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1 Capítulo 1 - Promovendo a saúde nos ambientes de convívio social e profissional Apresentação O capítulo a seguir pretende instigá-lo a pensar e agir sobre Saúde, fornecendo elementos para que possa compreender a saúde como um fenômeno complexo, que vai além do aspecto biológico. Na Contextualização e Mobilização, vamos apresentar diversos temas afins da saúde, como sexualidade, saúde sexual e uso de álcool, drogas e tabaco, fornecendo um panorama geral sobre os temas, com a finalidade de dar um "pontapé inicial" para suas pesquisas. Em Atividades de Aprendizagem e Desenvolvimento das atividades de aprendizagem, vamos fornecer informações sobre os pré-requisitos para a Saúde, tendo como ponto de partida o conceito de Promoção da Saúde. Na Análise e avaliação da situação de aprendizagem, você vai conhecer um pouco mais sobre como podemos realizar um diagnóstico de saúde em nossas comunidades e quais indicadores podemos usar para avaliar a efetividade de nossas ações. Em Outras referências, será apresentada a fundamentação teórica básica para a compreensão da Saúde e seus elementos. No item Síntese e aplicação, você receberá informações sobre como desenvolver um Projeto de Saúde com foco na sua saúde pessoal, considerando todo conhecimento que desenvolveu ao longo dessa situação de aprendizagem. 1. Contextualização e Mobilização Se procurarmos pelo significado da palavra Saúde no Google®, iremos encontrar as mais diversas definições, desde as mais simples - saúde é ausência de doenças - até as mais complexas, que consideram aspectos biológicos, sociais, psíquicos e espirituais como elementos da Saúde e do "estar saudável". O conceito de Saúde pode ser analisado sob vários pontos de vista e aceita diferentes e inúmeras definições, que serão nosso tema de estudo nas próximas páginas. Pensar sobre Saúde é pensar sobre nossa vida, das pessoas que nos rodeiam, da sociedade e na vida do planeta! Pensar Saúde é ir além das relações com o nosso corpo,

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Capítulo 1 - Promovendo a saúde nos ambientes de convívio social e profissional

Apresentação

O capítulo a seguir pretende instigá-lo a pensar e agir sobre Saúde, fornecendo

elementos para que possa compreender a saúde como um fenômeno complexo, que vai

além do aspecto biológico.

Na Contextualização e Mobilização, vamos apresentar diversos temas afins da

saúde, como sexualidade, saúde sexual e uso de álcool, drogas e tabaco, fornecendo um

panorama geral sobre os temas, com a finalidade de dar um "pontapé inicial" para suas

pesquisas.

Em Atividades de Aprendizagem e Desenvolvimento das atividades de

aprendizagem, vamos fornecer informações sobre os pré-requisitos para a Saúde, tendo

como ponto de partida o conceito de Promoção da Saúde.

Na Análise e avaliação da situação de aprendizagem, você vai conhecer um pouco

mais sobre como podemos realizar um diagnóstico de saúde em nossas comunidades e

quais indicadores podemos usar para avaliar a efetividade de nossas ações.

Em Outras referências, será apresentada a fundamentação teórica básica para a

compreensão da Saúde e seus elementos.

No item Síntese e aplicação, você receberá informações sobre como desenvolver

um Projeto de Saúde com foco na sua saúde pessoal, considerando todo conhecimento

que desenvolveu ao longo dessa situação de aprendizagem.

1. Contextualização e Mobilização

Se procurarmos pelo significado da palavra Saúde no Google®, iremos encontrar as

mais diversas definições, desde as mais simples - saúde é ausência de doenças - até as

mais complexas, que consideram aspectos biológicos, sociais, psíquicos e espirituais como

elementos da Saúde e do "estar saudável".

O conceito de Saúde pode ser analisado sob vários pontos de vista e aceita

diferentes e inúmeras definições, que serão nosso tema de estudo nas próximas páginas.

Pensar sobre Saúde é pensar sobre nossa vida, das pessoas que nos rodeiam, da

sociedade e na vida do planeta! Pensar Saúde é ir além das relações com o nosso corpo,

2

mas refletir também sobre como a qualidade de vida e a forma como a sociedade

funciona e pode nos levar a estados saudáveis ou de adoecimento.

Vivendo bem consigo mesmo

Um dos aspectos da saúde é saúde individual, que pode ser expressa pelo auto-

cuidado. O auto-cuidado é o cuidado que temos conosco, e ele mostra para as outras

pessoas a quantas anda nossa auto-estima.

Você já deve ter passado pela seguinte situação: estar num ônibus lotado, logo de

manhã e alguém ao seu lado com mau cheiro, com roupas sujas e todo descabelado. Se já

passou por isso, tente lembrar qual a primeira coisa que veio à sua cabeça. Muito

provavelmente, você inconscientemente se afastou e sentiu certo nível de repulsa, para

depois pensar sobre o que levou a pessoa a sair de casa daquela maneira.

A apresentação pessoal é um fator muito importante para a aceitação social, e ela

passa por muitas coisas, desde sua higiene pessoal até a forma como se comporta com as

pessoas. E sermos aceitos pelo nosso grupo social reflete diretamente em nossa saúde

mental.

Apresentar-se de forma adequada também significa estarmos bem vestidos, de

acordo com cada ocasião. Não confunda estar bem vestido com usar roupas caras, estar

bem vestido é estar limpo, com roupas que reflitam sua personalidade e seu estilo (o

famoso "quê" a mais, que te diferencia de forma positiva das outras pessoas).

O cuidado com nosso corpo ajuda na manutenção de nossa saúde e a higiene

pessoal é o primeiro passo para uma vida saudável. Para mantermos nossa higiene não é

preciso mais do que água, sabão, um pente e uma escova de dentes!

Quem nunca se sentiu o máximo depois de acordar todo desmantelado e ver no

espelho a transformação que pentear os cabelos e escovar os dentes faz com uma

pessoa?

Dormir bem, participar de atividades de lazer, exercitar-se e ter uma alimentação

saudável também são formas de manter sua saúde. Todas essas coisas refletem o seu

jeito de ser e na sua apresentação pessoal.

Portanto, o auto-cuidado ajuda a mostrar para o mundo o quanto gostamos de

nós e nos respeitamos!

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A sexualidade e a vida

Muito se fala em sexo em nossa sociedade, mas pouco se fala sobre as questões

mais profundas que envolvem a sexualidade! Afinal, o que é essa tal sexualidade?

Quando falamos sobre sexualidade, logo a ligamos a sexo, ao erotismo, mas ela é

muito mais que isso! A sexualidade é parte da vida, que não pode ser separada das outras

partes, vejamos a definição da Organização Mundial da Saúde1 (OMS):

“A sexualidade é um aspecto central do ser humano ao longo da vida e inclui o

sexo, gênero, identidades e papéis, orientação sexual, erotismo, prazer,

intimidade e reprodução. A sexualidade é experienciada e expressa através de

pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos,

práticas, papéis e relações. Embora a sexualidade possa incluir todas estas

dimensões, nem sempre elas são todas experienciadas ou expressas. A

sexualidade é influenciada pela interação de fatores biológicos, psicológicos,

sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos, legais, históricos, religiosos e

espirituais” (2002).

Essa definição nos apresenta que entre nascer, crescer e morrer existe uma

infinidade de acontecimentos relacionados a nossa sexualidade: o amor e o afeto, as

relações entre as pessoas, a aceitação social das diversas formas de expressão da

sexualidade, o sexo e uma quantidade infindável de emoções e sentimentos sobre nós e

o mundo à nossa volta.

Viver a sexualidade de forma plena tem sido um desafio na história da

humanidade, pois a maneira como a sociedade é concebida influencia diretamente na

expressão da sexualidade das pessoas. Para garantir essa vivência livre de violência e

discriminação, discute-se hoje sobre os Direitos Sexuais, um recorte aprofundado dos

Direitos Humanos.

1 A OMS é um órgão internacional que congrega vários países do mundo ao redor das discussões sobre

saúde. Ele auxilia os países a desenvolverem políticas públicas nessa área, além de realizarem pesquisas e

recomendações para melhorar a saúde dos povos do mundo.

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Entre esses direitos, se encontram o direito à saúde, a integridade corporal e

autonomia, a não discriminação, a ter ou não filhos, entre outros (WAS, s/d). Vamos

pensar em nosso tempo, onde, apesar de todo avanço filosófico e tecnológico, pessoas

ainda são agredidas na rua ou assassinas por terem coragem de viver sua sexualidade de

forma aberta: existe respeito aos Direitos Sexuais? O preconceito sexual é uma realidade

em nosso país e no mundo, gerando violência de forma contínua.

Para refletir sobre o assunto, leia a notícia

Violência homofóbica: Brasil tem 5 denúncias por

dia, mas números reais são muito maiores, diz

relatório, de Ana Beatriz Rosa, no site HuffPost

Brasil, que apresenta os números da violência

homofóbica no país, no link

<http://www.brasilpost.com.br/2016/02/26/relatori

o-homofobia_n_9330692.html>.

Outras vítimas da violência ligada à sexualidade são as mulheres. Apesar de

maioria da população mundial, mulheres são consideradas uma minoria, por não terem

seus direitos reconhecidos em muitas partes do mundo. O machismo, visão do mundo

que considera o homem superior à mulher e que delega a essa uma posição subalterna na

sociedade, é uma realidade no mundo moderno. Para constatar a diferença com que se

tratam homens e mulheres, basta observar o cotidiano: quantas mulheres possuem

cargos de chefia em grandes empresas, quantas são políticas, quantas são policiais?

Quantas mulheres são surradas e assassinadas por serem consideradas posse dos

homens?

Para refletir um pouco mais sobre como o machismo está vivo em nossa

sociedade, assista a palestra da Valeska Zanello, Por Que Xingamos Homens e Mulheres

de Modo Diferente?, ministrada na Universidade de Brasília, disponível no link

<https://www.youtube.com/watch?v=6kCoRgdeNNc>. Ela dá o quê pensar sobre como o

machismo está incrustado em nosso cotidiano!

Toda situação de desigualdade entre as pessoas resulta em piores níveis de saúde

nas populações, sendo assim, combater o preconceito e discriminação em todas as suas

formas é condição primordial para se manter a saúde da sociedade na qual vivemos.

Homofobia significa aversão

irreprimível, repugnância, medo, ódi

o, preconceito que algumas pessoas,

ou grupos nutrem contra

os homossexuais, lésbicas, bissexuais

e transexuais

Fonte: Significados. Disponível em:<

https://www.significados.com.br/homofo

bia/>.

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A saúde e o sexo

Cada etapa da vida nos apresenta novidades, e o sexo é uma delas! Desde

pequenos somos curiosos para saber se o corpo do outro é diferente, o que é ser menina

ou menino, porque temos sensações boas quando nos tocamos (sozinhos e

acompanhados) e um monte de outras curiosidades.

Pense na nossa sociedade - para onde olhamos, vemos sexo: nos programas de

televisão, nas revistas, nos outdoors, na música! Transar e gozar são palavras ditas e

reditas, e ficam girando na nossa cabeça! Curtição, curtição, curtição! E daí, um casal de

amigos próximos aparece grávido com 16 anos, outro amigo está com AIDS aos 18 anos,

outra colega está com uma doença sexualmente transmissível (DST)... O que fazemos com

isso? Sexo é só curtir o momento, sem pensar no depois? Qual a resposta para ajudar a

entender essas situações?

Para responder a essas perguntas não existem fórmulas, mas você não pode

esquecer que nossa saúde depende também de como vivemos nossa sexualidade.

A ciência pode nos ajudar a responder parte das perguntas, quando ela indica

quais cuidados podemos tomar para ter uma vida sexual saudável, como usar

preservativo em todas as relações sexuais, reduzindo o risco da transmissão de doenças e

de uma gravidez não planejada.

Entre os direitos das pessoas em relação à sexualidade e ao

sexo, temos os Direitos Reprodutivos, e entre eles estão os direitos

ao acesso aos serviços de saúde e a melhor informação disponível

para que possam escolher como será sua família, se querem ou não

ter filhos, com quem querem ter filhos entre outras escolhas a

respeito da formação da família. Além do acesso a informação, os

direitos reprodutivos garantem também que as pessoas tenham

acesso a métodos contraceptivos que melhor se adequem ao seu estilo de vida: métodos

de barreira (preservativos femininos e masculinos), contracepção oral (anticoncepcionais)

ou métodos definitivos (esterilização feminina e masculina - vasectomia).

As ciências do comportamento também nos indicam que para viver a sexualidade

de uma forma saudável é preciso ouvir com atenção nosso coração e vontades sobre

Acesse o link

https://www.youtube.com/

watch?v=PwfjoNcJPjQ e

assista ao vídeo Qual é?

Sem camisinha não Rola!

para pensar um pouco mais

sobre o uso de

preservativos!

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como nos comportar em relação ao sexo, pois essa "escuta do eu" nos ajuda a tomar

decisões saudáveis, que protegem nossa saúde física e mental.

A palestra Vamos falar sobre sexualidade?, com Leandro Ramos, traz algumas

questões interessantes para pensarmos sobre sexualidade. Está disponível no canal TED

Talks, no link:<https://www.youtube.com/watch?v=Rm2AoxyM_7c>.

Além disso, ter um projeto de vida, um plano para nosso futuro vai nos ajudar a

tomar decisões em relação a nossa sexualidade que não colocarão nosso futuro em risco!

O site Vivendo a Adolescência: <http://www.adolescencia.org.br/> pode ajudar

você em suas pesquisas sobre sexualidade e saúde!

O uso e abuso de álcool, tabaco e outras drogas

Durante nossa vida, em vários momentos, entramos em contato com drogas ou

pessoas sob o efeito dessas substâncias. O álcool, o tabaco e outras drogas sempre

estiveram presentes na vida humana, e são usados de forma diferente por várias pessoas

e grupos sociais.

Estudos mostram que o primeiro contato e o uso de álcool e drogas acontece

entre pré-adolescência e adolescência, e apontam que nessa fase muitos adolescentes já

fizeram uso de substâncias e parte expressiva faz uso contínuo. Estudos apontam que

álcool e tabaco são as substâncias mais usadas por adolescentes, e o uso de outras

drogas, como inalantes, maconha, crack e cocaína tem uma tendência de aumento de

consumo (MARQUES, CRUZ, 2000). Mais dados sobre o consumo de drogas entre

adolescentes podem ser encontrados no site do Centro Brasileiro de Informações sobre

Drogas Psicotrópicas < http://www.cebrid.epm.br/index.php>.

Cabe dizer que o consumo de álcool e outras substâncias na adolescência causa

mudanças tanto na estrutura cerebral quanto na psíquica, isto é, o cérebro passa a se

"acostumar" com as substâncias, aumentando o risco de desenvolvimento de

dependência química. Estar sob efeito contínuo de substâncias também pode alterar a

personalidade.

As pessoas podem fazer uso de álcool e substâncias de vários modos, desde nunca

experimentar até uso frequente e prejudicial. Veja a classificação de consumo no site do

CEBRID, que apresenta essa classificação segundo a OMS:

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<http://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/quest_drogas/classific_uso.htm>.

Nem sempre o uso de álcool e drogas leva a um padrão de dependência química,

basta olhar ao redor e veremos inúmeras pessoas que usam essas substâncias sem

problemas em sua vida.

O desenvolvimento da dependência é resultado da interação de três principais

fatores: personalidade, ambiente e efeito da substância sobre o sistema nervoso.

Portanto, é muito difícil predizer quando um usuário leve

se tornará um dependente.

O abuso de álcool e drogas é um grande

problema de saúde pública na atualidade, não só no

Brasil, e para atuar de forma preventiva frente a esse

quadro, é preciso que a sociedade ofereça condições de

vida digna para as pessoas, pois apenas vivendo bem e com oportunidades, as pessoas

terão habilidades para fazer escolhas saudáveis para suas vidas.

2. Atividades de aprendizagem

A Saúde da coletividade, da sociedade como um todo é resultado direto das

condições e qualidade de vida das populações. São considerados recursos fundamentais

para a saúde: Paz – Habitação – Educação – Alimentação – Renda – Ecossistema estável

– Recursos sustentáveis – Justiça social e Equidade (AMS, 1986).

Esses requisitos são apresentados juntamente com o conceito de Promoção da

Saúde, que vai além da Prevenção de doenças, tão conhecida de todos nós. A Promoção

da Saúde traz uma visão positiva da saúde, vendo-a como resultado do esforço conjunto

das pessoas e sociedade por um mundo mais justo, com

menos desigualdade, onde todos possam ser capazes de

viver bem e fazer escolhas saudáveis para si e seu grupo

social.

Para viver bem é preciso que as pessoas tenham

acesso aos requisitos básicos, pois somente morando com

dignidade, tendo acesso a alimentos de boa qualidade e a

preços justos, estudando em boas escolas, trabalhando em locais seguros e com um

Equidade é um conceito

relacionado com a igualdade de

direitos e justiça social. Diferente

da igualdade, considera que

devemos oferecer mais a quem

precisa mais, equiparando as

pessoas em condições sociais

diferentes.

Assista à palestra do Prof. Dartiu

Xavier para saber mais sobre o uso

de drogas e exclusão social no

https://www.youtube.com/watch?

v=n6Vg1NVzN7Q

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salário decente, além do acesso a cuidados de saúde é possível desenvolver habilidades

que nos permitam escolher formas de vida saudáveis.

Para pensar sobre os diversos requisitos para a Saúde, assista ao documentário Muito

além do peso, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=0v8ENF-lomI>. Reflita como

uma questão que parece banal, como a alimentação das crianças, pode ser apresentada de forma

complexa. Nesse documentário, podemos observar como os vários pré-requisitos para a saúde

interagem para produzir ou não o adoecimento, tanto individual quanto coletivo.

Agora, pensando no que leu, observe a ilustração a seguir.

Esses personagens estão saudáveis? Eles têm qualidade de vida? Socialmente,

estão protegidos? Pensando nisso tudo, fica fácil perceber que não ter doenças é apenas

uma parte de ter saúde!

As pessoas devem ter acesso a condições de vida mínimas, para que elas possam,

a partir daí, construir sua própria saúde e de sua comunidade.

Pense em uma favela em uma grande cidade: quais os pré-requisitos de saúde que

as pessoas dessa comunidade possuem? É possível que elas possam buscar saúde tendo

um baixo nível de acesso aos serviços de saúde, renda, habitação digna, entre outros pré-

requisitos? Pesquise mais sobre esses pré-requisitos na internet para poder responder a

essas perguntas.

Outro importante requisito para a Saúde é a Paz. Os conflitos armados no mundo

atual destroem países e comunidades inteiras ficam sem condições para Saúde, pois

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guerras além de destruir a alma das pessoas, destroem toda a infraestrutura das cidades,

impossibilitando que as pessoas vivam dentro da normalidade. Você pode saber quais são

os conflitos armados que estão acontecendo no mundo na página da Wikipedia,

<https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_conflitos_em_curso>. Além das guerras, a

violência urbana tem sido outro fator que impede que muitas pessoas tenham saúde, ou

porque foram vítimas diretas da violência ou por viverem com medo.

"A gente não quer só comida

A gente quer a vida

Como a vida quer[...]"

Letra da música Comida, da banda Titãs.

3. Desenvolvimento da atividade de aprendizagem

Para atuar de forma ativa em nosso meio social em relação à qualidade de vida e

busca por melhores condições de vida, é crucial não esquecermos que fazemos parte de

diversos grupos: família, escola, trabalho, religião, vizinhança, enfim, de uma

comunidade. A participação social na construção da saúde não é só desejável, mas

imprescindível!

As pessoas, grupos sociais e comunidades podem agir ativamente na busca de sua

saúde, com ou sem a participação de profissionais ou serviços de saúde, aplicando seu

conhecimento prévio para conhecer os problemas de saúde de sua região e planejando

coletivamente ações de enfrentamento. Aqui, você vai aprender como fazer um

planejamento de uma ação coletiva em seu meio social para resolver situações que

podem interferir de forma negativa na saúde das pessoas.

3.1 Planejando ações de intervenção para problemas de saúde de uma comunidade

O Planejamento pode ser compreendido como a ação que precede a ação, ou seja,

pensar com antecedência sobre como a ação deve acontecer.

O planejamento também ajuda a mobilizar vontades. A identificação dos

problemas e dos meios de superá-los eleva a consciência sanitária das pessoas,

facilitando a mobilização política dos interessados pela questão saúde (PAIM,

2006).

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No planejamento devem-se definir os objetivos, metas, as atividades que serão

realizadas, os responsáveis de cada atividade e recursos necessários. Quando planejamos

algo, estamos respondendo à pergunta: o que deve ser feito?

Dentre os diversos métodos que ajudam a planejar uma ação, vamos usar aqui o

modelo do Planejamento Estratégico Situacional (PES), que está modificado do original

para facilitar sua aplicação. Assista ao vídeo SUS - Planejamento Estratégico, disponível

em <https://www.youtube.com/watch?v=R_xyzpgqk5Q> para ter uma visão geral sobre o

assunto.

Os passos para a construção de PES e que garantem um planejamento de

qualidade são (CECÍLIO, 2000):

1. Definir claramente quem planeja.

2. Ter bem clara qual a missão do grupo ao qual está(ão) vinculada(s) a(s) pessoa(s)

que formula(m) o plano.

3. Formular bem o(s) problema(s) que será(ão) enfrentado(s) pelo plano

4. Descrever bem o problema que se quer enfrentar.

5. Entender a gênese do problema, procurando identificar as suas causas.

6. Desenhar um plano de ação e operações para enfrentar os nós críticos [alteração

da autora].

7. Analisar a viabilidade do plano e/ou organizar-se para criar a sua viabilidade.

8. Executar as ações [alteração da autora]

9. Avaliar os resultados [alteração da autora]

Vamos ver com mais detalhes como cada passo pode ser desenvolvido.

Passos 1, 2, 3, 4 e 5 Identificando problemas de saúde em uma comunidade

Identificar problemas e pensar em formas de resolvê-los em grupo fortalece as

ações e aumenta a responsabilidade e adesão das pessoas às mudanças. Muitas vezes, a

visão de um é diversa do outro, sendo preciso chegar a um consenso sobre quais serão as

formas de atuação.

Estratégias para identificação de problemas de saúde em uma comunidade são

velhas conhecidas dos profissionais de saúde, que usam ferramentas de diversas ciências

para chegar a um diagnóstico da situação de saúde.

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Para as pessoas e comunidades, não são necessárias todas essas ferramentas para

se definir o diagnóstico de saúde: a observação aguçada da vizinhança e reuniões

comunitárias são ferramentas vitais, pois as pessoas vão falar sobre aquilo que vivem,

tornando o diagnóstico vivo, parte da comunidade. Reuniões são a primeira ferramenta

para se identificar problemas que podem ser resolvidos pela comunidade.

Para aprender como organizar uma reunião comunitária, você pode assistir ao

vídeo Como Fazer uma Boa Reunião Comunitária, do Instituto Elos Brasil, disponível em

<https://www.youtube.com/watch?v=t6Siqj6i7l0>.

As pessoas também podem buscar informações sobre sua região na internete e na

Unidade Básica da Região, que conta com um perfil de adoecimento da região sob sua

responsabilidade.

Depois do diagnóstico pronto, o grupo deve eleger suas prioridades de ação,

aquilo que é mais importante, pois muitos problemas vão aparecer e não será possível

lidar com todos de uma só vez. Mas em saúde TUDO é prioridade! Será? Pense no

seguinte exemplo: você está com uma dor de dente insuportável e uma unha encravada

que está ali há anos. Qual dessas dores você vai escolher para cuidar primeiro?

Provavelmente, escolheu a dor de dente, pois ela simplesmente é capaz de deixar você

louco!

Frente a um diagnóstico de saúde, podem-se adotar diversos critérios para avaliar

se o problema é ou não prioridade, mas podemos simplificar esse processo usando

algumas perguntas que vão nos ajudar a definir as prioridades:

O problema acontece em muitos locais? É de grande intensidade e impacto na

vida da comunidade?

A comunidade pode atuar frente ao problema ou não tem condições de abordá-

lo?

Qual a sensação das pessoas e comunidade frente ao problema? Estão pouco ou

muito incomodadas?

Essas três perguntas podem auxiliar na definição da prioridade. Depois de

definidas as prioridades de ação, parte-se para o planejamento das atividades que irão

ajudar a sanar o problema.

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4. Análise e avaliação da situação de aprendizagem

Para fazer a avaliação do planejamento, vamos detalhar os passos 6 e 7 do

Planejamento estratégico situacional.

Passos 6 e 7 - Os nós críticos e viabilidade do plano

Depois de bem definido o problema, a hora é de fazer um plano de ação, isto é,

desenhar as ações que serão executadas, apontando o que será feito, quando, por quem,

quais os recursos necessários e os resultados que se pretende alcançar. Pode-se montar

uma tabela simples mostrando cada passo do plano.

Ao montar o plano é preciso prever quais serão as situações que podem impedir

ou dificultar o desenvolvimento do plano. Durante a discussão, todos os participantes do

planejamento podem indicar os nós críticos e sugerir formas de contorná-los, seguindo a

mesma lógica do plano de ação: quais são os nós, propostas de resolução e responsáveis

para cada situação.

Analisar a viabilidade do plano, o quanto ele é passível de se executado, é outra

fase importante do planejamento. Entre os itens importantes para a análise da viabilidade

estão o questionamento sobre a capacidade do grupo para executar a ação (esse grupo

realmente possui ferramentas para fazer o que se espera?) e o acesso do grupo às

ferramentas necessárias para a execução (conhecimento do que vai ser tratado, recursos

financeiros/materiais/humanos para realizar cada ação do plano). Para saber mais sobre

viabilidade, leia o artigo O quê é viabilidade, de Marcos Enes em

<http://projetoseti.com.br/o-que-e-viabilidade-parte-1/>.

Passos 8 e 9 - Executar e avaliar os resultados

Depois de tudo planejado, a ação deve ser executada. Durante e após a execução,

é preciso avaliar os processos e resultados das ações planejadas, o que é sempre

essencial, pois a avaliação permite identificar precocemente problemas na execução do

plano e realizar ações corretivas (quando a avaliação é feita durante o processo de

execução) e melhorar a execução de planos futuros, além de possibilitar a verificação do

alcance de resultados. As avaliações podem ser realizadas de forma simples, a partir de

algumas perguntas norteadoras:

O objetivo foi alcançado? O problema foi sanado ou parcialmente resolvido?

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Quais foram as dificuldades encontradas pelo grupo para executar as atividades

planejadas? Como as dificuldades foram eliminadas/contornadas?

Como o grupo se sente frente aos resultados alcançados?

Também podem ser utilizados indicadores no processo de avaliação. Segundo

MINAYO (2009) "Os indicadores constituem parâmetros quantificados ou qualitativos

que servem para detalhar se os objetivos de uma proposta estão sendo bem conduzidos

(avaliação de processo) ou foram alcançados (avaliação de resultados)".

Os indicadores podem avaliar o impacto (o quanto se alcançou do resultado

previsto e qual sua contribuição para a sociedade), efetividade (se as coisas que foram

feitas foram úteis em longo prazo), operacionais (se cada momento da execução do plano

foi realizado da melhor forma) e de desempenho (se cada ação executada tinha como

referência o objetivo final).

Conheça o projeto Varre Vila, organizado pelos moradores da Zone Leste de São

Paulo <https://www.youtube.com/watch?v=aihDpIpBmPc> e veja como projetos simples

trazem grandes mudanças!

5 Outras referências

A Saúde por ser definida de várias formas. Para Ferrara e colaboradores (BRÊTAS,

RATTO, 2006), a saúde é concebida como "o contínuo agir do ser humano ante o universo

físico, mental e social em que vive, sem regatear um só esforço para modificar,

transformar e recriar aquilo que deve ser mudado". Então, saúde não é uma coisa que se

tem ou não, mas algo que se pode construir, como pessoa e como sociedade.

A Saúde da coletividade e a individual têm uma íntima relação, pois o ser humano

não vive isolado, ele é um ser social, que precisa interagir com outros humanos para

enriquecer sua vida intelectual, espiritual e emocional. Portanto, se os humanos vivem

em grupos sociais, esses grupos também podem estar saudáveis ou adoecidos. Esse é o

ponto de vista da Saúde coletiva: uma sociedade saudável não é apenas a soma de vários

indivíduos saudáveis, mas uma sociedade que consegue um equilíbrio, mesmo que

existam pessoas adoecidas em seu seio.

Leia um trecho do livro Germinal, escrito pelo francês Émile Zola, em 1881:

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"[...] Depois de tossir, a garganta escoriada por um rascar profundo, escarrou

para o lado do fogo e a terra enegreceu.

Etienne olhou-o para em seguida examinar a nódoa no chão:

- Há muito tempo que você trabalha na mina?

Boa-morte abriu muito os braços:

- Ah! Sim... há muito tempo. Não tinha ainda oito anos quando desci, imagine,

justamente na Voreux, e agora tenho cinquenta e oito [...] Isso até o momento

em que tiveram que me tirar lá de baixo porque o médico disse que um dia eu

não voltaria mais [...]." (ZOLA, 1979, p. 15)

Esse livro descreve a dura vida dos trabalhadores nas minas de carvão na França

do século XIX. Podemos perceber que a situação de saúde do personagem Boa-morte

deve estar relacionada ao seu trabalho. Agora, imagine quantos Boa-morte não

trabalhavam em minas de carvão, com as mesmas condições de trabalho? É bem possível

que a comunidade de mineiros tivesse os mesmo problemas de saúde!

Logo após a Segunda Guerra Mundial, a OMS definiu saúde como um estado de

completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e

enfermidades. Bastante utópico, não? É possível ser completo como ser humano? Para a

filosofia, a incompletude faz parte de nós, que estamos sempre em busca de novas

formas de preencher nossas vidas.

Mas, essa definição tem seus méritos, pois pela primeira vez relaciona saúde com

questões mais amplas que o simples desequilíbrio do nosso organismo, transcendendo a

questão para além do corpo físico. O documento conhecido como "Carta de Ottawa"

(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf) fala sobre a necessidade

de se promover saúde para as populações e discorre sobre estratégias para que os países

possam ajudar no desenvolvimento de sociedades nas quais todos possam ter seu direito

à Saúde garantido.

Mas o que é Promoção da Saúde? De forma simples, promover saúde é capacitar

pessoas e comunidades para cuidarem de si, dos outros e da sua comunidade como um

todo, participando também das discussões sobre o sistema de saúde que se quer e que se

tem, bem como da gestão desse sistema.

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Outro enfoque da Promoção está centrado na pessoa e no desenvolvimento de

suas habilidades para manter um estilo de vida saudável, capaz de manter sua saúde ou

recuperá-la de forma plena após o adoecimento.

A Promoção da Saúde se diferencia da famosa Prevenção

de Doenças por ser um conceito positivo, com foco no

empoderamento das pessoas e comunidades para cuidarem de si,

com o Estado cumprindo seu papel de provedor de serviços e

gestor do sistema de saúde.

A Prevenção de Doenças tem o foco em estratégias e

maneiras de se evitar determinadas condições mórbidas, por

exemplo, quando ensinamos higiene a uma criança, estamos

ajudando a prevenir doenças. Já, quando trabalhamos com a auto-

estima de uma criança, de forma geral estamos empoderando-a

para que possa tomar boas decisões para si no futuro,

independente se isso irá prevenir doenças ou não.

A Promoção de Saúde prevê a participação ativa das pessoas e

comunidades no processo de busca pela saúde e qualidade de

vida, e também salienta, pautada no conceito de Saúde, que as

ações de saúde devem ser intersetoriais, isto é, devem envolver não apenas o setor

Saúde, mas a sociedade como um todo: a economia, a ecologia, a infraestrutura, entre

outros setores.

A Promoção da Saúde também visa à redução das desigualdades sociais. Nossa

sociedade hoje possui um abismo entre os mais ricos e os mais pobres, no Brasil 1% da

população mais rica detém 27% das riquezas do país (MILÁ, 2015). A distribuição de

riquezas impacta diretamente na saúde da população, pois menos dinheiro quer dizer

menos acesso a educação de qualidade, aos serviços de saúde, a medicamentos e a

conhecimento de formas mais saudáveis de viver.

Assista ao vídeo Promoção da saúde conceitos, reflexões, tendências no link

https://www.youtube.com/watch?v=iFdRj5BIRS8 para aprofundar seu conhecimento.

6. Síntese e aplicação

Empoderamento é a ação social coletiva de participar de debates que visam potencializar a conscientização civil sobre os direitos sociais e civis. Esta consciência possibilita a aquisição da emancipação individual e também da consciência coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política

Fonte:

https://www.significados.c

om.br/empoderamento/ht

tps://www.significados.co

m.br/empoderamento/

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Agora, você vai pensar em Promoção da Saúde para sua vida! O que acha de fazer

um Projeto de Saúde só seu, com a sua cara e suas necessidades?

Faça o seguinte exercício: pense sobre cada um dos aspectos da saúde que foram

apresentados até agora e responda as perguntas:

a. Como estou hoje em relação a esse aspecto?

b. Qual será meu objetivo para mudar de forma positiva esse aspecto?

c. Quais estratégias vou usar para alcançar esses objetivos?

Relembrando os aspectos:

Auto-cuidado (apresentação pessoal, higiene, prática de exercícios físicos, lazer);

Sexualidade e sexo (direitos sexuais e reprodutivos, vida sexual saudável);

Uso e abuso de álcool, tabaco e outras drogas;

Pré-requisitos para a saúde (paz, educação, trabalho, justiça e equidade, habitação,

renda, ecossistema estável e recursos sustentáveis).

Para deixar seus objetivos mais concretos, trace metas para cada um deles, isto é,

divida o objetivo em etapas e defina prazos e resultados que espera alcançar. Por

exemplo, se o objetivo for fazer sexo seguro, você terá que definir a partir de quando - da

próxima relação; e qual a meta - usar preservativo em todas as relações!

Planejar o quê queremos da vida e como chegaremos lá nos ajuda a colocar o

mundo em perspectiva e pavimentar nossos caminhos para uma vida adulta saudável!

1.5 Referências

AMS. Assembleia Mundial de Saúde . Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, Ottawa, novembro de 1986. Disponível em: <http://cmdss2011.org/site/wp-content/uploads/2011/07/Ottawa.pdf>. Acessado em: 10 dez. 2016. BRÊTAS, A.C.P.; RATTO, M.L.R. Saúde, doença e adoecimento. In: BRÊTAS, A.C.P.; GAMBA, M.A. (Orgs.). Enfermagem e Saúde do Adulto. Barueri: Manole, 2006. (Série Enfermagem). CECÍLIO, L.C.O. Uma sistematização e discussão de tecnologia leve de planejamento estratégico aplicada ao setor governamental. In: Curitiba. Prefeitura Municipal de Curitiba. Instituto Municipal de Administração Pública. Planificação Estratégica: o método do Planejamento Estratégico Situacional - PES. Curitiba: IMAP, 2000 28p

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MARQUES, Ana Cecília Petta Roselli; CRUZ, Marcelo S. O adolescente e o uso de drogas. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 22, supl. 2, p. 32-36, Dec. 2000 . Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600009&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 15 dez. 2016. MILÁ , M.M. Income Concentration in a Context of Late Development: An Investigation of Top Incomes in Brazil using Tax Records, 1933–2013. Disponível em: http://piketty.pse.ens.fr/files/MorganMila2015.pdf>. Acessado em: 18 nov. 2016. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Construção de Indicadores Qualitativos para Avaliação de Mudanças. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 33, n.1 Supl. 1, p. 83-91, 2009. Disponível em< http://www.scielo.br/pdf/rbem/v33s1/a09v33s1.pdf>. Acessado em: 18 dez. 2016, OMS. Organização Mundial da Saúde. Growing in Confidence: Programming for Adolescent health and Development – Lessons from eight countries. Department of Child and Adolescent Health and Development. 2002. PAIM, J.S. Planejamento em Saúde para não especialista. In: CAMPOS, G.W.S. et al (org.). Tratado de Saúde Coletiva. 1a reimp. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006. WAS. Associação Mundial para a Saúde Sexual. Declaração dos Direitos Sexuais. s/d. Disponível em:< http://www.worldsexology.org/wp-content/uploads/2013/08/DSR-Portugese.pdf>. Acessado em: 10 dez. 2016. ZOLA, E. Germinal. (trad.: BITTENCOURT, F.). São Paulo: Abril Cultural, 1979.