além de

melhorar a eficiência de utilização de proteínas/aminoácidos e energia das dietas das aves (Selle

e Ravindran, 2007; Fukayama et al., 2008). Diante disso, inúmeros autores, dentre eles, Silva et

al. (2006), Laurentiz et al. (2009), Gomide et al. (2011) e Silva et al. (2012) têm demonstrado

que dietas com redução de fósforo disponível (Pd) e proteína bruta (PB), suplementadas com

fitase, têm proporcionado redução do fósforo e nitrogênio nas excretas das aves, sem perda de

desempenho.

Diversos pesquisadores relataram em seus estudos o efeito da fitase aumentando a

disponibilidade e retenção do fósforo fítico de ingredientes vegetais em aves (Silva et al., 2008;

Lelis et al., 2010; Gomide et al. (2011); Meneghetti, 2011). Entretanto, no que diz respeito à

atividade da fitase sobre a disponibilidade de outros minerais, são encontrados dados

contraditórios, indicando a necessidade de mais investigações sobre o assunto.

Mitchel e Edwars Jr. (1996) observaram que para uma maior solubilização do fitato no

trato digestório das aves é preciso manter os níveis de cálcio (Ca) e fósforo (P) nos limites

mínimos necessários. A alta concentração de Ca ou a elevada relação Ca:Pd na dieta eleva o pH

intestinal, reduz a fração solúvel dos minerais e sua disponibilidade para absorção, mesmo em

presença de fitase.

Outro aspecto importante a considerar é a origem e o nível da enzima a ser adicionado. O

nível da enzima deve está de acordo com o nível da redução nutricional estabelecida e do teor de

fósforo complexado. A ação da fitase é dose dependente, e aumenta à medida que níveis mais

altos são adicionados à dieta. Em contrapartida, à medida que os níveis nutricionais são

reduzidos abaixo da exigência do animal, ocorre naturalmente, uma maior retenção do nutriente

pelo organismo para que sejam mantidas as funções fisiológicas, e neste caso, níveis mais altos

de fitase podem ser necessários para que seja expresso o efeito da enzima (Shoener et al., 1993).

Na ausência de informações da ação da fitase sobre o fitato, em aves em condições de

estresse por calor, conduziu-se este trabalho com o objetivo de avaliar o efeito da inclusão de

diferentes níveis de fitase em dietas, sobre as variáveis: energia metabolizável aparente corrigida

para o balanço de nitrogênio, coeficiente de metabolizabilidade da matéria seca, consumo,

excreção e coeficiente de retenção aparente do nitrogênio, do cálcio e do fósforo, de frangos de

corte em estresse por calor, nas fases inicial e crescimento.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido nos meses de agosto e setembro, no Setor de Avicultura do

Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí,

no município de Teresina, estado do Piauí, Brasil, cujas coordenadas geográficas são: latitude de

5°5' sul, longitude de 42°48' oeste, altitude de 74,4 metros e clima tropical semi-úmido, com

precipitação pluviométrica anual em torno de 1396 mm (Feitosa, 2010).

Foram realizados dois ensaios de metabolismo, ambos, com frangos machos da linhagem

Ross. O experimento para a fase inicial (experimento I) foi realizado com 125 aves de 263±14,57

g em média, e o da fase de crescimento (experimento II) foi conduzido com 100 aves, e peso

médio de 850±47,87 g. Todas as aves, antes do período experimental, foram mantidas em dietas

a base de milho e farelo de soja, que atendiam às exigências segundo Rostagno et al. (2011).

Posteriormente foram alojadas em gaiolas metabólicas preparadas com comedouros e

bebedouros tipo calha e bandejas coletoras de excretas.

As aves foram distribuídas em delineamento de blocos ao acaso, com base no peso e

submetidas a cinco tratamentos com cinco repetições. Os tratamentos foram caracterizados por

diferentes níveis de fitase [Ronozyme NP (CT)]: 0; 1000; 2000, 3000 e 4000 FTU/kg da dieta,

incluída em substituição de parte do material inerte (caulim). As unidades experimentais

continham cinco (experimento I) e quatro (experimento II) aves, totalizando 25 parcelas em cada

ensaio.

Cada período experimental teve duração de oito dias, sendo os quatro primeiros para

adaptação das aves às gaiolas e às dietas, e os quatro últimos dias para a coleta das excretas. As

dietas (Tabela 1) foram formuladas segundo recomendações preconizadas Rostagno et al. (2011),

exceto para fósforo disponível, que foi reduzido em 20%, tendo composição centesimal de

0,312% de Pd para a fase inicial e 0,273% de Pd para a fase de crescimento. Como a

concentração de cálcio não foi reduzida, as relações dietéticas Ca:Pd nas duas fases foram de

2,62:1 e 2,67:1, respectivamente.

Tabela 1 - Composição das dietas experimentais para frangos de corte nas fases inicial e crescimento

Ingredientes

Fase inicial Fase de crescimento

Unidade de atividade de fitase / kg da ração

0 1000 2000 3000 4000 0 1000 2000 3000 4000

Milho 59,15 59,15 59,15 59,15 59,15 61,89 61,89 61,89 61,89 61,89

Farelo de soja 34,88 34,88 34,88 34,88 34,88 31,65 31,65 31,65 31,65 31,65

Óleo vegetal 2,180 2,180 2,180 2,180 2,180 3,130 3,130 3,130 3,130 3,130

Fosfato bicálcico 1,080 1,080 1,080 1,080 1,080 0,901 0,901 0,901 0,901 0,901

Calcário calcítico 1,200 1,200 1,200 1,200 1,200 1,100 1,100 1,100 1,100 1,100

NaCl 0,482 0,482 0,482 0,482 0,482 0,456 0,456 0,456 0,456 0,456

L-Lisina HCl 0,079 0,079 0,079 0,079 0,079 0,130 0,130 0,130 0,130 0,130

DL- Metionina 0,051 0,051 0,051 0,051 0,051 0,044 0,044 0,044 0,044 0,044

Premix1,2 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800 0,600 0,600 0,600 0,600 0,600

Material inerte (caulim) 0,100 0,090 0,080 0,070 0,060 0,100 0,090 0,080 0,070 0,060

Enzima fitase3 0,000 0,010 0,020 0,030 0,040 0,000 0,010 0,020 0,030 0,040

TOTAL 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Composição centesimal

PB 20,80 20,80 20,80 20,80 20,80 19,50 19,50 19,50 19,50 19,50

EM 3000 3000 3000 3000 3000 3100 3100 3100 3100 3100

Ca 0,818 0,818 0,818 0,818 0,818 0,730 0,730 0,730 0,730 0,730

Fósforo total 0,527 0,527 0,527 0,527 0,527 0,483 0,483 0,483 0,483 0,483

Fósforo disponível4 0,312 0,312 0,312 0,312 0,312 0,273 0,273 0,273 0,273 0,273

Lisina 1,180 1,180 1,180 1,180 1,180 1,080 1,080 1,080 1,080 1,080

Metionina+cistina 0,846 0,846 0,846 0,846 0,846 0,787 0,787 0,787 0,787 0,787

Sódio 0,210 0,210 0,210 0,210 0,210 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 1Premix inicial/kg de ração: vitamina A – 1.375.000 UI; vitamina D3 – 250.000 UI; vitamina E – 2.000 mg; vitamina K3 – 187,50 mg; vitamina

B1 – 150 mg; vitamina B2 – 562,50; vitamina B6 – 250 mg; vitamina B12 – 2000 mcg; niacina - 4.375 mg; pantotenato de cálcio – 1.250 mg;

ácido fólico – 50 mg; biotina – 7,5 mg; ferro – 3.750 mg; cobre - 1.125 mg; manganês – 7.500 mg; zinco - 7.500 mg; iodo - 125 mg; selênio –

31,25 mg; colina – 32.625 mg; metionina total – 288,35 g; metionina + cistina total - 288,35 g; lisina total – 132,70 g; halquinol (promotor de

crescimento) – 3.750 mg; narasin (coccidiostático) – 6.250 mg; nicarbazina (coccidiostático) – 6.250 mg. 2Premix crescimento e terminação.

Conteúdo por kg de ração: Vitamina A – 1.500.000 UI; Vitamina D3 – 266.670 UI; Vitamina E – 2.333,33 mg; Vitamina K3 – 250 mg;

Vitamina B1 – 166,67 mg; Vitamina B2 – 666,67 mg; Vitamina B6 – 300 mg; Vitamina B12 - 2000 mcg; Niacina - 5.000 mg; Pantotenato de

cálcio – 1.500 mg; Ácido fólico – 50 mg; Biotina – 8,33 mg; Ferro – 5.000 mg; Cobre - 1.500 mg; Manganês – 10.000 mg; Zinco - 10.000 mg;

Iodo - 166,67 mg; Selênio – 41,67 mg; Colina – 36.540 mg; Metionina total – 349,92 g; Metionina + Cistina total – 344,92 g; Lisina total –

71,63 g; Halquinol (promoter de crescimento) – 5.000 mg; Salinomicina – 11.000 mg. 3Ronozyme NP (CT), adicionado em substituição ao

material inerte (caulim). 4Fósforo disponível reduzido a 80% do preconizado por Rostagno et al. (2011).

O monitoramento da temperatura e umidade relativa do ar no interior do galpão foi feito

por meio de termohigrômetro, colocado à altura intermediária das gaiolas. As leituras foram

realizadas diariamente às 8h30min e 15h30min.

Durante o período experimental, a água foi fornecida à vontade e trocada duas vezes ao

dia para evitar aquecimento. O consumo de ração também foi à vontade para os dois ensaios,

sendo os comedouros supridos de ração duas vezes ao dia para evitar desperdícios. O programa

de luz foi contínuo (natural e artificial), durante as 24 horas do dia.

Em cada ensaio, foram realizadas duas coletas totais diárias das excretas (8h e 14h). As

excretas foram acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados, pesados e

armazenados em freezer a -18C, para posterior realização das análises laboratoriais.

As excretas provenientes das mesmas unidades experimentais, de cada ensaio, foram

descongeladas e misturadas uniformemente. Depois foram pré-secadas em estufa com ventilação

forçada durante 72 horas a 65C. Em seguida, foram moídas e acondicionadas em recipientes

plásticos para posteriormente, no laboratório de análise de alimentos do Departamento de

Zootecnia da Universidade Federal do Piauí, ser analisado o teor de matéria seca (MS), energia

bruta (EB) e nitrogênio (N), e no laboratório de bromatologia da Embrapa Meio Norte ser

determinado nível de cálcio e de fósforo. As rações e excretas foram analisadas segundo

metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002).

Ao término dos experimentos foi determinada a quantidade de ração consumida por

unidade experimental no período da coleta, e determinados os valores da energia metabolizável

aparente corrigida para o balanço de nitrogênio (EMAn), coeficiente de metabolizabilidade da

matéria seca (CMMS), coeficiente de retenção aparente do nitrogênio (CRN), do cálcio (CRCa)

e do fósforo (CRP), utilizando-se as equações: EMAn (kcal/kg) = [EB consumida - EB das

excretas - (BN x 8,22)] / MS ingerida; CMMS (%) = [(MS consumida – MS excretada) / MS

consumida] x 100 e CR do mineral (%) = [(mineral ingerido - mineral excretado) / mineral

ingerido] x 100, conforme Santos et al. (2011) e Gomide et al. (2011).

Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão polinomial, segundo o

procedimento GLM do Statistical Analysis System – SAS (1996), com α = 0,05.

Resultados e Discussão

Os valores de temperatura e umidade relativa do ar registrados no interior do galpão, no

período experimental foram, respectivamente, 28,5 ± 2,7ºC e 58,1 ± 15,62% durante o

experimento I, e 28,2 ± 1,5ºC e 53,1 ± 12,91% no experimento II.

O ambiente de conforto é caracterizado quando o calor proveniente do metabolismo é

dissipado para o ambiente sem prejuízo no desempenho. Esta situação de conforto é evidenciada,

a partir da 2ª semana de vida, em locais com temperaturas de 18 a 23ºC e umidade relativa do ar

de 50 a 70% (Cella el al., 2001; Oliveira et al., 2006a; Oliveira et al., 2006b). Isso demonstra que

estas aves, sobretudo as da fase de crescimento, foram expostas a desconforto térmico.

Temperatura acima da zona termoneutra pode provocar mudanças no comportamento, alterações

no mecanismo de dissipação de calor e alterações metabólicas, com consequente queda do

desempenho das aves (Oliveira et al., 2006a; Oliveira et al., 2006b; Welker et al., 2008).

Observou-se redução linear da EMAn em função dos níveis de fitase na fase inicial e na

fase de crescimento (Tabela 2), segundo as equações: ŷ = 3369,262276 – 0,026017x (R2 = 0,679;

P<0,05) e ŷ = 3501,83 – 0,025526x (R2 = 0,595; P<0,01), respectivamente. Estes efeitos podem

está associados ao fato das dietas atenderem às exigências em energia das aves destes ensaios.

Tabela 2 - Valores de energia metabolizável aparente corrigida para o balanço de nitrogênio (EMAn) e coeficiente

de metabolizabilidade da matéria seca (CMMS) de dietas com redução de 20% de fósforo disponível1,

suplementadas com fitase, para frangos de corte nas fases inicial e de crescimento

Níveis de fitase (FTU/kg) na dieta

Fase Inicial Fase de Crescimento

EMAn2

(kcal/kg)

CMMS2

(%)

EMAn2

(kcal/kg)

CMMS2

(%)

0 3352,41 72,17 3486,21 74,23

1000 3356,40 72,38 3477,21 74,47

2000 3344,73 71,34 3455,51 74,41

3000 3250,66 71,65 3475,57 74,74

4000 3278,57 72,61 3359,40 73,97

Valor de P linear 0,0155 0,9218 0.0035 0,8723 Valor de P quadrático 0,8044 0,2712 0,0617 0,3964

Coeficiente de Variação (%) 1,37 1,53 1,21 1,30 FTU/kg = unidade de atividade de fitase por quilograma da dieta.

1Dietas com 80% de fósforo disponível do preconizado por Rostagno et al.

(2011). 2Valores expressos com base na matéria seca.

Resultados semelhantes ao desta pesquisa foram obtidos por que Santos et al. (2011), que

também atendendo às exigências em energia das aves, observaram que rações suplementadas

com fitase (500 FTU/kg) e com 0,82% ou 0,62% de Ca e 0,36% de Pd, apresentaram EMAn

inferior ao tratamento controle (sem fitase; 0,82% de Ca e 0,41% de Pd) para a fase de

crescimento, mesmo com aves alojadas em sala de metabolismo com temperatura controlada (25

± 3ºC).

Neste contexto, Meneghetti et al. (2011), ao avaliarem a redução da EMAn em 85 kcal/kg

(fase inicial) e 60 kcal/kg (fase de crescimento), em dietas a base de milho e farelo de soja, com

0,75% de Ca; 0,25% de Pd (fase inicial) e 0,73% de Ca; 0,24% de Pd (fase de crescimento),

suplementadas com fitase (1500, 3000, 4500, 6000, 8000 e 10000 FTU/kg), afirmaram que as

aves recuperaram a redução da energia dietética provavelmente pelo aumento da digestilidade do

amido e/ou por efeito indireto da suplementação enzimática, que minimizou reações de

saponificação no trato digestivo entre lipídios e minerais do complexo fitato-mineral.

Os níveis de fitase não influenciaram o CMMS (P>0,05) de ambas as fases,

assemelhando-se aos resultados observados por Fukayama et al. (2008), ao avaliarem dietas

controle positivo (0,96% da Ca e 0,42% de Pd) e controle negativo (0,90% de Ca e 0,273% de

Pd) com 500; 750 e 1000 FTU/kg, para o período de 1 a 20 dias. Também estão em consonância

com os resultados obtidos por Meneghetti et al. (2011), que não observaram diferença para o

coeficiente de metabolizabilidade da matéria seca da dieta, em função de elevados níveis de

fitase (1500 a 10000 FTU/kg) com redução de 16% de Ca e de 45% de Pd, em relação à dieta

controle (0,90% de Ca e 0,45% de Pd) para a fase de crescimento (22 a 35 dias).

O consumo e o coeficiente de retenção aparente do nitrogênio (CRN) para a fase inicial

(Tabela 3) apresentaram redução linear, de acordo com as equações: ŷ = 2,506 – 0,0000782x (R2

= 0,786; P<0,01) e ŷ = 62,8632 – 0,0009646x (R2 = 0,664; P<0,01), respectivamente.

Tabela 3 - Consumo, excreção e coeficiente de retenção aparente do nitrogênio (CRN) em dietas com redução de 20% de fósforo disponível1, suplementadas com fitase, para frangos de corte nas fases inicial e de crescimento

Níveis de fitase (FTU/kg) na dieta

Fase Inicial Fase de Crescimento

Consumo2

(g/dia)

Excreção2

(g/dia)

CRN2

(%)

Consumo2

(g/dia)

Excreção2

(g/dia)

CRN2

(%)

0 2,51 0,92 62,97 3,45 1,20 65,27

1000 2,41 0,93 61,37 3,56 1,24 65,12

2000 2,32 0,91 60,61 3,36 1,24 63,12

3000 2,38 0,91 61,76 3,18 1,18 62,98

4000 2,13 0,90 57,96 3,53 1,24 64,88

Valor de P linear 0,0015 0,3072 0,0021 0,5026 0,9385 0,4911

Valor de P quadrático 0,5804 0,8097 0,4624 0,2220 0,9057 0,2340

Coeficiente de Variação (%) 6,21 5,86 3,10 3,94 7,20 4,45 FTU/kg = unidade de atividade de fitase por quilograma da dieta.

1Dietas com 80% de fósforo disponível do preconizado por Rostagno et al.

(2011). 2Valores expressos com base na matéria seca.

Os níveis crescentes de fitase nas dietas proporcionaram redução no consumo de

nitrogênio, provavelmente devido à redução da formação de complexos fitato-enzimas

proteolíticas e fitato-aminoácidos, permitindo maior disponibilização de aminoácidos da proteína

intacta e maior aproveitamento dos aminoácidos adicionados à dieta, contribuindo para o

atendimento da exigência das aves.

A redução do consumo de N em 15,14% diminuiu o CRN em 7,96% no nível de inclusão

de 4000 FTU/kg da dieta, tendo em vista que não houve (P>0,05) redução na excreção deste

elemento. Resultados divergentes foram obtidos por Gomide et al. (2011), os quais observaram

que a enzima fitase não influenciou o consumo, a excreção, nem a retenção de nitrogênio para a

fase inicial. Entretanto, rações com redução da PB, suplementadas com aminoácidos,

independentemente dos teores de Pd e da suplementação de fitase, melhoraram o CRN em

relação à dieta controle, em razão do melhor balanceamento proporcionado pela inclusão dos

aminoácidos industriais e redução dos aminoácidos não limitantes (Silva et al., 2008; Gomide et

al., 2011).

Similarmente, Faria Filho et al. (2005), ao avaliarem dietas com 20% e 18,5% de PB,

para frangos de corte na fase inicial, verificaram redução na excreção de nitrogênio em 11,6 e

21,7%, respectivamente, em comparação a dieta controle com 21,5% de PB.

Para a fase de crescimento não houve efeito dos níveis de fitase sobre o consumo,

excreção e coeficiente de retenção aparente do nitrogênio (P>0,05) (Tabela 3). Estes resultados

assemelham-se aos observados por Gomide et al. (2011) para o período de 28 a 35 dias, em que

suplementação de fitase não influenciou o balanço e a retenção de nitrogênio. Para estes autores,

a maneira eficiente de reduzir a excreção de nitrogênio e melhorar o CRN, sem prejudicar o

desempenho das aves, é por redução da PB, com inclusão de aminoácidos industriais à dieta.

Não houve efeito dos níveis de fitase (P>0,05) sobre o consumo, excreção e coeficiente

de retenção aparente do cálcio (CRCa) para a fase inicial (Tabela 4).

Tabela 4 - Consumo, excreção e coeficiente de retenção aparente do cálcio (CRCa) em dietas com redução de 20%

de fósforo disponível1, suplementadas com fitase, para frangos de corte nas fases inicial e de crescimento

Níveis de fitase (FTU/kg) na dieta

Fase Inicial Fase de Crescimento

Consumo2

(g/dia)

Excreção2

(g/dia)

CRCa2

(%)

Consumo2

(g/dia)

Excreção2

(g/dia)

CRCa2

(%)

0 0,99 0,44 55,50 1,36 0,59 56,30

1000 0,84 0,37 56,03 1,20 0,51 57,51

2000 0,88 0,44 50,06 1,29 0,52 59,72

3000 1,06 0,41 61,45 1,16 0,49 57,69

4000 0,82 0,35 57,04 0,97 0,44 55,35

Valor de P linear 0,5090 0,1281 0,2745 <0,0001 0,0009 0,7729

Valor de P quadrático 0,8660 0.4456 0,4181 0,0794 0,8671 0,1083

Coeficiente de Variação (%) 6,16 10,44 6,68 4,27 10,59 7,28 FTU/kg = unidade de atividade de fitase por quilograma da dieta.

1Dietas com 80% de fósforo disponível do preconizado por Rostagno et al.

(2011). 2Valores expressos com base na matéria seca.

Shirley e Edwards Junior (2003) destacaram que a concentração fisiológica de cálcio, em

aves, é mais difícil de ser regulada que a de fósforo, e que dietas com mais de 3000 FTU/kg

proporcionaram pouco efeito na retenção de Ca. Silva et al. (2008), verificaram que a redução

dos níveis dietéticos de PB (15 e 17%) e Pd (0,25 e 0,34%), associada à suplementação de fitase

(500 FTU/kg), não diminuiu a excreção de Ca, e os CRCa das rações com PB e Pd reduzidos,

suplementadas com aminoácidos e fitase, foram iguais ou menores que o da ração controle, para

frangos de corte na fase de 1 a 21 dias.

Por outro lado, Oliveira et al. (2008) avaliaram dietas com dois níveis de fitase (0 e 25

FTU/kg) e três níveis de Pd (0,31%; 0,38% e 0,45%) em aves do 13º ao 22º dia de vida e

constataram aumento no CRCa em todos os níveis de Pd com fitase, em relação à dieta sem

fitase. Meneghetti et al. (2011), para a fase inicial, verificaram no nível de 5500 FTU/kg, a

máxima retenção aparente de cálcio, o que demonstra inconsistência dos dados em relação a

atividade da fitase sobre a disponibilidade de cálcio, e a necessidade de mais investigações sobre

o assunto.

Na fase de crescimento a elevação dos níveis de fitase reduziu linearmente o consumo e a

excreção de cálcio, respectivamente, segundo as equações: ŷ = 1,36 – 0,0000822x (R2 = 0,763;

P<0,01) e ŷ = 0,5772 – 0,0000334x (R2 = 0,867; P<0,01).

Os motivos pelos quais ocorreu redução no consumo de cálcio não estão esclarecidos, é

possível que a fitase tenha disponibilizado cálcio complexado, o que fez reduzir o consumo.

Entretanto, a redução da excreção de cálcio está relacionada à redução do consumo deste

mineral. Em função das reduções paralelas do consumo e excreção, o CRCa não foi influenciado

(P>0,05) pelos níveis de fitase.

Meneghetti et al. (2011) avaliaram altos níveis de fitase (1500, 3000, 4500, 6000, 8000 e

10000 FTU/kg) em dietas com relação Ca:Pd de 3,04:1, em frangos de corte de 22 a 35 dias, e

observaram efeito quadrático para o CRCa, estimando valor de 5000 FTU/kg para a maior

retenção.

De acordo com Schoulten et al. (2003) e Tejedor et al. (2001), a alta relação Ca:Pd reduz

a atividade da fitase, e esta relação parece ser mais crítica para a atividade efetiva da enzima do

que as quantidades individuais destes minerais. Estas discrepâncias de resultados demonstram a

necessidade de mais estudos para determinação da relação Ca:Pd ideal em dietas suplementadas

com fitase, e a porcentagem máxima de redução de Pd nas dietas de aves, para que seja

alcançado a máxima eficiência da enzima.

Os níveis de inclusão de fitase não influenciaram o consumo de fósforo (P>0,05) das aves

na fase inicial (Tabela 5), mas proporcionaram redução linear na excreção: ŷ = 0,1972 –

0,0000092x (R2 = 0,49; P<0,05) e elevação linear no coeficiente de retenção aparente deste

mineral: ŷ = 62,5372 + 0,002102x (R2 = 0,662; P<0,01), indicando que a fitase foi eficiente em

disponibilizar fósforo do ácido fítico dos ingredientes das dietas.

Tabela 5 - Consumo, excreção e coeficiente de retenção aparente do fósforo (CRP) em dietas com redução de 20% de fósforo disponível1, suplementadas com fitase, para frangos de corte nas fases inicial e de crescimento

Níveis de fitase (FTU/kg) na dieta

Fase Inicial Fase de Crescimento

Consumo2

(g/dia)

Excreção2

(g/dia)

CRP2

(%)

Consumo2

(g/dia)

Excreção2

(g/dia)

CRP2

(%)

0 0,53 0,20 60,84 0,80 0,34 58,14

1000 0,54 0,17 68,32 0,79 0,30 61,99

2000 0,54 0,19 65,55 0,80 0,30 62,12

3000 0,53

0,18

66,97 0,69

0,28

59,30

4000 0,56 0,16 72,03 0,73 0,28 60,97

Valor de P linear 0,2234 0,0124 0,0021 0,0030 0,0150 0,5198

Valor de P quadrático 0,5956 1,0000 0,9295 0,8734 0,3362 0,1777

Coeficiente de Variação (%) 5,96 9,90 4,49 3,81 8,20 4,55 FTU/kg = unidade de atividade de fitase por quilograma da dieta.

1Dietas com 80% de fósforo disponível do preconizado por Rostagno et al.

(2011). 2Valores expressos com base na matéria seca.

Dietas com baixo nível de Pd, suplementadas com fitase, apresentam maior proporção de

fósforo fítico por unidade de fósforo total e elevam a eficiência da fitase em hidrolisar o fitato

(Meneghetti et al., 2011).

Silva et al. (2008) relataram que a redução da PB nas rações e a suplementação de

aminoácidos, por si só, não são eficientes em aumentar a retenção de fósforo em frangos de corte

de 1 a 21 dias. Por outro lado, a suplementação de fitase na dieta (500 FTU/kg) foi fundamental

para a melhoria desta variável, proporcionando redução de 50% na excreção de fósforo e

melhoria de 20% no coeficiente de retenção deste mineral em relação à dieta controle.

Similarmente, Lelis et. al. (2010) observaram em frangos de corte de 14 a 24 dias de idade, em

dieta suplementada com fitase (500 FTU/kg), redução de 39,97% na excreção de fósforo, e

melhoria na retenção em 43,93%, em relação à mesma dieta sem fitase.

Meneghetti et al. (2011) observaram melhoria linear para o CRP em aves na fase inicial

alimentadas com dietas suplementadas com fitase em níveis de inclusão de 1500 a 10000

FTU/kg. Artifícios nutricionais que reduzam a excreção, e melhoram a retenção do fósforo dos

ingredientes de origem vegetal das dietas, são benéficos ao ambiente, sobretudo em regiões com

intensa atividade avícola.

Para a fase de crescimento, os níveis de inclusão de fitase nas dietas, proporcionaram

redução linear no consumo: ŷ = 0,808 – 0,0000238 (R2 = 0,583; P<0,01) e na excreção de

fósforo: ŷ =0,3252 – 0,0000122x (R2 = 0,816; P<0,05), sem influenciar o CRP (P>0,05),

provavelmente devido as reduções simultâneas no consumo e excreção.

Gomide et al. (2011) observaram redução no consumo de fósforo em aves de 28 a 35 dias

de idade, quando submetidas a dietas com níveis reduzidos de Pd, e afirmaram que a redução de

Pd nas dietas suplementadas com fitase é eficiente em reduzir a excreção de fósforo das aves

sem afetar o desempenho.

Meneghetti et al. (2011) reportaram que dietas suplementadas com fitase melhoraram o

CRP em relação à dieta sem fitase, em frangos de corte na fase inicial. No entanto, não

verificaram efeitos dos altos níveis de fitase (1500 a 10000 FTU/kg) sobre esta variável, para a

fase de crescimento (22 a 35 dias).

Conclusões

A suplementação de fitase até 4000 FTU/kg em dietas a base de milho e farelo de soja,

para frangos de corte em estresse por calor, reduz a energia metabolizável aparente corrigida

para o balanço de nitrogênio, diminui a excreção e melhora o coeficiente de retenção do fósforo,

na fase inicial. Para a fase de crescimento, há redução na energia metabolizável aparente

corrigida para o balanço de nitrogênio e diminuição na excreção de cálcio e fósforo.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq), pelo financiamento da pesquisa.

Comitê de Ética em Experimentação Animal (CEEA)

O protocolo de experimento animal está de acordo com CEEA e foi aprovado pelo comitê

de ética no uso de animais da Universidade Federal do Piauí pelo parecer nº 044/09.

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4. CAPÍTULO 2

Fitase em dietas para frangos de corte de 1 a 21 dias alojados em ambientes com diferentes sistemas

de climatização1

Phytase in diets for broilers from 1 to 21 days housed in environments with different HVAC

systems

Domingos Urquiza de Carvalho Filho2*

, Agustinho Valente de Figueirêdo3, João Batista Lopes

3, Elvania

Maria da Silva Costa2, Daniela Cristina Pereira Lima

2, Luis José Duarte

2

1 Parte da tese de Doutorado em Ciência Animal do primeiro autor, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina,

PI.

2 Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, PI. E-mail:

[email protected] *autor para correspondência.

3 Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, PI.

Resumo

O experimento foi conduzido para avaliar o efeito da inclusão de diferentes níveis de fitase nas dietas de

frangos de corte, alojados em ambientes com e sem nebulização, sobre as variáveis de desempenho,

incorporação de proteína bruta, cálcio e fósforo na carcaça e os teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na

cama das aves no período de 1 a 21 dias de idade. Pintos de um dia (640) foram alojados em boxes

distribuídos uniformemente em dois galpões, ambos equipados com ventiladores e um continha

nebulizadores. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial

5 x 2, cinco níveis de fitase: 0, 1000, 2000, 3000 e 4000 FTU/kg de ração, associados a dois ambientes

(galpão com ventilação e nebulização e galpão com ventilação sem nebulização), quatro repetições e 16

aves por unidade experimental. As aves receberam dietas isonutritivas à base de milho e farelo de soja,

formuladas para atender as exigências nutricionais, exceto para fósforo disponível, que foi reduzido em

20% da exigência. O ambiente com ventilação e nebulização melhora o ganho de peso, a viabilidade da

criação e o índice de eficiência produtiva, além de aumentar a incorporação de proteína bruta e fósforo na

carcaça. A suplementação de fitase até 4000 FTU/kg em dietas com redução de 20% do fósforo

disponível aumenta o ganho de peso, o índice de eficiência produtiva e a incorporação de proteína bruta

na carcaça, e reduz os teores de fósforo na cama.

Palavras-chave: ácido fítico, calor, desempenho, fósforo, poluição ambiental

Abstract

The experiment was conducted to evaluate effect of different inclusion levels of phytase in diets of

broilers housed in environments with and without fogging on performance variables, incorporation of

crude protein, calcium and phosphorus in carcass and contents of nitrogen, calcium and phosphorus in

litter of birds during 1-21 days of age. Day-old chicks (640) were housed in cages uniformly distributed

in two sheds, both equipped with ventilators and only one had nebulizers. The experimental design was

completely randomized, factorial 5 x 2, five levels of phytase: 0, 1000, 2000, 3000 and 4000 FTU/kg diet,

associated with two environments (shed with ventilation and fogging and shed with ventilation without

fogging), four replicates and 16 birds per experimental unit. The birds were isonutritives based on corn

and soybean meal, formulated to meet nutritional requirements, except available phosphorus, which was

reduced in 20% of requirement diets. Room with ventilation and fogging improves weight gain,

feasibility and productive efficiency, and increase incorporation of crude protein and phosphorus in

carcass. Phytase supplementation to 4000 FTU/kg in diets with 20% reduction of available phosphorus

increases weight gains, productive efficiency and incorporation of crude protein in carcass, and reduces

levels of phosphorus in bed.

Key words: phytic acid, heat, performance, phosphorus, environmental pollution

Introdução

No Brasil, as dietas para frangos de corte são formuladas à base de milho e soja, sendo que

aproximadamente 66% do fósforo destes grãos são armazenados na forma de ácido fítico (mio-inositol

hexafosfato), cuja fórmula molecular é C6H12O24P6. O ácido fítico sob a forma iônica pode formar sais

insolúveis (fitatos) com cálcio, cobre, magnésio, ferro, zinco, potássio e complexar-se com proteínas,

aminoácidos e carboidratos, além de inibir a atividade de algumas enzimas digestivas como a pepsina,

tripsina e alfa-amilase (SELLE; RAVIDRAN, 2007; LELIS et al., 2010).

Em decorrência da reduzida disponibilidade de fósforo nos ingredientes de origem vegetal,

comumente faz-se incorporação de fósforo inorgânico às dietas das aves. Entretanto, esta suplementação

pode elevar os teores de fósforo nas excretas (SILVA et al., 2008; GOMIDE et al., 2011) e,

consequentemente, aumentar sua concentração nos mananciais de água, desencadeando crescimento

excessivo de algas, resultando em eutrofização (LELIS et al., 2009).

Nos vegetais, a hidrolise do fitato ocorre pela ação da enzima fitase por eles produzidos. No

entanto, o organismo das aves não produz fitase, e em consequência, o uso de fitase exógena na dieta tem

sido eficiente em hidrolizar o fitato e disponibilizar fósforo, cálcio e outros minerais, além de melhorar a

eficiência de utilização de proteínas/aminoácidos e energia das dietas das aves (SELLE; RAVINDRAN,

2007; FUKAYAMA et al., 2008). Diante disso, inúmeros autores, dentre eles, Silva et al. (2006),

Laurentiz et al. (2009) e Silva et al. (2012), têm observado que dietas com redução de fósforo disponível e

proteína bruta, suplementadas com fitase, têm proporcionado redução de fósforo e nitrogênio nas excretas

das aves, sem perda de desempenho.

Por outro lado, aves em estresse por calor reduzem o consumo de ração na tentativa de minimizar

a produção de calor gerado pelos processos metabólicos, com reflexo negativo sobre o ganho de peso e

conversão alimentar (OLIVEIRA et al., 2006a; OLIVEIRA et al., 2006b). O aumento da frequência

respiratória é o mecanismo termorregulatório mais eficiente para dissipar calor corporal em condição de

estresse por calor, todavia a exigência de energia para mantença das aves pode ser alterada (OLIVEIRA

NETO et al., 2000).

Na ausência de informações da ação da fitase sobre o fitato, em aves em condições de estresse por

calor, conduziu-se este trabalho com o objetivo de avaliar o efeito da inclusão de diferentes níveis de

fitase em dietas de frangos de corte, alojados em ambientes com diferentes sistemas de climatização,

sobre as variáveis de desempenho, viabilidade da criação, índice de eficiência produtiva, incorporação de

proteína bruta, cálcio e fósforo na carcaça e teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama das aves aos 21

dias de idade.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido nos meses de agosto e setembro, no Setor de Avicultura do

Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí, no

município de Teresina, estado do Piauí, cujas características geográficas são: latitude de 5°5' sul,

longitude de 42°48' oeste, altitude de 74,4 metros e clima tropical semi-úmido, com precipitação

pluviométrica anual em torno de 1396 mm (FEITOSA, 2010).

Foram utilizados no experimento 640 pintos machos e fêmeas da linhagem Ross, com um dia de

idade e peso de 41 ± 1,6 g, alojados em 40 boxes. Estes boxes estavam distribuídos uniformemente em

dois galpões, ambos equipados com ventiladores e cortinas laterais e um, continha nebulizadores para

melhor controle interno da temperatura e umidade relativa do ar. Os ventiladores foram acionados das

8h30min às 17h30min e os nebulizadores das 11h30min às 17h30min, a partir do 12º dia de vida das

aves.

As aves tiveram livre acesso à água e às dietas experimentais e foram mantidas em sistema de

aquecimento nos dez primeiros dias. O programa de luz foi contínuo, durante as 24 horas. O

monitoramento da temperatura e umidade relativa do ar no interior dos galpões foi feito por meio de

termohigrômetros, colocados à altura intermediária em relação aos boxes. As leituras foram realizadas

diariamente às 8h30min e 15h30min.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 x 2,

cinco níveis de fitase [Ronozyme NP (CT)], 0, 1000, 2000, 3000 e 4000 FTU/kg de ração, associados a

dois ambientes (galpão com ventilação e nebulização e galpão com ventilação sem nebulização), quatro

repetições e 16 aves por unidade experimental.

O fabricante da fitase utilizada neste experimento recomenda, para frangos de corte, níveis de

1500 a 3000 FTU/kg da dieta, entretanto, para Meneghetti et al. (2011), o preço da enzima permite maior

suplementação como estratégia nutricional para reduzir a inclusão de certos ingredientes, diminuir o custo

de formulação e reduzir a excreção de poluentes no ambiente. Diante disso, optou-se por utilizar níveis de

fitase dentro do intervalo, abaixo e acima das recomendações do fabricante.

As aves receberam dietas isonutritivas à base de milho e farelo de soja (Tabela 1), formuladas

para atender as exigências nutricionais preconizadas por Rostagno et al. (2011), exceto para fósforo

disponível (Pd), que foi reduzido em 20%, com composição percentual de 0,380% para a fase de 1 a 7

dias e 0,312% para 8 a 21dias. Como a concentração de cálcio (Ca) não foi reduzida, a relação dietética

Ca:Pd foi de 2,41:1 e 2,62:1, respectivamente.

Tabela 1. Composição das dietas experimentais para frangos de corte nas fases pré-inicial e inicial

Ingredientes

Fase pré-inicial Fase inicial

Unidade de atividade de fitase / kg da ração

0 1000 2000 3000 4000 0 1000 2000 3000 4000

Milho 54,88 54,88 54,88 54,88 54,88 59,15 59,15 59,15 59,15 59,15

Farelo de soja 38,56 38,56 38,56 38,56 38,56 34,88 34,88 34,88 34,88 34,88

Óleo vegetal 2,250 2,250 2,250 2,250 2,250 2,180 2,180 2,180 2,180 2,180

Fosfato bicálcico 1,420 1,420 1,420 1,420 1,420 1,080 1,080 1,080 1,080 1,080

Calcário calcítico 1,220 1,220 1,220 1,220 1,220 1,200 1,200 1,200 1,200 1,200

NaCl 0,507 0,507 0,507 0,507 0,507 0,482 0,482 0,482 0,482 0,482

L-Lisina HCl 0,140 0,140 0,140 0,140 0,140 0,079 0,079 0,079 0,079 0,079

DL- Metionina 0,120 0,120 0,120 0,120 0,120 0,051 0,051 0,051 0,051 0,051

Premix1 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800

Material inerte (caulim) 0,100 0,090 0,080 0,070 0,060 0,100 0,090 0,080 0,070 0,060

Enzima fitase2 0,000 0,010 0,020 0,030 0,040 0,000 0,010 0,020 0,030 0,040

TOTAL 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Composição centesimal

PB 22,22 22,22 22,22 22,22 22,22 20,80 20,80 20,80 20,80 20,80

EM 2950 2950 2950 2950 2950 3000 3000 3000 3000 3000

Ca 0,917 0,917 0,917 0,917 0,917 0,818 0,818 0,818 0,818 0,818

Fósforo total 0,599 0,599 0,599 0,599 0,599 0,527 0,527 0,527 0,527 0,527

Fósforo disponível3 0,380 0,380 0,380 0,380 0,380 0,312 0,312 0,312 0,312 0,312

Lisina 1,310 1,310 1,310 1,310 1,310 1,180 1,180 1,180 1,180 1,180

Metionina+cistina 0,943 0,943 0,943 0,943 0,943 0,846 0,846 0,846 0,846 0,846

Sódio 0,220 0,220 0,220 0,220 0,220 0,210 0,210 0,210 0,210 0,210 1Premix inicial/kg de ração: vitamina A – 1.375.000 UI; vitamina D3 – 250.000 UI; vitamina E – 2.000 mg; vitamina K3 – 187,50 mg; vitamina

B1 – 150 mg; vitamina B2 – 562,50; vitamina B6 – 250 mg; vitamina B12 – 2000 mcg; niacina - 4.375 mg; pantotenato de cálcio – 1.250 mg;

ácido fólico – 50 mg; biotina – 7,5 mg; ferro – 3.750 mg; cobre - 1.125 mg; manganês – 7.500 mg; zinco - 7.500 mg; iodo - 125 mg; selênio –

31,25 mg; colina – 32.625 mg; metionina total – 288,35 g; metionina + cistina total - 288,35 g; lisina total – 132,70 g; halquinol (promotor de

crescimento) – 3.750 mg; narasin (coccidiostático) – 6.250 mg; nicarbazina (coccidiostático) – 6.250 mg. 2Ronozyme NP (CT), adicionado em

substituição ao material inerte(caulim). 3Fósforo disponível reduzido a 80% do preconizado por Rostagno et al. (2011).

As aves e as rações no início e aos 21 dias foram pesadas para obtenção do ganho de peso (GP),

consumo de ração (CR) e conversão alimentar (CA). A viabilidade da criação (VC) e o índice de

eficiência produtiva (IEP = [ganho de peso médio diário (g) x VC (%)] / (CA x 10)) também foram

determinados, conforme Laurentiz et al. (2009). Ao final do experimento duas aves com peso médio de

cada parcela, totalizando oito aves por tratamento, foram submetidas a jejum alimentar de seis horas,

posteriormente, foram pesadas, abatidas, depenadas e evisceradas para determinação da incorporação de

proteína bruta (PB), cálcio e fósforo (P) na carcaça.

O material utilizado como cama para as aves em todos os boxes foi casca de arroz. As amostras

de cama foram coletadas antes do alojamento e no 21º dia de vida das aves, em cinco pontos do boxe,

evitando-se áreas próximas e embaixo do bebedouro e comedouro. Carcaças e amostras de cama

posteriormente foram analisadas no laboratório de análise de alimentos do Departamento de Zootecnia da

Universidade Federal do Piauí (nitrogênio) e no laboratório de bromatologia da Embrapa Meio Norte

(cálcio e fósforo). O teor de nitrogênio (N) foi determinado pelo método de Kjeldahl. Os teores de cálcio

e fósforo foram analisados depois que as amostras foram submetidas à digestão nitroperclórica, obtendo-

se as soluções para determinação dos minerais. Os teores de cálcio foram determinados por

espectrofotometria de absorção atômica e os de fósforo, por espectrofotometria colorimétrica, segundo

metodologia descrita por Silva; Queiroz (2002).

Os dados foram submetidos à análise de variância segundo o procedimento GLM do Statistical

Analysis System – SAS (1996). Na comparação dos ambientes utilizou-se teste de Tukey. Os efeitos dos

níveis de fitase sobre as variáveis foram analisadas por regressão linear ou quadrática, conforme o melhor

ajustamento obtido.

Resultados e Discussão

Os valores de temperatura e umidade relativa do ar registrados no interior dos galpões, no período

experimental, estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Temperatura e umidade relativa do ar no interior dos galpões, a partir do 12º dia de vida das

aves

Ambiente Temperatura (ºC) Umidade relativa do ar (%)

Manhã Tarde Manhã Tarde

Galpão com ventilação e nebulização 22,2 ± 0,89 33,2 ± 0,88 51,0 ± 15,25 69,0 ± 10,85

Galpão com ventilação e sem nebulização 23,5 ± 0,82 34,2 ± 0,70 52,1 ± 14,72 52,9 ± 8,50

Em condições de conforto térmico as aves minimizam a energia destinada para a termogênese e

processos de dissipação de calor e maximizam a energia destinada para a produção. Esta situação de

conforto é evidenciada, a partir da 2ª semana de vida, em locais com temperaturas de 24,3 ± 0,68 ºC a

26,4 ± 0,78 ºC e umidade relativa do ar de 50 a 70% (CELLA el al., 2001; OLIVEIRA et al., 2006b). Os

valores de temperatura registrados no interior dos galpões demonstram que estas aves foram expostas a

desconforto térmico cíclico. Temperatura acima da zona termoneutra pode provocar mudanças no

comportamento, alterações no mecanismo de dissipação de calor e alterações metabólicas, com

consequente queda do desempenho das aves (OLIVEIRA et al., 2006a; OLIVEIRA et al., 2006b;

WELKER et al., 2008).

Não houve interação (P>0,05) entre os níveis de fitase e os sistemas de climatização dos galpões

sobre o consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar, viabilidade da criação, índice de

eficiência produtiva, incorporações de minerais na carcaça e teores de minerais na cama (Tabelas 3, 4 e

5).

Os sistemas de climatização não interferiram (P>0,05) no consumo de ração, nem na conversão

alimentar (Tabela 3), provavelmente em função de uma maior tolerância das aves à variação de

temperatura no período experimental, indicando ter havido compensação de consumo nos horários de

temperatura e umidade relativa do ar mais confortáveis para as aves.

Tabela 3. Variáveis de desempenho, viabilidade da criação e índice de eficiência produtiva de frangos de

corte de 1 a 21 dias de idade, submetidos a dietas com fósforo disponível reduzido1, suplementadas com

fitase, alojados em ambientes com climatização diferente Variáveis CR (kg) GP (kg) CA VC (%) IEP

Ambientes

Galpão com ventilação e nebulização 1,05a 0,79a 1,33a 98,44a 275,48a

Galpão com ventilação e sem nebulização 1,02a 0,76b 1,35a 95,40b 252,52b

Níveis de fitase (FTU/kg) nas dietas

0 1,02 0,75 1,35 96,88 257,55

1000 1,02 0,76 1,34 95,31 258,35

2000 1,07 0,78 1,37 95,31 259,31

3000 1,02 0,78 1,32 100,00 265,36

4000 1,05 0,79 1,33 97,66 278,16

Valor de P linear 0,3377 0,0043 0,3806 0,2205 0,0251

Valor de P quadrático 0,5069 0,8194 0,5785 0,5463 0,2444

Valor de P da interação fitase x galpão 0,3090 0,4916 0,6672 0,2666 0,6437

Coeficiente de Variação (%) 5,26 2,69 5,61 3,93 5,65 CR = consumo de ração; GP = ganho de peso; CA = conversão alimentar; VC = viabilidade da criação; IEP = índice de eficiência produtiva;

FTU/kg = unidade de atividade de fitase por quilograma da dieta. Na mesma coluna, médias com letras diferentes, diferem entre si pelo teste

Tukey (P<0,05). 1Dietas com 80% de fósforo disponível do preconizado por Rostagno et al. (2011).

A redução da temperatura em 1,3ºC e 1ºC, respectivamente, nos turnos manhã e tarde, a partir do

12º dia de vida das aves, e a provável condição térmica mais confortável do galpão com nebulização,

deve ter facilitado a dissipação de calor das aves por meios sensíveis (radiação, condução e convecção),

minimizado o dispêndio de energia para o equilíbrio homeotérmico, com conseqüente aumento da

disponibilidade de energia líquida para a síntese de tecido muscular. Essa condição, possivelmente

contribuiu que as aves alojadas no galpão com nebulização, obtivessem maior ganho de peso (P<0,05),

em relação às aves alojadas no galpão sem nebulização.

A menor temperatura e a melhor sensação térmica também favoreceram a viabilidade da criação

do ambiente com nebulização (P<0,05). O ganho de peso e a viabilidade da criação majorados são

responsáveis pelo maior IEP das aves alojadas no galpão com nebulizadores (P<0,05).

O consumo de ração, a conversão alimentar e a viabilidade da criação não foram influenciados

(P>0,05) pelos níveis de fitase testados. A ausência do efeito sobre o CR talvez seja reflexo do

atendimento das exigências nutricionais das aves, tendo em vista que a energia metabolizável e a proteína

bruta não foram reduzidas neste ensaio experimental, e que a redução de 20% do Pd na dieta, sobretudo

na ausência de fitase, não foi suficiente para comprometer esta variável, haja vista que Silva et al. (2006);

Fukayama et al. ( 2008); Laurentiz et al. (2009) e Oliveira et al. (2009) observaram que dietas controles

(Pd atendendo a exigência e sem fitase) proporcionaram CR, para esta mesma fase, similares aos

encontrados neste trabalho.

Shirley; Edwards Junior (2003) investigaram a suplementação de altos níveis de fitase (93,75 a

12000 FTU/kg) em rações para frangos de corte, e não observaram diferenças no consumo de ração a

partir de 1500 FTU/kg, e na conversão alimentar, independentemente do nível de inclusão da enzima. A

viabilidade da criação de frangos de corte aos 21 dias, avaliada por Perazzo Costa et al. (2007) e por

Oliveira et al. (2009), também não foi afetada pela inclusão de fitase na dieta.

No entanto, a elevação dos níveis dietéticos de fitase proporcionou melhora linear no ganho de

peso, de acordo com a equação ŷ = 0,7553 + 0,000008825x (R2 = 0,9225; P<0,01). Segundo Tejedor et al.

(2001), o aumento do GP ocasionado pela suplementação crescente de fitase pode ser explicado pelo

incremento na digestibilidade ileal da proteína, do fósforo e do cálcio, uma vez que a molécula do fitato,

após hidrólise, disponibiliza aminoácidos, energia, minerais e enzimas digestivas como pepsina, tripsina e

amilase (FUKAYAMA et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2008; LELIS et al., 2010; MENEGHETTI et al.,

2011).

Neste trabalho, as relações dietética Ca:Pd de 2,41:1 e 2,62:1 para as fases pré-inicial e inicial,

respectivamente, não influenciaram a efetividade da fitase. Santos et al. (2011), relataram efetiva ação da

fitase (500 FTU/kg) em liberar o fósforo fítico dos ingredientes da dieta em ampla relação Ca:Pd: 1,52:1 a

2,94:1 (1 a 7 dias) e de 1,49:1 a 3,03:1 (8 a 21dias) sem afetar o desempenho.

Avaliando diferentes níveis de cálcio (0,36; 0,67; 0,88; 1,09 e 1,30%) com 0,42% de Pd em dietas

suplementadas com fitase (600 FTU/kg) para frangos de corte de 1 a 21 dias, Schoulten et al. (2003)

verificaram que a elevação dos níveis de Ca afetou negativamente o GP, sem afetar o CR e a CA, e o

nível de 0,59% de Ca proporcionou adequada mineralização óssea, enquanto a deposição de cinza e

fósforo nos tibiotarsos diminuíram com a elevação dos teores de cálcio na ração.

A melhora linear do IEP, segundo a equação ŷ = 254,102 + 0,0048642x (R2 = 0,781; P<0,05),

decorreu do efeito dos níveis da enzima sobre o GP. A suplementação da fitase em dieta com Pd abaixo

da exigência tem demonstrado ser eficiente em manter o desempenho de frangos de corte, e, de acordo

com Selle; Ravindran (2007), a magnitude da resposta pode ser mais pronunciada, aumentando-se os

níveis de inclusão da enzima para aumentar a hidrólise do fitato.

Estas observações corroboram os resultados obtidos nesta pesquisa, uma vez que as aves

apresentaram melhora linear no ganho de peso em função do aumento da inclusão da fitase na dieta, sem

alteração no consumo de ração, indicando que houve maior disponibilidade de nutrientes para os

processos metabólicos, provenientes da ação da enzima sobre o fitato.

Os diferentes ambientes não interferiram (P>0,05) na incorporação de Ca na carcaça das aves

(Tabela 4), entretanto, o ambiente com nebulização proporcionou maior incorporação de PB (P<0,05) e

fósforo (P<0,05) em relação ao galpão equipado apenas com ventiladores. O incremento no GP justifica,

em aparte, a maior quantidade de PB incorporada na carcaça das aves alojadas no galpão com

nebulização, o que reforça a tese de que ambiente com condição climática mais próxima da zona de

conforto, minimiza o custo energético dos ajustes fisiológicos para a termorregulação, e disponibiliza

mais energia líquida para a deposição protéica.

Tabela 4. Incorporação de proteína bruta, cálcio e fósforo na carcaça de frangos de corte aos 21 dias de

idade, submetidos a dietas com fósforo disponível reduzido1, suplementadas com fitase, alojados em

ambientes com climatização diferente Variáveis PB2 (g) Ca2 (g) P2,3 (g)

Ambientes Galpão com ventilação e nebulização 99,63a

5,40a 2,94a

Galpão com ventilação e sem nebulização 95,64b 5,02a 2,72b

Níveis de fitase (FTU/kg) nas dietas

0 94,91 4,21 2,44

1000 96,16 5,01 2,79

2000 98,33 6,33 3,20

3000 99,11 5,05 2,77

4000 99,67 5,45 2,95

Valor de P linear 0,0303 0.0615 0,0252

Valor de P quadrático 0,6764 0,0250 0,0174

Valor de P da interação fitase x galpão 0,1077 0,0756 0,0826

Coeficiente de Variação (%) 4,57 18,34 10,56 PB = proteína bruta; Ca = cálcio; P = fósforo; FTU/kg = unidade de atividade de fitase por quilograma da dieta.

1Dietas com 80% de fósforo

disponível do preconizado por Rostagno et al. (2011).2Valores expressos com base na matéria seca. Na mesma coluna, médias com letras

diferentes, diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05). 3Optou-se por discutir o efeito quadrático.

A maior deposição de proteína verificada na carcaça das aves do ambiente com nebulização pode

ser reflexo de intensas reações de síntese protéica, com consequente aumento no dispêndio de energia na

forma de ATP, que para a sua síntese, necessitou de maior retenção de grupos fosfato, além, do possível

aumento na deposição de fosfoproteínas na carcaça, são aspectos que podem justificar a maior

incorporação de fósforo nas aves deste ambiente.

Observou-se efeito dos níveis de inclusão da fitase na dieta sobre a incorporação da PB (P<0,05),

do Ca (P<0,05) e do fósforo (P<0,05) na carcaça das aves, estando coerente e relacionado com os

resultados obtidos para o GP. A elevação dos níveis de inclusão da enzima melhorou linearmente a

incorporação de PB na carcaça segundo a equação ŷ = 95,146 + 0,0012455x (R2 = 0,948), e os níveis

1000, 2000, 3000 e 4000 FTU/kg proporcionaram, respectivamente, aumento de 1,32%, 3,60%, 4,43% e

5,02% de PB na carcaça em relação ao tratamento sem fitase.

Para a incorporação de Ca, o efeito dos níveis de fitase proporcionou variação quadrática: ŷ =

4,222285714 + 0,001221929x – 0,000000243x2 (R

2 = 0,614), com maior incorporação na carcaça desta

variável obtida no valor estimado de 2514,26 FTU/kg, o que representa um aumento estimado de 36,38%

em relação a deposição proporcionada pelo tratamento sem fitase.

A elevação dos níveis de fitase na dieta também proporcionou efeito quadrático na incorporação

do fósforo à carcaça, segundo a equação ŷ = 2,460214286 + 0,000441696x – 0,000000085x2 (R

2 =

0,646), sendo 2598,21 FTU/kg o valor estimado para máxima incorporação de fósforo na carcaça das

aves, representando um aumento de 23,32% em relação ao verificado com a utilização da dieta sem fitase.

Embora as relações dietéticas Ca:Pd utilizadas neste trabalho tenham sido acima das

recomendações (2,41:1 e 2,62:1, respectivamente para as fases pré-inicial e inicial), a relação Ca:P na

carcaça para os níveis 0, 1000, 2000, 3000, 4000 FTU/kg e para estimativa de máximo do cálcio (2514,26

FTU/kg) e do fósforo (2598,21 FTU/kg), foram, respectivamente, 1,73:1; 1,80:1; 1,82:1; 1,98:1; 1,85:1 e

1,89:1, mantendo-se coerentes com a relação dietética próximo de 2:1 recomendada por Rostagno et al.

(2011), para frangos de corte no período de 1 a 21 dias. É possível que nas relações dietéticas Ca:Pd

elevadas, com suplementação de fitase, o fósforo disponibilizado na hidrolise do fitato tenha ajustado a

relação Ca:P para melhor absorção e incorporação desses minerais.

Segundo Schoulten et al. (2003), a exigência de cálcio para frangos de corte, em dietas com baixo

nível de fósforo, suplementada com fitase, é inferior à recomendada pelas tabelas de exigências

nutricionais, e que a redução de cálcio deve ser proporcional a redução do fósforo, em virtude da

utilização da fitase, que mantém a relação Ca:P em nível adequado.

Os teores de N, Ca e fósforo na cama de frangos de corte aos 21 dias foram influenciados

(P<0,05) pela climatização dos galpões (Tabela 5). Os maiores teores destes minerais foram verificados

na cama das aves do ambiente com nebulização, e o aumento em relação ao ambiente sem nebulização

foi, respectivamente, de 1,45%; 17,24% e 32,56%. Estes efeitos podem estar relacionados ao aumento do

consumo de ração, que embora não tenha sido significativo, mas numericamente foi de 2,94% em relação

ao consumo das aves alojadas no galpão sem nebulização, o que proporcionou aumento na ingestão

desses minerais, e consequentemente, aumento na excreção.

Tabela 5. Teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama de frangos de corte de 1 a 21 dias de idade, submetidos a dietas com fósforo disponível reduzido

1, suplementadas com fitase, alojados em ambientes

com climatização diferente Variáveis N2 (%) Ca2 (%) P2 (%)

Ambientes

Galpão com ventilação e nebulização 2,10a 1,02a 0,57a

Galpão com ventilação e sem nebulização 2,07b 0,87b 0,43b

Níveis de fitase (FTU/kg) nas dietas 0 2,18 1,01 0,55

1000 2,08 0,95 0,51

2000 2,13 0,95 0,49

3000 2,06 0,96 0,51

4000 1,98 0,85 0,45

Valor de P linear 0,0579 0,0865 0,0482

Valor de P quadrático 0,7190 0,7278 0,9769

Valor de P da interação fitase x galpão 0,2551 0,8452 0,6125

Coeficiente de Variação (%) 9,64 15,61 13,41 N = nitrogênio; Ca = cálcio; Pt = fósforo total; FTU/kg = unidade de atividade de fitase por quilograma da dieta.

1Dietas com 80% de fósforo

disponível do preconizado por Rostagno et al. (2011). 2Valores expressos com base na matéria seca. Na mesma coluna, médias com letras

diferentes, diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).

Welker et al. (2008) avaliaram galpões com ventiladores associados ou não a nebulizadores, e

observaram que a temperatura média corporal das aves que oscilam entre 41 a 42ºC, reduziram para

38,05ºC em aviários dotados de ventiladores e nebulizadores e para 39,13ºC naqueles dotados apenas com

ventiladores. Esse efeito da nebulização em reduzir a temperatura média corporal pode ter possibilitado

maior estabilidade enzimática, aumentado a eficiência da fitase, e disponibilizado minerais por hidrolise

de mais ácidos fíticos e fitatos que, além de atender a exigência das aves neste experimento, proporcionou

um maior excedente que foi excretado.

As dietas suplementadas com diferentes níveis de fitase não afetaram (P>0,05) os teores de N e

Ca na cama das aves aos 21 dias de idade. Silva et al. (2006), aos 21 dias, e Silva et al. (2012) no período

de 22 a 42 dias, também não verificaram influência da fitase e níveis de Pd na dieta de frangos de corte

sobre a excreção de nitrogênio. A ausência de diferença no teor de nitrogênio na cama pode está

relacionada, em parte, à síntese de amônia a partir do ácido úrico, e sua volatilização para o ambiente.

Embora Silva et al. (2006) tenham verificados redução nos teores de Ca na cama das aves alimentadas

com rações contendo níveis reduzidos de Pd mais fitase, Silva et al. (2012) afirmam que os resultados dos

teores de cálcio na cama de frangos de corte, alimentados com dietas com diferentes níveis Pd, contendo

fitase, são bastante controversos, principalmente devido ao equilíbrio cálcio e fósforo no organismo das

aves.

Observou-se redução linear dos teores de fósforo na cama em função da suplementação de fitase,

conforme a equação: ŷ = 0,54625 – 0,000021875x (R2 = 0,757; P<0,05). As reduções percentuais de P na

cama, em relação ao tratamento sem fitase, nos níveis de inclusão 1000, 2000, 3000 e 4000 FTU/kg são,

respectivamente, 7,27%; 10,91%; 7,27% e 18,18%. Estes resultados comprovam que a redução da

inclusão de Pd na dieta para frangos de corte, associado à suplementação de fitase, melhora o

aproveitamento do fósforo fítico, diminuindo a excreção deste elemento na cama.

Laurentiz et al. (2009) observaram, em relação ao tratamento controle, redução média de 39% no

teor de P na cama de frangos de corte aos 42 dias de idade, em dietas com redução de 19%, 30% e 58%

de Pd, suplementadas com 500 e 1000 FTU/kg. Dietas com PB reduzida em 11%, 20% e 30% e Pd

reduzido em 24,4% e 44,4%, suplementadas com aminoácidos industriais e fitase (500 FTU/kg),

proporcionaram redução em até 60% dos teores de P na cama de frangos de corte aos 21 dias de idade,

contudo nos maiores níveis de redução (30% de PB e 44,4% de Pd) houve perda de desempenho (SILVA

et al., 2006).

Tendo em vista a elevação linear no GP, redução linear no teor de P na cama e ausência de efeito,

para os demais minerais avaliados, infere-se que o incremento de fitase em dietas com Pd reduzido em

20%, reduz a proporção de resíduo mineral na cama por unidade de peso vivo, sem comprometer o

desempenho, contribuindo para a redução da capacidade poluente da cama de frangos de corte, prática

ecologicamente correta, pois minimiza o impacto ambiental.

Conclusões

Ambiente com ventilação e nebulização melhora o ganho de peso, a viabilidade da criação e o

índice de eficiência produtiva, além de aumentar a incorporação de proteína bruta e fósforo na carcaça das

aves, porém, eleva os teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama, em relação ao ambiente com apenas

ventilação.

A suplementação de fitase até 4000 FTU/kg em dietas com fósforo disponível reduzido em 20%

da exigência, para frangos de corte na fase e 1 a 21 dias, aumenta o ganho de peso, o índice de eficiência

produtiva e a incorporação de proteína bruta na carcaça, e reduz os teores de fósforo na cama.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo

financiamento da pesquisa.

Comitê de Ética em Experimentação Animal (CEEA)

O protocolo de experimento animal está de acordo com CEEA e foi aprovado pelo comitê de

ética no uso de animais da Universidade Federal do Piauí pelo parecer nº 044/09.

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5. CAPÍTULO 3

Níveis dietéticos de fitase para frangos de corte de 1 a 41 dias alojados em ambientes com

diferentes sistemas de climatização1

[Phytase levels for broilers of 1 to 41 days housed in environments with different HVAC systems]

D.U. Carvalho Filho2*

, A.V. Figueirêdo3, J.B. Lopes

3, S.N.O. Almendra

2, E.M. Silva Costa

2,

R.R. Merval2

1 Parte da tese de Doutorado em Ciência Animal do primeiro autor, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina,

PI.

2 Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, PI. E-mail:

[email protected] *autor para correspondência.

3 Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, PI.

RESUMO

O experimento foi conduzido para avaliar o efeito da inclusão de diferentes níveis de fitase nas

dietas de frangos de corte, alojados em ambientes com e sem nebulização, sobre as variáveis de

desempenho, viabilidade da criação, índice de eficiência produtiva, temperatura média da pele,

rendimento de carcaça e dos principais cortes, incorporação de proteína bruta, cálcio e fósforo na

carcaça e teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama das aves aos 41 dias de idade. Pintos de

um dia (640) foram alojados em boxes distribuídos uniformemente em dois galpões, ambos

equipados com ventiladores e um continha nebulizadores. O delineamento experimental utilizado

foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 x 2, cinco níveis de fitase: 0, 1000, 2000,

3000 e 4000 FTU/kg de ração, associados a dois ambientes (galpão com ventilação e nebulização

e galpão com ventilação sem nebulização), com quatro repetições e 16 aves na unidade

experimental. As aves receberam dietas isonutritivas à base de milho e farelo de soja, formuladas

para atender as exigências nutricionais, exceto para fósforo disponível, que foi reduzido em 20%

da exigência. O ambiente com ventilação e nebulização reduz a temperatura média da pele,

melhora a viabilidade da criação e as variáveis de desempenho de frangos de corte, além de

aumentar a incorporação de proteína bruta e fósforo na carcaça das aves, bem como, eleva os

teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama, em relação ao ambiente com apenas ventilação. A

suplementação com fitase até 4000 FTU/kg em dieta com fósforo disponível reduzido em 20%

da exigência aumenta o rendimento de peito.

Palavras-chave: calor, desempenho, fitato, fósforo, poluição ambiental

ABSTRACT

The experiment was conducted to evaluate effect of different inclusion levels of phytase in diets

of broilers housed in environments with and without fogging on performance variables,

feasibility of creating, productive efficiency, mean skin temperature, yield housing and major

cuts, incorporation of crude protein, calcium and phosphorus in housing and levels of nitrogen,

calcium and phosphorus in litter of birds at 41 days old. Day-old chicks (640) were housed in

cages distributed evenly in two sheds, both equipped with fans and one contained nebulizers.

Experimental design was completely randomized in a factorial 5 x 2, five levels of phytase: 0,

1000, 2000, 3000 and 4000 FTU/kg diet, associated with two environments (shed with

ventilation and fogging and shed with ventilation without fogging), with four replicates and 16

birds in each experimental unit. Birds were fed diets isonutrient maize and soybean meal,

formulated to meet the nutritional requirements, except for available phosphorus, which was

reduced in 20% of the requirement. The environment with ventilation and fogging reduces mean

skin temperature, improves feasibility of creating and performance variables of broilers, in

addition to increasing incorporation of crude protein and phosphorus in poultry housing,

however, raises levels of nitrogen, calcium and phosphorus in bed, in relation to environment

only with ventilation. Phytase supplementation to 4000 FTU/kg diet with available phosphorus

reduced by 20% of requirement increases breast meat yield.

Keywords: heat, performance, phytate, phosphorus, environmental pollution

INTRODUÇÃO

A exploração avícola de confinamento total e de alta densidade tem gerado dejetos em volume

significativo, que contaminam o ambiente pela excreção de nitrogênio, fósforo e outros minerais.

O tratamento e o destino adequado dos dejetos têm preocupado técnicos, produtores e

pesquisadores que buscam soluções para reduzir o impacto ambiental. Neste sentido, algumas

alternativas têm sido preconizadas, tais como: o uso de rações balanceadas, fundamentadas no

conceito de proteína ideal, e a inclusão de aditivos para melhorar a eficiência de utilização dos

ingredientes das dietas pelas aves.

As rações para estes animais são constituídas basicamente de ingredientes de origem vegetal, que

apresentam aproximadamente 66% do fósforo armazenados na forma de ácido fítico, e sob a

forma iônica, pode formar sais insolúveis (fitatos) com cálcio, cobre, magnésio, ferro, zinco,

potássio e complexar-se com proteínas, aminoácidos e carboidratos, além de inibir a atividade

algumas enzimas digestivas como a pepsina, tripsina e alfa-amilase (Selle e Ravidran, 2007;

Lelis et al., 2010).

As aves não sintetizam a enzima fitase no seu aparelho digestório, portanto, não conseguem

aproveitar o fósforo do ácido fítico (Ravindran et al., 2006; Fukayama et al., 2008), o que torna

necessário a suplementação na dieta de fonte inorgânica de fósforo para suprir suas exigências,

como consequência, acarreta aumento na concentração de fósforo nas excretas (Silva et al.,

2008; Gomide et al., 2011), e a cama não tendo destino adequado, por lixiviação no solo, o

fósforo contamina os mananciais de água, desencadeando crescimento de algas e aumento da

competição destas com os animais aquático pelo oxigênio dissolvido, e assim compromete a vida

aquática (Lelis et al., 2009), sobretudo em regiões de grande produção avícola.

Para minimizar este efeito, a adição de fitase à dieta tem sido uma alternativa para melhorar a

disponibilidade do fósforo fítico dos alimentos de origem vegetal, além disso, inúmeros autores,

dentre eles, Silva et al. (2006), Laurentiz et al. (2009) e Silva et al. (2012), têm demonstrado que

dietas com redução de fósforo disponível e proteína bruta, suplementadas com fitase, têm

proporcionado redução de fósforo e nitrogênio nas excretas das aves, sem perda de desempenho.

Por outro lado, aves em estresse por calor, na tentativa de minimizar a produção de calor nos

processos metabólicos, reduzem o consumo de ração, com reflexo negativo sobre o ganho de

peso e conversão alimentar (Oliveira et al., 2006a; Oliveira et al., 2006b). O aumento da

frequência respiratória é o mecanismo termorregulatório mais eficiente para dissipação térmica

corporal em condição de estresse por calor, todavia a exigência de energia para mantença das

aves pode ser alterada (Oliveira Neto et al., 2000).

Na ausência de informações da ação da fitase sobre o fitato, em aves em condições de estresse

por calor, conduziu-se este trabalho com o objetivo de avaliar o efeito da inclusão de diferentes

níveis de fitase em dietas de frangos de corte, alojados em ambientes com climatização diferente,

sobre as variáveis de desempenho, viabilidade da criação, índice de eficiência produtiva,

temperatura média da pele, rendimento de carcaça, de gordura abdominal e dos principais cortes,

incorporação de proteína bruta, cálcio e fósforo na carcaça e teores de nitrogênio, cálcio e

fósforo na cama das aves no período de 1 a 41 dias de idade.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nos meses de agosto e setembro, no Setor de Avicultura do

Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí,

no município de Teresina, estado do Piauí, cujas coordenadas geográficas são: latitude de 5°5'

sul, longitude de 42°48' oeste, altitude de 74,4 metros e clima tropical semi-úmido, com

precipitação pluviométrica anual em torno de 1396 mm (Feitosa, 2010).

Foram utilizados no experimento 640 pintos machos e fêmeas da linhagem Ross, com um dia de

idade e peso de 41 ± 1,6 g, os quais foram alojados em 40 boxes. Estes boxes estavam

distribuídos uniformemente em dois galpões, ambos equipados com ventiladores e cortinas

laterais e um, continha nebulizadores para melhor controle interno da temperatura e umidade

relativa do ar. Os ventiladores foram acionados das 8h30min às 17h30min e os nebulizadores das

11h30min às 17h30min, a partir do 12º de vida das aves.

As aves tiveram livre acesso à água e às dietas experimentais e foram mantidas em sistema de

aquecimento nos dez primeiros dias. O programa de luz foi contínuo, durante as 24 horas. O

monitoramento da temperatura e umidade relativa do ar no interior dos galpões foi feito por meio

de termohigrômetros, colocados à altura intermediária em relação aos boxes. As leituras foram

realizadas diariamente às 8h30min e 15h30min.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 x 2,

cinco níveis de fitase [Ronozyme NP (CT)], 0, 1000, 2000, 3000 e 4000 FTU/kg de ração,

associados a dois ambientes (galpão com ventilação e nebulização e galpão com ventilação sem

nebulização), quatro repetições e 16 aves na unidade experimental.

As aves receberam dietas isonutritivas à base de milho e farelo de soja (Tab. 1 e 2), formuladas

para atender as exigências nutricionais preconizadas por Rostagno et al. (2011), exceto para

fósforo disponível (Pd), que foi reduzido em 20%, ficando com composição percentual de

0,380%; 0,312%; 0,273% e 0,238%, respectivamente, para as fases pré-inicial, inicial,

crescimento e final. Como o cálcio (Ca) não foi reduzido, a relação dietética Ca:Pd foi de 2,41:1;

2,62:1; 2,67:1 e 2,68:1, respectivamente para estas fases.

Tabela 1. Composição das dietas experimentais para frangos de corte nas fases pré-inicial e inicial

Ingredientes

Fase pré-inicial Fase inicial

Unidade de atividade de atividade de fitase / kg de ração

0 1000 2000 3000 4000 0 1000 2000 3000 4000

Milho 54,88 54,88 54,88 54,88 54,88 59,15 59,15 59,15 59,15 59,15

Farelo de soja 38,56 38,56 38,56 38,56 38,56 34,88 34,88 34,88 34,88 34,88

Óleo vegetal 2,250 2,250 2,250 2,250 2,250 2,180 2,180 2,180 2,180 2,180

Fosfato bicálcico 1,420 1,420 1,420 1,420 1,420 1,080 1,080 1,080 1,080 1,080

Calcário calcítico 1,220 1,220 1,220 1,220 1,220 1,200 1,200 1,200 1,200 1,200

NaCl 0,507 0,507 0,507 0,507 0,507 0,482 0,482 0,482 0,482 0,482

L-Lisina HCl 0,140 0,140 0,140 0,140 0,140 0,079 0,079 0,079 0,079 0,079

DL- Metionina 0,120 0,120 0,120 0,120 0,120 0,051 0,051 0,051 0,051 0,051

Premix1 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800

Material inerte (caulim) 0,100 0,090 0,080 0,070 0,060 0,100 0,090 0,080 0,070 0,060

Enzima fitase2 0,000 0,010 0,020 0,030 0,040 0,000 0,010 0,020 0,030 0,040

TOTAL 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Composição centesimal

PB 22,22 22,22 22,22 22,22 22,22 20,80 20,80 20,80 20,80 20,80

EM 2950 2950 2950 2950 2950 3000 3000 3000 3000 3000

Ca 0,917 0,917 0,917 0,917 0,917 0,818 0,818 0,818 0,818 0,818

Fósforo total 0,599 0,599 0,599 0,599 0,599 0,527 0,527 0,527 0,527 0,527

Fósforo disponível3 0,380 0,380 0,380 0,380 0,380 0,312 0,312 0,312 0,312 0,312

Lisina 1,310 1,310 1,310 1,310 1,310 1,180 1,180 1,180 1,180 1,180

Metionina+cistina 0,943 0,943 0,943 0,943 0,943 0,846 0,846 0,846 0,846 0,846

Sódio 0,220 0,220 0,220 0,220 0,220 0,210 0,210 0,210 0,210 0,210 1Premix inicial/kg de ração: vitamina A – 1.375.000 UI; vitamina D3 – 250.000 UI; vitamina E – 2.000 mg; vitamina K3 – 187,50 mg; vitamina

B1 – 150 mg; vitamina B2 – 562,50; vitamina B6 – 250 mg; vitamina B12 – 2000 mcg; niacina - 4.375 mg; pantotenato de cálcio – 1.250 mg;

ácido fólico – 50 mg; biotina – 7,5 mg; ferro – 3.750 mg; cobre - 1.125 mg; manganês – 7.500 mg; zinco - 7.500 mg; iodo - 125 mg; selênio –

31,25 mg; colina – 32.625 mg; metionina total – 288,35 g; metionina + cistina total - 288,35 g; lisina total – 132,70 g; halquinol (promotor de

crescimento) – 3.750 mg; narasin (coccidiostático) – 6.250 mg; nicarbazina (coccidiostático) – 6.250 mg. 2Ronozyme NP (CT), adicionado em

substituição ao material inerte (caulim). 3Fósforo disponível reduzido a 80% do preconizado por Rostagno et al. (2011).

Tabela 2. Composição das dietas experimentais para frangos de corte nas fases de crescimento e final

Ingredientes

Fase de crescimento Fase final

Unidade de atividade de fitase / kg de ração

0 1000 2000 3000 4000 0 1000 2000 3000 4000

Milho 61,89 61,89 61,89 61,89 61,89 66,44 66,44 66,44 66,44 66,44

Farelo de soja 31,65 31,65 31,65 31,65 31,65 27,48 27,48 27,48 27,48 27,48

Óleo vegetal 3,130 3,130 3,130 3,130 3,130 3,010 3,010 3,010 3,010 3,010

Fosfato bicálcico 0,901 0,901 0,901 0,901 0,901 0,744 0,744 0,744 0,744 0,744

Calcário calcítico 1,100 1,100 1,100 1,100 1,100 0,981 0,981 0,981 0,981 0,981

NaCl 0,456 0,456 0,456 0,456 0,456 0,444 0,444 0,444 0,444 0,444

L-Lisina HCl 0,130 0,130 0,130 0,130 0,130 0,170 0,170 0,170 0,170 0,170

DL- Metionina 0,044 0,044 0,044 0,044 0,044 0,027 0,027 0,027 0,027 0,027

Premix1 0,600 0,600 0,600 0,600 0,600 0,600 0,600 0,600 0,600 0,600

Material inerte (caulim) 0,100 0,090 0,080 0,070 0,060 0,100 0,090 0,080 0,070 0,060

Enzima fitase2 0,000 0,010 0,020 0,030 0,040 0,000 0,010 0,020 0,030 0,040

TOTAL 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Composição centesimal

PB 19,50 19,50 19,50 19,50 19,50 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00

EM 3100 3100 3100 3100 3100 3150 3150 3150 3150 3150

Ca 0,730 0,730 0,730 0,730 0,730 0,638 0,638 0,638 0,638 0,638

Fósforo total 0,483 0,483 0,483 0,483 0,483 0,443 0,443 0,443 0,443 0,443

Fósforo disponível3 0,273 0,273 0,273 0,273 0,273 0,238 0,238 0,238 0,238 0,238

Lisina 1,080 1,080 1,080 1,080 1,080 1,010 1,010 1,010 1,010 1,010

Metionina+cistina 0,787 0,787 0,787 0,787 0,787 0,737 0,737 0,737 0,737 0,737

Sódio 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,195 0,195 0,195 0,195 0,195 1Premix crescimento e terminação. Conteúdo por kg de ração: Vitamina A – 1.500.000 UI; Vitamina D3 – 266.670 UI; Vitamina E – 2.333,33

mg; Vitamina K3 – 250 mg; Vitamina B1 – 166,67 mg; Vitamina B2 – 666,67 mg; Vitamina B6 – 300 mg; Vitamina B12 - 2000 mcg; Niacina -

5.000 mg; Pantotenato de cálcio – 1.500 mg; Ácido fólico – 50 mg; Biotina – 8,33 mg; Ferro – 5.000 mg; Cobre - 1.500 mg; Manganês – 10.000

mg; Zinco - 10.000 mg; Iodo - 166,67 mg; Selênio – 41,67 mg; Colina – 36.540 mg; Metionina total – 349,92 g; Metionina + Cistina total –

344,92 g; Lisina total – 71,63 g; Halquinol (promoter de crescimento) – 5.000 mg; Salinomicina – 11.000 mg. 2Ronozyme NP (CT), adicionado

em substituição ao material inerte (caulim). 3Fósforo disponível reduzido a 80% do preconizado por Rostagno et al. (2011).

As aves e as rações no início e no final do experimento foram pesadas para obtenção do consumo

de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA). A viabilidade da criação (VC), o

índice de eficiência produtiva (IEP = [ganho de peso médio diário (g) x VC (%)] / (CA x 10)) e a

temperatura média da pele (TMP = 0,03 T ºC crista + 0,70 T ºC dorso + 0,12 T ºC asa + 0,06 T

ºC cabeça + 0,09 T ºC pata) também foram avaliados.

Para a mensuração da TMP foi utilizado termômetro infravermelho de aferição à distância, com

mira a laser, com tomada de temperatura na crista, dorso, asa, cabeça e pata, às 14:00h, em duas

aves por boxe, duas vezes por semana. Estas aves foram tingidas com anilina para identificação.

Ao final do experimento duas aves com peso médio de cada parcela, totalizando oito aves por

tratamento, foram submetidas a jejum alimentar de seis horas, posteriormente, foram pesadas,

abatidas, depenadas e evisceradas para determinação do rendimento de carcaça (RCARC), de

peito (RPT), da coxa (RCX), sobre coxa (RSCX), da gordura abdominal (RGAB), da

incorporação de proteína bruta (PB), do cálcio e do fósforo (P) na carcaça.

O material utilizado como cama para as aves em todos os boxes foi casca de arroz. Antes do

alojamento das aves e aos 41 dias do experimento, amostras de cama foram coletadas em cinco

pontos do boxe, evitando-se áreas próximas e embaixo do bebedouro e comedouro.

Amostras de carcaças e camas posteriormente foram analisadas. O teor de nitrogênio (N) foi

determinado pelo método de Kjeldahl. Os teores de cálcio e fósforo foram analisados depois que

as amostras foram submetidas à digestão nitroperclórica, obtendo-se as soluções para

determinação dos minerais. Os teores de cálcio foram determinados por espectrofotometria de

absorção atômica e os de fósforo, por espectrofotometria colorimétrica, segundo metodologia

descrita por Silva e Queiroz (2002).

Os dados foram submetidos à análise de variância segundo o procedimento GLM do Statistical

Analysis System – SAS (1996). Para a avaliação dos ambientes utilizou-se o teste de Tukey e

para avaliação dos efeitos dos níveis de fitase sobre as variáveis foi utilizado regressão

polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios de temperatura e umidade relativa do ar registrados no interior dos galpões,

no período experimental, estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 3. Temperatura e umidade relativa do ar no interior dos galpões, a partir do 12º dia de vida das aves

Ambiente Temperatura (ºC) Umidade relativa do ar (%)

Manhã Tarde Manhã Tarde

Galpão com ventilação e nebulização 21,7 ± 1,64 33,3 ± 0,77 69,4± 11,36 47,1 ± 6,42

Galpão com ventilação e sem nebulização 23,3 ± 1,20 34,4 ± 0,63 65,9 ± 9,85 45,0 ± 6,51

Temperaturas de 18 a 23ºC e umidade relativa do ar de 50 a 70% são as condições ambientais

recomendadas para as aves, a partir da 2ª semana de vida, que minimizam suas taxas metabólicas

e a homeotermia é mantida com menos gasto energético (Oliveira Neto et al., 2000; Oliveira et

al., 2006b). Os valores de temperatura registrados no interior dos galpões demonstram que estas

aves foram expostas a desconforto térmico cíclico. Temperatura acima da zona termoneutra pode

provocar mudanças no comportamento, alterações no mecanismo de dissipação de calor e

alterações metabólicas, com consequente queda do desempenho das aves (Oliveira et al., 2006a;

Oliveira et al., 2006b).

Não houve interação (P>0,05) entre os níveis de fitase e os sistemas de climatização dos galpões

para todas as variáveis estudadas (Tab. 4, 5, 6 e 7).

As aves alojadas no galpão equipado com ventiladores e nebulizadores apresentaram maiores

(P<0,05) consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), viabilidade criatória (VC), índice de

eficiência produtiva (IEP), bem como, melhorou a conversão alimentar (CA) e reduziu a

temperatura média da pele (TMP) em relação àquelas alojadas no galpão com apenas de

ventiladores (Tab. 4). A associação de ventilação e nebulização influenciou positivamente a

climatização do aviário, uma vez que reduziu a temperatura média no seu interior de 1,6 ºC e 1,1

ºC, respectivamente, nos turno manhã e tarde, e facilitou a dissipação de calor das aves por

meios sensíveis (radiação, condução e convecção), sobretudo nos momentos em que a umidade

relativa do ar era mais favorável, o que fez reduzir a TMP das aves e melhorar as variáveis de

desempenho.

Tabela 4. Variáveis de desempenho, viabilidade da criação, índice de eficiência produtiva e temperatura média da

pele de frangos de corte de 1 a 41 dias de idade, submetidos a dietas com fósforo disponível reduzido1,

suplementadas com fitase, alojados em ambientes com climatização diferente

Variáveis CR (kg) GP (kg) CA VC (%) IEP TMP (ºC)

Galpões com

Ventilação e nebulização 4,06a 2,48a 1,64b 89,38a 329,06a 35,54b

Ventilação e sem nebulização 3,71b 2,20b 1,68a 84,38b 268,11b 36,01a

Níveis de fitase (FTU/kg) na dieta

0 3,88 2,34 1,66 84,38 290,12 35,80

1000 3,81 2,32 1,65 87,50 301,40 35,86

2000 3,97 2,41 1,65 86,72 300,96 35,75

3000 3,89 2,33 1,67 88,28 300,44 35,88

4000 3,90 2,34 1,67 87,50 299,99 35,62

Valor de P linear 0,6340 0,9185 0,3830 0,3243 0,6648 0,5188 Valor de P quadrático 0,8404 0,6653 0,5541 0,5188 0,6498 0,5307

Valor de P da interação fitase x galpão 0,6870 0,8284 0,0670 0,7570 0,8859 0,3245

Coeficiente de Variação (%) 4,03 3,64 2,68 7,13 8,19 2,66 CR = consumo de ração; GP = ganho de peso; CA = conversão alimentar; VC = viabilidade da criação; IEP = índice de eficiência produtiva;

TMP = temperatura média da pele; FTU/kg = unidade de atividade de fitase por quilograma da dieta. Na mesma coluna, médias com letras

diferentes, diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05). 1Dietas com 80% de fósforo disponível do preconizado por Rostagno et al. (2011).

Welker et al. (2008) avaliando galpões com ventiladores associados ou não a nebulizadores,

observaram que a temperatura média corporal (TMC = 0,3 TMP + 0,7 T ºC retal) das aves

adultas que oscilam entre 41 a 42ºC, reduziu para 38,05ºC quando alojadas em aviários dotados

de ventiladores e nebulizadores e para 39,13ºC naqueles dotados apenas com ventiladores.

O ambiente que minimiza o estresse por calor, favorece a dissipação de calor nas aves, reduz o

dispêndio de energia para o equilíbrio homeotérmico, favorece o CR, aumenta a disponibilidade

de energia líquida para a síntese de tecido, proporcionando, consequentemente, maior GP e

melhor CA aos animais (Oliveira et al., 2006a; Oliveira et al., 2006b). A melhor condição

térmica proporcionado pelo ambiente com nebulização favoreceu a viabilidade da criação. O GP

e a VC majorados, associados a melhor CA, são responsáveis pelo maior IEP das aves alojadas

no galpão com nebulizadores.

Dietas com redução de 20% de Pd, suplementadas ou não com fitase, não influenciaram o CR,

GP, CA, VC, IEP e TMP (P>0,05). A ausência do efeito sobre as variáveis de desempenho

indica que o nível de Pd utilizado na dieta sem suplementação de fitase na fase de 1 a 41 dias

pode proporcionar o atendimento das exigências nutricionais em fósforo das aves.

Estes resultados estão de acordo com os de Oliveira et al. (2009) que não observaram

comprometimento nas variáveis de desempenho (CR, GP, CA e VC) em dietas com redução de

15% de Pd, suplementadas com fitase em comparação à dieta controle, para frangos de corte aos

42 dias de idade. Para Laurentiz et al. (2009), a redução de 58% de Pd na ausência de fitase ou

com 500 FTU/kg promove redução na viabilidade da criação, entretanto, para este mesmo nível

de Pd, a inclusão de 1000 FTU/kg equipara à VC das aves sob dieta controle. Por outro lado, a

redução de 39% de Pd com ou sem fitase não afeta a VC de frangos de corte na fase de 1 a 42

dias, porém, reduz o IEP na ausência de fitase, e os níveis de 500 ou 1000 FTU/kg o torna

semelhante ao da dieta controle.

O alojamento no galpão sem nebulização (Tab. 5) proporcionou às aves maior rendimento de

carcaça (P<0,05). Oliveira et al. (2006a) e Oliveira et al. (2006b), também verificaram este efeito

e inferiram que o aumento dessa variável foi devido a redução da massa das penas e órgãos

metabolicamente ativos nas aves mantidas em ambiente de maior calor, relataram ainda que

essas reduções constituem um ajuste fisiológico, na tentativa de melhorar a dissipação de calor e

reduzir a produção de calor corporal.

Tabela 5. Rendimento de carcaça, dos principais cortes e da gordura abdominal de frangos de corte aos 41 dias de idade, submetidos a dietas com fósforo disponível reduzido1, suplementadas com fitase, alojados em ambientes com

climatização diferente

Variáveis RCARC (%) RCX (%) RSCX (%) RPT (%) RGAB (%)

Galpões com

Ventilação e nebulização 82,80b 5,75a 6,78a 28,58a 1,87a

Ventilação e sem nebulização 84,17a 6,15a 6,93a 28,20a 1,83a

Níveis de fitase (FTU/kg)

0 82,89 5,95 6,79 26,90 1,94

1000 83,00 5,87 6,93 28,32 1,81

2000 84,11 6,08 6,86 28,18 1,64

3000 82,93 5,98 7,00 28,28 1,78

4000 84,34 5,89 6,68 30,28 2,07

Valor de P linear 0,1743 0,9794 0,8516 0,0360 0,6372

Valor de P quadrático 0,9008 0,7376 0,4575 0,7077 0,0576 Valor de P da interação fitase x galpão 0,6566 0,8683 0,4489 0,2655 0,2771

Coeficiente de Variação (%) 2,02 12,96 10,54 9,86 24,49 RCARC = rendimento de carcaça; RCX = rendimento de coxa; RSCX = rendimento de sobrecoxa; RPT = rendimento de peito; RGAB =

rendimento de gordura abdominal; FTU/kg = unidade de atividade de fitase por quilograma da dieta. 1

Dietas com 80% de fósforo disponível do

preconizado por Rostagno et al. (2011). Na mesma coluna, médias com letras diferentes, diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).

Os sistemas de climatização não influenciaram nos rendimentos de coxa (RCX), sobrecoxa

(RSCX), peito (RPT) e gordura abdominal (RGAB) (P>0,05), talvez por que o estresse térmico

não foi contínuo. Oliveira et al. (2006b) observaram aumento no rendimento de RCX e RSCX e

redução no RPT de aves aos 49 dias, mantidas em câmaras climáticas, expostas a 32ºC, em

comparação às aquelas alojadas em ambiente de conforto (21ºC). Entretanto, Oliveira Neto et al.

(2000) não observaram variação no RCX, RSCX e RPT de frangos de corte em ambientes de

23,3ºC e 32,3ºC aos 42 dias de idade, porém, constataram maior deposição de gordura abdominal

nas aves à 32,3ºC.

Assim como nas variáveis de desempenho, os rendimentos de carcaça, coxa, sobrecoxa e gordura

abdominal não foram influenciados (P>0,05) pelos níveis de fitase na dieta, entretanto, o

rendimento de peito melhorou linearmente, segundo a equação: ŷ = 27,0465 + 0,00067175x (R2

= 0,771; P<0,05). Oliveira et al. (2009), Gomide et al. (2011) e Silva et al. (2012) avaliaram

diferentes níveis de fitase, em dietas com fósforo disponível reduzido, e não observaram efeito

sobre essas variáveis, nem mesmo sobre o rendimento de peito. Contudo, Ahmad et al. (2004)

constataram que a suplementação de 1000 FTU/kg da dieta promoveu aumento no rendimento de

peito e redução na gordura abdominal.

Os diferentes ambientes não interferiram (P>0,05) na incorporação de Ca na carcaça das aves

(Tab. 6), todavia, o ambiente com nebulização proporcionou maior incorporação de PB (P<0,05)

e fósforo (P<0,05) em relação ao galpão equipado apenas com ventiladores. O incremento no CR

e no GP e a melhor CA justificam, em parte, a maior quantidade de PB incorporada na carcaça

das aves alojadas no galpão com nebulização, o que reforça a tese de que ambiente com condição

climática mais próxima da zona de conforto, para frangos de corte, minimiza o custo energético

dos ajustes fisiológicos para a termorregulação, e disponibiliza mais energia líquida para a

deposição protéica.

Tabela 6. Incorporação de proteína bruta, cálcio e fósforo na carcaça de frangos de corte de 1 a 41 dias de idade,

submetidos a dietas com fósforo disponível reduzido1, suplementadas com fitase, alojados em ambientes com

climatização diferente

Variáveis PB2 (g) Ca (g)2 P2 (g)

Ambientes

Galpão com ventilação e nebulização 320,48a 14,88a 9,39a

Galpão com ventilação e sem nebulização 296,51b 15,38a 8,19b

Níveis de fitase (FTU/kg) na dieta

0 306,19 13,76 8,23

1000 307,87 14,17 8,33

2000 314,15 15,56 9,31

3000 306,15 16,65 9,11

4000 308,10 15,58 8,95

Valor de P linear 0,9278 0,0781 0,1930

Valor de P quadrático 0,6200 0,4251 0,4009

Valor de P da interação fitase x galpão 0,1185 0,1905 0,2875

Coeficiente de Variação (%) 5,25 19,85 15,87 PB = proteína bruta; Ca = cálcio; P = fósforo; FTU/kg = unidade de atividade de fitase por quilograma da dieta.

1Dietas com 80% de fósforo

disponível do preconizado por Rostagno et al. (2011). 2Valores expressos com base na matéria seca. Na mesma coluna, médias com letras

diferentes, diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).

A maior deposição de proteína verificada na carcaça das aves do ambiente com nebulização pode

ter intensificado reações de síntese protéica, com aumento no dispêndio de energia na forma de

ATP, que para a sua síntese, necessitou de maior retenção de grupos fosfato, além, do possível

aumento na deposição de fosfoproteínas na carcaça, são aspectos que podem justificar a maior

incorporação de fósforo nas aves deste ambiente.

A elevação dos níveis de fitase nas dietas não interferiu na incorporação da PB, Ca e P (P>0,05)

na carcaça das aves aos 41 dias, estando coerente com os resultados obtidos no GP, RCARC e

rendimentos da maioria dos cortes, que também não foram influenciados pelos níveis de fitase.

Os teores de N, Ca e fósforo na cama de frangos de corte aos 41 dias foram influenciados

(P<0,05) pela climatização dos galpões (Tab. 7). Os maiores teores destes minerais foram

verificados na cama das aves do ambiente com nebulização, e o aumento em relação ao ambiente

sem nebulização, para estas variáveis, foi respectivamente, de 15,51%; 11,39% e 16,87%. Estes

efeitos podem está relacionados ao aumento do consumo de ração, que foi de 9,43% em relação

ao consumo das aves alojadas no galpão sem nebulização, o que proporcionou aumento na

ingestão desses minerais, e consequentemente, aumento na excreção.

Tabela 7. Teores de nitrogênio, cálcio e fósforo na cama de frangos de corte de 1 a 41 dias de idade, submetidos a

dietas com fósforo disponível reduzido1, suplementadas com fitase, alojados em ambientes com climatização

diferente

Variáveis N2 (%) Ca2 (%) P2 (%)

Ambiente

Galpão com ventilação e nebulização 2,83a 1,76a 0,97a

Galpão com ventilação e sem nebulização 2,45b 1,58b 0,83b

Níveis de fitase (FTU/kg) na dieta

0 2,78 1,55 0,88

1000 2,68 1,71 0,95

2000 2,65 1,68 0,88

3000 2,65 1,74 0,94

4000 2,50

1,64

0,87

Valor de P linear 0,1328 0,4881 0,7853

Valor de P quadrático 0,8936 0,2011 0,3770

Valor de P da interação fitase x galpão 0,8657 0,9238 0,6056

Coeficiente de Variação (%) 11,50 15,43 11,01 N = nitrogênio; Ca = cálcio; P = fósforo; FTU/kg = unidade de atividade de fitase por quilograma da dieta.

1Dietas com 80% de fósforo

disponível do preconizado por Rostagno et al. (2011). 2Valores expressos com base na matéria seca. Na mesma coluna, médias com letras

diferentes, diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).

As dietas suplementadas com diferentes níveis de fitase não afetaram (P>0,05) os teores de N,

Ca e P na cama das aves aos 41 dias de idade. Silva et al. (2006), em experimento com frangos

de corte aos 21 dias, e Silva et al. (2012) no período de 22 a 42 dias idade, também não

verificaram influência da fitase e dos níveis de Pd na dieta de frangos de corte sobre a excreção

de nitrogênio. É possível que a ausência de diferença no teor de nitrogênio na cama esteja

relacionada, em parte, à síntese de amônia a partir do ácido úrico, e sua volatilização para o

ambiente.

Segundo Silva et al. (2012), os resultados dos teores de cálcio na cama de frangos de corte, sob

dietas com diferentes níveis de Pd, contendo fitase, são bastante controversos, principalmente

devido ao equilíbrio cálcio e fósforo no organismo das aves. Para Laurentiz et al. (2009),

independentemente dos níveis de fitase, a redução dos níveis de Pd nas dietas de frangos de corte

aos 42 dias de idade, ocasionou redução no P das excretas, e a utilização de 500 e 1000 FTU/kg

elevou o P para quase todos os níveis de Pd (0,41%, 0,33% e 0,25%), com exceção do menor

nível (0,17% de Pd), no qual não foram verificados diferenças entre os níveis de fitase utilizados

(0, 500 e 1000 FTU/kg).

CONCLUSÕES

O uso de ventilação e nebulização nos aviários reduz a temperatura média da pele, melhora a

viabilidade da criação e as variáveis de desempenho de frangos de corte, além de aumentar a

incorporação de proteína bruta e fósforo na carcaça das aves, porém, eleva os teores de

nitrogênio, cálcio e fósforo na cama, em relação ao ambiente com apenas ventilação. A

suplementação com fitase até 4000 FTU/kg, em dietas com 80% dos níveis recomendados de

fósforo disponível, para frangos de corte na fase de 1 a 41 dias, aumenta o rendimento de peito.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq), pelo financiamento da pesquisa.

COMITÊ DE ÉTICA EM EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL (CEEA)

O protocolo de experimento animal está de acordo com CEEA e foi aprovado pelo comitê

de ética no uso de animais da Universidade Federal do Piauí pelo parecer nº 044/09.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estresse provocado pelo calor cíclico, comum nos sistemas de criação do nordeste

brasileiro, pode ser minimizado com o uso, nos aviários, de ventiladores associados à

nebulizadores. Esta condição climática reduz a temperatura média da pele das aves, melhora a

viabilidade da criação e as variáveis de desempenho de frangos de corte, além de aumentar a

incorporação de proteína bruta e fósforo na carcaça das aves.

A enzima fitase tem sido utilizada para aumentar a disponibilidade do fósforo fítico,

proteína e energia dos ingredientes das rações para monogástrico, bem como, de outros minerais,

entretanto para estes, os resultados são controversos. O incremento de energia e nutrientes

disponibilizados pela fitase deve ser considerado na formulação das rações, caso contrário, os

benefícios do uso da enzima serão pequenos ou inexistentes.

A suplementação de fitase às dietas com redução de fósforo disponível reduz a proporção

de resíduo mineral na cama por unidade de peso vivo, sem comprometer o desempenho na fase

inicial, contribuindo para a redução da capacidade poluente da cama de frangos de corte, prática

ecologicamente correta, pois minimiza o impacto ambiental.

Diante do exposto, e considerando os benefícios propiciados pela fitase, é relevante a

recomendação de mais estudos para determinar os níveis de redução apropriados de proteína,

aminoácidos, energia, fósforo, cálcio e demais minerais nas rações em cada fase de criação das

aves, quando da suplementação dietética de fitase ou complexo enzimático contendo fitase,

disponíveis no mercado, sobretudo nas condições de criação no nordeste brasileiro.

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