capitães da areia

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Capitães da Areia Capitães da Areia Jorge Amado Jorge Amado 10.º - 1B 10.º - 1B Miguel Fuzeta Miguel Fuzeta

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Trabalho da Disciplina de Português do 10.º Ano.

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Page 1: Capitães da Areia

Capitães da AreiaCapitães da Areia

Jorge AmadoJorge Amado

10.º - 1B10.º - 1B

Miguel FuzetaMiguel Fuzeta

Page 2: Capitães da Areia

SumárioSumárioBiografiaBiografiaPrémios e Títulos honoríficosPrémios e Títulos honoríficosBibliografiaBibliografiaResumo de “Capitães da Areia”Resumo de “Capitães da Areia”ContextualizaçãoContextualizaçãoTemáticaTemáticaAcçãoAcçãoNarradorNarradorPersonagensPersonagensTempoTempoEspaçoEspaçoAnáliseAnáliseExcertosExcertos

Page 3: Capitães da Areia

BiografiaBiografia● JorgeJorge Leal Leal AmadoAmado de Faria, nasceu em 10 de Agosto de 1912, na de Faria, nasceu em 10 de Agosto de 1912, na

Fazenda Auricídia, em Ferradas, Itabuna, no Estado da Baía.Fazenda Auricídia, em Ferradas, Itabuna, no Estado da Baía.

● Passou a infância na cidade natal, em Ilhéus e na Baía (actualmente Passou a infância na cidade natal, em Ilhéus e na Baía (actualmente cidade de Salvador).cidade de Salvador).

● Na Baía adquiriu um vasto conhecimento da vida dos seus Na Baía adquiriu um vasto conhecimento da vida dos seus habitantes, o que marcou a sua obra de romancista.habitantes, o que marcou a sua obra de romancista.

● A partir dos 10 anos, foi viver para o Rio de Janeiro, onde começou a A partir dos 10 anos, foi viver para o Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar, muito jovem, em jornais e revistas e dedicando-se à vida trabalhar, muito jovem, em jornais e revistas e dedicando-se à vida literária.literária.

● Publicou a sua primeira obra, “O país do carnaval”, em 1931.Publicou a sua primeira obra, “O país do carnaval”, em 1931.

● Em 1935, licenciou-se em Direito (Faculdade de Direito do Rio de Em 1935, licenciou-se em Direito (Faculdade de Direito do Rio de Janeiro), mas nunca exerceu advocacia.Janeiro), mas nunca exerceu advocacia.

● Filiou-se no Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo sido Filiou-se no Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo sido perseguido e preso.perseguido e preso.

● Viveu exilado na Argentina, no Uruguai e na Europa (Paris e Praga).Viveu exilado na Argentina, no Uruguai e na Europa (Paris e Praga).

Page 4: Capitães da Areia

● Foi eleito deputado federal pelo Estado de São Paulo, tendo Foi eleito deputado federal pelo Estado de São Paulo, tendo participado na Assembleia Constituinte de 1946 e da Primeira participado na Assembleia Constituinte de 1946 e da Primeira Câmara Federal, após o Estado Novo, sendo responsável por várias Câmara Federal, após o Estado Novo, sendo responsável por várias leis referentes à cultura.leis referentes à cultura.

● A partir de 1958, dedicou-se unicamente à escrita.A partir de 1958, dedicou-se unicamente à escrita.

● As suas obras foram traduzidas em 55 países, em 49 idiomas, As suas obras foram traduzidas em 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em “braille” e foram adaptadas para o existindo também exemplares em “braille” e foram adaptadas para o cinema, o teatro, a rádio, a televisão e a banda desenhada.cinema, o teatro, a rádio, a televisão e a banda desenhada.

● Exerceu as funções de Vice-Presidente da União Brasileira de Exerceu as funções de Vice-Presidente da União Brasileira de Escritores.Escritores.

● Foi nomeado membro de várias Academias, entre as quais a Foi nomeado membro de várias Academias, entre as quais a Academia Brasileira de Letras, a Academia de Ciências de Lisboa e Academia Brasileira de Letras, a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia de Ciências e Letras da República Democrática da a Academia de Ciências e Letras da República Democrática da Alemanha.Alemanha.

● Foi casado com Matilde Garcia Rosa e com Zélia Gattai.Foi casado com Matilde Garcia Rosa e com Zélia Gattai.

● Faleceu em Salvador (Baía), em 6 de Agosto de 2001.Faleceu em Salvador (Baía), em 6 de Agosto de 2001.

Page 5: Capitães da Areia

Prémios e Títulos honoríficosPrémios e Títulos honoríficos

Recebeu vários prémios, no Brasil e no estrangeiro..

No Brasil:No Brasil:

● Prémio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro, 1959;Prémio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro, 1959;● Prémio Graça Aranha, 1959;Prémio Graça Aranha, 1959;● Prémio Paula Brito, 1959;Prémio Paula Brito, 1959;● Prémio Jabuti, 1959 e 1970;Prémio Jabuti, 1959 e 1970;● Prémio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil, 1959;Prémio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil, 1959;● Prémio Cármen Dolores Barbosa, 1959;Prémio Cármen Dolores Barbosa, 1959;● Troféu Intelectual do Ano, 1970;Troféu Intelectual do Ano, 1970;● Prémio Fernando Chinaglia, Rio de Janeiro, 1982;Prémio Fernando Chinaglia, Rio de Janeiro, 1982;● Prémio Nestlé de Literatura, São Paulo, 1982;Prémio Nestlé de Literatura, São Paulo, 1982;● Prémio Brasília de Literatura – conjunto de obras, 1982;Prémio Brasília de Literatura – conjunto de obras, 1982;● Prémio Moinho Santista de literatura, 1984;Prémio Moinho Santista de literatura, 1984;● Prémio BNB de literatura, 1985.Prémio BNB de literatura, 1985.

Page 6: Capitães da Areia

No estrangeiro:No estrangeiro:

● Prémio Internacional Lenine, Moscovo, 1951;Prémio Internacional Lenine, Moscovo, 1951;● Prémio de Latinidade, Paris, 1971;Prémio de Latinidade, Paris, 1971;● Prémio do Instituto Ítalo-Latino-Americano, Roma, 1976;Prémio do Instituto Ítalo-Latino-Americano, Roma, 1976;● Prémio Risot d’Aur, Udine, Itália, 1984;Prémio Risot d’Aur, Udine, Itália, 1984;● Prémio Moinho, Itália, 1984;Prémio Moinho, Itália, 1984;● Prémio Dimitrof de Literatura, Sofia, Bulgária, 1986;Prémio Dimitrof de Literatura, Sofia, Bulgária, 1986;● Prémio Pablo Neruda, Associação de Escritores Soviéticos, Moscovo, Prémio Pablo Neruda, Associação de Escritores Soviéticos, Moscovo,

1989;1989;● Prémio Mundial Cino Del Duca da Fundação Simone e Cino Del Duca, Prémio Mundial Cino Del Duca da Fundação Simone e Cino Del Duca,

1990;1990;● Prémio Camões, 1995.Prémio Camões, 1995.

Page 7: Capitães da Areia

Recebeu também diversos títulos honoríficos, nacionais eRecebeu também diversos títulos honoríficos, nacionais eestrangeiros, entre os quais:estrangeiros, entre os quais:

● Comendador da Ordem Andrés Bello, Venezuela, 1977;Comendador da Ordem Andrés Bello, Venezuela, 1977;● Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres, da França, 1979;Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres, da França, 1979;● Commandeur de la Légion d’Honneur, 1984 ;Commandeur de la Légion d’Honneur, 1984 ;● Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia, 1980 e do Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia, 1980 e do

Ceará, 1981;Ceará, 1981;● Doutor Honoris Causa pela Universidade Degli Studi de Bari, Itália, Doutor Honoris Causa pela Universidade Degli Studi de Bari, Itália,

1980 e pela Universidade de Lumière Lyon II, França, 1987;1980 e pela Universidade de Lumière Lyon II, França, 1987;● Grão-Mestre da Ordem do Rio Branco, 1985;Grão-Mestre da Ordem do Rio Branco, 1985;● Comendador da Ordem do Congresso Nacional, Brasília, 1986;Comendador da Ordem do Congresso Nacional, Brasília, 1986;● Obá do Axô do Opó Afongá, na Bahia.Obá do Axô do Opó Afongá, na Bahia.

Page 8: Capitães da Areia

BibliografiaBibliografiaFicçãoFicção● ““O país do carnaval” (romance), 1931;O país do carnaval” (romance), 1931;● ““Cacau” (romance), 1933;Cacau” (romance), 1933;● ““Suor” (romance), 1934;Suor” (romance), 1934;● ““Jubiabá” (romance), 1935;Jubiabá” (romance), 1935;● ““Mar morto” (romance), 1936;Mar morto” (romance), 1936;● ““Capitães da Areia” (romance), 1937;Capitães da Areia” (romance), 1937;● “ “Terras do Sem fim” (romance), 1943;Terras do Sem fim” (romance), 1943;● ““São Jorge dos Ilhéus” (romance), 1944;São Jorge dos Ilhéus” (romance), 1944;● ““Seara Vermelha” (romance), 1946;Seara Vermelha” (romance), 1946;● ““Os Subterrâneos da Liberdade” (romance), 1954;Os Subterrâneos da Liberdade” (romance), 1954;● ““Gabriela, cravo e canela” (romance), 1958;Gabriela, cravo e canela” (romance), 1958;● “ “ A morte e a morte de Quincas Berro d’Água” (romance), 1961;A morte e a morte de Quincas Berro d’Água” (romance), 1961;● ““Os velhos marinheiros ou o Capitão de longo curso” (romance), 1961;Os velhos marinheiros ou o Capitão de longo curso” (romance), 1961;● ““Os pastores da noite” (romance), 1964;Os pastores da noite” (romance), 1964;● ““Dona Flor e seus dois maridos” (romance), 1966;Dona Flor e seus dois maridos” (romance), 1966;● ““Tenda dos milagres” (romance), 1969;Tenda dos milagres” (romance), 1969;● ““Teresa Batista cansada de guerra” (romance), 1972;Teresa Batista cansada de guerra” (romance), 1972;● ““Tieta do Agreste”, (romance), 1977;Tieta do Agreste”, (romance), 1977;● ““Farda, fardão, camisola de dormir” (romance), 1979.Farda, fardão, camisola de dormir” (romance), 1979.

Page 9: Capitães da Areia

PoesiaPoesia● ““A estrada do mar”, 1938;A estrada do mar”, 1938;

ContosContos● ““Sentimentalismo”, 1931;Sentimentalismo”, 1931;● ““O homem da mulher e a mulher do homem”, 1931;O homem da mulher e a mulher do homem”, 1931;● ““História do Carnaval”, 1945;História do Carnaval”, 1945;● ““As mortes e o triunfo de Rosalinda”, 1965;As mortes e o triunfo de Rosalinda”, 1965;● ““Do recente milagre dos pássaros, acontecido em terras de Alagoas, nas Do recente milagre dos pássaros, acontecido em terras de Alagoas, nas

ribanceiras do Rio São Francisco”, 1979;ribanceiras do Rio São Francisco”, 1979;● ““O episódio de Siroca”, 1982;O episódio de Siroca”, 1982;● ““De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto”, 1989.De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto”, 1989.

BiografiaBiografia● ““ABC de Castro Alves”, 1941;ABC de Castro Alves”, 1941;● ““O cavaleiro da esperança”, 1942.O cavaleiro da esperança”, 1942.

TeatroTeatro● ““O amor do soldado”, 1947;O amor do soldado”, 1947;● ““A descoberta pelos turcos”, 1994.A descoberta pelos turcos”, 1994.

Page 10: Capitães da Areia

MemóriasMemórias● ““O menino Grapiúna”, 1982;O menino Grapiúna”, 1982;● ““Navegação de cabotagem”, 1991.Navegação de cabotagem”, 1991.

ViagensViagens● ““O mundo da paz”, 1951;O mundo da paz”, 1951;● ““Bahia Boa Terra Bahia”, 1967;Bahia Boa Terra Bahia”, 1967;● ““Bahia”, 1970;Bahia”, 1970;● ““Terra Mágica da Bahia”, 1984.Terra Mágica da Bahia”, 1984.

JuvenilJuvenil● ““O gato Malhado e a andorinha Sinhá”, 1976;O gato Malhado e a andorinha Sinhá”, 1976;● ““A bola e o goleiro”, 1984;A bola e o goleiro”, 1984;● ““O Capeta Carybé”, 1986.O Capeta Carybé”, 1986.

OutrosOutros● ““Bahia de Todos-os-Santos” (guia), 1945.Bahia de Todos-os-Santos” (guia), 1945.

Page 11: Capitães da Areia

Resumo de “Capitães da Areia”Resumo de “Capitães da Areia”

Este romance relata a vida de um grupo de meninos órfãos ou abandonados – cerca de cem – entre os nove e os dezasseis anos, que vive nas ruas da cidade da Bahia, sendo conhecidos por “Capitães da Areia”.

Vestidos de farrapos, sujos, famintos de alimento e carentes de afecto, o grupo, comandado por Pedro Bala, rouba para sobreviver, actuando sobretudo na zona designada por “cidade alta”, onde habitam os ricos e poderosos.

À noite, grande parte do grupo abriga-se num velho armazém abandonado (trapiche), situado na praia, junto ao cais.

Constituído apenas por rapazes, o grupo é surpreendido pela presença de Dora, rapariga de treze anos, que fica subitamente órfã, em consequência de uma epidemia de varíola na cidade. Dora transforma-se na primeira “capitã” da areia sendo, simultaneamente, a “mãe”, a “irmã” de todos os meninos e, em particular, a “noiva” de Pedro Bala, transmitindo ao grupo o afecto e carinho de que tanto carece.

Com o decurso do tempo, cada membro do grupo segue o seu percurso, e as suas vidas sofrem as mais variadas metamorfoses.

Page 12: Capitães da Areia

ContextualizaçãoContextualização

● Corrente literária do Modernismo;

● Integra-se na fase da obra do autor designada por “Romance proletário”, que retrata a vida rural e citadina de Salvador (Bahia), com forte apelo social;

● Crítica ao governo vigente, às classes sociais mais favorecidas e à Igreja;

● Crítica aos problemas sociais da época (década de 30, do Séc. XX), designadamente o abandono de crianças nas ruas da Bahia, que são marginalizadas pela classe dominante.

Page 13: Capitães da Areia

● Abandono de crianças, marginalizadas pela sociedade;

● Oposição entre as classes sociais mais favorecidas e as menos

favorecidas;

● Coexistência entre o cristianismo, o candomblé e o culto de Yemanjá.

Temática

Page 14: Capitães da Areia

AcçãoAcção

● Acção principal:

- Vivência do grupo “Capitães da Areia”, nomeadamente dos elementos

que mais se destacam.

● Acção secundária:

- Vivência dos personagens secundários.

Page 15: Capitães da Areia

● Ausente

● Não participante

● Omnisciente

● Subjectivo

● Heterodiegético

NarradorNarrador

Page 16: Capitães da Areia

PersonagensPersonagens

Principais:Principais:

● Pedro Bala Pedro Bala Tem 15 anos. É o chefe dos Capitães da Areia. É ágil e esperto. Tem 15 anos. É o chefe dos Capitães da Areia. É ágil e esperto. Descobre ser filho de um líder sindical morto durante uma greve.Descobre ser filho de um líder sindical morto durante uma greve.

● João Grande João Grande Negro, alto e forte. É pouco inteligente, mas tem um papel Negro, alto e forte. É pouco inteligente, mas tem um papel importante no grupo, sendo o defensor dos mais pequenos e indefesos.importante no grupo, sendo o defensor dos mais pequenos e indefesos.

● Professor Professor É o único do grupo que sabe ler, além de desenhar, sendo muito É o único do grupo que sabe ler, além de desenhar, sendo muito talentoso.talentoso.

● Gato Gato É o mais elegante do grupo; Mantém uma ligação com uma prostituta, É o mais elegante do grupo; Mantém uma ligação com uma prostituta, Dalva.Dalva.

● Sem Pernas Sem Pernas Coxeia e aproveita-se do seu defeito físico para se introduzir em Coxeia e aproveita-se do seu defeito físico para se introduzir em casa dos ricos, localizando os objectos mais valiosos, para, posteriormente casa dos ricos, localizando os objectos mais valiosos, para, posteriormente indicar o respeito local aos “Capitães da Areia”.indicar o respeito local aos “Capitães da Areia”.

● Pirulito Pirulito Tem um grande fervor religioso. Tem um grande fervor religioso.

● Boa Vida Boa Vida É o mais malandro do grupo. É o mais malandro do grupo.

● Volta Seca Volta Seca Afilhado de um famoso bandido, odiava a polícia. Afilhado de um famoso bandido, odiava a polícia.

● Dora Dora É a única rapariga do grupo, sendo considerada como a “mãe” e “irmã” É a única rapariga do grupo, sendo considerada como a “mãe” e “irmã” dos “Capitães da Areia” e a “noiva” do chefe, Pedro Bala.dos “Capitães da Areia” e a “noiva” do chefe, Pedro Bala.

Page 17: Capitães da Areia

Secundárias:Secundárias:

● Padre José Pedro Padre José Pedro Amigo do grupo. Amigo do grupo.

● Don’ Aninha Don’ Aninha Mãe-de-santo, amiga do grupo. Mãe-de-santo, amiga do grupo.

● Dalva Dalva Prostituta que tinha uma relacionamento com Gato. Prostituta que tinha uma relacionamento com Gato.

● João de Adão João de Adão Estivador, amigo do grupo, em especial do chefe, Pedro Bala, Estivador, amigo do grupo, em especial do chefe, Pedro Bala,

tendo conhecido o pai deste.tendo conhecido o pai deste.

● Querido-de-Deus Querido-de-Deus Pescador, e também o mais célebre capoeirista da Bahia. Pescador, e também o mais célebre capoeirista da Bahia.

Figurantes:Figurantes:

● Restantes meninos que integram o grupo dos “Capitães da Areia”;Restantes meninos que integram o grupo dos “Capitães da Areia”;

● População da Bahía.População da Bahía.

Page 18: Capitães da Areia

● Utilização de Analepses;

● Tempo físico diferente do tempo da história;

● Tempo psicológico: referência às emoções, às problemáticas

existenciais das personagens e à forma como estas sentem a

passagem do tempo.

TempoTempo

Page 19: Capitães da Areia

EspaçoEspaço

● Espaço físico –Espaço físico – Cidade da Baía, nomeadamente a zona da “cidade alta”, Cidade da Baía, nomeadamente a zona da “cidade alta”,

as ruas e as areias das praias e o trapiche;as ruas e as areias das praias e o trapiche;

● Espaço psicológicoEspaço psicológico

● Espaço social –Espaço social – trapiche, “cidade alta”, “cidade baixa”, cadeia, orfanato, trapiche, “cidade alta”, “cidade baixa”, cadeia, orfanato,

reformatório.reformatório.

Page 20: Capitães da Areia

AnáliseAnálise

● Utilização de linguagem popular, característica do Brasil e, em Utilização de linguagem popular, característica do Brasil e, em

particular, da Bahia (uso de regionalismos):particular, da Bahia (uso de regionalismos):

“ “nós quer”, “eu tava”, “bateu a caçoleta”, “moleque”, “planejar”,nós quer”, “eu tava”, “bateu a caçoleta”, “moleque”, “planejar”,

“ “tá querendo”, “tem guarda em penca”, “é pra correr pícula”, “setá querendo”, “tem guarda em penca”, “é pra correr pícula”, “se

algum for bispado trate de dar o suíte para outro lado”, “estar aalgum for bispado trate de dar o suíte para outro lado”, “estar a

nem-nem”, “bleforé”.nem-nem”, “bleforé”.

● Referências ao cristianismo, ao candomblé e ao culto de Yemanjá;Referências ao cristianismo, ao candomblé e ao culto de Yemanjá;

● Referências a tradições: Capoeira.Referências a tradições: Capoeira.

Page 21: Capitães da Areia

Excertos – 1.ºExcertos – 1.º

( …) Sob a Lua, num velho trapiche abandonado, as crianças dormem.

Antigamente aqui era o mar. Nas grandes e negras pedras dos alicerces do

trapiche as ondas ora se rebentavam fragorosas, ora vinham se bater

mansamente. A água passava por baixo da ponte sob a qual muitas crianças

repousam agora, iluminadas por uma réstia amarela de lua. Desta ponte saíram

inúmeros veleiros carregados, alguns eram enormes e pintados de estranhas cores,

para a aventura das travessias marítimas. Aqui vinham encher os porões e

atracavam nessa ponte de tábuas hoje comidas. Antigamente diante do trapiche

se estendia o mistério do mar oceano, as noites diante dele eram de um verde-

escuro, quase negras, daquela cor misteriosa que é a cor do mar à noite.

Hoje a noite é alva em frente ao trapiche. É que na sua frente se estende agora o

areal do cais do porto. Por baixo da ponte não há mais rumor de ondas. A areia

invadiu tudo, fez o mar recuar de muitos metros. Aos poucos, lentamente, a areia

foi conquistando a frente do trapiche.

Page 22: Capitães da Areia

Não mais atracaram na sua ponte os veleiros que iam partir carregados. Não

mais trabalharam ali os negros musculosos que vieram da escravatura. Não

mais cantou na velha ponte uma canção, um marinheiro nostálgico. A areia se

estendeu muito alva em frente ao trapiche. E nunca mais encheram de

fardos, de sacos, de caixões, o imenso casarão. Ficou abandonado em

meio ao areal, mancha negra na brancura do cais.

Durante anos foi povoado exclusivamente pelos ratos que o atravessavam em

corridas brincalhonas, que roíam a madeira das portas monumentais, que o

habitavam como senhores exclusivos: Em certa época um cachorro

vagabundo o procurou corno refúgio contra o vento e contra a chuva. Na

primeira noite não dormiu, ocupado em despedaçar ratos que passavam na

sua frente. Dormiu depois algumas noites, ladrando à Lua pela madrugada,

pois grande parte do tecto já ruíra e os raios da Lua penetravam livremente,

iluminando o assoalho de tábuas grossas. Mas aquele era um cachorro sem

pouso certo e cedo partiu em busca de outra pousada, o escuro de uma

porta, o vão de uma ponte, o corpo quente de uma cadela. E os ratos

voltaram a dominar até que os Capitães da Areia lançaram as suas vistas para

o casarão abandonado. (…)

Page 23: Capitães da Areia

Excertos – 2.ºExcertos – 2.º

(…) Ficaram os quatro sentados. O Sem-Pernas acendeu uma ponta de charuto caro, ficou saboreando. João Grande espiava o pedaço de mar que se via através da porta, além do areal. Pedro falou:

- Gonzales d'O 14 falou hoje comigo...

- Quer mais corrente de ouro? Da outra vez... – atalhou o Sem-Pernas.

- Não, 'tá querendo chapéu. Mas só topa de feltro. Palinha não vale, diz que não tem saída. E também…

- Que é que tem mais? - novamente interrompeu o Sem-Pernas.

- Tem que muito usado não presta.

- 'tá querendo muita coisa. Se ainda pagasse que valesse a pena...

- Tu sabe, Sem-Pernas, que ele é um bicho calado. Pode não pagar bem, mas é uma cova. Dali não sai nada, nem a gancho.

- Também paga uma miséria. E é interesse dele não dizer nada. Se ele abrir a boca no mundo, não há costas largas que livre ele do xilindró…

Page 24: Capitães da Areia

- 'tá bom, Sem-Pernas, você não quer topar o negócio vá embora: mas deixe a gente combinar as coisas direito.

- Não 'tou dizendo que não topo. 'tou só falando que trabalhar pra um gringo ladrão não é negócio. Mas se tu quer...

- Ele diz que desta vez vai pagar melhor. Uma coisa que pague a pena. Mas só chapéu de feltro bom e novo. Tu, Sem Pernas, podia ir com uns fazer esse negócio. Amanhã de noite Gonzales manda um empregado d'O 14 aqui pra trazer os miúdos e levar as carapuças.

- Bom lugar é nos cinemas - disse o Professor, voltando-se para o Sem--Pernas.

- Bom é na Vitória... - e o Sem-Pernas fez um gesto de desprezo. - É só entrar nos corredores e aquilo é chapéu garantido... Tudo gente de nota.

-Também tem guarda em penca...

- Tu liga pra guarda? Se ainda fosse tira... Guarda é pra correr pícula. Tu vai comigo, Professor?

Page 25: Capitães da Areia

- Vou. Mesmo que 'tou precisando de um chapéu.

Pedro Bala falou:

- Arranja os que quiser, Sem-Pernas. Este negócio fica por tua conta. Menos o Grande e o Gato, que eu tenho um negócio com eles pra amanhã. - Virou-se para João Grande.

- Um negócio do Querido-de-Deus.

- Ele já teve me avisando. E diz que de noite vem prà capoeira.

Pedro voltou-se para o Sem-Pernas, que já se retirava para ir combinar com Pirulito a formação do grupo que ia em cata de chapéus no dia seguinte:

- Olha, Sem-Pernas, tu trata de avisar que se algum for bispado trate de dar o suíte para outro lado. Não venha pra cá. (…)

Page 26: Capitães da Areia

•http://nilc.icmc.sc.usp.br;

•www.wook.pt;

•http://gmas.no.sapo.pt;

•www.paralerepensar.com.br

Bibliografia